Revista-6 (1961)
Revista-6 (1961)
Revista-6 (1961)
ANO V I N° VI
1961
T ;^Mra/ia dí ' A AÇÃO'
Crato
Banco íc Ciédilo Comeicial $. A. 1
MATRIZ: FORTALEZA
FILIAIS:
Crateus
m Crato
Iguatu
Juazeiro do Norte
Senador Pompeu
Sobral
fe Expediente Ininterrupto de
8 às 11 e de 13 às 16 hs.
M
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M
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—= ÓRGÃO DO ==—
I N S T I T U T O C U L T U R A L DO C A R I R I
AN O V I N° V I
1961
T ip og rafia de <'A A ÇÃ O
Crato
ITAYTERA
Órgão do Instituto
Cultural do Cariri
DIRETORIA DO
I N S T I T U T O C U L T U R A L D O C A RI RI
(Entre Outubro de 1960 a Outubro de 1961)
Comissão Organizadora de « IT A Y T E R A » :
Comissão de Sindicância :
Od&íet Gcdhal
Ç-&íé de friqaeOiedo OükitQ-
deÍM G/swiei. de friícdO-6
P R IM E IR O C O N G R E S S O D E JO R N A L IS T A S D O
IN T E R IO R C E A R E N S E , ocorrido entre os dias 13 a
15 de Janeiro. Congregámos, nesta cidade, cerca de 70
periodistas, procedentes de todos os recantos do Ceará,
promovendo debates sérios, que não fariam desdouro
até em conclaves de carater nacional. Foi vitória total
e a prova de capacidade realizadora do Instituto Cultural
do Cariri que, de dia a dia, mais adquire notoridade nos
meios cultos do país.
Realizámos programa cheio, predominando as
sessões de estudos sem o desprezo da parte social, que
foi igualmente ativa. Peço vênia para publicar, logo em
seguida, o discurso que pronunciei, na sessão de aber
tura a 13 de Janeiro do corrente ano, na Rádio Edu
cadora do Cariri, na qualidade de presidente daquele
Congresso:
É intenso prazer de espírito, quando colhemos os
frutos de mil canseiras e preocupações. Confesso um
pecado, bem de público: não recebemos, no Instituto
Cultural do Cariri, a notítia de que fomos honrados com
o patrocínio do Primeiro Congresso de Jornalistas do
Interior Õearense, com a alma cheia de júbilo e de justo
orgulho. Temíamos a responsabilidade que os periodistas
interioranos nos ofereciam tão confiadamente. Acháva-
mos, no entanto, que a escolha de Crato não fôra des
cabida, pelo lugar de pioneirismo que, incontestavel-
mente, temos na imprensa indígena. Foi, nesta cidade,
três anos depois de ter deixado a categoria de vila,
que, em 1856, João Brigido dos Santos, Patrono deste
conclave, fundou o primeiro jornal da interlandia cearense,
o qual haveria de projetar-lhe o nome como dos maiores
vultos do jornalismo do setentrião brasileiro e o de Crato
como localidade pioneira da imprensa. Dali para cá,
nunca ensarilharam armas os jornalistas locais, escreven
do em semarários ou projetando-se nos diários fortale-
zenses e derramando-se pelo Brasil inteiro.
Uma figura, porém, dentro de todos, quero des-
IT A Y T E R A 5
(Ao M a r t i n s F i l h o )
- 1743 -
3.12.1743 — Na qualidade de superior da Missão de
Miranda, Missionário e tutor dos catecumenos dela, os indios
Carius, Frei Carlos Maria de Ferrara, tomou posse das terras,
que o capitão-Mor Domingo Tavares de Matos e sua mulher,
d. Maria Ferreira da Silva, doaram à padroeira da mesma Mis
são...” (Antonio Bezerra “Algumas Origens do Ceará” p. 179 e 180)
- 1745 -
“Em janeiro de 1745, Frei Carlos Maria de Ferrara e
seus companheiros auxiliares dedicam a Igreja da Missão do Mi
randa à S. S. Trindade, à Nossa Senhora da Penha e Frei Fi-
delis de Sigmaringa, capuchinho e protomaitir da Propagação da
Fé (op. cit. p. 117)
- 1746 -
“Aos dezeseis de outubro de mil setecentos e quarenta
e seis, na Missão do Miranda, de licença minha, batisou, o pa
dre Frei Carlos Maria de Ferrara, a Francisco, filho de Fran
cisco do Rêgo e de sua mulher, Inês Maria Bezerra. Foram pa
drinhos Anacleto Lins e Antonia da Rocha, mulher de Diogenes
Botão, todos desta freguesia — João Saraiva de Araújo, cura
de Icó," (Livro do Icó, cit. fls. 44).
- 1747 -
“Aos treze de fevereiro de mil setecentos e quarenta e
sete, na Missão do Miranda, de licença minha, batizou, o padre
Frei Carlos Maria de Ferrara, a José, filho de Custodio Gon
çalves e Luiza Ribeiro. Foram padrinhos José Martins e Maria
dos Santos, de que fiz este assento — João Saraiva de Araújo,
Cura de Icó” (Liv. cit. fls. 46).
- 1748 -
“No primeiro de abril de mil setecentos e quarenta e
oito anos, na Igreja de Nossa Senhora da Penha da Missão do
Miranda, batizou, o padre Frei Carlos Maria de Ferrara, a An
tonio, branco, filho de João Gonçalves Diniz e de sua mulher
Desidéria de Andrade. Foram padrinhos Francisco Ferreira Luna,
solteiro, e Angélica de Oliveira, de que fiz este assento. — José
Bezerra da Costa. Cura dos Cariris Novos” ( Liv. de reg. de
batizado, 1748 — 64, fls. 2, paróquia de Missão Velha)
16 IT A Y T E R A
- 1749 -
“Aos vinte e cinco dias do mês de dezembro de mil
setecentos e quarenta e nove, na Igreja de Nossa Senhora da
Penha da Missão do Miranda, desta freguesia de Nossa Senho
ra da Luz dos Cariris Novos, batizou, o padre Frei Carlos M a
ria de Ferrara, a L u i z , filho de Gertrudes, escrava do capitão
Francisco de Andrade, de que fiz este assento que por verdade
assinarei — José Ferreira da Costa, Cura dos Cariris Novos)
(Liv. cit. fls. 9).
N O T A —Na Praça da Sé, desta cidade, no local em que fun
cionou a Missão do Miranda (antes instalada a três quilôme'
tros a sudeste da cidade, segundo Antônio Bezerra, op. cit.), hã
uma placa com a seguinte legenda: JA RDIM F R E I CARLOS
FER RA R A ; Equívoco. Na ordem dos Capuchinhos não houve
e não há um só frade com aquêle apelativo de familia. D e F e r
rara — é que estaria certo.
CR A TO , fevereiro, 1960.
— NOTA LITERÁRIA —
ABD1AS U M A
PADROEIRA DO CRATO
Introdução
D IFUSÃ O DA D EVO ÇÃ O
Prodígios multiplicados
Milagre de Guimarães
Milagre de Lisboa
Rio de milagres
Nossa Senhora da Penha em Lisboa
A fé dos conquistadores
Vila Velha, no Espírito Santo
Irajá, no Rio de Janeiro
Recife, em Pernambuco
Sobre o mapa do Brasil
II - A PADROEIRA DO CRATO
Nos domínios da lenda
À luz da verdade histórica
As três imagens —Uma relíquia histórica
A comunidade religiosa: Paróquia e Diocese
O Templo—a Casa de Maria
A devoção do povo do Crato
A Festa da Padroeira
Fenômenos prodigiosos
Conclusão
F R l f P —
PADROEIRA DO CRATO
(Padle £u&en& tCá&íio-
CURA DA CATED RAL
E
SÓCIO EFETIVO DO INSTITUTO
CUITURAI. DO CARI RI.
I NTRODUÇÃO
Não raro, o patrimônio histórico transmitido, de geração
em geração, tem como fonte primeira a tradição oral, somente
depois documentada por escrito. Até episódios importantes na
vida dos povos, por vêzes, não conheceram historiadores con
temporâneos e a sua crônica nos chega recomposta posterior
mente por quem se louvou em documentos remanescentes ou no
testemunho da tradição popular.
Não é, pois, de estranhar a quase inexistência de literatura
sobre a devoção a Nossa Senhora da Penha de França. Disto
já nos dá notícia, em Sermão pregado em Lisboa, no ano de
1652, o celebrado Orador que foi Padre Antonio Vieira, cujas
palavras não se resumem, repetem-se: «como a matéria para
todos é tão grande e para mim, sobre tão grande, era tão nova:
para ter mais que por fama as notícias e documentos do que
havia de dizer deste famosíssimo santuário, pedi o livro de sua
história e dos seus milagres. E que vos parece que me respon
deríam? Esperava eu que me dissessem que eram tantos os vo
lumes, que faziam uma livraria inteira. Responderam que não
há livro. Não há livro da história e milagres de Nossa Senhora
da Penha de França? Pois seja essa matéria do sermão, já que
me não dão outra» (O Crisóstomo Português, pag. 171).
Assim, à falta de informações precisas, escapa-nos a pos
sibilidade de recompor algumas passagens e nos falecem os meios
de dirimir as controvérsias sobre a verdade histórica. Por isto,
não nos propomos um estudo profundo, mas apenas a divulga
ção da matéria por ventura respigada e coligida de algumas fontes.
O roteiro que nos traçamos abordará inicialmente as
origens da invocação na Europa e, a seguir, a propagação da
devoção em rincões do Brasil, para focalizar, enfim, a presença
de Nossa Senhora da Penha de França nesta sempre católica
e devotadamente mariana terra do Crato.
18 IT À Y T E R A
ORIGENS DA INVOCAÇÃO
PENHA D E FRAN ÇA, EM T E R R A S
D E ESPA N H A
No início do século oitavo,, as ordas muçulmanas de
Árabes, partindo da África, invadiram a Península Ibérica (711)
e aí desencadearam uma onda de perseguição religiosa que in
vestia contra os costumes cristãos. Se alguns se acomodavam
a uma vida mozarábica, contrariados em sua liberdade civil e
religiosa, muitos outros, levados pelo sôpro da fé e do patrio
tismo, fugiram para as montanhas, de armas na mão. Sob o co
mando de um grande herói que foi Pelágio, Duque de Cantá-
bria, ofereceram vigorosa resistência, na região das Astúrias, e,
estimulados pela miraculosa vitória conseguida numa gruta con
sagrada à Virgem Maria, prosseguiram na luta libertadora, que
se alongou pela Idade Média até que da Província fosse expul
so o último muçulmano.
Antes, porém, que os cristãos retomassem, com a vitó
ria de Granada (M92), o domínio político peninsular, os Mou
ros vindos da África, no século doze, haviam recrudescido a
perseguição aos cristãos, impondo-lhes o rigor de um duplo im
posto e a provação do fanatismo muçulmano. E, em sua fúria
inconoclausta, não poupavam nem templos nem imagens.
Pessoas piedosas, por isto, como quem defendia um te
souro valioso, procuravam esconder em lugares seguros e ocul
tos as imagens queridas e veneradas em seus lares e santuários.
Tal o que aconteceu na vizinhança de Ciudad Rodrigo,
situada na Província espanhola de Salamanca. Aí, nessa região
de Castela Velha, existe um alcantilado monte, isolado e muito
semelhante a uma penha, onde umas famílias francêsas se refu
giaram, ao tempo de terríveis devastações. Por causa disto, sem
dúvida, passou a ser conhecida por P en ha de F rança este mon
te, no qual ficou escondida a antiga imagem trazida pelos refu
giados.
Reza a tradição popular que Simão Rochão, recolhido
a um mosteiro da Ordem Franciscana, na aldeia francesa de
Le Puy, no Alto Loire, repetidas vêzes, foi avisado em sonhos
de que uma imagem de Nossa Senhora estava perdida numa
inóspita serra da Espanha. Em sua visão celestial, também uma
voz se ouvia a segredar: «Simão, vela: não durmas»... E, por
isto passando a atender por Simão Vela, segundo o testemunho
do Padre Colunga, em «Nuestra Senora de la Pena de Fran-
cia», fez-se peregrino e pervagou por longos cinco anos até que,
no dia 19 de maio de 1434, teve a graça de encontrar a mila
1T A Y T E R A 19
O U TR A V E R SÃ O : NOS C O N FIN S
DE FRAN ÇA
Corre, entretanto, outra versão sobre a origem da de
voção a N. S. da Penha, cuja aparição se teria feito nos con
fins da França com a Espanha, não pela invenção de uma ima
gem enterrada, mas com a visão mesma da Mãe de Deus. Eis
como o Diário de Pernambuco, no seu número de 3 de setem
bro de 1910, descreve o fato:
«Foi precisamente nas fraldas dos Pirineus, nas vizi
nhanças de Páu, às margens do Gave, sobre uma branca e es
carpada montanha, coberta de vegetação, que se deu a aparição
milagrosa, de que vamos falar.
Em época assás remota e desconhecida, encostado a
uma pedra, pastoreava seu rebanho o inocente peregrino Simão
Pedro, devotissimo de Maria, o qual se deixou inadvertidamente
vencer pelo sono importuno.
Um faminto crocodilo, saindo das margens verdejantes,
avançava rapidamente, de fauces abertas, em direção do pobre
pastor e estava prestes a tragá-lo, quando num instante apare
ce, librada nos ares, por entre miríades de Anjos, resplande
cente como a Aurora, Maria Santissima, que sustentando com
a mão esquerda o Menino Deus, empunhava com a direita o ce-
tro do seu poder formidável, em ato de intimar o feroz anfíbio
a recuar imediatamente deixando incólume o seu devoto Simão.»
De várias maneiras, esta crônica é retratada e confir
mada em Recife e nas regiões para as quais a devoção foi le
vada pelos Capuchinhos pernambucanos. Assim, a própria ima
gem venerada na atual Igreja da Penha, como aliás a grande
Imagem, recentemente colocada no Altar-Mor da Catedral do
Crato, afugenta o jacaré que ameaça o pastor Simão. Igualmen
te, um mosaico precioso colocado acima da porta principal da
Basílica, historia da mesma maneira a aparição, que, também,
está reproduzida em artística e valiosa tela, muito bem conser
vada no Hospício dos Capuchinhos, em Recife.
A intervenção da Virgem contra o crocodilo agressor,
como era natural, está presente nos devocionários destas zonas.
O Colóquio que se reza na tradicional Novena de N. S. da
Penha, divulgada pelos Missionários pernambucanos, põe nos
lábios do devoto as seguintes palavras:
«Amabilíssima e sempre Virgem Maria, Vós que das
alturas no Monte Eterno vos dignastes descer sobre os limites
da França, aparecendo qual refulgente Aurora nessa como sem
IT A Y T E R A 21
DIFUSÃO DA D EV O Ç Ã O
p r o d íg io s m u l t ip l ic a d o s
A notícia dos prodígios multiplicados em Penha de França
propalou-se rapidamente, difundindo-se principalmente pela Pe
nínsula Ibérica. Espanha e Portugal tornaram-se, naturalmente,
devotos de N. S. da Penha de França. Em muitas partes, re
corria-se com fervor à excelsa Protetora e, à força de tantas
súplicas, graças repetidas e extraordinárias se foram alcançando.
Assim, com a admiração e gratidão por novos prodígios, maior
entusiasmo se criava e crescia, suscitando consequentemente a
construção de ermidas, templos e santuários em honra da sobe
rana Rainha dos Céus, sob a grata invocação de Nossa Senhora
da Penha de França.
MILAGRE DE GUIMARÃES
Dentre os testemunhos eloquentes de que a Virgem aben
çoava esta devoção, transmite-nos a tradição popular o m ilagre
d r G uim arães, cidade antiga da Província do Minho, que pode
colher a glória de ser o berço de Afonso Henrique, primeiro
Rei de Portugal. Por volta do ano de 1470, um estremoso pai de
família saira com a esposa a trabalhar no campo, deixando sozi
nhas em casa as crianças pequeninas. Tomado de apreensões
invencíveis, assaltado pelo mêdo de algum desastre para os
filhinhos, rezou ardente e comovidamente a Nossa Senhora da
Penha, suplicando-lhe protegesse o seu Lar e trouxesse ao cora
ção aflito o conforto da tranquilidade. Nesse instante, respon
dendo à sua fervente oração, diz a lenda, apareceu a Senhora
da Penha, assegurando uma proteção para os filhos e conce
dendo-lhes uma benção carinhosa.
MILAGRE DE LISBÔA
Mais impressionante, teria sido o m ilagre de Lisboa- Nas
cercanias da Cidade, caçavam dois amigos, dos quais um chega
ra à iminência de um naufrágio, escapando apenas por lhe ter
o outro acodido, arrastando-o para fóra. Ao atingir a margem,
entretanto, viu o náufrago que uma matilha de lobos vorazes se
precipitava sobre o seu benfeitor. Um momento de suspense os
dominou a ambos, quando surpreendentemente surge o cão, fiel
companheiro da caça, e trava luta mortal com as feras enfai-
madas. Mas, vendo que logo sucumbiría o cão amigo nas garras
de tantos e terríveis inimigos, dobraram o joelho em terra e,
num grito confiante de socorro, clamaram por Nossa Senhora
da Penha. Pois, nesta hora angustiante, narra a crônica lendá-
IT A Y T E R A 25
A D EVO ÇÁ O NO BRASIL
A F É D O S C O N Q U IS T A D O R E S
Quando a brava gente lusitana se afoitou aos «mares
nunca dantes navegados», o fez tangida pelo sôpro do patriotis
mo e da fé. E onde quer que drapejava a Bandeira de Portugal,
aí era chantado o estandarte da Cruz. A fidelidade a Deus e
a seu Rei inspirou e assistiu aos valentes conquistadores e colo
nizadores portugueses, que, a despeito de alguns defeitos, pon-
tilharam os seus caminhos e as suas estâncias com a luz da
Civilização e do Cristianismo.
Natural, por isto, que entre os sentimentos nobres e
cristãos, transplantados da Pátria Lusitana às outras paragens,
carregassem a devoção cristianíssima à Santa Maria, Mãe de
Jesus. Sob as mais diversas invocações, a Santíssima Virgem
era cultuada pelos navegadores, sujeitos aos perigos do mar
desconhecido, como pelos colonos e nativos, expostos às incer
tezas de inimigos traiçoeiros. A corografia bem testemunha o
apreço e amor a Nossa Senhora, cujo Nome borda piedosamente
a orla do litoral brasileiro.
Ora, a devoção a Nossa Senhora da Penha de França,
ao tempo das descobertas, já estava sobejamente e amplamente
difundida no Reino. Nas horas de apuros, o grito de socorro
que de muitos nascia instintivamente era uma prece dirigida à
Protetora dos aflitos: «Valei-me, Nossa Senhora da Penha»! A
própria literatura refletiu esta crença e este costume. Razão
porque encontramos esta invocação na boca de alguns persona
gens de Bernado Guimarães, de Joaquim Manoel de Macedo e
de outros escritores. Até o nosso brasileiríssimo José de Alencar
arranca este brado do coração de alguns dos seus tipos que,
tão vivamente procuravam incarnar a vida.
V IL A V E L H A , NO E S P ÍR IT O SA N T O
A devoção à Senhora da Penha de França veio para o
Brasil com a mesma crença dos conquistadores.
O primeiro templo, contudo, dedicado a Maria, sob esta
invocação foi edificado na antiga Capitania do Espírito Santo.
No ano de 1558, aportavam em Vila Velha o Irmão leigo da
Ordem Franciscana Frei Pedro Palácios. Natural de Medina
do Rio Sêco, na Espanha, abandonara as honras da nobreza e
os prazeres do mundo e, tomando o burel de São Francisco,
abraçou as provações e privações do claustro, onde se devotou
edificamente ao culto da Mãe de Deus.
Chegando ao Brasil, o religioso se recolheu às alturas
28 IT A Y T E R A
ITAYTERA ■35
SÔ B R E O M A PA DO B R A SIL
Uma das notas características do sentimento religioso,
no Brasil, é, por sem dúvida, a devoção à bendita Mãe de
Deus. Ela está presente em todas as manifestações de nossa
Fé, acompanhando os fiéis em todas as idades e condições, ge
rando no coração do povo um devotamento filial que tem resis
tido a todas as investidas. Nem a ignorância e indiferentismo
religioso, nem os desatinos e desvios morais hão conseguido
amortecer o amor fervente que o povo brasileiro devota a Ma
ria Santíssima. Nas manifestações coletivas como nas atitudes
individuais, afirma-se o culto mariano e a confiança na proteção
de Nossa Senhora. Se as grandes Cidades conhecem o esplen
dor das pompas litúrgicas e das festas retumbantes, promovidas
em louvor a Ela, os campos humildes oferecem ainda a flora
ção magnífica da piedade marial, que povôa de imagens os san
tuários e matiza de estampas as paredes, conservando em muita
parte a poesia celeste do Oficio cantado pela madrugada ou do
terço recitado nas horas calmas da noite. Pode dizer-se que,
entre nós, a Virgem Maria tem um santuário em cada lar e em
cada coração, um altar.
Natural, portanto, encontrasse éco em várias partes a
invocação a Nossa Senhora da Penha. Em todo o território na
cional, a Senhora da Penha cativou os seus devotos, não sò-
36 ITA Y T E R A
I I
A PADROEIRA DO CRATO
A invocação e veneração de Nossa Senhora da Penha,
nesta bem histórica e sempre católica Cidade do Crato, nasceu
mesmo com ela, assistindo aos seus primeiros passos e guian
do-lhe a curva gloriosa na senda do progresso. Se o Crato foi
batizado por Frei Carlos Maria de Ferrara, Nossa Senhora da
Penha foi a madrinha carinhosa, que não cessou jamais de dis
pensar a todos a melhor pioteção como soberana Rainha.
NOS DO M ÍN IO S DA LENDA
O povo, em sua natural propensão para as coisas fan
tásticas a serviço de uma certa filosofia da história, assina uma
origem curiosa para a devoção e o culto de Nossa Senhora da
Penha, no Crato. Em linhas gerais, vamos coordenar e trans
mitir o que de mais interessante podemos colher a respeito, em
entrevistas com pessoas idosas e respeitáveis da região, que dão
reportagem das crenças populares ainda circulantes, num misto
de tradição e lenda. Se não c o n s e g u i m o s louvar-nos em
documentos escritos de quem tivesse o mérito de historiador,
assiste-nos, entretanto, o direito de invocar a nossa autoridade
de Pároco, a viver em meio ao seu rebanho, habilitado assim a
julgar da idoneidade moral dos informantes, cuja palavra faz fé.
Nem tudo merece ser registrado, pelo ridículo ou absurdo que
às vezes implica. Também, é evidente, o valor das informações
transmitidas se restringe ao fato de que dizem e nunca á vera
cidade do que dizem...
Fala-se que os índios Cariris, que habitavam esta zona
ubertosa, imaginavam se alongasse um enorme lençol dagua sob
a concha do Vale, dominado por uma grande baleia ou Ia ra ,
com metade em forma de peixe e outra, de mulher. Segundo a
crônica lendária, a terrível baleia, cuja «cama» fica no local
onde se ergue hoje o Altar-Mor da Sé Catedral, por vezes re
petidas, tentou provocar uma inundação fatal, em que submergería
todo o povoado. Tal não aconteceu por ter sido o perverso
monstro detido, em Itaytera (agua por entre as pedras), cauda-
losa nascente ao sopé do Araripe, que depois tomou o nome
popular Fonte do Batateiras. Em tais emergências, o Crato fôra
salvo pela intervenção poderosa do Céu, graças à proteção de
Nossa Senhora da Penha, ou de Frei Carlos, santo fundador
do lugar. Uma variante atribui o prodígio da providência mira
culosa a um Frei Fidelis que teria sido o mesmo S. Fidelis de
Sigmarinda a quem também foi dedicada a Capela, mas que,
30 IT A Y T E R A
A S IM A G E N S - U M A R E LÍQ U IA H ISTÓ R IC A
CONCLUSÃO
O que levamos aqui expendido é menos uma contribuição
para a história e sociologia do Cariri que uma homenagem sen
tida à excelsa Padroeira do Crato, de quem fomos investido, bem
que imerecidamente, era Pároco Pontifício. Após sete anos de
árduos trabalhos, no serviço do Senhor e em prol da causa de
Nossa Senhora da Penha, sentimo-nos feliz de poder tributar à ben
dita Mãe de Jesus mais este preito de amor. Respigando textos
dispersos, coletando informações esparsas, e reduzindo tudo ã
unidade de um plano, entendemos difundir um pouco mais as
glórias e grandezas de Nossa Senhora da Penha. Mais conheci
da, será Ela mais amada. E o louvor de Maria radundará sem
pre na maior glória de Deus e salvação das Almas.
A Nossa Senhora da Penha, portanto, a expressão do
nosso mais vivo devotamento.
Festa de Páscoa.
P ad re R ubens G on d im Lóssio
Cura da Catedral
FOMENTI AOTURISMO
J. Lindemberg de Aquino
Ano passado, quando lançamos pelas páginas vitoriosas
de Itaytera, o esquema geral do plano turístico do Cariri, jamais
pensávamos, sínceramente, que nossa modesta ideia pudesse
alcançar tamanha repercussão. Não dávamos para o Cariri de
hoje a mentalidade tão evoluída, capaz de absorver com espírito
e com curiosidade, os rápidos e bruxoleantes delineamentos de
uma ideia que tende a se corporificar dentro de mais alguns
anos. Mas tivemos em troca do nosso trabalho a compreensão
de muitos, a compreensão de quase todos, e, o mais confortante,
a palavra de estimulo de grande quantidade, que sentiu ser
perfeitamente normal o que pensávamos, perfeitamente possível
a realização paulatina dos nossos planos e das nossas idéias.
Na imprensa, figuras como o Dr. Quixadá Felicio, Dr. j. de
Figueiredo Filho, Bruno de Menezes, José Jeser de Oliveira e
outros, nos apoiaram e nos incentivaram, impulsionando a má
quina do nosso entusiasmo e dando-nos o toque de clarim para
o despertar de novos artigos sobre a mesma matéria. E se
voltamos ao assunto, com bases, hoje, mais firmes, o fazemos
certos de que o Cariri se constitui, em potencial, uma das mais
ricas e mais promissoras zonas onde se poderá implantar um
plano de aproveitamento turístico, no Nordeste do país.
Mas antes de examinarmos o Cariri, propriamente, veja
mos o resultado do turismo organizado, e racionalmente explo
rado. Supomos que todos sabem que o turismo é hoje uma das
maiores fontes de renda do mundo. Paises há que vivem exclu
sivamente do turismo, como Mônaco e San Marino, duas
nações pequeninas, menores mesmo do que muitos municípios
brasileiros, mas que teem rendas nacionais de causar inveja a
muitas Nações. O turismo, hoje compreendido, explorado e or
ganizado em muitas Nações, pesa fortemente na balança das
rendas nacionais, e as atrações turísticas, constantemente repara
das, melhoradas e assistidas, são objetos de cuidado extremo
dos seus governos. Num dos mais recentes números que publi
cou, a vitoriosa revista PN (Publicade & Negócios), que pode
80 ITA Y T E R A
B I B L I O T E C A DO IN S T IT U T O - A Biblioteca do
I. C. C. já atingiu a cifra de mil volumes, afora os folhetos e
coleções de jornais. Recebemos remessas regulares de livros do
Instituto Nacional do Livro, da Reitoria da Universidade da
Bahia, da Imprensa Universitária do Ceará, Biblioteca do Exer
cito e do Instituto Oeste Potiguar, de Mossoró. Bruno de M e
nezes, diretor da Fenixgráfica, no Rio, é o particular que mais
nos oferta livros, de variadas especies, chegando-nos remessa
regular por via postal, quase todos os mêses.
C O N T R A S T E S E SE M E L H A N Ç A S. Boonerges
Facó, dos bons cronistas do Ceará, lançou em 1958,
pela Imprensa Universitária do Ceará: O livro «Con
trastes e Semelhanças.»
Estude sempre, à luz de crítica sincera, bem
comentada e demonstrando farta cultura geral, duas perso
nalidades da literatura e da historia, ou acontecimento
que influiram na evolução do mundo.
A leitura ilustra - nos e deleita-nos ao m e s m o
tempo.
IT A Y T E R A 109
N O V O GOVÊRNO DA REPÚBLICA
Desde o dia 31 de Janeiro, que o Brasil tem novo pre
sidente, eleito a 3 de Outubro de 1960, em movimento pleito.
Trata-se de Janio da Silva Quadros que teve expressiva maio
ria nas urnas, prova de que o povo ansiava mudar os partidos
que nos governavam ha vários anos, com o emprêgo apenas da
maior arma das democracias—o voto livre. As esperanças vol
tam-se, portanto, para o ilustre estadista que já dirigiu S. Paulo,
com o máximo aprumo. O Brasil já não suporta novas decepções,
pois enorme é sofrimento que o castiga, notadamente na media
e na classe pobre. Temos problemas vitais a serem soluciona
dos, principalmente neste Nordeste, tão angustiado pela incerteza
do clima.
C O M EM O RA D O O C E N T EN Á R IO DE JO SÉ M A R-
TIN IA N O D E ALENCAR E DO C O N D E D E A FO N SO
C E L S O — De acordo com o programa de veneração aos grandes
vultos do Brasil, ou mesmo internacional, o I. C. C. comemorou,
em sessão de 8 de Abril de 1960, os centenários, ocorridos no
ano, de José Martiniano de Alencar e do Conde de Afonso
Celso. O primeiro teve papel decisivo nas lutas de 1817, em
Crato e foi dos maiores estadistas que o Ceará ja possuiu. É
filho do Cariri. O outro é escritor primoroso, de renome nacio
nal, tendo se dedicado à historia e ao culto da pátria que ama
va acima de tudo, a ponto de c-olocá-la em lugar preponderante
no seio das outras nações.
Foi êle, com seu espirito de nacionalismo verdadeiro,
tendo raises no Brasil, quem escreveu «PO R Q U E M E U FA N O
D E M EU PAÍS».
IN T E L E C T U A IS C R A T E N S E S V IS IT A M A T E R R A
N A TA L. Durante o mês de Janeiro, estiveram, nesta cidade, em
visita a parentes e amigos, os conhecidos intelectuais conterrâ
neos— Prof. José Denizard Macêdo de Alcântara, nosso colabo
rador e seu irmão Nertan Macêdo de Alcântara, atual diretor
comercial do veterano orgão carioca—«JORNAL DO C O M E R
CIO.» O último lançou, pela editora L EIT U R A , o livro recorde
de livraria—R O SÁ RIO , R IF L E E PUNHAL, recebido com os
unânimes aplausos da crítica nacional. Os dois ilustres visitantes
são vultos que honram, acima de tudo, a cultura cratense, por
aí a fora.
Correção de Eqiívocos
A. A.
O opúsculo recentemente publicado pelo dr. Paulo Elpidio
de Menezes, sob o titulo «O CRATO DE MEU TEMPO»,
contém equívocos, no capitulo «O Lameiro de «Seu» Nelson»,
que reclamam a devida correção.
Consta do trabalho em aprêço, a fls. 51/52, que o sítio
Lameiro pertenceu a Manoel do Monte Alencar, casado com
Laurentina Lima Verde, que, com filhos, o vendeu, em 1887, por
três contos e quinhentos mil reis, a Nelson da Franca Alencar.
Ha duplo engano, em tal afirmativa, pois, nem o Lameiro
foi adquirido por essa soma, nem ha notícia de que haja feito
parte do patrimônio do precitado casal, de cuja existência não
ha noticia nos fastos da historia da terra.
Com o nome de Manoel de Monte Furtado atendia o
avô materno de Nelson da Franca Alencar, o proverbial senhor
da mansão do Lameiro, cujo nome o Crato inteiro ainda hoje
evoca com o maior respeito e simpatia.
Tratava-se de opulento proprietário das fazendas Con
dado e Marçal, no município de Pio Nono, no Estado do Piaui,
onde residia.
Seu filho, José de Monte Furtado, dono dos terrenos
do Pisa, suburbios da cidade, outrora, nela se fixou por alguns
anos, transferindo-se, depois, para o sitio Cachoeira, em Missão
Velha, onde faleceu.
Nem um, nem outro—pai e filho—pertencia à famlia
Alencar, a que se vinculou a mãe de Nelson, Maria Leopoldina
de Monte, em virtude de casamento com Francisco Leão da
Franca Alencar.
Foi este, realmente, o proprietário do Lameiro, falecido
a 12 de junho de 1881, ano em que se realizaram o inventário
e partilha de seus bens, entre os quais está relacionado o sitio
Lameiro, assim descrito:
«Um sítio de terras denominado LAMEIRO, neste termo,
com uma casa de moradia de tijolo e telhas, mais duas ditas
pequeninas de taipa cobertas de telha, quatro de taipa, cobertas
de palhas, um engenho de ferro em maú estado, com seus uten
sílios e mais benfeitorias, avaliado por seis contos e quinhentos
mil reis».
112 1TAYTERA
Em 4 de novembro de 1960.
Sr. Presidente:
À Sua Senhoria
o Senhor Doutor José de Figueirêdo Filho.
Mui Digno Presidente do Instituto Cultural do Cariri
Crato — Ceará
Tenho a satisfação de comunicar a Vossa Senhoria que
em Assembléia Geral de Acionistas verificada no dia 28 de
outubro próximo passado, foi constituída a Companhia de Ele
tricidade do Cariri—CELCA, ficando sediada na Praça Almi
rante Alexandrino, 252, nesta cidade.
Comunico também que por deliberação da Diretoria fui
designado Superintendente, tendo assumido essa função na data
acima, perante e Gen. Carlos Berenhauser Júnior, Diretor e
substituto do Presidente da CELCA.
Esperando receber a colaboração de Vossa Senhoria no
sentido de desincubir-me da missão que me foi confiada, apre
sento-lhe os meus protestos de estima e apreço.
Companhia de Eletricidade do Cariri
Nicodemus Lopes Pereira
Superintendente
Antonio de Alencar Araripe
Comemora se este ano o centenário do falecimento de
José Martiniano de Alencar, o Senador, ocorrido, em virtude de
febre de mau carater, no Rio de Janeiro, bairro de São Cristo-
vam, chacara Maruí, onde residia, ás 4 e meia horas da manhã
do dia 15 de março de 1960.
Sepultou-se ás 5 e meia horas da tarde do mésmo dia
no cemiterio do Caju, onde seu túmulo tem o número 298, com
a simples inscrição: O Senador José Martiniano de Alencar —15
de março de 1960».
Nasceu a 16/10/1.794 no brejo da Salamanca, então
pertencente ao município de Crato, sendo seus pais o português
José Gonçalves dos Santos e a heroina Barbara Pereira de Alen
car; Crismou-o, em 1.806, o visitador Padre José Pereira de
Castro, sendo padrinho o padre Miguel Carlos da Silva Saldanha.
Estudou no Seminário de Olinda, mas ordenou-se no
Maranhão quando, em 1829, estava eleito Deputado à Assem
bléia Geral, não o fazendo naquela Diocese porque a mesma
durante anos esteve vacante.
Diacono estudante, ao irromper a revolução de 1817, da
mêsma participou com entusiasmo, na qualidade de membro da
associação politica Academia do Paraizo, inspirada pelo sabio
naturalista e pioneiro do movimento, Arruda Camara, cuja carta-
testamento recomenda «todo o cuidado no adiantamento de José
Martiniano de Alencar», e que «Dona BARBARA, do Crato,
devem olha-la como heroina?-
As inspirações de seu patriotismo conduziram-no ao
Crato, afim de promover o levante das respectivas populações
contra o jugo português dominante, o que realmente fez, ao pro'
clamar a Republica em frente á igreja matriz daquela cidade,
no dia 3 de maio do dito ano.
Malograda a revolução, foi preso com sua mãe, irmãos
e amigos, todos conduzidos sob algemas e correntes de ferro ao
pescoço, para a Fortaleza, de onde prosseguiram com destino
aos cárceres de Pernambuco e Bahia.
Os anos de prisão, que se prolongaram até 1.821, quan
do regressaram ao Crato, via Aracati e Icó (ali, em tal oportu*
314 1TAYTERÁ
R E V IS T A FIL O SÓ FIC A DO N O R D E S T E —
Incontestavelmente o Ceará vem cada vez mais ocupando
lugar de destaque no cenário da inteligência brasileira.
É foco de irradiação de livros e publicações, ameaçando
ultrapassar a tradicional Recife. Uma das provas dessa
evolução do pensamento cearense está na R E V IS T A
F IL O SÓ FIC A DO N O R D E S T E . É dirigida por grupo
de pensadores de primeira linha: Paulo Benevides, Moa-
cir Teixeira de Aguiar e José Teixeira de Freitas.
E ST U D O S DE FOLC LO RE C E A R E N S E . A I M.
P R E N S A U N I V E R S I T Á R I A no afan de divulgar
as pequeisas feitas por estudiosos na terra cearense, lançou à
publicidade E ST U D O S DE FO LC LO RE C EA REN SE, de auto-
ria do escritor cearense, pesquisador de mérito—Eduardo Campos.
É jornalista da primeira plana, dirigindo os DIÁRIOS A SSO
CIADOS, de Fortaleza. No meio de múltiplos afazeres tem tempo
de escrever bons estudos de folclore que o tornaram conhecido
em todo o país e no estrangeiro. É presentemente dos bons
folcloristas do Brasil.
B O L E T IM U N IV E R S ID A D E DO CEA RÁ -
Recebemos, com regularidade, o B O L E T IM U N IV E R
SID A D E DO CEA R Á . Através dele, comprovamos o
movimento daquela instituição, em tão boa hora confia
da ao Magnífico Reitor Antônio Martins Filho que tanto
tem elevado o nome da terra cearense, por aí afora. É
publicação em forma de revista e de carater informativo.
ASPECTO POLÍTICO E ECONÔMICO
Francisco Givaldo Peixoto de Carvalho
DESPERTANDO
Vinha vindo,
Marchando a esmo,
Alheio a mim mesmo,
O coração enfermo, as dores não mais sentindo,
Ao destino indiferente,
O espírito em letargia,
De tudo já descrente,
.— Quando, uma alma nobre e santa,
Vendo-me que sofria,
Estendeu-me o seu manto de bondade,
E, com a pureza de um olhar que encanta,
E um riso sem maldade,
Fez-me crer — que Deus existia 1
Que devia viver e sonhar !
Desde então,
Da letargia despertando,
Com a alma vibrando,
Passei a viver sonhando...
Com a alma de ilusão a transbordar !
JOÃO DANTAS (Monteiro)
Campina Grande, 19/IX/1959
C O N C LU SÕ ES
1 — A contribuição da Oftalmologia na planificação dos paises
tropicais é importante; há, nesses paises, a endemia do tracoma,
atingindo quatrocentos milhões de pessoas;
2 — Considerando o avanço tecnológico da Oftalmologia nos
tempos modernos, e, também a diversidade de escolas e métodos
de tratamento do tracoma e outras doenças transmissíveis dos
olhos, é da maior conveniência que a Organização M u n dial áe
S aú d e estude, como primeira etapa, a possibilidade do financia
mento do intercâmbio científico, consubstanciado no estágio
recíproco de assistentes com formação oftalmológica completa ou
chefes de serviço, de umas em outras clínicas oftalmológicas,
situadas nas zonas inter-tropicais;
140 IT A Y T E R A
O SENHOR MORTO
(Tema de uma sexta-feira-da-paixão)
Sexta-Feira-Santa. Passa o Senhor Morto.
Pelas ruas claras, passa o Senhor Morto.
Vai nos ombros curvos dos senhores graves.
Vai nos olhos fundos das mãezinhas doces.
Passam passos calmos, passam passos leves,
Criancinhas tristes quase o chão não tocam.
Passa o Senhor Morto, pelas ruas claras.
Sexta-Feira-Santa. Tarde endolorida,
de almas volitantes, corações sangrando,
mãos em concha, orando, faces em silêncio.
Passa o Senhor Morto, pelas ruas claras.
Pobre Mãe aflita, vai atrás Maria,
coração à amostra, lágrimas de sangue,
rôxo véu pendido, mãos enregeladas,
pobre Mãe aflita, vai atrás Maria.
Sexta-Feira-Santa. Passa o Senhor Morto
Meu Senhor da Angústia, meu Senhor do Esquife,
dá-me a luz bendita dos Teus Olhos baços,
dá-me o fôgo vivo de Tuas Mãos geladas,
dá-me a sinfonia dos Teus olhos mudos.
Virgem Dolorosa, Mãe do Senhor Morto,
leva-me ao Calvário, onde o céu se abriu,
leva-me ao Sepulcro, donde a vida exsurge,
põe sôbre os meus olhos os Teus Olhos tristes.
Mãe do Senhor Morto, Virgem Dolorosa,
mata-me de amor.
144__________________I T A Y T E ' R A
II
P E S C A R I A
III
S A V E I R O S
IV
NOTURNO PENINSULAR
E as luzes tremeluzentes
alongando-se, alongadas?
— São luzes de Plataforma, ( 1)
são luzes sacrifificadas.
Passam, remando em surdina,
barquinhos de pescadores.
— Jogai as rêdes a jeito,
Pescai os peixes em flor,
Meu coração vai às ondas.
Meu coração vai ao mar.
Meu coração adormece
em noite peninsular...
V
S Ã O J O Ã O
P A D R E A N T O N IO V IE IR A E S C R E V E U M
L IV R O . O Cronista do «O P O V O » — Pe. Antônio
V ieira, vigário do Icó e dos mais apreciados jornalistas
cearenses, do presente, está escrevendo livro sôbre o
companheiro inseparável do rurícola nordestino — o ju
mento. A fim de fazer obra, a mais completa possível,
dirigiu carta-circular a diversas pessoas e entidades cul
turais do Ceará, pedindo dados ligados ao importante
assunto que escolheu. Fazemos apelo aos leitores de
I T A Y T E R A para que dêem a sua cooperação ao es
critor Padre Antonio V ieira, contando-lhe algum fato,
ligado ao jerico nordestino.
jornada FsiiBi
Luiz Sampson
Na cidade dura e estéril
inútil interrogar-me,
que agora é tarde para recompor
angústias e alegrias de ontem
e a verdadeira paisagem
consumiu-se para sempre.
Impõe-se a obrigação de perder
a noção de coisas e sêres antigos.
A memória morrerá com os sentimentos
e ignorarei árvores, bois,
canaviais, rios e terra.
Separem-se os dois mundos (dois pelo menos)
que todos conduzimos no peito e na carne.
Agora é seguir, como se tudo o que me cerca
fôsse um convívio dileto.
A cara (algumas rugas) soltará seu riso,
não muito claro, mas convincente.
Embora pesadas, as pernas me levarão
não importa aonde.
Decerto pensarão
que eu guio um destino certo
e penetro caminhos ricos e insuspeitados.
Enxugo o suor da testa e vou seguindo,
como se a vida estivesse à minha espera.
Adeus, sêres e coisas de antigamente!
A partir de hoje é proibido recordar.
Caminho, e sou um homem falso, triste e só
sôbre o asfalto.
Á finalidade do lí Seminário
O II Seminário Anual dos Professores universitários,
realizado êste ano, teve a finalidade precípua de elaborar e dis
cutir um plano de trabalho para as atividades universitárias,
dentro do período de 1961 a 1966, tendo surgido das discussões
em tôrno dêsse planejamento novas diretrizes para a Universi
dade do Ceará, tendentes a disciplinarem todas as suas realiza
ções, em proveito de suas unidades escolares, seus departamentos
e Institutos.
A redação final do documento que encerra todos os
aspectos básicos do planejamanto para seis anos, ou do plano
sexenal, demonstra, em todas as suas linhas, a importância da
sua elaboração, constituindo-se então o vade-mecuvi para todos
Outros Conferencistas
Levando muito além o seu plano cultural dêste ano, a
Universidade do Cearã procurou trazer à Fortaleza outros con
ferencistas, dêles até de renome internacional, sendo dignos de
destaque os seguintes : Prof. Renzo Piccinini, do Instituto de
Matemática Pura e Aplicada, do Conselho Nacional de Pesqui
sas; Dr, José Smith Braz, Diretor do Serviço de Economia Rural,
do Ministério da Agricultura; Jean Binon, Conselheiro Cultural
da Embaixada Francêsa no Brasil; Philippe Greffet, Secretário
Geral das Associações de Cultura Francêsa do Brasil; Herman
Goergen, deputado federal alemão; Marechal Juarez Távora,
Djacir Menezes e, por último, Jean Paul Sartre, cognominado
de «papa do existencialismo».
Curso de Arte Dramática
Preocupada com o ensino artístico em nosso meio, a
Universidade do Ceará instalou, êste ano, o seu curso de Arte
Dramática, em combinação com a Campanha Nacional do Tea
tro, do Ministério da Educação e Cultura. Destinado não somen
te aos estudantes universitários, como a todos aqueles que se
interessam pela arte teatral, referido Curso vem obedecendo à
orientação do teatrólogo B. de Paiva, que já deu sobejas amos
tras do seu talento, oferecendo ao nosso público, em tempo re
corde, apresentações como o «Auto da Compadecida», de Aria
no Suassuna, e «Boa Noite... Dr. Schweitzer», afora a sua par
ticipação em «Esquina Perigosa», peça levada à cena pelo Tea
tro Escola do Ceará.
Panorama Geral
Num plano geral, a Universidade do Ceará tem demons
trado ser uma das mais dinâmicas entidades públicas com ação
no território cearense, sendo responsável pela nova fase que
atravessamos, notadamente nos setores do ensino pedagógico, da
ciência, da tecnologia, da arte e da cultura em seu mais amplo
sentido. Por outro lado, o seu plano de obras vale como um
testemunho eloquente dêsse femenômeno de renovação, pois é
nêsse âmbito da nossa instituição universitária que vamos encon
trar realizações como o Hospital das Clínicas, a Concha Acús
tica e Auditório Martins Filho, o imponente edifício anexo à
Faculdade de Direito, as recentes edificações levadas a cabo na
Escola de Agronomia e, em fase de construção, o Gymnasium
Universitário, a séde definitiva da Imprensa Universitária, afora
inúmeras outras obras em andamento no seio da Universidade.
Ressalte-se, todavia, o espírito de luta e de trabalho do
ITAYTERA 157
TROVAS
J O S É A L V ES D E F IG U E IR E D O
Quando os teus olhos não vejo,
Quando me fogem teus olhos,
Minha alegria se oculta
Na tristeza, nos refolhos.
A tua face é corada
Quase passando à vermelha,
Parece rubra papoula
Exposta aos beijos da abelha,
O riso meigo que esboça
O lábio teu de coral,
Tem certo quê que dá vida
Tem certo fluido letal.
Quando sorrindo tu fazes
Duas covinhas no rosto,
Por não enchê-las de beijos
Fico a morrer de desgosto.
Esse perfume que exala
A negra trança que tens,
É mais suave que o cheiro
De cravos, lirios, cecens.
A tua cutis mimosa
De aveludado sutil,
Tem o corado da rosa
Aberta em manhã de Abril.
158 ITA Y T E R A
O Q U E O MARIDO ESPERA DA E SP O S A -O p ú s-
culo escrito pelo Prof. José Newton Alves de Sousa e editado
pela IM PREN SA LO RETO, de Salvador. Está prefaciado tam
bém por outra pena brilhante e autoridade em assuntos de famí
lia—Monsenhor Pedro Rocha de Oliveira. O Autor faz estudo
sucinto dos deveres matrimoniais, em linguagem agradável, com
seu estilo simples e empolgante e todo bebido à luz da doutrina
segura da Igreja. Apesar dos conceitos sérios emitidos e dignos
de reflexão do leitor, seu estilo é poético, por demais ameno. Há
parte, do encantador livrinho, escrito em versos. Vejamos AL
VORADA a página 36:
Após a noite de angústia,
Surgiu a luz do Levante,
Tôda a incerteza ferina
tornou-se em calma envolvente.
Tôda a fração em procura
se completou no mistério.
A dor da espera floriu.
Os corações se aninharam,
Sôbre as mãos esponsalícias,
a benção desceu fecunda.
E se éramos dois ainda há pouco,
somos, agora, só um.
NOM
E VULGAR SOI CIENTIFICO FAMÍLIA
Cafistula (Canafistu- Cassia, diversas es- Caesalpiniaceas
ia) pecies
Carrancudo Maytenus obtusifoli- Colastráceas
us, Mart
Cipaúba Thiloa glaucocarpa, Combretáceas
Eichl
Imbirida assú Colubrina cordifolia, Ramnáceas
Reiss
João Vermelho Colubrina spoc Ramnáceas
Craíba Simaruba versicolor, Simarubáceas
St. Hil
Açoita Cavalos Luhea divaricata, Tiliáceas
Mart. et Suc
Páu Lacre Vismia guyanesis Gutíferas
Páu Lacre Vismia Martiniana, Gutíferas
Reich
182 IT A Y T E R A
N o m e v u lg a r N o m e c i e n t íf i c o F a m ília
Imbiriba Caiearia deníata, Flacourtiãceas
Eich
Imbiriba preta Piparea spec, Benth Flacourtiáceas
Cravo de Urubú Parophyllum ruderale, Compostas
Cass.
Maniçoba Maninhot trifoliata, Euforbiáceas
Ule
Maniçoba (outra) Maninhot microdon- Euforbiáceas
dron, Ule
Velame Croton glandulosum,
L. var hirtus (L. He- Euforbiáceas
rit) Muell. Arg.
Velame Croton Kletschii, Mu Euforbiáceas
ell. Arg.
Velame Croton lobarus, L Euforbiáceas
Velame Croton tenuifelius.Pax Euforbiáceas
et K. Hoffmann
Velame Croton Luetzelburgii, Euforbiáceas
Pax et K. Hoffmann
Velame C r o t o n acradenius, Euforbiáceas
Pax et K. Hoffmann
Velame Croton lobaut, L. var Euforbiáceas
genuinus Muell. Arg.
Sambaíba Curatella americana Dileniáceas
Carrancudo Erythroxylum testa- Eritrosiláceas
ceum, Peyrich
Romã Lafoeisia replicata,
Polh. Lafoensia pacari, Litráceas
St. Hil
Gitó Guarea spec Meliáceas
Orelha de onça Cissampelos ovalfolia Menispermáceas
DC.
Barbatimão Stryphnodendron ro- Mimosáceas
tumdifolium, Mart
Visgueiro Parkia platycophala Mimosáceas
T amboril, Tambaúba Enterobulium Timba- Mimosáceas
úva, Mart.
Páu amarelo Piptadenia spec Mimosáceas
Carrancudo Piptadenia minilifor- Mimosáceas
mis, Benth
Cajuizinho Ouratea parvifolia (St. Ocnáceas
Hil) Engl
Ameixa Ximenia americana, L. Oláceas
ITAYTERA 185
(D
A parte principal desses apontamentos genealógicos cons
ta. de apontamentos deixados por meu tio-avó, Conselheiro Tris
tão de Alencar Araripe, neto da heroina Barbara, jurisconsulto,
parlamentar, presidente dos Estados do R. G. do Sul e do Parã,
Ministro da Justiça e da Fazenda, no governo de Deodoro da
Fonseca, e do Supremo Tribunal Federal, em que se aposentou.
( 2)
Também era neto de Barbara de Oliveira, Francisco
Leão da Franca Alencar, falecido a 12/6/1881, c. Com Maria
194 ITA Y T E R A
(7)
A escritora Rachel de Queiroz pertence à familia Alen
car, por duplo laço de origem. Sua mãe Clotides, é filha de
Rufino Franklim de Lima, neta de Cicero Franklim de Lima, e
bisneta de João Franklim de Lima e Maria Brasilina de Alencar.
Como Cicero Franklim casou-se com Maria de Macedo Lima,
filha de Maria Dorgival de Alencar Araripe, mulher de Joaquim
de Macedo Pimentel, segue se que Rachel é tetraneta de João
Franklim e quarta-neta de Tristão Gonçalves.
Descende de dois filhes da heroina Barbara, sua quinta-
avó; Leonel e Tristão.
( 8)
Argentina nasceu em São José da Muritiba, do municí
pio de Cachoeira, da Bahia, onde seu pai estava refugiado, de
vido aos sucessos políticos de 1817. Casou-se com Tristão a
1 2 - 6 —1847. Entre os filhos do casal, encontra-se o escritor
e jurista Araripe Junior.
(9)
Cicero Franklim nasceu a 16/12/1832. João Brigido, em
artigo inserto no UNITÁRIO de 2 de janeiro de 1.908, noticia
seu falecimento referindo que, por bravura, voltou do Paraguai;
como Alferes do Exercito que pertencia a «duas grandes e po
derosas famílias do sul do Ceará»; que era otimo engenheiro
mecânico e exerceu muitos cargos de eleição e nomeação.
Conclui afirmando ser «um homem muito de bem: viveu
e morreu em paz com sua consciência». Deixou interessantíssimos
« A p o n t a m e n t o s Biográficos», a que brevemente darei
publicidade.
10
Neutel é filho de Tristão Gonçalves e casou-se tres
vezes: a la. com Umbelina de Lima Sucupira, a 2a. com Leo-
poldina de Lima Sucupira, e a 3a. com Euclides. Do I o casamento
procede Matildes Umbelina de Araripe Sucupira, professora
publica, que meu pai, Otaviano Cicero de Alencar Araripe, des-
posou em primeiras núpcias; do 2° nomeiam-se; entre os descen
196 IT A Y T E R A
GADOABAliDOPARA0 CONSUMOPÚBLICO:
P O P U LA Ç Ã O :
(1960)
Situação - Recenseam ento 1950 - Recenseam ento 1960
Cidade. . 15.470 27.649 Espécie — Quantidade
Vilas . . 1.312 1.659 Reses . . . . 6.569
Zona rural 29.626 30.156 Suinos . . . . 4.913
Ovinos . . . . 651
T o t a l . 46.408 59.464
Caprinos . . . 1.478
± 2 sr^ zc^
Foram Müítiplas as Atividades do Instituto
Cultural do Cariri, nos Últimos Meses
Pag. 3
Mitos e Realidades
Pe. Antonío Gomes de Araújo « 7
Nossa Senhora da Penha de França
Pe. Rubens Lóssio « 17
Congresso Pioneiro
Duarte Junior « 69
Fomento ao Turismo no Cariri
J. Lindemberg de Aquino « 79
0 Padre Vicente Soter
Celso Gomes de Matos « 83
Padre Mestre Ibiapina
Mons. Silvano de Souza « 89
Correção de Equívocos
A. A. « 111
Senador Alencar
Antônio de Alencar Araripe « 113
Da Significação de Brasília
Fco. Givaldo Peixoto de Carvalho « 117
D. Vicente, Escolhido Terceiro Bispo de Crato
J. de Figueiredo Filho « 123
Em que Pese o Estigm a... Êles Construiram
e Conservaram Imperecivel Monumento
Cel. Raimundo Teles Pinheiro « 126
O Nordeste e o Oriente Médio
Hermínio Conde « 129
Minha Bandeja é Fria
Quixadá Felicio « 141
Poemas
José Newton Alves de Sousa « 143
O Sentimento Nativista e a Independencia
Jurandy Temoteo « 147
IT A Y T E R A 204
Jornada Final
Luiz Sampson Pag. 150
A Universidade Que Mais Cresce no Brasil
F. S. Nascimento « 151
Trovas
José Alves de Figueiredo « 157
Um Túmulo Que Se Abre Sobre a História
Joaquim Pimenta « 161
Encaste de Duas Pérolas
José de Morais Holanda « 169
Engenhos de Rapadura do Cariri
Mauro Mota « 171
Fato Inédito na Vida Política do Cariri
Otacilio Anselmo « 175
Nomes de Algumas Arvores nos Taboleiros
e na Serra do Araripe
Hermógenes Martnis « 181
A Família do Pau-Scco
Alencar Araripe « 190
Ana Triste
(Transcrição) « 197
Municipio Padrão
Antônio C. Coelho « 201
Composta e impressa
na
Tip og rafia de « I liç ã o »
__________
M
M
m
M
M
M
m
m
M
M
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IHCfi oo C a r ir
P raça Siq u eira Cam pos, N. 2
M
r>£^
agrícolas, — financiamentos de entre-safra