Capitulo III - O Capitalismo Industrial
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É importante deixar claro que, apesar de ser apresentada em fases, a Revolução Industrial não teve
ruptura, sendo, portanto, um processo contínuo de transformações socioeconómicas que
transformou a produção capitalista.
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Em inglês, enclosures - campos fechados por sebes ou cercas.
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A aplicação da lei dos cercamentos (enclosures) fez-se com base em
pressupostos aristocráticos: apesar de terem
apresentado uma petição ao Parlamento, os
latifundiários decidiram ocupar e cercar as
terras sem qualquer aviso aos seus antigos
donos, os pequenos proprietários, mesmo
ainda antes da discussão e aprovação
parlamentar. Recorrendo da decisão, os
pequenos proprietários tentam comprovar
documentalmente a posse da terra, o que é
difícil - ou impossível - na maior parte dos
casos. Perdem assim as terras e vão engrossar
o êxodo de trabalhadores rurais - proprietários
ou não - em direcção às cidades fabris dos
centros urbanos.
As propriedades confiscadas pelos agentes dos latifundiários são, entretanto,
repartidas entre estes. Modifica-se então a paisagem rural inglesa: do openfield (campo
aberto, sem vedação, tradicional em Inglaterra) passa-se para o campo fechado. Os
novos senhores - a que se juntarão os ricos comerciantes das cidades (burguesia),
interessados em investir na agricultura - promoverão,
porém, a introdução de novas técnicas de cultivo,
entre as quais a rotação de culturas sem pousio, de
forma a retirar o máximo proveito das terras. Ao mesmo
tempo, de forma a aumentar a dimensão das
propriedades e da sua superfície cultivável, promovem a
secagem e drenagem de terras pantanosas, o abate
de florestas e a ocupação de baldios e terras
comunais (as arroteias). No intuito de melhorar as
espécies mais produtivas, a seleção de sementes e o
apuramento dos efetivos pecuários são outras das
marcas desta Revolução Agrícola inglesa. A introdução
de máquinas e a melhoria dos transportes no espaço
agrário são outras das características principais dessa
mutação operada no mundo rural inglês. Os resultados
não demoraram muito a aparecer:
- maior produção (na primeira metade do século XVIII, esse aumento é superior a
20%);
- capacidade do campo abastecer e sustentar o crescimento urbano-industrial que se
registava no país;
- melhorias significativas, não somente em quantidade, mas também em qualidade,
permitem uma época de relativa abundância em produtos agrícolas essenciais
(carne, leite e derivados, legumes, batata, cereais, etc.), com repercussões em
termos demográficos. De facto, a melhoria gradual na dieta alimentar inglesa
proporcionará:
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- uma maior esperança de vida,
- um aumento da natalidade e do crescimento natural da população,
diminuindo-se a vulnerabilidade do homem face às fomes e pestes
(menos comuns, porém). Com a diminuição crescente da mortalidade,
conjugam-se uma série de indicadores positivos para que possamos
falar de uma revolução demográfica, a par da revolução agrícola e da
industrial.
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1. Aliança entre a Investimentos na investigação Progressos cumulativos
ciência e a técnica científica; novos inventos e Cada novo progresso servia de incentivo para
aperfeiçoamentos técnicos; o seguinte
desenvolvimento de novas
tecnologias.
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3.4- A Revolução das Mentalidades e as mudanças politicas
É certo que o capitalismo comercial iniciou antes do industrial, porém a fase do
capitalismo industrial inaugura um novo tipo de comércio, as empresas começam a investir
em suas indústrias, a produção é em grande escala, surgem os bancos que emprestam
dinheiro às empresas, enfim tudo é direcionado para o lucro. As pessoas não eram
respeitadas como seres humanos, não havia limites no trabalho, crianças e mulheres eram
torturadas e forçadas a trabalharem horas seguidas, sem condições de higiene e
alimentação. As novas ideias não surgiram do nada, nem por acaso. Boa parte delas fora
legada pelos grandes pensadores dos séculos XVI e XVII, que, na realidade, tinham dado
os primeiros passos no sentido de "modernizar" o pensamento europeu. Já no século XVIII,
a Europa era um formigueiro de ideias e inovações. O progresso atingia todos os sectores:
arte, ciência, técnica, pensamento. Na verdade, estava em curso uma "revolução das
mentalidades".
Falar de Mentalidades é falar de pensamentos, ideias, ideologias, segmentos morais,
meios de compreensão científica, entre outros, que fazem parte da esfera das mentalidades,
isto é, formas duradouras de pensamento que caracterizam uma época. Segundo
entendidos na matéria, há camadas do desenvolvimento histórico da humanidade que não
sofrem transformações rápidas e nítidas como outras. Assim, por exemplo, as estruturas
políticas e sociais são as primeiras nas quais se pode verificar mudanças
substanciais, enquanto certos comportamentos e formas de pensamento que
compõem a mentalidade, demoram muito mais para a sofrer alterações.
O século XVIII é considerado o "século das luzes" com o surgimento do “Iluminismo”.
Segundo eles, todos os homens nascem iguais, livres, estes homens podem através
de seu trabalho prosperar economicamente. A liberdade, a propriedade privada e a
resistência contra governos tirânicos são outros princípios defendidos pelos iluministas. A
base dessa nova maneira de encarar o mundo, estava na razão. Abandonava-se dessa
maneira qualquer possibilidade de Deus interferir nos destinos humanos. Os filósofos do
século XVIII acabaram por fundar a noção de progresso e felicidade: "o paraíso é aqui onde
eu estou", dizia Voltaire, e não nas fantasias e miragens fabricadas pela Igreja.
A Razão iluminava o caminho... O homem devia pensar com sua própria cabeça e
não mais com a do sacerdote, a do falso cientista, ou a do soberano absoluto. Estava
proposta a crítica que consiste em ter uma opinião e fazer uma escolha que decorra de uma
análise racional de determinada situação. Uma escolha só será racional e justa se feita
livremente, sem preconceitos ou limites de qualquer espécie. E, sobretudo, sem medo.
Assim, para criticar e escolher o seu caminho, os homens do século XVIII começaram a
pensar com a própria cabeça, questionando todos os campos do saber, inclusive os mais
"delicados", ou seja, a religião e a política. O triunfo do livre pensamento só haveria de ser
assegurado após um longo e intenso combate, travado contra a Igreja e a força da tradição
durante todo o século XVIII.
A partir da revolução industrial, consolidou-se a sociedade burguesa liberal
capitalista, baseada nos novos ideais do iluminismo - igualdade jurídica entre os homens,
livre iniciativa e na empresa privada. Os indivíduos deveriam ser livres para comprar,
vender, investir e fazer contratos de acordo com seus interesses. O equilíbrio do sistema
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estava na concorrência entre as empresas, a qual era responsável pelos aperfeiçoamentos
tecnológicos e pelo desaparecimento das menos aptas.
No decorrer do século XIX, os burgueses europeus passaram a ver o mundo de uma
forma completamente diferente daquela dominante no século anterior. A intensidade das
mudanças propiciadas pela expansão do capitalismo industrial fortaleceu, entre eles, a ideia
que a humanidade caminhava no sentido de uma melhoria contínua e incessante; em outras
palavras, acreditavam que a história dos homens tendiam a um constante progresso.
Crescimento industrial, expansão das comunicações, desenvolvimento das artes e das
ciências, aumento das actividades comerciais europeias e intercontinentais... Tudo parecia
comprovar que o mundo progredia e que os europeus do século XIX viviam o auge desse
processo.
Os burgueses acreditavam que esse progresso – do qual seriam os principais agentes
– beneficiava o conjunto da população europeia. Em sua concepção na nova sociedade
criada pelo capitalismo industrial, todos tinham chance de realização económica e social,
dependendo apenas do talento e do esforço individual. Nesse sentido, viam a competição
como algo positivo, pois servia para avaliar os talentos individuais e garantir a vitória dos
melhores em cada área, o que acabaria ajudando o conjunto da sociedade. Assim, o talento
individual e a competição eram vistos como motores que empurravam a humanidade em
direção ao progresso.
Os liberais acreditavam que a humanidade era constituída de indivíduos naturalmente
livres e iguais, que buscavam seus próprios interesses por meio da competição entre si.
Nessa disputa, em que não devia interferir nenhuma força externa aos concorrentes, seria
produzida uma ordem social natural que levaria todos os homens ao conforto, ao bem estar
e à felicidade. As diferenças económicas resultantes dessa competição deviam-se ao talento
e esforço individual e não eram contraditórios com a crença na igualdade natural entre os
homens, que devia ser assegurada pela organização política e pela justiça.
Os conceitos liberais foram rapidamente absorvidos pelos burgueses, pois
respondiam a sua visão de mundo e serviam como armas poderosas na luta contra o modo
de vida aristocrático, que ainda dominava boa parte da Europa no início do século XIX. A
ideia da igualdade natural entre os homens negava o cerne da visão aristocrática, baseada
nos privilégios obtidos por nascimento; por outro lado, a pregação da liberdade económica
constituía um ataque directo ao intervencionismo económico levado a cabo pela maioria das
monarquias europeias. Assim, além de ser a base da nova mentalidade burguesa, o
liberalismo foi a base teórica para a grande luta da burguesia europeia contra a aristocracia
e seu modo de vida e para o domínio dos assalariados.
Os iluministas afirmavam que cada indivíduo tem direito a uma opinião própria e a
exprimi-la livremente. Isso nada mais é que o princípio da tolerância, um dos princípios
da democracia moderna, que se baseia na liberdade e respeito à opinião de cada um.
Adoptando a Inglaterra como modelo, propôs a separação dos três poderes: 1- ao
Parlamento, eleito pelo povo, caberia a prerrogativa de fazer as leis (Poder Legislativo);
2- ao rei ou ao Governo, o poder de executá-las (Poder Executivo); 3- e aos magistrados
e juízes, a função de julgar (Poder Judiciário). Assim divididos, os três poderes deveriam
permanecer independentes, controlando-se uns aos outros, de modo a garantir liberdade
e justiça para o cidadão.
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Essas ideias revolucionárias eram consideradas monstruosas pelos déspotas
(ditadores) da época. Por outro lado, os homens tornaram-se mais cultos e bem
informados. Os jornais também prestaram a sua contribuição ao desabrochamento da
opinião e do espírito público. A difusão dos livros também foi muito sensível no século
XVIII, e meio seguro para a propagação dos valores emergentes. Mas este período viu
nascer também a filantropia (humanitarismo), a moderna pedagogia e a exaltação do
sentimento humano, através da literatura.
Apesar de tantas inovações trazidas pelo Iluminismo, não se pretendeu destruir o
mundo para colocar outro em seu lugar, mas regenerar a sociedade pelo afastamento de
crendices e do fanatismo.
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- aumento da produção em massa e em curto espaço de tempo, aumentando
também o comércio;
- avanços nos sectores de transporte e telecomunicações que ampliaram o
mercado consumidor, bem como o escoamento dos bens produzidos;
- surgimento das grandes cidades e, com elas, dos problemas de ordem social,
como o superpovoamento;
- aumento de doenças;
- desemprego e maior disponibilidade de mão-de-obra barata;
- avanços no sector da saúde que possibilitaram melhorias na qualidade de vida da
população.
A terceira fase da Revolução Industrial (meados do século XX, após o fim da Segunda
Guerra Mundial), integrou a ciência, a tecnologia e a produção, transformou ainda mais a
relação do homem com o meio. A apropriação dos recursos naturais era cada vez mais
intensa, visto que, a cada dia, tornou-se mais necessário viabilizar a produção em massa.
As principais consequências da Terceira Revolução Industrial foram:
- muitos avanços no campo da medicina;
- criação de robôs capazes de fazer trabalhos minuciosos e mais precisos;
- técnicas na área da genética que melhoraram a qualidade de vida da população;
- consolidou-se o capitalismo financeiro;
- aumento do número de empresas multinacionais;
- maior difusão de informações e notícias, integrando o mundo todo
instantaneamente;
- aumento dos impactos ambientais negativos e esgotamento de recursos naturais;
- preocupação com o desenvolvimento económico que explora os recursos naturais
sem se preocupar com as gerações futuras, gerando a necessidade de buscar um
modelo de desenvolvimento sustentável.
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mestres de ofício -, alguns poucos países puderam internalizar a produção resultante da
primeira Revolução Industrial e Tecnológica (máquina a vapor, tear e ferrovia), passando
a constituir também parte do centro capitalista mundial durante o século XIX.
Como se pode ver, a supremacia Inglesa vai suscitar a concorrência de diversas
Lugar 1790-1830 1830-1850 1850-1870 1870-1890 1890-1910 1910-1920
1º Grã- Grã- Grã- Grã- EUA EUA
Bretanha Bretanha Bretanha Bretanha
!
potências que, durante o século XIX, iniciaram os respectivos processos de
industrialização. Assim emergem as economias dominantes que praticamente vão
marcar o mundo até aos dias de hoje.
Isso ocorreu de maneira distinta no tempo, fazendo emergir outras economias, que
marcaram uma transição do processo de industrialização originário (Inglaterra) a outros
países como Alemanha, França, EUA, Japão e Rússia. Na primeira metade do século XIX,
por exemplo, países como Alemanha e Estados Unidos internalizaram o modelo inglês de
produção e consumo, enquanto no pós-1870 outro pequeno bloco de países como Japão e
Rússia também teve êxito na cópia do padrão de industrialização inglês. Mas enquanto se
fazia essa passagem, esteve em curso uma segunda Revolução Industrial e Tecnológica,
com graus de exigência de internalização bem superiores. A maior escala de produção
imposta pelo processo industrial de novos bens (energia elétrica, automóvel, química,
petróleo, aço, entre outros) requeria, por consequência, grandes aportes de investimentos e
elevada escala de produção, somente realizados através de um significativo movimento de
centralização e de concentração do capital. O surgimento de grandes empresas, através de
fusão e cartéis e a união dos capitais industrial e bancário (financeiro), viabilizou, para
poucos empresários, a possibilidade de produção e difusão de uma nova onda de inovação
tecnológica.
As dificuldades adicionais de acesso à segunda Revolução Industrial e Tecnológica
tornaram mais complexas as possibilidades de transição das nações periféricas para as
nações do centro capitalista.
Em 1850, a Europa Ocidental é a região hegemônica - produtiva, comercial, militar,
tecnológica e financeira - da economia mundial: controla 70% dos intercâmbios comerciais
mundiais e lidera a produção
mundial total como a industrial. Inglaterra, França, Alemanha e EUA são as economias
nacionais capitalistas que determinam e estruturam as regras de jogo da economia mundial.
Assim, entre 1890 e 1940, as exportações mundiais de produtos manufaturados estiveram
concentradas em apenas 5 países (Inglaterra, Estados Unidos, França, Japão e Alemanha)
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que respondiam por cerca de 80% do total do comércio internacional. Da mesma forma,
países como a Alemanha, Estados Unidos, França e Inglaterra, que juntos representavam
apenas 13% da população mundial, foram responsáveis por 74% da produção total de
manufatura do mundo durante o começo do século XX.
Nessa fase, e até o presente, a energia fundamental é o petróleo. Os progressos na
química e na física definiram o desenvolvimento económico-político que fez da indústria e
da industrialização o paradigma do progresso e do desenvolvimento durante todo o século
XIX e grande parte do século XX.
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promovesse o desenvolvimento interno com o apoio do Estado e com estabelecimento de
fortes barreiras à importação dos produtos industrializados dos países ricos.
Nesse sentido, as empresas com sede nos países desenvolvidos, visando expandir
seu mercado consumidor e obter maior lucro, passaram a instalar filiais em países
subdesenvolvidos. Ao instalar filiais nesses países, as transnacionais se beneficiam com
mão de obra barata, incentivos fiscais, abundância de matérias primas, doação de terrenos,
etc. Por outro lado, os países subdesenvolvidos aumentam a geração de emprego e se
industrializam.
É nesse contexto que surgem várias expressões para designar essa dinâmica, tais
como: Novos países industrializados (NICs), Novíssimos Países Industrializados, Tigres
Asiáticos, Novos Tigres Asiáticos, Países subdesenvolvidos industrializados, Economias
emergentes, entre muitos outros termos. Assim, actualmente, citam-se como exemplos de
países emergentes: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul (esses cinco primeiros
compõem o chamado BRICS), México, Indonésia, Singapura, Turquia (compõem o chamado
MIST) e alguns outros como Argentina, Taiwan e Coreia do Sul.
Em suma, a maior parte dessas economias, apesar de apresentar um parque
industrial diversificado, caracteriza-se pela predominância de empresas estrangeiras e baixo
domínio de bens tecnológicos mais avançados. Outra característica do desenvolvimento
industrial do mundo subdesenvolvido foi a necessidade de intervenção do Estado no que
tange aos investimentos em infraestruturas e, em alguns casos, até em indústrias de base,
como a siderúrgica, o sector petroquímico e outros.
Mesmo assim, muitos desses países privatizaram essas empresas, ou seja,
transferiram-nas para o capital privado. No cerne desse processo de industrialização do
mundo subdesenvolvido, alguns países expressaram de forma mais evidente a grande
dependência em relação ao capital externo, tanto em termos tecnológicos quanto em virtude
das relações de importação e exportação. É o caso, por exemplo, do México, que em sua
região norte – mais próxima da fronteira com os Estados Unidos – instalaram-se muitas
indústrias chamadas de montagem, empregando mão de obra local a baixo custo e
exportando a preços relativamente baixos. Em toda a América Latina, predominou o modelo
de industrialização substitutiva de importação (ISI), com abertura de mercado, investimentos
em infraestruturas, atração de capital estrangeiro e alto endividamento da máquina pública.
Pode-se considerar que as resistências bem sucedidas ao subdesenvolvimento por
área continental e regional são, respectivamente:
- América Latina – Brasil, Argentina e México;
- África – África do Sul, Egito e, em menor grau, a Nigéria;
- Ásia – China, Índia, Turquia, Coreia do Sul, Singapura, Hong Kong, Vietnam,
Indonésia e outros.
Para concluir, podemos considerar que esses países, chamados emergentes, são
grandes exportadores de matérias-primas, grandes receptores de empresas multinacionais
e possuem um amplo e crescente mercado consumidor e uma grande capacidade de
crescimento económico e actuação centrada no sector terciário (serviços). Por esse motivo,
atraem sempre com muita atenção os principais centros de debate tanto do meio económico
quanto da geopolítica e estratégia internacional.
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De toda forma, o que se pode observar é que mesmo com um parque industrial
diversificado e um sector terciário crescente, os países emergentes ainda não foram capazes
de converter essa geração de riquezas em benefícios sociais e melhoria do desenvolvimento
humano. O que se pode ter certeza é que, para subverter a ordem de subdesenvolvimento,
os países pobres no mundo, precisarão buscar formas de romper com a dependência
económica que os atinge. Detêm uma participação económica ainda bastante endividada,
dependente e subordinada aos grandes capitais multinacionais e às políticas dos Estados
centrais e organismos de controle económico e financeiro mundial (FMI, Banco Mundial,
OMC, G-8).
3
BRAVO, Gian Mario. Movimento operário. In: BOBBIO, Norberto. Dicionário de política. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998, p. 781.
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formas de lutar por suas causas. Dessa maneira, surgiram os movimentos socialistas, a
partir da organização dos trabalhadores.
As máquinas eram os novos meios de produção da riqueza económica e o seu alto
valor fazia com que apenas as classes economicamente abastadas tivessem condições de
adquiri-las. Dessa forma, pontuamos que a revolução industrial separou os trabalhadores
dos meios de produção. A figura do artesão possuidor de suas técnicas e ferramentas perdeu
lugar para o operário submetido ao ritmo e às tarefas do maquinário. Não participando de
todo o processo produtivo e afastado dos meios de produção, o operário desconhecia o valor
da riqueza por ele produzida. Subjugado por essa situação, o operário transformava sua
mão-de-obra em uma mercadoria vendida a um preço determinado por seu patrão.
Com a grande leva de pessoas que procuravam o trabalho nas fábricas, o preço estipulado
pela força de trabalho do operário caia em função da grande disponibilidade de
trabalhadores dispostos a venderem sua mão-de-obra sob as exigências impostas pelo
patrão. Dessa maneira, nas primeiras fábricas, havia um aglomerado de trabalhadores que
se submetia a extensas cargas horárias recompensadas por salários irrisórios.
A baixa remuneração para o trabalho repetitivo das fábricas obrigava que famílias
inteiras integrassem o ambiente fabril. Por um salário ainda menor, mulheres e crianças
eram submetidas às mesmas tarefas dos homens adultos. Ao mesmo tempo, as condições
de trabalho oferecidas nas fábricas eram precárias. Sem instalações apropriadas e nenhuma
segurança, as fábricas ofereciam risco de danos à saúde e à integridade física dos operários.
As mortes e doenças contraídas na fábrica reduziam consideravelmente a expectativa de
vida de um operário.
Tantas adversidades acabaram por motivar as primeiras revoltas do operariado. Sem
ter uma organização muito bem estabelecida, as primeiras revoltas se voltavam contra as
próprias máquinas. Entre 1760 e 1780, as primeiras revoltas de operários foram registadas
em alguns centros urbanos da Inglaterra. O movimento ludita (ou ludismo) incentivava a
destruição das máquinas industriais. Essas eram encaradas como as principais
responsáveis pelos acidentes e o grande número de desempregados substituídos por
tecnologias que exigiam uma mão-de-obra ainda menor. Anos mais tarde, o cartismo exigiu
a participação política dos operários ingleses que, na época, não tinham direito ao voto.
Assim, na Inglaterra, o movimento dos trabalhadores fez-se sentir por meio de
demonstrações de massa, como motins e petições. Foi nesse século (XIX) que os sindicatos
surgiram como uma nova força no cenário político.
A primeira luta de caráter político, empreendida pelos operários ingleses, foi a
conquista do direito de voto. Nessa luta, o movimento operário contou inicialmente com o
apoio da burguesia, uma vez que esta classe não podia enviar seus deputados para a
câmara dos Comuns, que estava nas mãos dos latifundiários. Em 1832, o Parlamento
promulgou uma reforma do sistema eleitoral (Reform Act), beneficiando a burguesia, mas
negando qualquer benefício aos operários na época.
Ainda assim, os movimentos operários continuaram a existir sob a influência de outras
orientações. Os principais movimentos socialistas que surgiram no século XIX foram o
anarquismo e o comunismo. Segundo as ideias anarquistas, os operários somente iriam
melhorar as condições de vida se o Estado e todas as formas de poder fossem extintas.
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Tanto o anarquismo quanto o comunismo pautavam suas metas em transformações sociais
profundas, não solicitavam somente mudanças nas relações entre patrões e trabalhadores.
Os anarquistas acreditavam que toda forma de exploração dos seres humanos teria
um fim a partir do momento em que a sociedade se organizasse sem autoridade, sem
gestores, sem escola, sem polícia, ou seja, sem quaisquer outras instituições estatais. Para
os comunistas, a situação de exploração capitalista acabaria somente quando os operários
assumissem o poder estatal, ou seja, o controle do Estado. A partir daí, então, criariam novos
valores sociais para aumentar a qualidade de vida da sociedade, acabando, dessa maneira,
com a exploração capitalista.
Na sequencia disso, logo, uma lei de proteção e assistência aos trabalhadores
urbanos empobrecidos, conhecida como Lei Speenhamland, foi decretada com o intuito de
amenizar os conflitos operários desenvolvidos nos centros urbanos da Inglaterra. A lei
Speenhamland, comumente chamada de "pobre da lei", estava em vigor na Grã - Bretanha
de 1795 a 1834 . Estabelecido em um contexto de forte instabilidade social, visava aliviar a
pobreza que afetava as áreas rurais na Inglaterra e no País de Gales. Esta lei garantiu até
1834 um rendimento mínimo para os pobres em cada freguesia, graças à atribuição de
recursos adicionais em dinheiro indexados ao preço do pão (ou do trigo) e ao tamanho da
família a tomar. Essa renda era concedida em complemento ao salário pago quando este
não era suficiente para garantir a existência do trabalhador.
Com o passar dos anos, os trabalhadores passaram a instituir organizações em prol
dos seus próprios interesses. As chamadas trade-unions tinham caráter cooperativista e ao
mesmo tempo político. Com sua força política representada, os trabalhadores conquistaram
melhores condições de trabalho, a redução da jornada de trabalho e o direito à greve. Dessas
mobilizações surgiram os primeiros sindicatos que, ainda hoje, tem grande importância para
a classe trabalhadora.
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