Fichamento Metodologia.
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FICHA - RESUMO
dos estudos das ciências sociais. Já no século XIX, com o positivismo, o estudo das ciências
sociais foi sedimentado. No século XIX, surgiram duas correntes de pensamento a respeito do
modelo mecanicista: a primeira corrente consistia em aplicar os métodos já utilizados nas
ciências naturais para as ciências sociais; já a segunda, era uma corrente que buscava uma
epistemologia própria, ou seja, métodos próprios para o estudo das ciências sociais.
Ambas as correntes têm visões diferentes, entretanto, como afirma Santos, nas duas
torna-se possível verificar a reivindicação do conhecimento científico-social. O autor, então
apresenta duas vertentes a respeito do assunto, apresentadas nos próximos parágrafos.
A primeira vertente tem a missão infalível de utilizar uma epistemologia que o autor
chama de “física social’’, ou seja, os preceitos utilizados no campo do estudo da natureza são
incorporados para os estudos sociais pois o campo do saber que utiliza-se dos métodos adotados
pela ciência moderna são, para seus defensores, inquestionáveis e universais.
No início da obra o autor afirma que as características qualitativas são ignoradas, por
sua vez, retoma essa ideia e afirma que não há diferenças qualitativas entre o processo de estudo
no campo social e das ciências naturais. Durkheim, fundador da sociologia acadêmica e
defensor da ideia cientifico-social, afirmava que para o estudo da sociedade se faz necessário
reduzir os fatos sobre as suas dimensões externas, ou seja: ao invés de se explicar as causas do
suicídio por seus motivos, explica-se através da verificação de regularidade, como o sexo, idade
e religião desses suicidas.
Existem alguns obstáculos a se considerar ao compartilhar critérios das ciências
naturais, como afirma o autor, porém, esses obstáculos não são insuperáveis, afirma Santos.
Ernest Nagel, apresenta alguns obstáculos e inicia um apontamento para a superação dos
mesmos. Entre alguns obstáculos apresentados por Nagel, são eles: que as ciências sociais não
dispõem de uma forma metodológica as teorias explicativas, de modo a buscar nelas a prova
concreta; que as ciências sociais não podem ciar leis universais e únicas; que as ciências sociais
não podem realizar previsões concretas; que os fenômenos utilizados pelas ciências sociais são
de ordem subjetivas; que as ciências sociais não são objetivas, visto que, o cientista social, ao
observar tais fenômenos, não pode libertar-se da observação dos valores.
Diante disso, Nagel ainda afirma que a busca para a superação de tais obstáculos nem
sempre é fácil, podendo alguns fatos serem superados ou negligenciados e, salienta ainda que,
esses fatos são o principal atraso das ciências sociais, podendo haver por esse atraso a redução
ou eliminação dessa ciência. Thomas Kunh, em sua teoria das revoluções cientificas, afirma
que as ciências sociais são tidas, ainda, por seu caráter pré-paradigmático ao passo que, as
ciências naturais são tidas como paradigmáticas. Concluímos que o fato de as ciências sociais
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ainda não terem estabelecido um conjunto de teorias das quais sejam aceitas sem grandes
debates pela comunidade científica, apresenta-se como um obstáculo à sua permanência, como
ocorre com as ciências naturais.
A segunda vertente reivindica uma epistemologia e metodologia que são próprias para
o estudo das ciências sociais, contradizendo os defensores dessa corrente que afirmam que não
há como superar os obstáculos entre as ciências naturais e sociais, do modo como colocado por
Nagel na primeira vertente.
A principal argumentação para a criação de uma epistemologia e metodologia nos
estudos sociais gira em torno da subjetividade do comportamento humano. Diferentemente das
ciências naturais em que tais fenômenos são descritos e explicados, nos estudos sociais isso não
se faz possível, ou seja, as ciências sociais além de serem subjetivas também deve-se
compreender os fenômenos por ela estudados tão somente a partir de atitudes mentais e, com
isso, utilizar-se de métodos de investigação e epistemológicos diferentes dos quais dispõem as
ciências naturais.
Por fim, salienta-se ainda que a segunda vertente, mesmo apresentando ideias
antipositivistas, ainda subsidiaria o modelo de racionalidade das ciências naturais, ou seja, essa
ideia de ciência social tem algo em comum com a última a distinção do ser humano e da
natureza, trabalhado no século XVI. Ambas as correntes, afirma Santos, são concepções da
ciência moderna, ainda que a segunda represente um sinal de crise e transição para outro
paradigma.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
capítulo inteiro é o modo pelo qual esses defensores da ciência moderna colocam a
epistemologia do pensamento moderno como um saber primário, ou seja, todos as formas de
conhecimentos que surgiram antes do século XVI, para esses precursores da racionalidade
cientifica, são formas de conhecimento não válidas. Um dos possíveis motivos para tais fatos
deve-se à inquietação causada no final da Idade Média, com o surgimento de um movimento
coletivo entre pensadores em busca de uma única verdade.
Um exemplo clássico da busca pela verdade única e a rejeição do conhecimento até
então presente, é apresentado na obra Meditações Metafísicas de René Descartes onde, já na
primeira meditação, o autor afirma que irá se desprender de todas as crenças e falsas opiniões
que recebeu ao longo de sua vida. Um fato marcante na obra de Descartes é que, mesmo o autor
vivendo em um período de inquietação mútua e afirmações cada vez mais marcantes da física
e da matemática, ele põe em dúvida até a matemática, área do conhecimento que Boaventura
nos traz como única e universal para os estudos naturais e, depois, sociais.
Santos, não tem o propósito de tão somente expor o paradigma dominante e criticar o
rigor das ciências naturais que, por vez, é levado para as ciências sociais. O que o autor busca
é uma democratização do conhecimento científico, ou seja, nenhuma forma de conhecimento
científico deve ser rejeitada, incluindo até o senso comum que os defensores do racionalismo
científico rejeitavam.
REFERÊNCIAS FINAIS
26/07/2020
Éllenton Freitas de Oliveira