O Cânon Bíblico
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s que foram transmitidos pelo prprio Deus (por meio de inspirao, viso ou manifestao verbal audvel) a homens que os registraram por escrito, para que fossem preservados e repassados com fidelidade humanidade, afim de, por meio deles, as pessoas pudessem saber corretamente sobre Deus, crer e se relacionar pessoalmente com Ele para a salvao. A palavra Cnon tem sua origem na palavra Grega kanwn (kanon), que significava originalmente cana de medir. Era um padro, uma unidade de medida. Assim, Cnon, aplicado s Escrituras, significa o padro ou o critrio para que algum possa julgar se um ensino de Deus ou no. Os livros cannicos, por terem sido transmitidos pelo prprio Deus, so a autoridade mxima e o padro, em termos de f e prtica, para os cristos. Em termos prticos, as Escrituras Sagradas servem como uma norma referencial para julgarmos se um ensinamento ou conhecimento espiritual de Deus ou no. Se um ensinamento sobre a pessoa de Deus ou sobre o relacionamento entre Deus e os homens est de acordo com o que est escrito nos livros cannicos, correto e proveniente de Deus. Seno, proveniente da especulao do prprio homem ou at do maligno, sendo, portanto, errneo e desprezvel. Somente por meio dos livros inspirados podemos aprender corretamente sobre Deus e chegar a crer em Cristo, para a salvao. Somente os livros inspirados compem a Revelao de Deus. Outros escritos, sem inspirao divina, no passam de pensamentos humanos sobre Deus. O DESENVOLVIMENTO DO CNON O Cnon do Antigo Testamento A coleo mais antiga das palavras de Deus eram os Dez Mandamentos, escritos em tbuas de pedra, pelo prprio dedo de Deus. Depois, o prprio Moiss acrescentou palavras para que fossem depositadas ao lado da Arca Da Aliana (Dt. 21.24-26). Depois da morte de Moiss, Josu tambm recebeu revelaes de Deus e as registrou, ampliando os escritos sagrados (ver Josu 24.26). Mais tarde, os profetas israelenses tambm receberam mensagens de Deus e as transmitiram ao seu povo. Tais mensagens foram registradas por eles mesmos ou por seus assessores, ou por copistas (escribas), como palavras sagradas, vindas do prprio Deus. Um exemplo so as palavras de Jeremias: Assim diz o Senhor, Deus de Israel: escreve num livro todas as palavras que eu disse (Jr. 30.2). O ltimo profeta do Antigo Testamento foi Malaquias (que viveu e escreveu por volta de 435 a.C.). Durante esse perodo entre Moiss e o ltimo profeta (Malaquias), alguns escritos de carter mais histrico (de Reis a Ester) e outros cujo tema sabedoria (J, Salmos, Provrbios, Eclesiastes e Cantares) tambm foram reconhecidos pelos judeus como Escrituras. Digno de nota que todas as Escrituras do Velho Testamento foram escritas em Hebraico, com exceo de alguns trechos dos livros de Esdras e de Daniel, escritos em Aramaico[1] por Esdras, durante o exlio. Esse, inclusive, um dos principais critrios para sabermos hoje quais so os livros do Velho Testamento inspirados por Deus. Qualquer Livro sagrado escrito em outra lngua, que no a Hebraica, era tido pelos judeus como estranho ao Cnon. O fato que Deus transmitiu e ordenou apenas aos judeus (no perodo proftico do Antigo Testamento) que suas palavras sagradas fossem registradas. Esses registros foram feitos na lngua falada por eles o Hebraico. O conjunto das Escrituras (do Antigo Testamento) estava, ento, completamente formado quando o livro de Malaquias foi concludo. Era reconhecido pelos judeus como Escritura. Esses livros so os 39 que integram a Bblia judaica[2] e o Velho Testamento protestante, escritos ao longo de aproximadamente
1.600 anos. Esse conjunto ficou conhecido como A Lei, os profetas e os escritos. Depois, os judeus passaram a se referir a este conjunto como A Lei e os profetas. Jesus Cristo muitas vezes se referiu s Escrituras com esta expresso (Mt. 7.12; 22.40; Lucas 16.16). O Cnon Hebraico A mais antiga referncia ao cnon judaico est no livro Contra Apio (1.8), do historiador Josefo (nascido em 37/38 d.C.), onde ele afirma que os Judeus s possuem 22 livros divinos. Ele explica que Desses, cinco pertencem a Moiss e, para delimitar o perodo entre Moiss e Artaxerxes, diz Os profetas depois de Moiss escreveram o que aconteceu em suas pocas em treze livros e Os quatro livros restantes contm hinos a Deus. Cnon Hebraico A Lei ou Pentateuco (Tor): Gnesis (No princpio); xodo (Estes so os nomes); Levtico (E chamou); Nmeros (No deserto); Deuteronmio (Estas so as palavras). Os Profetas (Neviim) Anteriores: Josu; Juzes; Samuel; Reis (1 Reis e 2 Reis esto reunidos num s livro). Posteriores: Isaas; Jeremias; Ezequiel; os doze profetas: Osias; Joel; Ams; Obadias; Jonas; Miquias; Naum; Habacuque; Sofonias; Ageu; Zacarias; Malaquias. Os Escritos (Ktuvim): Salmos; J; Provrbios; Rute; Cantares; Eclesiastes (Colet); Lamentaes; Ester; Daniel; Edras-Neemias; Crnicas (estes cinco ltimos so conhecidos como cinco rolos ou Megillath). Concomitantemente com os livros inspirados, existiam outros livros que circulavam entre os judeus, alm dos cannicos, alguns escritos no perodo entre Moiss e Malaquias, mas que no entraram no Cnon. Alguns deles eram respeitados, apesar de que no passaram no teste de canonicidade. Outros eram pseudepgrafos (cuja autoria foi atribuda falsamente a homens de Deus). Alguns exemplos so: O Livro de Ado, O Livro de Enoque, A Ascenso de Moiss, O Apocalipse de Elias etc. Critrios ou testes de canonicidade no Antigo Testamento Como os judeus decidiam quais eram os livros sagrados? Os critrios eram os seguintes:
A lngua original (Hebraico); O livro no podia conter qualquer incoerncia com os escritos de Moiss; O perodo (poca) em que foram escritos os livros tinham que ter sido escritos entre Moiss e Esdras. A autoridade o escritor no podia expressar dvida de que seus escritos eram inspirados por Deus; Ausncia de erros nas narrativas histricas; A autoria direta ou indireta de homens de Deus pessoas que tiveram contato direto com Deus, cuja histria comprova isto;
O Silncio Proftico Quanto importncia do perodo em que os livros foram escritos, h evidncias histricas de que os judeus consideravam que depois de Malaquias houve um silncio proftico, ou seja, no apareceu mais quem falasse em nome do Senhor. No prprio livro (apcrifo) de 1 Macabeus, isso est claramente evidenciado. O autor, escrevendo sobre o altar do templo profanado, diz: Demoliram-no, pois, e
depuseram as pedras sobre o Monte da Morada, em lugar conveniente, espera de que viesse algum profeta e se pronunciasse a esse respeito (1 Macb. 5.45-46, grifo nosso). O mesmo autor, falando de um grande sofrimento, tambm disse: O qual no tinha havido desde o dia em que no mais aparecera um profeta no meio deles (1 Macb. 9.27 e 14.41, grifo nosso). Josefo, no j citado livro intitulado Contra Apio, escreveu: Desde Artaxerxes[3], at os nossos dias foi escrita uma histria completa, mas no julgada digna de crdito igual ao dos registros mais antigos, devido falta de sucesso exata dos profetas (Contra Apio 1.41). A literatura rabnica reflete a mesma convico: Aps a morte dos ltimos profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias[4], o Esprito Santo afastou-se de Israel, mas eles ainda se beneficiavam do bath ql (Talmude Babilnico, Yomah, 9b, repetido em Sota 48b, Sanhedrin 11a, e Midrash Rabah sobre o Cntico dos Cnticos, 8.9.3. conforme GRUDEM[5], p. 30). A definio final do Cnon Hebraico O Conclio Judaico de Jamnia e os Massoretas Depois da destruio de Jerusalm e do Templo, em 70 d.C., uma colnia judaica de eruditos, sob a liderana de Johanan Ben Zakkai, se estabeleceu em Jmnia (ou Jabnes), uma cidade prxima a Jerusalm, cerca de 45 km, e l formaram uma escola para o estudo e o ensino das Escrituras. Em 90 d.C., um conclio de lderes judeus, conhecido como Conclio de Jamnia, discutiu quais os livros que deveriam ser reconhecidos como Cnon Hebraico. Em grande parte, este conclio foi realizado por causa da seita dos cristos, que, segundo eles, adotava as Escrituras juntamente com livros sem autoridade cannica (referindo-se aos escritos dos apstolos). O Conclio de Jmnia decidiu oficialmente pelos 22 livros (39 livros do Velho Testamento das Bblias evanglicas). Alguns estudiosos no aceitam a deciso deste conclio como final porque, segundo eles, o Conclio de Jamnia no representava oficialmente o Judasmo do primeiro sculo. Entretanto, este argumento no prospera, pois este cnon definido em Jamnia constitui a Bblia Hebraica e persiste at hoje, indiscutivelmente, como o Cnon oficial judaico. Os telogos e clrigos catlicos rejeitam o Cnon Hebraico, argumentando que Jamnia foi um conclio judeu e no da igreja. Muitos telogos catlicos alimentam um forte sentimento anti-judaico (acesse, por exemplo, o website catlico http://www.veritatis.com.br/article/3965) e acusam os judeus reunidos em Jamnia de criarem critrios que excluiriam do Cnon os livros escritos originalmente em Grego (tanto os livros do Novo Testamento, quanto os apcrifos do Velho Testamento da polmica Verso Septuaginta). Sem dvida, os rabinos judeus estavam preocupados em preservar as Escrituras Vetero-Testamentrias contra uma possvel mixagem com os livros dos apstolos de Jesus Cristo. Porm, estes argumentos no podem ser aceitos pelos cristos, primordialmente porque sabe-se que o povo de Deus no Antigo Testamento era o povo Judeu. No podemos esquecer que Deus prometeu a Abrao Em ti sero abenoados todos os povos da terra (Gen. 12.3) e que Cristo disse A salvao vem dos judeus (Joo 4.22). Deus inspirou judeus e confiou a eles a preservao dos livros sagrados, na poca do Velho Testamento. Os judeus em Jamnia estavam corretos ao delimitar as Escrituras Hebraicas, confirmando apenas os livros escritos em Hebraico, com exceo das pequenas partes de Daniel, escritas em Aramaico. A Contribuio dos Massoretas O trabalho do Conclio de Jamnia foi confirmado e completado na Idade Mdia pelo trabalho dos Massoretas (590 a 950 d.C.). Esses eram rabinos que se esmeravam na confeco de um texto sagrado Hebraico que tivesse sinais voclicos que no existiam at ento nas Escrituras, por isso esses sinais ficaram conhecidos como sinais massorticos. Os Massoretas trouxeram o texto do Velho Testamento
para o Hebraico moderno. Produziram um texto hebraico do Velho Testamento na forma final, que ns temos hoje. O cnon dos Massoretas o mesmo cnon reconhecido pelo Conclio de Jamnia. O cnon judaico hoje o mesmo reconhecido e afirmado no Conclio de Jamnia, que por sua vez, o mesmo cnon que se formou entre os tempos de Moiss e Esdras O Cnon Sagrado do Antigo Testamento. E os livros apcrifos do Velho Testamento que integram o Cnon Catlico-Romano? Alguns escritos histricos registraram a histria dos judeus depois de Esdras, tais como os livros dos Macabeus. Esses livros, bem como trechos adicionais dos livros de Ester e Daniel, embora respeitados pelos judeus como livros histricos, no foram reconhecidos por eles como Escritura. Tais livros no passam nos testes de canonicidade do Velho Testamento (principalmente porque quase todos foram escritos originalmente em Grego[6]). A Igreja Catlico-Romana, entretanto, os reconheceu como cannicos em alguns dos seus conclios locais (Roma, Cartago, e Hipona) ocorridos na segunda metade do sculo IV, passando a definir a questo em 1546, no Conclio Geral de Trento, ocorrido logo depois da Reforma Protestante. So eles: Judite; Tobias; acrscimos a Ester; Sabedoria; Eclesistico; Baruc; acrscimos a Daniel e Macabeus I e II. O Conclio de Trento os reconheceu como cannicos e ps fim dvida quanto sua canonicidade para os catlicos romanos. Eles no os consideram apcrifos, mas os classificam como deuterocannicos, palavra que significa acrescentados mais tarde ao cnon. A idia defendida pela Igreja catlica Romana que tais livros foram inspirados por Deus depois do fim do perodo proftico, sendo, portanto, escritos por homens que no eram profetas, no perodo em que no havia mais profetas em Israel (silncio proftico). Por isto os chamam de acrescentados ao Canon. interessante notar que a canonicidade desses livros apcrifos (ou deuterocannicos) do Velho Testamento sequer foi discutida no referido Conclio judaico de Jamnia. Parece que os judeus do primeiro sculo no viam qualquer razo para considerarem os livros hoje includos no cnon catlico-romano como candidatos a cannicos. Os livros cuja canonicidade foi discutida neste conclio judaico foram apenas Ester, Cantares e Eclesiastes, os quais foram reconhecidos como cannicos em Jamnia. A polmica em torno dos livros no cannicos do Antigo Testamento foi gerada porque supe-se que eles estavam presentes na verso das Escrituras Hebraicas em Grego, conhecida como Septuaginta (Verso dos Setenta, ou LXX). Essa verso ficou assim conhecida porque uma lenda diz que setenta e dois rabinos (sendo seis de cada uma das doze tribos de Israel) trabalharam nela e teriam completado a traduo em setenta e dois dias. Diz a tradio (lenda) que a LXX foi encomendada por Ptolomeu II (287 a.C. 247 a.C.), rei do Egito, para ilustrar a recm inaugurada Biblioteca de Alexandria. Esses dados constam na Carta de Aristias a Filcrates, mencionada por Eusbio, um documento hoje claramente reconhecido como falso pelos eruditos, tanto catlicos quanto evanglicos[7]. Alguns telogos sustentam que a Septuaginta era bastante popular no primeiro sculo, poca em que a lngua grega era a lngua internacional e que os judeus quase no falavam mais o Hebraico. Segundo essa corrente teolgica, provavelmente a Septuaginta era o texto mais usado pelos judeus na Palestina, na poca de Jesus. Essa corrente defende sua tese com base, principalmente, no fato de que as citaes de versos do Velho Testamento que aparecem nos manuscritos do Novo Testamento, principalmente nas Cartas Paulinas, coincidem literalmente com as leituras encontradas nos manuscritos gregos do Velho Testamento. Notvel que a citao de Isaas 7.14, Eis que a virgem conceber, em Mateus 1.23, a mesma do texto Grego. O texto Hebraico (Massortico) de Isaas traz Eis que a jovem conceber. (A palavra Hebraica para jovem almah, que quer dizer muito jovem).
Por outro lado, h outra corrente teolgica (minoritria) que duvida da existncia da Septuaginta como documento anterior a Cristo, uma vez que os manuscritos mais antigos em Grego, de livros do Velho Testamento, encontrados pelos arquelogos, datam somente do Sculo IV d.C[8]. No h nenhuma evidncia concreta (manuscrito) de que houvesse um Cnon Hebraico completo traduzido para o Grego, antes de Cristo. Essa segunda corrente, destacando-se nela Paul Kahle, admite ser possvel que circulassem vrios livros do Velho Testamento Judaico traduzidos para o Grego nos pases de lngua grega, porm, esses no foram traduzidos em uma s empreitada, como diz a lenda dos setenta e dois. Tambm afirmam esses eruditos que, apesar do Grego ser a lngua internacional nos dias de Jesus, os judeus sempre leram as Escrituras, nas sinagogas, em Hebraico, a lngua sagrada. Por isso essa lngua nunca morreu, sendo novamente falada a nvel nacional, a partir de 1948, quando a ONU reconheceu o Estado de Israel. Essa segunda corrente teolgica entende que os manuscritos do Velho Testamento em Grego da Septuaginta existentes hoje foram produzidos a mando de Constantino no sculo IV e que os escribas que os prepararam, forjaram essa coincidncia textual ipsis literis, para dar credibilidade a esses manuscritos. Para esses telogos, Jesus e os apstolos citaram verbalmente o Velho Testamento conforme o texto Hebraico, porm, com variantes, como quem as interpreta, falando como uma parfrase. Ento, os escribas que produziram os livros do Velho Testamento em Grego para Constantino registraram neles os versos citados no Novo Testamento com as mesmas palavras, gerando artificialmente, assim, essa coincidncia textual literal. Em suma, a tese deste segundo grupo de eruditos que a Septuaginta foi produzida no Sculo IV e traz os versos do Velho Testamento citados por Jesus e os apstolos conforme o texto do Novo Testamento, para harmonizar as duas partes da Bblia em Grego e dar-lhe autoridade. O fator que pesa bastante contra os apcrifos (chamados de deuterocannicos pela Igreja Catlica Romana) que jamais foi encontrado um cdice antigo atribudo como ancestral da Septuaginta que contenha o mesmo conjunto completo dos sete livros apcrifos que esto no Velho Testamento da Bblia Catlica Romana. O cdice Vaticano (cujo smbolo B), considerado o principal manuscrito da Septuaginta, datado do Sculo IV, contm cinco dos sete deuterocannicos, mas, no contm os dois livros de Macabeus (I e II). Este cdice (Vaticano) contm o acrscimo ao livro de Daniel como um livro parte, denominado Bel e o Drago. J o cdice Sinatico (cujo smbolo a letra hebraica [lef]), o outro manuscrito importante atribudo Septuaginta, tambm do Sculo IV, inclui os livros apcrifos de II Esdras, Tobias, Judite, I, II, III e IV Macabeus, Sabedoria e Eclesistico, alm de dois apcrifos do Novo Testamento (a Epstola de Barnab e o Pastor de Hermas). O Cdice Sinatico no contm o livro de Baruc, e contm os livros de II Esdras, e III e IV Macabeus, os quais no constam na Bblia Catlica. Assim, no h um s cdice antigo que contenha o mesmo conjunto de sete livros apcrifos da Bblia Catlica. Tudo indica que esses sete livros e os outros trechos apcrifos foram cuidadosamente selecionados durante o Conclio de Trento (1545 1563), para serem acrescentados Bblia Catlica. Os citados cdices no trazem nenhuma anotao ou indicao de que se constituam em colees dos livros aceitos pelos judeus de lngua grega como cnon sagrado. Alm disso, a Bblia Peshita, uma verso siraca da Bblia, cujos manuscritos so datados do Sculo II, no traz nenhum apcrifo[9]. Quanto s opinies dos chamados pais da igreja, essas eram muito divergentes acerca do reconhecimento dos apcrifos que constavam no chamado Cnon Alexandrino (Septuaginta). Alguns como Melito, Cipriano e Rufino postulavam pelo Cnon Hebraico (com 39 livros, excluindo os deuterocannicos). J Ireneu e Justino defendiam o Cnon Alexandrino (com 46 livros, incluindo os deuterocannicos). Agostinho defendia a princpio o cnon incluindo os deuterocannicos, mas, no fim de sua vida, mudou de idia, rejeitando claramente os deuterocannicos, classificando-os como esprios. Jernimo, a princpio, rejeitava a canonicidade dos deuterocannicos, embora os tenha includo em sua Vulgata a mando de Damsio, ento Bispo de Roma. Em seus escritos posteriores, verifica-se que ele mudou de idia, em favor dos deuterocannicos; percebe-se isto em sua Carta a Rufino e outra a Paulino, Bispo de Nola. Assim, no possvel definir a questo com base nos escritos dos pais da igreja.
A maioria dos historiadores afirma que a realizao do Conclio de Trento foi essencialmente motivada pelo objetivo de combater o Protestantismo. NICHOLS[10] (2004), falando sobre o Conclio de Trento, diz: O Conclio deu igreja romana uma declarao completa da sua doutrina. Nada disso tinha sido feito durante a Idade Mdia. Dessa vez essa igreja alcanou uma expresso definitiva sobre o que ela cria e ensinava com relao s grandes verdades religiosas; isso, porm, foi preparado com um esprito de franca oposio ao Protestantismo. (NICHOLS, 2004, p. 199) possvel, portanto, que a edio de uma nova Bblia, diferente da dos Protestantes, fosse um dos alvos desse conclio, o qual integrou os movimentos que caracterizaram a chamada Contra-Reforma[11]. Os telogos reformados (ou protestantes) explicam que os apcrifos do Velho Testamento foram canonizados pela Igreja Catlica Romana em 1546, com o objetivo de providenciar fundamento bblico para doutrinas que eram ensinadas por essa igreja na Idade Mdia, e que estavam em clara contradio com os demais livros cannicos (principalmente a doutrina do Purgatrio e a da Reza Pelos Mortos). Wycliff, Jan Hus, Lutero, Calvino e outros reformadores apontaram que essas e outras doutrinas constantes nesses livros apcrifos no tinham fundamento nos livros sagrados. A Igreja Catlica Romana providenciou, ento, a canonizao desses livros e assim resolveu este problema para os catlicos. Os judeus e os cristos reformados (protestantes ou evanglicos) rejeitam que tais livros possam ter sido inspirados por Deus. As razes esto expostas a seguir. Principais razes para a rejeio dos apcrifos do Velho Testamento, presentes na Bblia Catlica:
Nenhum deles possui manuscrito em Hebraico existente (com exceo de Eclesistico e I Macabeus); Nenhum deles jamais constou na Bblia Hebraica (o autntico Velho Testamento); Alguns desses livros ensinam doutrinas incoerentes com os escritos de Moiss e com os do Novo Testamento (Tobias 4:7-11, 9.12 ensina Justificao por obras, em contradio com Efsios 2:8-9 e outras passagens; Tobias 12:12-15 ensina Mediao dos anjos, em contradio com I Timteo 2:5 e Joo 14:6; II Macabeus 12:44-45 ensina Orao pelos mortos, em contradio com Hebreus 9:27; Joo 3:18 e 36; Tobias 6:6-19 ensina superstio e feitiarias; Sabedoria ensina a criao do mundo a partir de matria preexistente (11.17), em claro contraste com Gnesis 1; Tobias e Eclesistico ensinam que dar esmolas propicia expiao pelo pecado (3.30), anulando a suficincia da expiao do sacrifcio de Cristo; Alguns deles, como I Macabeus, Judite e Tobias, trazem erros histricos cronolgicos e geogrficos; Todos foram escritos depois de Esdras, ou seja, numa poca em que no havia profetas em Israel. Se no foram escritos por profetas, no so inspirados por Deus; Esses livros no transmitem autoridade nenhum fala assim diz o Senhor. Na verdade, o autor de Macabeus at pede desculpas por possveis erros no livro (II Macabeus 15:38-39). Em nenhum livro inspirado o escritor pede desculpas por possveis erros; Nenhum deles foi citado por Jesus ou pelos apstolos. Eles citaram 295 vezes o Velho Testamento, mas nenhuma vez citaram esses livros apcrifos que esto na Bblia Catlica Romana.
Por tudo isso, o Cnon do Antigo Testamento o Cnon Hebraico, tambm adotado pelos evanglicos. Os ensinamentos acerca de Deus, constantes em outros livros fora dessa coleo devem ser desprezados pelos cristos, pois conduzem ao erro. O CNON DO NOVO TESTAMENTO
Os livros que integram o Novo Testamento (NT) recebem hoje aceitao total, tanto por parte das igrejas evanglicas, quanto por parte das igrejas catlicas (Romana e Ortodoxa). No entanto, a exemplo do que ocorreu com o Velho Testamento, o Cnon do Novo Testamento passou por um processo de formao e reconhecimento. Os livros cannicos do NT foram escritos no primeiro sculo, ao longo de aproximadamente 50 anos e somente no Sculo IV comeou a haver uma unanimidade quanto aceitao e definio das Escrituras neo-testamentrias. A igreja apostlica recebeu da igreja judaica a crena em uma regra de f escrita. Cristo mesmo confirmou esta crena, apontando para o Antigo Testamento como a palavra de Deus escrita (Joo. 5.3747; Mt. 5.17, 18; Mc. 12.36; Lc. 16.31), instruindo os seus discpulos nela (Lc. 24.45). Era natural e lgico para os cristos que a literatura do Novo Testamento fosse acrescentada do Antigo, ampliando deste modo o Cnon de f. No prprio Novo Testamento se v a intima relao entre ambos (1 Tm 5.18; 2 Pe 3.1, 2, 16). preciso ressaltar que a igreja no criou o Cnon; ela apenas o reconheceu. Os 27 livros do Novo Testamento j eram lidos e muito respeitados na maioria das igrejas crists desde o primeiro sculo, to logo eles foram escritos (com exceo de Hebreus, Tiago, II Pedro, II e III Joo, Judas e Apocalipse). A necessidade de definio oficial por parte da igreja surgiu: (1) por causa da existncia de outros livros que tambm eram lidos e respeitados por pequena parte das comunidades crists e; (2) porque, a partir de meados do Sculo II, surgiram livros que se diziam cristos, mas cuja doutrina era incoerente com a doutrina dos apstolos. As autorias dos livros desse segundo grupo eram creditadas a apstolos ou a outros homens ou mulheres que aparecem nos evangelhos cannicos para dar-lhes credibilidade, porm, sua mensagem era divergente da mensagem dos livros cannicos. Esses livros eram obviamente falsos (pseudepgrafos) porque os apstolos e outras pessoas neotestamentrias j haviam morrido no segundo sculo. Porm, a existncia desses livros atrapalhava o progresso da f crist e isto precisava ser combatido. O Cnon do NT precisava ento ser reconhecido e anunciado claramente pela igreja. O desenvolvimento do cnon do Novo Testamento comea com os escritos dos apstolos. Jesus prometeu essa capacitao aos seus discpulos em Joo 14.26 Mas o Ajudador, o Esprito Santo a quem o Pai enviar em meu nome, esse vos ensinar todas as coisas, e vos far lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito. Jesus tambm prometeu outras revelaes da verdade pelo Esprito Santo, quando disse aos seus discpulos: Quando vier, porm, aquele, o Esprito da verdade, ele vos guiar a toda a verdade; porque no falar por si mesmo, mas dir o que tiver ouvido, e vos anunciar as coisas vindouras. Ele me glorificar, porque receber do que meu, e vo-lo anunciar. (Joo 16.13-14) Alm disso, os apstolos eram vistos pelos primeiros cristos como equivalentes aos profetas do Antigo Testamento, capazes de falar e escrever palavras do prprio Deus. Os prprios apstolos afirmavam isto (ver 2 Pedro 3.2). Passagens como Atos 5.2-4 indicavam que mentir para os apstolos era mentir para o prprio Deus. Paulo disse com bastante freqncia que parte de seus escritos eram palavras do prprio Deus (1 Cor. 2.13; 14.37; 13.3; Rom. 2.16; Gal. 1.8-9; 1 Ts. 2.13; 4.8, 15; 5.27; 2 Ts. 3.6, 14). Os escritos dos apstolos eram colocados no mesmo nvel das Escrituras do Antigo Testamento, pelos cristos primitivos. Em 2 Pedro 3.15-16, Pedro reconhece os escritos de Paulo como Escrituras, em p de igualdade com as do Velho Testamento. Paulo, ao citar em 1 Tim. 5.17-18 o trabalhador digno do seu salrio (Lucas 10.7) como Escritura, demonstra que considerava Lucas como parte do Cnon. Os escritos dos apstolos eram colocados no mesmo nvel das Escrituras do Antigo Testamento, pelos cristos primitivos. A maior parte do cnon do NT composta por escritos de autoria dos apstolos. Isso inclui Mateus; Joo; de Romanos a Filemon (todas as cartas de Paulo); as cartas de Pedro; as cartas de Joo e Apocalipse de Joo[12]. O Evangelho de Lucas, embora no tenha sido escrito por um apstolo, foi reconhecido como
Escritura por um apstolo (Paulo) e assim foi logo reconhecido pelas igrejas. O Evangelho de Marcos foi tambm cedo reconhecido pelas igrejas como Escritura por causa da associao prxima de Marcos com o apstolo Pedro. O livro de Atos era a segunda parte do livro de Lucas, portanto, tambm era cannico. Sobraram apenas Hebreus, Tiago e Judas. Hebreus foi um livro que teve sua canonicidade bastante discutida e demorou para ser includo no Canon, principalmente porque no se sabe at hoje quem foi o autor. Este livro foi aceito por muitas igrejas primitivas e depois alcanou unanimidade devido s suas qualidades intrnsecas. Jesus disse que as suas ovelhas conheceriam a sua voz (Joo 10.27) e as qualidades de Hebreus continuam a convencer os crentes de hoje. Wayne Grudem diz que A glria majestosa de Cristo resplandece das pginas da carta aos Hebreus (Grudem, p. 35). A carta de Tiago foi a que mais demorou a ser aceita no Cnon do Novo Testamento, pois no se tem certeza se quem a escreveu foi o apstolo Tiago, grande lder da igreja em Jerusalm e irmo de Jesus (filho de Jos e Maria). No captulo 2 desta carta h uma nfase nas obras da lei como condio adicional de salvao, em aparente contraposio ao ensino de Paulo, da salvao somente pela f. A canonizao desta carta foi proposta pela primeira vez, por Atansio, em 367. Lutero, a princpio, a chamava de carta de palha. Depois veio a aceit-la interpretando que o autor da carta apresenta as obras como complemento da salvao e no como causa. Os evanglicos de hoje tambm interpretam o captulo assim e aceitam a carta como cannica. Judas tambm demorou a ser reconhecido como Escritura por no se saber exatamente quem era o autor e porque nele h uma citao de um livro apcrifo (pseudepgrafo) do VT (O livro de Enoque). Ainda hoje se discute se o autor foi Judas, irmo de Jesus e de Tiago, ou se foi Judas Tadeu, um dos doze discpulos de Jesus. O seu contedo geral, entretanto, coerente com o Evangelho e o problema da citao apcrifa foi resolvido, pois se compreendeu que o autor citou o mencionado apcrifo somente a ttulo de ilustrao, e no como se fosse Escritura Sagrada. Como j foi dito, alguns livros que circulavam nas igrejas no primeiro sculo eram bastante respeitados e sua canonicidade chegou a ser considerada possvel durante um bom tempo. Livros como O Pastor de Hermas, Didaqu, as Epstolas de Barnab, e O Apocalipse de Pedro eram lidos em algumas igrejas como se fossem Escrituras. O Pastor de Hermas e o Didaqu chegaram a compor alguns dos fascculos (cdices) de manuscritos, juntos com os 27 livros cannicos. O j mencionado Cdice Sinatico, o mais antigo manuscrito completo do NT existente hoje (datado da segunda metade do Sculo IV) contm esses livros, depois de Apocalipse. Outros livros como O Evangelho de Tom foram logo descartados, pois trazem declaraes absurdas, tais como a referente Maria Madalena: Que Maria se afaste de ns, pois as mulheres no merecem viver. Jesus disse: conduzi-la-ei para torn-la homem para que ela tambm possa tornar-se esprito vivente, semelhana de vs, homens. Pois toda mulher que se fizer homem entrar no reino dos cus. O Pastor de Hermas tambm traz problemas doutrinrios. Esse livro ensina a necessidade da penitncia e a possibilidade de perdo de pecados pelo menos uma vez aps o batismo; ensina tambm que o Esprito Santo era o filho de Deus antes da encarnao e que a Trindade s passou a existir depois que a humanidade de Cristo foi elevada ao cu. Um livro com esses ensinamentos no pode ser cannico. Da mesma forma, os outros livros no reconhecidos pela igreja traziam incoerncias com a doutrina dos apstolos. Assim, embora os oponentes do Cristianismo levantem hoje muita polmica acerca do Cnon do Novo Testamento, nenhum dos livros rejeitados nos trs primeiros sculos merecia realmente estar no Cnon. Eles no passaram nos testes de canonicidade do Novo Testamento, a seguir relacionados. Critrios ou testes de canonicidade no Novo Testamento
Como os cristos decidiam quais eram os livros sagrados? Os critrios eram os seguintes:
A autoria o autor deveria ser um apstolo ou algum credenciado por um apstolo; A doutrina deles deveria ser coerente com a dos apstolos; O uso majoritrio a maioria das igrejas deveria usar o livro em suas reunies; O perodo (poca) em que foram escritos os livros cannicos foram todos escritos no primeiro sculo. A inspirao divina os livros deveriam provocar transformao de vida;
O Cnon da autoria de Deus e ele certamente o preparou. A seleo final dos livros cannicos do Novo Testamento foi feita, em ltima anlise, pelo Esprito Santo, em ao nas vidas de todos aqueles que crem em Cristo. Os livros que Deus inspirou aos apstolos foram preservados pelos cristos. Os outros foram desprezados. Finalizo, reiterando as palavras de GRUDEM (1999), quando diz, Podemos dizer, com a certeza da f, que o Cnon das Escrituras Sagradas hoje exatamente aquele que Deus queria que fosse e assim permanecer at a volta de Cristo. Fontes referenciais:
1. RHODES, Ron. The complete book of Bible answers Answering the tough questions. Eugene,
932 p.
3. MCDOWELL, Josh. Evidncia que exige um veredito: evidncias histricas da f crist. 2. ed:
So Paulo: Editora Candeia, 1996. 331 p. 4. http://www.codexsinaiticus.org/en/codex/content.aspx. Website. Acessado em setembro/2008. 5. GRUDEM, Wayne. O Cnon das Escrituras, em Teologia Sistemtica. So Paulo: Editora Vida Nova, 1999. 1046 p. 6. http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=1025&letter=B#2946. Artigo. The Jewish Canon The Old Testament. Acessado em setembro/2008. 7. http://www.skypoint.com/members/waltzmn/OTCrit.html. Seo de Website. Old Testament Textual Criticism. Acessado em dezembro/2008. 8. NICHOLS, Robert Hastings. Histria da Igreja Crist. 12 ed. So Paulo: Editora Cultura Crist, 2004. 335 p. 9. BAKER, Kenneth et al. Bblia de Estudo NVI. So Paulo: Editora Vida, 2003. 2424 p. 10. http://www.luz.eti.br/es_septuaginta.html. Artigo. Acessado em novembro/2008. 11. http://www.veritatis.com.br/article/3965. A formao do Cnon bblico. Artigo. Acessado em dezembro, 2008. 12. http://bible.crosswalk.com. Website. Acessado em setembro/2008.
[1] Aramaico. Lngua que era falada em vrias partes do oriente mdio, originada no sc. XII a.C. na Sria, Iraque [Babilonia] e Turquia oriental [2] No Cnon Hebraico, os 39 livros do Canon Cristo do Velho Testamento so apenas 22, pois alguns so agrupados em um livro s. [3] Artaxerxes era filho de Xerxes (Assuero, aquele com quem Ester se casou). Reinou na Prsia, de 465 a 424 a.C. e foi sucedido por Xerxes II. [4] Malaquias profetizou at por volta de 420 a.C., depois que o Templo de Jerusalm foi reconstrudo.
[5] GRUDEM, Waine. Teologia Sistemtica. Ed. Vida Nova. [6] muito provvel que o livro sapiencial chamado Eclesistico tenha sido escrito originalmente em Hebraico, porque o prlogo do livro afirma que o mesmo foi traduzido do Hebraico e porque Jernimo, o editor da Vulgata Latina, afirmou que viu o original deste livro, em Hebraico. Alm disso, dois manuscritos hebraicos desse livro foram encontrados entre 1896 e 1900. O autor de Eclesistico foi Jesus, filho de Sirac. O prlogo do livro foi escrito pelo neto do autor quando o traduziu para o Grego, e diz que a traduo do livro foi feita no Egito, no trigsimo oitavo ano do reinado de Ptolomeu Evergetes. A partir desta informao, os estudiosos datam o original de pouco depois do ano 200 a.C. Assim, o livro, embora possa ter sido escrito em Hebraico, foi escrito fora do perodo proftico, e portanto, no cannico. [7] A maioria das pessoas desconhece os estudos e pesquisas aprofundados, realizados pelos telogos eruditos catlicos e evanglicos. O erudito catlico Airton Jos, professor de Antigo Testamento/Bblia Hebraica na Faculdade de Teologia Dom Miele do CEARP Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeiro Preto-SP, demonstra, em seu blog (http://www.airtonjo.com/autoresjudeus01.htm), cabalmente porque a Carta de Aristias a Filcrates um documento falso. A razo porque este documento foi composto muito tempo depois da data atribuda a ele. [8] Os manuscritos existentes da suposta Septuaginta, so os cdices: Vaticano; Sinatico (ambos do Sculo IV) e o Alexandrino (do Sc. V). Cdices so colees de livros encadernados em um s volume, semelhantemente aos livros modernos. [9] Os manuscritos cristos siracos do segundo sculo so altamente importantes no estudo textual da Bblia, uma vez que Antioquia na Sria foi a cidade na qual os cristos primitivos se estabeleceram depois que fugiram de Jerusalm, por causa da perseguio perpetrada pelos Judeus. Foi em Antioquia, onde, pela primeira vez na histria, os seguidores de Cristo foram chamados de cristos (Atos 11.26). bastante razovel concluir que os Antioquinos guardavam cpias fiis dos livros sagrados, tanto hebraicos quanto cristos e os traduziram para o Siraco, para serem lidos pelas futuras geraes ali estabelecidas.