Boletim Tecnico - Analise de Riscos

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BOLETIM TÉCNICO

Ano III / No 01
Janeiro-Fevereiro/98

ANÁLISE DE RISCO

Anthony E.P. Brown*


1. INTRODUÇÃO Avaliação de Riscos: é o estudo que utiliza
técnicas experimentais e/ou modelos matemáticos
A utilização da Análise de Riscos, em atividades com a finalidade de prever quantitativamente as
industriais ou não, tem como objetivo minimizar freqüências de ocorrências e as respectivas
o potencial de ocorrência de acidentes, utilizando conseqüências do potencial de risco.
técnicas de prevenção e/ou de proteção. Cenário: é um conjunto de fatores ambientais,
Com o desenvolvimento da era industrial pós- físicos, humanos e operacionais que compõe a
guerra e, principalmente, das indústrias químicas e situação no momento de um acidente.
petroquímicas, os potenciais de risco presentes em Conseqüências: é a medida dos efeitos adversos
qualquer atividade industrial, sem dúvida do potencial de ocorrência de um acidente
nenhuma, aumentaram. Esses potenciais de risco industrial.
aumentaram devido a natureza dos produtos Disponibilidade: é o intervalo de tempo em que
químicos utilizados, bem como pela sofisticação um dispositivo e/ou sistema permanece
dos processos operacionais empregados, como por operacional e sem falhas.
exemplo: pressões e temperaturas elevadas. Efeito Dominó: é a conseqüência decorrente de
Com o objetivo de apresentar os principais uma sucessão de eventos indesejáveis que possam
conceitos da metodologia de análise de risco para ocorrer após um evento inicial.
aplicação dessas técnicas, o trabalho será Erro Humano: é a falha na realização de uma
subdividido em cinco partes: tarefa conhecida, ou a realização de uma tarefa
• definições e conceitos; não autorizada que, possa resultar em danos em
• identificação de perigos; pessoas, meio ambiente, equipamentos,
• estimativa de freqüências de ocorrências de propriedade ou falha em operações programadas.
falhas; Explosão: é o fenômeno onde ocorre uma rápida,
• estudo de conseqüências/vulnerabilidade; inesperada e violenta liberação de energia.
• avaliação de riscos e critérios de aceitabilidade. Explosão Física: é um tipo de explosão com
Nesse estudo se desenvolverá a metodologia de geração somente de efeitos físicos decorrentes da
Análise de Risco de Processos, estabelecendo uma onda de choque.
seqüência lógica, aplicando e discutindo todas as “Flash Fire”: é a ignição extremamente rápida de
técnicas de segurança de processos. uma nuvem de vapor inflamável onde a massa
envolvida não é suficiente para a ocorrência de
2.DEFINIÇÕES uma explosão, porém causando danos pela
intensidade da radiação térmica emitida.
Neste capítulo serão apresentadas as principais Freqüência de Ocorrência: é o número de
definições utilizadas neste estudo. ocorrências de um evento indesejável por unidade
Acidente: é um evento que pode influir de tempo (no de ocorrências/ano).
negativamente em qualquer um ou todos os fatores Gerenciamento de Riscos: é uma coleção de
relacionados a seguir: recomendações de segurança, visando a mitigação
• ser humano (operadores, trabalhadores em ou minimização dos riscos encontrados no estudo
geral, etc.); de análise de risco, seu planejamento de
implantação, responsabilidades e cronograma.
• meio ambiente;
Indisponibilidade: é a falta de disponibilidade
• equipamentos/construção (investimento
operacional de um dispositivo ou sistema.
industrial);
Jato de Fogo (“jet fire”): é o incêndio resultante
• aspecto tecnológico (“know-how”);
do fenômeno entre o vazamento de um gás
• “imagem” da empresa. inflamável e o seu encontro com uma fonte de
Análise de Riscos: é um estudo de identificação, ignição próxima ao ponto de liberação do gás.
avaliação e recomendações aplicado para Perigo: é o potencial de causar danos aquilo que
instalações industriais ou outras atividades que os seres humanos valorizam.
possam gerar riscos.
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Plano de Ação de Emergência: é um planejamento A Metodologia de Análise de Risco visa a


de medidas de emergência a serem implantadas prevenção de potenciais de perdas materiais e
por ocasião da ocorrência de uma emergência em humanas que possam surgir durante a operação de
uma instalação industrial. instalações industriais, bem como de sua proteção.
Probabilidade: é a possibilidade de ocorrência de Com a aplicação desse tipo de metodologia é
um evento específico, expresso em percentagem possível se fortalecer a segurança de processos
ou sob forma de fração. industriais a um nível de risco aceitável para
Risco: é a possibilidade (probabilidade) de que o sociedade em geral. Na etapa Identificação de
perigo produza seus efeitos danosos no que os Perigos a ser tratada a seguir, foram considerados
seres humanos valorizam. É função da os seguintes tópicos:
probabilidade de ocorrência de um evento • análise histórica de acidentes;
indesejado e dos seus respectivos danos. • análise crítica de acidentes;
Risco Individual: é a probabilidade anual que um • técnicas de identificação de perigos.
indivíduo tem de morrer após a ocorrência de um
acidente. 4. ANÁLISE HISTÓRICA DE ACIDENTES
Risco Social: é o risco à população presente na
zona de influencia de um acidente. A Análise Histórica de Acidentes constituí-se de
Segurança: é a habilidade de se executar funções uma avaliação de acidentes já ocorridos em
e/ou atividades sem ocorrência de acidentes. instalações industriais semelhantes a que se está
Taxa de Falha: é a possibilidade de ocorrência de estudando. Com esse tipo de análise é possível se
uma falha em um determinado intervalo de tempo. obter subsídios para a avaliação qualitativa das
Vulnerabilidade: é a medida da extensão dos possíveis causas iniciadoras e de suas
efeitos danosos aos seres humanos e materiais, conseqüências para a instalação industrial. Essas
decorrentes de incêndio, explosão e emissão informações são obtidas por meio de consultas a
tóxica ocorridos em instalações industriais. Bancos de Dados de Acidentes nacionais e/ou
internacionais, ou ainda, obtidas em relatos
3. CONCEITOS técnicos ou literatura especializada.
A Análise Histórica de Acidentes tem como
De um modo geral, os potenciais de risco estarão objetivo principal a identificação de eventos,
sempre presentes em todas as atividades do ser envolvendo os produtos manuseados na
humano, quer seja no seu lar, no ambiente de instalação, e que resultariam em potenciais
trabalho, em viagens ou no seu lazer; portanto, é explosões, incêndios (inclusive princípios),
difícil eliminá-los por completo. Porém, esses poluição ambiental e acidentes pessoais graves.
potenciais são conhecidos ou percebidos por nós, Os principais Banco de Dados de Acidentes a
o que já não acontece com os potenciais de riscos serem consultados são os seguintes: nacionais
industriais, muitas vezes desconhecidos e/ou não (CETESB e da empresa em estudo) e
aceitos pela sociedade. internacionais (SONATA, MIHDAS).
Por esse motivo, esses potências não podem ser
totalmente eliminados das atividades industriais. 5. ANÁLISE CRÍTICA DE ACIDENTES
Assim sendo, a máxima Risco Zero encontrada
exposta à entrada de algumas fábricas é no A Análise Crítica de uma instalação industrial é
mínimo uma utopia. importante, pois, compreende o pleno
Esse conceito está sendo transformado pouco a conhecimento dos processos, sua interligação,
pouco através da conscientização e do treinamento inventários de produtos, balanços e procedimentos
dos trabalhadores em suas atividades operacionais operacionais. Para tanto, as seguintes informações
e, também, com o auxílio da utilização de devem estar disponíveis por ocasião da elaboração
metodologias modernas como a Análise de Risco dessa análise: filosofias de processo e segurança,
de Processos. normas de projeto, especificações de
Os demais conceitos das várias técnicas utilizadas equipamentos e outros dispositivos, utilidades,
na metodologia de análise de risco serão dispositivos de segurança, fontes de ignição e
apresentados e discutidos nas próximas partes sistema de tratamento de efluentes. Com base
desse estudo. nessa experiência e nas informações coletadas
pela Análise Histórica de Acidentes, o engenheiro
3.1. Metodologia de Análise de Risco e sua equipe de trabalho de análise de risco podem
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estabelecer quais os tipos mais prováveis de identificação dos perigos da instalação em estudo.
acidentes críticos com potencialidade de Devido ao seu caráter bem estruturado e
ocorrência no complexo automotivo em estudo. sistemático, essas técnicas são um instrumento
As hipóteses acidentais de ocorrência mais capaz de ser altamente exaustivo na detecção de
freqüentes, ou sejam, aquelas que possuam um potenciais de risco. Todas elas possuem planilhas
maior potencial probabilístico de falha podem ser de aplicação, onde são registrados os estudos e as
encontradas e mencionadas em estudos de análise conclusões de seu emprego.
de risco como, por exemplo, o relatório do Banco
Mundial denominado “Most Credible Accidents 6.1 Análise Preliminar de Perigos (APP)
(MCA)” ou Acidentes mais Prováveis. As A técnica APP ou Análise Preliminar de Perigos,
informações contidas neste relatório apresentam permite inicialmente identificar e analisar em
um critério de seleção de cenários de riscos de forma abrangente os potenciais de riscos que
acidentes industriais, para viabilizar as poderão estar presentes na instalação analisada.
modelagens/simulações para a elaboração da A técnica aplicada possui um formato padrão
análise de conseqüências. Outro critério que, tabular, onde, para cada perigo identificado, são
também pode ser utilizado, está relacionado com a levantadas suas possíveis causas, efeitos
avaliação preliminar das dimensões provocadas potenciais, medidas de controle básicas para cada
pelas conseqüências do evento-alvo indesejável. caso, a nível preventivo e/ou corretivo, tanto
Para cada uma das hipóteses acidentais de aquelas já existentes ou projetadas como aquelas a
ocorrência a serem analisadas sob a ótica dessa serem implantadas no estudo efetuado (conforme
metodologia, deve-se considerar os seguintes definições a seguir). Finalmente, os perigos
aspectos principais: identificados pela APP são avaliados com relação
• propriedades físico-químicas e de segurança a sua freqüência de ocorrência, grau de severidade
dos produtos envolvidos no processo; e nível de suas conseqüências considerando os
• massa desses produtos; potenciais danos resultantes à pessoas, materiais
• tempo de duração dos eventos indesejáveis de (equipamentos e edificações) e a comunidade em
processo (explosão, incêndio e emissão tóxica); geral.
• disponibilidade de sistemas de proteção e de As categorias de perigo foram adaptadas para
combate a incêndio, explosão e emissão tóxica; instalações industriais convencionais, a partir da
• principais caraterísticas dos locais Norma Militar Norte Americana MIL-STD-882 A.
potencialmente atingidos; As categorias de perigo originalmente definidas
• características da população envolvida por essa norma norte americana, constam de
potencialmente pelo evento indesejável tabelas e da matriz de risco que devem ser
(funcionários e/ou comunidade próxima). consideradas na categorização dos perigos
identificados por essa técnica. Essa categorização
6. TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO DE tem como objetivo estabelecer uma priorização na
PERIGOS implementação das recomendações de segurança
na instalação industrial analisada. Essas
As mais importantes técnicas de identificação de informações podem também ser utilizadas nas
perigos são as seguintes: Análise Preliminar de outras técnicas de identificação de perigos.
Perigos (APP), “What-if” (e - se), HAZOP e Os resultados da APP, são apresentados em
FMEA (“Fail Mode & Effect Analysis”) ou, em planilhas de análise elaboradas de acordo com as
português AMFE (Análise de Modos de Falhas e definições relacionadas a seguir:
Efeitos). A seguir, serão apresentados breves Perigo: condição com potencial para causar
resumos descritivos dessas técnicas. determinado dano.
Para o emprego dessas técnicas utiliza-se uma Causas Possíveis: procedimentos ou condições
sistemática técnico-administrativa que inclui que dão origem aos riscos.
princípios de dinâmica de grupo e que pode ser Categorias de Frequência: critério que estabelece
reaplicado periodicamente. Para maior o nível do valor da probabilidade de ocorrência da
efetividade em sua aplicação, recomenda-se que causa identificada e analisada.
sempre seja eleito um líder no grupo, com Consequências : degradação de origem humana
conhecimentos suficientes da técnica e do e/ou material.
processo, para conduzir efetivamente a Categorias de Consequência: critério que
classifica o risco segundo quatro categorias
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conseqüências (desprezível, marginal, crítica e a implementação dessas ações é priorizada


catastrófica). conforme a sua categoria de risco.
Medidas Preventivas/Corretivas Existentes:
medidas gerais e específicas, a nível preventivo 6.3 Análise de Perigos e Operacionabilidade
e/ou corretivo, já projetadas na instalação em (HAZOP)
estudo. A técnica denominada HAZOP favorece
Medidas Preventivas/Corretivas À Implantar: oportunidades para se desenvolver a imaginação
recomendações de melhoria operacional e/ou de dos componentes do grupo de trabalho, de modo a
segurança, a serem ainda implementadas na se estudar todas as possíveis maneiras de
instalação em estudo. ocorrência de perigos e problemas operacionais.
Avaliação Preliminar do Risco: critério de HAZOP é uma abreviação do nome inglês desta
avaliação do potencial de risco encontrado com a técnica, significando “Hazard and Operability
aplicação da Matriz de Risco. Study”. De acordo com LAWLEY (1974) os
principais objetivos do HAZOP são identificar
6.2 “What-if” (E - se) todos os desvios operacionais possíveis do
A técnica “What-If” é um procedimento de processo e também identificar todos os perigos
revisão de riscos de processos que se desenvolve e/ou riscos associados a esses desvios
através de reuniões de questionamento de operacionais. Essa ferramenta de análise de risco
procedimentos, instalações, etc. de um processo, de processos é muito poderosa no sentido de
gerando também soluções para os problemas minimizar ou até eliminar problemas operacionais
levantados. Seu principal objetivo é a que tendem geralmente a conduzir o operador a
identificação de potenciais de riscos que passaram cometer um erro operacional que, muitas vezes
desapercebidos em outras fases do estudo de poderá conduzir a uma acidente industrial de
segurança. O conceito é conduzir um exame graves proporções para o empreendimento
sistemático de uma operação ou processo através industrial.
de perguntas do tipo “O que aconteceria se ...” e, No HAZOP se estuda as conseqüências da
com isto, permitir a troca de idéias entre os combinação de palavras-guias com as variáveis do
participantes das reuniões, favorecendo e processo, resultando no desvio a ser analisado e,
estimulando a reflexão e a associação dessas finalmente, propõe-se recomendações de
idéias. segurança. As principais palavras-guias são:
A limitação da técnica se deve algumas vezes ausência, mais, menos, etc., as variáveis,
aquelas propostas de difícil condição de temperatura, pressão, vazão, etc. e os desvios,
realização, quer na prática ou quer maior pressão, menor temperatura, etc.
economicamente, porém, o julgamento da O HAZOP é elaborado de acordo com as
implementação de qualquer ação proposta deve seguintes etapas: definição dos objetivos do
ser o do consenso do grupo de análise. A equipe estudo, seleção da equipe de trabalho, preparação
técnica é multidisciplinar, deve ser composta de para o estudo, realização das reuniões técnicas,
técnicos experientes na operação submetida a essa acompanhamento das pendências, registro do
análise e de um líder experiente na aplicação da estudo em planilhas próprias; a etapa seguinte é
técnica, obedecendo a um limite máximo de seis elaboração e implementação das recomendações
participantes. As reuniões devem ser realizadas de segurança de processo sugeridas pelo HAZOP.
em dias alternados e com duração não superior a -Definição de objetivos: Compreende a seleção de
quatro horas cada reunião. As questões devem ser unidades de processo a serem estudadas e
anotadas e enumeradas em uma planilha de definição dos nós de processo para o estudo;
trabalho. Os riscos, causas, conseqüências, ações -Equipe técnica: A equipe será formada por
existentes e recomendações de segurança técnicos que conheçam ou operem a unidade
correspondentes a essas questões também devem objeto do estudo. Para conduzir o HAZOP é
ser registradas nesta planilha. Geralmente, o necessário haver uma pessoa que lidere a
estudo procede desde as entradas do processo até condução da técnica;
as respectivas saídas. As questões de segurança -Preparação: Compreende a coleta de toda
também devem ser anotadas durante a análise. informação possível para a elaboração do
Após o registro das ações a serem tomadas, é HAZOP, inclusive documentos, manuais,
efetuado uma avaliação dos potenciais de riscos desenhos, fluxogramas de processo e de
identificados pela aplicação da técnica. A seguir, engenharia;
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-Realização: O HAZOP é elaborado sobre um Para se aplicar a FMEA é necessário se conhecer


documento básico que é o fluxograma de em detalhes e compreender a missão do sistema,
engenharia atualizado. Neste fluxograma são suas restrições e seus limites de falha e sucesso. O
marcados os nós relevantes para a execução do sistema em análise pode ser divido em
estudo; subsistemas que possam ser controlados, a seguir
-Acompanhamento das pendências: As pendências traçam-se os diagramas de blocos funcionais do
ou dúvidas ocorridas durante as reuniões de estudo sistema e de cada subsistema, a fim de determinar
deverão ser esclarecidas na própria reunião ou o seu inter-relacionamento e de seus componentes
então, quando não houver tempo hábil, deverão e preparam-se listas completas dos componentes
ser solucionadas fora da reunião e o seu resultado de cada subsistema e suas funções e, finalmente,
apresentado na próxima reunião; pela análise do projeto e diagrama se estabelecem
-Registro em planilhas: Durante as reuniões tanto os modos de falhas que poderiam afetá-los e suas
a condução da técnica como o seus os resultados respectivas gravidades, as taxas de falhas e se
deverão ser registrados em planilhas técnicas propõem medidas de segurança. As taxas de falhas
especialmente preparadas para o HAZOP; podem ser classificadas nos seguintes grupos:
-Resultados: Normalmente são apresentados na provável, razoavelmente provável, remota e
última coluna da planilha e, também relacionados extremamente remota. A estimativa das taxas de
a parte, com indicação do responsável para sua falhas é obtida em banco de dados de
implementação, bem como o prazo para tal. confiabilidade desenvolvidos em testes realizados
Apesar da responsabilidade geral pelo estudo ser por fabricantes de componentes ou pela
do gerente da instalação, a verificação de cada comparação com sistemas semelhantes.
recomendação proposta pelo HAZOP é de Os modos de falhas a serem considerados são:
responsabilidade do engenheiro de segurança da operação prematura, falhas em operar e cessar
instalação. operação no momento devido e falha durante a
operação. Freqüentemente existem vários modos
6.4 FMEA (“Fail Mode & Effect Analysis”) ou de falha para um único componente. Qualquer
AMFE (Análise de Modos de Falhas e Efeitos) uma delas poderá ou não gerar acidentes. Cabe ao
Essa técnica permite analisar o modo de falha, ou grupo de análise determinar quais dessas falhas
seja, como podem falhar os componentes de um são importantes para a segurança do sistema e
equipamento ou sistema, estimar as taxas de analisá-las separadamente.
falhas, determinar os efeitos que poderão advir e, A FMEA é uma técnica muito eficiente quando
consequentemente, estabelecer mudanças a serem aplicada para sistemas simples ou em falhas
realizadas para aumentar a probabilidade do simples. Para sistemas mais complicados
sistema ou do equipamento em análise funcione recomenda-se a aplicação da análise de árvore de
realmente de maneira satisfatória e segura. Os falhas.
seus principais objetivos são:
- revisar sistematicamente os modos de falhas de 6.5 Índices DOW e MOND
componentes para garantir danos mínimos ao Os Indices DOW e MOND foram respectivamente
sistema; desenvolvidos pelas empresas DOW CHEMICAL
- determinar os efeitos dessas falhas em outros norte americana e ICI inglesa (divisão MOND)
componentes do sistema; para avaliar os potenciais de incêndio, explosão e
- determinar a probabilidade de falha com efeito toxicidade em instalações industriais. O Índice
crítico na operação do sistema; DOW foi considerado como uma das técnicas mais
- apresentar medidas que promovam a redução importantes para a avaliação de riscos industriais
dessas probabilidades, através do uso de de instalações existentes e recomendado pelo
componentes mais confiáveis, redundâncias, etc. “American Institute of Chemical Engineering -
A FMEA é geralmente efetuada de forma AIChE”, sob a forma de um manual técnico CEP.
qualitativa. As conseqüências de falhas humanas O Índice DOW é muito utilizado por companhias
no sistema em estudo não são consideradas, uma de seguro industrial contra incêndios, pois, é um
vez que poderão ser analisadas em análise de erro método direcionado para estimar o potencial de
humano e em ergonomia. A quantificação da fogo de instalações industriais ou não.
FMEA é utilizada para se estabelecer o nível de A divisão MOND da empresa ICI percebeu em
confiabilidade de um sistema ou subsistema. 1979 que o Indice DOW tinha uma importância
muito grande na avaliação de potenciais de riscos
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em etapas iniciais de empreendimentos industriais. No próximo item são relacionados os documentos


Dessa forma desenvolveu o que chamou de Índice importantes para que haja sucesso na aplicação
MOND como um avanço do DOW e com das técnicas de identificação riscos descritas
possibilidade de ser utilizado também em anteriormente.
instalações industriais existentes. Os principais
avanços tecnológicos do Índice MOND sobre o 6.6 Documentos Utilizados
DOW foram: facilitar o estudo de várias Na elaboração da análise de risco utilizando as
instalações de estocagem e processamento, técnicas de identificação de riscos apresentadas
abranger o processamento de produtos com anteriormente, recomenda-se a consulta dos
propriedades explosivas, avaliar a toxicidade de seguintes documentos técnicos: descrições de
produtos químicos e aplicar fatores fixos de processo, fluxogramas de processo e/ou de
penalidade para aspectos deficientes em segurança engenharia, dados dos produtos químicos
e fatores fixos de bonificação para aqueles utilizados, especificações técnicas, implantações
aspectos considerados seguros no físicas das instalações e manuais ou
empreendimento. Ambos os métodos possuem o procedimentos operacionais e/ou de manutenção.
formato de um “check list” e os fatores fixos a Esses documentos devem sempre representar a
serem aplicados conforme o caso, ao final da última versão da instalação em estudo, portanto,
aplicação do método, alcança-se um determinado são considerados sendo como a fotografia da
valor que é comparado a uma tabela de risco. A mesma.
partir da localização do valor nessa tabela se
concluí pelos níveis de distanciamento entre 6.7 Comparação entre as técnicas
equipamentos e/ou unidades industriais. A seguir, apresenta-se uma visão crítica sobre as
O Índice MOND é muito útil para se realizar vantagens e desvantagens na escolha dessas
implantações físicas (“lay-outs”) de instalações técnicas de identificação de perigos.
industriais.

Tabela 1 - Comparação entre as técnicas

TÉCNICAS VANTAGENS DESVANTAGENS


APP necessidade análise prévia; muito preliminar.
classificação do risco.
HAZOP fácil aplicação; muito aceito e consumo de tempo; equipe multidisciplinar
padronizado; sem modelo treinada; conhecimento do processo; uso de
matemático P&I’s.
“WHAT - IF” fácil aplicação e geral; qualitativa, vários “check lists”, consumo de tempo.
uso em projeto ou operações.
FMEA fácil aplicação; modelo examina falhas não perigosas; demorada; não
padronizado; classificação de risco; considera falhas de modo comum ou
analisa subsistemas. combinação de falhas.
DOW avaliação p/ pontos; folha conservadora;
padronizada; muito usada por
seguradoras.
MOND avaliação por fatores de consumo de tempo, conhecimento de detalhes
penalidades e de créditos; sistema do processo.
de bônus; flexível; folha
padronizada, muito útil em
implantações físicas industriais.
7. Referências bibliográficas - LEWIS, D.J. (1979) “The Mond Fire, Explosion
- AIChE ((1992) Guidelines for Hazard & Toxicity Index”, Loss Prevention
Evaluation Procedures, CCPS/AIChE, NY, USA. Symp., April, Houston, Texas, USA.
- BROWN, A.E.P. (1991) Curso de Análise de
Risco, S. Paulo/SP. - LAWLEY, H.G. (1974) “Operability Studies
- CETESB Banco de Dados de Acidentes (1998) and Hazard Analysis, Chemical Engineering
sistema CADAC, S. Paulo/SP. Progress”, v. 70, n0 4, p. 45-56, April, NY, USA.
- DOW (1987) “Fire & Explosion Index Hazard
Classification Guide”, Dow Chemical Co.
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- MIL-STD-882 A, US Army Forces, Washington Professor Titular da Universidade Paulista -


DC, USA. UNIP; Diretor da empresa RISIKO - Análise
- SONATA Data Bank (1998) ENI/TEMA, Italia. de Segurança Ltda.; e-mail: [email protected]
- MIHDAS Data Bank (1998) London, UK.

* Autor: Prof. Dr. Anthony E.P. Brown

Publicação do Grupo de Pesquisa em Segurança contra Incêndio do Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da


Arquitetura e do Urbanismo da Universidade de São Paulo - GSI/NUTAU/USP
NUTAU - Rua do Anfiteatro, 181 - Colméia - Favo 6 - Cidade Universitária - 05508-900
São Paulo - Brasil / Telefax: (011) 818-3209 / e-mail: [email protected]
Cooperação do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo

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