Livro Basico
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Março de 2020
Índice
3 Vetores 69
3.1 Vetores no plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
3.2 Sistema de Coordenadas Retangulares no Espaço . . . . . . . . . . . . . . . . 76
3.3 Vetores no espaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
3.4 Componentes de um vetor definido por 2 pontos . . . . . . . . . . . . . . . . 79
3.5 Produto de vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
3.5.1 Produto escalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
3.5.2 Produto vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
3.5.3 Produto Misto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
4 Retas e Planos 99
4.1 Equações do plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
4.1.1 Equação geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
3
4 ÍNDICE
Referências 197
6 ÍNDICE
Capı́tulo 1
1.1 Matrizes
Notação:
a11 a12 ··· a1n
a21 a22 ··· a2n
A= .. .. .. .. A = (aij )m×n
. . . .
am1 am2 · · · amn
h i
i-ésima linha de A: ai1 ai2 · · · ain i = 1, · · · , m.
a1j
a2j
j-ésima coluna de A:
..
j = 1, · · · , n.
.
amj
# "
−1 2
Exemplo 1. A = matriz 2 × 2 elemento a12 da matriz A = (aij ): a12 = 2
3 0
7
8 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
" #
−1 7 35 √
B= √ matriz 2 × 3 elemento b23 da matriz B = (bij ): b23 = 3
88 9 3
h i
C = 1 1 0 7 matriz 1 × 4 elemento c11 da matriz C = (cij ): c11 = 1
−1
elemento d21 da matriz D = (dij ): d21 = 73
3
D = 7 matriz 3 × 1
1
8
−1 −7 0
E= 0 1 π matriz 3 × 3 elemento e23 da matriz E = (eij ): e23 = π
−1
7 3 5
Tipos de matrizes
• Matriz quadrada: Seja A = (aij )m×n uma matriz. Se m = n, vamos dizer que A é
quadrada de ordem n. Sua diagonal principal é formada pelos elementos a11 , a22 , · · · , ann .
" # −1 0 π
2 −1
As matrizes A = e B= 3 8 7 são exemplos de matrizes quadradas.
3 0
−1 −1 −10
Os elementos 2, 0 formam a diagonal principal de A e os elementos −1, 8, −10 formam a
diagonal principal da matriz B.
• Matriz diagonal: Seja A = (aij )n×n uma matriz (quadrada). A é uma matriz diagonal se
aij 6= 0 quando i 6= j i, j = 1, · · · , n
[In ]ij = 0, se i 6= j e
[In ]ij = 1, se i = j
1.1. MATRIZES 9
i, j = 1, ..., n.
A matriz In é uma matriz diagonal e todos os elementos da diagonal principal são iguais
a 1. In é chamada matriz identidade de ordem n.
1 0 0 0
" # 1 0 0
1 0 0 1 0 0
I2 = , I3 = 0 1 0, I4 =
0 1 0 0 1 0
0 0 1
0 0 0 1
0 0 0
• Matriz triangular superior: Uma matriz quadrada A = (aij )n×n é triangular superior se
• Matriz triangular inferior: Uma matriz quadrada A = (aij )n×n é triangular inferior se
Vamos denotar:
C =A+B
Exemplo 2. 1.
3 4 −1 1
A = −1 0 e B = 5 3
3
5
2 −1 − 12
3 + (−1) 4+1 2 5
A + B = −1 + 5 0 + 3 = 4 3
3 1
− 25 32
5
+ (−1) 2 + − 2
1.1. MATRIZES 11
2. " √ # "
#
−1 2 0 1 3 −1
C= e D=
5 2 −4 2 −2 −2
" √ # " √ #
−1 + 1 2+3 0 + (−1) 0 2 + 3 −1
C +D = =
5 + 2 2 + (−2) −4 + (−2) 7 0 −6
Definição 3. Seja A = (aij )m×n uma matriz. O produto da matriz A por um escalar α é a
matriz B = (bij )m×n de tamanho m × n, cujos elementos são dados por:
bij = α aij
i = 1, · · · , m e j = 1, · · · , n.
B = αA
Vamos denotar:
[αA]ij = αaij
−7 −1 −4(−7) −4(−1) 28 4
Exemplo 3. A = 3 2 −4A = −4 · 3 −4 · 2 = −12 −8
0 1 −4 · 0 −4 · 1 0 −4
i = 1, ..., m j = 1, ..., n.
1 1 1
0 −3 2 ·0 · (−3) ·2 0 − 32 1
√ √
2 2 2 √
1
· 0 = 52 22
1 1 1
B = 5 2 0 B= ·5 · 2 0
2 2 2
2
0 7 15 1
2
·0 1
2
·7 1
2
· 51 0 72 1
10
Definição 4. Sejam A = (aij )m×p e B = (bij )p×n duas matrizes, onde o número de colunas
de A é igual ao número de linhas de B. O produto de A com B (notação: AB) é uma matriz
C = (cij )m×n de tamanho m × n, cujos elementos são dados por
i = 1, · · · , m e j = 1, · · · , n.
Vamos denotar:
C = AB
12 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
" # −1 13
1 0 1
Exemplo 4. A = B = 7 13
3 −2 −1
2×3 0 3 3×2
" # " #
1.(−1) + 0.7 + 1.0 1. 31 + 0. 31 + 1.3 −1 + 0 + 0 31 + 0 + 3
AB = =
3.(−1) + (−2).7 + (−1).0 3. 31 + (−2) 13 + (−1).3 −3 − 14 + 0 1 − 32 − 3
" # 2×2
−1 103
=
−17 − 38
−1.1 + 13 .3 −1.0 + 31 .(−2) −1.1 + 31 .(−1) −1 + 1 0 − 32 −1 − 13
BA = 7.1 + 13 .3 7.0 + 31 .(−2) 7.1 + 31 .(−1) = 7 + 1 0 − 23 7 − 31 =
0.1 + 3.3 0.0 + 3.(−2) 0.1 + 3.(−1) 3×3 0+9 0−6 0−3
0 − 23 − 43
8 − 23 20
3
9 −6 −3
" #
1 0
C=
−1 2
2×2
−1.1 + 31 .(−1) (−1).0 + 31 .2 −1 − 13 0 + 32 − 43 23
BC = 7.1 + 31 .(−1) 7.0 + 13 .2 = 7 − 13 0 + 32 = 20 2
3 3
0.1 + 3.(−1) 0.0 + 3.2 3×2 0−3 0+6 −3 6
Definição 5. Seja A = (aij )m×n uma matriz. A transposta de A é uma matriz B = (bij )n×m
tal que seus elementos são da forma
bij = aji
i = 1, · · · , n e j = 1, · · · , m.
"
# " #
1 2 1 3
Exemplo 5. 1. A = At =
3 4 2 4
"# 1 1
1 7 9
B= B t = 7 0
1 0 3
9 3
0 −1 9 −3
2 0 1 0 3 0
C t + 3D = −1 1 + 3 6 = 2 7
0 −1 9 −3 9 −4
Então:
" #
3 2 9
(C t + 3D)t =
0 7 −4
As demonstrações das propriedades abaixo podem ser vistas no capı́tulo 1 do livro texto.
a) Comutatividade
14 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
b) Associatividade
Sejam A = (aij )m×n , B = (bij )m×n e C = (cij )m×n matrizes. Então A + (B + C) =
(A + B) + C.
d) Elemento simétrico
Para cada matriz Am×n , existe uma única matriz −A de tamanho m × n, tal que
A + (−A) = 0
5 −3 −5 3
Observação 2. Temos que: −A = (−1)A, qualquer que seja a matriz A.
e) Associatividade
Se α e β são escalares e A = (aij )m×n é uma matriz, então:
α(βA) = (αβ)A
f) Distributividade
Se α é um escalar, A = (aij )m×n e B = (bij )m×n são matrizes, então
α (A + B) = αA + αB
g) Distributividade
Se α e β são escalares e A = (aij )m×n é uma matriz, então:
(α + β)A = αA + βA.
1.1. MATRIZES 15
h) Associatividade
Se A = (aij )m×p , B = (bij )p×q e C = (cij )q×n , então
(AB) C = A (BC)
.
[A(BC)]11 = a11 b11 c11 + a11 b12 c21 + a12 b21 c11 + a12 b22 c21 = [(AB)C]11
[A(BC)]12 = a11 b11 c12 + a11 b12 c22 + a12 b21 c12 + a12 b22 c22 = [(AB)C]12
[A(BC)]21 = a21 b11 c11 + a21 b12 c21 + a22 b21 c11 + a22 b22 c21 = [(AB)C]21
[A(BC)]22 = a21 b11 c12 + a21 b12 c22 + a22 b21 c12 + a22 b22 c22 = [(AB)C]22
16 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
Logo:
(AB)C = A(BC)
i, j = 1, · · · , p.
Se A = (aij )m×n é uma matriz, então vale:
AIn = A e Im A = A
j) Distributividade
Se A = (aij )m×p , B = (bij )p×n e C = (cij )p×n , então:
A (B + C) = AB + AC
(B + C) A = BA + CA
" # "#
1 2 1 −1
A= B=
3 4 0 0
então:
" # " #
1 · 1 + 2 · 0 1 · (−1) + 2 · 0 1 −1
AB = =
3 · 1 + 4 · 0 3 · (−1) + 4 · 0 3 −3
" # " #
1·1−1·3 1·2−1·4 −2 −2
BA = =
0·1+0·3 0·2+0·4 0 0
AB 6= BA.
A − B = A + (−B)
" # " √ #
1 −5 0 −1 3 − 2
A= B=
3 2 −2 7 12 0
Definição 6. Uma matriz quadrada An×n é dita simétrica se At = A. Ela é dita anti-simétrica
quando At = −A.
0 3 −2 0
−1 3 0 −3 0 1 3
0 −1 −5
A = 3 0 7 B = C = −1 5 2
2 1 0 8
0 7 5 3 2 0
0 5 −8 0
3 2 0
3 2 0 −3 −2 0
Exercı́cios:
a −1 1
A = −3 4 −3
−5 b −4
−5 b −4 −5 b −4 −5 b −4
a2 − 2 −a + b − 4 a−1 a −1 1
=⇒ −3a + 3 −3b + 19 −3 = −3 4 −3
−5a − 3b + 20 5 −3b + 11 −5 b −4
a2 − 2 = a
−a + b − 4 = −1
a − 1 = 1 (∗)
−3a + 3 = −3
=⇒ −3b + 19 = 4 De (∗) e (∗∗), vemos que a = 2 e b = 5.
−3 = −3
−5a − 3b + 20 = −5
5 = b (∗∗)
−3b + 11 = −4
cos θ − sen θ 0
M = sen θ cos θ 0
0 0 1
20 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
cos θ sen θ 0
Resolução: Temos que M t é dada por: M t = − sen θ cos θ 0
0 0 1
cos θ sen θ 0 cos θ − sen θ 0
t
M M = − sen θ cos θ 0 sen θ cos θ 0 =
0 0 1 0 0 1
cos2 θ + sen 2 θ − cos θ sen θ + sen θ cos θ 0 1 0 0
− sen θ cos θ + cos θ sen θ sen 2 θ + cos2 θ 0 = 0 1 0 = I3 .
0 0 1 0 0 1
# "
2 3
A=
1 4
Resolução: Temos:
" #" # " # " #
2 3 2 3 2 3 1 0
A2 − 6A + 5I2 = −6 +5 =
1 4 1 4 1 4 0 1
" # " # " # " # " #
4 + 3 6 + 12 −12 −18 5 0 7 − 12 + 5 18 − 18 + 0 0 0
= + + = = =O
2 + 4 3 + 16 −6 −24 0 5 6 − 6 + 0 19 − 24 + 5 0 0
1
(X + A) = 3BC + A
2
" # " # 0 −1
2 0 −1 0 1
A= B= C = 3 3
−4 −2 0 1 2
1 0
1
(X + A) = 3BC + A
2
1.2. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES 21
1 1
X + A = 3BC + A
2 2
1 1
X = 3BC + A − A
2 2
1 1
X = 3BC + A
2 2
X = 6BC + A
Assim:
" # 0 −1 " #
−1 0 1 2 0
X=6 3 3 + =
0 1 2 −4 −2
1 1
" # " # " # " # " # " #
0+0+1 1+0+1 2 0 1 2 2 0 6 12 2 0
=6 + =6 + = + =
0+3+2 0+3+2 −4 −2 5 5 −4 −2 30 30 −4 −2
" #
8 12
26 28
" #
8 12
Resp. : X =
26 28
a1 x1 + · · · + an xn = b
• 3x + 5y − 7z = 2
• 3x1 − 25 x2 − 7x3 + x4 = 0
√
• 2x + 7y + 5z − w = 8
22 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
a11 x1 + a12 x2 + · · · + a1n xn = b1
a x + a x + · · · + a x = b
21 1 22 2 2n n 2
(∗) .
..
am1 x1 + am2 x2 + · · · + amn xn = bm
(∗∗) AX = B
onde:
a11 a12 ··· a1n
a21 a22 ··· a2n
A=
.. .. .. ..
. . . .
am1 am2 · · · amn m×n
x1 b1
x2 b2
X=
..
e B=
..
. .
xn n×1 bm m×1
Uma solução para o sistema linear (∗) é uma n-upla s1 , s2 , · · · , sn tal que todas as equações
de (∗) são satisfeitas quando fazemos x1 = s1 , x2 = s2 , · · · , xn = sn .
Na forma matricial, uma solução para o sistema (∗∗) é uma matriz:
s1
s2
S=
..
tal que AS = B
.
sn n×1
.
1.2. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES 23
Exemplo 9.
x + 2y + 2z = 2
5x + 6y − 6z = −14
y + 4z = 6
5x + 8y + 2z = −2
é um sistema linear com 4 equações e 3 variáveis x, y, z. O sistema acima pode ser reescrito
da forma:
AX = B
onde
1 2 2 2
x
5 6 −6
−14
A= X= y B=
0 1 4 6
z
5 8 2 −2
1 2 2 | 2
5 6 −6 | −14
.
0 1 4 | 6
5 8 2 | −2
(
3x1 + 2x2 + x3 − x4 = 0
−x1 + 5x2 − 32 x3 + 5x4 = 0
O objetivo agora pe estudar um método que nos permita ”resolver um sistema”, ou seja,
encontrar sua solução geral.
Operações elementares:
Definição 9. Uma operação elementar sobre as linhas de uma matriz é uma das seguintes
operações:
a)Troca da posição de 2 linhas da matriz.
b)Multiplicar uma linha da matriz por um escalar diferente de zero.
c)Somar a uma linha da matriz um múltiplo escalar de outra linha.
√
1 2 −7 2
Exemplo 11. a) 3 0 L1 ↔ L3 3 0
√
−7 2 1 2
Troca da posição das linhas 1 e 3.
1 0 5 1 0 5
b) 0 −1 2 − 15 L2 → L2 0 51 − 25
1 2 3 1 2 3
Multiplicação da linha 2 pelo escalar − 51 .
1.2. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES 25
1 0 −2 −3 1 0 −2 −3
c) 0 0 1 2 L2 + 3L1 → L2 3 0 −5 −7
√ √
−1 2 1 3 −1 2 1 3
Substituição linha 2 por ela, somada à linha 1 multiplicada por 3.
a)
A Li ↔ Lj B
B L i ↔ Lj A
b)
A αLi → Li B (α 6= 0).
1
B Li → Li A (α 6= 0).
α
1
(Multiplicação da linha i por α
).
c)
A Li + αLj → Li B
B Li − αLj → Li A
Ilustração:
a11 a12 a11 a12 a11 a12
a) A = a21 a22 L2 ↔ L3 B = a31 a32 L2 ↔ L3 A = a21 a22
a31 a32
Definição 10. Dois sistemas lineares são equivalentes quando possuem o mesmo conjunto
solução.
O seguinte resultado nos garante que, após operações elementares sobre as linhas da matriz
aumentada de um sistema, vamos obter um novo sistema equivalente ao primeiro.
.. ..
a11 a12 . b1 a21 a22 . b2
.. ..
L1 ↔ L2 a11 a12
a
21 a22 . b2 . b1
.. ..
a31 a32 . b3 a31 a32 . b3
a11 x1 + a12 x2 = b1
(2) a21 x1 + a22 x2 = b2
a31 x1 + a32 x2 = b3
Ilustração:
a11 x1 + a12 x2 = b1
(1) a21 x1 + a22 x2 = b2
a31 x1 + a32 x2 = b3
k 6= 0:
.. ..
a11 a12 . b1 a21 a22 . b2
.. ..
21 a22 . b2 kL3 ↔ L3 a11 a12
a . b1
. ..
a31 a32 .. b3 ka31 ka32 . kb3
a11 x1 + a12 x2 = b1
(2) a21 x1 + a22 x2 = b2
ka31 x1 + ka32 x2 = kb3
o o a a
a11 x1 + a12 x2 = b1 1 e 2 equações do sistema
(xo1 , xo2 ) é solução de (1) ⇒ a21 xo1 + a22 xo2 = b2 ⇒ (2) são satisfeitas
a31 xo + a32 xo = b3
ka31 xo + ka32 xo = k(a31 xo + a32 xo ) = kb3
1 2 1 2 1 2
⇒ (xo1 , xo2 ) é solução de (2).
Analogamente:
28 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
a11 xo1 + a12 xo2 = b1
(xo1 , xo2 ) solução de (2) ⇒ a21 xo1 + a22 xo2 = b2 ⇒
ka31 xo + ka32 xo = kb3
1 2
a a
1 e 2 equações do sistema
(1) são satisfeitas ⇒ (xo1 , xo2 ) é solução de (1)
a31 xo + a32 xo = 1 (ka31 xo + ka32 xo ) = 1 kb3 = b3
1 2 k 1 2 k
Analogamente:
1.2. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES 29
(a11 + ka21 )xo1 + (a12 + ka22 )xo2 = b1 + kb2
(xo1 , xo2 ) é solução de (2) =⇒ a21 xo1 + a22 xo2 = b2 =⇒
a31 xo + a32 xo = b3
1 2
a a
2 e 3 equações do sistema (1) são satisfeitas
a11 xo1 + a12 xo2 = (a11 + ka21 − ka21 )xo1 + (a12 + ka22 − ka22 )xo2 =
(a11 + ka21 )xo + (a12 + ka22 )xo − ka21 xo − ka22 xo = b1 + kb2 − k(a21 xo + a22 xo ) = b1 + kb2 − kb2 = b1
1 2 1 2 1 2
Observação 5. Se uma matriz satisfaz as condições (1) e (3) acima, dizemos que ela está na
forma escalonada.
1 1 1 1 3 −1 1
Exemplo 12. A = 0 −1 2 B = 0 0 1 7
0 0 7 0 0 0 0
1 2 0 1 1 0 0
C = 0 0 1 3 D = 0 1 0
0 0 0 0 0 0 0
1 0 0 0 1 1 0 2 0
E = 0 0 0 0 F = 0 0 1 3 0
0 0 0 1 0 0 0 0 1
30 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
0 2 0 1 7
G = 0 0 0 3 −3
0 0 0 0 0
O teorema abaixo nos garante que, dada uma matriz A m × n, é sempre possı́vel obtermos
uma (única) matriz R m × n na forma escalonada reduzida fazendo-se operações elementares:
1.2. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES 31
Teorema 2. Toda matriz A m × n é equivalente por linhas a uma única matriz escalonada
reduzida R m × n.
O Método de Gauss-Jordan
Para resolvermos um sistema linear, devemos aplicar operações elementares sobre as linhas
da matriz aumentada do sistema linear até obtermos a matriz na forma escalonada reduzida
correspondente. Transformamos essa última matriz em um sistema linear e o resolvemos. O
conjunto solução obtido é o conjunto solução do sistema inicial.
O que foi dito acima é consequência de tudo o que estudamos anteriormente: dado um
sistema linear:
AX = B
.
h i
A .. B
m×(n+1)
.
h i
Fazendo operações elementares sobre as linhas de A .. B , obtemos uma nova matriz
m×(n+1)
.
h i
C .. D na forma escalonada reduzida, onde C = (cij )m×n e D é uma matriz m × 1.
m×(n+1)
Isto é possı́vel
h pelo último hteorema que
i estudamos: como só fizemos operações elementares
.. ..
i
para irmos de A . B até C . D , então os sistemas
AX = B e CX = D
−y − 4z = −6
5x + 8y + 2z = −2
32 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
Solução do sistema: (−10 + 6z, 6 − 4z, z), onde z ∈ R. O sistema possui infinitas soluções.
b)
x + 2z = 1
2x − y − 2z + w = 0
4x − 3y − 9z + w = −1
3x − 2y + z − 11w = 3
.. ..
1 0 2 0 . 1 1 0 2 0 . 1
.. −2L1 + L2 → L2 .
2 −1 −2 1 . 0
0 −1 −6
1 .. −2
−4L1 + L3 → L3 −L2 → L2
.. ..
4
−3 −9 1 . −1 −3L1 + L4 → L4 0 −3 −17
1 . −5
. ..
3 −2 1 −11 .. 3 0 −2 −5 −11 . 0
. ..
1 0 2 0 .. 1 1 0 2 0 . 1
.. ..
0
1 6 −1 . 2 3L2 + L3 → L3 0 1 6 −1
. 2
. ..
−3 −17 1 .. −5
0 2L2 + L4 → L4 0 0 1 −2 . 1
.. ..
0 −2 −5 −11 . 0 0 0 7 −13 . 4
. ..
1 0 0 4 .. −1 1 0 0 0 . 11
−2L3 + L1 → L1
0 1 0 11 ... −4 −4L4 + L1 → L1
0 1 0 0 ..
. 29
−6L3 + L2 → L2 −11L4 + L2 → L2
0 0 1 −2 .. 1 . ..
−7L3 + L4 → L4 2L4 + L3 → L3
0 0 1 0
. −5
.. ..
0 0 0 1 . −3 0 0 0 1 . −3
Solução do sistema: (11, 29, −5, −3). O sistema possui solução única.
c)
x + 2y + 2z = 2
5x + 6y − 6z = −14
3x + 2y − 10z = 0
. .
1 2 2 .. 2 1 2 2 .. 2
.. 1 ..
−L2 + L3 → L3 0 −4 −16 . −24 − 4 L2 → L2 0 1 4 . 6 −2L2 + L1 → L1
. .
0 0 0 .. 18 0 0 0 .. 18
.. ..
1 0 −6 . −10 1 0 −6 . −10
0 1 4 .. 6 L3 → L3 0 1 4 ... 6 10L3 + L1 → L1 e − 6L3 + L2 → L2
.
1
18
.. ..
0 0 0 . 18 0 0 0 . 1
.
1 0 −6 .. 0
0 1 4 ... 0
..
0 0 0 . 1
A matriz está na forma escalonada reduzida. Transformando em um sistema linear, obte-
mos:
x + 0y − 6z = 0 x − 6z = 0
0x + y + 4z = 0 ; ou seja: y + 4z = 0
0x + 0y + 0z = 1
0 = 1
Observemos que a última equação não é satisfeita para qualquer que seja o valor de x, y e
z.
Logo o sistema não possui solução.
d)
2x − y + 4z = 0
2x + 2y − 4z = 0
3x − y − z = 0
Escrevendo a ”matriz aumentada sem a última coluna”(ou seja, escrevendo a matriz dos
coeficientes), temos:
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
L2 − L1 → L2
1 −5 1 −1 0 −6 0 −2 L2 − 2L3 → L2 0 0 0 0
L3 − 2L1 → L3
2 −1 2 1 0 −3 0 −1 0 −3 0 −1
1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 32
1
L2 ↔ L3 0 −3 0 −1 − L2 → L2 0 1 0 13 L1 − L2 → L1 0 1 0 13
3
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Observação 9. Usando o resultado da proposição acima, temos que um sistema linear possui
solução única ou possui infinitas soluções ou não possui solução. No caso do sistema trabalhado
ser homogêneo, temos solução única ou infinitas soluções.
De fato, temos:
a). Sendo X1 e X2 soluções para o sistema, temos que AX1 = 0 e AX2 = 0. Assim:
Exemplo 17. Dado o sistema linear abaixo, para quais valores (reais) de a o sistema:
1) Possui solução única;
2) Possui infinitas soluções;
3) Não possui solução.
x + y + z = 2
2x − 5y + 2z = 11
2x + (a2 − 7)z = 9 − a
.. 1
0 1 0 ... −1 −L3 + L1 → L1 0 1 0 ...
0 1
0 . −1
a2 − 9 L 3 → L 3 −1
2 .. .. −1 .. −1
0 0 a −9 . 3−a 0 0 1 . a+3 0 0 1 . a+3
1 3a+10
x = 3 + =
a+3 a+3
y = −1
z = −1
a+3
38 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
2 3a + 10 −1
Neste caso (a − 9 6= 0), temos que o sistema possui solução única: , −1,
a+3 a+3
Agora, se a2 − 9 = 0, teremos duas possibilidades para o valor de a: a = 3 ou a = −3
.. .
1 0 1 . 3 1 0 1 .. 3
..
0 1 0 ... −1
0 1
0 . −1 =
.. ..
0 0 a2 − 9 . 3−a 0 0 0 . 0
x + z = 3 x = 3 − z
y = −1 ⇒ y = −1
0 = 0
0 = 0
.. .
1 0 1 . 3 1 0 1 .. 3
.. ..
. −1 = 0 1 0 . −1
0 1 0
.. .
0 0 a2 − 9 . 3−a 0 0 0 .. 6
x + z = 3
y = −1
0 = 6
A última equação não é satisfeita, qualquer que seja o valor de x, y e z. Logo, o sistema
não possui solução neste caso (a = −3).
Resposta:
1.2. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES 39
1) a 6= 3 e a 6= −3
2) a = 3
3) a = −3
40 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
Capı́tulo 2
Definição 13. Uma matriz quadrada A = (aij )n×n é invertı́vel ou não singular quando existe
uma matriz B = (bij )n×n tal que
AB = In = BA
Se não existir B tal que AB = In = BA, diremos que A não é invertı́vel ou singular.
"
# " #
−2 1 − 12 1
6
Exemplo 18. A = B= 1
0 3 0 3
Fazendo as contas:
" #" # " # " #
−2 1 − 21 16 1 + 0 − 13 + 13 1 0
AB = 1
= = = I2
0 3 0 3 0+0 0+1 0 1
e
" #" # " # " #
− 21 16 −2 1 1 + 0 − 12 + 12 1 0
BA = 1
= = = I2
0 3 0 3 0+0 0+1 0 1
AB = In = BA e AC = In = CA
41
42 CAPÍTULO 2. INVERSÃO DE MATRIZES E DETERMINANTES
Então:
Ou seja: B = C
Logo, existe única B n × n tal que AB = In = BA.
Propriedades:
1) Se A é uma matriz n × n invertı́vel, então a matriz A−1 também é invertı́vel e (A−1 )−1 = A.
Demonstração: Temos que: A · A−1 = In = A−1 A. Então, A−1 é invertı́vel.
Como a inversa de uma matriz é única, segue que (A−1 )−1 = A (ou seja, a inversa de A−1
é A).
Assim, AB é invertı́vel (pois existe C = B −1 A−1 tal que (AB)C = In = C(AB)). Pela
unicidade da matriz inversa, segue que (AB)−1 = B −1 A−1 .
3) Se A é uma matriz n × n invertı́vel, então sua transposta At também é invertı́vel, e (At )−1 =
(A−1 )t .
Demonstração: Temos que:
At (A−1 )t = (A−1 A)t = (In )t = In .
(A−1 )t At = (AA−1 )t = (In )t = In .
Logo, At é invertı́vel (pois existe uma matriz C = (A−1 )t tal que At C = In = CAt ). Pela
2.1. MATRIZ INVERSA 43
A demonstração do Teorema seguinte será omitida. Ele nos diz que, se verificarmos que
AB = In , não haverá necessidade de verificarmos também que BA = In .
Exemplo 20. Se A = (aij )n×n é uma matriz tal que A3 = O, mostre que a inversa de (In − A)
é a matriz In + A + A2 .
Devemos mostrar que:
(In − A)(In + A + A2 ) = In .
Assim:
(In − A)(In + A + A2 ) = In In + In A + In A2 − AIn − AA − AA2 = In + A + A2 − A − A2 − A3 =
In − A3 = In − O = In .
44 CAPÍTULO 2. INVERSÃO DE MATRIZES E DETERMINANTES
CD = AB t A−1 A(AB −1 )−1 = AB t In (AB −1 )−1 = AB t (AB −1 )−1 = AB t (B −1 )−1 A−1 = AB t BA−1 =
AB −1 BA−1 = AIn A−1 = AA−1 = In
Logo: C −1 = D.
Observemos que o Teorema acima nos oferece uma nova maneira para decidirmos se A é
invertı́vel ou não. Se A for equivalente por linha a In , A será invertı́vel. Caso contrário, ela
não é invertı́vel.
Por exemplo, a matriz A dada por:
0 1 4
A = 1 2 0
0 0 1
0 0 1 0 0 1 0 0 1
2.1. MATRIZ INVERSA 45
1 0 0 1 0 0
0 1 4 L2 − 4L3 → L2 0 1 0 = I3
0 0 1 0 0 1
−1 0 8
−1 0 8 −1 0 8 0 2 8
1 0 −8 1 0 −8
0 1 4 L3 − 2L2 → L3 0 1 4 =D
0 2 8 0 0 0
D está na forma escalonada reduzida, mas não é a matriz identidade. Logo, C não é
equivalente por linhas a I3 e, assim, C não é invertı́vel.
Precisamos agora de um método para inversão de matrizes.
Seja A uma matriz n × n invertı́vel. Pelo Teorema anterior, A é equivalente por linhas
à matriz identidade In . Vamos chamar as operações elementares para ir de A até In de
op1 , op2 , · · · , opk . Dessa forma:
.
Para obtermos a matriz A−1 , é possı́vel mostrarmos que devemos aplicar a mesma sequência
de operações elementares acima partindo agora de In :
Exemplo 22. Calcule a matriz A−1 (se possı́vel), sabendo que a matriz A é dada por:
46 CAPÍTULO 2. INVERSÃO DE MATRIZES E DETERMINANTES
0 1 4
A = 1 2 0
0 0 1
De fato, já mostramos que a matriz acima é equivalente por linhas à matriz identidade I3 .
Assim, A é invertı́vel e é possı́vel encontrarmos A−1 . Usando as mesmas operações ele-
mentares:
1 0 0 0 1 0 −2 1 0 −2 1 8
0 1 0 L1 → L2 1 0 0 L1 − 2L2 → L1 1 0 0 L1 + 8L3 → L1 1 0 0
0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1
−2 1 8
L2 − 4L3 → L2 1 0 −4
0 0 1
Então:
−2 1 8
A−1 = 1 0 −4
0 0 1
Observação 11. Dada uma matriz A n × n, podemos fazer o seguinte para encontrarmos sua
inversa (se ela for invertı́vel):
.. .. −1
h i h i
A.In operações elementares In .A
1 2 −2
B = 2 5 −4
3 7 −5
Temos:
2.1. MATRIZ INVERSA 47
. ..
1 2 −2 .. 1 0 0 1 2 −2 . 1 0 0
2 5 −4 ... 0 1 0 L2 − 2L1 → L2 e L3 − 3L1 ..
→ L3
0 1 0 . −2 1 0
.. ..
3 7 −5 . 0 0 1 0 1 1 . −3 0 1
. ..
1 0 −2 .. 5 −2 0 1 0 0 . 3 −4 2
.. .
L1 − 2L2 → L1 e L3 − L2 → L3
0 1 0 . −2 1 0 L1 + 2L3 → L1 0 1 0 .. −2 1 0
. ..
0 0 1 .. −1 −1 1 0 0 1 . −1 −1 1
3 −4 2
B −1 = −2 1 0
−1 −1 1
−1 5 1
C= 0 3 1
1 −2 0
Temos:
.. .
−1 5 1 .
1 0 0 1 −5 −1 .. −1 0 0
.. .
0
3 1 .
0 1 0 −L 1 → L 1
0 3
1 .. 0 L3 − L1 → L3
1 0
.. .
1 −2 1 .
0 0 1 1 −2 0 .. 0 0 1
.. .
1 −5 −1 −1 0 0
. 1 −5 −1 .. −1 0 0
.. . 1
0 3
1 .
0 1 0 L 3 − L 2 → L 3
0 3
1 .. 0 1 0 3 L2 → L2
.. .
0 3 1 1 0 1 . 0 0 0 .. 1 −1 1
..
1 −5 −1 −1 0 0
.
0 1 1 1 ..
5L2 + L1 → L1
3
0 3
.0
..
0 0 0 1 −1 1
.
.
1 0 32 .. −1 35 0
0 1 1 ...
1
3
0 3
0
.
0 0 0 .. 1 −1 1
48 CAPÍTULO 2. INVERSÃO DE MATRIZES E DETERMINANTES
1 0 32
A matriz 0 1 13 já está na forma escalonada reduzida. Então, C não é invertı́vel, pois
0 0 0
não é equivalente por linhas à matriz I3 . A matriz ”à direita”obtida após o escalonamento não
tem significado.
O Teorema abaixo nos dá uma relação entre matrizes invertı́veis e solução de sistemas.
−2x1 + 3x2 − x3 = 1
x1 − 3x2 + x3 = 7
−x1 + 2x2 − x3 = 0
−2 3 −1
A matriz A = 1 −3 1 dos coeficientes do sistema é uma matriz invertı́vel e sua
−1 2 −1
−1
inversa A é dada por:
2.1. MATRIZ INVERSA 49
−1 −1 0
A−1 = 0 −1 −1
1 −1 −3
x1 1
Resolvendo então o sistema AX = B, onde X = x2 e B = 7 , obtemos:
x3 0
1 −1 −3 0 1−7 −6
Solução do sistema:
−8
X = −7 ou x1 = −8, x2 = −7, x3 = −6
−6
0 0 1 0 2 2
−1 x
Se C = 0 e X = y , resolva o sistema: BA−1 X = C
2 z
Temos:
BA−1 X = C =⇒ B −1 BA−1 X = B −1 C =⇒ I3 A−1 X = B −1 C =⇒ A−1 X = B −1 C =⇒
AA−1 X = AB −1 C =⇒ I3 X = AB −1 C =⇒ X = AB −1 C
Assim:
1 2 −3 −1 0 0 −1 −1 + 4 2 − 6 −6 −1 3 −4 −6 −1
X = 0 −1 1 2 1 0 0 = −2 −1 + 2 2 0 = −2 1 2 0 =
0 0 −1 0 2 2 2 0 −2 −2 2 0 −2 −2 2
50 CAPÍTULO 2. INVERSÃO DE MATRIZES E DETERMINANTES
−3 − 12 −15
2+4 = 6
−4 −4
−15
Solução: X = 6
−4
2.2 Determinantes
Definição 14. Seja A = (aij )n×n uma matriz n × n (quadrada). O determinante de A (que
indicamos por detA) é calculado da seguinte forma:
• n=2:
" #
a11 a12
sendo A = , temos detA = a11 a22 − a12 a21
a21 a22
• n>2
i+j
Vamos definir: af ij = (−1) detA
fij onde A
fij é a matriz (n−1)×(n−1) obtida retirando-
se a i-ésima linha de A e j-ésima coluna de A, i, j = 1, · · · , n.
af
ij é o cofator do elemento aij .
detA = ai1 af
i1 + ai2 a
fi2 + · · · + ain a
fin
detA = a1j af
1j + a2j a
f2j + · · · + anj a
f nj
−1 3 0
b) B = 2 −1 1 Podemos escolher qualquer linha ou qualquer coluna para o
5 2 2
cálculo do determinante. Por exemplo, escolhendo a linha 1 e usando que B = (bij )3×3 , temos:
detB = −bf
11 + 3b12 = 4 + 3 · 1 = 7
f
1 2 0 −1
−1 1 1 0
c) C =
0 5 2 0
4 −1 1 3
detC = c14 cf
14 + c24 c
f 24 + c34 c
f 34 + c44 c
f 44 =
= −1f
c14 + 0f
c24 + 0f
c34 + 3f
c44 =
= −f
c14 + 3f
c44
−1 1 1 −1 1 1
1+4
cf
14 = (−1) det 0 5 2 = (−1)det 0 5 2
4 −1 1 4 −1 1
52 CAPÍTULO 2. INVERSÃO DE MATRIZES E DETERMINANTES
−1 1 1
Vamos chamar a matriz 0 5 2 de D = (dij )3×3 .
4 −1 1
detD = d21 df
21 + d22 d22 + d23 d23 =
f f
= 0df
21 + 5d22 + 2d23 = 5d22 + 2d23 =
f f f f
" # " #
−1 1 −1 1
= 5(−1)2+2 det + 2(−1)2+3 det
4 1 4 −1
= 5(−1 − 4) + 2(−1)(1 − 4) = 5(−5) − 2(−3) = −25 + 6
= −19 ⇒ detD = −19
Então:
1+4
cf
14 = (−1) detD = (−1)(−19) = 19
1 2 0 1 2 0
4+4
cf
44 = (−1) det −1 1 1 = det −1 1 1
0 5 2 0 5 2
1 2 0
Vamos chamar a matriz −1 1 1 de E = (eij )3×3 . Calculemos o valor de detE usando
0 5 2
a
a 1 coluna:
detE = e11 ef
11 + e21 e
f21 + e31 e
f31 =
= 1ef
11 + (−1)ef21 + 0e
f31 = e
f11 − e
f21 =
" # " #
1 1 2 0
= (−1)1+1 det − (−1)2+1 det =
5 2 5 2
= (1 · 2 − 1 · 5) − 1(−1)(4 − 0) = −3 + 4 = 1
Assim: cf
44 = detE = 1.
−1 1 3 −2
0 0 2 1
Exemplo 28. Considere a matriz: A = . Sabendo que detA = 0, calcule o
2 0 −1 α
2 6 0 −2
valor de α.
detA = a21 af
21 + a22 a
f22 + a23 a
f 23 + a22 a
f24 =
= 0af
21 + 0a
f22 + 2a
f23 + 1a
f24 = 2a
f23 + a
f24
Calculando os cofatores af
23 e a
f24 :
−1 1 −2 −1 1 −2
2+3
af
23 = (−1) det 2 0 α = (−1) det 2 0 α .
2 6 −2 2 6 −2
−1 1 −2
Chamando B = 2 0 α e escolhendo a 2a coluna para o cálculo de detB, temos:
2 6 −2
detB = b12 bf
12 + b22 b22 + b32 b32 = 1b12 + 0b22 + 6b32 = b12 + 6b32 =
f f f f f f f
" # " #
2 α −1 −2
= (−1)1+2 det + 6(−1)3+2 det = −1(−4 − 2α) + 6(−1)(−α + 4) =
2 −2 2 α
= 4 + 2α − 6(−α + 4) = 4 + 2α + 6α − 24 = 8α − 20.
23 = (−1) detB = 20 − 8α
Assim: af
Cálculo de af
24 :
−1 1 3 −1 1 3
2+4
af
24 = (−1) det 2 0 −1 = det 2 0 −1
2 6 0 2 6 0
−1 1 3
Chamando C = 2 0 −1, e escolhendo a 2a linha para o cálculo de detC, temos:
2 6 0
detC = c21 cf
21 + c22 c
f 22 + c23 c
f 23 = 2f c22 − 1f
c21 + 0f c21 − cf
c23 = 2f 23 =
54 CAPÍTULO 2. INVERSÃO DE MATRIZES E DETERMINANTES
" # " #
1 3 −1 1
= 2(−1)2+1 det − (−1)2+3 det = −2(0 − 18) + (−6 − 2) = 36 − 8 = 28
6 0 2 6
af
24 = detC = 28.
Voltando ao cálculo de A:
Propriedades e exemplos:
(1) Se α, β ∈ R
a11 a12 ··· a1n
.. .. .. ..
. . . .
det αbk1 + βck1 αbk2 + βck2 · · · αbkn + βckn =
.. .. .. ..
. . . .
an1 an2 ··· ann
a11 a12 · · · a1n a11 a12 · · · a1n
. .. .. .. . .. .. ..
.. . . . .. . . .
= αdet bk1 bk2 · · · bkn + βdet ck1 ck2 · · · ckn
. .. ..
... ... .. ... ..
.. . . . .
an1 an2 · · · ann an1 an2 · · · ann
" #
cos t sen t
A=
2 cos t − 3 sen t 2 sen t + 3 cos t
" # " #
cos t sen t cos t sen t
detA = 2det + 3det =
cos t sen t − sen t cos t
Ilustração:
a11 a12 · · · a1n a11 a12 · · · a1n
. .. ... .. . .. ... ..
.. . . .. . .
A = ak1 ak2 · · · akn αLk → Lk αak1 αak2 · · · αakn = B
. .. .. . .. ..
.. ... .. ...
. .
. .
an1 an2 · · · ann an1 an2 · · · ann
Usando a propriedade 1:
a11 a12 · · · a1n a11 a12 · · · a1n
. .. .. .. . .. .. ..
.. . . . .. . . .
detB = det αak1 αak2 · · · αakn = αdet ak1 ak2 · · · akn = αdetA
. .. .. . .. ..
.. .. .. ..
. . .
. . .
an1 an2 · · · ann an1 an2 · · · ann
A L1 ↔ L3 B 5L2 → L2 C −7L1 + L2 → L2 D
Assim:
Logo: detD = 10
Exemplo 31. Mostre que se A é uma matriz n × n que possui 2 linhas iguais, então detA = 0.
De fato, suponhamos que as linhas k e l de A sejam iguais. Vamos fazer uma operação
elementar em A:
A Lk ↔ Ll B
Pela propriedade 3, temos que detB = −detA. Mas B = A, já que as linhas k e l são
iguais. Logo, detA = −detA, o que nos diz que detA = 0.
a11 a12 a13 a11 a21 a31
• n=3 A = a21 a22 a23 At = a12 a22 a32
Usando a 1a coluna de At para o cálculo de seu determinante e o que foi provado para
matrizes 2 × 2, temos:
" # " # " #
a22 a32 a21 a31 a21 a31
detAt = a11 (−1)1+1 det +a12 (−1)2+1 det +a13 (−1)3+1 det =
a23 a33 a23 a33 a22 a32
2.2. DETERMINANTES 57
Exemplo 32. Se A é uma matriz que possui duas colunas iguais, então o seu determinante vale
0. De fato, a matriz At possui duas linhas iguais. Então, det At = 0. Como det A = det At ,
segue que det A = 0.
(7) Se A = (aij )n×n uma matriz triangular superior (ou inferior), então detA = a11 a22 · · · ann
(produto dos elementos da diagonal principal).
Ilustração:
0 0 a33
Escolhendo a 1a coluna para o cálculo do detA, temos:
" #
a22 a23
detA = a11 (−1)1+1 det = a11 · a22 · a33
0 a33
a11 a12 a13 a14
0 a
22 a23 a24
• n=4 A=
0 0 a33 a34
0 0 0 a44
58 CAPÍTULO 2. INVERSÃO DE MATRIZES E DETERMINANTES
0 0 a44
(8) Se A = (aij )n×n é uma matriz diagonal, então detA = a11 · a22 · · · ann
detIn = 1 n∈N
Demonstração
A · A−1 = In =⇒ det(A · A−1 ) = det(In ) =⇒ detA · detA−1 = det(In )
=⇒ detA · detA−1 = 1
1
Temos então que detA 6= 0. E ainda: detA−1 =
detA
Exemplo 33. Seja A uma matriz n × n invertı́vel tal que A−1 = A2 . Mostre que detA = 1.
Temos que:
A−1 = A2
detA−1 = detA2
1
= det(A · A)
detA
1
= detA · detA
detA
(detA)3 = 1 =⇒ detA = 1
a11 a12 a13 αa11 αa12 αa13
A = a21 a22 a23 e αA = αa21 αa22 αa23
αa11 αa12 αa13 αa11 αa12 αa13
A αL1 → L1 a21 a22 a23 = A1 αL2 → L2 αa21 αa22 αa23 = A2
detA1 = α detA
detA2 = α detA1 = α (α detA) = α2 detA
det(αA) = α detA2 = α(α2 detA) = α3 detA
Ou seja:
det(αA) = α3 detA
Temos:
detB = det(4A2 At A−1 ) = 43 detA2 detAt detA−1 =
1
= 64 detA detA detA = 64(detA)2 = 64 · 4 = 256
detA
Observação 14. Ainda podemos mostrar como propriedade de determinantes: se uma matriz
A possui uma linha múltipla de outra linha, então seu determinante vale 0. O resultado vale
também para colunas.
60 CAPÍTULO 2. INVERSÃO DE MATRIZES E DETERMINANTES
Teorema 7. Seja A uma matriz n × n. A é uma matriz invertı́vel se, e somente se, detA 6= 0.
1
Neste caso: detA−1 = .
detA
1 2 3
Exemplo 35. a) 0 3 2
0 0 −2
" #
1 2
a23 = (−1)2+3
e det =0
0 0
" #
2 3
a31 = (−1)3+1
e det = 4 − 9 = −5
3 2
" #
1 3
a32 = (−1)3+2
e det = (−1) · 2 = −2
0 2
" #
1 2
a33 = (−1)3+3
e det =3
0 3
Assim:
t
−6 0 0 −6 4 −5
adjA = 4 −2 0 = 0 −2 −2
−5 −2 3 0 0 3
−1 2 5
b) B = 0 2 1
1 0 −1
" #
eb31 = (−1)3+1 2 5
det = 2 − 10 = −8
2 1
" #
eb32 = (−1)3+2 −1 5
det = (−1)(−1) = 1
0 1
" #
eb33 = (−1)3+3 −1 2
det = −2
0 2
Assim:
t
−2 1 −2 −2 2 −8
adjB = 2 −4 2 = 1 −4 1
−8 1 −2 −2 2 −2
Aplicações do Teorema
1o caso) A = O
Se A = O, temos que adjA = O. Assim, adjA é não invertı́vel.
2o caso) A 6= O
Pelo Teorema, sabemos que:
(adjA)A = detA · In
Como A é não invertı́vel, temos que detA = 0. Assim:
(adjA)A = O
Se adjA fosse uma matriz invertı́vel, terı́amos:
(adjA)−1 adjA · A = (adjA)−1 · O
In · A = O
2.3. MATRIZ ADJUNTA E INVERSÃO 63
A=O
Uma contradição. Logo, adjA não é invertı́vel.
1
2) Seja A uma matriz n × n. Se detA 6= 0, então: A−1 = · adjA
detA
1 1 1
· adjA A = (adjA · A) = (detA · In ) = In
detA detA detA
Logo:
1
A−1 = · adjA
detA
0 0 −2
−6 4 −5
adjA = 0 −2 −2
0 0 3
Então:
−6 4 −5 1 − 23 5
6
1 1
A−1 = · adjA = − 0 −2 −2 = 0 13 1
detA 6 3
1
0 0 3 0 0 2
−1 2 5
b) 0 2 1
1 0 −1
Temos que:
64 CAPÍTULO 2. INVERSÃO DE MATRIZES E DETERMINANTES
detB = 2 + 2 − 10 = −6
−2 2 −8
Sendo adjB = 1 −4 1 , podemos escrever:
−2 2 −2
1
−2 2 −8 3
− 13 43
1 1
B −1 = · adjB = − 1 −4 1 = − 16 23 − 61
detB 6 1
−2 2 −2 3
− 13 13
Exercı́cios:
A−1 XB −1 = (adjA)CB t
3 0 0 " # 1 0
3 1
A = −1 1 0 B= C = 0 1
−1 0
0 2 −2 −1 0
Temos:
A−1 XB −1 = (adjA)CB t =⇒ AA−1 XB −1 = A(adjA)CB t =⇒ I3 XB −1 = (detA)I3 CB t =⇒
XB −1 = (detA)CB t =⇒ XB −1 B = (detA)CB t B =⇒ XI2 = (detA)CB t B =⇒ X = (detA)CB t B
detA = 3 · 1(−2) = −6
" #
3 −1
Bt =
1 0
Fazendo as contas:
1 0 " #" # 1 0 " # 10 3 −60 −18
3 −1 3 1 10 3
X = −6 0 1 = −6 0 1 = −6 3 1 = −18 −6
1 0 −1 0 3 1
−1 0 −1 0 −10 −3 60 18
2) Seja D uma matriz 3 × 3 tal que detD = −2. A matriz adjunta de D é dada por:
2.3. MATRIZ ADJUNTA E INVERSÃO 65
1 0 0
adjD = a 2 0
b c 2
Temos que:
1
D−1 = · adjD
detD
1 0 0 − 21 0 0
1
D−1 = − a 2 0 = − a2 −1 0
2
b c 2 − 2b − 2c −1
Regra de Cramer:
Se o sistema linear AX = B é tal que A é uma matriz quadrada n × n e invertı́vel, podemos
usar determinantes para resolver o sitema.
66 CAPÍTULO 2. INVERSÃO DE MATRIZES E DETERMINANTES
x1
x2
.. , temos que a solução (única) do sistema é dada por:
Indicando por X =
.
xn
Exercı́cio:
Considere o sistema AX = B, onde
" # " # " #
a b x1 g
A= ,X = eB=
c d x2 h
detA1 detA2
Se ad − bc 6= 0, mostre que a solução do sistema é dada por: x1 = , x2 =
detA detA
" # " #
g b a g
onde A1 = e A2 = .
h d c h
Observemos que:
" #
g b
dg − bh = det = detA1
h d
2.3. MATRIZ ADJUNTA E INVERSÃO 67
Exemplo 37. Resolva o sistema linear abaixo usando a Regra de Cramer, se possı́vel:
x + y + z = 1
f (x) = 2x + y + 4z = −2
2x + 3y + 5z = 0
Temos:
1 1 1
A = 2 1 4 , detA = −5 6= 0.
2 3 5
1 1 1
A1 = −2 1 4 , detA1 = −3.
0 3 5
1 1 1
A2 = 2 −2 4 , detA2 = −8.
2 0 5
1 1 1
A3 = 2 1 −2 , detA3 = 6.
2 3 0
detA3 6 6
z= = =−
detA −5 5
3 8 6
Solução: x1 = , x2 = , x3 = −
5 5 5
Capı́tulo 3
Vetores
As grandezas vetoriais são aquelas que, para estarem bem definidas, precisam da magnitude,
direção e sentido. Grandezas, como velocidade e força, são exemplos de grandezas vetoriais.
Um vetor é representado geometricamente por um segmento orientado.
Figura 3.1:
69
70 CAPÍTULO 3. VETORES
Figura 3.2:
Figura 3.3:
Propriedades
Figura 3.4:
U − V = U + (−V )
Geometricamente temos:
Figura 3.5:
Caso 2) Se α 6= 0 e U 6= O.
Figura 3.6:
Observação 15. Dois vetores que têm a mesma direção são chamados de vetores paralelos ou
colineares. Podemos mostrar que:
Dois vetores não nulos U e V são paralelos se, e somente se, um é múltiplo escalar do
outro, isto é, se existe α ∈ R tal que U = αV .
kV k kV k
De fato, se U e V são vetores paralelos, então ocorre: V = U ou V = − U.
kU k kU k
Ou seja, um é múltiplo escalar do outro.
Por outro lado, se um é múltiplo escalar do outro, digamos, U = αV , então U e V têm a
mesma direção pela definição de multiplicação por escalar.
1
W = U
kU k
3
V = 3W = U
kU k
.
Figura 3.7:
1
W = U
kU k
5
V = −5W = − U
kU k
.
Figura 3.8:
74 CAPÍTULO 3. VETORES
Figura 3.9:
Soma de vetores:
Dados V = (xv , yv ) e W = (xw , yw ) vetores no plano, temos: V + W = (xv + xw , yv + yw ).
Figura 3.10:
V + W = (−1 + 3, 2 − 21 ) = (2, 23 )
Figura 3.11:
1
Exemplo 41. α = −3, V = ,2 .
3
1
αV = −3 · , −3 · 2 = (−1, −6)
3
76 CAPÍTULO 3. VETORES
Figura 3.12:
Figura 3.13:
Figura 3.14:
Figura 3.15:
78 CAPÍTULO 3. VETORES
Figura 3.16:
Soma de Vetores:
Dados V = (xv , yv , zv ) e W = (xw , yw , zw ) vetores no espaço, temos:
V + W = (xv + xw , yv + yw , zv + zw )
√
Exemplo 43. V = (−1, 0, −3) W = ( 52 , 2, 2)
√ √
V + W = −1 + 25 , 0 + 2, −3 + 2 = 23 , 2, 2 − 3
Propriedades:
3.4. COMPONENTES DE UM VETOR DEFINIDO POR 2 PONTOS 79
Observação 17. Se U = (xv , yv ), temos que −U = (−xv , −yv ). Situação análoga ocorre para
vetores no espaço. Lembremos ainda que: U − V = U + (−V ) = (xU − xV , yU − yV ).
Figura 3.17:
Podemos escrever:
−→ −−→ −→
AB + BC = AC
80 CAPÍTULO 3. VETORES
−→ −→ −−→ −→ −→
−AB + AB + BC = −AB + AC
−−→ −→ −→
0 + BC = −AB + AC
−−→ −→ −→
BC = AC − AB
−→ −→
Como os segmentos orientados que representam os vetores AB e AC têm origem no ponto
A = O = (0, 0), podemos escrever:
−−→
BC = (x2 , y2 ) − (x1 , y1 )
−−→
BC = (x2 − x1 , y2 − y1 )
−−→
BC = (x2 , y2 , z2 ) − (x1 , y1 , z1 )
−−→
BC = (x2 − x1 , y2 − y1 , z2 − z1 )
Figura 3.18:
5
3.5. PRODUTO DE VETORES 81
Exemplo 45. Dados os pontos C = −1, 12 e D = (5, −3), encontre as componentes do vetor
−−→
DC:
−−→ 1 7
DC = −1 − 5, − (−3) = −6, .
2 2
Exemplo 46. Dados os pontos A = (−1, 2, 0) e B = (2, −1, 8), encontre as componentes do
−→
vetor AB:
−→
AB = (2 − (−1), −1 − 2, 8 − 0) = (3, −3, 8).
Norma de um vetor
A norma de um vetor U , denotada por k U k, é o comprimento do vetor U .
Cálculo de k U k:
Figura 3.19:
q
2
kU k = x2U + yU2 ⇒k U k= x2U + yU2
onde U = (xU , yU ).
Temos uma situação análoga no espaço: se U = (xU , yU , zU ) é um vetor no espaço, então:
82 CAPÍTULO 3. VETORES
q
2
kU k = x2U + yU2 + zU2 ⇒k U k= x2U + yU2 + zU2 .
Figura 3.20:
−→ p
dist(A, B) =k AB k= (xB − xA )2 + (yB − yA )2
.
3.5. PRODUTO DE VETORES 83
Figura 3.21:
−→ p
dist(A, B) =k AB k= (xB − xA )2 + (yB − yA )2 + (zB − zA )2
Figura 3.22:
k αV k= |α| k V k
.
Exemplo 49. a) Se V = (1, 2, 0), encontre o vetor unitário de mesma direção e mesmo sentido
de V .
1 1 1 1 2
U= V =√ (1, 2, 0) = √ (1, 2, 0) = √ , √ , 0
kV k 12 + 22 + 02 5 5 5
b) Se V = (0, 3, −4), encontre o vetor W que tenha mesma direção de V , sentido oposto ao
de V e norma 10.
1 1 1 1 3 −4
U= V =p (0, 3, −4) = √ (0, 3, −4) = (0, 3, −4) = 0, ,
kV k 02 + 32 + (−4)2 25 5 5 5
U é um vetor unitário de mesmo sentido e direção de V . Então:
3 4
W = −10U = −10 0, , − = (0, −6, 8)
5 5
Figura 3.23:
Dados dois vetores U e V , se o ângulo entre eles é de 90◦ ou um deles é nulo, vamos dizer
que U e V são perpendiculares ou ortogonais.
Definição 16. O produto escalar de dois vetores V e W (indicado por V · W ) é definido por:
(
0 se V = 0 ou W = 0
V ·W =
k V k k W k cos θ se V 6= 0 e W 6= 0
Figura 3.24:
V · W = x1 x2 + y1 y2
86 CAPÍTULO 3. VETORES
V · W = x1 x2 + y1 y2 + z1 z2
b) Dados os vetores U = (a, −1, 2) e V = (−3, 1, −1), sabendo que o produto escalar entre eles
vale 0, calcule o valor de a.
0 = U · V = a(−3) + (−1) · 1 + 2(−1) = −3a − 1 − 2
−3a − 3 = 0 ⇒ 3a = −3 ⇒ a = −1
V · W =k V kk W k cos θ
V ·W
cos θ =
k V kk W k
π
Observação 19. a) V · W > 0 ⇔ cos θ > 0 ⇔ 0 6 θ < 2
π
b) V · W = 0 ⇔ cos θ = 0 ⇔ θ = 2
π
c)V · W < 0 ⇔ cos θ < 0 ⇔ 2
<θ6π
V e W são ortogonais ⇔ V · W = 0
Exemplo 51. 1) Dados os vetores U = (1, 1, 4) e V = (−1, 2, 2), calcule o ângulo entre eles.
Temos:
√ √
U ·V 1 · (−1) + 1 · 2 + 4 · 2 9 9 1 2 2
cos θ = =√ √ = √ √ = √ √ √ = √ ×√ =
k U kk V k 1 + 1 + 16 1 + 4 + 4 18 9 2 9· 9 2 2 2
Então:
√
2
θ = arccos 2
, 0 ≤ θ ≤ π =⇒ θ = π4 rad.
2) Calcule o valor de a para que os vetores U = (−1, a, 3a) e W = (5, 2 − 1) sejam ortogonais.
Temos: U ·W = 0 ⇒ −1·5+a·2+3a(−1) = 0 ⇒ −5+2a−3a = 0 ⇒ −5−a = 0 ⇒ a = −5
√
3) Considere os vetores V e W tais que k V k= 2 3 e k W k= 2. O ângulo formado entre V
e W é 150◦ . Se X é um vetor tal que X = αV + βW , encontre os valores de α e β, sabendo
que X · V = 24 e X · W = −18.
X · W = −18
(αV + βW ) · W = −18
αV · W + βW · W = −18
α k V kk W k cos 150o + β k W k2 = −18
√ !
√ 3
α·2 3·2· − + 4β = −18
2
−6α + 4β = −18
−3α + 2β = −9 (2)
Assim (usando (1) e (2)):
2α − β = 4
−3α + 2β = −9
Resolvendo o sistema:
4α − 2β = 8
⇒ α = −1
−3α + 2β = −9
Se α = −1 : −3α + 2β = −9 ⇒ 3 + 2β = −9 ⇒ 2β = −12 ⇒ β = −6
Projeção ortogonal:
Figura 3.25:
V2 · W = 0 ⇒ (V − V1 ) · W = 0 ⇒ V · W − V1 · W = 0
⇒ V · W − V1 · W = 0 ⇒ V · W − (αW ) · W = 0
αW · W = V · W ⇒ α k W k2 = V · W
V ·W
Como W 6= O : α=
k W k2
Assim:
V ·W
V1 = αW = W
k W k2
V ·W
projW V = W
k W k2
Exemplo 52. 1) Dados os vetores U = (−2, 4, 0) e V = (0, −1, 2), encontre o vetor projeção
ortogonal de U sobre V .
Temos:
U ·V −2 · 0 + 4(−1) + 0 · 2 −4 4 −8
projV U = V = V = (0, −1, 2) = 0, , .
k V k2 02 + (−1)2 + 22 5 5 5
Figura 3.26:
−→ −→
a) Para que o triângulo ABC seja retângulo em A, os vetores AB e AC devem ser ortogonais.
Ou seja:
90 CAPÍTULO 3. VETORES
−→ −→
AB · AC = 0 =⇒ (2 − (−1), 1 − (−1), 1 − 2) · (m − (−1), −5 − (−1), 3 − 2) = 0
=⇒ (3, 2, −1) · (m + 1, −4, 1) = 0 =⇒ 3(m + 1) + 2(−4) + (−1) · 1 = 0
=⇒ 3m + 3 − 8 − 1 = 0 =⇒ 3m = 6 =⇒ m = 2
b) Podemos escrever:
−→ −−→ !
−−→ −→ BA · BC −−→ (−3, −2, 1) · (0, −6, 2)
BH = proj−
−→ BA =
BC −−→ BC = = (0, −6, 2) =
k BC k2 02 + (−6)2 + 22
14 7 42 14
= (−3) · 0 + (−2) · (−6) + 1 · 236 + 4(0, −6, 2) = (0, −6, 2) = (0, −6, 2) = 0, − , =
40 20 20 20
21 7
0, − ,
10 10
−→ 21 7
Chamando A = (a, b, c) e sabendo que BA = 0, − , , temos:
10 10
21 7 21 7
(a − 2, b − 1, c − 1) = 0, − , ⇒ a − 2 = 0, b − 1 = − , c − 1 =
10 10 10 10
11 17
Ou seja: a = 2, b = − 10 ec= 10
.
11 17
Assim: H = 2, − ,
10 10
Área de um paralelogramo
Figura 3.27:
3.5. PRODUTO DE VETORES 91
√
Exemplo 53. Sejam U e V vetores no espaço tais que V × U = ( 2, 1, −1). Calcule a área
do paralelogramo determinado pelos vetores T1 = U − 2V e T2 = −3V .
Indicando por A a área do paralelogramo determinado por T1 e T2 , temos:
A =k T1 × T2 k
T1 ×T2 = (U −2V )×(−3V ) = U ×(−3V )+(−2V )×(−3V ) = −3U ×V +(−2)(−3)V ×V =
√ √
= −3U × V + 6V × V = −3U × V + 60 = −3U × V = 3V × U = 3( 2, 1, −1) = (3 2, 3, −3)
√ q √ √ √
A =k (3 2, 3, −3) k= (3 2)2 + 32 + (−3)2 = 18 + 9 + 9 = 36 = 6.
Vetores canônicos:
→
− −
→ −
→ −
→
Consideremos os vetores i = (1, 0, 0), j = (0, 1, 0) e k = (0, 0, 1). Para cada V =
(x, y, z) vetor no espaço, podemos escrever:
92 CAPÍTULO 3. VETORES
−
→ → −
− → − →
V = (x, y, z) = (x, 0, 0)+(0, y, 0)+(0, 0, z) = x(1, 0, 0)+y(0, 1, 0)+z(0, 0, 1) = x i +y j +z k .
Temos ainda que:
→ −
− → → −
− → − −
→ →
i × i =O j × j =O k × k =O
→ −
− → − → → −
− → →
−
i × j = k j × i =−k
→ −
− → − → → −
− → →
−
j × k = i k × j =−i
→ −
− → − → → −
− → →
−
k × i = j i × k =−j
→
− −
→
Teorema 9. Sejam V = (x1 , y1 , z1 ) e W = (x2 , y2 , z2 ) vetores no espaço. Então, o vetor
V × W é dado por:
" # " # " #!
y1 z1 x1 z1 x1 y1
V × W = det , −det , det
y2 z2 x2 z2 x2 y2
Demonstração:
→
− →
− →
− →
− →
− →
−
Podemos escrever: V = x1 i + y1 j + z1 k e W = x2 i + y2 j + z2 k
Usando as propriedades, temos:
→
− →
− →
− →
− →
− →
−
V × W = (x1 i + y1 j + z1 k ) × (x2 i + y2 j + z2 k ) =
→ −
− → → −
− → − −
→ → → −
− → → −
− → → −
− →
= x1 x2 i × i + x1 y2 i × j + x1 z2 i × k + y1 x2 j × i + y1 y2 j × j + y1 z2 j × k
→ −
− → → −
− → → −
− →
+z1 x2 k × i + z1 y2 k × j + z1 z2 k × k =
→
− →
− →
− →
− →
− →
−
= x1 y2 k + x1 z2 (− j ) + y1 x2 (− k ) + y1 z2 i + z1 x2 j + z1 y2 (− i ) =
→
− →
− →
−
= (y1 z2 − z1 y2 ) i + (z1 x2 − x1 z2 ) j + (x1 y2 − y1 x2 ) k =
→
− →
− →
−
= (y1 z2 − z1 y2 ) i − (x1 z2 − z1 x2 ) j + (x1 y2 − y1 x2 ) k
Observando que:
" # " # " #
y1 z1 x1 z1 x1 y1
(y1 z2 −z1 y2 ) = det (x1 z2 −z1 x2 ) = det (x1 y2 −y1 x2 ) = det
y2 z2 x2 z2 x2 y2
Temos:
" # " # " #
y1 z1 − → x1 z1 − → x1 y1 − →
V × W = det i − det j + det k =
y2 z2 x2 z2 x2 y2
" # " # " #!
y1 z1 x1 z1 x1 y1
= det , −det , det
y2 z2 x2 z2 x2 y2
Exemplo 54. 1) Calcule o produto vetorial entre os vetores V = (−1, 2, 0) e W = (3, −1, 1)
3.5. PRODUTO DE VETORES 93
3) Considere os vetores V = (1, 0, 3) e W = (0, −1, 2). Encontre um vetor T do espaço que
seja simultaneamente ortogonal a V e W e que tenha norma 5.
1 1 3 −2 1
R= U=√ (3, −2, −1) = √ , √ , −√
kU k 9+4+1 14 14 14
Figura 3.28:
U · (V × W )
(U, V, W ) = U · (V × W )
Exemplo 55. Calcule o produto misto de U = (−1, 2, 0), V = (3, 1, 0) e W = (0, −1, 1) (nesta
ordem).
Temos:
U · (V × W ) é o produto misto de U , V e W . Calculando V × W :
w1 w2 w3
Demonstração:
Temos:
" # " # " #!
v2 v3 v1 v3 v1 v2
U · (V × W ) = (u1 , u2 , u3 ) · det , −det , det =
w2 w3 w1 w3 w1 w2
" # " # " #
v2 v3 v1 v3 v1 v2
= u1 · det − u2 · det + u3 · det =
w2 w3 w1 w3 w1 w2
" # " # " #
v 2 v 3 v 1 v 3 v 1 v 2
= u1 · (−1)1+1 · det + u2 · (−1)1+2 · det + u3 · (−1)1+3 · det =
w2 w3 w1 w3 w1 w2
u1 u2 u3
= det v1 v2 v3
w1 w2 w3
Exemplo 56. Calcule o produto misto de U = (2, −1, 3), V = (−1, 5, 1) e W = (5, 1, −2)
Temos:
2 −1 3
U · (V × W ) = det −1 5 1 = −3 − 5 − 20 − 2 − 75 + 2 = −103
5 1 −2
Volume de um paralelepı́pedo:
| U · (V × W ) |
Demonstração:
96 CAPÍTULO 3. VETORES
Figura 3.29:
h
cos θ = =⇒ h =k U k cos θ =⇒ h =k U k| cos θ |
kU k
Figura 3.30:
Temos:
θ + α = π rad =⇒ α = π − θ
3.5. PRODUTO DE VETORES 97
Exemplo 57. Calcule o volume do paralelepı́pedo determinado pelos vetores U = (2, −1, 3),
V = (−1, 5, 1) e W = (5, 1, −2).
2 −1 3
Como já foi feito, temos que: U ·(V ×W ) = det −1 5 1 = −3−5−20−2−75+2 = −103
5 1 −2
Assim: V ol =| U · (V × W ) |=| −103 |= 103 (unidades de volume)
Exemplo 58. dados os vetores T1 = (−3, 1, 0), T2 = (2, 0, −1) e T3 = (−4, 2, −1), verifique
se eles são coplanares.
Temos que:
−3 1 0
T1 · (T2 × T3 ) = det 2 0 −1 = 4 + 2 − 6 = 0
−4 2 −1
.
Logo, T1 , T2 e T3 são coplanares.
98 CAPÍTULO 3. VETORES
Capı́tulo 4
Retas e Planos
Figura 4.1:
−−→
Então, um ponto P = (x, y, z) pertence ao plano π, quando os vetores P0 P e N são
ortogonais. Isto é:
−−→
N ·P0 P = 0 ⇐⇒ (a, b, c)·(x−x0 , y−y0 , z−z0 ) = 0 ⇐⇒ a(x−x0 )+b(y−y0 )+c(z−z0 ) = 0 ⇐⇒
⇐⇒ ax + by + cz − ax0 − by0 − cz0 = 0
Chamando d = −ax0 − by0 − cz0 , podemos reescrever a última expressão:
ax + by + cz + d = 0
99
100 CAPÍTULO 4. RETAS E PLANOS
Figura 4.2:
−−→
P = (x, y, z) pertence ao plano π quando P0 P = tV1 + hV2 , onde t e h são escalares.
Ou seja:
(x − x0 , y − y0 , z − z0 ) = t(x1 , y1 , z1 ) + h(x2 , y2 , z2 )
(x, y, z) = (x0 , y0 , z0 ) + t(x1 , y1 , z1 ) + h(x2 , y2 , z2 ) t, h ∈ R
(Equação vetorial do plano)
Exemplo 60. a) Encontre equações paramétricas do plano que passa pelo ponto A = (−1, 2, 1)
e é paralelo aos vetores V = (0, 2, 5) e W = (1, −3, 2).
Resolução:
x = −1 + 0t + 1h
y = 2 + 2t − 3h t, h ∈ R
z = 1 + 5t + 2h
102 CAPÍTULO 4. RETAS E PLANOS
Seja r a reta paralela a um vetor V = (a, b, c) não nulo e que passa pelo ponto P0 =
(x0 , y0 , z0 ).
Figura 4.3:
−−→
Um ponto P = (x, y, z) pertence à reta r quando o vetor P0 P for paralelo ao vetor V . Isto
é:
4.2. EQUAÇÕES DA RETA 103
−−→
P0 P = tV t∈R
Observação 23. a) Um vetor V que fornece a direção da reta r é chamado de um vetor diretor
de r.
b) Uma equação: (x, y, z) = (x0 , y0 , z0 ) + t(a, b, c), t ∈ R é uma equação vetorial da reta r.
Vamos supor agora que um vetor diretor V = (a, b, c) da reta r seja tal que a 6= 0, b 6= 0 e
c 6= 0. A partir das paramétricas:
x = x0 + at
y = y0 + bt t∈R
z = z0 + ct
x − x0 y − y0 z − z0
obtemos: t= , , .
a b c
As equações simétricas da reta r ficam da forma:
x − x0 y − y0 z − z0
= =
a b c
Observação 24.
a) Encontre equações paramétricas para as seguintes retas:
• reta r: reta que passa por A = (−1, 0, 1) e é paralela ao vetor V = (1, 2, 3).
2x + y − 2z − 4 = 0
• reta u: reta que é a interseção dos planos:
x + y + 2z = 0
Resolução:
reta r : V = (1, 2, 3) é um vetor diretor da reta r. Assim, paramétricas para r ficam da
forma:
x = −1 + 1t
y = 0 + 2t t ∈ R.
z = 1 + 3t
−→
reta s: o vetor AB = (3, 1, −4) é um vetor diretor para s. Assim, paramétricas para s
ficam da forma:
x = −1 + 3t
y = 0 + 1t t ∈ R.
z = 1 − 4t
reta u:
2x + y − 2z − 4 = 0
u:
x + y + 2z = 0
x = t
Assim, equações paramétricas para u ficam da forma: y = 2 − 32 t t ∈ R.
z = −1 + 1 t
4
4.3 Ângulos
Antes de iniciarmos o estudo de ângulos entre retas, vamos conhecer as posições relativas
entre duas retas.
−−→
r1 e r2 coincidentes ⇐⇒ P1 P2 é paralelo a V1 (e a V2 )
106 CAPÍTULO 4. RETAS E PLANOS
Figura 4.4:
Consequentemente,
−−→
r1 e r2 paralelas ⇐⇒ P1 P2 não é paralelo a V1 (nem a V2 )
Figura 4.5:
−−→
V1 , V2 e P1 P2 coplanares ⇐⇒ r1 e r2 concorrentes.
Consequentemente:
−−→
V1 , V2 , P1 P2 não coplanares ⇐⇒ r1 e r2 reversas.
4.3. ÂNGULOS 107
têm vetores diretores Vr = (1, 2, −1) e Vs = (−2, −4, 2), respectivamente. Notamos que Vr e
Vs são paralelos. Logo, r e s são paralelas ou coincidentes. Tomando um ponto em cada reta,
digamos, A = (−1, 0, 2) e B = (1, 8, 2) pertencentes à r e s respectivamente, obtemos o vetor
−→ −→
AB = (2, 8, 0). O vetor AB não é paralelo à Vr (nem a Vs ). Logo, as retas são paralelas.
b) As retas:
r : (x, y, z) = (−1, 0, 2) + t(1, 2, −1) t ∈ R
x = 1
u: y = 0 + 2t t∈R
z = 2 − t
têm vetores diretores Vr = (1, 2, −1) e Vu = (0, 2, −1) não paralelos. Logo, r e u são con-
correntes ou reversas . Tomando os pontos A = (−1, 0, 2) e B = (1, 0, 2) das retas r e u,
−→ −→
respectivamente, obtemos o vetor AB = (2, 0, 0). Fazendo o produto misto de Vr , Vu e AB,
temos:
1 2 −1
−→
(Vr × Vu ) · AB = det 0 2 −1 = −4 + 4 = 0
2 0 0
−→
Logo, Vr , Vu e AB são coplanares e temos que r e u são concorrentes.
Figura 4.6:
Figura 4.7:
cos α =| cos θ |
Figura 4.8:
Figura 4.9:
| V1 · V2 |
cos α =
k V1 kk V2 k
110 CAPÍTULO 4. RETAS E PLANOS
Resolução:
Então:
α = arccos 52 , 06α6 π
2
Resolução:
Vr = (1, 1, 2) e Vs = (4, 5, 3) são vetores diretores das retas r e s, respectivamente. Se α é
o ângulo entre r e s, temos:
| Vr · Vs | |1·4+1·5+2·3| | 15 | 15
cos α = =√ √ =√ √ =√ √ =
k Vr kk Vs k 12 + 12 + 22 42 + 52 + 32 6 50 6 5 2
√ √ √
3 3 3 3 3 π
= √ ×√ = = =⇒ α = rad
2 3 3 6 2 6
Figura 4.10:
Figura 4.11:
π1 : 3x − 2y + z − 5 = 0 π2 : 6x − 4y + 2z + 1 = 0
são planos paralelos. De fato, N1 = (3, −2, 1) e N2 = (6, −4, 2) são vetores normais aos planos
π1 e π2 respectivamente e N2 = 2N1 , ou seja, N1 e N2 são paralelos. Notemos que o ponto
112 CAPÍTULO 4. RETAS E PLANOS
b) Os planos:
π1 : 3x − 2y + z − 5 = 0 π3 : 2x + y − 1 = 0
são concorrentes: seus vetores normais N1 = (3, −2, 1) e N3 = (2, 1, 0) não são paralelos.
Figura 4.12:
4.3. ÂNGULOS 113
Figura 4.13:
Temos:
| N1 · N2 |
cos α =| cos θ |=
k N1 kk N2 k
Observação 26. Se os planos π1 e π2 são paralelos, então o ângulo entre eles é 0. Se o ângulo
π
entre os planos é rad, então os planos são ditos perpendiculares.
2
Exemplo 64. Dados os planos π1 e π2 abaixo, para quais valores reais de a os planos formam
π
um ângulo de rad?
3
π1 : ax + 11y − 2 = 0 π2 : 3x + 4z + 1 = 0
Resolução: sendo N1 = (a, 11, 0) e N2 = (3, 0, 4) vetores normais aos planos π1 e π2 respec-
tivamente, temos:
1 π | N1 · N2 | | 3 · a + 0 · 11 + 4 · 0 | | 3a |
= cos = =√ √ =√ √ =
2 3 k N1 kk N2 k 2
a + 11 + 02 2 2
3 +0 +42 2 2
a + 121 9 + 16
3|a| √
= √ ⇒ 6 | a |= 5 a2 + 121 ⇒ 36a2 = 25(a2 + 121) ⇒ 11a2 = 25 · 121 ⇒
5 a2 + 121
√
a2 = 25 · 11 ⇒ a = ±5 11
√ √
Resp: a = 5 11 ou a = −5 11
114 CAPÍTULO 4. RETAS E PLANOS
4.4 Distâncias
Figura 4.14:
−−→ −−→
−−→ −−→ | AP0 · N | | AP0 · N | k N k
dist (P0 , π) = dist(P0 , P ) =k P P0 k=k projN AP0 k= k N k= =
|N ·N | k N k2
−−→
| AP0 · N | | (x0 − x1 , y0 − y1 , z0 − z1 ) · (a, b, c) |
= √ =
kN k a2 + b 2 + c 2
| (ax0 − ax1 + by0 − by1 + cz0 − cz1 ) | | (ax0 + by0 + cz0 − ax1 − by1 − cz1 ) |
= √ = √ =
a2 + b2 + c2 a2 + b2 + c2
Resolução: Temos:
1−2·2+2·0−5 | −8 | 8
dist(P, π) = p = √ = .
12 + (−2)2 + 22 9 3
3
b) Obtenha equações gerais para os planos que distam do ponto A = (0, 1, 1), sabendo que o
√ 5
vetor V = ( 5, −4, 2) é ortogonal a esses planos.
Figura 4.15:
3
Como a distância do ponto A = (0, 1, 1) a esses planos vale , temos:
5
√
3 | 5·0−4·1+2·1+d| |d−2| d−2
= dist(A, π) = q √ = √ = ⇒| d − 2 |= 3
5 2 2 2 25 5
( 5) + (−4) + 2
⇒ d − 2 = 3 ou d − 2 = −3 ⇒ d = 5 ou d = −1.
√ √
Resp: 5x − 4y + 2z + 5 = 0 5x − 4y + 2z − 1 = 0
116 CAPÍTULO 4. RETAS E PLANOS
Figura 4.16:
Figura 4.17:
−−→
A =k V × BP0 k e A =k V k ·h
Assim:
−−→
k V k ·h =k V × BP0 k
4.4. DISTÂNCIAS 117
−−→
k V × BP0 k
h=
kV k
Ou seja:
−−→
k V × BP0 k
dist(P0 , r) =
kV k
Resolução: o ponto B = (2, 1, 0) pertence à reta r. Sendo V = (2, −2, 1) um vetor diretor
de r, temos:
−−→
k V × BP k
dist(P, r) =
kV k
−−→
com BP = (−3, −1, −3).
−−→
Vamos calcular V × BP .
Assim:
√ √
k (−5, −9, −8) k 25 + 81 + 64 170
dist(P, r) = = √ =
k (2, −2, 1) k 4+4+1 3
.
Figura 4.18:
Observação 27. Pode-se tomar, da mesma forma, um ponto P2 de π2 e se calcular a dist (π1 , π2 )
como: dist (π1 , π2 ) = dist (P2 , π1 ).
π1 : 3x − 2y + 5z + 2 = 0 π2 : x + y − z + 1 = 0
têm vetores normais N1 = (3, −2, 5) e N2 = (1, 1, −1) respectivamente. Como N1 e N2 não
são paralelos, os planos são concorrentes e dist (π1 , π2 ) = 0.
b) Considere os planos:
π1 : 2x − y + 3z − 1 = 0 π2 : 4x − 2y + 6z + 10 = 0
N1 = (2, −1, 3) e N2 = (4, −2, 6) são vetores normais aos planos π1 e π2 , respectivamente e N1
e N2 são paralelos. Escolhamos um ponto P1 do plano π1 , digamos, P1 = (0, −1, 0).T emos :
| 4 · 0 − 2(−1) + 6 · 0 + 10 | | 2 + 10 | 12
dist (π1 , π2 ) = dist (P1 , π2 ) = p = √ = √ =
42 + (−2)2 + 62 56 2 14
√ √ √
6 14 6 14 3 14
=√ ×√ = =
14 14 14 7
4.4. DISTÂNCIAS 119
Figura 4.19:
Figura 4.20:
−−→ −−→
| P1 P2 · N | | P1 P2 · (V1 × V2 ) |
= =
kN k k V1 × V2 k
têm vetores diretores Vr = (−1, 2, 3) e Vs = (2, −4, −6) respectivamente, e esses são paralelos.
Sendo P = (−1, 0, 1) um ponto da reta r, temos que:
−→
k Vs × QP k
dist (r, s) = dist (P, s) =
k Vs k
−→
onde Q é um ponto da reta s. Usando Q = (2, −1, 0), temos QP = (−3, 1, 1).
Assim:
√ √ √
k (2, 16, −10) k 4 + 256 + 100 360 3 35
dist (r, s) = = √ = √ = .
k (2, −4, −6) k 4 + 16 + 36 56 7
b) As retas:
x = 1 + 2t
r: y =0−t t∈R
z = −1
x y−1 z+1
s: = =
2 2 −1
têm vetores diretores Vr = (2, −1, 0) e Vs = (2, 2, −1) respectivamente. Esses vetores não
são paralelos. Usando Pr = (1, 0, −1) e Ps = (0, 1, −1) pontos pertencentes às retas r e s
respectivamente, temos:
−−→
| Pr Ps · (Vr × Vs ) |
dist(r, s) =
k Vr × Vs k
Fazendo os cálculos:
−−→
Pr Ps = (−1, 1, 0)
√ √
| (−1, 1, 0) · (1, 2, 6) | | (−1) · 1 + 1 · 2 + 0 · 6 | 1 41 41
dist (r, s) = √ = √ =√ ×√ =
12 + 22 + 62 41 41 41 41
122 CAPÍTULO 4. RETAS E PLANOS
Observação 28. As retas do exemplo (b) são reversas, pois seus vetores diretores não são
paralelos e a distância entre elas não é zero.
Considere a reta r e V , um vetor diretor dessa reta. Seja π um plano com vetor normal N .
Figura 4.21:
Figura 4.22:
4.5. POSIÇÕES RELATIVAS 123
Figura 4.23:
π : 2y + az = 0
r : (x, y, z) = (1, 1, 9) + t(0, −1, 1) t ∈ R
Para quais valores de a a reta r será concorrente ao plano π ?
Para que r seja concorrente a π, devemos ter N · V 6= 0, onde N = (0, 2, a) e V = (0, −1, 1)
são, respectivamente, um vetor normal ao plano π e um vetor diretor da reta r.
N · V = 0 ⇐⇒ −2 + a = 0 ⇐⇒ a = 2
Seja A = (0, 0, 2) um ponto da reta r. Notemos que A pertence ao plano π, pois: 0−2·2+4 =
0 (o ponto A satisfaz a equação do plano π).
Dessa forma, a reta r está contida no plano π.
124 CAPÍTULO 4. RETAS E PLANOS
π1 : a1 x + b1 y + c1 z + d1 = 0
π2 : a2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0
π3 : a3 x + b3 y + c3 z + d3 = 0
Figura 4.24:
π1 : x + 2y − z + 2 = 0
π2 : x − 3z + 3 = 0
π3 : x + 2y + 2z − 4 = 0
Vetores normais para os planos acima são, respectivamente: N1 = (1, 2, −1), N2 = (1, 0, −3)
e N3 = (1, 2, 2). Esses vetores não são coplanares, pois:
1 2 −1
(N1 × N2 ) · N3 = det 1 0 −3 = −2 − 6 − 4 + 6 = −6 6= 0
1 2 2
Esses três planos exemplificam o caso que estamos estudando. Além disso, resolvendo o
sistema linear:
x + 2y − z = −2
x − 3z = −3
x + 2y + 2z = 4
3
obtemos como solução o ponto I = 3, − , 2 , que é o ponto de interseção entre os 3 planos.
2
Neste caso, os planos são paralelos/coincidentes (os 3 planos podem ser paralelos ou pode
haver coincidência entre 2 deles ou pode haver coincidência entre os 3).
Por exemplo, considere os planos abaixo:
π1 : x + 2y − z − 4 = 0
π2 : 2x + 4y − 2z − 8 = 0
π3 : 3x + 6y − 3z = 0
Vetores normais para os planos acima são, respectivamente: N1 = (1, 2, −1), N2 = (2, 4, −2)
e N3 = (3, 6, −3). Esses vetores são paralelos. Os planos π1 e π2 são coincidentes e são paralelos
126 CAPÍTULO 4. RETAS E PLANOS
ao plano π3 .
Figura 4.25:
x + 2y − z = 4
2x + 4y − 2z = 8
3x + 6y − 3z = 0
não possui solução (já que não há interseção entre os 3 planos).
Agora, considere os planos abaixo:
π1 : x + 2y − z − 4 = 0
π2 : 2x + 4y − 2z − 8 = 0
π4 : 3x + 6y − 3z − 12 = 0
Vetores normais para os planos acima são, respectivamente: N1 = (1, 2, −1), N2 = (2, 4, −2)
e N4 = (3, 6, −3). Esses vetores são paralelos e, neste caso, os 3 planos são coincidentes.
4.5. POSIÇÕES RELATIVAS 127
Figura 4.26:
x + 2y − z = 4
2x + 4y − 2z = 8
3x + 6y − 3z = 0
possui infinitas soluções (todos os pontos dos planos - que são um só na realidade).
Mais um exemplo: considere os planos abaixo:
π1 : x + 2y − z − 4 = 0
π5 : x + 2y − z = 0
π6 : 3x + 6y − 3z − 6 = 0
Vetores normais para os planos acima são, respectivamente: N1 = (1, 2, −1), N5 = (1, 2, −1)
e N6 = (3, 6, −3). Esses vetores são paralelos.
128 CAPÍTULO 4. RETAS E PLANOS
Figura 4.27:
x + 2y − z = 4
x + 2y − z = 0
3x + 6y − 3z = 6
π1 : x + 2y − z − 4 = 0
π5 : 2x + 4y − 2z = 0
π7 : 2x + y − z − 2 = 0
Figura 4.28:
Figura 4.29:
Resolvendo os sistema:
x + 2y − z = 4
2x + 4y − 2z = 8
2x + y − z = 2
π9 : 3x + y − 2z + 6 = 0
π10 : 4x − y + z = 0
têm vetores normais N8 = (1, −2, 3), N9 = (3, 1, −2) e N10 = (4, −1, 1), que não são vetores 2
a 2 paralelos, mas são coplanares:
1 −2 3
(N8 × N9 ) · N10 = det 3 1 −2 = 1 − 9 + 16 − 12 + 6 − 2 = 0
4 −1 1
Figura 4.30:
Resolvendo o sistema:
x − 2y + 3z = 12
3x + y − 2z = −6 ,
4x − y + z = 0
possui infinitas soluções, já que a interseção entre os 3 planos é uma reta.
132 CAPÍTULO 4. RETAS E PLANOS
4 −1 1
Figura 4.31:
Resolvendo o sistema:
x − 2y + 3z = 6
3x + y − 2z = −6 ,
4x − y + z = 0
Figura 5.1:
133
134 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
Figura 5.2:
Figura 5.3:
Vamos aproveitar a oportunidade e recordar como se faz o cálculo da distância entre dois
pontos no plano. Isso será muito importante neste capı́tulo.
Distância entre dois pontos no plano: sejam A = (xA , yA ) e B = (xB , yB ) dois pontos
no plano.
5.1. SISTEMA DE COORDENADAS RETANGULARES NO PLANO 135
Figura 5.4:
Observando a figura acima, podemos escrever que a distância entre A e B , denotada por
dist (A, B) é dada por:
q
dist (A, B) = d = (xB − xA )2 + (yB − yA )2 .
Uma circunferência é o lugar geométrico de um ponto que se move num plano de modo
que está sempre a uma distância constante de um ponto fixo no plano. O ponto fixo é chamado
de centro da circunferência e a distância constante é denominada raio da circunferência.
Seja P = (x, y) um ponto da circunferência. Se C = (h, k) é o centro da circunferência e
r > 0 é seu raio, então podemos escrever:
p
r = dist (P, C) = (x − h)2 + (y − k)2 =⇒ (x − h)2 + (y − k)2 = r2 .
Figura 5.5:
Figura 5.6:
Agora, vamos mover os eixos coordenados de forma a obtermos um novo sistema de coor-
5.2. TRANSLAÇÃO DOS EIXOS COORDENADOS 137
denadas cartesianas x0 O0 y 0 , onde: eixo-x’ paralelo ao eixo-x e ambos têm mesma orientação;
eixo-y’ paralelo ao eixo-y e ambos com mesma orientação.
Sejam (h, k) as coordenadas do ponto O0 em relação ao sistema xOy. Se um ponto P do
plano tem coordenadas (x, y) e (x0 , y 0 ) em relação aos sistemas xOy e x0 O0 y 0 respectivamente,
podemos escrever:
x =| OB |=| OA | + | AB |=| OA | + | O0 D |= h + x0
y =| OE |=| OC | + | CE |=| OC | + | O0 F |= k + y 0
x = x0 + h
y = y 0 + k
Essas são as equações de transformação das coordenadas do sistema xOy para o sistema
x O0 y 0 .
0
Exemplo 72. a) Encontre as coordenadas do ponto A = (3, −1) com relação ao novo sistema
de coordenadas x0 O0 y 0 , onde O0 = (1, 2)
Usando as equações de transformação, temos:
x = x0 + h ⇒ 3 = x0 + 1 ⇒ x0 = 2
y = y 0 + k ⇒ −1 = y 0 + 2 ⇒ y 0 = −3
Assim, A = (2, −3) são as coordenadas do ponto A com relação ao sistema x0 O0 y 0
b) Por uma translação de eixos a partir do sistema xOy, obtemos o sistema x0 O0 y 0 , onde
O0 = (−2, 1). Transforme a equação 3x2 + 2y 2 + 12x − 4y + 8 = 0 para a equação com relação
ao novo sistema x0 O0 y 0 .
Temos:
x = x0 − 2
y = y 0 + 1
(x0 )2 − 4(y 0 )2 − 4 = 0
5.3 Cônicas
Uma cônica é o conjunto de pontos P = (x, y) no plano que satisfazem uma equação da
forma:
Ax2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0
5.3.1 Elipse
Elipse é o conjunto de pontos P no plano tais que a soma das distâncias de P a 2 pontos
fixos F1 e F2 é constante. Essa constante é maior do que a distância entre os pontos F1 e F2 .
Ou seja: chamando dist(F1 , F2 ) = 2c e tomando a > 0 tal que 2a > 2c, um ponto P
pertence à elipse em questão quando:
dist(P, F2 ) + dist(P, F2 ) = 2a
Equação da Elipse:
√
Vamos considerar b = a2 − c2 .
x2 y 2
+ 2 =1
a2 b
Demonstração:
P = (x, y) pertence à elipse ⇐⇒ dist(P, F1 ) + dist(P, F2 ) = 2a
Assim:
p p
(x + c)2 + (y − 02 ) + (x − c)2 + (y − 0)2 = 2a
p p
(x + c)2 + y 2 + (x − c)2 + y 2 = 2a
p p
(x + c)2 + y 2 = 2a − (x − c)2 + y 2
Elevando os dois membros ao quadrado:
hp i2 h p i2
(x + c)2 + y 2 = 2a − (x − c)2 + y 2
p
(x + c)2 + y 2 = 4a2 − 4a (x − c)2 + y 2 + (x − c)2 + y 2
140 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
p
x2 + 2cx + c2 + y 2 = 4a2 − 4a (x − c)2 + y 2 + x2 − 2cx + c2 + y 2
p
4a (x − c)2 + y 2 = 4a2 − 4cx
p
a (x − c)2 + y 2 = a2 − cx
Elevando os dois membros ao quadrado novamente, obtemos:
h p i2
2
a (x − c) + y 2 = (a2 − cx)2
a2 [(x − c)2 + y 2 ] = a4 − 2a2 cx + c2 x2
a2 (x2 − 2cx + c2 + y 2 ) = a4 − 2a2 cx + c2 x2
a2 x2 − 2a2 cx + a2 c2 + a2 y 2 = a4 − 2a2 cx + c2 x2
a2 x2 + a2 y 2 + a2 c2 = a4 + c2 x2
a2 x2 − c2 x2 + a2 y 2 = a4 − a2 c2
(a2 − c2 )x2 + a2 y 2 = a2 (a2 − c2 )
Usando que b2 = a2 − c2 , podemos escrever:
b2 x2 + a2 y 2 = a2 b2
Dividindo ambos os membros por a2 b2 , temos:
b2 x2 a2 y 2
+ 2 2 = 1.
a2 b 2 ab
2 2
x y
2
+ 2 = 1.
a b
O esboço dessa curva fica da forma:
Figura 5.7:
x2
Fazendo y = 0 na equação da elipse, obtemos 2 = 1, ou seja, x = ±a. Assim, os pontos
a
A1 e A2 do desenho têm coordenadas A1 = (−a, 0) e A2 = (a, 0) e são vértices da elipse. Os
pontos B1 e B2 são também vértices da elipse e têm coordenadas B1 = (0, b) e B2 = (0, −b)
(fazendo x = 0 na equação).
x2 y 2
+ 2 =1
b2 a
Figura 5.8:
As mesmas observações sobre simetria podem ser feitas aqui: a elipse em questão é simétrica
com relação ao eixo-x, ao eixo-y e à origem.
x2
Fazendo y = 0 na equação da elipse, obtemos 2 = 1, ou seja, x = ±b. Assim, os pontos
b
B1 e B2 têm coordenadas B1 = (−b, 0) e B2 = (b, 0) e são vértices da elipse. Os pontos A1 e
142 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
Antes de trabalharmos com mais um caso de elipse, vamos fazer algumas observações acerca
dos elementos da elipse. Vamos usar as mesmas notações dos casos (1) e (2).
Elementos da elipse
F1 e F2 → Focos da elipse
2c = dist(F1 , F2 ) → Distância focal
A1 , A2 , B1 e B2 → Vértices da elipse
A1 A2 → Eixo maior de comprimento 2a.
B1 B2 → Eixo menor de comprimento 2b.
C → Centro da elipse (é o ponto médio do segmento F1 F2 )
c
e = → excentricidade (0 < e < 1)
a
Figura 5.9:
√
Temos ainda: a2 = b2 + c2 (segue do fato de que b = a2 − c2 ).
• Nas elipses estudadas em (1) e (2), o centro C é a origem (centro de simetria da figura).
x2 y2
Exemplo 73. a) A elipse de equação + = 1 tem centro em C = (0, 0). Notemos que
9 4
x2 y2
a2 = 9 e b2 = 4 (já que a > b). Assim, a equação acima é do tipo 2 + 2 = 1 (1◦ caso
a b
estudado).
5.3. CÔNICAS 143
Temos:
a2 = 9 ⇒ a = 3
b2 = 4 ⇒ b = 2
Figura 5.10:
x2 y2
b) A elipse de equação + = 1 tem centro em C = (0, 0). Temos nesse caso, a2 = 25 e
9 25
x2 y 2
b2 = 9 (já que a > b) e, assim, a equação acima é do tipo 2 + 2 = 1 (2◦ caso estudado).
b a
Temos:
a2 = 25 ⇒ a = 5
b2 = 49 ⇒ b = 3
144 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
• Focos: a2 = b2 + c2 ⇒ 25 = 9 + c2 ⇒ c2 = 16 ⇒ c = 4
• Distância focal: 2c = 8
c 4
• Excentricidade: e = =
a 5
Figura 5.11:
3) Elipse de centro C = (h, k) e eixo maior paralelo ao eixo das abscissas (eixo-x).
5.3. CÔNICAS 145
Figura 5.12:
Vamos fazer uma translação no sistema xOy, obtendo o sistema x0 O0 y 0 , onde O0 = (h, k).
Com relação ao novo sistema x0 O0 y 0 , a elipse tem centro na origem O0 , seu eixo maior está
sobre o eixo-x’ (eixo das abscissas) e seu eixo menor, sobre o eixo-y’ (eixo das ordenadas).
Temos então uma elipse como no caso (1), cuja equação é:
(x0 )2 (y 0 )2
(1) + 2 =1
a2 b
x = x0 + h x0 = x − h
⇒
y = y 0 + k y 0 = y − k
(x − h)2 (y − k)2
+ = 1.
a2 b2
4) Elipse de centro C = (h, k) e eixo maior paralelo ao eixo das ordenadas (eixo-y).
146 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
Figura 5.13:
(x − h)2 (y − k)2
+ = 1.
b2 a2
Observação 30. As equações que obtivermos nos casos 1, 2, 3 e 4 são usualmente chamadas
de ”equações reduzidas”.
Vamos trabalhar a equação 16x2 + y 2 + 64x − 4y + 52 = 0 até obtermos sua forma reduzida.
16x2 + y 2 + 64x − 4y + 52 = 0
16(x2 + 4x) + y 2 − 4y + 52 = 0
16(x2 + 4x + 4 − 4) + y 2 − 4y + 4 − 4 + 52 = 0
5.3. CÔNICAS 147
(y − 2)2
(x + 2)2 + =1
16
Figura 5.14:
√
Focos: a2 = b2 + c2 ⇒ 16 = 1 + c2 ⇒ c2 = 15 ⇒ c= 15
√ √
Assim: F1 = (−2, 2 + 15) , F2 = (−2, 2 − 15)
Medida do eixo-maior: 2a = 8
Medida do eixo menor: 2b = 2
√
Distância focal: 2c = 2 15
√
c 15
Excentricidade: e = =
a 4
O esboço da elipse fica então da forma:
Figura 5.15:
2) Os focos de uma√elipse são os pontos F1 = (−1, −1) e F2 = (−1, 3). Sabendo que sua
3
excentricidade vale , determine a equação cartesiana dessa curva.
3
Temos:
Centro da elipse = ponto médio de F1 F2
−1 − 1 −1 + 3
C=( , ) = (−1, 1).
2 2
O segmento F1 F2 é paralelo ao eixo-y. Isso nos diz que o eixo maior da elipse é paralelo
ao eixo-y e, então, sua equação fica da forma:
(x − h)2 (y − k)2
+ =1
b2 a2
5.3. CÔNICAS 149
Figura 5.16:
3) Determine a equação cartesiana da elipse que passa pelo ponto P = (1, −2) e que tem como
focos os pontos F1 = (−3, 1) e F2 = (5, 1).
O segmento F1 F2 é paralelo ao eixo-x. Assim, o eixo maior da elipse é também paralelo ao
eixo-x e, então, a elipse tem equação da forma:
(x − h)2 (y − k)2
+ =1
a2 b2
150 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
Temos ainda:
−3 + 5 1 + 1
Centro (ponto médio de F1 F2 ): C = , = = (1, 1).
2 2
2c = dist(F1 F2 ) = 8 ⇒ c = 4.
Assim temos a equação:
(x − 1)2 (y − 1)2
+ =1
a2 b2
Usando que P = (1, −2) pertence à elipse, temos:
(−3)2
= 1 ⇒ 9 = b2 ⇒ b = 3
b2
Assim: a2 = b2 + c2 = 42 + 32 = 25.
Portanto a equação fica da forma:
(x − 1)2 (y − 1)2
+ =1
25 9
Figura 5.17:
5.3.2 Hipérbole
Hipérbole é o conjunto de pontos P = (x, y) no plano tais que a diferença entre as distâncias
de P a dois pontos fixos F1 e F2 , em módulo, é constante.
5.3. CÔNICAS 151
Chamando 2c = dist(F1 F2 ) e escolhendo a > 0 tal que 2a < 2c, podemos dizer que um
ponto P pertence à hipérbole quando:
| dist(P, F1 ) − dist(P, F2 ) |= 2a
Equações da hipérbole
√
Consideraremos b = c2 − a2 no que vamos estudar sobre a hipérbole.
x2 y 2
− 2 =1
a2 b
Demonstração:
Um ponto P = (x, y) pertence à hipérbole quando | dist(P, F1 ) − dist(P, F2 ) |= 2a
Trabalhando a equação, temos:
| dist(P, F1 ) − dist(P, F2 = 2a |
dist(P, F1 ) − dist(P, F2 = ±2a
p p
(x + c)2 + (y − 0)2 − (x − c)2 + (y − 0)2 = ±2a
p p
(x + c)2 + y 2 = (x − c)2 + y 2 ± 2a
Elevando ambos os membros ao quadrado, obtemos:
hp i2 hp i2
(x + c)2 + y 2 = (x − c)2 + y 2 ± 2a
p
(x + c)2 + y 2 = (x − c)2 + y 2 ± 4a (x − c)2 + y 2 + 4a2
p
x2 + 2cx + c2 + y 2 = x2 − 2cx + c2 + y 2 + 4a2 ± 4a (x − c)2 + y 2
p
4cx − 4a2 = ±4a (x − c)2 + y 2
p
cx − a2 = ±a (x − c)2 + y 2
Elevando ambos os membros ao quadrado:
p
(cx − a2 )2 = [±a (x − c)2 + y 2 ]2
c2 x2 − 2ca2 x + a4 = a2 [(x − c)2 + y 2 ]
c2 x2 − 2ca2 x + a4 = a2 (x2 − 2cx + c2 + y 2 )
152 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
c2 x2 − 2ca2 x + a4 = a2 x2 − 2a2 cx + a2 c2 + a2 y 2
(c2 − a2 )x2 − a2 y 2 = a2 c2 − a4
(c2 − a2 )x2 − a2 y 2 = a2 (c2 − a2 )
Usando que b2 = c2 − a2 :
b2 x2 − a2 y 2 = a2 b2
b2 x2 a2 y 2
− 2 2 =1
a2 b 2 ab
2 2
x y
2
− 2 =1
a b
O esboço de uma hipérbole desse tipo fica da forma:
Figura 5.18:
• à origem: se substituı́rmos x por (-x) e y por (-y) na equação, ela não se altera.
x2
Além disso, fazendo y = 0 na equação, obtemos: 2 = 1 ⇒ x2 = a2 ⇒ x = ±a. A
a
hipérbole intercepta o eixo-x nos pontos A1 = (−a, 0) e A2 = (a, 0), os quais serão chamados
de vértices da hipérbole. O ponto C = (0, 0) é o centro da hipérbole.
5.3. CÔNICAS 153
y 2 x2
− 2 = 1.
a2 b
A demonstração é análoga àquela feita no caso 1. O esboço de uma hipérbole desse tipo
fica da forma:
Figura 5.19:
Elementos da hipérbole
154 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
Figura 5.20:
r
a2
Quando x cresce muito (x → ∞) (ou analogamente, x decresce, x → −∞), o valor 1−
x2
b
se aproxima de 1. Assim, a equação acima tende à forma: y = ± x.
a
No curso de cáculo 1, você irá trabalhar com assı́ntotas (veja a apostila de cálculo 1, página
142, obs. 48, assı́ntota inclinada). Vamos explicitar parte das contas.
1o quadrante: x → +∞
r
b a2
y = x 1 − 2 é a parte da hipérbole trabalhada.
a x
q
2
1 − xa2 − 1
r r ! r !
b a2 b b a2 b a2
lim x 1 − 2 − x = lim x 1 − 2 − 1 = lim x q 1− 2 +1 =
x→+∞ a x a x→+∞ a x x→+∞ a 2 x
1 − xa2 + 1
2
a2 b −a −ab
1 − − 1 x 2
b x 2 a x x
limx→+∞ x r = limx→+∞ r = limx→+∞ r =0
a a 2
a 2
a2
1− 2 +1 1− 2 +1 1− 2 +1
x x x
Podemos fazer o mesmo estudo (as contas são parecidas !) nos demais quadrantes:
2◦ quadrante: x → −∞
r
b a2
y = − x 1 − 2 é a parte da hipérbole trabalhada.
a x
b
y = − x é assı́ntota.
a
3◦ quadrante: x → −∞
r
b a2
y = x 1 − 2 é a parte da hipérbole trabalhada.
a x
b
y = x é assı́ntota.
a
◦
2 quadrante: x → +∞
r
b a2
y = − x 1 − 2 é a parte da hipérbole trabalhada.
a x
b
y = − x é assı́ntota.
a
156 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
Figura 5.21:
b
Equação da assı́ntota r: y = x
a
b
Equação da assı́ntota s: y = − x.
a
y2 x2
Consideremos agora o caso 2 estudado, a hipérbole tem equação 2 − 2 = 1. De forma
a b
a a
análoga, as retas y = x e y = − x são assı́ntotas da hipérbole em questão.
b b
Figura 5.22:
5.3. CÔNICAS 157
x2 y 2
Exemplo 75. 1) A equação − = 1 representa uma hipérbole do caso 1: seu centro tem
4 9
coordenadas C = (0, 0), a2 = 4 e b2 = 9.
Usando que a = 2, temos que A1 = (−2, 0) e A2 = (2, 0) são seus vértices. Sendo c2 =
√ √ √
a2 + b2 = 4 + 9 = 13(c = 13), temos que F1 = (− 13, 0) e F2 = ( 13, 0) são seus focos.
Ainda:
medida do eixo real (transverso): 2a = 4
medida do eixo imaginário (conjugado): 2b = 6.
√
distância focal: 2c = 2 13
√
c 13
excentricidade: e = =
a 2
b b
assı́ntotas: y = x e y = − x, ou seja:
a a
3 3
y= xey=− x
2 2
Figura 5.23:
y 2 x2
2) A equação − = 1 representa uma hipérbole do caso 2: seu centro é C = (0, 0), a2 = 8
8 8√ √ √
e b2 = 8. Como a = 2 2, temos que A1 = (0, 2 2) e A2 = (0, −2 2) são seus vértices. Sendo
c2 = a2 + b2 = 8 + 8 = 16(c = 4), temos que F1 = (0, 4) e F2 = (0, −4) são seus focos. Ainda:
√
medida do eixo real (transverso): 2a = 4 2
158 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
√
medida do eixo imaginário (conjugado): 2b = 4 2.
distância focal: 2c = 8
√
c 4 2 2 √
excentricidade: e = = √ = √ × √ = 2
a 2 2 2 2
a a
assı́ntotas: y = x e y = − x, ou seja:
b b
y = x e y = −x
Figura 5.24:
Observação 31. Uma hipérbole é equilátera quando seus eixos real e imaginário têm o mesmo
comprimento. Isto significa que a = b. A hipérbole do exemplo anterior é equilátera.
Exemplo 76. O centro de uma hipérbole está na origem, seu eixo real se encontra ao longo
do eixo-x e uma de suas assı́ntotas tem equação 2x − 5y = 0. Sabendo que a hipérbole passa
pelo ponto P = (6, 2), determine sua equação.
x2 y 2
Uma hipérbole com essas caracterı́sticas tem equação da forma: 2 − 2 = 1. As assı́ntotas
a b
b b 2
desse tipo de hipérbole tem a forma: y = x, y = − x. Neste caso, temos y = x, o que
a a 5
5.3. CÔNICAS 159
b 2 2
nos diz que = . Usando que b = a na equação da hipérbole, obtemos:
a 5 5
x2 y2
− 2 = 1
a2
2
a
5
Figura 5.25:
Fazendo uma translação no sistema xOy, obtemos o sistema x0 O0 y 0 , onde O0 = (h, k). Com
relação a esse último sistema, a hipérbole tem centro na origem e eixo real sobre o eixo das
abscissas (eixo-x’). Estamos trabalhando, então, com o 1◦ caso de hipérbole estudado. Então,
0 0 0 (x0 )2 (y 0 )2
em relação ao sistema x O y , a equação da hipérbole fica da forma: − 2 = 1.
a2 b
Usando as fórmulas de transformação entre os sistemas:
160 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
x = x0 + h
y = y 0 + k
obtemos:
(x − h)2 (y − k)2
− = 1.
a2 b2
b b
y − k = (x − h) e y − k = − (x − h)
a a
b b
(retas que passam pelo centro da hipérbole e que têm como coeficiente angular e − respec-
a a
tivamente).
Figura 5.26:
(y − k)2 (x − h)2
− =1
a2 b2
.
5.3. CÔNICAS 161
a a
y − k = (x − h) e y − k = − (x − h).
b b
a a
(retas que passam pelo centro da hipérbole e que têm como coeficiente angular e − respec-
b b
tivamente).
Como os focos estão sobre o eixo-y, a equação dessa hipérbole tem a forma
(y − k)2 (x − h)2
− =1
a2 b2
(y − 2)2 x2
− 2 =1
a2 b
c √ √
Usando que = e = 2, temos que c = 2a. Assim:
a
c = a + b ⇒ 2a2 = a2 + b2 ⇒ b2 = a2
2 2 2
Voltando à equação:
(y − 2)2 x2
− 2 = 1.
a2 a
√
Como P = (0, 2 + 8) é um ponto da hipérbole, esse ponto satisfaz sua equação:
√
(2 + 8 − 2)2 02 8
2
− 2 = 1 ⇒ 2 = 1 ⇒ a2 = 8.
a a a
2 2 2
Sendo b = a , segue que b = 8. Assim, a equação da hipérbole fica da forma:
(y − 2)2 x2
− = 1.
8 8
162 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
Figura 5.27:
Como os focos estão sobre uma reta paralela ao eixo-x, a equação da hipérbole tem a forma:
(x − h)2 (y − k)2
− = 1.
a2 b2
Neste caso, como k = h, podemos reescrevê-la na forma:
(x − h)2 (y − h)2
− = 1.
a2 b2
b b
As assı́ntotas de hipérboles nessa forma têm coeficiente angular e − . Observando a
a a
b
equação y = 3x − 4, temos que = 3, ou seja, b = 3a.
a
A assı́ntota passa pelo centro C = (h, h). Assim, esse ponto satisfaz a equação y = 3x − 4.
Ou seja:
h = 3h − 4 ⇒ 4 = 2h ⇒ h = 2
Podemos reescrever a equação da hipérbole:
(x − 2)2 (y − 2)2
− = 1.
a2 (3a2 )
5.3. CÔNICAS 163
Aqui, usamos também que b = 3a. Sendo P = (−2, 2) um ponto dessa hipérbole, temos que
ele satisfaz a equação da hipérbole. Ou seja:
(x − 2)2 (y − 2)2
− = 1.
16 144
Figura 5.28:
1 1
y − 3 = (x − 3) e y − 3 = − (x − 3)
2 2
Ou ainda:
1 3 1 3
y =3+ x− ⇒y = x+
2 2 2 2
1 3 1 9
y =3− x+ ⇒y =− x+
2 2 2 2
5.3. CÔNICAS 165
Figura 5.29:
5.3.3 Parábola
Figura 5.30:
Equações da Parábola
y 2 = 4px
p p
(x − p)2 + (y − 0)2 = (x + p)2 + (y − y)2
(x − p)2 + y 2 = (x + p)2
x2 − 2px + p2 + y 2 = x2 + 2px + p2
y 2 = 4px
x2 = 4py
Elementos da parábola
Figura 5.35:
V : vértice
F : foco
r: (reta) diretriz
e: eixo (de simetria)
A parábola y 2 = −x é uma parábola cuja equação está na forma y 2 = 4px (Caso 1).
Comparando as equações, temos que:
1
4p = −1 =⇒ p = −
4
Vértice: V = (0, 0).
1
Foco: F = (p, 0) = − , 0 .
4
1
Reta diretriz (equação): x = −p, ou seja, x = .
4
Eixo (equação): y = 0 (eixo-x)
5.3. CÔNICAS 169
Figura 5.36:
2). Uma parábola tem vértice na origem e passa pelo ponto A = (−4, 4). Sabendo que a diretriz
dessa parábola é uma reta paralela ao eixo-x, encontre a equação dessa parábola.
Como V = (0, 0) e a reta diretriz é paralela ao eixo-x, a equação dessa parábola é da forma:
2
x = 4py (Caso 2). Sendo A um ponto da parábola, ele deve satisfazer sua equação:
Figura 5.37:
170 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
Figura 5.38:
Fazendo uma translação no sistema xOy, obtemos o sistema x0 O0 y 0 , onde O0 = (h, k).
Com relação a esse último sistema, a parábola tem vértice na origem e eixo sobre o eixo das
abscissas (eixo-x’). Estamos trabalhando, então, com o 1◦ caso de parábola estudado. Então,
em relação ao sistema x0 O0 y 0 , a equação da parábola fica da forma: (y 0 )2 = 4px0 .
Usando as fórmulas de transformação entre os sistemas:
x = x0 + h
y = y 0 + k
obtemos:
Figura 5.39:
(x − h)2 = 4p(y − k)
Observação 34. As equações encontradas nos 4 casos acima são chamadas de equações re-
duzidas da parábola.
Exemplo 79. 1). Uma parábola de equação x2 = 4p(y − k) passa pelos pontos A = (−4, 0),
e B = (8, 6). Encontre as coordenadas do vértice, foco e a equação da reta diretriz dessa
parábola.
Como A e B são pontos dessa parábola, então suas coordenadas satisfazem a equação da
curva:
(−4)2 = 4p(0 − k) =⇒ 16 = −4pk (1)
82 = 4p(6 − k) =⇒ 64 = 24p − 4pk (2)
Substituindo (1) em (2), obtemos: 64 = 24p + 16 =⇒ 24p = 48 =⇒ p = 2.
Usando que 16 = −4pk e p = 2, obtemos que k = −2.
Assim, a equação da curva fica da forma: x2 = 8(y + 2).
Vértice: V = (h, k) = (0, −2).
Usando a forma da equação da parábola (caso 4) e que p = 2 > 0, temos que a parábola
possui concavidade para cima.
172 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
Figura 5.40:
Vamos inicialmente trabalhar a equação dada até chegarmos na equação reduzida corre-
spondente.
y 2 − 6y + 4x − 11 = 0
y 2 − 6y + 9 − 9 + 4x − 11 = 0
(y 2 − 6y + 9) − 9 + 4x − 11 = 0
(y − 3)2 − 9 + 4x − 11 = 0
(y − 3)2 + 4x − 20 = 0
(y − 3)2 = −4x + 20
(y − 3)2 = −4(x − 5) (Equação reduzida de uma parábola - caso 3)
Observando a equação acima, podemos escrever:
Vértice: V = (5, 3)
4p = −4 =⇒ p = −1
Como p = −1 < 0, a concavidade da parábola estã voltada para a esquerda.
5.4. EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS 173
Figura 5.41:
x = f (t) y = g(t)
As equações acima são paramétricas para a reta dada. Poderı́amos, por exemplo, parametrizá-
las da seguinte forma: chamando x = t + 1, terı́amos:
y = −3x + 4 = −3(t + 1) + 4 = −3t − 3 + 4 = −3t + 1.
Assim:
x = t + 1
t∈R
y = −3t + 1
Figura 5.42:
Figura 5.43:
(x − x0 )2 + (y − y0 )2 = a2 , a>0
Fazemos uma translação no sistema xOy para obtermos o sistema x0 O0 y 0 , onde O0 = (x0 , y0 ).
Com relação ao novo sistema, a equação cartesiana da circunferência é:
(x0 )2 + (y 0 )2 = a2
Assim:
(
x0 = a cos t
t ∈ [0, 2π]
y 0 = a sen t
são paramétricas para a circunferência. Lembrando que:
(
x = x0 + xo
,
y = y 0 + yo
5.4. EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS 177
Ou seja:
x = x + a cos t
0
t ∈ [0, 2π]
y = y0 + a sen t
.
√ 0 6 θ 6 2π
y = −5 + 7 sen θ
Figura 5.44:
178 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
4) Sabendo que
x = 1 + 4 cos ρ
ρ ∈ [0, 2π]
y = −4 sen ρ
são equações paramétricas de uma curva plana, encontre a equação cartesiana correspondente.
Identifique a curva trabalhada.
Vamos iniciar esta parte apresentando uma parametrização para uma elipse de centro na
origem e focos sobre o eixo-x.
Figura 5.45:
x2 y 2
Dada a elipse de equação 2 + 2 = 1, tracemos uma circunferência de centro na origem
a b
e raio a. Seja P = (x, y) um ponto sobre a elipse. Agora, tracemos uma reta perpendicular
5.4. EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS 179
ao eixo-x, passando por P . Vamos chamar de A o ponto de interseção dessa reta com a
circunferência localizado no mesmo quadrante do ponto P . Vamos chamar de θ o ângulo que
o segmento OA faz com o eixo-x (lado positivo, ângulo medido no sentido anti-horário).
Chamando de A0 o ponto de intersecção do eixo-x com a reta que passa por P e A e
observando o triângulo OAA0 , podemos escrever:
| OA0 | x
cos θ = = ⇒ x = a cos θ
| OA | a
(1)
Usando a equação cartesiana da elipse e usando que x = a cos θ, temos:
y2
= sen 2 θ ⇒ y 2 = b2 sen 2 θ ⇒ y = ±b sen θ
b2
(2)
Temos que b > 0 e fazendo uma análise da figura, observamos que y e sen θ têm sempre o
mesmo sinal. Assim:
y = b sen θ
Para descrever todos os pontos da elipse, é necessário que 0 6 θ 6 2π. Notemos ainda que,
se x, y ∈ R tais que x = a cos θ e y = b sen θ, 0 6 θ 6 2π, teremos (x, y) pertencente à elipse,
pois:
(a cos θ)2 (b sen θ)2
+ =1
a2 b2
Dessa forma:
x = a cos θ
0 6 θ 6 2π
y = b sen θ
Figura 5.46:
| AA” | y
sen θ = =⇒ sen θ = =⇒ y = a sen θ.
| OA | a
x2 y 2
Como + 2 = 1, temos:
b2 a
x2 y2 x2 a2 sen 2 θ x2
= 1 − =⇒ = 1 − =⇒ = cos2 θ =⇒ x = b cos θ
b2 a2 b2 a2 b2
Vamos agora olhar os casos em que a elipse tem centro em C = (h, k) e eixos paralelos
aos eixos coordenados. Usaremos translação de eixos para encontrar parametrizações para as
elipses:
(x − h)2 (y − k)2
(1) + =1
a2 b2
(x − h)2 (y − k)2
(2) + =1
b2 a2
5.4. EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS 181
Seja o sistema x0 O0 y 0 (onde O0 (h, k)) obtido a partir de translação do sistema xOy. As
equações paramétricas para os tipos de elipse citados com relação ao sistema x0 O0 y 0 ficam
respectivamente na forma:
Essas são parametrizações para as elipses citadas acima (1) e (2) respectivamente.
x2 y 2
Exemplo 82. 1) A elipse + = 1 pode ser parametrizada da forma:
4 9
x = 2 cos θ
0 6 θ 6 2π
y = 3 sen θ
(Neste caso: a2 = 9 e b2 = 4)
(x − 3)2 (y + 1)2
2) A elipse + = 1 pode ser parametrizada da forma:
25 7
x = 3 + 5 cos θ
√ 0 6 θ 6 2π
y = −1 + 7 sen θ
(Neste caso: a2 = 25 e b2 = 7)
Temos que:
cos2 t + sen 2 t = 1.
x−2 y
Usando que: cos t = e sen t = , obtemos:
4 3
2
(x − 2)2 y 2
x−2 y 2
+ = 1 =⇒ + =1
4 3 16 9
.
Figura 5.47:
Vamos fazer uma demonstração considerando o caso b < a. O caso b > a é feito de forma
análoga.
O procedimento que dá origem ao desenho acima é o seguinte:
1. Traçar as circunferências de centro em (0, 0) e raios a e b.
2. Traçar uma semi-reta l passando pela origem. Tal reta encontra a circunferência de raio
a no ponto que vamos chamar de C. A reta l forma um ângulo θ com o lado positivo do eixo-x
(sentido anti-horário).
5.4. EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS 183
| OC | a π 3π
cos θ = = =⇒ x = a sec θ, θ 6= e θ 6=
| OD | x 2 2
Do triângulo OEB:
| BE | y π 3π
tg θ = = =⇒ y = b tg θ, θ 6= e θ 6= .
| OB | b 2 2
Notemos que, se P (x, y) pode ser obtido através do processo acima, isto é, se P satisfaz
x2 y2
x = a sec θ e y = b tg θ, então x e y satisfazem a equação 2 − 2 = 1. Logo, P pertence
a b
à hipérbole acima. Notemos ainda que as equações x = a sec θ e y = b tg θ, 0 6 θ 6 2π,
π 3π
θ 6= e θ 6= descrevem todos os pontos da hipérbole trabalhada: como sec θ assume todos
2 2
os valores no conjunto (−∞, −1] ∪ [1, +∞), temos que x = a sec θ assume todos os valores
menores ou iguais a −a e também maiores ou iguais a a. Como tg θ assume todos os valores
reais, temos que y = b tg θ assume também todos os valores reais. Logo, as equações:
(
x = a sec θ π 3π
, 0 6 θ < 2π, θ 6= e θ 6=
y = b tgθ 2 2
x2 y 2
são equações paramétricas para a hipérbole de equação cartesiana − 2 = 1.
a2 b
x = b tg θ π 3π
, 0 6 θ 6 2π, θ 6= e θ 6=
y = a sec θ 2 2
.
(x − h)2 (y − k)2
(1) − =1
a2 b2
(y − k)2 (x − h)2
(2) − = 1.
a2 b2
Usaremos translação de eixos para encontrar parametrizações para essas hipérboles. Seja
o sistema x0 O0 y 0 (onde O0 (h, k)) obtido a partir da translação do sistema xOy. As equações
paramétricas para os tipos de hipérbole citados com relação ao sistema x0 O0 y 0 ficam respecti-
vamente da forma:
π 3π
(1) x0 = a sec θ y 0 = b tg θ 0 6 θ 6 2π com θ 6= e θ 6= .
2 2
π 3π
(2) x0 = b tg θ y 0 = a sec θ 0 6 θ 6 2π com θ 6= e θ 6=
2 2
Como x0 = x − h e y 0 = y − k, podemos escrever:
x = h + a sec θ π 3π
(1) 0 6 θ 6 2π e θ 6= e θ 6=
y = k + b tg θ 2 2
x = h + b tg θ π 3π
(2) 0 6 θ 6 2π e θ 6= e θ 6=
y = k + a sec θ 2 2
As equações (1) e (2) acima são parametrizações para as hipérboles (1) e (2), respectiva-
mente.
x2 y2
Exemplo 83. 1) A hipérbole de equação cartesiana − = 1 pode ser parametrizada da
4 8
seguinte forma:
x = 2 sec θ π 3π
√ 0 6 θ 6 2π e θ 6= e θ 6=
y = 2 2 tg θ 2 2
√
Aqui, a = 2 e b = 2 2.
(y − 2)2 (x + 1)2
2) A hipérbole de equação cartesiana − = 1 pode ser parametrizada da
9 7
seguinte forma:
x = −1 + √7 tg θ
π 3π
0 6 θ 6 2π e θ 6= e θ 6=
y = 2 + 3 sec θ 2 2
5.4. EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS 185
√
Neste caso, o centro é C = (−1, 2), a = 3 e b = 7.
(x − 3)2
Usando que 1 + tg 2 t = sec2 t, podemos escrever: 1 + (y − 2)2 = . Ou seja:
52
(x − 3)2
− (y − 2)2 = 1.
25
As equações paramétricas dadas representam a hipérbole que tem como equação cartesiana
a equação encontrada acima.
x2 y 2
4) Encontre uma parametrização para a parte da hipérbole − = 1, onde x > 2.
4 16
Figura 5.48:
2 2 2 2
2
1
2
x y x y y y 2
− =1⇒ =1+ ⇒ x2 = 4 1 + ⇒ x = ±2 1 +
4 16 4 16 16 16
Observando o esboço da hipérbole, notamos que a parte da hipérbole em que x > 2 é
exatamente seu ”ramo de direita”. Assim, neste caso:
r
y2
x=2 1+
16
186 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
Chamando y = t, temos:
r
2
x = 2 1 + t
16 t∈R
y = t
Um sistema de coordenadas no plano é utilizado para localizar qualquer ponto nesse plano.
O sistema de coordenadas polares é constituı́do de um ponto fixo e uma semi-reta orientada
que passa pelo ponto fixo citado.
Figura 5.50:
5.5. COORDENADAS POLARES 187
1) Se θ for medido no senti anti-horário, temos θ > 0. Caso contrário, ou seja, se θ for medido
no sentido horário, teremos θ < 0.
3) As coordenadas polares de um ponto não são únicas. Por exemplo, se (r, θ) representa um
ponto P , o mesmo poderá ser representado por: (r, θ + 2π), (r, θ + 4π), etc.
(r, θ) = (| r |, θ + π).
Figura 5.51:
Figura 5.52:
Observação 35. O ponto A do exemplo anterior poderia ser representado também das seguintes
formas (dentre outras):
9π 7π 5π
A = 2, , A = 2, − , A = −2,
4 4 4
Figura 5.53:
x
cos θ = =⇒ x = r cos θ
r
y
sen θ = =⇒ y = r sen θ
r
x2 + y 2 = r 2
y
tg θ = se x 6= 0
x
.
Observação 36. Na figura, consideramos r > 0 e 0 < θ < π2 . Demonstração análoga pode ser
feita para o caso em que r < 0, θ > π2 ou θ < 0. As relações serão as mesmas.
Exemplo 85. 1) Encontrar coordenadas polares para o ponto A que tem como coordenadas
√
cartesianas: A = ( 3, −1).
Temos:
√
r 2 = x2 + y 2 ⇒ r2 = ( 3)2 + (−1)2 ⇒ r2 = 4 ⇒ r = ±2
√ √
y 1 3 3 5π
tg θ = ⇒ tg θ = − √ × √ = − ⇒ θ= + kπ onde k∈R
x 3 3 3 6
Figura 5.54:
190 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
Neste caso (observando a figura acima), coordenadas polares para o ponto A poderiam ser
(dentre outras).
11π 5π
A = 2, , A = −2,
6 6
2)
Encontrar
as coordenadas cartesianas do ponto B cujas coordenadas polares são: B =
7π
4, .
6
√ !
√
7π 3
x = r cos θ ⇒ x = 4 cos =4 − = −2 3
6 2
7π 1
y = r sen θ ⇒ y = 4 sen =4 − = −2
6 2
√
Logo, as coordenadas cartesianas de B são B = (−2 3, −2)
3)
Encontrar
as coordenadas cartesianas do ponto C cujas coordenadas polares são: C =
7π
−4,
6
Temos:
√ !
√
7π 3
x = r cos θ ⇒ x = −4 cos = −4 − =2 3
6 2
7π 1
y = r sen θ ⇒ y = −4 sen = −4 − =2
6 2
√
Logo, as coordenadas cartesianas de C são C = (2 3, 2).
a) x2 + y 2 = 4
Como x2 + y 2 = r2 , podemos escrever: r2 = 4. Notemos que r = 2 e r = −2 representam
a mesma curva: uma circunferência de raio 2 e centro no polo. Assim, podemos dar como
resposta qualquer uma das duas equações.
b) x = 4
Como x = r cos θ, podemos reescrever a equação acima da forma:
r cos θ = 4
5.5. COORDENADAS POLARES 191
c) x2 + y 2 − 2x = 0
Usando que x2 + y 2 = r2 e que x = r cos θ, podemos escrever:
Se r = 0, o ponto descrito é o polo (que, no nosso caso, coincide com a origem do sistema
de coordenadas cartesianas).
π
Notemos que o ponto de coordenadas polares 0, satisfaz a equação r = 2 cos θ. Esse
2
ponto é exatamente o polo ! Assim, quando passamos a trabalhar com a equação r = 2 cos θ
não excluı́mos o polo. Logo, a equação em coordenadas polares é a seguinte:
r = 2 cos θ
a) r = 4 sen θ
Vamos multiplicar os dois lados da equação por r:
r2 = 4r sen θ
x2 + y 2 = 4y
2
b) r =
1 − cos θ
2
r= ⇒ r(1 − cos θ) = 2 ⇒ r − r cos θ = 2 ⇒ r = 2 + r cos θ
1 − cos θ
Usando que x = r cos θ, podemos escrever: r = 2 + x Elevando ambos os membros ao
quadrado e usando que r2 = x2 + y 2 , obtemos:
r2 = (2 + x)2 ⇒ x2 + y 2 = (2 + x)2 ⇒ x2 + y 2 = 4 + 4x + x2 ⇒ y 2 = 4 + 4x ⇒
⇒ y 2 = 4(x + 1)
A equação cartesiana correspondente é y 2 = 4(x + 1) e representa uma parábola.
192 CAPÍTULO 5. CÔNICAS E COORDENADAS POLARES
6
c) r =
3 + sen θ
Temos:
6
r= ⇒ r(3 + sen θ) = 6 ⇒ 3r + r sen θ = 6
3 + sen θ
Usando que r sen θ = y, temos:
3r + r sen θ = 6 ⇒ 3r + y = 6 ⇒ 3r = 6 − y
Elevando ambos os membros ao quadrado e usando que r2 = x2 + y 2 , obtemos:
(3r)2 = (6 − y)2 ⇒ 9r2 = 36 − 12y + y 2 9(x2 + y 2 ) = 36 −
⇒ 12y + y 2 ⇒
12
9x2 + 9y 2 = 36 − 12y + y 2 ⇒ 9x2 + 8y 2 + 12y = 36 ⇒ 9x2 + 8 y 2 + y =
" # 8
2
3 9 9 3 9
36 ⇒ 9x2 + 8 y 2 + y + − = 36 ⇒ 9x2 + 8 y + − = 36 ⇒
2 16 16 4 16
2 2
3 9 3 81
9x2 + 8 y + − = 36 ⇒ 9x2 + 8 y + =
4 2 4 2
A equação representa uma elipse.
d) r cos θ = −5
Usando que r cos θ = x, temos:
r cos θ = −5 ⇒ x = −5.
A equação representa uma reta.
Figura 5.55:
Figura 5.56:
| CP |2 =| OC |2 + | OP |2 −2 | OC || OP | cos θ
a2 = a2 + r2 − 2ar cos θ
r2 − 2ar cos θ = 0
r(r − 2a cos θ) = 0 ⇒ r = 0 ou r = 2a cos θ
π
Basta pensarmos que as coordenadas polares 0, representam o polo e satisfazem a referida
2
equação. Logo, a circunferência deste caso tem equação:
r = 2a cos θ
Figura 5.57:
r = −2a cos θ
3π
4) Circunferência de raio a > 0 e centro em C = a, (em coordenadas polares)
2
Figura 5.58:
2 2 2 3π
| CP | =| OP | + | OC | −2 | OP || OC | cos −θ
2
2 2 2 cos 3π 3π
a = r + a − 2ra cos θ + sen sen θ
2 2
0 = r2 − 2ar(− sen θ)
r2 + 2ar sen θ = 0
r(r + 2a sen θ) = 0 ⇒ r = 0 ou r + 2a sen θ = 0
Se r = 0, o ponto descrito é o polo. Notemos que o polo também é contemplado na
equação r = −2a sen θ. Basta usarmos as coordenadas polares (0, 0) para representar o pólo
((0, 0) satisfaz a equação r = −2a sen θ). Logo, a equação da circunferência deste caso é:
r = 2a sen θ
π
5) Circunferência de raio a > 0 e centro em C = a, (em coordenadas polares).
2
Figura 5.59:
[1] Lehmann, Charles H., Geometria Analı́tica, Editora Globo, Porto Alegre.
[2] Santos, Reginaldo J., Matrizes, vetores e geometria analı́tica, Imprensa Universitária
da UFMG, Belo Horizonte.
[3] Winterle, Paulo, Vetores e Geometria Analı́tica, Editora Pearson, São Paulo.
197