Estágio 2 - Relatório Finalizado - Profa Nina

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE


NÚCLEO DE FORMAÇÃO DOCENTE
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

ALINE MARIA DA COSTA


HERBERTT LUCAS ARRUDA FONSECA
MARIA LUIZA FRANCO
VIVIANE MARIA DA SILVA RITO

RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO 2- ENSINO FUNDAMENTAL


PROFª, Dra. LUCINALVA ANDRADE ATAIDE DE ALMEIDA

Caruaru 2022

1
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 3
LITERATURA AFRO-BRASILEIRA NOS ANOS INICIAS ...............................................4
APROXIMAÇÃO E CACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO......................5
PROJETO DE INTERVENÇÃO ................................................................................9
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 9
ANEXO I- Questionário ............................................................................................10
ANEXO 2 – Plano de aula .........................................................................................12
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ..................................................................... 19

2
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA AFRO-BRASILEIRA NOS ANOS INICIAS

INTRODUÇÃO

A importância do estágio na formação dos docentes

No âmbito do Estágio supervisionado 2 do curso de Pedagogia da Universidade


Federal de Pernambuco o presente relatório foi desenvolvido de forma totalmente
remota, já que em virtude da pandemia da Covid-19 faz-se necessário o distanciamento
social respeitando o protocolo de segurança para a prevenção do vírus.
O estágio faz parte da vivência acadêmica de todo graduando, sendo o momento
que ele pode ter, por muitas vezes, o seu primeiro contato com a área que está
estudando. Para Pimenta e Lima “o estágio se produz na interação dos cursos de
formação com o campo social no qual se desenvolvem as práticas educativas. Nesse
sentido, o estágio poderá se constituir em atividade de pesquisa.” (2005, 2006, p. 6).
Assim podemos dizer que o estágio além de ser importante para a formação propicia
também que os futuros docentes desenvolvam suas habilidades de pesquisa e contribua
com a experiência coletiva já que a pesquisa realizada pode ser utilizada para estudos
tanto de professores como de outros estudantes da graduação.
Também assim como aponta Pimenta e Lima sobre o estágio (apud Souza Sheila
Perina. 2020):
Cabe-lhe desenvolver atividades que possibilitem o conhecimento, análise, a
reflexão do trabalho docente, das ações docentes, nas instituições, a fim de
compreendê-las em sua historicidade, identificar seus resultados, os impasses
que apresenta, as dificuldades. Dessa análise crítica, à luz dos saberes
disciplinares, é possível apontar as transformações necessárias no trabalho
docente, nas instituições.

A partir disto reforça-se a importância do estágio na formação, já que este irá


possibilitar ao aluno um entendimento do cotidiano daquele espaço, daquele docente,
daqueles alunos, de suas vivências escolares, a dificuldades encontradas e como são as
saídas buscadas para tais situações.
Podemos dizer também que no estágio temos contato com esse novo, já que
somos de certa forma, inseridos no cotidiano daquela escola. No caso desse relatório,
dialogamos com a docente Priscila da Escola Municipal Hilda Gomes Pereira sobre suas
atividades para com sua turma e como é dito por Vázquez “Na atividade prática, o

3
sujeito age sobre uma matéria que existe independente de sua consciência e das diversas
operações ou manipulações exigidas para sua transformação.” (1977, p.193), dessa
forma ao dialogarmos com a professora compreendemos sua prática tendo em vista a
realidade da escola, dos alunos, assim como também a “escola/aluno após a pandemia”.
Neste relatório de estágio iremos abordar a literatura afro-brasileira na escola,
compreendendo sua importância nas relações dos estudantes tanto dentro do espaço de
sala de aula como fora dele.
Para o desenvolvimento deste relatório também foram utilizados como
referenciais teóricos: PIMENTA e LIMA (2005 e 2006), SANTOS & BEZERRA
(2020), CALDEIRA E ZAIDAN (2013), CLASTO E TONIOSSO (2018) e LARA DOS
SANTOS ROCHA.

LITERATURA AFRO-BRASILEIRA NOS ANOS INICIAS

O racismo se engloba em toda a sociedade e se manifesta de uma forma sutil,


desde as práticas discriminatórias à falta de representatividade nos livros e materiais
didáticos, dessa forma, é indispensável que o professor esteja sempre pronto para se
atualizar e buscar conhecimentos para compreender determinadas situações e resolve-
las. Caldeira e Zaidan afirmam que:

A prática pedagógica se constrói no cotidiano da ação docente e nela estão


presentes, simultaneamente, ações práticas mecânicas e repetitivas,
necessárias ao desenvolvimento do trabalho do professor e à sua
sobrevivência nesse espaço, assim como, ações práticas criativas, inventadas
no enfrentamento dos desafios de seu trabalho cotidiano. (2013, p. 128)

A escola sendo um espaço de múltiplos, é necessário a representatividade não só


do padrão branco, mas também a representatividade étnica, sendo essa imprescritível
para ampliar o reconhecimento da identidade e construção da autoestima da criança
negra, que dificilmente se veem representadas em seu cotidiano.

A ausência de referência positiva na vida da criança e da família, observada


no livro didático, no ambiente escolar e em outros espaços em nossa
sociedade, deprecia e fragiliza a identidade da criança negra.
Frequentemente, ela chega à fase adulta sem reconhecer o valor atrelado à
especificidade de seus atributos físicos e à sua origem racial, o que a
prejudica de diversas formas em sua vida cotidiana (CLASTO E
TONIOSSO, 2018)

A Lei 11.645/2008 altera a Lei 9.394/1996, modificada pela Lei 10.639/2003,


estabelece que o estudo da história e das culturas africanas, afro-brasileiras e ameríndias
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deve ser contemplado em todas as escolas públicas e privadas do país. Porém, ainda há
uma dificuldade dessa legislação integrar de fato os currículos escolares, há uma
necessidade de um aprofundamento acerca da temática e de mais materiais específicos
para abordagem da mesma.
A literatura infantil é essencial no processo de aprendizagem de crianças,
Segundo Silva (2010), “o ato de ler e ouvir histórias possibilita à criança expandir seu
campo de conhecimento, tanto na língua escrita, quanto na oralidade”. Na literatura, é
comum as crianças encontrem diversos personagens, heróis, príncipes e princesas,
entretanto, em sua maioria, são representados pela figura do branco. Com isso, apenas
as crianças brancas irão se identificar com os personagens e acreditarem ser superiores,
as crianças negras por sua vez, se sentirão inferiores e acreditarão que apenas a figura
dos brancos é adequada e privilegiada. De acordo com a professora e pesquisadora Lara
dos Santos Rocha
[...]a literatura tem um papel muito importante nisso tudo, uma vez que ela
tem a potência de sensibilização, de libertação, de criação de um imaginário
de possibilidades. Então apresentar obras literárias em que a criança negra
pode ser absolutamente tudo, e não só o bandido ou a mulher sedutora, é
dizer que outros mundos são possíveis.

Dessa forma, é possível ver que a presença da diversidade no cotidiano escolar


torna-se importante para que todas as crianças possam conviver com as diferenças e
aceitar a diversidade étnica e racial. Assim, é necessário o protagonismo negro na
literatura, para contribuir para a construção da identidade das crianças negras para que
se sintam pertencentes ao seu contexto social

APROXIMAÇÃO E CACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO:

Em decorrência da pandemia da Covid-19 e das medidas adotadas em prevenção


a disseminação do vírus, tivemos que adotar estratégias para realizar o Estágio
Supervisionado 2 respeitando as medidas de biossegurança. Desse modo, a aproximação
com o campo do estágio foi feita de forma remota pelo uso da plataforma Google Meet.
Com a pandemia, o campo educacional teve que buscar maneiras de continuar o
movimento educativo mesmo de forma não presencial.

5
[...] tomando o período de distanciamento social enquanto particularidade de
um “tempo de pandemia”, ao pensarmos no cenário educativo vigente,
compreende-se prioritariamente a necessidade de adequações pedagógicas
que acompanhem as mudanças oriundas desse novo – ainda que temporário
modelo de (re)organização social. (SANTOS & BEZERRA, 2020, P.9)

Diante deste cenário, uma saída encontrada foi o uso das plataformas digitais,
que se tornou o principal meio para o acesso com o campo, assim, entende-se que
atividade de estágio não se reduz a prática presencial, podendo ser readequada e
exercida mesmo a distância.
Para uma melhor compreensão do contexto a ser pesquisado, foram pensadas
uma série de encontros remotos com uma professora que leciona no município de Belo
Jardim-PE, uma das escolas que possui vínculo com a UFPE. Nesses encontros
buscamos caracterizar a escola, a sala de aula, a professora e suas respectivas propostas
pedagógicas e enfrentamentos para continuidade da educação nesta fase onde é
necessário o isolamento social. Também buscamos investigar como estão sendo
abordadas as questões raciais dentro da sala de aula, por entendermos que a pandemia
acentuou as desigualdades econômicas em todo o Brasil; desigualdades estas que afetam
uma grande parcela da população negra que é frequentemente empobrecida e
marginalizada, restando-lhe muitas vezes à educação pública, local de direitos dessas
crianças, e portanto precisa ser pensada de modo crítico, visando proporcionar uma
mudança significativa de suas realidades impregnadas de preconceito, racismo e
violência. Por isso, é imprescindível que a escola crie estratégias de superação do
racismo, reconhecimento e empoderamento da identidade negra.
Para nosso primeiro encontro com a professora, elaboramos um questionário
com questões ligadas à caracterização do contexto escolar e da turma, das relações com
a equipe pedagógica e práticas pedagógicas com a temática racial. A docente, que nos
acompanhará durante o período do estágio, possui graduação em Pedagogia
(licenciatura) e mestrado em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco
(CAA) e doutorado em Educação no Campus Recife. Segundo o levante feito com a
docente, o espaço escolar contém apenas 3 salas de aula, 1 cozinha, 2 banheiros, 1
espaço que representa a biblioteca, 1 sala para a coordenação e secretaria. Não há
espaços específicos nem adequados para atividades ao ar livre, brincadeiras ou reuniões
de qualquer tipo, o que indica uma escassez em sua infraestrutura.

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Partindo para as relações pedagógicas dentro da sala de aula, no que diz respeito
ao período de aulas remotas, situação inédita na história da educação brasileira,
perguntamos sobre como elas estavam ocorrendo, quais as dificuldades que os alunos
estão tendo, como as crianças estão se adaptando a essa nova realidade, e quais as
dificuldades encontradas por ela como professora. A professora então, nos
contextualizou primeiramente da sua situação enquanto docente naquela escola,
explicando que iniciou com a educação básica no ano passado (2021) de forma remota,
e que ainda não havia retornado as aulas presenciais porque estava de afastamento
médico por estar grávida. Nesse pouco tempo de retorno, ela passou por 3 turmas
diferentes ainda online, educação infantil, 4º ano e 1º ano, que é a turma a qual estamos
analisando no presente relatório. Sobre isso, a professora aponta: “Então quando a gente
fala de planejamento, a gente fala tanto do micro quanto do macro, o planejamento
educacional do município é um tanto quanto fragilizado, tem todo um tempo aí que
poderia ter sido usado para planejamento, preparação, organização do calendário, mas
as tomadas de decisões foram tomadas em cima da hora, sem critério. Isso mostra um
pouco das fragilidades da educação pública.”
Ainda sobre o âmbito da sala de aula, a professora aponta para as dificuldades
dos alunos para adaptarem-se ao ensino remoto. O contato com os alunos iniciou-se de
forma remota, porém muitos alunos não tem acesso à internet, não participam
ativamente dos grupos no WhatsApp, por isso conhecer, fazer um diagnóstico mais
individualizado do nível de aprendizagem dos alunos se tornou um processo bastante
fragilizado, impreciso. Tudo que foi planejado, foi em cima de um aluno idealizado.
Alguns alunos não tiveram previamente um contato com a educação infantil, então eles
estão tendo um primeiro contato com a rotina e o espaço escolar, eles estão construindo
a noção de escola agora. A professora também pontua que “A dificuldade no quesito da
aprendizagem, se há um déficit enorme, por maior esforço que os professores tenham
feito, mas não é a mesma organização da aula.”
Para uma compreensão mais precisa acerca deste contexto escolar, também
buscamos entender como se dá a relação com a equipe gestora e os demais professores,
afim de saber se eles interagem entre si para conversar sobre o andamento das turmas,
trocar sugestões de atividades, discutir algumas práticas pedagógicas, como funcionam
as tomadas de decisões da gestão, questões importantes para a efetivação de uma
educação baseada em princípios democráticos. Do ponto de vista da professora, ela
indica haver uma certa comunicação da parte dela com outra professora. Em relação

7
com a coordenação, a comunicação é mais difícil, principalmente porque a Secretaria de
Educação do município de Belo Jardim passou por um processo de seleção simplificada
e o quadro da gestão da escola mudou recentemente, então elas ainda não conhecem a
escola, a comunidade, e, portanto, não tiveram como fazer essa comunicação mais
pedagógica, está restrita a aspectos burocráticos.
Na segunda parte da entrevista, focamos em entender como se dá a abordagem
das relações étnico-raciais voltada para população negra, no decorrer das aulas e com
qual frequência. Segundo a professora, é inexistente, pois a orientação que recebeu da
coordenação é que fosse feita uma seleção do currículo baseado numa lista de conteúdos
que foi passada pelo município, privilegiando as disciplinas de português e matemática.
Entretanto, por saber da importância, a professoras traz eventualmente alguns elementos
das outras disciplinas durante as aulas, mas ressalta que isso não é cobrado e nem foram
debatidos outros instrumentos avaliativos para outras áreas
Os diálogos remotos propostos pela disciplina de Estágio Supervisado 2 foram
essenciais para compreender melhor o papel do docente em sala de aula, tais encontros
nos permitiram ter um olhar mais claro sobre a figura do professor e o currículo e os
aprenderes fazeres na educação, também nos possibilitou uma troca de experencias para
que pudéssemos desenvolver nosso estagio com maestria.
No diálogo do dia 20/04/2022 com a Professora Maria Julia Carvalho de Melo,
pudemos perceber a importância da autonomia docente, pois muitas vezes o professor
pode ser visto como um mero executor curricular
“É importante dar condições para o poder de decisão do professor seja
efetivado” (DIALOGO REMOTO 20/04/22)

Nesse sentido, o docente precisa ir além do currículo prescrito, é necessário


construir suas práticas educacionais.
Em muitas escolas, a exemplo do nosso campo de pesquisa, os projetos
propostos à escola limitam o poder agente do professor, deixando-os como executores
de tarefas
Dando continuidade, perguntamos se são trabalhados conteúdos vindos de livros
de autores negros, se os materiais didáticos envolvem representatividade negra, se
equipe gestora desenvolve, elabora, fomenta ou incentiva juntos aos professores,
projetos, materiais, cartilhas, atividades de conscientização e combate ao racismo, e
empoderamento das crianças negras. A professora afirma que não há, apenas alguns
livros trazem a cultura africana como forma de apresentação, mas não trabalham

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diretamente com ela. O projeto para o único dia da consciência negra, do ano anterior,
foi feito sem nenhum planejamento ou sequer aviso prévio por parte da coordenação.

PROJETO DE INTERVENÇÃO
Uma vez que a questão racial continua carecendo de discussões nos mais
diversos ambientes, sobretudo a escola, e também nas mais diversas idades, pensamos
em algumas atividades para serem trabalhadas em sala de aula com as crianças a fim
não só de tratar das questões raciais, mas também trazer isso para seu aprendizado de
competências curriculares. Assim sendo, propomos atividades que estimulassem vários
aspectos cognitivos das crianças como será apresentado no nosso plano de aula.
Elaboramos o plano dividindo-o em quatro partes principais que dão foco a
diferentes áreas da cultura africana. Após pensar no roteiro de atividades a serem
desenvolvidas na nossa turma de estágio, enviamos à professora para que a mesma
pudesse avaliar e nos ajudar corrigindo os aspectos que não havíamos contemplado. Em
anexo (Anexo II) está o plano, por nós desenvolvido, após as correções dos devidos
apontamentos feitos pela professora.
A respeito das congruências e incongruências entre o desenvolvimento do plano
de atividades e a realidade da sala de aula, habitam as ricas colaborações que a
professora que acompanhamos nos fez. Além de nos levar à reflexão acerca dos
fundamentos da elaboração de um Plano de Aulas, nossa professora também nos faz
pensar no sujeito para quem é elaborado o plano, a criança.
Assim sendo, dividimos nosso planejamento em 4 momentos distintos que
podem ou não serem trabalhados numa mesma aula ou em aulas diferentes. Teremos
uma contação de história, seguida de uma roda de diálogos, depois uma brincadeira e
finalizamos com a produção de uma elaboração artística como síntese dos
conhecimentos discutidos. Traçaremos comentários a respeito do que havíamos feito e
foi corrigido pela professora. Dessa forma, comentaremos as correções e o trabalho
integral pode ser conferido no Anexo II.
Sobre a contação de história, o primeiro apontamento no sentido de correção
feito por nossa professora foi sob a ótica de deixar mais evidente o passo a passo das
atividades, elucidando quem faz o quê em cada momento. Outro aspecto também
trazido já nas primeiras correções é sobre atentar para o tempo atribuído para cada uma
das atividades propostas. É realmente necessário usar trinta minutos para uma contação
de história? Quanto tempo usar? Dez minutos é muito pouco?

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Tudo isso precisa ser pensado de acordo com o objetivo final daquela atividade.
Por exemplo, se o intuito for não apenas ler uma história, mas associado a isso explorar
o gênero textual do livro proposto, gerando assim uma demanda de tempo maior para
que possa ser coberto o propósito final.
Logo após nossa contação havíamos pensado em um desenho sobre o livro lido,
no entanto foi apontado com toda razão pela professora que se fazia necessário um
debate antes, para que as crianças pudessem construir referências a quais recorrer na
produção do desenho. Assim sendo retiramos a produção de desenho desse momento,
mas não a descartamos, será usada em outra situação.
Como apontamentos para o quarto momento, a professora indicou a importância
de uma discussão prévia a respeito de máscaras na cultura africana, para depois
disponibilizarmos as máscaras para serem pintadas, reforçando a importância das cores
e mostrando referências.
Além das correções feitas pela professora, ela nos sugeriu o acréscimo de alguns
outros tópicos para enriquecimento do nosso trabalho. Pediu que acrescentássemos as
áreas de conhecimento mobilizadas no desenvolvimento do plano uma vez que tal
aspecto é muito importante para a caracterização do plano diante do que é proposto pela
Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Ainda sobre a BNCC é importante trazer os objetivos de conhecimento e
habilidades que podem ser trabalhadas com esse plano a fim de que possa tornar uma
aprendizagem significativa e não algo solto, isolado e que não se comunica com as
demais matérias estudadas e vivencias pelas crianças no ambiente escolar.
Outro importantíssimo aspecto reforçado pela professora foi a importância de
trazer uma avaliação e fundamentá-la. Ou seja, pensar em uma situação para que possa
avaliar o que foi desenvolvido através desse plano para que possa ser usado como um
indicativo a respeito do aproveitamento da turma. Por isso pensamos em avaliar as
crianças durante o processo da contação de história onde a professora fará perguntas
curtas e objetivas para verificar se a turma acompanha o desenvolvimento dos fatos na
história.
De forma cirúrgica a professora nos levou à reflexão da riqueza que poderia vir a
ser a união dessa temática e dessas atividades com o processo de apropriação do
Sistema de Escrita Alfabética (SEA). Então, como nosso plano traz as relações Étnico
Raciais como tema central, pensamos em aliar isso ao processo em curso de aquisição
do SEA.

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Por isso sugerimos que no segundo momento, após a roda diálogos e de um certo
levantamento vocabular do universo da história contada e da temática proposta, as
crianças possam ir até uma caixa no meio da sala disposta de muitas letras do alfabeto
completo para que possam escolher e montar alguma palavra relacionada a história lida
e discutida previamente.
Como último comentário a professora nos pediu que lembrássemos de anexar
fotos dos recursos utilizados no intuito de aproximar as instruções e indicações de uma
compreensão mais clara. Então trazer fotos da capa do livro que será utilizado para que
a professora possa providenciar com uma maior facilidade e também já possa pensar em
atividades complementares relacionadas ao material caso deseje. Fotos das brincadeiras
para que possam ser além de imaginadas vistas para um entendimento factual da
proposta. Das máscaras que serão produzidas, assim como quaisquer outras produções a
serem feitas durante a realização do plano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como contemplamos no decorrer do nosso trabalho, as atividades desenvolvidas


na disciplina de estágio supervisionado são fundamentais para a formação docente,
tendo em vista que, por mais que a teoria e a prática sempre caminhem juntas, é
necessário que se faça esse movimento em direção ao cotidiano docente.
Embora não tenhamos conseguido, por motivos de força maior, estagiar
presencialmente, a experiência em diálogos com a professora foi enriquecedora e as
observações no plano de aula foram fundamentais para que pudéssemos apurar nossas
lentes de observação de detalhes importantes na construção de um plano de aula.
Cada leitura, cada discussão, cada fala e cada provocação durante as aulas foram
fundamentais para o processo de elaboração desse trabalho. Definitivamente foi uma
experiência marcante sobretudo no aspecto de conhecimentos a respeitos de turmas do
Ensino Fundamental anos iniciais.
Pensar a si na posição da pessoa que conduz uma sala inteira cheia de crianças
pode causar certo estranhamento e é justamente aí onde habita a importância vital do
processo de estágio na formação docente. Uma vez que é possível ter alguém mais
experiente à disposição podendo dar conselhos, corrigir, indicar caminhos e pensar em
soluções é de caráter muito rico e faz com a vivência em sala de aula seja ressignificada

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ainda mesmo no estágio. Tornando o ambiente da sala de aula (presencial e virtual)
possível de aprendizado tanto para crianças que estão adquirindo conhecimentos básicos
quanto para estagiárias e estagiários que estão em processo também de aquisição de
conhecimentos, porém no intuito de se tornar aquela ou aquele que também compartilha
seus conhecimentos.
O nosso plano de aula após corrigido foi entregue à professora, assim como o
presente trabalho integralmente. O plano poderá ser devidamente adaptado e corrigido
para a realidade dessa e de outras turmas que julguem possível a realização do mesmo
em qualquer época do ano.

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ANEXO I

Questionário 1
1. Qual a sua formação inicial?
R: Sou formada em Pedagogia pela UFPE e mestrado em Educação, também pela
UFPE.
2.A fim de uma maior compreensão, você poderia caracterizar o espaço físico da escola
que você trabalha? (quantidade de alunos, qualidade das salas, materiais de apoio)
R: A escola onde estou atuando é de pequeno porte, possui 3 salas de aula, um espaço
que funciona como biblioteca, 1 cozinha, 1 secretaria, e banheiros. Não há parques, nem
espaços específicos e adequados para brincadeira.
3.Quais foram as principais dificuldades enfrentadas ao decorrer das aulas durante o
período de isolamento social?
R: Eu iniciei com a educação básica no ano passado. No período da pandemia estava em
outro âmbito do ensino superior. E em relação ao ensino fundamental as maiores
dificuldades são encontradas na relação professor aluno mesmo, que ficou muito
fragilizada nesse processo de conhecer o aluno, de diagnosticar suas dificuldades, de
traçar um perfil individualizado dos alunos, então nossa relação aconteceu apenas por
teclas. E tem uma série de questões envolvidas, não são todos os alunos que tem acesso
a internet, não são todos que participam ativamente dos grupos, muito do que
planejamos foi em cima de um aluno idealizado.
Eu estou grávida, então estava de afastamento médico, estarei voltando na próxima
semana. Então parte da minha experiência do ano passado. A cidade de Belo Jardim foi
um dos municípios que mais demorou para retornas as aulas presenciais. Nesse pouco
tempo de aula já passei por 3 turmas, como estou de licença, estão me colocando para
tapar os buracos dos anos iniciais, passei pelas turmas do 1º, 4º e educação infantil.
Então quando a gente fala de planejamento, a gente fala tanto do micro quanto do
macro, o planejamento educacional do município é um tanto quanto fragilizado, tem
todo um tempo aí que poderia ter sido usado para planejamento, preparação,
organização do calendário, mas as tomadas de decisões foram tomadas em cima da
hora, sem critério. Isso mostra um pouco das fragilidades da educação pública.

4. Como a turma está se adaptando as aulas presenciais e quais as dificuldades


encontradas por você, como professora, nesse período?
R: O cenário tem sido desafiador, os alunos do primeiro ano que não tiveram uma
educação infantil presencialmente e o primeiro contato com o espaço escolar, então todo
aprendizado que eles estão tendo sobre o que significa escola, da rotina da escola eles
estão construindo agora. A dificuldade no quesito da aprendizagem, se há um déficit

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enorme, por maior esforço que os professores tenham feito, mas não é a mesma
organização da aula. Chegaram com bastante dificuldade.

5. Como é a dinâmica entre a coordenação e os professores? Vocês têm orientação e


suporte? As professoras conversam entre si sobre os alunos? (Debatem estratégias)
R: Existe uma comunicação entre os professores, conversei com uma professora sobre
qual o perfil de aprendizagem dos alunos do 4º ano, mas só posso falar por mim. Em
relação a comunicação com a coordenação, é um pouco complicado, houve mudança da
equipe gestora, por conta de uma seleção que houve no município, então ela ficou um
pouco fragilizada nesse sentido, elas não conhecem bem a escola, a comunidade, até o
momento não tiveram como fazer essa comunicação mais pedagógica, está restrita a
aspectos burocráticos.

6. Com que frequência é abordado as questões raciais nas aulas?


R: É inexistente. A orientação que nos foi dada é que nós fizessemos uma selação
curricular, uma lista de conteúdos nos foi passada, baseada na organização do município
e que privilegiasse aquilo que fosse essencial, como português e matemática. Eu trouxe
alguns elementos de outras disciplinas, porque isso não foi cobrado, inclusive não foram
debatidos instrumentos avaliativos para outras áreas, apenas para português e
matemática.

7. Os matérias didáticos, o currículo, os conteúdos passados em sala contêm


representatividade de autores negros?
R: Não, em algumas matérias os livros vinham com algumas imagens, como livro de
história, traziam algumas brincadeiras africanas. Só no sentido de apresentar a cultura
africana.
8. A escola possui algum projeto de conscientização ao longo do ano ou apenas no dia
da consciência negra?
R: Não, os projetos não foram apresentados previamente, só sabia da existência dos
projetos quando já se estava em cima da data comemorativa. Não recebemos nem
tivemos acesso. Mas se depender de mim acontecerá.

9. A equipe gestora realiza alguma reunião/mostras pedagógicas com o tema da


educação antirracista, para incentivar os professores, trocar experiências, e incentivar a
elaboração de materiais?
R: Não, as reuniões que houveram foram mais voltadas para questões burocráticas,
prestação de contas e reajuste do calendário escolar.

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ANEXO II

PLANO DE AULA - ESTÁGIO


Tema: Educação para as relações étnico-raciais Turma: 1º ano Duração: 3
horas

Objetivos Gerais: Levar a discussão racial para a sala de aula, estimular atitudes mais
inclusivas de respeito com as diferenças, levando as/os estudantes a reconhecer e
prevenir situações discriminatórias através de atividades que estimulam a aproximação
de estudantes com a cultura do país sob diversos aspectos.

Metodologia: Trazer atividades diversificadas que tratem de diferentes pontos de vista


a questão racial, tais como leitura coletiva, debates, brincadeiras e construção de
cartazes.

1º Momento - Contação de histórias (20 min)

Area do conhecimento: Língua Portuguesa


Habilidades (BNCC):
(EF01LP26) Identificar elementos de uma narrativa lida ou escutada, incluindo
personagens, enredo, tempo e espaço.
Objetivos: fazer a criança perceber a diversidade que existe na sala de aula em que está
inserido, e para a criança negra reconhecer a importância da sua identidade; trabalhar o
gênero textual narrativo presente no livro.

Ações/Atividades:
- Sentar com os alunos em círculo no chão da sala para realizar a leitura do livro
Minha Mãe é Negra Sim! da autora Patrícia Santana com ilustrações de
Hyvanildo Leite. Os alunos sentam-se em círculo e assim a professora vai
apresentando a eles a história, assim como as ilustrações presentes no livro.

Avaliação: Fazer perguntas curtas sobre o início da história durante o desenvolvimento


da leitura a fim de verificar se estão prestando atenção ou ficam dispersos durante a
leitura.

15
2º Momento - Debate sobre as vivências das crianças negras e jogo de palavras (70
min)

Area do conhecimento: Língua Portuguesa


Habilidades (BNCC):
(EF15LP09) Expressar-se em situações de intercâmbio oral com clareza, preocupando-
se em ser compreendido pelo interlocutor e usando a palavra com tom de voz audível,
boa articulação e ritmo adequado.
(EF01LP05) Reconhecer o sistema de escrita alfabética como representação dos sons da
fala.
Objetivos: Estimular oralidade, interpretação textual e pensamento crítico através de
uma conversa aberta, para que todos expressem o que veem, pensam e sentem acerca
das pessoas negras. Conduzir um debate para compreensão das origens negras, do
respeito ao próximo, do racismo e das possíveis formas de enfrentamento.

Ações/Atividades:
- Ainda sentados, começar uma série de perguntas sobre a história contada, e
seguir para perguntas relacionadas à questão racial, dar voz às crianças negras da
sala para que falem das suas vivências, e perguntar a todos quais os possíveis
enfrentamentos do racismo. (50 min)
*Perguntas: O que você achou da história? Alguém se identificou com ela? Porque
vocês acham que Eno tomou essa atitude? Vocês acham que as crianças brancas e
negras são iguais? Acham que elas são tratadas de maneira igual? Você já viu alguém
sofrer por causa da cor da pele?
- Após o debate, a professora coloca no centro do círculo uma caixa com todas as
letras do alfabeto, e propõe que os alunos formem palavras que foram ouvidas
durante a história.(30 min)

Recursos: caderno de desenho, lápis de cor

3º Momento - Terra e Mar - Brincadeira africana (40min)

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Area do conhecimento: Língua Portuguesa, História e Artes
Habilidades (BNCC):
(EF01HI05) Identificar semelhanças e diferenças entre jogos e brincadeiras atuais e de
outras épocas e lugares.
(EF15AR24) Caracterizar e experimentar brinquedos, brincadeiras, jogos, danças,
canções e histórias de diferentes matrizes estéticas e culturais.
Objetivo: Aproximar-se através do brincar das brincadeiras africanas e entender a
relação dessa brincadeira com a cultura local. Entendendo que a ludicidade é parte
indissociável do aprendizado, torna-se necessário um momento onde para consolidar um
aprendizado seja feita uma brincadeira para que a criança possa criar momentos
significativos para sua aprendizagem. Trata-se de uma brincadeira tradicional de
Moçambique. Moçambique tem uma relação muito profunda com o mar, mesmo antes
das invasões portuguesas, aspecto que pode ser abordado em sala para introduzir a
brincadeira.

Ações/Atividades: Antes de iniciar a brincadeira, a professora recorrerá ao mapa mundi


ou globo terrestre para mostrar o território africano, que é um continente cercado por
oceanos e em seguida mostrará especificamente o país de Moçambique para que possa
começar a explicar a brincadeira. Ao mostrar a geografia do país poderá falar da relação
com o mar que Moçambique tem e que isso é muito importante para a cultura do país
desde muito tempo. Pode-se então começar a explicar a brincadeira.

É uma brincadeira simples, mas muito atrativa para as crianças de todas as


idades. Uma longa reta é riscada no chão, ou então pode usar uma corda enticada. Um
lado é a “Terra” e o outro “Mar”. No início todas as crianças podem ficar no lado da
terra. Ao ouvirem: mar! Todos pulam para o lado do mar. Ao ouvirem: terra! Pulam
para o lado da terra. Quem pular para o lado errado ou fazer menção de pular quando
não deve pular sai. O último a permanecer no jogo vence.

Depois que os jogadores já dominam os dois comandos podemos, para deixar o jogo
mais emocionante, introduzir um terceiro elemento: o “ar”. Ao ouvirem “ar” os
jogadores devem dar um pulo, mas sem sair do lugar, ou seja, se estiverem no lado da
terra permanecem nesse lado e se estiverem no lado do mar dão um pequeno salto e
continuam no lado do mar.

Recursos: - Uma corda.

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4º Momento - Avaliação: Confecção de cartazes (50min)

Area do conhecimento: Língua Portuguesa, História e Artes


Objetivos: Observar o nível de interação dos alunos no momento do debate, avaliar se
conseguem formar palavras a partir das fichas entregues, observar a partir das colagens
no cartaz se os alunos de fato compreenderam a dinâmica que envolve as relações étnico
raciais, através dos significados atribuídos aos desenhos e nas palavras escritas.

Estimular a criatividade, organização, autonomia e trabalho em equipe, envolvendo a


criança na aprendizagem de forma lúdica para se apropriarem ainda mais da temática
abordada.

(anexar fotos)

Ações/atividades:

- Iniciar uma conversa com a turma inteira sobre a origem dos negros no Brasil.
Levantar uma reflexão sobre como eles acham que era a vida dos negros antes de serem
trazidos para cá, como as crianças vivam lá na África. Trazer a historicidade das
máscaras africanas.

- Separar a turma em grupos de 3 integrantes, distribuir imagens de máscaras africanas


de diferentes modelos para os grupos, para colorir e colarem nos cartazes;

- Pedir para que escrevam palavras, nos cartazes, que representam o que aprenderam
durante o dia, palavras que marcaram eles;

- Ao final da confecção com máscaras e palavras, os grupos apresentam seus cartazes e


fixam na sala de aula.

Recursos: Cartolinas, máscaras africanas de diferentes modelos impressas, tintas,


pincéis, lápis colorido, cola e fita adesiva.

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Livro:

Capa do Livro Minha Mãe é Negra sim!

Autora Patrícia Santana e o ilustrador Hyvanildo Leite.

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Máscaras:

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CLASTO, Daiana da Costa; TONIOSSO, José Pedro. Discriminação racial: reflexos


no processo de ensino-aprendizagem e na construção identitária do aluno. Cadernos
de Educação: Ensino e Sociedade, Bebedouro SP, 5 (1): 129-149, 2018.
PIMENTA, Selma Garrido. LIMA, Maria Socorro Lucena. Revista Poíesis -Volume 3,
Números 3 e 4, pp.5-24, 2005/2006 Estágio e docência: diferentes concepções.

SILVA, Jerusa Paulino da. A construção da identidade da criança negra: a literatura


afro como possibilidade reflexiva. 2010. 78 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso
de Pedagogia) - Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, Juiz de Fora.
SANTOS, J. C. BEZERRA, A. S. ERA UMA VEZ A SALA DE AULA: AS
MEDIAÇÕES PEDAGÓGICAS E TECNOLÓGICAS INAUGURADAS PELO
COVID-19. Centro Acadêmico do Agreste CAA/UFPE. Caruaru, 2020.
SOUZA, Sheila Perina. O relatório de estágio como difusor de reflexões na graduação:
análise e interpretação de dados nos relatórios de estágio do Programa Ler e Escrever.
Revista Ensayos Pedagógigos. Edición Especial, 2020.

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