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ARTE E DO
DESIGN
Introdução
A Bauhaus foi uma importante escola de artes e arquitetura. Ela revo-
lucionou o ensino e a produção artística do século XX. Idealizada pelo
arquiteto alemão Walter Gropius, a Bauhaus transformou o campo do de-
sign buscando qualidade e racionalização na produção industrial, tanto
na arquitetura quanto no design de mobiliários e objetos domésticos.
Neste capítulo, você vai estudar a origem e os fundamentos da
Bauhaus, sua história e características. Além disso, vai conhecer alguns
de seus principais personagens, que marcaram a história das artes, do
design e da arquitetura do século XX.
O surgimento da Bauhaus
As intensas transformações que a industrialização trouxe ao mundo fizeram
com que, já no século XIX, surgisse um movimento chamado Arts & Crafts
(Artes e Ofícios). Esse movimento iniciou uma discussão sobre a qualidade esté-
tica da produção industrial e a importância dos trabalhos manuais e artesanais.
Nas primeiras décadas do século XX, com a transformação do mundo das ar-
tes provocada pelas vanguardas artísticas europeias, essa discussão foi retomada
com a fundação da Deutscher Werkbund, em 1907. Ela era uma associação que
buscava a qualidade do desenho na produção industrial alemã (FAZIO, 2011).
Em 1911, os arquitetos Walter Gropius e Adolf Meyer, que faziam parte da
Deutscher Werkbund, desenvolveram um projeto-modelo de uma fábrica de
sapatos, a fábrica Fagus. Esse projeto se tornou um marco da modernidade pela
2 Bauhaus
Características e trajetória
Primeira fase
A primeira fase da Bauhaus se caracterizou pelo foco nas artes plásticas e no
artesanato, em função da predominância de docentes que eram pintores. O
expressionismo foi a maior influência nos primeiros anos da escola.
A grande inovação no ensino das artes, unindo a teoria e a prática em ateliês
e laboratórios, atraiu grande quantidade de alunos (aproximadamente 200).
Esses estudantes tinham entre 17 e 40 anos e vinham de diversas partes da
Europa.
A partir de 1920, o neoplasticismo de Theo Van Doesburg e Piet Mondrian
passou a influenciar muito os alunos da escola e alterou drasticamente a esté-
tica da Bauhaus. O artesanato também cedeu lugar à técnica e aos processos
industriais. Nos primeiros anos após a Primeira Guerra Mundial, a recessão
econômica da Alemanha fez com que as parcerias com a indústria não se
desenvolvessem, o que complicou a situação financeira da Bauhaus.
Segunda fase
A partir de 1923, a Bauhaus abandonou definitivamente a estética do
expressionismo e criou o seu primeiro protótipo de casa experimental,
a casa Am Horn (1923), projetada pelo arquiteto Georg Munch. Todo o
design do mobiliário interno foi desenvolvido por alunos da escola, como
Marcel Breuer.
Nessa fase da Bauhaus, o foco passou para a produção industrial em massa,
e o número de produtos licenciados para a produção aumentou, criando uma
estética padronizada e característica no desenho dos objetos. A estética da
Bauhaus se caracteriza pelo uso de formas simplificadas e geometrizadas.
Os artistas eliminam os elementos decorativos e ornamentais, focando na
funcionalidade dos objetos. Nessa fase também se observa um grande nú-
mero de livros publicados, que possibilitavam o maior alcance dos ideais e
da estética da escola.
Terceira fase
Em 1924, a situação econômica da Bauhaus melhorou. Contudo, os diversos
problemas com a sociedade tradicional de Weimar, que dirigia um olhar
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Em 1928, Gropius deixou a Bauhaus, que passou a ser dirigida pelo arquiteto
Hannes Meyer, que deu ênfase ao funcionalismo no ensino da arquitetura.
Meyer permaneceu como diretor até 1930, quando foi substituído pelo arquiteto
Mies van der Rohe, que fazia parte da Deutscher Werkbund e se tornaria um
dos principais personagens do movimento moderno na arquitetura. Nessa
última fase da Bauhaus, o foco estava na arquitetura racionalista.
A ascensão do nazismo na Alemanha levou ao fechamento da Bauhaus
em Dessau no ano de 1932. Mies continuou com as atividades da escola
em Berlim até seu encerramento pelos nazistas, em 1933. Mesmo após
o fechamento da Bauhaus, a escola continuou influenciando a produção
cultural no mundo todo.
Um grande número de alunos e professores que saíram exilados da Ale-
manha levaram os ideais da escola para diversos lugares do mundo. Gropius
e Mies van der Rohe continuaram seu trabalho nos Estados Unidos, como
arquitetos e professores. Gropius integrou o corpo docente da Universidade de
Harvard. Já Mies foi professor do Instituto do Design, em Chicago, que ficou
conhecido como “nova Bauhaus” e até os dias de hoje é referência mundial
na pesquisa e no ensino de design.
Alunos e professores
Diversos artistas, designers e arquitetos influentes do século XX passaram pela
Bauhaus como alunos ou como docentes. A seguir, você vai conhecer alguns
desses personagens e ver exemplos de sua produção de destaque.
Na fase inicial da Bauhaus, em Weimar, os principais professores foram:
o pintor suíço Johannes Itten, o arquiteto alemão Adolf Meyer, o pintor e
poeta Paul Klee, o pintor e cenógrafo Oskar Schlemmer e o importante pintor
abstracionista russo Wassily Kandinsky (BENÉVOLO, 2006).
Na Bauhaus de Dessau, alguns ex-alunos passaram a fazer parte do corpo
docente da instituição. Entre eles, se destacaram: o arquiteto e designer
austríaco Herbert Bayer, que desenvolveu uma nova tipografia (desenho
de letras) com desenho moderno; o arquiteto e designer americano Mar-
cel Breuer, que inovou nos projetos de mobiliários tubulares; e a designer
alemã Guta Stölzl, que desenvolveu novas padronagens e utilizou materiais
inovadores na tecelagem.
Na Figura 6, a seguir, você pode ver o corpo docente da Bauhaus em 1926.
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Walter Gropius
Idealizador da Bauhaus, Gropius foi a figura central da escola e uma das per-
sonalidades mais importantes do século XX. Ele foi o responsável por reunir
um grupo de docentes expressivo no mundo das artes e da arquitetura. Além
disso, transformou a Bauhaus em um local de revolução tanto do método de
ensino quanto da produção artística e arquitetônica. Após o fechamento da
escola, Gropius se tornou professor e diretor do departamento de arquitetura
da Universidade de Harvard, no ano de 1938. Sua obra de maior destaque foi
o projeto para a edificação da Bauhaus, na cidade de Dessau. Nesse projeto,
ele apresentou, de forma pioneira, características que se tornaram parte do
repertório da arquitetura internacional do modernismo. Veja a Figura 7, a seguir.
Johannes Itten
Foi um dos primeiros docentes da Bauhaus e uma grande influência na forma-
tação do método de ensino, principalmente nas oficinas. Deixou a Bauhaus em
1923, por discordar do objetivo de Gropius de fazer parcerias com as indústrias.
Marcel Breuer
Um dos mais jovens alunos da Bauhaus, se destacou no design de mobiliário,
especialmente na invenção dos móveis tubulares. Sua poltrona Wassily é con-
siderada um ícone do design moderno. Após o fim da Bauhaus, dedicou-se à
arquitetura até ser nomeado diretor da faculdade de arquitetura da Universidade
de Harvard (ARGAN, 1992).
Wassily Kandinsky
Um dos pioneiros e mais relevantes nomes da pintura abstrata, Kandinsky foi
ainda um dos grandes professores do corpo docente da Bauhaus, se tornando
uma importante figura tanto para os demais docentes quanto para os alunos.
A poltrona de Breuer foi batizada em sua homenagem. Na Figura 8, a seguir,
você pode ver uma obra de Kandinsky.
Paul Klee
Muito influenciado por Kandinsky e sua obra abstrata, Klee foi docente da
Bauhaus por muitos anos, tornando-se uma referência nos estudos e nas
experimentações da teoria das cores. Na Figura 9, a seguir, você pode ver
um dos trabalhos de Klee.
Marianne Brandt
Foi aluna da Bauhaus e nomeada, em 1928, diretora da Oficina de Metais.
Foi responsável por um grande número de contratos com as indústrias locais,
desenvolvendo projetos de luminárias e utensílios de uso doméstico. Além
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Figura 11. Pavilhão de Barcelona e cadeira Barcelona (1929), Mies van der Rohe.
Fonte: Fazio (2011, p. 509).