Interpretao e Produo de Textos

Introduo
Esta disciplina visa promover a leitura, interpretao e conhecimento de textos diversos, discusso sobre temas da atualidade e as diferentes linguagens, os estilos e gneros discursivos, para ampliar o universo cultural do aluno e elevar a qualidade de sua produo textual.

Contedo programtico
1. conscientizao da importncia da leitura como fonte de conhecimento e participao na sociedade; 2. as diferentes linguagens: verbal, no verbal; formal e informal; 3. noes de texto: unidade de sentido; 4. textos orais e escritos; 5. estilos e gneros discursivos: jornalstico, cientfico, tcnico, literrio, publicitrio entre outros; 6. interpretao de textos diversos e de assuntos da atualidade; 7. Qualidades do texto: coerncia, coeso, clareza, conciso e correo gramatical; 8. complemento gramatical; 9. produo de textos diversos.

Bibliografia do curso1 Bsica

FARACO,C.A.; TEZZA, C.Prtica de texto para estudantes universitrios. RJ: Vozes, 2008. FIORIN, J.L.; PLATO, F. Lies de texto: leitura e redao. S. P.: tica, 2006. KOCH, I.V.; ELIAS, V.M. Ler e compreender: os sentidos do texto. S.P.: Contexto, 2007

Complementar
BLIKSTEIN, Izidoro. Tcnicas de comunicao escrita. So Paulo: tica, 2006. TRAVAGLIA, Luiz e KOCH, Ingedore. A coerncia textual. So Paulo: Contexto, 2008.
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1. Conscientizao da importncia da LEITURA como fonte de conhecimento e participao na sociedade.

TEXTO 1: FREIRE, Paulo. A importncia do ato de ler. In: ABREU, M. (Org.) Leituras no Brasil: antologia comemorativa do 10. COLE. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1995, pg. 29 46. TEXTO 2:

Leitura como fonte de conhecimento e prazer

O hbito da leitura essencial para a compreenso de todas as outras disciplinas. Seja o enunciado de um problema de fsica, de qumica, de matemtica e outras. preciso ser capaz de ler e compreender o significado da leitura para us-la no dia-a-dia. Alm disso, a leitura tem uma funo social: a pessoa s se sentir leitor se for capaz de se apropriar do que leu, ou seja, transformar as informaes em conhecimento.
1

Alm desta bibliografia e do contedo desta apostila, outros textos sero ser utilizados em aula.

O aluno com hbito da leitura tem maior capacidade de argumentao, de produo de textos; possui um vocabulrio vasto e sofisticado e, tambm, questiona os fatos e acontecimentos do dia-a-dia. A capacidade de ler e interpretar textos em mltiplas linguagens formal, jornalstica, publicitria, etc. fundamental. Sem ela torna-se mais difcil ter acesso s informaes e, principalmente, estabelecer relaes entre aquelas que j esto ao nosso alcance. Entre os leitores assduos (os famosos devoradores de livros) existe uma srie de caractersticas que os diferenciam das outras pessoas: so mais criativos, curiosos, crticos, possuem um grande poder de concentrao, escrevem bem com clareza e organizao das idias e, conseqentemente, tambm falam muito bem. Se observarmos essas caractersticas, veremos que elas so primordiais para um profissional de sucesso. Por isso, importante que as crianas e os adolescentes tenham o hbito da leitura desde cedo. Aprender a ler no s uma das maiores experincias da vida escolar. uma vivncia nica para todo ser humano. Ao dominar a leitura abrimos a possibilidade de adquirir conhecimentos, desenvolver raciocnios, participar ativamente da vida social, alargar a viso de mundo, do outro e de si mesmo. Ler interagir O ato de ler no se d linearmente, como um processo contnuo, tranqilo e sem interrupes. Ao contrrio. uma operao mental complexa marcada por tenses, porque envolve ativamente a pessoa. "Ler no fcil, exige esforo mental e fsico. E, como tudo que d trabalho, muitas vezes tendemos a abandonar" (Helosa Cerri Ramos, consultora de Lngua Portuguesa). Quem l est em contato com quem escreveu o texto, com as idias de uma ou de vrias pessoas. E recorre s prprias idias para conferir o que conhece sobre um assunto, para criticar ou concordar com o autor. Portanto, a leitura s desperta interesse quando interage com o leitor, quando faz sentido e traz conceitos que se articulam com as informaes que j se tem. Para entender o que se l, preciso:

Conhecer a lngua. Ter um objetivo. Ter experincias ou conhecimentos prvios sobre o assunto do texto.
Dialogar com o texto Durante a leitura, captamos informaes pela aparncia (tamanho do texto ou livro), a existncia ou no de fotos e ilustraes, o tamanho e sua disposio no papel. Sem falar, claro, no ttulo do texto e no que j sabemos sobre o autor. o primeiro contato que faz o leitor imaginar o assunto. Quer um exemplo prtico? Leia o texto abaixo: "A liberao de neurotransmissores um processo probabilstico. Tal liberao, chamada de exocitose, ocorreria com uma probabilidade relativamente baixa. De cada cinco impulsos nervosos chegando vescula sinptica de clulas piramidais do neocrtex, apenas um liberaria o neurotransmissor". Deu para entender alguma coisa? Quem no conhece neurocincia dificilmente vai se interessar pelo assunto, porque no conseguir estabelecer um dilogo com o texto. Ainda assim possvel perceber algumas caractersticas: no se trata de uma histria, no h ao, o texto informativo. Ou seja, nenhum texto passa em branco para quem letrado. Isso inferncia, uma estratgia que leva em conta os elementos (sejam eles fotos, tabelas, grficos, desenhos, a diviso dos pargrafos do texto, o significado de uma palavra) que possibilitam tirar concluses a partir de dados avulsos e, por isso, incompletos. Quanto menos conhecimento o leitor tem de um assunto, mais ele se agarra inferncia.

Quer ser compreendido? Seja Claro Qual a principal qualidade de um bom texto? A pergunta vale para qualquer coisa escrita: uma redao escolar, uma carta de amor, uma faixa colocada na rua para avisar vizinhana que o cachorrinho sumiu de casa, uma notcia de jornal, um ensaio filosfico ou um romance. E a resposta uma s: a clareza. No h meio-termo. Se voc claro, voc diz o que quis dizer. Se no claro, voc quis dizer, mas infelizmente no disse. E o texto exigir explicaes para ser entendido, mais ou menos como aquelas fotos de principiantes que cortam personagens ou partes importantes do cenrio. "Ah, aqui esquerda estava a mame e direita deveria aparecer o Po de Acar. Que pena, a mquina no pegou." O texto, como a foto, deve falar por si. Ou seja, ser claro. Para ser claro preciso conhecer o assunto sobre o qual se vai escrever, usar a ordem direta, construir frases sempre que possvel curtas e seguir a velha receita da narrativa: comeo, meio e fim. Depois, releia. No ficou 100% claro? Reescreva. Corte. Troque palavras. E releia mais uma vez. (Carlos Maranho, jornalista, editor executivo da revista Veja So Paulo) Sugesto de filmes:
Fahrenheit 451 (1967/recm lanado em DVD) (Franois Truffaut): adaptao cinematogrfica do romance homnimo de Ray Bradbury, um clssico do cinema que trata da ausncia de liberdade em uma sociedade em que as pessoas so impedidas de ler (forma de manter o controle) e os livros eram queimados. O nome do filme est relacionado temperatura na qual o papel do livro pega fogo. O Despertar de Rita (Lewis Gilbert) e O carteiro e o poeta (Michael Radford): Estes dois filmes nos contam as transformaes que ocorrem na vida de pessoas ao tomarem contato com a leitura. Em Nome de Deus (Clive Donner): a histria, verdica, dos amantes Abelard e Heloise que viveram na Frana do sculo XII. Ele, mestre em teologia que fizera voto de castidade; ela, uma linda jovem da aristocracia que vai a Paris estudar. Um filme interessante para observamos a leitura decifrativa autorizada pela igreja e a leitura interpretativa, questionadora, de Heloise. Uma leitora bem particular (Michel Deville): atravs da histria vivida e contada por essa leitora pode-se diferentes relaes que se estabelecem entre as pessoas e a leitura. ______________________________

Exerccios
I. Sobre a leitura responda: a) O que ler com proficincia? b) O que produzir um bom texto? II. Leia o texto abaixo e responda as questes que seguem:

A regreo da redasso
Semana passada recebi um telefonema de uma senhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever. Mas, minha senhora desculpei-me -, eu no sou professor. Eu sei. Por isso mesmo. Os professores no tm conseguido muito. A culpa no deles. A falha do ensino. Pode ser, mas eu gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem. Obrigado agradeci -, mas no acredite muito nisso. No coloco vrgulas e nunca sei onde botar os acentos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor. No faz mal insistiu -, o senhor vem e traz um revisor. No d, minha senhora tornei a me desculpar -, eu no tenho o menor jeito com crianas. E quem falou em crianas? Meu filho tem 17 anos.

Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: Voc no deve se assustar, o estudante brasileiro no sabe escrever. No dia seguinte, ouvi de outro educador: O estudante brasileiro no sabe escrever.Depois li no jornal as declaraes de um diretor da faculdade: O estudante brasileiro escreve muito mal. Impressionado, sa procura de outros educadores. Todos me disseram: acredite, o estudante brasileiro no sabe escrever. Passei a observar e notei que j no se escreve mais como antigamente. Ningum mais faz dirio, ningum escreve em portas de banheiro, em muros e paredes. No tenho nem visto mais aquelas inscries, geralmente acompanhadas de um corao, feitas em casca de rvore. Bem, verdade que no tenho visto nem rvore. Quer dizer disse a um amigo enquanto amos pela rua que o estudante brasileiro no sabe escrever? Isto timo para mim. Pelo menos diminui a concorrncia e me garante o emprego por mais dez anos. Engano seu disse ele -. A continuar assim, dentro de cinco anos voc ter que mudar de profisso. Por qu? espantei-me Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver. E voc sabe por que essa gerao no sabe escrever? Sei l- dei com os ombros -, vai ver que porque no pega direito no lpis. No senhor. No sabe escrever porque est perdendo o hbito de leitura. E quando o perder completamente, voc vai escrever para quem? Ta um dado novo que eu no havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Ento vou trabalhar num aougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira na arquibancada do Maracan, para forrar sapato furado ou para quebrar galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mo, correndo pelas ruas para oferecer s pessoas, assim como quem oferece hoje bilhete de loteria: Por favor, amigo, leia disse, puxando um cidado pelo palet. No, obrigado. No estou interessado. Nos ltimos cinco anos a nica coisa que leio a bula de remdio. E a senhorita, no quer? perguntei, acompanhando os passos da universitria A senhorita vai gostar. um texto muito curioso. O senhor s tem escrito? Ento no quero. Por que o senhor no grava o texto? Fica mais fcil ouvi-lo no meu gravador. E o senhor, no est interessado nuns textos? sobre o qu? Ensina como ganhar dinheiro? E o senhor, vai? Leva trs e paga um. Deixa eu ver o tamanho. Assustou-se com o tamanho do texto: O qu? Tudo isso? O senhor pensa que eu sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? No d pr resumir em cinco linhas? Carlos Eduardo Novaes (romancista, contista, cronista e jornalista) 1. O autor do texto acima surpreende-se com o fato de vrias pessoas afirmarem que o estudante brasileiro no sabe escrever. Como pode ser entendida essa afirmao e de que maneira est relacionada leitura? 2. O ttulo sugere que o problema da escrita pode ser atribudo dificuldade, demonstrada por muitos falantes, com uma aspecto especfico da representao escrita da lngua. a) que aspecto esse? b) o que, no ttulo, permite identific-lo? c) possvel atribuir apenas a esse aspecto a dificuldade que os jovens demonstram ter em relao escrita?

3. O autor afirma que, pelo fato de as pessoas no saberem escrever, seu emprego estaria garantido. Por que ele chega a essa concluso? 4. Qual o equvoco, apontado pelo amigo, do raciocnio do escritor? 5. Concordando com o amigo, o escritor passa a imaginar situaes que confirmem essa expectativa. Quais so elas? 6. Tais perspectivas podem, de fato, vir a se concretizar? H, na realidade, algo que confirme essas possibilidades? 7. Cite algumas situaes de seu conhecimento que confirmem que a juventude est perdendo o hbito de leitura ou o est tornando muito restrito. _________________________

Proposta de redao O supra-sumo da tecnologia

Confira as revolucionrias vantagens do L.I.V.R.O. - Local de Informaes Variadas, Reutilizveis e Ordenadas. O L.I.V.R.O. representa um avano fantstico na tecnologia. No tem fios, circuitos eltricos, pilhas. No necessita ser conectado a nada e nem ligado. to fcil de usar que at uma criana pode oper-lo. Basta abri-lo! Cada L.I.V.R.O. formado por uma seq6uncia de pginas numeradas, feitas de papel reciclvel e capazes de conter milhares de informaes. As pginas so mantidas unidas por um sistema chamado lombada, que as mantm em sua seqncia correta. A TPA Tecnologia de Papel Opaco permite que os fabricantes usem as duas faces de cada folha de papel, duplicando a quantidade de informaes e cortando pela metade os seus custos. Especialistas dividem-se quanto aos novos projetos para aumentar a densidade de informao de suas folhas. que, para se fazer L.I.V.R.O. com mais informaes, basta usar mais pginas. Isso, porm, torna-os mais grossos e difceis de carregar, crticas atraindo crticas dos adeptos dos computadores portteis. Cada pgina do L.I.V.R.O. escaneada oticamente e as informaes so registradas diretamente no crebro do usurio. Um simples movimento de dedos leva prxima pgina. O L.I.V.R.O. pode ser retomado a qualquer hora, bastando abri-lo. Ele nunca d pau, nem precisa ser reiniciado, embora se torne inutilizvel caso caia no mar, por exemplo. O comando browse (folhear) permite acessar qualquer pgina instantaneamente e avanar ou retroceder quando voc quiser. Muitos vm com um ndice, que indica a localizao exata de qualquer informao selecionada. O marca-pginas, um acessrio opcional, permite que voc abra o L.I.V.R.O. no local exato em que o deixou na ltima sesso, mesmo que ele esteja fechado. O design dos marcadores de pginas universal, permitindo que funcionem em qualquer tipo de L.I.V.R.O., no importando a marca. Alm disso, um mesmo L.I.V.R.O. pode receber vrios marcadores de pginas, caso seu usurio queira selecionar vrios trechos ao mesmo tempo. Voc tambm pode fazer anotaes ao lado de trechos do L.I.V.R.O. com um outro instrumento de programao opcional: o L..P.I.S. Linguagem Apagvel Porttil de Intercomunicao Simplificada. Porttil, durvel e barato, o L.I.V.R.O. vem sendo aclamado como a onde de entretenimento do futuro. Milhares de criadores j aderiram nova plataforma e esperase para breve uma inundao de novos ttulos. Texto retirado da Internet, annimo Todas as profundas transformaes que afetam a comunicao humana hoje em dia, devido crescente sofisticao das novas tecnologias, que se utilizam sobretudo da linguagem visual, fazem com que se pense sobre o futuro do livro. Imagine um pas onde no haja mais livros e as pessoas sequer se interessem por eles. Reproduza um dilogo entre um velho, que ainda se lembra dos tempos antigos, e um jovem como

voc, que vivem em meio nova tecnologia da informao. O que teriam a dizer um ao outro? D um ttulo sugestivo ao seu texto.
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2. As diferentes linguagens: verbal e no-verbal O que a linguagem?

Linguagem a capacidade humana de articular conhecimentos e compartilh-los socialmente. Assim, todo e qualquer processo humano capaz de expressar e compartilhar significao constitui linguagens: tirar fotos, pintar quadros, produzir textos e msicas, escrever jornal, danar, etc. As linguagens fazem parte das diversas formas de expresso representadas pelas artes visuais, pela msica, pela expresso corporal e pela escrita. A linguagem, portanto, nomeia, fixa e concebe objetos, utiliza conceitos e tem por funo permitir a comunicao. Ns encontramos a lngua pronta quando nascemos e aprendemos a utiliz-la com as pessoas mais velhas. a partir dessa aprendizagem que passamos a reproduzi-la. Muitas das expresses artsticas atuais tm origem conhecida: a fotografia surgiu no sculo XIX; o teatro ocidental surgiu na Grcia e na Idade Mdia. J a escrita surgiu h milhares de anos. Tomemos, agora, o conceito apresentado por Bechara (1999:28) para fundamentar o conceito de linguagem:
Entende-se por linguagem qualquer sistema de signos simblicos empregados na intercomunicao social para expressar e comunicar idias e sentimentos, isto , contedos da conscincia.

A linguagem , ento, vista como um espao em que tanto o sujeito quanto o outro que com ele interage so inteiramente ativos. Por meio dela, o homem pode trocar informaes e idias, compartilhar conhecimentos, expressar idias e emoes. Desse modo, reconhecemos a linguagem como um instrumento mltiplo e dinmico, isso porque, considerados os sentidos que devem ser expressos e as condies de que dispomos em dada situao, valemo-nos de cdigos diferentes, criados a partir de elementos como o som, a imagem, a cor, a forma, o movimento e tantos outros. Vale salientar a idia de que o processo de significao s acontece verdadeiramente quando, ao apropriarmo-nos de um cdigo, por meio dele nos fazemos entender. Chamamos de linguagem a todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicao. Certamente, voc j observou que o ser humano utiliza as mais diferentes linguagens: a da msica, a da dana, a da pintura, a dos surdos-mudos, a dos sinais de trnsito, a da lngua que voc fala, entre outras. Como vemos, a linguagem produto de prticas sociais de uma determinada cultura que a representa e a modifica, numa atividade predominantemente social. Considerando o sistema de sinais utilizados na comunicao humana, costumamos dividir a linguagem em verbal e no verbal. Assim, temos: a. Linguagem verbal: aquela que utiliza as palavras para estabelecer comunicao. A lngua que voc utiliza, por exemplo, linguagem verbal, assim como a literatura. b. Linguagem no verbal: aquela que utiliza outros sinais que no as palavras para estabelecer comunicao. Os sinais utilizados pelos surdos-mudos, por exemplo, constituem um tipo de linguagem no verbal (h controvrsias sobre isso).

2 Referncias PELLEGRINI, T. e FERREIRA, M. Redao, palavra e arte, So Paulo: Atual, 1999. http:dponline.unip.br

Para viver em sociedade, o ser humano possuidor de capacidade criativa e cumulativa cria um arsenal de cdigos, que se entrecruzam e atendem s suas necessidades de sobrevivncia, de intercmbio com o outro, de satisfao afetiva, de aprimoramento intelectual. A comunicao d-se, assim, por intermdio de algum tipo de linguagem que, como vimos, altera-se de acordo com o uso que as pessoas fazem dela. Verbais ou no verbais, criamos sinais que tm significado especial para o grupo humano do qual fazemos parte. Veja, por exemplo, a tela de Portinari: Ao pintar os trabalhadores rurais em atividade, Portinari revela, com preciso, uma importante questo social: a vida sofrida dos lavradores nas lavouras do caf que, ao cumprir longas jornadas de trabalho, misturam-se terra, numa interminvel fila de homens e mulheres annimos, com mos e ps enormes, sugerindo, talvez, o excesso e a fora de tanto trabalho. No h cu, no h horizonte; o predomnio da cor marrom refora o drama vivido por esses trabalhadores. Diante do no verbal, como espectadores, experimentamos a emoo que o quadro desperta, no porque seu significado esteja expresso em palavras, mas porque ele exibe a sntese do sentimento do artista. Podemos concluir, assim, que a linguagem mltipla e, a partir da combinao de seus variados cdigos, promove a interao entre os seres humanos, permitindo a expresso do que pensa e do que sente. Vejamos os textos 1. e 2. abaixo: Texto 1 SANTA CLARA, PADROEIRA DA TELEVISO (Caetano Veloso) Santa Clara, padroeira da televiso Que o menino de olho esperto saiba ver tudo Entender certo o sinal certo se perto do encoberto Falar certo desse perto e do distante porto aberto Mas calar Saber lanar-se num claro instante. Santa Clara, padroeira da televiso Que a televiso no seja o inferno, interno ermo, Um ver no excesso o eterno quase nada (quase nada) Que a televiso no seja sempre vista Como a montra condenada, a fenestra sinistra Mas tomada pelo que ela De poesia. Quando a tarde cai onde o meu pai Me fez e me criou Ningum vai saber que cor me di E foi e aqui ficou Santa Clara Saber calar, saber conduzir a orao

Possa o vdeo ser a cobra de um outro den Porque a queda uma conquista E as mirades de imagens suicdio Possa o vdeo ser o lago onde Narciso Seja um deus que saber tambm Ressuscitar Possa o mundo ser como aquela ialorix A ialorix que reconhece o orix no anncio Puxa o canto pra o orix que v no anncio No caubi no samurai no moo nu na moa nua No animal na cor na pedra v na lua v na lua Tantos nveis de sinais que l E segue inteira. Lua clara, trilha, sina Brilha, ensina-me a te ver Lua lua continua em mim Luar, no ar, a TV So Francisco Na letra da cano acima, Caetano Veloso, o autor, fala sobre a televiso, um dos mais importantes meios de comunicao contemporneos, que transmite mensagens sobretudo atravs das imagens eletrnicas. Ele no a v de forma totalmente negativa, como a montra[vitrine] condenada, a fenestra [janela] sinistra., o inferno ou o ermo. Ele acredita que ela contm mais do que um quase nada, considera, na verdade, que ela contm uma boa dose de poesia. E acha que preciso entender certo o sinal certo da televiso, que fala ao mesmo tempo do perto e do distante. Para isso invoca Santa Clara, numa espcie de orao potica. Mas o mais importante que o autor reconhece que esse veculo transmissor de um tipo especfico de linguagem, e por isso dedica-lhe uma cano. Texto 2 Se eu fosse pintor comearia a delinear este primeiro plano de trepadeiras entrelaadas, com pequenos jasmins e grandes campnulas roxas, por onde flutua uma borboleta cor de marfim, com um pouco de ouro nas pontas das asas. Mas logo depois, entre o primeiro plano e a casa fechada, h pombos de cintilante alvura, e pssaros azuis to rpidos e certeiros que seria impossvel deixar de fix-los, para dar alegria aos olhos dos que jamais os viram ou vero. [...] E que faria eu, pintor, dos inmeros pardais que pousam nesses muros e nesses telhados, e a conversam, namoram-se, amam-se, e dizem adeus, cada um com seu destino, entre a floresta e os jardins, o vento e a nvoa? Mas por detrs esto as velhas casas, pequenas e tortas, pintadas de cores vivas, como desenhos infantis, com seus varais carregados de toalhas de mesa, saias floridas, panos vermelhos e amarelos, combinados harmoniosamente pela lavadeira que ali os colocou. Se eu fosse pintor, como poderia perder esse arranjo, to simples e natural, e ao mesmo tempo de to admirvel efeito? [...] Ceclia Meireles. Iluses do mundo. RJ:Nova Aguilar, 1976 No texto 2, a poetisa Ceclia Meireles usa as palavras para pintar um quadro. Usa-as como se fossem um pincel, com o qual vai desenhando uma paisagem que v, na realidade, ou na imaginao. Ela pinta flores coloridas, borboletas, pssaros alegres, vento, nvoa, casinhas pequenas e tortas, roupas nos varais, compondo assim uma paisagem de tranqila delicadeza. Ela descreve como se pintasse e assim mistura dois cdigos, o verbal e o imagtico (visual ou icnico). Nas propagandas, de forma geral, temos a juno da linguagem verbal e da visual (= linguagem sincrtica). Ambas se combinam formando um texto maior, que pode ser

interpretado. A colagem de fotografias com temas diferentes aponta para a diversidade dos assuntos que podem ser encontrados. Usam-se cores fortes e atraentes. Os textos verbais tambm trazem dados numricos. O resultado tem grande fora de apelo ao consumo do que est sendo anunciado, e com isso que trabalha a propaganda.

Leitura de textos no-verbais

A linguagem verbal linear, os signos se sucedem um depois do outro. Na linguagem no verbal os vrios signos ocorrem simultaneamente. O texto no-verbal predominantemente descritivo: representa uma realidade singular e concreta num ponto esttico no tempo. Isto muda numa seqncia de fotos, quadrinhos ou filmes. O texto no-verbal no cpia fiel da realidade, mas uma simulao que cria um efeito de verdade. Textos no-verbais podem ser, assim como os verbais, figurativos, ou seja, que reproduzem elementos concretos, produzindo um efeito de realidade, ou no-figurativos (exploram temas abstratos) como oposies de cores, luz e sombra, formas e volumes.

Sugesto de filmes: A Guerra do Fogo, 1981, direo de Jean Jacques Annaud. Histria romanceada da descoberta do fogo. Muito interessante pela ambientao e pelas caracterizaes humanas. 125 min. Permite a reflexo sobre a linguagem no-verbal na construo da narrativa Muito alm de um jardim (Being There, EUA, 1979) Diretor - Hal Ashby: Homem que passou a vida trancado em uma manso, aprendendo sobre o mundo somente pela TV, sai e passa a morar com um casal de executivos. Uma reflexo sobre a influncia da TV na psique humana. ______________________________

Exerccios
1. Tomando como exemplo o texto de Ceclia Meirelles (texto 2. acima), escreva um texto sobre a imagem abaixo. Lembre-se de por um ttulo para seu texto.

(cidade de Alberto da Veiga Guignard. Coleco Roberto Marinho. Seis dcadas da arte moderna brasileira. Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 1989. p.53.) (imagem retirada de ENADE;2005)

2. (ENADE/05) A cidade retratada na pintura de Guignard est tematizada nos versos:

(A) Por entre o Beberibe, e o oceano

10 Em uma areia sfia, e lagadia Jaz o Recife povoao mestia, Que o belga edificou mpio tirano. (MATOS, Gregrio de. Obra potica. Ed. James Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990. Vol. II, p. 1191.) (B) Repousemos na pedra de Ouro Preto, Repousemos no centro de Ouro Preto: So Francisco de Assis! igreja ilustre, acolhe, tua sombra irm, meus membros lassos. (MENDES, Murilo. Poesia completa e prosa. Org. Luciana Stegagno Picchio. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 460.) (C) Bembelelm Viva Belm! Belm do Par porto moderno integrado na equatorial Beleza eterna da paisagem Bembelelm Viva Belm! (BANDEIRA, Manuel. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1958. Vol. I, p. 196.) (D) Bahia, ao invs de arranha-cus, cruzes e cruzes De braos estendidos para os cus, E na entrada do porto, Antes do Farol da Barra, O primeiro Cristo Redentor do Brasil! (LIMA, Jorge de. Poesia completa. Org. Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. p. 211.) (E) No cimento de Braslia se resguardam maneiras de casa antiga de fazenda, de copiar, de casa-grande de engenho, enfim, das casaronas de alma fmea. (MELO NETO, Joo Cabral. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 343.)

3 (ENADE) Observando os dados fornecidos no quadro, percebe-se:

a) um avano nos ndices gerais da educao no Pas, graas ao investimento aplicado nas escolas. b) um crescimento do Ensino Mdio, com ndices superiores aos de pases com desenvolvimento semelhante. c) um aumento da evaso escolar, devido necessidade de insero profissional no mercado de trabalho.

11 d) um incremento do tempo mdio de formao, sustentado pelo ndice de aprovao no Ensino Fundamental. e) uma melhoria na qualificao da fora de trabalho, incentivada pelo aumento da escolaridade mdia. 3. Leia o cartum a seguir e procure reconhecer como o humor se produz na situao apresentada.

4. Transforme esse cartum em um linguagem verbal.

FOCO LITERRIO
O poeta Mrio Quintana (1906-1994), no texto abaixo, que uma crnica, faz algumas consideraes a respeito das relaes entre linguagem verbal e linguagem visual. Leia com ateno. O que acontece com as crianas Aprendi a escrever lendo, da mesma forma que se aprende a falar ouvindo. Naturalmente, quase sem querer, numa espcie de mtodo subliminar. Em meus tempos de criana, era aquela encantao. Lia-se continuadamente e avidamente um mundaru de histrias [...]. Mas lia-se corrido, isto , frase aps frase, do princpio ao fim. Ora, as crianas de hoje no se acostumam a ler correntemente, porque apenas olham as figuras dessas histrias em quadrinhos, cujo texto se limita a simples frases interjetivas e assim mesmo muita vez incorretas. No fundo, uma fraseologia de guinchos e uivos, uma subliteratura de homem das cavernas. Exagerei? Bem feito? Mas se essas crianas, coitadas, nunca adquiriram o hbito da leitura, como sabero um dia escrever? O que acontece com os pais Competiria aos pais dessas crianas, no a ns, incutir-lhes o hbito das boas leituras. Ora essa! Mas se eles tambm no lem... Vivem eternamente barbiturizados pelas novelas da Televiso.
1. O poeta ope-se claramente, como antagnicas, a linguagem verbal e a visual. Como? Justifique com elementos do texto. 2. O autor refere-se a um tipo especfico de leitura, que privilegia. Qual ele?

12 3. Como voc definiria o termo subliteratura a que se refere o poeta? Justifique. 4. O poeta faz uma censura aberta aos pais. Por qu? Explique. 5. Voc concorda com as opinies do poeta? Por qu? ___________________________________________________________________________

2. As diferentes linguagens: formal e informal VARIAES LINGSTICAS

TEXTO 1 Cuitelinho (Paulo Vanzolini. LP Milton Nascimento) Cheguei na beira do porto onde as onda se espaia as garas d meia-vorta e senta na beira da praia e o cuitelinho no gosta que o boto de rosa caia, ai, ai Ai quando eu vim da minha terra despedi da parentaia eu entrei no Mato Grosso dei em terras paraguaia l tinha revoluo enfrentei fortes bataia, ai, ai A tua saudade corta como ao da navaia o corao fica aflito bate uma, a outra faia e os io se enche d'gua que at a vista se atrapaia, ai, ai. O texto acima a letra de uma toada caipira e por isso adota uma.linguagem regional, caracterstica do local de onde provm, onde os usos e costumes ainda esto ligados s coisas da natureza. disso que o poeta fala, expressar melhor a saudade da terra natal: na beira do rio, "as onda se espaia", "as gara d meia-vorta e senta na beira da praia". E quando a saudade aperta, o corao fica aflito "e os io se enche d'agua". Perceba que, alm da peculiaridade fontica (o som aia por alha,. por exemplo), tambm no h preocupao com a concordncia. O ambiente descrito to simples quanto as palavras que o descrevem. Percebe-se o apego famlia, regio e muita dor pelo distanciamento das origens (o refro "ai, ai") TEXTO 2 Joo da Silva teve um dia estressante. Enfrentou um rush danado e chegou atrasado ao meeting com o sales manager da empresa onde trabalha. Antes do workshop com o expert em top marketing, foi servido um brunch, mas a comida era muito light para sua fome. tarde plugou-se na rede e conseguiu dar um download em alguns softwares que precisava para preparar o paper do dia seguinte. Deletou uns tantos arquivos, pegou sua pick-up e seguiu para o point onde estava marcada uma happy hour. Mais tarde, no flat, ligou para o delivery e traou um milk-shake e um hamburger, enquanto assistia ao Non Stop na MTV. noite, ps sua camisa mais fashion, comprada num sale do shopping e foi assistir a Shine no cinema. Voltou para o apart-hotel a tempo de ver um pedao de seu talk-show preferido na TV. (Veja, 9/4/97) Trata-se de um relato do quotidiano da vida urbana contempornea, em que a informtica tem um papel cada vezes maior, numa linguagem que pretende chamar a ateno para a invaso

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do ingls, como se a lngua portuguesa no fosse mais suficiente para nomear O nosso universo cultural. Joo da Silva (o nome to brasileiro acentua o contraste), mais que palavras inglesas, importa para sua rotina aquilo que elas representam, ou seja, a cultura americana como padro a ser seguido por todos. TEXTO 3 J andam preparando os festejos dos 500 anos da Descoberta do Brasil e estou de olho neles. Tudo o que luso me interessa: a terra, o povo, os costumes, a historia e, naturalmente, a lngua, o sotaque. Quando l estive como turista curiosa, vi, anotei, fotografei e at provei tudo o que pude. Mas confesso com a maior franqueza: nem sempre entendia o sotaque e a variao do significado das palavras. [...] As diferenas de significado de termos e expresses do dia-a-dia me assustam. [...] Vejam, o nosso "dar no p em Portugal danar; enjoado estar aflito; nibus autocarro; dinheiro bagulho pra eles. Quando voc estiver irritado, danado da vida com os polticos, por exemplo, l estar encanzinado; torcedor fantico carola; stio ou pequena fazenda uma casal. estar morto estar a fazer tijolo; motocicleta motociclo. Menino bonito, rapaz elegante ou po como dizemos, l um pssego; se voc perder um nibus por um triz, l o ter perdido por uma unha negra; mendigo aqui drope I; o nosso churrasquinho vira prego l; um simples xale chama-se xaile; o estmago zona; remendo de roupa chama-se chapa, e o nosso pulver chama-se camisola. Imagine ir de camisola a escola ou a lanchonete! (Clia Siqueira Farjalat. Correia Popular, 14/2/98.) Nesse texto, a cronista, com certa dose de humor, enumera uma srie de termos diferentes, cujo significado o mesmo em Portugal e aqui, no Brasil. Por exemplo: menino bonito, para ns "po", para eles "pssego". Ou seja, a autora constri um texto divertido com base nas variaes lingsticas existentes entre o portugus falado aqui e aquele falado l, enfatizando que nem sempre possvel entender o sotaque e a variao de significado das palavras.

TEORIZANDO SOBRE VARIAES LINGSTICAS

As lnguas no so uniformes. E a diversidade que apresentam reflete, alm da variao regional, diferenas sociais e estilsticas. No texto 1 h de fato uma variao da lngua portuguesa determinada por condies regionais. O falar caipira da regio centro-oeste brasileira, e tambm de algumas outras regies interioranas de vrios Estados, caracteriza-se por uma formao de plural indicada apenas no artigo ("as onda") e um lh substitudo pelo i ("espaia"). Um falar mais cantado, um r mais carregado, um s mais chiado, ou mesmo termos de outras lnguas, como o espanhol, na zona fronteiria do Rio Grande do Sul, marcam outras regies. Leia as consideraes abaixo, de Rachel de Queiroz, escritora cearense hoje residente em So Paulo, sobre as variaes dos falares nordestinos: Quando vou a So Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; no espero s o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variaes so mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraba, Rio Grande do Norte, Cear, Piau tm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns aos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossvel que um praiano de beira-mar no chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, ento, at se orgulha do falar deles. Tm uns ts doces, quase um lhe; j ns, speros sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el - carnavau, Raqueu... J os paraibanos trocam o l pelo r. Jos Amrico s me chamava, afetuosamente, de Raquer. (O Estado de S. Paulo, 9/5/98.)

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O texto 2 , como vimos registra um fenmeno cada vez mais atual: o universo americano, que hoje domina a informtica, como j h algum tempo domina o universo do consumo de massa, faz do ingls uma espcie de "lngua-me". Passa a ser moda a comunicao cheia de termos ingleses, passa a ser chique viver lingisticamente a americanizao. No se trata, nesse caso, de uma variao do portugus, mas de sua alterao, resultado da grande influncia de um pas economicamente mais forte. Textos de outros momentos histricos certamente revelariam influncias de outras lnguas. Antes da Segunda Grande Guerra, por exemplo, quando a Frana ainda era um importante centro poltico-cultural do Ocidente, os textos literrios e jornalsticos brasileiros e portugueses apareciam repletos de galicismos (palavras importadas do francs) e as escolas ensinavam o francs, e no o ingls, como segunda lngua. No texto 3, a variao lingstica ocorre com relao "lngua-me", O portugus de Portugal. Por motivos histricos, sociais e polticos, o portugus "brasileiro" foi adquirindo caractersticas fonticas e semnticas que o diferenciam bastante do de Portugal. Por exemplo, nos usamos palavras de origem indgena e africana, que no existem por l. E atualmente os portugueses esto importando expresses bem brasileiras, que chegam at eles, sobretudo por meio da televiso. As diferenas de linguagem so uma espcie de distintivo ou emblema dos grupos, e, nesse sentido, colaboram para constituir sua identidade. Anlises j feitas mostram que as variedades correspondem em grande parte a grupos sociais relativamente definidos: os que residem numa regio ou em outra; os que pertencem a uma classe social ou a outra; os que so mais jovens ou mais velhos; os que so homens ou so mulheres; os que tm uma profisso ou outra. etc. [...} Uma outra caracterstica importante das lnguas, ligada ao fenmeno da variao. que as lnguas mudam atravs do tempo. No existe lngua que permanea sempre igual, ou seja, na qual no se percebam mudanas, quando se comparam duas pocas. Em principio, as diferenas sero tanto maiores quanto mais distantes estiverem as duas pocas. (Maria Bernadete M. Abaurre e Srio Possenti. Vestibular Unicamp Lngua Portuguesa. SP: Globo. 1993. p. 29-30.) Assim, percebe-se que a mutabilidade das lnguas enorme e que isso resultado da dinmica da histria, da prpria vida, das relaes sociais e ate da maneira de ser de cada indivduo. Se assim no fosse, no haveria as chamadas "linguas mortas", como o latim, por exemplo. C entre ns Com certeza, voc freqentemente observa as pronncias diferentes das pessoas que no moram na sua regio: nordestinos, gauchos, paulistanos, cariocas. mineiros. todos falam "diferente", inclusive com relao ao vocabulrio. que as vezes e bem caracterstico. Prestando mais ateno, voc poder notar tambm diferenas quanto a sintaxe (estruturao das frases) e a semntica (sentido das palavras) nessas variaes. O importante o reconhecimento de que no h! "erro" em tais formas, pois todas funcionam bem em seus contextos especficos. Conhecer as variedades da lngua e ser capaz de escolher aquela que melhor funciona em contextos diversos seria o ideal para todos os falantes. Dominar a modalidade escrita, por intermdio da qual todos os contedos disciplinares so apresentados, o caminho mais curto para alcanar progressivamente o conhecimento do mundo. E estar consciente das alteraes sofridas em virtude de influncias de outras lnguas permite um posicionamento critico diante dessas influencias.

FOCO LITERRIO
No texto abaixo, o poeta Olavo Bilac (1865-1918) fala sobre a lngua portuguesa, usando um estilo prprio da poca em que viveu, que exigia um vocabulrio precioso e construes esmeradas para os textos literrios Esse poema se constitui, portanto, em uma ''variao lingstica" determinada pelo distanciamento histrico e pela prpria linguagem literria. Lngua portuguesa ltima flor do Lcio, inculta e bela,

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s, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela... Amo-te assim, desconhecida e obscura. , Tuba de alto clangor, lira singela, Que tens o tronco silvo da procela E o arroto da saudade e da ternura! Amo o teu vio agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, rude e doloroso idioma, Em que da voz materna ouvi: "meu filho!", E em que Cames chorou, no exlio amargo, O gnio sem ventura e o amor sem brilho! (In: Olavo Bilac. So Paulo: Abril, 1980. p. 50. Literatura Comentada.) 1. Que sentimentos nutre o poeta pela sua lngua? Explique e justifique sua resposta com elementos do texto. 2. O Lcio, a que se refere o texto, a regio da Itlia onde fica Roma. Voc sabe que o portugus originou-se do latim, assim como o francs, o espanhol, o italiano e o romeno, as chamadas lnguas neolatinas. O que significa, ento, a expresso ltima flor do Lcio? 3. O poeta afirmou, h quase cem anos, que o portugus era uma lngua desconhecida e obscura". Voc diria o mesmo ainda hoje? Por qu? Justifique. 4. Procure no texto as expresses que se caracterizam, para voc, como ''variaes lingsticas" em relao ao portugus de hoje. Justifique por que as escolheu. _______________________

EXERCCIOS
Leia os textos seguintes, que versam sobre variaes lingsticas, desde os dialetos regionais at as variaes geradas pela Internet, e responda as questes. TEXTO 1 A lngua algo mutvel. De outra forma ainda estaramos falando indo-europeu. A Internet, porm, sobretudo em seus programas de conversao chamados de chats, est criando uma nova linguagem. A oralidade e a pressa com que as pessoas conversam, principalmente se levar em conta a lentido da rede, fazem com que se desconsiderem regras bsicas da gramtica e da ortografia. Assim, no incomum observar uma vrgula entre sujeito e predicado, em Portugus, crime de lesa-sintaxe, ou mesmo alguns absurdos como faser ou anciosamente, que so casos em que fica difcil diferenciar o erro de digitao do erro ortogrfico. Quando se considera que e a elite do pas que tm acesso a computadores, a situao torna-se ainda pior. Se as pessoas mais ricas e que estudam nos melhores colgios do pas no conseguem escrever dentro das boas normas gramaticais e ortogrficas - por mais contaminaes orais que se possam adquirir -, h certamente algo de errado com o ensino. Ningum exige, bvio, que cada aluno da elite brasileira seja um latinista ou um helenista, mas escrever dentro da norma do Portugus com todas as variaes admissveis o mnimo que se deveria exigir de qualquer profissional de qualquer rea. A Internet ainda suscita outros problemas de linguagem. Escrever em letras maisculas mais ou menos o mesmo que gritar. Existem tambm outros problemas como as chamadas caracteretas.

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So quase que como uma linguagem simblica representada por desenhos que em certos aspectos se assemelham aos hier6glifos egpcios. Uma face risonha composta por acentos e smbolos significa, por exemplo, felicidade. Seja em Portugus, em Ingls ou qualquer outra lngua do planeta, a Internet j comea a modificar os usuais meios de comunicao reputados como corretos. melhor pensar nas implicaes desse fenmeno antes que seja tarde demais e as lnguas j estejam descaracterizadas pela extrema, e cada vez mais rpida, popularidade da rede. (Folha de S. Paulo, 15/8/96.) TEXTO 2 "O que vem junto com a lngua a cultura", diz Eric Sabinson. "Mesmo numa rea tcnica como a informtica, todo o universo americano que est. refletido." Existem exemplos curiosos. A Academia Francesa se incumbe de criar equivalentes nacionais para todos os termos ingleses que vm da informtica, da medicina ou de outras reas cientficas. Assim la software virou logiciel Na Frana, h dois anos, foram criadas leis para barrar a invaso de palavras inglesas. As leis francesas probem o usa do ingls em documentos oficiais e anncios pblicos. impossvel proibir as pessoas de falar como querem, mas regular a lngua escrita possvel!. Na Frana quem escreve uma palavra inglesa num anncio obrigado a retir-lo de cartaz, alm de pagar multas que comeam em 200 d6lares e podem chegar a 20 000. (Veja, 9/4/97.) TEXTO 3 Como se diz "bom dia" em breto? E "muito obrigado" em provenal? s vsperas do sculo XXI, turistas desavisados que visitam determinados rinces da Europa so surpreendidos pelo inesperado renascimento de lnguas que, desde o fim da Idade Media, caminhavam inexoravelmente para a extino. Ladino, corso, breto, galego - idiomas semimortos praticados apenas por uns poucos gatos pingados - ressurgem com fora insuspeitada, justamente agora, quando as fronteiras na Europa Ocidental esto virando meros rabiscos nos mapas. Reunidos em Estrasburgo, na Frana, representantes de 26 paises europeus adotaram uma Carta Europia de Lnguas Regionais, que encoraja o usa de lnguas e dialetos de minorias - um total de sessenta idiomas, falados por cinqenta milhes de europeus. A carta afirma que "a prtica de uma lngua regional na esfera publica e privada" um direito inalienvel das minorias. [...] A ressurreio de lnguas ex6ticas mais intensa na Frana, o pais europeu de maior diversidade lingstica. No sul, o provenal, uma lngua neolatina (como o portugus) consagrada pelos trovadores medievais, voltou a ser ensinado em escolas primrias, ao lado do francs. (Veja, 01/09/93) 1. Com relao ao texto 1 voc acredita que as mudanas lingsticas encontradas na Internet so variaes lingsticas, no sentido em que tratamos aqui? Por qu? Justifique sua resposta com elementos do texto. 2. O autor do texto 1 associa as mudanas lingsticas da Internet com o ensino brasileiro. Como voc entende essa associao? Explique e justifique. 3. Percebe-se no texto 2 uma atitude de resistncia da lngua francesa com relao invaso do ingls. Qual e essa atitude? 4. Relacionando os dialetos das minorias, citados no texto 3, com as mudanas provocadas pelo ingls e pela "lngua da Internet", citadas nos outros dois textos, quais dessas mudanas voc identifica ao conceito de "variao lingstica" que vimos? Explique e justifique sua resposta.
REFERNCIA BIBLIOGRFICA PELLEGRINI, T. e FERREIRA, M. Redao, palavra e arte, So Paulo: Atual, 1999. Retirado de apostila elaborada por Profa. Eliana Righi.

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NVEIS DE LINGUAGEM DO FORMAL AO INFORMAL

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A lngua portuguesa tem muitas variantes. A lngua varia de lugar para lugar, a lngua varia conforme o tempo passa, varia entre diferentes geraes, varia nas diferentes camadas sociais e varia nas diferentes situaes e contextos em que um mesmo indivduo se encontra. Embora no haja limites estanques entre um nvel e outro podemos distinguir o seguinte: Nvel culto / ou formal caracteriza-se como linguagem tensa, que se utiliza da lngua-padro, desfruta de prestgio, usada em situaes formais e os falantes so escolarizados: linguagem da literatura, sintaxe completa, vocabulrio amplo e tcnico, gramtica padro. linguagem no espontnea usada por intelectuais, diplomatas e cientistas, principalmente na forma escrita. Na forma oral so os discursos de cerimnias ou situaes formais como tribunas, plpito, jri. Outros exemplos: Linguagem tcnica e cientfica: aproxima-se do nvel culto apia-se na gramtica para transmitir a idia de preciso, de rigor e neutralidade uso de vocabulrio especfico. A linguagem cientfica tem um grau maior de abstrao do pensamento, com raciocnios lgicos e concatenados. Variante de linguagem burocrtica: despida de requintes literrios, com ausncia de criatividade importa mais a forma como se diz (uso de formas estabelecidas) do que o que se diz. Ex. linguagem forense. Pode chegar a obscurecer o texto para ser entendida por poucos. Linguagem profissional (jargo): recorre a um padro de linguagem prximo do nvel culto, com uso de vocabulrio tcnico prprio. Ex. relatrios administrativos, acadmicos, carta precatria (de um juiz a outro, solicitando alguma coisa), editais. Nvel familiar ou coloquial o nvel comum, usado por falantes medianamente escolarizados e meios de comunicao de massa. Vocabulrio limitado e pouco variado, sintaxe simples, frases curtas, oraes coordenadas, repeties. Serve linguagem oral ou escrita (porm com mais preocupao com a gramtica e estilo). O publicitrio experiente sabe optar por uma variante que se adapta a seu pblico alvo. Nvel popular subpadro lingstico, linguagem espontnea e descontrada, ausncia de prestgio, uso em situaes informais, falantes pouco ou no escolarizados, simplificao sinttica, vocabulrio restrito, uso de gria e linguagem obscena, distancia-se da gramtica padro. Se vale de outros meios de expresso como a entonao, na linguagem oral. rico em frases feitas, clichs, anacolutos. Uma variante o nvel vulgar no tem classe social e caracterizado pelo uso de gria e palavro ___________________________

EXERCCIOS:
Determinar os nveis de linguagem nos textos seguintes, analisando a sintaxe e o vocabulrio: 1. Havia frei Ambrsio, encarregado da disciplina. L est ele no canto direito do retrato, ocupando espao de trs ou quatro com seu corpo mais de montanha do que de gente. Frei Ambrsio de inesquecvel memria. Estranhos processos de catequese gostava de usar o infeliz. Os ensinamentos de Cristo, com que procurava trazer as ovelhas rebeldes ao caminho da moderao e, vida limpa, se comprazia em agregar cascudos doloridssimos, capazes de matar de inveja o prprio Torquemada, to tecnicamente os aplicava. 2. No ia nunca saber o nome daquele cachorro, carecia nome-lo. Se o tratasse com jeito, muito carinho, se o nome fosse bom, o nome pegava. Nome bom a gente sabe depois. mas no queria um desses nomes comuns de cachorro de roa, que todo cachorro se chama. Queria um nome novo, bem novo, inventado agora, que fosse s dele. Todo mundo assim se lembraria. Ia dormir com um nome, s nome com que a gente dorme que pega. 3. Rigorosamente eram quatro os que falavam; mas, alm deles, havia na sala um quinto personagem, calado, pensando, cochilando, cuja esprtula no debate no passava de um ou outro resmungo de aprovao. Esse homem tinha a mesma idade dos companheiros, entre quarenta e cinqenta anos, era provinciano, capitalista, inteligente, no sem instruo, e, ao que parece, astuto

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e custico. No discutia nunca; e defendia-se da absteno com um paradoxo, dizendo que a discusso a forma polida do instinto batalhador, que jaz no homem, como uma herana bestial; e acrescentava que os serafins e os querubins no controvertiam nada, e, alis, eram a perfeio espiritual e eterna. 4. A, eu aprendi. Eu sei fazer igual ona. Poder de ona que no tem pressa: aquilo deita no cho, aproveita o fundo bom de qualquer buraco, aproveita o capim, percura o escondido de detrs de toda rvore, escorrega no cho, mundu-mundu, vai entrando e saindo, maciinho, p-pu, p-pu, at pertinho da caa que quer pegar. Chega, olha, olha, no tem licena de cansar de olhar, eh, t medindo o pulo. H, h... D um bote, s vezes d dois. Se errar, passa fome, o pior que ela quase morre de vergonha... A, bai pular> olha demais de forte, olha para fazer medo, tem pena de ningum... Estremece de diante pra trs, arruma as pernas, toma o aoite, e pula pulo! bonito... 5. Quantos minutos ainda? Oito. Biagio alcanou a bola. A, Biagio! foi levando, foi levando. Assim, Biagio! Dribrou um. Isso! Fuiu de outro. Isso! Avanava para a vitria. Salame nele, Biagio! Arremeteu. Chute agora! Parou. Disparou. A! Reparou. Hesitou. Biagio! Biagio! Calculou. Agora! Preparou-se. Olha o Rocco! agora! A! Olha o Rocco! Caiu. CA-VA-LO! Prrrii! Pnalti!
REFERNCIA BIBLIOGRFICA: Retirado de apostila elaborada por Profa. Eliana Righi. _____________________________________________________________________________________

3. NOES DE TEXTO: unidades de sentido

O que um texto? Um texto uma manifestao lingstica produzida por algum, em alguma situao concreta (contexto), com determinada inteno. Imaginemos a seguinte situao: voc est passando pela rua e, diante de um edifcio, v algum que sai correndo e grita: "Fogo!". Nessa circunstncia, a palavra "fogo" adquire um significado mais abrangente pura voc do que a mera referncia a um processo de combusto. Sua interpretao ser a de que h algo incendiando-se naquele edifcio e a pessoa que dele saiu correndo tenta, ao gritar, alertar outras pessoas e, se possvel, conseguir ajuda. A pessoa est, com seu grito, realizando uma manifestao lingstica; a situao concreta o edifcio que pega fogo e a inteno a de avisar outras

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pessoas do perigo e conseguir socorro. Logo, nessa situao especfica, "Fogo!" pode ser tomado como um texto. O que d sentido a um texto , portanto, a combinao destes fatores': o lingstico, o contextual e o intencional. Devemos, ainda, considerar outro importante aspecto ao falarmos sobre texto. Ele sempre dirigido a algum, ou seja, a situao de produo de um texto supe a existncia de um interlocutor a quem ele se dirige. Isso tambm evidenciado no exemplo que demos. A pessoa que grita "Fogo!" espera ser ouvida e compreendida por outras pessoas. Como veremos mais adiante, so estabelecidos diferentes tipos de interlocuo no momento de produo do texto, e pode-se mesmo dizer que o sentido dos textos construdo na interao entre o seu autor e o interlocutor a quem se destina. A seguir, passaremos a tratar da relao entre texto e contexto. A relao texto/contexto Durante alguns meses, no ano de 1995, revistas de circulao nacional veicularam uma propaganda que, ao lado da fotografia de uma praia, trazia uma carta de algum chamado Bernardo, endereada a um casal amigo. Veja como esse texto era apresentado aos leitores. Imagine que tivssemos apresentado esse texto, aqui, sem qualquer referncia s circunstncias em que ele foi veiculado. O que voc seria capaz de compreender do que leu? Uma hiptese possvel seria a de que Bernardo est passando frias em um local agradvel e escreve para dar notcias a seus amigos. O prprio texto permite que voc chegue a algumas concluses sobre as suas condies de produo (contexto): Bernardo est em Aruba, no Caribe. Tomar conscincia disso o que possibilita interpretar as mudanas observadas ao longo do texto. De uma escrita adulta e informativa ("Nos mergulhos, pudemos conhecer melhor os hbitos do Hippocampus guttulatus"), o texto passa, gradativamente, por um processo de infantilizao, indicado tambm pelos aspectos grficos (note como a letra utilizada comea a mudar em ''O azul do mar incrvel e a areia, branquinha"), at chegar a enunciados tpicos das composies escolares infantis ("O meu baldinho verde e u da Elisa vermelho. Aqui legau"). No fim do texto, voc tem a certeza de que uma criana quem "fala" ali. Veja por exemplo a grafia de "legau" e a inverso da letra B em "beijo" e "Bernardo", palavra em que o "o" final o desenho de um garotinho). Levando em considerao apenas o texto lido e a forma grfica com que ele se apresenta, voc provavelmente ter concluda que Bernardo deseja fazer com que seus amigos compreendam que as frias no Caribe lhe esto fazendo to bem, que ele ali se sente como uma criana. Acontece, porm, que alm do contexto estabelecido no prprio texto (as frias em Aruba) h um outro, muito importante a ele relacionado: essa carta fui publicada em revistas de circulao nacional. O conhecimento desse segundo contexto nos leva a rever a concluso a que havamos chegado sobre o significado do texto lido: ele no pode ser uma carta de Bernardo para seus amigos! Por que no? Porque ningum publica cartas pessoais em revistas. Se no uma carta real o que , ento? Precisamos fazer nova anlise, agora considerando o contexto de divulgao e as condies de produo do texto. Sabemos que o interlocutor por ele estabelecido no o casal de amigos, Ana e Paulo, mas sim o conjunto dos leitores da revista. Qual seria, porm, a inteno por trs da publicao de um texto como esse em uma revista? Certamente, a de convencer suas dezenas de milhares de leitores de que passar as frias em Aruba, no Caribe, to bom, que rejuvenesce as pessoas, a ponto de faz-las retornar no tempo. Trata-se, portanto, de um texto de propaganda, elaborado por profissionais, em que se cria um contexto considerado adequado para "vender" viagens ao Caribe. Conclumos, imediatamente, que no existem, no mundo real, nem Bernardo, nem Ana, nem Paulo, que, como personagens, resultam de um trabalho de criao de uma agncia de propaganda. Um exemplo como esse ilustra bem o que aqui estamos tentando enfatizar: a importncia de se levar em considerao o contexto no momento da interpretao de um texto. Em alguns casos, sem

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conhec-lo, estaremos simplesmente impossibilitados de compreender a inteno do autor ao produzir um texto. Muitas vezes no exatamente a falta de informao do que acontece atualmente ao nosso redor, mas a falta de informao sobre acontecimentos passados, que impede a compreenso de determinados textos. o que se observa com relao tira a seguir, de autoria do cartunista Henfil:

Na Alemanha h pesquisas para o carro eltrico, enquanto isso, nos Estados Unidos avanam os estudos sobre o lcool...

E ateno! O Brasil acaba de descobrir o carro movido a depsito compulsrio!

Provavelmente voc no entendeu o texto da tira. Como voc, teriam dificuldade para compreender esse texto todos os brasileiros que, ao l-la, no soubessem a que se refere o mencionado depsito compulsrio. Na verdade, tal depsito sobre combustveis foi institudo pelo governo brasileiro durante a dcada de 1970, em decorrncia da chamada "crise do petrleo". Sem essa informao fica impossvel no s entender o texto, como tambm o humor da tira: enquanto cientistas de outros pases procuram formas mais baratas de combustvel, o cidado brasileiro obrigado, pelo governo, a pagar um imposto para encher o tanque do seu carro... Das consideraes feitas, fica evidente a ntima relao entre o sentido dos textos e o contexto especfico em que so produzidos. Os textos e seus interlocutores O interlocutor de um texto o leitor a quem ele se dirige preferencialmente ou, em outras palavras, o leitor em quem pensa o autor no momento da produo de um texto. H, para cada texto, no s um contexto, mas tambm um interlocutor preferencial. Pesquisadores descobrem ave no catalogada Rio Branco Uma equipe de pesquisadoras do Museu Emilio Goeldi, de Belm (PA), descobriu no Acre uma ave ainda desconhecida da cincia. R ave foi identificada como M-taoca. Essa espcie provavelmente da famlia do jacomim, uma espcie comum na regio, A revelao foi feita ontem pelo ornitlogo David Oren, que chefiou a expedio. A ave foi achada na Serra do Moa, na divisa do Acre com o Peru, a mais de quatro dias de barco de Cruzeiro do Sul, a 648 km de Rio Branco. Oren tambm encontrou outras oito espcies de pssaros na regio, As aves eram conhecidas da cincia, mas ainda no estavam catalogadas no Brasil. De acorda com o ornitlogo, os descobertos esto sendo pesquisadas no Museu Emlio Goeldi.

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O pesquisador David Oren, um americano naturalizado brasileiro, afirma que a Serra do Moa, por ser desabitada, possui um nmero grande de espcies de aves exticos e desconhecidas da cincia. Oren quer desenvolver um trabalho mais intenso na regio e deve voltar ao Acre no incio de maro. "A fauna do Moa e do Acre, de um modo geral, precisa ser estudada", diz o ornitlogo. Em maro, quando retornar ao Acre, Oren deve ficar mais de um ms no meio da selva. 6le vir acompanhado do pesquisador americano Bret Whitney. O interesse pelas aves da Serra do Moa no recente. No incio da dcada, a cantora Tet Spindola e uma equipe de ornitlogos passaram vrios dias na regio. Ela pesquisou o canto dos pssaros e gravou dezenas deles para incluir num disco, As regies do Macaun, em Sena Madureira, e Projeto Humoit, em Porto Acre, tambm esto sendo bastante visitadas por pesquisadores. Se cada texto supe um interlocutor, quem seria o interlocutor do texto que acabamos de ler? Para identificar o interlocutor de um texto. devem-se observar dois aspectos: o assumo do texto e suas caractersticas formais. No exemplo acima, tem-se um (texto de jornal, o que nos faz, identificar um conjunto amplo de possveis leitores: todas as pessoas que buscam informao nos jornais. Se considerarmos, porm, o assunto por ele abordado, veremos que esse conjunto diminui consideravelmente. O texto fala da descoberta e catalogao de uma ave. Dito isso. podemos supor que os leitores interessados em assuntos cientficos de modo geral e em aves. de modo particular tero interesse pela notcia. Sero, assim, os interlocutores possveis para este texto de carter informativo. No caso. podemos consider-lo "neutro" no que diz respeito a marcas formais, dada a escolha de termos mais genricos para fazer referncia a um assunto que, fora do contexto de um jornal, poderia trazer um lxico especfico (termos cientficos prprios da ornitologia, por exemplo). Agora veja um exemplo que deixa ainda mais evidente o interlocutor pressuposto por um texto. Neste caso, alm do assunto, as marcas textuais constituem indcios valiosos no momento de identific-lo. IBM disponibiliza novas tecnologias on-line

Se voc est imaginando que poderia substituir os browsers da Netscape ou da Microsoft como a interface preferida dos usurios no futuro, a IBM pode ter uma resposta em seus laboratrios de pesquisa e desenvolvimento. J. William Semich. WebWeek No precisamos nem ir adiante na citao. Esse pargrafo j deve ter dado a voc a idia do que estamos chamando de marcas textuais que identificam um interlocutor. Observe os termos destacados no texto. O lxico utilizado constitui um jargo associado informtica, de maneira geral, e Internet em particular. Somente quem "surfa pelas ondas virtuais" sabe o que so browsers e interfaces. Esse portanto, o interlocutor definido por esse texto. As consideraes que aqui fizemos sobre contexto e sobre os interlocutores pressupostos pelos textos tm por objetivo deixar muito claro para voc, desde o incio do nosso trabalho, que no possvel escrever bons textos sem controlar muito bem esses dois aspectos, constitutivos de qualquer situao de interlocuo. Os textos escritos assim como os orais, no tm uma existncia autnoma, no sentido de que sua significao no se define independentemente de um contexto o da relao que com eles estabelecem seus leitores.
Sugesto de filme Queime depois de ler (Ethan Coen, Joel Coen - 2008) excelente comdia policial sobre as diferentes interpretaes que um texto pode ter quando fora de suas condies de produo. ________________________________

Exerccios
Leia os textos a seguir e faa o que se pede.

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Texto 1 No preciso muito para sentir cime. Bastam trs voc, uma pessoa amada e uma intrusa. Por isso todo mundo sente. Se sua amiga disser que no est mentindo. Ou se enganando. Quem agenta ver o namorado conversando todo animado com outra menina sem sentir uma pontinha de no-sei-o-qu? (...) normal voc querer o mximo de ateno do seu namorado, das suas amigas, dos seus pais. Eles so a parte mais importante da sua vida. Texto 2 Em total sincronismo com o Final do milnio, a Bienal promove a pulverizao do tradicional organismo vivo: a fila. A 23a Bienal Internacional de So Paulo tem: Picasso, Goya, Munch, Andy Warhol, Paul Klee. E voc compra seu ingresso antecipado pelo telefone, marcando o dia e o horrio da sua visita. O ingresso chega em 7 dias e voc paga na prxima conta telefnica ou no carto de crdito. Ligue j: 0800-111 -951. Assim voc evita aquela manifestao entrpica e inconstante de tons soturnos, ou seja, a fila. Veja Texto 3 Herbarium Todos as manhs eu pegava o cesto e me embrenhava no bosque, tremendo inteiro de paixo quando descobria alguma folha rara. Era medrosa mas arriscava ps e mos por entre espinhas, formigueiros e buracos de bichos (tatu? cobro?) procurando a folho mais difcil, aquela que ele examinaria demoradamente: a escolhida ia para o lbum de capa preta. Mais tarde, faria parte do herbrio, tinha em casa um herbrio com quase duos mil espcies de plantas. "Voc j viu um herbrio?" ele quis saber. Herbarium, ensinou-me logo no primeiro dia em que chegou ao sitio. Fiquei repetindo a palavra, herbarium. Herbarium. Disse ainda que gostar de botnica era gostar de latim, quase todo o reino vegetal tinha denominao latina. EU detestava latim mas fui correndo desencavar a gramtica cor de tijolo escondida na ltima prateleira da estante, decorei a frase que achei mais Fcil e na primeiro oportunidade apontei para a formiga sava subindo no parede: Formica bestiola est Ele ficou me olhando.A formiga um inseto. Apressei-me em traduzir. Ento ele riu a risada mais gostosa de todo a temporada. Fiquei rindo tambm, confundida mas contente: ao menos achava alguma graa em mim. Um vago primo convalescendo de uma vaga doena. Que doena era essa que o fazia cambalear, esverdeado e mido quando subia rapidamente a escada ou quando andava mais tempo pela casa? (...) Convalescendo do qu? Qual doena tinha ele? Tia Marita, que era alegrinha e gostava de se pintar, respondeu rindo (falava rindo) que nossos chazinhos e bons ares faziam milagres. Lygia Fagundes Telles O Seminrio dos Ratos Piratas da selva Empresas se aproveitam de vcuo legal paro patentear plantas e material gentico. "Pirataria gentica." Pelo nome, parece idia de ecoxiitas assombrados por teorias conspiratrias. Mas o fato que a coisa existe e atende a uma razo muito simples. Paro economizar tempo e dinheiro despendidos em interminveis pesquisas, indstrias farmacuticas de grande porte descobriram que si mais barato deixar que curandeiros indgenas faam o trabalho por elas. um timo negcio. Segundo a Shaman Pharmaceuticals uma multinacional do ramo, os laboratrios tradicionais pesquisam em mdia 10000 substncias at encontrar uma que tenha aplicao prtica, entre as plantas usadas por pajs, porm, metade possui alguma substncia medicinal. O nico trabalho colher as plantas, isolar seus princpios ativos e patente-los. Doentes de todo o planeta s tm a ganhar com a biopirataria se puderem arcar com o custo dos remdios Industrializados. J os pases de onde as substncias originais so retiradas perdem, por ano, uma quantia avaliada em 5,4 bilhes de dlares em royalties.

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O princpio da biopirataria aproveitar, o preo baixo, remdios descobertos por populaes nativas em sculos de intimidade com a selva, assim o alucingeno conhecido como santo-daime foi patenteado nos Estados Unidos e a erva conhecida como quebra-pedra virou remdio por hepatite. H uma brecha na lei que permite isso. A Conveno da Biodiversidade, assinada por 144 pases, estabelece que, se uma empresa faz uma descoberta a partir de plantas, animais ou material gentico de um pas, tem de pagar royalties pelo uso da matria prima. Isso valeria para invenes como castanha-do-par geneticamente modificada e alguns plsticos feitos a partir de uma seringueira. Os royalties aumentam se o remdio tiver uso j conhecido no pas de origem (como a muirapuama, planta amaznica, patenteada no Japo como remdio para impotncia). O pagamento representaria de 3% a 5% sobre as vendas dos produtos. O problema que a maioria dos pases, inclusive o Brasil, no regulamentou a conveno. os Estados Unidos no a ratificaram, assim, nos ltimos dez anos surgiram 200 empresas americanas especializados em coleta de material no exterior a "bioprospeco".
1 Considerando o Texto 1, possvel identificar a que tipo do leitor de se dirige (ou seja, quem seu

interlocutor preferencial)?
2 Quais so as informaes (explcitas ou no) que per a voc identificar o interlocutor preferencial mitem

do Texto 1? 3 Quem voc identifica como interlocutor preferencial do Texto 2? 4 Quais so os elementos do texto que permitem identific-lo? 5 Agora volte sua ateno para o Texto 4. Ele traz, no ttulo, referencia pirataria. Se formos ao dicionrio, descobriremos as seguintes definies para os termos pirata e pirataria: Pirata. 1. Bandido que cruza os mares s com o fito de roubar. Pirataria, l. Ao ou vida de pirata. 2. P. ext. Roubo. Extorso. Aurlio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionrio da lngua Portuguesa Considerando tais definies, responda s questes propostas.
a) Por que no faz sentido utilizar o termo pirata, no sentido literal do termo, em relao ao texto lido? b) Se a definio do termo n3o se aplica bem ao lexto, como explicar o uso de pirataria no ttulo? c) Porque a palavra roubo no substitui satisfatoriamente pirataria no ttulo da matria?

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4. TEXTOS ORAIS E TEXTOS ESCRITOS TEXTO 1
Captulo 7. Lngua e Escrita. In: FARACO, C. A.; TEZZA, C. Prtica de texto para estudantes

6 O Texto 3 trata de um assunto muito prximo daquele desenvolvido no Texto 4. Eles so, no entanto, profunda mente diferentes. Por qu?

universitrios. Petrpolis: Vozes, 2008. cap. 7, pg. 104 127.

Sugesto de filme: Os narradores de Jav (Eliane Caff): interessante discusso sobre memria oral e escrita, histria, verdade, discurso cientfico, atravs de uma comdia que se passa no serto nordestino.

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Exerccios
1. Leia com ateno o seguinte texto: [ Capito (entrando)] - No h ningum em casa? Ou esto todos surdos? (entra) Assentar-me-ei e esperarei que venham. [Dirige-se para junto da mesa, tira a barretina, pe sobre a mesa, e se assenta, quando, por acaso, voltando a cabea, d com o Judas; supondo ser um homem, ergue-se repentinamente e o cumprimenta; conhecendo, porm o engano, desata a rir-se.] - boa ! E eu no me enganei com o Judas, pensando que era um homem?!... Ah! Ah!... Est um figuro! E o mais que a mscara

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parece viva [Diz estas palavras j sentado e olhando para o Judas] - aonde estar esta gente? Preciso muito falar com o Cabo Pimenta [ bate sobre a mesa] e ver a filha - mas no seria mau que ele no estivesse em casa; desejo ter certa explicao com a Maricota. Pena, L.C. Martins. " O Judas no sbado de aleluia. " In: O juiz de paz da roa e O Judas no sbado de aleluia; estabelecimento do texto e notas de Amlia Costa, Rio de Janeiro, Org. Simes, 1951. p. 63 A quem se destinam as indicaes dadas entre colchetes? Destaque as referncias situao na fala do personagem. Como se justificam essas referncias? 2. Identifique, no texto seguinte, as marcas caractersticas de linguagem oral. Comente o nvel de linguagem. Observe os recursos utilizados pelo autor para transcrever alguns signos no-verbais. A, eu aprendi. Eu sei fazer igual ona. Poder de ona que tem pressa: aquilo deita no cho, aproveita o capim, percura o escondido de detrs de toda rvore. Escorrega no cho, mundumundu, vai entrando e saindo, maciinho, p-pu,p-pu, at pertinho da caa que quer pegar. Chega, olha, olha, no tem licena de cansar de olhar, eh, t medindo o pulo. H,h... D um bote, s vez d dois. Se errar, passa fome, o pior que ela quase morre de vergonha... A, vai pular: olha demais de forte, olha pra fazer medo , tem pena de ningum... Estremece de diante pra trs, arruma as pernas, toma o aoite, e pula pulo! - bonito... Rosa, Guimares. " Meu tio o lauaret". In : - Estas estrias. Rio de Janeiro, Jos Olympio, 1969. P. 133. 3. O texto que vem a seguir a letra de uma das msicas de Adoniran Barbosa: Samba no Bexiga Domingo ns fumus Num samba no Bexiga Na rua Major Na casa do Nicola A mezza notte oclock Saiu uma baita duma briga Era s pizza que avoava Junto cas brajola Nis era estranho no lugar E no quisemo se meter No fumo l pra brig Nis fumo l pra com Na hora h se infiemo debaixo da mesa Fiquemo ali de beleza Vendo o Nicola brig Dali a pouco escuitemo a patrulha chegar E o sargento Oliveira parlar Num tem importncia V chamando as ambulncia. A ele disse assim: Carma, pessoar, A situao aqui t Muito cnica: Os mais pior vai pras Crnica

25 a) Como se sabe comum Adoniran usar em suas letras uma variante do portugus que mistura certos traos da linguagem caipira com a fala dos imigrantes italianos do Bexiga (bairro de So Paulo) para figurativizar personagens. Alm de mesclar o italiano com a fala caipira, h no texto uma outra mistura lingstica curiosa: transcreva a passagem em que o autor embaralha italiano com ingls. Que efeito de sentido produz essa mistura? b) Transcreva um trecho em que se usa uma forma verbal do italiano conjugada como um verbo portugus. c) Transcreva um exemplo em que, maneira caipira, no se faz a concordncia do verbo com o sujeito e um exemplo em que o substantivo no est concordando com o artigo. Saiu uma baita duma briga Era s pizza que avoava Junto cas brajola O efeito de espontaneidade dessa passagem depende em grande parte da escolha de duas palavras da fala coloquial popular. Transcreva-as, substituindo-as pelas formas da lngua culta escrita. No mesmo trecho h duas palavras prprias do lxico de um falante talo-brasileiro. Quais so elas? d) e) Nis era estranho no lugar E no quisemo se meter Alm da discordncia entre o verbo (era) e o sujeito, h nesse trecho um erro de concordncia que prprio da lngua oral espontnea. Identifique-o. f) Quem fala, no texto, um sujeito coletivo representado por um ns (ou nis) que est presente em todo o percurso do texto. Ao dizer que no quis se meter na briga esse sujeito coletivo apresenta dois argumentos para explicar essa recusa. Quais so os dois argumentos? O segundo argumento para ser levado a srio ou para produzir efeito de humor? g) O sargento Oliveira citado em discurso direto nessa passagem: Carma, pessoar, A situao aqui t Muito cnica: Os mais pior vai pras Crnica Essa interveno do sargento Oliveira faz parte do clima de humor que permeia o texto? Cite duas razes para justificar sua resposta.

4. No dia 10/11/96, os jornais divulgaram a carta mediante a qual o mdico Adib Jatene solicitava ao
Presidente da Repblica sua demisso do cargo de Ministro da Sade, e a carta do Presidente da Repblica, aceitando a demisso. Dessas cartas foram extrados, respectivamente, os dois trechos abaixo: A Sua.Excelncia, o Senhor Doutor Fernando Meu Caro Jatene, Henrique Cardoso, Presidente da Repblica Exatamente porque acredito que preciso Federativa do Brasil. tomar possvel o necessrio, apoiei a CPMF e ............................................................. fiz, junto consigo, os esforos para aumentar a Repito a frase aprendida de Vossa dotao do Ministrio da Sade. S assim foi Excelncia: "A poltica no a arte do possvel quase dobrar, em dois anos, os possvel. a arte de tornar o possvel recursos do SUS. Ainda sim, eles so necessrio." insuficientes. O que fazer? Continuar lutando, Estou tranqilo porque dei minha como continuarei: pena que sem voc, embora contribuio com lealdade e no limite de com sua inspirao. minha capacidade, sem trair os ideais dos que ............................................................ lutam no setor sade pela equidade e pela ................................................. garantia de acesso s camadas mais sofridas Resta agradecer, muito sinceramente, sua da populao. Outros complementaro o colaborao, sua coragem para diagnosticar trabalho, sob a liderana de Vossa Excelncia, os problemas do ministrio e enfrentar as para que seja possvel atender ao necessrio solues, e o nimo que voc infundiu em que detectamos. todos ns. Aproveito para manifestar-lhe o meu Tenha a certeza de que suas declaraes melhor apreo, mostrando a disposio de continuar a luta Cordialmente, pela sade no ficaro nas palavras. O Brasil Adib Jatene precisa de gente como voc.

26 Ministro da Sade Com afetuoso abrao. Fernando Henrique Cardoso

a) Os autores das duas cartas utilizam registros lingsticos diferentes, no interior da variedade culta do portugus escrito. Aponte nos textos essas diferenas de registros e explique o efeito que cada um deles produz. b).O uso culto de consigo o que as gramticas exemplificara por meio de frases como: O vento traz consigo a tempestade. Compare esse uso com o que foi feito pelo presidente no primeiro pargrafo de sua carta e explique as diferenas. c) Pelo que se l no primeiro pargrafo das duas cartas, Jatene teria aprendido com Fernando Henrique o conceito de poltica que procurou aplicar enquanto ministro, mas uma leitura atenta desses pargrafos aponta uma grande diferena. Explique essa diferena. 6. A transcrio, que voc vai ler a seguir foi retirada de uma aula de Histria Contempornea ministrada no Rio de Janeiro no final da dcada de 70. Como se trata de um texto falado, bastante entrecortada e repetitiva caracterstica tida como inapropriadas para a lngua escrita. Leia o trecho como se voc estivesse "ouvindo" a aula; em seguida, a) Responda com uma nica frase: qual o principal propsito da passagem transcrita? b) Elimine os traos de oralidade do texto e resuma a aula no mximo em 30 palavras. ... ns vimos que ela assinala...como disse o colega ai...a elevao da sociedade burguesa... e capitalista...ora...pode-se j ver nisso...o que uma revoluo...uma revoluo significa o qu? Uma mudana...de classe...em assumindo o poder...voc v por exemplo...a Revoluo Francesa...o que ela significa? Ns vimos...voc tem uma classe que sobe... e outra classe que desce...no isso? A burguesia cresceu...ela ti/ a burguesia possua...o poder...econmico...mas ela no tem prestigio social...nem poder poltico...ento...atravs desse poder econmico da burguesia...que controlava o comrcio...que tinha nas mos a economia da Frana...tava nas mos da classe burguesa...que crescera...desde o sculo quinze...com a Revoluo Comercial...ns temos o crescimento da burguesia...essa burguesia quer...quer...o poder...ela quer o poder poltico... ela quer o prestigio social...ela quer entrar em Versalhes...ento ns vamos ver que atravs...de uma Revoluo,..ela vai...de forma violenta...ela vai conseguir o poder...isso uma revoluo porque significa a ascenso de uma classe e a queda de outra...mas qual a classe que cai? a aristocracia...tanto que... o Rei teve a cabea cortada... no isso? caiu... o poder das classes privilegiadas e uma nova classe subiu ao poder...voc diz...por exemplo,..que a Revoluo Russa de dezessete... uma verdadeira revoluo...por que? porque significa... a ascenso duma classe nova...que tem o poder...ou melhor...que assume o poder...o proletariado (Dinah Callou (org.) A linguagem falada culta na cidade do Rio de Janeiro - materiais para seu estudo: Elocues formais. Rio: Fujb, 1991 pp.104-105). 7. Voc habitualmente usa e reconhece vrios nveis de linguagem, associados a diferentes falantes, estilos ou contextos. Voc sabe tambm que vezes o falante utiliza um estilo que no o seu, para produzir efeitos especficos, que o que faz o maestro Jlio Medaglia na carta abaixo: MASSA! P, Erundina, massa! Agora que o maneiro Cazuza virou nome mim pedao aqui na Sampa, que sabe tu te anima e acha a um point pra bot o nome de Magdalena Tagliaferro, Cludio Santoro, Jaques Klein, Edoardo de Guarnieri, Guiomar Novaes, Joo de Souza Lima, Armando Belardi e Radams Gnattali. Esses caras no foi cruner de banda a Ia 'Trogloditas do Sucesso', mas se a tua moada no manjar quem eles foi d um look a na Enciclopdia Britnica ou no Groves International e tu vai saca que o astral do sculo 20 musical deve muito a eles. Jlio Medaglia, di-jei do Teatro Municipal do Rio de Janeiro (So Paulo-SP) "Painel do Leitor", Folha de So Paulo, 4.10.90. a) Que grupo social pode ser identificado por este estilo? Transcreva as marcas lingsticas caractersticas desse grupo, presentes no texto. b) Em que campo da cultura deram contribuio importante os nomes mencionados na carta e que passagem (ns) do texto permite (m) afirmar isso? c) O texto contm uma crtica implcita. Qual , e a quem dirigida?

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5. ESTILOS E GNEROS DISCURSIVOS

TEXTO 1 As linguagens da lngua. In:FARACO,C.A.; TEZZA, C.Prtica de texto para estudantes universitrios. Cap. 2. RJ: Vozes, 2008. pg. 20 38. __________________

5.1 O TEXTO JORNALSTICO

A NOTCIA a base do jornalismo: o seu objeto e o seu fim. Ela fixa e pereniza um acontecimento e torna-o acessvel ao pblico. Para maiores exemplos, d uma olhada no jornal do dia que estiver mo. A notcia tem como objetivo informar. Essa informao deve ser entendida como a veiculao de um fato real que desperte interesse e chegue ao leitor de maneira rpida e direta. Por isso o primeiro pargrafo de uma notcia (lead) apresenta, normalmente, um apanhado geral dos fatos: QUEM? O QU? QUANDO? ONDE? COMO? PORQU? Fases da produo da notcia 1. seleo de eventos; 2. ordenao dos eventos; 3. identificao dos que tomaram parte dos eventos. A notcia deve reunir: INTERESSE, IMPORTNCIA, ATUALIDADE e VERACIDADE. A notcia interpretativa deve conter tantos pormenores quantos forem necessrios para explic-la melhor, contribuindo, assim, para o discernimento e para o estabelecimento de paralelos. Opinar exige cuidados que contribuem para a clareza de um ponto de vista. Nesse sentido, a notcia requer tratamento e elaborao. Manchete: uma notcia precisa ser anunciada por uma manchete e por um olho. O ttulo da notcia , ao mesmo tempo, uma manchete e tem o papel de resumir o fato. (ler ex. de manchete) Olho da notcia: vem logo abaixo da manchete, numa frase que trata de acrescentar mais uma informao. Legenda: explicao que acompanha fotos ou ilustraes. um cdigo verbal traduzindo o outro. O elemento mais importante o cdigo: trata-se portanto de metalinguagem uma linguagem falando de outra linguagem. As legendas so descritivas. Assim como as resenhas. A resenha o gnero textual da crtica literria, de msica, de cinema ou de teatro que comumente aparece nos jornais. Resenhar , portanto, apresentar, expor alguns elementos com preciso e fidelidade. Geralmente o resenhador deve evitar julgamento simplesmente expor, nem criticando, nem louvando (trata-se de resenha descritiva). Entretanto, se ele optar por tomar partido, estar fazendo resenha crtica. TIPOS DE TEXTOS JORNALSTICOS

Artigo: texto em que prevalece uma opinio pessoal baseada em anlise de situao ou dos fatos. Se consistente, apresenta naturalidade, densidade e conciso. Em geral, o artigo procura explicar um fato e sua motivao apia-se no desejo do jornalista em informar, ou interpretar, ou persuadir. (notcia interpretativa) Editorial: texto jornalstico que analisa um assunto e forma valorativa, a partir do ponto de vista
extrado da apostila da Profa. Eliana Righi

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da empresa jornalstica. apresenta um diagnstico e uma receita para a questo em pauta. (ex. jornal do dia)

Crnica: caracteriza-se particularmente pelo estilo descontrado que a faz situar entre o jornalismo e a literatura. constituda de acontecimentos dirios que propiciam reflexes e da exposio de uma viso subjetiva ou crtica do cronista, e a linguagem utilizada ou sentimental, ou emotiva, ou irnica, ou sarcstica. Pode ser de trs tipos: 1. crnica-comentrio: viso pessoal, 1a. pessoa explcita ou implcita, vocabulrio familiar. No tem forma fixa: pode ser narrao, descrio, narrao, dilogo ou dissertao. Giram em torno de fatos que proporcionam reflexes(ex. Carlos Heitor Cony) 2. crnica lrica: linguagem sentimental e ausncia de eixo centralizador. (ex. Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Drummond) 3. crnica narrativa: 1a. ou 3a. pessoas e privilegia a narrao. Recheada de humor e ironia e idias giram em torno de fatos da histria. (ex. Mrio Prata, Fernando Sabino). Nota: notcia breve que se destina informao rpida. Reportagem: trata de assuntos no relacionados a fatos novos, buscando certo conhecimento do mundo. Inclui investigao e interpretao. (Ex. Globo - eleies americanas).

A LINGUAGEM JORNALSTICA A linguagem jornalstica adota o padro culto da lngua, sem contudo perder de vista o universo vocabular do leitor. Exige o emprego do mnimo de palavras e o mximo de informao, correo, clareza e exatido. Para uma boa redao de textos jornalsticos, observe estes procedimentos: Construa perodos curtos, com no mximo duas ou trs linhas, evitando frases intercaladas ou ordem inversa desnecessria. Adote como norma a ordem direta, elaborando frases com a seguinte estrutura: sujeito, verbo e complemento. Empregue o vocabulrio usual. Adote esta regra prtica: nunca escreva o que voc no diria. Termos tcnicos ou difceis devem ser evitados; se tiver que escreve-los, coloque entre parnteses seu significado. Os termos coloquiais ou de grias devem ser usados com parcimnia, apenas em casos especiais. Nunca use duas palavras se puder usar uma s. Evite os superlativos e adjetivos desnecessrios. Empregue verbos de ao e prefira a voz ativa, que dinamizam mais a frase e estimulam o leitor.
Adaptado de: Eduardo Martins, Manual de redao e estilo de O Estado de S. Paulo. So Paulo: Moderna, 1997.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS Extrado de apostila da Profa. Eliana Righi. CAMPEDELLI, S. Y. e SOUZA, J. B. Literatura, produo de Textos e Gramtica, SP: Saraiva, 2000. CEREJA, W. R. e MAGALHES, T. C. Texto e interao: uma proposta de produo textual a partir de gneros e projetos. So Paulo: Atual, 2000 _________________________

EXERCCIOS
Para os exerccios desta lio usaremos textos extrados de um jornal. 1. Leia os textos jornalsticos e para cada um deles: a) Defina o assunto e o tema, comentando como o autor se posiciona com relao a este ltimo (qual foi sua inteno?) b) Aponte o lead.

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c) Qual o leitor preferencial de cada texto? Justifique. d) Classifique-os de acordo com seu gnero textual. e) Classifique cada um entre texto interpretativo ou imparcial. f) Comente a relao de linguagem verbal e no-verbal, quando pertinente. ____________________________________________________________________________

5.2 O TEXTO PUBLICITRIO

Todo texto publicitrio visa persuadir o interlocutor a consumir o produto oferecido. Para isso, normalmente apresenta argumentos, isto , vantagens ou razes para se consumir aquele produto. No texto do Bernardo (carta), qual foi o argumento utilizado para estimular o leitor a ir passar frias em Aruba? PARA PUBLICITRIO, PERSUASO ARMA Campanha tem de convencer a comprar A grande arma para o xito de uma campanha publicitria a capacidade de convencer o consumidor para a escolha do produto. Essa a opinio de Antonio Fadiga, scio-diretor da Fischer Amrica Comunicao Total. [...] De acordo com Fadiga, as premissas para a comunicao esto se alterando rapidamente nas ltimas dcadas. Nos anos 70, havia pouca competitividade da persuaso. Nos anos 80, comeou a crescer a necessidade da persuaso. Nos anos 90, entretanto, o cenrio muda radicalmente. Voc passa a ter de convencer as pessoas de alguma coisa, pois o consumidor est mais ctico, individualista, diz Fadiga. [...] O poder mudou de mo. No mais a empresa quem decide. A imagem do consumidor cada vez mais a matria-prima. A diferena feita ao se falar a lngua do consumidor. Folha de S. Paulo, 29/3/99 Observe agora este anncio. Nele, os elementos que formam a imagem os bonecos, as flores e a cobertura fazem parte de um bolo. a) Pelas roupas dos bonecos, deduza: o que eles esto fazendo? b) Que relao h entre o tipo de alimento identificado e a caracterizao dos bonecos? Um anncio, para promover seu produto, pode se utilizar de diferentes recursos: lingsticos, visuais, ideolgicos, etc. Faa o cruzamento da parte verbal com a imagem desse anncio e: a) Reconhea que tipo de produto o anncio pretende promover? b) Explique: que tipo de relao existe entre a parte verbal e a parte visual do anncio. c) Interprete: o tipo de argumento utilizado predominantemente lingstico, visual ou ideolgico? Justifique. O mundo j foi assim Quem l o enunciado superior do 2o anncio pode pensar que os critrios de beleza sempre deram preferncia aos magros. Mas nem

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sempre foi assim. A pintura renascentista (sculo XVI) um claro testemunho de como os padres de beleza so relativos e histricos. Naquela poca, as mulheres cheinhas que representavam o ideal feminino de beleza, diretamente associado a uma posio social privilegiada, de quem levava uma vida mais contemplativa. J as mulheres magras eram associadas ao trabalho e pobreza, sendo, por isso, consideradas mais feias ou inferiores socialmente. Hoje, embora os valores tenham mudado, ainda apresentam um fundo social e econmico semelhante: so consideradas mais bonitas as mulheres que freqentam academias, as que tm tempo e dinheiro para cuidar esteticamente do corpo, da pele, dos cabelos, etc. Muitas vezes, na nsia de vender o produto a qualquer preo, o anunciante pode cometer erros, desrespeitando o consumidor ou induzindo-o a erro. Veja alguns aspectos apontados por dois cdigos de tica da publicidade: Cdigo de Defesa do Consumidor: Propaganda enganosa aquela capaz de induzir o consumidor a um erro. Este erro pode estar relacionado falta de informaes sobre o preo correto, qualidade, quantidade, origem do produto ou servio oferecido. Propaganda abusiva aquela considerada discriminatria, que incite violncia, explore a superstio ou o medo. Cdigo do Conselho Nacional de Auto-Regulamentao Publicitria (Conar): Nenhum anncio deve favorecer ou estimular qualquer espcie de ofensa ou discriminao racial, social, poltica, religiosa ou de nacionalidade. Os dois anncios lidos so textos publicitrios, um gnero textual cuja finalidade promover um produto e, principalmente, estimular e persuadir o interlocutor a consumi-lo. Sendo um gnero de natureza argumentativa, o texto publicitrio apresenta argumentos para persuadir o interlocutor. Esses argumentos, direta ou indiretamente, esto relacionados com eventuais vantagens que o consumidor teria comprando o produto. Essas vantagens podem ser de ordem quantitativa (economiza, rende mais, mais barato), qualitativa ( o mais gostoso, o favorito, o mais nutritivo) ou ideolgica, quando acena com valores (com exclusividade e classe, O mundo nunca vai ser assim. Emagrea [...]). O anncio geralmente apresenta um texto verbal, apoiado por uma imagem ou vice-versa , que procura chamar a ateno do leitor ou do espectador. A linguagem geralmente enxuta e direta, como o anncio do complemento alimentar, a fim de estabelecer uma comunicao imediata com o pblico. Freqentemente, apresenta verbos no imperativo (Emagrea com Sanavita) ou no presente do indicativo (O mundo nunca vai ser assim). O nvel de linguagem costuma ser coloquial, mas pode ser menos ou mais formal, dependendo do pblico a que se destina, do veculo utilizado rdio, tev, jornais, revistas, outdoor. Os recursos para atrair a ateno do interlocutor so inmeros e vo de grafias e letras diversificadas at ambigidade e jogos de palavras, emprego de metforas, metonmias, neologismos, etc. Caractersticas do texto publicitrio escrito: quase sempre constitudo por imagem e texto; linguagem persuasiva, direta e clara; nvel de linguagem de acordo com o pblico alvo; geralmente a variedade culta informal; verbos geralmente no modo imperativo ou no presente do indicativo; uso de recursos como figuras de linguagem, ambigidade, jogos de palavras, provrbios, etc., como forma de atrair a ateno do pblico; Estrutura varivel, mas em geral composta por: ttulo, que chama a ateno sobre o produto; texto, que amplia o argumento do ttulo; assinatura, logotipo ou marca do anunciante. _________________________

Exerccio

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1. Confronte os dois anncios em estudo com esses princpios ticos da publicidade. a) Na sua opinio, qual deles parece estar mais de acordo com esses princpios? Por qu? b) At que ponto o outro anncio respeita ou no esses princpios ticos? 2. Compare os dois anncios. Qual deles: a) Faz um apelo direto de consumo? Justifique, extraindo palavra ou frase que comprove sua resposta. b) Procura estimular a inteligncia do consumidor? Justifique. PRODUZINDO O TEXTO PUBLICITRIO 1. Escolha um dos produtos ao lado e escreva um anncio publicitrio para ele, de acordo com as caractersticas, a linguagem e os recursos prprios do gnero. D um ttulo sugestivo ao anncio. 2. Faa um anncio classificado oferecendo a si mesmo como produto. No deixe de se descrever, indicando as qualidades que eventualmente possam interessar aos leitores. Informe tambm a forma mais fcil de contato. 3. Releia os princpios do Cdigo de Defesa do Consumidor e do Conar. Crie um anncio para os prprios publicitrios, com a finalidade de estimula-los a serem ticos em suas criaes, evitando o uso de preconceitos ou de valores ideologicamente questionveis. Ao concluir seus trabalhos, mostre-os aos colegas e oua e faa sugestes.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS Extrado e adaptado da apostila da Profa. Eliana Righi. CAMPEDELLI, S. Y. e SOUZA, J. B. Literatura, produo de Textos e Gramtica, SP: Saraiva, 2000. CEREJA, W. R. e MAGALHES, T. C. Texto e interao: uma proposta de produo textual a partir de gneros e projetos. So Paulo: Atual, 2000

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5.3 TEXTO LITERRIO E NO LITERRIO

FIORIN, Jos Luiz e PLATO, Francisco. 16 ed. Para entender o texto: leitura e redao. So Paulo: tica, 2003. (Lio 38) Como podemos distinguir um texto literrio de um texto no literrio? No possvel faz-lo pelo contedo, pois no h contedos exclusivos dos textos literrios. Carter ficcional e no ficcional: o texto literrio fico (recria o real num plano imaginrio), ao passo que outros tipos de texto relatam a realidade existente. No entanto este critrio pode ser discutido sob certos aspectos. Por exemplo, como classificar um texto religioso? Seria mero objeto da fantasia humana? Modernamente a distino se faz observando a funo esttica de um texto literrio em contraposio funo utilitria (informar, convencer, explicar, documentar, etc.) de um texto noliterrio. FUNO ESTTICA OU POTICA Observe os seguintes fragmentos: 1. Este no tem sido o ano de Ronaldo. Pelo menos at agora, Justamente quando dava sinais de estar de volta a seus melhores momentos, o atacante do Real Madrid sofreu uma leso muscular que o afastar por pelo menos trs semanas dos campos. (Folha de So Paulo, 11/04/2006). 2. Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte;

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Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi. (I-Juca Pirama) No primeiro exemplo temos uma mensagem utilitria, cuja finalidade informar. Quem l ou ouve essa mensagem no se importa, por exemplo, com o plano da expresso dos sons); atravessa-o e vai diretamente ao contedo, para entender a informao. No segundo caso, o plano da expresso que nos desperta a ateno porque o poeta, construindo versos de cinco slabas, com acento na segunda e na quinta, cria um ritmo incisivo, martelado, que recria a afirmao de coragem presente no plano do contedo. Esse ritmo bem marcado, quase marcial, imponente, presta-se para enfatizar a exaltao de coragem manifesta no plano do significado. A primeira caracterstica do texto literrio a relevncia do plano da expresso. Ele no serve apenas para veicular contedos, mas contribui tambm para a significao global. Assim, quando Oswald de Andrade escreve E tia Gabriela sogra grasnadeira grasnou graves grosas de infmia A frase no s diz o que dizia tia Gabriela, mas com a aliterao do grupo gr, reproduz aproximadamente o carter enfadonho, repetitivo e desagradvel da fala da personagem. No texto literrio, o escritor no apenas procura dizer o mundo, mas recria-lo nas palavras, de modo que, nele, importa no apenas o que se diz, mas o modo como se diz. A mensagem literria autocentrada, ou seja, o autor, pela organizao da mensagem, procura recriar certos contedos. Faz isso por meio de mltiplos recursos: ritmos, sonoridades, distribuio das seqncias por oposio ou simetria, repetio de palavras ou sons (rimas), repetio de situaes ou descries (verdadeiras rimas no romance ou no conto). Outra caracterstica a intangibilidade, isto , o carter intocvel do texto literrio. Quando se faz um resumo do texto no-literrio, apreende-se o essencial; quando se resume o texto literrio, perde-se o essencial, diz o poeta francs Valry. diferente dizer que o amor no pode durar a vida intera, mas enquanto durar, deve ser muito intenso e dizer os seguintes versos de Vincios de Morais: Eu possa me dizer do amor (que tive) Que no seja imortal, posto que chama Mas que seja infinito enquanto dure A linguagem em funo utilitria aspira a ser denotativa, enquanto a linguagem em funo esttica procura a conotao. Ex. a vaidade, Fbio, nesta vida Rosa, que de manh lisonjeada, Prpuras mil, com ambio dourada, Airosa rompe, arrasta presumida. planta, que de abril favorecida, Por mares de soberba desatada, Florida galeota empavesada, Sulca ufana, navega destemida. nau enfim, que em breve ligeireza, Com presuno de Fnix generosa, Galhardias apresta, alentos preza: Mas ser planta, ser rosa, ser nau vistosa De que importa, se aguarda sem defesa Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?

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No uso esttico da linguagem, procura-se desautomatiz-la, ou seja, criar novas relaes entre as palavras, estabelecer associaes inesperadas e estranhas. Isso torna singular a combinatria das palavras. Ex. de descrio do lobisomen de Jos Cndido de Carvalho, associada intensidade do seu furor: vinte palmos de plo e raiva. A linguagem em funo utilitria pretende ter um nico significado, a linguagem em funo esttica plurissignificativa. Caractersticas gerais do texto literrio: plurissignificao, desautomatizao, conotao, relevncia do plano de expresso e intangibilidade da organizao lingstica. No texto literrio, o modo de dizer to (ou mais) importante quanto o que se diz. O grande desastre areo de ontem Vejo sangue no ar, vejo o piloto que levava uma flor para a noiva, abraado com a hlice. E o violinista, em que a morte acentuou a palidez, despenhar-se com sua cabeleira negra e seu estradivrius. H mos e pernas de danarinas arremessadas na exploso. Corpos irreconhecveis identificados pelo Grande Reconhecedor. Vejo sangue no ar, vejo chuva de sangue caindo nas nuvens batizadas pelo sangue dos poetas mrtires. Vejo a nadadora belssima, no seu ltimo salto de banhista, mas rpida porque vem sem vida. Vejo trs meninas caindo rpidas, enfunadas, como se danassem ainda. E vejo a louca abraada ao ramalhete de rosas que ela pensou ser o praquedas, e a prima-dona com a longa cauda de lantejoulas riscando o cu como um cometa. E o sino que ia para uma capela do oeste, vir dobrando finados pelos pobres mortos. Presumo que a moa adormecida na cabine ainda vem dormindo, to tranqila e cega! amigos, o paraltico vem como extrema rapidez, vem com as pernas ao vento. Chove sangue sobre as nuvens de Deus. E h poetas mopes que pensam que o arrebol.4 LIMA, Jorge de. Poesia, RJ: Agir, 1975 O poeta mostra a queda dos corpos como uma coreografia. Cada passageiro um participante de um bal. Permite a viso que capta os mltiplos ngulos da realidade. Acidente areo no Rio o pior desde 96
Avio da companhia Team bateu contra o Pico da Pedra Bonita e explodiu, na sexta-feira; 17 passageiros e dois tripulantes morreram (Notcia de 01/04/2006 )

Dezessete passageiros e dois tripulantes morreram na queda de um avio bimotor da companhia area Team. Entre as vtimas esto quatro funcionrios graduados da Petrobrs e cinco empregados da construtora Hochtief, de So Paulo, que prestavam servio estatal em Maca. No houve sobreviventes. Foi o maior desastre areo no Brasil desde a queda do Fokker 100 da TAM, em 1996, que deixou 101 mortos. O avio decolou de Maca com destino ao Rio de Janeiro, anteontem, bateu contra o pico da Pedra Bonita e explodiu pouco antes das 18h. Todos os ocupantes foram carbonizados. A maioria das vtimas era de outros Estados e prestava servios na rea de petrleo. De acordo com o Instituto Medico Legal, apenas seis cadveres tinham condio de serem reconhecidos. O avio deixou Maca s 17h19, e fez o ltimo contato com a torre de controle s 17h35. Pouco depois houve o choque contra o morro e uma exploso. Destroos da aeronave caram em uma rea de vegetao fechada e de difcil acesso, o que prejudicou as buscas. O Corpo de Bombeiros localizou a aeronave na madrugada, por volta das 2h50, e o primeiro corpo s foi resgatado, de helicptero, quase nove horas depois, porque o DAC (Departamento de Aviao Civil) fazia uma percia no local do acidente. O resgate terminou s 13h, quando os corpos seguiram para o Instituto Mdico Legal do Rio de Janeiro. O resgate foi demorado por causa do
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Arrebol: cor avermelhada que tomam as nuvens ao nascer do dia ou ao morrer da tarde.

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tempo encoberto, que tornava arriscado o sobrevo dos helicpteros. O DAC ainda no revelou as causas do acidente. O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Carlos Roberto de Carvalho, disse acreditar que a pouca visibilidade do local pode ter propiciado o desastre. Chovia muito na regio, e o morro estava coberto pela neblina no momento do acidente. Segundo Carvalho, o piloto pode ter optado por um vo visual em vez de ser orientado por instrumentos, mas acabou sendo prejudicado pela forte neblina. A Team confirmou o desaparecimento da aeronave sexta-feira noite. O cobrador de nibus Jos Carlos da Costa , 38, contou ter visto o avio minutos antes do desastre. Ele disse que estava no quintal de sua casa quando avistou a aeronave em uma altura abaixo do normal. Declarou que dois minutos depois, o avio sumiu no nevoeiro e em seguida ouviu um forte estrondo vindo do morro. Para ele, o piloto queria fazer um pouso forado em um campo de aviao mais prximo. A Team atua na aviao comercial desde 2001. O bimotor tinha capacidade para 21 pessoas sendo 19 passageiros e 2 tripulantes. A aeronave tinha seis ou sete anos de uso. ___________________ EXERCCIOS Texto 1 Amor fogo que arde sem se ver; ferida que di, e no se sente; um contentamento descontente; dor que desatina sem doer; um no querer mais que bem querer; solitrio andar por entre a gente; nunca contentar-se de contente; um cuidar que ganha em se perder; querer estar preso por vontade; servir a quem vence, o vencedor; ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos coraes humanos amizade, Se to contrrio a si o mesmo Amor? Luis Vaz de Cames

1. Nos dois quartetos e no primeiro terceto, o autor tenta definir o amor. Qual a estrutura sinttica utilizada pelo poeta para iniciar a tentativa de denifir o amor?
2. No poema, h onze termos distintos que procuram uma definio para o amor: fogo que arde, ferida que di, etc. Cada um desses termos, invariavelmente, vem seguido de uma qualificao que entra em contradio com o significado do termo anterior. Assim, sem se ver entra em contradio com fogo que arde, no se sente entra em contradio com ferida que di. Seguindo o modelo proposto, encontre um termos abstrato para definir o significado de cada um dos termos enumerados a seguir: Fogo que arde = manifestao Ferida que di = sofrimento Nunca contentar-se = _____________________ Contentamento = ______________________ Cuidar que ganha = ______________________ Dor que desatina = _____________________ Um querer ( ) por vontade = _______________ Um no querer mais = __________________ O vencedor servir = ______________________ Andar solitrio = _______________________ Ter ( ) lealdade = _______________________ 3. Os onze atributos esto relacionados abaixo. Seguindo o modelo, encontre um adjetivo para definir o significado de cada um deles. Tenha sempre em mente que eles tm uma significao contrria ao do termo que eles acompanham e cujo significado voc j definiu na questo anterior. Sem se ver = invisvel E no se sente = insensvel De contente = ___________________________ Descontente = _________________________ Em se perder =__________________________ Sem dor = _____________________________ Estar preso =____________________________ Que bem querer = _______________________ A quem vence =_________________________ Entre a gente = _________________________ Com quem nos mata =____________________

4. A presena simultnea de dois termos contraditrios recebe o nome de oxmoro. Em si, o oxmoro no se presta para definir nada, pois uma definio no deve conter contradies. Por que, ento, o poeta usa o oxmoro como elemento estruturador dos onze primeiros versos?

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5. No ltimo terceto, o poeta abandona a tentativa de definir o amor. Qual o recurso sinttico que indica essa mudana de enfoque? 6. Na orao subordinada condicional do ltimo verso, o poeta ainda faz uma afirmao a respeito do amor. Qual a diferena entre essa afirmao e as precedentes 7. Arrole algumas caractersticas que comprovam que o texto que est sendo estudado literrio. 8. Observe que a palavra amor abre e fecha o soneto. como se, ao final das tentativas de definir o amor, tivssemos a redundncia amor amor. O poema permite concluir que: a. O sentimento amoroso s pode ser vivenciado e no explicado por categorias lgicas. b. O amor no traz realizao por ser contraditrio e inexplicvel. c. O poeta no est interessado em explicar o que o amor. d. O amor s traz satisfao ao homem quando este consegue entende-lo bem. e. O amor s traz sofrimento ao homem. Texto 2 A descida aos infernos Nessa Londres da metade do sculo, com dois e meio milhes de habitantes, projetam-se m total nitidez a promiscuidade, a diversidade, a agresso, em suma, os vrios perigos presentes na vida urbana. Para alm do fascnio se faz sentir o medo. [...] Os observadores contemporneos so unnimes ao afirmar que o assustador contraste entre a opulncia material e a degradao do homem fazia de Londres uma singularidade absoluta. [...] Percorrendo as ruas principais da metrpole, Engels se v constrangido a abrir passagem atravs da multido e das interminveis filas de carruagens e carroas, constrangimento esse que aumenta quando ele chega aos bairros ruins [...]. Fica assustado e indignado por ver centenas de milhares de pessoas se comprimindo e se acotovelando, parecendo nada ter em comum, obedecendo somente a um acordo tcito de manter a sua direita, de modo a permitir o cruzamento contnuo e sem obstculo de ambas as filas de multido. A indiferena brutal e o isolamento insensvel de cada um, voltado para seus interesses, impedem at um olhar de relance para o outro. [...] Engels percorre e descreve detalhadamente os bairros ruins de Londres, bairros em que se concentra a classe operria. [...] Dessa maneira, ao lado de Oxford Street, de Regent Street, de Trafalgar Square e do Strand, uma massa de casas de trs a quatro andares, construdas sem planejamento, em ruas estreitas, sinuosas e sujas, abriga parte da populao operria. Nas ruas a animao intensa, um mercado de legumes e frutas de m qualidade se espalha, reduzindo o espao para os passantes. O cheiro nauseante. A cena torna-se mais espantosa no interior das moradias, nos ptios e ruelas transversais. no h um nico vidro da janela intacto, os muros so leprosos, os batentes das portas e janelas esto quebrados e as portas, quando existem, so feitas de pranchas pregadas. Nas casas, at o pores so usados como lugar de morar e em toda parte acumulam-se detritos e gua suja. [,,,] nesse centro de Londres, numerosas ruelas de casas miserveis entrecruzam-se com as ruas largas das grandes manses e os belos parques pblicos; essas ruelas lotadas de casas abrigam crianas doentias e mulheres andrajosas e semimortas de fome. (BRESCIANI, Maria Stella M. Londres e Paris no sculo XIX: o espetculo da pobreza. SP:Brasiliense, 1982) 9. O texto 2 um ensaio, isto , um texto dissertativo que pode recorrer a citaes de outros autores para reforar sua argumentao. Dastaque um argumento e a citao usada para refora-lo. Explique a relao entre eles. 10. Arrole algumas caractersticas que comprovam que o texto 2 no-lliterrio. Texto 3 Texto 4 [...] A vista renasce na manh bonita. Cidadezinha qualquer Paulicia l embaixo epiderme spera Ambarizada5 pelo Sol vigoroso, Casas entre bananeiras

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Com o sangue do trabalho correndo nas veias das ruas. Fumaa bandeirinha. Torres. Cheiros. Barulhos E fbricas... Naquela casa mora, Mora, ponhamos: Guaraciaba... A dos cabelos fogaru!... Os bondes meus amigos ntimos Que diariamente me acompanham pro trabalho... Minha casa... Tudo caiado de novo! to grande a manh! to bom respirar! to gostoso gostar da vida!... A prpria dor uma felicidade! Mrio de Andrade

Mulheres entre laranjeiras Pomar amor cantar. Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar... as janelas se olham. Eta vida besta, meu Deus. Carlos Drummond de Andrade

11. O texto 3 de um autor de dcada de 1920. Os autores desse perodo tm predileo pela cidade e tentam capta-la como num filme, dando nfase a aspectos visuais e dinmicos. Qual a passagem que mais evidencia essa preocupao? 12. Como voc classifica o texto 3? 13. Que viso da cidade grande tm os textos 1 e 3? Explique e justifique com elementos dos textos. 14. Explique o contraste existente entre as cidades retratadas nos textos 2, 3 e 4. ________________________________________________________________________________

5.3 O TEXTO CIENTFICO

FIORIN, J.L.; PLATO, F. Para entender o texto: leitura e redao. S. P.: tica, 2003. (Lio 34)

Observe os dois enunciados abaixo: a) A inflao corri o salrio do operrio. b) Eu afirmo que a inflao corri o salrio do operrio. Qualquer enunciado pressupe que algum o tenha produzido, uma vez que nenhuma construo lingstica surge sem que algum a tenha elaborado. Os dois enunciados acima pretendem transmitir o mesmo contedo: a inflao corri o salrio do operrio. H, no entanto, uma diferena entre eles. No primeiro, o enunciador (aquele que produz o enunciado) ausentou-se do enunciado, no colocando nele nem o eu, que indica aquele que fala, nem um verbo que significa o ato de dizer. No segundo, ao contrrio, ao dizer eu afirmo, o enunciador inseriu-se no enunciado, explicitando quem o responsvel por sua produo. No primeiro caso, pretende-se criar um efeito de sentido de objetividade, pois se enfatizam as informaes a serem transmitidas; no segundo, o que se quer criar um efeito de sentido de subjetividade, mostrando que a informao veiculada o ponto de vista de um indivduo sobre a realidade. Usa-se um ou outro modo de construir os enunciados em funo dos efeitos de sentido que se quer criar. H textos que so mais convincentes se forem elaborados de maneira a criar efeitos
5 Perfumada com mbar

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de sentido de objetividade. Outros persuadem melhor se mostrarem um efeito de subjetividade. O discurso dissertativo de carter cientfico deve ser elaborado de maneira a criar um efeito de sentido de objetividade, pois pretende dar destaque ao contedo das afirmaes feitas (ao enunciado) e no subjetividade de quem as proferiu (ao enunciador). Quer concentrar o debate nesse foco e por isso adota expedientes que, de um lado, procurar neutralizar a presena do enunciador nos enunciados, e de outro, pem em destaque os enunciados, como se eles subsistissem por si mesmos. claro que se trata de um artifcio lingstico, porque sempre, por trs do discurso enunciado, est o enunciador com sua viso de mundo. Para neutralizar a presena do enunciador, isto , daquele que produz o enunciado, usam-se certos procedimentos lingsticos, que passaremos a expor: a) Evitam-se os verbos de dizer na primeira pessoa (digo, acho, afirmo, penso, etc.) e com isso procura-se eliminar a idia de que o contedo de verdade seja mera opinio de quem o proferiu, e sugerir que o fato se impe por si mesmo. Ex. Eu afirmo que os modelos cientficos devem ser julgados pela sua utilidade. Os modelos cientficos devem ser julgados pela sua utilidade. b) Quando, eventualmente se utilizam verbos de dizer, so verbos que indicam certeza e cujo sujeito se dilui sob a forma de um elemento de significao ampla e impessoal, indicando que o enunciado produto de um saber coletivo, que se denomina cincia. O enunciador vem generalizado por um ns em vez de eu ou indeterminado, como nos casos que seguem: Temos bases para afirmar que a agricultura constitui uma alternativa promissora para a nossa economia. Pode-se garantir que a agricultura.... Constata-se que a agricultura... c) A explorao do valor conotativo das palavras no apropriada ao enunciado cientfico. Nele, os vocabulrios devem ser definidos e ter um s significado. d) Como nesse tipo de discurso deve usar-se a lngua padro na sua expresso formal, no se ajusta a ele o uso de grias ou quaisquer usos lingsticos distanciados da modalidade culta e formal da lngua. Alm de procurar neutralizar a figura do enunciador, o discurso dissertativo de carter cientfico procura destacar o contedo de verdade dos enunciados. Esse valor de verdade criado pela fundamentao das idias e pela argumentao. Vamos expor alguns expedientes que servem para fundamentar esse tipo de enunciado e aumentar seu poder de persuaso: a) O argumento de autoridade Apia-se numa afirmao no saber notrio de uma autoridade reconhecida num certo domnio do conhecimento. um modo de trazer para o enunciado o peso e a credibilidade da autoridade citada. Observe o enunciado que segue: Conforme afirma Bertrand Russell, no a posse de bens materiais o que mais seduz os homens, mas o prestgio decorrente dela. Segundo o mesmo autor, na china e no Japo, o saber mais valorizado que a riqueza exatamente porque, nessas sociedades, confere mais prestgio a quem o possui. Quando se trata de um trabalho cientfico cuidadoso, mais formal, como uma tese ou um artigo a ser publicado numa revista especializada, deve-se fazer a citao textualmente, dando todas as indicaes bibliogrficas. Ao fazer citaes, o enunciador situa seus enunciados na corrente de pensamento que ele considera mais aceitvel para explicar certo fenmeno. b) O apoio na consensualidade H certos enunciados que no exigem demonstrao nem provas porque seu contedo de verdade aceito como vlido por consenso, ao menos dentro de um certo espao sociocultural. Inscreve-se nessa espcie, enunciados do tipo:

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O investimento na Educao indispensvel para o desenvolvimento econmico de um pas. As condies de sado so mais precrias nos pases subdesenvolvidos. c) A comprovao pela experincia ou observao O contedo de verdade de um enunciado pode ser fundamentado por meio da documentao com dados que comprovem ou confirmem sua validade. Ex.: O acaso pode dar origem a grandes e importantes descobertas cientficas, o que pode ser demonstrado pela descoberta da penicilina por Alexander Flemming, que cultivava bactrias quando, por acaso, percebeu que os fungos surgidos no frasco matavam as bactrias que ali estavam. Da pesquisa com esses fungos, ele chegou penicilina. d) A fundamentao lgica A argumentao pode basear-se em operaes de raciocnio lgico, tais como as implicaes de causa e efeito, conseqncia e causa, condio e ocorrncia, etc. Ex.: Se se admite que a vida humana o bem mais precioso do homem, no se pode aceitar a penas de morte, uma vez que existe sempre a possibilidade de um erro jurdico e que, no caso, o erro seria irreparvel. Assim como existem procedimentos para fundamentar o contedo de verdade de um enunciado cientfico, existem expedientes para desqualific-lo e provocar o seu descrdito. Ex. 1. Pode-se desqualificar o enunciado cientfico atribuindo-o opinio pessoal do enunciador ou restringindo a universalidade da verdade que ele afirma. Ex. Roberto da Mata supe que o espao social brasileiro se divide em casa, rua e outro mundo. Como se pode notar, ao introduzir o enunciado por um verbo de dizer (supe) que no indica certeza, reduz-se o enunciado a uma simples opinio. Ex. O tomo foi considerado, por muito tempo, como a menor partcula constituinte da matria. No preciso dizer que o verbo no perfeito (foi considerado) e a restrio de tempo (por muito tempo) esvaziam o enunciado do seu carter de verdade geral e objetiva. 2. Um outro modo de desqualificar o enunciado alheio atac-lo nos seus expedientes de argumentao. E isso pode ser processado por meio do uso de vrios dispositivos: citando autores renomados que contrariam o contedo afirmado no enunciado ou evidenciando que o enunciador no compreendeu o significado da citao que fez; desautorizando os dados de realidade apresentados como prova ou mostrando que o enunciador, a partir de dados corretos, por equvoco de natureza lgica, tirou concluses inconseqentes. Ex. O controle demogrfico uma das solues urgentes para o desenvolvimento dos pases desenvolvidos: as estatsticas comprovam que os pases desenvolvidos o praticam. O dado estatstico apresentado verdadeiro, mas o enunciado inconsistente, pois pressupe uma relao de causa e efeito difcil de ser demonstrada, isto , que o controle demogrfico seja capaz de produzir o desenvolvimento. O mais lgico inverter a relao: o desenvolvimento gera o controle demogrfico, e no o contrrio. _________________________ EXERCCIOS 1. Em suma, numa sociedade que tem horror ao diferente, que submete a diversidade do real uniformidade da ordem racional-cientfica, que funciona pelo princpio da equival~encia abstrata entre seres que no tm denominador comum, a loucura uma ameaa sempre presente. O que a histria da loucura nos revela, pondo em questo toda a cultura ocidental moderna, que o louco excludo porque insiste no direito singularidade e, portanto, interioridade. E, com efeito, se a loucura nesse mundo patologia ou anormalidade porque a coexistncia de seres diferenciados se tornou uma impossibilidade. Diante disso restam ainda muitas questes. Entre elas: poder o psiquiatra, enquanto profissional mdico, promover o reencontro da loucura com a cultura que a excluiu? Pode o saber mdico encontrar alternativa para a sua prtica, no sentido da libertao

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radical da loucura, fora dos limites circunscritos pela sociedade que o permitiu? De qualquer modo, ainda que um dia nossa interioridade venha a ser resgatada, gostaria de lembrar aqui mais algumas palavras de Marcuse Nem mesmo o supremo advento da liberdade poder redimir aqueles que morrem na dor. FRAYSE-PEREIRA, Joo. O que loucura, SP>Brasiliense, 1982 Esse texto procura, seguindo uma corrente cientfica atual, rediscutir o conceito de loucura. Considera que a loucura no uma doena (patologia) nem uma anormalidade, mas uma diferena que afronta a uniformidade a que a sociedade quer reduzir os seres humanos. Assim, o louco o ser que insiste radicalmente no direito singularidade, em no seguir os comportamentos prescritos para todos. O que est em questo no texto o prprio conceito de normalidade. 1. Como se nota, esse texto discute um tema abstrato e genrico e no um fato concreto e individual. Trata-se, portanto, de um texto dissertativo. Qual basicamente o seu tema? 2. Levando em conta o esquema argumentativo do texto, tente responder a razo bsica por que a sociedade exclui o louco. 3. Se a loucura considerada uma patologia e uma anormalidade, em que consiste a sade a normalidade para os padres da sociedade? 4. O texto faz aluso ordem racional-cientfica, afirmando que ela se baseia no princpio da equivalncia abstrata . Em que consiste este princpio. Releia as linhas de 1 a 3. 5. O texto dissertativo de carter cientfico apresenta vrios procedimentos especficos de criao de efeitos de sentido, estudados na introduo desta lio. Muitos deles esto presentes no texto que estamos analisando. Assinale a alternativa que contenha um desses procedimentos no presente no fragmento que acabamos de ler. a) Afirmao de verdades genricas e abstratas. b) Omisso de verbos de dizer, que indicam opinio do produtor do texto. c) Esquema argumentativo baseado em relaes lgicas entre os enunciados. d) Utilizao de citao para reforar os pontos de vista a defendidos. e) Comprovao das afirmaes gerais por meio de dados concretos da experincia quotidiana. 6. Lendo o texto, podemos concluir que: a) a loucura no uma patologia nem uma anormalidade, segundo a viso da sociedade ocidental. b) no h sociedades que no considerem a loucura como fato anormal. c) a loucura, na sociedade em que vivemos, inadmissvel porque esse tipo de sociedade no consegue conviver com seres diferenciados. d) a loucura no tem inconveniente algum. e) a histria da loucura mostra que os loucos no colocam em risco os indivduos que com eles convivem. Para esta aula usaremos textos cientficos especficos de cada curso. __________________________________________________________________________

6. QUALIDADES DO TEXTO 6.1. COERNCIA, COESO

FIORIN, Jos Luiz e PLATO, Francisco. 16 ed. Para entender o texto: leitura e redao. So Paulo: tica, 2003. (Lio 29, 30 e 31)

COESO E COERNCIA

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Os enunciados de um texto no esto amontoados caoticamente, mas estritamente interligados entre si. H conexo entre eles. Existe um conjunto de palavras que d textualidade ao texto o conjunto que faz um texto ser um todo significativo e no uma reunio de frases desconexas. Dois fatores so responsveis pela textualidade: a coeso e a coerncia.

A COESO so as articulaes gramaticais existentes entre as palavras, oraes, frases, pargrafos e partes maiores de um texto que garantem sua conexo seqencial. POR RETOMADA OU ANTECIPAO = COESO REFERENCIAL So termos que remetem a outros termos que j esto na frase ou que aparecero na frase seguinte: Meu pai disse isso: v deitar cedo. (termo catafrico) Ana e Carolina trabalham muito, Andr no o faz. (verbo fazer) Arnaldo Antunes um grande poeta. O ex-tit agora dedica-se carreira solo. POR COESO SEQENCIAL = ENCADEAMENTO DE SEGMENTOS TEXTUAIS A) POR CONEXO: ocorre o emprego de: PREPOSIES E LOCUES PREPOSITIVAS O homem se sente s, apesar da agitao das cidades. - as preposies: a, de, para, com, por, etc. CONJUNES E LOCUES CONJUNTIVAS. Eu levo a vida assim to s porque no tenho um xod. (causal) A vida estaria salva se uma tempestade de amor casse. (condicional) as conjunes: que, para que, quando, embora, mas, e, ou, etc. Estes elementos estabelecem relaes semnticas de causa, finalidade, concluso, contradio, condio, etc. B) POR JUSTAPOSIO: a coeso se faz pelo estabelecimento da seqncia do texto, com ou sem seqenciadores: Olhemos devagar o que nos cerca, entendamos o seu sentido. Anteriormente escrevamos muitas cartas, hoje enviamos e-mails. COERNCIA o resultado da articulao das idias de um texto. a estruturao lgico-semntica, que faz com que numa situao de interao verbal palavras e frases componham um todo significativo para os interlocutores. Diz que um texto coerente se fizer sentido. Ex. incoerente narrar uma histria em que algum est descendo uma ladeira num carro sem freios, que pra imediatamente CONTECTORES
IDIA DE GRADAO PROGRESSO OPOSIO CONCLUSO COMPARAO EXPLICAO OU JUSTIFICATIVA CONTRAJUNO IDIAS CONTRRIAS ACRSCIMO GENERALIZAO/AMPLIFICAO ESPECIFICAO OU EXEMPLIFICAO RETIFICAO, CORREO EXPLICITAO OU CONFIRMAO at, mesmo, at mesmo, inclusive, ao menos, pelo menos, no mnimo, no mximo, quando muito e, tambm, ainda, nem, no s... mas tambm, tanto...como, alm de, alm disso, a par de ou, ou ento, quer... quer, seja...seja, caso contrrio portanto, logo, por conseguinte, pois tanto...quanto, to...quanto, mais...(do)que, menos... (do) que porque, j que, que, pois mas, porm, contudo, todavia, no entanto, entretanto, embora, ainda que, mesmo que, apesar de que alis, alm do mais, alm de tudo, alm disso, ademais de fato, realmente, alis, tambm, verdade que por exemplo, como isto , ou melhor, de fato, pelo contrrio, ao contrrio, quer dizer, ou seja, em outras palavras assim, desse modo, dessa maneira

41 SEQUENCIADORES TEMPORALIDADE dois meses depois, uma semana antes, hoje ORDENAO ESPACIAL aqui, esquerda, atrs, na frente ORDENAO DOS ASSUNTOS primeiramente, em seguida, a seguir, finalmente SERVEM PARA MUDAR DE ASSUNTO a propsito, por falar nisso, mas voltando ao assunto, fazendo um parntese ____________________________

EXERCCIOS DE COESO Pulo do gato O grande perigo do jornalista que comea o de cair na presuno sociolgica. claro que, tratando da sociedade, o jonalismo tambm um pouco de sociologia mas a sociologia deve ir para o lugar prprio, os artigos elaborados com mais tempo, os editoriais e tpicos e, bem digerida em um texto fluido, a reportagem. Jornalismo razo e emoo. O texto apenas racional frio, e s comunica aos que se encontrem diretamente interessados no assunto. O texto deve saber dosar emoo e razo, e nesse equilbrio que est o chamado pulo do gato. Muitos jornalistas acreditam que o adjetivo emociona. Enganam-se. Quanto mais despida uma frase, mais cortante o seu efeito. E amolou o machado, preparou um toco para servir de cepo, chamou o menino, amarrou-lhe as mos, fez-lhe um sinal para que ficasse calado, e rachou o seu corpo em sete pedaos. O menino P., de cinco anos, no era seu filho e F. descobrira isso poucos minutos antes, quando discutia com a mulher. Leads como esse so sempre possveis na reportagem de polcia: no necessitam de adjetivos. As tragdias, como os cantores famosos, despensam apresentaes. Mauro Santayana Imprensa: Jornalismo e Comunicao Qual o antecedente a que se refere o pronome relativo que na primeira linha? Na frase O grande perigo do jornalista que comea o de cair na presuno sociolgica, o o em destaque um pronome demonstrativo. A que elemento do texto ele se refere? 1. Nas linhas 2 e 3, o autor afirma que o jornalismo tambm um pouco de sociologia. O uso da palavra tambm faz pressupor algum outro significado alm do que est explcito no texto? 2. Na linha 4 ocorre o conectivo mas, que manifesta uma relao de contradio entre dois enunciados. Como se explica essa contradio? 3. Na linha 8, ao dizer que o texto apenas racional frio, o que pretende dizer o autor com o uso de apenas? 4. Na linha 14, a expresso quanto mais manifesta uma relao proporcional entre dois termos. Quais so os dois termos dessa relao proporcional? 5. Nas linhas 17-18, a quem se refere o lhe que ocorre em amarrou-lhe as mos e fez-lhe um sinal? 6. Na linha 18, est dito: e rachou o seu corpo; na linha 20 afirma-se: no era seu filho. A que termos se refere o pronome possessivo seu em cada caso? 7. Nas linhas 20 e 21, afirma-se: F. descobriu isso poucos minutos antes... O pronome isso faz referncia a que elemento do texto? O advrbio antes reporta a que tempo? 8. Em Leads como esse, linhas 21 e 22, o pronome esse a que se refere? 9. Na linha 23, o conectivo como, ao estabelecer uma relao de comparao entre tragdias e cantores famosos, indica uma semelhana entre ambos. Em que consiste essa semelhana? 10. Preencha as lacunas abaixo utilizando, quando apropriado, os seguintes pronomes: esse 9desse, dessa), este (deste, desta), o (lo), a (la), cujo (cuja, cujas), os quais, sobre o qual, sobre os quais, atravs do qual, do qual. Modificaes na estrutura do verbo podem ser necessrias. A questo da reforma da previdncia tem sido objeto de intensos debates no meio poltico. H ainda muita polmica sobre ____________ assunto. Por exemplo, a taxao dos inativos est no

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centro das divergncias e muitos no se cansam de criticar __________. O sistema de previdncia social brasileiro, ____________ crise j antiga, necessita de reformas urgentes. Sobre a tributao dos aposentados preciso, entretanto, criar um canal de discusso _____________ a sociedade possa se manifestar, pois trata-se de um assunto _____________ no existe ainda nenhum consenso. No h dvida de que ___________ discusso no pode mais tardar. a) b) c) d) e) f) g) h) i) j) k) l) m) n) o) p) q) r) s) t) u) v) 11. Preencha as lacunas com o conectivo adequado e pontue: No sculo XVI liam-se novelas de cavalaria _______hoje lem-se histrias em quadrinhos. No h razo para que te queixes _______ te preveni das conseqncias. No voltarei para jantar _______ no precisam esperar por mim. S podem entrar os convidados _______ voc no foi convidado ________ no pode entrar. Ele no confessar ________ o matem. aluno excelente ________um pouco indisciplinado. ________nada mais temos a tratar, melhor dar a reunio por encerrada. _______ no me cumprimentou, acredito que no me tenha visto ______ esteja zangado comigo. Aceito sua deciso ______ no parea justa. _______ o tempo passava, mais aflitos ficvamos. _______ ningum se dispe a fazer o trabalho, fao-o eu. Nada conseguirs _______ te esforces. Telefonou-me vrias vezes, ______ no consegiu comunicar-se comigo ______ eu estava fora, de frias. _______ me tivesse telefonado vrias vezes, no conseguiu comunicar-se comigo ________eu estava de frias. Ele estudou com afinco _______ ao verificar que tinha sido reprovado, ficou muito abatido. No foram publicados os proclamas ______ podem ainda casar-se. Estava muito preocupado _______ no podia prestar ateno ao que se dizia. Ele muito estudioso ______ tira sempre notas baixas. As dificuldades de estacionamento no centro da cidade so cada vez maiores _________ muita gente que tem carro j prefere ir de nibus ou txi. Os jovens so inexperientes mas ousados _______ os velhos, por terem mais experincia, so mais comedidos. Em virtude das ms condies da vida rural, os campos se despovoam ______ as cidades se congestionam cada vez mais. Ele sabidamente um rapaz pobre _______ ostenta um padro de vida que d para a gente desconfiar.

Questes de 14 a 17 Nas questes de 14 a 17, apresentamos alguns segmentos de discurso separados por ponto final. Retire o ponto final e estabelea entre eles o tipo de relao que lhe parecer compatvel, usando para isso os elementos de coeso adequados. 12. O solo do Nordeste muito seco e aparentemente rido. Quando caem as chuvas, imediatamente brota a vegetao. 13. Uma seca desoladora assolou a regio sul, principal celeiro do pas. Vai faltar alimento e os preos vo disparar. 14. Inverta a posio dos segmentos contidos na questo 15 e use o conectivo apropriado: Vai faltar alimento e os preos vo disparar. Uma seca desoladora assolou a regio sul, principal celeiro do pas. 15. O trnsito em So Paulo ficou completamente paralisado dia 15 , das 14 s 18 horas. Fortssimas chuvas inundaram a cidade.

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Questes de 18 a 21 As questes de 5 a 8 apresentam problemas de coeso por causa do mau uso do conectivo, isto , da palavra que estabelece a conexo. A palavra ou expresso conectiva inadequada vem em destaque. Procure descobrir a razo dessa impropriedade de uso e substituir a forma errada pela correta.
16. Em So Paulo j no chove h mais de dois meses, apesar de que j se pense em

racionamento de gua e energia eltrica.

17. As pessoas caminham pelas ruas, despreocupadas, como no existisse perigo algum, mas o

a) b)

policial continua folgadamente tomando o seu caf no bar. 18. Talvez seja adiado o jogo entre Botafogo e Flamengo, pois o estado do gramado do Maracan no dos piores. 19. Uma boa parte das crianas mora muito longe, vai escola com fome, onde ocorre o grande nmero de desistncias. 20. Leia o perodo que segue: Chegaram instrues repletas de recomendaes para que os participantes do congresso, que, por sinal, acabou no se realizando por causa de fortes chuvas, que inundaram a cidade e paralisaram todos os meios de comunicao. compreensvel o seu contedo? Qual o seu grande defeito? O texto abaixo fala de coeso. Leia-o e responda s questes. Por outro lado Quando Arquimedes notou que podia flutuar numa banheira e saiu nu gritando eureka, ele havia acabado de descobrir uma lei da fsica. Quando Newton recebeu a ma no nariz, ele deve ter sentido coisa parecida; acabava de descobrir a lei da gravidade. A alegria que Arquimedes e Newton sentiram no se compara com a exaltao do primeiro redator que, no incio da modernizao dos textos de jornal, descobriu a frmula para unir o lead ao sublead. Para quem no est por dentro dessas mumunhas de redao, convm explicar. O jornalismo dito moderno, que chegou ao Brasil no final dos anos 40, estabelecia que a matria deveria comear pelo mais importante e pela maior novidade. Era o lead, o pargrafo que lidera o texto. Logo depois devia vir o sublead, ou seja, o assunto que em importncia ou novidade merece vir logo depois do lead. At aqui, tudo bem. O diabo era unir os dois pargrafos, geralmente de quatro ou cinco linhas. No restante do texto, aqueles assuntos voltariam, o destaque era apenas para prender o leitor, interessa-lo com a importncia ou a novidade da notcia. At que o Arquimedes de planto, o Newton do Copidesque descobriu a frmula por outro lado. Nesse outro lado cabiam as coisas mais disparatadas. Exemplo; O ministro da Sade proibiu a venda das vacinas compradas na Bolvia que esto matando as criancinhas do Nordeste. Por outro lado, o playboy Jorginho Guinle recebeu telegrama de Frank Sinatra cumprimentando-o pelo seu aniversrio. Pronto. Estava feito o mais difcil da matria. Desse momento em diante o por outro lado saiu das redaes e comeou a ser usado por presidentes, economistas, tcnicos em problemas afroasiticos, donas de cassa que do aula de culinria. Quando fui editor de jornal e recebia textos com essa expresso, chamava o redator e dizia: olha, por esse lado mesmo. Carlos Heitor Cony 21. A expresso coisa parecida empregada no final do primeiro pargrafo retoma que idia do incio do texto? Experimente outra expresso que tenha sentido equivalente. 22. O diabo era unir os dois pargrafos (5o pargrafo). Encontre outra expresso, mais adiante no texto, que recupera o diabo dessa frase. 23. Que expresses nominais so empregadas para retomar a imagem daquele que descobriu o por outro lado? Qual seria a inteno do autor ao emprega-las? 24. Por que Cony critica o uso da expresso que se tornou to comum para unir o lead ao sublead? 25. H vrios termos no texto que estabelecem uma coeso temporal. Encontre-os.

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EXERCCIOS DE COERNCIA Leia este texto de J Soares e responda s questes: O perigoso vrus No sei se verdade, mas circula um boato nos meios da informtica de que est sendo preparado um novo vrus de computador, feito especialmente para interferir nos programas que escrevem os discursos do presidente. A caracterstica mais fantstica desse vrus que sua influncia, ao contrrio dos outros, no aparece dentro da mquina, mas apenas na hora que ele instalado no teleprompter, aparelho que permite s pessoas ler olhando diretamente para a televiso. o que se usa normalmente nos telejornais, e teme-se que o vrus depois se propague, mas a inteno inicial coloca-lo apenas para os discursos presidenciais. No h dvida de que esse vrus vai revolucionar e dinamizar todos os pronunciamentos feitos nao. Os testes realizados tm sido muito promissores, mas ainda faltam alguns aperfeioamentos, pois, por mais que mexam na programao, o vrus ainda insiste em dar algum nexo a certos trechos do discurso. Os tcnicos acham que esse pequeno problema poder ser resolvido em pouco tempo, inclusive com o auxlio do prprio texto dos pronunciamentos. J fico pensando nas maravilhas que poderiam acontecer. Oito horas da noite, todos sentados em frente televiso, ansiosos pelas palavras do presidente, entra o emblema anunciando a cadeia nacional, contam-se os segundos regressivos e aparece a imagem simptica e descontrada do presidente Lula 6. Olha direto para a cmara e comea: Senhoras e senhores, moos e moas. fundamental, antes de mais nada, que neste pronunciamento eu informe nao que o rato roeu a roupa do rei de Roma. Mas s os pessimistas no percebem que isso nunca impedir o nosso desenvolvimento porque, enquanto a aranha arranha a jarra, a jarra a aranha arranha. claro que ainda no dominamos a inflao, mas continua a nossa luta contra esse monstro, esse pato, que papou a pinta do Pluto, e o papa, num papo, passou um pito no Pepe, que pintava pipa no p da papaia. Aos detratores da nossa poltica econmica, respondo que o nosso desenvolvimento jamais se f farinha farinhada, porque no esfarela farofa de farofeiro fazendo farol, e s favas o povo. Evidentemente que o Brasil um pas de caractersticas prprias, pois se aqui nevasse aqui se usava esqui, mas como aqui no neva aqui no se usa esqui. No posso deixar de dizer tambm que no sou daqueles que se intimidam na hora da batalha. Quanto maior o desafio, maior o meu empenho prenhe de pinho de pamonha do pampa. Finalmente, para terminar, pois j est na hora da novela, afirmo que claro que, quando aqui cheguei, constatei na hora que aqui h eco e que aqui o eco h. E aos cticos que me perguntarem: O qu? Aqui h eco? Aqui h eco? Que eco ? Eu respondo sem medo: o eco que h c! 1. O texto presidencial se torna engraado porque, ao trmino de cada pargrafo, ocorrem quebras que surpreendem o leitor. Que tipo de surpresa essa? 2. Do ponto de vista da textualidade, as quebras que ocorrem no texto so de coeso ou de coerncia? 3. Identifique, nos trs primeiros pargrafos do texto, marcas de coeso textual que indique: a) temporalidade: b) causalidade: c) simultaneidade:
6 O texto foi escrito na poca do presidente Itamar. Nome foi deliberadamente trocado por atualizao contextual.

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d) oposio: 4. A textualidade s pode ser avaliada no contexto discursivo para o qual o texto foi produzido. a) Considerando a situao em que o presidente fala nao, o texto seria incoerente? Por qu? b) Considerando que o discurso do presidente faz parte de uma crnica de conceituado humorista, publicada numa revista de grande circulao nacional, o texto seria incoerente nesse outro contexto? c) Qual seria, ento, a funo das quebras lgicas do texto? Nas questes 5 a 8 ocorrem alguns fragmentos narrativos que apresentam algum tipo de incoerncia. Tente identificar e explicar o problema que voc v: 5. Devo confessar que morria de inveja de minha coleguinha por causa daquela boneca que o pai lhe trouxera da Sucia: ria, chorava, balbuciava palavras, tomava mamadeira e fazia xixi. Ela me alucinava. Sonhei com ela noites a fio. Queria dormir com ela uma noite que fosse. Um dia, minha vizinha esqueceu-a em minha casa. Fui dormir e, no dia seguinte, quando acordei, l estava a boneca no mesmo lugar em que minha amiguinha havia deixado. Imaginando que ela estivesse preocupada, telefonei-lhe e ela mais do que depressa veio busc-la. 6. Conheci Cheng no primeiro colegial e a comeou um namoro apaixonado que dura at hoje e talvez para sempre. Mas no gosto da sua famlia: repressora, preconceituosa, preocupada em manter as milenares tradies chinesas. O pior que sou brasileira, detesto comida chinesa e no sei comer com pauzinhos. Em casa, s falam chins e de chins eu s seio o nome do Sheng. No dia do seu aniversrio, j fazia dois anos de namoro, ele ganhou coragem e me convidou para jantar em sua casa. Eu no podia recusar e fui. Fiquei conhecendo os velhos, conversei com eles, ouvi muitas histrias da famlia e da China, comi tantas coisas diferentes que nem sei. Depois fomos ao cinema eu e o Sheng. 7. Era meia-noite. Oswaldo preparou o despertador para acordar s seis da manh e encarar mais um dia de trabalho. Ouvindo o rdio, deu conta de que fizera sozinho a quina da loto. Fora de si, acordou toda a famlia e bebeu durante a noite inteira. s quinze para as seis, sem foras sequer para erguer-se da cadeira, o filho mais velho teve de carrega-lo para a cama. No tinha mais fora nem para erguer o brao. Quando o despertador tocou, Oswaldo, esquecido da loteria, ps-se imediatamente de p e ia preparar-se para ir trabalhar. Mas o filho, rindo, disse: pai, voc no precisa trabalhar nunca mais na vida.
8.

O quarto espelha as caractersticas de seu dono: um esportista, que adorava a vida ao ar livre e no tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a parte, havia sinais disso: raquetes de tnis, prancha de surf, equipamento de alpinismo, skate, um tabuleiro de xadrez com peas arrumadas sobre uma mesinha, as obras completas de Shakespeare.

9. Procure identificar no texto abaixo um caso de coerncia argumentativa: Embora existam polticos competentes e honestos, preocupados com as legtimas causas populares, os jornais, na semana passada, noticiaram casos de corrupo comprovada, praticados por um poltico eleito pelo povo. Isso demonstra que o povo no sabe escolher seus governantes. 10. O fragmento que segue inicia uma crnica de Paulo Mendes Campos e define certas caractersticas e atitudes de um personagem (Jacinto):

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Nunca ouvimos de Jacinto uma palavra spera, uma lamria, nunca respondeu com irritao s crianas que o insultavam impiedosas, quando passava embriagado. Bbedo, sorria beatfico e acima de todas as misrias, e falava de coisas alegres, s vezes numa lngua particular, ininteligvel. Quadrante, 4. ed. RJ: Ed. Autor, 1962, p. 204 Observando com ateno as caractersticas desse personagem, procure atribuir-lhe: a) uma atitude que seja coerente, isto , compatvel com elas. b) Uma atitude que seja incoerente. 11. Os seguintes pargrafos so incoerentes, ou porque os conectivos de transio (conjunes, locues adverbiais ou prepositivas) so inadequados s relaes que se pretendia estabelecer, ou porque o que se diz no desenvolvimento no se concilia com o que est expresso no tpico frasal; assinale a causa da incoerncia e procure reestruturar os pargrafos de maneira mais satisfatria: a) Na verdade, a televiso um passatempo mortificante, pois, alm de proporcionar s famlias alguns momentos de distrao, reduz-lhes o tempo que poderiam dedicar conversa, que cada vez se torna mais rara entre pais e filhos. b) Imenso tem sido o progresso nos sculos XX e XXI. A tcnica, posta a servio do homem, fornece-lhe meios eficazes para enfrentar a vida e amenizar-lhes as asperezas. Somos forados a reconhecer que uma srie de males passam a afligir a humanidade. c) Os problemas decorrentes do divrcio vm suscitando polmicas entre os que se interessam por essas questes. A instabilidade econmica e social dos nossos dias muito tem contribudo para agravar a situao das famlias da classe mdia. d) O problema do desajustamento conjugal um dos mais graves que a sociedade vem enfrentando no sculo atual. O homem tem-se mostrado capaz de, pela cincia e pela tcnica, domar a natureza e aproveita-la em benefcio prprio. Entretanto, no conseguiu ainda resolver os inmeros problemas de ordem moral que o vm afligindo. 12. Faa o que for necessrio para evitar a incoerncia e/ou a ambigidade dos seguintes perodos: a) Saindo de casa, o fogo ficou aceso. b) Para no ser mordido, o co teve de ficar acorrentado. c) O telefone tocou ao entrar no quarto para apanhar a chave. d) Caminhando pela calada, o caminho derrapou e colheu o operrio quando entrava na barbearia. e) Por me ter posto como aluno interno, meu colega pensou que meu pai me estivesse punindo por ter sido reprovado. 13. Substitua os conectivos de transio e palavras de referncia que sejam inadequados s relaes de idias que pretendem estabelecer. Levantei-me s 6 horas, pois me tinha deitado s 3.30; dormi, alis, pouco mais de trs horas. a) No nos entendamos, embora falssemos lnguas diferentes. b) Posso esper-lo sem preocupao, conquanto no tenha nenhum compromisso para hoje. c) O co ladra e no morde, d) As crianas devem ser castigadas se bem que se revelem desobedientes. O tempo passa, e o povo terminar por perder a f nos seus governantes, contanto que se faa alguma coisa para melhorar suas condies de vida. e) Ele mora em So Paulo h mais de dez anos, ao passo que no conhece ainda o Butant. EXERCCIOS DE COERNCIA - II

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H, abaixo, uma proposta de redao que tem como base uma crnica de Lus Fernando Verssimo e dois textos produzidos por alunos como elaborao da proposta dada. Leia a proposta e os textos atentamente e responda s questes 1 e 2.

Proposta: I. Leia o texto abaixo: O homem que desapareceu no Prado A notcia saiu nos jornais, com algum destaque, durante uma semana. Depois no se falou mais no assunto. No havia mais o que falar. Um turista brasileiro que excursionava pela Europa com um grupo simplesmente desapareceu dentro do museu do Prado, em Madri. Ficara para trs enquanto o grupo percorria os sales do museu em marcha acelerada, pois naquela mesma tarde tomariam o nibus para Barcelona, e nunca mais fora visto. Sua mulher, que o acompanhava na excurso, ficou em Madri. Procurou o consulado brasileiro, foi polcia, houve investigao, busca, consultas diplomticas, perplexidade seria seqestro? e, finalmente, nada. O homem sumira. Onde, exatamente, tinha sido visto pela ltima vez? A mulher no sabia bem. Na sala que tinha aquelas pinturas de gente comprida e magra, muito feias. El Greco? Acho que . Seu marido tinha alguma razo para hmmm, querer abandona-la, senhora? Nunca! ramos bem casados. Se o senhor fosse brasileiro saberia muito bem quem ns somos. Gente muito importante. De volta ao Brasil, a mulher contou imprensa que aquele tinha sido a terceira viagem do casal Europa. Na primeira, tinham ido a espetculos e restaurantes. Na segunda, tinham liquidado os principais monumentos e paisagens, fotografando tudo para mostrar em casa e dar inveja aos amigos. Nesta viagem, iam dar uma passada pelos museus. Vocs sabem, cultura tambm importante. Prado, Louvre, o museu Picasso, em Barcelona. Ela fazia questo de dizer Picasso, com acento no o. Tinha alguma esperana de rever o marido? Sim. Tinha certeza que o mistrio seria esclarecido, um dia. Pobre do Oscar. [...] II. Construa agora uma narrativa, em que o prprio Oscar conte o que lhe aconteceu, esclarecendo todo o mistrio. Redao 1 A fuga Como era bonito aquele quadro! Eu no sei explicar por que, mas ele me cativou. Tantas cores, cores fortes, s podia mesmo ser espanhol. Minha mulher no iria gostar, eu tenho certeza. Est sempre com a cabea no mundo da lua, no sei nem por que ela se anima em visitar tanto museu se tudo que aquele cerebrozinho de feijo dela consegue pensar em festas, restaurantes, badalao. E esse negcio de excurso tambm dose, uma encheo de saco. Em plenas frias, oito horas, levanta da cama, oito-e-meia, caf da manh no hotel, corre pro quarto, se arruma num instante que nove em ponto o nibus est saindo com quem estiver dentro. No tem tempo pra nada. por isso que eu estou aqui agora. No h homem moderno que agente tamanha escravido, j no bastasse a minha mulher... Sa mesmo, me mandei. Afinal o que um homem com um carto de crdito na mo no capaz de fazer? Ainda mais com esse espanhol brasileira que eu falo. Olhei pros lados, nenhum sinal de brasileiro, maravilha! Alguns passos para sair da sala, viro um corredor com cuidado para minha mulher no me ver, a escadaria, a luz forte e quente do sol madrilenho, a cidade minha frente, estou livre!

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Como ests, amigo?, treinava meu portunhol com a nica frase que o Z Carlos, da bocha, l em So Paulo, me ensinou. Um caf numa esquina cheia de rvores, o sol era forte, mas o evento era mais, naquelas onze da manh de um dia de inverno europeu, ento, eu fechei meu sobretudo. O largo de uma igreja, cheio de pombos. Minha mulher no teria a pacincia de ficar dois minutos aqui, diz que no tem nada. No tem mesmo, ora bolas, por isso o largo de uma igreja. Eu s fico pensando, minha mulher pode ter ficado um tanto preocupada com a minha sumida, mas, pensando bem, com ela no h nada que um bom presentinho no resolva. (Texto de aluno 1o. ano 2o. grau) Redao 2 Dirio Secreto Em 10 de julho de 1975. Querido dirio, hoje estou aqui, triste, pois sinto muita saudade de minha mulher. A ltima lembrana que tenho dela foi no dia em que desapareci no museu do Prado. Sei que no deveria larga-la por dinheiro, mas na hora em que vi aqueles 5 milhes de dlares na minha frente, no resisti. Voc lembra, dirio, quando aquele homem ligou para mim e me ofereceu aquele dinheiro todo, por aquela pintura do pobre Picasso, escondida no poro do museu? Foi tudo muito fcil, foi s eu inventar a desculpa de querer ir passear em Madri e quando chegamos ao museu do Prado peguei o quadro e o coloquei naquela caixinha, depois foi s eu receber os 5 milhes de dlares. Mas apesar de tudo eu, hoje, muito rico, sinto falta de minha mulher e de minha liberdade, pois ainda sou procurado por todos. Sinto muita saudade de minha mulher e de meus amigos. Pensando melhor, acho que prefiro essa vida de rico do que ser um daqueles pobretes metidos. Tchau, dirio, at amanh. (Texto de aluno 1o. ano 2o. grau) 1. Considerando a proposta dada esclarecimento de um sumio qual dos dois textos se mostrou mais adequado? Por qu? 2. Ainda considerando a proposta, comente o desempenho de cada um deles em relao construo do sentido (coerncia), quanto aos seguintes pontos: caracterizao das personagens, construo do ambiente (cenrio), desenvolvimento da trama, final e ttulo. Leia a seguinte redao e responda s questes 3 e 4 Felicidade viver como aprendiz. retirar de cada fase da vida uma experincia significativa para o alcance de nossos ideais. basear-na na simplicidade do carter ao executar problemas complexos; ser catarse permanente de doao sincera e espontnea. A felicidade, onde no existem tcnicas cientficas para sua obteno, faz-se de pequenos fragmentos captados de sensveis expresses vivenciais. Cada dia traz, inserido na sua forma, um momento cujo silncio sussurra no interior de cada vivente chamando-o para a reflexo de um episdio feliz. (Vestibulando da Univ. Fed. Uberlndia) 3. Identifique trechos da redao em que o sentido no ficou claro. 4. Voc poderia dizer que um texto incoerente? Justifique.
________________________________________________________________________________________________

6.2 CLAREZA, CONCISO E CORREO GRAMATICAL

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A clareza e a conciso compreendem duas qualidades primordiais de um texto bem elaborado. A primeira diz respeito organizao coerente das idias, de modo a no deixar dvidas sobre o que foi proposto pelo texto, desde seu incio at sua concluso, enquanto a segunda est associada no-prolixidade do texto, ou seja, uma est ligada outra. Do ponto de vista da produo, de acordo com a inteno, deve-se selecionar a estrutura que sustentar o texto, levando-se em considerao caractersticas peculiares a cada uma delas (narrativa, descritiva ou dissertativo-argumentativa), as quais sero apresentadas mais frente. O fundamental garantir que haja uma hierarquia de idias e fatos na relao intratextual, a fim de se organizar um todo coeso e coerente. Nesse sentido, a organizao dos pargrafos no interior do texto de suma importncia e constitui uma das dificuldades que deve ser vencida pelo produtor, pois quando no se tem domnio dessa habilidade, h duas tendncias na construo dos pargrafos: ou o texto um bloco nico de informaes ou confundem-se perodo e pargrafo. Para melhor compreenso, passemos a verificar essas duas etapas: da organizao discursivotextual e da elaborao dos pargrafos.
Organizao discursivo-textual

Do ponto de vista de quem produz o texto, preciso que haja conhecimento das condies de produo, ou seja, preciso saber para qu, para quem e por qu o texto ser produzido. Alm dessas, o tipo de texto tambm uma condio de produo, visto que o gnero determina as caractersticas de cada texto, o que pressupe o conhecimento delas para a organizao discursivotextual adequada. Uma primeira preocupao deve ser com a pessoa do discurso, na cena enunciativa, tendo em vista que o uso da 3 ou da 1 pessoa produz efeito de objetividade ou subjetividade. Dizemos efeito porque este resultado da inteno do locutor (para com o interlocutor) de afastar-se ou aproximar-se da enunciao quando faz a escolha. A partir desse primeiro posicionamento, o sujeito assume a voz que seja mais conveniente produo do texto-discurso. Trata-se da relao entre enunciao e enunciado, ou ainda, o que se diz e o que se quer dizer. dessa escolha enunciativa que se pode avaliar se o texto-discurso objetivo ou subjetivo, se o sujeito aproxima-se ou distancia-se do ponto de vista que h no texto. Enfim, o modo de dizer, o que se pretende dizer depende dessas escolhas prvias. Aps essa primeira seleo, torna-se necessrio saber que tipo de texto pretende-se produzir, isto , se o texto descritivo, narrativo ou argumentativo. Nesse sentido, Emediato (2004:136) prope o seguinte quadro:
MODOS DE ORGANIZAO FUNO DE BASE PRINCPIO DE ORGANIZAO

50 relao de influncia (EU-TU) ENUNCIATIVO Ponto de vista situacional (EU Contexto) Relato sobre o mundo (ELE) Posio em relao ao interlocutor. Posio em relao ao que dito. Posio em relao ao mundo e aos discursos dos outros. Organizao da construo descritiva. (Nomear, Localizar, Qualificar e Quantificar). NARRATIVO Construir uma sucesso de aes de uma histria no tempo em torno de uma busca e de um conflito, com actantes e personagens. Organizao da lgica narrativa (Actantes, processos e funes narrativas). Qualificao da ao e estatuto do narrador. Organizao da lgica argumentativa. (Relaes lgicas, tipos de argumentos).

DESCRITIVO Identificar os seres, objetos do mundo de maneira objetiva ou subjetiva.

Explicar uma verdade, numa viso racional, para influenciar o interlocutor: convenc-lo (se ARGUMENTATIVO argumentao demonstrativa) ou persuadi-lo (se argumentao retrica)

Convencer apresentar provas e, por isso, os argumentos demonstram, ou seja, comprovam o que est sendo dito. Persuadir levar o outro a acreditar, por isso um ato retrico, ou seja, o sujeito-enunciador deve construir os argumentos para persuadir o outro. Texto descritivo O texto descritivo tem por base um sujeito observador, o qual descreve o mundo de maneira objetiva ou subjetiva. A primeira diz respeito a uma descrio da realidade tal como ela , em que o sujeito tem como objetivo primeiro informar sobre objetos, pessoas ou lugares. Quanto segunda, a descrio em que o sujeito descreve a realidade como a sente, passando a exprimir a afetividade que tem em relao ao objeto, pessoa ou lugar descrito. A descrio ope-se narrao pelo seu carter esttico, em que o tempo no tem tanta importncia, pois no h transformao de estados e aes, o que compete ao texto narrativo. Desse modo, o ponto de vista do sujeito observador fundamental e depende tanto de sua posio fsica (em relao ao que descreve) quanto de sua atitude afetiva (relativa ao objeto descrito). Leia este trecho de um texto descritivo: A feira era enorme, num vasto prado que a defrontava com os muros da cidade. As barracas de lona, de madeira, de tapetes, de ramagens, alinhavam em grandes ruas. No topo do mastro flutuavam bandeirolas. E homens enfardelados como orientais, mulheres com pluma na cabea, outras com trajo de naes estranhas, conservavam-se por trs dos balces, onde, seguindo a rua e os misteres, se desdobravam panos, reluziam jias em caixas gradeadas, se perfilavam frascos de essncia, se amontoavam as peles, se confundiam as armas tauxiadas. Noutras ruas, sob tendas de lona, havia cozinhas, grandes barricas de cerveja ou de vinho. E os saltimbancos ocupavam um lugar perto do rio, que longos olmeiros assombravam. Em volta, por toda a vasta plancie, era uma confuso de carros descarregados, de pilas de madeira, de cavalgaduras presas pelas patas, de grandes gigos onde se debatiam aves.

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Apenas as portas da cidade se abriram, a multido comeou a encher as ruas da feira [...]
Ea de Queirs. Obra completa. Rio de Janeiro: Jos Aguilar. 1970, p. 1530.

Tauxiada: ornamentada, lavrada de embutidos de ouro, prata etc. Saltimbanco: elemento de um elenco de artistas populares itinerantes. Gigo: cesto de vime, estreito e alto. Texto narrativo Podemos dizer que a histria do homem confunde-se com a histria da narrativa. Contos fantsticos e maravilhosos, fbulas, parbolas, histrias de suspense constituram, durante muito tempo, a principal forma de transmisso de conhecimento e registro da memria dos mais diversos povos. O texto narrativo, ao contrrio do descritivo, dinmico, pressupe a transformao de estados e o encadeamento de aes. Para tanto, torna-se necessria a criao dos elementos fundamentais de uma narrativa: personagens, tempo e espao. H narrao quando os personagens, por meio de aes, transformam-se no tempo e no espao determinados no desenvolvimento do texto. Esse conjunto constitui o que se denomina enredo. Portanto, para que um texto seja narrativo, preciso criar personagens (e apresent-los), instaurar um problema que determinar o conflito central em torno do qual os personagens relacionam-se em busca da soluo. Quando chega ao auge, tem-se o clmax e da em diante torna-se necessrio apresentar a resoluo do problema, que constitui o desfecho. Normalmente, um texto narrativo, contm, ainda, uma moral, que corresponde a uma avaliao, a um juzo de valor implcito no texto. Alm de todos esses elementos apresentados, importante ressaltar que em um texto narrativo h um narrador, aquele que conta a histria. Ele assume um ponto de vista, que demonstrado pelo uso da 1 ou da 3 pessoa, revelando a primeira uma aproximao e a segunda um distanciamento, isto , o narrador em 1 pessoa est mais prximo dos fatos narrados e o narrador em 3 pessoa mais distanciado, como se observasse de longe o que est acontecendo. Leia este texto narrativo:
A incapacidade de ser verdadeiro Carlos Drummond de Andrade Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois drages-da-independncia cuspindo fogo e lendo fotonovelas. A me botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que cara no ptio da escola um pedao de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez, Paulo no s ficou sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias. Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pala chcara de Si Elpdia e queriam formar um tapete voador para transport-lo ao stimo cu, a me decidiu lev-lo ao mdico. Aps o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabea: No h nada a fazer, Dona Col. Este menino mesmo um caso de poesia. Quando as pessoas no sabem falar ou escrever adequadamente sua lngua, surgem homens decididos a falar e escrever por elas e no para elas. (Wendel Johnson)

Primeiramente, preciso ficar claro que no acreditamos que haja texto dissertativo que no seja argumentativo, da a classificao. A dissertao, a nosso ver, est mais relacionada forma (que ao contedo) de um texto, que compreende as seguintes partes: introduo, desenvolvimento e concluso. J a argumentao est mais ligada ao contedo e pode apresentar-se em outras formas (como a narrao ou a descrio). Esse o tipo de texto que revela a inteno do sujeito de

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convencer e/ou persuadir o outro sobre a validade de uma tese, que compreende uma proposio (idia proposta) a ser defendida no desenvolvimento do texto. Para tanto, Emediato (2004) sugere uma estrutura bsica, que constituda de: 1) Afirmao (tese, proposio); 2) posicionamento: que pode demonstrar concordncia ou discordncia com uma tese j existente; 3) quadro de problematizao: situa a argumentao em uma perspectiva (social, econmica, poltica, ideolgica, religiosa,etc.), direcionando o discurso do sujeito; 4) formulao de argumentos: provas, raciocnio lgico, justificativas ou explicaes que dem sustentao tese; 5) concluso: resultado que se pretende com a defesa da tese pelos argumentos apresentados e sua pertinncia e adequao ao quadro de problematizao. Os argumentos podem ser divididos em dois grupos: os que so utilizados para persuadir e os que servem para convencer. O primeiro grupo corresponde ao que Emediato denomina argumentao retrica, que se apia em valores, crenas e lugares comuns, ao passo que o segundo apia-se em fatos e verdades e denominado argumentao demonstrativa pelo autor. Um texto argumentativo normalmente composto dos dois tipos de argumento, os quais o produtor do texto deve associ-los na busca da defesa de sua tese, tornando seu texto coerente. No entanto, dependendo do tipo de texto a ser produzido, pode haver predominncia de um tipo sobre o outro. Para essa relao, Emediato (2004, p. 169) prope o seguinte quadro:
ARGUMENTAO DEMONSTRATIVA Textos acadmicos Textos cientficos Textos jornalsticos informativos objetivos Textos tcnicos ARGUMENTAO RETRICA Textos publicitrios e de marketing Textos poltico-eleitorais Textos religiosos e de inteno moral Textos de opinio

H uma variedade de tipos de argumentos que podem ser utilizados na organizao discursivotextual do texto argumentativo. Todavia, este no ser objeto de estudo no momento, razo pela qual no nos deteremos no assunto especfico. Leia, para encerrar a aula, um texto dissertativo e procure observar o hbil e forte jogo de argumentos utilizados pelo autor.

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Embora um pargrafo seja definido pela extenso de uma margem em branco at um ponto final, devemos salientar que o mais importante a garantia de uma unidade de sentido para cada pargrafo de um texto, o que no pode delimitar uma forma padro. Primeiramente, ao se elaborar um texto, preciso um planejamento, um roteiro que nortear a organizao dele em pargrafos, de forma que haja um encadeamento lgico-semntico. Para tanto, faz-se necessrio investigar o conhecimento prvio que se tem sobre o assunto, pois esse conhecimento permitir um plano de organizao do texto. Em seguida, deve-se fazer um esboo da estrutura do texto a ser produzido, partindo-se da idia central, isto , do tema escolhido. A partir dele, podem-se relacionar tpicos que possam ser desenvolvidos em ncleos temticos no interior do texto, de modo a se organizarem oraes, perodos e pargrafos. Para o planejamento dos pargrafos h sugestes de autores variados e uma delas, a qual um consenso entre muitos deles, foi sintetizada por Emediato (2004, p. 92) da seguinte forma:
Tempo Espao Histrico sobre o assunto, datas, origens, narrativa histrica. Quando?

Locais, situaes no espao. Onde?

54 Definio Enumerao Comparao Causas / Efeitos Exemplificao Concluso / Deduo O que ? Definir, conceituar, explicar o significado de um conceito. Lista de caractersticas, funes, princpios, fatores, fases, etapas etc.

Estabelecer relaes de semelhana e de diferena, contrastar. Resultados, conseqncias, fatores causais. Fatos concretos, provas factuais. Deduo geral sintetizando os dados e informaes contidas nos pargrafos anteriores.

A seleo de uma dessas formas direcionar a construo do texto, orientando a seqncia dos pargrafos de acordo com a nfase dada no incio. ela que estabelecer as relaes intratextuais e a segmentao dos pargrafos. importante salientar, ainda, que no h uma frmula mgica para a organizao dos pargrafos em um texto. O importante estabelecer uma seqncia lgica que o torne claro. Para que se inicie bem um texto (e, conseqentemente, haja uma seqncia coerente), Faraco e Tezza (1992: 178) sugerem as seguintes recomendaes: 1) Iniciar o texto familiarizando o leitor com o assunto que ser tratado, de modo que a introduo do texto situe com clareza as coordenadas do texto (assunto, inteno, aspecto que se pretende abordar); 2) evitar o incio do texto com uma frase avulsa, a no ser que o tipo de texto o exija (como a linguagem publicitria, por exemplo), pois esse procedimento denota m estruturao; 3) utilizar perodos mais curtos, uma vez que os perodos longos tornam o texto prolixo e podem desinteressar o leitor. Na escrita, sabemos da necessidade de se respeitar a norma culta, a no ser que o tipo de texto no o exija. Por exemplo, um texto literrio, no qual se reproduz a fala dos personagens, se estes estiverem no papel de pessoas comuns e o contexto permitir uma fala descontrada, ento a norma padro no precisa ser seguida risca, com a finalidade de imprimir realidade ao texto. Todavia, em geral, precisamos cuidar da nossa linguagem e, principalmente, do uso da norma padro em textos do dia-a-dia.

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