Perda de Carga

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Aula 3

Perda de carga

SHS01013 – Máquinas Hidráulicas


Prof. Assoc. Frederico Fábio Mauad
Doutorando : Talyson de Melo Bolleli
Escoamento em dutos sob-pressão
● O transporte de fluídos é feito através de condutos
projetados para esta finalidade.

Esses condutos podem ser:

● Abertos para a atmosfera recebendo o nome de canais e


destinados principalmente ao transporte de água.
● Condutos fechados onde a pressão é maior que a atmosférica,
sendo assim denominados dutos sob pressão.

● Os escoamentos em dutos sob pressão são característicos


nos escoamentos provocados por bombas hidráulicas.

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Perda de carga
● O escoamento interno em tubulações sofre forte influência
das paredes, dissipando energia devido ao atrito.

● As partículas em contato com a parede adquirem a


velocidade da parede, ou seja, velocidade nula, e passam a
influir nas partículas vizinhas através da viscosidade e da
turbulência, dissipando energia.

● Essa dissipação de energia provoca um abaixamento da


pressão total do fluido ao longo do escoamento que é
denominada de Perda de Carga.

●A perda de carga pode ser distribuída ou localizada,


dependendo do motivo que a causa:

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Perda de carga
● Perda de Carga Distribuída: a parede dos dutos retilíneos
causam a perda de pressão distribuída ao longo do
comprimento do tubo, fazendo com que a pressão total vá
diminuindo gradativamente ao longo do comprimento e por
isso é denominada de Perda de Carga Distribuída.

● Perda de Carga Localizada: este tipo de perda de carga é


causado pelos acessórios de canalização, isto é, as diversas
peças necessárias para a montagem da tubulação e para o
controle do fluxo do escoamento, que provocam variação
brusca da velocidade, em módulo ou direção, intensificando
a perda de energia nos pontos onde estão localizadas, sendo
por isso conhecidas como Perdas de Carga Localizadas. O
escoamento sofre perturbações bruscas em pontos da
instalação tais como em válvulas, curvas, reduções, etc.

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Perda de carga distribuída
● A perda de carga distribuída ocorre ao longo dos trechos retos de
tubulação devido ao atrito.

● Esta perda de carga depende do diâmetro D e do comprimento L


do tubo; da rugosidade ε da parede; das propriedades do fluido,
da massa específica ρ e a viscosidade µ; e por fim da velocidade
V do escoamento.

● A rugosidade da parede depende do material de fabricação do


tubo bem como do seu estado de conservação. De maneira geral,
um tubo usado apresenta uma rugosidade maior que um tubo
novo.

● A tabela a seguir apresenta valores da rugosidade para alguns


tipos de tubos mais comuns, incluindo a condição de uso para
alguns tipos:

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Perda de carga distribuída

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Perda de carga distribuída
● Dentre as propriedades do fluido, a viscosidade é a mais importante na
dissipação de energia. Além de ser proporcional à perda de carga, sua
relação com as forças de inércia do escoamento fornece um número
adimensional, o número de Reynolds, Re, que é o parâmetro que indica
o regime do escoamento.

● Para tubulações de seção circular, o número de Reynolds é calculado


conforme a equação abaixo e é admitido o valor 2300 como o limite de
transição entre o escoamento laminar e o turbulento.

● A viscosidade cinemática da água varia com a temperatura, mas na


prática, para água fria, é usado o valor referente à temperatura de 20
ºC, que vale: ν20 = 1,007.10^-6 m²/s.

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Método de cálculo de perda de carga distribuída

● Além do apoio teórico, várias experiências foram efetuadas


para o desenvolvimento de fórmulas que expressem
satisfatoriamente os valores da perda de carga distribuída,
destacando-se, entre outros, os trabalhos de Moody-Rouse,
Hazen-Williams e Darcy-Weisbach.

● As perdas de carga em geral são expressas pela fórmula:

Hp : perda de carga distribuída


v : velocidade
g : aceleração da gravidade
ξ : coeficiente de perda de carga

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Método de Moody-Rouse
● O ábaco de Moody-Rouse é um dos mais utilizados para o cálculo de
perda de carga distribuída. Entra-se com o valor de D/ε (rugosidade
relativa) e o número de Reynolds (Re), obtendo-se o valor de f
(coeficiente de atrito).

● A fórmula de perda de carga para aplicação do ábaco de Moody-Rouse


é:
Hp : perda de carga
f : coeficiente de atrito
L : comprimento da
tubulação
D : diâmetro da tubulação
v : velocidade
g : aceleração da gravidade
● A rugosidade relativa é expressa pelo quociente entre o diâmetro da
tubulação e a rugosidade absoluta (D/ ε).
● O coeficiente de atrito f deve ser escolhido de maneira que produza a
perda de carga correta, portanto, não pode ser uma constante, pois
depende da velocidade, diâmetro, massa específica, viscosidade e
rugosidade (ábaco de Moody-Rouse).

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Método de Moody-Rouse

Rugosidade dos tubos (valores de ε em metros)

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Método de Hazen-Williams
● É o método mais empregado no transporte de água e esgoto
em canalizações diversas com diâmetro maior que 50 mm.
Sua forma é:

● C: coeficiente que depende da natureza do material empregado


na fabricação dos tubos e das condições de suas paredes internas
● Q : vazão, m³/s
● D: diâmetro, m
● L : comprimento da tubulação, m

● O coeficiente experimental, denotado por C, assume valores


entre 70 e 140 crescendo à medida que o tubo fica mais liso.

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Método de Hazen-Williams
● Na tabela abaixo são apresentados os valores do coeficiente
C para os tubos mais usados atualmente:

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Método de Darcy-Weisbach ou Fórmula Universal

L : comprimento do encanamento [m]


v : velocidade média do fluido [m/s]
D : diâmetro da canalização [m]
g : constante da aceleração da gravidade,
9,8 [m/s²]
Cf: fator de atrito ou coeficiente de atrito
ou fator de resistência [admensional]

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Método de Darcy-Weisbach ou Fórmula Universal

A equação da perda de carga pode ser simplificada:

2
𝐿 𝑣2 𝐿 1 4∗𝑄
Δ𝐻𝑝 = 𝐶𝑓 ∗ ∗ ⇒ Δ𝐻𝑝 = 𝐶𝑓 ∗ ∗ ∗
𝐷 2𝑔 𝐷 2𝑔 π ∗ 𝐷2

16 𝐿 2
𝛥𝐻𝑝 = ∗ 𝐶 𝑓 ∗ ∗ 𝑄
2 ∗ 9,81 ∗ 𝜋 2 𝐷5

𝐿
𝛥𝐻𝑝 = 0,0826 ∗ 𝐶𝑓 ∗ 5 ∗ 𝑄 2
𝐷

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Método de Darcy-Weisbach ou Fórmula Universal

● Para o cálculo de Cf temos a fórmula de Swamee e Jain que


alia grande simplicidade e é uma ótima aproximação nos
regimes de escoamento normalmente encontrados nas
instalações de Máquinas Hidráulicas.

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Método de Darcy-Weisbach ou Fórmula Universal

Exemplos:

● Para ε = 0,00025mm, D = 100mm e Re = 4000:


1,325 1,325
𝐶𝑓 = 2 = 2 = 0,040539
ε 5,74 0,00025 5,74
𝑙𝑛 3,7 ∗ 𝐷 + 0,9 𝑙𝑛 3,7 ∗ 100 +
𝑅𝑒 40000,9

● Desprezando o termo 5,74/𝑅𝑒 0,9:

1,325 1,325
𝐶𝑓 = 2 = 2 = 0,040539
ε 0,00025
𝑙𝑛 𝑙𝑛
3,7 ∗ 𝐷 3,7 ∗ 100

16
Método de Darcy-Weisbach ou Fórmula Universal

Ou seja:

1,325 1,325
𝐶𝑓 = 2≅ 2
ε 5,74 ε
𝑙𝑛 + 𝑙𝑛
3,7 ∗ 𝐷 𝑅𝑒 0,9 3,7 ∗ 𝐷

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Perda de carga localizada
● A perda localizada ocorre sempre que um acessório é
inserido na tubulação, seja para promover a junção de dois
tubos, ou para mudar a direção do escoamento, ou ainda
para controlar a vazão.

● A ocorrência da perda de carga é considerada concentrada


no ponto provocando uma queda acentuada da pressão no
curto espaço compreendido pelo acessório.

● A seguir veremos os métodos de cálculo da perda de carga


localizada.

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Método do Comprimento Equivalente
● É definido como um comprimento de tubulação, Leq, que causa a
mesma perda de carga que o acessório. Os comprimentos equivalentes
dos acessórios presentes na tubulação são adicionados ao comprimento
físico da tubulação fornecendo um comprimento equivalente, Leq.
● Matematicamente, o comprimento equivalente pode ser calculado pela
expressão:

● Este comprimento equivalente permite tratar o sistema de transporte


de líquido como se fosse um único conduto retilíneo. Nessa condição a
perda de carga total do sistema pode ser avaliada pela equação da
Fórmula Universal:

𝐿
Δ𝐻𝑝 = 0,0826 ∗ 𝐶𝑓 ∗ 5 ∗ 𝑄2
𝐷

onde o comprimento L é substituído pelo comprimento equivalente Leq.

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Método do comprimento equivalente
● O comprimento equivalente de cada tipo de acessório pode
ser determinado experimentalmente, e o valor obtido é
válido somente para o tubo usado no ensaio.

● Para uso em tubos diferentes os valores devem ser


corrigidos em função das características do novo tubo.

● Existem também tabelas de fácil utilização onde são


constados os comprimentos equivalentes dos principais
componentes de um sistema hidráulico.

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Método do coeficiente de perda em
função da carga cinética
● O acessório tem sua perda de carga localizada calculada
através do produto de um coeficiente característico pela
carga cinética que o atravessa.

● Cada tipo de acessório tem um coeficiente de perda de


carga característico, normalmente indicado pela letra K.

● A perda causada pelo acessório, em m.c.a, é calculada pela


expressão:

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Método de coeficiente de perda em
função da carga cinética
● A perda de carga total do sistema é dada pela somatória das
perdas de carga dos acessórios mais a perda distribuída do
tubo, resultando na expressão abaixo, na qual a carga
cinética foi colocada em evidência.

● O método de cálculo através da carga cinética é mais geral,


pois o valor do coeficiente K não depende do tubo usado no
ensaio como ocorre com o comprimento equivalente.

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Exercício 1
O sistema de recalque mostrado na figura possui uma bomba com
10 cv de potência e 75% de rendimento. A tubulação que liga o
reservatório I até o ponto A é de 4” de diâmetro e transporta uma
vazão de 10 l/s com uma perda unitária J = 3,14 m/100 m, e a
tubulação que liga o reservatório II ao ponto A é de 4”de diâmetro
e transporta uma vazão de 16 l/s com uma perda unitária J = 5,10
m/100 m. A distância do reservatório II ao ponto A é 65 m, da
bomba até o registro é 100 m e do registro até o reservatório III é
155 m. Impondo-se que a pressão disponível imediatamente antes
da bomba seja 3,0 m.c.a., e sabendo que a perda de carga unitária
entre o ponto A e o reservatório III é J = 2,55 m/ 100 m,
determine:

a) a distância do reservatório I ao ponto A;


b) a distância do ponto A até a bomba;
c) a perda de carga no registro.

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Exercício 1

Dados:
PotB = 10 cv ; ηB = 75 %
DI-A = 4” = 101,6 mm; QI-A = 10 l/s = 0,01 m³/s; JI-A = 3,14 m /100 m
DII-A = 4” = 101,6 mm; QII-A = 16 l/s = 0,016 m³/s; JII-A = 5,10 m /100 m
LII-A = 65 m; LB-R = 100 m; LR-III = 155 m; JA-III = 2,55 m/ 100 m
Pressão disponível imediatamente antes da bomba (ponto 1) = 3,0 mca

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Exercício 1
a) Determinar LI-A:

Aplicando Bernoulli entre o RII e o ponto A, temos:

Aplicando Bernoulli entre o RI e o ponto A:

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Exercício 1
b) Determinar LA-B:

Aplicando Bernoulli entre o ponto A e o ponto 1:

VA = V1

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Exercício 1
c) Determinar Δhp:

Aplicando Bernoulli entre o ponto 1 e o RIII:

Logo,

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Exercício 2
Uma bomba tem uma vazão de 9000 l/min de água. Seu
conduto de sucção horizontal tem um diâmetro de 30 cm e
possui um manômetro, como indicado na figura. Seu conduto
de saída horizontal tem um diâmetro de 20 cm, e sobre seu
eixo, situado a 1,22 m acima do precedente, reina uma
pressão P = 0,70 kgf/cm², superior a atmosférica. Supondo o
rendimento da bomba igual a 80%, qual a potência necessária
para realizar este trabalho? Dado γHg = 13600 kgf/m³.

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