Terminologia em Custos Industriais

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2 - Terminologia contábil básica.

2.1 TERMINOLOGIA EM CUSTOS INDUSTRIAIS


“Despesas com Matéria-prima” ou “Custos de Matéria-prima”?
“Gastos” ou “Despesas de Fabricação”?
“Gastos” ou “Custos de Materiais Diretos”?
“Despesas” ou “Gastos com Imobilização”?
“Custos” ou “Despesas de Depreciação”?

Gastos, Custos e Despesas são três palavras sinônimas ou dizem respeito a conceitos diferentes?
Confundem-se com Desembolso? E Investimento tem alguma similaridade com elas? Perda se confunde com
algum desses grupos?
No meio desse emaranhado todo de nomes e idéias, normalmente o principiante se vê perdido, e às vezes
o experiente, embaraçado; por isso, passamos a utilizar a seguinte nomenclatura:

a) Gasto — Compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício financeiro para a entidade
(desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente
dinheiro). Conceito extremamente amplo e que se aplica a todos os bens e serviços adquiridos; assim, temos
Gastos com a compra de matérias-primas, Gastos com mão-de-obra, tanto na produção como na distribuição,
Gastos com honorários da diretoria, Gastos na compra de um imobilizado etc. Só existe gasto no ato da
passagem para a propriedade da empresa do bem ou serviço, ou seja, no momento em que existe o
reconhecimento contábil da dívida assumida ou da redução do ativo dado em pagamento.
Não estão aqui incluídos todos os sacrifícios com que a entidade acaba por arcar, já que não são incluídos
o custo de oportunidade ou os juros sobre o capital próprio, uma vez que estes não implicam a entrega de
ativos.

b) Investimento — Gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro(s)
período(s). Todos os sacrifícios havidos pela aquisição de bens ou serviços (gastos) que são “estocados” nos
Ativos da empresa para baixa ou amortização quando de sua venda, de seu consumo, de seu
desaparecimento ou de sua desvalorização são especificamente chamados de investimentos.
Podem ser de diversas naturezas e de períodos de ativação variados: a matéria-prima é um gasto
contabilizado temporariamente como investimento circulante; a máquina é um gasto que se transforma num
investimento permanente; as ações adquiridas de outras empresas são gastos classificados como
investimentos circulantes ou permanentes, dependendo da intenção que levou a sociedade à aquisição.

c) Custo — Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços.
O Custo é também um gasto, só que reconhecido como tal, isto é, como custo, no momento da utilização
dos fatores de produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço.
Exemplos: a matéria-prima foi um gasto em sua aquisição que imediatamente se tornou investimento, e assim
ficou durante o tempo de sua Estocagem; no momento de sua utilização na fabricação de um bem, surge o
Custo da matéria-prima como parte integrante do bem elaborado. Este, por sua vez, é de novo um
investimento, já que fica ativado até sua venda. A energia elétrica é um gasto, no ato da aquisição, que passa
imediatamente para custo (por sua utilização) sem transitar pela fase de investimento. A máquina provocou
um gasto em sua entrada, tornado investimento (ativo) e parceladamente transformado em custo, via
Depreciação, à medida que é utilizada no processo de produção de utilidades.

d) Despesa — Bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas.


A comissão do vendedor, por exemplo, é um gasto que se torna imediatamente uma despesa. O
microcomputador da secretária do diretor financeiro, que fora transformado em investimento, tem uma parcela
reconhecida como despesa (depreciação), sem transitar por custo. As despesas são itens que reduzem o
Patrimônio Líquido e que têm essa característica de representar sacrifícios no processo de obtenção de
receitas.
e) Perda — Bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária.
Não se confunde com a despesa (muito menos com o custo), exatamente por sua característica de
anormalidade e involuntariedade; não é um sacrifício feito com intenção de obtenção de receita. Exemplos
comuns: perdas com incêndios, obsoletismo de estoques etc.
São itens que vão diretamente à conta de Resultado, assim como as despesas, mas não representam
sacrifícios normais ou derivados de forma voluntária das atividades destinadas à obtenção da receita. E muito
comum o uso da expressão Perdas de material na produção de inúmeros bens e serviços; entretanto, a quase
totalidade dessas “perdas” é, na realidade, um custo, já que são valores sacrificados de maneira normal no
processo de produção, fazendo parte de um sacrifício já conhecido até por antecipação para a obtenção do
produto ou serviço e da receita almejada.
O gasto com mão-de-obra durante um período de greve, por exemplo, é uma perda, não um custo de
produção. O material deteriorado por um defeito anormal e raro de um equipamento provoca uma perda, e
não um custo; aliás, não haveria mesmo lógica em apropriar-se como custo essas anormalidades e, portanto,
acabar por ativar um valor dessa natureza.
Cabe aqui ressaltar que inúmeras perdas de pequeníssimo valor são, na prática, comumente consideradas
dentro dos custos ou das despesas, sem sua separação; e isso é permitido devido à irrelevância do valor
envolvido. No caso de montantes apreciáveis, esse tratamento não é correto.

EXERCÍCIO PROPOSTO

Classifique os eventos descritos a seguir em Investimento (I), Custo (C), Despesa (D) ou Perda (P):
( ) Compra de matéria-prima
( ) Consumo de energia elétrica – Fábrica
( ) Utilização de mão de obra
( ) Consumo de combustível
( ) Gastos com pessoal do faturamento (salário)
( ) Aquisição de máquinas
( ) Depreciação das máquinas
( ) Remuneração do pessoal da contabilidade geral (salário)
( ) Pagamento de honorários da administração
( ) Depreciação do prédio da empresa
( ) Utilização de matéria-prima (transformação)
( ) Aquisição de embalagens
( ) Deterioração do estoque de matéria-prima por enchente

( ) Remuneração do tempo do pessoal em greve


( ) Geração de sucata no processo produtivo
( ) Estrago acidental e imprevisível de lote de material
( ) Gastos com desenvolvimento de novos produtos e processos
( ) Imposto de circulação de mercadorias e serviços (ICMS)
( ) Comissões proporcionais às vendas
( ) Reconhecimento de duplicata como não recebível

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