Racismo

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Racismo
O racismo é um dos principais problemas sociais enfrentados nos
séculos XX e XXI, causando, diretamente, exclusão, desigualdade social
e violência.

Rosa Parks e Martin Luther King Jr., dois ícones da resistência negra contra a
discriminação racial nos Estados Unidos.*
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Racismo é a denominação da discriminação e do preconceito (direta


ou indiretamente) contra indivíduos ou grupos por causa de sua etnia
ou cor. É importante ressaltar que o preconceito é uma forma de
conceito ou juízo formulado sem qualquer conhecimento prévio do
assunto tratado, enquanto a discriminação é o ato de separar, excluir
ou diferenciar pessoas ou objetos.

Leia também: Direitos Humanos: o que são, artigos e como surgiram

Tópicos deste artigo


 1 - Tipos de racismo


 2 - Racismo e preconceito

 3 - Causas do racismo

 4 - Racismo no Brasil

o → Gilberto Freyre (1900-1987)

o → Florestan Fernandes (1920-1995)


 5 - Lei para crime de racismo

 6 - Racismo reverso

o → Preconceito e discriminação racial ou crime de ódio


racial

o → Racismo institucional

o → Racismo estrutural


 7 - Racismo na escola

 8 - Casos de racismo

Tipos de racismo
→ Preconceito e discriminação racial ou crime de ódio racial

Nessa forma direta de racismo, um indivíduo ou grupo manifesta-se de


forma violenta física ou verbalmente contra outros indivíduos ou
grupos por conta da etnia, raça ou cor, bem como nega acesso a
serviços básicos (ou não) e a locais pelos mesmos motivos. Nesse caso,
a lei 7716, de 1989, do Código Penal brasileiro prevê punições a quem
praticar tal crime.

→ Racismo institucional

De maneira menos direta, o racismo institucional é a manifestação de


preconceito por parte de instituições públicas ou privadas, do Estado e
das leis que, de forma indireta, promovem a exclusão ou o preconceito
racial. Podemos tomar como exemplo as formas de abordagem de
policiais contra negros, que tendem a ser mais agressivas. Isso pode ser
observado nos casos de Charlottesville, na Virgínia (EUA), quando
após sucessivos assassinatos de negros desarmados e inocentes por
parte de policiais brancos, que alegavam o estrito cumprimento do
dever, a população local revoltou-se e promoveu uma série de
protestos.

→ Racismo estrutural

De maneira ainda mais branda e por muito tempo imperceptível, essa


forma de racismo tende a ser ainda mais perigosa por ser de difícil
percepção. Trata-se de um conjunto de práticas, hábitos, situações e
falas embutido em nossos costumes e que promove, direta ou
indiretamente, a segregação ou o preconceito racial. Podemos tomar
como exemplos duas situações:

1. O acesso de negros e indígenas a locais que foram, por muito


tempo, espaços exclusivos da elite, como universidades. O
número de negros que tinham acesso aos cursos superiores de
Medicina no Brasil antes das leis de cotas era ínfimo, ao passo
que a população negra estava relacionada, em sua maioria, à falta
de acesso à escolaridade, à pobreza e à exclusão social.

2. Falas e hábitos pejorativos incorporados ao nosso cotidiano


tendem a reforçar essa forma de racismo, visto que promovem a
exclusão e o preconceito mesmo que indiretamente. Essa forma
de racismo manifesta-se quando usamos expressões racistas,
mesmo que por desconhecimento de sua origem, como a palavra
“denegrir”. Também acontece quando fazemos piadas que
associam negros e indígenas a situações vexatórias, degradantes
ou criminosas ou quando desconfiamos da índole de alguém por
sua cor de pele. Outra forma de racismo estrutural muito
praticado, mesmo sem intenção ofensiva, é a adoção de
eufemismos para se referir a negros ou pretos, como as palavras
“moreno” e “pessoa de cor”. Essa atitude evidencia um
desconforto das pessoas, em geral, ao utilizar as palavras “negro”
ou “preto” pelo estigma social que a população negra recebeu ao
longo dos anos. Porém, ser negro ou preto não é motivo de
vergonha, pelo contrário, deve ser encarado como motivo de
orgulho, o que derruba a necessidade de se “suavizar” as
denominações étnicas com eufemismos.

Leia também: Os Panteras Negras e a luta racial nos EUA

Racismo e preconceito
Não podemos resumir preconceito a racismo, visto que o preconceito
pode advir de várias outras diferenças, como gênero, local de origem e
orientação sexual. Porém, o racismo é uma forma de preconceito e,
como as outras formas, manifesta-se de diversas maneiras, fazendo
vítimas todos os dias.

Segundo a Revista Retratos, seção do site Agência de Notícias IBGE,


vinculado ao Governo Federal, no senso do IBGE de 2016,
os autodeclarados pretos ou pardos ainda eram maioria nos índices
de analfabetismo e desemprego e obtinham menor renda mensal. Isso
implica, segundo o site, a manutenção de um sistema excludente, que
só poderia ser resolvido, segundo o Prof. Dr. Otair Fernandes,
sociólogo e coordenador do Laboratório de Estudos Afro-brasileiros e
Indígenas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(Leafro/UFRRJ), com a adoção de políticas públicas afirmativas para
valorizar quem foi sistematicamente marginalizado e excluído da
sociedade durante tanto tempo. Nesse caso, seriam necessárias mais
que atitudes individuais (de conscientização), mas uma atuação dos
poderes públicos para promover políticas de inserção e não exclusão
dos pretos e pardos no Brasil.

O preconceito racial não é exclusivo do Brasil, visto que, em maior ou


menor escala, todos os países colonizadores e colonizados apresentam,
em algum grau, índices de preconceito racial contra negros ou, no caso
de países colonizados, nativos daquele local. Também é importante
ressaltar que uma ação de preconceito somente é considerada racista
quando há uma utilização sistêmica e baseada em uma estrutura de
poder e dominação contra a etnia da vítima.

Leia também: Feminicídio: o que é, lei, casos no Brasil e tipos

Causas do racismo
A discriminação pela origem pode ser reportada desde a Antiguidade,
quando povos gregos e latinos classificavam os estrangeiros
como bárbaros. A origem da designação do preconceito de raça, em
específico, é mais nova, tendo sido alavancada nos séculos XVI e XVII
pela expansão marítima e colonização do continente americano. O
domínio do “novo mundo” (assim chamado pelos europeus), o
genocídio dos povos nativos e a escravização sistêmica de povos
africanos geraram um movimento de tentativa de justificação de tais
relações de poder por uma suposta hierarquia das raças.

Os europeus consideravam, em sua visão eurocêntrica, que povos de


origem europeia nata seriam mais inteligentes e capazes para dominar
e prosperar, enquanto os negros e indígenas foram, por muitas vezes,
considerados animais.

No século XIX, com o impulso positivista sobre as ciências, teorias


científicas racistas surgiram para tentar hierarquizar as raças e provar
a superioridade da raça branca pura. O filósofo, diplomata e escritor
francês Arthur de Gobineau (1816-1882) é um dos que mais se
destacaram nesse cenário com o seu Ensaio Sobre a Desigualdade das
Raças Humanas.

Surgiu também no século XIX um estudo baseado na antropologia, na


fisiologia e na psicologia chamado de craniometria ou craniologia.
Tal estudo consistia em retirar medidas de crânios de indivíduos e
comparar as medidas com dados como propensão à violência e
coeficientes de inteligência. Hoje em dia, contudo, os estudos sérios
tanto com embasamento sociológico e psicológico quanto com
embasamento genético não dão mais crédito às teorias racistas do
século passado. O nazismo alemão e entidades como a Klu Klux Klan,
nos Estados Unidos, utilizaram e utilizam essas teorias raciais
ultrapassadas para justificar a supremacia da raça branca.

Homens da Ku Klux Klan com novos membros usando máscaras faciais em Stone Mountain,
próximo da Geórgia, EUA, em 1949.

No Brasil, as causas do racismo podem ser associadas, principalmente,


à longa escravização de povos de origem africana e a tardia abolição
da escravidão, que foi feita de maneira irresponsável, pois não se
preocupou em inserir os escravos libertos na educação e no mercado
de trabalho, resultando em um sistema de marginalização que perdura
até hoje.

Leia também: O nazismo era de esquerda ou de direita?

Racismo no Brasil
Quando a Lei Áurea foi promulgada, em 13 de maio de 1888, ficou
proibida a escravização de pessoas dentro do território brasileiro. O
Brasil foi o último grande país ocidental a extinguir a escravidão e,
como aconteceu na maioria dos outros países, não se criou um sistema
de políticas públicas para inserir os escravos libertos e seus
descendentes na sociedade, garantindo a essa população direitos
humanos, como moradia, saúde e alimentação, além do estudo formal
e posições no mercado de trabalho.

Os escravos recém-libertos foram habitar os locais onde ninguém


queria morar, como os morros, na costa da Região Sudeste, formando
as favelas. Sem emprego, sem moradia digna e sem condições básicas
de sobrevivência, o fim do século XIX e a primeira metade do século XX
do Brasil foram marcados pela miséria e sua resultante violência entre a
população negra e marginalizada.

Quanto à população indígena sobrevivente do genocídio promovido


contra o seu povo, havia cada vez mais invasão de suas terras e
desmembramento de suas aldeias. Essas ações sistêmicas promoveram
e sustentam até hoje a exclusão racial em nosso país, o que resultou
em diversos estudos sociológicos. Dentre eles, destacamos os estudos
de dois pensadores brasileiros:
As favelas sustentam a ideia de exclusão racial e social desde a abolição da escravatura até
os dias atuais.

→ Gilberto Freyre (1900-1987)

O historiador, sociólogo e escritor pernambucano, oriundo de família


rica e tradicional, escreveu a primeira grande obra brasileira que trata
das relações entre senhores e escravos no período colonial e imperial
no Brasil, o livro Casa Grande e Senzala, publicado em 1936. Apesar
do grande destaque que os escritos freyreanos ganharam na
Sociologia brasileira, suas teorias centrais são muito criticadas por
falarem de uma suposta formação nacional baseada em
uma democracia racial existente nas relações entre negros e brancos.

Freyre não utiliza o termo “democracia racial” em Casa Grande e


Senzala, mas descreve relações amistosas entre brancos e negros
baseando-se na miscigenação do povo brasileiro, característica pouco
comum em outros países que tiveram escravos de origem africana. O
autor fala sobre um sistema de relações de poder nítido no período
colonial, no qual a sociedade patriarcal privilegiava os homens,
inclusive no caso de escravismo, pois a mulher negra seria a última na
cadeia hierárquica.

Quando o senhor escolhia as escravas com quem ele queria relacionar-


se, e isso era comum, as senhoras acabavam tomando rancor dessas
escravas e maltratando-as. Assim, a visão de Freyre de
uma democracia pela miscigenação não se sustenta, pois, segundo
Ronaldo Vainfas, historiador e professor brasileiro, é “por constatar que
os portugueses se sentiram sexualmente atraídos por índias, negras e
mulatas que Freyre deduz, equivocadamente, a ausência de
preconceito racial entre estes colonizadores”.

Essa miscigenação, fruto daquela suposta atração sexual dos


colonizadores pelas negras e pelas índias, foi, na verdade, causa
de estupros sistêmicos e de relações abusivas dos senhores, tratando
as mulheres negras e indígenas como meros objetos.

Falando a respeito da ideia de hegemonia e superioridade da raça


branca, ideologia em alta na Europa por causa do regime nazista, do
fascismo na Itália e com ecos até aqui no Brasil, com o Integralismo,
Freyre ainda argumenta contrariamente, dizendo que a miscigenação é
que provocaria o melhoramento racial, o que resultaria no
melhoramento e no enriquecimento genético dos brasileiros e que
comporia a grande diversidade da formação social brasileira.

Leia também: Neonazismo: o que é, origem, no Brasil e mais

Vídeos

→ Florestan Fernandes (1920-1995)

Sociólogo e político paulista formado pela Universidade de São Paulo


(USP), Florestan Fernandes veio de família humilde. Filho de mãe
solteira e tendo que trabalhar desde sua infância, a sua produção
intelectual voltou-se, em vários períodos, para pessoas de sua origem
social. Crítico das ideias de Gilberto Freyre, Fernandes dedicou-se a
estudar as relações entre miséria e a população negra no Brasil.

Sua tese de livre-docência, defendida na Universidade de São Paulo e


intitulada A Integração do Negro na Sociedade de Classes, trata do
racismo sistêmico e da persistente segregação dos negros na
economia brasileira, que, na visão do pensador, começou com a
escravidão e nunca foi superada.

A visão de Florestan Fernandes abre espaço para críticas em relação à


democracia racial proposta por Gilberto Freyre e abre os olhos de
intelectuais e autoridades sobre o racismo estrutural no Brasil. O fato é
que houve, por aqui, um predomínio muito forte do racismo estrutural,
durante anos imperceptível, ao passo que nos Estados Unidos havia
um sistema oficial de segregação de raças, o que levou a um grande
levante negro contra a discriminação.

Nos Estados Unidos, personalidades como Martin Luther King, Rosa


Parks, Muhammad Ali e Malcolm X, além de movimentos radicais como
os Panteras Negras, lutavam, uns utilizando-se da resistência pacífica e
outros do combate, contra a segregação.

Ilustração de Malcolm X, um dos líderes do movimento negro nos Estados Unidos, na


década de 1960.

Lei para crime de racismo


Em janeiro de 1989, foi sancionada a lei nº 7716, que tipifica como
crime qualquer manifestação, direta ou indireta, de segregação,
exclusão e preconceito com motivação racial. Essa lei representa um
importante passo na luta contra o preconceito racial e prevê penas de
um a três anos de reclusão aos que cometerem crimes de ódio ou
intolerância racial, como negar emprego a pessoas por sua raça ou
acesso a instituições de ensino e a estabelecimentos públicos ou
privados abertos ao público. Quando o crime de incitação ocorrer em
veículos de comunicação, a pena pode chegar a cinco anos. Essa lei
também torna crime a fabricação, divulgação e comercialização da
suástica nazista para fins de preconceito racial.

Desde 2015, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei do então


Senador da República Paulo Paim (PT – RS) que modifica o Código
Penal brasileiro, tornando o racismo um agravante para outros crimes.
Se implantado, o projeto de lei resultará em penas mais severas para
os crimes de lesão corporal e homicídio, quando estes resultarem de
ódio e preconceito racial.

Leia também: Malcolm X, um dos principais ativistas pelos direitos dos


afro-americanos nos EUA

Racismo reverso
Ultimamente, uma discussão que tem levantado opiniões divergentes
nas redes sociais e na mídia em geral é se existe ou não o
chamado racismo reverso. Racismo reverso seria a forma clássica de
preconceito motivado pela raça, cor ou etnia, porém, contra brancos,
ou de negros contra brancos. Os que concordam com esse
posicionamento tendem a utilizá-lo como uma defesa, alegando que,
muitas vezes, pessoas negras tecem ofensas racistas contra pessoas
brancas. Para esclarecer esse assunto, precisamos observar alguns
pontos.

Primeiro, o que é considerado racismo vai muito além de ofensas


verbais. Temos um longo processo de segregação, muitas vezes
institucionalizado, que mantém uma cadeia de exclusão dos negros da
sociedade, da educação e da economia, os quais, na maior parte dos
casos (inclusive na África do Sul, país com 40% da população branca),
são dominadas por brancos.

Em segundo lugar, é preciso levar em conta os fatores históricos. Os


negros foram sistematicamente escravizados, tratados como animais e,
após a abolição do escravismo nos países ocidentais, excluídos e
marginalizados. Isso significa dizer que existe uma cadeia de fatores
históricos que tornam o preconceito e o ódio contra negros (e contra
índios, que viveram situações similares) racismo.

Houve, inclusive, tentativas científicas de justificar tal prática. No


entanto, nunca houve um momento na história moderna e
contemporânea em que os brancos fossem escravizados por negros,
tratados como animais e marginalizados social e economicamente. Por
isso, é complicado tratar uma ofensa racial isolada contra pessoas
brancas com a mesma gravidade com que se trata o racismo contra os
negros e indígenas. Além disso, o racismo tende a ser ativo, enquanto
o que se chama de racismo reverso, reativo, visto que ele resulta de
um sistema racista que exclui as populações não brancas há anos.

De qualquer modo, a lição que podemos tomar é que o preconceito, a


discriminação e o ódio contra quem é diferente (pela cor, religião,
nacionalidade ou até pela orientação sexual) não deve ter mais espaço
em nossa sociedade. O século XXI deve procurar o progresso, e o
preconceito somente representa o atraso.

Leia também: Escravidão no Brasil: formas de resistência

Racismo na escola
Infelizmente, o racismo ainda ocorre dentro da escola, podendo
manifestar-se de maneira nítida e explícita ou de maneira disfarçada.
Encontramos casos de discriminação racial cometidos por estudantes,
por e servidores das instituições e por pais e mães de alunos contra os
servidores escolares. Esse tipo de manifestação direta de racismo por
parte das instituições foi comum em tempos mais antigos, quando a
discriminação racial não era crime no Brasil ou quando a segregação
racial oficial ainda acontecia – nos Estados Unidos, por exemplo.

Além do racismo explícito, casos de racismo estrutural são ainda


frequentes nas instituições escolares brasileiras. Um exemplo disso é a
discriminação contra os cortes de cabelo ou penteados afro, como
o black power, tanto para meninas quanto para meninos negros.
Outro exemplo é a manifestação de preconceito racial por meio
da intolerância religiosa, quando praticada contra religiões de origem
africana.
Discriminação contra cortes de cabelo de pessoas negras pode ser comum nas escolas.

Em seu livro Responsabilidade e Julgamento, a filósofa judia alemã,


refugiada e erradicada nos Estados Unidos, Hannah Arendt, escreve
um capítulo chamado Reflexões sobre Little Rock, dedicado a comentar
sobre um fato ocorrido na cidade de Nova Orleans, em 1960. A
pequena estudante Ruby Bridges, que com apenas seis anos de idade
foi uma das seis crianças negras aprovadas para estudar em escolas
frequentadas apenas por brancos em Nova Orleans, sofreu com o
preconceito na escola, que, até então, era exclusiva para pessoas
brancas.

A comunidade foi contra, e muitos alunos e familiares de alunos


ameaçaram a família de Ruby. Alunos saíram da escola, e quase todos
os professores recusaram-se a lecionar para Ruby, com exceção da
professora Barbara Henry, que teria lecionado sozinha para a garotinha
por mais de um ano.

Dwight Eisenhower, presidente dos Estados Unidos que contribuiu


significativamente para o fim da segregação racial nas escolas e nas
forças armadas americanas, designou quatro agentes federais que
ficaram responsáveis por cuidar da segurança de Ruby em seu início
escolar. Os policiais acompanhavam a menina no trajeto de casa à
escola e ainda tinham que cuidar de sua segurança dentro da escola.
Durante muito tempo, por medida de segurança, Ruby comeu apenas
a comida trazida de casa para evitar possível envenenamento caso
comesse o lanche oferecido pela instituição.

Leia também: Como ficou a vida dos ex-escravos após a Lei Áurea?

Casos de racismo
Casos de racismo chamaram a atenção dos brasileiros por envolverem
pessoas famosas ou terem sido compartilhados nas redes sociais.
Podemos destacar o caso do goleiro Aranha, então jogador do
Santos, que em 2014 foi chamado de “macaco” por vários torcedores
do Grêmio após o time sofrer derrota em um jogo da Copa do Brasil. O
caso foi filmado, medidas legais foram tomadas, e o Grêmio foi expulso
da Copa do Brasil.

Houve também, em 2015, uma ocorrência de discriminação racial em


uma loja de grife situada na Rua Augusta, em São Paulo, em que
um menino negro, filho adotado de um cliente branco, ouviu da
atendente que ele deveria sair e não poderia ficar ali (na calçada,
próximo à entrada da loja).

Infelizmente, o racismo é recorrente, e essa notoriedade negativa de


certos casos ainda representa uma pequena parcela do racismo
brasileiro. Nesses casos, as vítimas somente foram reconhecidas,
amparadas e levantaram a opinião pública contra a discriminação racial
porque havia pessoas instruídas e amparadas por um status social que
os permitia ter voz. E os casos de racismo que nunca aparecerão na
mídia? E os casos de pessoas ofendidas, discriminadas, violentadas e
mortas, nas periferias e nos interiores, por representantes do Estado e
por civis? Esses casos ainda são inúmeros e devem também chamar a
atenção popular.

*Crédito da imagem: EQRoy / Shutterstock.com

Por Francisco Porfírio


Professor de Sociologia
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou
acadêmico? Veja:

PORFíRIO, Francisco. "Racismo"; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/racismo.htm. Acesso em 22 de julho
de 2022.

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