Protocolo AP Hospitalar

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Avaliação Psicológica

ISSN: 1677-0471
[email protected]
Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica
Brasil

dos Santos Azevêdo, Adriano Valério


CONSTRUÇÃO DO PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA HOSPITALAR PARA A
CRIANÇA QUEIMADA
Avaliação Psicológica, vol. 9, núm. 1, abril, 2010, pp. 99-109
Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica
Ribeirão Preto, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=335027281011

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Avaliação Psicológica, 2010, 9(1), pp. 99-109 99

CONSTRUÇÃO DO PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA


HOSPITALAR PARA A CRIANÇA QUEIMADA
Adriano Valério dos Santos Azevêdo1 - Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, Brasil

RESUMO
O protocolo de avaliação psicológica na área da saúde representa um recurso importante para a investigação das
repercussões psíquicas provenientes do adoecimento humano, principalmente no que se refere a criança hospitalizada.
Esse estudo objetivou construir um protocolo de avaliação psicológica hospitalar para a criança queimada. O protocolo
apresenta uma proposta de avaliação multifatorial para ser utilizado em três fases buscando priorizar (1) a geração de
informações preliminares sobre a criança por meio dos dados psicossociais, funções psíquicas e suas alterações, (2)
observação de aspectos relevantes, tais como, as capacidades adaptativas, e (3) aplicação dos instrumentos de avaliação:
Entrevista Lúdica, Desenho da figura humana (DFH), Inventário de Depressão Infantil (CDI), Escala de Stress Infantil
(ESI), Avaliação das Estratégias de Enfrentamento da Hospitalização (AEH). Recomenda-se a aplicação deste protocolo
em pesquisas na área da psicologia pediátrica. Acredita-se que esse instrumento pode contribuir para o desenvolvimento
científico da avaliação psicológica hospitalar no universo infantil.
Palavras-chave: Avaliação psicológica; Criança hospitalizada; Queimaduras.

CONSTRUCTION OF THE PROTOCOL OF HOSPITAL PSYCHOLOGICAL EVALUATION


FOR THE BURNT CHILD

ABSTRACT
The protocol of psychological evaluation in the area of health represents an important resource for the investigation of
psychological implications of human illness, mainly for the hospitalized child. This study objectified to make a protocol
of hospital psychological evaluation for the burnt child. The protocol presents a proposal of evaluation whith multiple
factors to be used in three phases, seeking to prioritize (1) preliminary information on the child through psychosocial
data, psychcological functions and its amendments, (2) observation of relevant aspects, such as, adaptation capacities, and
(3) application of evaluation instruments: Ludic Interview, Human Figure Drawing (HFD), Child Depression Inventory
(CDI), Child Stress Scale (CSS), Evaluation of Coping Hospitalization (ECH). It is recommended the application of this
protocol in researches in the area of pediatric psychology. It is believed that this instrument may contribute to the
scientific development of hospital psychological evaluation in the infant universe.
Keywords: Psychological evaluation; Hospitalized child; Burnts.

INTRODUÇÃO1 da identidade, regressão aos estágios anteriores do


desenvolvimento e sensação de abandono e culpa,
Na situação de adoecimento e hospitalização propiciam o surgimento de quadros de ansiedade
a criança vivencia repercussões psíquicas que podem decorrentes do início da patologia, da separação da
comprometer o período relacionado ao tratamento na família, e da entrada no ambiente hospitalar
instituição de saúde (Chiattone, 2003). De acordo (American Academy of Pediatrics _ AAP, 2006;
com Dias, Baptista e Baptista (2003), as crianças Chiattone, 2003; Lindquist, 1993; Ribeiro & Ângelo,
hospitalizadas com um tempo superior a cinco dias 2005). Dessa forma, percebe-se que o contexto da
apresentam uma tendência para desenvolver hospitalização e as peculiaridades da doença física
transtornos psicológicos, e alguns fatores podem ser apresentam implicações para a vivência da criança,
considerados relevantes, tais como, a faixa etária, as principalmente durante o tratamento de queimaduras
experiências relacionadas a internação, o tipo de devido aos períodos de dor (Stoddard & cols., 2002).
diagnóstico e prognóstico clínico, e a maneira pela A queimadura é conceituada como uma lesão
qual a família estabelece os vínculos afetivos. provocada por agentes externos que incluem o fogo,
Os estudos na área da psicologia pediátrica choque elétrico, produtos químicos e demais fatores
destacaram que as reações da criança no período de que danificam a pele e suas estruturas internas
hospitalização: sofrimento físico e psicológico, perda (Borges, 1995). A área lesionada deve ser avaliada
conforme sua profundidade a partir das classificações
1 de 1º, 2º e 3º graus, sendo as duas últimas
Contato:
Email: [email protected] consideradas mais graves, e quanto à extensão
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atribuindo-se um escore quantitativo entre pequeno, comportamental (Cunha, 2000). Ao longo do tempo,
médio e grande queimado. as estratégias de avaliação foram aprimoradas e a
O paciente hospitalizado com queimaduras construção de novos instrumentos possibilitou
vivencia uma série de estressores físicos e ampliar as perspectivas de investigação psicológica.
psicológicos que estão relacionados com as Para Frutuoso e Cruz (2004), a avaliação psicológica
mudanças no corpo e a ruptura do contexto social e pode ser definida segundo a forma, que se refere a
familiar, características que repercutem na redução metodologia utilizada, e a função que corresponde ao
de sua autonomia (Carlucci, Rossi, Ficher, Ferreira, diagnóstico, prevenção, encaminhamento ou para
& Carvalho, 2007). O estresse vivenciado pela delinear intervenções.
criança hospitalizada com queimaduras pode O planejamento de uma maneira estruturada
dificultar sua adesão ao tratamento e o permite garantir a confiabilidade dos dados. De
relacionamento com o acompanhante e equipe de acordo com Erthal (2001), os instrumentos utilizados
saúde. A identificação destas características por meio servem para delimitar as características que serão
da avaliação psicológica contribui de uma maneira investigadas no indivíduo. Os sintomas de estresse,
significativa para as ações do sistema de saúde, o que depressão e traços de personalidade representam
permite auxiliar o planejamento de intervenções algumas possibilidades de investigação por meio de
(Capitão, Scortegagna & Baptista, 2005). métodos qualitativos que utilizam entrevista e
A avaliação psicológica utiliza estratégias observação, e métodos quantitativos que são
para a investigação dos fenômenos psíquicos, e no reconhecidos pelas propriedades psicométricas.
ambiente hospitalar tem o objetivo de identificar as Nessa perspectiva, Urbina (2007) salientou que a
repercussões psicológicas provocadas pelo processo definição de objetivos representa o principal ponto
de adoecimento (Belar, 2000). Crepaldi, Rabuske e para a seleção dos instrumentos utilizados na
Gabarra (2006) destacaram que esse tipo de avaliação testagem psicológica.
na área da psicologia pediátrica precisa ser realizada No que se refere à avaliação psicológica nos
de uma forma dinâmica, identificando as ambientes de saúde, especificamente nos hospitais,
peculiaridades do ambiente hospitalar, e os destaca-se a importância da sistematização dos
instrumentos que se mostram adequados para a dados. Segundo Belar e Deardorff (1995), os
investigação dos aspectos psicológicos da criança. Os domínios relacionados à esfera biológica, cognitiva e
instrumentos de avaliação psicológica possibilitam a afetiva do indivíduo devem integrar os itens da
geração de dados quantitativos e qualitativos. avaliação psicológica, priorizando o contato do
Diante das considerações supracitadas, torna- psicólogo com a família do paciente e os
se necessário para o contexto social e científico a profissionais do setor.
realização de estudos com ênfase na construção de A avaliação psicológica realizada no hospital
instrumentos que norteiam a avaliação psicológica permite identificar de uma forma dinâmica a
nos ambientes de saúde, o que possibilita o percepção do indivíduo acerca da situação de
desenvolvimento das práticas fundamentadas em adoecimento e as principais mudanças que ocorreram
evidências. Na literatura consultada, verificou-se a a partir desta experiência. Dias e colaboradores
importância de apresentar um modelo estruturado (2003) destacaram que o planejamento da avaliação
para a avaliação psicológica de crianças psicológica com os instrumentos adequados e a
hospitalizadas. Esse estudo pretende contribuir para a intervenção efetiva da psicologia representam um
sistematização de um protocolo a ser utilizado pelo conjunto de elementos que podem diminuir o tempo
psicólogo hospitalar na unidade de queimados. de hospitalização do paciente, viabilizando a sua
Frente a esta realidade, o presente estudo objetivou recuperação e a continuidade do tratamento na
construir um protocolo de avaliação psicológica unidade hospitalar.
hospitalar para a criança queimada. No hospital, os pacientes podem apresentar
dificuldades no desenvolvimento das habilidades
A avaliação psicológica adaptativas e nas estratégias de enfrentamento,
O conhecimento teórico e técnico acerca do diretrizes fundamentais que orientam a atuação do
processo de avaliação psicológica permite uma psicólogo para a identificação e análise dessas
atuação qualificada do psicólogo. A avaliação variáveis. Na perspectiva de Capitão e colaboradores
psicológica surgiu no campo científico mediante o (2005), a avaliação psicológica nos ambientes de
interesse de compreender o funcionamento psíquico saúde contribui para o entendimento do diagnóstico
por meio das esferas cognitiva, afetiva e diferencial e prognóstico do paciente, em virtude da

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utilização do método científico. Dessa forma, as criança hospitalizada. Trata-se de uma proposta a ser
etapas que são estruturadas servem para delinear o utilizada nas atividades do psicólogo hospitalar que
processo de investigação dos principais itens. foi estruturada em três fases: (1) Informações
O psicólogo inicia essa avaliação partindo da preliminares sobre a criança, (2) Observação de
premissa de que as características do ambiente aspectos relevantes, e (3) Aplicação dos instrumentos
hospitalar, os dados psicossociais e o estágio de de avaliação (Figura 1).
desenvolvimento representam as principais Diante da solicitação da unidade de
informações a serem exploradas na abordagem inicial queimados para avaliação psicológica, considera-se
(Matarazzo, 1990), o que permite estabelecer o importante identificar a dinâmica do ambiente
vínculo com o paciente hospitalizado. Para Lopes e hospitalar para conhecer os procedimentos que são
Amorim (2004), diante dos dados obtidos na utilizados pela equipe de saúde, os estímulos visuais
avaliação psicológica torna-se possível construir um da enfermaria e as relações interpessoais
parecer e direcionar condutas, além de representar desenvolvidas pelo paciente. De acordo com Romano
uma oportunidade para compartilhar informações (1999), existem ambientes físicos nos hospitais que
com a equipe de saúde. Dessa forma, percebe-se que podem ocasionar reações psíquicas em pacientes
existem possibilidades a serem realizadas a partir da hospitalizados. Dessa forma, a identificação desses
avaliação psicológica, mas o foco se mantém para a fatores auxilia o psicólogo para o planejamento da
descrição dos fenômenos psíquicos. avaliação psicológica. A seguir, serão apresentados
Neste ponto, a utilização de um protocolo de os procedimentos a serem realizados para a utilização
avaliação psicológica hospitalar constitui um do protocolo no ambiente hospitalar.
instrumento fundamental para auxiliar a 1ª Fase – Informações preliminares sobre a criança
sistematização dos dados numa perspectiva dinâmica. Essa primeira fase corresponde a uma
De acordo com Capitão e colaboradores (2005), os abordagem inicial que visa obter informações sobre
protocolos na área da saúde representam um recurso os dados psicossociais da criança, tais como, nível
para orientar as atividades do psicólogo, sócio econômico, redes de apoio e aspectos da
principalmente diante das evidências dos dados dinâmica familiar acerca dos papéis estabelecidos
obtidos nos instrumentos psicométricos, o que neste núcleo. Neste item, a criança e o acompanhante
contribui para fundamentar a avaliação psicológica. podem fornecer estes dados por meio de entrevistas
Para Pedromônico (2006), no contexto da avaliação individuais.
em psicologia pediátrica a construção do protocolo Durante o estabelecimento do vínculo com a
possibilita o desenvolvimento científico e o criança, inicia-se a avaliação das funções psíquicas
reconhecimento das atividades do psicólogo. relacionadas à consciência, atenção, linguagem e
Diante das contribuições do protocolo na afetividade, observando se a criança responde as
atuação do psicólogo da saúde, os estudos nesta perguntas por meio do relato verbal, considerando
temática precisam apresentar propostas para o também a expressão não-verbal, de acordo com o
planejamento e estruturação dos itens, descrevendo roteiro específico de perguntas e recomendações
os procedimentos para a utilização nos ambientes desenvolvidas por Dalgalarrondo (2008), como por
hospitalares. As pesquisas nesta área de concentração exemplo: (Quando você chegou aqui? Você sabe que
apresentam relevância científica e possibilitam o dia é hoje? Como você está se sentindo?). Para a
aprimoramento profissional. avaliação da afetividade, fichas com expressões de
O protocolo de avaliação psicológica hospitalar sentimentos (tristeza, alegria, ansiedade) podem ser
A avaliação psicológica nos ambientes de exibidas solicitando que a criança indique qual
saúde deve integrar um conjunto de estratégias sentimento corresponde a sua vivência atual.
constituídas de entrevistas clínicas, observações e a A avaliação das funções psíquicas deve ser
utilização de instrumentos psicométricos (Matarazzo, conduzida com habilidades do psicólogo priorizando
1990). Para cumprir o objetivo desse estudo, iniciou- a escuta e observação do paciente (Dalgalarrando,
se a construção do protocolo de avaliação psicológica 2008). A capacidade de manter contato visual e
hospitalar com os principais itens a serem estabelecer o vínculo com o paciente hospitalizado
investigados com a criança hospitalizada na unidade torna-se necessária, e quando a avaliação indicar
de queimados, por meio da participação do alterações nas funções psicopatológicas deve-se
acompanhante e equipe de saúde. Os itens que imediatamente comunicar a equipe de saúde.
integram o protocolo foram elaborados buscando Romano (1999) salientou sobre a importância de
identificar as repercussões psíquicas vivenciadas pela realizar a avaliação das funções psíquicas,

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principalmente diante das alterações que surgem a desorientação no tempo e espaço, dificuldades de
partir da doença física, como por exemplo o delirium, concentração, alucinações visuais, discurso
que acontece com freqüência quando os pacientes desorganizado, níveis variados de ansiedade,
estão hospitalizados em ambientes fechados durante lentificação ou agitação psicomotora. Os dados
um tempo prolongado. De acordo com Dalgalarrondo obtidos neste item da avaliação psicológica
(2008), o delirium representa uma síndrome possibilitam orientar o psicólogo para as etapas
confusional quando os pacientes apresentam posteriores do protocolo, pois a aplicação dos
distúrbios cerebrais agudos, necessitando a utilização instrumentos na terceira fase será realizada se o
de psicotrópicos para minimizar os sintomas de paciente apresentar as funções psíquicas preservadas.
rebaixamento do nível de consciência que provocam

Figura 1. Construção do protocolo de avaliação psicológica hospitalar para a criança queimada.

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A avaliação sobre o nível de apoio, e as estratégias utilizadas para o
conhecimento da criança acerca da hospitalização e enfrentamento das situações repercutem diretamente
adesão ao tratamento pode ser realizada utilizando nas capacidades adaptativas. Assim, pode-se ressaltar
perguntas breves, explorando a percepção da criança que existe um conjunto de características que
sobre a situação de adoecimento. Assim, torna-se apresentam implicações para a adaptação do paciente
possível compreender quais informações são hospitalizado.
destacadas pela criança sobre o contexto da Outro ponto importante refere-se à
hospitalização, e se a mesma está aderindo ao observação do tipo de vínculo estabelecido entre a
tratamento participando dos procedimentos criança e o acompanhante no hospital. Para tanto, a
necessários para sua recuperação. Destaca-se que o teoria do apego de Bowlby (1990) apresenta uma
acompanhante pode fornecer estes dados caso a descrição sobre essas ligações afetivas que são
criança não apresente condições para se expressar desenvolvidas no ciclo evolutivo e representam a
verbalmente. base para a formação do indivíduo. Bowlby (1990)
Um ponto relevante refere-se à identificação definiu que o apego seguro pode ser definido quando
do estágio de desenvolvimento cognitivo da criança existe uma relação de confiança entre a criança e o
considerando as formulações teóricas de Piaget cuidador, e no apego inseguro acontecem os conflitos
(1990) sobre as seguintes fases: sensório-motor, pré- e a insegurança. Nas situações de observação, o
operatório, operações concretas e formais. Entende- psicólogo deve identificar a maneira pela qual a
se que cada processo maturacional indica díade (criança/acompanhante) expressa os
características importantes sobre a criança, assim o sentimentos e compartilha as situações do ambiente
psicólogo poderá ter uma visão específica sobre o hospitalar.
ciclo evolutivo relacionando seus dados com as Para investigar a relação da criança com a
repercussões psicológicas da criança oriundas do equipe de saúde, inicia-se um breve diálogo com os
contexto da hospitalização. Chiattone (2003) profissionais do setor para compartilhar informações
destacou a importância de verificar o estágio de sobre o caso clínico, pois essa perspectiva
desenvolvimento cognitivo da criança hospitalizada interdisciplinar representa uma estratégia efetiva. Os
no período de avaliação e acompanhamento estudos ressaltam a importância da comunicação
psicológico. O conjunto de dados obtidos nesta entre o psicólogo e os membros da equipe de saúde
primeira fase auxilia os procedimentos para a que participam da assistência à criança hospitalizada
execução das etapas posteriores do protocolo. (Crepaldi & cols., 2006; Pedromônico, 2006).
Recomenda-se que a geração de dados da observação
2ª Fase - Observação de aspectos relevantes seja realizada no modelo participante. Considerando
Para a execução da segunda fase do que após esta fase o psicólogo obteve informações
protocolo, destacam-se as estratégias de observação relevantes sobre a criança, deve ser iniciada a
do psicólogo mantendo a atenção focalizada. descrição no prontuário hospitalar com possíveis
Crepaldi e colaboradores (2006) destacaram a orientações à equipe de saúde.
importância das técnicas de observação para verificar
a maneira como a criança hospitalizada desenvolve 3ª Fase - Aplicação dos instrumentos de avaliação
seu relacionamento com o acompanhante e equipe de Diante dos dados obtidos nas fases
saúde. Neste ponto, observa-se a capacidade de anteriores de investigação, o psicólogo realiza o
adaptação da criança, se a mesma desenvolve a planejamento para a aplicação dos instrumentos de
comunicação no ambiente hospitalar e mostra-se avaliação psicológica que são adequados para a faixa
receptiva a equipe de saúde. etária da criança, delimitando o que se pretende
Os processos adaptativos surgem a partir das investigar. Destaca-se que a enfermaria hospitalar
experiências dos indivíduos, na medida em que existe representa o ambiente no qual será realizada a
a motivação para enfrentar as adversidades do testagem da criança. Desta forma, o psicólogo deve
contexto ambiental (Antoniazzi, Dell’Aglio & demonstrar habilidades para compreender as
Bandeira, 1998). No que se refere a investigação variáveis, tais como, sala aberta, iluminação,
deste item, o tempo de hospitalização e os ambiente compartilhado por um grupo de pessoas, e
comportamentos da criança devem ser destacados a entrada freqüente da equipe de saúde para a
para fazer comparações com os dados obtidos. Straub realização de procedimentos técnicos. Recomenda-se
(2005) ressaltou que o tipo de doença física, o que o psicólogo desenvolva o diálogo com a equipe
contato que o paciente estabelece com as redes de

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de saúde para verificar os horários adequados para a que corresponde ao escore quantitativo dos itens
testagem psicológica. encontrados no desenho: 0 - ausência de distúrbios
Os instrumentos de avaliação psicológica que emocionais, 1 item- não indica sinais de problemas
constam neste protocolo devem ser selecionados para emocionais, 2 ou mais itens - indicam a presença de
utilização a partir do objetivo definido pelo distúrbios emocionais na criança.
psicólogo. Os dados que foram produzidos nas A avaliação do DFH é realizada a partir dos
primeiras fases do protocolo indicam o tipo de 30 indicadores emocionais: integração pobre das
instrumento que será utilizado. Para tanto, pode-se partes da figura, sombreamento do rosto,
realizar a seleção dos instrumentos a partir das sombreamento do corpo e/ou membros,
seguintes opções: Entrevista Lúdica, Desenho da sombreamento das mãos e/ou pescoço, assimetria
Figura Humana (DFH), Inventário de Depressão grosseira dos membros, figura inclinada, figura
Infantil (CDI), Escala de Stress Infantil (ESI), e pequena ou delgada, figura grande, transparência
Avaliação das Estratégias de Enfrentamento da envolvendo as principais partes do corpo ou
Hospitalização (AEH). O conhecimento dos membros, cabeça pequena, olhos cruzados ou postos,
instrumentos e as habilidades para a aplicação dentes, braços curtos, braços compridos, braços
representam fatores importantes para garantir a colados ao corpo, mãos grandes, mãos cortadas,
confiabilidade da avaliação psicológica hospitalar. pernas fechadas ou apertadas uma contra a outra,
genitais, figura monstruosa ou grotesca, três ou mais
Entrevista Lúdica figuras espontaneamente desenhadas, nuvens,
A entrevista lúdica refere-se a uma omissões dos olhos, do nariz, da boca, do tronco, dos
modalidade de avaliação psicológica para crianças braços, das pernas, dos pés e do pescoço (Koppitz,
por meio de brinquedos, e representa um recurso 1976).
importante para construir o vínculo e obter Para a aplicação deste desenho, utiliza-se
informações sobre a sua vivência no período de uma folha de ofício branca, lápis n.2 e borracha. A
hospitalização. Motta e Enumo (2004) destacaram folha deve ser entregue na posição vertical
que a criança no hospital utiliza o brinquedo para o solicitando para a criança iniciar o desenho de uma
enfrentamento das situações vivenciadas neste pessoa inteira com o tempo livre. O psicólogo realiza
ambiente. Os brinquedos devem ser selecionados de anotações sobre a seqüência utilizada pela criança
acordo com a faixa etária e sexo da criança. para desenhar as diferentes partes da figura humana.
De acordo com Werlang (2000), os Realiza-se o inquérito do desenho segundo os
brinquedos utilizados na entrevista lúdica permitem critérios sugeridos por Campos (1973), buscando
que a criança comece a expressar suas experiências. conhecer qualidades, defeitos, pensamentos e o
E neste momento, o psicólogo avalia o conteúdo humor da figura desenhada pela criança, utilizando a
verbal e as representações simbólicas, pois representa tabela de correção desenvolvida por Koppitz (1976)
uma maneira de conhecer a dinâmica dos processos com a padronização para a Argentina.
psicológicos, o nível de tolerância a frustração e suas De acordo com Koppitz (1976), a análise do
reações emocionais, o que permite explorar os desenho da figura humana permite identificar
significados daquela experiência para a criança. problemas emocionais e os conteúdos internos da
Dessa forma, o brinquedo pode ser considerado um criança, bem como, os significados da sua
instrumento mediador para a expressão de experiência. Desse modo, percebe-se a importância
pensamentos e sentimentos da criança hospitalizada. da utilização adequada dos escores da escala e do
Entretanto, trata-se de uma avaliação qualitativa e o inquérito realizado com a criança. As pesquisas que
psicólogo deve conduzir este recurso por meio de foram realizadas com o DFH para a avaliação
competências que estão relacionadas com a psicológica de crianças hospitalizadas indicaram que
capacidade de interpretação de dados subjetivos, e o instrumento apresentou escores confiáveis (Capitão
adaptação desta técnica para o ambiente hospitalar. & Ide, 2004; Freitas, 2008). A continuidade dos
estudos sobre o DFH contribui para a confiabilidade
Desenho da Figura Humana (DFH) desse instrumento na avaliação psicológica
O Desenho da Figura Humana (DFH) no hospitalar.
modelo de Koppitz (1976) foi elaborado para a Para Hutz e Bandeira (2000), no desenho da
aplicação em crianças de 5 a 12 anos de idade, e figura humana a criança expressa na imagem seus
mostra-se pertinente para a identificação de conflitos, representando uma oportunidade para o
problemas emocionais a partir da utilização da escala psicólogo avaliar características relacionadas à esfera

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afetiva. Nessa perspectiva, Menezes, Moré e Cruz com asma, e os dados do estudo indicaram que o
(2008) destacaram que o desenho representa um instrumento mostrou-se confiável. A utilização do
recurso importante para a utilização com as crianças CDI com as crianças hospitalizadas pode contribuir
hospitalizadas, pois permite a organização das suas para novos estudos, pois esse instrumento mostra-se
experiências. Nesse contexto, existem evidências que adequado para utilização neste ambiente.
confirmam a utilidade do DFH.
Escala de Stress Infantil (ESI)
Inventário de Depressão infantil (CDI) A Escala de Stress Infantil (ESI) de Lipp e
O Inventário de Depressão Infantil (CDI) que Lucarelli (1998) representa um instrumento de
foi construído por Kováks (1983) com o objetivo de mensuração do nível de estresse das crianças, e uma
mensurar sintomas depressivos em indivíduos na adaptação do Inventário de Sintomas de Stress
faixa etária entre 7 a 17 anos, tem suas origens dos Infantil (ISSI) dos referidos autores. Esse
Estados Unidos e representa uma adaptação do instrumento de auto aplicação integra 35 itens que
Inventário Beck de Depressão (BDI). O instrumento englobam reações do estresse: físicas, psicológicas e
apresenta 27 itens, requer auto aplicação de uma psicofisiológicas, o que permite investigar a presença
forma prática com uso de uma folha e lápis, e os desses sintomas e as principais reações em
participantes indicam a alternativa de resposta por indivíduos com a faixa etária de 7 a 14 anos.
meio de uma escala de três pontos, sobre os Os itens da escala são apresentados
sentimentos relacionados às duas últimas semanas. aleatoriamente, 9 itens sobre as reações físicas, 9
O CDI foi normatizado para o contexto itens que relacionam as reações psicológicas, 9 itens
brasileiro no estudo de Gouveia, Barbosa, Almeida, e que integram as reações psicológicas com
Gaião (1995) em uma amostra de 305 escolares de 8 componentes depressivos, e 8 itens sobre reações
a 15 anos, o que permitiu evidenciar a confiabilidade psicofisiológicas. Para responder ao item, utiliza-se a
e validade do instrumento por meio dos indicadores escala no modelo likert com cinco pontos, o que
psicométricos. Nesta versão foram constituídos 20 permite fazer o registro por meio de um círculo ,
itens, e os demais critérios não sofreram de acordo com a freqüência que os indivíduos
modificação. As três opções de respostas apresentam experimentam os sintomas, variando entre nunca
um valor que varia de 0 a 2 pontos, respectivamente
(a=0, b=1, c=2), que estão relacionadas à sente - quando não marcar nenhum quadrante ,
normalidade, severidade e enfermidade clínica mais sente raramente - quando marcar um quadrante ,
significativa. Destaca-se que o somatório total de sente às vezes – quando marcar dois quadrantes ,
valores indica o escore a ser considerado e o grau de sente frequentemente – quando marcar três
depressão.
Em relação aos 20 itens do CDI, 6 itens quadrantes , e sente sempre – quando marcar
destacam aspectos cognitivos relacionados ao todos os quatro quadrantes .
pessimismo, avaliação negativa das próprias As instruções sobre a ESI podem ser
habilidades, ideação suicida, culpa, preocupação, e oferecidas para a criança visando manter a
competência, 7 itens relacionam aspectos da esfera padronização desse instrumento com a seguinte
afetiva dos sentimentos de tristeza, medo, não gostar leitura: “Você encontrará nas questões abaixo
de si, vontade de chorar, sentir-se feio, solidão, e algumas coisas que as crianças podem ter ou sentir.
sentimentos de não ser amado, 5 itens referem-se aos Você deverá mostrar o quanto acontece com você o
aspectos comportamentais, tais como, lazer, que está escrito em cada questão, pintando os
comportamentos hostis, isolamento, interação escolar desenhos desta forma” (Lipp & Lucarelli, 1998). A
e obediência, 2 itens investigam sintomas somáticos utilização do lápis de cor pode auxiliar a criança para
relacionados ao sono e sensação de perda de energia. o preenchimento dos quadrantes, e a ESI oferece
A escala integra a avaliação de fatores tabelas para a avaliação das respostas. Na literatura
cognitivos, afetivos e comportamentais, portanto, consultada, verificou-se que Lipp, Arantes, Buriti, e
representa um instrumento relevante para a Witzig (2002) utilizaram a ESI em crianças
investigação dos sintomas depressivos que estão escolares. Entretanto, nas unidades de pediatria das
relacionados com estas esferas do funcionamento instituições hospitalares existe a necessidade de
psíquico. Miyazaki, Amaral, Grecca, e Salomão pesquisas com esse instrumento, principalmente nos
Júnior (2006) utilizaram o CDI para investigar ambientes fechados que propiciam o surgimento de
sintomas de depressão em crianças e adolescentes sintomas de estresse nos pacientes hospitalizados

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com queimaduras, o que foi apontado no estudo de psicológica, dentre eles, o ESI de Lipp e Lucarelli
Carlucci e colaboradores (2007). Em síntese, a ESI (1998), e a adaptação do Inventário de Estratégias de
apresenta relevância para a investigação do estresse Coping de Folkman e Lazarus, feita por Savóia,
em crianças hospitalizadas na unidade de queimados. Santana e Mejias (1996).
O instrumento de avaliação proposto pelas
Avaliação das Estratégias de Enfrentamento da autoras foi normatizado para a utilização em crianças
Hospitalização (AEH) hospitalizadas dos 6 aos 12 anos de idade, composto
Durante o período de hospitalização a criança por um roteiro de entrevista com 5 perguntas para
vivencia experiências que podem ser consideradas conhecer pensamentos, sentimentos e atitudes da
traumáticas ou potencialmente geradoras de criança frente à hospitalização, e respectivamente um
ansiedade, portanto, torna-se relevante conhecer as conjunto de pranchas com 21 cenas desenhadas em
suas estratégias de enfrentamento. O termo preto e branco. De forma específica, as pranchas
enfrentamento foi traduzido do inglês coping, e para apresentam cenas que permitem identificar as
Folkman e Lazarus (1980) representa as estratégias estratégias de enfrentamento classificadas em: (1)
utilizadas pelos indivíduos diante de uma ameaça estratégias facilitadoras que são consideradas
percebida pelo ambiente. Os pensamentos, as reações adaptativas – brincar, assistir TV, cantar e dançar,
afetivas e comportamentais integram o conjunto rezar, estudar, conversar, ouvir música, ler gibi,
dessas estratégias. buscar informações e tomar remédios, e (2)
A inserção do indivíduo no ambiente estratégias não facilitadoras consideradas não
hospitalar e a necessidade de utilização dos adaptativas: chorar, brigar, esconder, ficar triste,
procedimentos técnicos do setor representa uma desanimar, fazer chantagem, pensar em fugir, sentir
situação que pode propiciar reações de estresse que culpa, sentir medo, pensar em milagre e dormir
serão enfrentadas de uma maneira específica por cada (Motta & Enumo, 2004).
pessoa. De acordo com Antoniazzi e colaboradores Cada cena da prancha é apresentada
(1998), as estratégias de enfrentamento são utilizadas individualmente e a criança justifica sua resposta por
pelas pessoas no processo de adaptação frente às meio de um inquérito. O psicólogo realiza a
novas situações que são submetidas. O transcrição e categorização das temáticas, e a análise
enfrentamento de forma adaptativa pode contribuir desse instrumento pode ser realizada de uma maneira
para a adesão ao tratamento, o que representa um informatizada, conforme foi verificado no estudo de
ponto positivo para o paciente hospitalizado. Moraes e Enumo (2008). Dessa forma, os dados
Nessa perspectiva, Folkman e Lazarus (1980) objetivos auxiliam a análise e a fidedignidade do
destacaram que o enfrentamento pode ser focalizado instrumento. A aplicação mostra-se adequada para o
no problema ou na emoção, e depende da avaliação ambiente hospitalar e representa uma estratégia de
realizada pelo indivíduo sobre a situação que avaliação psicológica relevante para crianças
originou o estresse. Segundo os autores, o hospitalizadas.
enfrentamento focalizado no problema é No que se refere a esta terceira fase do
caracterizado quando o indivíduo se esforça para protocolo sobre a aplicação dos instrumentos de
mudar a situação geradora de estresse solicitando o avaliação, os dados obtidos devem ser destacados no
auxílio de outras pessoas, ou por meio da prontuário hospitalar e o psicólogo realiza a análise
reestruturação cognitiva avaliando o evento estressor geral dos itens que foram investigados. As
e atribuindo novas respostas para a situação atual. O orientações podem ser destacadas para a equipe de
enfrentamento focalizado na emoção é utilizado pelo saúde visando o manejo com a criança, ou para
indivíduo visando a regulação do estado emocional, possíveis solicitações de outras especialidades, por
praticando atividades que minimizam o impacto do exemplo, psiquiatria e serviço social. A partir deste
estresse, como por exemplo, participar de atividades ponto, espera-se que a avaliação psicológica
de lazer, pois, representa um recurso de distração que hospitalar possa subsidiar o planejamento de
direciona a percepção do indivíduo para outras intervenções.
situações.
Para a investigação deste fenômeno na CONSIDERAÇÕES FINAIS
hospitalização infantil, Motta e Enumo (2004)
desenvolveram o instrumento de Avaliação das Diante das informações que foram
Estratégias de Enfrentamento da Hospitalização apresentadas, considera-se relevante a construção do
(AEH), baseando-se em instrumentos de avaliação protocolo de avaliação psicológica hospitalar para a

Avaliação Psicológica, 2010, 9(1), pp. 99-109


Protocolo de avaliação psicológica hospitalar para a criança queimada 107
criança queimada, e, deste modo, o objetivo desse As adaptações realizadas para a utilização desse
estudo foi plenamente atingido. Esse instrumento que protocolo nas unidades de pediatria hospitalar
integra uma perspectiva de investigação multifatorial poderão contribuir em novas considerações acerca da
relaciona aspectos psicológicos da criança avaliação psicológica com crianças hospitalizadas, o
hospitalizada na dinâmica com o acompanhante e que representa um ponto a ser investigado diante das
equipe de saúde. limitações desse estudo que focalizou a unidade de
A utilização deste protocolo pode facilitar a queimados. Dessa forma, recomenda-se a aplicação
atuação do psicólogo nos ambientes hospitalares. De deste protocolo para verificar a pertinência da sua
acordo com Capitão e colaboradores (2005), os estrutura e dos itens de avaliação, especificamente
protocolos de avaliação psicológica mostram-se úteis sobre o DFH, que tem seu reconhecimento validado
quando aplicados nos serviços de especialidades na na Argentina, necessitando ampliar os estudos no
área da saúde, e devem ser utilizados com o Brasil para verificar sua validade e fidedignidade;
propósito de compreender as interrelações dos assim, as pesquisas cumprem uma função relevante
aspectos biológicos, psicológicos e sociais do na testagem desse instrumento. Em síntese, esse
indivíduo na situação de adoecimento. Belar (2000) protocolo contribui para o desenvolvimento
destacou que nessa perspectiva torna-se possível a científico da avaliação psicológica hospitalar, e
promoção da saúde por meio de um trabalho auxilia a investigação de itens específicos com o
integrado com outros profissionais. propósito de identificar as repercussões psicológicas
Destaca-se que a sistematização dos dados da criança provenientes da experiência de
permite investigar os principais itens do protocolo. hospitalização.
Nesse contexto, Pedromônico (2006) destacou que o
método utilizado para a geração de dados representa REFERÊNCIAS
o ponto central para a confiabilidade do instrumento.
Assim, a utilização de um protocolo para avaliação American Academy of Pediatrics (2006). Child life
psicológica hospitalar com recurso a procedimentos council and committee on hospital care child life
definidos com clareza, possibilita delimitar o campo services. Pediatrics, 118, 1757 -1763.
de atuação do psicólogo. Antoniazzi, A.S., Dell’Aglio, D.D., & Bandeira, D.R.
A construção de um instrumento de avaliação (1998). O conceito de coping: uma revisão
psicológica inicia-se diante de uma reflexão crítica teórica. Estudos de Psicologia. Natal, 5 (1), 287-
do psicólogo acerca das atividades realizadas num 312.
ambiente específico. De acordo com Belar e Belar, C.D., & Deardorff, W.W. (1995). Clinical
Deardorff (1995), os objetivos do psicólogo, as Health Psychology in Medical Settings: a
características do setor, e o tipo de serviço que é practitioner’s guidebook (2th ed). Washington:
oferecido pela unidade hospitalar representam as APA.
variáveis que influenciam a maneira como o Belar, C.D. (2000). Psychological interventions and
psicólogo desenvolve o protocolo de avaliação. health: critical connections. Psicologia, Saúde &
Nesse estudo, o protocolo foi estruturado Doenças, 1(1), 11-17.
para ser utilizado em três fases, o que permite Borges. E. (1995). Queimaduras em crianças e
identificar os dados iniciais sobre o paciente para intervenção psicológica. Porto Alegre: Artmed.
realizar a tomada de decisões sobre os instrumentos Bowlby, J. (1990). Trilogia Apego e Perda. São
de avaliação que serão aplicados. Desta forma, esse Paulo: Martins Fontes.
planejamento auxilia a geração de dados, e o tempo Campos, D.M.S. (1973). O teste do desenho como
destinado para a avaliação psicológica dependerá dos instrumento de diagnóstico da personalidade.
objetivos que foram delimitados pelo psicólogo, mas, Petrópolis: Vozes.
o contato com a criança, acompanhante e equipe de Carlucci, V.D.S., Rossi, L. A., Ficher, A.M.F.T.,
saúde representa uma característica fundamental. Ferreira, E., & Carvalho, E.C. (2007). A
Em relação aos instrumentos de avaliação experiência da queimadura na perspectiva do
psicológica que integram este protocolo, um ponto paciente. Revista da Escola de Enfermagem da
importante refere-se à faixa etária indicada para a USP. 41(1), 21-28.
aplicação, bem como, os procedimentos que são Capitão, C.G., & Ide, L.O. (2004). Avaliação dos
recomendados para a normatização. Cada aspectos cognitivo e emocional da criança
instrumento apresenta características específicas e hospitalizada segundo Koppitz. Encontro:
tem o objetivo de investigar uma unidade de análise. Revista de Psicologia, 9(10), 01-16.

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SOBRE O AUTOR:
Adriano Valério dos Santos Azevêdo: Psicólogo. Especialização em Psicologia Hospitalar. Mestrando em
Psicologia Social - Núcleo de Pós Graduação em Psicologia Social (NPPS) - Universidade Federal de Sergipe
(UFS).

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