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Genética

Genética Mendeliana

A genética mendeliana, herança mendeliana ou mendelismo é um conjunto de princípios


relacionados à transmissão hereditária das características de um organismo a seus filhos.
Forma a base principal da genética clássica. Originou-se dos trabalhos de Gregor
Mendel publicados em 1865 e 1866, os quais foram considerados controversos
inicialmente, e redescobertos em 1900. Somente quando incorporada à teoria
do cromossomo de Thomas Hunt Morgan em 1915, a genética mendeliana se tornou a
essência da genética clássica.

Leis de Mendel

A Primeira Lei de Mendel ou Lei da Segregação dos Fatores determina que cada
característica é condicionada por dois fatores que se separam na formação dos gametas.
A segregação é consequência da localização dos genes nos cromossomos e do
comportamento desses durante a formação dos gametas, através do processo de meiose.

A Primeira Lei de Mendel diz que cada característica é condicionada por dois fatores que
se separam na formação dos gametas.
Nesse caso, Mendel estudou apenas a transmissão de uma única característica. Por
exemplo, cruzou sementes amarelas com sementes verdes.
A Segunda Lei de Mendel baseia-se na transmissão combinada de duas ou mais
características. Por exemplo, ele realizou cruzamentos de sementes verdes e rugosas com
sementes amarelas e lisas.
Em conjunto, as Leis de Mendel explicam como as características hereditárias são
transmitidas de uma geração à outra.
Por meio dos estudos de cruzamento de plantas com características diferentes foi possível
comprovar que as mesmas mantém sua integridade ao longo das gerações.

Lei da dominância

A lei da dominância afirma que todos os descendentes de progenitores que diferem em


apenas uma característica terão o fenótipo de apenas um deles, o dominante.[2] A outra
característica é chamada recessiva, e só se manifesta caso ambos os factores sejam
recessivos.

Lei da segregação

A lei da segregação afirma que fatores determinam uma característica e a formação dos
gâmetas, os progenitores segregam os factores aleatoriamente de modo que cada gâmeta
possui apenas um deles. Ou seja, cada descendente possui um factor vindo de um
progenitor, e um segundo vindo do outro progenitor.
Todas as sementes obtidas em F¹, foram amarelas (por serem dominantes e as verdes
recessivas), portanto iguais a um dos pares. Uma vez que todas as sementes eram iguais,
Mendel plantou-as e deixou que as plantas quando florescessem, se autofecundassem,
produzindo assim a geração F². As sementes obtidas na geração F² foram verdes e
Genética
amarelas, na proporção de 3 para 1, sempre 3 amarelas para 1 verde. Inclusive na análise
de dois caracteres simultaneamente, Mendel sempre caía na proporção final de 3:1. Para
explicar a ocorrência de somente sementes amarelas em F¹ os dois tipos em F², Mendel
começou admitindo a existência de fatores que passassem dos pais para os filhos por
meio dos gametas. Cada fator seria responsável pelo aparecimento de um caráter.
Assim, existiria um fator que condiciona o caráter amarelo e que podemos representar
por A (maiúsculo), e um fator que condiciona o caráter verde e que podemos representar
por a (minúsculo). Quando a ervilha amarela pura é cruzada com uma ervilha verde pura,
o híbrido F¹ recebe o fator A e o fator a, sendo portanto, portador de ambos os fatores. As
ervilhas obtidas em F¹ eram todas amarelas, isso quer dizer que, por ter o
fator A (maiúsculo), esse se manifestou, sendo assim chamado de "dominante". Mendel
chamou de "recessivo" (a)(minúsculo) o fator que não se manifesta em F¹. Utiliza-se
sempre a letra do caráter recessivo para representar ambos os caráteres, sendo maiúscula
a letra do dominante e minúscula a do recessivo.
Continuando a análise, Mendel contou em F², o número de indivíduos com caráter
recessivo, e verificou que eles ocorrem sempre na proporção de 3 dominantes para 1
recessivo. Mendel chegou a conclusão que o fator para verde só se manifesta em
indivíduos puros, ou seja com ambos os fatores iguais à a (minúsculo). Em F¹ as plantas
possuíam tanto os fatores A quanto o fator a sendo, assim, necessariamente amarelas.
Podemos representar os indivíduos da geração F¹ como Aa (heterozigoto e, naturalmente,
dominante). Logo para poder formar indivíduos aa (homozigotos recessivos) na geração
F² os gametas formados na fecundação só poderiam ser aa. Esse fato não seria possível
se a geração desse origem a gametas com fatores iguais aos deles (Aa). Isso só seria
possível se ao ocorrer a fecundação houvesse uma segregação dos fatores A e a presentes
na geração F¹, esses fatores seriam misturados entre os fatores A e a provenientes do pai
e os fatores A e a provenientes da mãe. Os possíveis resultados sendo: AA, Aa e aa.
Esse fato foi posteriormente explicado pela meiose, que ocorre durante a formação dos
gametas. Mendel havia criado então sua teoria sobre a hereditariedade e da segregação
dos fatores.

Lei da segregação independente

A lei da segregação independente afirma que uma característica é herdada


independentemente de outra característica. Ou seja, durante a formação dos gâmetas, os
factores que determinam cada uma das características são segregados
independentemente.
Mendel em seus experimentos também cruzou plantas que diferiam em relação a dois
pares de alelos. Neste cruzamento, que objetivava esclarecer a relação de diferentes pares
de alelos, ele cruzou plantas que possuíam sementes amarelas e lisas com plantas que
possuíam sementes verdes e rugosas. A progênie F1 resultante entre o cruzamento dos
progenitores homozigota é formada por híbridos (heterozigotos) para dois pares de genes.
A progênie F1 (GgWw) é formada por diíbridos e, por extensão, o cruzamento GGWW x
ggww é um cruzamento diíbrido. Sabia-se, graças à experiências anteriores, que os alelos
que determinavam sementes amarelas e lisas eram dominantes e sobre seus respectivos
alelos, que produziam sementes verdes e rugosas. Assim, considerando dois deles tinham-
se as informações:
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• caráter cor dos cotilédones
já tinha sido observado que o padrão amarelo (V_) apresentava dominância sobre o padrão
verde (vv);
• caráter aspecto da casca da semente
neste caso, já se observa que o padrão de casca lisa (R_) era dominante sobre o tipo casca
rugosa (rr).
Herança mendeliana
Apesar de todas essas descobertas de Gregor Mendel, o que desvalorizou sua pesquisa foi
a ausência de fatos consistentes sobre o comportamento dos cromossomos durante a
meiose e a mitose. Em 1900, no entanto, esse conhecimento foi reapresentado, quando as
leis de Mendel foram então confirmadas; em 1903 um biólogo norteamericano, chamado
Walter S. Sutton, destacou a importância de o conjunto cromossômico ser diploide, ou
seja, conter dois conjuntos semelhantes morfologicamente, em que durante a meiose cada
gameta recebe apenas um cromossomo de cada par de homólogos. Sutton, além de
explicar os resultados de Mendel, que os genes faziam parte do cromossomo, propôs ainda
que os genes para as sementes amarelas e verdes eram carregados por um determinado
par de cromossomos e que os genes para sementes lisas e rugosas eram carregados por
um par diferente, explicando as proporções de segregação 9:3:3:1 observadas
experimentalmente. O princípio da distribuição aleatória de Mendel está baseado em
genes localizados em diferentes cromossomos, que se comportam de maneira
independente durante a meiose, porém dois genes não são distribuídos de forma
independente, pois estão localizados no mesmo cromossomo onde os genes estão ligados.
Assim que foi possível a identificação de um grande número de genes mutantes nas
análises de cruzamentos, diversos exemplos de distribuição não aleatória foram
encontrados. Em todos os casos, o número de grupos de ligação foi idêntico ao número de
cromossomos haploides, por exemplo, existem quatro grupos de genes ligados na
Drosophila e quatro cromossomos morfologicamente distintos em uma célula haploide. A
ligação nunca é completa, a probabilidade de dois genes do mesmo cromossomo
permanecerem juntos durante a meiose varia desde pouco menos de 100% até quase 50%.
Essa variação na ligação sugere a existência de um mecanismo chamado de crossingover,
que significa recombinação, para que a permuta de genes entre os cromossomos
homólogos aconteça.

Erros inatos do metabolismo (EIM): Entenda as principais características da doença

Erros inatos do metabolismo é um grupo heterogêneo de doenças genéticas


caracterizadas por uma alteração enzimática.
As enzimas são proteínas que catalisam reações no nosso corpo, em outras
palavras, ajudam a transformar uma substância em outra. Quando estas
enzimas não funcionam corretamente, podem acontecer acúmulos ou falta de
substância importantes para o funcionamento adequado do nosso corpo. A
grande maioria destas doenças já apresenta sintomas logo após ao nascimento
e muitas delas podem ser tratadas. Principalmente por este motivo, o
diagnóstico precoce dos Erros Inatos do Metabolismo é imperativo!
Genética

O que são considerados erros inatos do metabolismo?

Quando considerados de forma isolada, eles são raros, mas quando avaliados
como um grupo apresentam uma incidência de aproximadamente 1 para cada
2.500 nascidos vivos. Estas doenças podem aparecer em qualquer idade e é
fundamental que se faça a suspeita e a correta investigação.

Como acontecem os erros inatos do metabolismo?

Os erros inatos do metabolismo acontecem quando os genes responsáveis por


codificar proteínas que atuam na cadeia metabólica não funcionam
corretamente. Trocas no nosso DNA de apenas uma letra podem alterar o
funcionamento dos genes. No nosso genoma, cada um destes genes tem duas
cópias, uma que herdamos do pai e outra da mãe. Neste grupo de doenças,
geralmente ambas as cópias do m esmo gene não funcionam corretamente –
chamamos essa ocorrência de herança autossômica recessiva.
Assim, ambos os pais são portadores, ou seja, apenas uma cópia do gene deles
não funciona adequadamente, mas a outra cópia “dá conta do recado” e, por
isso, ele não tem a doença.
Porém, quando o parceiro tem o mesmo gene alterado, existe um risco de 25%
para cada gestação de nascer um bebê com a doença relacionada àquele gene.
Sabemos que essa chance é maior quando existe parentesco entre os pais,
exemplo de casais que são primos, mas também pode ocorrer na população
geral. Algumas doenças apresentam incidência de portadores que pode chegar
a 1 para cada 30 pessoas, por exemplo.

Sinais de alerta e sintomas

Dependendo do tipo de Erro Inato do Metabolismo, os si ntomas já podem


aparecer nos primeiros dias de vida, enquanto outros podem aparecer nos
primeiros anos de vida.

Abaixo estão os principais sinais de alerta para buscar orientação médica o


quanto antes:
Em recém nascidos :

• Vômitos frequentes;
• Perda de peso;
• Diarréia,
• Odor estranho na pele e/ou urina;
• Quadros semelhantes à intoxicação sem causa definida;
• Infecções recorrentes;
• Convulsões;
• Aumento do fígado e do baço;
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Em crianças maiores:

• regressão do desenvolvimento (desaprender um marco)


• parada do desenvolvimento ou atraso
• fácies característica com sinais de depósito

Síndromes e enfermidades relacionadas a erros inatos do metabolismo

Os erros inatos do metabolismo foram didaticamente divididos por Saudubray


em 3 grupos:
Grupo I: Doenças de pequenas moléculas (podendo cursar com acúmulo ou
deficiência) Ex: Homocistinúria e Galactosemia;
Grupo II: Doenças de moléculas complexas (podend o cursar com acúmulo,
deficiência ou alteração no tráfego celular). Ex: Amninoacidopatias e Acidúrias
orgânicas;
Grupo III: Doenças por defeito de energia. Ex: Doenças mitocondriais .

Exames e Perfil Metabólico para Erros Inatos do Metabolismo

Na suspeita de um Erro Inato do Metabolismo existem exames séricos que


podem auxiliar a triagem, como:

• Hemograma, hemocultura, gasometria arterial, glicose, eletrólitos, testes


de função hepática e renal, amônia, lactato, cromatografia de aminoácidos.

Também podem ser solicitados exames na urina, como :

• Testes de triagem, urocultura, cromatografia de aminoácidos, pesquisa


de ácidos orgânicos e de acilcarnitinas.

Muitas vezes ainda se faz necessário a análise de outros tecidos, como por
exemplo por biópsia muscul ar nas doenças mitocondriais.
Os exames moleculares como Painéis com diversos genes relacionados a EIM
auxiliam o processo diagnóstico e devem ser interpretados sob a luz dos sinais
clínicos e outros achados complementares.

Tratamento

Alguns EIM atualmente apresentam tratamentos, o mais comum é a Terapia de


Reposição Enzimática .
Lembra quando explicamos o que era um EIM? E que muitas vezes o problemas
é que uma enzima está faltando ou funcionando de forma inadequada? Sabendo
disso, as pesquisas científi cas conseguiram identificar e sintetizar algumas
destas enzimas e elas podem ser repostas na corrente sanguínea da pessoa
afetada.
Genética
Importante ressaltar que este tipo de Terapia está disponível para algumas
doenças apenas e que este tratamento precisa ser m onitorado de perto, pois
existem efeitos colaterais que podem ser graves. Geralmente estas medicações
são infundidas em centro com a presença de equipe médica e de enfermagem e
de forma periódica, são chamados Centros de Infusão.

Hemoglobinopatias hereditárias, doenças falciformes, talassemia β.

As hemoglobinopatias hereditárias

É uma doença hereditária causada por uma mudança no gene da Hemoglobina. Como
resultado desta alteração genética, uma Hemoglobina anormal, chamada Hemoglobina S,
é produzida em lugar da Hemoglobina normal (Hemoglobina A), presente nas pessoas
adultas que não apresentam a doença. Quando uma pessoa herda dois genes com esta
alteração se tornaa portador de Anemia Falciforme
As doenças falciformes
Se um indivíduo possui o alelo S do gene da β-globina (gene que codifica um dos dois
polipeptídios que juntos formam a hemoglobina) em ambos os cromossomos homólogos
SS, isso resulta em uma anemia grave, característica pelo formato de foice das hemácias.
Se apenas um dos dois alelos da β-globina for do tipo S (+S) a anemia é menos grave, os
indivíduos podem não ter manifestações clínicas da doença (traço falciforme) e a maior
parte das hemácias tem formato normal.
Fisiopatologia
A anemia falciforme é caracterizada por anemia hemolítica crônica e presença de
fenômenos vasoclusivos que levam a crises dolorosas agudas e à lesão tecidual e orgânica
crônica e progressiva. A doença falciforme é causada pela substituição de adenina por
timina (GAG ->GTG), codificando
valina ao invés de ácido glutâmico,
na posição 6 da cadeia da beta
globina, com produção de Hb S.
Esta pequena modificação
estrutural é responsável por
profundas alterações (Figura 9) nas
propriedades físico-químicas da
molécula de hemoglobina no
estado desoxigenado.

O processo primário deste evento é


a polimerização da desoxi-Hb S. A
polimerização progride com adição
de moléculas sucessivas de Hb S à
medida que a porcentagem de
saturação de oxigênio da
hemoglobina diminui. A falcização
dos eritrócitos ocorre pela
polimerização reversível da Hb S
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dentro da célula em condição de desoxigenação. Quando em completa desoxigenação
formam-se células em forma de foice, clássicas da doença falciforme. Este fenômeno é
reversível com a oxigenação, desde que a membrana da célula não esteja definitivamente
alterada. Quando isto ocorre formam-se os eritrócitos irreversivelmente falcizados, que
permanecem deformados independentemente do estado da Hb S intracelular. Em geral,
quanto maior a quantidade de Hb S, mais grave é a doença. Os pacientes homozigóticos
para Hb S têm quadro clínico, em geral, mais grave que os pacientes com
hemoglobinopatia SC, SD, etc. A associação com persistência hereditária de hemoglobina
fetal confere melhor prognóstico à doença. A desidratação celular aumenta a
concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), facilitando a falcização, por
aumentar a possibilidade de contato entre as moléculas de Hb S. A associação entre Hb S
e talassemia, tende a reduzir a CHCM e pode associar-se a quadros clínicos menos graves,
em alguns casos. A presença de outras hemoglobinas dentro da célula influencia a
falcização porque exerce um efeito de diluição, diminuindo a oportunidade de contato
entre as moléculas de desoxi-Hb S. A influência sobre a polimerização da Hb S varia com
o tipo de hemoglobina não-S, que está presente dentro da célula. A hemoglobina que
menos participa do polímero é a hemoglobina fetal. Quanto maior é a porcentagem de
hemoglobina fetal, menor é a polimerização da Hb S. Clinicamente, níveis elevados de
hemoglobina fetal associam-se à menor gravidade da doença. A diminuição do pH reduz a
afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, aumentando a polimerização, através do
aumento da quantidade de desoxi-Hb S dentro da célula. Como resultado da polimerização
da Hb S, do aumento da CHCM e das alterações de membrana, os eritrócitos são
sequestrados e prematuramente destruídos pelo sistema monocítico fagocitário. A
destruição aumentada de eritrócitos, levando à anemia hemolítica crônica, é uma
manifestação clínica importante da doença falciforme. A ausência de anemia ao
nascimento e seu início, acompanhando a queda de hemoglobina fetal pós-natal e a
síntese de Hb S, indicam que a falcização é necessária para a indução das anormalidades
celulares responsáveis pela destruição dos eritrócitos. A hemólise ocorre por destruição
extravascular e intravascular dos eritrócitos.
Os sintomas e sinais mais comuns de doença falciforme são a

• Anemia: A anemia acontece pela redução do número dos eritrócitos, das alterações
em seu formato e na sua função e da diminuição do valor da hemoglobina e do
hematócrito. É identificada por: cansaço; fraqueza; indisposição; palidez; A anemia
causada pela doença falciforme não é decorrente da deficiência de ferro.
• as crises de dor: São causadas pelo processo de vaso-oclusão. Costumam durar de
4 a 6 dias, e ocorrem nos braços, nas pernas, nas articulações, no tórax, no abdômen
e nas costas. Alguns fatores são desencadeantes, como: • diminuição dos níveis de
oxigênio no sangue (hipóxia); • infecções; • febre; • desidratação; • perda de
temperatura corporal; • exposição prolongada ao frio; • atividade física extenuante;
• estresse emocional. Na maioria das crianças a primeira manifestação de dor
decorre de um processo inflamatório que provoca inchaço nos tornozelos, nos
punhos, nos dedos ou nas articulações. Esses sinais são conhecidos como síndrome
mão-pé ou dactilite.
• as infecções recorrentes: Na doença falciforme, os episódios frequentes de vaso-
oclusão lesionam o baço, levando à atrofia e à diminuição da sua funcionalidade
(asplenia funcional). Isso faz com que o organismo da pessoa com a doença fique
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mais sujeito às infecções. Pneumonias, infecções renais e osteomielites também
ocorrem com muita frequência, tanto em crianças quanto em adultos com doença
falciforme. Em crianças com doença falciforme, a ocorrência de infecção
disseminada (septicemia ou sepse) é mais frequente. Os episódios de febre devem,
portanto, ser encarados como situações de risco, nas quais os procedimentos
diagnósticos precisam ser aprofundados e a terapia deve ter início imediato. A
asplenia funcional predispõe a maior risco de infecções
• icterícia: Ocorre em função do aumento da hemólise e do consequente excesso de
bilirrubina na circulação, aumentando a pigmentação amarelada da pele e da parte
branca dos olhos (esclerótica). Outro sinal da icterícia é o escurecimento da urina
(colúria). Esses são alguns sinais que correspondem ao comprometimento hepático
na doença falciforme, e que podem ser confundidos com outras hepatites. Outras
manifestações clínicas que aumentam a morbidade e a mortalidade na doença
falciforme são o sequestro esplênico, a síndrome torácica aguda (STA), o acidente
vascular cerebral (AVC), o priapismo, a crise aplásica, a úlcera de perna e a
osteonecrose ou necrose avascular. A seguir, veremos essas manifestações em
detalhes.
• Sequestro esplênico: Trata-se de um quadro agudo decorrente do aumento da
funcionalidade do baço (na tentativa de eliminar o excesso de células falcizadas),
da hemólise acentuada e da quantidade de sangue que o órgão retira de circulação.
Isso faz com que o baço aumente rapidamente de volume e ocorra queda súbita do
nível de hemoglobina, além de diminuição do volume de sangue circulante, com
risco de choque hipovolêmico e morte. O sequestro esplênico ocorre com mais
frequência dos 5 meses até os 2 anos de idade, sendo uma das principais causas de
morte nas crianças com doença falciforme.
• Síndrome torácica aguda (STA): É consequência de vaso-oclusão pulmonar,
infecção, embolia ou sequestro pulmonar. Caracteriza-se principalmente pelos
seguintes sintomas:
✓ - infiltrado pulmonar recente;
✓ -dor torácica;
✓ - tosse;
✓ - dificuldade respiratória (dispneia);
✓ -aumento da frequência respiratória (taquipneia);
✓ - hipóxia. Em crianças, a febre está presente em 85% dos
casos.
A STA é uma complicação severa na doença falciforme, sendo necessária a
hospitalização para que se realizem o tratamento e o acompanhamento! Acidente
vascular cerebral (AVC) Ocorre quando há obstrução de artérias cerebrais,
provocando isquemia e infarto no encéfalo.
As manifestações neurológicas geralmente são focais, podem incluir: • paralisia
parcial do movimento corpóreo (hemiparesia); • diminuição parcial da sensibilidade
no corpo (hemianestesia); • deficiência do campo visual; • comprometimento da fala
(afasia); • paralisia de nervos cranianos.
Podem ocorrer sinais mais generalizados, a exemplo do coma e das convulsões. Embora
exista a possibilidade de recuperação completa, são frequentes o dano intelectual, as
sequelas neurológicas graves e a morte. A recidiva do AVC provoca danos maiores e
aumenta a mortalidade. O AVC ocorre em cerca de 10% das pessoas com doença
falciforme.!
Genética
• Priapismo: Acontece em decorrência da vaso-oclusão, da redução da circulação
sanguínea no pênis, causando ereção prolongada e dolorosa. É mais frequente nos
adolescentes ou pré-adolescentes. Pode acontecer na forma de episódios de curta
duração e recorrentes ou de episódios longos, com risco de impotência sexual.
• Crise aplásica: Ocorre quando a medula óssea para de produzir eritrócitos. A aplasia
medular transitória acontece principalmente entre crianças de 4 a 10 anos.
• Úlceras de perna: Tem como causa a presença de vaso-oclusões crônicas ou hipóxia
tissular, associada com traumatismos, seja por contusões ou picadas de insetos,
entre outros fatores. Ocorrem geralmente no terço inferior da perna, sobre e ao
redor do maléolo medial ou lateral e, em algumas ocasiões, sobre a tíbia ou o dorso
do pé. São extremamente dolorosas, de difícil tratamento e com alto índice de
recorrência. As úlceras comprometem de maneira considerável a qualidade de vida
das pessoas com doença falciforme, acarretando problemas emocionais, sociais e
profissionais. Elas estão presentes em 8% a 10% das pessoas com doença falciforme,
principalmente nos adolescentes e nos adultos jovens.
• Osteonecrose ou necrose avascular: Resulta de infartos com isquemia em
articulações e epífises de ossos longos. A cabeça do fêmur é o local mais comum de
ocorrência, seguida de cabeça do úmero e joelho. É mais frequente no final da
adolescência e nos adultos jovens.
• Outros fatores que contribuem para o agravamento da morbidade e mortalidade
na doença falciforme:
✓ condições sociais e econômicas desfavoráveis;
✓ dificuldade de acesso aos serviços de atenção básica em saúde;
✓ desconhecimento dos profissionais de saúde sobre a doença falciforme;
✓ racismo, que impede o desenvolvimento de ações para o cuidado das
pessoas com doença falciforme;
✓ falta de atendimento adequado na gestação, de acordo com as normas da
Rede Cegonha;
✓ falta do diagnóstico precoce, como está definido pelo Programa Nacional
de Triagem Neonatal (PNTN);
✓ falta de comunicação e divulgação sobre a doença falciforme para a
população; • ausência de diagnóstico clínico e laboratorial;
✓ diagnóstico tardio.

Tratamento
Nas hemoglobinopatias, os exames laboratoriais são utilizados para:

✓ Detecção de Hb S nos eritrócitos


✓ Genotipagem de Hb
✓ Determinante de haplótipos;
✓ Monitoração.

A talassemia β
A talassemia é um tipo de anemia hereditária, transmitida de pais para filhos, e que faz
parte de um grupo de doenças do sangue chamadas hemoglobinopatias (doença da
hemoglobina).
Genética
Talassemia é uma doença hereditária que resulta em anemia, Nosso sangue é formado
por milhões de glóbulos vermelhos. As hemácias são arredondadas, achatadas e elásticas, e
carregam dentro delas a hemoglobina que leva oxigênio para todo o corpo, possibilitando
que todos os órgãos funcionem normalmente.
Cada hemácia possui milhões de moléculas de hemoglobina. Cada hemoglobina normal
é formada por dois tipos de proteínas (ou globinas) – alfa e beta – unidas por um átomo de
ferro.
Como acontece a Talassemia?
A talassemia acontece quando há um defeito na produção dessas globinas. As células
humanas têm 23 pares de cromossomos cada, totalizando 46 cromossomos. Os
cromossomos têm as informações genéticas para produzir cada parte do nosso corpo. No
cromossomo 11 temos a informação genética para produzir a globina beta e no cromossomo
16 para a globina alfa.
Entenda Talassemia alfa e Talassemia Beta
A talassemia é um defeito da hemoglobina em seres humanos, que pode acontecer de
duas formas: Pessoas com a talassemia beta tem mutação (alteração) no cromossomo 11 e
com a talassemia alfa tem a mutação no cromossomo 16. Assim, a hemoglobina não é
produzida adequadamente. O problema no cromossomo 16 se manifesta pela falta de
produção de cadeias (globinas) alfa e no cromossomo 11 pela falta de produção de cadeias
(globinas) beta.

Como se manifestam as talassemia alfa e beta?


A talassemia beta, dependendo do número de genes comprometidos, pode se
manifestar de três formas: talassemia maior, talassemia intermediária ou talassemia
menor.
A talassemia alfa, dependendo do número de genes comprometidos, pode se
manifestar de quatro formas: portador silencioso, traço alfa talassemia, doença da
hemoglobina H e hidropsia fetal.

Como surge o câncer?

O câncer surge a partir de uma


mutação genética, ou seja, de uma
alteração no DNA da célula, que passa
a receber instruções erradas para as
suas atividades. As alterações podem
ocorrer em genes especiais,
denominados proto-oncogenes, que a
princípio são inativos em células
normais. Quando ativados, os proto-
oncogenes tornam-se oncogenes,
responsáveis por transformar as
células normais em células
cancerosas.
Genética
As células que constituem os animais são formadas por três partes: a membrana
celular, que é a parte mais externa; o citoplasma (o corpo da célula); e o núcleo, que
contém os cromossomos, que, por sua vez, são compostos de genes. Os genes são arquivos
que guardam e fornecem instruções para a organização das estruturas, formas e
atividades das células no organismo. Toda a informação genética encontra-se inscrita nos
genes, numa "memória química" - o ácido desoxirribonucleico (DNA). É através do DNA
que os cromossomos passam as informações para o funcionamento da célula.
O processo de formação do câncer é chamado de carcinogênese ou oncogênese e, em geral,
acontece lentamente, podendo levar vários anos para que uma célula cancerosa prolifere-
se e dê origem a um tumor visível. Os efeitos cumulativos de diferentes agentes
cancerígenos ou carcinógenos são os responsáveis pelo início, promoção, progressão e
inibição do tumor.
A carcinogênese é determinada pela exposição a esses agentes, em uma dada frequência
e em dado período de tempo, e pela interação entre eles. Devem ser consideradas, no
entanto, as características individuais, que facilitam ou dificultam a instalação do dano
celular. Esse processo é composto por três estágios:
• Estágio de iniciação: os genes sofrem ação dos agentes cancerígenos, que provocam
modificações em alguns de seus genes. Nessa fase, as células se encontram geneticamente
alteradas, porém ainda não é possível se detectar um tumor clinicamente. Elas
encontram-se "preparadas", ou seja, "iniciadas" para a ação de um segundo grupo de
agentes que atuará no próximo estágio.

• Estágio de promoção: as células


geneticamente alteradas, ou seja,
"iniciadas", sofrem o efeito dos
agentes cancerígenos classificados
como oncopromotores. A célula
iniciada é transformada em célula
maligna, de forma lenta e gradual.
Para que ocorra essa
transformação, é necessário um
longo e continuado contato com o
agente cancerígeno promotor. A
suspensão do contato com agentes
promotores muitas vezes
interrompe o processo nesse estágio. Alguns componentes da alimentação e a exposição
excessiva e prolongada a hormônios são exemplos de fatores que promovem a
transformação de células iniciadas em malignas.
Genética
• Estágio de progressão: se
caracteriza pela multiplicação
descontrolada e irreversível das
células alteradas. Nesse estágio, o
câncer já está instalado, evoluindo
até o surgimento das primeiras
manifestações clínicas da doença.
Os fatores que promovem a
iniciação ou progressão da
carcinogênese são chamados
agentes oncoaceleradores ou
carcinógenos. O fumo é um agente
carcinógeno completo, pois possui
componentes que atuam nos três
estágios da carcinogênese.

Sistema ABO

sistema ABO é um sistema que classifica o sangue em quatro diferentes tipos, os quais se
diferenciam pelas suas aglutininas e aglutinogênios.
O sistema ABO é um sistema que classifica o sangue em tipos A, B, AB ou O.
O sistema ABO classifica grupos sanguíneos em tipos A, B, AB e O. Esse sistema foi descrito
em 1900 por Karl Landsteiner, que, inicialmente, descreveu os grupos A, B e O. O fenótipo
AB foi descrito apenas alguns anos depois, por Alfred Von Decastello.

→ Genética do Sistema ABO

Os grupos sanguíneos ABO são determinados por três alelos diferentes de um único gene:
IA, IB e i. Esses três alelos são os responsáveis por garantir na espécie humana a presença
de quatro fenótipos: sangue A, sangue B, sangue AB e sangue O.
Genética
Esses quatro grupos são caracterizados pela presença ou ausência de aglutinogênios em
suas hemácias e de aglutininas no plasma sanguíneo (leia mais a seguir). O alelo IA é
responsável por garantir que o sangue tenha aglutinogênio A, enquanto o alelo I B é
responsável pelo aglutinogênio B. O alelo i não é responsável pela produção de
aglutinogênio.

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O sistema ABO é um exemplo clássico de alelos múltiplos (ou polialelia) e


de codominância. É um caso de alelos múltiplos, pois apresenta três alelos diferentes de
um único gene (IA, IB e i). A codominância, por sua vez, acontece, pois entre os alelos I A e
IB não existe relação de dominância.
Por isso temos indivíduos IAIB com fenótipo AB, ou seja, com a produção dos dois tipos de
aglutinogênio, A e B. Vale destacar que, apesar de haver codominância entre I A e IB, existe
dominância em relação ao alelo i.
Desse modo temos que IA e IB exercem dominância sobre i, porém entre os alelos IA e IB há
codominância. Com isso temos que os genótipos dos tipos sanguíneo são:
Tipos sanguíneos (fenótipo) Genótipo dos tipos sanguíneos

A IAIA ou IAi

B IBIB ou IBi

AB IAIB

O ii

→ Aglutinogênios e aglutininas no sistema ABO

No sistema ABO observa-se quatro tipos de sangue distintos: A, B, AB e O. Eles se


caracterizam pela presença ou ausência de aglutinogênios e de aglutininas no plasma.
Os aglutinogênios são substâncias encontradas na membrana plasmática das hemácias,
enquanto as aglutininas são anticorpos presentes no plasma sanguíneo que atuam contra
determinados aglutinogênios.
Existem dois tipos de aglutinogênios, o A e o B. O aglutinogênio A está presente no sangue
A, enquanto o B está no sangue tipo B. As pessoas com sangue AB possuem ambos
aglutinogênios: A e B. Já as pessoas de sangue tipo O não possuem aglutinogênios em suas
hemácias.
Genética
Na figura podemos observar os
aglutinogênios e as aglutininas presentes
nos diferentes tipos sanguíneos.
Assim como os aglutinogênios,
existem dois tipos de aglutinina: anti-A e
anti-B. A pessoa com sangue tipo A possui
aglutinina anti-B, enquanto a pessoa com
tipo sanguíneo B possui aglutinina anti-A.
A pessoa que apresenta sangue do tipo AB
não possui aglutinina em seu plasma,
diferentemente das pessoas que possuem sangue tipo O, que se caracteriza pela presença
das aglutininas anti-A e anti-B.

→ Quem doa para quem

Considerando-se apenas o sistema ABO, podemos fazer algumas afirmações importantes


em relação à transfusão de sangue:
• Indivíduos de sangue tipo O podem doar para qualquer pessoa, pois não possuem
aglutinogênios nas hemácias. Devido a esse motivo, são conhecidos como doadores
universais. Esses indivíduos, no entanto, só podem receber sangue tipo O, pois apresentam
aglutinina anti-A e anti-B.
• Indivíduos com sangue AB podem receber sangue de qualquer tipo, pois não
apresentam aglutininas em seu plasma. Devido a esse motivo, são chamados de receptores
universais. Esses indivíduos, no entanto, podem apenas doar para indivíduos com sangue
AB, pois possuem aglutinogênios A e B em suas hemácias.
• Os indivíduos do sangue A não podem doar sangue para
indivíduos do sangue B, pois as hemácias seriam atacadas pelas
aglutininas anti-A. Eles podem doar para pessoas com sangue A
e pessoas com sangue AB. Pessoas com sangue A podem receber
doação de pessoas com sangue A ou sangue O.
• Indivíduos do sangue B não podem doar para os de sangue
A, pois suas hemácias seriam atacadas pelas aglutininas anti-B.
Eles podem doar, portanto, para pessoas com sangue B e pessoas
com sangue AB. Pessoas com sangue B podem receber doação de
pessoas com o mesmo sangue ou sangue O.
→ Tabela do Sistema ABO
O aglutinogênio é uma substância antigênica que estimula a formação de uma aglutinina específica.
A aglutinina funciona como anticorpo que pode provocar a aglutinação de células quando
identificadas como antígeno. O termo aglutinogênio é usado principalmente para os antígenos do
sistema sanguíneo humano. Assim, os aglutinogênios são glicoproteínas presentes na superfície de
todas as hemácias do sangue humano. São eles que nos permitem determinar o tipo de sangue de
uma pessoa. Uma pessoa com tipo sanguíneo A, apresenta aglutinogênio (antígeno) A na superfície
de suas hemácias. O mesmo acontece para o tipo sanguíneo B. Como o sistema ABO apresenta
codominância entre A e B, uma pessoa com o tipo sanguíneo AB, apresenta tanto o aglutinogênio A
quanto o B. E o tipo O, não apresenta aglutinogênios sobre a superfície de suas células vermelhas.
Genética
Aglutininas são anticorpos do plasma sanguíneo específicos contra determinados aglutinogênios. É
uma proteína que combate o aglutinogênio estranho do organismo. Susceptível de causar
a aglutinação de microrganismos e dos glóbulos vermelhos que contêm o aglutinogênio.
✓ Indivíduos da tipagem sanguínea AB não possuem aglutininas.
✓ Indivíduos da tipagem sanguínea A, possuem aglutinina Anti-B.
✓ Indivíduos da tipagem sanguínea B, possuem aglutinina Anti-A.
✓ Indivíduos da tipagem sanguínea O, possuem aglutinina Anti-A e Anti-B.
Sendo assim, indivíduos AB são considerados receptores universais, enquanto indivíduos do grupo O
sãoconsiderados doadores universais. Sistema ABO

Sangue tipo A Sangue tipo B Sangue tipo AB Sangue tipo O

Genótipo IAIA ou IAi IBIB ou IBi I AI B ii

Aglutinogênio A B AeB Não possui

Aglutinina Anti-B Anti-A Não possui Anti-A e Anti-B

Padrões de Herança Genética

É importante compreender os Padrões de Herança Genética para avaliar como as


condições são transmitidas em uma família.
Um histórico preciso da saúde do familiar é uma ferramenta valiosa para ilustrar como
as condições são transmitidas de geração a geração. Os padrões de herança monogênicos
são frequentemente chamados de Mendelianos, uma vez que Gregor Mendel observou pela
primeira vez os diferentes padrões de segregação de genes para características
selecionadas em ervilhas e foi capaz de determinar as probabilidades de recorrência de
uma característica nas gerações subsequentes.
Uma pessoa possui duas cópias de quase todos os genes, uma cópia herdada da mãe e
uma cópia herdada do pai. Os cientistas estudaram os genes humanos para aprender como
eles funcionam normalmente, como as variantes nos genes podem alterar o modo como
funcionam e como essas variantes são transmitidas para as próximas gerações.
As doenças de um único gene geralmente são herdadas em um dos diferentes padrões
clássicos, dependendo da localização do gene e se uma ou duas cópias normais do gene
são necessárias para que o fenótipo da doença se manifeste.
Os padrões clássicos de herança para distúrbios monogênicos são: autossômico
dominante, autossômico recessivo, dominante ligado ao X, recessivo ligado ao X e ligada
ao cromossomo Y.
No entanto, nem todas as condições genéticas seguirão esses padrões, e existem outras
formas de herança, como a herança mitocondrial e a herança poligênica/multifatorial.
Para algumas doenças, os membros da família com a mesma mutação podem não ter os
mesmos sintomas. Para outras condições, os indivíduos com diferentes mutações podem
ter características semelhantes.
Genética
Isso ocorre por causa da heterogeneidade genética, que é um fenômeno comum tanto em
doenças monogênicas quanto em doenças multifatoriais complexas.

HEREDROGRAMA
Heredograma é
uma representação gráfica das
relações de parentesco entre
indivíduos. Por meio dele,
podemos analisar como é
o padrão de determinada herança
genética dentro de uma família.
O heredograma é constituído
por símbolos que podem indicar,
por exemplo, o sexo dos
indivíduos, graus de parentesco,
presença de um caráter afetado
por determinada anomalia, e
outras informações
importantes.

Representação de um heredograma

O heredograma é uma representação gráfica, também conhecida como árvore genealógica,


que apresenta os fenótipos (conjunto de características observáveis de um organismo,
sejam morfológicas, sejam funcionais) dos membros de uma família e permite a análise
do padrão de determinada herança genética dentro dessa família. O heredograma possui
alguns símbolos. A seguir, apresentamos alguns deles e seus significados.

Exemplo de heredograma
Para compreender melhor como
funcionam os heredogramas, veja o
exemplo a seguir. Nele aparecem três
indivíduos do sexo feminino (cujo
símbolo é um círculo) afetados
(símbolos escuros) por alguma
característica determinada por um
par de alelos. Os indivíduos afetados
são o de número 2, na segunda
geração (II-2), e os de número 3 e 6, na
terceira geração (III-3 e III-6).
Genética
Os heredogramas permitem avaliar como ocorre a
herança de algumas características.

Analisando o heredograma, conclui-se que o


caráter afetado é recessivo, ou seja, só se manifesta
em homozigose.
O alelo (formas alternativas de um determinado
gene que ocupam uma mesma posição relativa em
cromossomos homólogos, que determinam um
mesmo caráter) precisa estar em dose dupla para
manifestar-se (consideraremos a letra a para
representar o alelo responsável por determinar
essa característica), pois o cruzamento de dois indivíduos normais (II-5 e II-6 ) originou
uma filha afetada (III-6, genótipo aa).
Podemos concluir que os seus progenitores apresentam o genótipo Aa. Os irmãos do
indivíduo III-6 (III-4 e III-5) apresentarão alelos Aa ou AA, já que não são afetados.

Os indivíduos 1 e 2 da segunda geração (II-1 e II-2) darão origem a indivíduos afetados e


não afetados. Como o indivíduo II-2 é afetado e apresenta genótipo aa, seus filhos III-1 e
III-2 apresentarão genótipo Aa (não afetados), e o terceiro filho (III-3), aa (afetado).
Os indivíduos 1 e 2, na primeira geração (I-1 e I-2), não são afetados, mas, como têm uma
filha afetada (II-2), eles apresentam genótipo Aa, sendo que seus filhos II-3 e II-4 poderão
apresentar genótipo Aa ou AA (não afetados). Já a filha II-5 apresentará genótipo Aa, pois
deu origem a uma filha afetada (6, terceira geração, aa).

Os três principais padrões de herança

Os três principais padrões de herança são


autossômicos recessivos, autossômico dominante e
ligada ao cromossomo X.
A maioria das doenças hereditárias da retina –
incluindo a Retinose Pigmentar, a Doença de
Stargardt, a Síndrome de Usher – são herdadas. Elas
são causadas principalmente por variações
genéticas que são passadas de um ou de ambos os
pais, através de um dos três padrões de
herança revisados neste artigo.
A discussão a seguir sobre os padrões de herança
não é relevante para a Degeneração Macular
Relacionada à Idade (DMRI), pois o risco de DMRI está associado a uma combinação
complexa de fatores genéticos e estilo de vida, chamada de herança multifatorial.

Genes e Cromossomos
Genética
Os seres humanos tem cerca de 25.000 pares de genes. Os genes desempenham um papel
importante na determinação de quem somos – nossa altura, cor dos cabelos, o risco de
algumas doenças, e muito mais. Todos nós temos muitas variações, defeitos e alterações
em nossos genes. A maioria destas variações não afetam o que somos ou a nossa saúde e
bem-estar. No entanto, algumas variações genéticas, também chamadas de mutações,
podem causar problemas. Algumas mutações levam à doenças, incluindo doenças
degenerativas da retina.
Os genes estão localizados em estruturas chamadas cromossomos, e os seres humanos
normalmente têm 23 pares de cromossomos. Nós herdamos um cromossomo de cada par
(e os genes contidos em cada cromossomo) de nossa mãe e um do nosso pai. Os pares
cromossômicos 1 a 22 são conhecidos como cromossomos autossômicos (não-sexuais).
Os cromossomos no par 23 são conhecidos como os cromossomos sexuais, porque uma
das funções é determinar o sexo que teremos.

Portadores do gene
Algumas pessoas são portadoras da doença, o que significa que eles próprios não têm a
doença, mas têm o gene mutado e podem passá-lo para seus filhos.

Afetados pela doença


Quando alguém tem a doença e apresenta sintomas da mesma, eles são conhecidos como
sendo afetados.

Doenças hereditárias da retina são herdadas de uma das três seguintes maneiras:

Herança autossômica recessiva


Imagem representativa do padrão de herança
recessivo.

Para ser afetado por uma doença recessiva, uma


criança deve herdar uma cópia mutante do gene de
ambos os pais. Com a doença recessiva, cada pai tem
uma cópia mutada e uma cópia normal do gene em
causa. Como cada um dos pais tem tem apenas uma
cópia mutante do gene, eles são portadores do gene e
não desenvolvem a doença, eles não têm problemas
de visão.
Se a criança herda apenas um gene mutante de um
pai, então a criança será um portador da do gene e
não será afetado pela doença e não vai sentir
qualquer problema.
Se a criança herda uma cópia mutante de cada genitor, a criança poderá desenvolver a
doença e a perda da visão associada.
Genética

Para doenças recessivas, há 25% de chance da criança ser afetada, e 50% de chance de que
eles sejam portadores do gene, mas não sejam afetados pela doença. Há também 25% de
chance de não receber nenhum gene mutado.
Doenças recessivas são mais susceptíveis de vir como uma surpresa a uma família, porque
os pais de uma criança afetada são portadores não afetados, e que a doença pode não ter
aparecido por várias gerações.
Exemplos de doenças hereditárias da retina recessivas incluem: Retinose Pigmentar (alguns
tipos), a Doença de Stargardt (a maioria das formas), Amaurose congênita de Leber (a
maioria das formas) e sSíndrome de Usher

Herança autossômica dominante


Imagem representativa do padrão de herança
dominante.

Para ser afetado por uma doença autossômica


dominante, uma criança recebe uma cópia de um gene
mutante de um dos pais afetado pela doença. É
provável que o pai afetado saiba que tem a doença. O
outro progenitor não é afetado e nem carrega mutação
neste gene.
Com doenças dominantes, há 50% de chance de que uma
criança receba o gene mutado e que seja afetado pela
doença. E 50% de chance da criança não receber a
mutação.
Doenças dominantes tendem a aparecer em várias gerações de uma família, e muitos
membros da família são afetados.
Exemplos de doenças hereditárias da retina dominantes incluem: Retinose
Pigmentar (algumas formas) e degeneração macular (algumas formas da doença de início
precoce).

Herança ligada ao X
Imagem representativa do padrão de
herança ligada ao X.

Os padrões de herança para doenças


ligadas ao X são mais complexos do que os
outros padrões de herança, porque o sexo
de ambos os pais e seus filhos determinar
se a doença pode ser transmitida aos
filhos.
Todas as mulheres têm dois cromossomos
X. Todos os homens têm um X e um Y.
Quando um homem e uma mulher tiverem
um filho, a mulher sempre irá passar um
cromossomo X. O homem vai passar um X
Genética
ou um Y. Se ele passar um X, a criança terá dois cromossomos X e será uma menina. Se
ele passar um Y, a criança terá um X e um Y e será um menino.
Doenças ligadas ao X são passadas no cromossomo X. De um modo geral, os homens são
afetados por doenças ligadas ao X, e as mulheres são portadores não afetadas. As mães
portadoras passam doenças ligadas ao X para seus filhos.
Se uma mãe portadora de uma mutação em um gene ligado ao X tem um filho, há 50% de
chance de que o filho seja afetado e outros 50% do filho não herdar o gene mutado.
Se uma mãe portadora de uma mutação em um gene ligado ao X tem uma filha, há 50%
de chance de que a filha seja portadora do gene mas não desenvolva a doença e 50% de
que não receba o gene mutado.
Enquanto as mulheres são geralmente portadores não afetadas de doenças da retina
ligadas ao X, os pesquisadores descobriram que elas podem ter perda de visão moderada.
Exemplos de doenças hereditárias da retina ligadas ao cromossomo X incluem: Retinose
Pigmentar (algumas formas), Coroideremia e Retinosquise.

Alterações cromossômicas estruturais


As alterações cromossômicas estruturais são aquelas que envolvem modificações na
morfologia do cromossomo e podem ser deleções, duplicações, inversões ou translocações.
O cromossomo pode sofrer modificações em sua estrutura

As alterações cromossômicas estruturais são alterações que causam modificações na


morfologia dos cromossomos. Essas alterações podem ser danosas ao indivíduo,
influenciando a formação do fenótipo. Normalmente, as alterações cromossômicas
estruturais acontecem por erros no processo de meiose ou por alguns agentes que causam
danos ao material genético, como é o caso da radiação.

→ Deleções
As deleções são alterações cromossômicas em que parte do cromossomo é perdida,
consequentemente, ocorre a perda de material genético. Pode ocorrer na porção terminal
dos braços cromossômicos ou ainda em porções mais internas (deleções intersticiais). É
um processo que ocorre com frequência durante o processo de meiose.

→ Duplicações

A duplicação acontece quando um cromossomo perde uma porção de seu material


genético, e essa porção liga-se a uma cromátide-irmã, formando um segmento extra.
O cromossomo, assim, fica com uma porção repetida. Esse processo ocorre mais
frequentemente no processo de permutação durante a meiose.
Genética
As alterações cromossômicas estruturais podem ser
deleções, duplicações, inversões ou translocações

→ Inversões

As inversões, como o próprio nome sugere, são


alterações que ocorrem quando uma porção do
cromossomo se separa, mas se une novamente ao
cromossomo de maneira invertida. O material
genético continua o mesmo, entretanto, a disposição
das informações ocorre de maneira trocada.

Podemos classificar a inversão em dois tipos:


• Pericêntrica: a inversão pericêntrica acontece
quando a região que sofre a inversão envolve o
centrômero.
• Paracêntrica: A inversão paracêntrica acontece quando a região invertida não
envolve o centrômero.

→ Translocações

Nas translocações, uma porção do cromossomo é passada para outro cromossomo não
homólogo. Podemos citar dois tipos principais de translocação:
• Translocação recíproca: ocorre na troca de porções entre dois cromossomos.
• Translocação robertsoniana: envolve cromossomos acrocêntricos, ou seja,
cromossomos que possuem um braço bem maior que o outro por causa da posição do
centrômero. Observa-se, nesse caso, que o braço curto de um cromossomo e o braço longo
de outro quebram-se. Depois ocorre a troca, dando origem a um cromossomo com dois
braços longos e um com dois braços curtos (estes geralmente se perdem).

ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS NUMÉRICAS


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ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS NUMÉRICAS
As aberrações cromossômicas numéricas são aquelas em que ocorre alteração no número
de cromossomos. Elas são classificadas em euploidias e aneuploidias.
Genética
A síndrome de Down é uma aberração
cromossômica numérica, pois há um cromossomo
21 a mais

Todos os organismos possuem um conjunto de


cromossomos em suas células, que difere de
espécie para espécie. A espécie humana, por
exemplo, possui 46 cromossomos, sendo 22 pares
de cromossomos autossomos e um par de
cromossomos sexuais.
Algumas vezes, no entanto, ocorrem aberrações
cromossômicas, isto é, o número de cromossomos
de um indivíduo ou a estrutura deles aparece com
características diferentes da esperada para uma
espécie. Quando ocorre o aumento ou a diminuição do número de cromossomos, dizemos que
ocorreu uma aberração cromossômica numérica.

→ Tipos de aberrações cromossômicas numéricas

As aberrações cromossômicas numéricas podem ser de dois tipos: euploidia e aneuploidia.


- Euploidia: altera completamente os conjuntos cromossômicos. Isso quer dizer que o
número de genomas é alterado, podendo, nesse caso, um conjunto diploide (2n) originar
um organismo haploide (n) ou poliploide (conjuntos cromossômicos acima do nível
diploide). Quando analisamos a espécie humana, é possível perceber que a euploidia,
normalmente, não é compatível com a vida.
- Aneuploidia: diferentemente da euploidia, não altera todo um conjunto de cromossomos,
sendo observado apenas o aumento ou a diminuição de um ou mais cromossomos. Quando
um organismo possui um cromossomo a menos, chamamos a condição de monossomia
(2n-1); quando possui um cromossomo a mais, recebe o nome de trissomia (2n+1); quando
possui dois cromossomos a menos, é um caso de nulissomia (2n-2); por fim, quando
apresenta dois cromossomos a mais, é tetrassomia (2n+2).
As aneuploidias normalmente ocorrem em virtude de um evento chamado de não
disjunção. Na não disjunção, um determinado par de cromossomos homólogos não se
separa durante a divisão, originando uma célula com um cromossomo a mais e outra
célula com cromossomo a menos. Esse processo pode ocorrer durante a meiose para a
formação dos gametas ou durante a mitose do zigoto.

→ Exemplos importantes de Aneuploidias

Síndrome de Klinefelter (47, XXY) – Por possuir dois cromossomos X e um cromossomo Y,


o indivíduo é do sexo masculino, mas apresenta órgãos sexuais pouco desenvolvidos,
ausência de espermatozoides, mama desenvolvida e corpo parecido com o feminino.
Síndrome de Turner (45, X0) – Indivíduos possuem apenas um cromossomo X (monossomia)
e características femininas. São mulheres geralmente estéreis, baixas, com mamas pouco
desenvolvidas, ovários atrofiados e pescoço alargado na base (pescoço alado).
Síndrome de Down (47 XX ou 47 XY + 21) – Diferentemente das síndromes anteriores, essa
aneuploidia é autossômica, ocorrendo o aumento de um cromossomo 21. Por essa razão,
Genética
o problema também é chamado de trissomia do 21. Entre as características que uma
pessoa com síndrome de Down pode apresentar, podemos citar baixa estatura, prega
palpebral, língua fissurada, boca entreaberta, prega transversal contínua na palma da
mão, mão curta e larga e alterações na impressão digital.
Síndrome de Edwards (47 XX ou 47 XY + 18) – Essa síndrome também é autossômica e atinge
o cromossomo 18, sendo chamada de trissomia do 18. Normalmente, as crianças afetadas
morrem em alguns meses e apresentam defeitos cardíacos, renais e oculares, além de
problemas na flexão dos dedos.

Interações gênicas e alterações cromossômicas. Mais especificamente, conheceremos as


interações gênicas, alélicas, epigênicas e as alterações cromossômicas relacionadas ao
número e à estrutura dos cromossomos.

Outro enfoque molecular é analisar os mRNA transcritos, ou seja, os genes que colaboram
em algum processo específico de desenvolvimento e podem ser definidos pelo conjunto de
RNA transcritos presentes no momento do processo. Após esses processos, as interações
gênicas e seu significado no fenótipo finalmente podem ser deduzidos pela análise
genética.
As interações gênicas
são classificadas em ampla escala e em duas categorias:
- Primeira: interações entre alelos de um lócus, ou seja, único gene: variações de
dominância.
- Segunda: interações entre dois ou mais loci, as quais revelam o número e os tipos de
genes no programa global subjacente a uma função biológica particular.

Interações entre alelos de um único gene: variações de dominância


Existem milhares de diferentes modos de alterar a sequência de um gene, a fim de
produzir um alelo mutante, apesar de que apenas alguns desses genes mutantes aparecem
em uma população. Os alelos mutantes são conhecidos como alelos múltiplos ou série
alélica. Testes são feitos em um novo alelo mutante para saber se ele é dominante ou
recessivo, e essa informação é útil para trabalhar com a mutação nova e ser fonte de
esclarecimento de como o gene funciona.
A dominância é a manifestação pela qual os alelos de um único gene interagem em um
heterozigoto. Os alelos que interagem podem ser do tipo selvagem e mutantes ou dois
alelos mutantes diferentes. Foram descobertos vários tipos de dominância, cada um
representado por um tipo diferente de interação entre alelos.

Dominância completa e recessividade


- Dominância completa ou total é o tipo mais simples de dominância, em que um alelo
completamente dominante será expresso quando existir apenas uma cópia, enquanto o
alelo alternativo será totalmente U3 - Interações genéticas e alterações cromossômicas
91 recessivo. Na dominância completa o homozigoto dominante não pode ser diferenciado
do heterozigoto, fenotipicamente, isto é, A/A = A/a. Algumas doenças monogênicas são
totalmente dominantes, como a acondroplasia, embora o alelo do tipo selvagem seja
recessivo.
Genética
Outro tipo importante de mutação dominante é chamado dominante negativo.
Polipeptídios com esse tipo de mutação atuam como “destruidores”; em alguns casos, o
produto gênico é uma unidade de uma proteína composta por duas unidades do mesmo
tipo, conhecida como homodimérica. No heterozigoto, o polipeptídio espoliador liga-se ao
polipeptídio do tipo selvagem e o distorce ou interfere em sua função. O mesmo estrago
pode também prejudicar o funcionamento de um composto heterodimérico de
polipeptídios de genes diferentes. Em outros casos, o produto gênico é um monômero, e o
mutante liga-se ao substrato, deixando pouca disponibilidade para que a proteína do tipo
selvagem possa agir. O gene para a proteína do colágeno é um exemplo de mutações que
agem como dominantes negativas. Algumas mutações nesse gene para a proteína do
colágeno dão origem ao fenótipo humano da osteogênese imperfeita, ou seja, doença dos
ossos quebradiços. O colágeno é uma proteína do tecido conjuntivo formada por três
monômeros entrelaçados, um trímero. No heterozigoto mutante, a proteína anormal
enrola-se ao redor de uma ou duas normais e distorce o trímero, levando ao mau
funcionamento, e, desse modo, o colágeno defeituoso atua como um destruidor (spoiler).

A dominância incompleta é aquela em que o fenótipo de um heterozigoto é intermediário


ao de dois homozigotos. Em nível molecular, cada alelo do tipo selvagem produz uma dose
de seu produto proteico. O número de doses de um alelo do tipo selvagem determina a
concentração de uma substância feita pela proteína, como um pigmento. Na planta
maravilha, uma planta nativa da América tropical, duas doses produzem a maioria das
cópias do transcrito, gerando assim a maior quantidade de proteína e, portanto, a maior
quantidade do pigmento, o bastante para fazer com que as pétalas sejam vermelhas. Uma
dose produz menos pigmento e, assim, as pétalas são cor-de-rosa. Já uma dose zero não
produz pigmento. Codominância é outra variação da dominância, é a expressão de ambos
os alelos de um heterozigoto. Um bom exemplo é encontrado nos grupos sanguíneos ABO
de humanos, nos quais há codominância de alelos de antígeno. Os grupos sanguíneos ABO
são determinados por três alelos de um gene, e esses três alelos interagem de vários
modos para produzir os quatro tipos de sistema sanguíneo ABO. Os três principais são O,
A e B, mas uma pessoa pode ter apenas dois dos três alelos ou duas cópias de um deles.
Interações alelicas
Os alelos determinam a existência e a forma de uma molécula de açúcar complexa
presente na superfície das hemácias. Essa molécula de açúcar é um antígeno, uma
molécula de superfície celular que pode ser reconhecida pelo sistema imunológico. Os
alelos IA e IB determinam duas formas diferentes de molécula de superfície celular,
entretanto o alelo (i) resulta na falta de molécula de superfície desse tipo, que é um alelo
nulo. Nos genótipos IA/ i e IB/ i, os alelos IA e IB são totalmente dominantes com relação
a (i). No genótipo IA/ IB, cada um dos alelos produz sua própria forma de molécula de
superfície celular, e, assim, os alelos A e B são codominantes

Interações epigenéticas
Existem atualmente várias evidências moleculares da existência de uma herança não
genética, isto é, não dependente dos genes, mostrando que as variações adquiridas
durante a vida de um organismo podem frequentemente ser transmitidas para seus
descendentes. Esse fenômeno é conhecido como herança epigenética, trazendo
implicações profundas no estudo da evolução.
Genética
Alterações no número de cromossomos
As mutações gênicas são fonte importante de alteração na sequência genômica, porém
o genoma também pode ser remodelado em uma escala maior por alterações no número
de cópias de cromossomos ou na estrutura cromossômica em uma célula. Essas variações
em grande escala denominam-se mutações cromossômicas e são diferentes das mutações
gênicas. As mutações gênicas são definidas como aquelas que ocorrem dentro de um gene,
enquanto as mutações cromossômicas acontecem em uma região do cromossomo que
abrange múltiplos genes. As mutações cromossômicas são importantes sob várias
perspectivas biológicas, primeiro porque podem dar indícios sobre como os genes agem
em conjunto em uma escala genômica; segundo, revelam vários aspectos importantes da
meiose e da arquitetura cromossômica; terceiro, constituem recursos úteis para a
manipulação genômica experimental; quarto, dão indícios sobre os processos evolutivos;
e quinto, as mutações cromossômicas são encontradas regularmente em seres humanos
e algumas causam doenças genéticas Muitas mutações cromossômicas causam
anormalidades na célula e na função do organismo, e a maioria dessas anormalidades é
causada por alterações no número ou na posição dos genes. As alterações no número de
cromossomos não estão associadas a alterações estruturais de quaisquer moléculas de
DNA das células, pois é o número dessas moléculas de DNA que está alterado e é a base
de seus efeitos genéticos. Alterações no número de cromossomos afetam diretamente a
vida humana, pois um grupo de doenças genéticas comuns resulta de um número anormal
de cromossomos, responsável por uma grande proporção dos problemas de saúde
determinados geneticamente que afligem os seres humanos. O papel das mutações
cromossômicas na agricultura tem relevância aos seres humanos; a manipulação do
número de cromossomos tornou-se rotina para o aprimoramento de plantações de
importância comercial. As alterações relacionadas ao número de cromossomos são de dois
tipos básicos: alterações em conjuntos completos de cromossomos, que resultam em uma
condição denominada euploidia aberrante, e alterações em partes dos conjuntos de
cromossomos, que resultam em uma condição conhecida como aneuploidia. Organismos
com múltiplos do conjunto básico de cromossomos (genoma) são considerados euploides.
Os eucariotos conhecidos como plantas, animais e fungos levam em suas células um
conjunto de cromossomos (haploidia) ou dois conjuntos de cromossomos (diploidia).
Nessas espécies, tanto haploides como diploides são casos de euploidia normal.
Organismos com número maior ou menor do que o normal do conjunto de cromossomos
são chamados de euploides aberrantes. Poliploides são organismos com mais de dois
conjuntos de cromossomos, sendo representados por 3n (triploide), 4n (tetraploide), 5n
(pentaploide), 6n (hexaploide), e assim por diante, já o número de conjuntos de
cromossomos denomina-se ploidia. O indivíduo de uma espécie que seja normalmente
diploide que tenha apenas um conjunto (n) de cromossomos é um monoploide, para
diferenciá-lo de um indivíduo de uma espécie normalmente haploide (também n). A
aneuploidia é a segunda maior categoria de aberrações cromossômicas em que o número
de cromossomos é anormal. Aneuploide é um organismo cujo número de cromossomos
difere daquele do tipo selvagem em parte de um conjunto de cromossomos. O conjunto
de cromossomos aneuploide difere do tipo de selvagem por apenas um cromossomo ou
um pequeno número de cromossomos. Um aneuploide pode ter um número de
cromossomos maior ou menor do que o tipo selvagem. Aneuploide baseia-se no número
de cópias de cromossomo específico no estado aneuploide. No caso dos organismos
diploides, o aneuploide 2n + 1 é trissômico, 2n – 1 é monossômico e 2n – 2 é nulissômico
Genética
(“-2” representa perda de ambos os homólogos de um cromossomo). Nos haploides, n + 1
é dissômico. Alterações na estrutura de cromossomos As alterações na estrutura
cromossômica resultam em novos arranjos de sequência em uma ou mais duplas-hélices
de DNA, denominadas rearranjos, e abrangem várias classes de eventos importantes. Um
segmento cromossômico pode ser perdido, constituindo uma deleção, ou pode ser
duplicado, formando uma duplicação. A orientação de um segmento no cromossomo pode
ser invertida, o que constitui uma inversão, ou um segmento pode mover se para um
cromossomo diferente, constituindo uma translocação. A quebra do DNA é uma das causas
principais desses eventos, pois ambos os filamentos de DNA precisam quebrar em locais
diferentes, seguindo a reunião das extremidades para produzir um novo arranjo
cromossômico.

Mutação e recombinação gênica

Dois processos são importantes e responsáveis pela variação genética: a mutação e a


recombinação. Se a mutação é uma mudança na sequência de DNA de um gene, ela é
especialmente significativa, pois é fonte primária da mudança evolutiva, pois novos alelos
surgem em todos os organismos, alguns espontaneamente e outros resultantes de
exposição à radiação ou substâncias químicas no ambiente. A produção de novos alelos
por mutação torna-se a matéria-prima para um segundo nível de variação e que será
efetuado por recombinação.
Existem paralelos entre a mutação e a recombinação em dois níveis – o primeiro é que a
mutação e a recombinação são as principais fontes de variação, e o segundo, os
mecanismos de reparo do DNA e recombinação possuem algumas características em
comum, incluindo o uso de algumas das mesmas proteínas.
Muitos agentes mutagênicos atuam diretamente no DNA, por causa de sua capacidade de
atuar como base nitrogenada ou de se incorporar na cadeia polinucleotídica. Qualquer
base nitrogenada do DNA pode ser mutada; são conhecidas como mutações do DNA.
O termo mutação de ponto ou mutação pontual refere-se à alteração de um único par de
bases do DNA ou de um pequeno número de pares de bases adjacentes. Os dois principais
tipos de mutação de ponto no DNA são substituições de bases e inserções ou deleções. As
substituições de bases são divididas em dois tipos: transições e transversões.
Uma transição é a substituição de uma base por outra base com a mesma categoria
química, ou seja, uma purina é substituída por outra purina (Adenina por Guanina ou
Guanina por Adenina) ou uma pirimidina é substituída por outra pirimidina (Citosina por
Timina ou Timina por Citosina). Já a transversão é a substituição de uma base com uma
categoria por uma base de outra categoria, ou seja, tanto uma pirimidina é substituída
por uma purina (Citosina por Adenina, Citosina por Guanina, Timina por Adenina ou Timina
por Guanina) quanto uma purina é substituída por uma pirimidina (Adenina por Citosina,
Adenina por Timina, Guanina por Citosina ou Guanina por Timina)
As mutações de inserção ou de deleção são inserções ou deleções de pares de nucleotídeos,
mas convencionalmente são chamadas de mutações de inserções ou deleções de pares de
bases e causam alterações mais drásticas no DNA até rearranjos grosseiros da estrutura
cromossômica.
Há alguns tipos de mutações de ponto com consequências funcionais diretas:
- Mutações sinônimas ou mutações silenciosas são aquelas que alteram o códon de um
aminoácido por outro códon desse mesmo aminoácido.
Genética
- Mutações de sentido trocado ou mutações não sinônimas são aquelas em que o códon
de um aminoácido é trocado por um códon de outro aminoácido.
- Mutações sem sentido são aquelas em que o códon de um aminoácido é mudado para
um códon de término de tradução (fim). A deleção ou adição de um único par de bases de
DNA pode mudar a matriz de leitura do restante do processo de tradução, resultando na
perda completa da estrutura e da função normal da proteína.

Como resultado de funções celulares normais ou interações aleatórias com o


ambiente, os seres vivos sofrem mutações, e essas mutações são denominadas mutações
espontâneas. As mutações gênicas podem surgir espontaneamente ou serem induzidas. As
mutações espontâneas são aquelas que ocorrem naturalmente e surgem em todas as
células.
As mutações espontâneas apresentam várias fontes, e uma delas é o processo de
replicação do DNA. Apesar de ser um processo muito acurado, podem existir erros na cópia
de bilhões de pares de bases em um genoma. As mutações espontâneas podem ocorrer
também porque o DNA é uma molécula muito frágil e o próprio ambiente celular pode
danificá-la.
O processo de replicação do DNA não é perfeito, um erro pode ocorrer, pois é formado
um par errado de nucleotídeos, por exemplo, Adenina com Citosina, em vez de Adenina com
Timina na síntese de DNA, levando a uma substituição de bases que podem adicionar ou
subtrair pares de bases, criando uma mudança de matriz de leitura. Esses erros podem
causar mutações caso não sejam detectados e corrigidos pelos mecanismos de reparação
do DNA. Erros de replicação por causa de mal pareamentos originam mutações pontuais.
A frequência em que ocorrem as mutações espontâneas é característica para cada
espécie e pode aumentar pelo tratamento com determinados compostos. Esses compostos
são denominados agentes mutagênicos, e as modificações que são causadas são
denominadas mutações induzidas. As mutações induzidas aparecem por ação de alguns
agentes, chamados de mutágenos, os quais aumentam a taxa de ocorrência das mutações.
Os mutágenos induzem mutações por pelo menos três mecanismos diferentes: eles podem
substituir uma base no DNA, alterar uma base quando ocorre um pareamento
especificamente errado com outra base, ou danificar uma base quando não possa mais
parear com qualquer base em condições normais
Todas as células estão expostas a uma variedade de agentes mutagênicos, que
possuem potencial para danificar o DNA e provocar mutações. Alguns desses agentes, como
toxinas de fungos, luz ultravioleta, poluentes industriais, produtos químicos, entre outros,
são componentes naturais do ambiente que podem provocar mutações
O fato é que os organismos, de bactérias a seres humanos ou plantas, conseguem
reparar eficientemente seus DNAs. Esses organismos utilizam inúmeros mecanismos de
reparo, que juntos utilizam cerca de até 100 proteínas conhecidas. Muitos dos danos sofridos
pelo DNA podem ser reparados, pois a informação genética é preservada em ambas as fitas
da dupla-hélice, de forma que a informação perdida em uma fita pode ser recuperada a
partir da fita complementar. O DNA é a única molécula que os organismos conseguem
reparar, em vez de substituir. A falha desses sistemas de reparo é a causa de muitas doenças
humanas hereditárias.
Uma importante propriedade do DNA das células é a sua capacidade de sofrer
rearranjos, que podem ocasionar desde novas combinações entre os genes presentes em
qualquer genoma individual até alterações qualitativas e quantitativas na expressão desses
genes. Esses rearranjos do DNA são realizados pela recombinação gênica.
Genética
Duas classes de recombinação gênica são conhecidas. Na recombinação homóloga a
troca genética envolve sequências de DNA homólogas localizadas nas duas cópias de um
mesmo cromossomo. Um exemplo desse tipo de troca entre cromossomos homólogos é
conhecido como crossing-over, que acontece na meiose. O crossing-over ocorre entre
cromossomos altamente relacionados nos estágios iniciais de desenvolvimento de óvulos e
espermatozoides e permite que diferentes alelos do mesmo gene sejam testados em novas
combinações, aumentando assim a chance de alguns membros de uma população fundadora
sobreviverem em um ambiente que está se modificando. A recombinação homóloga também
atua como um importante mecanismo para a reparação de quebra de fita dupla que ocorre
nos cromossomos em qualquer etapa do ciclo celular. Caso essas quebras não sejam
reparadas ou o sejam de forma incorreta, podem promover eventos mutagênicos como
perdas, deleções, duplicações ou translocações cromossômicas, levando até a processos
carcinogênicos
A outra classe de recombinação gênica conhecida é a recombinação sítio-específica,
em que não é necessária a homologia extensa do DNA, pois as trocas ocorridas são curtas.
Sequências específicas de nucleotídeos são reconhecidas por uma enzima de recombinação
sítio-específica, e essa enzima altera a posição relativa das sequências de nucleotídeos nos
genomas. Sequências específicas de nucleotídeos são reconhecidas por uma enzima de
recombinação sítio-específica chamada recombinase.
Técnicas laboratoriais cromossômicas (Citogenética e Bandeamento
Cromossômico

• Os cromossomos são identificados pelo seu


tamanho, pela posição do centrômero.

• Os cromossomos são identificados pelo


padrão de bandas: Padrões de bandas

• São organizados em pares de homólogos, em


ordem decrescente de tamanho.

• - Os pares de autossomos são numerados de


1 a 22 e os sexuais são designados pelas letras
X e Y.

• - Os cromossomos são reunidos em grupos designados por letras de A até G,


sendo que:

• O grupo A possui cromossomos 1 (metacêntrico), 2 (submetacêntricos) e 3


(metacêntricos).

• O grupo B possui pares 4 e 5, sendo todos submetacêntricos.

• O grupo C possui cromossomos X, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12.

• O grupo D possui pares 13, 14 e 15, sendo todos acrocêntricos.


Genética
• O grupo E possui pares 16, 17 e 18 e todos submetacêntricos, sendo o par 16
parcialmente metacêntrico.

• O grupo F possui pares 19 e 20, os quais são facilmente identificáveis por serem
os únicos metacêntricos que são pequenos.

• O grupo G é constituído pelos pares 21, 22 e Y e são todos acrocêntricos

O cariótipo
é representado pelo número total de cromossomos, seguido de uma vírgula, e os
cromossomos sexuais são especificados, por exemplo: 46, XX (mulher) ou 46, XY (homem).
- Caso haja uma alteração no número de cromossomos, o cariótipo será representado
pela fórmula citada, porém acrescida de uma segunda vírgula e do cromossomo extra ou
ausente, representado pelo sinal + ou -, por exemplo: 47, XY, +13, ou seja, homem com 47
cromossomos, apresentando um cromossomo 13 a mais. Essa representação equivale à
síndrome de Patau.
- Alguns casos apresentam mosaicos, ou seja, duas ou mais populações de células
cromossomicamente diferentes em uma pessoa. Nesses casos, as linhagens celulares são
separadas por uma barra, por exemplo: 46, XY / 47, XYY / 45, X, ou seja, homem com três
populações de células, sendo a primeira normal, a segunda com um Y extra e a terceira em
que falta um Y.
- As alterações estruturais são representadas por letras ou grupos de letras
minúsculas, que são colocadas logo após o número do cromossomo. São elas:
• h = constrição secundária • i = isocromossomo • p = braço curto do cromossomo
• q = braço longo do cromossomo • r = cromossomo em anel • s = satélite • t =
translocação
• inv = inversão • mar = cromossomo marcador • mat = cromossomo de origem
materna
• pat = cromossomo de origem paterna • ace = fragmento acêntrico de cromossomo,
ou seja, sem centrômero • cen = centrômero • dic = dicêntrico • tri = tricêntrico • end =
endorreduplicação
• del = deleção • dup = duplicação • ins = inserção • rcp = translocação recíproca
(opcional utilizar a letra t) • rob = translocação robertsoniana (opcional utilizar a letra t)
•: = quebra sem reunião (como na deleção terminal) • :: = quebra e reunião
• → = de - para
Os sinais de + ou – são colocados após o número do cromossomo e significam aumento
ou diminuição de um dos braços do cromossomo, por exemplo:
• 46, XY, 16 q+, que significa aumento do braço longo do cromossomo 16 em um
homem com 46 cromossomos;
• 46, XY, 5p-, que significa homem com deleção do braço curto do cromossomo 5,
ou seja, síndrome do miado do gato;
• 46, XX, r (18), que significa mulher com 46 cromossomos que apresenta um
cromossomo 18 em anel;
• 46, X, i (Xq), que significa mulher com 46 cromossomos que apresenta um X
normal e o outro é um isocromossomo do braço longo do X.
Genética
Com as novas técnicas de bandamento de cromossomos tornou-se possível a
identificação de cada cromossomo, pois cada par apresenta um padrão exclusivo de bandas
e tanto as regiões quanto as bandas são numeradas a partir do centrômero para as
extremidades.

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