Rede Frio
Rede Frio
Rede Frio
SILVA, M.N., and FLAUZINO, R.F., eds. Rede de frio: gestão, especificidades e atividades [online].
Rio de Janeiro: CDEAD/ENSP/EPSJV/Editora FIOCRUZ, 2017, 348 p. ISBN: 978-65-5708-096-2.
https://doi.org/10.7476/9786557080962.
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Catalogação na fonte
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348 p. ; il.
ISBN: 978-85-8432-019-6
2017
Editora Fiocruz Coordenação de Desenvolvimento Educacional e
Educação a Distância da Escola Nacional de Saúde
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Não é suficiente você fazer o seu melhor;
primeiro você precisa saber exatamente o que fazer,
para depois dar o seu melhor.
W. Edwards Deming
Autores
Alexandre Moreno Azevedo
Economista graduado pela Universidade Estácio de Sá. Especialista em educação
profissional em saúde pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/
Fiocruz). Coordenador do Laboratório de Educação Profissional em Manutenção de
Equipamentos de Saúde (EPSJV/Fiocruz).
Organizadoras
Marileide do Nascimento Silva
Regina Fernandes Flauzino
Enfermeira sanitarista. Doutora e mestre em saúde pública/epidemiologia pela Escola
Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz). Professora adjunta de
epidemiologia do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Colaboradores
Andréa Pereira Laranjeira
Biomédica. Mestre em biologia celular e molecular. Tecnologista em saúde pública do
Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).
Daniele Bessler
Enfermeira da Maternidade Leila Diniz (RJ). Conselheira do Conselho Regional de
Enfermagem (RJ) e docente especialista em resíduos dos serviços de saúde.
Guaracemyr Matos
Especialista técnico em rede de frio de imunobiológicos pela Escola Politécnica
de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). Tecnólogo responsável pelo Setor
de Almoxarifado da Central Nacional de Armazenagem e Distribuição de
Imunobiológicos (Cenadi).
Márcia Danieluk
Enfermeira. Atualmente lotada na Secretaria Estadual de Saúde da Bahia.
Nadja Greffe
Enfermeira. Especialista em saúde pública pela Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro (UniRio). Coordenadora do Programa de Imunizações da Superintendência
de Vigilância em Saúde da Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância
em Saúde da SMS do Rio de Janeiro.
Sumário
Prefácio ........................................................................................................................... 13
Apresentação ................................................................................................................. 15
4. Avaliação da vacinação..................................................................................................................93
Cláudia Othero Nunes Abreu
Akira Homma
Assessor científico sênior de Bio-Manguinhos/Fiocruz; membro do Comitê Executivo da Rede de
Fabricantes de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMM).
As Organizadoras
I Imunização: especificidades e
as bases para a compreensão
da rede de frio de
imunobiológicos
1. Planejamento em saúde
Maria Luiza Silva Cunha e Tereza Cristina Ramos Paiva
Ao longo deste capítulo, buscamos apresentar o planejamento em saúde No Capítulo 8,“Gestão da rede
como fator determinante e propulsor das atividades de imunização e de frio de imunobiológicos”,
demonstraremos a aplicação
da rede de frio de imunobiológicos. Inicialmente, destacamos algumas prática da discussão sobre
concepções que reforçam a importância de se planejar ações para obter planejamento nessa rede.
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Conceito de planejamento
Planejar em saúde não é um modismo ou uma opção de gestão, mas
uma necessidade! Em imunização e em rede de frio, o planejamento
é elemento fundamental, especialmente porque ambas as situações
envolvem um complexo sistema logístico, executado em diversos
níveis ou instâncias, com atuação de inúmeros profissionais, de níveis
e conhecimentos diversos, todos trabalhando em comum para levar as
vacinas a cada recanto ou região deste imenso país que é o Brasil.
Reconhecemos não ser tarefa fácil. Por isso, precisamos que as ativida-
des sejam planejadas adequadamente e acompanhadas em cada etapa,
realizando-se os ajustes necessários, as readequações e/ou reorganiza-
ções, para que se possa garantir sua realização com a máxima eficácia
e o mínimo de risco.
Figura 1 – Reunião de planejamento
O planejamento se constitui em poderosa
ferramenta para as atividades da saúde,
especialmente para a vacinação e para a
rede de frio. Para iniciarmos uma reflexão
acerca do planejamento como importante
ferramenta no processo de gestão, preci-
samos entender como ele é conceituado.
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Planejamento em saúde
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Para refletir
Pense, então: como se dá o planejamento em seu local de trabalho?
Existem fóruns deliberativos e de planejamento? Quem participa? Na
sua opinião, ele é considerado importante para seu trabalho e/ou de
seus colegas?
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Planejamento em saúde
Com base no que vimos até agora, podemos afirmar que o planejamento
é uma etapa fundamental na organização de qualquer atividade, mas,
para realizá-lo e melhor compreender sua importância, precisamos
conhecer como surgiu e quais as concepções adotadas ao longo do tempo.
A literatura faz referência ao fato de que, no início do século XX, no Os modelos de atenção foram
apresentados no Capítulo 2,
contexto de organização dos serviços previsto pelo modelo campanhista “Políticas públicas de saúde e a
de saúde pública, já se utilizavam noções, métodos e técnicas da Teoria organização do SUS”, do livro
Geral da Administração. No entanto, foi a partir da década de 1960 que Rede de Frio: fundamentos para a
compreensão do trabalho (SILVA;
emergiu na América Latina e no Brasil a reflexão teórica e metodo- FLAUZINO; GONDIM, 2016).
lógica voltada às questões específicas do setor de saúde, com o movi- Já as concepções normativa e
estratégica serão apresentadas
mento pelo Planejamento em Saúde (PAIM, 1983 apud TEIXEIRA; SÁ,
no Anexo A,“Contribuições de
1996). Naquela época, surgiram as duas concepções mais importantes Carlos Matus e Mário Testa no
de planejamento: a normativa e a estratégica. planejamento estratégico”, deste
capítulo.
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Concepção estratégica
Surgiu a partir do fim dos anos 1970, tendo em vista a crítica ao
método normativo. A concepção estratégica propôs uma reformulação
do planejamento, incorporando o aspecto político. Um marco, nessa
perspectiva, foi a publicação, no ano de 1975, de “Formulación de
Microeconomia é o ramo da
economia que se ocupa dos Políticas de Salud”, pelo Centro Pan-Americano de Planejamento em
diferentes agentes econômicos, Saúde (CPPS-Opas). Esse documento significou um passo fundamental
entre os quais as empresas e os
consumidores (MICROECONOMIA,
na direção do deslocamento da discussão do planejamento em saúde
[200-]). do âmbito da microeconomia para o âmbito político.
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Planejamento em saúde
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
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Planejamento em saúde
Situação
É o conjunto de problemas identificados, descritos e analisados sobre
determinada realidade na qual se quer intervir. Por exemplo, quando
conversa com uma pessoa sobre as principais dificuldades encontra-
das em seu processo de trabalho, sejam elas operacionais, relacionais,
financeiras, políticas, você está apresentando a sua visão sobre a situa-
ção em questão.
Ator social
Pode ser uma personalidade, uma organização ou um agrupamento
humano que tenha capacidade organizativa, um projeto e controle de
variáveis para produzir fatos na situação.
Poder
É uma relação social que se refere às forças sociais em conflito. É a
capacidade de fazer, de influenciar o que os outros fazem. Está relacio-
nado à governabilidade de determinado ator ao intervir numa determi-
nada ação, por exemplo, a influência que o gestor da rede de frio exerce
sobre os processos de trabalho nessa rede.
Problema
É algo considerado fora dos padrões de normalidade para os atores
sociais que estão analisando a situação. Esses padrões são definidos a
partir do conhecimento, do interesse e da capacidade de agir sobre dada
situação.
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Essas definições de problema bem Os problemas estruturados respondem às regras já estabelecidas, e suas
como uma introdução ao PES são
causas podem ser claramente identificadas, o que possibilita, de forma
brevemente abordadas no
Capítulo 3, “Introdução à óbvia, a sua solução. Esses problemas podem ser resolvidos de forma
vigilância em saúde: vigilância normativa, como, por exemplo, erros na estocagem de imunobiológi-
epidemiológica, vigilância
sanitária, ambiental e saúde do cos, torneira com vazamentos, ou outros que você pode conhecer.
trabalhador”, do livro Rede de Frio:
fundamentos para a compreensão Os problemas quase ou semiestruturados possuem características
do trabalho (SILVA; FLAUZINO;
Gondim, 2016). Lá, o foco está intermediárias, pressupõem certo grau de incerteza. O enfrentamento
na análise das condições de vida desse tipo de problema pode gerar dificuldades em outro problema,
e situação de saúde de uma
população; aqui, discutimos com
o que demanda forte abordagem sociopolítica. Eles dependem de um
vistas ao processo de trabalho enfoque multissetorial, do contexto em que se inserem. Não são con-
em saúde. sensuais e necessitam da atuação estratégica de vários atores para o seu
enfrentamento. A definição de como chegar a uma solução não é muito
clara, pois pode haver várias soluções com graus diferentes de eficácia.
Certamente, não há uma resposta pronta, mas planejar essas ações pode
auxiliar, e muito, a equacionar ou dirimir parte dos riscos e problemas
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Planejamento em saúde
que poderiam vir a ocorrer, caso elas não fossem planejadas. Vale lem-
brar que, associados ao planejamento, o monitoramento e a avaliação
das atividades deverão ser realizados como forma de controle, acompa-
nhamento, revisão e reorganização do trabalho, das ações. Vale lembrar que, ao se
aplicar uma metodologia
com enfoque situacional,
conforme já mencionado,
Para refletir é preciso conhecer a
complexidade dos problemas,
Pense em seu local de trabalho: quais os problemas que você identifica? a governabilidade de intervir
Quais os atores sociais que poderiam planejar mudanças? Quais foram sobre determinado problema
e o nível de organização da
os critérios de sua escolha?
instituição onde se planeja.
Para atender a essas questões,
é necessário, em algumas
situações, combinar métodos
Para auxiliá-lo a resolver determinados problemas em seu local de tra- de planejamento.
balho, apresentamos no Quadro 1, de forma resumida, os principais
momentos que compõem a metodologia do PES para a elaboração de
um plano de ação.
A palavra momentos tem o objetivo de ressaltar a noção de que o pla- O momento explicativo é abordado
nejamento se constitui em um processo dinâmico, construído perma- com maior detalhamento no
Anexo B, “Dinâmica do PES e
nentemente; portanto, tem sentido distinto da palavra etapas. o momento explicativo”, deste
capítulo.
Quadro 1 – Momentos do Planejamento Estratégico Situacional
Momentos do PES O que é O que o compõe
Explicativo (o que É o momento da análise da situação • Identificação dos problemas
foi, é, tende a ser) inicial (SI), para fundamentar a ação. • Priorização
• Explicação do problema
Normativo (o que É o momento de desenhar as ações • Elaboração dos objetivos
deve ser) necessárias e suficientes para atacar as • Definição das ações do plano
causas fundamentais dos problemas
(nós críticos).
Estratégico (o que É o momento para discutir a • Análise de cenários
pode ser) viabilidade estratégica das ações do • Construção da viabilidade
plano para garantir sua realização com estratégica para se atingir a
máxima eficácia. situação-objetivo
Tático-operacional É o momento de fazer, de finalmente • Execução e avaliação do plano
(o fazer) agir sobre a realidade concreta.
Fonte: Matus (1996).
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
O nó crítico pode ter relação com várias causas. Poderia ser a pouca
divulgação sobre a importância da vacinação. Por quê? Se houver maior
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Planejamento em saúde
Identificado e priorizado o problema com suas causas e Foto 3 – A definição dos objetivos visa atacar
nós críticos, devemos passar ao momento normativo, que os nós críticos de um problema
nó(s) crítico(s).
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Sabendo o que se quer atingir com o plano, será possível, então, discu-
tir que ações devem ser realizadas.
Para refletir
Quais as ações que você e sua equipe de trabalho descreveriam para
efetivar o objetivo específico do exemplo anterior?
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Planejamento em saúde
metas propostas, seja do sistema de prestação de contas ou do conteúdo Participação democrática pode
ser entendida como a participação
da participação democrática na condução do plano.
popular nas decisões políticas do
país em referendos, plebiscitos e
Para o acompanhamento e a avaliação do plano, é preciso detalhar: projetos de iniciativa da população.
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Considerações finais
Neste capítulo, você encontrou elementos para melhor compreender o
planejamento associado à complexidade do setor de saúde, entendendo
as diferentes concepções do planejamento em saúde que foram cons-
truídas ao longo da história.
Buscamos fornecer alguns subsídios para você lidar com essa comple-
xidade, especificamente no que se refere ao trabalho em imunização
e em rede de frio. Além desses subsídios, você precisará de outros
elementos e conhecimentos que o ajudem a refletir, organizar e pla-
nejar suas atividades, que serão abordados nos demais capítulos deste
livro. A ideia é possibilitar não somente a reflexão, mas uma atuação
baseada em conceitos sólidos e consistentes que permitam a você, tra-
balhador e leitor, entender criticamente seu trabalho, de modo a se
constituir, efetivamente, em um dos elos desta rede, que é a rede de
frio de imunobiológicos!
Referências
ARTMANN, E. O planejamento estratégico situacional: a trilogia matusiana e uma proposta para o
nível local de saúde (uma abordagem comunicativa). 1993. Tese (Mestrado) – Escola Nacional de
Saúde Pública, Fiocruz, Rio de Janeiro.
HUERTAS, F. O método PES: entrevista com Matus. São Paulo: Fundap, 1996.
MATUS, C. Adeus, senhor presidente: governantes governados. São Paulo: Fundap, 1996.
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Planejamento em saúde
PAGODINHO, Zeca. Deixa a vida me levar. Rio de Janeiro: Universal Music, 2002. 1 CD-Rom, faixa 3.
PAIM, J. S. Planejamento em saúde para não especialistas. In: CAMPOS, G.W. S. et al. Tratado de
saúde coletiva. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2006.
SÁ, M. C.; ARTMANN, E. Planejamento estratégico em saúde: desafios e perspectivas para o nível
local. In: MENDES, E. V. Planejamento e Programação Local da Vigilância da Saúde no Distrito
Sanitário. Brasília, DF: Organização Pan-Americana de Saúde, 1994. p. 19-44.
SILVA, M. N.; FLAUZINO, R. F.; GONDIM, G. M. M. (Org.). Rede de frio: fundamentos para a
compreensão do trabalho. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2016.
TEIXEIRA, C. F.; SÁ, M. C. Planejamento & gestão em saúde: situação atual e perspectivas para a
pesquisa, o ensino e a cooperação técnica na área. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 1,
n. 1, p. 82-103, 1996.
TESTA, M. Pensamento estratégico e lógica de programação: o caso da saúde. São Paulo: Hucitec;
Rio de Janeiro: Abrasco, 1995. p. 5-103.
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Anexo A – Contribuições de Carlos
Matus e Mário Testa no planejamento
estratégico
Análise resumida das contribuições de dois importantes autores vin-
culados ao planejamento estratégico e que influenciaram fortemente o
planejamento em saúde no Brasil.
Carlos Matus
Formulou um modelo de planejamento estratégico baseado nas teorias
da situação, da produção social e da ação interativa. O seu método
para o processamento de problemas e soluções prevê quatro momen-
Assista aos vídeos em que tos: explicativo, normativo, estratégico e tático-operacional. Propõe
Carlos Matus fala sobre o elementos de cálculo de cenários e um instrumental de análise estraté-
Planejamento Estratégico
Situacional, disponíveis em:
gica. Esse autor contribuiu, ainda, com uma proposta de direção estra-
• http://www.youtube.com/
tégica para a administração pública a partir da formulação da teoria
watch?v=RjE7mDEfAW8 das macro-organizações. Esta prevê a reforma vertical da administração
• http://www.youtube.com/ com base em subsistemas de gestão, que se voltam ao “planejamento
watch?v=jWLS4IrFoGA criativo, à descentralização dos sistemas de condução e uma abordagem
de gestão por objetivos ou operações e, por fim, a alta responsabilidade
decorrente do monitoramento, da cobrança e a prestação de contas”
(MATUS, 1996, p.314).
Mário Testa
Um dos autores do Método Cendes-Opas, ele partiu da crítica a essa
metodologia para formular uma proposta de natureza estratégica de
explicação da problemática do setor de saúde, composta por diferentes
diagnósticos: administrativo, estratégico e ideológico. Adota um enfo-
que com um componente fortemente comunicacional, com base na
teoria do agir comunicativo de Rivera (2009).
“Toda a realidade social é explicável por meio da “Para compreender a realidade e tornar-se capaz de
representação como ‘modelos analíticos’ baseados nas prever sua evolução, já não é suficiente nem possível
3
relações sistêmicas de causa-efeito. Previsão e predição reduzir as ações humanas a ‘comportamentos’
são a mesma coisa”. predizíveis”.
“Se o ator que planeja não compartilha a realidade com “Se o ator que planeja compartilha a realidade
outros atores de capacidades equivalentes, então não com outros atores que também planejam, então,
há adversários, e o planejamento pode referir-se apenas necessariamente, o planejamento deve abranger o
ao socioeconômico”. Desse modo, o cálculo estratégico problema de vencer ou minar a resistência dos outros
4
não é necessário, pois “só o Estado planeja com vistas a aos planos que não sejam seus. O planejamento,
alterar os comportamentos dos agentes econômicos”. portanto, não deve ser confundido com a definição
normativa do ‘deve ser’, mas englobar o ‘pode ser’ e a
‘vontade de fazer’.”
Não se consideram as incertezas e os eventos Considera-se a existência da incerteza e dos “problemas
probabilísticos mal definidos; os “problemas quase quase estruturados”.
5 estruturados” não podem existir.
“O plano é produto de uma capacidade exclusiva do O plano não é monopólio do Estado. Qualquer força
Estado, refere-se a um conjunto de objetivos próprios e, social luta por objetivos próprios e está capacitada a
no papel, tem ‘final fechado’ porque a situação-final é fazer um cálculo que precede e preside a ação. Daí que
6
conhecida, bem como os meios para alcançá-la. [...]. A existem vários planos em competição ou em conflito, e
racionalidade técnica deve impor-se para que se chegue o fim está aberto a um número de possibilidades maior
à solução ótima dos problemas”. do que podemos imaginar.
Fonte: Matus (1996, p. 66-69).
Anexo B – Dinâmica do PES e o momento
explicativo
Figura 1 – Dinâmica do PES
Explicativo Normativo
PES
Tático
Operacional Estratégico
Importante!
A priorização de problemas deve considerar a capacidade do ator de
intervir sobre eles. Ao olhar para sua realidade (situação), ele poderá
identificar vários problemas, mas será preciso selecionar aqueles nos quais
ele pode interferir e que são estratégicos para o alcance dos objetivos.
Atenção!
Este é apenas um exemplo, o problema pode não existir em sua realidade.
No entanto, mesmo que haja um problema semelhante, causas diferentes
poderão ser apontadas e, com isso, outras consequências também.
Exemplo:
G Consequências:
• Comprometimento da imunogenicidade.
• Perdas desnecessárias de vacinas.
• Aumento dos custos do PNI.
• Aumento de morbimortalidade por doenças imunopreveníveis.
Como o problema selecionado foi “Uso não exclusivo do refrigerador
para conservação de imunobiológicos na unidade de saúde do bairro de
Boa Vista, no município de Serra Velha, no ano de 2013”, o objetivo
geral foi assim formulado:
G Objetivo geral: utilizar exclusivamente o refrigerador para
imunobiológicos na unidade de saúde do bairro de Boa Vista, no
município de Serra Velha.
Importante!
Não esqueça que estamos apresentando um exemplo, com apenas um
objetivo específico. Um plano pode possuir vários objetivos específicos,
e as planilhas de análise de viabilidade do plano operativo e o
acompanhamento e a avaliação devem conter e analisar todas as ações
possíveis e necessárias para o alcance de cada objetivo.
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O calendário de vacinação brasileiro e as estratégias para imunização da população
As ações de vacinação desenvolvidas pelo PNI são estabelecidas com Desde a sua criação, o PNI
sempre primou pela qualidade
base em critérios para o alcance de seus objetivos, como:
dos imunobiológicos oferecidos
para uso humano. Produtos
G alcançar e manter coberturas vacinais em torno de 95% em todos os
nacionais ou importados passam
municípios brasileiros; por rigorosos controles de
qualidade. Com a criação do
G assegurar a qualidade e o quantitativo das vacinas necessários para Instituto Nacional de Controle de
o cumprimento do calendário de vacinação, garantindo a proteção Qualidade em Saúde (INCQS), em
1981, o país passou a contar com
do indivíduo por meio de controle rigoroso da qualidade dos uma infraestrutura laboratorial
imunobiológicos oferecidos. capaz de avaliar os requisitos de
qualidade dos imunobiológicos
Para alcance dos seus objetivos, o Programa Nacional de Imunizações a serem aplicados na população,
estabelece metas, sendo que a meta básica é vacinar, o mais precoce- atuando em parceria com a
Agência Nacional de Vigilância
mente possível, 100% das crianças que nascem. Todas as metas esta- Sanitária (Anvisa). O INCQS é uma
belecidas pelo programa estão relacionadas com as coberturas vacinais, das unidades técnico-científicas da
Fundação Oswaldo Cruz.
visando atingir coberturas entre 90% e 95% para todos os imunobio-
lógicos como percentual mínimo de alcance para controle, eliminação
e erradicação das doenças imunopreveníveis, meta principal do PNI.
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Calendários de vacinação
As estratégias de vacinação adotadas nos países como ações de saúde
pública têm, em linhas gerais, a finalidade de diminuir a carga de doen-
ças, com redução do número de hospitalizações, casos graves e óbitos,
por meio de atividades de controle, eliminação e erradicação das doen-
ças imunopreveníveis. Os calendários de vacinação são instrumentos
fundamentais para implementação dessas estratégias.
Embora possam existir diferenças De acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde
de calendário entre os países,
todos terão em comum um
(OMS), cada país deve possuir autonomia para adotar seus próprios
elenco básico de vacinas que calendários de vacinação. Estes irão refletir, além do contexto epide-
são consideradas essenciais pela miológico local, as condições socioeconômicas, políticas e culturais
Organização Mundial da Saúde.
daquele país. As ações de imunização serão coordenadas por meio de
programas nacionais de imunizações, com metas definidas.
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O calendário de vacinação brasileiro e as estratégias para imunização da população
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Ao longo dos anos, outras vacinas têm sido acrescidas àquelas intro-
duzidas no calendário de vacinação brasileiro, instituído pela Portaria
MS n. 452/1977(BRASIL, 1977), o que tem permitido manter atuali-
zada a vacinação de rotina no país.
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O calendário de vacinação brasileiro e as estratégias para imunização da população
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Cada vacina tem seu esquema vacinal específico: o volume a ser apli-
cado, o número de doses necessárias e oportunas para a efetiva pro-
teção e as idades para aplicação. O calendário nacional de vacinação
apresenta esquemas diferenciados para criança, adolescente, adulto,
idoso, gestante e populações específicas, como a dos povos indígenas.
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O calendário de vacinação brasileiro e as estratégias para imunização da população
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
O Planejamento Estratégico Ao planejar com o enfoque do PES, é preciso considerar diversas visões
Situacional foi apresentado no sobre determinada realidade no intuito de construir consensos sobre
Capítulo 1, “Planejamento em
saúde”, deste livro. ações estratégicas que possam auxiliar na resolução ou diminuição de
problemas naquela realidade. Os problemas contribuem para eluci-
dar uma situação de saúde e as condições de vida de uma população.
Eles irão se juntar aos dados de mortalidade e morbidade e com as
necessidades de saúde para configurar um cenário (contexto local) ou
situação-problema (situação de saúde e condições de vida), para a qual
se podem desenhar várias soluções (ações intersetoriais) ou situações-
-objetivo – onde se deseja chegar. Os problemas podem conter riscos,
vulnerabilidades, doenças e mortes, elementos com capacidade para
gerar explicações e intervenções da melhor maneira possível.
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O calendário de vacinação brasileiro e as estratégias para imunização da população
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
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O calendário de vacinação brasileiro e as estratégias para imunização da população
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Estratégias de vacinação
Estratégia pode ser definida como o caminho escolhido para se atingir
determinada meta. É o “como fazer”. No caso da vacinação, a estratégia
é o caminho escolhido para se conseguir oferecer o imunobiológico ao
público-alvo que dele necessita, no menor prazo, alcançando a prote-
ção e, em consequência, o controle, a eliminação ou a erradicação da
doença.
60
O calendário de vacinação brasileiro e as estratégias para imunização da população
Como já dissemos, o PNI tem como meta básica vacinar 100% da popu-
lação infantil, o mais precocemente possível. Diversas estratégias são
utilizadas para o alcance dessa meta, como vacinação de rotina (calen-
dário), extramuros, campanhas etc.
Vacinação de rotina
A vacinação de rotina consiste no atendimento da população no dia a
dia do serviço de saúde. Essa estratégia permite o acompanhamento
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Vacinação extramuros
As atividades extramuros são adotadas em função de uma necessidade
operacional ou epidemiológica que exige colocar a vacinação mais
acessível e próxima da população. Seu principal objetivo é eliminar
bolsões de suscetíveis, sobretudo na realização da prática de vacinação
nas residências e instituições em geral, como escolas, creches, empresas,
orfanatos etc. Essa atividade tem como finalidade alcançar pessoas que
não são vacinadas na rotina; população em situação de rua; acampada;
boias-frias etc. Essa prática possibilita, também, atender populações
com maior dificuldade de ser vacinadas, em especial pessoas que vivem
em áreas rurais de difícil acesso: populações indígenas, ribeirinhos, qui-
lombolas (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA; FUN-
DAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, 2000; BAHIA, 2011).
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O calendário de vacinação brasileiro e as estratégias para imunização da população
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Vacinação de bloqueio
A vacinação de bloqueio é uma atividade executada quando há ocor-
rência de um ou mais casos de doença prevenível pela vacinação. Ela
visa interromper a cadeia de transmissão de doença mediante a vacina-
ção de todos os suscetíveis, em curto espaço de tempo.
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O calendário de vacinação brasileiro e as estratégias para imunização da população
Campanhas de vacinação
As campanhas de vacinação são estratégias diferenciadas da rotina, com No Capítulo 3 do livro Rede
abrangência limitada e que visam ao controle de doenças de maneira de Frio: fundamentos para a
compreensão do trabalho, a
intensiva, com vacinação em massa da população-alvo, ou a extensão estratégia de campanha de
da cobertura vacinal, para complementação do serviço de rotina. São vacinação é exemplificada
na discussão da importância
estratégias que visam ao controle de pandemias, epidemias e surtos, das ações de saúde pautadas
ou à manutenção da eliminação/erradicação de determinada doença em base territorial. São as
imunoprevenível. informações sobre o território
que irão apontar como irá se
desenvolver a campanha: qual
Ações de intensa mobilização da comunidade, principalmente por meio o público-alvo a ser vacinado; a
dos veículos de comunicação de massa e da ampliação do número de quantidade necessária de vacinas;
os locais de vacinação; a forma de
postos, contribuem para o sucesso das campanhas, permitindo que a comunicação sobre a campanha;
população fique mais próxima da vacina, possibilitando o alcance de as formas de distribuição e
acondicionamento das vacinas
maiores contingentes e a obtenção de altos índices de cobertura. e a duração da campanha,
entre outros (SILVA; FLAUZINO;
O alto custo financeiro e a grande mobilização de recursos (humanos, GONDIM, 2016).
institucionais) e da comunidade são fatores a serem considerados, mas
que não devem impossibilitar a realização da campanha. A oportuni-
dade da campanha deve ser aproveitada para se administrarem todas as
vacinas em crianças ou em outros grupos de risco, iniciando ou com-
pletando o esquema de vacinação estabelecido.
65
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Autóctone, diz-se daquilo que G 1980: foi realizada a 1ª Campanha Nacional de Vacinação contra
é natural da região onde ocorre
(DICIO, 2009).
a poliomielite, com a meta de vacinar todas as crianças menores
de 5 anos de idade em um só dia. Graças aos resultados obtidos ao
longo dos anos, em 1989 foi notificado o último caso de poliomielite
no Brasil. Em setembro de 1994, junto com os demais países das
Américas do Norte, Central e Sul, o Brasil recebeu da Comissão
Internacional para a Certificação da Ausência de Circulação
Autóctone do Poliovírus Selvagem nas Américas o certificado de que
a doença e o vírus foram eliminados do continente.
Com o objetivo de sensibilizar o público, especialmente o infantil,
para a importância da vacinação, em 1986 foi criado o personagem
Zé Gotinha, pelo artista Darlan Rosa. Utilizado pela primeira vez na
campanha contra a pólio da década de 1980, o Zé Gotinha tornou-se
uma referência e é utilizado, até hoje, em diversas campanhas de
vacinação, passando por adaptações ao longo do tempo.
66
O calendário de vacinação brasileiro e as estratégias para imunização da população
Soros heterólogos
São soluções injetáveis de imunoglobulinas específicas, purificadas e O Anexo B deste capítulo lista os
soros heterólogos distribuídos pelo
concentradas, obtidas de soros de equinos hiperimunizados com vene-
PNI/MS.
nos de animais peçonhentos, ou produtos de microrganismos que
protegem o indivíduo mais rapidamente do que as vacinas, pois são
anticorpos já prontos. Têm durabilidade limitada, com vida média em
torno de 14 dias. São utilizados em caso de acidentes com animais peço-
nhentos, para os quais não existem vacinas, ou em risco eminente de
doenças como o tétano, a raiva e a difteria, em pessoas não imunizadas.
Os soros heterólogos podem induzir reações alérgicas, em algumas pes- Imunocomplexos são antígenos
ligados a IgG e IgM que causam
soas, ou depósitos de imunocomplexos que levam à doença do soro, em
uma reação de hipersensibilidade,
resposta a proteínas estranhas oriundas do animal. Em virtude disso, ao se depositarem na parede dos
existe a recomendação de se administrar esses soros em ambiente onde vasos, e provocam uma reação
inflamatória que lesiona o tecido
o paciente possa receber assistência imediata, caso alguma reação anor- celular, prejudicando o seu
mal ocorra (ambiente hospitalar, Unidades de Pronto Atendimento). funcionamento.
67
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Com base no que foi apresentado, agora você é capaz de entender por
que, em algumas situações, se utiliza a vacina, em outras, a vacina e o
soro, e em outras mais, só o soro.
68
O calendário de vacinação brasileiro e as estratégias para imunização da população
Imunobiológicos especiais
Os imunobiológicos especiais (vacinas e imunoglobulinas hiperimu-
nes) são adquiridos pelo Ministério da Saúde para atender pessoas que,
por motivos biológicos, são impedidas de receber os produtos que se
encontram na rotina e disponibilizados na rede pública. Esses produtos
são administrados em locais específicos, como os Centros de Referência
para Imunobiológicos Especiais (Crie).
Sobre os Crie
Em 1993, iniciou-se no Brasil a implantação dos Crie, que são salas
públicas de vacinação, geralmente localizadas em instituições hospitalares, Para obter mais informações
onde são disponibilizados imunobiológicos não contemplados na rotina, sobre vacinas especiais e
protocolos de indicação,
chamados de imunobiológicos especiais. consulte o Manual dos Crie
Os Crie disponibilizam imunobiológicos especiais e imunoglobulinas de (MS), disponível no link
69
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Considerações finais
Neste capítulo foi possível conhecer um pouco sobre o Programa Nacio-
nal de Imunizações e as diferentes estratégias de vacinação, as quais
visam alcançar o principal objetivo do PNI, qual seja, vacinar 100% da
população brasileira.
70
O calendário de vacinação brasileiro e as estratégias para imunização da população
Referências
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
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http://pni.datasus.gov.br;
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http://www.sbp.com.br
74
Anexo A – Campanhas nacionais
de vacinação
Campanha nacional de vacinação População-alvo
Influenza Crianças de 6 meses a menores de 2 anos de idade,
gestantes, puérperas até 45 dias após o parto, pessoas
com 60 anos de idade e mais, trabalhadores da saúde,
população privada de liberdade, povos indígenas e
indivíduos com comorbidades.
Poliomielite Crianças de 6 meses a menores de 5 anos de idade.
Multivacinação Crianças menores de 5 anos de idade.
(todas as vacinas do calendário
básico de vacinação da criança para
atualização de esquema vacinal)
Seguimento contra o sarampo Crianças menores de 5 anos de idade.
(a cada cinco anos ou de acordo
com a situação epidemiológica)
Fonte: Portaria n. 1.498, de 19 de julho de 2013 (BRASIL, 2013).
Anexo B – Soros heterólogos distribuídos
pelo PNI/MS
1. Soro anticrotálico (SACR): acidentes com serpentes do gênero
Crotalus (cascavel).
2. Soro antibotrópico (SABR): acidentes com serpentes do gênero
Bothrops (jararaca, jararacussu, urutu, cotiara e outras
3. Soro antibotrópico-crotálico (SABC): acidentes com serpentes do
gênero Crotalus e Bothrops.
4. Soro antielapídico (Sael): acidentes com serpentes do gênero
Micrurus (corais verdadeiras).
5. Soro antibotrópico-laquético (SABL): acidentes com serpentes do
gênero Bothropse lachesis (surucucus).
6. Soro antiaracnídico (Saares): acidentes com aranhas do gênero
Phoneutria (aranha armadeira) e do gênero Loxosceles (aranha
marrom). Pode ser utilizado na falta do soro antiescorpiônico,
uma vez que contém, em sua formulação, a imunoglobulina do
escorpião Tityusserrulatus (Tr).
7. Soro antiescorpiônico (Saes): tratamento dos envenenamentos
provocados por picadas de escorpião do gênero Tityus.
8. Soro antilonômico (Salo): acidentes com lagarta Lonomia obliqua
(taturana).
9. Soro antibotulínico (SAB): visa eliminar uma potente toxina
produzida pela bactéria Clostridium botulinum, que causa o
botulismo.
10. Soro antiloxoscélico (SALX): acidentes com aranhas das espécies
Loxosceles laeta, Loxosceles gaucho e Loxosceles intermedia (aranha
marrom).
11. Soro antitetânico (SAT): imunoglobulinas específicas e purificadas
obtidas de plasma de equinos hiperimunizados pela toxina do
bacilo Clostridium tetani.
12. Soro antidiftérico (SADF): imunoglobulinas específicas e
purificadas obtidas de plasma de equinos hiperimunizados pela
toxina do bacilo Corinebacterium diphtheriae.
13. Soro antirrábico (SARH): imunoglobulinas específicas obtidas do
plasma de equinos vacinados contra a raiva.
Fonte: Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (BRASIL, 2006).
Anexo C – Imunobiológicos especiais
distribuídos pelo PNI/MS
1. Vacina hepatite B (recombinante) – HB
2. Vacina poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) – VIP
3. Vacina varicella – Varc
Para obter mais informações
4. Vacina influenza – FLU sobre as vacinas especiais e
os protocolos de indicação,
5. Vacina adsorvida meningocócica C (conjugada) – Meningo Conj C consulte o Manual dos
6. Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada) – Pncc10V Centros de Referência para
Imunobiológicos Especiais
7. Vacina pneumocócica 23-valente (polissicarídica) – Pncc23V (Crie) do Ministério da
Saúde, disponível na parte
8. Vacina haemophilus influenzae B (conjugada) – Hib de Publicações do endereço
9. Vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis (acelular) – tríplice eletrônico:
Muitos dos EAPV que são Tais associações são inevitáveis e ocorrem em função de diversos fatores.
temporalmente associados
No entanto, até a finalização de um processo de investigação (calcado
à vacinação podem ser
consequências de doenças em avaliação clínica e laboratorial criteriosa), que discutiremos mais
intercorrentes que aparecem ou adiante, não se pode afirmar que haja relação de causa e efeito entre
se exacerbam no momento da
vacinação, ou mesmo causados por a ocorrência de um evento e a vacinação. Por isso, usa-se a expressão
fatores neurológicos prévios etc. evento adverso, e não reação, pois esta última implicaria uma relação
de causa e efeito ainda não determinada.
Eficácia é a capacidade de
alcançar o efeito esperado ou 1. O monitoramento dos eventos adversos sempre foi uma preocupação
desejado por meio da realização mundial.
de uma ação. Resulta em
atingir o objetivo proposto, em 2. Para minimizar seus riscos, o desenvolvimento de uma vacina é cercado
executar algo de acordo com o de cuidados com a segurança e qualidade, com o objetivo de obter um
determinado.
produto com maior grau de proteção/eficácia e o mais inócuo possível,
ou seja, com menor potencial de causar eventos indesejáveis.
3. Caso ocorra EAPV, sua investigação é fundamental para que o evento
não seja atribuído à vacina, sem a devida comprovação científica, e se
possa manter a confiabilidade das vacinas na proteção da população.
80
Vigilância epidemiológica em eventos adversos pós-vacinação
81
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Comorbidade é um termo Em relação aos vacinados, fatores como idade, sexo, antecedentes alér-
utilizado para descrever a
gicos, comorbidade devem ser considerados em casos de EAPV. Mere-
ocorrência simultânea de dois ou
mais problemas de saúde em um cem, também, atenção especial aqueles relacionados à preparação e/
mesmo indivíduo. ou à aplicação dos imunobiológicos, como agulha e seringa utilizadas,
Eventos inusitados são aqueles contaminação no ato da preparação ou aplicação, técnica de aplicação
decorrentes de algum erro ou falha
incorreta etc. São esses procedimentos técnicos que, quando inadequa-
no preparo ou na administração da
vacina (dose, via, local etc.). dos, causam eventos inusitados, conforme apresenta o Exemplo 1, a
seguir.
82
Vigilância epidemiológica em eventos adversos pós-vacinação
Para refletir
Com base nessa classificação, que eventos adversos você relacionaria como
os mais prováveis de acontecer e que fatores estariam envolvidos para
desencadeá-los? Quais medidas poderiam ser adotadas para minimizá-los?
83
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
84
Vigilância epidemiológica em eventos adversos pós-vacinação
A vigilância do evento adverso faz parte da farmacovigilância dos imu- Farmacovigilância refere-se a
um conjunto de procedimentos
nobiológicos e é definida como as atividades relativas a detecção, ava-
relacionados a detecção, avaliação,
liação, compreensão e prevenção de eventos supostamente atribuíveis compreensão e prevenção de
à vacinação. Foi instituída pelo PNI, em 1993, considerando o crescente reações adversas a medicamentos
ou quaisquer outros possíveis
número de imunobiológicos disponíveis e o aumento das exigências em problemas relacionados a
relação a sua qualidade e segurança. O propósito principal é investigar fármacos.
qualquer ocorrência indesejada após a aplicação de uma vacina e/ou A farmacovigilância de vacinas
de um soro, mesmo que a manifestação clínica, local ou sistêmica, seja e outros produtos, por exemplo,
uma associação temporal, uma suspeição (suspeita). é regulamentada pela Portaria
Conjunta n. 92, de 9 de outubro
de 2008 (BRASIL, 2008), que
dispõe sobre a articulação entre
Arcabouço legal relacionado à vacinação a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), a Secretaria de
As atividades de imunização são realizadas de acordo com um exigente Vigilância em Saúde (SVS/MS) e o
perfil de segurança e sustentadas por arcabouços legal e jurídico, que Instituto Nacional de Controle de
atendem não somente à produção de vacinas, mas também à vigilância de Qualidade (INCQS/Fiocruz/MS).
85
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
86
Vigilância epidemiológica em eventos adversos pós-vacinação
87
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
88
Vigilância epidemiológica em eventos adversos pós-vacinação
Outra questão que deve ser considerada e que vem ganhando desta-
que na atualidade é a dor causada pela vacinação, entendida como
um evento que pode levar à recusa de vacinação. Estima-se que 10%
da população mundial tem medo de agulhas e injeções, conforme cita
Gavura (2010 apud MOREIRA; OLIVEIRA, 2015) ao estabelecer a rela-
ção entre dor e aplicação de vacinas.
Considerações finais
A tarefa da vigilância epidemiológica dos eventos adversos pós-vaci-
nação é realizar o monitoramento desses eventos de forma a permitir
que os benefícios alcançados com a utilização das vacinas sejam sempre
superiores a seus possíveis riscos.
89
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Referências
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90
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91
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saúde. Centro de Vigilância Epidemiológica Prof. Alexandre
Vranjac. Norma técnica do programa de imunização. São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.
cve.saude.sp.gov.br/dtm/imuni/imuni_doc.htm>. Acesso em: 9 nov. 2015.
92
4. Avaliação da vacinação
Cláudia Othero Nunes Abreu
Para que esses objetivos sejam alcançados, são estabelecidas metas. Meta
é a quantificação do objetivo e deve ser perseguida em todas as etapas
e instâncias do sistema de vacinação, especialmente no que se refere ao
Como a estimativa é alcançar trabalho articulado entre os profissionais da vacinação e os da rede de
o mais alto nível de cobertura
e de forma homogênea, os
frio. Em vacinação, as metas principais são definidas em percentuais de
profissionais da saúde devem cobertura, os quais, por sua vez, são estabelecidos com base nas carac-
atentar para o fato de que terísticas epidemiológicas das doenças e nas características da vacina.
obter um percentual de 90%
a 95% não significa atender
à meta pretendida, mas sim Embora sejam produzidas com alto grau de segurança e confiabilidade,
o percentual mínimo a ser as vacinas necessitam de uma rede de procedimentos que funcione,
alcançado para controle,
erradicação ou eliminação das
em todas as suas etapas, de forma eficiente e articulada, para garantir a
doenças imunopreveníveis. proteção desejada e atingir outras metas, como redução da ocorrência
de eventos adversos pós-vacinação (EAPV), satisfação dos usuários etc.
Registro
O registro dos dados relacionados O registro das atividades de vacinação deve ser realizado em todas as
à vacinação e aos imunobiológicos instâncias do programa de imunizações, principalmente para fornecer
é concentrado, atualmente,
no Sistema de Informações do dados que auxiliem o acompanhamento, a análise e a consequente ava-
Programa Nacional de Imunizações liação do trabalho desenvolvido e de seus resultados. É realizado por
(SI-PNI), que é abordado no
próximo capítulo.
meio de instrumentos específicos, que servem de base de dados para
alimentar o sistema de informação (SI) e podem ser de diversos tipos:
formulários, fichas, boletins, mapas, gráficos etc., dispostos em meio
físico ou on-line. Depois de consolidados pelos municípios, os dados são
encaminhados para as demais esferas de gestão, até o nível nacional.
Como exemplo, no Anexo A, temos a ficha de registro do vacinado.
94
Avaliação da vacinação
Monitoramento e avaliação
Monitorar significa seguir, acompanhar. O monitoramento das ativida-
des de vacinação, portanto, objetiva o acompanhamento dessas ativida-
des e da cobertura vacinal, verificando:
G se as metas foram alcançadas;
G em que medida a população-alvo foi atendida;
G se o resultado está de acordo com o planejado e preconizado,
incluindo a utilização de todos os recursos: materiais e humanos.
95
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Todas essas ações deverão ser O monitoramento e a avaliação devem ser realizados de forma contínua
registradas, conforme discutido no
item anterior.
e sistemática. Para tanto, é necessário dispor de métodos, instrumen-
tos e indicadores precisos, que expressem o conjunto das atividades da
vacinação em todas as instâncias. A partir dos resultados do monitora-
mento e da avaliação é que os profissionais irão verificar a necessidade
de elaborar e desenvolver novas estratégias, como campanhas, vacina-
ção de bloqueio, atividades extramuros, vacinação casa a casa e/ou de
grupo específicos etc.
96
Avaliação da vacinação
Para refletir
Como você avalia que possa contribuir para uma supervisão eficaz no
seu processo de trabalho, considerando o objetivo final de manter a
qualidade dos imunobiológicos e contribuir para uma boa cobertura
vacinal da população?
Importante!
A supervisão, como um dos métodos de avaliação, deve ser realizada
de forma cooperativa, conjunta e planejada; seus resultados devem
ser sistematizados em relatórios objetivos e sucintos, de acordo com o
propósito para a qual foi planejada.
97
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Indicadores
A definição de indicadores é
apresentada no Capítulo 5, No contexto do PNI, utilizamos indicadores buscando analisar os resul-
“Indicadores de saúde e sistemas
tados obtidos e o impacto causado pelas ações do programa. Em vacina-
de informação em saúde:
instrumentos para analisar a ção, o principal indicador é o índice de cobertura vacinal que, associado
saúde da população”, do livro aos demais, permite o alcance do principal objetivo: aumentar a cober-
Rede de Frio: fundamentos para a
compreensão do trabalho (Silva; tura vacinal de forma homogênea e reduzir a morbimortalidade dos
Flauzino; Gondim, 2016). diversos grupos suscetíveis. A seguir detalharemos um pouco mais esse
98
Avaliação da vacinação
indicador, bem como outros também utilizados pelo PNI para monito-
rar as ações de vacinação.
245
Taxa de cobertura = x 100 = 99,5%
246
99
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Indicador homogeneidade
De acordo com o Manual de procedimentos para vacinação (FUNDAÇÃO
NACIONAL DA SAÚDE, 2001), “a redução da morbidade e da mortali-
dade por doenças imunopreveníveis somente será possível se os indica-
dores de cobertura forem mantidos elevados e homogêneos”.
Os bolsões de não vacinados Este indicador é uma ferramenta de avaliação fundamental, pois per-
se formam pela falta de mite que equipe e gestores possam:
acesso à vacinação ou pelo
abandono dos esquemas G identificar, em caso de baixa homogeneidade, os grupos de
vacinais. É importante cobrar
dos responsáveis a garantia do suscetíveis (bolsões de não vacinados), as áreas de risco e/ou de
acesso à vacinação e investigar exclusão e as pessoas com dificuldade de acessar os serviços de
as razões do abandono da
saúde (maior concentração da população em estado de pobreza, de
vacinação, para se adotar
medidas que evitem o acúmulo migração);
de suscetíveis e a formação
desses grandes bolsões, G realizar as intervenções necessárias para redução ou eliminação
que possam comprometer o do problema por meio de várias estratégias (busca de faltosos,
controle epidemiológico da
doença. campanhas de vacinação extramuros, monitoramento
domiciliar etc.).
100
Avaliação da vacinação
101
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Taxa de abandono
Possibilita a avaliação da proporção de vacinas aplicadas que não com-
pletaram o esquema básico. É expressa pelo percentual de pessoas
que não chegaram a completar o mínimo de doses do esquema para
uma vacina específica. Seu cálculo pode ser realizado diretamente pelo
SI-PNI, com uso da seguinte fórmula:
Indicadores de qualidade
Permitem avaliar vários aspectos como:
G acessibilidade: revela a quantidade dos serviços disponíveis à
população, as dificuldades financeiras e de acesso aos serviços,
as barreiras físicas e geográficas, as questões estruturais etc. que
impedem o usuário de receber a vacina; a análise desse indicador
deve ser realizada com base nas necessidades da população e nas
condições de utilização dos serviços de saúde;
G satisfação do usuário: demonstra a percepção da população sobre o
serviço prestado, no que diz respeito à relação entre o profissional
de saúde e o paciente, à infraestrutura do serviço e ao significado
de saúde e doença; para o gestor, importa conhecer o que pensa
102
Avaliação da vacinação
Considerações finais
A avaliação é de fundamental importância para as atividades de vaci-
nação, devendo ser realizada sistematicamente no conjunto das ações
da atenção básica.
103
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Referências
BAHIA. Secretaria da Saúde. Coordenação do Programa Estadual de Imunizações. Manual de
procedimento para vacinação. Salvador, 2011.
104
Avaliação da vacinação
MORAES, J. C. et al. Qual é a cobertura vacinal real? Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília,
DF, v. 12, n. 3, p. 147-153, set. 2003.
SILVA, M. N.; FLAUZINO, R. F.; GONDIM, G. M. M. (Org.). Rede de frio: fundamentos para a
compreensão do trabalho. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2016.
105
Anexo A – Ficha de registro do vacinado
Motivo de indicação Continuação Motivo de indicação
1 Abuso sexual 55 Prematuridade
2 Acidente c/ mat. biológico positivo/fortemente suspeito de infecção 56 Prevenção da infecção perinatal pelo vírus HB
por VHB
57 Profilaxia após exposição de risco
3 Adultos com HIV/AIDS portadores do VHB ou VHC
58 Profissional de saúde
4 Asma grave
59 Receptores de transplante de medula óssea
5 Asma moderada
60 Risco de tétano neonatal
6 Asplenia anatômica ou funcional e doenças relacionada
61 síndrome nefrótica
7 Candidatos a transplante de órgão sólido
62 Subst. de vacinas bacterianas por DTPa+Hib
8 Cardiopatias crônicas
63 Suscetibilidade à doença e imunocompetentes em convívio
9 Cardiopatias em < 2 anos imunodeprimidos
10 Coagulopatias 64 trabalhadores de campanhas de esgoto sanitário
11 comunicantes domiciliares de imunodeprimidos 65 Transplante de medula óssea
12 comunicantes sexuais de portadores de HVB 66 Transplante de órgão sólido
13 Contato domiciliar 67 Trissomias
14 contato hospitalar 68 Uso crônico AC Acetil Salicilico
15 controle de surto de varicela em ambiente hospitalar 69 Viajante
16 convívio com portadores de VHB 70 Processo jurídico
17 Crianças <13 anos com HIV/AIDS 71 Não informado
18 Deficiência isolada de imunidade humoral e celular preservada Especialidade do Solicitante
19 Dermatopatias graves 1 Cirurgião dentista
20 Diabetes mellitus 2 Cirurgião dentista odontopediatria
21 Doadores de órgãos sólidos ou de medula óssea 3 Clinica geral
22 Doadores de sangue 4 Dermatologia
23 Doença convulsiva crônica 5 Enfermeiro
24 Doença de depósito 6 Geriatria
25 doença neurológica crônica incapacitante 7 Gerontologia
26 Encefalopatia (7 dias subsequentes à vacinação com vacina bacteriana) 8 Ginecologia
27 Evento adverso prévio 9 Hansenologia
28 Fibrose cística (mucoviscidose) 10 Hematologia
29 filho de mãe HIV+exposto 11 Infectologia
30 Fístula liquórica 12 Médico residente
31 Hemoglobinopatias 13 Nefrologia
32 Hepatopatias crônicas e portadores de Hepatite C 14 Neonatologia
33 HIV/AIDS 15 Neurocirurgia
34 Hospitalizado 16 Neurologia
35 Implante de clóquea 17 Obstetrícia
36 Himunocompetente > 1 ano contato hospitalar 18 Otorrinoralingologia
37 Imunodeficiência adquirida 19 Pneumologia
38 Imunodeficiência congênita 20 Reumatologia
39 Imunodefi ciência congênita da unidade humoral (particularmente do
complemento de lectina fixadora de mamose) 21 Saúde da família
41 Imunodeficiência devido a câncer ou imunossupressão terapêutica 22 Serviço de alergista
42 Imunodepressão terapêutica 23 Serviço de atend. ao diabético
43 Imunodepressão terapêutica ou devido a câncer 24 Serviço de atend. de hanseníase
44 Imunodeprimidos 25 Serviço de cardiologia
26 Serviço de cirurgia cabeça e pescoço
45 Infectados pelo HIV/Aids (se suscetíveis a varicela, assintomáticos ou
oligossintomáticos) 27 Serviço de cirurgia aparelho digestivo
46 Leucemia linfócita aguda e tumores sólidos 28 Serviço de cirurgia geral
47 Hão soro conversão 29 Serviço de cirurgia ginecológica
48 Hefropatias crônicas/dialisados/síndrome nefrótica 30 Serviço de cirurgia pediátrica
49 Pneumopatias crônicas 31 Serviço de endocrinologia
50 Pneumopatias crônicas em <2 anos de idade (risco de descompensação
em vigência de febre) 32 Serviço de imunologia
51 Politransfundidos 33 Serviço de pediatria
52 Portadores crônicos do VHB
53 Potenciais receptores de múltiplas transfusões de sangue
54 Pré-quimioterapia (protocolos)
Fonte: http://pni.datasus.gov.br/Download/SIPNI/ficha_registro_vacinado.pdf
5. Sistemas de Informações
do Programa Nacional de
Imunizações
Walkyria Hercilia Carneiro e Marileide do Nascimento Silva
110
Sistemas de Informações do Programa Nacional de Imunizações
Implantação do SI-PNI
O SI-PNI foi implantado em 2010, mas somente a partir de 2012 foi Lembramos que, durante a fase
de implantação do SI-PNI, foi
possível expandir o sistema, com a disponibilização de recursos para utilizado um sistema intermediário,
compra de equipamentos de informática para as salas de vacina. Todos o Sistema de Informações de
os estados e municípios que aderiram à Portaria n. 2.363/2012 rece- Avaliação do Programa de
Imunizações (API-WEB). A compra
beram o recurso para a compra dos equipamentos, tendo, como prazo dos equipamentos necessários
final, o ano de 2014 para implantação do SI-PNI (Ofício Circular n. para a implantação do SI-PNI nas
123/2013- GAB/SVS/MS). salas de vacina foi viabilizada por
recursos alocados pela Portaria
n. 2.363/2012 (BRASIL, 2012).
A Figura 1 demonstra os subsistemas que integram o SI-PNI e as prin-
cipais informações disponibilizadas por ele.
111
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Figura 1 – O SI-PNI
Controle de Vacinas:
Sistema • Lotes
Individualizado:
SI-PNI • Quantidade
• Dados do usuário • Frascos abertos
• Doses aplicadas
on-line,
Insumos utilizados Coberturas vacinais Doses aplicadas via WEB
INDICADORES
Taxas de abandono Eventos adversos
Vantagens
• Permitir a obtenção de indicadores por município.
• Incorporar outras variáveis importantes para o PNI: estratégia de vacinação
utilizada, pertencimento a grupos populacionais específicos etc.
• Permitir informações sobre a movimentação de imunobiológicos em todos os
níveis do programa.
• Possibilitar informações sobre a mobilidade dos indivíduos, adesão e evasão ao
programa, coberturas vacinais e homogeneidade de coberturas mais reais.
• Estimular a informatização das salas de vacina e socialização das informações.
112
Sistemas de Informações do Programa Nacional de Imunizações
Funcionamento do SI-PNI
O sistema utiliza dois instrumentos de coleta de dados: um para o regis-
tro de doses aplicadas na sala de vacinação (ficha do vacinado) e outro
para o registro da movimentação das doses de imunobiológicos em
todas as esferas de gestão do PNI.
113
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Base de dados
Município Município
Central
do SI-PNI
Instrumentos
CG-PNI
Instrumentos Instrumentos
Base de dados
Município CG-
Central
Unidade PNI
Estado do SI-PNI
Regional
Regional Regional
Unidade Unidade Unidade
Instrumentos Estado
CG-
Fonte: Elaboração do autor. Unidade Unidade PNI
Instalação do SI-PNI
O processo de instalação do SI-PNI é bastante simples; é possível acessar
Unidade Regional
o pacote de instalação, esclarecer dúvidas sobre como importar dados
para outros sistemas nominais, desinstalar ou reinstalar o sistema, a Estado
A página do DATASUS partir do site do DATASUS dedicado ao sistema. Pode ser instalado em
Unidade
dedicada ao SI-PNI é http://si- rede, com vários computadores interligados, compartilhando os regis-
pni.datasus.gov.br
tros do SI-PNI.
114
Sistemas de Informações do Programa Nacional de Imunizações
Utilização do SI-PNI
A utilização do sistema e a entrada de dados são possíveis, somente, por
usuários cadastrados. Portanto, para utilizá-lo, o primeiro passo deve
ser o cadastro de todos os operadores, incluindo o usuário com perfil
de administrador, que pode cadastrar os demais operadores, conforme
o nível de habilitação (administrador, digitador, vacinador etc.). Para
cadastrar cada usuário, devem ser informados:
G dados pessoais;
G login e senha;
G tipo de habilitação;
G status (ativo ou inativo);
G nível de instância onde ocorrerá o registro.
115
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
116
Sistemas de Informações do Programa Nacional de Imunizações
Exemplos de ocorrências
Em determinada unidade básica de saúde (UBS), foram recebidos da rede
de frio local, no mês de fevereiro, 1.000 frascos da vacina hepatite B, 300
doses do BCG e 1.500 frascos da poliomielite atenuada, por solicitação da
enfermeira responsável pelo setor de imunização.
No início do mês, na mesma UBS, havia 200 frascos de hepatite B, 200 de
BCG e 500 da poliomielite. E no dia do recebimento mencionado, a UBS
tinha três frascos de hepatite, um de BCG (além dos 300) e um de pólio
em uso. Destes, um frasco de hepatite foi quebrado durante o manuseio e
outro, contaminado na hora de abrir. Por necessidade, outra UBS solicitou
a essa unidade 40 frascos de pólio, que foram enviados.
No fim da tarde, durante o processo de limpeza da sala, a tomada do
refrigerador onde os imunobiológicos estavam armazenados foi desligada.
O fato foi comunicado à coordenação da instância superior, que orientou
para manter o refrigerador com as vacinas fechado, aguardando avaliação.
Importante!
No SI-PNI, o campo saldo disponível é aberto somente no primeiro
acesso, após a inclusão do primeiro mês de movimentação, tal informação
aparece automaticamente para o usuário do sistema.
Poliomielite = 40 frascos
117
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Importante!
A unidade que enviou a vacina deve registrar como frasco transferido, e a
que recebeu a vacina, frasco recebido.
Hepatite B = 3 frascos
BCG = 1 frasco
Poliomielite = 1 frasco
Importante!
• Só podem ser registrados como perda os frascos ou ampolas quebrados
antes de serem utilizados.
• O frasco aberto, com retirada de uma única dose e que veio a quebrar, é
registrado como utilizado, e não quebrado.
118
Sistemas de Informações do Programa Nacional de Imunizações
119
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
120
Sistemas de Informações do Programa Nacional de Imunizações
O Sies se encontra na versão on-line, permitindo que o PNI possa visualizar Além de atender ao PNI, esse
toda a movimentação de entrada e saída dos imunobiológicos de todas as sistema atende, também, a outras
instâncias; é empregado para o
unidades federadas, em tempo real. Tem como objetivo o gerenciamento gerenciamento de insumos não
dos imunobiológicos, no que se refere a entradas e saídas, controle de utilizados pelo PNI, tais como
medicamentos, inseticidas, kits
pedidos em tempo real, controle de estoque, emissão de relatórios etc. laboratoriais etc.
121
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Considerações finais
O conhecimento e a atualização técnica da equipe, a adequação da rede
de frio, os registros confiáveis, o sistema de informações eficiente, a dis-
ponibilidade de imunobiológicos e insumos e a participação da comuni-
dade são pontos fundamentais para o bom desenvolvimento das ações de
vacinação, em qualquer instância do Programa Nacional de Imunizações.
122
Sistemas de Informações do Programa Nacional de Imunizações
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual do sistema de informação do Programa Nacional de
Imunizações. Brasília, DF, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 2.363, de 18 de outubro de 2012. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 19 out. 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual para registro de doses
aplicadas no sistema de informação on-line de avaliação do programa de imunização: APIWEB.
Brasília, DF, jul. 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual para registro de doses
aplicadas no sistema de informação on-line de avaliação do programa de imunização: APIWEB.
Brasília, DF, fev. 2014.
123
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Sites
http://pni.datasus.gov.br/inf_estatistica_cobertura.asp
www.datasus.saude.gov.br ∕index
http://pni.datasus.gov.br
http://sipni.datasus.gov.br
124
II A gestão da rede de frio
de imunobiológicos e seu
processo de trabalho
6. A rede de frio
e a importância da temperatura
dos imunobiológicos
Alexandre Moreno Azevedo, Clayton Bernardo da Costa, Luis Cláudio Bernardo
Colacio, Pedro Luiz da Silva Moura e Sergio Ricardo de Oliveira
Calor e temperatura
Olhando à sua volta, você pode notar que há uma grande quantidade
de objetos parados ou em movimento, em relação ao solo. Escolha
um, especificamente, que esteja parado e o observe por alguns segun-
dos. O que se percebe é que ele permanece imóvel. No entanto, isso é
apenas aparente!
Os átomos são compostos, ainda, Os objetos, de uma forma geral, são compostos por pequenas porções de
por partículas menores, como matérias que chamamos de átomos. Os átomos, por sua vez, se juntam
prótons, nêutrons, elétrons etc.
e formam moléculas que, de acordo com sua organização e a energia
presente, podem constituir estruturas sólidas.
128
A rede de frio e a importância da temperatura dos imunobiológicos
Nossa vida está diretamente ligada a uma forma de energia que agita
as moléculas: a energia térmica, ou calor. Essa forma de energia está
relacionada às variações de temperatura, à mudança de estados físi-
cos das substâncias e da estrutura dos corpos. Dada a sua importância,
começaremos conhecendo os conceitos fundamentais que servirão de
base para melhor compreendermos os fenômenos que estão relaciona-
dos a esse tipo de energia. Tais conhecimentos nos permitirão entender
melhor a importância da temperatura na rede de frio.
O primeiro conceito importante para compreender o calor é o de ener- Alguns exemplos de diferentes
formas de energia são: energia
gia, algo constante na natureza, que pode se apresentar de diferentes
luminosa, que faz um corpo emitir
formas e se transferir de um corpo para outro. No caso do calor, por luz; energia cinética, relacionada
exemplo, isso implica a existência de uma fonte térmica. Trata-se de um ao movimento dos corpos;
energia elétrica, que se converte
dispositivo natural ou artificial que, por meio da utilização da queima em energia luminosa, quando
de um combustível, ou mesmo de outras formas de energia, como a acendemos uma lâmpada em casa,
por exemplo, etc.
eletricidade, produz uma quantidade esgotável de energia térmica.
Faça um teste!
Coloque água em uma panela pequena e leve-a à chama do fogão.
Com o passar do tempo, observe que a água começa a formar bolhas,
e, em seguida, tem início o processo de fervura. Note que a água se
encontra em processo de agitação constante. Esse efeito está relacionado
com o ganho de calor (energia) fornecido pela chama do fogo (fonte
térmica, nesse caso).
129
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Observe o seguinte...
Ao retirarmos água da geladeira e, imediatamente, a colocarmos em um
Atenção! recipiente em banho-maria, aquecendo em fogo brando, se colocarmos a
Cuidado para não tocar a
mão na água, verificaremos que haverá alterações de temperatura. Você
panela que abriga o recipiente poderá ter as seguintes sensações:
em banho-maria. E, claro,
não permaneça com a Muito fria
mão na água, quando ela
começar a causar sensação de
Fria
desconforto térmico.
Morna
Quente – Atenção, não ultrapassar esta fase!
Muito quente – Cuidado! Não recomendamos manter a mão na água
nesta fase!
Agora que já sabemos que calor e temperatura não são a mesma coisa,
é fundamental diferenciá-los da sensação térmica, que é a capacidade
que temos de observar se um corpo está quente ou frio. Essa capaci-
dade, porém, não pode servir de parâmetro, pois o que para uns seria
quente, para outros pode ser frio.
Vimos, nos dois exemplos, que sempre haverá certa subjetividade nesse
tipo de análise.
130
A rede de frio e a importância da temperatura dos imunobiológicos
Os termômetros analógicos são dispositivos que utilizam diversos tipos A rede de frio utiliza, com
frequência, um termômetro
de produtos para monitorar as temperaturas. Os produtos utilizados analógico, conhecido como
nesse tipo de termômetro podem ser mercúrio (metal líquido com alto capelinha ou “de máxima e
coeficiente de dilatação térmica), álcool (que tem baixo custo e menor mínima”.
131
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Cada Traço
Corresponde a 1°C
(Filete Azul) (Botão Central)
Marca a Temperatura Anula a Temperatura
Mínima Máxima e Mínima
(Filete Azul)
(Coluna de Álcool Marca a Temperatura
ou Mercúrio) Marca Máxima
a Temperatura do
Momento
132
A rede de frio e a importância da temperatura dos imunobiológicos
Escalas termométricas
Desde que o homem se preocupou, realmente, em medir temperaturas,
percebeu que, para isso, deveria criar escalas numéricas e instrumentos
menos subjetivos do que seus próprios sentidos. As primeiras tentativas
remontam ao início da Era Cristã, quando alguns médicos (motivados,
talvez, pela necessidade de quantificar a febre de seus pacientes) pro-
curaram representar numericamente as diversas gradações entre frio e
quente. No entanto, foi somente a partir do século XVI que começaram a
surgir aparelhos e escalas com um mínimo de precisão e confiabilidade.
Pelo que se sabe, o primeiro desses aparelhos foi construído por Galileu
(1564-1642), em 1592. O próprio Newton (1643-1727) também criou
uma escala para medir temperaturas (MÁXIMO; ALVARENGA, 2006).
Para se ter uma ideia da “febre” que acometeu os cientistas, mesmo sem
estes terem a noção do que ocorria com os corpos quando mudavam
de temperatura, no fim do século XVIII já havia mais de 60 escalas ter-
mométricas registradas! De todas as existentes, apenas duas chegaram
até os dias de hoje: a escala Celsius, utilizada na maioria dos países, e
a Fahrenheit, ainda utilizada em países de língua inglesa (MÁXIMO;
ALVARENGA, 2006).
133
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
TC TF – 32
= K = TC + 273
5 9
134
A rede de frio e a importância da temperatura dos imunobiológicos
Trocas de calor
Vimos, há pouco, que corpos em contato tendem a trocar calor até
atingirem o equilíbrio, ou seja, a mesma temperatura. No entanto,
alguns materiais podem ganhar ou perder calor mais rapidamente que
outros. Em outras palavras, diferentes materiais absorvem diferentes
quantidades de calor, mesmo tendo a mesma massa e independente-
mente do seu tamanho.
Isso acontece porque o vidro troca calor mais rápido que o alumínio,
e o processo de congelamento passa a ser de dentro para fora, ou seja,
o congelamento no vidro é de dentro para fora. No entanto, na caneca
de alumínio o congelamento da água se dá de fora para dentro, por isso
congela a parte em contato com a caneca, antes da parte interna.
135
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
O isopor é uma espuma de Se fizermos uma analogia com uma lata de bebida, iremos reparar que,
poliestireno expandido, ou seja,
um polímero que contém inúmeras
se retirarmos a lata do sistema de refrigeração, ela rapidamente trocará
e minúsculas bolhas de ar. O ar é calor, absorvendo energia do meio ambiente. Para reduzir esse efeito,
um excelente isolante térmico, e as latas podem ser colocadas em dispositivos individuais de isopor, que
essas minúsculas bolsinhas de ar
são as responsáveis por absorver funcionam como isolante térmico. Esse tipo de material, que impede a
o calor entre as faces do isopor. troca de calor com o meio, ou mesmo com outros corpos, é utilizado
O verdadeiro isolante térmico do
isopor é o ar retido nele.
na produção de calorímetros, que nada mais são do que recipientes
com alta capacidade térmica. A capacidade térmica de um corpo está
relacionada à capacidade de receber ou ceder calor, quando o corpo
sofre uma variação de temperatura.
Tipos de calor
Uma das preocupações com os imunobiológicos é a conservação da
A temperatura do gelo empregado sua temperatura durante o transporte. Como é possível que produtos
na conservação das vacinas é
de grande importância. Caso se
sensíveis como os imunobiológicos não sofram pequenas variações de
utilize gelo em temperaturas muito temperatura em longos períodos? Como fazer para que não percam ou
baixas (–20ºC, por exemplo) e em ganhem calor, e também não congelem?
grande quantidade (“ilhando”
as vacinas), corre-se o risco de,
em determinado momento, a A caixa de isopor (calorímetro), utilizada no transporte, é fundamental
temperatura das vacinas ficar nesse processo, pois evita bastante a troca de calor do meio interno com
próxima à temperatura do gelo.
Em consequência, as vacinas o externo. Entretanto, há outro fator que também impede o aumento
ficarão congeladas, o que inativará de temperatura no interior da caixa. Esse fator está ligado à mudança
alguns tipos específicos, como a
de estado físico dos produtos que se encontram no interior da caixa (os
DTP (FUNDAÇÃO NACIONAL DE
SAÚDE, 2001). próprios imunobiológicos ou mesmo o líquido das bobinas).
136
A rede de frio e a importância da temperatura dos imunobiológicos
Há, também, outra forma de ganho ou perda de calor, que é aquela per-
ceptível, pois ocorre variação de temperatura. A esse tipo damos o nome
de calor sensível. É importante perceber que este só ocorre enquanto o
material se encontrar em um único tipo de estado da matéria.
137
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Sublimação
Fusão Vaporização
Solidificação Liquefação ou
Condensação
Sublimação
Notas
• Fusão: passagem do estado sólido para o estado líquido (por exemplo,
gelo virando água, bobina de conteúdo líquido quando não mantida sob
refrigeração permanente).
• Vaporização: passagem do estado líquido para o estado gasoso. Pode
ocorrer de três maneiras:
• Calefação: passagem do estado líquido para o gasoso, de modo muito
rápido (por exemplo, gotas d’água derramadas numa chapa metálica
aquecida).
• Ebulição: passagem forçada do estado líquido para o estado gasoso
(por exemplo, água fervendo no fogo).
• Evaporação: passagem do estado líquido para o gasoso, que envolve
apenas a superfície do líquido (por exemplo, gota d’água sobre a pele
secando sozinha, poça de água evaporando).
• Liquefação ou condensação: passagem do estado gasoso para
o estado líquido, por contato do vapor com uma superfície fria (por
exemplo, os espelhos do banheiro embaçados depois de um banho
quente, nuvem que se transforma em chuva).
• Solidificação: passagem do estado líquido para o estado sólido (por
exemplo, água congelando).
• Sublimação: passagem do estado sólido para o gasoso, ou o processo
inverso, sem passar pelo estado líquido (por exemplo, a sublimação do gás
carbônico sólido, conhecido como gelo seco, usado algumas vezes pela
Central Nacional de Armazenamento no transporte de grandes volumes de
imunobiológicos, e a temperatura ambiente).
138
A rede de frio e a importância da temperatura dos imunobiológicos
Podemos perceber, pelos exemplos descritos, os diversos estados da Mais detalhes sobre o sistema de
refrigeração podem ser obtidos
matéria, seja nas atividades domésticas ou na própria atividade da rede no Capítulo 7, “Refrigeração e
de frio. O conhecimento acerca dos estados da matéria das substâncias equipamentos da rede de frio”,
e de suas propriedades é fundamental para se entender o processo físico deste livro.
Propagação de calor
Agora que já sabemos que o calor é uma forma de energia em trânsito
e que os processos de trocas de calor dependem da capacidade térmica
dos produtos, é necessário saber, então, a forma como se transmite.
Para refletir
Você tem alguma ideia de como o calor pode ser transmitido entre os
corpos?
Condução térmica
É o processo de transporte de energia sem transporte de matéria que
ocorre, geralmente, em materiais sólidos. Nesse processo, a energia é
transferida de partícula a partícula, sem que nenhuma delas seja des-
locada. Um exemplo de condução térmica é o calor que sentimos ao
utilizar uma colher metálica para cozinhar um alimento. O calor que a
colher recebe, por estar em contato com o alimento quente, é condu-
zido pelas partículas que a formam até a ponta do cabo, onde estamos
segurando, e, por isso, a sentimos esquentar.
139
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Os trabalhadores que atuam As roupas de lã ou de materiais similares também são isolantes tér-
na rede de frio utilizam roupas
confeccionadas com materiais
micos. Elas retêm o calor que o corpo emite, por causa do ar que fica
que funcionam como isolantes retido entre suas fibras. Esse ar é que dificulta a condução do calor. O
térmicos. Mais detalhes sobre esses mesmo ocorre com os pelos dos animais e a serragem, que são bons iso-
materiais são apresentados no
Capítulo 14, “Noções gerais sobre lantes porque retêm o calor, ou seja, impedem a troca de calor interno
biossegurança e a questão do com o meio externo.
incêndio”, deste livro.
É por isso que no Polo Norte, por Outro material que dificulta a condução térmica é o gelo. Um exemplo
exemplo, os esquimós constroem
simples é verificado no inverno: em localidades com frio intenso, os
suas casas (iglus) com gelo,
material que dificulta a condução lagos congelam, mas apenas em sua parte superior, onde se forma uma
térmica. camada isolante entre o frio do ar e a água do lago; abaixo do gelo, a
vida marinha continua!
140
A rede de frio e a importância da temperatura dos imunobiológicos
O ar quente
sobe
(convecção) Brisa
marinha
141
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Brisa O ar quente
terrestre sobe
(convecção)
Você sabia?
• Quando um grupo de aves sobrevoa uma região, em círculos, está
planando em uma corrente de convecção. O ar quente sobe em um fluxo
de corrente sempre ascendente. Por exemplo: aves, como os urubus,
percebem que uma corrente de ar aquecido ascendente (de baixo para
cima) está ocorrendo em determinado ponto. As aves vão até esse ponto
e aproveitam essa propriedade para flutuar, economizando energia. As
correntes giram, por isso as aves voam em círculo. Esse mesmo princípio
é aproveitado pelos praticantes de voo livre.
• As correntes de convecção são importantes para a dispersão de
poluentes. Nas grandes cidades, a grande quantidade de poluentes
suspensos no ar dificulta a dispersão; em dias quentes, ela é mais eficiente.
Já no inverno, quando a superfície da Terra esfria muito, principalmente à
noite, ocorre o fenômeno da inversão térmica. Isso porque as camadas
de ar mais próximas da superfície da Terra ficam mais frias, e o Sol nem
sempre consegue aquecer o solo para reverter esse processo, o que
provoca interrupção das correntes de convecção e permanência dos
poluentes junto ao solo, não se dispersando na atmosfera.
Irradiação térmica
Enquanto a condução e a convecção ocorrem em meios materiais, a
irradiação pode acontecer tanto em meios materiais quanto no vácuo
(ausência de matéria). A irradiação térmica é o processo de transferên-
cia de calor por meio de ondas magnéticas. Como exemplo, podemos
citar o calor de uma fogueira, a luz do Sol etc.
As ondas são geradas pela agitação da matéria, que, por sua vez, é pro-
duzida pela quantidade de calor que contém; ou seja, as ondas depen-
dem da temperatura do corpo. O Sol, cuja temperatura em sua super-
142
A rede de frio e a importância da temperatura dos imunobiológicos
Uma estufa pode ser definida, dentre outras formas, como um ambiente
fechado onde se colocam plantas que precisam de condições climáticas
especiais. O teto é feito de vidro ou outro material similar. É transpa-
rente à radiação que chega do Sol e opaco às ondas de calor emitidas Convecção térmica também
ocorre em uma estufa.
pela Terra. Desse modo, o interior da estufa se mantém com uma tem-
peratura maior do que a do exterior.
Um automóvel exposto aos raios solares, com os vidros fechados, repro- Na atmosfera terrestre também
ocorre o efeito estufa. Em virtude
duz as condições de uma estufa. Caso situação semelhante ocorra com do aumento considerável do
veículos de transporte de vacinas, os valores de temperatura indicados número de veículos (automóveis,
para manutenção da integridade dos imunobiológicos serão alterados, caminhões, ônibus), indústrias
e fontes poluidoras em geral,
provocando inadequação do produto para uso e consequente descarte. os níveis de gás carbônico
Para evitar prejuízos desse porte, somente veículos climatizados são (CO2), monóxido de carbono
(CO), dióxido de enxofre (SO2)
recomendados para o transporte de imunobiológicos. e outros gases têm aumentado
expressivamente, contribuindo
No caminho percorrido pela termologia, conhecemos diversos aspectos para o aumento da temperatura do
planeta.
que nos fizeram compreender o calor e o frio, como eles se propagam e
as diversas formas de condução. Todas essas informações são importan-
tes para vocês, profissional da saúde e trabalhadores da imunização e da
rede de frio, visto que, com base nesses princípios e nas experiências aqui
demonstradas, associadas à leitura dos próximos capítulos, será possível
compreender os processos envolvidos na rede de frio e como eles estão
convenientemente aplicados à conservação de imunobiológicos.
143
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Considerações finais
Sabemos que a rede de frio tem, como base, a manutenção da tem-
peratura dos imunobiológicos em todas as fases. Pela própria exigên-
cia dos órgãos reguladores, todos os produtores de imunobiológicos
devem realizar diversos estudos de estabilidade, visando demonstrar
que seus produtos mantêm suas características e a sua imunogenici-
dade quando expostos a condições adversas, por determinado período
de tempo (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2010).
Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). Resolução da Diretoria Colegiada
RDC n. 17, de 16 de abril de 2010. Dispõe sobre as boas práticas de fabricação de medicamentos.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 abr. 2010. Seção 1, p. 94.
DOCA, R. H.; BISCUOLA, G. J.; VILLAS BOAS, N. Tópicos de física. São Paulo: Saraiva, 2003. v. 2.
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Manual de rede de frio. 3. ed. Brasília, DF, 2001.
144
A rede de frio e a importância da temperatura dos imunobiológicos
JOÃO NETO, Prof. Química: estados físicos e mudanças de estado. [S.l., 20--]. Disponível em:
<http://www.profjoaoneto.com/quimicag/estadex.htm>. Acesso em: 18 set. 2016.
MÁXIMO, A.; ALVAGENGA, B. Física ensino médio. São Paulo: Scipione, 2006. v. 2.
RAMALHO JUNIOR, F.; FERRARO, N. G.; SOARES, P. A. T. Os fundamentos da física: 2º ano. São
Paulo: Moderna, 2006.
145
7. Refrigeração e equipamentos
da rede de frio
Alexandre Moreno Azevedo e Pedro Luiz da Silva Moura
O gelo era utilizado sem que se entendesse direito o porquê de ele ser
capaz de conservar os alimentos. Foi o químico francês Louis Pasteur
(1822-1895) quem demonstrou que alguns tipos de bactérias eram
responsáveis pela deterioração dos alimentos, e que sua reprodução
poderia ser impedida pela aplicação de baixa temperatura. Essa des-
coberta incentivou o desenvolvimento e a expansão da indústria de
refrigeração, porque possibilitou a conservação dos alimentos durante
um período de tempo maior. Com a descoberta de Louis Pasteur, o
homem buscou processos que permitissem a obtenção artificial de gelo.
Foi a partir de 1834, nos Estados Unidos, que se desenvolveu o primeiro O sistema mecânico por ciclo de
sistema mecânico (por ciclo de evaporação e condensação de fluidos) de evaporação e condensação de
fluidos é apresentado mais adiante,
fabricação de gelo artificial, patenteado por Jacob Perkins (1766-1894). neste capítulo.
Em 1859, o francês Ferdinand Carré (1824-1900) patenteou outro tipo
de mecanismo para a fabricação do gelo artificial, baseado no princípio
da absorção. Eram, portanto, dois processos diferentes.
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
148
Refrigeração e equipamentos da rede de frio
149
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
150
Refrigeração e equipamentos da rede de frio
151
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Para refletir
Que pontos positivos e negativos você identifica em relação às
condições de armazenamento e à conservação de imunobiológicos em
seu local de trabalho?
152
Refrigeração e equipamentos da rede de frio
O princípio de funcionamento e os
componentes de um refrigerador
As câmaras refrigeradas/refrigeradores são aparelhos que funcionam
continuamente, dia e noite, para manter a temperatura baixa, seguindo
a calibragem determinada (por exemplo, câmara fria de 4ºC ou de
–20ºC).
153
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
A seguir, podemos ver como funciona e para que serve cada um dos
componentes do refrigerador, já que demonstramos o mecanismo geral.
Compressor
É o dispositivo responsável pela sucção e compressão do fluido refri-
gerante, fazendo com que este circule por toda a unidade selada. É
responsável, também, pelas transformações físicas (evaporação e con-
densação) para a realização da refrigeração. Os compressores, disposi-
tivos eletromecânicos responsáveis pela transformação da energia
elétrica em energia mecânica,
estão localizados, geralmente, na Foto 1 – Compressor
parte inferior traseira da câmara de
conservação, ligando-se aos outros
154
Refrigeração e equipamentos da rede de frio
Terminal
fêmea
Terminal
macho
Figura 4 – Termostato
Fotos: Alexandre Moreno Azevedo e Pedro Luiz da Silva Moura (2016).
Impulsor Botão de
regulagem do
termostato
Parafuso de
Ilustração: Wagner Magalhães Paula (2016)
calibração
Parafuso
diferencial
Apoio da mola
Acionador
Alavanca da lâmpada
da sanfona interna
Pivô do
Pivô diferencial
Mola do
diferencial
155
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Figura 5 – Capacitor
Condensador
Vale ressaltar que, na ausência Outro componente da câmara refrigerada/refrigerador é o condensa-
do condensador na parte traseira dor, localizado na parte externa traseira na maioria dos equipamentos,
do equipamento de refrigeração,
o trabalhador saberá que o conforme o representado na Figura 1. Em algumas câmaras refrige-
condensador estará entre o corpo radas/refrigeradores, dependendo do modelo, o condensador pode ser
de metal externo lateral e a placa
de isolamento térmico, não instalado, também, entre o corpo de metal externo lateral e a placa de
sendo visível. isolamento térmico. O condensador da câmara refrigerada/refrigerador
é fabricado com liga de aço cobreado, curvado em forma de serpentina,
preso por chapas de aço.
Foto 2 – Condensador
A função do condensador, independente-
mente do local da sua instalação, é sempre
a mesma. Ele realiza mudança de fase do
156
Refrigeração e equipamentos da rede de frio
Linha de Linha de
descarga sucção
Condensador
Fluido refrigerante Fluido refrigerante
na forma gasosa na forma gasosa
superaquecido (baixa pressão)
(alta pressão)
Filtro Tubo capilar
secador
Compressor
157
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Tela Tela
Tubo capilar
Outro componente do sistema básico de refrigeração da câmara refrige-
rada/refrigerador é o tubo capilar, feito de cobre, com diâmetro interno
muito pequeno. Localiza-se entre a saída do condensador e a entrada
do evaporador. Sua função é manter a diferença de pressão entre o lado
de alta pressão do condensador e o de baixa pressão do evaporador,
possibilitando a mudança de fase do fluido refrigerante de líquido para
gasoso, no evaporador.
158
Refrigeração e equipamentos da rede de frio
Evaporador
Tem a função de possibilitar a trans- Foto 5 – Evaporador
formação do fluido refrigerante do
estado líquido para o gasoso, absor-
vendo, nessa mudança de fase, a
159
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
160
Refrigeração e equipamentos da rede de frio
161
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Células fotovoltaicas
São elementos capazes de converter energia luminosa (preferencialmente
solar) em energia elétrica. Apresentam algumas vantagens em sua
utilização, como:
• baixa necessidade de manutenção;
• ser uma fonte de energia ambientalmente limpa;
• possibilidade de utilização mesmo em localidades com precária
infraestrutura.
As células fotovoltaicas são feitas
de material semicondutor. Ao
absorver a luz, esse dispositivo
produz uma pequena corrente
elétrica, que pode ser
Foto: Patrick Moore (2008).
aproveitada. Os semicondutores
feitos de silício são os mais
usados na construção de células
fotovoltaicas, e sua eficiência em
converter luz solar (que é branca)
em eletricidade chega a 10%.
Fonte: FreeImages.com.
162
Refrigeração e equipamentos da rede de frio
Solução
Polo negativo eletrolítica Polo positivo
Envelope
Monobloco de separador
polipropileno
Placa
positiva
Sistema de
fixação Placa
negativa
envelopada
163
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Filtro
secador
Compressor Condensador
Fusível
Circuito regulador/
Controlador de carga
Bateria
Caixas térmicas
Embora não possuam os mesmos elementos de um sistema de refri-
geração, as caixas térmicas são bastante utilizadas nas atividades coti-
dianas de vacinação. Elas podem ser de dois tipos: de poliestireno e
poliuretano.
164
Refrigeração e equipamentos da rede de frio
Lembre-se!
A escolha de quaisquer desses equipamentos dependerá da atividade a
ser realizada, do tempo necessário para realização, do quantitativo dos
imunobiológicos etc. Não podemos esquecer que a escolha também deve
levar em conta o tipo de material, a densidade e especificidade, conforme
já apresentado no capítulo anterior sobre termologia. Precisamos associar
aqueles conhecimentos às informações sobre refrigeração para uma
atuação consciente e calcada em bases técnicas sólidas.
Data loggers
São pequenos dispositivos eletrônicos que mensuram as temperaturas
em intervalos preestabelecidos, apresentando os resultados durante um
período de tempo. Eles podem ter forma e tamanhos variados. Cada
data logger contém uma miniatura de computador, devendo ser confi-
gurado e programado para registrar as temperaturas em intervalos de
acordo com o que se deseja.
165
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Atenção!
• As temperaturas mínima/máxima devem ser registradas duas vezes ao
dia, de forma manual, independentemente do data logger, como forma
de segurança e de detecção precoce de qualquer rotura na rede de frio.
• Caso o data logger seja usado para o monitoramento rotineiro das
temperaturas, em lugar de um termômetro de mínimo-máxima, ele deve
ter um display visual de temperaturas mínimo-máxima para permitir os
registros em tempo real. Visando, também, à segurança das vacinas, os
data loggers podem ser programados para acionar o alarme quando a
temperatura estiver fora da faixa de +2°C a +8°C.
166
Refrigeração e equipamentos da rede de frio
167
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Estabilização da temperatura do
refrigerador de vacinas
O profissional de saúde da rede de frio ou de imunização é elemento
essencial na manutenção da temperatura das vacinas. Sua ação é
decisiva!
168
Refrigeração e equipamentos da rede de frio
169
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
170
Refrigeração e equipamentos da rede de frio
Para refletir
Quais tipos de manutenção são realizados no seu trabalho?
Se não acontecem todos eles, você saberia o motivo? Em que você
pode contribuir para a manutenção adequada dos refrigeradores do
seu serviço?
171
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Considerações finais
Ao longo deste capítulo, entendemos que o controle da temperatura dos
diversos equipamentos de conservação de imunobiológicos é de funda-
mental importância para que os produtos mantenham a sua potência
em todas as etapas da rede de frio, até o seu destino final. Aprendemos
que os cuidados com esses equipamentos incluem: seguir as recomen-
dações do manual do fabricante, acompanhar o seu funcionamento e
comunicar imediatamente qualquer defeito, por mais simples que seja,
ao responsável pelo contato com a equipe técnica.
172
Refrigeração e equipamentos da rede de frio
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5.462:1994: confiabilidade e
mantenabilidade. Rio de Janeiro, 1994.
EMBRACO. Componentes elétricos dos compressores de revenda. Joinville, 2009. Disponível em:
<http://www.embraco.com/DesktopModules/DownloadsAdmin/Arquivos/01019.pdf >. Acesso em:
3 ago. 2016.
173
8. Gestão da rede de frio de
imunobiológicos
André Silva Cardoso, Clayton Bernardo da Costa, Cristiane Pereira de Barros,
Felipe da Silva Furtado, João Leonel Batista Estery, Walquíria Gonçalves dos
Santos Teles e Yeda Célia Silva Eugênio
176
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
Importante!
Na ocorrência de uma rotura da rede de frio, devem-se seguir as
recomendações do Ministério da Saúde e/ou das secretarias estaduais e
municipais de saúde e/ou os protocolos estabelecidos, conforme constam
nas publicações desses órgãos.
Para que se tenha uma rede de frio confiável (portanto, sem roturas)
e se possa garantir a qualidade dos imunobiológicos, alguns elementos
são necessários, como:
Garantia de qualidade da
G equipamentos em condições de armazenar, transportar e distribuir vacina é sinônimo de controle
com segurança; rigoroso das condições de
conservação, transporte,
G trabalhadores da rede de frio devidamente capacitados, que armazenamento e distribuição.
Sendo assim, a manutenção
gerenciem o armazenamento, façam o transporte e a distribuição
das condições da rede de frio e
adequadamente; a correta avaliação dos fatores
que podem afetar a qualidade
G instalações apropriadas e adequadas ao armazenamento nos diferentes dos imunobiológicos são
níveis: nacional, estadual, regional, municipal e unidade local. fundamentais.
177
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
O efeito das variações de Portanto, todas as vacinas devem ser armazenadas e transportadas
temperatura sobre as vacinas
é discutido no Capítulo 6, “A
dentro da faixa de temperatura recomendada, em todos os momentos;
rede de frio e a importância todas as pessoas responsáveis pelo seu manuseio, em qualquer fase,
da temperatura dos devem entender a importância de uma gestão eficiente dos imunobio-
imunobiológicos”, deste livro.
lógicos, perseguindo sempre os 5°C.
178
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
Diferentes vias (terrestre, aérea etc.) são usadas para o transporte dos
imunobiológicos do laboratório produtor até a Cenadi. Em geral, a via
aérea é utilizada para o imunobiológico produzido fora do país; no caso
de laboratório nacional, são usuais tanto a via terrestre como a aérea.
Em qualquer das vias, o controle da temperatura durante todo o trajeto
é fundamental, como também a logística utilizada, os equipamentos, os
tipos de embalagens usados etc., e a cada instância compete a respon-
sabilidade pelo cumprimento e monitoramento de todos esses aspectos
e/ou condições para o transporte correto.
179
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Foto 1 – Cenadi
180
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
181
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
182
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
183
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
O papel dos Crie, no caso de Fazem parte, também, da instância local os Centros de Referência para
eventos adversos pós-vacinação,
Imunobiológicos Especiais (Crie). Neles, são realizados procedimentos
foi discutido no Capítulo 3,
“Vigilância epidemiológica em de vacinação com imunobiológicos, geralmente, não disponíveis nas
eventos adversos pós-vacinação”. salas de vacinação da rede básica de saúde, os quais são destinados à
clientela específica. O funcionamento e a operacionalização desses cen-
tros devem prever facilidade de acesso da população e também garan-
tir investigação, acompanhamento e elucidação nos casos de eventos
adversos pós-vacinação (BRASIL, 2013).
184
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
Para refletir
Você tem ideia da quantidade de imunobiológicos que chegam à Cenadi
para serem armazenados e distribuídos para todo o Brasil?
185
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Uma ação não planejada pode ter diversas consequências. Para que a
logística da rede de frio seja eficiente, faz-se necessário um planeja-
mento que envolva um conjunto amplo de atores, como os profissionais
envolvidos nas diferentes instâncias da rede de frio, gestores e usuários.
186
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
187
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
188
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
Procedimentos de recebimento de
imunobiológicos na Cenadi
Inicialmente, a Cenadi deve ser informada, com antecedência, sobre
a chegada dos imunobiológicos. Na chegada à central, uma comissão
ou equipe de recebimento confere se a entrega dos imunobiológicos
está em conformidade com o estabelecido no Contrato e no Termo de
Referência de Aquisição.
189
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
190
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
191
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
192
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
Armazenagem
Foto 11 – Alocação de cargas de imunobiológicos para as câmaras frias
Foto: Guaracemyr Matos Martins (2015).
193
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
O controle de qualidade dos No setor de armazenagem, além das Foto 12 – Produtos identificados de
imunobiológicos é apresentado acordo com seu status
câmaras de refrigeração, é necessá-
mais adiante, neste capítulo.
rio que existam áreas climatizadas
com controle de temperatura, utili- Placa verde –
Liberado para uso
zadas para recebimento e expedição
dos imunobiológicos. Nas câmaras,
194
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
195
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
196
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
197
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Os critérios utilizados pelo PNI para análise das solicitações mensais feitas
pelos estados estão baseados em:
• estoques disponíveis na Cenadi para a distribuição;
• média de distribuição mensal nacional;
• estoque estadual;
• cota mensal estadual;
• validade do imunobiológico disponível para distribuição, em consonância
com os quantitativos planejados na aquisição;
• cumprimento do cronograma de entrega pelo laboratório produtor;
• doses aplicadas.
Fonte: André Silva Cardoso, Clayton Bernardo da Costa, Felipe da Silva Furtado e João Leonel Batista Estery, em 2013.
Quando há evidência de que Nesta etapa de distribuição, muitos erros podem ocorrer, interferindo
a vacina foi submetida a uma na qualidade e propriedade dos produtos. A OMS apresenta estudos
variação da temperatura diferente
da preconizada pelo produtor que apontam erros recorrentes no manuseio da vacina, que afetam
(descrita na bula), a OMS orienta substancialmente a sua potência. Em geral, são em decorrência de con-
procedimentos específicos para
análise da estabilidade das
dições insatisfatórias de acondicionamento na distribuição e no arma-
vacinas. Tais procedimentos estão zenamento. Dentre as deficiências mais comuns relatadas por diversos
disponíveis para conhecimento no países desenvolvidos, destacam-se: altas temperaturas durante a arma-
Manual de Rede de Frio (BRASIL,
2013), disponível em http://bvsms. zenagem ou o transporte; exposição da vacina a temperaturas de con-
saude.gov.br/bvs/publicacoes/ gelamento; equipamentos de refrigeração sem controle de temperatura;
manual_rede_frio4ed.pdf
falhas nas leituras e nos registros da temperatura etc.
198
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
199
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Foto 16 – Caixa organizada com bobinas e Foto 17 – Caixa pronta, fechada, com a fita
o berço identificadora do produto
Foto: Guaracemyr Matos Martins (2015).
Foto: Felipe da Silva Furtado (2015).
200
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
Reforçando!
• O uso de flocos de poliestireno ou de outros materiais (papelão, jornais
etc.) entre os frascos avulsos, nas caixas dos imunobiológicos, tem por
finalidade diminuir os espaços vazios, reduzir a quantidade de ar em seu
interior e evitar deslocamento dos produtos e impactos mecânicos que,
muitas vezes, levam a quebras e microfissuras dos frascos durante o
transporte.
• O ideal é utilizar caixas com capacidade adequada para cada volume a
ser transportado, para não ser necessário o uso desses artifícios.
• Conhecer os diversos tipos de embalagens dos imunobiológicos
é importante para a escolha das caixas mais adequadas ao As embalagens dos
acondicionamento das vacinas. imunobiológicos são abordadas
mais adiante, neste capítulo.
201
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
202
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
203
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Embalagens
Em todo o processo de gestão da RF, a embalagem é um dos fatores
a serem considerados para o acondicionamento adequado. As formas
de quantificação, uso e preservação dos imunobiológicos por meio de
É importante salientar que as embalagens apropriadas irão determinar a proteção desses produtos e
caixas térmicas são utilizadas a forma de organização nas caixas isotérmicas. Por isso, é importante
para acondicionamento dos
produtos imunobiológicos e, que o gestor e os demais profissionais da RF conheçam as formas e os
em geral, são consideradas tipos de embalagens que serão utilizados em todas as atividades desen-
embalagens do tipo terciária
em diante. É mais comum
volvidas na rede, uma vez que eles impactam as etapas de logística e os
serem quaternárias, destinadas planos de dimensionamento para armazenamento, distribuição, trans-
a abrigar e proteger as porte dos produtos imunobiológicos e o planejamento dos insumos a
embalagens primárias ou
secundárias. As caixas serem adquiridos. Um exemplo é o planejamento da quantidade de
isotérmicas devem ser bobinas necessárias para se colocar nas caixas térmicas. Dependendo
escolhidas conforme o tipo
de uso (vacinação, transporte
de qual seja o tipo de embalagem (primária, secundária), poderá ser
etc.), a quantidade de necessária maior ou menor quantidade de bobinas para a manutenção
imunobiológicos etc. da temperatura indicada dos imunobiológicos dentro das caixas ou da
embalagem quaternária.
204
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
205
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
206
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
Gelo seco
O gelo seco é utilizado na rede de frio no transporte de imunobiológicos,
com especificação de manutenção em temperatura negativa (abaixo de
0°C). A finalidade de seu uso é a manutenção dessa temperatura até o
destino final. A quantidade a ser usada será de acordo com o tempo e a
distância a ser percorrida.
207
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
O uso de gelo seco no transporte estudos realizados demonstram a existência de outros produtos mais
de imunobiológicos por via aérea adequados ao transporte de imunobiológicos e com capacidade similar
pode oferecer risco, porque o
gelo seco é composto de CO2 de manutenção de temperatura. Como exemplo, pode ser citado o ice
em estado sólido. Quando foam, composto por bobinas de gel em espuma que permitem manter os
este entra em contato com a
água ou umidade relativa do
imunobiológicos em temperaturas negativas por longo tempo, durante
ar, pode se expandir e provocar o transporte, sem necessidade de uso do gelo seco, principalmente no
explosões, fato possível de ocorrer transporte aéreo.
com as caixas isotérmicas que
acondicionam o imunobiológico
transportado em aeronaves. Foto 21 – Vacina para febre amarela acondicionada com gelo seco
208
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
Caixas térmicas
Esse material é utilizado amplamente nas atividades de imunização ou Poliestireno é o que,
de RF para acondicionar os imunobiológicos, sendo elemento essen- popularmente, conhecemos como
isopor.
cial no transporte e nas atividades de vacinação. As caixas podem ser
Poliuretano refere-se a um tipo de
encontradas no comércio sob duas formas de apresentação: como caixa plástico que permite o isolamento
de isopor, composta de material isotérmico do tipo poliestireno expan- térmico.
dido, ou sob a forma de caixa feita de poliuretano.
De acordo com o tipo de atividade, uma ou outra poderá ser mais apro- Em função da facilidade de
limpeza, durabilidade e resistência,
priada. Por exemplo, a caixa de isopor, em geral, é mais utilizada no o uso das caixas de poliuretano
transporte dos imunobiológicos entre laboratórios, central nacional e está recomendado pelo PNI, nas
desta para a instância estadual, ao passo que a caixa de poliuretano é atividades de rotina.
Caixa poliestireno
Caixa poliestireno expandido (isopor) Caixa poliuretano 1
expandido (isopor) 50 L com berço
130 L sem berço
Fotomontagem: Felipe da Silva Furtado (2015).
Caixa poliestireno
Caixa poliestireno expandido (isopor) Caixa poliuretano 2
expandido (isopor) 50 L sem berço
130 L com berço
Seja qual for o tipo de caixa térmica escolhido, esta não pode estar
danificada ou fora dos padrões preconizados. Assim, no planejamento
da aquisição de caixas, o gestor da RF deve levar em consideração as
especificações do fabricante, a propriedade e a característica térmica
do produto, sua densidade, capacidade etc. É fundamental que o tipo
de caixa seja escolhido de acordo com o tipo de atividade ou uso a que
209
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Termômetros
Como regra geral, os imunobiológicos devem permanecer rigorosa-
mente em temperaturas entre +2ºC e +8ºC na Central Nacional de Rede
210
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
Em qualquer das instâncias ou locais, o instrumento utilizado no moni- Termômetros são abordados nos
toramento da temperatura é o termômetro. Existe uma variedade de Capítulos 6 e 7, respectivamente,
“A rede de frio e a importância da
tipos e modelos, com diferentes princípios de funcionamento, tais como temperatura dos imunobiológicos”
termômetro de momento, máxima e mínima digital com cabo exten- e “Refrigeração e equipamentos da
rede de frio”.
sor, analógico, de radiação infravermelha visível, de registro gráfico e
termorregistradores, como já apresentado em capítulos anteriores. Pro-
curamos tratar aqui dos principais cuidados no uso desse instrumento
na rede de frio ou nas salas de vacina. Vale destacar que a instalação e
a medição dos equipamentos utilizados nas salas de vacina podem ser
encontradas, de forma vasta, na literatura sobre imunização. Por isso,
neste capítulo serão apresentados os termômetros mais utilizados na
rede de frio e os cuidados necessários para usá-los de forma segura.
Para o correto uso, alguns cuidados devem ser tomados no seu manu-
seio, como:
G verificação e seguimento das recomendações do fabricante;
G data de instalação da pilha com identificação do período para troca;
211
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Importante!
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a utilização do
termômetro de momento, máxima e mínima digital com cabo extensor
deve restringir-se às caixas de uso diário, na instância local.
O deslocamento pode comprometer a calibração e, consequentemente,
a confiabilidade da medição.
Termômetro analógico
É indicado para refrigeradores domésticos da sala de vacina ou em
câmara frigorífica, não sendo recomendado seu uso nas caixas tér-
212
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
Outro fator que contraindica seu uso nas caixas térmicas é a possibili-
dade de quebra do vidro que o reveste em situação de impacto, como
nas atividades de rotina na sala de vacina e no transporte na RF. O capí-
tulo anterior aborda com detalhes os usos e as restrições do termômetro
digital, não sendo necessários mais detalhes sobre o assunto.
Importante!
Por causa da emissão de raio laser, recomenda-se não utilizar esse
equipamento diretamente na pele e, em especial, em direção aos olhos.
213
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Informações sobre os demais Como a descrição sobre a forma de utilização desse instrumento de
instrumentos de medição medição da temperatura já foi apresentada no capítulo anterior, vamos
de temperatura poderão ser
encontradas nas publicações do
abordar apenas as informações relativas aos cuidados com o equipa-
Programa Nacional de Imunizações, mento na central de rede de frio.
em portarias e manuais do
Ministério da Saúde.
Data loggers são pequenos registradores de temperatura utilizados nas
atividades de transporte dos imunobiológicos das centrais de RF, em
Segundo orientações da
Organização Mundial da Saúde, geral. É um importante insumo, porque permite o monitoramento da
os data loggers são indicados temperatura durante o transporte, indicando quando ela está fora da
para uso em caixas de transporte
faixa adequada, assim como o tempo em que é mantida na faixa ideal,
e câmara refrigerada para
imunobiológicos. demonstrando, também, o intervalo de tempo durante o qual o imuno-
biológico pode ter sido submetido a alterações de temperatura.
214
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
Por serem muito utilizados, o gestor precisa planejar sua aquisição con-
siderando o uso, a capacidade instalada da rede, a movimentação e o
volume de transporte das vacinas na central de rede de frio sob sua
responsabilidade. É importante que, na capacitação da equipe da rede
de frio, sejam consultadas e informadas as orientações do fabricante em
relação ao uso e às calibrações desse registrador de temperatura.
Câmara refrigerada/refrigeradores
Os refrigeradores/câmaras refrigeradas e as câmaras frigoríficas (nega-
tivas ou positivas) são equipamentos destinados ao armazenamento
de imunobiológicos nas instâncias locais e nas centrais de RF, respec-
tivamente.
215
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Esses são cuidados que todo e o registro do produto. O gestor deve conhecer os diversos tipos dis-
gestor deve tomar na aquisição de
qualquer equipamento.
poníveis no mercado, escolher o mais apropriado às atividades a que se
destina e só então proceder a ou encaminhar o pedido de aquisição do
equipamento. Ao efetuar a compra, o gestor deve assegurar, também,
a instalação, a assistência técnica e o treinamento da equipe pelo fabri-
cante, efetuando, ainda, a capacitação da equipe de acordo com a nova
estruturação da rede de frio.
216
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
Freezers
São equipamentos destinados ao armazenamento das bobinas que pre-
cisam ser congeladas para uso no transporte dos imunobiológicos entre
as instâncias e centrais de RF e na realização dos procedimentos de
vacinação nas unidades de saúde, nas ações extramuro etc.
217
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Seringas e agulhas
Seringas e agulhas são amplamente utilizadas nas atividades de vaci-
nação, configurando-se como o principal insumo para a administração
dos imunobiológicos.
É importante que o gestor
esteja sempre atento às O uso de seringas descartáveis trouxe grandes benefícios ao trabalho
recomendações do laboratório
produtor, bem como às
de vacinação, tanto em termos da segurança quanto da esterilização e
portarias e notas técnicas redução do risco de contaminação. A escolha do tipo de seringa e de
do Programa Nacional de calibre da agulha vai depender do tipo de imunobiológico, da via a ser
Imunizações (PNI).
utilizada para aplicação e da recomendação do laboratório produtor.
218
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
perfurocortantes.
coletora, até que esta atinja
• Caixas coletoras não
2/3 de sua capacidade. Ao devem ser esvaziadas ou
atingir esse percentual, a reaproveitadas, em nenhuma
caixa deve ser descartada, circunstância.
Considerações finais
Entendemos que a discussão sobre gestão da rede de frio de imunobio-
lógicos envolve um conjunto de diversos procedimentos, em que cada
ator tem importância e papel de destaque. Nenhum deles é mais ou
menos importante, e todos os trabalhadores devem atuar de forma pla-
nejada, articulada e integrada, como elos de uma rede, da rede de frio!
219
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Para mais informações sobre Além do farmacêutico, outros profissionais são importantes e fazem parte
o curso de formação de da equipe da rede de frio, como enfermeiro e auxiliar de enfermagem;
especialista em rede de frio
de imunobiológicos, oferecido auxiliar de serviços gerais; auxiliar de expedição; apoio administrativo;
pela Escola Politécnica Joaquim motorista; almoxarife; armazenista; profissionais da importação, carga
Venâncio/Fiocruz/MS, acesse http://
www.epsjv.fiocruz.br/.
e descarga; operadores de empilhadeira e, mais recentemente incorpo-
rado à equipe, o especialista de rede de frio. Trata-se de um profissional
atuante na central de RF e que, mediante uma formação específica, se
torna especialista em gestão de rede de frio de imunobiológicos, apto
para a gestão das centrais de armazenamento e distribuição dos imu-
nobiológicos. Esse profissional deve e pode auxiliar o farmacêutico na
gestão desses locais.
220
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). Consulta pública n. 81, de 29 de agosto
de 2007. Dispõe sobre a criação do vocabulário controlado de embalagens de medicamentos.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 set. 2007.
221
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
BRASIL. Lei n. 5.991, de 17 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o Controle Sanitário do Comércio
de Drogas, Medicamentos, Insumos Farmacêuticos e Correlatos, e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 19 dez. 1973.
BRASIL. Lei n. 6.360, de 23 de setembro de 1976. Dispõe sobre a vigilância sanitária a que ficam
sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes
e outros produtos, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 set. 1976.
BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 set. 1990.
BRASIL. Medida Provisória n. 2.190-34, de 23 de agosto de 2001. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 24 ago. 2001.
222
Gestão da rede de frio de imunobiológicos
DAMACENO, R. J. Excelência em gestão na saúde. Banas Qualidade, n. 207, p. 38-47, ago. 2009.
PUBLIC HEALTH AGENCY OF CANADA. National vaccine storage and handling guidelines for
immunization providers. Ottawa, 2007.
SILVA JUNIOR, J. B. 40 anos do Programa Nacional de Imunizações: uma conquista da saúde pública
brasileira. Epidemiologia e serviços de saúde, Brasília, DF, v. 22, n. 1, p. 7-8, mar. 2013.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Manual on the management, maintenance and use of blood cold
chain equipment. Geneva, 2005.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. PQS devices catalogue: pre-qualified equipment for the Expanded
Programme on Immunization (EPI). Geneva, 2013.
XAVIER, J. N. Manutenção: tipos e tendências. Belo Horizonte: Tecém, 2000. Disponível em: <http://
tecem.com.br/site/downloads/artigos/tendencia.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2016.
223
Anexo A – Protocolo de recebimento de
insumos
Anexo B – Ata de recebimento de
vacina
Anexo C – Guia de entrada de
imunobiológicos (GEI)
Anexo D – Nota de fornecimento de
material (NFM)
Anexo E – Detalhamento da carga
Anexo F – Comprovante de recebimento
de insumos
Anexo G – Cuidados com seringas
e agulhas
1. Guardar o material na embalagem original, em local limpo e seco.
2. Lavar as mãos com água e sabão antes do manuseio.
3. Manusear o material em campo limpo.
4. Verificar o prazo de validade e se a embalagem está íntegra.
5. Abrir a embalagem na direção do êmbolo para a agulha, evitando
contaminação.
6. Descartar as seringas e agulhas em recipientes apropriados,
resistentes e de parede rígida, sem reinserir as agulhas nos
protetores, após o uso, para evitar acidentes. Usar sempre as caixas
coletoras apropriadas.
9. Gerenciamento de resíduos na
rede de frio
Cristiane Pereira de Barros e Walquíria Gonçalves dos Santos Teles
Existem várias definições para o termo resíduo. Considerando sua Etimologia é o estudo da origem
e evolução das palavras.
etimologia, a palavra se origina no latim residuum, que significa
resto, restante. Aquilo que resta. O que fica das substâncias submeti-
das à ação de vários agentes físicos ou químicos (resíduos industriais,
nucleares, sólidos urbanos, dos serviços de saúde) (RESÍDUO, 2013).
Resolução n. 358/2005
Disposição final é uma fase do Publicada em abril de 2005, pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente
manejo externo referente ao
destino dos resíduos que não têm
(Conama), do Ministério do Meio Ambiente, a Resolução n. 358/2005
mais serventia. Normalmente, dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços
esse destino é o aterro sanitário de saúde (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, 2005). Des-
ou a vala séptica, com exceção
da disposição final dos rejeitos tacamos, a seguir, trechos da resolução que se aplicam à rede de frio.
radioativos, que deve ser feita em
instalação especial denominada O inciso X do art. 2º conceitua resíduos de serviços de saúde (RSS) como
repositório.
detritos ou materiais desprezíveis, resultantes de atividades exercidas
dentro de estabelecimentos de saúde e que podem apresentar contami-
nação biológica, química ou radioativa. São todos aqueles que, por suas
características, necessitam de processos diferenciados em seu manejo,
exigindo ou não tratamento prévio à sua disposição final (CONSELHO
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, 2005).
232
Gerenciamento de resíduos na rede de frio
233
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Para refletir
Em sua prática, como acontece o descarte de resíduos do subgrupo A1?
Você obteve orientações para realizar essa atividade?
Reciclagem é o conjunto de ações G O Grupo D incorpora resíduos que não apresentam riscos biológico,
que realiza o reprocessamento dos
resíduos e recuperação da parte
químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente; podem ser
para fabricação de novos produtos, equiparados aos resíduos domiciliares. Portanto, não necessitam de
evitando que sejam lançados no tratamento prévio para o descarte. Quando não forem passíveis de
meio ambiente.
reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser encaminhados para
Aterro sanitário é uma obra de
engenharia destinada a receber
o aterro sanitário de resíduo sólido urbano, devidamente licenciado
os resíduos no solo, sem risco pelo órgão ambiental competente. Podemos citar como exemplo:
de contaminação das águas resíduos de varrição, os provenientes das áreas administrativas, caixas
subterrâneas. É dotado de obras de
saneamento e controle ambiental, de poliuretano e/ou poliestireno expandido (isopor), resto de fita
tais como drenos e canalizações crepe, papel usado, copos usados, resto de alimentos etc.
que permitem a captação, o desvio
e o destino adequados de gases
e percolados (também conhecido Fotos 2 e 3 – Exemplos de resíduos do Grupo D: caixas de poliuretano e copos descartáveis
como chorume: líquido produzido
pela compressão e decomposição
do lixo).
Foto: Rema Nasaradden (2002).
234
Gerenciamento de resíduos na rede de frio
Para refletir
Na sua rotina de trabalho, como acontece o descarte de resíduos do
Grupo E? Você obteve orientações para realizar essa atividade?
235
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Segregação é a separação
dos resíduos, conforme sua Todos os profissionais que trabalham na cadeia de frio, mesmo os que
classificação, no momento e local atuam temporariamente ou que não estejam diretamente envolvidos nas
de geração.
atividades de gerenciamento de resíduos, devem conhecer como funciona
o sistema adotado para o gerenciamento de RSS. Por exemplo, a prática
de segregação de resíduos, os conhecimentos sobre símbolos, expressões,
padrões de cores adotados, localização dos abrigos de resíduos, entre
outros fatores, indispensáveis à completa integração ao PGRSS.
Manejo dos Resíduos dos O PGRSS deve ter como base as características dos resíduos gerados no
Serviços de Saúde (RSS) é a
ação de gerenciar os resíduos
serviço e deve estabelecer diretrizes de manejo dos Resíduos dos Serviços
em seus aspectos intra e de Saúde (RSS). O processo de manejo dos RSS ocorrerá de acordo com
extraestabelecimento, desde a sua classificação, que, no caso da rede de frio, refere-se aos Grupos A1,
geração até a disposição final.
D e E.
236
Gerenciamento de resíduos na rede de frio
http://www.mma.gov.br/
port/conama/legiabre.
cfm?codlegi=273
AZUL Papel/Papelão
VERMELHO Plástico
VERDE Vidro
AMARELO Metal
PRETO Madeira
LARANJA Resíduos perigosos
BRANCO Resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde
ROXO Resíduos radioativos
MARROM Resíduos orgânicos
Resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não
CINZA
passível de separação
Fonte: Elaborado de acordo com a RDC n. 275/2001 (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, 2001).
237
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Não há restrição quanto ao uso 3. Identificação: consiste em um conjunto de medidas que permite
de adesivos para identificação
o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos ou recipientes,
dos sacos e recipientes de
acondicionamento de resíduos, fornecendo informações para seu correto manejo. Os sacos de
desde que seja garantida a sua acondicionamento, os recipientes de coleta e transporte, internos
resistência aos processos normais
de manuseio. e externos, e os locais de armazenamento devem ser identificados
de maneira a propiciar fácil visualização, de forma indelével,
utilizando-se símbolos, cores e frases, atendendo aos parâmetros
vigentes referenciados na norma da Associação Brasileira de
Normas Técnicas, NBR 12.810: 2016. Além disso, deve atender,
também, às exigências relacionadas à identificação de conteúdos e
ao risco específico de cada grupo de resíduos.
238
Gerenciamento de resíduos na rede de frio
Fonte: FreeImages.com.
239
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
A autoclavação poderá ser feita outros serviços. Essa exclusividade, na ocorrência de algum acidente e
por meio de contratação de
empresa habilitada para esse consequente contaminação do equipamento, evita que seja necessário
serviço, ou de aquisição da limpar e descontaminar a autoclave, o que acarreta custo financeiro e
autoclave para realização do
interrompe o uso do equipamento.
tratamento. Caso seja feita a
aquisição do equipamento, sua
localização poderá ser na própria
unidade de saúde, na central de Importante!
distribuição de vacinas do PNI
ou mesmo em alguns centros Os resíduos provenientes das atividades de vacinação, como frascos de
regionais do estado, para facilitar imunobiológicos, vacinas com prazo de validade expirado, materiais
a logística. perfurocortantes etc., devem ser devidamente tratados, acondicionados
e identificados para serem encaminhados ao processamento final. Todos
os profissionais da saúde precisam conhecer esse processo para garantir o
tratamento adequado dos resíduos, pois são corresponsáveis por ele.
Incineração é o tratamento com Após o tratamento prévio, os resíduos dos serviços de saúde dos Grupos A
queima de resíduos sólidos ou
e E devem ser acondicionados em saco branco leitoso. A coleta desse lixo
líquidos químicos até a redução a
cinzas, utilizando equipamentos é feita pelo município, e o transporte, em veículos (caminhões) específi-
que produzem altas temperaturas, cos e adequados para essa finalidade. O lixo é enviado diretamente para
com padrões de emissões
atmosféricas controlados. o aterro sanitário autorizado, onde passa por processo de incineração.
240
Gerenciamento de resíduos na rede de frio
8. Coleta e transporte externos: consistem na remoção dos RSS do As NBR n. 12.810 e 14.652 não
se encontram disponíveis para
abrigo de resíduos até a unidade de tratamento ou disposição consulta na internet. Verifique,
final, utilizando-se uma técnica que garanta a preservação das em seu serviço, se há exemplares
condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, disponíveis, caso deseje aprofundar
seus estudos.
da população e do meio ambiente, devendo estar de acordo com as
orientações dos órgãos de limpeza urbana, assim como da Resolução
Conama n. 358/2005. A coleta e o transporte externos dos resíduos
de serviços de saúde devem ser realizados de acordo com as
normas NBR n. 12.810 e NBR n. 14.652, da ABNT (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2016, 2013).
Considerações finais
Podemos compreender, no fim deste capítulo, que o gerenciamento de
resíduos de serviços de saúde (GRSS) é entendido como o conjunto de
ações de gestão planejadas, implantadas e implementadas com bases
técnico-científicas, normativas e legais. Tem como objetivo minimizar
a produção de resíduos gerados e proporcionar seu encaminhamento
seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, à pre-
servação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente.
241
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (Brasil). Nota técnica n. 002, de 12 de abril de
2011. Tratamento de resíduos resultantes de atividades de vacinação com microrganismos vivos
ou atenuados. Brasília, DF, 2011. Disponível em: <http://www.saude.mt.gov.br/upload/controle-
infeccoes/pasta3/nota_tecnica_uinfsggtesanvisa_n_02_2011.pdf >. Acesso em: 3 ago. 2016.
FIOCRUZ. Glossário em biossegurança. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio
Arouca/Fiocruz, 2004. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/StartBIS.htm>.
Acesso em: 18 set. 2016.
RESÍDUO. In: DICIONÁRIO Priberam da língua portuguesa. Porto: Priberam, 2013. Disponível em:
<https://www.priberam.pt/dlpo/resíduos>. Acesso em: 3 ago. 2016.
242
III Organização do trabalho
em saúde e a rede de frio de
imunobiológicos
10. Organização do trabalho
Marcello de Moura Coutinho e Valéria Cristina Gomes de Castro
Trabalho e sociedade
Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participam o
homem e a natureza, processo em que o ser humano com sua
própria ação impulsiona, regula e controla seu intercâmbio
material com a natureza. Defronta-se com a natureza como
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Para refletir
Como as mudanças tecnológicas afetam seu trabalho?
246
Organização do trabalho
247
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Para refletir
Como são os contratos de trabalho no lugar em que você exerce a sua
atividade profissional? Quais são as formas de vínculo empregatício dos
trabalhadores?
248
Organização do trabalho
249
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Para refletir
Você está conseguindo relacionar as questões estudadas até agora com
a realidade do seu trabalho?
Fotos 2, 3 e 4 – O processo de trabalho em saúde envolve diferentes etapas e muitas tecnologias Foto: Russel Weller (2004).
Foto: Peter Ilicciev ([20--]).
250
Organização do trabalho
Nas imagens, é possível perceber o emprego de alta tecnologia na saúde. Os termos flexibilização e
Em consequência, principalmente, do avanço tecnológico, diversas pro- precarização têm sido utilizados
para designar o processo de
fissões foram sendo incorporadas a esse setor, gerando novas especiali- produção ao qual os trabalhadores
zações (arquitetura hospitalar, direito em saúde, mecatrônica, biome- estão submetidos no sistema
capitalista, em que há diversas
dicina, entre outras). Embora haja crescimento dos postos de trabalho formas de contratação e salários
formais, as mudanças relativas aos aspectos estruturais do trabalho, tais diferenciados para a realização
como a flexibilização e a precarização dos vínculos, passaram a com- de atividades semelhantes.
Essa multiplicidade de formas
por fortemente o processo de trabalho em saúde no Brasil nos últimos de contratação difere da
anos (esta discussão será retomada no próximo capítulo, “Organizações padronização fordista e tem
sido chamada de flexibilização.
públicas e o processo de trabalho em saúde”). E, geralmente, implica também
perdas de direitos do trabalhador,
A consolidação do SUS como um sistema que amplia direitos sociais sendo denominada, portanto, de
precarização do trabalho.
possibilitou, também, discussões relativas a vinculação e regulamen-
tação dos trabalhadores que atuam no sistema. Com a regionalização
dos serviços, ocorre menos contratação de pessoal nas esferas federal
e estadual, e há aumento do número de trabalhadores com vínculo
municipal. As mudanças ocorridas com a municipalização dos serviços
de saúde não foram acompanhadas, no entanto, por novas regulamen-
tações a respeito da administração de pessoal, forçando a convivência,
no mesmo espaço, de trabalhadores com carga horária, vínculos e salá-
rios diferenciados.
251
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
252
Organização do trabalho
253
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Considerações finais
Para finalizar este capítulo, sistematizamos alguns dos pontos com base
em nossa experiência docente e atuação no SUS, a fim de contribuir para
o debate sobre o processo de trabalho na rede de frio de imunobiológicos:
G Podemos observar que há uma prática de articulação entre os
trabalhadores dos diferentes serviços que integram essa rede, porém
essa articulação ocorre mais na resolução de problemas práticos,
sendo necessária ainda maior reflexão sobre todo mecanismo e
complexidade que compõem o sistema.
G Os trabalhadores percebem a importância do seu trabalho, sendo
que a proximidade com o usuário é um fator gerador de maior
cobrança na resolução de problemas, causando estresse, muitas
vezes. No entanto, naqueles serviços em que essa relação não
ocorre, carecem do retorno e do reconhecimento da importância
de seu trabalho por parte daqueles que o utilizam. O estresse está
relacionado, geralmente, ao processo de trabalho e execução de
prazos e normas.
G A diversidade de vínculos de trabalho (estatutários, Consolidação
das Leis Trabalhistas [CLT] e outros) pode gerar conflitos em relação
à gestão, relacionados principalmente a desigualdades salariais,
condições de trabalho e possibilidades de liberação, no horário de
trabalho, para realização de cursos de aperfeiçoamento profissional.
254
Organização do trabalho
Referências
ANTUNES, R.; ALVES, G. As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do
capital. Educação e Sociedade, Campinas, v. 25, n. 87, p. 335-351, 2004.
CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE (Brasil). Princípios e diretrizes para a gestão do trabalho no SUS
(NOB/RH-SUS). 3. ed. rev. atual. Brasília, DF, 2005.
DICIONÁRIO de filosofia Nicolas Abbagnano. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
FORMIGA. In: WIKIPEDIA: a enciclopédia livre. [S.l.], 2013. Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/
Formiga>. Acesso em: 5 ago. 2016.
MARX, K. Processo de trabalho e processo de produção de mais-valia. In: MARX, K. O capital. [S.l.]:
Marxists Internet Archive, 2005. v. 1, parte 3, cap. 7. Disponível em: <https://www.marxists.org/
portugues/marx/1867/ocapital-v1/vol1cap07.htm>. Acesso em: 22 nov. 2013.
PEDUZZI, M.; SCHRAIBER, L. Processo de trabalho em saúde. In: PEREIRA, I. B.; LIMA, J. C. F. (Org.).
Dicionário de educação profissional em saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz/Escola Politécnica de Saúde
Joaquim Venâncio, 2009. p. 320-326.
255
11. Organizações públicas e o
processo de trabalho em saúde
Marcello de Moura Coutinho, Maria Luiza Silva Cunha
A discussão do trabalho na saúde engloba, necessariamente, uma Eficiência trata de como fazer,
análise do contexto organizacional do trabalho e suas relações com o não do que fazer. Quando se fala
em eficiência, está se tratando de
Sistema Único de Saúde (SUS). Nos últimos anos, diferentes autores produtividade, de fazer mais com o
(AZEVEDO; BRAGA NETO; SÁ, 2002; LIMA, 1996) têm apontado para mínimo de recursos possíveis.
a crise com que nos deparamos no setor de saúde, em geral, e na gestão
das organizações públicas, em particular, que se relaciona com diferen-
tes aspectos, entre eles, governabilidade, resolutividade e eficiência.
Assim, organização tanto pode ser entendida como a forma pela qual
o trabalho é organizado em uma instância ou um serviço de saúde
(por exemplo, os procedimentos de solicitação, o processo de compra,
o armazenamento de imunobiológicos, como no caso da Cenadi), ou
como a própria instância ou serviço, em que o conceito de organização
se confunde com o de instituição.
Foto 1 – Cenadi
258
Organizações públicas e o processo de trabalho em saúde
Para refletir
Considerando os fatores apresentados, reflita sobre a organização
na qual você se insere. Como se estrutura? Existe um organograma
da unidade de saúde ou setor em que você trabalha? Como é feita
a divisão do trabalho? Como acontece o processo decisório? Quem
participa desse processo?
259
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Morgan (1996) destaca que a culturas, sistemas políticos, prisões psíquicas, fluxos e transformações
metáfora é usada “sempre que
tentamos compreender um
e, também, como instrumentos de dominação. A utilização das diferen-
elemento da nossa experiência em tes metáforas permite, segundo o autor, a compreensão da organização
face de outro. Assim, a metáfora como fenômeno complexo, ambíguo e paradoxal (MORGAN, 1996).
prossegue por meio de afirmações
implícitas ou explícitas de que A é Vamos, a seguir, discutir um pouco sobre uma dessas metáforas, que
(ou parece) B. Quando se diz que ‘o se faz bastante presente nas organizações do ponto de vista histórico e
homem é um leão’ usa-se a imagem
do leão para chamar a atenção
ainda marca os processos de trabalho nos dias atuais.
dos aspectos do homem parecidos
com o leão. A metáfora enquadra a
nossa compreensão do homem de
A imagem das organizações como máquinas
forma específica, ainda que parcial”
(MORGAN, 1996, p. 16). Nas organizações compreendidas como máquinas, as partes possuem
um papel claramente definido no funcionamento do todo. A organi-
zação é pensada como a interligação das diferentes partes que a com-
põem, de forma mecânica.
Foto 2 – Linha de montagem em uma fábrica A resposta para as duas últimas perguntas é sim. Essa
da Ford (1913) – um modo de fazer ainda
significativamente presente nos dias atuais
concepção encontra-se bastante disseminada ainda
nos dias atuais e pode ser exemplificada pelo trabalho
de produção em massa em uma fábrica, nas cadeias
de “refeições rápidas” ou mesmo em atividades como
a dos assistentes de vendas, cujos comportamento e
respostas na interação com os clientes são fortemente
padronizados e determinados previamente.
260
Organizações públicas e o processo de trabalho em saúde
maior controle e eficiência por parte dos fabricantes e, por outro, perda
de liberdade de ação e submissão às normas e rotinas de produção por
parte dos trabalhadores.
No início do século XX, uma teoria de organização e de administração Para Weber, a primeira definição
compreensível de burocracia
foi formulada considerando diferentes contribuições. A mais significa-
caracteriza-a como uma forma
tiva se referia às conclusões do sociólogo alemão Max Weber (1864- de organização que enfatiza a
1920); este afirmava que, ao “rotinizar” os processos de administração, precisão, a rapidez, a clareza, a
regularidade, a confiabilidade
as formas burocráticas exerciam, na produção, o mesmo papel que as e a eficiência, atingidas através
máquinas. da criação de divisão de tarefas
fixas, supervisão hierárquica,
regras detalhadas e regulamentos
Outra contribuição significativa foi dada por um grupo de teóricos e (MORGAN, 1996, p. 26).
profissionais em administração, da América do Norte e da Europa, que
embasou o que atualmente é conhecido como “a teoria da administra-
ção clássica” e “administração científica”. Eles defendiam fortemente
a burocratização, em oposição a Weber, influenciando, em grande
medida, o pensamento presente até os dias atuais.
261
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
O trabalho em equipe
Em nossos dias, o trabalho em equipe
é considerado como um dos elementos
centrais para a gestão dos serviços e do
Para refletir
Com quem você desenvolve o seu trabalho? Quem faz parte da sua
equipe? Como é a relação entre os integrantes da equipe? O seu
processo de trabalho considera a interação das ações entre os diferentes
participantes? Como é feita a comunicação entre os integrantes da
equipe?
262
Organizações públicas e o processo de trabalho em saúde
A compreensão da determinação social da saúde levou a uma correspon- A determinação social da saúde
e os modelos assistenciais foram
dente busca de reorientação do modelo assistencial, que passou a se voltar
abordados, respectivamente, no
para o alcance da atenção integral à saúde. Para tal, esse novo modelo pre- Capítulo 1, “Um pouco de história:
via a articulação de ações de promoção, prevenção, recuperação e reabili- evolução das concepções de saúde,
doença e cuidado”, e no Capítulo
tação da saúde, a serem realizadas por profissionais da saúde de diferentes 2, “Políticas públicas de saúde e
áreas, mediante o trabalho em equipe multiprofissional. No entanto, ainda a organização do SUS”, do livro
Rede de Frio: fundamentos para a
mantinha a centralidade do trabalho médico (PEDUZZI, 2009). compreensão do trabalho (SILVA;
FLAUZINO; GONDIM, 2016).
Outra vertente explicativa do surgimento do trabalho em equipe, na
saúde, se refere à busca pela reorganização dos processos de trabalho,
de forma a fazer frente aos crescentes custos da atenção médica. Estes
foram acarretados para o sistema pela incorporação de novas tecnolo-
gias, pelo aumento da necessidade de aquisição de produtos industria-
lizados e pela ampliação da população atendida (PEDUZZI, 2009).
O trabalho em equipe
• Parte da busca por maior eficiência da atenção médica, prevista em uma
visão economicista.
• Incorpora a concepção ampliada de saúde e um modelo baseado na
atenção integral.
Os conceitos de interdisciplinaridade e transdisciplinaridade foram
importantes para a formulação da definição do trabalho em equipe,
compreendido como trabalho de um coletivo, tal como se apresenta nas
definições atuais.
263
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
264
Organizações públicas e o processo de trabalho em saúde
Ao longo dos anos, entretanto, a reversão do modelo biomédico não Relembrando, o modelo
biomédico é centrado na atenção
foi um processo automático. No que se refere ao trabalho em equipe,
especializada e em procedimentos
o desenho previsto na atuação multiprofissional nem sempre garantia individuais. Seu local de atenção
a pretendida integração das práticas e saberes. A atuação especializada, mais expressivo se referia aos
hospitais.
tornada hegemônica por meio da organização disciplinar do conheci-
mento, persistia no fazer cotidiano dos serviços. Frequentemente, os Hegemônica refere-se à
supremacia, à preponderância, ao
diferentes profissionais compartilhavam o mesmo local de trabalho, poder político e econômico.
mas mantinham lógicas distintas de atendimento, com pouca comuni-
cação e integração.
265
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Para refletir
Pense, agora, no seu trabalho na rede de frio de imunobiológicos.
266
Organizações públicas e o processo de trabalho em saúde
Apresentamos, a seguir, a contribuição de Campos (2002) que, ao enfo- O paradoxo existente entre
car as profissões de nível superior e a sua atuação na clínica e na saúde autonomia profissional e atribuição
institucional de responsabilidade,
coletiva, possibilita uma discussão fértil sobre tal concepção. O autor identificado nas análises acerca da
discute a questão da autonomia profissional e do paradoxo entre esta atuação de profissionais de nível
superior, diz respeito, por exemplo,
e a atribuição institucional de responsabilidade. Apresenta, ainda, uma à perspectiva médico-centrada
reflexão importante para a compreensão do tema trabalho em saúde. e ao modelo biomédico, que
Segundo esse autor, devem-se considerar os trabalhadores da saúde em entram em choque com a política
de humanização do SUS e não
uma dupla dimensão. Uma que se refere à sua capacidade de produção respeitam os direitos do paciente
do sistema, como sujeito, e a outra, pela sua condição de objeto produ- (usuário). Além disso, limitam ou
zido por fatores culturais, pelo conhecimento disciplinar, pelo mercado, até mesmo inviabilizam o trabalho
em equipe, quando os profissionais
entre outros. Significa que: de nível superior desconsideram os
saberes de outros, por exemplo, os
os trabalhadores de saúde operam com relativo grau de au-
do agente comunitário de saúde.
tonomia, apesar dos constrangimentos a que estão sempre
submetidos. Em consequência, o grau de alienação dos traba-
lhadores em relação ao objetivo (missão), objeto e meios de
trabalho dos sistemas de saúde pode variar conforme a con-
juntura e conforme a sua própria atuação como atores sociais
que são. A alienação não é um dado exclusivamente estrutural
(CAMPOS, 2002, p. 242).
A alienação dos trabalhadores em saúde pode ser verificada pelo grau Organização parcelar do trabalho
de afastamento destes do movimento de defesa da vida. Considerada refere-se a fragmentação e
especialização do trabalho, modelo
como princípio ético, a defesa da vida contrapõe-se a práticas cada vez taylorista, em que cada trabalhador
mais frequentes na atualidade, norteadas pelos interesses mercadológi- domina e realiza apenas uma parte
do trabalho.
cos, pelas normas burocráticas, pelo corporativismo e pela organização
parcelar do trabalho em saúde. Em relação ao último, Campos (2002)
estabelece que a fixação do profissional a determinada etapa de certo
projeto terapêutico produz alienação.
267
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Campos (2002) afirma que No interior das equipes, a possibilidade de negociação das definições de
os médicos buscam extrema Campo e Núcleo de Competência e Responsabilidade possibilita maior
especialização, ou seja, ao se
especializarem, vão perdendo autonomia para os profissionais e equipes e a atribuição de responsa-
progressivamente a perspectiva bilidades de forma clara. A respeito desses pontos, o autor prevê uma
global da medicina. O que poderia
minimizar esse efeito seria, então,
abertura no paradoxo entre autonomia e definição de responsabilidade,
uma formação que privilegiasse a assim como entre polivalência e especialização (CAMPOS, 2002).
polivalência, para propiciar uma
visão mais holística, em cada
clínica médica.
A seguir, abordamos alguns aspectos importantes relacionados ao tra-
balho em saúde nas organizações.
268
Organizações públicas e o processo de trabalho em saúde
Posicionamento ético
Os crescentes custos do setor de saúde, relacionados com o envelheci-
mento populacional, o predomínio de condições crônicas e, cada vez
mais, com intensa incorporação tecnológica, se colocam como impor-
tantes aspectos para a capacidade de manutenção de sistemas públicos
e universais de saúde, como o SUS.
269
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Para refletir
O que você refletiu a partir dos quadrinhos? Pode-se apreender que
confiança é construída na relação entre as pessoas; mas, qual é o papel
da comunicação? E como pensar essas relações de respeito e confiança
na rede de frio de imunobiológicos? Que papel você acredita que elas
têm? Seriam tão importantes quanto os insumos, os equipamentos e o
número suficiente de trabalhadores para que a rede funcione?
Educação e saúde
Em nossos dias, existem diversas expressões que relacionam educação
e saúde. Apesar de, muitas vezes, serem usadas com o mesmo signifi-
cado, essas expressões designam coisas muito diferentes e partem de
variadas concepções de saúde, educação e sociedade.
270
Organizações públicas e o processo de trabalho em saúde
Para refletir
Qual perspectiva de educação, sistematizada pelo Ministério da Saúde
(BRASIL, 2009), é mais frequente em sua realidade de trabalho? Como
as perspectivas educativas (BRASIL, 2009) podem contribuir para o
trabalho em saúde, na rede de frio de imunobiológicos?
271
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Concluindo...
No âmbito do SUS, as organizações de saúde devem superar a concepção
mecanicista, caracterizada pelo trabalho fragmentado e parcelar, e
considerar as múltiplas dimensões envolvidas no trabalho em saúde.
Entre elas, a dimensão relacional e ética, a busca pela defesa da vida
e efetivação da cidadania e o trabalho coletivo, o qual pressupõe forte
interação e comunicação.
Considerações finais
Em que medida seu trabalho incorpora a concepção de trabalho em
equipe, que envolve forte interação e comunicação? Que ações podem
ser pensadas para viabilizá-la em seu processo de trabalho? Que impor-
tância tem essa forma de organização quando pensamos em proces-
sos de trabalho que envolvem produção, distribuição, abastecimento
e administração de imunobiológicos e outros insumos estratégicos na
rede de frio de imunobiológicos?
272
Organizações públicas e o processo de trabalho em saúde
Referências
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dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 set. 1990.
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Brasília, DF, 16 fev. 2004. Seção 1, p. 37.
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273
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
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(Org.). Dicionário de educação profissional em saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz/Escola Politécnica de
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SILVA, M. N.; FLAUZINO, R. F.; GONDIM, G. M. M. (Org.). Rede de frio: fundamentos para a
compreensão do trabalho. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2016.
274
12. Saúde e segurança do
trabalhador na rede de frio de
imunobiológicos
Irai Borges de Freitas, Katia Butter Leão de Freitas,
Marcello de Moura Coutinho e Sarita de Oliveira Ferreira Lopes
Os determinantes e condicionantes da saúde foram definidos pela Lei Lei procede do latim lex, que
significa regra, norma. Trata-se de
Orgânica da Saúde n. 8.080/90, no seu parágrafo 3, do artigo 2º: uma norma ou um conjunto de
Os níveis de saúde expressam a organização social e econô- normas concebido por um poder
soberano para regular a conduta
mica do país, tendo a saúde como determinantes e condicio- social e impor sanções a quem não
nantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento a cumpre.
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
A função das leis é controlar os básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a
comportamentos e ações dos atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e
indivíduos de acordo com os serviços essenciais (BRASIL, 1990b, grifo nosso).
princípios daquela sociedade. Em
geral, as ações puníveis por lei são
ponderadas pelos cidadãos antes A terceirização, no contexto da precarização, acompanhada da intensi-
de serem praticadas. ficação e do aumento da jornada de trabalho, com acúmulo de funções;
a maior exposição a fatores de risco para a saúde; o descumprimento de
regulamentos de proteção à saúde e segurança do trabalhador; o rebai-
xamento dos níveis salariais e o aumento da instabilidade no emprego...
Esses são alguns dos fatores que fazem parte de processos de trabalho
contemporâneos. Se considerarmos o conceito ampliado de saúde,
pode-se perceber que eles têm grande impacto sobre os trabalhado-
res, os quais, frequentemente, desenvolvem estresse, contaminação e
fadiga mental/psíquica, as chamadas “dores relacionadas ao trabalho”,
isto é, lesões por esforços repetitivos (LER) e distúrbios osteomolecula-
res relacionados ao trabalho (Dort).
276
Saúde e segurança do trabalhador na rede de frio de imunobiológicos
considerando que:
G a medicina do trabalho se
constituiu, fundamentalmente,
como uma atividade médica,
sendo praticada nos locais de A medicina do trabalho era voltada para a
manutenção do trabalhador “funcionando”
trabalho (empresas, instituições em seu posto de trabalho, de forma a não
atrapalhar a produção da indústria.
públicas etc.);
Fonte: Wikimedia Commons.
A origem da medicina do trabalho e seu desenvolvimento, portanto, Como teria dito Henry Ford:
“O corpo médico é a seção da
estão articulados à necessidade de máxima produtividade. Tanto a pers-
minha fábrica que mais dá lucro”
pectiva de adaptação ao trabalho quanto a ideia de manutenção da (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1984,
saúde da força de trabalho refletem as influências da medicina cientí- p. 181). Não é à toa que a
medicina do trabalho continua
fica e da fisiologia, assim como das ciências da administração, quando até hoje...
nos lembramos dos princípios do taylorismo-fordismo.
Para refletir
Com base nessas ideias, você identifica alguma semelhança com seu
trabalho nos dias atuais?
277
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
278
Saúde e segurança do trabalhador na rede de frio de imunobiológicos
279
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
G luva de pelica; e
G calçado de segurança (bota
de cano alto para câmara
fria, forrada com lã e solado
em PVC). Calça
(macacão frio)
Figura 14 – Vivitrum cum intius ex non hos bon nihil virtiae. Chegamos aos anos 1960, época do “é proi-
bido proibir”, momento de caminhar e cantar
Soyloco por ti, America (Gilberto Gil, Torquato
Neto e José Carlos Capinan). O chamado
“Maio francês” ocorreu em 1968, e a juven-
tude da época, em todo o mundo, passou a
questionar o sentido da vida, o uso do corpo,
os padrões comportamentais e os valores reli-
giosos e tradicionalistas. O trabalho também
Foto: Sautdutarn.
280
Saúde e segurança do trabalhador na rede de frio de imunobiológicos
281
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
282
Saúde e segurança do trabalhador na rede de frio de imunobiológicos
2- Tipo de CAT
Inicial Reabertura Comunicação de óbito
I - EMITENTE
Empregador
Acidentado
10 - Nome
11 - Nome da mãe
18 - Carteira de Identidade (RG) Data de Emissão Orgão Expedidor 19 - UF 20 - PIS / PASEP / NIT
Selecione
21 - Endereço - Rua / AV
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
quebra de página
Fonte: Ministério do Trabalho e Previdência Social (BRASIL, 2016).
283
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Acidente ou Doença
45 - Houve morte?
Sim
Não
Testemunhas
Fonte: Ministério do Trabalho e Previdência Social (BRASIL, 2016).
46 - Nome
É essencial frisar que a CAT também tem caráter legal, pois gera
47 - Endereço - Rua / Av / nº / comp.
informações para o controle estatístico e epidemiológico junto aos
órgãos
Bairro
federais, CEP com garantia de assistência acidentária
48 - Munícipio 49 - UF
ao empregado
Telefone
Para saber mais sobre a CAT, junto ao Instituto Nacional de SeguridadeSelecione Social (INSS) ou, se
acesse: http://goo.gl/yF4uJT.
necessário,
50 - Nome uma aposentadoria por invalidez.
Segundo o /Anuário
51 - Endereço - Rua Av / nº / comp. Estatístico da Previdência Social (AEPS) de 2014,
elaborado pelo Ministério da Previdência Social (BRASIL, 2015a):
Bairro CEP 52 - Munícipio 53 - UF Telefone
284
Saúde e segurança do trabalhador na rede de frio de imunobiológicos
Quadro 1 – Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com sua natureza e padronização das cores
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5
Riscos Físicos Riscos Químicos Riscos Biológicos Riscos Ergonômicos Riscos de Acidentes ou
Mecânicos
Arranjo físico
Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico intenso
inadequado
Levantamento e Máquinas e
Vibrações Fumos Bactérias transporte manual de equipamentos sem
cargas proteção
Exigência de postura Ferramentas inadequadas
Radiações ionizantes Névoas Protozoários
inadequada ou defeituosas
285
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Quadro 1 – Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com sua natureza e padronização das cores
(cont.)
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5
Riscos Físicos Riscos Químicos Riscos Biológicos Riscos Ergonômicos Riscos de Acidentes ou
Mecânicos
Controle rígido de
Radiações não ionizantes Neblinas Fungos Iluminação inadequada
produtividade
Imposição de ritmos
Frio Gases Parasitas Eletricidade
excessivos
Trabalho em turno e Probabilidade de
Calor Vapores Bacilos
noturno incêndio ou explosão
Substâncias compostas
Jornadas de trabalho Armazenamento
Pressões anormais ou produtos químicos
prolongadas inadequado
em geral
Monotonia e
Animais peçonhentos
Umidade repetitividade
Aspectos relativos a ergonomia e Ao pensar nos riscos existen- Foto 3 – Trabalhador em laboratório
ambiência são tratados no próximo
tes relacionados às atividades
capítulo, trazendo exemplos
relacionados ao trabalho na rede de trabalho realizadas na rede
de frio de imunobiológicos. de frio de imunobiológicos, po-
demos citar alguns exemplos:
286
Saúde e segurança do trabalhador na rede de frio de imunobiológicos
Capacitação
NR 32 Medidas de proteção
Programas
287
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Biossegurança é o conjunto de Essa norma apresenta o conceito de serviços de saúde, no qual fica
ações voltadas para prevenção,
proteção do trabalhador,
claro que a responsabilidade é solidária entre empregadores e trabalha-
minimização de perigos inerentes dores. Trata, ainda, de temas relacionados à biossegurança, abordada
às atividades de pesquisa, no próximo capítulo, reafirmando a necessidade da abertura da CAT,
produção, ensino, desenvolvimento
tecnológico e prestação de serviços, mesmo não havendo afastamento do trabalhador, e aborda o trabalho
visando à saúde do homem, dos com perfurocortantes (a agulha de vacinação, por exemplo).
animais, à preservação do meio
ambiente e à qualidade dos
resultados. Esse foco de atenção
É extremamente importante que o trabalhador não só conheça as
retorna ao ambiente ocupacional normas, mas também esteja atento ao cumprimento destas em seu
e amplia-se para a proteção local de trabalho, sob pena de causar danos a sua saúde e a dos demais
ambiental e a qualidade.
trabalhadores.
288
Saúde e segurança do trabalhador na rede de frio de imunobiológicos
289
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
290
Saúde e segurança do trabalhador na rede de frio de imunobiológicos
Após ser aprovado pela Cipa, o mapa de riscos de toda a empresa ou seto-
rial deverá ser fixado em local visível e de fácil acesso aos trabalhadores.
291
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
4 4
Consultório A
4 4
1 1 1
Consultório B
Recepção
4 4 4
Sala de vacina
Banheiro
MAPA DE RISCOS
Risco Grande Rísco Médio Risco Pequeno
Agora que você já viu o que é e como se faz, de forma geral, um mapa
ou mapeamento de riscos, que tal tentar fazê-lo em seu ambiente de
trabalho? Dissemine a ideia! Ajude a mobilizar os seus companheiros
de trabalho e mãos à obra. E não se esqueça de registrar como foi a
experiência! O registro pode ser útil para outros trabalhadores.
292
Saúde e segurança do trabalhador na rede de frio de imunobiológicos
Para refletir
Com base nas explanações apresentadas neste capítulo e nos demais
sobre o campo da saúde do trabalhador, reflita sobre os fatores de
risco existentes nas imagens a seguir, relativas a processos de trabalho
da rede de frio de imunobiológicos, comparando-os com os do seu
ambiente de trabalho.
Considerações finais
O objetivo deste capítulo foi introduzir reflexões relacionadas à saúde
do trabalhador, trazendo um pouco do seu contexto histórico-concei-
tual, partindo da medicina do trabalho, passando pela saúde ocupacio-
nal até chegar à saúde do trabalhador propriamente dita.
293
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADES E ATIVIDADES
Referências
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de Janeiro: [s.n.], 2002.
BRASIL (Constituição, 1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado
Federal, 1988.
BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 set. 1990b.
BRASIL. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência
Social e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 jul. 1991. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 4 ago. 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.823, de 23 de agosto de 2012. Institui a Política Nacional
de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 ago. 2012.
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BRASIL. Ministério da Previdência Social. Anuário estatístico da Previdência Social. Brasília, DF, jul.
2015a. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/dados-abertos/aeat-2013/estatisticas-de-
acidentes-do-trabalho-2013/>. Acesso em: 24 nov. 2015.
294
Saúde e segurança do trabalhador na rede de frio de imunobiológicos
LACAZ, F. A. C. The workers’ health field: reclaiming knowledge and practices in the interface
between work and health. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 4, p. 757-766,
2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n4/02.pdf>. Acesso em: 20 set. 2016.
MENDES, R.; DIAS, E. C. Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador. Revista de Saúde Pública,
São Paulo, v. 25, n. 5, p. 341-349, 1991.
ODDONNE, Ivar et al. Ambiente de trabalho: a luta dos trabalhadores pela saúde. São Paulo:
Hucitec, 1986.
SILVA, M. N.; FLAUZINO, R. F.; GONDIM, G. M. M. (Org.). Rede de frio: fundamentos para a
compreensão do trabalho. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2016.
295
13. Arquitetura, ambiência,
ergonomia e saúde nos locais
de trabalho
Irai Borges de Freitas, Katia Butter Leão de Freitas
e Sarita de Oliveira Ferreira Lopes
Arquitetura e o desmembramento
didático do espaço construído
A arquitetura utiliza, com muita frequência, a expressão espaço cons-
truído, mas o que é isso? Para maior entendimento, apresentamos
alguns conceitos fundamentais, tais como espaço, lugar e não lugar.
Como poderíamos exemplificar Então, todo espaço pode se tornar um lugar? Sim, e quanto mais tempo
o não lugar? São rodoviárias,
se habita um lugar, mais nos identificamos com ele (TUAN, 1983 apud
aeroportos, supermercados,
locais onde apenas estamos de ALVES, 2007). Já, o “não lugar” apresenta uma ideia contrária à do
passagem. lugar, ou seja, é quando não existe uma identidade, um relacionamento
ou uma história em um dado espaço (AUGÉ, 1994 apud ALVES, 2007).
298
Arquitetura, ambiência, ergonomia e saúde nos locais de trabalho
VERTICAIS
1 2 3 4 5
HORIZONTAIS
1 2 5
3 4
299
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Para refletir
O seu local de trabalho está em conformidade com os critérios
recomendados para espaços edificados? Se não, como amenizar os
efeitos adversos ao bem-estar dos profissionais?
Espaço instalado
O espaço instalado se caracteriza pela atividade técnica. Mas o que
compõe essa atividade?
300
Arquitetura, ambiência, ergonomia e saúde nos locais de trabalho
Espaço ocupado
O arquiteto Távora (2007) compreende que o espaço ocupado deverá ser
o resultado da inteligência artística do ser humano, que contempla uma
harmonia envolvida de sensibilidade, consciência e integração. Portanto,
entende-se que espaço ocupado caracteriza-se pela atividade humana.
301
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
302
Arquitetura, ambiência, ergonomia e saúde nos locais de trabalho
Ambiência
A ambiência é fundamental no espaço instalado da edificação e faz
parte da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde.
Importante
A ambiência deve ter origem na fase do planejamento do edifício de
saúde, ou seja, no espaço edificado.
Já a efetivação da ambiência ocorre no espaço instalado, com a utilização
dos elementos humanizadores apresentados pela cartilha Ambiência, do
303
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Esses pontos deverão ser considerados para que os espaços sejam acolhe-
dores, funcionais e propícios aos processos de produzir saúde. A estética
também deverá ser considerada, favorecendo um ambiente agradável.
Luz
Você percebe alguma influência da luz no processo saúde-doença?
Sabe-se que o seu uso adequado poderá favorecer a realização das ati-
vidades e o conforto dos usuários e que, quando utilizada inadequa-
damente, poderá contribuir para a fadiga e acuidade visual e afetar o
desempenho no trabalho, além de trazer outros desconfortos.
304
Arquitetura, ambiência, ergonomia e saúde nos locais de trabalho
ILUMINAÇÃO
GERAL ILUMINAÇÃO
COMBINADA
305
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Cheiro
Não conseguimos visualizar o cheiro, porém o sentimos, e ele exerce
Sheds são telhados ou parte influência sobre o estado de bem-estar dos usuários de um espaço.
desses em forma de “dentes de Quais são as fontes de odores nos ambientes de saúde?
serra”, com um dos planos em
vidro para favorecer a captação
da iluminação natural. Podem ser Os odores existentes nos ambientes são provenientes de diversas fon-
utilizados em fábricas, galpões e tes como: banheiros, substâncias químicas, cozinhas, entre outros. Por
hospitais.
isso, a renovação de ar deverá ser constante, e a preocupação com a
Brises-soleil é um dispositivo
arquitetônico, localizado na
qualidade do ar interior merece atenção.
fachada da edificação, para
impedir a incidência de radiação O projeto de uma edificação deverá considerar a forma arquitetônica
solar para o seu interior, porém
permitindo a entrada da ventilação
adequada para o aproveitamento dos ventos predominantes, que pode-
natural. rão influenciar diretamente na sua ventilação interior e exterior. Tam-
Cobogós são blocos decorativos bém contribuirão para a renovação do ar ambiental interno a utilização
vazados, feitos geralmente de de recursos como exaustores, sheds, chaminés, janelas, brises-soleil,
concreto ou de cerâmica, que
favorecem o aproveitamento da
cobogós, entre outros. Os ambientes ventilados são fundamentais para
iluminação e a ventilação natural. o conforto, a satisfação, a saúde e o desempenho dos trabalhadores.
306
Arquitetura, ambiência, ergonomia e saúde nos locais de trabalho
Som
Existe diferença entre som e ruído?
307
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Cor
A arquitetura, ao se preocuparem fazer uma edificação, se propõe, tam-
bém, a humanizá-la, trazendo os elementos da natureza (iluminação,
ventilação, cor etc.) para compor o ambiente. A ambiência, ao se pre-
ocupar em compor espaços agradáveis, recomenda a combinação de
cores harmoniosas. Seu uso deve também ser planejado, pois a prática
de uma só cor em todo o ambiente pode transmitir monotonia e/ou
melancolia. Já a utilização inadequada de diversas cores pode criar uma
atmosfera confusa no ambiente.
308
Arquitetura, ambiência, ergonomia e saúde nos locais de trabalho
da arquitetura, engenharia e
design de interiores. Rio de
Janeiro: Rio Book’s, 2011. v. 1,
p. 65-104.
Confortabilidade
Sob o ponto de vista da ambiência, é a inclusão da acessibilidade aos
usuários por meio de rampas, corrimãos, piso podotátil, entre outros.
Mas não se limita a esse entendimento. Considerando a sala de vacina,
é importante que o usuário se sinta inserido e acolhido pelo conjunto
de características do ambiente, para que ele possa se identificar cultu-
ralmente, sem perder suas referências.
309
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Para refletir
Vamos a um desafio? Pense no seu local de trabalho e reflita sobre os
elementos humanizadores lá presentes. Como você avalia a presença
destes na sua relação com o local de trabalho?
Ergonomia
Entendemos que a arquitetura deve buscar, na ambiência, as subjetivi-
dades dos usuários e, também, seguir a legislação vigente (normas, leis,
decretos etc.). Agora vamos compreender o que é e o que a ergonomia
tem em comum com a arquitetura e a ambiência.
A palavra ergonomia deriva dos radicais gregos ergon ou ergos, que sig-
nifica trabalho, e nomos, que significa normas, regras, leis naturais. É
uma ciência e tem a atividade de trabalho como ponto central de com-
preensão e de transformação.
310
Arquitetura, ambiência, ergonomia e saúde nos locais de trabalho
311
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Não existe uma única definição para ergonomia. De forma mais deta-
lhada, a Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo), em 1998, a defi-
niu como:
[...] a disciplina científica que trata da compreensão das in-
terações entre os seres humanos e outros elementos de um
sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e
métodos, a projetos que visam otimizar o bem-estar humano
e a performance global dos sistemas. A Ergonomia visa ade-
quar sistemas de trabalho às características das pessoas que
nele operam. Nos projetos de sistemas de produção a Ergono-
mia faz convergir os aspectos de Segurança, Desempenho e de
Qualidade de Vida, através de sua metodologia específica, a
Análise Ergonômica do Trabalho (ABERGO, 1988 apud RIO;
PIRES, 2001, p. 31).
312
Arquitetura, ambiência, ergonomia e saúde nos locais de trabalho
Você sabia?
A identificação dos fatores de risco ergonômico bem como dos possíveis
danos à saúde relacionados ao processo de trabalho e à organização
do trabalho é fundamental para que se possam elaborar programas de
segurança e medidas de prevenção, além de contribuir para a redução dos
acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais.
313
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
314
Arquitetura, ambiência, ergonomia e saúde nos locais de trabalho
Para refletir
Você já participou de algum programa realizado no seu local de
trabalho que buscasse levantar o perfil de saúde dos trabalhadores?
Se afirmativo, teve conhecimento dos resultados?
G Elaborar o Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional O PCMSO é analisado com mais
(PCMSO-NR7) e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais detalhes no próximo capítulo,
relativo à biossegurança.
(PPRA-NR9): o PCMSO é um instrumental clínico e epidemiológico
que busca rastrear, prevenir e diagnosticar precocemente possíveis
agravos à saúde dos trabalhadores, relacionados ao trabalho.
O PPRA busca o controle da ocorrência de riscos ambientais (riscos
físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes) existentes
no local de trabalho, considerando a proteção do meio ambiente e
dos recursos naturais. Ambos objetivam a proteção, a promoção e a
preservação da saúde dos trabalhadores.
Para refletir
O PCMSO estabelece exames periódicos a serem realizados pelos
trabalhadores, conforme os riscos existentes nas atividades de trabalho,
para conhecer e tratar os possíveis danos à saúde.
Você já realizou exames periódicos neste ano? Já teve a oportunidade
de saber se existe PPRA no local em que trabalha? Se não, procure
informações sobre o programa nos setores de recursos humanos ou de
segurança do trabalho.
315
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Domínios da ergonomia
Até agora mencionamos três domínios da ergonomia: física, cognitiva
e organizacional, mas o que significam e como podemos relacioná-
-los com o trabalho da rede de frio de imunobiológicos? A seguir, cada
domínio traz a sua definição para um melhor entendimento.
1. Ergonomia física
Tem o foco voltado às características humanas anatômicas, antropo-
métricas, fisiológicas e biomecânicas e como elas se relacionam com as
exigências de ordem física, que incluem:
G posturas,
G manuseios de materiais,
G movimentos repetitivos,
G distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho,
G desenho da disposição do mobiliário,
G máquinas e equipamentos necessários à atividade de trabalho
(leiaute),
G vibração.
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Arquitetura, ambiência, ergonomia e saúde nos locais de trabalho
Foto: Unicef Ethiopia (2014).
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Setor Distribuição
Descrição da atividade Acondicionamento das caixas térmicas no local demarcado
Foto da atividade Riscos ergonômicos identificados Possíveis consequências
Elevação de membros inferiores acima de 90º Dores na coluna vertebral, cintura pélvica
Recomendações
As caixas térmicas empilhadas deverão estar em uma altura tal de forma que os membros
superiores do trabalhador não ultrapassem um ângulo de 90º.
É importante que a gestão busque capacitar os trabalhadores em técnicas de levantamento, transporte e manuseio de materiais,
equipamentos e exercícios de reforço corporal preventivo.
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Arquitetura, ambiência, ergonomia e saúde nos locais de trabalho
Setor Distribuição
Descrição da atividade Acondicionamento das caixas térmicas no local demarcado
Foto da atividade Riscos ergonômicos identificados Possíveis consequências
Recomendações
É importante que a gestão busque capacitar os trabalhadores em técnicas de levantamento, transporte e manuseio de materiais,
equipamentos e exercícios de reforço corporal preventivo.
Recomendações
É importante que a gestão busque capacitar os trabalhadores em técnicas de levantamento, transporte e manuseio de materiais,
equipamentos e exercícios de reforço corporal preventivo.
2. Ergonomia cognitiva
Refere-se à demanda por processos mentais, tais como: percepção,
memória, raciocínio e resposta motora. Abrange a carga de trabalho
mental, tomada de decisão, interação homem-máquina, estresse, vigi-
lância e desempenho de habilidades e capacitação.
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Recomendações
Manter espaços laterais suficientes entre os paletes para a movimentação segura da empilhadeira.
3. Ergonomia organizacional
Está relacionada com a otimização do sistema sociotécnico, incluindo
suas estruturas organizacionais, políticas e de processos. Tópicos perti-
nentes incluem (IIDA, 2005, p. 3):
G comunicações,
G projeto de trabalho,
320
Arquitetura, ambiência, ergonomia e saúde nos locais de trabalho
321
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Para refletir
Agora que você conhece um pouco mais sobre ergonomia, consegue
perceber sua importância para o bom desempenho do trabalho e para
sua saúde, como trabalhador?
Refletindo sobre o seu ambiente de trabalho, como você avalia as
questões ergonômicas físicas, cognitivas e organizacionais?
Classificação da ergonomia
Iida (2005) classifica a ergonomia de acordo com o momento de sua
utilização. Diversos autores como Orselli (2008), Freitas, Freitas e Lopes
(2009) comungam da mesma classificação, conforme descrito a seguir.
Ergonomia de concepção
Ocorre na fase da elaboração do projeto da edificação, do mobiliário, do
produto, da máquina, do ambiente ou do sistema. Prevê as probabili-
dades de futuras modificações e, geralmente, segue as normas exigidas
pela legislação.
Ergonomia de correção
Atua na modificação do que já existe, quando se constata a necessidade
de corrigir problemas de segurança, fadiga excessiva, doenças dos tra-
balhadores, espaço físico, condições ambientais inadequadas, quanti-
dade e qualidade da produção. Envolve custos elevados, quando exige
substituição de máquinas ou materiais.
322
Arquitetura, ambiência, ergonomia e saúde nos locais de trabalho
Ergonomia de conscientização
Busca, por meio da capacitação individual e/ou coletiva, desenvolver
nos trabalhadores a capacidade de identificar e corrigir os problemas
existentes no trabalho, além de ensiná-los a maneira mais adequada
de utilização dos diversos componentes presentes em suas atividades.
Ergonomia de participação
Objetiva encontrar soluções ergonômicas junto aos trabalhadores e
consumidores. A participação ativa de todos os implicados no problema
envolve singularidades que, aparentemente, não se fazem perceber
pelos analistas ou projetistas.
Importante!
É fundamental que o gestor da rede de frio de imunobiológicos se
aproprie das contribuições da ergonomia, especialmente nos momentos
de concepção, correção, conscientização e participação, porque é sua
atribuição recomendar a implantação de ações ergonômicas que protejam
a saúde do trabalhador.
Para finalizar nosso tema, vale ressaltar que não existe um modelo que
contemple todas as situações de trabalho, mas o Manual de Aplicação
da NR 17 apresenta as etapas mínimas que deverão ser contempladas
numa AET, assim como o seu Anexo II (BRASIL, 2002).
Considerações finais
Como vimos no decorrer do capítulo, existe uma forte relação entre a
tríade arquitetura-ambiência-ergonomia e a saúde e segurança dos tra-
balhadores. A arquitetura, ao projetar as edificações, poderá se utilizar
dos elementos humanizadores da ambiência para criar espaços constru-
ídos seguros, saudáveis e acolhedores. Os conhecimentos da ergonomia
irão, certamente, contribuir para um projeto arquitetônico humanizado,
que compreende e acolhe as necessidades dos trabalhadores no exercí-
cio de suas atividades, nos aspectos físico, cognitivo e organizacional.
323
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Referências
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R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
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em saúde: articulando trabalho, ciência e cultura, v. 5. Rio de Janeiro: Fiocruz/Escola Politécnica de
Saúde Joaquim Venâncio, 2009. p. 13-41.
326
14. Noções gerais sobre
biossegurança e a questão
do incêndio
Paulo Roberto de Carvalho e Marcello de Moura Coutinho
328
Noções gerais sobre biossegurança e a questão do incêndio
Para refletir
No seu entendimento, quais setores da sua instituição merecem ser
analisados no que tange à prevenção de acidentes? Existem pontos
evidentes, capazes de gerar situações de alta complexidade, mas
que não são observados pela maioria dos profissionais? Qual o seu
comportamento frente às situações complexas e quais suas atitudes
em relação a isso?
329
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
330
Noções gerais sobre biossegurança e a questão do incêndio
De acordo com as instruções preconizadas pela NR 32, os trabalhado- A NR 32 foi abordada no Capítulo
res que exercem atividades em serviços de saúde, bem como aqueles 12, “Saúde e segurança do
trabalhador na rede de frio de
que exercem atividades de promoção e assistência à saúde, igualmente imunobiológicos”, deste livro.
os trabalhadores que exercem funções em salas de vacinação, estarão
potencialmente protegidos se utilizarem adequadamente os EPIs e EPCs
(SILVA et al., 2010).
331
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Figura 2 – EPI da rede de frio de presentes, em grande parte, nos locais de trabalho e, se soma-
imunobiológicos de uso obrigatório
das à ausência de informações e de conhecimentos acerca das
Touca balaclava medidas preventivas por parte dos profissionais, potenciali-
zam a geração de incidentes e de acidentes, muitas vezes de
Japona grande porte.
Luva
Para refletir
Faça uma análise minuciosa do seu ambiente de trabalho.
Calça Foto: Guaracemyr Matos Martins (2015). Você identifica eventos capazes de gerar potenciais situações
(macacão adversas? Esses eventos estão associados a um único tipo
frio) de agente ocupacional ou a um somatório de agentes? Que
medidas você percebe como capazes de mitigar ou eliminar a
situação?
332
Noções gerais sobre biossegurança e a questão do incêndio
Figura 3 – Ética
Regras e
regulamentos
Regras de
Valores
conduta
ÉTICA
Práticas
Pesquisa
éticas
Princípios
morais
333
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
334
Noções gerais sobre biossegurança e a questão do incêndio
Um edifício saudável é uma construção cujo desenho arquitetônico Edifícios saudáveis podem ser
dotados de comodidades como
ofereça as condições técnicas ideais para a segurança de seus ocupantes, academias, creches, local para
além de promover a qualidade ambiental. A qualidade do ar interior descanso e demais instalações que
(QAI) está entre as muitas questões a serem observadas a fim de se contribuam para o bem-estar.
335
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
336
Noções gerais sobre biossegurança e a questão do incêndio
337
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Para refletir
No seu local de trabalho existem normas e protocolos que visem manter
a qualidade nos processos realizados? Eles são de conhecimento do
conjunto de trabalhadores? São seguidos? Têm funcionado? O que você
sugeriria de melhorias?
338
Noções gerais sobre biossegurança e a questão do incêndio
ISO
A International Organization for Standardization (Organização Internacional
para Normalização) é a maior desenvolvedora mundial de normas Para saber mais sobre a ISO,
internacionais. A sigla ISO é uma referência à palavra grega iso, que apenas dispomos de uma boa
literatura na língua inglesa.
significa igualdade. A organização foi fundada em 1947 e está localizada Se você conhece esse idioma,
em Genebra, Suíça. Já publicou mais de 19.500 normas internacionais, recomendamos que leia:
abrangendo quase todos os aspectos da tecnologia e de negócios. International Organization for
Standardization. Disponível em:
As normas internacionais são o estado da arte das especificações para http://www.iso.org/iso/home.
produtos, serviços e boas práticas, ajudando a tornar as indústrias e html.
instituições em geral mais eficientes e eficazes. Desenvolvidas por meio de
consenso global, elas ajudam a quebrar as barreiras ao comércio internacional.
339
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Gás é um dos quatro estados Equipamentos defeituosos ou utilizados indevidamente são potenciais
fundamentais da matéria (sendo
os outros: sólidos, líquidos e o
fontes geradoras de incêndios, bem como sistemas de iluminação e
plasma). O que distingue um gás ventilação, instalações elétricas sobrecarregadas, improvisadas e fora do
de líquidos e de sólidos é a grande padrão. Tubulações de gases industriais, gás liquefeito de petróleo (GLP)
separação das partículas.
e gás natural, se não mantidas adequa-
damente, também são fontes geradoras e
alimentadoras de incêndios. As causas, as
circunstâncias e a extensão da propagação
do fogo variam de acordo com o tipo de
atividade executada (CARVALHO, 2013).
340
Noções gerais sobre biossegurança e a questão do incêndio
Combustível
Refere-se a qualquer material que possa ser queimado. Líquidos como Inflamar é o que ocorre com
materiais inflamáveis, ou seja, que
solvente de tintas, gasolina, tintas em geral à base de óleo estão incluí-
podem facilmente pegar fogo.
dos nessa categoria, uma vez que lançam gases que podem facilmente Um bom exemplo são os líquidos
inflamar e começar um fogo, sob as condições certas. Tanques que arma- altamente inflamáveis, como
álcool, éteres, cetonas e ésteres.
zenam gases (propano) são outra forma de material combustível. Vaza- É aconselhável mantê-los longe do
mento de combustível das empilhadeiras movidas a gás liquefeito de fogo e de eletricidade.
petróleo (GLP), quando esses veículos não recebem os cuidados neces-
sários no que tange à movimentação e à manutenção, pode ser conside-
rado um fator relevante para a geração de princípios de incêndios.
Os materiais combustíveis mais comuns são madeira, borracha, tecido e Ponto de ignição é a
alguns plásticos. Quando aquecidos a determinada temperatura, podem temperatura mínima na qual
os gases desprendidos dos
alcançar seu ponto de ignição. elementos combustíveis entram
em combustão apenas pelo
Os combustíveis são classificados quanto: contato com o oxigênio do ar,
independentemente de qualquer
G ao estado físico, em sólidos, líquidos e gasosos. São materiais que fonte de calor.
341
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Ar (comburente)
O ar atmosférico é composto por um conjunto de gases em proporções dife-
rentes. Dentre eles, está o oxigênio (O2) que respiramos e que atua como
comburente em processos de queima, em volume de cerca de 20,93%.
Calor
Vapor, muitos líquidos, sólidos A remoção do calor, ou o resfriamento de um incêndio, é a forma mais
e combustíveis inflamáveis são
comum para a extinção do fogo. Um combustível entrará em combus-
de natureza volátil, ou seja,
evaporam rapidamente e estão tão, espontaneamente, quando os seus vapores atingirem a tempera-
continuamente emitindo vapores. tura de ignição. Essa temperatura é um fator determinante na fixação
A taxa de evaporação varia
muito de um líquido para outro e
das normas de segurança para produtos voláteis, como petróleo, óleo
aumenta com a temperatura. diesel e óleo combustível lubrificante.
342
Noções gerais sobre biossegurança e a questão do incêndio
No caso de incêndios nas unidades de trabalho, tais como estabele- Irradiação, condução e convecção
são conceitos trabalhados neste
cimentos de saúde, instituições de ensino e de pesquisa, indústrias, livro, no Capítulo 7, “Refrigeração
residências, meios de transporte e demais instalações em que se con- e equipamentos da rede de frio”.
centram pessoas e matérias combustíveis, os métodos de transmissão
ocorrem por três meios – irradiação, condução e convecção.
É a forma de transmissão de calor por meio É a forma de transmissão de calor que É a forma de transmissão de calor através da
de ondas caloríficas que atravessam o ar, se processa de um elemento a outro, de circulação de um meio transmissor gasoso
irradiadas do corpo em chamas. molécula a molécula. ou líquido.
A
Extintor de água é muito eficaz para a extinção desse tipo de incêndio,
no entanto, dependendo da área de trabalho (por exemplo, hospitais),
esses tipos de extintores não são facilmente encontrados, o que remete Em alguns países,
ao uso de extintor de PQS.
diferentemente do Brasil,
B
São aqueles que envolvem líquidos inflamáveis, gases, óleos, tintas e duas classes importantes de
graxas. Para esse tipo de fogo, o recomendado é o extintor de CO2 ou PQS. incêndios são consideradas:
A água não deve ser utilizada para incêndios dessa classe, tendo em vista a Classe E, que trata dos
que líquidos inflamáveis e água são incompatíveis em caso de incêndios. incêndios em instalações
que manipulam material
São aqueles que envolvem equipamentos elétricos de um modo geral, radioativo e químico, capazes
C
quadros elétricos, motores elétricos etc. Para esse tipo de fogo, o de comprometer a integridade
recomendado é o extintor de CO2 ou extintores com carga de produtos
física do homem; e a Classe
químicos secos e específicos. A água não deve ser utilizada para
incêndios dessa classe. O inconveniente de se utilizar PQS e demais K, que envolve atividades que
produtos químicos secos é que deixam nos equipamentos resíduos utilizam gordura animal e
difíceis de serem removidos. vegetal, no estado líquido ou
sólido (CARVALHO, 2013).
São aqueles que envolvem metais combustíveis (pirofóricos), tais como
D
magnésio ou sódio. A água pode reagir com o sódio e outros metais
alcalinos explosivamente, portanto não use água! Os extintores de
CO2 não são capazes de conter um incêndio da Classe D, portanto
devem ser utilizados somente extintores do tipo PQS.
343
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
344
Noções gerais sobre biossegurança e a questão do incêndio
4. Varrer o bocal de trás para frente e de lado a lado até que as chamas
sejam extintas.
Atenção: fique atento, pois as chamas podem voltar a acender!
Considerações finais
Falar em biossegurança significa procurar cuidar da vida de forma ética.
Para tanto, os ambientes de trabalho da rede de frio de imunobiológicos
devem estar em condições adequadas, assim como os trabalhadores,
gestores e usuários devem conhecer as chamadas “boas práticas da
biossegurança”. Por isso, há extrema necessidade de educação perma-
nente dos trabalhadores para que eles possam acompanhar o avanço
tecnológico e realizar o trabalho de forma preventiva e resolutiva.
345
R EDE DE F RIO: GESTÃO , ESPECIFICIDADE E ATIVIDADES
Referências
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Noções gerais sobre biossegurança e a questão do incêndio
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em: <http://www.pgpconsultoria.com.br/servicos_iso9000.php>. Acesso: em mar. 2014.
347
Formato: 205 x 260mm
Tipografia: Meridien LT Std e Frutiger Lt Std
Papel do Miolo: Offset 90g/m2
Papel e Acabamento Capa: Papel Cartão supremo 250g/m2
Ctp Digital: Walprint Gráfica e Editora
Impressão e acabamento: Walprint Gráfica e Editora
Organizadoras
Rede de Frio: gestão, especificidades e atividades versa sobre o complexo
práticas individuais com os princípios oferta de vacinas; também vem
sistema logístico adotado pela rede de frio de imunobiológico e imple-
teóricos discutidos na obra; e quando se ampliando, gradualmente, a cobertura
mentado por equipes com perfis profissionais diversificados, nos níveis
incentiva a autonomia do leitor para vacinal em todo o país, notadamente
nacional, regional, estadual, municipal e local, com a finalidade de garan-
buscar mais informações e continuar seu na faixa etária infantil. Conquistas
aprendizado ao longo da vida.
tir a eficácia e a qualidade dos imunobiológicos oferecidos aos cidadãos. como essas não seriam possíveis sem a
formulação e a implementação de uma
O livro analisa, sob a ótica do planejamento, da gestão e dos processos de complexa rede de armazenagem,
O compartilhamento de ideias por meio do
diálogo entre autores e leitores, condição
trabalho, os caminhos percorridos pelas vacinas dos laboratórios fabrican- conservação, manipulação, distribuição
fundamental para a construção de novos tes até as comunidades longínquas, de difícil acesso, ressaltando as condi- e transporte de vacinas, com atuação
saberes e novas práticas, reforça nosso ções requeridas para a manutenção da sua integridade e a observância em toda a extensão territorial do nosso
GESTÃO, ESPECIFICIDADES
convencimento do ineditismo e da das normas de manuseio dos imunobiológicos. Oferece uma visão comple- grandioso país – a Rede de Frio de
importância desta obra para qualificar ta de como opera, passo a passo, a rede de frio do Programa Nacional de Imunobiológicos.
a atuação dos profissionais e, por Imunizações no país, em diferentes realidades sociopolíticas, econômicas
conseguinte, aprimorar, fortalecer a gestão e culturais. Conforme sugere o título, Rede de Frio:
da rede de frio de imunobiológicos, gestão, especificidades e atividades
força-motriz do Programa Nacional de Publicada pela Editora Fiocruz, em parceria com a Escola Nacional de aborda uma complexidade de
Imunizações. Saúde Pública Sergio Arouca/Coordenação de Desenvolvimento Educacio- estruturas e processos que, no âmbito
nal e Educação a Distância (ENSP/CDEAD), a obra, por sua especificidade e da atenção básica, se entrelaçam,
E ATIVIDADES
Hermano Albuquerque de Castro aprofundamento, é leitura recomendada para todos os profissionais de se articulam, para assegurar o pleno
Diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca
ENSP/Fiocruz saúde da cadeia de frio e da sala de imunizações do Brasil. funcionamento da rede. Com essa
abordagem, a obra cumpre dupla
Anakeila de Barros Stauffer finalidade. A primeira, oferecer aos
Diretora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
EPSJV/Fiocruz leitores um panorama das questões
relacionadas à gestão do processo de
trabalho em rede de frio; e a segunda,
apresentar, de forma didática, as
especificidades desse processo e suas
relações com as práticas de vacinação,
no contexto das políticas públicas de
saúde no SUS.