Esboço de Uma Teoria Das Despesas Públicas
Esboço de Uma Teoria Das Despesas Públicas
Esboço de Uma Teoria Das Despesas Públicas
Pál·,
ESTUDOS
~N'!!'O!'T!lA!I!S~S!!O!!B!!R!!E!""A!I!L~GI!IU~N!'S·T!!E~
M A"!S~D!'A~D!!O~U!'!TR~lN!!A~~G~E~R~A~L~D~O~N~E~G~Ó~-··
CIO JURlDICO, SEGUNDO O NOVO CÓDIGO C IVIL, por Carlos Alb<:rto
7
da Mota Pinto
DOCUMENTOS
BIBLIOGRAFIA
INFLU:BNCIA DO S ISTEMA TRIBUTARIO SOBRE AS DIl\1ENSOES DAS
EMPRESAS ESPANHOLAS (A. L. S. F.) 379
JURISPRUn"l'cNCIA
CONTRIBUIÇÃO INDUSTRIAL 4lJ
--
DIREITO PROCESSUAL ...
FUl·,tDO D E DESEMPREGO
IMPOSTO DE CAPITAIS 447 e
420
4J2
456
E Il'-'FRACÇÃO FISCAL 463
SISA 468
RESOLUÇÕES ADMINTsrRATIVAS
•
ESTUDOS
8 DESPESAS PÚBLICAS
(Conclusão)
.r-
~ J.I.a$ tos económicos de 11ma despesa pÚblica, não se circuns-
crevendo ao interesse da satjsfação daR pw §§jdª de§
,...V ___ públicas por ela visadas, situam-se nos sucessivos
, . . . - -~ dos uxos e ren ento que rovocam se .
-rcUS-tiWJ tramferenclas de rIqueza ue se processam na base da-
' " ~. quela despesa pública. E nem se deverá entender que, por
tratar-se de transferências, geralmente eliminadas nos cál-
~~~~~i~!:Q;i;tJlh;nili;ê:ô~~~I:s tn10iUt!%'a1::f;
influência na sucessão dos efeitos económicos da despesa
realizada. Na realidade, não é indiferente, mesmo do
P.2lltO de vista macrgecopómjcQ, que certos bens, ou cer-
tas disponibilidades monetárias, sejam atribuídos a UTa
pessoa ou ª Qutra, a um grUpo social ou a outro. Os tipos
ortamento económico desses grupos, como dos
indivíduos, variam, revelan o uns mais acentuada tendên- •
cia para o aforro, outros maior propensão para consu-
mir" etc.; e es seS l ipQS de comportamento têm influência,
por vezes decisiva, em todo o processo económico.
Compreende-se que, levando até às últimas conse-
quências os pressupostos em que assenta esta concepção
muito ampla quanto aos efeitos económicos das despesas
DESPESAS PÚBLICAS 9
r
~
,
- Mas o Estado, para construir uma escola, não se limita SI.M..<.s.~1I'j
~.:'-r a adquirir um terreno. Paga a empreiteiros, que, por sua ~
vez, remuneram operários, fabricantes de cimento, deA.I\oJ.~~
tintas, etc. E novas infinidades de hipóteses se nos aprel~
sentam, consoante a utilização, por cada uma dessas pes-
soas, das partes que lhes cabem na soma dispendida pelo
Estado.
Convém sublinhar que. de uma manejra geral, Q me-
canisiilO dos efeitos económicos das despesas públicas não
é diverso do que se nota em relacãli) às despesas realizadas
no sector privado. Em qualquer caso, oferecem maior in-
teresse os efeitos económicos das despesas públicas do
que os das privadas, porque enquanto os particulares rea-
lizam as suas despesas para satisfação de necessidades
próprias, não cuidando, geralmente, dos efeitos remotos
dessas despesas, o Estado, na actualidade, ~or influência
do entendimento relativo às suas fllnçõe; realiza pelo
menos grande parte aas suas despesas tendo em vista os
efeitos económIcos que lhes sao atribuídos. com mãigf Oll
menor fundamento.
Procurando exprimir esta ideia corrente entre os eco-
12 DESPESAS PÚBUCAS
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" , ~ - -~ -
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Lê, C
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ii
Mas a fracçã,~Lê,~~':"!e:x~p;,rimm
!!!!·~d~o~a~r!;el~a;);ç!ão~e~Xl~·s~te5ln~ei..
-
gastos. E desse aumento resulta uma noya procura nos
mercados, sobretudo de bens de consumo corrente, a '1.1181
constitui factor de escoamento de bens acumulados e in-
~""'~'""'.
centivo à produção. Deste incentivo derivará um maior \-"-....t.. .s..
ritmo produtivo, ao menos num ou noutro sector, o qual
~t.p:.
exigirá, por sua vez, que as unidades industriais e comer-
ciais admitam trabalhadores cujos serviços tinham dispen- (~ 0
sado ao restrmglrem a sua actividade. Esses desemprega-
dos reabsorvidos, pelo mesmo mecanismo, hão-de contri-
buir para um novo acréscimo de procura e este para um
rÍovo acreSClmo de produção e para uma nova reabsorção
de desempregados.
O multiplicador de Kahn procura estabelecer pma mr
relação entre uma despesa inicial e 9 oíyç! tora! de em
J
prego pela mesma determinado, através de um certo ~e
d ado de tempo, pois «salários e lucros nãg §ãg Va§TOs; p
meg:mo momento em que se obtêm». Justifica-se, dadas as
;
vanavelS postas em presença, que se empregue a expres-
são «multiplicadgr de emprego» relativamente à constru-
ção deste autor.
(J '_..L,.----..::: - - ,- . ,. -_,
•
18 DESPESAS PÚBLICAS
' s.
necessidades essenciais, se não realizem poupanças ele-
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que vão a
2
20 DESPESAS PÚBLICAS
-
para mais em [elasão a uma época que vem exigindo
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( lt'l l11A ))
DESPESAS PÚBLICAS 19
ª estabiljdade dr CPPdiCiO-J
I
ttwbsm da convicção de que
nalismos compense, no futuro, o sacrifício dr consUMOS
imediatos. Assim se explica que, nas últimas dezenas de
anos, em muitos países, a acentuada elevação de rendi-
mentos não tenha sido acom anhada de uma ele da
propensao para a poupança. anl em a gúnlas sacie ' ades
de rendimentos bajxo§ mas menos pt:rmeãvels às solici-
tações de necessidades criadas mais ou men ... 1-
mente po em revelar reduzida propensão para o c.on-
-
sumo.
O multiplicador de investimento, como aliás ual uer
I-
outro, resultan o e vanacoes constantes, não pode con-
siderar-se fixo. É muito diverso de país para país e oscila
permanentemenn;, numa mesma sociedade, de momento
para momento ou de período para período Em ysl?Sq?
a pejy5f bn3T?7W isdrmizliZ?dm dr níveis de vi~a
relativamente eleyadQS, mas atingidos ainda pela fase
final calcularam-se factores de
\
•
(4) ah calculou o muI i licador in lês en
para os Estado - e Samuel e
para os stados-Unidos um multiplicador de 2~2.
DESPESAS PÚBLICAS
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- L"u",~:-ü.
Tem bastante de empírico este método mas oferece
alguma satisfação às preocupações de ordem pragmática
dominantes na actualidade.
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f' \ L1 ~~ COE
•
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3° DESPES.'I.S PÚBLICAS
~ ~~!
iá EqpS'iP'Í&s;
Se o rendimento ou parte
não se orientando nem para o consumo nem para o
investimento, ele é entesourado ('), constituindo, desde
g~;
mantêm em caixa, a encazx
estéril não eve oferecq dülTid ªs. Mesmo assim, parece
que o aumento dos depósitos bancários não é inconve-
niente, em prjncípio do POUtO de yj sta do desenyolvi-
mento dos efeitos de multiplicacão; porque geralmente as
importâncias depositadas se o não tivessem sido constitui-
riam integralmente encaixes monetários estéreis; e sen-
do-o, a maIOr parte é movimentada, de harmonia com as
práticas bancárias modernas, reflectindo-se em investi-
mentos e em consumos.
Importa sublinhar que não pode deixar de haver, em
maior ou menor volume, em qualquer país.• encaixes mo-
netários estéreis, não devendo a constituição destes pro-
vocar juízos valorativos reprovadores. Efectivamente, não
pode deixar de considerar-se legítimo que um operário
não gaste integralmente o seu salário no próprio dia em
que o recebe ou que um capitalista aguarde um momento
mais favorável para realizar investimentos, não se preci-
pitando a colocar os seus capitais no preciso momento
o em que os tenha obtido.
Do mesmo modo, seria inadmissível concluir que não
34 DESPESAS PÚBUCAS
entre os
TíTULO IV
rg
e
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pela relatividade do.s pressupo.sto.s em que assenta.
Na vida eco.nómica de qualquer sociedade h'
to.S reZãt1.vamente permanente§, cuj,~a~ s :;a~n~s~fo.::~~~~J
ent~u:.!lem.s.~e,uão.· apr\;'~IJ5,í~!!is,. muit v.~ elo.
•
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em termos de conseguir uma compensa -o das la-
po e lzer-se que esta ideia
de compensação a cargo do sector público em face dos
retraimentos de gastos dos particulares não fluiu das
40 DESPESAS PÚBLICAS
--
riam não apenas suprimir as despesas suplementares rea-
-
lizadas em épocas de depressão, mas até reduzir os níveis
médios ou normais de de~pesas públicas. Aliás, essa com-
pressão, difícil de realizar na prática, seria aconselhável
não só tendo em vista contribuir para manter um nível
normal de gastos globais, do sector privado e do sector
público, mas também Rara não comprometer o equilíbrio
financeiro dos Estados, ossivelmente abalado elo esfor o
desenvolvI o na reahzação de despesas p'"blicas cOWp,,\;n- •
sadoras.
A própria ideia de despesas públicas compensadoras
deveria
i
reflectir-se não apenas no alargw ento dessas des-
Qesas comg Da §ua.cpmpr:es§~ . As despesas públicas com-
pensariam tanto os retraimentos de gastos dos particula-
res como a eleyaçãu.de§ses mesmos..gasws.
E mostrando-se oscilatórias, periódicas, as fases...de
-~ ~
depressão e de expansã~conómica, também a olíti,9!.
financeira das des esas deveria acompanhar essas mesmas
oscilações, por forma a limitá-Ias, ou até, à face de con-
I , ____
pansão se integram.
É muito antiga a ideia de alternâncias sucessivas de
prosperidade e de miséria. Ela depara-se-nos no AotigQ
DESPESAS PÚBLICAS 39
300
100
100
2 3 4 6
-
de «stocks»_ agl!llJ:d,ando escoamento, pela pr:odução R.ara
mercados anónimos, cujas reacções não odem ser ob'ecto
de con ecunento ngoroso a ~ d iS- empresas pro-
~
~~ ~ .
dutoras, qu~ as fluruasões eco!lómicas, ou alg!illlaS delas,
passa.!ll..-ª.,§.\!W!I:J:LbuídllS a fenómenos de ,sob&eorgdusão,
No século passado deparam-se-nos obras numerosas
nas quais se procuram analisar as crises de sobreprodução,
44 DESPESAS PÚBLICAS
•
DESPESAS PÚBUCAS 49
Estados ljmit;
•
5° DESPESAS PÚBLICAS
- -
ti) Permanência da política conjuntural de despesas,J
públicas para além do domínio do ciclo económico
o
médio
Destruído, ou desaparecido, o ciclo económico, pode-
ria pôr-se a questão de saber se a política conjuntural de
despesas públicas não terá perdido a sua própria justifi-
cação. Mas a resposta é negativa; e resulta não apenas da
impossibilidade prática para o Estado de se desfazer da
armadura financeira q11e criou mas também da CÍI:cnDS- •
)
4, Efeitos da política de despesas públicas lia estrutura das
sociedades
.
para coinpensarem as flutuações mais acentuadas dos mer-
cados, alguma influência acaba por ter na estrutura das
sociedades. Porque os Estados, gastando mais, absot'lem
thl
~
t;.., mãg-dy-pP;a barflta.-antes.-urilizada-por..se.ctores menOl>
prósperos, J!ojp.eadamente pel:;t."agric.ultJJr a em períodos ""
de desem~ego"industrial; realizam empreendimentos que
tLvtP'? se reflectem, para além da~ flutuas;ões ,"ºpjl1ntnrais~s
~~} condlçoes de vl&a dos eaíses,spm~ açopteceH QQ§~listados
I _ Umdos com as obras de Tenessee ~txy, realizadas com
~ -t~ o propósito de interyençãQJ;whmmJ;a) IDas que QÇQear.am
~tJVAll"'"- pQ.r transcender o respectivo plano. Acre1ice que os Esta-
dos, através da política de despesas públicas, não se têm
~ limitado a gastar mais ou menos, conforme a conjuntura ,
I ~
-
o reclama...Têm gastado de modo diverso, assUIUindo po- _
sições novas !la vida económica,Jeseryand9 para si deter-
minados sectores de actividade dos quais afastam os par-
ticulares, ou nos quais os mantêm como colaboradore .
sobre quem exercem um efeito de domínio. E.eE'§§ ?"peç_
tos já fazem alastrar os efeitos da política das ..desE-esªs
públicas para o m.;ulQ-estrlltll;Eal,;.mesmCL3bstraindQ.dQs
problemas ,de cq~~rtura dessas .~t;§Pe~as. p-'.us.r;espelmP
.
- ,. oJLdes~ilib.tioJ:mLeJ:ec~s
às receitas- e ao equilíbrio
-
e_despesas.
' Contudo, a acção da política de despesas públicas na
transformação das estruturas económicas e sociais pode
considerar-se geralmente complementar. N.i~ j:tltima~::Ie
~nas_de_anos tem sido sobr"et~MlIª .és :~)m:Jm!.entos ....
DESPESAS PÚBUCAS 53
--
-.•
54 DESPESAS PÚBLICAS
(
~
•
. (