ESD Descargas Eletrostáticas

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ESD Descargas eletrostáticas

Nas localidades mais afastadas do litoral, principalmente no inverno, a umidade relativa do


ar cai a valores tão baixos que o acúmulo de eletricidade estática em objetos de uso comum
atinge elevados níveis. Fora os problemas de eventuais choques quando tocamos na
fechadura de um carro ou numa torneira (por estarmos carregados), para quem trabalha
com dispositivos eletrônicos sensíveis, a coisa é muito mais grave. Componentes sensíveis,
circuitos integrados e até mesmo placas podem ser danificadas até mesmo no processo de
se retirá-los de uma embalagem. A ESD ou Descarga Eletrostática vai ser o assunto deste
artigo. Na época desta atualização, em 2012, já contávamos com diversos rtigos sobre ESD
no site, e também em novas obras que publicamos como o Curso de Eletrônica - Eletrônica
Básivca - Volume 1.

Na natureza a tendência é que os corpos permaneçam neutros, ou seja, com igual número
de cargas positivas e negativas, conforme mostra a figura 1.

Figura 1

Na prática, entretanto não é isso o que ocorre. Diversos fenômenos podem quebrar esse
equilíbrio e cargas de determinada polaridade podem prevalecer nos corpos, causando
então diversos tipos de problemas quando a neutralidade é novamente atingida. Isso
ocorre, porque essa neutralidade é atingida com uma descarga ou forte movimentação
dessas cargas, conforme mostra a figura 2.

Figura 2

O desequilíbrio dessas cargas pode atingir valores tão elevados que os corpos em que isso
ocorre estarão submetidos à tensões de centenas ou milhares de volts. Uma pessoa
caminhando num carpete pode acumular cargas em seu corpo num potencial que pode
facilmente superar os 1 000 V.
Nos cursos do nível médio aprendemos que podemos quebrar o equilíbrio elétrico de um
corpo por atrito, contacto ou indução. Para o profissional da eletrônica é preciso saber
como restabelecer o equilíbrio para evitar que ele cause estragos nos componentes e
circuitos eletrônicos. A figura 3 mostra o que ocorre nos três casos.

Figura 3

Mas, quais são os meios que os profissionais que precisam trabalhar em lugares secos com
componentes sensíveis devem usar para evitar que cargas estáticas se acumulem em locais
impróprios causando problemas?

Aterramento
Qualquer corpo carregado ligado à terra descarrega-se, conforme sugere a figura 4.

Figura 4

Um profissional que manuseia peças de plástico e esteja isolado da terra (piso isolante ou
carpete) pode acumular centenas ou milhares de volts durante seu trabalho. A solução mais
adotada em casos como este e a de se aterrar o operador. Para essa finalidade temos
diversos procedimentos que podem ser adotados.
Um deles consiste em se usar pulseiras ou caneleiras de aterramento, conforme mostra a
figura 5.
Figura 5

No entanto, numa linha de montagem, num laboratório de desenvolvimento ou de


manutenção de equipamentos eletrônicos, o aterramento pode ser muito mais complexo.
Diversos recursos devem ser usados para se evitar a ação das descargas estáticas capazes de
destruir equipamentos sensíveis.
Todas as bancadas de trabalho, prateleiras e outros locais que potencialmente possam
representar a possibilidade de um acúmulo de eletricidade estática devem ser aterrados. Na
figura 6 temos uma figura que ilustra esses locais.

Figura 6

É preciso levar em conta que alguns procedimentos que são aceitos como suficientes para
se eliminar as cargas podem não ser. Por exemplo, se aterrarmos um profissional, as cargas
acumuladas na sua roupa podem não ser eliminadas. De fato, certos materiais usados nas
roupas são tão pobres condutores de eletricidade, que mesmo aterrando a pessoa, a roupa
ainda mantém a carga, conforme mostra a figura 7.
Figura 7

Veja que o aterramento é eficiente quando existe percurso para que toda a carga
acumulada num corpo se escoe para a terra.
Também é muito importante identificar a área protegida (EPA - ESD Protect Area) de modo
que as pessoas que nela trabalham estejam conscientes de que é preciso tomar algumas
precauções especiais quando componentes e circuitos são manuseados.
Observe que as superfícies de trabalho devem ser capazes de dissipar as cargas estáticas e
ainda serem aterradas. Todos os operadores devem ter recursos para que seus corpos e
roupas não armazenem cargas elétricas.
Os componentes e circuitos devem ser armazenados em locais que não armazenem
eletricidade estática e mesmo suas embalagens devem ser capazes de dissipá-las.

Ionização
Um recurso muito importante utilizado em instalações sensíveis ao acúmulo de eletricidade
estática e, portanto à ESD é a ionização.
Os ionizadores ou eliminadores estáticos, como também são chamados, são dispositivos
que geram tanto cargas negativas como positivas. Essas cargas são atraídas pelo corpo
carregado, conforme sua polaridade, ocorrendo o processo de neutralização, conforme
mostra a figura 8.

Figura 8
No entanto é preciso tomar cuidado para que o material não adquira novamente cargas
elétricas ao ser atritado depois de neutralizado.
Os neutralizadores por ionização ou ionizadores nada mais são do que geradores de alta
tensão pulsante alternada na freqüência da rede de energia de 60 Hz. Quando pulsos de alta
tensão são aplicados a uma ponta, conforme mostra a figura 9, o ar em sua volta ioniza e é
dispersado por um ventilador.

Figura 9

No processo usado são gerados pulsos negativos nos semiciclos negativos da rede e pulsos
positivos no semiciclo positivo de modo que temos a produção de íons positivos e negativos
em igual quantidade.
Se o material colocado diante do ionizador estiver carregado positivamente, ele atrai apenas
os íons negativos e se neutraliza. Se o material estiver carregado negativamente ele atrai os
íons positivos e também se neutraliza, conforme mostra a figura 10.

Figura 10

Existem também dispositivos de ionização que fazem de uso de substâncias radiativas como
isótopos de Polônio 210, que no entanto tem uma meia vida de apenas 138 dias. Esses
materiais ionizam constantemente o ar em sua volta pela radiação nuclear, mas além de
serem perigosos devem ser trocados anualmente pela perda de sua capacidade de
ionização.

Como Solucionar Problemas de ESD


Componentes eletrônicos, placas caras e equipamentos que fazem uso de componentes
sensíveis a ESD estão apresentando problemas constantes nos dias secos devido à cargas
acumuladas? É hora de tentar identificar o problema para encontrar a melhor solução.
Para identificar o problema de uma forma mais precisa existem instrumentos capazes de
localizar cargas estáticas. Na figura 11 temos um localizador especialmente projetado para
esta finalidade.

Figura 11

Este tipo de localizador não só dá uma idéia da intensidade das cargas como também da sua
polaridade, permitindo assim que se tomem as medidas necessárias a sua eliminação.
Uma vez identificado o problema deve-se partir para a sua eliminação. Para isso deve-se
pensar tanto nos aterramentos como na possibilidade de se usar equipamentos de
ionização. Se o corpo que manifesta as cargas for totalmente condutor, o aterramento
resolve. No entanto, se for parcialmente condutor com áreas isolantes então deve-se pensar
na solução dada pelo ionizador.
É claro que existem os casos em que as duas soluções devem ser consideradas.

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