Comunicação Alternativa Pranchas

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 16

PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE PRANCHAS DE COMUNICAÇÃO

ALTERNATIVA: PARCERIA COM MÃES DE CRIANÇAS NÃO VERBAIS

Autoras: MARIANA GURIAN MANZINI1; CANDICE LIMA MORESCHI11; ANA


CAROLINA GURIAN MANZINI³; CLAUDIA MARIA SIMÕES MARTINEZ¹ ²,
MARIA AMÉLIA ALMEIDA1; GERUSA FERREIRA LOURENÇO2.
Universidade Federal de São Carlos. ¹Programa de Pós-Graduação em
Educação Especial. ²Departamento de Terapia Ocupacional.³ Departamento de
Psicologia
Agência Financiadora: CNPq.

Eixo Temático: Formação de pais dirigida à linguagem e comunicação


Categoria: Comunicação Oral

RESUMO

Crianças com severos distúrbios na comunicação necessitam de um programa


de reabilitação direcionado à orientação e instrumentalização do usuário e
família. O presente estudo tem por objetivo elaborar pranchas de comunicação
alternativa por meio da parceria com mães de crianças com Paralisia Cerebral
não verbais. A pesquisa foi realizada em uma unidade de saúde de uma cidade
do interior do estado de São Paulo, vinculada a uma universidade pública.
Participaram da pesquisa três crianças com Paralisia Cerebral e suas mães.
Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos: dois
Protocolos de Caracterização dos participantes, um Roteiro de Entrevista com
objetivo de identificar as habilidades comunicativas já utilizadas pela criança e
o Protocolo para Seleção das figuras com o propósito de selecionar os itens do
centro de interesse da criança relacionados à temática de autocuidado,
produtividade e lazer. Os dados do estudo demonstraram que existem
demandas das mães por não conseguirem entender as necessidades e
vontades de seus filhos apenas com as habilidades comunicativas já utilizadas,
necessitando de recursos alternativos para tornar esta comunicação
significativa e eficaz. Foi possível notar o interesse das mães em participarem
da pesquisa e a dedicação no processo de elaboração das pranchas de
comunicação para seus filhos.

Palavras-chave: Comunicação Alternativa, Pranchas de Comunicação,


Educação Especial.
1 INTRODUÇÃO

A comunicação suplementar e alternativa é caracterizada pelo uso de


gestos, expressões faciais e corporais, símbolos gráficos, fotos, objetos, voz
digitalizada ou sintetizada, que tem por finalidade promover a comunicação
face a face de indivíduos com distúrbios de linguagem oral e fala (GLENNEN,
1997).
Na educação especial, a expressão comunicação suplementar e
alternativa é utilizada para caracterizar um conjunto de procedimentos técnicos
e metodológicos direcionados as pessoas acometidas por alguma doença,
deficiência ou alguma outra situação momentânea que impede a comunicação
com as demais pessoas por meio do recurso usualmente utilizado, mais
especificamente a fala (DELIBERATO; MANZINI, 2006).
A inclusão da família do deficiente na área da Educação Especial vem
sendo discutida como uma estratégia de intervenção. A participação das mães
é essencial nos atendimentos na área da comunicação suplementar e/ou
alternativa, pois elas são as que mais convivem com as crianças, sabendo
seus desejos, vontades, centro de interesses e suas tarefas do cotidiano.
A literatura relata a importância da parceria entre pais e profissionais, na
qual ambos trabalham com o objetivo de suprir as necessidades da criança
(WILLIAMS; AIELLO, 2001). Esta parceria além de permitir que a estratégia
adotada no atendimento seja reforçada ou mantida em casa e generalizada nos
diversos ambientes sociais, permite que os pais sintam-se competentes para
ensinar e compreender determinadas habilidades de seus filhos, sendo neste
caso as habilidades comunicativas (OMOTE, 2003).
Os pais são figuras centrais na vida das crianças com severos distúrbios
na comunicação oral, sendo parceiros importantes na intervenção, pois as
crianças não se tornarão utilizadores competentes de signos gestuais e
gráficos sem que os membros da família compreendam e apoiem esse esforço.
(VON TETZCHNER; MARTINSEN, 2000).
Pessoas com alterações na qualidade e funcionalidade da comunicação
podem sofrer grave impacto na qualidade de vida, necessitando, de um

2
programa de reabilitação direcionado à orientação e instrumentalização do
usuário e família (DUTRA; FAGUNDES; SCHIMER, 2007).
Através da literatura utilizada neste trabalho nota-se que investimentos
foram realizados para investigar como a comunicação suplementar e/ou
alternativa é utilizada e aceita pelos familiares de crianças com Paralisia
Cerebral.
No entanto, devido aos poucos trabalhos encontrados sobre a temática
da implementação da comunicação alternativa com a parceria dos pais é
notável uma lacuna no que se refere a descrever sobre a implementação e
confecção de prancha de comunicação para uma criança com Paralisia
Cerebral a partir da capacitação prática dos familiares desta criança.

2 OBJETIVO

Considerando o referencial teórico, foi realizada uma pesquisa com o


objetivo de avaliar um programa individualizado de comunicação alternativa
para a capacitação de mães de crianças com paralisia cerebral não-verbais
(MANZINI, 2013). Como parte dessa pesquisa maior, o presente relato tem
como intuito descrever uma das estratégias realizadas dentro do programa,
com a elaboração de pranchas de comunicação alternativa por meio da
parceria com mães de crianças com Paralisia Cerebral não verbais.

3 METODOLOGIA

3.1 Considerações Éticas

O presente estudo teve o parecer favorável pelo Comitê de Ética (CEP/


UFSCar) pelo Nº 444/2011. Os participantes da pesquisa receberam e
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido com todas as
informações sobre o projeto, como: objetivo, procedimento da coleta de dados,
resguardo da privacidade do participante e utilização dos dados para fins
científicos.

3
3.2 Local

A pesquisa foi realizada em uma instituição destinada ao


desenvolvimento de atividades de pesquisa, ensino e extensão, de nível
ambulatorial, de uma cidade do interior do estado de São Paulo, vinculada a
uma universidade pública.

3.3 Participantes

Os participantes desta pesquisa foram três crianças com Paralisia


Cerebral e suas respectivas mães.

Quadro 1 - Caracterização dos Participantes Familiares (Pf)

Participante Número de Profissã


Idade Grau de escolaridade
familiar (Pf) filhos o
Mãe 1 40 Ensino médio completo 1 Do lar
Ensino Fundamental
Mãe 2 48 2 Do lar
Incompleto
Mãe 3 34 Ensino Superior Incompleto 5 Do lar

O quadro 1 reflete a caracterização dos participantes familiares.


Participaram deste estudo três mães na faixa etária entre 34 à 48 anos. A
variável escolaridade demonstra o grau mais baixo de escolaridade - Ensino
Médio Completo e o mais elevado Ensino Superior Incompleto. Em relação ao
número de filhos, apenas a mãe 1 tem um filho, sendo que as outras
participantes tem dois e cinco filhos, respectivamente.

Quadro 2 - Caracterização dos Participantes Crianças (Pc)

Características Participante 1 Participante 2 Participante 3


Idade 8 anos 12 anos 4 anos
Gênero Feminino Masculino Feminino
Diagnóstico Paralisia Cerebral Paralisia Cerebral Paralisia Cerebral
Audição Normal Normal Normal
Visão Normal Normal Normal
Cognição Normal Normal Normal
Frequenta Escola Frequenta Escola Não Frequenta
Escola
Regular Especial escola

4
O quadro 2 reflete a caracterização dos participantes crianças.
Participaram desta pesquisa 3 crianças na faixa etária entre 4 e 12 anos, uma
do gênero masculino e duas do gênero feminino. Por meio do estudo do
prontuário, audição, visão e a cognição das crianças foram constatadas em
laudos médicos como normais. Apenas uma das crianças não frequenta a
escola, e entre as duas crianças que frequentam a escola, apenas uma criança
frequenta a escola na sala regular.

3.4 Instrumentos de coleta de dados

Com o intuito de coletar todas as informações para o objetivo da


pesquisa ser atingido foram utilizados os seguintes instrumentos para coleta de
dados.

1. Protocolo de Caracterização dos Participantes: com o objetivo de


descrever características como gênero, idade, diagnóstico clínico e
características motoras;

2. Roteiro de Entrevista com a mãe sobre as Habilidades Comunicativas


da Criança: adaptado segundo a literatura com objetivo de identificar quais as
habilidades comunicativas eram utilizadas na comunicação entre pais e filhos
(DELIBERATO, 2007b);

3. Protocolo para Seleção das Figuras: adaptado segundo a literatura com


objetivo de selecionar as figuras para a confecção da prancha, o qual contem
categorias como comida, bebida, brinquedos, lugares e pessoas relevantes
para as crianças (LAW; et al., 2009; BONDY; FROST, 1994).Cabe ressaltar,
que os protocolos e roteiros foram dados coletados através das informações da
mãe da criança.

5
3.5 Materiais e equipamentos

Foram utilizados os seguintes materiais para a coleta de dados:


computador, filmadora, máquina fotográfica, folha de EVA, papel contact,
espiral, folha sulfite, caderno para registro contínuo de informações, foto,
figuras e os símbolos gráficos do software Boardmaker (MAYER-JONHSON,
2004).

3.6 Procedimentos de coleta de dados

Para atingir o objetivo da pesquisa utilizou-se o delineamento AB, tendo


como característica ter o sujeito como seu próprio controle. Para Almeida
(2003) este tipo de delineamento também pode ser chamado de delineamento
de ensino. A coleta de dados foi realizada em duas etapas: Habilidades
Comunicativas das Crianças e Elaboração das pranchas de Comunicação
Alternativa.
A primeira etapa teve como objetivo aferir as habilidades comunicativas
já existentes das crianças e realizar a caracterização das participantes. A
segunda etapa teve o objetivo de implementar e elaborar pranchas de
comunicação alternativa paras as crianças com a parceria das mães.
A segunda foi caracterizada por uma capacitação prática, na qual as
mães das crianças aprenderam por meio do computador a utilizar o software
Boardmaker para selecionar as figuras pictográficas e confeccionarem as
pranchas de comunicação de seus filhos.

3.7 Procedimentos de análise de dados


A análise dos dados foi realizada em 2 fases: Na fase 1 foi analisado o
Protocolo de Caracterização dos Participantes e o Roteiro de Entrevista sobre
Habilidades Comunicativas já existentes nas crianças. Na fase 2 de
Capacitação Prática foram realizadas as transcrições na íntegra das filmagens
e incorporados a estes dados a informações coletadas por meio do diário de
campo e Protocolo para Seleção de Figuras.

6
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A coleta de dados desta pesquisa iniciou-se em março de 2012 com


término em dezembro de 2012. Os resultados coletados serão descritos em
duas categorias: Habilidades Comunicativas das Crianças e Elaboração das
Pranchas de Comunicação Alternativa.

I - Habilidades Comunicativas das Crianças

As Habilidades Comunicativas das crianças foram aferidas por meio da


aplicação nas mães do Roteiro de Entrevista sobre as habilidades
comunicativas das crianças, fonte indireta. Para a complementação das
informações empregou-se a observação direta por meio de uma sessão de
filmagem.
O quadro abaixo caracteriza as habilidades e necessidades
comunicativas expressadas, os parceiros de comunicação e os atendimentos
especializados frequentados pelas crianças.

Quadro 3 – Caracterização das habilidades e necessidades comunicativas das


crianças

Características Participante 1 Participante 2 Participante 3


Gestos representativos, olhares, expressões expressões faciais,
Habilidades expressões faciais, faciais, movimentos movimentos
comunicativas balbucios e corporais, balbucios, corporais, choro,
vocalizações grito, choro balbucios
Familiares mais
Parceiros de Familiares, amigos, Familiares, amigos e
próximos, amigos,
comunicação vizinhos e professora vizinhos
vizinhos e professora
dor, medo, tristeza,
Dor, tristeza, felicidade, felicidade, vontade de dor, medo, tristeza,
Necessidades
vontades de comer e beber, assistir TV, felicidade, vontade
expressadas
beber e ir ao banheiro escutar música e ir para de não ficar sozinha
a cadeira de rodas
Terapia
Terapia Ocupacional, Ocupacional,
Atendimentos Terapia Ocupacional,
Fisioterapia e Fisioterapia,
especializados ecoterapia e Fisioterapia
ecoterapia Natação e
ecoterapia

7
As habilidades comunicativas das crianças relatadas com frequência
pelas 3 mães foram as expressões faciais e os balbucios. As Pf 2 e Pf 3
relataram como habilidades comunicativas o choro, balbucios e os movimentos
corporais.
Um aspecto discutido por Deliberato (2010) e Von Tetzchner (2009) é o
uso das habilidades gestuais. Grande parte das crianças e jovens não falantes
acaba desenvolvendo o uso dos gestos nos ambientes naturais, principalmente
na rotina familiar.
Por meio da análise das filmagens foi possível descrever
detalhadamente as habilidades comunicativas. Observou-se que a criança 1
utilizava os gestos representativos para apontar objetos e expressar seu centro
de interesses; a expressão facial demonstrava seu interesse ou desinteresse
pela atividade e utilizava os balbucios e vocalizações para interagir durante a
comunicação com a pesquisadora e com a mãe.

A filmagem foi um instrumento importante para a observação das


habilidades comunicativas da criança 2. Esta criança demonstrava seus
interesses por meio do olhar fixo no objeto; colocando a língua para fora da
boca por meio de um sorriso ou olhando para a mãe no sentido de demonstrar
seu desejo por um determinado objeto e pedir que ela falasse por ele.

A criança 3 teve como principal habilidade comunicativa demonstrar seu


interesse por meio do olhar fixo e sorriso. O desinteresse pela atividade era
demonstrado com clareza por meio de movimentos corporais ou olhando com
persistência para a parede ou para o teto.

Os Pc 1 e Pc 2 tinham como parceiros comunicativos os familiares,


amigos, vizinhos e professora da escola, apenas a Pc 3 não tinha como
parceira de comunicação a professora, pois a criança não frequentava a
escola.

8
Para Deliberato e Sameshima (2007) os microssistemas como família e
amigos, representam os contextos mais básicos da interação, caracterizados
por relações interpessoais face a face estáveis e significativas.

As necessidades mais frequentemente expressadas pelas crianças de


acordo com a percepção das 3 mães eram dor, tristeza e felicidade. As Pf 2 e
Pf 3 também relataram como necessidade expressada o medo.

Os atendimentos especializados frequentados por todas as participantes


crianças eram Terapia Ocupacional, Fisioterapia e Ecoterapia, apenas a Pc 3
realizava aulas de natação.

A literatura discute que o desenvolvimento do ser humano, suas


características e a sua organização social leva a necessidade de comunicação,
não somente como uma resposta à necessidade de fome e sede, mas sim ao
desejo de expressar o sentir, o querer e não querer (MOREIRA; FABRI, 2007).

II – Elaboração das Pranchas de Comunicação Alternativa

A elaboração e implementação da Comunicação alternativa foi realizada


sessões de aproximadamente 50 minutos. Dessa forma, foram realizadas
sessões de intervenção de acordo com a especificidade de cada mãe para a
confecção da prancha de comunicação das crianças.

Havia uma hipótese de que os níveis de escolaridade das mães


poderiam interferir no processo de confecção da prancha, o que não foi
constatado no decorrer do processo.
Percebe-se que o Pf 1 na primeira sessão da construção da prancha de
comunicação selecionou as figuras correspondentes as categorias de comidas,
bebidas e roupas, enquanto as Pf 2 e 3 selecionaram as figuras referentes as
categorias de comidas e bebidas.
A segunda sessão para a Pf 1 correspondeu a seleção das figuras
relacionadas as categorias de higiene pessoal e brinquedos ou objetos,
enquanto a Pf 2 selecionou as figuras para as categorias de roupas, higiene

9
pessoal e brinquedos ou objetos. A Pf 3 na segunda sessão selecionou as
figuras para as categorias de roupas e higiene pessoal.
A terceira sessão para a Pf 1 foi designada para a categoria de
recreação e lugares frequentados, para a Pf 2 foram selecionadas as figuras
para a categoria de recreação, para a Pf 3 selecionou as figuras para as
categorias de brinquedos ou objetos, recreação, lugares frequentados e
socialização.
A quarta sessão para a Pf 1 correspondeu a seleção das figuras
destinada a categoria de socialização, enquanto a Pf 2 selecionou as figuras
para a categoria de lugares frequentados. A quinta sessão correspondeu para
a Pf 2 a seleção de figuras para a categoria de socialização.
O quadro 4, a seguir mostra a caracterização das pranchas de
comunicação alternativa confeccionadas, ou seja, as variáveis selecionadas
pela pesquisadora no processo da construção da prancha de comunicação
alternativa.

Quadro 4 – Variáveis selecionadas pela pesquisadora no processo de


construção da prancha.

Características
Pc 1 Pc 2 Pc 3
das Pranchas
Formato Prancha em formato A4 em Prancha em formato A4 em Prancha em formato A4
da prancha horizontal horizontal em horizontal
Adaptação Prancha em espiral com Prancha em espiral com Prancha em espiral com
do formato estímulos removíveis e estímulos removíveis e estímulos removíveis e
da prancha placa para uso individual placa para uso individual placa para uso individual

Dimensão das figuras 8x8 9x9 7x7


Quantidade de figuras 46 43 34
Comida
Alimentação Alimentação
Bebida
Lugares Higiene Pessoal
Roupa
Categorias Higiene Pessoal Roupas
Higiene Pessoal
selecionadas Roupas Diversão
Brinquedos
Diversão Atividades
Objetos Preferidos
Família Família
Pessoas
Seleção direta por meio do
Seleção direta por meio do
Técnica para uso da apontar com uso de Seleção direta por meio do
olhar, sorriso ou apertar a
prancha vocalizações e olhar e sorriso
mão do interlocutor
verbalizações
Prancha disposta na Prancha disposta na
Prancha disposta na vertical
Posição da prancha horizontal próxima do horizontal próxima do
próxima ao olhar da criança
alcance da mão da criança alcance da mão da criança
Uso de atividades
Uso de atividades cotidianas Uso de atividades cotidianas
Estratégia para cotidianas como
como alimentação, lazer e como alimentação, lazer e
utilização do recurso alimentação, lazer e
autocuidado autocuidado
autocuidado

10
Após apresentação de alguns recursos de comunicação alternativa para
as mães com o intuito de mostrar diversos formatos e tipos de recursos. Todas
as mães com auxílio da pesquisadora optaram em escolher uma prancha de
comunicação alternativa no formato de apostila em espiral com formato A4 em
horizontal, com estímulos removíveis e placa para uso individual com velcro. A
placa individual foi confeccionada com o objetivo de oferecer as figuras
individualmente, ou seja, uma figura era removida da prancha e colada por
meio do velcro na placa.

A participação dos pais, especialmente da mãe, é essencial nos


atendimentos na área da comunicação suplementar e/ou alternativa, pois elas
são as que mais convivem com as crianças, sabendo seus desejos, vontades,
centro de interesses, rotina e suas tarefas do cotidiano (WILLIAMS; AIELLO,
2001; OMOTE, 2003; MORET; et al, 2006).

Algumas figuras foram retiradas do software Boardmaker e outras


retiradas da internet, estas foram escolhidas segundo a percepção da mãe
para o melhor entendimento da criança.

Na Figura 1 seguem algumas figuras selecionadas pelas mães e as


pranchas de comunicação alternativa confeccionadas.

Figura 1 – Fotos das Pranchas de comunicação das crianças


11
Segundo Deliberato (2005) recursos de baixa tecnologia, como sistemas
de tabuleiro e pranchas confeccionadas em papéis são recursos de baixo custo
e favorecem o uso e o manuseio da criança e de sua respectiva família. Além
disso, estes recursos facilitam a participação em diferentes contextos sociais,
ou seja, na escola, no trabalho ou em casa.

De modo geral, as figuras ofertadas pelo software Boardmaker não


foram suficientes para a confecção da prancha de comunicação alternativa,
pois as mães consideraram a figura do programa pictográfico de difícil
compreensão para a criança, escolhendo figuras livres em sites da internet pela
razão de acreditar que estas eram mais semelhantes ao objeto concreto.

5 CONCLUSÃO

Este estudo mostrou o trabalho cooperativo entre a mãe e a Terapeuta


Ocupacional, no qual estas trabalharam de acordo com a especificidade de
cada criança. Dessa forma, o estudo mostra-se relevante, pois as mães não
foram apenas informantes das habilidades comunicativas das crianças, mas
participaram no planejamento, elaboração e implementação do recurso de
comunicação suplementar e/ou alternativa.
Através dos resultados, é possível notar que as mães compreenderam a
necessidade do suporte dos recursos de comunicação suplementar e/ou
alternativa, pois estes ajudam as crianças com paralisia cerebral não-verbais
entender o sistema pictográfico e relacioná-lo com o objeto correspondente.
Também foi possível verificar a percepção das mães sobre a relevância
do uso dos recursos de comunicação para seus filhos conseguirem se
expressar diante de situações do cotidiano como as atividades de alimentação,
lazer, autocuidado e atividades lúdicas.

Dessa forma, a inclusão de crianças com severos distúrbios motores e


de fala só acontecerá quando elas estiverem instrumentalizados com recursos

12
de comunicação alternativa e seus pais emponderados para utilizá-los no
ambiente familiar favorecendo as trocas comunicativas e a generalização deste
aprendizado.

6 REFERÊNCIAS

ALENCAR, G. A. R.; POZZER, M. M. Paralisia Cerebral e Comunicação


Alternativa: definindo conceitos. In: MANZINI, E.J.; et al (Org.) Linguagem e
Comunicação Alternativa. Londrina: ABPEE, 2009. p.97-112.

ALMEIDA, M. A. Metodologia de delineamentos de pesquisa experimental intra-


sujeitos: relato de alguns estudos conduzidos no Brasil. In: MARQUEZINE, M.
C.; ALMEIDA, M. A.; OMOTE, S. Colóquios sobre pesquisa em educação
especial. Londrina: Eduel, 2003. p. 63-99.
ALVES, V. A. Análise das modalidades expressivas de um aluno não-falante
frente a diferentes interlocutores durante a situação de jogo. 2006. Dissertação
de Mestrado. Universidade Estadual Paulista, Marília, 2006.

BONDY, A.; FROST, L. The Picture Exchange Communication System. Cherry


Hill, NJ: Pyramid Educational Consultants, Inc, 1994.
CAPOVILLA, F. C. Comunicação Alternativa: Modelos teóricos e tecnológicos,
Filosofia Educacional e Prática clínica. In: CARRARA, K. (Org.). Educação,
Universidade e Pesquisa. Marília: UNESP/Marília Publicações, São Paulo:
Fapesp, 2001. p. 179-208.

CHUN, R.Y.S.; MOREIRA, E.C. Questões da linguagem e da tecnologia na


comunicação suplementar e/ou alternativa. In: FOZ, F.B.; PICCARONE,
M.L.C.D.; BURSZTYN, C.S.A tecnologia informática na fonoaudiologia. São
Paulo: Plexus Editora, 1998. p.97-113.

DELIBERATO, D. Caracterização das habilidades expressivas de um aluno


usuário de comunicação alternativa durante intervenção fonoaudiológica. 2010.
178 f. Tese de Livre-Docência – Faculdade de Filosofia e Ciências,
Universidade Estadual Paulista, Marília, 2010.

________. Seleção, adequação e implementação de recursos alternativos e/ou


suplementares de comunicação. In: NÚCLEO DE ENSINO, 2005, Marília.
Universidade Estadual Paulista: Publicações, 2005. p. 505-519.

________. Acessibilidade comunicativa no contexto acadêmico. In: MANZINI,


E. J. (Org.). Inclusão do aluno com deficiência na escola: os desafios
continuam. Marília: ABPEE, 2007. p. 25-36.

13
DELIBERATO, D.; MANZINI, E.J. Fundamentos introdutórios em comunicação
suplementar e/ou alternativa. In: GENARO, K.F.; LAMÔNICA, D.A.C.;
BEVILACQUA, M.C. (Org.) O processo de comunicação: contribuição para a
formação de professores na inclusão de indivíduos com necessidades
educacionais especiais.1°ed. São José dos Campos: Pulso, 2006.v.1, p. 243-
254.

DELIBERATO, D.; SAMESHIMA, F.S. Habilidades comunicativas utilizadas por


um grupo de alunos não falantes durante atividade de jogo. In: NUNES,
L.R.O.P.; PELOSI, M.B.; GOMES, M.R.(Org.)Um retrato da comunicação
alternativa no Brasil: Relatos de pesquisas e experiências.Rio de Janeiro: 4
Pontos estúdio gráfico e papéis, 2007.vol.1, p.118-122.

DUTRA, M. I.; FAGUNDES,S.L.; SCHIRMER, C. R.Comunicação para todos –


em busca da inclusão social e escolar In: NUNES, L.R.O.P.; PELOSI,M.B.;
GOMES, M.R.(Org.)Um retrato da comunicação alternativa no Brasil: Relatos
de pesquisas e experiências.Rio de Janeiro: 4 Pontos estúdio gráfico e papéis,
2007.vol.2, p.130-135.

GLENNEN, S. L. Introduction to augmentative and alternative communication.


In: GLENNEN, S. L.; DECOSTE, D. C. (Org). Handbook of augmentative and
alternative communication. San Diego: Singular, 1997,p. 3-19.

HIRATUKA, E.; MATSUKURA, T. S.; PFEIFER,L.I. Adaptação transcultural


para o Brasil do sistema de classificação da função motora grossa – GMFCS.
2010. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/rbfis/v14n6/a13v14n6.pdf>.
Acesso em: 11 jun 2011.

LAW, M et al. Medida Canadense de Desempenho Ocupacional. Tradução:


CARDOSO, A.M; MAGALHÃES, L.V; MAGALHÃES, L.C. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2009.
MANZINI, M. G. Efeitos de um programa de comunicação alternativa para mães de
crianças com paralisia cerebral não verbais. 2013. 125f. Dissertação (Mestrado em
Educação Especial (Ensino do Individuo Especial)) – Universidade Federal de São
Carlos. São Carlos, 2013.

MORET; et al. Orientação e aconselhamento familiar na terapia


fonoaudiológica da criança com necessidades especiais. In: GENARO, K.F.;
LAMÔNICA, D.A.C.; BEVILACQUA, M.C.(Org.) O processo de comunicação:
contribuição para a formação de professores na inclusão de indivíduos com
necessidades educacionais especiais.1°ed. São José dos Campos: Pulso,
2006.v.1, p.277-287.

MAYER-JOHNSON, R. The Picture Communication Symbols - P.C.S. Software


Boardmaker. Porto Alegre: Clik Tecnologia Assistiva, 2004.

14
MOREIRA, E. C.; FABRI, M. H A agenda interativa criando sentido e
desenvolvendo comunicação a transdisciplinariedade. In: NUNES, L.R.O.P.;
PELOSI, M. B.; GOMES, M.R. (Org.)Um retrato da comunicação alternativa no
Brasil: Relatos de pesquisas e experiências.Rio de Janeiro: 4 Pontos estúdio
gráfico e papéis, 2007.vol.2, p.87-97.

MORET; et al. Orientação e aconselhamento familiar na terapia


fonoaudiológica da criança com necessidades especiais. In: GENARO, K.F.;
LAMÔNICA, D.A.C.; BEVILACQUA, M.C. (Org.) O processo de comunicação:
contribuição para a formação de professores na inclusão de indivíduos com
necessidades educacionais especiais.1°ed. São José do Campos: Pulso,
2006.v.1, p.277-287.
NUNES, L. R. O. P. Comunicação Alternativa- favorecendo o desenvolvimento
da comunicação em crianças e jovens com necessidades educacionais
especiais. Rio de Janeiro: Dunya, 2003.

NUNES, L. R. O. P.; DELGADO, S.M.M.; WALTER, C.C.F. o que dizem as


famílias e os profissionais sobre a comunicação alternativa. In: NUNES, L. R.
D. P.; PELOSI, M. B.; WALTER, C. C. F. (Org.) Compartilhando Experiências:
Ampliando a comunicação alternativa. Marília: ABPEE, 2011b. p.41-55.

OMOTE, S. A deficiência e a família. In: MARQUEZINE, M. C.; et al (Org.) O


papel a família junto ao portador de necessidades especiais.Londrina: Eduel,
2003. p.15-18.

PAULA, E. Introdução à comunicação humana. Ribeirão Preto: Ribeirão Gráfica


e Editora Ltda, 1985.

PEDRAL, C.; BASTOS, P. Terapia Ocupacional-metodologia e prática.Rio de


Janeiro:Editora Rubio, 2008.

PELOSI, M. B. Comunicação Alternativa e Suplementar. In: CAVALCANTI, A.;


GALVÃO, C. Terapia Ocupacional: fundamentação & prática. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2007. p.462-468.

______. O papel do terapeuta ocupacional na tecnologia assistiva. In:


Cadernos de terapia ocupacional. São Carlos: EdUFSCar, 2005.p. 39-63.

SOUZA, V. V. O brincar e a comunicação alternativa e ampliada. In: NUNES, L.


R. D. P.; PELOSI, M. B.; WALTER, C. C. F. (Org.) Compartilhando
Experiências: Ampliando a comunicação alternativa. Marília: ABPEE, 2011.
p.113-124.

TAKASE, É. M.; CHUN, R. Y. Comunicação e inclusão de crianças com


alterações de linguagem de origem neurológica na perspectiva de pais e

15
educadores. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, vol.16, n.2,
p.251-264, 2010.

VON TETZCHNER, S.; MARTINSEN, H. Introdução à comunicação alternativa.


Portugal: Porto Editora, 2000.

VON TEZTCHNER, S. Suporte ao desenvolvimento da comunicação


suplementar e alternativa. In: III CONGRESSO BRASILEIRO DE
COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA, 2009. Comunicação alternativa: teoria,
prática, tecnologias e pesquisa. São Paulo: Memnon Edições Científicas,
2009.p. 14-25.

WILLIAMS, L.C.A.; AIELLO, A.L.R. O inventário Portage Operacionalizado:


Intervenção com famílias. São Paulo: Memnom, 2001.

16

Você também pode gostar