Capitulo 2 Derivadas

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.

Capı́tulo 2

Derivada

Neste capı́tulo, apresentaremos a definição de Derivada de uma Função. Inicialmente, apresentaremos a


noção de derivada a partir da reta tangente (interpretação geométrica) ao gráfico de uma função. Posterior-
mente, definiremos funções deriváveis e derivada de uma função em um ponto. Ao final do capı́tulo, daremos
outros significados ao conceito de derivada fazendo várias aplicações.

2.1 A Reta Tangente e a Derivada


y

Muitos problemas interessantes de Cálculo envolvem a de- T


terminação da reta tangente a uma curva dada num determinado
ponto. Para uma circunferência, sabemos da Geometria Plana
que a reta tangente em um ponto é a reta que tem com ela um
único ponto em comum. Essa definição não é válida para uma x
S
curva em geral. Por exemplo, na figura ao lado, a reta que quer-
emos que seja a tangente à curva no ponto T intercepta a curva
em outro ponto S.

Para chegar a uma definição adequada de reta tangente ao gráfico de uma função num de seus pontos,
começamos pensando em definir a inclinação da reta tangente no ponto. Então, a tangente é determinada
por sua inclinação e pelo ponto de tangência.

Consideremos uma função f contı́nua em um certo x ∈ Dom(f ). Seja I o intervalo aberto que contém x
e no qual f está definida. Consideremos P (x, f (x)) e Q(x + △x, f (x + △x)) pontos distintos do gráfico da
função f . Tracemos a reta através de P e Q, ou seja, a secante P Q.

Adriano P. Cattai (http://didisurf.googlepages.com/) Página 50


Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.1. A Reta Tangente e a Derivada
y

Q
f (x + ∆x)

∆y = f (x + ∆x) − f (x)
P α
f (x)

α
x x + ∆x x

Suponha que Q se aproxima de P , deslocando–se sobre o gráfico da função f . Cada vez que Q ocupar
nova posição, trace a nova secante correspondente. A inclinação da reta secante P Q é

∆y f (x + ∆x) − f (x)
= ,
∆x ∆x
onde ∆x é a diferença entre as abscissas de Q e de P , e ∆y é a diferença entre as ordenadas de Q e de P .
Chamamos ∆x e ∆y por incremento de x e incremento de y, respectivamente.

Se Q se aproximar muito de P ou ∆x → 0, a reta secante P Q tenderá a uma “posição–limite”. É esta


posição–limite que queremos usar como a reta tangente ao gráfico da função f , no ponto P .

Q
f (x + ∆x)

∆y ≈ dy
P β dy
f (x)

x x + ∆x x

Portanto, definimos a inclinação da reta tangente ao gráfico no ponto P por

∆y f (x + ∆x) − f (x)
m(x) = lim = lim , (2.1)
∆x→0 ∆x ∆x→0 ∆x
se esse limite existir.

Observe que se o limite for ∞, então, a reta tangente ao gráfico da função, em P , é a reta perpendicular
ao eixo das abscissas em x.

Exemplo 2.1. Ache a inclinação da reta tangente ao gráfico da função definida por y = f (x) = x3 − 3x + 4
nos pontos (a, f (a)), (1, f (1)) e (−1, f (−1))

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.1. A Reta Tangente e a Derivada

Solução: Temos f (a) = a3 − 3a + 4 e f (a + ∆x) = (a + ∆x)3 − 3(a + ∆x) + 4. Logo,

f (a + ∆x) − f (a)
m(a) = lim
∆x→0 ∆x
3
(a + ∆x) − 3(a + ∆x) + 4 − (a3 − 3a + 4)
= lim
∆x→0 ∆x
a3 + 3a2 ∆x + 3a(∆x)2 + (∆x)3 − 3a − 3∆x + 4 − a3 + 3a − 4
= lim
∆x→0 ∆x
3a2 ∆x + 3a(∆x)2 + (∆x)3 − 3∆x
= lim
∆x→0 € ∆x Š
= lim 3a2 + 3a∆x + (∆x)2 − 3
∆x→0
= 3a2 − 3.

ou seja, a inclinação da reta num ponto (a, f (a)) qualquer do gráfico da


função f é dado por m(a) = 3a2 − 3. Portanto, fazendo a = 1 e a = −1,
temos m(1) = m(−1) = 0. Isso quer dizer, que nos pontos (1, 2) e (−1, 6)
as retas tangentes nesses pontos são paralelas ao eixo das abscissas. Veja
figura ao lado.
x

2.1 Definição. Se f for contı́nua em x0 , então, a equação da reta tangente ao gráfico de f no ponto
(x0 , f (x0 )) é:
y − f (x0 ) = m(x0 ) (x − x0 ).

Exemplo 2.2. Determine a equação da reta tangente ao gráfico da função f (x) = x2 , no ponto, (1, 1).

Solução: Seja m1 o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de f (x) = x2 passando pelo ponto
(1, f (1)) = (1, 1). Sejam P (1, 1) e Q(x0 , f (x0 )) pontos da parábola. O coeficiente angular da reta secante à
parábola passando por P e Q é:

f (x0 ) − f (1) x0 2 − 1 (x0 − 1)(x0 + 1)


mP Q = = = = x0 + 1.
x0 − 1 x0 − 1 x0 − 1

É intuitivo que quando Q se aproxima de P (x0 aproxima-se de 1), os coeficiente de ambas as retas
(secante e tangente) ficarão iguais. Logo,

m1 = lim mP Q = lim (x0 + 1) = 2.


x0 →1 x0 →1

A equação da reta tangente ao gráfico de f , no ponto (1, 3) é y − 3 = 2(x − 1).

Nota 11. Segue da definição 2.1 que a equação da reta normal ao gráfico de f no ponto (x0 , f (x0 ))
é:
1
y − f (x0 ) = − (x − x0 ),
m(x0 )
se m(x0 ) 6= 0

O tipo de limite em (2.1), usado para definir a inclinação da reta tangente, é um dos mais importantes
no Cálculo e leva um nome especial, conforme definição a seguir.

2.2 Definição. [A Derivada de uma Função] Uma função f é derivável no ponto x0 se existe o seguinte
limite
f (x) − f (x0 )
f ′ (x0 ) = lim .
x→x0 x − x0

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.1. A Reta Tangente e a Derivada

Nota 12. Fazendo-se a mudança de variável ∆x = x − x0 , temos

f (x0 + ∆x) − f (x0 )


f ′ (x0 ) = lim
∆x→0 ∆x
e f ′ (x0 ) é chamada derivada de f no ponto x0 . Como x0 é um ponto arbitrário, podemos calcular
a derivada de f para qualquer ponto x ∈ Dom(f ),

f (x + ∆x) − f (x)
f ′ (x) = lim .
∆x→0 ∆x
Assim, f ′ é uma função de x e f ′ (x0 ) é um número real.

Nota 13. Outras notações para a derivada de y = f (x) são:

dy d
y′, , (f ) e Dx f .
dx dx

Nota 14. O processo de cálculo da derivada é chamado de derivação. Se uma função possui
uma derivada em x0 , a função será derivável em x0 . Isto é, a função f será derivável em x0 se
f ′ (x0 ) existir. Uma função será derivável em um intervalo se ela for derivável em todo número
no intervalo. Se f é derivável em todos os pontos do seu domı́nio, dizemos, simplesmente, que f
é derivável. Se f ′ (x0 ) não existe ou é ±∞, dizemos que f não é derivável em x0 .

Exemplo 2.3. Obtenha a função derivada da função f (x) = x3 − 3x + 4.

Solução:
f (x + ∆x) − f (x) (x + ∆x)3 − 3(x + ∆x) + 4 − (x3 − 3x + 4)
f ′ (x) = lim = lim
∆x→0 ∆x ∆x→0 ∆x

x3 + 3x2 ∆x + 3x(∆x)2 + (∆x)3 − 3x − 3∆x + 4 − x3 + 3x − 4


= lim
∆x→0 ∆x

3x2 ∆x + 3x(∆x)2 + (∆x)3 − 3∆x


= lim = lim (3x2 + 3x∆x + (∆x)2 − 3)
∆x→0 ∆x ∆x→0

= 3x2 − 3.

Exemplo 2.4. Obtenha a derivada da função f (x) = x3 − 3x + 4 no ponto x0 .

Solução:
f (x) − f (x0 ) x3 − 3x + 4 − (x0 3 − 3x0 + 4)
f ′ (x0 ) = lim = lim
x→x0 x − x0 x→x0 x − x0

x3 − 3x + 4 − x0 3 + 3x0 − 4 x3 − x0 3 − 3x + 3x0
= lim = lim
x→x0 x − x0 x→x0 x − x0
 
(x − x0 ) x2 + xx0 + x0 2 − 3(x + x0 ) (x − x0 ) x2 + xx0 + x0 2 − 3
= lim = lim
x→x0 x − x0 x→x0 x − x0

= lim (x2 + xx0 + x0 2 − 3)


x→x0

= 3x0 2 − 3

No exemplo anterior, f (x) = x3 − 3x + 4 possui derivada f ′ (x) = 3x2 − 3. Como o domı́nio de f é o


conjunto dos números reais, e 3x2 − 3 existe para qualquer número x real, f é uma função derivável.

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.1. A Reta Tangente e a Derivada

f (x) − f (x0 )
Nota 15. A função F : (D \ {x0 }) → R, definida por F (x) = , representa, ge-
x − x0
ometricamente, o coeficiente angular da reta secante ao gráfico de f no passando pelos pontos
(x0 , f (x0 )) e (x, f (x)). Logo, quando f é derivável no ponto x0 , a reta, de coeficiente angular
f ′ (x0 ) e que passa pelo ponto (x0 , f (x0 )), é a reta tangente ao gráfico de f no ponto (x0 , f (x0 ).
Daı́, se f admite derivada em x0 , temos que a equação f ′ (x0 ) no ponto (x0 , f (x0 )) é:

y − f (x0 ) = f ′ (x0 )(x − x0 ).

A equação da reta normal ao gráfico de f no ponto (x0 , f (x0 ) é:


1
y − f (x0 ) = − (x − x0 ), se f ′ (x0 ) 6= 0.
f ′ (x0 )

Exemplo 2.5. Ache uma equação da reta tangente e da reta normal à curva f (x) = x3 − 3x + 4 no ponto
(2, 6).

Solução: A inclinação em qualquer ponto (a, f (a)) do gráfico da função f (x) = x3 − 3x + 4 é dado pela
derivada de f em a. Mas, a derivada de f é f ′ (x) = 3x2 − 3. Logo, no ponto (2, 6) a reta tangente tem
inclinação f ′ (2) = 3(2)2 −3 = 9. Como a equação da reta que passa no ponto (x0 , y0 ) e de inclinação m é dada
por y − y0 = m(x − x0 ), temos, então, que a equação da reta procurada é dada por y − f (2) = f ′ (2)(x − 2),
ou seja, y − 6 = 9(x − 2). Segue que, 9x − y − 12 = 0.
1
Como a inclinação da reta normal é − , uma equação da reta normal ao gráfico no ponto (2, 6) é
m
1 1
y − f (2) = − ′ (x − 2), ou seja, y − 6 = − (x − 2). Portanto, x + 9y − 56 = 0.
f (2) 9
O exemplo a seguir, além de sugerir a definição de derivada lateral, ilustra que nem toda função contı́nua
num ponto x0 é derivável em x0 .

Exemplo 2.6. Seja f a função valor absoluto definida por


(
x, x≥0
f (x) = |x| = .
−x, x < 0

Claramente que f é contı́nua em 0, no entanto

f (0 + ∆x) − f (0)
f ′ (0) = lim ,
∆x→0 ∆x
não existe. De fato, como

f (0 + ∆x) − f (0) |0 + ∆x| − |0| |∆x|


lim = lim = lim ,
∆x→0 ∆x ∆x→0 ∆x ∆x→0 ∆x

se ∆x ≥ 0, temos |∆x| = ∆x, e se ∆x < 0 temos |∆x| = −∆x. Logo, os limites laterais são

|∆x| ∆x |∆x| −∆x


lim = lim lim = lim
∆x→0+ ∆x ∆x→0+∆x ∆x→0− ∆x ∆x→0− ∆x
= lim 1 = lim (−1)
∆x→0+ ∆x→0−
=1 = −1.

|∆x| |∆x| |∆x|


Como lim 6= lim , segue que o limite lim não existe. Logo, f ′ (0) não existe e assim
∆x→0+ ∆x ∆x→0− ∆x ∆x→0 ∆x
f não é derivável em 0. Mas, o resultado que segue mostra que derivabilidade implica continuidade.

2.3 Teorema. Se uma função f for derivável em x0 , então f será contı́nua em x0 .

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.1. A Reta Tangente e a Derivada

Nota 16.

(i) A definição de derivada é feita usando-se o conceito de limite. Segue deste fato as definições
de derivada lateral à direita e a esquerda que apresentamos a seguir.
Seja f uma função definida em x0 , então:

⋄ a derivada à direita de f em x0 , denotada por f+ (x0 ), é

′ f (x0 + ∆x) − f (x0 )


f+ (x0 ) = lim ,
∆x→0+ ∆x
se o limite existir.

⋄ a derivada à esquerda de f em x0 , denotada por f− (x0 ), é

′ f (x0 + ∆x) − f (x0 )


f− (x0 ) = lim ,
∆x→0− ∆x
se o limite existir.

(ii) Do Teorema 2.3, segue que não existe a derivada de f , no ponto x0 , se f é descontı́nua em
x0 .

Exemplo 2.7. Seja f a função definida por


8
< 1 ,0 < x < b
f (x) = x
: 1 − 1x , x ≥ b.
4

Determine um valor de b tal que f seja contı́nua em b. f é derivável no valor de b encontrado em (a)?

Solução: Para que f seja uma função contı́nua em b, pelo menos lim f (x) deve existir. Deste modo
x→b
precisamos que lim f (x) = lim f (x).
x→b+ x→b−
 ‹
1 1
lim+ f (x) = lim+ 1 − x lim− f (x) = lim−
x→b x→b 4 x→b x→b x
1 1
=1− b =
4 b
1 1 1
Portanto, f (b) = 1 − b. Logo, f será contı́nua em b se = 1 − b, ou seja, se b = 2. Assim,
4 b 4
8
<
1
, 0<x<2
f (x) = x
1
: − x, x ≥ 2
4
é contı́nua em 2.
′ ′
Para determinar se f é derivável em 2, calculemos f+ (2) e f− (2).

′ f (x) − 2 ′ f (x) − 2
f+ (2) = lim f− (2) = lim
x→2+ x−2 x→2− x−2
(1 − 14 x) − 1
2
1
x − 2
1
= lim+ = lim−
x→2 x−2 x→2 x − 2
1 1
2 − 4x 2−x
= lim+ = lim−
x→2 x−2 x→2 2x(x − 2)
−1 1 1 1
= lim+ =− = lim− − = −
x→2 4 4 x→2 4 4

′ ′
Temos que f+ (2) = f− (2), seque que f ′ (2) existe. Como vimos que f é contı́nua em x = 2, concluı́mos
que f é derivável em 2.

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.2. Regras de Derivação

Exemplo 2.8 (Interpretação Cinemática). Do estudo da cinética sabemos que a posição de um ponto
material em movimento, sobre uma curva C (trajetória) conhecida, pode ser determinada, em cada instante
t, através de sua abscissa s, medida sobre a curva C. A expressão que nos dá s em função de t é s = s(t), e
é chamada equação horária.

Sendo dado um instante t0 e t um instante diferente de t0 , chamamos velocidade média do ponto entre
os instantes t0 e t o quociente
s(t) − s(t0 ) ∆s
vm = = ,
t − t0 ∆t
e chama-se velocidade escalar do ponto no instante t0 o limite
s(t) − s(t0 ) ∆s
v(t0 ) = lim vm = lim = lim = s′ (t0 ).
t→t0 t→t0 t − t0 ∆t→0 ∆t

Em outras palavras, a derivada da função s = s(t) no ponto t = t0 é igual à velocidade escalar do móvel no
instante t0 .

Sabemos ainda que a velocidade v de um ponto material em movimento pode variar de instante para
instante. A equação que nos dá v em função do tempo t é v = v(t) e é chamada equação da velocidade do
ponto. A aceleração média do ponto entre os instantes t e t0 é o quociente
v(t) − v(t0 ) ∆v
am = = ,
t − t0 ∆t
e, a aceleração escalar do ponto no instante t0 é o limite:
v(t) − v(t0 ) ∆v
a(t0 ) = lim am = lim = lim = v ′ (t0 ).
t→t0 t→t0 t − t0 ∆t→0 ∆t

Em outras palavras, a derivada da função v = v(t) no ponto t = t0 é igual à aceleração escalar do móvel no
instante t0 .

Suponha que um ponto percorre uma curva obedecendo à equação horária s = t2 + t − 2 (Unidades SI).
No instante t0 = 2 s a velocidade é dada pela derivada s′ no ponto t0 , ou seja,

s(t) − s(2) (t2 + t − 2) − (22 + 2 − 2)


v(2) = s′ (2) = lim = lim
t→2 t−2 t→2 t−2
t2 + t − 6 (t − 2)(t + 3)
= lim = lim = 5 m/s.
t→2 t−2 t→2 t−2
Como o processo do cálculo da derivada de uma função, a partir da definição, em geral é lento, as regras de
derivação que veremos a seguir nos possibilitarão encontrar derivadas com maior facilidade.

2.2 Regras de Derivação

2.4 Proposição. [Regras de Derivação] Sejam f , g e h funções deriváveis e c uma constante real. Então:

D1. derivada da função constante: f (x) = c ⇒ f ′ (x) = 0

D2. derivada da função potência: f (x) = xn ⇒ f ′ (x) = n · xn−1

D3. derivada da soma: f (x) = g(x) ± h(x) ⇒ f ′ (x) = g ′ (x) ± h′ (x)

D4. derivada do produto: f (x) = g(x) · h(x) ⇒ f ′ (x) = g ′ (x) · h(x) + g(x) · h′ (x)
g(x) g ′ (x) · h(x) − g(x) · h′ (x)
D5. derivada do quociente: f (x) = ⇒ f ′ (x) = , onde h(x) 6= 0.
h(x) (h(x))2

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.2. Regras de Derivação

Prova.

D1. A derivada da função constante: Dada a função f (x) = c, c ∈ R, temos que

f (x + ∆x) − f (x) c−c


= = 0.
x − x0 x − x0
Logo,
f (x + ∆x) − f (x)
f ′ (x) = lim = 0.
x→x0 x − x0
2

D2. A derivada da função potência:


Dada a função f (x) = xn , n é um número natural não-nulo, temos que:

f (x + ∆x) − f (x) (x + ∆x)n − xn


= .
∆x ∆x
Fazendo-se a mudança de variável x + ∆x = t, temos que ∆x = t − x. Segue que, quando ∆x → 0,
então t → x. Portanto,

f (x + ∆x) − f (x) (x + ∆x)n − xn tn − xn


f ′ (x) = lim = lim = lim .
∆x→0 ∆x ∆x→0 ∆x t→x t − x

Lembrando que tn − xn = (t − x)(tn−1 + tn−2 x + . . . + txn−2 + xn−1 ),

tn − xn (t − x)(tn−1 + tn−2 x + . . . + txn−2 + xn−1 )


lim = lim
t→x t − x t→x € t−x Š
= lim tn−1 + tn−2 x + . . . + txn−2 + xn−1
t→x
= xn−1 + xn−2 x + . . . + xxn−2 + xn−1
= xn−1 + xn−1 + . . . + xn−1 + xn−1
= n · xn−1

As demais propriedades seguem da aplicação imediata da definição. Acredito que o leitor considerará
válido prová-las.

Nota 17.

• A propriedade D3 pode ser estendida para uma soma de n parcelas, e a D5 estendida para
um produto de n fatores, ou seja,

f (x) = f1 (x) ± f2 (x) ± . . . ± fn (x)


⇓ e

f (x) = f1′ (x) ± f2′ (x) ± ... ± fn′ (x),

g(x) = g1 (x) · g2 (x) · . . . · gn (x)




g (x) = g1′ (x) · g2 (x) · . . . · gn (x) + g1 (x) · g2′ (x) · . . . · gn (x) + . . . + g1 (x) · . . . · gn′ (x)

• A propriedade D4 no caso particular que g(x) = c, onde c é uma constante, resume-se a:


f ′ (x) = ch′ (x).

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.3. Derivada da Função Composta (Regra da Cadeia)

2.2.1 Exercı́cios Propostos


1
2.1. Usando a definição de derivada, em um ponto, mostre que a derivada da função f (x) = 2 , para x 6= 0
x
2
é f ′ (x0 ) = − 3 .
x0
2.2. Em cada item, encontre f ′ (x):

(a) f (x) = 13 (f) a partir do desenvolvimento do produto no item (e)


1
(b) f (x) = x 2 2x3 − 4x2
(g) f (x) =
3x5 + x2
x+5
(c) f (x) =
x−7 2x2 − 4 √
(h) f (x) = + 3x
2
(d) f (x) = 7x4 − 2x3 + 8x + 5
1
3 2 5 2 (i) f (x) =
(e) f (x) = (2x − 4x )(3x + x ) x
2.3. Determine as constantes a e b em cada caso:
(a) f (x) = ax2 + x + 1, sendo f ′ (1) = −9;

(b) f (x) = x2 + ax + b, sendo f ′ (2) = 5 e f (1) = −4.


2.4. Determine as equações das retas tangente e normal ao gráfico de f no ponto de abscissa x0 .

(a) f (x) = 2x3 + 3x − 1, sendo x0 = 1;

(b) f (x) = (x2 − 1) · (x + 1), sendo x0 = 2.


2.5. Determine as abscissas dos pontos do gráfico de f (x) = x3 + 2x2 − 4x, nos quais a reta tangente é:

(a) Horizontal; (b) Paralela à reta 2y + 8x − 5.


π
2.6. Em que ponto(s) da curva f (x) = x3 − x2 − 1 a reta tangente tem ângulo de inclinação .
4
2.7. Calcule a derivada da função polinomial f (x) = an xn + an−1 xn+1 + . . . + a2 x2 + a1 x + a0 .

2.8. Calcule a constante b para que a reta y + 9x + b = 0 seja tangente a curva y = x−1 .

2.9. Calcule a área do triângulo retângulo


f (x)
y

sombreado na figura ao lado, sabendo-se que n é a reta normal a


n
f (x) = ex no ponto de abscissa x0 = 1.

1 x

2.3 Derivada da Função Composta (Regra da Cadeia)

Suponha que desejamos derivar a seguinte expressão: u(x) = (x9 + x6 + 1)1000 com as regras vistas até
o momento. Só temos duas possibilidades, são elas: desenvolver o trinômio e aplicar, sucessivamente, a
regra da soma ou escrever como produto de 1.000 polinômios e usar a regra do produto. Como ambas as
possibilidades são muito trabalhosas. A pergunta natural é: não existe um método mais fácil para obtermos
tal derivada? a resposta a esta pergunta é sim. Reescrevamos a função u(x) = (x9 + x6 + 1)1000 como
u(x) = (g ◦ f )(x) em que g(x) = x1.000 e f (x) = x9 + x6 + 1. Logo, se soubermos derivar a composta das

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.3. Derivada da Função Composta (Regra da Cadeia)

funções o problema está resolvido. Para encontrar a derivada de uma função composta usamos um dos mais
importantes teoremas do Cálculo chamado de regra da cadeia que apresentamos e demonstramos a seguir.

2.5 Teorema. Sejam f : I → R e g : J → R tais que Imagem(f)⊂ J. Se f é derivável em a ∈ I e g é


derivável em f (a), então g ◦ f é derivável em a e

(g ◦ f )′ (a) = g ′ (f (a)) · f ′ (a) (2.2)

Prova. Por hipótese, existem f ′ (a) e g ′ (b). Considere b = f (a).

(g ◦ f )(x) − (g ◦ f )(a) g(f (x)) − (g(f (a)) g(y) − g(b)


lim = lim = lim
x→a x−a x→a x−a x→a x−a
g(y) − g(b) y − b g(y) − g(b) y − b
= lim · = lim ·
x→a x−a y − b x→a y−b x−a
g(y) − g(b) y−b
= lim · lim
x→a y−b x→a x − a

g(y) − g(b) f (x) − f (a)


= lim · lim
y→b y−b x→a x−a
= g ′ (b) · f ′ (a) = g ′ (f (a)) · f ′ (a) = (g ◦ f )′ (a)

Como vale para todo número a então podemos generalizar

(g ◦ f )′ (x) = g ′ (f (x)) · f ′ (x).

Esta equação é a regra da cadeia.


3
Exemplo 2.9. Consideremos a seguinte função f (x) = 4x2 + 1 . Vamos obter a sua derivada f ′ (x).

 2
Escrevemos f (x) = 4x2 + 1 4x2 + 1 e, então,

f ′ (x) = Dx (4x2 + 1) · (4x2 + 1)2 + Dx [(4x2 + 1)(4x2 + 1)] · (4x2 + 1)


= 8x(4x2 + 1)2 + [8x(4x2 + 1) + (4x2 + 1)8x](4x2 + 1)
= (4x2 + 1)2 · 8x + [2(4x2 + 1) · 8x](4x2 + 1)
= (4x2 + 1)2 · 8x + 2(4x2 + 1)2 · 8x
= 3(4x2 + 1)2 · (8x)

Se fizermos h(x) = x3 e g(x) = 4x2 + 1, observe que f (x) é a função composta h ◦ g(x), ou seja,

f (x) = h(g(x)) = h(4x2 + 1) = (4x2 + 1)3 .

Como h′ (x) = 3x2 e g ′ (x) = 8x, podemos perceber que:

f ′ (x) = h′ (g(x)) · g ′ (x).

Exemplo 2.10.

(a) f (x) = g(x)n =⇒ f ′ (x) = n · g(x)n−1 · g ′ (x)

(b) f (x) = (x5 − 2x)3 =⇒ f ′ (x) = 3(x5 − 2x)2 · (x5 − 2x)′ = 3(x5 − 2x)2 · (5x4 − 2)
8 1 1
1 1
√ < g ′ (x) = (2x2 − 1) 2 −1 · (2x2 − 1)′ = (2x2 − 1)− 2 · (4x)
1
(c) g(x) = 2x2 − 1 = (2x2 − 1) 2 =⇒ 2 2
: 1 2x
= 2x(2x2 − 1)− 2 = √
2x2 − 1

Adriano P. Cattai (http://didisurf.googlepages.com/) Página 59


Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.4. Derivada da Função Inversa

2.4 Derivada da Função Inversa

Seja y = f (x) uma função que admite inversa x = f −1 (y). Como f −1 ◦ f = Id , ou seja,

f −1 ◦ f (x) = x,

aplicando a regra da cadeia, temos


€ Š′
f −1 f (x) · f ′ (x) = 1.

Portanto,

′ 1
f −1 (y) =
f ′ (x)

desde que f ′ (x) 6= 0.


′
Exemplo 2.11. Seja y = f (x) = 5x3 . Obtenha f −1 (40) (a) invertendo a função, e (b) utilizando a regra
da derivada inversa.
É
y y 3
1

(a) y = 5x3 =⇒ x = f −1 (y) = 3


= . Logo,
5 5
€ Š′ 1  y − 3 1 1  y − 3
2 2

f −1 (y) = · = .
3 5 5 15 5
Portanto,
€ Š′  ‹− 23
1 40 1 1
f −1 (40) = = √ = .
15 5 3
15 8 2 60

(b) y = 40 e y = 5x3 =⇒ x = 2. Como f ′ (x) = 15x2 , usando a regra da função inversa teremos
€ Š′ 1 1
f −1 (40) = = .
f ′ (2) 60

2.5 Derivada das Funções Exponencial e Logarı́tmica

Derivada da Função Exponencial


ax − 1
Considere a função f (x) = ax , 1 6= a > 0. Utilizando-se o limite lim = ln(a), que é uma
x→0 x
consequência do exponencial fundamental, temos que:

ax − ax 0 ax0 (ax−x0 − 1)
f ′ (x0 ) = lim = lim
x→x0 x − x0 x→x0 x − x0
x−x0
a −1
= ax0 · lim
x→x0 x − x0
= ax0 · ln(a).

Portanto,

f (x) = ax =⇒ f ′ (x) = ax · ln(a)


Em particular, se a = e, temos: [e(x)] = ex .

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.5. Derivada das Funções Exponencial e Logarı́tmica

Derivada da Função Exponencial Composta

Dada a função f (x) = u(x)v(x) , usaremos a regra da cadeia e a derivada da função exponencial para
obter f ′ (x). Observemos que
€ Šv(x)
f (x) = u(x)v(x) = elnu(x) = ev(x)·lnu(x) .

Logo,

f ′ (x) = ev(x)·lnu(x) · Dx [v(x) · lnu(x)]


• ˜
1
= ev(x)·lnu(x) · v ′ (x) · lnu(x) + v(x) · · u′ (x)
u(x)
• ˜
v(x) u′ (x)
= (u(x)) · v ′ (x) · lnu(x) + v(x) ·
u(x)

Em particular, se f (x) = av(x) com a constante, temos que f ′ (x) = av(x) · v ′ (x) · ln(a).
x
Exemplo 2.12. Determine a derivada de f (x) = (cos(x)) .
” —
x −sen(x)
f ′ (x) = (cos(x)) · 1 · lncos(x) + x · cos(x)
x
= (cos(x)) · [lncos(x) − x · tg(x)]

Derivada da Função Logarı́tmica

Considere a função logarı́tmica f (x) = loga x, 1 6= a > 0. Como a função logarı́tmica é a inversa da
exponencial, ou seja, x = f −1 (y) = ax , podemos então usar o resultado da derivada da função inversa para
determinar f ′ (x). Sendo assim,
1 1 1
f ′ (x) = = = .
(f −1 )(y) ay · lna x · lna

Portanto,

1
f (x) = loga x =⇒ f ′ (x) =
x · lna

1 1
Em particular, quando f (x) = lnx, temos f ′ (x) = Dx (lnx) = = .
x · lne x
Seja u(x) = loga v(x), em que v(x) > 0 é uma função derivável. Em tal caso:
′ loga (e)v ′ (x)
u′ (x) = (loga v(x)) =
v(x)

′ v ′ (x)
Em particular, se a = e: (loga v(x)) = .
v(x)

2.5.1 Exercı́cios Propostos

2.10. Determine as derivadas das seguintes funções:

(a) f (x) = (2x3 + 5x − 8)3


√ (e) f (x) = 62x+1
x 3
(b) f (x) = e (x − 5x)
 ‹ (f) g(x) = 2ex
3x − 3 4
(c) f (x) =
2x + 5 (g) h(x) = 1 + e2x
(2x − 3)3 (h) p(x) = 5x−1
(d) f (x) =
(5 − 3x)2

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.6. Derivada das Funções Trigonométricas

2.11. Determine as derivadas das seguintes funções:

(a) f (x) = log2 (5x) (b) g(x) = ln(3x4 + 2x2 + 1) (c) h(x) = e3x · ln(3x)
′
2.12. Determine f −1 (y) nos pontos indicados, nos casos a seguir:

(a) f (x) = x2 + 4x − 2, x ∈ [−2, +∞); y = 10;


3x − 2
(b) f (x) = , y = 2.
x+2

2.6 Derivada das Funções Trigonométricas

Se f (x) = sen(x), então:

sen(x + ∆x) − sen(x)


sen′ (x) = lim
∆x→0  ∆x 
‹ ‹
∆x ∆x
sen cos x +
2 2
= lim
∆x→0 ∆x
 ‹ 2
∆x
sen  ‹
2 ∆x
= lim · lim cos x +
∆x→0 ∆x ∆x→0 2
2
= cos(x)

π 
Se y = cos(x) e, sabendo-se que cos(x) = sen − x , então, utilizando-se a regra da cadeia, com
π  2
u(x) = − x , temos:
2 π 
y ′ = u′ (x) · cos(u(x)) = −cos − x = −sen(x).
2

sen(x)
Se y = tg(x), sabendo que tg(x) = , então, utilizando-se a regra da derivada do quociente, temos:
cos(x)

cos2 (x) + sen2 (x) 1


y′ = = = sec2 (x).
cos2 (x) cos2 (x)

Analogamente, mostra-se que:

f (x) = cotg(x) =⇒ f ′ (x) = −cossec2 (x)


f (x) = sec(x) =⇒ f ′ (x) = sec(x) · tg(x)
f (x) = cossec(x) =⇒ f ′ (x) = −cossec(x) · cotg(x)

Verifique!

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.6. Derivada das Funções Trigonométricas

Tabela de Derivadas

f (x) f ′ (x) f (x) f ′ (x)


k∈R 0 h ◦ g(x) h′ (g(x)) · (g ′ (x))
xn nxn−1 sen(x) cos(x)
′ ′
g(x) ± h(x) g (x) ± h (x) cos(x) −sen(x)
g(x) g ′ (x) · h(x) − g(x) · h′ (x)
tg(x) sec2 (x)
h(x) (h(x)2
ax ax ln(a) sec(x) sec(x) · tg(x)
x x
e e cossec(x) −cossec(x) · cotg(x)
1
loga (x) cotg(x) −cossec2 (x)
xln(a) § ª
1 v(x) v(x) u′ (x)
ln(x) (u(x)) (u(x)) · v ′ (x) · ln[u(x)] + v(x) ·
x u(x)

2.6.1 Exercı́cios Propostos

2.13. Determine as derivadas das seguintes funções:

2 tg(x) − 1
(a) f (x) = − sen(x) + 9sec(x) (d) f (x) =
5 sec(x)
(b) f (x) = xsen(x) + cos(x) x3 sen(x)
(e) f (x) =
(c) f (x) = 2sen(x)cos(x) + tg(x)sec(x) cos(x)
2.14. Determine as derivadas das seguintes funções:

(a) f (x) = sen(3x2 ) (b) g(x) = cos3 (x) (c) h(x) = e3x · sen(3x)

2.15. Determine as derivadas das seguintes funções:

tg(x5 − 2x)
(a) f (x) =
ln(x)
(b) f (x) = 2cos(x − e) · ln(x), no ponto x0 = e
3cos( xπ
4e )
(c) f (x) = , no ponto x0 = e
2ln(x)

2.16. Derive as seguintes funções:

sen(x) (c) f (x) = tg(3x2 + 2x)


(a) f (x) =
1 − 2cos(x) È
2 (d) f (x) = 4sen2 (x) + 9cos2 (x)
(b) f (x) = 3sen(4x + 1)

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.7. Derivada das Funções Trigonométricas Inversas

2.7 Derivada das Funções Trigonométricas Inversas

2.7.1 A Função Arco Seno


y
2.6 Definição. Definimos a função arco seno y = arcsen(x) à função
π
que associa cada número real do intervalo [−1, 1] ao ângulo y, −π/2 ≤ 2

y ≤ π/2. Simbolicamente −1
0 1 x
arcsen : [−1, 1] → [−π/2; π/2]
x 7→ arcsen(x) = y − π2

2.7.2 A Função Arco Cosseno


y
π
2.7 Definição. Definimos a função arco cosseno y = arccos(x) à
função que associa cada número real do intervalo [−1, 1] ao ângulo
π
y, 0 ≤ y ≤ π. Simbolicamente, 2

cos−1 : [−1, 1] → [0; π]


x 7→ arccos(x) = y −1 0 1 x

2.7.3 As Derivadas das Funções Arco Seno e Arco Cosseno


π π
A função inversa do arco seno é dada por f (x) = sen(x), se − ≤ x ≤ . Portanto, f ′ (x) = cos(x) 6= 0,
2 2
π π
se x ∈ (− , ). Usando o teorema da função inversa, temos: se y = f −1 (x) = arcsen(x), ou seja sen(y) = x,
2 2
então:
€ Š′ 1 1 1 1
f −1 (x) = ′ = ′ −1 = =
f (y) f (f (x)) cos(arcsen(x)) cos(y)
È π π
Mas, cos(y) = 1 − sen2 (y), pois, y ∈ (− , ). Então
2 2
€ Š′ 1 1
f −1 (x) = È =√ .
1− sen2 (y) 1 − x2

π
Considere, agora, a função y = arccos(x). Como arccos(x) = − arcsen(x), temos: y ′ = − (arccos(x))′ .
2
Logo,
1
y′ = − √ , se x ∈ (−1, 1).
1 − x2

2.8 Derivadas Sucessivas ou de Ordem Superior

Se a função f for derivável, então f ′ será chamada a derivada primeira de f ou derivada de primeira
ordem de f . Se a derivada de f ′ existir, ela será chamada de derivada segunda de f , ou derivada de segunda
de ordem de f e será denotada por f ′′ , onde lemos “f duas linhas”. Da mesma forma, a derivada terceira
de f , ou a derivada de terceira ordem de f , é definida como a derivada de f ′′ e denotaremos por f ′′′ .

A derivada de ordem n, ou a enésima derivada da função f , onde n é um número natural maior do que
1, é a derivada da (n − 1)ésima de f , a qual denotamos por f (n) .

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.9. Derivação Implı́cita

Exemplo 2.13. Ache todas as derivadas da função f (x) = x4 + 5x3 − x2 + 7.

Solução: f ′ (x) = 4x3 +15x2 −2, f ′′ (x) = 12x2 +30, f ′′′ (x) = f (3) (x) = 24x, f (4) (x) = 24, f (5) (x) = 0.
Logo, f (n) (x) = 0, ∀ n ≥ 5.

Exemplo 2.14. Encontre a derivada de ordem n da função f (x) = k · ex , k ∈ R∗ .

Solução: Como (ex )′ = ex e k ∈ R, f (n) (x) = k · ex .

dn f (x) dn
Nota 18. Os sı́mbolos , [f (x)] e Dxn [f (x)] são outras notações para a derivada de
dxn dxn
ordem n.

2.9 Derivação Implı́cita

Uma expressão da forma F (x, y) = 0 representa em geral uma curva no plano xy. Exemplo: Dada a
expressão F (x, y) = x2 + y 2 − 1, a equação x2 + y 2 − 1 = 0, representa um cı́rculo de centro na origem e raio
unitário.
y y y

x x x

√ √
x2 + y 2 − 1 = 0 y= 1 − x2 y = − 1 − x2
Deste modo, vemos que nem sempre a equação F (x, y) = 0 representa o gráfico de uma função y = f (x).
Mas, em geral, existem partes da curvas que são gráficos de uma função. No exemplo, temos que f+ (x) =
√ √
1 − x2 e f− (x) = − 1 − x2 definem funções (ver gráfico) e, além disso, satisfazem a equação F (x, f+ ) = 0
e F (x, f− ) = 0.

O que fizemos acima sugere que, sob certas condições, podemos obter localmente, a partir de uma curva
dada, uma expressão que que define explicitamente uma função. Neste caso, dizemos que a funções f+ f−
são funções dadas implicitamente pela expressão x2 + y 2 − 1 = 0.

Mas, nem todas a funções estão definidas de forma explicita, por exemplo, se tivermos a equação x6 −2x =
3y 6 + y 5 − y 2 não podemos escrever y em termos de x. Além disso, podem existir uma ou mais funções
y = f (x), para as quais essa última equação é satisfeita, isto é, tais que a equação

x6 − 2x = 3[f (x)]6 + [f (x)]5 − [f (x)]2

seja válida, para todos os valores de x no domı́nio de f .

Logo, surge, naturalmente, uma questão: Como derivar uma função dada implicitamente? No primeiro
caso, é fácil, já que fomos capazes de explicitar y como função de x. O mesmo não ocorre para x6 − 2x =
3[f (x)]6 + [f (x)]5 − [f (x)]2 .

Vejamos então como proceder. O lado esquerdo dessa equação é uma função de x, enquanto o lado
direito é uma função de y. Pondo f (x) = x6 − 2x e g(x) = 3y 6 + y 5 − y 2 , onde y = f (x), podemos escrever
x6 − 2x = 3y 6 + y 5 − y 2 como
f (x) = g(f (x)).

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.9. Derivação Implı́cita

Essa equação está definida para todos os valores de x no domı́nio de f para os quais g(f (x)) existe.
Então,
Dx (x6 − 2x) = Dx (3y 6 + y 5 − y 2 ).

A derivada do primeiro membro é facilmente encontrada:

Dx (x6 − 2x) = 6x5 − 2.

Para o segundo membro, utilizaremos a regra da cadeia:


dy dy dy
Dx (3y 6 + y 5 − y 2 ) = 18y 5 + 5y 4 − 2y .
dx dx dx
Portanto, Dx (x6 − 2x) = Dx (3y 6 + y 5 − y 2 ) equivale a
€ Š dy
6x5 − 2 = 18y 5 + 5y 4 − 2y ,
dx
ou
dy 6x5 − 2
= .
dx 18y 5 + 5y 4 − 2y
dy
Exemplo 2.15. Determine para a equação 3x4 y 2 − 7xy 3 = 4 − 8y.
dx

Solução: Derivando implicitamente a equação 3x4 y 2 − 7xy 3 = 4 − 8y ficamos com:


 ‹  ‹
dy dy dy
12x3 y 2 + 3x4 2y − 7y 3 − 7x 3y 2 = 0−8
dx dx dx
dy € 4 Š
6x y − 21xy 2 + 8 = 7y 3 − 12x3 y 2
dx
dy 7y 3 − 12x3 y 2
= .
dx 6x4 y − 21xy 2 + 8

2.9.1 Exercı́cios Propostos


dy
2.17. Em cada item a seguir, ache .
dx
1 1
(a) x3 + y 2 = 16; (c) + = 1; (e) x2 + xy + y 2 − 3y = 10;
x y
(b) x3 + y 3 = xy; (d) y = cos(x − y); (f) x = sen(x + y).

2.10 Gabarito
2.1.
12
. 2.2. (a) R:f ′ (x) = 0, (c) R: f ′ (x) = − (x−7)2. 2.3. a = −5, a = −5 e b = −6. 2.4. y = 9x − 5, y = 15x − 29. 2.5.
x = −2 e x = 23 , x = 0 e x = − 43 . 2.6. x = 1 e x = − 13 . 2.7.
. 2.8. b = ±6. 2.9. h i
√ x3 − 5x 84(3x − 3)3 (2x − 3)2 (12 − 6x)
. 2.10. (a) 3(2x3 + 5x − 8)2 (6x2 + 5), (b) e x
√ + (3x2 − 5) , (c) , (d) , (e)
2 x (2x + 5)5 (5 − 3x)3
3
1 12x + 4x
2 · 62x+1 · ln(6), (f) 2ex , (g) 2e2x , (h) 5x−1 · ln(5). 2.11. (a) R: , (b) R: . 2.12. (a) R: 18 , (b)
xln(2) 3x4 + 2x2 + 1
2
R: 8. 2.13. (a) − cos(x) + 9sec(x)tg(x), (b) xcos(x), (c) 2cos(2x) + 8sec(x) · [2tg2 (x) + 1], (d) [1 + tg(x)]cos(x), (e)
5
2xtg(x)+x2 sec2 (x). 2.14. (a) f ′ (x) = 6xcos(3x2 ), (b) g′ (x) = −3sen(x)cos2 (x),√
(c) h′ (x) = 3e3x ·sen(3x)+3e3x ·cos(3x).
(5x5 − 2x)sec2 (5 − 2x)ln(x) − tg(x5 − 2x) −1 −3 2(π + 4)
2.15. (a) R: , (b) R: 2e , (c) R: . 2.16.
xln2 (x) 16e
. 2.17.
.

Adriano P. Cattai (http://didisurf.googlepages.com/) Página 66


Algumas Aplicações da Derivada

2.11 O Teorema de L’Hospital

No estudo de limites, vimos que se lim f (x) e lim g(x) existem, então
x→a x→a

f (x) lim f (x)


lim = x→a ,
x→a g(x) lim g(x)
x→a

desde que lim g(x) 6= 0.


x→a

lim f (x) 0
x→a
Se lim f (x) = 0 e lim g(x) = 0, então assume a forma indeterminada .
x→a x→a lim g(x) 0
x→a

O Teorema de L’Hospital, que veremos a seguir, nos permitirá calcular limites que apresentam este e
outros tipos de indeterminação.

2.8 Teorema. [Teorema de L’Hospital] Sejam f e g funções deriváveis num intervalo I. Suponha que,
lim f ′ (x)
′ x→a
para todo x 6= a em I, g (x) 6= 0. Então se lim f (x) = 0 e lim g(x) = 0 e se = L, segue que
x→a x→a lim g ′ (x)
x→a
lim f (x)
x→a
= L.
lim g(x)
x→a

O teorema é válido se ambos os limites forem laterais à direita e à esquerda, e também para outras formas
+∞ −∞ +∞
indeterminadas do tipo: , e .
+∞ −∞ −∞

2.11.1 Exercı́cios Propostos

2.18. Use a regra de L’Hospital para determinar os seguintes limites:

x2 − x − 12 1 − x + ln(x) ln(2 + ex )
(a) lim (c) lim (e) lim
x→4 x2 − 3x − 4 x→1 x3 − 3x + 2 x→+∞ 3x
x sen(x) (f) lim+ xln(x)
(b) lim (d) lim
x→0 1 − ex x→0 x x→0

2.12 Diferencial
dy
Até agora, a derivada de uma função real y = f (x) foi vista apenas como uma simples notação.
dx
Interpretaremos, a partir da definição de diferencial, a derivada como um quociente de acréscimos.

67
Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.13. Taxa de Variação

2.9 Definição. [Acréscimos e decréscimos] Um acréscimo (decréscimo) é feito a um valor x se somarmos


(subtrairmos) um valor ∆x ∈ R∗ .

2.10 Definição. [Diferencial da Variável Independente] Seja y = f (x) uma função derivável. O diferencial
de x, denotado por dx, é o valor do acréscimo ∆x, isto é, dx = ∆x.

2.11 Definição. [Diferencial da Variável Dependente] O diferencial de y, denotado por dy, é o acréscimo
na ordenada da reta tangente t, correspondente ao acréscimo dx em x.
y graf (f )
Considere t a reta tangente ao gráfico da
f (x + ∆x) função y = f (x) no ponto x. Seja α o ângulo
de inclinação de t.
t
De acordo com a figura podemos observar que
dy
= tg(α). Mas, f ′ (x) = tg(α), pois esta é a
dy dx
interpretação geométrica da derivada. Logo,
α
f (x) dy
= f ′ (x).
dx = ∆x dx
O acréscimo dy pode ser visto como uma
aproximação para ∆y. Esta aproximação é tanto

x x melhor quanto menor for o valor de dx. Isto é,


x + ∆x
se dx → 0, então ∆y − dy → 0.

Segue que podemos considerar dy ≈ ∆y se dx for suficientemente pequeno. Como ∆y = f (x + dx) − f (x),
podemos obter f (x + dx) − f (x) ≈ f ′ (x) · dx. Segue que

f (x + dx) ≈ f (x) + f ′ (x) · dx. (2.3)

2.13 Taxa de Variação

Aquilo que fizemos para obter a velocidade escalar e a aceleração (exemplo 2.8) pode ser repetido para
outras grandezas. Em geral, quando uma grandeza y depende de outra grandeza x, y = f (x), define-se a
∆y
taxa de variação média da primeira grandeza relativa a uma variação ∆x de x, como sendo , onde ∆y é
∆x
a correspondente variação de y, ou seja, ∆y = f (x + ∆x) − f (x); fazendo ∆x tender a 0, obtém-se a taxa de
variação em x. Algumas taxas de variação têm nomes especiais. Por exemplo,

(a) A taxa de variação da função horária é chamada velocidade escalar

(b) A taxa de variação da velocidade é chamada aceleração escalar

(c) A taxa de variação da massa é chamada densidade (linear)

(d) Se V (t) é o volume de um lı́quido de uma torneira que despejou em um recipiente até o instante t, então
dv
a taxa de variação do volume do lı́quido, isto é , é chamado vazão.
dt

Nosso principal método nesta seção é esboçar o gráfico de uma função. Por esta razão, dedicar-nos-emos,
inicialmente, ao traçado de curvas.

Dada uma curva y = f (x), usaremos a derivada para obter alguns dados acerca da curva. Por exemplo,
discutiremos os intervalos de crescimento e decrescimento, os pontos de máximos e mı́nimos, entre outros.
Antes de passarmos ao nosso objetivo principal vamos relembrar as seguintes definições.

Adriano P. Cattai (http://didisurf.googlepages.com/) Página 68


Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.14. Intervalos de Crescimento e de Decrescimento

2.12 Definição. Dizemos que uma função f definida num intervalo I, é crescente neste intervalo se para
quaisquer x1 , x2 ∈ I, com x1 < x2 , tivermos f (x1 ) ≤ f (x2 ).

2.13 Definição. Dizemos que uma função f definida num intervalo I, é decrescente neste intervalo se para
quaisquer x1 , x2 ∈ I, com x1 < x2 , tivermos f (x1 ) ≥ f (x2 ).

Se uma função é crescente ou decrescente num intervalo, dizemos que é monótona neste intervalo. A
partir de agora, nós entraremos num mundo de descobertas. A primeira é que analisando o sinal da derivada
de uma função podemos determinar onde a função é crescente ou decrescente.

2.14 Intervalos de Crescimento e de Decrescimento

2.14 Teorema. Seja f uma função definida no intervalo fechado [a, b] e derivável no intervalo aberto (a, b).

(i) se f ′ (x) > 0, para todo x ∈ (a, b), então f é crescente em [a, b];

(ii) se f ′ (x) < 0, para todo x ∈ (a, b), então f é decrescente em [a, b];

Em ambos os caso f é dita monótona.

Interpretação Geométrica
y

Observe na figura ao lado, que quando a inclinação da reta tangente


for positiva, a função será crescente e quando a inclinação da reta for
negativa, a função será decrescente. Como f ′ (x) é a inclinação da reta
tangente à curva y = f (x), f é crescente quando f ′ (x) > 0 e decrescente
quando f ′ (x) < 0.
x

Exemplo 2.16.
y y
(a) A função f (x) = x3 é crescente em R, pois, sua
derivada é f ′ (x) = 3x2 ≥ 0, ∀ x ∈ R;
1
(b) A função f (x) = é decrescente em qualquer inter-
x x x
valo que não contenha o zero, pois, sua derivada é
1 1
f ′ (x) = − 2 < 0, ∀ x ∈ R∗ . f (x) = x3 f (x) =
x x

2.14.1 Exercı́cios Propostos

2.19. Determine o conjunto de valores de x para os quais a funções abaixo são crescentes e decrescentes:

(a) f (x) = 6x4 − 20x3 − 6x2 + 72x + 12 (e) f (x) = 2x − 1


(b) f (x) = 4x3 − 3x (f) f (x) = 3x2 + 6x + 7
(c) f (x) = ex − x (g) f (x) = 3 − 5x
(d) f (x) = ln(x2 + 1) (h) f (x) = e−x

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.15. Máximos e Mı́nimos

2.15 Máximos e Mı́nimos

Freqüentemente nos interessamos por uma função definida num dado intervalo e queremos encontrar o
maior ou o menor valor da função no intervalo. Discutiremos esta questão a seguir.

Sejam f : D → R uma função e x0 ∈ D. Dizemos que x0 é ponto de:

(a) máximo local (ou relativo): se existe um intervalo aberto I contendo x0 tal que

f (x) ≤ f (x0 ), ∀ x ∈ I ∩ D;

(b) máximo global (ou absoluto): se f (x) ≤ f (x0 ), ∀ x ∈ D;

(c) mı́nimo local (ou relativo): se existe um intervalo aberto I contendo x0 tal que

f (x) ≥ f (x0 ), ∀ x ∈ I ∩ D;

(d) mı́nimo global (ou absoluto): se f (x) ≥ f (x0 ), ∀ x ∈ D.


y

b
a x

A figura mostra o esboço de parte do gráfico de uma função, tendo um valor mı́nimo local em x = b um
valor máximo local em x = a.

Em geral, um ponto de máximo ou de mı́nimo é chamado de ponto extremo. Vejamos os exemplos a


seguir.
y
Exemplo 2.17. O gráfico da função f definida por f (x) = x2 − 4x + 8 é uma
parábola e o seu esboço está na figura ao lado. O ponto mais baixo da parábola
está em (2, 4). A função tem um valor mı́nimo absoluto de 4 em x = 2. Não há
4
valor máximo absoluto de f .
y 2 x
8
Exemplo 2.18. Seja f definida por f (x) = 2x em (1, 4]. Não há valor mı́nimo
absoluto de f em (1, 4], no entanto f tem valor de máximo absoluto de 8 em (1, 4].
2

1 4 x
y
Exemplo 2.19. Seja f a função definida em [−5, 4] por
( (1, 2)
x+1 ,x < 1
f (x) =
x2 − 6x + 7 , x ≥ 1
x
como na figura ao lado. O valor máximo absoluto de f ocorre em 1 e (4, −1)
f (1) = 2; o valor mı́nimo absoluto de f ocorre em −5 e f (−5) = −4. (3, −2)
Note que f tem um valor máximo relativo em 1 e em 3.
(−5, −4)

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.15. Máximos e Mı́nimos

O Teorema seguinte, devido a Weierstrass, garante a existência de pontos extremos absolutos de uma
função contı́nua definida em um intervalo [a, b].

2.15 Teorema. [de Weierstrass] Se f : [a, b] → R é uma função contı́nua, então f assume valor máximo e
mı́nimo absoluto em [a, b].

Nota 19.

1. Seja f : (−1, 1) → R definida por f (x) = x, é contı́nua e limitada, mas não assume um valor
máximo nem mı́nimo no seu domı́nio. Isto ocorre porque o domı́nio de f não é fechado.
1
2. Seja g : [0, +∞) → R definida por g(x) = é contı́nua e limitada. Assume seu valor
1 + x2
máximo no ponto x0 = 0 mas não existe x ∈ [0, +∞) tal que g(x) = 0. Isto é possı́vel por
que o domı́nio de g é um subconjunto fechado mas não é limitado em R.

3. Um extremo absoluto de uma função contı́nua num intervalo fechado deve ser um extremo
relativo, ou um valor de função num extremo do intervalo. O Teorema seguinte permite
encontrar os possı́veis pontos extremos de uma função, utilizando derivada.

2.15.1 O Teorema de Fermat

2.16 Teorema. [Teorema de Fermat] Seja f : I → R uma função derivável, I um intervalo e x0 ∈ I tal que:

1. x0 é um ponto de máximo ou de mı́nimo local;

2. x0 não é um dos extremos do intervalo I, isto é, se I = [a, b], então x0 6= a e x0 6= b;

3. f é derivável em x0 ,

então f ′ (x0 ) = 0.

2.17 Definição. O ponto x0 pertencente ao domı́nio de f tal que f ′ (x0 ) = 0 ou f ′ (x0 ) não existe, é chamado
de ponto crı́tico de f .

Portanto, uma condição necessária para a existência de um extremo relativo em um ponto x0 é que x0
seja um ponto crı́tico de f .

Nota 20. A recı́proca do Teorema de Fermat é falsa, conforme os exemplos:

1. A função f (x) = x3 tem derivada nula no ponto zero e como é crescente em toda reta não
assume nem mı́nimo nem máximo;

2. A função g(x) = |x| possui um mı́nimo no ponto x0 = 0 no qual as derivadas laterais


g ′ + (0) = 1 e g ′ − (0) = −1 o que implica que não existe g ′ (0). Assim, no Teorema de Fermat
é necessário que exista a derivada.

Deste modo, para determinarmos os valores extremos absolutos de uma função contı́nua definida num
intervalo fechado, basta fazer como segue:

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.15. Máximos e Mı́nimos

E1. Ache os valores da função nos números crı́ticos de f em (a, b);

E2. Ache os valores de f (a) e f (b);

E3. O maior valor dentre os valores das etapas E1 e E2 será o valor máximo absoluto e o menor
será o valor mı́nimo absoluto.

3 2
Exemplo
• ˜ 2.20. Seja f (x) = x + x − x + 1 uma função definida em
1
−2, como ilustra a figura ao lado. Como a função é contı́nua, o
2
teorema do valor extremo pode ser aplicado. Para achar os números
crı́ticos de f , calculemos primeiro
• f ˜′ , e logo f ′ (x) = 3x2 +2x−1. Como
1 x
f ′ (x) existe para todo x ∈ −2, , os únicos números crı́ticos de f
2
serão os valores tais que f ′ (x) = 0.

1
Então f ′ (x) = 0 ⇔ x = 13 ou x = −1. Assim, e −1 são os números crı́ticos de f , e cada um deles está no
• ˜ 3
1
intervalo fechado −2, .
2
Os valores da função nos números crı́ticos e nos extremos do intervalo estão 1 1
x −2 −1 3 2
dados na tabela ao lado. O valor máximo absoluto de f é portanto 2, o 22 7
f (x) −1 2 27 8
mı́nimo absoluto é −1.
O teorema de Fermat nos garante que, se f é uma função definida em [a, b] e derivável em (a, b), os
valores de x que anulam f ′ (x) são, possivelmente, pontos extremos de f .

Observe que se x0 ∈ (a, b) é um extremo de f , então f ′ (x0 ) = 0 e na vizinhança de x0 teremos sinais


distintos para f ′ (x). Podemos, desta forma, concluir o resultado que segue.

2.18 Teorema. [Critério da Primeira Derivada] Seja f : [a, b] → R é uma função contı́nua e derivável em
(a, b) exceto possivelmente em c ∈ (a, b).

I. Se f ′ (x) > 0, ∀ x < c e f ′ (x) < 0, ∀ x > c, então c é um ponto de máximo local de f .

II. Se f ′ (x) < 0, ∀ x < c e f ′ (x) > 0, ∀ x > c, então c é um ponto de mı́nimo local de f .

Esse teste estabelece essencialmente que se f for contı́nua em c e f ′ (x) mudar de sinal positivo para
negativa quando x cresce através de c, então f será um valor máximo relativo em c, e se f ′ (x) mudar o sinal
de negativo para positivo enquanto x cresce através de c, então f terá um valor mı́nimo relativo em c.

Observe os gráficos abaixo. O primeiro mostra que, numa vizinhança de um ponto c de máximo local, as
retas tangentes à curva passam de coeficientes angular positivo (à esquerda de c) para negativo (à direita de
c). E o coeficiente angular é justamente a derivada de f .

Para o segundo, temos que numa vizinhança de um ponto c de mı́nimo local, as retas tangentes à curva
passam de coeficiente anular negativo (à esquerda de c) para positivo (à direita de c). Note que em ambos
os casos f ′ (c) existe e é igual a 0.

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.15. Máximos e Mı́nimos

a b c

a b c

Resumidamente, este teste estabelece essencialmente que se f for contı́nua em c e f ′ (x) mudar de sinal
positivo para negativo quando x cresce através de c, então f terá um valor máximo relativo em c, e se
f ′ (x) mudar o sinal de negativo para positivo enquanto x cresce através de c, então f terá um valor mı́nimo
relativo em c.
y

Exemplo 2.21. A função f (x) = (x − 2)3 , esboçada na figura ao lado, mostra,


que mesmo f tendo ponto crı́tico, nesse caso em x = 2 e f ′ (x) > 0 quando x < 2
2 x
e f ′ (x) > 0 quando x > 2 ou seja, f não tem um extremos relativo em 2.

Exemplo 2.22. A figura ao lado, mostra um esboço


de gráfico de uma função f , que tem um valor máximo
relativo num número c mas f ′ (c) não existe, contudo
f ′ (x) > 0 quando x < c e f ′ (x) < 0 quando x > c.
a c b x

Em suma, para determinar os extremos relativos de f :

(1) Ache f ′ (x);

(2) Ache os números crı́ticos de f (x), isto é, os valores de x para os quais f ′ (x) = 0, ou para os
quais f ′ (x) não existe;

(3) Aplique o teste da derivada primeira.

Exemplo 2.23. Dada f (x) = x3 −6x2 +9x+1 ache os extremos relativos de f , aplicando o teste da derivada
primeira. Determine os valores de x nos quais ocorrem extremos relativos, bem como os intervalos nos quais
f é crescente e aqueles onde f é decrescente. Faça um esboço do gráfico.

Solução: Temos que f ′ (x) = 3x2 − 12x + 9 e f ′ (x) existe para todos os valores de x por se tratar de
um polinômio. Portanto, resolvendo-se a equação f ′ (x) = 0, ou seja, 3x2 − 12x + 9 = 3(x − 3)(x − 1) = 0.
Segue que: x = 3 ou x = 1 são números crı́ticos de f . Para determinar se f possui extremos relativos nesses
números, aplicaremos o teste da primeira derivada, conforme o quadro abaixo.

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.15. Máximos e Mı́nimos
y
f (x) f ′ (x) Conclusão 5
x<1 + f é crescente
x=1 5 0 f tem um valor máximo relativo
1<x<3 − f é decrescente
x=3 1 0 f tem um valor mı́nimo relativo 1
x>3 + f é crescente
1 3 x

2.15.2 Um Segundo Teste para Máximos e Mı́nimos Relativos

Com o teste da derivada primeira, podemos determinar se uma função f tem valor máximo ou mı́nimo
relativo num número crı́tico c, verificando o sinal de f ′ em números contidos em intervalos à direita e à
esquerda de c. Veremos a seguir, outro teste para extremos relativos envolvendo somente o número crı́tico c.

2.19 Teorema. [Critério da Segunda Derivada] Sejam f : [a, b] → R uma função contı́nua e derivável até
segunda ordem em I = (a, b), com derivadas f ′ e f ′′ também contı́nuas em I e c ∈ I tal que f ′ (c) = 0.
Então,

(1) se f ′′ (c) < 0, c é ponto de máximo local;

(2) se f ′′ (c) > 0, c é ponto de mı́nimo local.

Nota 21. Pode-se ver, facilmente, nos gráficos que exibiremos a seguir, que o teste falha quando
f ′′ (c) = 0. Logo, se f ′′ (c) = 0, nada se pode concluir quanto aos extremos relativos. Deve-se,
portanto, utilizar somente o teste da derivada primeira.
y y y

x x x

y = x4 y = −x4 y = x3
Considerando as funções y = x4 , y = −x4 e y = x3 , notemos que cada uma delas possui a segunda
derivada nula em x = 0. Em x = 0, a função y = x4 possui um mı́nimo relativo, e y = −x4 possui um
máximo relativo, no entanto, para y = x3 não tem máximo e nem mı́nimo relativo.

Exemplo 2.24. Dada f (x) = x2 − 4x − 5, usar o teste da derivada segunda para obter o máximo ou o
mı́nimo relativos.

Solução: Temos que igualar f ′ (x) a zero. Segue que, 2x − 4 = 0 cuja solução é x = 2. Como f ′′ (x) = 2,
temos que f ′′ (2) > 0 e f ′ (2) = 0. Podemos concluir, portanto, que existe um mı́nimo relativo quando x = 2.
Esse valor é f (2) = −9.

Exemplo 2.25. Dada f (x) = x3 + x2 − 8x − 1, usar o teste da derivada segunda para obter o máximo ou
o mı́nimo relativos.

Solução: Igualando-se a primeira derivada a zero, podemos escrever:

0 = f ′ (x) = 3x2 + 2x − 8 = (3x − 4)(x + 2) = 0

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.16. Outros Teoremas sobre as Funções Deriváveis
 ‹
4 4
ou x = −2. Como f ′′ (x) = 6x + 2, segue que f ′′ (−2) < 0 e f ′′
cuja solução é x = > 0. Portanto,
3 3
4
existem um máximo relativo para x = −2 e um mı́nimo relativo para x = .
3

2.16 Outros Teoremas sobre as Funções Deriváveis

2.16.1 O Teorema de Rolle

2.20 Teorema. [de Rolle] Se f : [a, b] → R é uma função contı́nua em [a, b], derivável em (a, b) e f (a) = f (b),
então existe pelo menos um ponto x0 ∈ (a, b) tal que f ′ (x0 ) = 0.

Interpretação Geométrica do Teorema de Rolle


y
A figura ao lado mostra um esboço do gráfico de uma função f
que satisfaz as condições do teorema. Vemos intuitivamente que
existe pelo menos um ponto sobre sobre a curva entre os pontos
(a, f (a)) e (b, f (b)), onde a reta tangente é paralela ao eixo x, por
exemplo o ponto de abscissa c, ou seja, f ′ (c) = 0.
a c d b x

Nota 22.

1. Seja f : [0, 1] → R definida por f (x) = x, se x ∈ [0, 1) e f (1) = 0. Então f (0) = f (1) e f é
derivável em (0, 1), mas f ′ (x) = 1 para todo 0 < x < 1. Isto se dá porque f não é contı́nua
em [0, 1];

2. Seja g : [−1, 1] → R definida por g(x) = |x|, temos que g é contı́nua em [−1, 1], g(−1) = g(1),
mas não existe c ∈ (−1, 1) tal que g ′ (c) = 0. O motivo é que g não é derivável em 0;

3. a hipótese de f ser continua em [a, b] mas derivável apenas em (a, b) é feita por que as
derivadas f ′ (a) e f ′ (b) não intervém na demonstração.

2.16.2 Exercı́cios Propostos

2.20. Verifique se estão satisfeitas as hipóteses do Teorema de Rolle para as funções a seguir, nos intervalos
especificados. Ache, então, um valor de c em cada um desses intervalos para os quais f ′ (c) = 0.

” — ” —
(a) f (x) = 4x3 − 9x, I1 = [− 32 , 0], I2 = 0, 32 e I3 = − 32 , 32 .
(
x+2 , x≤2
(b) f (x) = e I = [−2, 4]
4−x , x>1

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.16. Outros Teoremas sobre as Funções Deriváveis

2.16.3 O Teorema de Lagrange

2.21 Teorema. [de Lagrange ou do Valor Médio] Se f : [a, b] → R é uma função contı́nua em [a, b] e
derivável em (a, b), então existe pelo menos um ponto x0 ∈ (a, b) tal que
f (b) − f (a)
= f ′ (x0 ).
b−a

Interpretação Geométrica do Teorema de Lagrange


y
f (b) − f (a)
Num esboço do gráfico da função f , é a inclinação do B
b−a
segmento de reta que liga os pontos A(a, f (a)) e B(b, f (b)). O teorema
do valor médio afirma que existe um ponto sobre a curva entre A e B,
onde a reta tangente é paralela à reta secante por A e B, ou seja, existe A
f (b) − f (a)
um c ∈ (a, b) tal que f ′ (c) = .
b−a a c b x
Se tomarmos a reta secante AB paralela ao eixo x, podemos observar que o teorema do valor médio é
uma generalização do teorema de Rolle.

2.22 Teorema. Se f for uma função tal que f ′ (x) = 0 para todos os valores de x num intervalo I, então f
será constante em I.

2.16.4 Exercı́cios Propostos

2.21. Verifique se estão satisfeitas as hipóteses do Teorema de Lagrange para as funções a seguir, nos intervalos
I especificados. Em seguida, obtenha um c ∈ I que satisfaça a tese do teorema.
(a) f (x) = x2 + 2x − 1 e I = [0, 1];
√3
(b) f (x) = x2 e I = [0, 2];
x2 + 4x
(c) f (x) = e I = [2, 6]
x−1
2.22. Calcule os pontos de máximos e de mı́nimos relativos (se existem) de:

x3
(a) y = 7x2 − 6x + 2 (c) y = + 3x2 − 7x + 9
x
(b) y = 4x − x2 x4 5
(d) y = + x3 + 4x2
4 3
y
2 √
3
2.23. Seja f (x) = (x−2) uma função definida em [1, 5] como ilustra a figura
3 9
ao lado. Mostre que os extremos absolutos de f em [1, 5] são os apresentados 1
na figura.
1 2 5 x
2.24. Calcule os pontos crı́ticos (se existirem) de:
(a) y = x2 − 3x + 8 (c) y = (x − 2)(x + 4)
(b) y = 3x + 4 (d) y = x3 + 2x2 + 5x + 3
2.25. Determine as constantes nas funções abaixo, de modo que:

2 1
(a) f (x) = axe−x tenha um máximo em x = √ ;
2

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.17. Concavidade e Ponto de Inflexão

(b) f (x) = x3 + ax2 + bx + c tenha pontos crı́ticos em x = −2 e x = 3. Qual é o de máximo e qual é o de


mı́nimo?
2.26. Mostre que os extremos absolutos da função y = ln(x) − x, no intervalo e ≤ x ≤ x2 são: máximo: 1 − e
em x = e e mı́nimo: 2 − e2 em x = e2 .

2.17 Concavidade e Ponto de Inflexão

O sinal da derivada segunda pode nos dar informações úteis quanto à forma do gráfico de uma função.
Ela nos dá também outra maneira de caracterizar um máximo ou um mı́nimo relativo. Veremos, antes, como
identificar quando uma curva tem concavidade voltada para cima e para baixo usando derivadas.
2.23 Definição. Seja y = f (x) uma função derivável no intervalo I.

(i) f é dita ter concavidade voltada para cima (C.V.C) se f ′ (x) é crescente em I.

(ii) f é dita ter concavidade voltada para baixo (C.V.B) se f ′ (x) é decrescente em I.
Exemplo 2.26.
y
(i) x < c: A curva está acima de suas retas tangentes. A curva apre-
senta concavidade para cima. À medida que x cresce, a inclinação da
tangente cresce. f ′ é uma função crescente.

(ii) x > c: a curva está abaixo de suas retas tangentes. A curva apresenta
concavidade voltada para baixo. À medida que x cresce, a inclinação
da reta tangente decresce. f ′ é uma função decrescente. a c b x

Nota 23.

(1) Se f tem C.V.C., então, f ′ é uma função crescente. Logo, a derivada desta função crescente
deve ser positiva. Portanto, f ′′ deve ser positiva, quando f for convexa.

(2) Se f tem C.V.B., então f ′ é uma função decrescente. Portanto, a derivada desta função
decrescente deve ser negativa. Logo f ′′ deve ser negativa, quando f for côncava.

2.24 Definição. Um ponto (x0 , f (x0 )), no gráfico de y = f (x), onde muda o sentido da concavidade é
chamado ponto de inflexão.

Como num ponto de inflexão o sentido da concavidade muda, f ′′ (x) dever mudar de sinal em x = c, logo
f ′′ (c) = 0 ou f ′′ é descontı́nua em x = c. Assim, temos o seguinte teorema:
2.25 Teorema. Se a função tem um ponto de inflexão em x = c, então f ′′ (c) = 0 ou f ′′ é descontı́nua em
x = c.

O procedimento sistemático para determinar os pontos de inflexão é o seguinte:

(1) Calcule f ′′ (x);

(2) Ache os valores de x tais que f ′′ (x) = 0 ou que tornem f ′′ descontı́nua. Estes valores
darão os pontos possı́veis de serem pontos de inflexão;

(3) verifique se f ′′ (x) muda de sinal nos pontos encontrados em (2). Se f ′′ (x) muda de sinal
em x = c, então (c, f (c)) é um ponto de inflexão de f , desde que c esteja no domı́nio de f .

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.18. Assı́ntotas

Exemplo 2.27. Dada a função f definida por f (x) = x3 − 6x2 + 9x + 1 ache o ponto de inflexão do gráfico
de f , caso tenha, e determine onde o gráfico é côncavo e convexo.

Solução: Temos que f ′ (x) = 3x2 − 12x + 9 e f ′′ (x) = 6x − 12. f ′′ (x) existe, para todos os valores de
x. f ′′ (x) = 0 ⇔ 6x − 12 = 0 ⇔ x = 2. Para determinar se existe ou não um ponto de inflexão em x = 2,
precisamos verificar de f ′′ (x) muda de sinal; ao mesmo tempo, determinamos a concavidade do gráfico para
respectivos intervalos.

Veja no quadro abaixo.


y
5
′ ′′
f (x) f (x) f (x) Conclusão
x<2 − f côncavo para baixo 3
x=2 3 −3 0 f ponto de inflexão
x>3 + f côncavo para cima 1

1 2 3 x

2.17.1 Exercı́cios Propostos


1
2.27. Dada a função f definida por f (x) = x 3 , mostre que a mesma possui um ponto de inflexão c mesmo
1
f ′′ (c) não existindo. O que se pode dizer a respeito da função f (x) = ?
x
2.28. Calcule os pontos de inflexão (se existem) e estude a concavidade de:

y = −x3 + 5x2 − 6x

y = 3x4 − 10x3 − 12x2 + 10x + 9 R: Inflexão em − 13 e 2; CVC em (−∞, − 31 ), (2, +∞) e CVB
em (− 13 , 2)
1
y= R: Não existem pontos de inflexão. CVC em (−4, +∞) e CVB em (−∞, −4).
x+4
y = 2xe−3x R: Inflexão 32 ; CVC ( 23 , +∞) e CVB em (−∞, 23
1
y = x2 − R: Inflexão ±1; CVC em (−∞, −1) ∪ (1, +∞) e CVB (−1, 1)
3x2
2 √ √ √ √ √
y = e−x R: Inflexão em ± 22; CVC em (−∞, − 22) ∪ ( 22. + ∞) e CVB em (− 22, 22)

2.18 Assı́ntotas

2.18.1 Verticais

2.26 Definição. A reta x = a é uma assı́ntota vertical do gráfico de uma função y = f (x) se ocorrer pelo
menos uma das situações seguintes:
(a) lim f (x) = −∞ (c) lim f (x) = −∞
x→a− x→a+
(b) lim− f (x) = +∞ (d) lim+ f (x) = +∞
x→a x→a

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.18. Assı́ntotas
y

Exemplo 2.28. A reta x = 0 é uma assı́ntota vertical da função


1 x
y = ln(x), pois
lim f (x) = −∞.
x→0+

y y

Exemplo 2.29. A reta x = 1 é uma assı́ntota vertical da função


1
y= , pois
(x − 1)2
1
lim = +∞.
x→1 (x − 1)2

1 x

2.18.2 Horizontais

2.27 Definição. A reta y = b é uma assı́ntota horizontal do gráfico de uma função y = f (x) se ocorrer
(a) lim f (x) = b ou (b) lim f (x) = b
x→+∞ x→−∞

Exemplo 2.30. A reta y = 1 é uma assı́ntota horizontal da função


x2 − 1
y= , pois 1
1 + x2
x2 − 1
lim = 1.
x→+∞ 1 + x2
−1 1 x
x2 − 1
−1 f (x) =
1 + x2

2.18.3 Oblı́quas

2.28 Definição. A reta y = kx + b é uma assı́ntota oblı́qua do gráfico de uma função y = f (x), se ocorrer

(a) lim [f (x) − (kx + b)] = 0 ou


x→+∞

(b) lim [f (x) − (kx + b)] = 0


x→−∞

É possı́vel se mostrar que • ˜


f (x)
k = lim
x→+∞ x
e, uma vez determinado o k, que
b = lim [f (x) − kx] .
x→+∞

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.19. Esboço do Gráfico de Funções

Nota 24.

1. substituindo-se x → +∞ por x → −∞, obtém-se, analogamente, as expressões de k e b para


outra possı́vel assı́ntota oblı́qua.

2. Em ambos os caso, se não existir um dos limites acima definidos para k e b, não existe a
assı́ntota oblı́qua.

3. as assı́ntotas horizontais são casos particulares das assı́ntotas oblı́quas, ocorrendo quando
k = 0.

4. uma função pode ter no máximo duas assı́ntotas oblı́quas, incluindo as horizontais.

2.18.4 Exercı́cios Propostos

2.29. Determine (se existir) as assı́ntotas: horizontais, verticais ou oblı́quas das funções a seguir:

3x + 1 x2
(a) y = (b) y =
(x + 2)(x − 3) x−3

2.19 Esboço do Gráfico de Funções

Para obtermos o esboço do gráfico de uma função, devemos seguir os seguintes passos:

1. Determinar o domı́nio de f ;

2. Calcular os pontos de intersecção do gráfico com os eixos coordenados;

3. Determinar os pontos crı́ticos;

4. Determinar os pontos de máximos e mı́nimos;

5. Estudar a concavidade;

6. Determinar os pontos de inflexão;

7. Determinar as assı́ntotas;

8. Esboço.

Exemplo 2.31. Esboçar o gráfico da função f (x) = (x2 − 1)3 .

Solução:

1. Domı́nio: Dom(f ) = R;

2. Intersecções com os eixos coordenados: se x = 0, então y = −1 e, se y = 0, então x = ±1; a curva


passa pelos pontos (1, 0), (−1, 0) e (0, −1).

3. Pontos crı́ticos de f : f ′ (x) = 6x(x2 − 1)2 . Logo, resolvendo a equação f ′ (x) = 0, obtemos x = 0, x = 1
e x = −1, que são os pontos crı́ticos de f .

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.19. Esboço do Gráfico de Funções

4. Máximos e mı́nimos relativos de f : f ′′ (x) = 6(x2 − 1)(5x2 − 1). Logo, f ′′ (0) > 0 e 0 é ponto de mı́nimo
relativo de f . f ′′ (±1) = 0 e o teste da segunda derivada não nos diz nada. Usando, então, o teste da
primeira derivada para analisar a mudança de sinal temos: f ′ (x) < 0, para todo x < 0; então x = −1
não é ponto extremo de f . f ′ (x) > 0, para todo x > 0; então x = 1 não é ponto extremo de f .

′′ 2 2 5
5. Concavidade f (x) = 6(x − 1)(5x − 1) = 0 implica que x = ±1 e x = ± .
5
‚ √ √ Œ
′′ 5 5
f (x) > 0 se x ∈ (−∞, −1) ∪ − , ∪ (1, +∞).
5 5
‚ √ Œ ‚√ Œ
′′ 5 5
f (x) < 0 se x ∈ −1, − ∪ ,1 .
5 5
‚ √ √ Œ
5 5
Conclusão: f tem C.V.C. nos intervalos (−∞, −1), − , e (1, +∞).
5 5
‚ √ Œ ‚√ Œ
5 5
f tem C.V.B. nos intervalos −1, − e ,1 .
5 5

5
6. Ponto de inflexão: As abscissas dos pontos de inflexão de f são x = ±1 e x = ± .
5
7. Assı́ntotas de f : A curva não possui assı́ntotas;

8. Esboço do gráfico de f :
y

−1 1 x
−1
f (x) = (x2 − 1)3

Exemplo 2.32. Esboçar o gráfico da função f (x) = −7 + 12x − 3x2 − 2x3 .

Solução:

1. Domı́nio: Dom(f ) = R;

2. Intersecções com os eixos coordenados: se x = 0, então y = −7 e se y = 0, então x = 1 ou x = −7/2;

3. Pontos crı́ticos de f : f ′ (x) = 12 − 6x − 6x2 . Portanto, resolvendo-se a equação f ′ (x) = 0, obtemos os


pontos crı́ticos x = −2, x = 1 de f .

4. Máximos e mı́nimos relativos de f : f ′′ (x) = −6 − 12x. Logo, f ′′ (1) < 0 e 1 é ponto de máximo relativo
de f . f ′′ (2) > 0 e 2 é ponto de mı́nimo.
1 1
5. Concavidade: f ′′ (x) = −6 − 12x = 0 implica que x = − . f ′′ (x) > 0 se x < − e f ′′ (x) < 0 se x >
2 2
1
− .
2
 ‹  ‹
1 1
Conclusão: o gráfico de f tem C.V.C. em −∞, − e tem C.V.B. em − , +∞ .
2 2
1
6. Ponto de inflexão: A abscissa do ponto de inflexão de f é − .
2
7. Assı́ntotas de f : A curva não possui assı́ntotas.

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.20. Problemas de Otimização

8. Esboço do gráfico de f .
y
f (x) = −7 + 12x − 3x2 − 2x3
7
2

1 x
− 27

2.19.1 Exercı́cios Propostos

2.30. Esboce os gráficos das funções a seguir:

(a) y = −x2 + 4x + 2
(d) y = ln(x2 + 1)
4 3 2
(b) y = −x − x − 2x
x2
3x + 1 (e) y =
(c) y = x−3
(x + 2)(x − 3)

2.20 Problemas de Otimização

Nesta seção apresentaremos problemas de maximização e minimização aplicados à diversas áreas.

Exemplo 2.33. Determine dois números reais positivos cuja soma é 70 e tal que seu produto seja o maior
possı́vel.

Solução: Considere os números procurados como sendo x e y, ambos positivos, tais que x + y = 70.
Logo, x, y ∈ [0, 70]; o produto é P = x · y. Esta é a função que deve ser maximizada. Como y = 70 − x,
substituindo em P :
P (x) = x · y = x · (70 − x).
Derivando-se P : P ′ (x) = 70 − 2x = 2(35 − x); o ponto crı́tico é, portanto, x = 35. Analisando o sinal de P ′ ,
verifica-se que esse ponto é de máximo para P e y = 35. Logo, P = 1.225.

Exemplo 2.34. Um fabricante deseja construir caixas de papelão sem tampa e de base retangular, dispondo
de um pedaço retangular de papelão com 8 cm de lado e 15 cm comprimento. Para tanto, deve-se retirar de
cada canto quadrados iguais, em seguida viram-se os lados para cima. Determine o comprimento dos lados
dos quadrados que devem ser cortados para a produção de uma caixa de volume máximo.

Solução:

8 8 − 2x
x x
x x

15 15 − 2x
A altura da caixa é x; a largura é (8 − 2x) e o comprimento é (15 − 2x), observando que 0 < x < 4. Logo,
devemos maximizar:
V (x) = x(8 − 2x)(15 − 2x) = 4x3 − 46x2 + 120x.

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.20. Problemas de Otimização

Derivando-se e igualando a zero:

V ′ (x) = 12x2 − 92x + 120 = (x − 6)(12x − 20) = 0,


5 5
obtemos x = 6 ou x = . Mas, 6 ∈
/ (0, 4); então, x0 = é o único ponto crı́tico de V . Logo, estudando o
3 3
sinal de V ′ , x0 é ponto de máximo. Então, x0 = 1, 6 cm e V = 90, 74 cm3 .

2.31. Um tanque, sem tampa, em forma de cone é feito com um material plástico, tem capacidade de 1.000 m3 .
Determine as dimensões do tanque que minimiza a quantidade de plástico usada na sua fabricação.


Solução: A área do cone é: A1 = πrl = πr r2 + h2 , em que na última igualdade usamos o teorema de
Pitágoras. Por outro lado, o volume do tanque é de 1.000 m3 . Logo,
1 2
1.000 = V = πr h
3
3.000
eh= . Substituindo h na expressão da área. Temos:
πr2
r
3.000
A1 = πr r2 + .
π 2 r4
Como antes, minimizaremos A = (A1 )2 . Logo:

A(r) = π 2 r4 + kr−2

, em que k = (3.000)2 . Derivando-se e igualando a zero, obtemos que r é, aproximadamente, 8, 773 m e h é,
aproximadamente, 12, 407 m. Conseqüentemente, A1 é, aproximadamente, 418, 8077 m2 .

2.20.1 Exercı́cios Propostos

2.32. Uma caixa fechada com base quadrada deve ter um volume de 2.000 cm3 . O material da tampa e da
base deve custar R$3, 00 por centı́metro quadrado e o material para os lados custa R$1, 50 por centı́metro
quadrado. Queremos encontrar as dimensões da caixa cujo custo total do material seja mı́nimo.

2.33. Se uma lata fechada com volume 16π cm3 deve ter a forma de um cilindro circular reto, ache a altura
e o raio, se um mı́nimo de material deve ser usado em sua fabricação.

2.34. Um fabricante de caixas de papelão deseja fazer caixas abertas de pedaços quadrados de papelão com
12 cm de lado. Para isso, ele pretende retirar quadrados iguais dos quatro cantos, dobrando, a seguir, os
lados.

(a) Se x cm for o comprimento dos quadrados a serem cortados, expresse o volume da caixa em centı́metros
cúbicos como função de x.

(b) Qual é o domı́nio da função?

(c) A função é contı́nua em seu domı́nio?

(d) Determine o comprimento do lado do quadrado para que a caixa tenha volume máximo.

2.35. Dois pontos A e B estão colocados em lados opostos a um rio cuja largura é de 3 km. A linha AB
é ortogonal ao rio. Um ponto C está na mesma mesma que B, mas 2 km do rio abaixo. Uma companhia
telefônica deseja estender um cabo de A até C. Se o custo por quilômetro do cabo é 25% mais caro sob a
água do que em terra, como deve ser estendido o cabo, de forma que o custo seja o menor possı́vel?

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Cálculo Diferencial e Integral I ⋆ 2007.2 2.20. Problemas de Otimização

2.36. Um campo retangular à margem de uma rio deve ser cercado, com exceção do lado ao longo do rio. Se
o custo do material for de R$12, 00 por metro linear no lado paralelo ao rio e de R$8, 00 por metro linear
nos dois extremos, ache o campo de maior área possı́vel que possa ser cercado com R$3.600, 00 de material.

2.37. Ao planejar um restaurante, estima-se que se houver de 40 a 80 lugares, o lucro bruto diário será de
R$16, 00 por lugar. Se contudo, o número de assentos for acima de 80 lugares, o lucro bruto diário por lugar
decrescerá de R$0, 08 vezes o número de lugares acima de 80. Qual deverá ser o número de assentos para
que o lucro bruto diário seja máximo?

2.21 Gabarito
2.18. (a) 25. 2.19. (a) R: Cres. em (−1, 32 )∪(2, +∞) e Decres. em (−∞, −1)∪( 32 , 2), (b) R: Cres. em (−∞, − 12 )∪( 21 , +∞)
e Decres. em (− 12 , 12 ), (c) R: Cresc. (0, +∞) e Decres. (−∞, 0), (d) R: Cresc. (0, +∞) e Decres. (−∞, 0), (e) R: Crescente
em R, (h) R: Cres. (−1, +∞) e Decres. (−∞, −1), (g) R: Decrescente em R, (h) R: Decrescente em R.
2.20. . 2.21. . 2.22. (a) Min 73 , não existe máximo, (b) Máx2, não existe mı́nimo, (c) Máx−7, Mı́n. 1 Mı́n. 0, (d) não
existe máximo. 2.23. . 2.24. (a) 32 , (b) Não existe, (c) −1, (d) Não existe. 2.25. (a) ∀ a ∈ R∗ 3
+ , (b) a = − 2 , b = −18 e
c ∈ R. xmax = −2 e xmin = 3. 2.26. . 2.27. . 2.28. Inflexão em 53 e CVC em (−∞, 35 ) e CVB em ( 53 , +∞). 2.29. .
2.30. . 2.32. 10 × 10 × 20. 2.33. r = 2, h = 4. 2.34. (d) 8 cm. 2.35. diretamente de A a C. 2.36. área 16.875 m2 .
2.37. 140 lugares e R$ 1.568,00 o lucro bruto diário.

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