Explicado Plano Geral de Contabilidade A

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PLANO GERAL

DE
CONTABILIDADE
ANGOLANO
EXPLICADO

Edições Técnicas
Rui M. P. de Almeida Sabino José Miranda
Coordenador Contabilidade Coordenador Fiscalidade

Ana Nogueira • José Luís da Silva • Pedro M. Pinheiro


Co-autores

PLANO GERAL
DE
CONTABILIDADE
ANGOLANO
EXPLICADO

Edições Técnicas
Ficha Técnica

Título
Plano Geral de Contabilidade Angolano – Explicado

Autores
Rui M. P. de Almeida
Sabino José Miranda
Ana Nogueira
José Luís da Silva
Pedro M. Pinheiro

Editor
ATF — Edições Técnicas
atfedicõ[email protected]

Composição Gráica
ATF — Gorete Araújo e Silvia Garcia

ISBN: 978-989-96412-9-7

Depósito Legal: 371959/14

Impressão e Acabamento
G.C. Gráica de Coimbra, Lda.

Local da Publicação:
Cacém

Fevereiro de 2014

Todos os direitos reservados de acordo com a lei em vigor.


Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo,
incluindo fotocópia ou gravação sem autorização prévia e escrita do editor.
Os transgressores são passíveis de procedimento judicial.
NOTA DOS AUTORES

Este livro foi elaborado com o intuito de ser uma ferramenta de apoio à actividade diária dos técnicos e dos estu-
dantes. Na sua elaboração os autores tiveram a preocupação de tornar o seu manuseamento e a sua leitura de fácil
acesso, procurando sistematizar a informação através de uma abordagem conta a conta, utilizando uma linguagem
clara e precisa sem descurar o facto de esta ter de primar pela compreensibilidade quer de especialistas quer do
público em geral.

A abordagem explicativa conta a conta acima mencionada foi complementada com a inclusão de comentários às
contas e apontamentos iscais sempre que tal se justiique, assim como com a inclusão de um conjunto de movi-
mentações esquemáticas que pretendem ilustrar o âmbito de aplicação de cada uma das contas que integram o
Plano Geral de Contabilidade (PGC).

Fica assim à disposição dos interessados um documento que resultou de uma aturada análise técnica e de uma
análise das necessidades do público-alvo nunca esquecendo o enquadramento com a realidade.

Na sua elaboração, contamos com um conjunto alargado de pessoas e instituições que connosco colaboraram e
para as quais gostaríamos de deixar o nosso muito obrigado.

Individualmente gostaríamos também de deixar o nosso agradecimento a algumas pessoas que muito contribuíram
para que este livro se tornasse realidade, nomeadamente:

Fábio de Albuquerque
Poririo Bentinho
Rui Aleixo
Rita Nunes

A todos, muito obrigado!


Os autores

v
Aos meus ilhos Joaquim, Miguel e Tiago e à minha companheira Gorete.

Rui M. P. de Almeida

Dedico à minha família, à minha esposa Catarina, à Juliana Miranda nossa ilha, à ou-
tra Juliana, minha Mãe e ao meu Pai José Miranda já em memória, que sempre estive-
ram ao meu lado, com apoio multiforme, encorajamento e solidariedade os momentos mais difíceis.

Sabino José Miranda

À minha ilha Raquel, e aos meus sobrinhos, Renato e Gabriel.

José Luís da Silva

Dedico este livro aos meus preciosos ilhos, Carolina Inês e João Carlos, eles sim, a mi-
nha obra grandiosa e por tudo de bom o que trouxeram à minha vida, são a minha fonte de inspi-
ração e de motivação para tudo o que faço na minha vida. Agradeço à minha família, em especial à
minha Mãe já em memória e ao meu Marido pelo apoio incondicional e dedicação que me
dá, em todos os projectos que me proponho colaborar.

Ana Nogueira

Aos meus Pais e à Ana.


Pedro M. Pinheiro

vii
Rui M. P. Almeida
Coordenador Contabilidade

Doutor em Ciências empresariais com especialização em Contabilidade pela


Universidade Autónoma de Madrid, Pós graduado em Auditoria contabilística
pela Universidade Autónoma de Lisboa e licenciado em Contabilidade/Con-
trole inanceiro pelo ISCAL - Instituto Superior de Contabilidade e Adminis-
tração de Lisboa.
Técnico Oicial de Contas e formador na área de Contabilidade e autor de
vários livros e artigos técnicos e cientíicos, entre outros, co-autor dos livros
“SNCRF de Cabo verde Explicado”, “SNC Explicado”, SNC - Casos Práticos e
Exercícios Resolvidos”. “O SNC e as Microentidades”, “Harmonização Conta-
bilística Internacional” e “Prestação de contas”.
Professor Coordenador do Instituto Superior de Contabilidade e Administra-
ção de Lisboa (ISCAL) na área de contabilidade coordenando várias unidades
curriculares de contabilidade inanceira e em PSE, lecionando também em vá-
rios outros mestrados e doutoramentos e Pró-Presidente para a investigação.
É ainda investigador de Contabilidade na Universidade da Extremadura (Espa-
nha) e foi membro da Comissão de Normalização Contabilística tendo sido
co-legislador do SNC (Sistema de normalização contabilística).

Sabino José Miranda


Coordenador Fiscalidade

Licenciado em Gestão pela Universidade Agostinho Neto ( Luanda,2004);


Obteve o Ensino Médio Especializado de Finanças ( Gotha – Alema-
nha,1982-1986);
Mestrando do Curso de Direcção Financeira e Auditoria de Empresas na Uni-
versidade Politécnica de Madrid/Espanha;
Técnico Reveriicador do Departamento de Prevenção e Fiscalização Tributá-
ria da Direcção Nacional de Impostos (Luanda, 2004-2012);
Coordenador da Unidade Central de Fiscalização da Direcção Nacional de
Impostos (na fase de instalação, 2013-2014)”;
Sócio fundador da Associação dos Economistas, Técnicos e Proissionais de
Contabilidade do Planalto Central “AETPC”( Huambo, 1996);
Está inscrito como Técnico de Contas no MINFIN.
Participou num Curso de Actualização Proissional para Peritos Contabilistas
desenhado e preparado com base nas matérias técnicas constantes do pla-
no curricular de formação da IFAC-International Federation of Accountants ,
ministrado pela Ordem dos Contabilistas e Peritos Contabilistas de Angola
numa parceria com a Ordem dos Revisores Oiciais de Contas de Portugal;

viii
Ana Nogueira
Co-autora

Gerente e Técnica de Contas da CC&MM e AFRICONTA.


Licenciada em Contabilidade com especialização em
Fiscalidade e Mestranda em Controlo de gestão e dos
Negócios pelo Instituto Superior de Contabilidade e Ad-
ministração de Lisboa (ISCAL).
Formadora nas áreas de Contabilidade e Fiscalidade em
diversas entidades. Autora de livros técnicos e cientíicos.

José Luís Miguel da Silva


Co-autor

Docente no Instituto Superior de Contabilidade e Admi-


nistração de Lisboa (ISCAL), em cursos de Licenciatu-
ras na área da contabilidade inanceira e em cursos de
mestrados nas unidades curriculares de Normas Inter-
nacionais de Contabilidade. Regente da Unidade Curri-
cular de Projecto em Simulação Empresarial nos cursos
de Licenciatura. Doutorando em Gestão com especia-
lização em Contabilidade. Mestre em Contabilidade e
Auditoria. Autor de diversos livros, artigos técnicos e
cientíicos. Formador e Técnico Oicial de Contas.

Pedro Pinheiro
Co-autor

Docente no Instituto Superior de Contabilidade e Admi-


nistração de Lisboa (ISCAL) na área da Contabilidade.
Doutorando em Gestão pela Universidade Lusíada.
Mestre em Gestão — Especialização em Finanças pela
Universidade de Évora e Licenciado em Contabilidade
— Ramo de Controlo Financeiro pelo ISCAL.
Técnico Oicial de Contas, autor de diversos artigos téc-
nicos e cientíicos e co-autor dos livros “SNC Explicado”,
“SNC e as Microentidades” e “SNC e as Microentidades
— Casos Práticos e Exercícios Resolvidos”. Formador
em matérias relativas ao Relato Empresarial e Normas
Internacionais de Contabilidade. Desde 2012 Subdiretor
do Mestrado em Contabilidade e é Subdiretor do Cur-
so de Contabilidade e Administração no ISCAL.

ix
INTRODUÇÃO

O livro “Plano Geral de Contabilidade Angolano – Explicado” é o resultado de uma contínua pesquisa e análise
à realidade contabilística e de relato inanceiro decorrente da aplicação do Plano Geral de Contabilidade (PGC).

A complexidade e abrangência do referido normativo conduziram a uma estruturação do livro consistente com
as necessidades dos leitores e simultaneamente pensada no sentido de ultrapassar o conceito tradicional de livro
e enquadra-lo como uma ferramentas de trabalho quer no contexto proissional, quer no contexto académico.

Deste desígnio decorre o objectivo especíico deste livro, sendo que este passa por desenvolver um amplo con-
junto de informação que auxilie os estudantes, professores, contabilistas, perítos contabilísticos, auditores, gestores
e público em geral, na interpretação e resolução de questão no âmbito do Plano Geral de Contabilidade.

Nesse sentido, o livro, encerra em si uma abordagem multidisciplinar assente numa metodologia de análise conta a
conta, não sem antes ser apresentada e detalhada a estrutura lógica e de conceitos que preside ao Plano Geral de
Contabilidade enquanto sistema de normalização contabilística.

Após este ponto introdutório o livro incide na apresentação e explicação relativa a cada uma das classes de contas,
partindo posteriormente para a explicação individual das contas, estando estruturada de forma a permitir um en-
tendimento prático do âmbito de cada conta, sendo que para cada uma delas são analisados aspectos relacionados
com reconhecimento, valorização inicial e subsequente e divulgação.

Outro aspecto relevante consiste na correspondência entre as contas e a sua apresentação no contexto das De-
monstrações Financeiras, especiicamente no Balanço e na Demonstração dos Resultados, sem descurar, quando
tal se mostre relevante, os aspectos que cercam a divulgação dos seus impactos no Anexo.

Além dos aspectos mencionados foi criada uma estrutura de movimentações esquemáticas ilustradas com a repre-
sentação em razão (T’s), que permite evidenciar os luxos que podem ocorrer em cada uma das contas, ou seja,
uma exempliicação esquemática das principais transacções que poderão existir no âmbito de cada conta.

Sempre que considerámos conveniente, existem também notas, comentários, sugestões, explicações e pequenos
exemplos relativos às contas em análise, assim como comentários iscais que permitem alertar para os eventuais
impactos em termos de matéria iscal.

Para cada tipologia de elementos mencionados no parágrafo anterior foi utilizada uma sinalética própria que per-
mite ao leitor uma procura e consulta menos morosa e mais eiciente. A sinalética utilizada é a que seguidamente
se apresenta:

Apontamentos Chamadas Esquemas de


Comentários Consultas Deinições Exemplos Explicações
Fiscais de atenção movimentações

Após a abordagem de todas as contas, o livro inclui ainda um conjunto de termos e deinições que extravasam as
constantes no documento oicial publicado e que incluem também deinições adaptadas de documentos normali-
zadores do International Accounting Standards Board (IASB) e que permitiram ao leitor esclarecer dúvidas termino-
lógicas que possam decorrer da leitura da presente obra.

Na parte inal do livro foram incluídos um conjunto de anexos directamente relacionados com as matérias sobre
as quais versa a presente obra e que servem como complemento ao mesmo.

Esperamos que este livro vá ao encontro das expectativas e necessidades dos leitores e utilizadores, sendo certo
que foi pensado e desenvolvido com tal objectivo.
ÍNDICE

NOTA DOS AUTORES. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . V


INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .XI
0. INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
Conceito e objectivos da contabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
Utilizadores da informação contabilística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20
Características qualitativas da informação inanceira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20
Bases de apresentação das demonstrações inanceiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20
Património . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
Factos patrimoniais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22
Elementos das demonstrações inanceiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22
Reconhecimento dos elementos nas demonstrações inanceiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Demonstrações inanceiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
Classiicação contabilística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26
Conta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

1. O PGC: ESTRUTURA E POLÍTICAS CONTABILÍSTICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35


O P.G.C. COMO PARTE INTEGRANTE DA HARMONIZAÇÃO CONTABILÍSTICA INTERNACIONAL . . . . . . . . . . . . . . .37
Harmonização Contabilística Internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38
O papel do IASB na harmonização contabilística internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38
O Processo de elaboração de uma norma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO PGC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
POLÍTICAS CONTABILÍSTICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44
Características qualitativas da informação inanceira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44
Relevância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Fiabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Bases de apresentação das demonstrações inanceiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46
Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Acréscimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Princípios contabilísticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46
Consistência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Materialidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Não compensação de saldos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Comparabilidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Critérios para reconhecimento das classes das demonstrações inanceiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .48
Critério geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Critérios para reconhecimento de Activos: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Critério para reconhecimento de Passivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Critério para reconhecimento de Proveitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Critério para reconhecimento de Custos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Critérios para reconhecimento de Erros, Alterações de Estimativas e de Políticas Contabilísticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Valorimetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51

2. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53


INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57
Balanço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57
Demonstração de resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .60

xiii
Demonstração de luxos de caixa (DFC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62
Fluxos de caixa das actividades de investimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Fluxos de caixa das actividades de inanciamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Casos particulares a ter em atenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Base de relato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Notas às contas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .69
Modelo de Notas às contas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .72
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Notas ao balanço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Notas à demonstração de resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
Outras notas relacionadas com a posição inanceira e os resultados das operações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Notas à demonstração de luxos de caixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
3. QUADRO E LISTA DE CONTAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .115
Classe 0 – Contas de Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Classes 1 a 8 – Contabilidade Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Classe 9 – Contabilidade Analítica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
LISTA DE CONTAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .118

4. EXPLICAÇÃO ÀS CONTAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .131


CLASSE 1 – MEIOS FIXOS E INVESTIMENTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .133
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .133
Reconhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
IAS 17 – Locações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
CONTA 11 – IMOBILIZAÇÕES CORPÓREAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .135
CONTA 12 – IMOBILIZAÇÃO INCORPÓREAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .142
CONTA 13 – INVESTIMENTOS FINANCEIROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .148
CONTA 14 – IMOBILIZAÇÕES EM CURSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155
CONTA 18 – AMORTIZAÇÕES ACUMULADAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .159
CONTA 19 – PROVISÕES PARA INVESTIMENTOS FINANCEIROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .163
CLASSE 2 – EXISTÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .165
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .165
Reconhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
Valorimetria (existências em geral) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
CONTA 21 – COMPRAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .169
CONTA 22 – MATÉRIAS-PRIMAS SUBSIDIÁRIAS E DE CONSUMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .172
CONTA 23 – PRODUTOS E TRABALHOS EM CURSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .174
CONTA 24 – PRODUTOS ACABADOS E INTERMÉDIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .178
CONTA 25 – SUB-PRODUTOS, DESPERDÍCIOS, RESÍDUOS E REFUGOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .181
CONTA 26 – MERCADORIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .182
CONTA 27 – MATÉRIAS-PRIMAS, MERCADORIAS E OUTROS MATERIAIS EM TRÂNSITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .184
CONTA 28 – ADIANTAMENTOS POR CONTA DE COMPRAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .185
CONTA 29 – PROVISÃO PARA DEPRECIAÇÃO DE EXISTÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .186
CLASSE 3 – TERCEIROS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .188
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .188
Reconhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
Valorimetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
CONTA 31 – CLIENTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .190
CONTA 32 – FORNECEDORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .196
CONTA 33 – EMPRÉSTIMOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .200
CONTA 34 – ESTADO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .203
CONTA 35 – ENTIDADES PARTICIPANTES E PARTICIPADAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .208
CONTA 36 – PESSOAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .213

xiv
CONTA 37 – OUTROS VALORES A RECEBER E A PAGAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .216
CONTA 38 – PROVISÕES PARA COBRANÇAS DUVIDOSAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .222
CONTA 39 – PROVISÕES PARA OUTROS RISCOS E ENCARGOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .224
CLASSE 4 – MEIOS MONETÁRIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .226
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .226
Reconhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
Valorimetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
CONTA 41 – TÍTULOS NEGOCIÁVEIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .227
CONTA 42, 43 E 44 – DEPÓSITOS, A PRAZO, À ORDEM E OUTROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .230
CONTA 42 – DEPÓSITOS A PRAZO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .230
CONTA 43 – DEPÓSITOS À ORDEM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .231
CONTA 44 – OUTROS DEPÓSITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .232
CONTA 45 – CAIXA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .232
CONTA 48 – CONTA TRANSITÓRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .234
CONTA 49 – PROVISÕES PARA APLICAÇÕES DE TESOURARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .234
CLASSE 5 – CAPITAL E RESERVAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .236
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .236
Reconhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236
Valorimetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236
CONTA 51 – CAPITAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .236
CONTA 52 – ACÇÕES / QUOTAS PRÓPRIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .237
CONTA 53 – PRÉMIOS DE EMISSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .239
CONTA 54 – PRESTAÇÕES SUPLEMENTARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .240
CONTA 55 – RESERVAS LEGAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .240
CONTA 56 – RESERVAS DE REAVALIAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .241
CONTA 57 – RESERVAS COM FINS ESPECIAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .242
CONTA 58 – RESERVAS LIVRES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .243
CLASSE 6 – PROVEITOS E GANHOS POR NATUREZA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .244
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .244
Reconhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 244
Critério para reconhecimento de proveitos: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 246
CONTA 61 – VENDAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .246
CONTA 62 – PRESTAÇÕES DE SERVIÇO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .251
CONTA 63 – OUTROS PROVEITOS OPERACIONAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .255
CONTA 64 – VARIAÇÃO NOS INVENTÁRIOS DE PRODUTOS ACABADOS E DE PRODUÇÃO EM CURSO . . . . . . .258
CONTA 65 – TRABALHOS PARA A PRÓPRIA EMPRESA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .259
CONTA 66 – PROVEITOS E GANHOS FINANCEIROS GERAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .261
CONTA 67 – PROVEITOS E GANHOS FINANCEIROS EM FILIAIS E ASSOCIADAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .265
CONTA 68 – OUTROS PROVEITOS E GANHOS NÃO OPERACIONAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .266
CONTA 69 – PROVEITOS E GANHOS EXTRAORDINÁRIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .272
CLASSE 7 – CUSTOS E PERDAS POR NATUREZA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .274
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .274
Reconhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274
Critério para reconhecimento de custos: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276
CONTA 71 – CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS E DAS MATÉRIAS CONSUMIDAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .277
CONTA 72 – CUSTOS COM O PESSOAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .279
CONTA 73 – AMORTIZAÇÕES DO EXERCÍCIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .282
CONTA 75 – OUTROS CUSTOS E PERDAS OPERACIONAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .284
CONTA 76 – CUSTOS E PERDAS FINANCEIROS GERAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .290
CONTA 77 – CUSTOS E PERDAS FINANCEIROS EM FILIAIS E ASSOCIADAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .294
CONTA 78 – OUTROS CUSTOS E PERDAS NÃO OPERACIONAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .295
CONTA 79 – CUSTOS E PERDAS EXTRAORDINÁRIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .302

xv
CLASSE 8 – RESULTADOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .304
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .304
Reconhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304
CONTA 81 – RESULTADOS TRANSITADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .305
CONTA 82 – RESULTADOS OPERACIONAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .306
CONTA 83 – RESULTADOS FINANCEIROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .308
CONTA 84 – RESULTADOS FINANCEIROS EM FILIAIS E ASSOCIADAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .309
CONTA 85 – RESULTADOS NÃO OPERACIONAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .310
CONTA 86 – RESULTADOS EXTRAORDINÁRIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .311
CONTA 87 – IMPOSTOS SOBRE OS LUCROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .312
CONTA 88 – RESULTADOS LÍQUIDOS DO EXERCÍCIO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .313
CONTA 89 – DIVIDENDOS ANTECIPADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .315
5. ANEXOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .317
TERMOS/EXPRESSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .319
TABELAS DAS TAXAS ANUAIS DE REINTEGRAÇÕES E AMORTIZAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .337
TABELA DE LUCROS MÍNIMOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .353
LOCAÇÕES – NORMA INTERNACIONAL DE CONTABILIDADE 17 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .373

xvi
0.
INTRODUÇÃO
À
CONTABILIDADE
Neste capítulo pretende-se de uma forma simples, explicar os conceitos gerais aplicáveis à contabilidade. Assim, a
melhor forma de iniciar esta viagem pelos conceitos fundamentais da contabilidade passa pela deinição, objectivos
da contabilidade e a importância que a informação inanceira (relato inanceiro) assume nas entidades (empresas).

CONCEITO E OBJECTIVOS DA CONTABILIDADE

Deinir o conceito de contabilidade é sem dúvida uma tarefa difícil, pois apresentar uma deinição clara e ao mesmo
tempo capaz de encerrar em si as diversas vertentes que esta abrange pode conduzir a inexactidões ou aborda-
gens demasiado redutoras, pelo que iremos apresentar algumas deinições comumente aceites como explicativas
daquilo que deve ser entendido por contabilidade e seus objectivos.

A American Accounting Association (AAA) defendeu que a formulação dos objectivos da contabilidade deveria ser
efectuada em função das necessidades dos utilizadores da informação contabilística e que esta noção deveria pre-
valecer sobre o estabelecimento dos princípios por parte dos seus preparadores, como a base para a construção
da teoria da contabilidade.

Num documento intitulado de A Statement of Basic Accounting Theory a mesma entidade deiniu “contabilidade”
como sendo o processo de identiicação, medida e comunicação de informação inanceira, cujo objectivo passa por
fornecer informação passada, presente e futura aos seus utilizadores e que esta seja útil para a tomada de decisões.

Para o International Accounting Standard Board (IASB), o objectivo da contabilidade passa por proporcionar informa-
ção acerca da posição inanceira, do desempenho e de luxos de caixa de uma empresa que seja útil a uma larga
faixa de utentes na sua tomada de decisões económicas.

Para o Financial Accounting Standard Board (FASB),o objectivo da informação inanceira é proporcionar informação
útil para a tomada de decisões nas empresas e, mais concretamente, por parte dos inanciadores e investidores.

Como também referido pela American Accounting Association, essencialmente a contabilidade é um sistema de
informação, com uma linguagem própria, indispensável para a tomada de decisão, é um elo de ligação entre a or-
ganização, o sistema de informação e os utilizadores dessa informação.

Assim, a contabilidade deve ser vista como um sistema de informação capaz de medir e reportar a realidade
económica-inanceira-patrimonial das entidades (empresas), face:

• aos recursos à disposição da entidade;


• as obrigações contraídas;
• os meios utilizados para a obtenção desses recursos;
• os direitos assumidos;
• e os meios obtidos na transmissão dos bens produzidos e serviços prestados.

Neste sentido, pode-se dizer que a contabilidade é um sistema de informação que se debruça sobre o impacto
das transacções no património da entidade, atribuindo-lhe valor monetário (valorização/mensuração), registando
os (reconhecimento) e divulgando essa informação (relato) sob a forma de demonstrações inanceiras, de modo
a que seja útil para a tomada de decisão.

Assim, a questão que se coloca em primeiro lugar prende-se com saber quem são os utilizadores da informação
inanceira.
20 PGC — EXPLIC ADO

UTILIZADORES DA INFORMAÇÃO CONTABILÍSTICA

Quando é efectuada a referência aos utilizadores da informação inanceira, inclui-se neste grupo todos os agentes
que directa ou indirectamente possam ter interesse na informação divulgada pela empresa.

Assim, podemos dividir os utilizadores da informação inanceira em dois grandes grupos: os utilizadores internos e
os utilizadores externos. Seguidamente apresentam-se exemplos de cada uma das tipologias de utilizadores men-
cionadas, sendo esta divisão baseada na relação entre estes utilizadores e a empresa.

Utilizadores externos à entidade:


• Investidores (actuais e potenciais);
• Financiadores (instituições de crédito, etc.);
• Fornecedores e outros credores
• Clientes;
• Governo e seus departamentos
• Empregados
• Público em geral.

Utilizadores internos da entidade:


• Gestão (aos diversos níveis);

Abordada a questão acerca de quem são os utilizadores da informação inanceira, vamos agora centrar a nossa
atenção na informação propriamente dita e nas características que esta deve possuir para atingir a tal utilidade no
contexto da tomada de decisão.

CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO FINANCEIRA

As características qualitativas da informação inanceira devem ser entendidas como os atributos que tornam a in-
formação divulgada pelas empresas útil aos utentes dessa mesma informação. No âmbito do PGC, as características
qualitativas consignadas são duas: a relevância e a iabilidade.

No caso da iabilidade, e por forma a este desígnio ser atingido, há que atender a alguns atributos a que podería-
mos chamar sub-características, sendo elas as seguintes: a representação idedigna, a substância sobre a forma, a
neutralidade, a prudência e a plenitude.

Para maior desenvolvimento ver Características qualitativas da informação inanceira (Capitulo 1).

BASES DE APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Ainda no âmbito da informação inanceira, e após termos evidenciados os atributos que esta deve possuir, vamos
analisar quais os pressupostos que estão na base do processo de preparação da informação inanceira, sendo estes
denominados de bases de apresentação das Demonstrações Financeiras.

As bases de apresentação das demonstrações inanceiras consignadas no PGC são: a continuidade e o acréscimo.

Por continuidade deve ser entendida a ideia subjacente de que as Demonstrações Financeiras devem ser prepa-
radas na base da continuidade, a menos que a gerência / administração tenha intenções de liquidar a entidade ou
cessar a sua actividade, ou não tenha outra alternativa realista que não seja fazê-lo. Caso existam incertezas quanto
à continuidade da entidade ou das suas operações, tal facto deve ser divulgado nas Demonstrações inanceiras com
indicação das razões que estão na origem das incertezas.
0. Introdução à Contabilidade 21

Com efeito, as demonstrações inanceiras são normalmente preparadas no pressuposto de que uma entidade é
uma entidade em continuidade e de que continuará a operar no futuro previsível. Não havendo uma deinição
exacta do que se deve entender por futuro previsível (ou seja o período temporal que se deva considerar para
efeitos desta base de apresentação) aceita-se geralmente que este seja de um ano.

Relativamente ao conceito de acréscimo devemos entende-lo na perspectiva de que segundo este regime os efei-
tos das operações e outros acontecimentos são reconhecidos quando ocorrem (independentemente da data em
que ocorra o respectivo recebimento ou pagamento) sendo registadas e relatadas no período a que se referem.

Esta base de apresentação é também denominada como “regime de periodização económica”.

Terminada a análise acerca da informação inanceira, centramos agora a atenção nos elementos sobre os quais a
informação recai, ou seja, o património de uma empresa.

Para maior desenvolvimento ver Bases de apresentação das Demonstrações Financeiras (Capitulo 1).

PATRIMÓNIO

No desenvolvimento da sua actividade qualquer entidade necessita possuir um conjunto de bens e direitos (ele-
mentos patrimoniais activos) e assumir um conjunto de obrigações (elementos patrimoniais passivos), denominan-
do-se estes elementos como património.

Neste contexto consideram-se exemplos de elementos patrimoniais activos os seguintes:


• - Dinheiro
• - Mercadorias
• - Edifícios
• - Máquinas
• - Dividas a receber
• - etc.

Relativamente aos elementos patrimoniais passivos podemos ter como exemplos os seguintes:
• - Empréstimos bancários
• - Dívidas ao estado
• - Dívidas aos fornecedores
• - etc.

A diferença existente entre os elementos patrimoniais activos e os elementos patrimoniais passivos é denominada
de património líquido ou situação líquida, podendo tal conceito ser evidenciado através da seguinte expressão:

SITUAÇÃO LÍQUIDA = ELEMENTOS PATRIMONIAIS ACTIVOS – ELEMENTOS PATRIMONIAIS PASSIVOS

Ao conjunto dos elementos patrimoniais activos é atribuída a denominação de activo, sendo que ao conjunto dos
elementos patrimoniais passivos é atribuída a denominação de passivo. A adopção desta terminologia conduz ao
que denominámos anteriormente por situação líquida ou património liquido passar-se-á a denominar de capital
próprio.

Os conceitos acima mencionados conduzem a um dos elementos centrais da contabilidade que se consubstancia
na equação fundamental da contabilidade, sendo esta a seguinte:

ACTIVO = CAPITAL PRÓPRIO + PASSIVO


22 PGC — EXPLIC ADO

FACTOS PATRIMONIAIS

Podemos então considerar que todos os acontecimentos ou transacções que alterem a composição e/ou o valor
do património de uma empresa designam-se genericamente por factos patrimoniais.

Estes factos podem ser divididos em duas tipologias distintas denominadas de factos patrimoniais permutativos e
factos patrimoniais modiicativos.

Os factos patrimoniais permutativos são considerados aqueles que alteram a composição do património (elemen-
tos patrimoniais activos e/ou passivos) mas não tem impacto no seu valor (situação líquida).

Os factos patrimoniais modiicativos são considerados aqueles que alteram a composição do património (elemen-
tos patrimoniais activos e/ou passivos) bem como o seu valor (situação líquida/capital próprio).

Os factos patrimoniais (permutativos e modiicativos) implicam sempre a alteração da composição e/ou valor de
pelo menos uma das massas patrimoniais (activo, passivo e capital próprio) e consequentemente da equação fun-
damental da contabilidade, não invalidando nunca tal facto a manutenção da igualdade entre os dois membros da
equação fundamental da contabilidade.

ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Na abordagem a efectuar aos diferentes elementos das demonstrações inanceiras vamos subdividi-los em duas
categorias: elementos da posição inanceira e elementos do desempenho de uma empresa.

ELEMENTOS DA POSIÇÃO FINANCEIRA

Iremos agora abordar o que deve ser entendido como elementos da posição inanceira (activo, passivo e capital
próprio) de uma empresa, sendo que são estes os responsáveis por expressar a situação patrimonial de uma em-
presa numa determinada data.

ACTIVO

Começámos por deinir activo como o conjunto elementos patrimoniais activos, ou seja o conjunto dos bens e
dos direitos, no entanto podemos deinir este conceito de uma forma mais precisa tendo por base as suas carac-
terísticas intrínsecas.

Assim, um activo deve ser entendido como sendo um recurso controlado pela entidade como resultado de acon-
tecimentos passados e do qual se espera que luam para a entidade benefícios económicos futuros.

• Recurso controlado pela entidade: no sentido da entidade poder dispor dos proveitos que resultam do
elemento ou do contributo deste para os resultados da entidade.

• Resultado de acontecimentos passados: Os activos resultam de operações passadas ou de outros acon-


tecimentos passados. A expectativa de transacções a realizar ou de compromissos futuros a conirmar, não
conigura um activo.

• Fluir benefícios económicos futuros: o potencial de contribuir, directa ou indirectamente, para o luxo de
caixa e equivalentes de caixa para a entidade.

A título exempliicativo podemos referir os seguintes elementos patrimoniais: viaturas, mobiliário, dívidas a receber
e dinheiro como sendo exemplos de activos de uma empresa.
0. Introdução à Contabilidade 23

PASSIVO

Relativamente à deinição de passivo utilizámos anteriormente a ideia de este ser o conjunto de elementos patri-
moniais passivos, ou seja o conjunto das obrigações de uma empresa, no entanto podemos também deinir este
conceito de uma forma mais precisa tendo por base as suas principais características intrínsecas.

Neste contexto, um passivo deve ser entendido como sendo uma obrigação presente da entidade, proveniente de
acontecimentos passados, sendo que da sua liquidação se espera que resulte um exluxo de recursos da entidade
incorporando benefícios económicos.

• Obrigação presente: corresponde ao dever ou responsabilidade para agir ou executar de certa maneira,
sendo que uma obrigação surge somente quando o activo é entregue ou a entidade entra num acordo
irrevogável para adquirir o activo.

• Resultado de acontecimentos passados: Os passivos resultam de operações passadas ou de outros acon-


tecimentos passados.

• Resulte num exluxo de recursos: a liquidação de uma obrigação presente conduz a empresa a um exlu-
xo de recursos por forma a incorporar benefícios económicos.

A título exempliicativo podemos referir dividas a pagar a fornecedores, dividas a pagar ao pessoal e empréstimos
obtidos como sendo exemplos de passivos de uma empresa.

CAPITAL PRÓPRIO

Este conceito foi apresentado como a diferença entre o activo e o passivo de uma empresa, sendo que o mesmo
pode ser deinido como o interesse residual dos activos depois de deduzidos os passivo. Em suma, seria o que
restaria dos elementos activos de uma empresa caso esta liquidasse todos os seus elementos passivos. Face ao
exposto podemos concluir que o capital próprio pode ser positivo, negativo ou nulo, conforme se demonstra
seguidamente.

se, ACTIVO < PASSIVO então CAPITAL PRÓPRIO negativo

se, ACTIVO > PASSIVO então CAPITAL PRÓPRIO positivo

se, ACTIVO = PASSIVO então CAPITAL PRÓPRIO nulo

O capital próprio de uma entidade é composto pelo capital inicial e pelo capital adquirido, sendo este último todo
aquele que foi gerado no decurso das actividades de uma empresa.

A título exempliicativo podemos referir o capital social, o resultado líquido do exercício e os resultados transitados
como sendo exemplos de elementos que compõem o capital próprio de uma empresa.

ELEMENTOS DO DESEMPENHO

Em relação aos elementos do desempenho (custos e proveitos) de uma empresa, estes permitem avaliar o de-
sempenho económico da mesma através de indicadores de resultados. Estes elementos devem ser entendidos de
acordo com as características que seguidamente apresentamos.
24 PGC — EXPLIC ADO

CUSTOS

Este elemento do desempenho pode ser deinido como sendo uma diminuição nos benefícios económicos duran-
te o exercício na forma de exluxos ou diminuições de activos ou na incorrência de passivos que resultem em di-
minuições no capital próprio, que não sejam as relacionadas com distribuições aos participantes no capital próprio.

O conceito de custo pode ainda ser subdividido em dois sub-conceitos denominados de custos e de perdas. Assim,
custos são os que resultam do decurso das actividades ordinárias ou correntes da entidade, sendo destes exemplos
o custo das vendas, os salários, as amortizações ou as provisões entre outros.

Por perdas devem ser entendidos outros itens que satisfaçam a deinição de custos e que podem, ou não, surgir
no decurso das actividades correntes da entidade, sendo destes exemplos os provenientes da alienação de activos
não correntes, os resultantes de sinistros, entre outros.

PROVEITOS

O conceito de proveitos pode ser deinido como sendo aumentos dos benefícios económicos durante o exercício
na forma de inluxos ou aumentos de activos ou diminuições de passivos que resultem em aumentos no capital
próprio, que não sejam os relacionados com as contribuições dos participantes no capital próprio.

À semelhança do conceito de custo, também o conceito de proveito pode ser subdivido em dois outros conceitos:
réditos e ganhos.

Por rédito devemos entender os proveitos que provêm do decurso das actividades correntes (ou ordinárias) de
uma empresa, sendo exemplos as vendas, as prestações de serviços, os juros obtidos, os dividendos ou as rendas
obtidas.

Em relação aos ganhos, estes devem ser entendidos como sendo outros itens que satisfaçam a deinição de pro-
veito e podem, ou não, provir do decurso das actividades correntes (ou ordinárias) de uma entidade. São exemplo
de ganhos os decorrentes da alienação de activos não correntes entre outros.

Para maior desenvolvimento ver “Demonstrações Financeiras” (Capitulo 2).

RECONHECIMENTO DOS ELEMENTOS NAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

A principal questão que se coloca relativamente aos elementos da posição inanceira e do desempenho, prende-se
com o facto de nem todos serem passíveis de ser reconhecidos nas demonstrações inanceiras.

Na abordagem a este aspecto começamos por clariicar o que deve ser entendido como reconhecimento.

Assim, o reconhecimento é o processo pelo qual um elemento é incorporado numa demonstração inanceira, seja
o Balanço ou a Demonstração dos Resultados. Para o reconhecimento de um elemento este deve cumprir os dois
requisitos seguintes:
• O seu conceito;
• Os Critérios de reconhecimento.

No que concerne ao conceito, o tema foi abordado no ponto anterior, pelo que vamos centrar a abordagem
naquilo que são os critérios de reconhecimento especíicos para cada tipologia de elementos patrimoniais. Neste
contexto é possível identiicar dois critérios genéricos para o reconhecimento de um elemento:
• Ser provável que qualquer benefício económico futuro associado com o item lua para ou da empresa;
• O item ter um custo ou um valor que possa ser valorizado com iabilidade.
0. Introdução à Contabilidade 25

Aplicando estes critérios gerais de reconhecimento a cada um dos elementos das demonstrações inanceiras ante-
riormente mencionados, chegamos aos critérios de reconhecimento especíicos de cada elemento.

No caso do activo temos que os benefícios devem luir para a empresa, no caso do passivo temos que é necessário
que a saída de recursos incorporando benefícios futuros resulte na liquidação de uma obrigação presente. No que
respeita aos custos e proveitos estes devem conduzir a uma redução do capital próprio e a um aumento do capital
próprio respectivamente.

Face ao exposto podemos concluir que dos critérios genéricos de reconhecimento acima referidos apenas o
primeiro varia de elemento para elemento, sendo que o segundo é transversal a todos e está relacionado com a
necessidade de existir uma valorização iável do elemento em causa.

Para maior desenvolvimento ver Critérios para reconhecimento (Capitulo 1).

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Conforme foi mencionado inicialmente, a contabilidade tem como objectivo central proporcionar informação útil
no contexto da tomada de decisão por parte dos utilizadores dessa mesma informação. Coloca-se então a questão
acerca de como deve essa informação ser relatada, ou seja qual a forma de a apresentar.

As demonstrações inanceiras são a resposta para a questão acima referida, sendo este o veiculo utilizado para o
relato da informação por parte de uma empresa. Um conjunto completo de demonstrações inanceiras (obrigató-
rias) é formado por quatro documentos: Balanço, Demonstração de Resultados, Demonstração de Fluxos de Caixa
(temporariamente suspensa, no entanto é recomendada a sua preparação sempre que a empresa já disponha de
meios que lhe permitam preparar tal demonstração) e Notas às Contas.

Na sequência do exposto anteriormente vamos centrar a análise em duas das quatro demonstrações inanceiras
obrigatórias: o Balanço e a Demonstração de Resultados.

BALANÇO

A demonstração inanceira “Balanço” integra os activos, passivos e o capital próprio de uma empresa. Habitualmen-
te se refere que esta demonstração proporciona informação acerca da posição inanceira, derivando deste facto a
denominação de elementos da posição inanceira atribuída ao activo, ao passivo e ao capital próprio.

O Balanço apresenta uma disposição vertical, encontrando-se dividido em duas partes, a parte superior na qual se
inclui o activo e a parte inferior na qual se inclui o capital próprio e o passivo. Outra característica desta demonstra-
ção inanceira decorre directamente da equação fundamental da contabilidade e que consiste na obrigatoriedade
de existir uma igualdade entre o total da parte superior e o total da parte inferior, ou seja:

TOTAL DO ACTIVO = TOTAL DO CAPITAL PRÓPRIO + TOTAL DO PASSIVO

Esta demonstração deve conter o nome da entidade que relata, a data do balanço, a moeda de relato e o nível de
arredondamento (ex: milhares de kwanzas).

Analisando cada uma das classes que compõem o balanço temos que a parte superior, onde se apresenta o activo
é ordenada por ordem crescente de liquidez, ou seja em primeiro lugar são apresentados os elementos menos
líquidos do activo e em último lugar os elementos mais líquidos.

Ainda relativamente à apresentação do activo este encontra-se dividido em activo corrente e activo não corrente,
sendo o primeiro aquele que se espera que permaneça na posse da entidade por um período até um ano. Por ac-
tivo não corrente entende-se todo aquele que se espera que permaneçam na posse da entidade por um período
superior a um ano
26 PGC — EXPLIC ADO

A parte inferior do balanço destina-se a apresentar o capital próprio e o passivo de uma empresa. No caso do ca-
pital próprio este encontra-se apresentado por ordem cronológica de formação, enquanto que no caso do passivo
este encontra-se apresentado por ordem decrescente de exigibilidade ou seja do menos exigível (temporalmente)
para o mais exigível.

No que respeita à apresentação dos passivos estes são classiicados em passivos correntes e passivos não corren-
tes. Os passivos correntes são aqueles que se espera que venham a ser liquidados pela entidade num período até
um ano. Por passivo não corrente entende-se todo aquele que se espera que venham a ser pagos pela entidade
num período superior a um ano

Para maior desenvolvimento ver Demonstrações Financeiras – Balanço (Capitulo 2).

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

A demonstração de resultados é composta pelos custos e pelos proveitos de uma entidade, sendo que habitual-
mente se refere que esta demonstração proporciona informação acerca do desempenho, derivando deste facto a
denominação de elementos do desempenho atribuída aos custos e aos proveitos.

Quando é referido que esta demonstração inanceira proporciona informação acerca do desempenho tal decorre
do facto de ser considerado que o resultado líquido é uma medida do desempenho económico de uma entidade.
Face ao exposto compreende-se que na demonstração de resultados aos proveitos sejam deduzidos os custos por
forma a calcular o resultado líquido do exercício, sendo que:

se, PROVEITOS < CUSTOS então RESULTADO LÍQUIDO negativo (prejuízo)

se, PROVEITOS > CUSTOS então RESULTADO LÍQUIDO positivo (lucro)

se, PROVEITOS = CUSTOS então RESULTADO LÍQUIDO nulo

Para maior desenvolvimento ver Demonstrações Financeiras – Demonstração de Resultados (Capitulo 2).

A relação entre as duas demonstrações inanceiras referidas é efectuada através da rúbrica resultado líquido do
exercício que após apurado através da demonstração de resultados é depois parte integrante do capital próprio e
como tal integrando deste modo o balanço.

CLASSIFICAÇÃO CONTABILÍSTICA

A classiicação dos bens e direitos (activo) e das obrigações (passivo) de uma entidade em categorias apropriadas
é necessária para a divulgação de informações contabilísticas que possam ser compreendidas e analisadas por to-
dos os utilizadores das demonstrações inanceiras nos seus processos de tomada de decisão. Assim a necessidade
de classiicação, pode concluir-se que é um facilitador do processo de comunicação de informação por parte da
empresa aos seus utilizadores, ou seja no intuito de tornar a informação compreensível.

A base da contabilidade é a classiicação (reconhecimento/contabilização). Neste sentido, o registo das transacções


(factos patrimoniais) no momento em que ocorrem, pressupõe a existência de instrumentos adequados, ou seja, é
necessária a existência duma série de divisões (as contas), em que o âmbito de cada uma seja deinido e entendível
pelos utilizadores.
0. Introdução à Contabilidade 27

CONTA

Na terminologia contabilística é utilizada a expressão “conta” como conjunto de elementos patrimoniais com ca-
racterísticas homogéneas, expressos em unidades monetárias.

As contas apresentam duas características principais e que decorrem da deinição mencionada: a homogeneidade
e a integralidade.

• Homogeneidade - cada conta deve conter elementos com características semelhantes e em conformidade
com aquilo que a conta expressa

• Integralidade - todos os elementos que apresentam características comuns devem fazer parte da mesma
conta.

No que se refere às partes constitutivas de uma conta estas incluem:

• O título da conta - é a expressão porque se designa a conta.

• O valor (quantia) - representa a qualidade, expressa em unidades monetárias contida na conta no mo-
mento em que se analisa.

A im de orientar o processo de reconhecimento das operações e outros acontecimentos, simpliicar o controlo


dos registos efectuado se facilitar a consulta de saldos e quantias para efeitos de preparação das componentes das
Demonstrações inanceiras, foi criada uma lista codiicada (código/designação) de contas passíveis de serem usadas
na elaboração dos registos contabilísticos.

Na lista de contas, estas encontram-se agrupadas em oito classes:

Classe 1 - Meios ixos e investimentos


Classe 2 - Existências
Classe 3 - Terceiros
Classe 4 - Meios Monetários
Classe 5 - Capital e Reservas
Classe 6 - Proveitos e Ganhos por Natureza
Classe 7 - Custos e Perdas por Natureza
Classe 8 - Resultados

Para maior desenvolvimento ver capitulo 3 – Quadro e Lista de contas

REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DAS CONTAS

As contas podem ser representadas por aquilo que vulgarmente se denomina de T esquemático ou razão, confor-
me seguidamente se exempliica:

Débito (D) Título Crédito (C)


28 PGC — EXPLIC ADO

À diferença existente entre o total inscrito do lado do débito e o total inscrito do lado do crédito dá-se o nome
de saldo da conta, podendo este assumir três estado: devedor, credor e nulo.

se DÉBITO > CRÉDITO => SALDO DEVEDOR

se DÉBITO < CRÉDITO => SALDO CREDOR

se DÉBITO = CRÉDITO => SALDO NULO

MOVIMENTAÇÃO DAS CONTAS

A movimentação das contas difere consoante estejamos a falar de uma conta representativa de activos, passivos,
capital próprio, custos ou proveitos. Seguidamente iremos apresentar as regras de movimentação das contas para
cada tipologia de elementos.

Movimentação das Contas de Activo

As contas de activo debitam-se pelo saldo inicial e pelos aumentos e creditam-se pelas diminuições.

Débito (D) Contas de Activo Crédito (C)

Saldo inicial Diminuições


e
Aumentos

As contas de activo encontram-se inseridas na classe 1- Meios ixos e investimentos, na classe 2 – Existências, na classe
3 - Terceiros (parte) e na classe 4 – Meios Monetários.

Movimentação das Contas de Passivo

As contas de passivo creditam-se pelo saldo inicial e pelos aumentos e debitam-se pelas diminuições.

Débito (D) Contas de Passivo Crédito (C)

Diminuições Saldo inicial


e
Aumentos

As contas de passivo encontram-se inseridas na classe 3 - Terceiros (parte).

Movimentação das Contas de Capital Próprio

As contas de capital próprio creditam-se pelo saldo inicial e pelos aumentos e debitam-se pelas diminuições.

Débito (D) Contas de Capital Próprio Crédito (C)

Diminuições Saldo inicial


e
Aumentos

As contas de capital próprio encontram-se inseridas na classe 5 – Capital e Reservas e classe 8 – Resultados.
0. Introdução à Contabilidade 29

Movimentação das Contas de Custos

As contas de custos debitam-se pelos aumentos e creditam-se pelas diminuições.

Débito (D) Contas de Custos Crédito (C)

Aumentos Diminuições

As contas de custos encontram-se inseridas na classe 7 - Custos e Perdas por Natureza.

Movimentação das Contas de Proveitos


As contas de Proveitos creditam-se pelos aumentos e debitam-se pelas diminuições.

Débito (D) Contas de Proveitos Crédito (C)

Diminuições Aumentos

As contas de proveitos encontram-se inseridas na classe 6 - Proveitos e Ganhos por Natureza.

LANÇAMENTO CONTABILÍSTICO

Quando nos referimos a um lançamento contabilístico este consiste no registo de um facto patrimonial tendo em
atenção os princípios da digraia enunciados por Luca Paccioli[1]. Segundo o método digráico (partidas dobradas)
a cada registo a débito numa conta deve corresponder pelo menos um registo a crédito numa outra conta e vice-
-versa, de modo a que para cada lançamento ao somatório dos valores inscritos a débito na(s) conta(s) seja igual
ao somatório dos valores inscritos a crédito na(s) conta(s) utilizadas para efectuar o lançamento.
A técnica da partida dobrada, tem por pressuposto a evidência de que todo o facto patrimonial ocorrido na enti-
dade se traduz por um luxo de valores entre dois ou mais elementos do património.
É este registo que permite controlar exactamente de onde vem um determinado elemento patrimonial e para
onde vai, o que signiica que o elemento nunca é ganho ou perdido, é sempre transferido de algum lugar (uma
conta de origem) para outro lado (a conta de destino).
Para além do exposto deve ser tido em atenção que um lançamento deve conter a data em que é efectuado, a
conta ou contas a debitar e creditar, uma descrição (histórico) do facto patrimonial e o valor do mesmo.
Exposto o conceito e as suas componentes, olhamos agora para o processo conducente ao lançamento conta-
bilístico e que consiste em primeiramente analisar o facto patrimonial (documento), seguidamente identiicar o
impacto do facto nos elementos patrimoniais e consequentemente quais as contas afectadas pelo respectivo facto
e por último aplicar as regras de movimentação das contas.
Os lançamentos podem ser classiicados de acordo com o número de contas movimentadas, sendo a classiicação
usualmente utilizada a seguinte:

Lançamentos simples
1ª fórmula (um débito = um crédito)
Lançamentos complexos
2ª fórmula (um débito = vários créditos)
3ª fórmula (vários débitos = um crédito)
4ª fórmula (vários débitos = vários créditos)

[1]Luca Paccioli (frade italiano) publicou em 1494 o livro “Summa de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalità “ onde numa
das sessões do livro é publicado o método de contabilidade que os mercadores usavam na altura e que é hoje conhecido por método das
partidas dobradas. Embora o método não tenha sido inventado por ele teve no entanto o mérito de ser o primeiro a publicar e a explica-lo
sendo por considerado o “Pai da Contabilidade”.
30 PGC — EXPLIC ADO

SISTEMATIZAÇÃO DO PROCESSO CONTABILÍSTICO

Sendo a contabilidade um sistema de informação, esta encerra em si uma abordagem sistémica do ponto de vista
de actuação que poderíamos sintetizar do seguinte modo:

Observação e recolha de inputs


(provenientes de fontes de informação diversa)

Análise e classiicação da informação


(através da Lista de contas)

Elaboração de documentos de divulgação


(Ex: Demonstrações Financeiras – Relato Financeiro)

Preparação de informação especíica


(Por ex. para análise económico-inanceira)

No âmbito do que acima denominámos de “Análise e classiicação”, e tendo presente que cada entidade/empresa
tem as suas particularidades e que as realidades especiicas de cada empresa não podem ser reduzidas a um con-
junto standard de procedimentos e ciclos, iremos de seguida apresentar o que se pode considerar como sendo os
ciclos base de uma empresa. No desenvolvimento desta abordagem serão efectuadas remissões para o conteúdo
do livro para complementar a leitura a efectuar.

Ciclo de compra e venda:

Este ciclo é comum à generalidade das empresas e caracteriza-se por um conjunto de aspectos distintivos. Assim,
podemos salientar os seguintes:

• A entidade com base em meios monetários de que dis-


põe (dinheiro) compra mercadorias para posterior venda
(enquanto não efectuar a venda - estas permanecem no
MEIOS MONETÁRIOS
armazém).

• A diferença entre o preço de compra (custo de aquisi-


ção) e o preço de venda, chamamos normalmente Mar-
gem Bruta, sendo que este indicador pode ser entendido
como aquilo que a empresa “ganha” nesse ciclo operacio- VENDA COMPRA
nal (compra e venda).

• No conjunto dos aspectos mencionados podemos veri- ARMAZÉM


icar que existem variações em diversas massas patrimo-
niais e consequentemente em diversas classes da lista de
contas.
0. Introdução à Contabilidade 31

No entanto pode acontecer que a empresa compre e/ou venda


MEIOS MONETÁRIOS a crédito, isto é, não pague no acto da compra ou não receba
no acto da venda icando assim, entre o momento da compra
e o seu pagamento, com uma divida a pagar (obrigação) para
FORNECEDOR
CLIENTE com o seu fornecedor e entre o momento da venda e do seu
(conta a receber) (conta a pagar)
recebimento, com uma divida a receber (direito) do seu cliente.
VENDA COMPRA
Nestes casos não existe, no momento da compra ou da venda,
uma variação de meios monetários (inluxo ou exluxo) mas
sim uma variação de clientes ou fornecedores, sendo que essa
ARMAZÉM variação de meios monetários se fará mais tarde em função das
condições acordadas com o fornecedor ou o cliente.

Para desenvolvimento acerca das questões e movimentações relacionadas com este ciclo sugerimos, entre outras,
a consulta das movimentações esquemáticas no capitulo 4 – Explicação às contas da classe 2, nomeadamente
das contas 21 e 26, e da classe 3 as conta 31 e 32.

Ciclo de Investimento em Meios Fixos:

Este ciclo é também comum à generalidade das empresas pois estas necessitam, de bens para uso na sua actividade
(denominados de imobilizados corpóreos e incorpóreos), sendo exemplos desses bens: as viaturas; as máquinas; os
computadores, entre outros.

Este ciclo de investimentos em meios ixos caracteriza-se por: MEIOS MONETÁRIOS

• A entidade, com base em meios monetários de que dispõe


FORNECEDOR
(dinheiro), ou em alternativa compra a crédito com paga-
(de investimento)
mento posterior, adquire Meios Fixos (imobilizado corpó-
reo e incorpóreo) para utilização/uso na sua actividade.
COMPRA

• Estes meios, com o uso e com a passagem do tempo vão


perdendo valor, pelo que se vai calculando e contabilizando
as “amortizações”. As amortizações representam a redução
de valor que o bem vai sofrendo por via do uso, da inacti-
vidade ou da passagem do tempo (essa redução de valor Amortização
conigura um custo para a empresa e consequentemente (vida útil)
tem um impacto negativo nos resultados desta).

• As amortizações do bem são normalmente calculadas em


função do número de anos que se espera que o bem gere
(eventual)
benefícios para a empresa, a este período de tempo é dado
o nome de vida útil do activo. No inal da vida útil o bem VENDA ou ABATE
(im da vida útil)
poderá ser vendido caso tenha ainda algum valor, ou pura e
simplesmente abatido em virtude de não possuir valor nem
ir gerar benefícios para a empresa.

Para desenvolvimento acerca das questões e movimentações relacionadas com este ciclo sugerimos, entre outras,
a consulta das movimentações esquemáticas no capitulo 4 – Explicação às contas da classe 1, nomeadamente
das contas 11, 12, 14 e 18.
32 PGC — EXPLIC ADO

Ciclo de inanciamento:

Quando nos referimos ao ciclo de inanciamento de uma empresa este subdivide-se em duas tipologias comple-
tamente distintas:

• O inanciamento por sócios/accionistas – denominado de capital próprio;

• O inanciamento por outras entidades – denominado de capital alheio.

CAPITAL PRÓPRIO
Capital Inicial

+ PRESTAÇÕES SUPLEMENTARES
No que se refere ao inanciamento por capital próprio,
+ OUTRAS ENTRADAS
este pode advir do chamado capital inicial, que poderá ser
acrescido por outras entradas de sócios/accionistas como
+ RESULTADOS (Retidos) sejam as prestações suplementares e os resultados que a
empresa vá gerando internamente ao longo dos anos e
+ OUTROS ...
que os sócios mantenham na entidade.

= CAPITAL PRÓPRIO

Para desenvolvimento acerca das questões e movimentações relacionadas com este ciclo sugerimos, entre outras,
a consulta das movimentações esquemáticas no capitulo 4 – Explicação às contas da classe 5, e da classe 8
nomeadamente da conta 81..

Relativamente ao inanciamento por capital alheio, este é CAPITAL ALHEIO


caracterizado pelo facto de os meios monetários serem
obtidos através de empréstimos à empresa podendo es-
tes empréstimos surgir de várias formas, sendo usual o Empréstimo
empréstimo bancário e naturalmente o inanciamento
por parte dos fornecedores através do crédito usual na Financiador
(Banco, ...) Disponibilidades
relações comerciais.

No caso dos empréstimos terão de ser reembolsados Reembolso


(na data do reembolso) e dão lugar ao pagamento de
juros (juros esses que coniguram um custo de inancia- Juros
mento para a empresa e consequentemente um impacto (Custo)

negativo nos resultados da empresa).

Para desenvolvimento acerca das questões e movimentações relacionadas com este ciclo sugerimos, entre outras,
a consulta das movimentações esquemáticas no capitulo 4 – Explicação às contas da classe 3, nomeadamente
da conta 33..
0. Introdução à Contabilidade 33

No âmbito daquilo que acima denominámos “Demonstrações inanceiras” e sem prejuízo da consulta ao capítulo
2 – Demonstrações Financeiras, gostaríamos, para maior detalhe, de abordar o que deve ser entendido como um
conjunto de demonstrações inanceiras e qual a relação entre elas.

Balanço:

Sendo o Balanço o documento que fornece informação acerca da situação patrimonial de uma empresa numa
determinada data, dele fazem parte:
• Património activo – Activo;
• Património passivo – Passivo
• Património Liquido - Capital próprio

Demonstração de resultados:

No que se refere à demonstração de resultados, esta fornece informação de pormenor acerca da rubrica “Resul-
tado líquido”, também ela constante do Balanço.

Demonstração de luxos de caixa:

A demonstração de luxos de caixa fornece informação de pormenor sobre a rubrica “Disponibilidades” constante
do Balanço, nomeadamente acerca da quantidade (valor) e tipologia (operacionais, investimento, inanciamento)
dos luxos de caixa.

Notas às Contas:

Por último, as Notas às contas fornecem informação de complemento/pormenor acerca das restantes demons-
trações inanceiras complementando-as com outras informações não reconhecidas/evidenciadas nas restantes
demonstrações inanceiras, nomeadamente no que a um maior detalhe respeita.

Assim, como se pode veriicar pela igura acima apresentada, as notas às contas encontra-se relacionado com as
restantes demonstrações inanceiras, nomeadamente complementando-as e detalhando-as do ponto de vista da
informação divulgada. Falando de um maior detalhe da informação, a demonstração de luxo de caixa e a demons-
tração de resultados assentam no mesmo princípio, ou seja, no detalhar de rubricas que constam do balanço de
uma empresa, conforme foi mencionado anteriormente.

ACTIVO

Disponibilidades Demonstração
de
Fluxos de Caixa
NOTAS

ÀS
CAPITAL PRÓPRIO
CONTAS
Demonstração
Resultado líquido de
Resultados

PASSIVO
34 PGC — EXPLIC ADO

Dentro do que denominámos “análise económico-inanceira”, e tendo presente que cada entidade/empresa tem
as suas particularidades e não podendo as realidades especiicas de cada empresa serem reduzido a uma análise
standard, o ciclo da contabilidade poderá ir até à preparação da informação para análises especiicas. No caso da
chamada análise económico-inanceira as demonstrações inanceiras permitem calcular uma série de relações (rá-
cios) que permitirão obter informação útil para a tomada de decisão.

Em suma, como foi possível veriicar a abordagem sistémica em que assenta a contabilidade conduz, em última
análise, à obtenção de informação relevante para a tomada de decisão sendo o foco colocado na utilidade de
informação para os utilizadores da informação inanceira

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