DB 157
DB 157
DB 157
DRAGAO
BRASIL
ANO 16 • EDIÇÃO
DICAS DE MESTRE
ESTRANHOS E MARAVILHOSOS
CAVERNA DO SABER
EQUILIBRANDO DESAFIOS
RESENHAS
THE LAST OF US 2 • DUNA
OS ÚLTIMOS D
E MERCENÁRIOS TESOUROS ANCESTRAIS CONTO
ortuna para Tormenta20 O velho oeste na cidade de Cross A Pata do Sasquatch
O
157
Os zumbis de
DE NÓS
The Last of Us para
3D&T, Savage
Worlds e Mutantes
& Malfeitores
~
CHEFE DE FASE TOOLBOX
Mithanar, um elfo filho da... Crises e emergências dos mestres Sobreviva no mund
DRAGAO
BRASIL
DICAS DE MESTRE
ESTRANHOS E MARAVILHOSOS
CAVERNA DO SABER
EQUILIBRANDO DESAFIOS
RESENHAS
THE LAST OF US 2 • DUNA
BANDOS DE MER
THE LAST OF US TESOUROS ANCESTRAIS CONTO
do dos zumbis de fungo O velho oeste na cidade de Cross A Pata do Sasquatch
O
Soldados
em busca de
RCENÁRIOS
dinheiro contra
os heróis em
Tormenta20
EDITORIAL
INÍCIOS
~
DRAGAO
BRASIL
Esta edição marca um momento muito importante: é a última
antes do lançamento oficial de Tormenta20.
www.jamboeditora.com.br
Claro, as circunstâncias infelizes que o mundo — e talvez até com mais
Editor-Chefe
ênfase, o nosso país — atravessa farão com que o lançamento da versão física
Guilherme Dei Svaldi
não seja simultânea, mas a versão digital de Tormenta20 estará nas mãos dos
Editor-Executivo
leitores, fãs e apoiadores muito em breve.
J.M. Trevisan
Será o fim de uma jornada que começou não há um ano, mas há mais que Colunistas
isso. Quando o projeto surgiu, formatado, numa reunião de marketing entre Marcelo “Paladino” Cassaro, Rogerio
o quinteto e a Karen Soarele, super profissional, no quartel-general recém “Katabrok” Saladino, Leonel Caldela,
Guilherme Dei Svaldi
reformado da Jambô Editora. Quando o Guilherme me contou a ideia pela
primeira vez e ouviu um “Você tá maluco” vindo de mim, do lado de fora da Colaboradores
Textos: Clarice França, Davide Di
loja NERDZ. Quando me mudei para Porto Alegre, apostando numa nova vida
Benedetto, Glauco Lessa, Guilherme
com a Camila Gamino, mas também solidificando minha vida profissional Dei Svaldi, João Paulo “Moreau
e praticamente entregando a alma para a Tormenta quando disse para o Gui, do Bode” Pereira, Leonel Caldela,
“Este é meu último emprego”. Quando fechamos contrato com a Jambô, depois Marcelo Cassaro, Marlon Teske,
Rafael Dei Svaldi, Rogerio Saladino,
de ouvirmos de terceiros que ninguém gostava de Tormenta ou da Dragão, e Thiago Rosa
que o que fazíamos não tinha mais espaço. Quando resolvemos apostar no
Arte: Leonel Domingos, Marcelo
recém aberto Sistema D20 para adaptar nosso cenário. Quando sentamos eu, Cassaro, Ricardo Mango, Samuel
Rogerio e Cassaro, para juntar um monte de matérias desconexas em algo Marcelino, Sandro Zambi
coerente, divertido, único. Fundos de tela: Ricardo Mango e
Tormenta20 é o fim de uma série de jornadas. Acredito que cada pessoa Samuel Marcelino
envolvida em seu processo é capaz de traçar sem muito problema uma linha Edição do podcast: Adonias L.
parecida com a minha. De dedicação ao RPG, de dificuldades, mas o dobro Marques
de conquistas e ocasiões felizes. Tudo o que fizemos nestes agora 21 anos, Diagramação
culmina em Tormenta20. J. M. Trevisan
A CAPA
Mercenários mal encarados,
prontos para dar trabalho
para seus jogadores, estre-
lam a capa deste mês. A ma-
téria é do ilustre mestre mal-
vado Rafael de Svaldi, e
coube ao sempre competente
Ricardo Mango dar vida a
estes rufiões!
Notícias do Bardo Um ciclo se fecha... e outro se inicia!
Sacerdote de Aharadak:
esperando para mostrar
seu poder aos personagens
jogadores!
do Ragnarok
ferramenta pedagógica, os jogadores furioso para o Brasil logo após o lança-
são desbravadores e exploradores que mento da Edição Aventura de Savage
enfrentam o “mal desconhecido”, uma Entre as muitas bizarrices da Segun- Worlds.
energia maligna que fomenta violência da Guerra Mundial está o uso de mitos
no Brasil contemporâneo. A forma de e símbolos nórdicos como ferramenta
derrotar esse mal é desvendar o folclore de propaganda nazista. Isso influenciou A seção Notícias do Bardo é feita
brasileiro e se aventurar por lugares inclusive jornalistas da época, que traça- pela equipe do RPG Notícias.
esquecidos. ram paralelos entre a ascensão do Reich Clique abaixo e visite o site deles!
Triunfo foi financiado coletivamente e o Ragnarok, o crepúsculo dos deuses,
pelo Catarse, mas agora que o projeto a lenda nórdica do fim dos tempos.
foi concluído, seu kit inicial pode ser ad- Ken Hite (Vampiro: a Máscara
quirido gratuitamente no site oficial. Quinta Edição, Delta Green) decidiu en-
Já Bravos Heróis é um RPG minima- carar isso literalmente. Em seu cenário
lista lançado pelo povo do Mundos Co- The Day After Ragnarok as pretensões
5
PERGAMINHOS DOS LEITORES
Saudações atormentadas, estimados primeiros que criamos. Aí veio a ideia: “E dar significado a elas. E por enquanto não
apoiadores da Dragão Brasil! Tormenta20 se recriássemos nossos personagens para vejo como. Vocês podem me ajudar?
está entre nós! (Ou estará em alguns dias, Tormenta20?” Logo todo o grupo ficou 3) Por fim, ainda falando de questões
sei lá.) Vamos já oficializar que os Perga- eufórico. Mas começamos a esbarrar em regionais, outro personagem era um mago
minhos dos Leitores agora só respondem algumas questões. Meu grupo gosta de (é, todo o grupo adora magia) de Collen
sobre regras de T20 — porque vocês personagens exóticos, e logo ficamos com (pois o jogador se inspirou em um clã da
perguntam só isso mesmo! Então vamos muitas dúvidas sobre como recriar esses
história de certo ninja que se veste de
seguir, sem demora, porque... personagens. Então, vamos lá:
laranja), então ele tinha olhos mágicos.
— PALADINO!! Cria vergonha! 1) Uma das minhas jogadoras havia Como eu disse, sei que é cedo para isso,
— Hã, Paladina. Qual parte de “sem criado uma guerreira mágica, melhor mas há possibilidade de poderes regionais
demora” você não entendeu? Tem muita estilo anime. Uma personagem que usava no futuro? Ou posso usar os talentos anti-
carta aqui e... armadura e magia graças à classe de pres- gos como poderes para Tormenta20?
tigio Guerreiro Mágico. Ok, ok, sei que é
— Eu SEI o que você está aprontando! Ufa! É só, hehehe! Desculpe pelo ta-
muito cedo ainda pra falar em classes de
Estou vendo aqui suas fichas de persona- manho do texto, e se poderem me ajudar,
prestígio. Na verdade, as classes ficaram
gem no Roll20! desde já agradeço. E mais uma vez, PARA-
tão versáteis que nem sei se consigo ver
— N-não é o que está pensando... um futuro para uma classe assim. A ques- BÉNS PELA REVISTA!
tão de lutar tudo bem, pois como humana Hassan Al-Babhki,
Conversão de ela poderia pegar Luta como pericia extra,
o problema é a armadura com magias.
Mestre da Guilda Magia e Aço
6
2) Por agora, a única solução possível Quer ver sua mensagem aqui? Escreva para
é puramente cosmética: ser um arcanista [email protected] com o assunto
feiticeiro com tatuagens que brilham ao
lançar magias. Seu amigo terá que aguar- “Pergaminhos dos Leitores” ou “Lendas Lendárias”!
dar um pouco mais até que esses talentos
sejam atualizados.
3) Como citado nas Dicas de Mestre Inventos, Estilos funcionam em conjunto com outros?
3) Empunhadura Poderosa em cria-
e o Osteon Druida
desta edição, talentos regionais devem ser
substituídos no futuro por novas origens. turas Pequenas ou Grandes funciona de
No entanto, até que uma solução oficial Saudações paladino e paladina, guardi- que maneira? Eles poderiam usar armas
apareça (ou até depois disso), você é livre ões do conhecimento, da realidade e tudo aumentadas/gigantes sem penalidade?
para converter antigos talentos em poderes mais. Em meio a minhas andanças por Arton 4) Como Forma Selvagem interage com
gerais, que qualquer classe possa adquirir. e agora por Odisseia, compilo dúvidas de habilidades inerentes da raça do indivíduo?
Apenas preste atenção a inconsistências aventureiros referentes ao funcionamento Um osteon druida ainda teria redução de
nas regras. Por exemplo, o antigo talento da economia em Arton, e como poderes de dano? Um lefou druida ainda se beneficia
Olhos Especiais pode oferecer o mesmo alguns heróis se manifestam. de Corpo Aberrante?
efeito de ver o invisível — mas essa magia
1) O preço de fabricação de itens por Hoenheinn Mitternach, Paladino de
não existe mais. Em T20, esse efeito agora é
Ofício normalmente é 1/3 do valor original Valkaria se preparando para sair no
um aprimoramento da magia Visão Mística.
do item. Entretanto, quando se trata de braço com a própria Valkaria
(Hassan, você parece entender muito itens superiores, como é calculado esse
de regras. Viu algum combo que gostaria valor? Se comprar uma espada bastarda Saudações, aventureiro sedento por
de dividir comigo? Porque a Paladina vai de um inventor, ela custaria 135 T$ (35 da comb... aham, por conhecimento! Seguem
mestrar semana que vem e...) espada bastarda e 100 da modificação), as clarificações solicitadas.
— PALADINO! Você está mandando DM ou custaria 335 T$ (multiplicando por três 1) Em primeiro lugar, um aviso: invento-
para o leitor? Para perguntar de combo? o valor de fabricação)? E materiais espe- res não são apenas um meio esperto para
— Afe, não sei onde você arruma essas ciais, têm seu preço multiplicado? que outros personagens peguem itens me-
ideias! 2) Haverá clarificação de quais estilos lhores. Um inventor não é um ferreiro NPC
Paladina: Como é, começou Paladina: Claro que pode, Paladina: COMO ASSIM QUANTOS?!!
a fazer seu personagem? seu besta! É raça jogável!
Paladino: Pode esqueleto? Paladino: Oba! Quantos?
7
qualquer, que coloca suas peças à venda
na lojinha da cidade — seus inventos são
armas como personagens Pequenos (ou
seja, armas normais), mas na prática não
Atualidades de Arton
especiais, fruto de talento e anos de dedica- tem serventia para personagens Pequenos. Olá pessoal! Sou leitor assíduo da Dra-
ção, reservados para uso próprio ou amigos gão Brasil desde os primórdios, acompa-
4) Para raças humanoides, a Forma
seletos. Assim, os custos mencionados em nhei toda a evolução do trabalho de vocês,
Selvagem realmente o transforma em um
suas regras são para a fabricação de itens, bem como a criação do mundo de Arton e
animal quase idêntico a um espécime
não para a venda. Um inventor que por do universo de Tormenta.
normal, perdendo habilidades raciais que
algum motivo decida vender suas peças vai Há muito tempo não jogo RPG, mas
dependem de sua forma original (por isso
cobrar muito, muito mais. sempre curti ler o material de vocês. Com
outras criaturas precisam de um teste de
Isto posto, caso os personagens encon- Percepção para notar a diferença). Raças o fim da revista impressa, acabei perdendo
trem um inventor disposto a vender suas que pertencem a outros tipos de criatura, um pouco o contato com este mundo, re-
criações, irão pagar por elas o preço de tomando com muita alegria com o retorno
como lefou, osteon e golem, a regra é
mercado comum — ou seja, três vezes o triunfal de vocês com a edição digital, da
diferente: a Forma Animal será aberrante,
custo. No seu exemplo, T$ 335. qual sou apoiador desde o começo.
esquelética ou mecânica, dispensando o
2) Nenhum estilo funciona com ne- teste de Percepção e também preservando Contudo, me sinto perdido e curioso
nhum outro. Estilos de combate não se suas habilidades raciais físicas. Assim, o com as mudanças que aconteceram no
acumulam. Um personagem pode ter osteon ainda teria redução de dano, e o cenário. Comprei a trilogia do Caldela, a
dois ou mais estilos, mas deve escolher e lefou ainda teria Corpo Aberrante. qual estou começando a ler no momento.
anunciar qual deles estará usando em cada Gostaria, se possível, que pudessem
(Cá entre nós, Hoenheinn, essa sua
rodada. A única exceção é o antigo Estilo fazer uma matéria sobre como ler, crono-
ideia de comprar invento é ótima, vamos
Encouraçado, que na verdade deixou de logicamente, todas as mudanças que ocor-
ver se o mestre autoriza antes de ler aqui...)
ser um estilo — e por isso agora pode ser reram no cenário, pois gostaria de estar
combinado com qualquer estilo. — PALADINO! Estou vendo um monte mais inteirado do assunto. Quais revistas,
3) O poder Empunhadora Poderosa de itens modificados aqui na sua ficha de livros, materiais devo ler, e em qual ordem,
permite que você use armas como se fosse personagem que NÃO É inventor! para entender tudo o que rolou no cenário?
uma categoria de tamanho maior. Isso per- — E-eu ainda tenho que corrigir uns Acredito que, como eu, talvez muitos se
mite que personagens Minúsculos usem errinhos! sintam desorientados quanto a isso tudo.
Paladina: Afe, que demora! Paladino: Não tenho Paladina: ...que souber usar!
Paladino: Quase acabando, dinheiro para comprar arma!
só falta equipamento. Paladina: Não precisa, tonto!
Seu personagem já
começa com as armas...
8
LENDAS LENDÁRIAS LENDAS
Desde a troca de liderança no Panteão, Dito isso, preciso agora ouvir o cha-
para Tauron (ele ainda é o atual líder?), o mado de Allihanna e Tanna-Toh em meu
exército de Yuden, a ascensão do Deus coração e educá-los nos conhecimentos
Arsenal, e por aí vai! da natureza! Vocês disseram em resposta
LENDÁRIAS
Mateus Guida a um dos pergaminhos na DB 156 que
gorilas não poderiam empunhar armas
Desculpe Mateus, mas sua pergunta pois não possuem polegar opositor, o que
não é sobre regras e combos, então não não é verdade! Assim como todos os de-
me interessa... mais hominídeos (como o chimpanzé e o Dia de Savage Worlds, os jogadores
— PALADINO! VOCÊ QUER PASSEAR próprio homem), eles possuem sim belos criavam seus personagens. O mestre
DE AMBULÂNCIA?! polegares opositores e são capazes de lia a lista de desvantagens.
segurar ferramentas. (O que, é claro, não
Cof, cof, aham, como eu dizia, sua quer dizer que eles poderiam empunhar Mestre: “São estas: Covarde, Feio,
pergunta é muito importante e relevante! armas de maneira eficiente)! Desastrado, Burro, Manco...”
Talvez tenhamos um artigo para Peço perdão pela picuinha, mas foi Um dos jogadores cutuca o amigo
desvendar o assunto em detalhe, mas po- mais forte que eu! Desejo melhores rola- do lado e comenta:
demos dar algumas dicas agora mesmo. gens nos testes futuros de Conhecimento! “Ih! Olha só, cara! Não é que o
A Trilogia Tormenta é um ótimo começo. Abraços felpudos. mestre tá te descrevendo inteiro?!”
Depois pule para Crônicas da Tormenta,
embora não seja essencial. Em seguida
Carlos “Grande Castor” Gonçalves, Sessão pausada para as risadas.
você pode escolher entre A Flecha de mestre de TRPG, Tormenta20 e Jefferson Tadeu Frias
Fogo ou A Joia da Alma, em qualquer Império de Jade, além de Biólogo
ordem, pois são independentes. A Deusa quando não está logado no Roll20 ••••••
no Labirinto é uma continuação indireta de Ora, Grande Castor, você só pode Por motivo já esquecido, a sirene
A Joia da Alma, deixe para o final. Por fim, estar falando do gorila comum mundano, Selphie e a sulfure Namiele come-
atualize-se com o livro básico Tormenta20 não do gorila artoniano, cujos polegares çaram a discutir. Enquanto ambas
(ou leia este antes, mesmo, caso não se opositores foram roubados no passado preparavam-se para se engalfinhar (e
importe com spoilers). remoto pelo deus... discutiam se uma conseguia deixar a
Ah, e se gostar de mangá, leia Holy — Quieto, Paladino!! Que marmota outra desprevenida ou aplicar alguma
Avenger e Ledd antes de tudo isso. gem é essa agora? Deixa ver sua ficha de outra condição), Grimbridge se posta
druida outra vez... “Forma Selvagem gorila frente às duas, usando toda a autori-
9
RESENHAS
THE LAST OF US 2
“Me transformar no quê? Não acredito em dinossauros”
Eu não sei exatamente muito parecido com As Novas
o que esperava quando Aventuras Fantásticas de Joel
comecei a jogar The Last e Ellie; ou tentar dar um passo
além. Arriscar. Atacar mesmo
of Us. Eu já conhecia o
não precisando. Mesmo com
trabalho da desenvolve- a chance de parte da torcida
dora Naughty Dog e ado- se voltar contra o próprio time.
rava as aventuras india- Obviamente, a Naughty
najonesísticas de Nathan Dog aproveitou sua posição
Drake — o assassino em de máquina de fazer dinheiro
série mais carismático do entre as associadas da Sony
mundo — em Uncharted, e escolheu a segunda opção.
mas fora a qualidade téc- Acertadamente. Como li por
nica, era tudo uma tela aí, The Last of Us 2 não é o
jogo que os fãs esperavam. E
em branco.
você pode entender isso como
Porque essa é a grande má- um elogio ou não.
gica de ver surgir uma nova fran-
O jogo se passa algum
quia, certo? Não há expectativas,
tempo depois do primeiro.
padrões, fãs esperando ver suas
Ellie tem 19 anos, tem amigos,
fanfics tornadas realidade. Há só
um romance florescendo e
a espera por algo novo e legal.
sua relação com Joel parece
No fim, o que eu vi foi um estremecida por algum moti-
jogo que elevou sim o nível de vo. Ambos vivem em Jackson,
narrativa, trouxe à tona questões uma cidade autosuficiente no
sobre a ética e a moral em um meio do caos. Um oásis no
mundo em que a maior parte da apocalipse. Sim, é preciso fa-
população se transformou em Agora, sete anos depois, a situação zer rondas e proteger os arre-
zumbis com fungos na cara, e entregou obviamente é diferente — e me perdoem dores, mas é o que há de mais próximo
um final que — convenhamos — colo- por não manter meu voto de evitar de uma vida normal no mundo de jogo.
ca Joel, o homem que perdeu a filha spoilers. Estejam avisados. Não por muito tempo, claro.
e guiou a jovem Ellie por uma viagem The Last of Us 2 foi produzido e lança- É provavelmente o spoiler mais mal
cheia de horrores através dos Estados do com as vantagens, e acima de tudo, guardado da história a essa altura mas,
Unidos, como um homem de decisões com o peso do sucesso anterior sobre as aproveite a pausa para avançar para
no mínimo ambíguas. costas. Numa ocasião assim, produtores outra matéria se quiser, Joel morre.
E por mim, ok. O fim de The Last de conteúdo têm duas opções: “jogar Pior que isso, Joel morre executado,
of Us, somado a uma série de coisas com o regulamento debaixo do braço”, sem chance de reagir. Ainda pior: Joel
pequenas, torna o jogo mais sofistica- como se diz no futebol quando um time morre espancado por uma personagem
do que, por exemplo, a própria série tem uma situação confortável e a van- nova que não só surge “do nada”, como
Uncharted. tagem do empate, e aí teríamos algo havia sido controlada pelo jogador
10
RESENHAS
instantes antes. É muita coisa
para assimilar. E muita gente “Quando eu vim
não quis nem tentar. pra cá, era tudo mato”
Fiz questão de assistir a
alguns videos de fãs que se
revoltaram. Um deles, lem-
bro, disse que era ok que Joel
morresse, mas não “daquele
jeito. Não como um rato”. En-
tedível: Joel passa o primeiro
jogo inteiro superando todo e
qualquer obstáculo a frente,
e quando o próprio resultado
final da jornada não lhe agra-
da, o personagem o toma nas
mãos e faz com que o mundo
funcione do seu jeito. A tela
escurece, sobem os créditos.
Fim. Exceto que não é o fim.
The Last of Us 2 só faz
sentido se você o analisar evitar inimigos, pegar munição e su- pensados. Em minhas andanças, achei,
como — surpresa — uma continuação primentos o tempo todo, melhor ficar por exemplo, um PS3 empoeirado e
imediatamente direta do primeiro game. longe, porque esse continua sendo o uma mesa de RPG com miniaturas.
O que acontece com Joel é a consequên- centro de tudo. A qualidade, porém, faz
cia do que o personagem fez lá atrás. Sobre críticas... me parecia que
com que valha muito a pena. A evolu- 30 horas era tempo demais, mas me
Ou mellhor dizendo, consequência dire- ção tecnológica tornou a experiência
ta do que VOCÊ fez. Afinal, era na sua convenci assistindo uma entrevista com
de circular estaladores e outras criaturas Troy Baker (o Joel) que, de fato, a lon-
mão que o controle estava. Você torceu ainda mais enervante.
por ele. E talvez por isso toda a raiva. ga duração sem encheção de linguiça
A violência às vezes pode parecer era necessária: quando o game chega
A prova da profundidade de The Last gráfica demais quando os inimigos são em seu ápice você está tão exausto e es-
of Us 2 é que tudo isso que eu disse se outros humanos, mas para que a trama gotado quanto os personagens na tela.
resume a, sei lá, duas horas de um jogo e o tema da vingança a qualquer custo E isso faz diferença. Mas ninguém vai
que me consumiu trinta? funcione, era preciso que o jogador me convencer que um certo boss, que
É claro que Ellie decide partir em sentisse cada morte, seja no grito deses- parece ter saído de algum Resident Evil,
busca de vingança — acompanhada perado dos outros adversários, seja na precisava ter o nível de dificuldade que
da adorável e foda pra caralho Dina, expressão retorcida da vítima a cada tem. Você vai saber quando chegar lá.
e é ai que o jogo começa de verdade. ataque. A sensação de insegurança é
E se você acha que isso é tudo o que te No fim das contas, The Last of Us 2
constante e não me lembro de nenhum
espera, como diria a minha mãe, você é uma experiência pesada, um chute
jogo que tenha me passado tamanha
não sabe da missa a metade. Há muito sensação de estar sendo perseguido o no estômago que pode não ser fácil de
mais viradas na trama, e pelo menos tempo todo. digerir, mas é também um dos jogos
uma tão ou mais divisiva que a morte mais sensíveis e corajosos dos últimos
A direção de arte é incrível. Cada tempos.
do nosso amigo Joel. Mas não sou ca- cenário parece único em seus mais
paz de me afundar tanto no reino sujo mínimos detalhes. Os que gostam de Perde quem vai na onda da chora-
dos spoilers. fuçar cada canto tentando reconstituir deira de parte da internet.
Em termos de jogabilidade, se você mentalmente o que era o mundo antes
não gosta de se arrastar furtivo para do apocalipse, serão muito bem recom- J.M. TREVISAN
11
RESENHAS
DUNA
O Senhor dos Anéis da ficção científica
Q uase todos
concordam que O
Senhor dos Anéis é a
tos países. Duna é uma história
densa, não apenas sobre ecologia
e reservas naturais, mas também
política, religião e ação, com
mais importante obra na
influências culturais do Oriente
literatura de fantasia. Médio. Adaptar suas mais de 600
Quando o gênero é páginas para as telas, até hoje,
ficção científica, não há não foi algo alcançado com êxito.
tanto consenso. Entre inúmeras tentativas e cance-
Frankenstein, Neuromancer, lamentos, o filme de 1984 dirigi-
Fundação, Guerra dos Mundos e do por David Lynch é apenas
outros encabeçam a concorrida “esquisito”, a mini-série do Sci-Fi
lista. No entanto, para nomes Channel em 2000 é melhor (mas
como Arthur C. Clarke e Neil nem tanto), e a nova adaptação
Gaiman, aquele que merece o para cinema de Denis Villeneu-
título é Duna — que minha fase ve prevista para dezembro pode
atual como leitor da madrugada atrasar por razões de pandemia.
me levou a revisitar. No campo dos jogos, um RPG
Em algum futuro distante, quan- de mesa oficial chegaria este ano,
do a Terra e seus povos já são coincidindo com a estreia do filme.
história antiga, temos uma vasta Curiosidade: o antigo PC game
civilização feudalista baseada em de 1992 da Westwood Studios,
casas nobres sob comando de um Dune II: Battle for Arrakis — sobre
império. Em meio a disputas de diferentes facções competindo
poder e território, a casa Atreides para minerar especiaria e armar
assume o controle do árido pla- seus exércitos — lançaria as bases
neta Arrakis, único lugar onde se para todo o gênero RTS, mais tar-
pode extrair a especiaria melan- Bene Gesserit, o jovem de quinze anos de seguido por Command & Conquer,
ge — uma droga que torna possível a não apenas precisa sobreviver a tenta- Warcraft, Starcraft e outros. Hoje é
viagem espacial mais rápida que a luz, tivas de sabotagem e assassinato, mas simples encontrar o clássico Dune II em
determinando assim sua importância. desvendar as profecias locais do povo versão gratuita para navegadores.
nativo Fremen, prevendo a chegada de Embora o primeiro livro funcione
Não bastassem as dificuldades para
Paul como um tipo de herói-messias. bem como história completa, Duna rece-
lidar com o mundo desértico e perigoso,
habitado por gigantescos vermes de Publicado em 1965 e declarado em beu mais cinco continuações. A série foi
areia capazes de devorar usinas inteiras, 2003 o livro de FC mais vendido do publicada no Brasil pela Nova Fronteira
os Atreides também precisam enfrentar mundo, o romance de Frank Herbert nos anos 80, e agora novamente pela
a inimizade mortal da casa Harkonnen. ainda se mantém atual e relevante — Editora Aleph, em belíssima edição de
Entra em cena Paul Atreides, filho do qualquer conservacionista sabe que capa dura.
Duque Leto. Treinado pela mãe Jessica água potável logo será o recurso mais
nos caminhos da irmandade secreta valioso do planeta, já faltando em mui- PALADINO
12
13
DICAS DE MESTRE
A explosão
de opções em
Tormenta20
e suas
consequências
Estranhos e
Maravilhosos
DICAS DE MESTRE
Q uando você estiver lendo isto, é
bem possível que os apoiadores da
campanha Tormenta20 tenham o livro
edições anteriores da DB. Também existentes em outros jo-
gos de fantasia modernos, como D&D 5ª Edição e Pathfinder
2, origens dizem o que seu personagem fazia antes de ser
aventureiro, provendo um pouco de histórico e algumas ha-
básico completo em mãos, em formato
bilidades/recursos. O livro básico T20 contém 35 origens
digital, agora ou dentro de poucos dias. bem comuns, genéricas, sem muita profundidade. O plano
Mesmo a versão preliminar, contendo apenas os primei- é que muitas outras, mais específicas, sejam inventadas no
ros capítulos, tinha em sua abertura um trecho chamado “20 futuro. Por exemplo, as origens devem substituir os antigos
Coisas a Saber” — uma lista de características e decisões Talentos Regionais, trazendo históricos e poderes para
que tornam Tormenta como ele é. Já discutimos essas coisas nativos de cada região do Reinado e além. Coisas como
em outras Dicas de Mestre, na DB 143. Quero, no entanto, o caçador de trolls de Doherimm, o domador de lagartos
chamar atenção novamente para a Coisa Número 3: gigantes de Khubar, o legislador metropolitano de Valkaria.
3. Estranhos e maravilhosos. Vejam, ali vão um elfo Imagine quantas origens são possíveis, e quantos persona-
bárbaro, um minotauro inventor, um bucaneiro anão e um gens únicos devem surgir!
cavaleiro goblin! Estranho? Com certeza! Errado? De jeito Mas a enormidade de opções em T20 ficou ainda mais
nenhum! Tormenta20 é sobre heróis exóticos e extravagan- evidente há algumas semanas, quando o programador Ga-
tes, que se destacam mesmo no mais colorido dos mundos. briel Madeira Pessoa criou e disponibilizou o Gerador
Você e seus amigos são os protagonistas, os astros da de Personagens Aleatórios para Tormenta20 — ou apenas
história. Não importa quantos tipos esquisitos existam em Gerador de Atormentados. Com um clique, ele sorteia
Arton, os olhares de espanto sempre se voltam para os uma raça, classe, origem, atributos, gênero e deus, obede-
personagens jogadores. cendo às poucas limitações do jogo oficial (por exemplo,
Esta observação já existia no antigo Tormenta RPG, mas golens não têm origem). Inventar uma história (mais ou me-
agora ganha muito mais relevância — porque personagens nos) plausível para justificar cada combinação randômica
de Tormenta20 são ainda mais estranhos e mais coloridos. maluca virou desafio e mania entre os fãs.
Enquanto o antigo livro básico tinha “apenas” 11 raças e Aqui chegamos a um ponto que merece reflexão. Quando
13 classes (totalizando 143 combinações), T20 chuta ainda o Gerador foi lançado, alguém observou que o personagem
mais longe o balde proverbial com 17 raças, 14 classes e aleatório poucas vezes era humano — por existirem não
um novo elemento, 35 origens. Mesmo sem considerar outras apenas 16 outras raças, mas algumas ainda com variações,
partes (atributos básicos, caminhos dentro de cada classe, como os suraggel e os golens. As chances de sortear um
poderes, perícias, deuses, magias, tendências, equipamen- humano eram bem baixas, o que não parecia fazer muito
tos...), ainda assim temos agora 8330 combinações. É mais sentido, levando em conta que são a raça mais populosa de
de oito mil! (Leia com a dublagem do Vegeta por favor.) Arton. Assim, Gabriel adicionou uma opção “Mais Huma-
Não se trata, também, de mais opções — mas opções mais nos” ao Gerador; com essa opção ativada, o personagem
estranhas. Elfos e anões continuam por aqui, ainda temos as agora será humano metade das vezes, e não humano na
oito raças tradicionais de Tormenta (com uma discreta subs- outra metade.
tituição dos halflings pelas meio-dríades, ou dahllan), mas Faz sentido? Voltaremos a isso mais adiante.
agora dividindo espaço com aventureiros muito esquisitos,
quase monstros, alguns monstros mesmo. Durante votações
realizadas entre os apoiadores da campanha, outras nove Evolução da variação
raças chegaram. Algumas vindas de antigos acessórios, Tormenta20 foi o Big Bang que explodiu e expandiu um
como as medusas e trogs; outras totalmente novas, como os universo de possibilidades. Mas, você já deve saber, as
esqueletos osteon e os golens. coisas nem sempre foram assim. Especialmente para o pai
Esse elenco se somou a classes novas ou reformuladas — de todos os RPGs.
arcanista, bucaneiro, cavaleiro, inventor, nobre... — para Já contei antes, mas as primeiras versões de Dungeons &
possibilitar personagens nunca vistos. Mas o que realmente Dragons não tinham ainda combinações raça/classe. Eram
elevou o número de combinações para a casa dos milhares quatro classes humanas (guerreiro, clérigo, mago, ladino) e
foram as origens, que você já teve chance de conhecer em três assim chamadas semi-humanas (anão, elfo, halfling). O
15
DICAS DE MESTRE
anão era como o guerreiro, o halfling era como o ladino, e o fichas e históricos, que não poderiam ter existido no velho
elfo combinava habilidades de guerreiro e mago — sendo a AD&D. Um anão mago, um halfling monge e um meio-orc
mais forte das classes, para emular a idealização e superio- paladino. Ideias comuns e batidas hoje em dia, mas na épo-
ridade élfica de O Senhor dos Anéis. Para compensar, elfos ca foi uma revolução — sobretudo no caso dos anões, que
tinham o avanço de nível mais lento (cada classe tinha sua por décadas foram descritos como resistentes e desconfiados
própria progressão de XP), levando a campanhas esquisitas em relação à magia arcana, e agora podiam conjurar. (Eu
em que o ladino estava em 5º nível e o elfo apenas em 2º. gostava de apontar que, em termos de jogo, um anão mago
Mais tarde, Advanced Dungeons & Dragons trouxe novas era melhor que um elfo mago; a perícia Concentração, vital
raças e classes, que agora podiam ser combinadas — mas para magos, era baseada em Constituição — atributo em
ainda com limites bem estritos, buscando manter os perso- que os anões tinham bônus, e os elfos tinham penalidade.)
nagens fiéis aos arquétipos clássicos da fantasia medieval. Hoje, com Tormenta20 e suas possibilidades muito mais
A restrição mais famosa e lembrada é que apenas humanos numerosas, Leonel Caldela revisitou a ideia de criar per-
podiam ser paladinos (essa tradição também chegou a existir sonagens improváveis ou impossíveis conforme as regras
nos primeiros anos de Tormenta), mas havia muitas outras. antigas. Em sua edição anterior, a Dragão Brasil 156 trou-
Apenas humanos, elfos e meio-elfos podiam ser magos ou xe um minotauro bardo, um goblin bucaneiro, um golem
rangers. Apenas humanos e meio-elfos podiam ser bardos druida, um trog nobre e um osteon inventor, completos com
ou druidas. De fato, somente clérigos, guerreiros e ladinos históricos, fichas e táticas. Uma pequena amostra de como
eram liberados para todas as raças. Existiam proibições ain- T20 se tornou ainda mais gigantesco em suas opções.
da mais estranhas para multiclasse: um halfling só podia ser
Isso significa que, em Arton, todo mundo é estranho?
guerreiro/ladino, nenhuma outra combinação era aceita.
Sabemos que não.
Ainda, havia níveis máximos que não-humanos podiam
alcançar em cada classe: para anões, esses limites eram
clérigo 10, guerreiro 15, ladino 12. Era uma tentativa de Heróis Únicos
equilíbrio mecânico, porque humanos não tinham nenhum Vamos voltar ao Gerador de Atormentados do Gabriel, com
poder racial (nem sequer bônus de atributos), enquanto sua seleção Mais Humanos. Essa opção é baseada na ideia de
os não-humanos tinham vários. Desnecessário dizer, essa que existem mais humanos em Arton e, portanto, é esperado
solução só começava a funcionar de verdade em níveis que mais deles se tornem aventureiros, e mais deles estejam
altos, deixando o jogo todo travado em prol de um equi- presentes em um grupo típico. Será mesmo? Vamos lembrar
líbrio duvidoso.
que o programa é destinado a gerar personagens jogadores,
Então, em um belo dia de sol, alguma alma iluminada não necessariamente NPCs. Isso faz toda a diferença.
decidiu que manter uma fidelidade forçada a um gênero
Antigos materiais de Tormenta citavam que, em Arton,
literário era menos importante que dar liberdade verdadeira
há um aventureiro para cada dez pessoas comuns. É uma
aos jogadores.
carreira glamourosa, cheia de promessas de poder e riqueza,
Sabendo disso tudo, vocês podem imaginar o assombro atraindo muitos novatos. No entanto, é também um meio de
dos fãs (como eu) com a chegada de D&D 3ª Edição, ago- vida perigoso — aventureiros têm expectativa de vida noto-
ra aceitando combinar todas as raças e classes! Dar aos riamente baixa. Por isso a proporção herói/não-herói diminui
humanos seus próprios traços raciais (um talento e pontos pela metade conforme o personagem avança de nível: um
de perícia extras) tornou-os melhores, deixando as raças aventureiro de 2º nível para cada 20 pessoas, um de 3º ní-
iguais e dispensando aquelas limitações bisonhas para não vel para cada 40 pessoas, e assim por diante, chegando a
humanos. Uns poucos saudosistas mimizaram, como sempre aproximadamente um personagem de 20º nível para cada 5
faziam e ainda fazem, mas para a maioria de nós a novidade milhões de pessoas. Com os anos, essa estimativa ficou cada
era empolgante. Combinações novas e estranhas, jogando vez mais grosseira e imprecisa (uma consulta rápida a alguns
no lixo os clichês de espada e magia, descortinando um acessórios mostrará que Arton tem mais NPCs poderosos do
mundo de aventureiros exóticos. que sua população comportaria) e deixamos de usá-la, mas
Na época, para celebrar o feito, a antiga Dragão Brasil ainda serve como referência. Ainda serve para demonstrar
Nº 76 trouxe em sua capa o artigo “Novos Heróis: As pos- que, mesmo em um mundo cheio de aventureiros, eles sempre
sibilidades do D&D 3ª Edição”. Eram três personagens, com serão especiais. Serão exceção, nunca a regra.
16
DICAS DE MESTRE
Ainda que dezenas de milhares de pessoas joguem Tor-
menta, cada grupo de jogadores será protagonista em sua
Personagem instantâneo?
própria campanha. Não haverá milhares de outros heróis Há bastante tempo ouvi, em tom de crítica, que RPGs
perambulando em volta, formando fila na loja de poções, não eram exatamente jogos de imaginação, mas sim “ima-
competindo pelo melhor contrato no quadro de avisos da ginação em cápsulas”. A pessoa argumentava que, como
guilda, brigando pelo mesmo machado obra-prima no fer- o livro já contém todos os elementos de um personagem
reiro (isto é, a menos que o mestre decida descrever assim, pré-prontos, o jogador não cria realmente nada. Vai lá e
o que seria até divertido!). Ainda que uma cidade típica de apenas rola dados ou consulta listas, escolhe raça, classe e
Arton tenha aventureiros suficientes para lotar uma ou mais tudo o mais, sem realmente inventar algo do zero.
tavernas, o material de jogo sempre considera que os heróis Isso pode ser verdade até certo ponto — jogar RPG as-
mais importantes são os personagens jogadores. sim é possível. Apenas preencher a ficha, seguir as regras
Agora pense: em quantos grupos de personagens joga- e tentar “vencer”, matando o chefe e chegando ao final da
dores que você conhece, metade ou mais eram humanos? história. Mas, mesmo adotando este estilo tão espartano, não
Não muitos, tenho certeza. O grupo típico tem um humano, é verdade que não exista nenhuma criatividade envolvida.
ou nenhum. Em décadas de RPG, a Guilda do Macaco Você ainda precisa imaginar coisas que não estão prontas
foi praticamente minha única campanha de fantasia em que nas regras. Sua aparência. Um nome. Trejeitos do persona-
a maioria dos personagens eram humanos (e ainda há dú- gem. O que vai dizer ao NPC. Sem esse poder que levou os
vidas sobre Klunc). Porque o jogador de Tormenta gosta de Homo sapiens ao domínio do mundo — a capacidade de
estranheza e, bem, humanos são normais! imaginar coisas que não existem —, não há RPG.
Há alguns meses venho jogando Final Fantasy Online. Eu diria que o Gerador de Atormentados, e todo o furor
Ali, diferente de um RPG de mesa, as cidades são povoa- causado por sua chegada, são uma prova disso. Ele com-
das por outros personagens jogadores — em número muito bina ao acaso tudo que o jogo oferece, termina com um
maior que NPCs. Tudo muito colorido, vibrante e, definiti- personagem jogável e dentro das regras. Mas ainda cabe a
vamente, não humano. É uma bela amostra de como seria você, ser pensante, imaginar a cola que junta tudo isso em
um mundo onde toda a população segue as regras dos um herói crível.
jogadores; uma vez que em FF as raças são apenas cosmé- Vejamos, vamos rolar aqui um... Anão Clérigo Trabalha-
ticas (sem efeito real em mecânicas de jogo), praticamente dor devoto de Tenebra. Este até que saiu simples de explicar,
não há seres humanos; sua aparência é desinteressante anões são conhecidos por sua inclinação a trabalhar duro, a
se comparada aos outros povos exóticos, então ninguém raça tem numerosos clérigos, e Tenebra é deusa criadora do
os escolhe para jogar. Claro, no mundo de jogo, todas povo anão. Deixa rolar de novo... Sílfide Guerreira Charlatã
as raças são igualmente populosas. Mas ainda assim a devota de Khalmyr. Ahá! Um povo fada diminuto (com severa
ausência humana é estranha. penalização em Força), uma classe de combate, uma origem
Tormenta20 não começou essa moda; minoria humana trapaceira, e devoção ao Deus da Justiça. Nada combina
em grupos de heróis é uma tradição RPGista desde tempos com nada! Um desafio!
imemoriais. Quando eu meus amigos de AD&D colocamos Sophiana Wrinklevine teve uma juventude divertida em
as mãos em The Complete Book of Humanoids, acessório Pondsmania, disputando jogos com outras fadas. Era talen-
clássico para jogar com raças monstruosas, cada nova equi- tosa em torneios de charadas e adivinhas, mas trapaceava,
pe era um show de aberrações! Gnolls, centauros, gigantes, enganava, seduzia. Nenhum problema quanto a isso, todos
homens-lagarto, sátiros. Virou piada particular que, chegan- no Reino das Fadas assim faziam, mas a arrogância e su-
do a uma nova cidade, nosso grupo era sempre confundido perioridade de Sophiana terminaram por enervar as irmãs.
com “uma trupe de palhaços”. Tramaram uma travessura, atraíram um ogro para uma em-
Claro, talvez eu esteja completamente errado e seu próprio boscada, queriam ensinar-lhe uma lição. Já percebendo a
grupo tenha maioria de humanos. É apenas uma preferência trama, Sophiana previamente colheu as frutas favoritas do
entre as infinitas preferências que qualquer RPGista pode gigante para amansá-lo, então encantou-o com uma canção
cultivar. Mas convenhamos, com diversas outras raças para triste, prometeu seu amor eterno. O ogro, que conhecia ape-
escolher, isso não é muito provável. E Tormenta20 apenas nas violência, decidiu que ajudaria a nova amada matando
tornou tudo maior. suas rivais traiçoeiras.
17
DICAS DE MESTRE
Pequena e fraca demais para deter o gigante, agora outros NPCs nunca vão aceitar ele e vão querer matar ele e
enfurecido e surdo a qualquer súplica, Sophiana nada pôde a Tormenta vai controlar ele e zás...”
fazer enquanto ele golpeava com a clava imensa, devasta- Calma, calma! Você pode achar um jeito, você pode abrir
va a aldeia, esmagava as fadas. Implorou por um milagre, exceções. Acredite, você não quer proibir um personagem
jurou aos deuses que mudaria, abandonaria toda a mentira deslocado.
e trapaça. De seu castelo nos mundos dos deuses, o grande
Grupos de heróis em que um dos membros veio do lado
Khalmyr ouviu. Uma cimitarra encantada surgiu em suas
inimigo não são exatamente novidade — pelo contrário,
diminutas mãos, e a sílfide soube o que fazer. Voejando à
sempre foram ótimas fontes de drama e dilemas (eu sei que
volta do gigante, atacando os olhos, conseguiu expulsá-lo.
você lembrou do ex-stormtropper Finn, não adianta negar!).
Agora usaria o dom divino recebido para promover a obra
Crise é oportunidade, diz o ditado. Use o personagem pro-
de Khalmyr, buscando unir-se a heróis espertos o bastante
blemático que não se encaixa como fonte de ideias, como
para não subestimá-la. E não voltaria a enganar e mentir.
ferramenta narrativa. Ele pode saber de coisas que os outros
Quase nunca.
não sabem, ajudar a fazer contato com NPCs elusivos, ser
Seria fácil dar uma arma de projéteis para a sílfide, mas reconhecido/temido e levar a combates. Sherlock Holmes
o dom Espada Justiceira de Khalmyr funciona apenas com já dizia: crimes comuns são mais difíceis de solucionar, mas
armas corpo a corpo de corte. Cimitarra é uma arma ágil, crimes estranhos, insólitos, esses são fáceis. Um grupo louca-
com ataque e dano baseados em Destreza, que a sílfide mente estranho e variado não é um problema para o mestre,
tem de sobra. Não há personagem de combate mais eficaz é uma facilidade. Não precisam procurar aventura, ela virá
possível, mas também não uma completa inútil. encontrá-los, querendo ou não.
Isto é algo que um gerador automático não consegue Já concordando que heróis coloridos são melhores, não
fazer, algo que um livro de regras não pode prover, mas nós desabilite necessariamente o botão Mais Humanos para o
podemos. Transformar a mais improvável e esquisita combi- resto da população mundial. Para que os jogadores brilhem
nação de características em uma história, um personagem, mais na pintura, o cenário precisa de tons neutros. Cuide
um ser imaginário convincente. para que soldados, guardas e taverneiros tenham lá seus
toques individuais, mas sem exagerar. Lugar de estranheza
19
ADAPTAÇÃO
22
ADAPTAÇÃO
Sobreviva
a um mundo
apocalíptico
e cruel em
3D&T, Savage
Worlds e Mutantes
& Malfeitores
23
ADAPTAÇÃO
O dia do surto e
E há os outros. Todos aqueles que você não conhece,
que podem estar passando fome, sede ou precisando dos
os dias seguintes remédios que você tem. Encontrar outras pessoas pode
ser mais tenso do que encontrar um grupo de infectados.
No dia 26 de setembro de 2013, uma nova doença Não à toa, as pessoas passaram a formar grupos e fac-
fúngica causou um surto nos Estados Unidos. Tratava-se ções. Abaixo e a seguir, as mostradas nos jogos com
de uma nova mutação do Ophiocordyceps unilateralis, mais destaque.
que passou a infectar cérebros de seres humanos. Hospi-
tais estavam no limite, e infectados atacavam e matavam
outras pessoas. Foi declarado estado de emergência em FEDRA (Agência Federal de
todo o território nacional, enquanto as autoridades se
esforçavam para manter as zonas de quarentena nas
Resposta ao Desastre)
grandes cidades e lidavam com revoltas. Órgão responsável pelas zonas de quarentena e que
tenta manter a ordem nas poucas cidades sob as quais
Quando todos os esforços da Organização Mundial
ainda tem controle. É o pouco que restou do antigo go-
de Saúde para encontrar uma vacina se mostraram em verno dos Estados Unidos, reunindo militares e antigos
vão, o governo civil desmoronou, dando lugar a uma membros da Segurança Nacional. Com o objetivo de
liderança militar. As cidades do país foram divididas em manter a ordem em seus territórios, punem gravemente
diversas zonas de quarentena, para as quais os sobre- qualquer fugitivo, além de imporem trabalhos forçados às
viventes foram levados. Mas, por causa da escassez de pessoas e racionarem alimento, água e remédios. Vários
comida e suprimentos, além da dura repressão aos cida- grupos paramilitares surgiram em resposta aos mandos e
dãos (como penas duras e trabalhos forçados), revoltas desmandos da FEDRA.
não eram raras.
Por conta disso tudo, vinte anos depois, pouquíssimas
cidades ainda permanecem sob controle dos militares. A Vaga-lumes
maior parte do país está livre do que restou do governo, Por volta de 2033, esse grupo era um dos principais
mas não por isso mais segura — mais de 60% da popu- rebeldes contra a FEDRA. Seu objetivo principal era res-
lação mundial foi infectada ou morta pelo fungo. tabelecer o governo civil nos EUA, além de buscar uma
24
ADAPTAÇÃO
25
ADAPTAÇÃO
estão em guerra ferrenha contra os serafi-
tas pelo território de Seattle. O lema dos
lobos (muito usado como cumprimento) é:
“Que sua sobrevivência seja longa. Que
sua morte seja rápida”.
Serafitas
Surgiram poucos anos depois do surto
em Seattle, seguindo uma mulher autopro-
clamada profetisa. Segundo ela, a queda
da humanidade foi uma punição pelos
próprios pecados e pela dependência
extrema de máquinas. Por conta disso,
serafitas usam armas corpo-a-corpo e ar-
cos à distância, em vez de armas de fogo.
Ao longo dos constantes conflitos com
os lobos, se estabeleceram em uma ilha
chamada Refúgio.
As pessoas construíram casas rudimen-
tares e criaram várias fazendas. Serafitas
costumam estripar seus inimigos depois de
enforcá-los. A prática prega que assim os
pecados das vítimas são purificados. Em
patrulha, se comunicam através de asso-
bios. Ferir os dogmas das escrituras pode
levar ao exílio e até a morte. Apesar disso,
as escrituras deixadas pela profetisa não
necessariamente incentivam esses compor-
tamentos violentos e intolerantes.
Uma frase comum que os serafitas cos-
tumam dizer uns para os outros é: “Que
ela lhe guie”. Ao entrarem em combate
contra inimigos, é comum ouvir um sera-
fita repetir consigo mesmo a frase: “Que
ela me guie pela tempestade. Que ela me
mantenha calmo”.
Cascavéis
Esse grupo de sobreviventes tem como
Dr. Careca e seu look base uma mansão ao lado da praia em
de lenhador do futuro Santa Bárbara, Califórnia. Sobrevivem por
meio da escravidão de viajantes que caem
em suas armadilhas. Escravos que fogem e
26
ADAPTAÇÃO
acabam recapturados são punidos de forma desumana: ou PVs), 3 PEs (para 10 PVs) e 5 PEs (para todos os PVs).
são infectados propositalmente pelos Cascavéis e deixados Qualquer outro objeto pode custar 5 PEs.
em pontos estratégicos para detectar invasores, ou são Em Mutantes & Malfeitores, os personagens podem
amarrados em uma tora de madeira na praia, onde são gastar um ponto heroico para obter acesso a itens en-
deixados até morrerem de fome. Por isso, muitos preferem
contrados. Personagens que queiram reparar itens e
se matar a serem pegos.
combinar objetos devem utilizar a vantagem Inventor.
Em Savage Worlds, os personagens podem gastar um
Níveis de poder bene para encontrar os itens que precisam. Caso não o
Os protagonistas em The Last Of Us são sobreviventes façam, o que pode ser encontrado depende da vontade
capazes, mas ainda assim seres humanos comuns. Por do mestre e de um teste de Investigar. Combinação e
isso, aí vão as instruções de como criar personagens conserto de itens usam a perícia Consertar.
condizentes com a pegada realista e mortal do jogo.
Em 3D&T, todos os personagens começam com 5
pontos, nunca podendo ir além de 10 pontos durante a
Nada dura para sempre...
evolução da campanha. Outros personagens coadjuvantes inclusive seus itens
que não exploram tanto o mundo sempre terão 4 pontos
Em The Last Of Us, itens costumam ser remendos de
ou menos. Considere também que todos possuem a des-
outras coisas, e por isso quebram facilmente. Com exce-
vantagem Munição Limitada sem ganhar pontos por ela.
ção de armas de fogo e outros itens bem conservados,
Em Mutantes & Malfeitores, todos os personagens co- considere essas regras:
meçam com nível de poder 5. O mestre pode considerar
Em 3D&T, quando rolar 1 em um ataque ou 6 em um
evolução lateral, mantendo o nível de poder da campa-
nha mas ainda permitindo que pontos sejam gastos para teste com o item, anote na ficha que ele está danificado
desenvolvimento dos personagens. e o valor que você tirou. Se você rolar esse mesmo valor
no mesmo tipo de jogada (1 em um ataque ou 6 em um
Em Savage Worlds, as regras normais para criação teste) com o item, ele se quebra. Por exemplo, tirar 6 em
de personagem são usadas (mas veja adiante sobre du- um teste danificaria o objeto, mas ele só quebraria caso
rabilidade de equipamentos).
caísse 6 em outro teste. Caso o jogador role 1 em um
Todas as habilidades de cunho sobrenatural ou su- ataque, o item não se quebraria, mas ficaria danificado
per-heroico devem ser vetadas, independente do sistema de uma segunda maneira. Aí, tirar 1 em um ataque ou 6
utilizado. em um teste quebrará o item, o que acontecer primeiro.
Em Mutantes & Malfeitores, o mestre pode oferecer
A criatividade no fim do mundo um ponto heroico para quebrar os itens dos jogadores
a qualquer momento. Porém, quando um resultado 1 é
Quanto mais bem equipado um sobrevivente está,
obtido num teste com um item, ele quebra e o jogador
maiores são as chances de continuar vivo. Não é raro
não recebe nenhum ponto heroico.
combinar objetos comuns encontrados aqui e ali para
criar algo mais útil. Em Savage Worlds, quando rolar 1 em um dos dados
usado no teste com o item, anote na ficha que ele está
Em 3D&T, uma boa forma de imitar a manufatura do
danificado. Se cair 1 mais uma vez em um teste futuro
jogo original é por meio dos PEs — não aqueles ganhos
no fim da sessão, mas os que servem de saque quando se com o mesmo item, ele quebra. Tirar olhos de cobra ao
derrota algum monstro, como explicado no Manual dos usar o item faz com que ele quebre imediatamente.
Monstros. Esses PEs representam os objetos e utensílios Quando um item quebra, ele fica inutilizável e irrepa-
encontrados pelos personagens na exploração. Fazer (ou rável depois do último uso que o quebrou. O jogador vai
encontrar) um kit médico custaria 1 PE (para recuperar 5 ter que procurar outro!
27
ADAPTAÇÃO
Infecção Cerebral Cordyceps Os infectados
Conhecido por afetar apenas formigas e transfor- O fungo não demora muito até mudar o comporta-
má-las em “zumbis”, o Ophiocordyceps unilateralis mento do hospedeiro, embora leve bastante tempo até
controla os movimentos do inseto até que possa liberar alcançar os estágios mais avançados de infecção. Assim
mais esporos. A mutação em The Last Of Us causa uma que é infectada, a vítima já começa a tossir e respirar
infecção muito similar nos humanos, em quatro estágios. com dificuldade. Logo vem a dificuldade de comer junto
A condição médica de um infectado é conhecida como das náuseas, e em pouco tempo a febre delirante come-
Infecção Cerebral Cordyceps. ça a minar a razão do paciente, acompanhada de uma
Ao respirar os esporos ou ser mordida por um infec- fome cada vez maior. Cada estágio possui seus próprios
tado, a pessoa está condenada, e não há conhecimento detalhes e particularidades. Veja a seguir.
de casos de pessoas imunes à infecção. Mortos não po-
dem ser parasitados, mas quando um infectado morre, o Estágio 1: Corredor
Cordyceps pode continuar crescendo pelo chão ou pelas
Dentro de dois dias, a vítima entra no primeiro estágio,
paredes para liberar mais esporos.
em que seu sistema nervoso central está todo tomado e a
Não importa em qual sistema você jogue The Last Of racionalidade se foi — só sentidos primais de sobrevivência
Us, ser mordido por infectados ou respirar os esporos é e fome restam. Hospedeiros nesse estágio são conhecidos
sempre certeza de infecção. Nenhum teste é capaz de por correrem desesperadamente atrás de suas presas. Os
impedir isso. Até mesmo amputações são um procedi- gemidos de dor são constantes, devido à expansão do
mento incerto, a depender de quanto tempo a vítima foi Cordyceps dentro do crânio. As vozes ainda são reco-
mordida — talvez impeça a infecção, ou só a retarde nhecidamente humanas. A perda de cabelo é notável,
por um tempo. É por isso que máscaras de oxigênio são mas ainda não há nenhuma parte do fungo exposta.
fundamentais, ainda mais em ambientes fechados, onde
Corredores raramente estão sozinhos, investem com
os infectados tendem a ir para morrer para que o fungo
lanhadas e às vezes derrubam suas vítimas no chão.
possa liberar mais esporos. Em ambientes abertos, os
esporos e o Cordyceps raramente são uma preocupação.
3D&T 2N
Apesar disso tudo, talvez você queira criar um per-
F1, H1, R1, A1, PdF0; 5 PVs, 5 PMs.
sonagem imune à Infecção Cerebral Cordyceps como a
Ellie. Nesse caso, é necessário possuir a habilidade a se- Vantagens: Aceleração.
guir. Como a imunidade é algo raríssimo, o mestre pode Desvantagens: Fúria, Inculto, Monstruoso.
vetar essa habilidade na campanha — ou se permiti-la,
a recomendação é que apenas um personagem jogador Savage Worlds
possa tê-la, e apenas no criação das fichas.
Atributos: Agilidade d6, Astúcia d4, Espírito d4,
Força d6, Vigor d6.
Imune à Infecção Perícias: Lutar d6, Perceber d6.
Cerebral Cordyceps Carisma -2, Movimentação 12, Aparar 5, Resistência 5.
O Ophiocordyceps unilateralis não afeta você, mes- Pancada ou Mordida: For +d4.
mo que você inale esporos dele ou seja mordido por
infectados. M&M NP 3
Em 3D&T, isso é uma vantagem de 2 pontos. Em Mu- For 2, Vig 2, Agi 2, Des 2, Lut 2, Int -3, Pro
tantes & Malfeitores, isso é uma vantagem; basicamente 2, Pre -3.
um poder Imunidade 1. Em Savage Worlds, isso é uma Perícias: Combate Corpo-a-Corpo: desarmado +4
Vantagem Maior. (2), Percepção +4 (2).
28
ADAPTAÇÃO
Ataque: Iniciativa +2, desarmado +4 corpo-a-corpo, 3D&T 5N
dano 2.
F2, H2, R1, A2, PdF0; 5 PVs, 5 PMs.
Poderes: Velocidade 2.
Desvantagens: Inculto, Monstruoso,
Defesa: Esquiva +3, Fortitude +3, Aparar +4, Resis-
Vulnerabilidade: fogo.
tência +2, Vontade +3.
Perícia: Furtividade.
Total: Habilidades 12 + Perícias 2 + Poderes 2 +
Defesas 5 = 21.
Savage Worlds
Atributos: Agilidade d8, Astúcia d4, Espírito d4,
Estágio 2: Perseguidor Força d8, Vigor d8.
A partir de duas semanas de infecção, os hospedeiros Perícias: Lutar d8, Furtividade d8, Perceber d8.
começam a se comportar de forma menos desesperada.
Aproveitando-se da escuridão e de coberturas estra- Carisma -2, Movimentação 6, Aparar 6, Resistência
tégicas, os perseguidores possuem esse nome porque 6 (3 contra fogo).
costumam pegar suas vítimas desprevenidas. Alguns Pancada ou Mordida: For + d4.
até mesmo se encostam contra paredes para permitir o
alastramento do fungo, apenas esperando o momento M&M NP 4
de alguém passar por perto para atacar. Os gemidos de For 3, Vig 3, Agi 2, Des 2, Lut 3, Int -3, Pro
dor de um perseguidor ainda lembram algo humano mis- 2, Pre -3.
turado com os estalos característicos do próximo estágio.
Perícias: Combate Corpo-a-Corpo: desarmado +5
O fungo já está exposto, com passagem pelos olhos e
(2), Furtividade +8 (6), Percepção +8 (6).
outros orifícios do rosto.
“QUERO CAFÉÉÉÉÉÉ!”
29
ADAPTAÇÃO
Ataque: Iniciativa +2, desarmado +5
corpo-a-corpo, dano 3.
Defesa: Esquiva +4, Fortitude +4, Apa-
rar +5, Resistência +3, Vontade +4.
Total: Habilidades 18 + Perícias 7 +
Defesas 7 = 32.
Complicação: Vulnerável contra fogo.
Estágio 3: Estalador
Depois de um ano infectado, o hospe-
deiro assume uma forma bem mais assusta-
dora. O Cordyceps abre o crânio da vítima
e se espalha por quase todo seu corpo,
concedendo uma força e resistência ainda
maiores. Incapaz de enxergar, um estalador
ainda pode usar uma forma rudimentar de
ecolocalização para ouvir ameaças: estalar
a mandíbula de forma repetitiva.
Muitos sobreviventes preferem evitar
passar perto de estaladores, e aqueles que
precisam enfrentá-los nunca fazem isso no
mano a mano. É morte quase certa.
3D&T 7N
F3, H3, R2, A2, PdF0; 10 PVs, 10
PMs.
Vantagens: Armadura Extra (esmaga-
mento), Sentidos Especiais (Radar).
Desvantagens: Cego, Fúria, Inculto,
Monstruoso, Vulnerabilidade: fogo.
30
ADAPTAÇÃO
Perícias: Combate Corpo-a-Corpo: desarmado +7 M&M NP 8
(2), Furtividade +8 (6), Percepção +10 (8).
For 7, Vig 5, Agi 2, Des 2, Lut 3, Int -3, Pro
Ataque: Iniciativa +2, desarmado +7 corpo-a-corpo, 2, Pre -3.
dano 5.
Perícias: Combate à Distância: lasca +9 (7), Combate
Poderes: Sentidos 2 (radar). Corpo-a-Corpo: desarmado +9 (4), Percepção +11 (9).
Defesa: Esquiva +6, Fortitude +6, Aparar +7, Resis- Ataque: Iniciativa +2, desarmado +9 corpo-a-
tência +5, Vontade +6. corpo, dano 7 ou lasca + 9 à distância, dano 4.
Total: Habilidades 26 + Perícias 8 + Poderes 2 + Poderes: Sentidos 2 (radar), Proteção 4, Dano à Distância 4.
Defesas 13 = 49. Defesa: Esquiva +6, Fortitude +6, Aparar +7, Resis-
Complicação: Vulnerável contra fogo. tência +9, Vontade +6.
Total: Habilidades 30 + Perícias 10 + Poderes 14 +
Estágio 4: Baiacu Defesas 13 = 67.
Complicação: Vulnerável contra fogo.
Não se sabe exatamente quantos anos são necessários
para se atingir este estágio, mas com certeza são muitos.
O crescimento fúngico torna o hospedeiro pesado e lento, Estágio 4 (variante): Trôpego
mas ainda mais forte e resistente. Um baiacu também não Essa variação do estágio final da infecção é encon-
consegue enxergar, mas com sua ecolocalização, pode trada em regiões mais úmidas e com muita água, como
detectar inimigos e arremessar lascas de sua carapaça Seattle e Santa Barbara. Hospedeiros nessa forma são
que explodem e espalham micotoxina. A micotoxina não chamados de trôpegos porque mal conseguem se manter
é contagiosa, embora possa ser letal. de pé, de tanto fungo que possuem pelo corpo.
Baiacus são evitados ainda mais que estaladores, Diferente dos baiacus e estaladores, trôpegos podem
principalmente em combate corpo a corpo, já que sua sim enxergar, porém sua boca foi completamente deforma-
força é descomunal e suas carapaças fúngicas funcionam da pelo Cordyceps, o que lhe impede de morder. Ainda
como armadura. assim, suas diversas pústulas secretam uma espécie de
ácido gasoso quando próximo de uma vítima, similar à
3D&T 12N micotoxina de um baiacu. Ao morrer, uma violenta reação
F4, H2, R3, A4, PdF4 (químico); 15 PVs, 15 química faz com que o trôpego exploda esse gás ácido.
PMs.
Vantagens: Armadura Extra (corte, perfuração e
3D&T 10N
esmagamento), Sentidos Especiais (Radar). F4, H2, R3, A3, PdF0; 15 PVs, 15 PMs.
Desvantagens: Cego, Fúria, Inculto, Monstruoso, Vantagens: Armadura Extra (corte, perfuração e
esmagamento), Toque de Energia (químico).
Vulnerabilidade: fogo, Lento.
Desvantagens: Fúria, Inculto, Monstruoso, Vulnera-
Savage Worlds Carta Selvagem bilidade: fogo.
Atributos: Agilidade d6, Astúcia d4, Espírito d4, Sacrifício Fúngico: Ao chegar a 0 PVs, o trôpego
Força d12, Vigor d12. realiza um último ataque com seu Toque de Energia, mes-
mo que não possua mais PMs.
Perícias: Arremessar d8, Lutar d12, Perceber d8.
Carisma -2, Movimentação 6, Aparar 8, Resistência Savage Worlds Carta Selvagem
10 (5 contra fogo). Atributos: Agilidade d6, Astúcia d4, Espírito d4,
Pancada ou Mordida: For + d8. Lascas: For + d4. Força d12, Vigor d12.
31
ADAPTAÇÃO
Perícias: Arremessar d8, Lutar d12, Perceber d8. Desvantagens: Fúria, Inculto, Vulnerabilidade: fogo.
Carisma -2, Movimentação 6, Aparar 10, Resistência Perícia: Furtividade.
10 (5 contra fogo). Separação Involuntária: O rei dos ratos só usa
Pancada: For + d6. Separação quando recebe um acerto crítico, sem precisar
usar sua ação para isso, mas gastando PMs normalmente.
Pústulas: Qualquer oponente adjacente que termine
o turno adjacente a um trôpego sofre 2d6 de dano. Ao Savage Worlds Carta Selvagem
ser derrotado, o trôpego libera mais gás ácido, causando
2d6 de dano em quem estiver adjacente. Atributos: Agilidade d6, Astúcia d4, Espírito d4,
Força d12+2, Vigor d12+2.
M&M NP 8 Perícias: Arremessar d8, Lutar d12, Furtividade d8,
For 7, Vig 5, Agi 2, Des 2, Lut 3, Int -3, Pro Perceber d8.
2, Pre -3. Carisma -2, Movimentação 12, Aparar 10, Resistên-
cia 14 (7 contra fogo).
Perícias: Combate à Distância: lasca +9 (7), Combate
Corpo-a-Corpo: desarmado +9 (4), Percepção +11 (9). Pancada ou Mordida: For + d10. Lascas: For + d8.
Ataque: Iniciativa +2, desarmado +9 corpo-a-corpo, Pústulas: Qualquer oponente adjacente que termine
dano 7 ou ácido dano 5. o turno adjacente a um rei dos ratos sofre 3d6 de dano.
Poderes: Dano 5 (Área: Explosão, Penetrante). Separação Involuntária: Quando sofre um ata-
que com ampliação, solta um infectado do corpo. Lance
Defesa: Esquiva +6, Fortitude +6, Aparar +11, Re-
1d6 (1-2 perseguidor, 3-4 estalador, 5-6 baiacu) para
sistência +5, Vontade +6.
determinar o estágio. Caso deseje, troque um de seus
Total: Habilidades 30 + Perícias 10 + Poderes 15 + poderes com um de outro estágio.
Defesas 17 = 72.
Complicação: Vulnerável contra fogo. M&M NP 10
Especial: Quando derrotado, ativa seu poder de For 8, Vig 8, Agi 2, Des 2, Lut 5, Int -3, Pro
dano em área imediatamente. 2, Pre -3.
Perícias: Combate à Distância: lasca +12 (10), Com-
Anomalia: o Rei dos Ratos bate Corpo-a-Corpo: desarmado +12 (7), Furtividade +9
(7), Percepção +12 (10).
Em uma situação extremamente específica na qual
Ataque: Iniciativa +2, desarmado +12 corpo-a-cor-
diversos infectados morrem em um ambiente fechado e o
po, dano 8 ou lasca + 12 à distância, dano 6.
fungo se desenvolve apenas ali dentro por décadas, um
rei dos ratos pode surgir. Uma união de diversos corpos Poderes: Sentidos 2 (radar), Proteção 10, Dano
infectados em um único ser. à Distância 6, Dano (Área: Explosão, Penetrante) 6, In-
vocar Infectado 8 (Reação, Limitação: após sofrer uma
Um rei dos ratos possui todas as habilidades dos outros
condição ferido), Velocidade 2.
tipos de infectados. Depois de sofrer vários ferimentos,
alguns dos infectados podem se soltar e lutar por conta pró- Defesa: Esquiva +10, Fortitude +10, Aparar +5,
pria, mas diferente do que podem aparentar, são híbridos. Resistência +15, Vontade +10.
Total: Habilidades 42 + Perícias 17 + Poderes 51 +
3D&T 25N Defesas 18 = 138.
F6, H3, R4, A5, PdF4; 20 PVs, 20 PMs. Complicação: Vulnerável contra fogo.
Vantagens: Armadura Extra (corte, perfuração e
esmagamento), Aceleração, Sentidos Especiais (Radar), GLAUCO LESSA e THIAGO ROSA
Toque de Energia (químico), Separação.
32
ADAPTAÇÃO
33
TOOLBOX
3D&T
Como
lidar com as
principais crises,
emergências e
catástrofes
Alerta Vermelho
essa espada não, vou
plantar nabos na fazenda
TOOLBOX
3D&T
S empre que há alguma sessão de
perguntas e respostas de RPG em
podcasts, lives, eventos ou mesmo via
Prevenção: este é o típico problema que pode ser preve-
nido na sessão zero (também conhecida como preparação,
proposta ou sessão de criação de personagens). Pergunte
aos jogadores o que eles gostariam de fazer no jogo, o que
Twitter, um tema é constante: como ser
os interessa no cenário — e inclua isso logo de cara! Se
um mestre melhor? Como lidar com você estiver disposto a abrir mão de um pouco do controle
os problemas que podem surgir numa criativo, peça para cada um deles criar um NPC aliado ou
campanha? Como escapar das armadilhas rival que já conheça seu personagem. Estes coadjuvantes
que jogadores e dados colocam no nosso serão armas contra a apatia. Afinal, poucos personagens
caminho? seriam tão fechados e passivos a ponto de ignorar alguém
Antes de sequer começar, vamos tirar algo do caminho: que eles já conhecem. Fazendo ou não isso, seja honesto
você não precisa ser um “bom mestre”. Você pode ser um consigo mesmo: os elementos que você inclui são mesmo
“bom mestre” se quiser, pode tentar melhorar nos aspectos interessantes para todos? Ou só para você? Talvez você seja
que considera mais importantes e divertidos deste papel no fascinado por flores exóticas da Tasmânia e ache que ape-
RPG. Mas a definição de “bom mestre” varia de grupo para nas descrever a existência delas num jardim próximo seja
grupo — alguns consideram que o ideal é um mestre extre- suficiente para atrair os personagens até lá... Mas quem
mamente teatral e descritivo, atento a cada sentimento dos mais partilha dessa obsessão? Da mesma forma, não seja
NPCs e pensando no significado profundo de cada cena... sutil. Lembre que os jogadores não estão na sua cabeça.
Outros achariam esse sujeito um chato melodramático. Al- Para você, simplesmente dizer que “o taverneiro entrega
guns pensam que um mestre deve ser desafiador e inflexível, a cerveja sem falar nada, de cara fechada” pode parecer
usando as regras com precisão e mostrando que os heróis suficiente para sinalizar que ele está com problemas e precisa
precisam se esforçar muito para vencer... Outros sentem que de ajuda, mas poucas pessoas pensariam assim. Faça com
esse cara transformaria o jogo num amontoado de números. que seus NPCs falem abertamente o que você precisa que os
A verdade é que, sendo um jogador como todos, nem jogadores saibam. Tipos misteriosos e discretos funcionam
melhor nem pior, o mestre não tem nenhuma obrigação de quando os jogadores já têm interesse em descobrir o que
ser “bom”, a menos que todos os jogadores combinem de eles podem esconder, não antes.
tentar ser “bons” em suas interpretações e combos. O mestre Correção: se os jogadores já estão apáticos, não adianta
não é um tirano e também não é um servo. O grupo não querer voltar no tempo para ter feito tudo isso. Você precisa
“permite” que o mestre conduza sua campanha; deve estar tomar medidas imediatas. Pense no seu NPC mais aberto,
se divertindo e colaborando em conjunto. Se o grupo quiser extrovertido, amigável ou desesperado. Ele chega agora,
um mestre de nível profissional, deve estar preparado para senta na mesa dos jogadores, pede bebidas para todos
procurar alguém que tenha formação em teatro, narrativa ou e começa a falar. Não interessa que ele deveria estar do
game design (e pagar por essa especialização!). outro lado do continente; você pode inventar uma desculpa
Dito isso, hoje vamos examinar os principais problemas mais tarde. Se você não tem nenhum NPC assim, parabéns:
e crises que afligem os mestres mundo afora. Alguma histó- acaba de ganhar um. Escolha algum dos NPCs existentes e
ria de horror está atormentando seus pesadelos? Paralisado mude sua personalidade na hora. Agora ele é exatamente
por medo de mestrar? Confira estas técnicas rápidas para o tipo de pessoa que aborda estranhos com seus problemas
vencer até os tarrasques da mesa de jogo. mais íntimos. Mas não apenas de NPCs tagarelas é feita a
solução desta crise.
Problema:
sacudindo-o. “Papai? Papai! Acorde, por favor! Eu juro que
nunca mais vou desobedecer...” Alguns jogadores são mes-
sobre o tipo de campanha que eles queriam jogar? Ou só planeja a aventura para que eles tenham que explorar a
disse “ahã” enquanto vislumbrava a saga épica que tinha em floresta em busca da Madeira Melódica, usada como maté-
mente? Talvez os jogadores queiram uma campanha sobre ria-prima para os melhores alaúdes do mundo. Então mestra
um império comercial numa grande cidade, não uma série uma aventura totalmente focada na construção da loja, mas
de missões contra um necromante maligno. Por outro lado, faz a cidade ser atacada pelas forças do vilão. E agora?
você não tem obrigação de mestrar isso! A melhor política é Eles vão desistir de seu sonho ou lutar para mantê-lo?
a franqueza. Não estrague as surpresas que você planejou Correção: RPGistas (todos nós inclusos) têm a mania de
nem conte a trama de antemão, mas seja bem claro: “O que convenientemente ignorar os problemas e dificuldades do
eu quero jogar é uma campanha de fantasia tradicional, em cotidiano de viagens e aventuras. Andar por uma floresta,
que os heróis estão sempre envolvidos em buscas emocio- planície ou mesmo estrada medieval não é igual a andar por
nantes e não ficam muito tempo parados em um só lugar”. uma rua calçada. É muito mais cansativo e desgastante. Da
Eles podem não querer jogar esta campanha específi- mesma forma, chegar a uma cidade da qual você só ouviu
ca agora — talvez tenham acabado de jogar outra muito falar não é a mesma coisa que ir até a esquina, pegar um
parecida. Se realmente quiserem explorar os meandros do ônibus ou se guiar por GPS numa viagem longa. Os heróis
comércio medieval, talvez um deles tenha que mestrar... querem ir até a tal cidade para abrir a loja? Certo. Onde
Afinal, normalmente mestramos as campanhas que gostaría- ela fica? Como chegar lá? Quanto tempo demora? Será que
mos de jogar. O grupo também não precisa jogar só uma eles não vão se perder? Deixe que eles tentem, mas não
campanha. Talvez você se alternem, cada um mestrando faça o sucesso ser garantido e imediato. Não basta declarar
numa semana. Outra possibilidade é incorporar os interes- “vamos até a cidade” e esperar que a próxima cena comece
ses do grupo na sua história. Em vez de forçá-los a entrar com o grupo adentrando os portões. Os personagens não
na Floresta Sombria e ignorar seus sonhos musicais, você têm acesso ao mapa do cenário que os jogadores conhecem.
37
TOOLBOX
3D&T
Sem um mapa próprio, eles simplesmente vão andar a esmo. em que o vilão aparece para meter medo nos heróis. Na
Faça com que o caminho para a cidade passe pela Floresta verdade, você tinha inventado algumas desculpas para que
Sombria ou inclua um NPC que tenha acesso a um mapa... ele não matasse todos, sem nunca imaginar que o oposto
Em troca de uma missão na Floresta Sombria. Também vale aconteceria! Mas ali estão os pontos de vida negativos do
a pena levantar as implicações de jogar tudo para o alto e lorde maligno, caçoando de você...
ignorar os objetivos, aliados e inimigos que já apareceram.
Prevenção: quando for elaborar a ficha de um vilão ou
As pessoas quase nunca mudam totalmente de vida sem ne-
escolher uma das que existem prontas, pense sempre na pior
nhuma razão. Inclua personagens que vão atrás dos heróis
para cobrar favores, pedir ajuda ou mesmo atacá-los. Não das hipóteses. Não acredite que “eles nunca vão rolar dano
proíba que eles tenham suas próprias ideias e iniciativa. suficiente para matar esse monstro em uma rodada!” ou que
Mas, com esses pequenos percalços, você terá tempo para “ele vai acertar pelo menos alguns ataques...”. Aberrações
se preparar e poderá mesclar os desejos do grupo com a estatísticas acontecem, muitas vezes nos piores momentos.
história que tinha em mente. Sempre tenha alguma contingência para quando um vilão
absolutamente não pode morrer — um Teletransporte, uma
38
TOOLBOX
3D&T
para que os jogadores não se sintam traídos. E pode acre- nos Pergaminhos de Brubinizumm, selados há cinco séculos
ditar, os jogadores sentem de longe o cheiro de uma saída na tumba do Profeta do Alvorecer.
“tapa-buraco” do mestre. Também é uma boa ideia não ter Infelizmente, na segunda sessão o grupo tem uma maré
apenas um vilão supremo, mas dois ou três. Parece forçado? de azar e todos morrem para um encontro aleatório com
Em Final Fantasi VI o vilão que acreditávamos ser “supremo” goblins assaltantes. Ou apenas têm rolagens ruins e ideias
é substituído por outro. As séries da Marvel na Netflix eram pouco inspiradas, perdendo combates, deixando de decifrar
notórias por ter dois vilões por temporada. enigmas e em geral sendo derrotados aventura após aventu-
Se você absolutamente não pode ter mais de um vilão e ra. Os jogadores perdem os personagens ou se cansam de
também não pode arriscar que ele morra antes da hora, a úni- jogar com eles. Mas e a profecia?
ca saída é negar aos jogadores qualquer chance de sequer Prevenção: a única coisa mais chata que personagens
rolar um ataque contra o desgraçado. Qualquer comunicação que nunca morrem porque são protegidos pelo mestre são
deve ser feita através de asseclas, cartas ou magia. personagens cuja sobrevivência é anunciada desde o co-
Correção: alguns podem discordar de mim, mas acho meço por uma profecia. Quando você utiliza uma profecia,
que a pior solução aqui é “roubar” e dizer que na verdade está deixando bem claro aos jogadores que eles têm opções
o vilão não morreu. Quando você deu uma ficha ao vilão, limitadas em sua campanha. Não só não vão morrer como
inseriu-o na “cadeia alimentar”, permitiu que os jogadores também não terão permissão de trocar de personagem. A
interagissem com ele em termos de regras. E se as regras campanha começa a parecer uma história que você conta a
só funcionam quando você quer, por que sequer usá-las? eles. Se algum mestre vai tirar algum conselho desta coluna,
Outros jogadores também podem decidir descumprir as que seja este: por favor, não faça com que os personagens
regras? Ou você se considera um jogador acima dos de- sejam heróis profetizados. Se mesmo assim a morte dos pro-
mais? Isso é uma conversa longa, então vamos discutir uma tagonistas parecer um desperdício grande demais (afinal,
opção mais satisfatória. você planejou todas aquelas relações e históricos interliga-
dos), peça para cada jogador criar não só um personagem,
Deixe que os jogadores tenham seu momento de triunfo mas uma pequena família ou grupo social. Talvez um deles
e pense nas consequências da morte do vilão. Toda a orga- seja herdeiro de uma linhagem de cavaleiros e, se morrer,
nização, reino ou exército que ele encabeçava vai ruir? Ou pode ser substituído pelo irmão mais novo. Ou talvez outro
será que outro inimigo vai ocupar o vácuo? Será que, sem a seja aprendiz de uma guilda de magos que irá mandar uma
ameaça do vilão para unir as facções “bondosas”, elas não substituta em seu lugar.
vão se voltar uma contra a outra? Faça com que as ações
O excelente RPG Pendragon é assim — os personagens
dos heróis, principalmente ações tão marcantes e extraordi-
são frágeis, mas fazem parte de famílias. Se o seu herói mor-
nárias, tenham resultados reais. Repensar a campanha pode
rer, você pode jogar com um marido, esposa, filho, irmão...
ser um pouco frustrante, mas garanto que a imersão e o inte-
Se você realmente quer uma história envolvendo profecias
resse do grupo vão aumentar muito ao notar que sua sorte e
e personagens que, por sua complexidade, não podem
estratégias podem alterar a história dessa forma. Você terá
morrer antes do fim, não minta. Combine com o grupo que
perdido um vilão, mas ganhado a simpatia dos jogadores.
nesta campanha a morte não é um risco. Então pense em
Isso não é mais importante? Sob um ponto de vista mais
outras condições de derrota que sejam aceitáveis. Talvez os
pragmático, você pode reutilizar partes da ficha do vilão
heróis não possam morrer ou ser derrotados, mas seus entes
para outro inimigo. Afinal, se ele nunca chegou a usar seus
queridos possam. Talvez, em vez de morrer, uma derrota em
poderes, os jogadores nunca saberão que são reciclados!
combate leve a uma consequência como perda de itens ou
mesmo perda do controle temporário sobre o personagem
Problema: heróis fracassados (digamos que ele é tomado por uma maldição, fica louco de
fúria ou só é capturado).
Assim que os jogadores montaram seus personagens,
Correção: se um personagem complexo morrer, você
você começou a tecer intrincadas teias de relações, acon-
não precisa descartar as relações ou os históricos. Apenas
tecimentos e histórico entre cada um deles e o cenário. A
torne-os mais gerais. Se o paladino tem um ex-namorado
paladina na verdade é filha do rei, o bardo é um deus malig-
que agora trabalha para o reino inimigo, o que ele pensará
no aprisionado num corpo mortal, a clériga é vítima de uma
quando souber que seu antigo amor está morto? Vai se arre-
maldição milenar... E todos eles são os heróis profetizados
39
TOOLBOX
3D&T
pender e trair os vilões, pois notou que a vida é curta demais ter vida própria e alguma profundidade que pode ser ex-
para ressentimentos? Vai culpar os outros aventureiros? Vai plorada se houver interesse. No caso da ficção, em geral
se sentir vitorioso e redobrar os esforços para matar todos têm uma característica marcante e não são vistos por muito
eles, tornando-se um inimigo do grupo inteiro? Não pense tempo — surgem, fazem algo divertido e saem, enquanto
só na relação imediata do indivíduo com o cenário, mas nós permanecemos querendo mais.
no cenário como um todo. A morte de alguém importante Para evitar que os NPCs aliados sejam vistos como chatos
também é uma forma de essa pessoa se relacionar com o de galocha, faça com que sejam assim. Eles estão envolvidos
mundo; as memórias e atos do morto não somem. em seus próprios assuntos, aparecem rapidamente, cumprem
Se você profetizou a vitória dos heróis e eles morreram sua função e somem. Isso dará aos jogadores a impressão de
ou foram derrotados, lide com a realidade disso. Por que a que o personagem é mais do que eles estão vendo. Faça o
profecia estava errada? O que isso significa? Será que outras que fizer, não tente criar personagens especificamente para
profecias também estavam erradas? O que isso significa para agradar os jogadores, criaturas subservientes moldadas às
os personagens do cenário? Um mundo em que profecias são personalidades deles. Estes NPCs acabarão sendo vistos
acuradas e específicas (listando heróis que vão triunfar ine- como puxa-sacos ou capachos... E então desprezados.
quivocamente) deve gerar bastante segurança sobre o futuro. Correção: se os jogadores já acham o NPC que você
Talvez sua campanha ganhe um novo tom de instabilidade, apresentou um chato insuportável, não tente corrigir isso.
com instituições sendo questionadas e religiões inteiras ruindo. Você só tem controle sobre os NPCs, não sobre as reações ou
Por outro lado, pode ser que a profecia simplesmente tenha sentimentos dos jogadores. Se o NPC tinha algo importante a
sido mal interpretada. Ao morrer, os heróis criaram as condi- oferecer (itens, informações, missões, como dissemos antes),
ções para que outros aventureiros triunfassem, cumprindo seu deixe que os jogadores percebam isso por conta própria. En-
papel. Apenas não faça com que uma nova profecia aponte tão eles serão obrigados a procurar o “mala” e ser educados
esses novos heróis! Depois, quando eles também morrerem, com ele. Será que o NPC continuará tão amigável? Ou vai
não venha reclamar para mim! perceber as reais intenções dos interesseiros? De repente, a
relação do grupo com o coadjuvante se tornou muito mais
Problema: aliado mala complexa, ele deixa de ser apenas uma fonte de coisas úteis
para se tornar alguém interessante... Bem como você queria.
Você criou um NPC especial para ajudar o grupo. Um
Deixe que os jogadores reajam como quiserem aos per-
nobre que vai presenteá-los com itens mágicos, um bardo
sonagens e ao ambiente. Assim como eles podem hostilizar
que vai dar informações importantes, um mago que vai
alguém que você planejou para ser querido, podem se afei-
mandá-los em missões... Só há um problema: os jogado-
çoar a alguém que deveria ser rabugento ou antagônico. Esta
res odeiam o coitado. Eles não são hostis com todos, não
é a beleza de criar uma história em grupo e de improviso:
estão anarquizando a campanha. É apenas este NPC, que
ela não acontece na cabeça de nenhum dos participantes,
você planejou para ser importante, que atraiu a ira deles.
mas nas interações entre eles.
Quando o NPC surge, os jogadores reviram os olhos. Evi-
tam qualquer contato com ele, rejeitam sua ajuda. Em casos
extremos, podem até desconfiar do chato! Então saem de
mãos abanando, sem itens, sem informações, sem missões.
Próximo!
Tudo para fugir de alguém que você achava ser tão legal... Mestres de RPG são assolados por muitos outros proble-
mas, mas estes são alguns dos principais. E, embora possam
Prevenção: criar NPCs é algo complicado. Muitas vezes parecer bichos de sete cabeças, muitas vezes são menos
o que parece instigante para o mestre é irritante para os assustadores quando olhamos para eles de frente. Quando
jogadores. Nesta categoria entram os protegidos que nunca você se deparar com uma “crise” em seu jogo, faça a si
erram e nunca passam vergonha (enquanto os personagens mesmo uma pergunta. Isso é mesmo um problema seu? Ou
estão sempre sujeitos a rolar 1), os sabichões que explicam dos jogadores? Ele precisa ser resolvido?
tudo aos aventureiros, os indefesos que sempre precisam ser
salvos... Pense nas pessoas que atraem simpatia na vida Ou você só está descobrindo a história que todos estão
real ou nos coadjuvantes mais queridos da ficção. Em geral contando juntos?
têm falhas (não parecendo perfeitos demais), mas também
qualidades. São razoavelmente independentes, mostrando LEONEL CALDELA
40
TOOLBOX
3D&T
41
Notícias
do mundo
de Arton Gazeta do Reinado Edição
87
FLECHA DE FOGO ATINGE TYRONDIR
42
Destruição em Cosamhir Há relatos de que pedaços da Flecha também atingiram Ur-
kk’thran, que os goblins consideravam o coração da Aliança
E nquanto os líderes do Reinado ainda tentam com- aos cofres, especialmente em tempos de guerra. Soma-se a
preender o que está acontecendo, um incontável isso ao fato de que refugiados vindos de todos os reinos são
número de goblinoides continua migrando através das sempre bem-vindos, já que a demanda por mão de obra para
regiões afetadas pela queda da Flecha de Fogo, aban- trabalhar nos campos é inesgotável. Aos poucos, os maiores
donando Lamnor. Ao que tudo indica, Ragnarkhorran- mercadores estão se transformando em regentes de pequenos
gor — como os membros da Aliança Negra chamavam domínios independentes.
Khalifor — também foi atingida. Boa parte das famosas
muralhas que dividiam os dois mundos ruiu. Não se sabe O serviço de aventureiros dispostos a enfrentar os perigos
se ainda há sobreviventes no lugar. selvagens de regiões recém-adquiridas está muito bem
A Floresta de Fardenn, que cobria toda região sul do Istmo, cotado. Talvez, Sambúrdia seja um ótimo lugar para
está sendo devastada pela queda de fragmentos. Os focos de um grupo de heróis fixar residência longe das tragédias
incêndio são inúmeros. Druidas e clérigos de Allihanna te- constantes provocadas pelas guerras que assolam o
mem que o fogo acabe completamente com o lugar, com uma restante Reinado.
chama provocada por uma luta que não era deles, e que por
isso não consideram natural. GOBLINS DE VALKARIA
43
CAVERNA DO SABER
Como desafiar
Dark Souls: aqui
o bicho pega!
os jogadores
(mas sem
perder a
ternura)
Lidando com
AMEAÇAS
CAVERNA DO SABER
T ormenta20 está entre nós! Como já
dito nesta edição da Dragão Brasil, a
versão pronta do maior RPG do Brasil será
Mas como fazer um combate equilibrado? Para isso,
nossa primeira ferramenta é o nível de desafio.
Combates equilibrados:
para ferramentas mais poderosas, vamos dominar o básico.
Certo, o nível de desafio fornece um “desafio apropria-
mito ou realidade? do”. Mas o que exatamente isso significa? Em Tormenta20,
significa um combate que irá consumir aproximadamente
Como o assunto é sério, vamos começar do início. (Que metade dos “recursos” do grupo — no caso, pontos de vida e
foi? É sério mesmo! Se não entender direito, você pode aca- pontos de mana. Obviamente, isso não significa que todos os
bar com o seu grupo sem querer.) personagens vão acabar exatamente com metade de seus PV
Combates são o tipo de conflito mais comum em RPGs — e PM. Batalhas são caóticas e as coisas raramente ocorrem
especialmente de fantasia épica, como é o caso de Tormen- de forma tão perfeitinha. Talvez o bárbaro imprudente, que
ta20. É possível fazer aventuras sem combate, claro, mas correu na frente do resto do grupo, perca quase todos os seus
cedo ou tarde você se verá dizendo as famosas palavras: pontos de vida, enquanto o ladino, mais, ahem, cauteloso,
“Rolem Iniciativa!”. Quando esse momento chegar, você termine ileso. Talvez o arcanista, que ficou na retaguarda,
quererá ter um combate equilibrado. O que isso significa? também não sofra dano físico, mas lance muitas magias e es-
Ter inimigos que não sejam muito fortes... nem muito fracos! gote seus pontos de mana. Talvez um membro do grupo caia.
Pode ser frustrante ver seu personagem querido morrer, mas Talvez os heróis não saiam tão esgotados em termos de PV e
também é frustrante derrotar o chefão final com um golpe PM, mas gastem outro recurso, como a ajuda de um aliado
só. Vencer é legal, mas é mais legal quando você precisa ou um item consumível, como uma poção. O que importa é
se esforçar pela vitória. Quando há chance real de derrota. que, como um todo, o grupo deve sentir o impacto da luta... E
Enfim, quando o combate é equilibrado*. deve sentir que outra parecida em sequência pode ser o fim.
*Ou, pelo menos, é assim que eu vejo o jogo. Quem assistiu a Guilda do Macaco, por exemplo, pôde ver que eu não “pegava leve” nos
combates e rolava todos os dados abertamente. Minha filosofia sobre morte de personagens segue as sábias palavras de Ivan Drago, o vilão
de Rocky IV: “Se morrer, morreu”. E, de fato, ao longo da Guilda alguns heróis caíram perante os vilões... Foram momentos tristes? Sim. Mas
engrandeceram todo o resto da campanha.
Existe muita discussão filosófica sobre dificuldade no RPG. Na própria Dragão Brasil, o tema já foi abordado por Leonel Caldela, em sua
coluna Toolbox. Não irei discutir aqui a validade de se ter combates mais ou menos difíceis ou outras questões abstratas, como se o mestre
deve ou não interferir nos resultados dos dados. A Caverna é uma coluna de regras, portanto irei me ater a aspectos concretos do jogo.
45
CAVERNA DO SABER
Por que o ponto de equilíbrio é estipulado em metade Por se exporem mais, os personagens se sujeitam mais aos
dos recursos? Por que não exigir mais dos personagens — resultados extremos mencionados no parágrafo anterior. Se
digamos, que gastem três quartos ou dois terços de seus PV e as batalhas forem calculadas para terem uma dificuldade
PM? Isso certamente deixaria a luta mais emocionante, não? “média”, eventualmente serão “difíceis”. O jogo será di-
Sim, mas também causaria problemas para a longevidade vertido e desafiador alternando entre essas duas medidas.
da sua campanha, devido à natureza caótica do jogo. Porém, se os combates forem calculados para serem difíceis
Por mais que a estatística seja uma ferramenta podero- por padrão, serão letais quando um outlier acontecer.
sa e usada para nos aproximar do resultado desejado (no É claro, se for um combate especial — contra o chefão
caso, o gasto de metade dos recursos), ainda está sujeita a final da campanha — você pode aumentar a dificuldade es-
resultados extremos, fora do padrão — conhecidos como perada (ou seja, usar uma criatura com ND acima do grupo).
outliers. Em RPG, isso é aquela sequência de “20s” rolados Afinal, em uma cena específica a chance de um resultado
pelo mestre (ou de “1s” rolados pelos jogadores). Algo assim extremo é baixa. E, se ele acontecer, pelo menos o grupo
pode não acontecer em uma aventura curta, mas, em uma será derrotado numa batalha relevante, não num encontro
campanha longa, cedo ou tarde vai acontecer. E, quando aleatório contra gnolls no meio da estrada...
esse momento fatídico chegar, as coisas ficarão feias para
Aqui, cabe uma explicação adicional. A lógica de gastar
os heróis. Na Guilda do Macaco, por exemplo, perto do fim
metade dos recursos é uma novidade de Tormenta20. No
da campanha, Marcelo Cassaro rolou uma sequência de
antigo Tormenta RPG (e no mais antigo ainda Sistema d20
três “1s” seguidos com Klunc, em uma cena crucial. Quem
do qual ele deriva) a ideia era outra. Nesses jogos, o ND
assistiu sabe qual foi o resultado disso...
indicava um combate que consumisse 20% dos recursos do
Em um combate, um outlier indica que o grupo vai gastar grupo — uma luta muito mais fácil. A ideia era que o grupo
menos ou mais recursos do que o esperado, dependendo se pudesse enfrentar quatro batalhas de seu ND (gastando 80%
tiveram sorte ou azar. Quando o grupo gasta menos recursos, dos seus recursos) antes de precisar descansar (um quinto
nada de muito grave acontece. Em vez de vencer a batalha, confronto poderia ser letal). Esse cálculo era feito pois o pa-
os heróis vencem com menos desafio. Na prática, a história drão eram aventuras de exploração de masmorra, nas quais
segue o rumo esperado. Mas, quando o grupo gasta mais o grupo avançava de sala em sala enfrentando monstros e
recursos, coisas graves podem acontecer. Em vez de 50% mais monstros. Eram aventuras muito voltadas para o comba-
dos recursos, talvez gastem 70% ou 80%. Se o desafio for
te, sem tantos elementos narrativos. Esse não é o padrão em
calculado para que eles gastem 70% ou 80% dos recursos
Tormenta20. O novo jogo incentiva tipos diferentes de cena
em uma situação normal, o que acontecerá quando derem
— ação, sim, mas também exploração e interpretação. Com
azar? Gastarão 100% do que tem. Em outras palavras,
menos espaço para lutas, elas precisam ser mais impactantes.
serão derrotados. Isso não é o fim do mundo — lembre-se,
Por isso a “dificuldade” do ND aumentou.
quem morre são os personagens, não os jogadores! Mas
não deve acontecer toda hora. Um combate que o grupo Ironicamente, jogadores novos se saíram melhor aqui
vença leva a história para frente. Um que eles percam pode do que os veteranos. Quem já jogava TRPG, acostumado a
encerrá-la... Por isso queremos que os personagens vençam enfrentar adversários acima do seu ND — ou sequências de
e calculamos para que isso aconteça. O gasto de 50% de combates de seu ND — se assustou com a dificuldade dos
recursos garante que batalhas normais sejam interessantes, oponentes em T20. Já os novatos, que vieram sem nenhuma
e batalhas nos quais os jogadores tenham azar sejam muito preconcepção e simplesmente seguiram o que o livro diz
desafiantes, mas não automaticamente letais. (para um grupo de nível X, inimigos de ND também X), não
Como isso é um ponto importante, então me permitirei tiveram tantos problemas. Em tempo, é possível ter aventuras
ser um pouco redundante: os combates devem ser plane- com vários combates em Tormenta20. O mestre precisa ape-
jados para que os heróis vençam. “Mas Guilherme, você nas usar inimigos com ND menor do que o nível do grupo.
disse que gosta de jogos desafiadores!”. Sim, mas também Voltando ao tópico principal, o importante é que o
gosto de matemática e de quando as coisas funcionam. combate consuma parte considerável dos recursos. Isso é
Entenda que cada monstro ou NPC específico vai partici- o que dará à cena a sensação de desafio e fará a vitória
par de um combate ao longo da campanha, enquanto os ser emocionante. Um personagem de 100 PV que sofra 20
personagens vão participar de vários. Um vilão recorrente pontos de dano não irá “suar”. Mas, se sofrer 50 de dano,
pode lutar várias vezes, mas nunca tantas quanto os heróis. ficará preocupado... E aliviado quando a vitória chegar!
46
CAVERNA DO SABER
Certo, até aqui vimos que o ND indica o nível dos per- Aqui, vamos usar benchmarks para medir os personagens
sonagens para o qual a criatura fornece um combate equili- do grupo em relação aos monstros da aventura. O primeiro
brado e que um “combate equilibrado” significa um no qual passo é definir quais características serão usadas. Vamos
o grupo gaste aproximadamente metade de seus recursos. começar com as mais básicas: ataque, Defesa, dano e pontos
Hora de nos aprofundarmos. de vida. Digamos que você tem um grupo de quatro heróis de
3º nível. Um guerreiro com ataque +9, um clérigo e um ladino
••••••••••
ataque, o dano deve ser ainda maior. Ou, mais prova-
velmente, ele deve ter mais ataques. Como baixamos um
pouco o ataque da criatura (seria +18, acabou em +13), Esta coluna deve dar um pouco de luz para mestres ain-
isso terá consequência no dano, que deverá aumentar. No da inseguros sobre como equilibrar seus combates. Antes
caso, o dano bruto dela deverá ser perto de 25, para que de partir, porém, vou lembrar mais uma vez que mesmo o
contra o guerreiro (que ela acerta 80% das vezes) seu dano combate mais equilibrado de todos pode acabar de forma
ponderado seja 20. improvável. Em outras palavras, às vezes seu grupo vai to-
Ufa! Depois dessa sequência de cálculos e comparações, mar a pior. Como lidar com isso é assunto para uma coluna
temos uma base para nossa criatura de nível de desafio 3. inteira, mas quero dizer apenas que uma derrota não preci-
Ela precisa ter ataque +13, Defesa 20, 80 pontos de vida e sa necessariamente ser o fim da campanha. A literatura e o
causar por volta de 25 pontos de dano por rodada. É claro, cinema estão repletos de histórias em que os heróis perdem
tudo isso ainda é uma simplificação, visto que na prática e precisam fugir, ou são capturados, sem que isso seja o
os personagens terão diversas habilidades especiais ao seu fim. Como mestre, você deve ter jogo de cintura para criar
dispor. O arcanista provavelmente vai lançar magias, em vez consequências de derrotas que sejam diferentes da morte.
de bater com seu bordão, aumentando muito seu potencial E nem é uma questão de proteger os personagens! Ora,
ofensivo. O ladino pode causar mais dano com Ataque Fur- morrer é fácil. Lidar com o que vem de uma derrota pode ser
tivo, assim como o guerreiro com Ataque Especial, e assim bem mais difícil...
por diante. Porém, esse tipo de análise fornece uma base
sólida. Se o seu monstro tiver algumas habilidades especiais, GUILHERME DEI SVALDI
as coisas devem se equilibrar. Caso contrário, aumente um
pouco suas características numéricas.
48
CAVERNA DO SABER
49
por Leonel Caldela
Arte por Samuel Marcelino
A Pata
do Sasquatch Parte 1
É claro que eu fiquei aliviado quando descobriram a cura.
Eu seguia todos os perfis certos, abria todos os sites certos de manhã, pronto para a
dose diária de catástrofe. Não esperava ver algo além de tragédias, mas naquela época
era o que se fazia. A coisa responsável era ficar sabendo. Ver o número de mortos e
fingir que entendíamos os gráficos, ouvir as últimas declarações delirantes do outro
lado. Talvez fazer um lamento em 280 caracteres e aguardar as notificações. A coisa
certa a fazer era sofrer juntos. Nunca havia nada de realmente novo.
Eu chorei quando li sobre a cura.
Quer dizer, todo mundo que está lendo isto passou por aquela época. Vocês
lembram. Se estavam do lado certo, do nosso lado, lembram de como era frustrante
e masoquista ouvir as teorias de conspiração do outro lado. Se, por alguma infelici-
dade, quem estiver lendo isto pertencer ao outro lado, já deve estar me chamando
de imbecil ou comunista. Mas mesmo quem espezinhou naquela manhã, mesmo
quem disse Viu? Era tudo exagero mesmo! respirou com mais facilidade. Porque
agora podíamos respirar.
Confesso que acreditei de cara. Eu queria acreditar. Jenny ainda não tinha acor-
dado direito, eu fui sacudi-la na cama com a notícia. Ela, é claro, duvidou.
— Deixa eu ver.
Arrancou o celular da minha mão e clicou em todos os perfis certos, em todos
os sites certos. E, como se só o meu aparelho fosse mentir, ela pegou o seu próprio,
com 100% de bateria sobre o criado-mudo, para confirmar.
Se fosse mentira, todos eram mentirosos ou idiotas. Era a única notícia.
Ela só acreditou quando assistiu ao pronunciamento da Chanceler. Nós con-
fiávamos na Chanceler. Tudo parecia surreal. As palavras ressoavam: A cura foi
51
encontrada. Não falavam num medicamento promissor, em testes com macacos ou
em “estudos apontam que”. Pesquisadores e líderes do mundo todo usavam aquela
frase definitiva.
Saímos para a rua.
O sol ainda estava nascendo, mas mal conseguíamos andar na calçada sem
tropeçar em alguém. Quem acordava cedo ou virava a noite tinha chamado quem
dormia até mais tarde. As pessoas estavam de pijama, rindo, abraçando estranhos.
Alguns carros tentaram passar na frente do nosso prédio, mas a rua estava tomada
de gente festejando. É claro, vocês todos lembram. Todo mundo tem uma história
sobre a manhã em que a cura foi anunciada. Eu só corri de volta ao apartamento
para pegar o cartão de crédito. Por reflexo, comecei a trocar de roupa, então lem-
brei que não precisávamos mais do protocolo de segurança. Olhei para o frasco de
álcool gel como um artefato de outra época e voltei para a festa.
Havia dois tipos de pessoas naquela manhã: quem queria gastar dinheiro come-
morando e quem estava comemorando por finalmente ganhar dinheiro de novo.
Tomamos café da manhã na padaria que não visitávamos há meses, compramos
passagens para viajar ao exterior. Passamos o cartão na máquina o dia inteiro. Sem
preocupação, sem limpar o plástico depois.
Porque tudo ficaria bem.
* * *
O primeiro de muitos jantares foi com nosso grupo de amigos, já no dia se-
guinte. Era até estranho ver todo mundo ao vivo, como se faltasse uma webcam e
uma interface para completar a fisionomia.
52
Já estávamos bem bêbados. Mas, para falar a verdade, eu fiquei bêbado quase
o tempo inteiro nos primeiros dias da cura. Beber para esquecer durante a pande-
mia, beber para comemorar depois. Era autodestrutivo, mas eu não me importava.
Estávamos finalmente juntos de novo.
— Sabe qual é o único lado ruim disso tudo? — disse Lauren, em meio a um
gole de cerveja. — Vão dizer que nos preocupamos por nada.
A mesa explodiu entre gente concordando, outros tentando falar mais alto para
discordar. Eu mesmo só ria.
— Claro, mas sempre vai ter um punhado de imbecis que finge não ver
a realidade! — a voz de Sam de sobressaiu. — Até hoje tem negacionista do
Holocausto!
— Assim como tem gente que ignora os crimes do Stalin — Vince deu um
sorriso implicante.
— Foda-se — Sam empurrou o marido. — A questão é que eu posso ensinar
a minha filha a ignorar os idiotas, mas não posso ensinar ela a não pegar o vírus!
Então quem se importa com os negacionistas?
— É um problema moral — Lauren insistiu. — A cura veio fácil demais.
— Fácil demais? Quantos milhares...
— Me ouve, me ouve. Segunda-feira amanhecemos de máscara, fazendo piada
sobre o fim do mundo pra fingir que não estávamos com medo. Hoje já estamos
todos reunidos como se o problema estivesse resolvido.
— Está resolvido — disse Jenny. — Pode acreditar, eu li os artigos. Todos os espe-
cialistas falam a mesma coisa. Não é mais uma doença fatal, nem pra grupo de risco.
— Viu? — Lauren gesticulou a ponto de derramar a cerveja. — Fácil demais!
A cura veio de uma hora para a outra! Ninguém aprendeu nada!
53
— Impossível que a humanidade não tenha aprendido nada... — Vince deixou
de ser cínico por um minuto.
Mas não ouvi mais o que ele disse. Sorrindo para mim mesmo, feliz por estar
no meio daquela cacofonia, de estômago cheio e cabeça flutuando de embriaguez,
prestei atenção ao único além de mim que não falava. Trevor estava só ouvindo,
com o celular nas duas mãos.
— Não cansou de ficar olhando pra uma tela durante o lockdown? — eu
perguntei, notando minha voz arrastada.
Trevor só riu.
— É verdade! — disse Jenny, desligando-se da conversa que já começava a virar
discussão. — Larga essa coisa, Trevor!
— Viu o que eu falei? — Lauren provocou. — A gente não aprendeu nada!
Parecia que mais um round de cinismo versus fé na humanidade estava para
começar, quando Vince falou, com um suspiro:
— Sabe do que eu vou sentir falta? Do efeito no meio ambiente.
— Você sabe que metade daquelas fotos de bichos no meio das cidades era
montagem, né? — Jenny fez seu papel de cética.
— Não preciso de fotos pra saber que a poluição diminuiu. Não é o ser humano
que polui, é a ganância. Mas agora tudo vai voltar ao que era. Mudança climática
a todo vapor pra recuperar a economia! Ano que vem, mais um incêndio que vai
matar um bilhão de animais.
Eu ainda estava observando Trevor.
Ele ergueu as sobrancelhas, digitou algo no celular e guardou o aparelho no bolso.
Logo já estávamos em mais um debate acalorado, comparando a nossa praga
com a Peste Negra. Era bom estar junto.
54
* * *
55
qual casal, entre quatro paredes, gosta de usar coleira e chicotinho. Você nunca
sabe qual amigo vai caçar o Pé-Grande nas horas vagas.
Eu estava arrumando a mochila e ela estava fingindo que não sentia raiva.
— O que eu acho engraçado — ela disse, sentada na cama, com os olhos
vidrados no celular — é que a Lauren estava certa.
Enfiei dois pares de meias enrolados e olhei para ela.
— Certa em quê?
— No que ela disse naquele jantar, lembra? No primeiro jantar que a gente fez
depois da cura.
— Nossa, isso faz meses. Mal lembro do que eu mesmo falei naquela noite,
amor. Passei aquela semana inteira bêbado.
— A Lauren disse que a gente não ia aprender nada. Que a cura veio muito fácil.
— Ah, lembrei — voltei à mochila. — Por que você diz isso?
Jenny pousou o celular. Sinal claro de que a conversa iria adquirir um tom sério.
— Precisa mesmo perguntar?
Suspirei fundo, tentando achar as palavras que resolveriam a discussão. Era
uma dança conhecida, mas era a primeira vez que dançávamos desde a cura.
— O que a minha pesquisa tem a ver com a pandemia?
Pude ver que ela ia questionar meu uso de “pesquisa”, mas se conteve. Um
casal aprende a se observar desse jeito. Caso ela se enveredasse para esse lado, ia
enfraquecer seu argumento principal.
— Você não aprendeu nada — ela me acusou. — A gente fala todos os dias
sobre senso de comunidade, sobre solidariedade, mas solidariedade começa em
casa. A gente chegou muito perto de perder tudo.
— Nem eu nem você tivemos qualquer risco de perder tudo.
56
— Tá vendo? Parece que você já esqueceu! Lembra do medo de visitar os seus
pais? Lembra de ver a doença chegando perto da nossa cidade, sem poder fazer
nada além de torcer? Lembra de...
— O que isso tem a ver com uma viagem de fim de semana, Jenny?
— Você acabou de escapar de uma pandemia histórica e vai se arriscar procu-
rando monstros no meio do nada? Em vez de ficar com a sua esposa?
— Eu sempre convido você. Queria dividir isso com você.
— Não tem nada pra dividir! É fantasia! Pé-Grande não existe! Não acredito
que preciso falar isso pra um adulto!
Não preciso narrar o resto da conversa, porque foi uma briga de casal como
todas as outras, de todos os casais do mundo. Nós brigávamos bem. Nunca fazía-
mos acusações, nem insultávamos um ao outro. O motivo da raiva de Jenny era
preocupação e, mesmo frustrada, ela não deixava de expressar isso.
— Mas a Lauren estava errada — falei. — A humanidade aprendeu com a
pandemia. E é por isso mesmo que eu preciso ir.
Vocês também lembram disso. Para muita gente, foi algo ainda mais miraculoso
que a cura. Foi como se a doença abrisse os olhos da humanidade para o que real-
mente importa. Em questão de meses, lideranças internacionais firmaram acordos
e impuseram rígidas leis de proteção ambiental. O mundo estava mudando muito
rápido e, em menos de um ano, mais da metade dos carros do planeta inteiro
operava com energia elétrica. Era como se a resposta estivesse ao nosso alcance o
tempo todo, mas fôssemos muito cegos para ver.
A pandemia tinha aberto nossos olhos.
— Finalmente eles estão recuperando seu habitat, Jenny! — falei, com o entusiasmo
que só tinha com a pesquisa. — Estão recuperando seu clima! Eles podem sair de novo!
57
— Nunca foi culpa do aquecimento global — ela disse, em tom de súplica. —
O que você procura não existe, meu amor.
— Vou ficar bem — fui até ela e a beijei. — Estou de volta domingo à noite.
Talvez com umas fotos.
* * *
Quem despertou meu interesse pela criptozoologia foi Trevor. Na vida real Trevor
era subgerente numa filial de uma grande multinacional, um funcionário mediano
como tantos outros, mas na criptozoologia era uma celebridade. Ele sempre esteve
deslocado em nosso grupo de amigos. Éramos todos médicos, advogados, empre-
sários, acadêmicos. Menos ele. Mais velho, mais estranho, sempre a um passo de
fazer algum comentário esquisito demais. Ele não se encaixava, mas, como todos
do nosso lado, nós fingíamos não nos importar com isso.
Para falar a verdade, eu preferia conviver com Trevor longe de Jenny, longe dos
outros. É duro dizer isso, mas eu tinha certa vergonha dele.
Até mesmo a maneira como nos conhecemos era algo que eu não gostava de
mencionar. Sempre tive interesses que não se enquadravam no perfil de profissio-
nais de classe média alta chegando à meia idade numa grande metrópole. Eu devia
estar aprendendo a fazer cerveja, seguindo técnicas escandinavas de vida simples
ou praticando yoga. Não fuçando em fóruns de ocultismo na madrugada.
Jenny dizia que era a minha pornografia. No nosso lado, muitos maridos as-
sistem vídeos escondidos das esposas, fingindo não notar a misoginia inerente
em cada um deles, e muitas esposas não se importam porque sabem que, mesmo
problemática, é uma atividade que nunca vai sair da fantasia. Eles nunca proporiam
58
aquilo a uma pessoa na vida real. Eu me sentia desconfortável com pornografia,
mas era fascinado com magia ritualística. Assim como os consumidores de vídeos
pornô, eu podia ler sobre hermeticismo ou cabala, mas obviamente não acreditava
naquilo, nem tentaria fazer um feitiço. Era só masturbação mental, algo que ficava
relegado a um mundo imaginário.
Até que conheci Trevor.
Nunca pensei que iria responder a um comentário no YouTube. Nunca sequer
pensei que iria deixar de usar o modo incógnito para pesquisar meus interesses ver-
gonhosos. Mas algo no que aquele usuário falou me motivou a usar meu perfil real
e responder, para sempre poluindo as recomendações de vídeos com as maiores ma-
luquices esotéricas. A resposta levou a uma conversa, à troca de números de telefone
e a mensagens noite adentro. Então, com a surpresa de que ele morava na mesma
cidade, a um café, a uma cerveja e, finalmente, à incorporação ao nosso grupo.
Trevor era cativante. Mesmo que só para mim.
Ele falava em coisas concretas. A maior parte dos ocultistas de internet se referia
a conceitos vagos — mentalização, realização pessoal, espiritualidade. Trevor falava
em criaturas.
Embora ele fosse familiarizado com as mais variadas práticas herméticas e de
outras tradições, seu principal interesse era a criptozoologia. Ele pesquisava o que
não podia ser explicado como coincidência ou placebo. No instante em que alguém
apresentasse uma criatura desconhecida à comunidade internacional, a ciência que
ele praticava nunca mais poderia ser negada.
Por isso periodicamente partíamos às montanhas, atrás do Pé-Grande.
Parte de mim nunca esperava encontrá-lo. Mas, quando estava com Trevor, eu
acreditava completamente. Eu estava naquele estado de crença total na noite de
59
sábado, em volta da fogueira, olhando o céu e me preparando para o segundo e
último dia de busca.
— Por que você acha que eles se escondem? — perguntei.
Trevor não respondeu imediatamente. Só ficou sorrindo.
— Às vezes acho que Jenny tem razão — insisti. — Num mundo de vigilância
constante, seria de se esperar que o Pé-Grande...
— Sasquatch — ele me interrompeu.
— Hã?
— Sasquatch. Você sabe que o nome da criatura é Sasquatch. Pé-Grande é um
apelido que nos faz parecer crianças.
— Certo, mas por que nenhuma câmera jamais filmou um Sasquatch? Por que
eles se escondem?
— Ora — Trevor sorriu — para que valha a pena encontrá-los.
No meio da cidade, na presença de Jenny ou de qualquer um dos outros, aquilo
seria uma resposta irritante. Mas entre as montanhas, sob as estrelas, me fisgou
direitinho.
— Existem coisas comuns — ele continuou. — Coisas cotidianas, para as quais
não damos valor. Podem ser caras, podem ser luxuosas, mas são mundanas. Car-
ros. Computadores. Apartamentos. Você pode passar a vida inteira correndo atrás
deles, mas nunca vão trazer a plenitude. Isso só pode ser obtido através do que é
sutil, oculto, logo fora do alcance.
— Você acha que descobrir o Sasquatch vai trazer plenitude?
— Para mim, vai — ele sorriu de novo. — Sei que é minha missão.
— Então o quê? Você vai escrever um best-seller e aparecer em talk shows?
— A busca não tem nada a ver com dinheiro ou fama — disse Trevor. — Vou
60
continuar sendo subgerente e ouvindo clientes gritarem comigo, até me aposentar.
Mas pleno.
— Muitas pessoas alcançam a plenitude em um relacionamento. Ou com os
filhos. Mesmo sendo as coisas mais comuns do mundo.
— Não acho. Felicidade? Talvez. Satisfação? Com certeza. Mas plenitude? Não.
Não com algo mundano.
Fiquei em silêncio por um tempo. A pandemia tinha mudado Trevor. Ele não
costumava ser assim quando o conheci. Envolvia-se em discussões na internet,
tinha inimigos na comunidade da criptozoologia, adorava dar autógrafos para os
esquisitos que frequentavam as convenções. Lembro de como ele sofreu quando
elas começaram a ser canceladas.
— Você lembra de nosso primeiro jantar, depois do fim do isolamento? — ele
perguntou de repente.
— A Jenny estava falando sobre essa noite ontem mesmo.
— Jenny é muito perceptiva. Ela notou como aquela noite foi importante.
— Claro que foi. A gente não se via pessoalmente há meses.
— E a obtenção do grupo foi muito mais transcendental quando ele se tornou
algo inalcançável, não? Como o Sasquatch, o grupo de amigos tinha virado algo
que podia não existir, algo mítico. Naquela noite chegamos muito perto de alcançar
a plenitude com uma união forte de afeto mútuo.
Ruminei aquilo um pouco. Estranho ele falar isso, quando tinha passado boa
parte daquela noite olhando para o celular.
— Parece que naquela noite as coisas começaram a mudar — eu disse.
— Mudar como?
— Mudar para melhor. A cura. Logo depois, a diminuição do aquecimento global.
61
— Parece que, no final, a humanidade aprendeu, não?
Deixei o sorriso dele me contagiar.
— Aprendeu sim — respondi. — Finalmente estamos aprendendo.
* * *
62
veria malucos extremistas em todo o mundo, dizendo que uma ou outra versão de
Deus quer que você mate os infiéis. Ainda haveria psicopatas com acesso a arsenais
nucleares aceitando propinas de grandes corporações.
Ele não disse nada, como se esperasse que eu concluísse o raciocínio.
— Quer saber? — falei, depois de um tempo. — O problema são eles. Os
líderes do ódio. Se pelo menos esses sujeitos não chegassem ao poder, o ódio não
seria validado. Mesmo em uma Alemanha antissemita, Hitler proporcionou o
Holocausto. Mesmo numa América xenófoba, a noção de um muro, de campos de
concentração para crianças...
— Já entendi — ele cortou meu discurso. — Até breve, meu amigo. Sinto que
o Sasquatch está logo perto, mas preciso trabalhar amanhã cedo.
* * *
No dia em que o presidente foi algemado e levado para a prisão, fizemos uma
festa. O hino nacional tocava alto em toda a vizinhança. E agora, finalmente, era
algo de que podíamos nos orgulhar. Cores que tinham sido cooptadas pelo outro
lado enfim eram nossas de novo e, embora patriotismo nunca tenha feito parte de
mim, senti um pouco de orgulho só por fazer parte deste país.
Era surreal. Foi um alívio tão grande que só então notamos o quanto vivíamos
oprimidos. Claro, falar em opressão num apartamento com móveis sob medida na
cidade onde morávamos era uma piada, mas notamos que não precisávamos mais
sussurrar ao dizer que, talvez, um presidente não deveria elogiar ditadores. Não
deveria fazer brincadeiras sobre estupro. Não deveria sugerir que etnias inteiras
eram selvagens e criminosas.
63
A decência humana básica deixou de ser motivo de medo. Os ratos estavam
voltando a seus buracos nas sombras.
— Fora, fascistas! — gritava Lauren, bêbada e feliz na nossa janela. — A vez de
vocês está chegando!
E os fascistas, que durante anos tiveram tanto orgulho de seu ódio, não respon-
deram, porque seu líder estava preso e seria julgado por uma corte internacional. A
imagem dele sendo arrastado, chorando em desespero, finalmente sem um aparato
de privilégios para protegê-lo, passava em loop em todas as emissoras. O canal de
notícias que sempre o apoiara saiu do ar pelo dia inteiro.
Eles estavam com medo. Com medo de nós.
Bom.
No nosso apartamento, o hino nacional deu lugar a uma disputa de playlists
ecléticas e a festa continuou até de manhã. Estava frio, porque o mundo todo já
tinha resfriado mais de um grau, mas mantínhamos a janela aberta para participar
da festa do país inteiro.
Jenny sentou no meu colo, me abraçou e me beijou com voracidade. Nosso tesão
um pelo outro só vinha aumentando à medida que o mundo respirava de novo.
Em meio ao beijo, abri um olho e vi que Trevor estava nos observando. Era
mesmo um esquisito. Ele não teve vergonha, mas piscou para mim, ergueu um
copo e se levantou, para nos dar um pouco de privacidade.
Fizemos mais uma festa quando a Rússia também foi libertada e outra para
a Turquia, mas até nosso grupo cansou de comemorar a queda sucessiva dos au-
tocratas. Quando enfim a América Latina parecia estar inteiramente segura na
democracia, a prisão dos criminosos era algo tão comum que mal valia um tweet.
Dentre todas as pessoas que eu conhecia, só eu mesmo estava preocupado.
64
* * *
65
— Eu lembro direitinho do que o Vince disse. Que, com o fim da pandemia,
a mudança climática ia voltar com força total. Que no ano seguinte haveria mais
um incêndio que mataria um bilhão de animais.
— Mas não houve — Trevor sorriu. — Nós aprendemos.
— Não houve — concordei. — A cura foi um milagre, depois tivemos outro
milagre. Energia limpa em menos de um ano.
— Às vezes a humanidade precisa de um solavanco para acordar.
— Também lembro na nossa primeira viagem depois da cura — insisti.
— Elas se misturam na minha cabeça. Quantas já fizemos desde que...
— Acho que você lembra também. Quando eu ia te deixar aqui, você se deteve.
Parecia que estava criando coragem pra falar alguma coisa. E me perguntou qual
problema do mundo eu resolveria se pudesse.
— E o que você respondeu? — ele manteve o sorriso.
— Eu respondi que queria que os psicopatas saíssem do poder.
— Deve estar feliz então.
— O que está acontecendo, Trevor?
Ele manteve o teatro por alguns segundos. Então seu sorriso se desfez.
Deu lugar a um sorriso diferente.
Um sorriso de orgulho.
— Eu sabia que você ia notar — ele disse. — Tentei ser sutil, mas você me
conhece.
— O que está acontecendo? — pousei a cerveja no chão, tendo bebido só um
gole. — O que é isso? Estou sonhando?
— Não, não — ele fez um gesto apaziguador. — Pode ter certeza de que está
bem acordado.
66
— O que está acontecendo, Trevor? Isso não faz sentido! Há semanas estou
buscando evidências de que estou numa simulação! Deus do céu, nem tenho cora-
gem de contar pra Jenny! Ela está tão feliz! O que está acontecendo?
— Fique feliz você também. Lembre daquela noite. De como chegou perto da
plenitude. É tudo real.
— Isso não faz sentido! — eu ergui a voz enquanto ficava de pé. Os gatos
fugiram. — Uma cura milagrosa, então uma solução para o meio ambiente! Logo
depois a queda do neofascismo! Tudo que nosso grupo deseja se torna realidade!
— Não somos os únicos que...
— Em dois anos o mundo parou de decair! Em dois anos tudo mudou!
— O que mais você gostaria que mudasse?
Ele perguntou isso com seriedade total. Acariciando o gato no colo, como um
vilão de filmes do James Bond. Comecei a tremer.
— Como assim? — gaguejei.
— A pandemia era a emergência — disse Trevor. — Depois dela, era possível
começar a resolver os problemas profundos. Primeiro o aquecimento global, depois
a ascensão do neofascismo. O que você resolveria a seguir?
— O que está acontecendo? — perguntei de novo, em tom de súplica.
Trevor fechou os olhos. Suspirou. Pegou o gato, deu-lhe um beijo e colocou-o
no chão. Então se ergueu.
— Venha comigo.
— Pra onde? — eu estava assustado.
— Relaxe — ele riu. — Só vamos até o meu quarto.
Eu o segui até o cômodo com a cama desarrumada, mais um computador, mais
pilhas de livros e pelo menos mais um gato. Também havia um baú.
67
— Comprei numa loja de antiguidades — Trevor explicou. — É brega, mas eu
achei que precisava de um lugar assim para guardar meu tesouro.
— Tesouro?
Ele ergueu o baú com alguma dificuldade e colocou-o na cama. Enfiou a mão
por baixo da camisa e me mostrou a chave que levava pendurada no pescoço.
— Você precisa prometer que não vai contar a ninguém — ele avisou.
— Contar o quê?
— Prometa.
— Certo, eu prometo. Trevor...
— Sua palavra é suficiente.
Ele destrancou o baú. Então abriu a tampa.
Retirou de lá o que parecia ser uma mão.
Não, não uma mão. Uma pata de macaco. Só que muito maior.
— O que é isso? — perguntei. — Um bicho empalhado? O que...
— Vamos, não seja obtuso. Você sabe o que é.
— Uma pata de gorila? Eu não...
— Você sabe. Não finja, não insulte a nós dois. Fale.
Engoli em seco. Então, como se ouvisse minha própria voz no rádio, falei as
palavras:
— Uma pata de Sasquatch.
Ele sorriu e me estendeu a coisa. Tomei-a nas mãos com reverência.
Era pesada. Fosse o que fosse, não estava empalhada, parecia simplesmente
ser incorrupta e não apodrecer. As costas da mão e o toco de pulso eram cobertos
de pelos claros, enquanto os dedos e a palma eram quase pretos, com uma pele
coriácea. As unhas eram grossas. Dos cinco dedos, três estavam dobrados.
68
— Você notou minha mudança de comportamento no início da pandemia, não?
Fiz que sim com a cabeça, sem conseguir tirar os olhos da pata.
— Eu estava perdido — Trevor continuou. — Assim como toda a humani-
dade, estava obcecado com coisas que não importam. Estava correndo atrás de
fama numa comunidade insignificante. Tentando ser promovido a gerente, para
poder gritar com o subgerente assim como meu gerente grita comigo. Eu buscava
o Sasquatch sem entender o que ele significa.
— Mas você encontrou...
— Não foi tão simples assim. Tudo começou quando eu achei que estava infec-
tado.
Isso me fez olhá-lo nos olhos.
— Você...
— Não — ele me tranquilizou. — Nunca tive o vírus. Mas senti falta de ar e
achei que era melhor ir ao hospital para ser testado. Isso foi quando ainda havia
leitos. O teste deu negativo, mas os médicos procuraram o que havia de errado
comigo.
— E o que era?
— Câncer — Trevor sorriu.
Ele me contou tudo enquanto achava os papéis do diagnóstico. Trevor não
fumava, mas isso não impediu que as células de seus pulmões se revoltassem contra
ele mesmo. Ele falou sobre todas as opções de tratamento que foram propostas.
— Certo, você fez o tratamento — interrompi. — E então?
— Quem disse que fiz?
Pisquei, surpreso.
— Mas nunca vejo você tossindo.
69
— Meu câncer é lento — ele explicou. — Foi pego bem no início. Era plena-
mente tratável.
— Então por quê? Não acredito que foi atrás de tratamentos alternativos! Eso-
terismo não é para isso!
— Não, não — ele riu. — Como você sabe, gosto de coisas concretas.
— Então...?
— Que direito eu tinha de receber tratamento quando tantas pessoas estavam
morrendo com o vírus? Que direito eu tinha de mobilizar equipes médicas quando
tantos ficavam sem atendimento? Que direito eu tinha de viver enquanto tantos
estavam morrendo?
Mil questionamentos, expressões de revolta e acusações se acavalaram na minha
cabeça. Que complexo de mártir era aquele? Ele não se importava com as pessoas
que o amavam? Já tinha procurado tratamento psiquiátrico? Por que não falou a
ninguém?
Mas o que saiu de minha boca foi:
— E então, o que você fez?
— Saí em busca do Sasquatch — ele deu de ombros.
Trevor tinha decidido não sobreviver, então não precisava se proteger do vírus.
Seu trabalho não era essencial, assim ele não tinha mais contato com colegas e
clientes. Ele não tinha família e morava sozinho. Trevor aproveitou o início da
pandemia para explorar as montanhas como nunca.
— Não achei um Sasquatch vivo — ele falou, num tom resignado de descul-
pas. — Mas entendi o que era a busca pelo Sasquatch. Entendi que era a busca
pelo maravilhoso. Pela transcendência. Entendi que a materialidade da criatura era
menos importante que o caminho ao qual ela me levava.
70
E, pouco depois dessa percepção, Trevor passou por um mercado de pulgas
abandonado. Uma instituição do interior do país que parecia ter acabado com a
pandemia, uma junção de mesas a céu aberto, com vendedores que tentavam em-
purrar bugigangas usadas para fregueses que barganhavam por centavos. As mesas
estavam marcadas pelo sol e pela chuva, cobertas de brinquedos velhos, revistas
arruinadas e outras mercadorias transformadas em lixo. No meio disso, dentro de
uma caixa de sapato, estava ela.
— Eu entendi imediatamente o que era — disse Trevor. — Entendi que meu
caminho era muito mais que provar ao mundo que um humanoide peludo existia.
Minha missão sempre foi consertar tudo.
— Consertar tudo?
— Salvar a humanidade.
Foi a primeira vez que a excentricidade de Trevor deu lugar a um brilho de
loucura.
— Vamos voltar pra sala — falei com cuidado.
— Não precisa ficar com medo de mim — ele sorriu. — Se enlouqueci, en-
louqueci há tempos. Você já esteve sozinho comigo no meio do mato muitas vezes
desde então.
Não deixava de ser verdade. Ele continuou a história.
— Eu não sabia o que a pata podia fazer — disse Trevor. — Quando cheguei
em casa, coloquei-a num altar. Tentei rezar para ela, mas parecia errado. A pata
do Sasquatch não exige devoção, não quer que você se ajoelhe. Um dos gatos
derrubou-a do altar e atacou ela como se fosse um brinquedo.
Eu ri.
71
— E foi então que entendi! — ele ficou entusiasmado. — Isto não era algo
sinistro. Não estava no fundo de um templo ou na lojinha sórdida de um feiticeiro
exótico. Estava numa caixa de sapato, na mesa de um vendedor muito comum,
que agora não podia trabalhar por causa do vírus. Os gatos não tiveram medo, não
chiaram, só quiseram brincar. A pata era algo do bem.
— E então? — eu estava completamente cativado.
— Então eu dormi com ela. Foi a melhor noite de sono que tive em anos.
Dormi com ela e não tive medo do câncer, não tive medo do vírus. Antes de pegar
no sono, pensei em como eu queria que todos estivessem seguros. Que alguém
encontrasse logo a cura.
Quando ele acordou, soube que seu desejo tinha sido atendido.
A manhã do anúncio foi poucas semanas depois.
— Mas sabe como eu tive certeza que tinha funcionado? — ele perguntou com
um sorriso malandro, como se falasse com uma criança.
O polegar do Sasquatch amanhecera dobrado.
72
73
Evil Dead: hoje em
dia todo mundo viu!
TA P RO I B I D A !
A L I S
N esta continuação da matéria da DB
156, confira a lista dos filmes que
sofreram processo e foram banidos do
al Cimiterro ou The House by the Cemetery): filme do
lendário diretor Lucio Fulci, onde estranhos assassinatos
acontecem e os convidados nem desconfiam dos segre-
dos que se escondem na casa.
Reino Unido, considerados “nasties”,
filmes controversos demais para serem A Ilha da Morte (Ta Pedhia tou dhiavolou, ou Devils
in Mykonos ou A Craving For Lust): um casal britânico
exibidos. Alguns países copiaram essa
pervertido resolver matar e violentar tudo que encontra
lista, não permitindo o lançamento, na frente em suas férias numa pequena ilha grega. Filme
comercialização e etc. péssimo de baixíssimo orçamento e qualidade ainda pior.
Alertamos que todos os filmes contém temas e cenas Aniversário Macabro (The Last House on the Left):
sensíveis e são (des)aconselhados apenas para adultos primeiro filme do diretor Wes Craven, que depois fica-
cientes do que vão encontrar. ria famoso com A Hora do Pesadelo, onde duas garotas
Absurd (Rosso Sangue, Monster Hunter, Anthropo- são sequestradas e torturadas por uma gangue de psico-
phagus 2 ou Horrible): um assassino com capacidades patas. Este filme brutal teve uma nova versão em 2009.
regenerativas é perseguido por padre do Vaticano. Vendido Apocalypse Domani (Cannibal Apocalypse, ou In-
como continuação de O Antropófago. Foi liberado, sem vasion of Flesh Hunters): um veterano do Vietnã volta
cortes, para exibição, apenas em 2017. Ruim de doer. para os Estados Unidos com um vírus que transforma as
A Casa dos Mortos-Vivos (Quella Villa Accanto pessoas em canibais.
74
As Condenadas (Gestapo’s Last Orgy, ou L’ultima depois, ele se vinga daqueles que fizeram a brincadeira.
orgia del III Reich, ou Last Orgy of the Third Reich ou Liberado sem cortes em 2001.
Caligula Reincarnated As Hitler): um sobrevivente de Faces da Morte (Faces of Death): pseudodocumen-
um campo de concentração relembra como escapou de tário que mostra diversas formas de morte e tortura, mis-
lá. Destaque para o título superapelativo Calígula Rein- turando filmagens verdadeiras de acidentes e execuções
carnado como Hitler. com mortes forjadas. Uma cena que ficou famosa, a de
A Vingança de Jennifer (I Spit on Your Grave ou uma pessoa comendo o cérebro de um macaco vivo, foi
Day of the Woman): mulher é atacada por três homens, confirmada depois como sendo falsa.
os quais ela depois se vinga, caçando e matando. Teve Fight for your Life: três detentos fogem e se escon-
uma refilmagem em 2010 lançada como Doce Vingança. dem na casa de um pastor. Depois de ver sua família,
Axe (ou Lisa, Liza, ou Califórnia Axe Massacre): atormentada, ele se vinga dos criminosos. Filme obscuro,
três criminosos se escondem numa fazenda onde vivem que só ficou conhecido por estar nesta lista.
uma garota e seu avô, e depois de quase ser pega, Lisa, Holocausto Canibal (Cannibal Holocaust): filme
a garota, se vinga dos invasores. pra lá de polêmico, de Ruggero Deodato, que fez
Banquete de Sangue (Blood Feast): do diretor Her- uma campanha de lançamento em que insinuava que
shell Gordon Lewis, o padrinho do gore, sobre um as filmagens tinham sido encontradas e eram “reais”, o
sacerdote de Isis nos dias atuais que mata mulheres no que levou o diretor a ser processado por homicídio (e
intuito de trazer sua deusa de volta à vida. inocentado depois).
Bloody Moon (Die Säge des Todes): filme do diretor La Bestia in Calore (The Beast in Heat): filme pouquís-
Jesus Franco, onde garotas são mortas numa escola simo conhecido, sobre um mutante humano-fera criado por
de idiomas na Espanha. uma cientista nazista. Não foi liberado no Reino Unido.
Blood Rites (The Ghastly Ones): três casais
passam a noite numa casa vitoriana antiga e co-
meçam a ser mortos um a um. Não foi liberado
no Reino Unido.
!
Cannibal Ferox (ou Make Them Die Slowly):
O
três amigos que querem provar que canibalismo
I D
não existe e vão para a floresta, onde encontram
IB
uma tribo de... canibais! Também tem uma trama
O
envolvendo roubo de esmeraldas. Filme bem ruim.
P R
Carne para Frankenstein (Flesh for Fran-
kenstein ou Andy Warhol’s Frankenstein):
versão da história de Frankenstein baseada numa
ideia do assistente de Andy Warhol (que tem
pouco a ver com a produção). O dr. Frankenstein
(Udo Kier) quer criar uma raça perfeita, com um
homem e uma mulher feitas por ele. Filme ruim
que disperdiça Kier num roteiro hediondo. Faz
par com o filme Sangue para Drácula (Blood for
Dracula) também com Udo Kier.
Chamas da Morte (The Burning): uma pe-
gadinha no zelador de um campo de verão dá
errado e ele fica horrivelmente queimado. Anos
75
La Casa Sperduta nel Parco (The House on the Edge La Semana del Asenino (The Cannibal Man): depois
of Park): depois de provocados, dois indigentes invadem de matar acidentalmente um taxista, o jovem Marco aca-
uma casa, fazendo seus donos de reféns e os torturando. ba matando mais pessoas para encobrir seu crime. Não
Filme ruim e esquecível do diretor Ruggero Deodato. tem nada de canibalismo, apesar do título em inglês.
Lager SSadis Kastrat Kommandantur (ou SS Expe- Love Camp 7: duas agentes do governo se infiltram
riment Camp ou SS Experiment Love Camp): outro filme num campo de concentração nazista para conseguir in-
sobre um campo de concentração nazista onde se faziam formações de um cientista. Filme péssimo e de mau gosto
experiências em prisioneiros com o intuito de se criar a em seu desenrolar.
raça ariana perfeita.
Manhunter – O Sequestro (El Canibal ou Devil
La Horripilante Bestia Humana: filme mexicano com Hunter): um veterano do Vietnã vai salvar uma modelo
lutadoras mascaradas, um cientista louco que quer salvar sequestrada numa ilha de canibais. Tipo Rambo vs. Ca-
seu filho da leucemia ao fazer um transplante de um co- nibais, só que ruim.
ração de um gorila, o que faz o filho se transformar numa
criatura humana-gorila. Mansão da Morte (A Bay of Blood, ou Ecologia
del delitto, Reazione a Catena, Carnage,Twitch of the
La Maldición de la Bestia (ou The Werewolf and
Death Nerve, Blood Bath): filme de crime e assassinato
the Yeti ou Night of the Howling Beast): filme do ator
do diretor Mario Bava, que serviu de influência para o
espanhol Paul Naschy (ou Jacinto Molina) e seu
primeiro Sexta-Feira 13.
personagem Waldemar Daninsky, que é lobisomem em
várias histórias diferentes. Aqui, Waldemar é um famoso Mardi Gras Massacre: polícia tenta capturar um
aventureiro que busca encontrar o yeti no Himalaia, mas maníaco que está fazendo assassinatos ritualísticos de
acaba sendo capturado por duas demônias que o trans- mulheres durante as festividades do Mardi Gras em
formam no lobisomem, apenas porque sim. New Orleans.
PR O I B I D O !
76
Night of the Demon: o professor Nugent e seus alunos de Lucio Fulci, que tentou ao máximo entrar na onda dos
saem pra provar a existência do Pé-Grande, mas acabem filmes de zumbi norte-americanos. A filha de um cientista
interrompendo um ritual de magia negra e descobrem vai até uma ilha tropical para encontrar o pai, que está
a verdade sobre o monstro. Filme com várias cenas de pesquisando a causa e uma possível cura para uma pra-
violência explícitas e gratuitas. ga de morto-vivos que assola a ilha.
O Antrófago (título original Antropophagus, ou
The Grim Reaper, Man Beast, Man-Eater e The Savage Documentário nastie
Island): grupo de amigos vai parar numa ilha onde exis-
Para quem quiser saber mais sobre a história dos ví-
te um canibal desfigurado que sai matando e comendo
deos nasties, a censura da época e todo o clima estranho
todos eles. Filme de péssimo gosto.
que causou a perseguição aos filmes de terror e a criação
O Assassino da Furadeira (The Driller Killer): ar- da lista dos proibidos, recomendamos o documentário
tista inundado de problemas vai ficando cada vez mais Video Nasties: Moral Panic, Censorship & Videotape
insano e resolve matar pessoas com uma furadeira. lançado em 2010, que aborda muito bem o tema, com
O Mensageiro de Satanás (Evilspeak): um cadete mi- vários depoimentos de estudiosos, escritores, diretores e
litar consegue chamar demônios e fazer feitiços através artistas que viveram a época.
de seu computador. Muitos dos “filmes proibidos” que constam nas listas
Perigo na Floresta (Don’t go in the Woods): manía- dos nasties, se forem vistos hoje, seriam considerados
co mata turista na floresta. Viu? Fica em casa, é melhor. apenas filmes ruins e de mau gosto, com temas batidos
Pesadelo (Nightmares in a Damaged Brain ou Night- (atualmente) ou que usavam sangue ou sexo demais para
mare): um fugitivo de um manicômio sai matando pessoas
atrair público.
no seu caminho. Mais genérico que isso, impossível... O problema principal de toda esse arroubo de proi-
Snuff: Um filme que se mostrava como sendo um bição que aconteceu na Inglaterra e se espalhou pelo
“snuff” (um filme com cenas reais de morte, onde os ato- mundo afora, é que não havia uma preocupação real
res morreriam de verdade) mostrando um lider de uma com a qualidade cinematográfica ou a mensagem pas-
gangue de motoqueiros e as mortes que ele e sua gangue sada pelos filmes em questão, não havia uma verdadeira
teria cometido. preocupação de que medidas fossem tomadas para que
crianças não tivessem acesso a tal material.
Tenebre (ou Tenebrae, ou Unsane): excelente filme
giallo do diretor Dario Argento, onde um escritor ame- A questão principal era encontrar um alvo fácil para
ricano em Roma é perseguido por um assassino serial culpar problemas sociais sérios, era fazer alarde com leis
que está usando seus livros como inspiração para matar. e atitudes fáceis de tomar por parte da autoridades, que
eram mostradas como soluções para uma “decadência
There Was a Little Girl (ou também Madhouse): nos moral” que não existia, soluções milagrosas para proble-
dias que antecedem seu aniversário, mulher é perseguida mas sérios. Dessa forma, o governo britânico mostrava
por sua irmã gêmea assassina. que estava fazendo “todo o possível” para acabar com
Trauma (ou Exposé): escritor não consegue escrever o desemprego e para melhorar a economia, proibindo
seu segundo livro e começa a ter problemas quando con- filmes de terror.
trata uma secretária. O excelente ator Udo Kier participa Mais uma vez, o terror levava a culpa por algo que
desse filme quase obscuro. nem de perto era responsável.
Toxic Zombies (ou Bloodeaters): um avião solta
produtos químicos numa plantação de drogas, o que faz ROGERIO SALADINO
com que seus plantadores se tornem criaturas tipo zumbi.
Zumbi 2 – A Volta dos Mortos-Vivos (ou Zombi 2
ou Zombie ou Zombie Flesh Eaters): filme agora clássico
77
tormenta20
Bandos de
mercenário
os por rafael dei svaldi
arte de ricardo mango
Soldados da fortuna, seus recursos e
perigos, contra os aventureiros em t20
M
ercenários. Homens e mulheres A seguir são apresentadas fichas de uma companhia
de várias raças, sem bandeira nem mercenária típica. Você pode alterar as raças das criaturas
ou incluir tipos diferentes de integrantes. Ao contrário
pátria, que vendem suas habilida-
de exércitos regulares, que seguem regras para tudo,
des de combate para quem oferece
desde o equipamento a ser usado até o tipo de soldado
o melhor preço, conhecidos como tradição aceito em suas fileiras, soldados da fortuna tendem a ser
principalmente na antiga Portsmouth. Todo mais pragmáticos e abertos. Qualquer um que possa ser
aventureiro em Arton, em algum momento útil tem lugar em um grupo de mercenários.
de sua carreira, encontrará mercenários em
seu caminho, seja defendendo a fortaleza do
inimigo, a serviço de um nobre aliado ou sim-
Soldado
plesmente saqueando os camponeses locais
no intervalo entre uma guerra e outra.
Mercenário ND 1
Os combatentes que formam a base de uma companhia
Seguindo o formato das ameaças apresentadas em mercenária têm as mais diversas origens, desde soldados
Tormenta20, este artigo descreve regras para usar mer- saídos de um exército regular até homens e mulheres que
cenários como oponentes, incluindo as fichas dos mem- encontraram no serviço mercenário a melhor (ou única)
bros típicos de uma companhia de mercenários de Arton forma de conseguir algum sustento. Estes soldados da
e informações sobre seus fortes e acampamentos. sorte muitas vezes vêem mais ação do que militares de
alguns exércitos, e acabam compensando com experiência
prática o que lhes falta em treinamento marcial.
A Companhia
de Mercenários Humano 4, Médio
Iniciativa +3, Percepção +1
Mercenários são soldados que vendem seus serviços Defesa 16, Fort +7, Ref +5, Von +1
para quem pagar mais. Em alguns casos, podem ser Pontos de Vida 20
apenas um grupo de combatentes que viaja junto em Deslocamento 9m (6q)
busca de trabalho (quase como um grupo de aventu- Corpo a Corpo Alabarda +8 (1d10+9, x3)
reiros). Em outros, podem ser dezenas ou centenas À Distância Arco longo +5 (1d8+4, x3)
de homens e mulheres de várias raças, organizados de For 18, Des 12, Con 16, Int 8, Sab 9, Car 8
forma semelhante a um exército regular, com patentes Equipamento Alabarda, arco longo, cota de malha, flechas
militares, armas de cerco e arsenal próprio e até mesmo x10. Tesouro Padrão.
um estandarte. Estes pequenos exércitos, chamados de
companhias, são capazes de desequilibrar uma guerra Força nos Números
para o lado de qualquer um com tibares suficientes para Personagens de alto nível não terão dificuldades em
pagar seu preço. derrotar um ou dois mercenários. Entretanto, diante de
80
oponentes muito habilidosos, estes combatentes expe- Pontos de Mana 10
rientes se valerão de sua maior força: a quantidade. Para Corpo a Corpo Machado anão +14 (1d10+9, x3)
representar mercenários lutando em conjunto, você pode “De pé, seu preguiçoso!” (movimento, 1 PM) O sargento merce-
transformá-los em “unidades” (esta também é uma forma nário reanima um aliado vivo com 0 ou menos PV em alcance
de tornar os soldados do forte uma ameaça mesmo para curto. O aliado acorda estável e com um total de 2d6 PV
personagens mais experientes). Uma unidade é um grupo “Lutem, infelizes!” (movimento, 1 PM) O sargento mercenário
de 10 mercenários; ela é tratada como uma única criatura concede +1 em testes de ataque e rolagens de dano para
com as características básicas de um mercenário modifi- todos os aliados em alcance médio até o fim da cena
cadas da seguinte forma: ND muda para 5, tamanho muda “Mexam-se!” (movimento, 1 PM) O sargento mercenário
para Grande (apenas para manobras de combate e furtivi- aumenta em 6m o deslocamento de todos os aliados em
dade), PV passam para 100, ataque corpo a corpo se torna alcance médio por 1 rodada
“alabarda +18 (2d10+18, x3)” e ataque à distância se torna For 18, Des 10, Con 22, Int 10, Sab 14, Car 10
“arco longo +15 (2d8+8, x3)”. A unidade também ganha as Perícias Intimidação +9, Sobrevivência +7 (+9 em subterrâneos)
habilidades abaixo. Equipamentos Escudo pesado, machado anão, meia armadu-
Ataque em Bando Se um ataque da unidade de mercenários ra reforçada. Tesouro Padrão.
exceder a Defesa do inimigo por 10 ou mais, ela causa o
dobro do dano. Se um ataque da unidade errar, ele ainda
assim causa metade do dano Guarda
Forma Coletiva A unidade é imune a efeitos que afetam ape-
nas uma criatura e não causam dano, como a magia Raio do
Enfraquecimento, mas sofre 50% a mais de dano de efeitos
do Portão ND 6
Ogros são estúpidos e ignorantes. Mas também são
de área, como Bola de Fogo. Um personagem com o poder
grandes, fortes e resistentes. Com estas qualidades, são
Trespassar que acerte a unidade pode utilizá-lo como se ti-
ótimos para guardar o portão do forte da companhia, im-
vesse derrubado um inimigo (mas apenas uma vez por turno)
pedindo a entrada de indesejáveis e mantendo inimigos
a distância tempo suficiente para que seus companhei-
Sargento ros se prepararem. Infelizmente, nem sempre o ogro se
lembra quem faz parte do bando ou não e pode manter
Mercenário ND 3 um colega mercenário do lado de fora por horas, até ser
convencido de que aquele “estranho” pode entrar.
Anões são durões, resistentes e disciplinados. E
também mau humorados e pouco simpáticos. Em Gigante (ogro) 14, Grande
suma, reúnem todas as qualidades necessárias para Iniciativa +8, Percepção +9, visão na penumbra
transformar um bando indisciplinado e desorganizado Defesa 23, Fort +16, Ref +8, Von +2
em uma unidade de soldados eficiente. Muitos anões Pontos de Vida 122
que se unem a mercenários buscam o prazer da luta e Deslocamento 6m (4q)
pilhagem, enquanto outros acabam nestes lugares por Corpo a Corpo Machado de guerra +17 (3d6+13, x3)
estarem fugindo de algum crime ou problema em sua Burro Demais... O ogro sofre uma penalidade de –5 em testes
terra natal, Doherimm. de Intuição e Vontade (já contabilizados na ficha).
...Para Morrer! Todo dano de corte, impacto e perfuração
que o ogro sofre é reduzido à metade.
Anão 10, Médio
Iniciativa +9, Percepção +7 (+9 no subterrâneo), visão no escuro For 26, Des 12, Con 20, Int 5, Sab 10, Car 6
Defesa 21, Fort +15, Ref +5, Von +7 Perícias Atletismo +19, Intuição +3
Pontos de Vida 92 Equipamento Loriga segmentada, machado de guerra aumen-
Deslocamento 6m (4q) tado. Tesouro Metade.
81
Carcereiro Espião
Mercenário ND 5 Mercenário ND 2
Sejam desertores covardes, prisioneiros de guerra ou Assim como exércitos regulares, muitos bandos
um cativo valioso esperando resgate, as celas de um forte mercenários empregam espiões. Além dos usos con-
mercenário sempre têm algum hóspede. O encarregado vencionais, um espião pode descobrir oportunidades de
de manter todos estes prisioneiros na linha é o carce- trabalho para o bando e, em casos extremos, fomentar
reiro, um indivíduo embrutecido que se diverte com o disputas e criar estas oportunidades. Por sua natureza,
medo estampado nos olhos de suas “visitas”. homens-rato são excelentes para este trabalho. Muitas
vezes expulsos de suas famílias humanas, homens-rato
Osteon 11, Médio que não se juntam a outros de sua espécie encontram
Iniciativa +9, Percepção +6, visão no escuro trabalho fácil em um bando de mercenários, onde sua
Defesa 22, Fort +8, Ref +11, Von +10, imunidade a doenças, aptidão natural para espionagem é altamente valorizada.
fadiga, sangramento e venenos, resistência a corte, frio e De todos os membros do bando, o espião mercenário
perfuração 5 é o que tem mais probabilidade de estar fora do forte. De
Pontos de Vida 55 fato, encontrar um destes espiões nos ermos ou em uma
Deslocamento 9m (6q) cidade pode ser um gancho para colocar os mercenários
Pontos de Mana 11 no caminho dos jogadores.
Corpo a Corpo Ferro em brasa +13 (1d6+4 mais 1d6 fogo) e
gancho de carne +13 (1d6+4, x3). Homem-rato 9, Médio
Bater Onde Machuca A margem de ameaça dos ataques do Iniciativa +14, Percepção +9, faro, visão no escuro
carcereiro mercenário contra criaturas vivas aumenta em +2. Defesa 20, Fort +15, Ref +14, Von +5, esquiva sobrenatural,
Essência do Medo (padrão, 1+ PM) O carcereiro mercenário evasão, imunidade a doenças, redução de dano 10/prata
lança Amedrontar (CD 18). Pontos de Vida 72
Saborear o Tormento O carcereiro mercenário recebe +2 nos Deslocamento 12m (8q), escalada 12m (8q)
testes de ataque e nas rolagens de dano contra criaturas
sob efeito de uma condição de medo. Corpo a Corpo Espada curta +14 (1d6+6, 19) e mordida +14
For 18, Des 18, Con 16, Int 10, Sab 12, Car 16 (1d6+6 mais doença)
Perícias Intimidação +12, Medicina +10. À Distância Besta leve +14 (1d8, 19)
Equipamento Couraça reforçada, ferro em brasa (equivalente Poderes Vitalidade
a uma clava), gancho de carne (equivalente a uma foice). Ataque Furtivo O espião mercenário causa +2d6 pontos de
Tesouro Padrão. dano com ataques corpo a corpo, ou à distância em alcance
curto, contra alvos desprevenidos ou que esteja flanqueando.
Covardia Sempre que o espião mercenário chegar à metade
dos seus PV, tentará fugir dos inimigos e se esconder. Se for
encurralado e não tiver mais como fugir, lutará, recebendo
+2 em testes de resistência e de ataque, em rolagens de
dano e na Defesa.
Mordida Infecciosa Uma criatura atingida pela mordida do
espião mercenário contrai a doença febre do esgoto (Forti-
tude CD 19 evita).
For 14, Des 23, Con 20, Int 8, Sab 13, Car 6 Magias 1º - Armadura Arcana, Aviso, Escuridão, Imagem Es-
Perícias Furtividade +14 (+19 em esgotos e outros terrenos pelhada, Seta Infalível de Talude; 2º - Relâmpago, Runa de
urbanos sujos) Proteção, Toque Vampírico; CD 21.
Equipamento Armadura de couro, besta leve, espada curta, For 10, Des 18, Con 16, Int 20, Sab 12, Car 12
virotes (10). Tesouro Padrão. Perícias Enganação +13, Furtividade +16, Misticismo +15
Equipamento Adaga, essência de mana. Tesouro Padrão
Vidente
Mercenário ND 5 Gorlogg
Mesmo o mais embrutecido mercenário reconhece o
valor das dádivas de Wynna. O vidente mercenário é um de Estimação ND 2
misto de fonte de informações e arma de cerco. Seus po- Este mascote é um gorlogg adulto, criado e treinado
deres de adivinhação mantêm a companhia informada, pelos mercenários para servir de animal de estimação,
mesmo no isolamento do forte, enquanto suas magias “cão de guarda” e companheiro de batalha. Manter feras
de destruição asseguram uma vantagem importante no selvagens como mascotes é um costume entre bandos
campo de batalha. mercenários. Além de seus usos práticos, um mascote
selvagem é um símbolo de status e poder para o bando;
Sulfure 12, Médio quanto mais perigosa e rara a criatura, melhor.
Iniciativa +14, Percepção +11, visão no escuro
Defesa 14, Fort +9, Ref +10, Von +11 Animal 7, Grande
Pontos de Vida 60 Iniciativa +9, Percepção +4, visão na penumbra
Deslocamento 9m (6q) Defesa 22, Fort +13, Ref +9, Von +4
Pontos de Vida 70
Pontos de Mana 41 Deslocamento 9m (6q)
Corpo a Corpo Adaga +14 (1d4, 19).
Poder Mágico x2 Corpo a Corpo Mordida +15 (1d8+6, x3).
Diabretes Sombrios (padrão, 2 PM) o vidente evoca 1d4+1 diabre- Agarrar Aprimorado (livre) Se o mascote selvagem acerta um
tes feitos de sombras que aparecem em espaços desocupados ataque de mordida, pode usar a manobra agarrar (bônus +17)
em alcance curto. No início do turno do vidente, cada diabrete For 23, Des 14, Con 22, Int 2, Sab 12, Car 6
ataca um inimigo adjacente. Se não for possível, o diabrete se Perícias Atletismo +13
move (eles têm deslocamento 9m) até o inimigo mais próximo. Equipamento Cota de malha. Tesouro Nenhum.
Cada diabrete causa 1d6+1 pontos de dano de trevas. Eles têm
For 14, Des 14, 6 PV e não têm valor de Defesa ou testes de
resistência (qualquer efeito os acerta automaticamente). Eles Capitão
desaparecem quando morrem ou no fim da cena.
Magia Acelerada (livre, 4 PM) Quando lança uma magia com Mercenário ND 8
execução de ação completa ou menor, o vidente mercená- Mercenários tendem a seguir o líder mais forte e
rio muda a execução dela para livre. Ele só pode usar este habilidoso nas artes da guerra, alguém capaz de condu-
poder uma vez por rodada. zi-los a vitórias (e saques) espetaculares. Um gigante de
Sombras Profanas O custo da magia Escuridão do vidente pedra, com seu tamanho, força física e espírito marcial,
mercenário é reduzido em −1 PM. é mais do que adequado para liderar uma companhia
83
de mercenários. Afinal de contas, que exército regular é A seguir são apresentados alguns destes truques, na for-
liderado por alguém equivalente a uma arma de cerco? ma de habilidades que podem ser adicionadas às fichas
acima. Use-os para dar mais cor aos seus mercenários e
Gigante de pedra 14, Grande surpreender seus jogadores.
Iniciativa +9, Percepção +13 Armadura Reforçada Placa por cima da cota de
Defesa 26, Fort +20, Ref +9, Von +13 malha, couro de monstro por cima de tudo. O mercená-
Pontos de Vida 156 rio recebe +1 em Defesa.
Deslocamento 9m (6q)
Arma Envenenada Quando acerta seu primeiro
ataque com arma, o mercenário causa +1d12 pontos de
Pontos de Mana 14
dano de veneno.
Corpo a Corpo Machado de guerra +22 (3d6+21, x3).
À Distância Rocha +13 (2d6+10, alcance médio). Disciplina Surpreendente O mercenário recebe
Poderes Ataque Poderoso (já contabilizado), Estilo de Duas +1 em testes de resistência.
Mãos, Foco em Arma (machado de guerra) Lâmina Farpada O multiplicador de crítico dos
Comandar (movimento, 1 PM) O capitão mercenário grita or- ataques corpo a corpo do mercenário aumenta em +1.
dens para seus aliados em alcance médio, concedendo a
Pó Negro Alguns mercenários da companhia
eles +1 em testes de perícia até o final da cena.
carregam pequenas cargas de pólvora. Na primeira ro-
Durão (reação, 2 PM) O capitão mercenário reduz à metade
dada de cada combate, cada personagem jogador sofre
um dano que tenha sofrido.
2d6 pontos de dano de fogo (Reflexos CD 15 reduz à
Tornado de Dor (padrão, 2 PM) O capitão mercenário desfere
metade).
uma série de golpes giratórios. Ele faz um ataque e compara
o resultado contra a Defesa de cada inimigo adjacente; se Táticas de Emboscada O mercenário causa
acertar alguém, faz uma única rolagem de dano com um +1d6 pontos de dano contra criaturas surpreendidas.
bônus cumulativo de +2 para cada acerto e a aplica em cada
inimigo atingido.
Varrer (livre) Uma vez por rodada, quando o capitão mer- O Forte dos
cenário derruba uma criatura com um ataque de tacape
(reduzindo seus PV para 0 ou menos), ele pode realizar um Mercenários
ataque adicional contra outra criatura em seu alcance. Esse Embora estejam viajando constantemente, muitas
ataque usa os mesmos bônus de ataque e dano, mas os companhias mercenárias mantêm algum tipo de quar-
dados devem ser rolados novamente. tel general fixo, um lugar seguro onde esconder seus
For 31, Des 15, Con 29, Int 12, Sab 14, Car 12 pagamentos ou saques e para onde enviar seus feridos
Perícias Atletismo +11, Guerra +12 e prisioneiros. Por sua natureza marcial, é natural que
Equipamento Armadura completa, machado de guerra au- mercenários se sintam mais à vontade em lugares como
mentado certeiro e cruel. Tesouro Dobro. castelos e fortificações. Embora grupos particularmente
ricos e bem-sucedidos possam construir seus próprios
84
Aventurando-se acesso pelo pátio interno. Abriga as montarias da com-
panhia (geralmente cavalos, trobos ou cães de guerra).
85
tos privados, sob a guarda de um sargento mercenário muito rico e poderoso, e tenha decidido que é hora de
e 1d4 soldados. Fique à vontade para incluir algum tipo conquistas mais ousadas? Ou então os personagens im-
de armadilha ou alarme na entrada dos aposentos do puseram uma derrota custosa à companhia em alguma
capitão e do vidente. outra aventura, e agora são caçados pelos mercenários.
Masmorras. Aqui, são mantidos todos os prisio- Mercenários Rubros. O capitão de uma grande
neiros da companhia, incluindo desertores, prisioneiros companhia mercenária faz um acordo com um lefeu ou
inimigos de menor importância e aqueles de alto nível que um sacerdote de Aharadak e seus soldados recebem po-
se mostraram muito poderosos ou rebeldes para ficarem deres da Tormenta em troca de seus serviços. Corrompi-
em aposentos privados. As masmorras geralmente ficam dos pelo poder lefeu, estes mercenários se tornam uma
no subterrâneo do forte e são o domínio do carcereiro ameaça crescente para a região. Cabe aos personagens
mercenário. Elas são lugares escuros, claustrofóbicos, encontrar os mercenários e interromper a corrupção
que geram uma terrível sensação de desesperança. Per- antes que seja tarde demais.
sonagens que entrem na masmorra ficam alquebrados Prisioneiros. Os personagens são capturados
(Vontade CD 20 evita) até saírem da masmorra. pelos mercenários e acordam presos na masmorra. O
objetivo é escapar e, se possível, recuperar seus per-
tences e talvez resgatar algum NPC que tenha sido
Aventuras capturado junto.
86
87
ENCONTRO ALEATÓRIO
Um tipo
de cena
diferente
para mudar
um pouco
o ritmo da
sua aventura
É hora do baile!
N em só de masmorras, cavernas,
guerras e batalhas é feita uma
aventura de RPG. Há outros tipos de
conseguir o que querem. Esse pode ser um ótimo momento
para inserir uma cena de baile.
Apesar de aparecer com alguma frequência em histórias
cenas que o mestre pode montar para os de fantasia medieval, uma cena de baile pode ser inserida
jogadores que se encaixem na proposta em qualquer cenário em que exista uma justificativa para esse
tipo de situação: fantasia urbana, ficção científica etc. Uma
de aventura. Algumas vezes podemos ter
cena de baile não significa uma situação necessariamente
cenas de mistério, de terror e até focadas sem combates, mas nem sempre eles são o foco. O desafio
em exploração, variando também de dos jogadores é interagir com outros convidados, conseguir
acordo com o sistema. informação, invadir algum lugar secreto etc.
Existem aventuras em que os jogadores precisam lidar Cenas de baile podem ser muito divertidas e tensas ao
com a alta sociedade e com a política do universo. Ou situa- mesmo tempo e trazer muitas recompensas para os joga-
ções em que eles precisam cuidar de reputação e aparências. dores, entre itens, experiência e informações importantes.
As armas não vão ser de muita ajuda para os heróis nesses Então, aqui vão algumas dicas para montar um baile para
casos, e eles vão ter que pensar em outras alternativas para sua aventura de RPG.
88
ENCONTRO ALEATÓRIO
Falem bem ou falem mal… a alta sociedade ignore ou menospreze os jogadores, mas
existe a vantagem de terem acesso aos espaços dos funcio-
Será isso mesmo? nários, ou até descolar informações extras ao interagirem
com “colegas de trabalho.
“Falem bem ou falem mal, mas falem de mim” é um ditado
que talvez não seja muito bom em um baile. Um aspecto que
os mestres podem incluir nesse tipo de missão é a reputação Mantendo a pose
dos heróis. Como os outros convidados vão encará-los e
Uma vez dentro do baile, assim como em qualquer outra
como isso vai afetar a conclusão da missão?
cena, os heróis terão que passar por desafios para alcançar
o objetivo. O cenário do baile, porém, é um local em que
Quem são esses? todos estão atentos, de olho um nos outros, então o mestre
Se for um baile da alta sociedade e os heróis forem pode estabelecer que é preciso manter alguma pose para
desconhecidos, iniciantes ou se nunca estiveram naquela facilitar a missão.
região antes, pode ser que os convidados suspeitem de sua Uma forma possível de acompanhar a reputação que os
presença ali, com olhares tortos. jogadores estão ganhando no baile é estabelecer um Nível
Isso pode significar que os guardas vão ficar mais de olho de Aprovação. A cada ação que pode ser bem vista dentro
neles, impondo penalidades em testes relacionados a ações do baile, o mestre rola 1d4 para ver quantos prestaram
de furtividade. Em situações de interação social, se o objetivo atenção, adicionando o número no Nível de Aprovação.
for conseguir uma informação, os heróis podem também sofrer Algo visto com maus olhos recebe uma rolagem de 1d4,
penalidade em perícias correspondentes. mas o resultado é diminuído do Nível de Aprovação.
Essa mecânica pode ser usada para recompensas e
Amigos importantes para medir o quanto os heróis alcançam seus objetivos. Por
Os heróis podem entrar em um baile por terem algum exemplo, se o objetivo final for convencer os nobres de que
contato que disponibilizou convites ou junto à comitiva de o príncipe está armando um ataque ao baile, o mestre pode
um nobre específico. Isso pode ter efeitos positivos aos olhos usar o Nível de Aprovação para saber quantas pessoas eles
de outros NPCs da cena. Testes que envolvam carisma po- conseguem convencer, ou se pelo menos conseguem evitar
dem ter algum bônus, assim como os heróis podem ganhar de serem presos caso algo dê errado.
acesso a áreas em que outros convidados nem sonham em No game Dragon Age: Inquisition existe uma cena de
entrar. baile (missão Wicked Eyes and Wicked Hearts), em que
o protagonista e sua equipe vão para um dos bailes mais
Identidade falsa importantes daquele mundo. Lá, eles usam a mecânica de
Os jogadores podem ter conseguido entrar no baile com Aprovação da Corte. Essa aprovação impacta diretamente
a identidade de outra pessoa, até usando magias como o final da missão e pode ser afetada por inúmeros motivos,
disfarce. Isso pode abrir chances interessantes para o mes- inclusive pela escolha de quem o protagonista é.
tre criar. Um velho amigo da pessoa de que o personagem
A seguir temos algumas sugestões de como incluir esse
está usando a identidade pode se aproximar, fazendo per-
pensamento em uma mesa de RPG.
guntas específicas. Caso o herói não passe em um teste de
Atuação, o “amigo” pode suspeitar de que há algo errado,
dificultando a ação e até chamando os seguranças num Convidados suspeitos
momento oportuno. Em vários sistemas de RPG, algumas raças sofrem precon-
ceito ou possuem rivalidades com outros grupos. Pensando
Esse é o meu trabalho em Arton de Tormenta20, o grupo pode perder aprovação
Outra forma de ter acesso a um baile é entrando como se uma das pessoas do grupo for um Lefeu.
um dos funcionários da festa, seja como garçom, como se- Por outro lado, um personagem que vem de um passado
gurança ou em qualquer outra função. Isso talvez faça que nobre pode fazer com que a aprovação do grupo aumente.
89
ENCONTRO ALEATÓRIO
Hora do show! possíveis preparações. Existe algum tipo de roupa específica
que deve ser usada? Talvez ela lhe dê algum bônus fora de
Um personagem bardo pode tentar levantar a aprovação combate. Há algum costume importante para os convida-
do grupo com alguma apresentação. dos? Alguma regra que não pode ser violada?
Caminhar até o centro do salão e se apresentar muito bem Há também como se preparar para lidar com alguns no-
pode fazer que os outros convidados aplaudam e apreciem bres específicos. Digamos que o grupo precise interrogar um
a presença dos heróis no baile. Mas tudo pode dar errado, conde conhecido por sua arrogância e que não vai falar fa-
então uma apresentação ruim pode ter o efeito contrário. cilmente. Um teste de alguma perícia social adequada pode
funcionar, mas outra opção é procurar alguma informação
Educação, por favor para chantagear o nobre, facilitando o serviço.
Nobres de alta sociedade costumam virar o nariz para O mestre precisa decidir que consequências essas prepa-
atos de violência, ou ao menos aqueles direcionados a eles ou rações trazem para a cena. É frustrante se os personagens
que eles considerem desnecessários. Usar Intimidação contra se prepararem bastante e, no final das contas, nada disso
algum NPC em público pode fazer com que o Nível de Apro- importar.
vação diminua, mesmo que o grupo consiga a informação. Sempre existe a possibilidade de rolagens ruins que aca-
bam dificultando as coisas – faz parte de jogar RPG, mas
Obedeça às regras nem todas as preparações precisam dar errado.
É melhor se preparar
vilões que quer explodir o lugar. Hora de rolar a iniciativa.
“A gente tá nessas
roupas incômodas, mas
se divertindo muito”
O mestre pode levar em consideração que qualquer com- pre acontece uma situação de baile — até porque nem
bate público exclua outras alternativas de rota da missão. O toda a aventura vai ter um momento em que faça sentido
grupo pode perder a chance, ou ter muita dificuldade, em ter uma festa.
seguir uma rota furtiva depois de um confronto direto. Caso exista a oportunidade e os jogadores gostem des-
se tipo de evento, porém, é um tipo de missão que pode
Toda ação tem uma reação ser muito divertido e diferente, fazendo que os jogadores
tenham que pensar em resolver problemas de outra maneira
Um dos focos para fazer uma missão de baile que divirta além de bater no inimigo.
e seja lembrada pelos jogadores (e que pode ser usada para
Ou pelo menos de não fazer isso em público.
outras missões também) são as consequências das ações dos
personagens. Faça que os jogadores tragam o pensamento
estratégico que eles usam em combate para a situação de CLARICE FRANÇA
baile, mesmo que inclua ferramentas diferentes.
Esse tipo de missão também é uma forma de trazer algo
diferente para a aventura. Os jogadores esperam cenas
de combate, investigações e até puzzles, mas nem sem-
91
PEQUENAS AVENTURAS
Onigashima
E sta mini-aventura está disponível para
uso em RPGs de fantasia asiática —
Blood & Honor, Império de Jade, Lenda
Tarou. Ele tem uma aparência suja e vestes esfarrapa-
das. Está sempre roncando sonoramente ou bebendo
saquê. Tarou traz consigo um punhal enferrujado, que
mantém sempre ao seu lado, e dorme enrolado em um
dos Cinco Anéis e outros sistemas que
pano que parece ter sido um estandarte de guerra com
comportem o gênero. É uma estrutura de o desenho de um pêssego.
história sem regras, para ser expandida
Caso nenhum personagem interaja com Tarou, numa
e adaptada conforme as necessidades do
bela noite, ele apenas começa a incomodar alguém,
seu grupo. Onigashima pode ser jogada falando tão alto que todos na estalagem podem ouvi-lo.
como aventura avulsa ou parte de uma Diz que é um guerreiro, mas não pertence a nenhum clã.
campanha. Seus pais eram simples camponeses, que o encontraram
em um pêssego gigante à deriva em um rio. Tarou acre-
92
PEQUENAS AVENTURAS
consegui escapar da caverna das criaturas e fugir em Se nenhum gancho de aventura fisgar os jogadores —
seu barco. e eles decidirem não ir para a ilha — a próxima cidade
Se alguém perguntar a Tarou quais são os tais tesouros portuária que seus personagens visitam é atacada pelos
ou sobre os ogros, ele irá descrevê-los (veja a seguir). Ele ogros piratas e o conflito ocorre lá.
diz ainda ter o mapa da ilha, mas se alguém pede para
que o mostre, Tarou aponta para a própria cabeça: Os cinco tesouros
“Está aqui... Os deuses me amaldiçoaram com o po- Cada um dos ogros demoníacos possui um tesouro
der da memória, sabiam? É por isso que eu bebo! Quero mágico roubado, que traz consigo e que não hesita em
esquecer”. usar contra qualquer invasor durante um combate ou
Caso ninguém acredite na história de Tarou, no dia situação de perigo.
seguinte, quando o sol abre e os personagens se prepa-
• O ogro chamado Ichi é piadista e gosta de pregar
ram para seguir viajem, notam o velho junto a um rio.
peças, e veste uma capa de chuva que o concede
Ele sobe em uma embarcação, reunindo seus poucos
invisibilidade contra inimigos, quando molhada.
pertences. Todos percebem então que ela foi construída
dentro da folha gigantesca de um pessegueiro! • O ogro chamado Ni é comilão e covarde, e tem um
chapéu mágico que deixa quem o veste invisível, mas
93
CHEFE DE FASE
Mithanar
mesa de jogo
94
CHEFE DE FASE
A queda de Lenórienn, o grandioso lar vida. Dedicou, então, todo o resto dela a decidir que isso
do povo élfico, foi um golpe dolorido nunca mais aconteceria.
para quase todos os filhos de Glórienn. Viajou por Arton aprimorando suas técnicas, treinando
Sendo tão longevos, para os elfos onde o recebessem. Passou a ser mercenário, fazendo
algumas décadas parecem um breve qualquer serviço sujo em troca de dinheiro para afiar ain-
da mais suas habilidades. Em Vectora, dominou a arte do
piscar de olhos. Dessa forma, o trauma
combate aéreo, rodopiando em três dimensões. Em Tamu
desse evento tão cruel ainda reverbera -ra, aprendeu a combinar perfeitamente espada e magia,
nos corações de muitos dos melhores atacando com uma mão e conjurando com a outra. Por
espadachins e arcanistas de Arton… às fim, seu maior aprendizado veio nas Montanhas Uivantes.
vezes com resultados trágicos. Mithanar chegou às Uivantes procurando enfrentar os
Mithanar era um prodígio entre seus pares. Sua proe- monstros mais terríveis. Se seu aprendizado nos últimos
za com magias elétricas era superada apenas pela sua anos tivesse sido o bastante, não teria problemas contra
habilidade com a espada. Visto como um exemplo da cul- vermes do gelo e outras feras glaciais. De fato, nenhuma
tura local, atuava como instrutor de esgrima para nobres das feras foi páreo para sua combinação letal de espada
e, apesar da origem humilde, era desejado pelas jovens e magia. O problema foi o frio. Despreparado, Mithanar
da alta sociedade. Não cruzava espadas em situações foi arrastado por uma nevasca. Mais uma vez havia
realmente letais. A Infinita Guerra contra os hobgoblins superestimado as próprias habilidades. Teria morrido se
continuava, mas parecia sempre muito distante da cida- não fosse um artesão local.
de-nação. Não era raro dizer que “a guerra acontece O turrão Silla era uma das poucas pessoas capazes
com os outros”. Foram dias de contemplação, de duelos de trabalhar o gelo eterno, um material encontrado ape-
informais, de bravatas e de amores clandestinos. Vivia nas nas Montanhas Uivantes, um gelo duro como aço.
feliz. E chegou a Aliança Negra. Foi ele quem encontrou o elfo jogado na neve, prestes
A maior parte dos elfos sobreviventes de Arton não a virar comida de urso. O artesão cuidou de Mithanar e
estava em Lenórienn no momento do ataque. Mithanar soube da sua sede por poder. Treinou junto com o elfo,
não teve tanta sorte. Ver seu lar sendo invadido pelos ensinando-o a sobreviver no frio inclemente, enquanto lu-
hobgoblins, um povo que ele considerava mais como um tavam diariamente. Não meramente treinavam; lutavam,
bicho-papão para crianças do que uma ameaça real, de tirar sangue e fazer cicatrizes, de quase morrer com
foi chocante para o jovem guerreiro mágico. Porém, ele frequência preocupante. Qualquer mentor minimamente
não cairia sem luta. Usando suas técnicas refinadas em competente diria que Silla era louco; foi essa loucura que
combate real, matando dezenas de goblinoides e se serviu de alento para Mithanar por alguns anos.
banhando no sangue deles, algo quebrou em sua alma. O elfo encontrou um novo lar nas Uivantes. Caçava ver-
Talvez tenha sido o choque de ver tanta morte, talvez mes de gelo, se aproveitava do terreno, sabia desaparecer
uma forma distorcida de luto, possivelmente tenha sido no meio da imensidão branca. Já não se sentia mais um
potencializado por todas as expectativas sobre seus mem- exemplo dos ideais culturais élficos, o que diminuía o fardo
bros… mas, mesmo escapando com vida de um ataque da sua culpa. Quem havia morrido era outro povo, não
de proporções tão grandes, uma única certeza ecoava sua tribo de verdade. Mais arma que gente, o espadachim
em sua mente. A culpa era dele. estava quase satisfeito. Até que surgiu um novo prodígio.
Não era um espadachim tão genial? Não era um Era um garoto humano mal saído das fraldas. Tinha
conjurador tão poderoso? Tivesse dedicado mais tempo talento, claro, mas nada perto das décadas de experiên-
à espada, poderia ter matado mais inimigos. Tivesse de- cia de Mithanar. O mestre passava cada vez mais tempo
dicado mais tempo aos feitiços, poderia ter salvo algum ensinando o básico para o menino — alguém precisava
dos seus. Desperdiçando tempo com dança, fofoca e fazê-lo — e o elfo passou a se sentir desconfortavelmente
amores, mal havia conseguido escapar com a própria próximo da sua vida em Lenórienn ensinando esgrima a
95
CHEFE DE FASE
jovens nobres. Apesar de entender racionalmente que o porém, seu antigo mentor Silla pode lhes contar sobre ele
menino se tornaria uma arma, como o próprio Mithanar e presenteá-los com uma arma de gelo eterno. Claro que a
antes, seu coração se enchia cada vez mais de ressen- tribo pode estar envolvida com seus próprios problemas e
timento e ciúme. Durante um treinamento, arrancou um precisar da ajuda dos aventureiros...
olho do rapaz e o teria matado se Silla não intervisse. O
artesão não disse nada, apenas olhou para seu antigo
pupilo de forma recriminadora. O trauma da culpa atin- 3D&T 28N
giu o elfo com força e ele deixou seu novo lar mais uma Kit: Mago do Relâmpago (Ataque Elétrico, Magia
vez, disposto a voltar a trabalhar como mercenário. Elétrica), Herói dos Ventos (Espírito Leve, Velocidade dos
Ventos), Mestre Mahou-jutsu (Mahou-jutsu).
96
96
TESOUROS ANCESTRAIS
Uma
cidade no
velho-oeste,
pronta para
qualquer
sistema!
TESOUROS ANCESTRAIS
C ross é um cenário de campanha para
aventuras no Velho Oeste. Nenhuma
regra é utilizada: o Mestre pode adotá-
Bem, é melhor se acomodar garoto. A história é longa.
E nada bonita.
103
AMIGOS DE KLUNC
Aventureiros Anderson Leal Mozer Garcia Bruno Brinca De
Anderson Thelles Jesus Limeira
Adalbero Marinho Da
Silva Júnior Andre Augusto Bruno C Decnop
Adilson Givan Nogueira Alves Bruno Caricchio Buss
Adriano De Oliveira André Barreto Bruno Carvalho
Santos Ayub André Braga Bruno Da Silva Assis
Adriano Silva André Luis Adriano Bruno Daniel
Affonso Miguel Heinen Neto André Luiz Noronha Baracho Bruno De Jesus Farias Silva
Agamenon Nogueira Lapa André P. Bogéa Bruno Eron
Airton Luiz Tulio Júnior André Peres Bruno Esteves
Alan De França Santana André Santos Bruno Estrazulas
Alan Machado De Almeida Andrey Almassy Bruno Lira De Oliveira
Angelo Castelan Bruno Matoso Cassio Santos Silva Davidson Andre
Alan Portela Bandeira
Antoni Quequetto De Bruno Meneghetti Celso Guedes De Jesus Davidson Catein Pinheiro
Albano Francisco Schmidt
Andrade Oliveira Bruno Messias Silva Santos Cesar Monteiro Junior Davidson Guilherme
Alberto Calil Elias Junior
Antônio Henrique Botticelli Bruno Sakai Costa Chris Azeredo Goncalves Dos
Aldrin Cristhiam Manzano Santos Borba
Antonio Jansem Targino Bruno Torres Felippeto Christoph Fanton
Alex Araujo Débora De Oliveira Borges
De Sousa Filho Bruno Vieira Marucci Christopher Pavan
Alex Luna Denilson Belo Coelho
Antônio Ricart Bryan Sousa De Oliveira Clayton Varela
Alex Ricardo Parolin Ariel Juarez Denis G Santana
Cael Gonçalves Benincasa Cleiton Chaves
Alex Rodrigo Rezende Arthur Carvalho Laurindo Denis Roberto Macedo
Dos Santos Cléo Fernando Martins
Alexandre Feitosa Arthur Colombo Machado Da Silva
Caio Alexandre
Alexandre Ferreira Soares Sampaio De Freitas Colemar F. Cunha Dennys Laubé
Consorti Paixão
Alexandre Ling Arthur De Andrade Arend Cristhian Heck Diego Adão Fanti Silva
Caio Andrade
Alexandre Lunardi Arthur Endlein Correia Cristiane Weber Diego Aparecido Alves
Caio Castro Vaz Bezerra
Alexandre Straube Artino Filho Dallison Luan Lourenço Gomes Figueira
Caio Cosme
Alexsandro Alves Artur Andrade Dalton Souza Diego Barboza
Caio Coutinho
Alison Francisco Artur Augusto Bracher Capute Caio Cruz Daniel Baz Dos Santos Diego De Niro
Alisson Luiz Lima Artur Barroso Mirço Caio Guimaraes Junqueira Daniel Diego Lacerda Cirilo Diego Kober
De Menezes Artur De Oliveira Da Daniel Dinis Diego Mello
Caio Henrique De
Allan Rocha Franco Paula Santos Daniel Felipe Meireles Diego Noura
Allan Adann Caires Ásbel Torres Da Cunha Caio Henrique De De Souza Diego Reis Barreiro Rodriguez
Marcelino Da Silva Augusto Santos Vasconcelos Domingos Daniel Poleti Diego Silveira Martins
Allec Ribeiro Augusto Soriano Calvin Semião Daniel Ramos Marques
Allisson Oliveira Augusto Stroligo Cárlisson Borges Daniel Sevidanes Alves Diego Torralbo
Altair Machado Freitas Benaduce Guilherme Tenório Galdino Daniel Sugui Diogo Castro
Álvaro Da Rosa Cunha Benuel Farias Carlos “Grande Castor” Danilo Andrade Diogo Schmitz Langwinski
Álvaro Ferreira Bernardo Fraga Gonçalves Danilo Bensi Diogo Douglas Drumond
Amadeus De Melo Cavalcanti Breno Muinhos Carlos “Meio-Elfo” Netto Danilo Carlos Martins Douglas Toseto Marçal
Amauri Matos De Jesus Brnvsantos Carlos Eduardo Da Silva Leal Danilo Steigenberger De Oliveira
Ana Lucia Lieuthier Bruno Baère Pederassi Carlos Ernando Fern Danyel Pablo Batista Muniz Eder Sparenberger
Ana Lúcia Merege Lomba De Araujo Carlos L G Batista Davi Alves De Lima Eduardo Amarães
Anderson De Mello Ogliari Bruno Bernardes Carlos Ogawa Colontonio Davi Fontebasso Eduardo Assis Das Chagas
Anderson Guerra Bruno Bitencourt Oliveira Cassiano Ricardo Umlauf Davi Roberto Limeira Eduardo Fukamachi
Eduardo Nogaroto
Querobi Dos Santos
Fernando Alves Conceição
Fernando Barrocal
Para ter seu nome aqui, seja um
Eduardo Tavares Machado
Eliel Junior
Fernando De Souza Alves
Fernando Do Nascimento
apoiador da DRAGÃO BRASIL em nível
Elton Rigotto Genari
Elvis Junior
Fernando Fenero
Fernando Guarino Soutelino
Aventureiro ou Conselheiro-Mor
Emanuel Max Fernando Henrique
Emanuel Mineda Carneiro Fernando Igarashi F. De Souza Guilherme Augusto Italo Machado Piva Jorge Alexandre
Enzo Scarpatti Fernando Lins Fagundes Figueiredo G. De Moura Ives Bernardelli De Mattos Bueno Aymore
Enzo Venturieri Fernando Mateus Ferreira Guilherme Bezerra Izaack Allan Jorge Gomez
Ericki Haras Vale Dos Santos Guilherme Borges Jaan Sindeaux Jorge Janaite Neto
Érico De Paula Lima Campos Fernando Ribeiro Guilherme Capelaço Jandir Roberto Manica Neto Jorge Theodoro
Erisson B Batista Fernando Takao Guilherme Da Silva Alves Jardel Santos Bulhões Eduardo Brock
Estêvão Rendeiro Fernando Wecker Guilherme João Souza Jean Carllos José Carlos Madureira
Eugênio Luiz Guilherme Lacombe Pinheiro Junior
Filipe Barreto Gonçalves Jean De Oliveira Santos
Eurico Alves Girao Oliva Da Fonseca José Eduardo Da Silva
Filipe Dos Santos Da Silva Jean Lima
Everton Luiz Guilherme Lopes Vitoriano José Moacir De Carvalho
Filipe Itagiba Jean Lucas Sgarbi Carassa
Fabiano Bruno De Guilherme Tamamoto Araújo Júnior
Filipe Muller Lohn Jean Rodrigo Ferreira
Azevedo Machado Gustavo Albino Da Costa José Rodrigues De
Filipe Rodrigues Jeferson Cardoso Oliveira Neto
Fabiano Fernandes Gustavo Creutzberg
Fillipe Cesar Oliveira Da Silva Jeferson Da Rosa José Romildo Vicentini Junior
Dos Santos Gustavo De Brito Perandré
Francisco Marques Jeovany Nascimento Jose Silvio De Oliveira
Fabiano Martins Caetano Gustavo De Oliveira Ceragioli
Da Silva Junior Jerônimo Cauduro Freitas Neto
Fábio Augusto Da Silva Gustavo Martinez
Francisco Olimpio Da Silva Jhonatan Cassante Josevan Silva
Fabio Caetano De Souza Gustavo Nobre Wotikoski
Frank Silva Jhonatan Da Silva Marques Juliano Carlos De Oliveira
Fábio Marques Harley Lucas Gonçalves
Frederico Castro Pena Thum Jhonny Campos De Britto Juliano Cataldo
Fabio Melo Hebert J
Frederico Detofano Joao Carlos Freitas Lucena Juliano Meira Santos
Fabio Ramalho Almeida Heitor Carriel De Abreu
Gabriel Arthur Militzer João Cesar Andrade Juliano Zachias
Fabio Rezende Heitor Corrêa Clares
Gabriel Da Silva Pessine João E Priscila Schlindwein Soares Da Silva
Fabio Soares Helder Poubel
Gabriel De Oliveira Abraços João Guilherme Pedrílio Julio Cesar Da Silva Barcellos
Fábio Vasquez Pereira Helio Neto
Gabriel Dos Santos Vargas João Matheus Catin Júlio Gasiglia Serradas
Fabio Vaz Henrique Da Costa Gallo Neto
Gabriel Fernandes Sarmento João Neto Júlio N. S. Filho
Fabricio Maciel Henrique Rangel
Gabriel Isaías Pádua Carvalho Joao P. Arantes Julio Vedovatto
Fausto Reis Henrique Tunes De Morais
Gabriel Kolbe Teixeira João Paulo De Oliveira Kadu Araujo
Felipe Andrade Porcel Heristhon Max
Gabriel Menino Andrade Kaede Kisaragi
Felipe Da Silva Guimaraes Moreira Libânio
Gabriel Natucci Joao Paulo Melatto Fogo Kalliandru Jivago
Felipe Dal Molin Hernani Ilek Palone Meschede
Joaõ Pedro
Felipe Do Espirito Santo Gabriel R. De Carvalho Hiromi Honda Coelho De Oliveira
Joao Ricardo Ramos
Felipe Eleuterio Hoffman Gabriel Reis De Meira Homero Olivetto Kássio José Lara De Rezende
João Trindade
Felipe Horas Gabriel Rodrigues Hugo Rebonato Kellisson Felipe Silva Freire
Joaquim Gonçalves
Felipe Ibrahim Aziz El-Corab Gabriel Schmidt Hugo Ribeiro Da Silva Kelvin Pirolla
Guimarães Junior
Felipe Leonardo De Mattos Gabriel Zuanetti Hugor Soares De Melo Kelvin Vieira
Joel Jurema
Felipe Lira Fernandes Gervasio Da Silva Filho Humberto Meale Lara Jennifer
Jonatan Guesser
Felipe Maia Ribeiro Da Silva Gilberto Ribeiro Pinto Júnior Iago Botta Larissa Guilger
Jônatas Filipe Vieira
Felipe Moreira Egger Gio Mota Igor Thiago Jonathan Fried Lauro Filipe De Lima Lobo
Felipe Rodrigues Giovane Santos Araújo Pinto Igor Z. Favro Jonathan Pinheiro Leandro Andrade
Felipe Wellington Giuliano Bortolassi Inácio Fëanor Dos Santos Leandro Bitencourt
Felippe Moreira Rodrigues Gláucio José Magalhães Iran Eduardo Jones Dos Santos Vieira Leandro Figueiredo
Fellipe Da Silva Guilherme Amato Marinho Íris Firmino Cardoso Jonquiel Costa Barbosa Leandro Soares Da Silva
Fellipe De Paula Campos Guilherme Antônio Faust Isaac Batista Dos Santos Leandro Teixeira De Moura
Leo Silva Un Luiz Felipe Martins Silva Matheus Bolognini Nunes Pedro De Moraes Régis Fernando
Leonardo Assis Luiz Felipe Masculino Matheus Esteves Fernandez Canfora Bender Puppo
Leonardo Bacchi Fernandes Biancolin Sacchi Vargas Liguori Pedro De Souza Renan Cordeiro Costa
Leonardo Bonvini Luiz Fernando Reis Matheus Farencena Righi Pedro Godeiro Renan Nicastri Ivo
Leonardo Cardoso Luiz Geraldo Dos Matheus Hobit Pedro Henrique Renan Rodrigues
Fazan Dos Santos Santos Junior Matheus Nicolas Estumano Gomes Renan Tedesco
Leonardo Cibulski Luiz Gustavo Fiaux Vieira Bezerra Silva Pedro Henrique Ferraz Renato Junior
Leonardo Dias Conceição Luiz Gustavo Loiola Iais Matheus Peregrina Hernandes Pedro Henrique Trevisan Renato Mendonça
Leonardo Dias Pesqueira Luiz Paulo De Lima Matheus Rocha Vasconcellos Gonçalves Renato Motta
Leonardo Farias Florentino Luiz Tiago Balbi Finkel Mauricio Bomfim Pedro Henrique Rhenan Pereira Santos
Leonardo Finelli Tavares Lukas Wyllis Louza Mauro Araújo Gontijo Vieira Lacerda
Ricardo A Ritter M Barroso
Leonardo Gasparotto De Oliveira Max Pattacini Pedro Marques Telles
Ricardo Albuquerque
Lutero Cardoso Strege Mayck Szezech De Souza
Leonardo Lima Ricardo Branco
Marcel Pinheiro Mike Ewerton Alves Jorge Pedro Moniz Canto
Leonardo Marengoni Ricardo Dos Santos
Marcel Versiani Mitae Do Mato Pedro Netto
Leonardo Menezes Domingues
De Carvalho Marcello Guerreiro Murilo Vieira Guidoni Pedro Rafahel Lobato
Ricardo Matheus Vicente Felix
Leonardo Neves Marcelo Guimaraes Narciso Dos Santos Filho Pedro Semedo
Richard Aguiar Bueno
Leonardo Quintas De Morais Silva Natália Inês Martins Ferreira Pedro Teixeira Cardoso
Richard Cardoso
Leonardo Santos Alves Marcelo Jose Dos Anjos Neilson Soares Cabral Péricles Vianna Migliorini
Richard Pinto
Leoš Brasil Marcelo Juliano Santos Silva Neves D. Hiago Peterson Lopes
Richard Sassoon
Lex Bastos Marcelo Lima Souza Nicolas De Almeida Martins Philipe Salvador Loredo
Rinaig Yanniz Mendes
Lincoln Ruteski Dos Santos Marcelo Massahiko Miyoshi Nikolas Martins Philippe Pittigliani Magnus De Carvalho
Luan Gustavo Maia Dias Marcelo Monteiro De Brandão Oliveira Phillipe Ferreira De Lyra Roberta Robert
Aquino Bertazzo Nill Chesther Nunes Rafael Ariais Bezerra
Luan Silva Roberto De Medeiros Farias
Marcelo Oho De Azevedo Rafael Artur
Lucas Alvarez Roberto Levita
Marcelo Seara Mendonça Olivia Lopes Rafael Augusto Rocha Maia
Lucas Amoêdo Robertson Schitcoski
Márcia Regina Pereira Orlando Luiz Rafael Cascardo Campos
Lucas C. Alves Bittencourt Robinson Moreira
(Mushi-Chan) Otávio César Marchetti
Lucas Casanova Nogueira Rafael Cmb Robson De Braga Castelo
Marcio Dias Othon Gilson
Lucas Helano Rocha Rafael Da Silveira Branco Junior
Marco Aurelio Soares Otto Menegasso Pires Melo Devera
Magalhaes Robson F. Vilela
Goudart Junior Pablo Diego Batista Da Silva
Lucas Menezes Rafael De Andrade Teixeira Rodolfo Caravana
Marcos Farias Pablo Jorge Maciel
Lucas Olímpio Rafael Lichy Rodolfo Marcolino
Marcos Nasinbene Pablo Kamien
Lucas Rijo Rafael Lolla Rodolfo Nemes Silva
Marcos Santos Patrick Tavares
Lucas Serrano De Andrade Rafael Louriçal Rodrigo Aguera
Marcos Sousa Paulo Cesar Nunes Mindicello
Lucas Silva Borne Rafael Nicoletti Rodrigo Amaral Pantoja
Marcos Vinicius Paulo Cunha
Lucas Sorensen Paes Rafael Noleto Rodrigo Aparecido De Toledo
Souza Correia Paulo Eduardo Cantuária
Lucian Costa Silva Rafael Oliveira Bezerra Rodrigo Da Silva Santos
Marcus Antônio Paulo Fernando
Luciana Nietupski Santana Santos Rafael Panczinski De Oliveira Rodrigo De Oliveira
Gomes Velloso
Luciano Portella Rodovalho Marcus Lins Rafael Ramalho Rodrigo Fischer
Paulo Herique Dihl
Lucile Da Rosa Pereira Marcus Vinicius De Alvarenga Rafael Reis Silveira De Souza
Paulo Ítalo Medeiros
Lucio Pedro Limonta Marcus Vinicius Pereira Freze Rafael Sangoi Rodrigo Frances De
Paulo Junior
Luís Felipe Hussin Bento Mário Brandes Silva Rafael Sirosse Souza Silva
Paulo Phillipe Rocha
Luis Felipe Nadal Unfried Mário Ferrari Neto Assumpção Rafael Souza Oliveira Rodrigo Freitas
Luís Felipe R Toledo Mark Michael Ederer Paulo Ramon Nogueira Ramiro Alba Alba Filho Rodrigo Lemes De Souza
Luis Guilherme B G Ruas Marlon Ricardo De Freitas Raphael Galimbertti Rodrigo Lucas Vieira
Luis Paulo Koppe Mateus Cardozo Fôlego Paulo Roberto Raphael Martins Bohrer Zullo Monteiro
Luiz Cláudio Mateus Guida Montovani Filho Raquel Gutierrez Rodrigo Marques
Luiz Dias Matheus Augusto Pedro Cesar Bento Mendes Raul Galli Alves Rodrigo Menezes
Luiz Felipe Barbosa Dantas Matias Santos Pedro Curcio Raul Guimarães Sampaio Rodrigo Montecchio
Rodrigo Moreira Tiago Alexandrino Wellington Botelho Andre Angelo Marques Cesar Perusso
Clares De Souza Tiago Alves De Souza Welton C. Oliveira André Bessa Cezar Letiere Martins
Rodrigo Santos Tiago Casseb Barbosa Wesley De Oliveira Batista André Centeno De Oliveira Chrysthowam A. Santos
Roger Da Silva Naue Tiago Cubas Wesley Francisco Da Silva André Dorte Dos Santos Cícero Leandro Júnior
Rogério Fabiano Dos Passos Tiago Deliberali Santos Wesley S. Regis André Duarte De Ávila Ribeiro Cj Saguini
Romulo Bartalini Tiago Ferreira William Ferreira André Luís Vieira Clarissa Sant´Anna Da Rosa
Ronald Guerra Tiago Misael De Willian Moreira Dos Santos Andre Luiz Retroz Guimarães Claudio Quessada Cabello
Ronaldo Hasselman Jesus Martins Willian Ramos Anesio Vargas Junior Cleison Ferreira
Nascimento Tiago Monnerat De F. Lopes Willian Viana Neves Antonio Mombrini Cristian Drovas
Rubens São Lourenço Neto Tiago Moura Wilson Luis Arthur Nobrega De Cristiano “Leishmaniose”
Samuel Cardoso Túlio Goes Yago Pedrotti Araujo Mansilla Lima Saraiva Cavalcante
Santiago Junior Uelerson Canto Yan Santos Leite Alves Augusto César Duarte Cristiano Cristo
Sandro Da Silva Cavalheiro Ulysses Basso Yasser Arafat Belem Rodrigues Cristiano Lopes Lima
Sandro Marcelo Goncalves Vanilo Alexandre De Figueiredo Augusto Netto Felix Cyan Lebleu
Sario Ferreira Vicente Fonseca Ygor Vieira Bárbara Lima Aranha Araujo Dan Cruz
Sasukerdg Mendes Victor Augusto Yuri Araujo Bergson Ferreira Do Bonfim Daniel Bittencourt
Saulo Daniel Ferreira Pontes Martins Ribeiro Yuri Bitencourt Bernardo Rocha Daniel Carlos
Sávio Pita Victor De Paula Yuri Nóbrega Batista De Paiva Daniel Duran Galembeck
Sávio Souza Brandão Aguiar Braulio Sarmento Pereira Da Silva
Seuraul Victor Florêncio Conselheiros Brayan Kurahara Daniel Macedo
Sidnei Costa Goes Victor Gualtiero Breno Marcondes Daniel Martins Bezerra
Abelheid
Silvio Oliveira De Jesus Junior Victor Hugo Antunes Penna Da Rocha Daniel Nalon
Acciraum
Silvio Romero Tavares Victor Hugo Simões Santos Bruno Belloc Nunes Schlatter Daniel Paes Cuter
Ademir Benedito
Neiva Coelho Victor Sapateiro Bruno Bianco Melo Daniel Saraiva De Souza
Adriano Anjos De Jesus
Simonarde Lima Victor Souza Marinho Costa Bruno Cesar Aff Mendes Daniel Sidney
Adriano Chamberlain Neves
Simone Rolim De Moura Vinícius Carvalho Bruno De Mello Pitteri Daniel Ximenes
Afonso Cassa Reis
Sócrates Moura Vinícius Cesar Bruno Fávaro Piovan Danilo Machado
Alcyr Neto
Santos Júnior Vinicius Feltz De Faria Bruno Filipe De Darlan Fabricio Silva Santos
Aldenor C. Madeira Neto
Soren Francis Vinicius Gomes Alfama Oliveira Ribeiro Dartagnan Quadros
Aleksander Sanandres
Sulleman Silva Martiniano Vinicius Lima Da Silva Bruno Godoi Davi Freitas
Alessandro Souza De Oliveira
Tales Zuliani Vinícius Macuco Bruno Leão Pereira Davi Mascote Domingues
Alex Farias De Lima
Tatiane Vidal Vinicius Souza Gonçalves Bruno Soares Pinto Costa David De Andrade Nunes
Alex Frey
Tayrone Duque Esteves Vitor Albani Bruno Teixeira David Larrat
Alex Gabriel
Thales Campelo Vitor Carvalho Bruno Victor De David Torrini
Alex Pongitori
Theógenes Rocha Vitor Coutinho Fernandes Mesquita Ferreira Dean Silva
Alex Rodrigo R. Oliveira
Thiago Almeida Vitor Davis Bruno Vieira Deivide Argolo Brito
Alexandre Andrade
Thiago Augusto Zanellato Vitor Faccio Bruno Wesley Lino Denilson Serafim
Alexandre Lins De
Dos Santos Vitor Gabriel Etcheverry Albuquerque Lima Caio César Viel Denis Oliveira
Thiago Bussola Vitor Godoi Mendes Alexandre Murayama De Lima Caio Felipe Giasson Diego Barba
Thiago Costa Vitor Hugo Soares Alves Alexandre Santos Caio Fernandes Diego Bernardo Chumah
Thiago Destri Cabral Wagner Armani Alexandre Uhren Mazia Caio Souza Diego Calicchio Boaro
Thiago Donadel Wagner Azambuja Alexandro Barros Camila Gamino Da Costa Diego Moreira
Thiago Dos Santos Rosa Wagner Rodero Junior Alexsandro Teixeira Cuenca Carlos Alberto Corrêa Junior Diego Moreira Cardoso
Thiago Ozório Wallace Bento Amadeu B. Negrão Carlos Castro Diego Oliveira Lopes
Thiago Rodrigues De Souza Cordeiro Chaves Ana Rosa Leme Camargo Carlos G C Cruz Diego Toniolo Do Prado
Thiago Russo Nantes Wallison Viana De Carvalho Anderson Brambilla Chaves Carlos Roberto Hirashima Diogo Benedito
Thiago Sos Wefferson David De Anderson Costa Soares Cassio Segantin Diosh Smith
Thiago Tavares Corrêa Souza Silva Anderson Rosa Cecilio Cavaleiro Morto Dmitri Gadelha
Thomaz Jedson Lima Welington Haas Hein De Oliveira Celso Giordano Tonetti Douglas Camillo-Reis
Douglas Nascimento Fernando Abdala Tavares Guilherme Amesfort Jefferson Ramos Ouvidor Leonardo Fiamoncini
Douglas Ramos Da Silva Fernando Modesto Dutra Guilherme Augusto Jessy Michaelis De Souza
Douglas Santos De Abreu Fernando Radu Muscalu Angelo Gomes Jilseph Lopes Leonardo Luiz Raupp
Douglas Vieira Dias Fernando Zocal Guilherme Aurélio Da João Henrique Abreu Leonardo Mota
Éder “Dzr13” Fialho Filipe Santos Silva Arantes João Lira Leonardo Rafael De
Eder Wilson Sousa Filippo Rodrigues De Oliveira Guilherme Correa Virtuoso João Marcos Vasconcelos Bairos Rezende
Da Luz Filho Flavio Emanoel Terceiro Guilherme Da Mota Martinez João Moisés Bertolini Rosa Leonardo Renner Koppe
Edevaldo Santos Messias Flavio Hiasa Guilherme Inojosa Cavalcanti Leonardo Santos
Joao Pereira
Edgar Cutar Junior Flávio Martins De Araújo Guilherme Nascimento Leonardo Valente
João Zonzini
Ednardo Oliveira Pena Araújo Francisco Duque Guilherme Puppim Liano Batista
Jonatas Monteiro Fernandes
Eduardo Batista Dos Francisco José Marques Guilherme Tsuguio Tanaka Lincoln Ribeiro
Jorge Alberto Carvalho Sena
Santos Saigh Francisco Santana Guilherme Vanuchi Lucas Bernardo Monteiro
Jorge Botelho
Eduardo Bustamante De Azeredo Guilherme Villela Pignataro Lucas De Souza
Jorge Eduardo Dantas
Eduardo Fernandes Augusto Franklin Dias Gustavo Almeida Agibert De Oliveira Lucas De Souza Figueiredo
Eduardo Maciel Ribeiro Frederico Jose Ribeiro Franca Gustavo Amâncio Costa Lucas Gomes
José Enio Benício De Paiva
Eduardo Nunes Gabriel Alves Brandão Gustavo Henrique Manarin Lucas Humberto
José Felipe Ayres
Eduardo Stevan Machado Gustavo Marques Lattari Pereira Filho Lucas Martinelli Tabajara
Miranda Marques Gabriel Alves Rêgo Gustavo Martins Ferreira José Ricardo Gonçalves Lucas Moreira De Carvalho
Eduardo Zimerer Gabriel Braga E Braga Gustavo Reis Barretto Lucas Ollyver Gonçalves
Eldio Santos Junior Gabriel Chaud Giollo Gustavo Vilella Whately José Roberto Froes Da Costa Barbosa
Elimar Andrade Moraes Gabriel Cholodovskis Juan Campos Barezzi Lucas Porto Lopes
Haniel Ferreira
Elvys Da Silva Benayon Machado Lucas Rodolfo De
Heberth Azevedo Judson Jeferson
Gabriel Madeira Pessoa Oliveira Rosa
Emanuel Feitosa Ribeiro Helton Falcão Pereira Moraes
Gabriel Miranda Lucas Tessari
Emerson Luiz Xavier Helton Garcia Cordeiro Julia Maria Racy Lopes
Gabriel Moreira Luciana Cruz Bianco
Endi Ganem Henrique Martins Juliano Azzi Dellamea
Luciano Acioli
Enéias Tavares Gabriel Novaes Henrique Santos Juliano Camargo
Luciano Dias
Erick Rodrigo Da Silva Santos Gabriel Nunes Da Silva Sobral Herbert Aragão Juliano Ferreira Gonçales
Luciano Dias
Estevão Costa Gabriel P Sasaki Hugo A. G. V. Rosa Julio Cezar Silva
Luciano Jorge De Jesus
Fabiano Silveira Gabriel Paiva Rega Hugo Genuino Carvalho De Toledo
Luciano Vellasco
Fábio Abrão Luca Gabriel Pereira Hugo Oredes Agapito Junior Itikawa
Luciano Viana
Fabio Bompet Machado Gabriel Picinin Egea Benitez Humberto Gs Junior Kaique Nascimento
Luis Augusto Patrick
Fabio Carvalho Gabriel Ripfom Humberto Reis Karen Soarele
Cordeiro Tavares
Fabio Casanova Gabriel Santos Passos Igor Daniel Côrtes Gomes Karlyson Yuri Dos
Luis Felipe Alves
Fábio Gicquel Silveira Gabriel Soares Machado Igor Silva Santos Chaves
Luis Fernando Guazzelli
Fabricio De Matos Gabriel Souza Ismael Marinho Kayser Martins Feitosa
Luis Filipe Bomfá
Fabrícius Viana Maia Gabriel Vilella Iuri Gelbi Silva Londe Keyler Queiroz Cardoso
Luis Oliveira
Fagner Ferreira Gabriel Zigue Iury Velázquez Kryat Lore
Luiz Anthonio Prohaska
Rodrigues Da Silva Gilberto M. F. Jhunior Ivan Ivanoff De Oliveira Kyan Derick Moscatelli
Felipe Alves Gilberto Pavuna Da Costa Ivens Bruno Sampaio Leandro Alves Luiz Aparecido Gonçalves
Felipe Augusto Souza Mello Gilmar Alves De Oliveira Dos Santos Leandro Carvalho Luiz Busca
Felipe Intasqui Gilmar Farias Freitas Jarbas Trindade Leandro Duque Mussio Luiz Filipe Carvalho
Felipe Leandro Andrade Gilvan Gouvêa Jayme Calixto Leandro Ferraro Luiz Filipi Raulino
Felipe Noronha Giordano Nin Jb Dantas Leandro Franco Miranda Luiz Guilherme Da
Felipe Nunes Porto Giordano Zeva Jean Carlo Leandro Lima Dos Santos Fonseca Dias
Felipe Rizardi Tomas Giovanni Grosso Jean Carlos Lima Leandro Moreira Luiz Junior Nakahara
Felipe Santos De Lima Giulia Araújo Chaves Jeferson Dantas Leldias Luiz Otávio Gouvêa
Felipe Schimidt Tomazini Giuliano Tamarozi Jefferson Anderson Ferreira Leo Aguiar Luiz Ramiro
Felipe Vilarinho Glauco Lessa Jefferson De Araújo Leonardo Alberto Souza Luiz Roberto Dias
Felipe Wawruk Viana Gregório De Almeida Fonseca Lima Da Silva Leonardo Costa Makswell Seyiti Kawashima
Manoel D’Mann Martiniano Nikolas Carneiro Rafael Oliveira De Faria Roger Andressa Lewis Tiago Ribeiro
Marcello Bicalho Nivaldo Pereira De Rafael Schmitt Wilhelms Rogerio Girasol Tiago Soares
Marcelo Augusto Reis Silva Oliveira Junior Rafael Sirotheau Rogerio Ribeiro Campos Tião Luna
Marcelo Henrique Da Silva Pablo Raphael Ramon Alberto Rogers Ribeiro Gonçalves Ubiratan Augusto Lima
Marcelo Prates Figueiredo Pablo Urpia Machado Costa Romullo Assis Dos Santos Ugo Portela Pereira
Marcelo Werner Pablo.Pochmann@ Raoni Godinho Ronaldo Filho Valter Tartarotti Ries
Marcio Fernandes Alves Leite Gmail.Com Raoni Mathias Roque Valente Vauderag “Shaka” Junior
Márcio Kubiach Patrícia Brito Raphael Alves Moure Ruan Pablo Vevé Leon
Marcio Valerio Paulo Emilio Raphael Espesse Rubens Dos Santos Vially Israel
Marco Aurelio Paulo Rafael Guariglia Raphael Estevao Borges Samuel Luiz Nery Victor Castro De Sa
Santana Ribeiro Escanhoela De Oliveira Victor Hermano
Samuel Pereira
Marco Menezes Paulo Ricardo De Raphael Montero Victor Hernandes
Souza Dourado Sascha Borges Lucas
Marcos Goulart Lima Raphkiel Sebastião Proença Victor Hugo De Paiva
Paulo Vitor
Marcos Mineiro Rauldouken O’Bedlam De Oliveira Neto Victor Otani
Paulo Weber Louvem Gomes
Marcos Neiva Renan Carvalho Seiji Sato Victor T Melo
Pedro Almeida
Marcos Pincelli Renan Rodrigues Cação Sergio Castro Vinícius Alexandre
Pedro Augusto Pereira Squinelo Lopes Zanetti
Marcus Andrade De Freitas Renato Bartilotte M. Oliveira Sergio Chagas
Marcus Araujo Matildes Renato Da Cunha Silva Sérgio Dalbon Vinicius Cipolotti
Pedro Cruz
Marcus Rocher Renato Da Silva Sérgio Gomes Vinicius De Lima Nascimento
Pedro Feitosa
Marcus Sitonio Renato Farias Sérgio Meyer Vassão Vinicius De Paiva Costa
Pedro Grandchamp Neto
Marina Ferreira De Oliveira Renato Potz Shane Morgan Vinicius Gomes De Oliveira
Pedro Henrique Dos
Marina Gonçalves Renzo Rosa Reis Baraboskin Standen Vinícius Lemos
Santos Gonçalves
Mario Afonso Lima Reric Carneiro Sidgley Santana De Oliveira Vinicius Mattos
Pedro Henrique Martins
Mario Hissashi Kajiya Ricardo César Ribeiro Silvino Pereira De Vinícius Nery Cordeiro
Pedro Henrique Matos
Mario Moura Dos Santos Amorim Neto Vinicius Soares Lima
Pedro Henrique Ramalho Dias
Marth Júnior Ricardo Dantas De Oliveira Stevan Nogueira Vinicius Torres
Pedro Henrique
Mateus Pulicarpo Seligmann Soares Ricardo Ferreira Gerlin Tabriz Vivekananda Vitor Alves Patriarcha
Matheus Borges Ziderich Pedro Machado Ricardo Filinto Tácio Schaeppi Vitor Augusto Joenk
Matheus C. Medvedeff Pedro Morhy Borges Leal Ricardo Gambaro Tarcísio Nunes Vítor Lucena
Matheus Dias Pedro Ribeiro Martins Ricardo Okabe Tárik Raydan Vitor Mendes Demarchi
Matheus Henrique Pedro Santos Roberto Freires Batista Thadeu Silva Vítor Nascimento Da
Thales Barreto Silva Andrades
Matheus Maia De Pedro Victor Santos Robson Luciano Pinheiro
Souza Pereira Ferreira Dos Santos Pereira Washington Alencar
Pedro Victor Silva Santos Thalles Etchebehere
Matheus Pivatto Rocelito Estrazulas Gonçalves Martins Wellerson Monteiro
Pedro Vitor Schumacher
Dos Santos
Matheus Rodrigues Péricles Da Cunha Lopes Rodolfo Xavier Thalles Oliveira
Wellington Barros Moraes
Maurício De Moura Almada Pierre Jorge De Rodrigo André Da Thalles Rezende
Wellington Morais
Mauricio Mendes Da Rocha Souza Dourado Costa Graça Thiago Barbosa Ferreira
Welton Beck Guadagnin
Mauricio Pacces Vicente Pietro Vicari Rodrigo Costa De Almeida Thiago Da Silva Moreira
Welton Sousa
Mauro Juliani Junior Rafael Baquini Bueno Rodrigo Dani Thiago Edgard Lima
Weslei Mosko
Michel Medeiros De Souza Rafael Bezerra Barbosa Rodrigo Darouche Gimenez De Castro
Wesley Gomes Do
Miguel Peters Rafael Chagas Vieira Rodrigo Falleiro Thiago Freitas
Nascimento
Miguel Souza Silva Rafael Duarte Collaço Rodrigo Fantucci Thiago Lemos D’Avila
Wil Gouvea
Moacyr Prado Rafael Fata Rodrigo Fernando Comin Thiago Morani
Willian Andrey Cruz
Neimar Alves Rafael Freitas De Souza Rodrigo Keiji Thiago Rosa Dos Reis Arcas
Neudson Fernandes Rafael Galdino Marinho Rodrigo Monteiro Tiago Alves Araujo Wolf Fivousix
Vasconcelos Rafael Ishikawa Dos Santos Rodrigo Nunes Dos Santos Tiago Augusto Dos Santos Yuri Kleiton Araujo Sanches
Newton Rocha Rafael Marques Rocha Rodrigo Quaresma Tiago Figueiredo Yuri Machado
Nicholas Lemos Rafael Monte De Andrade Tiago Lima Yves-Medhard Tibe Da
Nicole Mezzasalma Rafael Moraes Rodrigo Shibuya Tiago Resemblink Cunha Tibe-Bi
EXTRAS
110
EXTRAS
111
EXTRAS
112
EXTRAS
113
EXTRAS
114
EXTRAS
115
EXTRAS
EXTRAS
EXTRAS
EXTRAS