Unidade 1 - O Novo Ensino Médio

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TRILHA 1 - Conceitos Centrais do Novo Ensino Médio e DC-

GOEM

APRESENTAÇÃO

Olá!

Se você trabalha no Ensino Médio, sabe dos grandes desafios que enfrentamos
nesta etapa para garantir o acesso, a permanência e a aprendizagem de todos/as os/as
estudantes e seu engajamento com a escola. Você, educador/a, é essencial para a
construção de soluções para esses desafios. Esta trilha delineia caminhos para fortalecer
o engajamento, a autonomia, o protagonismo, a aprendizagem e o desenvolvimento
integral dos/as estudantes do Ensino Médio.

Esta trilha é formada por unidades ao longo das quais você encontrará conteúdos
organizados e oferecidos sob a forma de diferentes mídias, além de indicações de
diversificadas fontes complementares para estudos mais aprofundados, além de uma
atividade avaliativa ao final das unidades apresentadas.

Estrutura Curricular Carga horária


Apresentação
Unidade 1 - O Novo Ensino Médio

Unidade 2 - Escola, jovens e protagonismo

Unidade 3 - Docentes do Ensino Médio

30h
Unidade 4 - Projeto de Vida como Componente Curricular

Unidade 5 - Integração Curricular

Unidade 6 - Inclusão, Diversidade e Território Goiano


UNIDADE 1

O Novo Ensino Médio

Vídeo – Novo Ensino Médio em Profundidade


https://youtu.be/WjT-YrMo_aI

Bem vindo/a á unidade 1 da Trilha Introdutória!

Esta unidade apresenta as principais mudanças que devem ocorrer no Ensino


Médio a partir do ano letivo de 2022 e discute os motivos das mudanças realizadas nessa
etapa, como foram construídas, seus marcos legais, o que de fato muda com o Novo
Ensino Médio e como estas mudanças estão sendo implementadas na rede estadual de
educação.

FOCO DA UNIDADE

Nesta unidade, você vai explorar as principais mudanças propostas para o Novo Ensino
Médio e para o novo referencial curricular - o Documento Curricular para Goiás – Etapa
Ensino Médio (DC-GOEM) e refletir sobre como se preparar para implementá-las na
prática.

OBJETIVOS

Ampliar a sua compreensão sobre o Novo Ensino Médio, provocando reflexão crítica,
desejo e intenção de mudança.

Aprofundar a compreensão sobre motivações, marcos legais e inovações que orientam o


Novo Ensino Médio e o DC-GOEM.

COMPETÊNCIAS DA BNC - FORMAÇÃO CONTINUADA EM FOCO


C2_3.2 Demonstrar altas expectativas sobre as possibilidades de aprendizagem e
desenvolvimento de todos/as os/as estudantes, procurando sempre se aprimorar por meio
da investigação e do compartilhamento.

C4_1.4 Conhecer o ambiente institucional e sociocultural do contexto de atuação


profissional.

C4_2b.4 Contribuir para o desenvolvimento da administração geral do ensino, tendo


como base as necessidades dos/as estudantes e do contexto institucional, considerando a
legislação e a política regional.

HABILIDADES DA BNC - FORMAÇÃO CONTINUADA EM FOCO

1.4.1 Atualizar-se sobre as políticas de educação, os programas educacionais, a legislação


e a profissão docente, nos âmbitos nacional, estadual e municipal.

2b.4.1 Participar ativamente da comunidade de professores/as da instituição de ensino,


colaborando com os projetos institucionais para a promoção da eficácia escolar.

3.2.4 Estudar e compartilhar práticas profissionais, dialogando com seus pares sobre
assuntos pedagógicos, de forma presencial ou a distância.

Antes de mergulhar nos textos que serão a base do início de sua formação, você
pode primeiro acessar o infográfico - O que há de novo no Ensino Médio | Nosso Ensino
Médio - que traz um resumo das principais informações sobre este assunto.

INFOGRÁFICO - O que há de novo no Ensino Médio | Nosso Ensino Médio

Vamos continuar a nossa conversa com o vídeo “O que há de novo no ensino


médio”, onde Anna Penido, jornalista e especialista em educação, trata das mudanças
propostas pela reformulação dessa etapa da Educação Básica, tal como a centralidade
do/a estudante, o estímulo ao protagonismo estudantil, o projeto de vida e a flexibilização
curricular. Ela explica de forma objetiva e entusiasmada quais são as principais
novidades previstas para o Ensino Médio.

Vídeo – O que há de novo no Ensino Médio


https://youtu.be/gEqmWNMBjn0

1. POR QUE MUDAR O ENSINO MÉDIO?

As escolas de Ensino Médio têm dificuldade para garantir a aprendizagem e o


engajamento dos/as estudantes, que não se identificam com o curso e, assim, não veem
sentido no estudo, acabando por abandonar as salas de aula, muitas vezes para nunca mais
voltar. O Ensino Médio também não obtém boas notas: o Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB) para esta etapa ficou praticamente estagnado entre 2005 e 2017.
Cresceu em 2019, mas não atingiu a meta prevista para o período.

Preocupados em fazer o Ensino Médio avançar, governos, escolas e educadores/as


buscaram enfrentar os desafios estruturais que impactam especialmente a rede pública de
educação. Logo compreenderam que não adiantava apenas melhorar o que já faziam, uma
vez que a escola tradicional se mostrava cada vez mais descolada da vida, dos interesses
e das necessidades dos/as jovens brasileiros/as, bem como da realidade e das demandas
do século 21. Dessa constatação, nasceu uma ampla mobilização dos/as secretários/as
estaduais de educação para modernizar a última etapa da Educação Básica no Brasil,
alicerçada na crença de que só mudanças mais profundas seriam capazes de fortalecer o
engajamento, a autonomia, o protagonismo, a aprendizagem e o desenvolvimento integral
de estudantes.
2. COMO AS MUDANÇAS FORAM CONSTRUÍDAS E QUE MARCOS LEGAIS
AS ORIENTAM?

A agenda da mudança começou a tomar forma em 2009, quando o Conselho


Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed) intensificou as discussões e
iniciou a formulação de propostas sobre o tema. Em 2014, o Plano Nacional de Educação
(PNE) incluiu a reforma do Ensino Médio em suas metas, já apontando para a necessidade
de se assegurar a flexibilização curricular, a interdisciplinaridade e a Educação
Profissional e Tecnológica, bem como de se construir uma Base Nacional Comum
Curricular (BNCC).

Em 2016, o Ministério da Educação (MEC) se antecipou e propôs uma medida


provisória para modificar a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação. A falta de
compreensão inicial sobre o teor da mudança gerou polêmica no campo da educação e
em meio à opinião pública, mas o processo seguiu adiante. Em fevereiro de 2017, o
Congresso Nacional aprovou a Lei n. 13.415, que cria as condições legais para a
implementação da reforma.

A partir de então, o MEC, o Consed e o Conselho Nacional de Educação (CNE)


ampliaram o debate público sobre o tema e trabalharam intensamente para atualizar as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e as Diretrizes Curriculares
Nacionais para Educação Profissional e Tecnológica, finalizar e aprovar a BNCC etapa
do Ensino Médio, elaborar e publicar os Referenciais Curriculares para a Elaboração de
Itinerários Formativos e o Guia para Implementação do Novo Ensino Médio. A partir de
2019, o Consed expandiu suas ações na Frente Currículo e Novo Ensino Médio,
promovendo uma série de encontros presenciais e virtuais com técnicos/as de diferentes
áreas das secretarias estaduais de educação.

O objetivo tem sido ampliar a compreensão das redes de ensino sobre os


potenciais e desafios trazidos pela reforma, além de construir consensos e definições
conceituais e operacionais mais detalhados, de forma a apoiar a criação dos novos
currículos e de suas arquiteturas, assim como dos planos e das regulamentações que
orientarão e viabilizarão a implementação das mudanças propostas.
3. O QUE MUDA NO ENSINO MÉDIO?

3.1. Centralidade no/a estudante

Uma das principais mudanças que o Novo Ensino Médio propõe tem como
objetivo ampliar o foco no/a estudante, ou seja, repensar a escola para reconectá-la com
as juventudes brasileiras, sua forma de perceber e estar no mundo, suas potências e seus
desafios, seus desejos, suas ansiedades e necessidades. O objetivo é expandir a
compreensão de educadores/as, escolas e redes de ensino sobre as características comuns,
as diversidades e singularidades desses/as jovens, de maneira que políticas educacionais,
práticas pedagógicas e de gestão escolar reflitam e respondam a essas especificidades.
Dessa forma, busca-se assegurar que as percepções, as reações e as proposições de
estudantes sejam valorizadas e consideradas no planejamento e nas decisões tomadas pelo
corpo de gestão e de docentes, a fim de que as escolas sejam espaços acolhedores, façam
sentido para a juventude e a preparem para a vida no século 21.

3.2. Protagonismo juvenil

O Novo Ensino Médio parte da premissa de que a educação em geral e a escola


em particular precisam ser pensadas e organizadas para e com os/as estudantes. A
intenção é promover a autonomia, a responsabilidade, a participação e a atuação dos/as
jovens como agentes do seu próprio destino e de transformações positivas no mundo.
Com isso, espera-se que sejam capazes de contribuir para a melhoria da sua própria vida,
da sua escola e da sua comunidade, além de colaborar com a construção de uma sociedade
mais justa, ética, democrática, responsável, inclusiva, sustentável e solidária. Para que o
protagonismo estudantil aconteça na prática, faz-se necessário escutar as opiniões, ideias
e sugestões das juventudes; permitir que façam escolhas a partir de seus interesses e
necessidades; valorizar sua coautoria em projetos e práticas pedagógicas e criar condições
para que se corresponsabilizem por seu próprio processo de aprendizado, por colaborar
com seus pares e contribuir com ações e decisões tomadas pela escola, inclusive
participando de instâncias de representação e colegiados escolares, clubes, grupos,
coletivos e movimentos estudantis.
3.3. Desenvolvimento integral

A BNCC determina que a Educação Básica no Brasil deve promover o


desenvolvimento integral de estudantes, considerando suas dimensões intelectual, física,
cultural, social e emocional. Para tanto, define 10 competências gerais a serem
trabalhadas ao longo de toda a trajetória escolar, com vistas a desenvolver a capacidade
estudantil de:

Essas competências são entendidas pela BNCC como a soma de conhecimentos,


habilidades, atitudes e valores que, no Novo Ensino Médio, articulam-se intrínseca e
intencionalmente com as aprendizagens previstas tanto na parte comum do currículo
(Formação Geral Básica), quanto na parte diversificada (Itinerários Formativos). Ao
findar essa última etapa da Educação Básica, espera-se que os/as estudantes estejam aptos
a lidar com demandas complexas da vida contemporânea, exercer sua cidadania,
continuar seus estudos e/ou atuar no mundo do trabalho.

3.4. Projeto de Vida

Os principais documentos oficiais partem do princípio de que o Ensino Médio


deve se orientar pelo projeto de vida dos/as estudantes. Significa dizer que essa etapa da
Educação Básica tem a missão de contribuir para que os/as jovens reflitam sobre si
mesmos, identifiquem suas aspirações nos âmbitos pessoal, profissional e social,
transformem sonhos em objetivos e planos concretos e desenvolvam as competências
necessárias para implementá-los. Nesse caso, espera-se que as escolas sejam capazes de
realizar um trabalho pedagógico intencional e estruturado, com vistas a apoiar estudantes
a se conectarem com seus propósitos, dar sentido à sua existência, tomarem decisões
balizadas, planejarem o futuro e agirem no presente com autonomia e responsabilidade.

Para tanto, a arquitetura curricular adotada pela Seduc-GO apresenta o


componente curricular Projeto de Vida ao longo das três séries do Ensino Médio. Orienta
também que as unidades escolares planejem todas as suas atividades de forma a
contribuir, em alguma medida, com o desenvolvimento integral e o projeto de vida dos/as
estudantes.

3.5. Interdisciplinaridade

A BNCC, para a etapa do Ensino Médio, rompe com a lógica da seriação e das
disciplinas. Competências específicas e habilidades estão organizadas por áreas do
conhecimento, sem especificação do ano a serem desenvolvidas. A exceção são os
componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática, obrigatórios nos três anos
dessa etapa. É importante ressaltar que a BNCC considera essencial e, portanto,
mandatória a aprendizagem de todos os demais componentes curriculares, ainda que de
forma articulada. Isso quer dizer que, além de Língua Portuguesa e Matemática, a
Formação Geral Básica compreende aprendizagens em Educação Artística, Educação
Física, Inglês, Espanhol, Filosofia, Geografia, História, Sociologia, Biologia, Física e
Química.

Vale destacar que o Documento Curricular para Goiás – Etapa Ensino Médio (DC-
GOEM) é estruturado por área do conhecimento e busca potencializar a
interdisciplinaridade como forma de promover maior integração e contextualização
curricular, mas preservando os conceitos e procedimentos próprios de cada componente
curricular.

Nesse caso, os objetos de conhecimento asseguram a expressão dos componentes,


que, trabalhados de forma articulada, promovem o desenvolvimento das habilidades e das
competências das áreas. O trabalho interdisciplinar oferece uma série de vantagens,
especialmente ao permitir que estudantes tenham uma visão mais ampla e uma
compreensão mais orgânica e menos fragmentada do conhecimento. Também traz
desafios a serem enfrentados como a necessidade do planejamento coletivo e o risco da
superficialidade.
3.6. Metodologias ativas

Os documentos que orientam o Novo Ensino Médio indicam que a efetivação das
mudanças previstas para esta etapa da Educação Básica não podem prescindir de
abordagens pedagógicas mais práticas, interativas, inclusivas e diversificadas. A
compreensão é que pouco ou nada mudará se gestores/as e docentes não repensarem suas
atividades e atitudes cotidianas.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio recomendam que os


processos de ensino e aprendizagem promovam maior articulação entre teoria e prática,
mais análise, reflexão crítica e problematização, mais leitura e produção escrita e um foco
maior no desenvolvimento da capacidade dos/as estudantes de aprender.

Propõem ainda que acolham as diversidades e singularidades juvenis e estimulem


a participação e a convivência no ambiente escolar. Estudos e pesquisas sobre como as
juventudes aprendem e o que elas esperam da escola também indicam maior efetividade
de métodos educacionais ativos, centrados em atividades mão na massa, no
desenvolvimento de projetos, no uso de tecnologias, na interface com arte e cultura, na
participação ativa e colaborativa de estudantes, entre outras possibilidades. Quando o
objetivo é engajar o/a estudante, promover a curiosidade intelectual e o prazer de aprender
se torna tão fundamental quanto dar sentido ao que se aprende.

Ademais, a consecução do desenvolvimento integral também depende de práticas


pedagógicas que permitam ao/a estudante exercitar competências que não conseguiria
acessar de maneira passiva, como o diálogo, a empatia, a criatividade, a criticidade, a
argumentação, a cidadania, entre outras.

3.7. Flexibilização curricular

O Novo Ensino Médio e o DC-GOEM conferem mais autonomia para as escolas


contextualizarem e diversificarem por meio de unidades curriculares que assumam
diferentes formatos (cursos, oficinas, núcleos de estudo e/ou criação, laboratórios,
observatórios, clubes, disciplina) e espaços (no interior da escola ou em instituições
parceiras). Também flexibiliza o currículo para o/a estudante, que tem o direito de
escolher uma parte do que vai aprender, conforme seus interesses, suas aptidões e seus
objetivos, considerando-se a capacidade de oferta de sua rede ou escola.

Para tanto, o percurso do Ensino Médio passa a se dividir entre a Formação Geral
Básica (parte comum) e os Itinerários Formativos (parte diversificada). A Formação Geral
Básica, com duração máxima de 1.800 horas, inclui as aprendizagens de todas as áreas
do conhecimento previstas na BNCC e deve ser cursada por todo o corpo estudantil.

Os Itinerários Formativos, com duração mínima de 1.200 horas, são de livre


escolha dos/as estudantes e têm o propósito de aprofundar e ampliar as aprendizagens da
Formação Geral, consolidar o desenvolvimento integral, promover valores universais
(ética, liberdade, democracia, justiça social, pluralidade, solidariedade e sustentabilidade)
e desenvolver competências para o século 21. Devem promover a aprendizagem das
habilidades dos eixos estruturantes previstos nos Referenciais Curriculares para
Elaboração de Itinerários Formativos. Os Itinerários Formativos são compostos por três
componentes: Trilhas de Aprofundamento, Eletivas e Projeto de Vida.

O Documento Curricular para Goiás – Etapa Ensino Médio (DC-GOEM) propõe


um conjunto de dezessete Trilhas de Aprofundamento que permitem que estudantes
ampliem suas competências em determinada área do conhecimento (Linguagens e suas
Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias,
Ciências Humana e Sociais Aplicadas) ou na Formação Técnica e Profissional
(Qualificação Profissional, Habilitação Profissional Técnica de Nível Médio, Formações
Experimentais). Os/as jovens também podem optar por Itinerários Formativos integrados,
que trabalhem de maneira articulada com mais de uma área do conhecimento e/ou com a
Formação Técnica Profissional.

As Trilhas de Aprofundamento que compõem o DC-GOEM buscam conectar


objetos de estudo e habilidades com as competências gerais da BNCC, com os temas
contemporâneos, com o contexto local e interesses dos/as estudantes. E apresentam
percursos formativos com começo, meio e fim, organizado a partir de quatro eixos
estruturantes:

• investigação científica (investigação da realidade por meio da realização de


práticas e produções científicas);

• processos criativos (idealização e execução de projetos e produtos criativos);


• mediação e intervenção sociocultural (envolvimento na vida pública via projetos
de mobilização e intervenção sociocultural e ambiental);

• empreendedorismo (criação de empreendimentos pessoais, sociais ou produtivos


articulados ao projeto de vida).

As Eletivas também são de livre escolha dos/as estudantes e buscam diversificar


sua formação. Pensadas como unidades curriculares mais dinâmicas e de duração anual,
permitem que jovens experimentem diversos temas, vivências e aprendizagens, inclusive
em áreas diferentes daquela (s) em que escolhem se aprofundar.

Sugere-se que as Eletivas sejam construídas por docentes, a partir de sugestões


dos/as próprios/as estudantes e que tenham um caráter mais experimental, sem abrir mão
da intencionalidade pedagógica. Para tanto, deve trabalhar com, pelo menos, um dos eixos
estruturantes e promover o desenvolvimento das Competências Gerais da educação básica
preconizadas pela BNCC.

O trabalho com o Projeto de Vida tem como premissa a oferta de um componente


curricular estruturado, que seja capaz, inclusive, de apoiar estudantes a tomar decisões
mais assertivas acerca do seu próprio Itinerário Formativo, orientando suas escolhas em
relação às Trilhas de Aprofundamento e às Eletivas. Conforme já mencionado, o objetivo
desse componente é promover autoconhecimento, mobilizar aspirações, ajudar jovens a
identificar seus objetivos no âmbito pessoal, social e profissional e a se planejar para
alcançá-los. O trabalho demanda proposta pedagógica clara, materiais adequados e
formação docente com perfil para desempenhar papel mais focado na mentoria e na
facilitação de processos que empoderem os/as estudantes e fortaleçam sua
responsabilidade e autonomia. É importante ainda destacar que a escolha curricular só
será assegurada se os/as jovens realmente dispuserem de uma variedade de opções,
especialmente de Trilhas de Aprofundamentos e Eletivas, que dialoguem com suas
vocações e expectativas.

3.8. Educação Profissional e Tecnológica (EPT)

A preparação dos/as estudantes para o mundo do trabalho está prevista na


Constituição Federal (artigo 205) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Seção IV-
A). O Plano Nacional de Educação (metas 10 e 11) também prevê duas metas voltadas à
educação profissional. A oferta do ensino técnico acoplado ao ensino regular tornou-se
obrigatória no Brasil em 1971, como reflexo do processo de industrialização. Em 1997,
o Governo Federal proibiu essa integração, que voltou a ser permitida a partir de 2004. A
prática tem sido orientada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e
pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional e Tecnológica,
atualizadas pelo Conselho Nacional de Educação nos anos de 2018 e 2020,
respectivamente.

Com isso, ampliam-se as possibilidades para estudantes que desejam desenvolver


competências profissionais como parte do seu percurso no Ensino Médio. A Formação
Técnica e Profissional passa a se constituir como opção de Itinerário Formativo, por meio
da oferta de cursos técnicos de nível médio, programas de qualificação profissional
(FICs), formações experimentais e/ou formações em ambientes de trabalho. As atividades
podem ser promovidas pela própria rede ou escola, assim como por meio de parceria com
outras instituições de formação públicas e privadas ou com o setor produtivo.

Conforme a BNCC, essas experiências, como apontado, favorecem a preparação


básica para o trabalho e a cidadania, o que não significa a profissionalização precoce ou
precária dos/as jovens ou o atendimento das necessidades imediatas do mercado de
trabalho. Ao contrário, supõe o desenvolvimento de competências que possibilitem aos/as
estudantes inserir-se de forma ativa, crítica, criativa e responsável em um mundo do
trabalho cada vez mais complexo e imprevisível (BNCC, 2018).

Os cursos técnicos de nível médio orientam-se pelo Catálogo Nacional de Cursos


Técnicos (CNCT) e podem ser oferecidos de maneira integrada (com matrícula única e
currículo acoplado ao do Ensino Médio regular), concomitante (com matrícula paralela,
mas distinta do Ensino Médio regular) ou subsequente (para quem já concluiu o Ensino
Médio regular).

Os programas de qualificação profissional têm como objetivo formar os/as jovens


para desempenhar atividades listadas na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).
Como correspondem a cursos de mais curta duração, os/as estudantes podem vivenciar
um conjunto deles até cumprir toda a carga horária demandada pelo Itinerário Formativo.
As formações experimentais se propõem a habilitar a juventude a atuar em áreas ainda
não previstas pelo Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, desde que sejam consideradas
tendências e tenham potencial para integrar o CNCT em um prazo máximo de cinco anos.
Já as formações em ambiente de trabalho se referem a programas de aprendizagem
ou estágios realizados em empresas reais ou situações de simulação. Importante destacar
que os Itinerários de Formação Técnica e Profissional também devem se organizar a partir
dos eixos estruturantes, ainda que as habilidades a eles associadas somem-se a outras
habilidades básicas demandadas indistintamente pelo mundo do trabalho e a habilidades
específicas requeridas pelas distintas ocupações. Também precisam incluir a oferta de
Eletivas e do componente Projeto de Vida.

A Seduc-Go por meio do DC-GOEM propõe três Itinerários Formativos/ Trilhas


de Aprofundamento da Educação Profissional e Tecnológica: Técnico em Administração;
Técnico em Informática e Técnico em Química. Para 2022 serão ofertados ainda, mais
dois outros cursos: Técnico em Alimentos e Técnico em Segurança do Trabalho.

3.9. Carga horária

O Novo Ensino Médio amplia a carga horária das escolas brasileiras de 4 horas
para 5 horas diárias. Considerando a obrigatoriedade da oferta de, pelo menos, 200 dias
letivos por ano, o calendário escolar expande-se de 800 horas para 1.000 horas anuais.
Ou seja, de 2.400 horas para 3.000 horas totais nos três anos de duração da etapa. As
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio definem ainda que parte dessa
carga horária pode se destinar a atividades de educação a distância, sendo um máximo de
20% do total no período diurno e 30% no período noturno.

Goiás optou pela divisão da carga horária da seguinte forma:


3.10. Avaliação

As Diretrizes Curriculares Nacionais determinam que essa prática tenha caráter


mais diagnóstico e formativo. Isso significa que as escolas devem priorizar o uso de
processos e ferramentas avaliativas para identificar em que medida os/as estudantes
avançam e o que ainda precisam aprender, de forma a assegurar que desenvolvam as
competências e habilidades explicitadas pela BNCC e pelos Referenciais Curriculares
para Elaboração de Itinerários Formativos.

Já o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está previsto para acontecer em


duas etapas. A primeira terá como objetivo avaliar as habilidades da BNCC, enquanto a
segunda terá como foco as aprendizagens inerentes aos Itinerários Formativos. O/A
estudante escolherá que prova fazer na segunda etapa, de acordo com a área do ensino
superior que desejar cursar. Por sua vez, as instituições de ensino superior precisarão
considerar as duas provas em seus processos seletivos. As novas definições em relação
ao Enem cabem ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (INEP), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), que responde pelas
avaliações, pelos exames e pelos indicadores educacionais da Educação Básica no Brasil.

3.11. Equidade e contemporaneidade


As mudanças propostas para a última etapa da Educação Básica têm como pano
de fundo dois desafios imprescindíveis para fazer avançar o Ensino Médio no Brasil. O
primeiro deles é a desigualdade educacional, um dos principais entraves para que jovens
concluam a Educação Básica, continuem seus estudos, ampliem suas oportunidades de
inserção profissional e social e realizem seus projetos de vida. Importante ressaltar que o
problema afeta principalmente estudantes negros, indígenas, com deficiência, em
desvantagem econômica e aqueles que vivem em territórios com maior nível de
vulnerabilidade, o que acirra e perpetua todas as demais formas de desigualdade
existentes no país.

O segundo é a desconexão da escola com os temas, as tendências e as exigências


contemporâneas. Partindo-se do princípio de que o mundo passa por profundas
transformações, o Ensino Médio precisa proporcionar aos/as estudantes o
desenvolvimento das competências necessárias para navegar em um futuro cada vez mais
incerto e volátil, atravessado por tecnologias digitais sofisticadas e por um conjunto
complexo de novos fenômenos políticos, econômicos, culturais, sociais e ambientais. Do
contrário, estará comprometendo sobremaneira as perspectivas das juventudes brasileiras,
especialmente as que vivem em situações mais desfavoráveis, bem como o
desenvolvimento do próprio país. Por essa razão, torna-se imprescindível assegurar que
as mudanças propostas contribuam intencional e consistentemente para superar as
desigualdades educacionais e sintonizar o Ensino Médio com o século 21.

4. COMO AS MUDANÇAS ESTÃO SENDO IMPLEMENTADAS?

A implementação do Novo Ensino Médio no âmbito da Secretaria de Estado da


Educação de Goiás – Seduc/GO, após a aprovação e homologação do Documento
Curricular para Goiás – Etapa Ensino Médio (DC-GOEM) segue o plano de
implementação com a formação docente e de gestores/as, apoio as escolas na revisão de
seus projetos políticos pedagógicos, revisão de materiais didáticos e processos de
avaliação, adequação e aprimoramento de infraestrutura das unidades escolares e
construção de parcerias institucionais.

A mobilização da comunidade escolar e da sociedade em geral para apoiar e


participar desse esforço conjunto é fundamental, uma vez que o sucesso de toda essa
transformação depende da confiança e da colaboração de cada um.

Este texto é adaptado do texto O que há de novo no Ensino Médio da plataforma Nosso Ensino
Médio, programa realizado pelos Institutos Iungo e Reúna. Conheça mais sobre o programa no
site nossoensinomedio.org
CONTINUE PESQUISANDO

Caro professor/a abaixo seguem links interessantes para que continue pesquisando sobre
as mudanças no Ensino Médio:

Novo Ensino Médio em Profundidade – Série de 10 vídeos produzida pelo Movimento


pela Base sobre temas relevantes para compreensão do Novo Ensino Médio.

Conversas sobre o Ensino Médio – Série de 3 vídeos sobre as principais mudanças do


Ensino Médio e a construção de Itinerários Formativos de áreas do conhecimento.

Coletânea de Materiais Frente Currículo e Novo Ensino Médio – Coletânea organizada


pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e seus parceiros que reúne
definições e orientações construídas coletivamente por técnicos de secretarias de
educação e especialistas, para apoiar a elaboração e implementação dos novos currículos,
arquiteturas e regulamentações para o Ensino Médio.

SAIBA MAIS

Lei no 13.415 – Lei Federal que cria as condições legais para a implementação do Novo
Ensino Médio.

Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – Documento atualizado pelo


Conselho Nacional de Educação (CNE) para definir parâmetros e orientar a
implementação do Novo Ensino Médio.

Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Profissional e Tecnológica –


Documento atualizado pelo CNE para alinhar e orientar os programas de educação
profissional em relação ao Novo Ensino Médio.
BNCC para o Ensino Médio – Documento de caráter normativo que define as
aprendizagens essenciais a serem asseguradas como direito a todos os estudantes de
Ensino Médio no Brasil.

Referenciais Curriculares para Elaboração de Itinerários Formativos – Documento


produzido pelo Ministério da Educação (MEC) que define os objetivos, as habilidades e
os eixos estruturantes para orientar o planejamento dos Itinerários Formativos.

Guia de Implementação do Novo Ensino Médio – Material elaborado pelo MEC, que
oferece orientações práticas para a execução no Novo Ensino Médio.

Infográficos Novo Ensino Médio – Série de 3 infográficos produzidos pelo Porvir com
o resumo das principais mudanças no Ensino Médio.

Construção de Projetos Político Pedagógicos – Tutorial produzido pela plataforma


Conviva Educação para orientar as secretarias de educação a apoiar as escolas na
elaboração de seus projetos político pedagógicos.

5. REFERÊNCIAS

Anuário Brasileiro da Educação Básica (2020): catálogo que reúne os principais dados da
educação básica no Brasil, compilado por Todos Pela Educação e Editora Moderna.

https://www.youtube.com/watch?v=-wtxWfCI6gk&ab_channel=MovimentopelaBase As
Competências Gerais da BNCC (2017): vídeo produzido pelo Movimento pela Base.

https://nova-escola
producao.s3.amazonaws.com/vyJEu8Gj5ebaxTttfcm9UBuSHMJacVvAhJaQetT5SsRg5ZNtncwTq
7aTGdM9/nova-escola-bncc-ed-competencias.pdf BNCC na Prática: aprenda tudo sobre as
competências gerais (2017): guia produzido pela Nova Escola.

http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#medio BNCC para o Ensino Médio (2018):


documento de caráter normativo que define as aprendizagens essenciais a serem asseguradas
como direito a todos/as os/as estudantes de Ensino Médio no Brasil.
. https://educacaointegral.org.br/Centro de Referências em Educação Integral: plataforma com
informações e ferramentas para apoiar a promoção do desenvolvimento integral na educação
básica.

https://drive.google.com/file/d/1phN2UY3ZaysAVgScDiDtzGsembcs4Ku0/view Coletânea de
Materiais Frente Currículo e Novo Ensino Médio (2020): coletânea organizada pelo Consed e seu
parceiros, que reúne definições e orientações construídas coletivamente por técnicos de
secretarias de educação e especialistas, para apoiar a elaboração e implementação dos novos
currículos, arquiteturas e regulamentações para o Ensino Médio.

https://www.youtube.com/watch?v=WVp2qC8HGAQ&ab_channel=ConvivaEduca%C3%A7%C3
%A3oConstrução de Projetos Políticos Pedagógicos (2018): tutorial produzido pela plataforma
Conviva Educação para orientar as secretarias de educação a apoiar as escolas na elaboração de
seus projetos político-pedagógicos.

https://www.youtube.com/watch?v=sWA5lFosgeM&ab_channel=AnnaPenido

https://www.youtube.com/watch?v=91jaH0Q1wyI&ab_channel=AnnaPenido

https://www.youtube.com/watch?v=UEPdcgiVLSY&t=9s&ab_channel=AnnaPenido Conversas
sobre o Ensino Médio (2019): série de três vídeos sobre as principais mudanças do Ensino Médio
e a construção de Itinerários Formativos de áreas do conhecimento.

https://cursos.novaescola.org.br/curso/12/competencias-gerais-na-bncc/resumo Curso
Competências Gerais da BNCC (2018): curso gratuito produzido pela Nova Escola.

http://portal.mec.gov.br/docman/novembro-2018-pdf/102481-rceb003-18/file Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (2018): documento atualizado pelo Conselho
Nacional de Educação para definir parâmetros e orientar a implementação do Novo Ensino
Médio.
Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Profissional e Tecnológica (2020): documento
atualizado pelo Conselho Nacional de Educação para alinhar e orientar os programas Diretrizes
Curriculares Nacionais para Educação Profissional e Tecnológica (2020): documento atualizado
pelo Conselho Nacional de Educação para alinhar e orientar os programas de educação
profissional em relação ao Novo Ensino Médio.

https://cee.go.gov.br/ceego-divulga-resolucao-que-estabelece-normas-para-oferta-do-ensino-
medio-no-ambito-do-sistema-educativo-do-estado-de-goias-e-aprova-o-documento-curricular-
para-goias-etapa-ensino-medio/Documento Curricular para Goiás – Etapa Ensino Médio –
Resolução do Conselho Estadual de Educação de Goiás.

https://novaescola.org.br/conteudo/19175/ensino-medio-na-bncc-como-desenvolver-
propostas-em-salaEnsino Médio na BNCC (2020): cursos gratuitos sobre as mudanças no Ensino
Médio produzidos pela Nova Escola.

https://anec.org.br/wp-content/uploads/2021/04/Guia-de-implantacao-do-Novo-Ensino-
Medio.pdfGuia de Implementação do Novo Ensino Médio (2018): material elaborado pelo MEC
que oferece orientações práticas para a execução no Novo Ensino Médio.

https://porvir.org/novo-ensino-medio-serie-de-infograficos-explica-as-mudancas/Infográficos
Novo Ensino Médio (2018): série de três infográficos produzidos pelo Porvir com o resumo das
principais mudanças no Ensino Médio

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm Lei n. 13.415


(2017): lei federal que cria as condições legais para a implementação do Novo Ensino Médio.

https://www.youtube.com/playlist?list=PLiOKxVOLLQHx_qhYkT4pmrYPk44jpLcj3 Novo Ensino


Médio em Profundidade (2019): série de 10 vídeos produzida pelo Movimento pela Base sobre
temas relavantes para compreensão do Novo Ensino Médio.
https://nossoensinomedio.org.br Plataforma Nosso Ensino Médio. Programa realizado pelos
Institutos Iungo e Reúna.

http://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/543-plano-nacional-de-educacao-
lei-n-13-005-2014 Plano Nacional de Educação (PNE) (2014): documento construído pelo MEC
com a participação da sociedade brasileira que estabelece as metas para a educação brasileira
no período de 2014 a 2024.

https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/70268199
Portaria MEC Nº 1.432 Estabelece os Referenciais Curriculares para Elaboração de Itinerários
Formativos (2018).

https://seduc.pi.gov.br/chaodaescola/wp-content/uploads/2020/03/REFERENCIAIS-
CURRICULARES-ITINER%C3%81RIOS-FORMATIVOS-GEUSELIA-E-DINIZ.pdf
Referenciais Curriculares para Elaboração de Itinerários Formativos (2018): documento
produzido pelo MEC que define os objetivos, as habilidades e os eixos estruturantes para
orientar o planejamento dos Itinerários Formativos.

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