TrabalhoFinalSocio Ensaio
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PERANTE AS CÂMERAS.
RESUMO: O referido ensaio tem como ideia principal exteriorizar o uso da vigilância para
controlar, delimitar, ordenar e manipular o comportamento humano mesmo que de maneira
concisa e subjetiva a percepção do indivíduo, fazendo alusão, contextualizando o tema de
escolha com a obra de Michel Foucault – Vigiar e Punir. Sendo realizada pesquisa básica a
respeito de exemplos práticos e atual para embasamento e ratificação da teoria do autor.
1. INTRODUÇÃO
O Big Brother Brasil é um reality que reúne participantes de diversas partes do Brasil
em cada edição. Com o passar das edições, podemos perceber que o perfil dos ganhadores tem
bastante similaridades, fazendo com que os participantes tracem perfis e invistam em se parecer
o máximo possível com o perfil dos campeões. Os comportamentos, as personalidades e até
mesmo estilo de vida são adaptados para passar a imagem desejável, capaz de ganhar os
corações dos telespectadores e sempre em busca de estarem longe de falas e atos polêmicos que
possam de alguma forma comprometer a credibilidade da sua personalidade tanto com os seus
colegas de dentro do programa quanto com quem está os assistindo, reduzindo a possibilidade
da rejeição e seus impactos quanto a vida social do mesmo e para tornar-los seres disciplinados
até mesmo dentro do programa, trazendo ainda mais a ideia de que estes estão dentro dos
padrões morais. Dessa forma, utilizando a obra “Vigiar e Punir - Nascimento da Prisão” do
filósofo contemporâneo Michel Foucault é possível fazer análise da linha tênue entre o poder
da manipulação dos comportamentos diante das câmeras e seus efeitos na visão social, fazendo
correlação do tema proposto ao que se refere o grandioso autor.
2. ANÁLISE DA OBRA
A obra “Vigiar e Punir – Nascimento da Prisão (1975)” de Foucault traduzida por
Raquel Ramalhete em 1999, relata como se deu a construção do sistema penitenciário e como
os cidadãos, excepcionalmente os franceses, obtiveram mudanças no comportamento com o
passar dos anos de forma que estivessem dentro dos padrões exigidos pelo Estado para fugir
das represálias aos seus atos controversos e ilegais que geravam punições físicas e até mesmo
que podiam os levar a morte.
De maneira mais sutil, podemos trazer essas definições de Foucault para o nosso
cotidiano, se observamos bem o que se passa ao nosso redor podemos perceber que em todos
os momentos somos observados e essa posição nos colocam em condições a nos moldar o tempo
todo ao ambiente, as pessoas e aos meios inseridos. Já observou uma pessoa quando está tendo
que lidar com alguém ou em algum lugar de personificação judicial? Ou ainda, essa mesma
pessoa em um ambiente com músicas e bebidas e amigos próximos? Podemos notar que existe
uma enorme mudança de comportamento para se adaptar ao que podemos denominar meio
social. A utilização da vigilância é o meio ao qual, o Estado principalmente, utiliza para
manipular os comportamentos de um indivíduo.
Sendo assim, estamos submersos a um sistema de constante modificação e que nos
estimulam a termos comportamentos distintos em cada ocasião porém que seriam de maneira
uniforme e similar a todos os indivíduos de um ordenamento jurídico.
O Big Brother Brasil se trata de um reality também conhecido como “a casa mais vigiada
do país” outrora, ao que esse pseudonome pode nos remeter? Decerto, os participantes se
inscrevem cientes de que todo momento estarão sendo monitorados e o Brasil todo poderá ver
cada passo que lhe for dado dentro do programa e cada passo pode ser utilizado contra ele
mesmo. A mídia utiliza de meios para ter audiência e muitos destes estão ligados a momentos,
falas e/ou expressões polêmicas entre os participantes que alimentam o processo de
manipulação comportamental, tanto para promover a audiência quanto para fomentar um
favoritismo entre os participantes. Dessa maneira, grande parte dos integrantes do Big Brother
Brasil passam a ter suas vidas expostas em momentos anterior até mesmo a “atual fama”, onde
é descoberto passados até mesmo obscuros ao qual os programas de TV tendem a ocultar a fim
de neutralizar a personificação do participante. Com isso, sabemos que os mesmos participantes
analisam os perfis potenciais para serem favoritos e acabam criando um personagem quase que
perfeito em frente às câmeras, um personagem que embora possa ser polêmico, não causa
estranheza aos ideais da sociedade quanto aos atuais estereótipos, sempre sendo em maioria
defensores de causas sociais e que “buscam” o justo, distanciando-os de qualquer ato anterior
que possa mostrar uma personalidade fora dos padrões, demonstrando agora um perfil como
“ideal-carismático” para não se depreciar mediante os telespectadores. Assim diz o autor:
Não obstante a isso, Focault tece uma crítica ao método de disciplina que utilizam de
dispositivos de vigilância ou carcerário para construção do indivíduo. Assim diz o autor:
Dessa forma podemos entender que o mecanismo utilizado principalmente para traçar
um perfil de protagonista ideal dos reality não são nem de perto o ideal para tal. A manipulação
da imagem através da utilização da vigilância faz com que o indivíduo se distancie daquilo que
lhe é real, com o intuito de se parecer com o perfil mais ideal possível, afastando da natureza
humana e robotizando os comportamentos para que sejam vistos como “perfeitos” e distorcendo
totalmente a real imagem do indivíduo. O que causaria uma maior aceitação dos demais e o
levando ao favoritismo, mas não podemos nos abster de que o indivíduo é tão falho quanto os
sistemas ao qual estão inseridos. Logo, a utilização da vigilância fomente uma aparição do
indivíduo moldado para ser admirado e que podem em momentos de dispersão serem pegos no
“pulo”, em contradição ao que é esperado pelos telespectadores causando uma visão distorcida
por terem sido instigado que em todo momento o homem fosse tal como esperado.
4. CONCLUSÃO
Conclui-se que a utilidade da vigilância desperta uma certa influência que não corrobora
com o rigor dos ordenamentos jurídicos, uma vez que o indivíduo tende a se manifestar de tal
modo diante do que pode ser visto e julgado, mas em momentos oportunos podem vir a cometer
delitos e até mesmo se posicionar de forma que possa ser visto como imorais, algo que fica bem
delimitado no reality Big Brother Brasil. Logo, a manipulação dos comportamentos são de
longe a maneira mais presunçosa de tornar os indivíduos “ideais”, uma vez que fora dos
bastidores a realidade não confere com o proposto, além de que a ideia da vigilância não seria
apenas de punir os infratores e sim de controlar, dominar e aplicar o poder de quem o detém
para conduzir a sociedade em círculos presunçosos.
BIBLIOGRAFIA
FOUCAULT, Michel. Disciplina. In: Vigiar e punir. Petrópolis: Editora Vozes. p. 115-186.
LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. Martins Fontes: selo Martins. 2012