Caso Daniella Perez

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GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

SECRETARIA DE ESTADO E SEGURANÇA – SESEG


DEPARTAMENTO DE POLÍCIA CIVIL
16ª DELEGACIA DE POLÍCIA – BARRA DA TIJUCA

RELATÓRIO

IP - 861/92

Vítima - Daniella Perez Gazolla (Homicídio)

Indiciados - Guilherme de Pádua Thomaz

Paula Nogueira Thomaz

Douto(a) Magistrado(a)

Trata-se de inquérito instaurado através de portaria no dia 28/12/1992, em face de


registro de ocorrência apresentando-se como vítima de homicídio Daniella Perez Gazolla.
Consta nos fatos consignados no boletim de ocorrência que os moradores de um
condomínio da Barra da Tijuca, sendo a localização do mesmo próximo a um matagal sinistro
e sem nenhuma iluminação, estes acionam a policia sobre a presença de dois carros suspeitos,
no referido matagal, uma viatuara da polícia militar é designada para ir ao local da ocorrência
para verificar os fatos, mas encontra só um carro parado, um ford escort, e após checagem,
eles recebem a informação que o carro pertence a RAUL GAZZOLA.
Como de praxe, um dos policiais vai até a delegacia registrar o boletim de ocorrência
e o outro permanece no local da ocorrência guardando o carro abandonado. Sendo o matagal
um local sinistro e ermo, o policial, achou por bem resguardar-se atrás de uma árvore, e
tropeça no corpo de Daniella Perez.
DOS FATOS

No dia 28/12/1992, no intervalo das gravações, Guilherme de Padua Thomaz, pede


um relógio emprestado ao camareiro e vai a Copacabana com a camisa de cena, buscar a
cúmplice Paula Thomaz, que fica de tocaia, durante 10 a 15 minutos coberta por um lençol no
banco traseiro de um carro (um Santana) com a placa adulterada, vale ressaltar, que no
mesmo dia o indiciado afirma várias vezes que, ao final da gravação, iria pegar a mulher no
barra shopping (álibi já pré ajustado entre os dois indiciados), Guilherme de Pádua vai buscar
Paula Thomaz no intervalo de uma gravação, com a roupa de cena.

No final das gravações, por volta das 21:00 horas, páteo da Tycoon, crianças pedem
fotos com Daniella (Yasmin) e Guilherme (Bira). Eles tiram as fotos. Guilherme sai num
automóvel Santana, tendo o motorista das crianças o seguido. Motorista e crianças vêem que
ele pára logo adiante, no acostamento de um posto de gasolina. As crianças insistem em
ficar, mas o motorista segue para casa. Ali, Guilherme de Pádua é visto e reconhecido pelos
frentistas.

Daniella sai minutos depois dele da Tycoon e para no posto, onde abastece o carro. E
ao sair do posto, mais precisamente ao embicar para pegar a estrada principal, o carro dos
assassinos avança, fazendo a interceptação que é assistida pelos frentistas. Ela sai do carro
cobrando explicações, ele a desacorda com um soco e a atira no interior do Santana, que sai
dirigido por Paula Thomaz. Guilherme assume a direção do Escorte de Daniella.

Minutos depois, os moradores de um condomínio da barra, próximo a um matagal


sinistro e sem nenhuma iluminação, avisam a policia sobre a presença de dois carros
suspeitos. O advogado Hugo da Silveira, que passava o natal no Rio, pega seu carro e dá duas
voltas pelo matagal, de modo a anotar as placas.

Apolícia chega e encontra só o carro de Daniella ali. Descobre, pelos documentos,


que o carro pertence a Raul Gazzola. Como de praxe, um dos policiais vai até a delegacia e o
outro fica guardando o carro abandonado. Sendo o matagal sinistro e perigoso, o policial que
ficou diz em depoimento que, mesmo armado, achou por bem resguardar-se atrás de uma
árvore. E tropeçou no corpo de Daniella.

Foram 18 estocadas no coração e no pescoço.Um violento soco na face direita, de


acordo com os laudos periciais, aplicado minutos antes da morte. Nenhuma lesão de defesa.
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No tênis, os sinais de arrastamento: a sola deles mostrava claramente que ela não havia
ficado de pé naquele terreno, tendo sido atirada ali. Nenhuma gota de sangue no local nem no
corpo, ainda que a causa mortis tenha sido, segundo o IML, anemia aguda, que se caracteriza
por intensa perda de sangue.

Os indiciados saíram do local do crime, para o primeiro posto de gasolina, onde


pagaram uma quantia alta para que o frentista fizesse o proibido: lavasse o sangue de Daniella
do banco traseiro do Santana. Naquela mesma noite foram à delegacia, no carro onde
cometeram o crime, para abraçar nossa família e prestar condolências. Inesquecível para todos
os presentes, o momento em que o criminoso aperta Raul num abraço dizendo: "Força, cara.
Eu estou aqui". E sai de lá recomendando à produtora Marcela Honignan que o avisasse da
hora do enterro, porque fazia questão de estar do meu lado! Certos de que a encenação tinha
sido perfeita, foram pra casa e dormiram tranquilamente, até serem acordados pela polícia.

Na manhã do dia seguinte, o cerco fecha para o casal, que diante tantas provas e
testemunhas acabam confessando a autoria do crime de homicídio contra Daniella Perez
Gazolla.

TESTEMUNHAS:

HUGO DA SILVEIRA:

“...aquela noite , HUGO voltava com os netos e, por volta das 21.30, passou pelo
local. Foi a mão de Deus, como disse Arthur Lavigne, até porque, ele poderia ter chegado ao
condomínio por outro caminho que não aquele: avistou dois carros estacionados, um santana e
um escort, um atrás do outro, sendo que tal fato lhe chamou a atenção por estarem seus
ocupantes naquele local ermo; que o depoente ficou preocupado e chegando em casa tentou
obter uma arma com sua filha, mas não possuindo uma, retornou com o caseiro que passou a
dirigir o veículo tendo o depoente a seu lado..”

HUGO conta seu retorno:

“...que os veículos ainda se encontravam na mesma posição, voltados para a avenida das
Américas, e neste momento anotou a primeira placa do primeiro veículo santana, pela parte
traseira, cujas letras se recorda serem “OM”; que o depoente foi mais adiante e retornou por
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uma rua, digo, pelo mesmo caminho objetivando verificar agora a placa do escort, tendo esse
retorno demorado no máximo um minuto; que o depoente conseguiu anotar a placa do escort,
veiculo que estava sem passageiros mas observou que no santana haviam duas pessoas, uma
mulher no banco do carona e o vulto do motorista que parecia ser um homem; que o veículo
do depoente estava com os farois acesos e os farois do santana também foram acesos um
pouco antes de o depoente passar com o motorista em seu veículo; que a luz dos farois do
santana refletiram no carro da frente, na traseira do escort, e clareou o interior do veiculo
santana; que a rua é muito estreita, e o veículo do depoente passou uns cinquenta a oitenta
centímetros de distancia do santana; que nesse momento observou o vulto do motorista e de
uma mulher sentada no banco do carona; que o depoente viu bem o rosto da mulher, mas o do
homem não deu para perceber. De volta ao condominio, com as placas anotadas, moradores
do condominio receosos reunidos na portaria, um deles, ANTONIO CARLOS CURADO,
liga para a polícia.

Ali, naquele dia 28, ANTONIO CARLOS CURADO veio falar comigo. Contou
que um morador tinha anotado a placa dos veiculos estacionados ali. Chamei o delegado
Cidade, que foi até o condomínio, acordou HUGO -já era de madrugada, e ele estava de
viagem marcada para a manhã seguinte. HUGO prestou o primeiro depoimento na sala da
sua casa, fornecendo aos policiais a placa de carro que identificaria os assassinos. Ele anotou
a placa adulterada: OM115.

Da casa de HUGO os policias foram até a Tycon. E lá, pelo registro de entrada e
saída dos carros, identificaram o santana de GUILHERME DE PÁDUA: LM115. Logo o
OM ficou explicado, quando a pericia detectou que GUILHERME DE PÁDUA tinha
adulterado a placa para cometer o crime, transformando o “L”em “O”, a perícia
classificou como "perfeita"a adulteração da placa do carro dos indiciados. No dia do crime,
GUILHERME DE PÁDUA foi ao estúdio dirigindo o carro do sogro, e não o seu. O
delegado foi à Tycon, pegou a planilha de estacionamento e lá estava: LM115, constando
como de GUILHERME DE PÁDUA.
Os criminosos tentaram, também, arrancar a placa do carro de Daniella.(fotografia no
final do post). A passagem do advogado Hugo da Silveira, no entanto, fez com que se
retirassem apressados do local.

HUGO DA SILVEIRA voltou para Porto Seguro. No retorno, parando em um hotel


para descansar, viu o noticiário sobre o crime:

“...que o depoente viu no Jornal Nacional cenas da novela e pode observar que aquela
pessoa, ou seja, aquela mulher que estava sentada no banco do carona não era a atriz
DANIELLA PEREZ. Que cinco ou seis dias depois, o jornal O Globo, de sábado ou
domingo, publicou uma foto de PAULA THOMAZ; que o depoente verificou, com certeza,
que era a mulher que ali estava no interior do santana (...) que o depoente então comunicou-
se com a filha e foi marcada sua presença para a oitiva na delegacia da circunscrição da Barra
da Tijuca...”.

NEWTON MOREIRA LOPES:

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O delegado NEWTON MOREIRA LOPES disse ter ouvido PAULA confessar, no
pátio da 16ª Delegacia de Polícia, ela disse:
“...que deu o primeiro dos golpes que atingiram e mataram a atriz DANIELLA
PEREZ...”

VALDIR DE OLIVEIRA ANDRADE:

Na tarde dia 30/12/1992,são desiganados dois policiais para irem na casa PAULA
THOMAZ,o policial VALDIR DE OLIVEIRA ANDRADE e o policial NELSON, os
policiais pedem para conversar com PAULA THOMAZ, e um dos policiais diz a ela:
PAULA , GUILHERME já falou tudo o que você tem a dizer? E PAULA confessa que
estava presente no carro e presenciou o homicídio, e ela é levada à delegacia por policiais,
para prestar depoimento onde a mesma confessa participação no crimeem depoimento
informal, mas depois nega a particiapação do mesmo.

GILMAR LIMA MARINHO:

Na noite do dia 28/12/1992 o auxiliar de câmara GILMAR LIMA MARINHO, viu


um volume grande no banco traseiro do Santana do ator GUILHERME DE PÁDUA ,
coberto por um lençol de cor clara, no momento que GUILHERME deixou o estúdio da
Tycoon,

CESARINO MANOEL DO NASCIMENTO:

Em depoimento prestado em 4 de janeiro de 1993 ao presidente do inquérito policial,


delegado Cidade de Oliveira Fontes Filho, o garagista diz que PAULA só saiu de casa quando
começava a anoitecer.
Nascimento diz no depoimento que PAULA saiu com O MARIDO no SANTANA
DO PAI. Segundo ele, PAULA carregava um lençol e um travesseiro, colocados no porta-
malas do carro por Pádua.
Nascimento afirma que o casal só voltou para casa na madrugada seguinte, por
volta das 2h. O Santana parecia ter sido lavado momentos antes, disse Nascimento.

MAURÍCIO MATTAR KIRK DE SOUZA:

MAURÍCIO MATTAR, prestou depoimento na 16ª DP dias após o assassinato de


DANIELLA PEREZ. No trecho em que MATTAR afirma que PÁDUA costumava passar a
mão ''nos órgãos genitais'' de colegas de teatro.

FABIANA RITA MACIEL DE SÁ:

FABIANA, classificou PÁDUA de ''violento'' e PAULA de ''ciumenta”, em


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depoimento na 16ª DP.

JOEL VIEIRA – SUBSECRETARIO ESTADO DE POLÍCIA CIVIL:

“...Que o declarante já ia deixando a sala, quando GUILHERME pediu que ficasse e


começou a dizer que era um homem apaixonado, relatando também a tatuagem que possuia
no penis, mas negando a autoria e afirmando que não estava no local do crime. Momentos
depois chegou a noticia da adulteração da placa do carro, e também da lavagem dos bancos do
carro, que foi repassada a GUILHERME. Em seguida o Acusado perguntou se tinha
gravador na sala e o declarante retrucou, perguntando o porque, quando então GUILHERME
disse que ia admitir que estava lá (...) GUILHERME afirmou que havia matado
DANIELLA para roubar. Naquele momento o declarante afirmou que tal era dificil, pois não
constava nada de roubo, quando ele então retrucou dizendo que havia roubado uma bolsa de
DANIELLA...”

TALVANE DE MORAES - DIRETOR-GERAL DO DEP.DE POLÍCIA


TÉCNICA:

TALVANE DE MORAES confirma em depoimento ao juiz: o fato das lesões


apresentarem nas duas vertentes uma forma aguda. (...) as lesões internas, do coração e do
pulmão falam mais a favor de um instrumento tipo adaga, punhal e faca.
Documento do Processo: CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA, médico (UFRJ),
perito legista, pertencente à Sociedade Brasileira de Medicina Legal, professor titular de
Medicina Legal, responde à consulta médico legal sobre o instrumento usado na prática do
crime:

“...a tesoura, para ser considerada pérfuro cortante terá que ser acionada aberta, o
que, sem dúvida, acarretaria, além de um número variado de lesões muito superficiais, outras
que se restringiriam à epiderme...”

O que não aconteceu. Os golpes foram precisos e atingiram 8 vezes o coração de


DANIELLA. O legista ainda ressalta a dificuldade oferecida pelo corpo humano:
É importante lembrar que no pré cordio (meio do torax), onde muitos dos golpes
estão situados, há o osso esterno, o que, obviamente, torna mais difícil a penetração; sem,
claro, não esquecer a musculatura intercostal que na pessoa jovem e com vida ativa é de bom
calibre.

E conclui:

“...podemos concluir que a vítima foi morta com um INSTRUMENTO PÉRFURO


CORTANTE (FACA DE PONTA OU PUNHAL) e que o local onde se encontra o cadáver
não foi, seguramente, o mesmo onde foram desferidos os golpes mortais...”

Outra evidência que desmente a manobra: apunhalar alguém com uma tesoura aberta
provoca inevitavelmente ferimentos na mão de quem apunhala, porque a pessoa teria que
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agarrar o gume para efetuar os golpes, nem PAULA THOMAZ nem GUILHERME DE
PÁDUA tinham qualquer ferimento nas mãos...”.
.

Em face da declarações das testemunhas apontando como autores do crime os


indiciados GUILHERME DE PÁDUA THOMAZ e PAULA NOGUEIRA THOMAZ,

Desta forma, as pessoas acima citadas foram formalmente indiciadas e quetsionadas


sobre os fatos, e cada qual apresenta sua versão:

INDICIADOS:

GUILHERME DE PÁDUA THOMAZ:

“...No dia 28/12/1992, ao acabar a gravação, DANIELLA pede a PÁDUA para


conversar com ele. Os dois tinham um caso, mas ele não queria mais "ficar" com ela por
causa da gravidez da mulher. Pádua vai até o carro, onde Paula tinha ficado, para tentar
dispensá-la, mas ela insiste em ir escondida junto para saber se ele não tinha mesmo um caso
com a atriz. Pádua concorda. Daniella marca o local do encontro, um terreno baldio na Barra.
Quando os dois estão lá, Paula sai do esconderijo e passa a brigar com Daniella. Para proteger
a mulher, grávida, Pádua dá uma gravata na atriz. Ela cai e ele acha que ela está morta. Com
medo, tenta adulterar a placa do carro. Enquanto isso, Paula mata a atriz com uma tesoura que
estava no carro...”.

PAULA NOGUEIRA THOMAZ:

Na tarde do dia 28/12/1992, PAULA THOMAZ e GUILHERME DE PÁDUA


vão até o BarraShopping e ela combina de ficar lá desde até às 21h30, vendo vitrines. Pádua
vai buscá-la às 22h, mas não conta nada sobre o crime. Ela só fica sabendo que foi o marido
quando ele é levado para a delegacia no dia seguinte. Ela chega de prestar um declaração
informal confessando sua participação e autoria no crime, mas depois nega a declaração.

ANTECEDENTES CRIMINAIS:

Nada consta em desfavor aos indiciados.

LAUDOS PERICIAIS;
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-LAUDO DE NECROPSIA – DANIELLA PEREZ GAZOLLA

ESTADO DO RIO DE JANEIRO


SECRETARIA DE ESTADO DA POLÍCIA CIVIL
DEPARTAMENTO GERAL DE POLÍCIA TÉCNICO-CIENTÍFICA
INSTITUTO MÉDICO LEGAL AFRÂNIO PEIXOTO

LAUDO DE EXAME CADAVÉRICO

Diretor do IAP: Raphael Luiz Pessoa Pardellas.

1. Perito-legista Abrão Lincoln de Oliveira.


2. Perito-legista Nereu Gilberto de Morais Guerra Neto.
3. Autoridade Requisitante: 16ª DF.
Requisição n.º 0248/92 ;de 29 de Dezembro de 1992.

(PREÂMBULO):

Aos Vinte e Nove dias do mês de Dezembro do ano de mil novecentos e Noventa e
Dois, pelo Diretor foram designados os peritos acima para proceder a exame no cadáver de
"DANIELA PEREZ GAZOLA"

Nome anot. DecI. Óbito: ''DANIELA PEREZ GAZOLA" a fim de ser atendida a
requisição supra, descrevendo com verdade, e com todas as circunstâncias o que encontrarem,
descobrirem e observarem, e, bem assim, para responder aos seguintes quesitos:

(QUESITOS)

PRIMEIRO: Se houve morte;


SEGUNDO: Qual a causa da morte;
TERCEIRO: Qual o instrumento ou meio que produzia a morte;
QUARTO: Se foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por
outro meio insidioso ou cruel (resposta especificada);

(HISTÓRICO)

Em consequência, passaram os peritos a fazer o exame ordenado e investigações que


julgarem necessárias, findo os quais declararam: Deu entrada neste Instituto as 04: 00 horas
do dia 29.12.92, um cadáver acompanhado de guia policial n.o 0248/92 da 16ª DP na qual
consta: "CADÁVER DE: DANIELA PEREZ GAZOLA", sexo feminino, branca, cabelos
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lisos castanhos, 22 anos, brasileira, crime: arma branca, nas circunstancias seguintes:
Homicídio Via Publica, residente a Av. Sernambetiba n.O 600/304. B. Tijuca, removido da
Rua Candido Portinari / n.O - Condomínio Rio-Mar, K11 da Av. das Américas. Terminada a
transcrição da guia policial, inicia-se o Auto de exame cadavérico.

(DESCRIÇÃO)

INSPEÇÃO EXTERNA: Necropsia inicia-se as 05:00 horas; cadáver de uma mulher


de cor branca, medindo 1,62 de estatura, em rigidez muscular generalizada, com escassos
livores nas regiões dorsais do corpo, trajava, blusa de malha de cor preta embebida em sangue
apresentando na região anterior relacionada ao tórax, cerca de 15 perfurações alongadas,
medindo a maior 20mm de comprimento, acima deste conjunto de perfurações encontra-se
outro conjunto de perfurações em torno de 5 perfurações, medindo a maior 20mm de
comprimento, calça jeans de cor azul com frisos estampados, meias brancas, tênis branco com
frisos pretos, calcinha de cor branca; Apresenta compleição física franzina e bom estado de
nutrição; o couro cabeludo dá implantação a cabelos pretos longos e lisos e não mostra lesões
violentas, íris castanhas; dos ouvidos nada surde; das narinas e boca surde secreção sero-
sanguinolenta; dentes em bom estado de conservação; o interior da boca não mostra lesões
violentas; o pescoço não permite movimentos anormais; a região masseterina direita próximo
a região orbitária mostra escoriação superficial medindo de 30x40mm nos maiores eixos ( que
vai assinalada no esquema pela letra "A") ; a região infra orbitaria esquerda mostra equimose
amarelo-violácea com tumefação local (que vai assinalado no esquema anexo com a letra ''B'')
; a região carotidiana direita abaixo do angulo da mandíbula mostra escoriação superficial
medindo 50x30mm nos maiores eixos; (que vai assinalada no esquema anexo pela letra "C") ;
a região anterior do pescoço mostra 4 feridas alongadas, sendo 3 superficiais, e uma com
penetração nos tecidos profundos, medindo a maior 20mm de comprimento, que apresenta
esta cauda de escoriação, todas com os bordos regulares, algo escoriadas e têm características
de entrada de instrumento pérfuro-cortante (letra "B" do esquema anexo) a região do ombro
direito na sua parte mais lateral mostra 3 escoriações medindo cada uma 2mm de diâmetro
com equimose violácea de permeio (letra "E" do esquema anexo), as regiões esternal, torácica
esquerda. Incluindo parte da região mamária interna apresenta 12 feridas alongadas medindo a
maior 22mm de comprimento com os bordos , vertentes e angulos regulares e têm
características de entrada de instrumento perfuro cortante (vai assinalada em conjunto com a
letra "F" do esquema anexo) ; a região palmar do primeiro e segundo quirodáctilo e parte da
palma a direita mostra mancha rosada tipo substancia corante (letra "G" do esquema anexo) ;
a região do abdômem, membro superior esquerdo, membros inferiores e o dorso não mostram
lesões violentas; pelos pubianos de cor negra, parcialmente raspados e de conformação
normal para o sexo e a idade. Da vagina nada surde; a região da genitália externa não mostra
lesões violentas ; a região anal e perianal não mostra lesões violentas.

INSPECÃO INTERNA CAVIDADE CRANlANA: A face profunda do couro


cabeludo não mostra infiltração hemorrágica; a calota craniana não mostra fraturas;

CAVIDADE TÓRACO ABDOMINAL: A cavidade pleural direita não contem


sangue; o plastrão condro esternal à esquerda está infiltrado por sangue; o 5º, 6º e 7º espaços
pleurais à esquerda estão perfurados com infiltração hemorrágica do músculo intercostal; a
cavidade pleural esquerda contém grande quantidade de sangue; a lígula do lobo inferior do
pulmão esquerdo esta perfurada ; a cavidade pericárdica contém grande quantidade de sangue;
o pericárdio mostra oito perfurações lineares medindo a maior 15mm de comprimento; o
coração apresenta 8 perfurações lineares medindo a maior 10mm de comprimento, atingindo
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as paredes do átrio e ventrículo direito e ventrículo esquerdo; a cavidade peritoneal não
contém sangue; as vísceras do abdome estão em topografia habitual, estão anemiadas e não
mostram lesões violentas; o interior do estômago contém pequena quantidade de líquido
fluido amarelado no seu interior; o interior da bexiga não contém urina mensurável; o útero
tem tamanho normal e o endométrio tem cor brancacenta e liso, o colo uterino esta íntegro, e
o interior da vagina não contém líquidos ou secreções.

PESCOCO: os músculos e tecidos moles da região cervical esquerda ao lado da


cartilagem tireóide e ao lado da traquéia estão infiltrados por sangue; a cartilagem tireóide
apresenta perfuração linear, medindo l0mm de comprimento localizada na linha mediana
anterior; a traquéia apresenta nos dois primeiros anéis, perfuração irregular medindo 4mm de
comprimento. Foi colhido sangue para pesquisa de alcoolemia; Foi colhido material dos leitos
ungueais de todos os quirodáctilos para pesquisa de células epidérmicas; Foi colhido material
dos dedos e mão direita para identificação da substancia corante avermelhada existentes neles.

(DISCUSSÃO E CONCLUSÃO)

CONCLUSAO: o cadáver foi atingido por objeto contundente nas regiões


masseterina direita, orbitaria esquerda e carotidiana direita; Foi atingido par golpes de
instrumentos perfuro cortantes que atingiram a traquéia, coração e pulmão esquerdo,
determinando hemorragia interna. Terminada a necropsia, os peritos responderam aos
quesitos:
(RESPOSTA AOS QUESITOS)

Ao 1º) Sim;
Ao 2º) Ferimentos penetrantes de pescoço e tórax com transfixações de traquéia,
pulmão
esquerdo e coração, determinando hemorragia interna e anemia aguda;
Ao 3º) Instrumento Perfuro Cortante;
Ao 4º) Prejudicado.

Nada mais havendo a lavrar-se, e encerrado o presente auto, que depois de lido e
achado conforme, e assinado pelos peritos legistas e rubricado pelo diretor .
…………….

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-LAUDO DE EXAME DE MATERIAL:

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FOTO DO LAUDO PERICIAL - PLACA CARRO DANIELLA:

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É o relatório.

Rio de janeiro, 07, de janeiro 1993

MAURO MAGALHÃES
DELEGADO DE POLÍCIA

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