LIVRO GERAL - Direito Cibernetico
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CONHECENDO A DISCIPLINA
Caro estudante, iniciamos, neste momento, nossos estudos em Direito Cibernético.
Trata-se de uma área em constante crescimento e evolução, pois acompanha o
dinamismo da sociedade virtual, que é característica dos dias de hoje.
Do novo horizonte que se abre para nós, são muitas as novidades a serem
conhecidas e compreendidas. Disso praticamente depende o bom funcionamento
das relações interpessoais e negociais do nosso tempo: saber o que existe, as
possibilidades que se avizinham, os sonhos que são concretizados, as
oportunidades que são criadas.
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Data e da Internet das Coisas.
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Também falaremos da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018), do
Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) e das questões polêmicas da chamada
“herança digital”.
Bons estudos!
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Luiz Felipe Nobre Braga
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Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Caro estudante, seja bem-vindo ao nosso ciclo de estudos!
Desde o princípio da internet até os dias atuais, convivemos com novos problemas
e questões que merecem dedicada atenção.
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Não apenas o profissional da área jurídica tem interesse nesse campo, como
praticamente todos aqueles que produzem bens e serviços e atuam no mercado
global, na economia.
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Dessa maneira, é urgente que conheçamos os principais elementos que
tangenciam e justificam historicamente o nascimento de uma área do saber
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direcionada ao estudo sistemático das relações humanas em ambientes virtuais: o
Direito Cibernético.
Por fim, à medida que a internet dominou praticamente todos os setores da vida
prática, do ambiente doméstico ao trabalho, abordaremos a Internet das Coisas,
em um contexto de profunda interconexão tecnológica, que tem permitido
sucessivas inovações no modo pelo qual interagimos enquanto seres humanos
sociáveis e com os objetos materiais, com as utilidades e praticidades do dia a dia.
O intuito será, por outro lado, desvelar os benefícios econômicos deste segmento,
tanto do ponto de vista estatal quanto empresarial.
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Olá!
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Como se trata de uma área relativamente nova da ciência jurídica, enquanto
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estrutura sistematizada, mas que guarda profunda conexão com os temas da
tecnologia e da inovação, é fundamental que conheçamos alguns destes conceitos
preliminares, de modo a preparar o estudo, que será articulado ao longo de toda a
abordagem.
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Uma empresa de alimentos recentemente aberta em uma pequena cidade
interiorana e que utiliza o nome de Mash Donald’s publicou, em uma rede social,
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uma imagem que dizia respeito à inauguração de um novo produto, um lanche
cujo nome é “Big Mash”, que continha dois hambúrgueres, alface, queijo, molho
especial, cebola picles em um pão slim. Na mesma publicação, ficava notável a
predominância de tons em vermelho em contraste com um grande logotipo
amarelo, formado pela letra “M”.
Após o relato do cliente, você procura saber mais da empresa de seu cliente. Após
algumas buscas e perguntas durante a conversa, você descobre algumas
informações: o nome fantasia da empresa (McDonald’s); seu produto mais vendido
(Big Mac); seus ingredientes; (dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial,
cebola picles em um pão com gergelim); seu logotipo (a letra “M”); as cores temas
(vermelho e amarelo).
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acelerado de descobrimento dos fenômenos que permeiam o mundo digital.
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Bons estudos!
CONCEITO-CHAVE
Quando pensamos na sociedade dos dias atuais, é automático perceber o quanto
estamos vivendo uma vida inteiramente conectada. O século XXI, especialmente,
tornou-se um período da história humana que ainda está em processo de
construção – aliás, que está levando às últimas consequências o desenvolvimento
da técnica, a partir de longos anos de pesquisas nos campos da matemática, da
física e da teoria computacional. Cada vez mais os avanços da assim chamada
sociedade digital permitem novos e sucessivos desenvolvimentos, descobertas e
alternativas que vão surgindo com o objetivo de facilitar a vida, os negócios, as
relações interpessoais, as interações culturais e a economia.
É natural que, junto com as melhorias da era digital, advenham também desafios.
Estes são os que, sobretudo, dizem respeito à proteção dos direitos e garantias
fundamentais individuais e coletivos, como os que estão previstos na Constituição
Federal brasileira de 1988 (BRASIL, 1988). Direitos como dignidade da pessoa
humana, liberdade de expressão, liberdade de crença, credo e de pensamento, e
até mesmo a proteção específica dedicada às relações de natureza econômica no
campo da livre iniciativa, da livre concorrência e das relações de consumo, devem
ser necessariamente observados na vida – digamos – real, e na vida virtualizada
(que não deixa de ser, por conseguinte, uma extensão do nosso viver cotidiano).
É da própria natureza humana a busca por novos caminhos do saber e, com base
nisso, a busca por novos horizontes de emprego do saber adquirido – essa
dimensão prática é o que assegura o progresso da humanidade. Não há dúvida,
por exemplo, de que a internet consiste em uma ferramenta de grande
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longo do tempo até os nossos dias. Veja como até mesmo a educação mudou,
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passando de um sistema passivo para uma sistemática proativa, muito mais
convidativa, dinâmica e participativa, por meio de ferramentais variados, como
este material que você está lendo neste exato momento. Perceba como os
tratamentos médicos avançaram; como a economia, em sua dimensão financeira
mais avançada, interconectou o mundo. Esse longo itinerário de novidades – que
não é possível de ser esgotado, em virtude dos incontáveis exemplos – traz-nos
necessidades também diferentes para refletir. Afinal de contas, o Direito, o Estado
e a sociedade, enquanto tal, precisam aprender a lidar como esse novo mundo de
oportunidades, de modo a garantir que os benefícios da tecnologia não
signifiquem uma terra árida, na qual não há direitos e garantias, em que não há
bom senso e o mínimo de regulação, todavia um campo no qual podemos verificar
sim a existência de segurança, de respeito àqueles direitos fundamentais
mencionados, assim como à privacidade, à vida, à integridade moral etc.
“
A palavra tecnologia origina-se de duas palavras gregas: tekinicos, que significa arte, habilidade, prática, e logus,
indicando conhecimento ou tratamento sistemático de. Assim, a tecnologia pode ser explicada como
conhecimento do hábil e prático para converter algo disponível em algo mais útil.
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compreende as
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“
[…] ferramentas, máquinas, utensílios, armas, instrumentos, habitação, roupas, dispositivos de comunicação e
transporte disponíveis, além das habilidades técnicas necessárias para usar um produto, desenvolver uma
técnica de produção ou prestar serviços.
REFLITA
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(BATISTA; FREIRE, 2014, p. 39). Ao definir tecnologia e refletir a seu respeito,
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portanto, é fundamental pensar acerca da sua inserção na sociedade e na vida
pessoal. Os aparatos criados pela tecnologia, seus produtos diretos, praticamente
correspondem a uma espécie de prolongamento dos corpos e das mentes; a
tecnologia passa a integrar nosso campo de emoções, dos nossos desejos
(BATISTA; FREIRE, 2014).
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Como verdadeira transformação, a tecnologia transforma, no mesmo movimento,
a maneira pela qual o Direito absorve (ou deve absorver), pelas normas jurídicas, a
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tutela (proteção) estatal das pessoas (tanto as pessoas físicas, como as
organizações empresariais).
ASSIMILE
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“
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A capacidade de adaptação do Direito determina a própria segurança do ordenamento, no sentido de
estabilidade do sistema jurídico por meio da atuação legítima do poder capaz de produzir normas válidas e
eficazes. A segurança das expectativas é vital para a sociedade, sendo hoje um dos maiores fatores
impulsionadores para a elaboração de novas leis que normatizem as questões virtuais, principalmente a
Internet.
Pode-se dizer que o terço final do século XX e, agora, as décadas iniciais do XXI,
passou (e passa) por verdadeira revolução: de natureza digital. As relações sociais
expandiram-se para o terreno difuso da internet; a sociedade passou a ser
altamente informatizada, bem como os negócios e a economia como um todo. A
rapidez das mudanças demandou uma resposta igualmente célere por parte do
Estado, para uma nova e necessária adaptação do Direito vigente, com a finalidade
de tutelar os direitos individuais e coletivos nesse novo espaço, o ciberespaço.
Estamos na aurora do Direito Digital. Note, por exemplo, que
“
[…] há pouco mais de quarenta anos, a Internet não passava de um projeto, o termo 'globalização' não havia
sido cunhado e a transmissão de dados por fibra óptica não existia. Informação era um item caro, pouco
acessível e centralizado.
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Assim:
“
[...] entre as funções da informática há o desenvolvimento de novas máquinas, a criação de novos métodos de
trabalho, a construção de aplicações automáticas e a melhoria dos métodos e aplicações existentes. O
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elemento físico que permite o tratamento de dados e o alcance de informação é o computador.
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A internet, por exemplo, surge nos anos 1960 no auge da guerra fria, nos Estados
Unidos – é sabido que tinha fins militares, inicialmente. Depois, passou a ser
utilizada para fins civis (PECK, 2016). O microprocessador viria nos anos 1970 do
século passado, operando, ainda, grande revolução computacional. Com isso, nos
anos 1990 houve enorme expansão da internet, desde o e-mail até o acesso a
banco de dados e informações disponíveis na World Wide Web (WWW), que é o seu
espaço multimídia (PECK, 2016).
“
Este sentimento de que se fazendo leis a sociedade se sente mais segura termina por provocar verdadeiras
distorções jurídicas, [...]. O Direito é responsável pelo equilíbrio da relação comportamento-poder, que só pode
ser feita com a adequada interpretação da realidade social, criando normas que garantam a segurança das
expectativas mediante sua eficácia e aceitabilidade, que compreendam e incorporem a mudança por meio de
uma estrutura flexível que possa sustentá-la no tempo. Esta transformação nos leva ao Direito Digital.
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Assim, em qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda e tratamento de
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registros de dados pessoais ou de comunicações por provedores de conexão e de
aplicações de internet em que pelo menos um desses atos ocorra em território
nacional, deverão ser obrigatoriamente respeitados a legislação brasileira e os
direitos à privacidade, à proteção dos dados pessoais e ao sigilo das comunicações
privadas e dos registros. Quanto ao direito à informação e à liberdade de
pensamento, vale a pena dizer que no Brasil não é autorizado o discurso de ódio
(hate speech); igualmente, a proteção da informação também é elemento
indispensável, especialmente na dimensão da privacidade e intimidade.
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As leis do Direito Digital são as mesmas já existentes, totalmente válidas e aplicáveis: a Constituição Federal de
1988, o Código Civil, o Código de Defesa do Consumidor, o Código Penal etc. Há uma série de novas leis e
“
projetos de lei que visam a atender a questões novas específicas do uso da tecnologia, referentes a pirataria de
software, comércio eletrônico, direitos autorais, crimes eletrônicos, além de Regulamentações e Tratados
Internacionais. Tudo isso compõe o quadro normativo do Direito Digital atual.
— (PECK, 2016, p. 613)
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A sociedade digital, ademais, trouxe um impacto significativo ao plano econômico.
O maior fluxo no que se refere ao oferecimento de bens e serviços nos meios
virtuais acelera o dinamismo dos negócios, carregando consigo desafios inerentes,
relacionados à proteção da concorrência, à segurança das operações, à fiscalização
por parte das instituições, empresas e Poder Público, acarretando a necessidade
de se adotarem boas práticas nesse espaço mercantil digitalizado.
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“
1) desnecessidade de dolo [intenção deliberada] ou fraude, bastando a culpa [negligência, imprudência ou
imperícia] do agente; 2) desnecessidade de verificação de dano em concreto [o dano potencial é também
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considerado]; 3) necessidade de existência de colisão de interesses, consubstanciada na identidade de negócio
e no posicionamento em um mesmo âmbito territorial; 4) necessidade de existência de clientela, mesmo em
potencial, que se quer, indevidamente, captar; e, 5) ato ou procedimento suscetível de repreensão.
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— (SILVA, 2013, p. 54)
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Nesse contexto, em termos de legislação específica, além das normas jurídicas
relacionadas à Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/1996), Propriedade Intelectual
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de Programa de Computador (Lei nº 9.609/1998), Direitos Autorais (Lei nº
9.610/1998), há as disposições do Código Civil (Lei nº 10.406/2002), do Código de
Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990), do Sistema Brasileiro de Defesa da
Concorrência (Lei nº 12.529/2011). Há, também, o Marco Civil da Internet (Lei nº
12.965/2014) e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 13.709/2018).
“
Como exemplo de boas práticas, os agentes poderão adotar política de privacidade interna, instituir canais de
denúncia para a proteção de dados, promover ações educativas e treinamentos, criar manuais e planos para o
caso de vazamento de dados, de forma a engajar todas as pessoas e setores de uma empresa para a política de
proteção aos dados pessoais.
— (TEIXEIRA, 2020, p. 64)
De tudo isso, você já pôde perceber que a proteção da informação é uma das
preocupações centrais do direito digital e do assim chamado direito cibernético.
Dados pessoais são informações de caráter importante para a pessoa, ou mesmo
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para a empresa. No plano virtual, passam a ser considerados como dados de alta
vulnerabilidade, dada a rápida capacidade de disseminação e alcance em caso de
vazamento ou invasão (PECK, 2020; BENTIVEGNA, 2019). Dessa forma, “para que
uma organização tenha uma boa postura em segurança da informação, é
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necessário implementar um Sistema de Gestão de Segurança da informação
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(SGSI).” (PECK, 2020, p. 33). Esse sistema de gestão é altamente necessário para
que ocorra o funcionamento adequado de uma empresa que lide com tratamento
de dados pessoais – é até difícil de se imaginar uma empresa, atualmente, que não
lide com esse tipo de informação. Salvo pequenos negócios, toda empresa que
presta serviços, fornece bens ou utilidades, terá algum tipo de dado pessoal à sua
disposição para tratamento, desde fornecedores e empregados, até clientes,
consumidores, parceiros etc.
“
A informação, por sua vez, é um conjunto de dados que, processados, ganham um significado; é também um
ativo empresarial essencial para que o negócio se desenvolva, independentemente do ramo de atuação ou do
tipo de objeto que a empresa negocia. Por conta disso, deve ser protegida de forma adequada e segura. Isso
porque garantir a segurança das informações empresariais assegura a manutenção da competitividade e da
lucratividade e a firmeza nas tomadas de decisões dentro da empresa, podendo ainda maximizar os retornos
sobre os investimentos e as oportunidades relativas ao negócio.
— (PECK, 2020, p. 43)
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pessoais e vantagens empresariais, ou seja, para favorecer o lucro de uns e de
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outros. De qualquer modo, é fato: a internet não nos deixa esquecer. Seja em
relação ao vazamento de dados pessoais, empresariais, notícias falsas, até mesmo
quanto aos boatos de todo tipo, o mundo virtual tem uma memória poderosa. O
passado não fica para trás. “Esta memória social gerada pela internet garante que
toda e qualquer informação compartilhada na rede esteja constantemente
disponível” (FRAJHOF, 2019, p. 19). Neste sentido:
“
É como se a primeira página do jornal de ontem, com a manchete perturbadora, a imagem constrangedora,
com as chamadas para as principais notícias do dia [...] continuassem a ser a primeira página do jornal de todos
os dias, acessível a qualquer momento e a qualquer tempo. Basta um clique, e menos de dez segundos, que
qualquer conteúdo se torna acessível em uma pesquisa na internet.
— (FRAJHOF, 2019, p. 19)
Por outro lado, há diversos casos em que a memória virtual perpetua violações a
direitos, provocando danos de ordem moral e material de maneira ininterrupta.
Em todos esses casos, ganha destaque o chamado Direito ao Esquecimento
(Right to be Forgotten).
EXEMPLIFICANDO
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porém não podemos alterar as coisas simplesmente porque isso nos
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parece o correto. Um relógio quebrado também acerta as horas duas vezes
por dia. Neste sentido, se hoje o sistema pode gerar alguma impunidade
(como poderíamos pensar) com relação a este ou aquele caso, que
julgamos implacavelmente, amanhã esse mesmo sistema poderá ter como
réu nós mesmos. E então, será que não iríamos querer uma real chance de
defesa antes de sermos execrados publicamente? É preciso tomar cuidado
com os discursos muito aguerridos. O sistema judicial nos protege de nós
mesmos e, como foi construído ao longo de uma dura história de opressões
e arbítrios, sem dúvida, o que há hoje é muito melhor do que havia há
duzentos anos.
“
[…] que teria aquele que já foi legitimamente alvo de notícia a ser esquecido e “deixado em paz” pela perda de
atualidade daquele fato que, embora já tenha sido do interesse público, hoje não tenha mais tal característica.
— (BENTIVEGNA, 2019, p. 263)
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que tenham efetiva ou potencial influência nos temas tratados na Constituição
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Federal (BRASIL, 1988). Como o direito ao esquecimento diz respeito aos direitos
fundamentais, sobretudo o da privacidade e da intimidade, o tribunal foi instado a
se pronunciar sobre a matéria.
“
A segurança da informação está intimamente ligada à proteção de dados pessoais, na medida em que (garantir
que os dados pessoais do usuário não sejam destruídos, alterados, divulgados ou indevidamente acessados,
em um mundo aberto como a internet) demanda razoável organização e medidas técnicas suficientes para o
atendimento dessa finalidade.
— (Teixeira, 2020, p. 63)
a. Técnica, puramente.
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e. Mudança natural da sociedade.
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Questão 2
A concorrência desleal é um problema, uma verdadeira patologia no mundo da
sociedade virtual. Isso ocorre porque, infelizmente, ficou muito fácil para
empreendedores com objetivos escusos se utilizarem de práticas abusivas e que
mascaram a realidade, com o objetivo de obtenção de lucros. É para isso que
existe, no Brasil, um sistema jurídico e institucional de proteção da livre
concorrência.
Questão 3
O Supremo Tribunal Federal (STF) se debruçou sobre o tema do direito ao
esquecimento, matéria de grande relevância para o campo do Direito Cibernético,
porque gera impactos substanciais no modo de tratamento das informações
veiculadas nos ambientes virtuais. Em que pesem críticas, compete ao STF proferir
a última palavra em matéria constitucional. Afinal, isso foi feito. É preciso, agora,
respeitar e aplicar sua decisão.
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II. O direito ao esquecimento é, de regra, compatível com a Constituição, pois
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nenhuma memória é eterna e não devem sê-la, também, situações pelas quais
as pessoas tenham se arrependido de passar.
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. I e II apenas.
REFERÊNCIAS
AKABANE, G. K.; POZO, H. Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade: Histórico,
Conceitos e Aplicações. São Paulo: Saraiva, 2019. Disponível na Biblioteca Virtual:
Minha Biblioteca. No link: https://bit.ly/3yCXqVA. Acesso em: 20. mai. 2021.
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BRASIL. Lei nº 9.279 de 14 de Maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à
propriedade industrial. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 maio 1996.
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BRASIL. Lei nº 9.609 de 19 de Fevereiro de 1998. Dispõe sobre a proteção da
propriedade intelectual de programa de computador, sua comercialização no País,
e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 mar. 1998.
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GARCIA, L. R. Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD): Guia de implantação. São
Paulo: Blucher, 2020. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
s e õ ç at o n a r e V
https://bit.ly/3dY1zvb. Acesso em: 06 mai. 2021.
PECK, P. P. Direito Digital. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. Disponível na Biblioteca
Virtual: Minha Biblioteca. No link: https://bit.ly/36in0my. Acesso em: 06 mai. 2021.
https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ati… 23/24
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SILVA, A. L. C. Da Concorrência desleal: atos de confusão. São Paulo: Saraiva,
2013. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
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https://bit.ly/2SZOb2u. Acesso em: 06. mai. 2021.
TEIXEIRA, T. Direito Digital e Processo Eletrônico. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link: https://bit.ly/2Vm7tzV.
Acesso em: 06. mai. 2021.
https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ati… 24/24
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Luiz Felipe Nobre Braga
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Fonte: Shutterstock.
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No caso, a concorrência não se mostra livre, porque a nova empresa aproveitou-se
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dos elementos indicativos preexistentes de marca famosa, fazendo divulgar nas
redes sociais anúncios que poderiam levar o consumidor a erro quando da
aquisição dos produtos oferecidos.
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Por fim, conclui-se que houve violação à livre concorrência, de sorte que poderão
ser estudadas medidas legais futuras com a finalidade de combater essa infração
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de ordem econômica.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
UM ESQUECIMENTO VÁLIDO
Uma determinada pessoa teve fotos íntimas vazadas em uma rede social. Por
incrível que pareça, o servidor da companhia responsável por esta rede social
acabou salvando em sua memória as fotos íntimas, de modo que, todas as vezes
que uma pessoa acessa o perfil daquela, as imagens aparecem, gerando um
enorme constrangimento.
A partir disso, a pessoa que teve sua imagem violada busca a rede social para que
esta retire do ar tais imagens, à medida que violam seus direitos mais
fundamentais, como a dignidade e a honra. Deseja ser absolutamente esquecida;
não quer aparecer, pois busca mudar de vida.
RESOLUÇÃO
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caráter público e relevante quanto à divulgação, e desde que não envolvam
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casos previstos na legislação de proteção de dados.
Logo, cada caso deverá ser analisado de maneira independente, pois o Direito
brasileiro não tolera violações a direitos fundamentais, como ocorre na
situação narrada.
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Luiz Felipe Nobre Braga
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Fonte: Shutterstock.
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compartilhado e imutável usado para registrar transações, rastrear ativos e
aumentar a confiança (IBM, [s. d.]) – e sua conexão com os avanços na criptografia
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de dados, elementos que, em conjunto, indicam uma nova etapa para o fluxo de
informações em trânsito no mundo virtual, desde a sua utilização para efeito das
criptomoedas, dentre as quais a bitcoin é notório exemplo, até para outras
funcionalidades, como no caso do Big Data.
Neste sentido,
“
[…] blockchain, é celebrada como um avanço disruptivo assemelhado àquele propiciado pelo surgimento da
Internet. As possibilidades de redução de custos de transação, minimizando ainda as assimetrias de
informação, estariam centradas no fato de que a nova tecnologia permitiria transações diretas entre partes,
dispensando intermediários que desempenhavam papel de provedores da confiança inexistente entre
desconhecidos, além de oferecer a todos os participantes da cadeia de blocos um grau de transparência quanto
às negociações realizadas até então inimaginável.
— (GHIRARDI, 2020, p. 19)
Em todos esses casos, é preciso ponderar com cuidado acerca do modo pelo qual
o Direito Cibernético lida com sobreditos fenômenos, de modo que a disciplina
jurídica e estatal atuem de acordo com a especialidade dos fenômenos então
surgidos.
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Para ampliar sua visão acerca das possibilidades de aplicação dos conhecimentos a
serem obtidos, vamos analisar a seguinte situação-problema: recentemente, uma
grande empresa de ações e investimentos, especializada no ramo de operações
cambiais, foi condenada por um delito contra a ordem tributária internacional por
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interceptar mensagens confidenciais trocadas entre membros do Banco Central
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(Bacen).
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evitar novos percalços.
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A partir de agora você deve formular uma solução, fazendo uso da disciplina
ensinada até então. Afinal, qual ferramenta pode ser utilizada para impedir que
outras pessoas interceptem o conteúdo de uma mensagem? Qual tecnologia pode
ser utilizada em transações financeiras para ser, ao mesmo tempo, transparente e
segura?
Bons estudos!
CONCEITO-CHAVE
A era digital está repleta de novidades. São muitas inovações que surgem para
facilitar a vida, as atividades do cotidiano, a comunicação entre as pessoas e o
armazenamento de dados e arquivos. Tudo ficou mais rápido e está cada vez mais
acelerado e interconectado. Praticamente não podemos mais imaginar a vida sem
que estejamos conectados, certo?
O que está por detrás disso é uma tecnologia incrível. Incrível e complexa, vale
dizer. As aplicabilidades da técnica cibernética vão muito além do uso cotidiano
que muitas vezes fazemos. Hoje, há um enorme interesse econômico nesse
campo, porque novos objetos financeiros foram – e continuam sendo – criados,
abrindo verdadeiros mercados financeiros digitais. Nesse mesmo caminho, as
empresas começam a tomar maior consciência acerca da necessidade de
instaurarem protocolos de segurança digital, para que suas informações e dados
sejam preservados, bem como dos seus parceiros comerciais e colaboradores.
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pela internet. O nome vem justamente da ideia de bloco de dados que,
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encadeados, formam uma espécie de corrente. Quando o dado é passado para
frente, ele carrega as informações (códigos) do seu passado e, dessa forma
sucessiva, cria-se uma cadeia de dados, a qual permite o total conhecimento da
sua origem e autenticidade. Segundo consta, o conceito de blockchain surgiu no
ano de 2008 em um artigo intitulado “Bitcoin: um sistema financeiro eletrônico
peer-to-peer”, de autoria de Satoshi Nakamoto, que seria um pseudônimo do
então criador do bitcoin.(GHIRARDI, 2021). Ainda vamos falar mais a respeito da
bitcoin (uma moeda virtual), cuja operação financeira é permitida justamente pelo
sistema do blockchain.
Essas máquinas fazem essa validação, no nosso exemplo metafórico, por meio
desses instantes em que os carrinhos passam pelas cancelas. E essa máquina, por
meio da cancela, tem que aprovar o material do carrinho, validando-a. Se essa
aprovação acontecer, o carrinho (que contém um material) é selado com um
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código bastante complexo, formado por letras e números, e recebe algo mais, um
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tipo de carga. Depois da primeira cancela, o carrinho continua a correr pelos
trilhos da pista, passando por novas cancelas, novas validações e assim por diante,
recebendo novas cargas.
E – você deve estar se perguntando – quem comanda isso? A quem pertence a rede
de pista de corrida global? Bem, não há dono! A rede global de autoramas não tem
dono ou comando central. Porém, em todos os caminhos e cancelas pelos quais os
carrinhos passam há apenas um registro em uma espécie de livro digital, que está
disponível para qualquer pessoa acessar. Nesse livro, não é possível ver o que
exatamente foi enviado, tampouco quem foi que enviou; mas apenas ver o
momento (o tempo), ou seja, quando o envio foi feito. É possível saber, então,
quando um carrinho passou por uma cancela.
Em termos bastante técnicos, entenda que pistas em rede global, por onde os
carrinhos passam, correspondem à chamada cloud computing (computação em
nuvem), uma tecnologia capaz de processar um altíssimo volumo de dados pela
internet. Depois, cada carrinho é considerado um bloco acrescido de uma hash,
quando passa pelas cancelas, isto é, uma função matemática que transforma uma
determinada mensagem ou arquivo em um código formado por letras e números,
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sucessivas validações) é feito pelas chamadas mineradoras, então responsáveis
s e õ ç at o n a r e V
pelo cálculo do hash adequado para cada bloco, que permitirá que se encadeiem
em uma corrente. Daí que:
“
O Blockchain exige a compreensão do chamado hash, que corresponde a uma função matemática que, a partir
de uma mensagem ou arquivo, gera um código com letras e números representativo dos dados inseridos pelo
usuário. […] o hash transforma uma grande quantidade de dados em uma pequena quantidade de
informações, criando a chamada impressão digital.
— (LONGHI et al., 2020, p. 559)
EXEMPLIFICANDO
Vale ressaltar, para que fique bem claro, que essa codificação realizada, reunindo
as informações em blocos, com códigos sucessivos, é possibilitada pela tecnologia
de criptografia, ou seja, quando o conjunto de dados ou informações são
transformados em códigos de letras e números. Agora, imagine isso em sequência.
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“
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Criptografia consiste no desenvolvimento de técnicas para garantir o sigilo e/ou a autenticidade de
informações. A palavra criptografia é formada pelos termos gregos kryptos, que significa secreto, oculto,
ininteligível, e grapho, que significa escrita, escrever. Trata-se da ciência/arte de se comunicar secretamente.
(TEIXEIRA, 2020, p. 231)
— Autor da citação
ASSIMILE
Big Data refere-se às situações nas quais as “tecnologias digitais são utilizadas para
lidar com grandes e diversas quantidades de dados e às várias possibilidades de
combinação, avaliação e processamento desses dados por autoridades privadas e
públicas em diferentes contextos” (HOFFMANN-RIEM, 2020, p. 37). Esses enormes
conjuntos de dados têm variadas aplicações práticas, por exemplo, quanto ao
conhecimento de comportamentos individuais e coletivos e identificação de
tendências para o desenvolvimento e implantação de ações quanto a serviços e
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Há algumas características frequentemente utilizadas para identificar Big Data:
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“
O Big Data: os chamados cinco “V”. Primeiro: acesso a enormes quantidades de dados (Volume Alto de Dados
ou High Volume). Segundo: a Variedade dos dados, de tipos e qualidades diferentes (High Variety). Terceiro: alta
Velocidade de processamento (High Velocity). Quarto: a Veracidade dos dados, garantida pelas tecnologias de
inteligência artificial (Veracity). Quinto: devido à importância estratégica de tais dados, há um Valor econômico
agregado (Value), vindo a constituir elemento de extremo interesse empresarial e negocial como um todo.
Portanto, as cinco características do Big Data são: Volume; Variedade; Velocidade; Veracidade; e, Valor.
— (HOFFMANN-RIEM, 2020, p. 37)
“
Trata-se da bitcoin, alardeado como sendo a primeira “moeda” totalmente desmaterializada, criado por
particulares e por eles gerenciada, sem qualquer ingerência do Estado ou de instituições que não o próprio
corpo de adeptos dessa nova forma de moeda.
— (GHIRARDI, 2020, p. 17)
“
A Bitcoin, por exemplo, surgiu no contexto da crise econômica de 2008, oriunda dos Estados Unidos, que se
espalhou pelo mundo. Tornou-se uma alternativa diante do cenário perturbado da economia mundial. Com
efeito, é algo bastante recente a criação dessas criptomoedas (não há apenas a Bitcoin), o que tem “despertado
cada vez mais perplexidade e inquietação”.
— (GHIRARDI, 2020, p. 22)
alto grau de tecnologia envolvida na criptografia das transações, tal como foi
explicado quando falamos da blockchain.
ASSIMILE
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Estudamos e realizamos a citações das cinco características para se
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identificar o Big Data, que são: alto volume de dados (high volume); alta
variedade dos dados (high variety); velocidade de processamento (high
velocity); veracidade do conteúdo dos dados (veracity); valor agregado
(value).
Logo:
“
[…] advertências procuram alertar os cidadãos de cada país para o fato de que as moedas “convencionais” são
garantidas pelos Estados emissores, enquanto as criptomoedas são desprovidas de qualquer garantia, dada sua
estrutura descentralizada e desregulamentada. Ao mesmo tempo, há preocupação em advertir os possíveis
interessados quanto à alta volatilidade das criptomoedas associada ao fato de que muitas das empresas que
transacionam com as mesmas não são regulamentadas, o que leva à conclusão de que eventual investimento
em criptomoedas deve ser feito por conta e risco de cada investidor.
— (GHIRARDI , 2020, p. 119)
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1899, de 10 de julho de 2019 (BRASIL, 2019).
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DICA
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REFLITA
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riquezas. Por isso, há uma preocupação econômica com a quantidade de
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moeda disponível. Um país não pode simplesmente “imprimir dinheiro” e
distribuir à população, sob pena de ter como resultado a inflação. Muita
moeda disponível faz com que haja a perda do seu valor real, resultando
em aumento de preços e perda, consequente, de capacidade econômica. E
em relação às moedas digitais, haveria alguma preocupação com inflação?
Como isso funciona, haja vista não haver regulação estatal ou interferência,
por exemplo, de um Banco Central?
Do ponto de vista jurídico, “há uma grande diferença entre as bitcoins (moeda livre
da internet não regulamentada) e Moeda Digital (meio de pagamento pela via
digital regulamentado no Brasil com o marco regulatório da Lei n. 12.865/2013,
Resolução BACEN n. 4.282, Circular BACEN n. 3.682 e demais”. (PECK, 2016, p. 313).
VOCABULÁRIO
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existência de leis, deve-se considerar, em princípio, a definição de crimes
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cibernéticos constante do Código Penal (que ainda estudaremos) e outros crimes
que podem estar relacionados, como o crime de estelionato.
DICA
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Chegamos ao fim de mais um bloco de estudos. Tal como ocorre com o blockchain,
ficará, com o tempo e com o avançar das etapas, cada vez mais difícil de você não
se interessar pelo Direito Cibernético.
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FAÇA VALER A PENA
s e õ ç at o n a r e V
Questão 1
Trata-se de um protocolo de segurança que gera códigos sucessivos relativos a
blocos de dados que transitam em uma nuvem, registrados em um livro-razão,
disponível e acessível a qualquer interessado.
b. Criptografia.
c. Computação em nuvem.
d. Ledger.
e. Blockchain.
Questão 2
“
Big Data é utilizado para diversos fins, tais como controle de comportamentos individuais e coletivos, registro
de tendências de desenvolvimento, possibilitando novos tipos de produção e distribuição e cumprimento de
tarefas estatais, mas também para novas formas de ilegalidade, especialmente crimes cibernéticos.
— (HOFFMANN-RIEM, 2020, p. 38)
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Questão 3
“
Não há como negar o fato de que as criptomoedas têm atraído cada vez mais interesse tanto de “investidores”
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como de agentes financeiros que procuram avaliar se tal fenômeno pode de algum modo impactar suas
atividades. Da mesma forma, as autoridades passaram a monitorar o fenômeno inicialmente de modo ainda
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distante, aguardando o desenrolar do tema para verificar se seria duradouro ou não e, posteriormente, com
maior atenção, buscando aprofundar o conhecimento e avaliar até que ponto as criptomoedas podem
representar um risco ou um benefício para as finanças globais tal como hoje estabelecidas e regulamentadas.
— (GHIRARDI, 2020, p. 118)
a. I, apenas.
b. II, apenas.
d. III, apenas.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de Dezembro de 1940. Institui o Código Penal.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 dez. 1940.
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BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de Agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 ago. 2018.
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BRASIL. Secretaria Especial da Receita Federal. Instrução Normativa RFB nº 1899,
de 10 de julho de 2019. Altera a Instrução Normativa RFB nº 1.888, de 3 de maio
de 2019, que institui e disciplina a obrigatoriedade de prestação de informações
relativas às operações realizadas com criptoativos à Secretaria Especial da Receita
Federal do Brasil (RFB). Brasília, DF, 10 jul. 2019. Disponível em:
https://bit.ly/3wyiECB. Acesso em: 1 jul. 2021.
IBM BRASIL. O que é a tecnologia blockchain? IBM, [s. d.]. Disponível em:
https://ibm.co/3AG8frq. Acesso em: 1 jul. 2021.
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PECK, P. P. Direito Digital. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. Disponível na Biblioteca
Virtual: Minha Biblioteca. No link: https://bit.ly/3hpMox8. Acesso em: 15 mai. 2021.
0
Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link: https://bit.ly/3dTBJbI.
Acesso em: 06. mai. 2021.
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Desse modo, cabe a adesão de duas novas tecnologias para solucionar esses
empecilhos: a criptografia e o blockchain.
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Inicialmente tem-se que os associados da empresa somente se utilizam-se de
informação privilegiada, porque antes haviam interceptado mensagens entre os
membros do referido órgão. Sendo assim, se houvesse algum instrumento que
permitisse ocultar o conteúdo dessas mensagens, não haveria o que se falar em
informações privilegiadas dessa fonte, e o problema estaria resolvido.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
CONGRESSO DE DIREITO CIBERNÉTICO
O coordenador do curso de Direito de uma grande universidade pública, ciente da
necessidade de tratar de um assunto não só pertinente como também
extremamente contemporâneo, planejou realizar, semanas antes do Dia
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Para isso, convidou vários especialistas em Direito Cibernético, já que não conhecia
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muito a respeito do assunto, e um desses especialistas é você. Não obstante, o
coordenador delimitou a cada especialista um tema e alguns tópicos que deveriam
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ser abordados durante a explanação individual.
Logo, você nota que no tema e nos tópicos existem erros quanto às características
e a legislação aplicável. Você deverá elaborar um texto reportando os erros
presentes e propor novos temas e tópicos para serem tratados no congresso.
RESOLUÇÃO
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Neste escopo, o Brasil faz uso da analogia para regulamentar e julgar casos
que envolvam essa moeda, utilizando-se, principalmente, de leis gerais
vigentes para quaisquer transferências patrimoniais, visto que não se trata de
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ativos financeiros em si.
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Adiante, observa-se outro equívoco, dessa vez em relação às suas
características. A primeira delas, a “centralização”, faz-se notoriamente
contrária à realidade, visto que um dos maiores atributos das criptomoedas é
justamente a descentralização da regulamentação das mãos das instituições
bancárias e do Estado. Sendo assim, a característica mais apropriada seria,
justamente, o contrário, isto é, a descentralização.
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de hiperinflação.”
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Luiz Felipe Nobre Braga
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Fonte: Shutterstock.
A conexão que temos na sociedade digital ocorre por intermédio dos mecanismos
proporcionados por uma rede virtual, a internet. Este espaço é utilizado para várias
funcionalidades, como a comunicação, a difusão cultural, o lazer, o trabalho etc.
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De regra, nós acessamos a internet para navegar nos sites, nos aplicativos, nas
plataformas. São incontáveis as utilidades. Muito da nossa vida já está no horizonte
virtual. A conexão é intensa, constante e ininterrupta.
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Agora, imagine essa alta conectividade em tudo o que fazemos e usamos. Todos os
aparelhos da sua casa conectados em linha, comunicando-se entre si. E mais do
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que isso: seu veículo, a iluminação da sua casa, as câmeras de segurança, os
eletrodomésticos. Tudo interagindo de maneira constante e em tempo real, para
proporcionar um desempenho mais dinâmico e inteligente.
É basicamente isso que faz a internet das coisas: integra as coisas na internet.
Na constante evolução da internet, essa temática nos endereça, uma vez mais,
para a contemplação de um novo que, se outrora sonhado, já se tornou uma
realidade.
A atendente informou que, para um orçamento mais preciso, era necessária uma
inspeção do técnico no domicílio da cliente. Alguns momentos depois, a
empresária e a atendente agendaram um dia para a devida avaliação.
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Primeiro que, sozinha, a geladeira identificasse os produtos nela contidos e,
identificando a ausência de algum item, que acessasse o aplicativo do
s e õ ç at o n a r e V
supermercado e efetuasse a compra. Não obstante, a empresária gostaria que
durante esse processo fosse enviada uma mensagem por meio de um sensor
infravermelho no seu celular, notificando-a da hora aproximada da chegada dos
produtos, então comprados automaticamente.
Assim, você deve elaborar um parecer que recomende à cliente alguma atitude a
ser tomada ou não, diante das circunstâncias apresentadas e de acordo com o
estado da técnica no que se refere à automação residencial, notadamente quanto
aos desafios tecnológicos de implantação dos sistemas de IoT. Neste sentido, você
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Bons estudos!
s e õ ç at o n a r e V
CONCEITO-CHAVE
As coisas estão conectadas, e é com dessa premissa que devemos partir para
entender o significado dos avanços proporcionados pela internet das coisas
(Internet of Things, em inglês, ou IoT).
A internet está nas coisas. Não é apenas a vida social que está compartilhada e
interconectada no mundo virtual.
Do ponto de vista conceitual, a internet das coisas “pode ser compreendida como
um avanço tecnológico pelo qual aparelhos de uso comum passam a ser
dispositivos eletrônicos que se comunicam entre si sem a necessidade de
manuseio humano” (TEIXEIRA, 2020, p. 82).
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Os dispositivos conectam-se entre si porque estão integrados em uma rede
s e õ ç at o n a r e V
comum, de sorte que atuam de maneira concertada, harmônica, com a finalidade
de executar atividades e operações cotidianas, facilitando a vida e tornando mais
eficiente as rotinas, operações, trabalho, estudo, manutenção, vigilância etc.
A intervenção humana passa a ficar cada vez mais reduzida, em virtude do alto
grau de autonomia tecnológica nos aparelhos conectados. A eletrônica substitui a
necessidade de as pessoas executarem operações mecânicas, que demandam
força física (BATISTA, 2014). A internet das coisas é, sobretudo, um grau de avanço
e inovação tecnológicos da era digital, que consiste na aplicação eficiente da
inteligência humana a serviço do ganho de produtividade em todos os níveis e
situações da vida, seja ela doméstica, laboral, empresarial ou estatal.
Neste sentido,
“
Cada vez mais há intervenção humana mínima para o funcionamento desses dispositivos. E cada dispositivo
“inteligente” dessa Internet das Coisas é conectado aos demais dispositivos, comunicando-se uns com os
outros, transferindo dados, recuperando dados e respondendo de forma inteligente por meio de ações
específicas.
— (LONGHI et al., 2020, p. 118)
Note que a IoT consiste em uma verdadeira infraestrutura em rede, que interliga
objetos físicos e virtuais, “por meio da exploração de captura de dados e
capacidades de comunicação” (LONGHI et al., 2020, p. 119). É a evolução da
sociedade digital, a qual possibilita outro nível de interação e de operação
automatizada de aparelhos e equipamentos de todo gênero.
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Em uma casa automatizada, conseguimos controlar remotamente diversos itens da casa, como, por exemplo: a
iluminação; a abertura de um portão; a abertura da porta principal ou das persianas […]. Essa tecnologia nos
“
ajuda a tornar o dia a dia mais simples, pois conseguimos, ao retornar do trabalho, encontrar a casa da forma
que desejamos. […] Em uma casa inteligente, uma central local ou na nuvem recebe previamente os parâmetros
desejados […]. O sistema também possibilita a operação remota, porém, a grande diferença está na autonomia
0
do sistema que, por si só, gerencia as diversas condições que os sensores devem considerar para que o
ambiente doméstico esteja da forma que foi programado.
— (PECK, 2020, p. 153)
s e õ ç at o n a r e V
Como nós já tivemos a oportunidade de refletir, a tecnologia consiste basicamente
em objetos que são fabricados como ferramentas, com a finalidade de melhorar as
naturais capacidades humanas de interação e de transformação material. O ganho
de produtividade é imenso e facilmente perceptível. Do ponto de vista técnico,
quando as coisas passam a estar em rede, conectadas, chamam-se de hardwares
ou artefatos, os objetos com suporte tecnológico e, portanto, eletrônico, para uma
interatividade digital em tempo real (AKABANE, 2019).
ASSIMILE
“
Internet das Coisas consiste no emprego de tecnologias com a finalidade de
conectar objetos de uso rotineiro, sejam eles eletrodomésticos, veículos,
brinquedos ou mesmo acessórios acoplados ao corpo – os chamados wearables –
que, por meio de sensores e da coleta massiva de dados, podem oferecer as mais
variadas funcionalidades aos seres humanos.
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Quanto às redes 5G, o ganho é a conectividade sem fios, de modo universal, pois
seu desenvolvimento se deu com a finalidade de ser algo flexível, “podendo
suportar os gigabits das conexões pessoais e até empresariais e, ao mesmo tempo,
servir de transporte para aplicações que demandem pouca banda, baixa latência e
0
alta confiabilidade.” (PECK, 2020, p. 154).
s e õ ç at o n a r e V
Também é possível mencionar a tecnologia bluetooth como forma de substituição
do uso de cabeamentos.
Nesse sentido,
“
Os pontos fortes da atual tecnologia Bluetooth são a sua capacidade de trafegar simultaneamente dados e voz,
o que oferece ao usuário uma grande variedade de soluções inovadoras, como fones de ouvido que deixam as
mãos livres em chamadas de voz, a capacidade de fax e impressão sem fio, e a sincronização entre PCs e
celulares.
— (JURGEN, 2018, p. 128)
Perceba que existem três tipos de redes sem fio. Aquelas que são baseadas em
infravermelho; as baseadas em radiofrequência (como o wi-fi e o bluetooth); e as
baseadas em laser.
É o que se chama de solução indoor, isto é, servem mais para uso interno,
porquanto suas faixas de frequência não têm a capacidade de ultrapassar paredes
(o alcance vai de cinco a trinta metros), embora possa também ser utilizada em
ambientes externos (outdoor).
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Já os sistemas baseados na tecnologia de laser são aqueles que utilizam a luz como
0
meio de transmissão do sinal digital (com um alcance, em média, de dez
quilômetros). Também não precisam de outorga ou autorização para uso. Esse tipo
s e õ ç at o n a r e V
de tecnologia é afetado por condições atmosféricas, que podem, além de
atrapalhar a transmissão, interrompê-la enquanto persistirem as condições
desfavoráveis.
Com efeito, “uma das maiores vantagens dessa tecnologia é a segurança, uma vez
que o sinal de laser é praticamente impossível de ser interceptado […] Essa
tecnologia ainda é muito pouco utilizada, principalmente devido aos altos custos
dos dispositivos (lasers) e à sua manutenção.” (MORAES, 2010, p. 24).
EXEMPLIFICANDO
Toda designação de IoT tem algo em comum: leva-se em conta o fato de que os
computadores, sensores e objetos “interagem uns com os outros e processam
informações/dados em um contexto de hiperconectividade” (LIMA, 2021, p. 151).
Por outro lado – deve-se dizer –, a internet das coisas traz, a reboque, desafios que
muito interessam ao Direito Cibernético, especificamente quanto à segurança dos
dados que transitam por meio dos aparelhos conectados. Toda implementação de
sistemas relacionados à internet das coisas deve estar acompanhada de um
conjunto de ferramentas de privacidade e segurança, de modo a garantir o
controle e a proteção dos usuários.
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É uma característica natural, que decorre da própria necessidade de regulação,
s e õ ç at o n a r e V
pelo Estado e pelo Direito, dos fenômenos digitais.
REFLITA
“
[…] não com o surgimento dos computadores, mas sim como tais computadores se tornam economicamente
populares e, por conseguinte, estão presentes nos lares e em pequenas empresas, fazendo parte do dia a dia
das pessoas.
— (LIMA, 2021, p. 18)
Depois vem a fase na qual a internet passa a ser um local, em rede, de interação
entre pessoas. A segunda fase “ocorre com a popularização do maior meio de
comunicação de todos os tempos, a internet, a qual, por intermédio das redes
sociais e aplicativos de comunicação instantânea, deixa as pessoas cada vez mais
próximas, bem como torna-as dependentes de tal ferramenta.” (LIMA, 2021, p. 18).
Nos dias atuais vivemos a terceira fase, justamente com a internet das coisas
(MONK, 2018).
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Neste sentido,
“
O terceiro e atual momento se dá com o surgimento da primeira tecnologia da internet que não pode ser
copiada, alterada ou excluída, o Bitcoin, e o protocolo que permite sua existência, a Blockchain. Além disso,
0
vive-se uma época em que vários termos surgem todos os dias e, de certa forma, todos estão interligados,
como a Computação Cognitiva, a Inteligência Artificial, a Internet das Coisas, Big Data, Mineração de Dados,
entre outros.
s e õ ç at o n a r e V
— (LIMA, 2021, p. 18)
Por outro lado, pode-se considerar a IoT não propriamente uma revolução
tecnológica, senão como um verdadeiro avanço. A IoT, por conseguinte,
“
[…] é uma decorrência (aprimoramento) do processo de automação que vem se desenvolvendo nos últimos
séculos, e, sobretudo, a partir do final da década de 1960 com o desenvolvimento inicial do que hoje
conhecemos como internet.
— (TEIXEIRA, 2020, p. 82)
Desse modo, seria natural prever que as coisas da vida estariam cada vez mais
interligadas. Faz parte do processo ininterrupto de descobrimento de usos e
aplicações da tecnologia.
A infraestrutura da IoT pode ser entendida, por outro ângulo, como um “ambiente
de objetos físicos interconectados com a internet por meio de sensores pequenos
e embutidos, criando um ecossistema de computação onipresente (ubíqua)”
(TEIXEIRA, 2021, p. 151), que introduz e aperfeiçoa constantemente processos
rotineiros.
É verdade que os benefícios vão muito além do interesse econômico, embora este
seja um aspecto que não pode ser desprezado em absoluto. A ideia é perceber que
a conexão dos objetos do cotidiano tem o alto potencial de favorecer aplicações
inovadoras no campo, por exemplo, das atividades estatais.
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públicos correspondentes a estas áreas mencionadas, que dizem respeito à sua
s e õ ç at o n a r e V
titularidade.
Logo, é inegável que os benefícios da IoT podem contribuir para que o Estado e
suas instituições consigam prestar serviços mais eficientes, inclusive no intuito de
fazer evoluir o sistema burocrático estatal para uma configuração cada vez mais
digital, com redução do tempo de resposta e maior capacidade de armazenamento
de informações, tratando-as de maneira centralizada. Com efeito, é imprescindível
se atentar para o fato de que o Poder Público deve garantir a total segurança das
informações e dados de que disponha, porque lida diretamente com questões
pessoais dos cidadãos brasileiros, bem como das suas próprias questões internas,
de natureza administrativa.
Esta lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações
previsto no inciso XXXIII do art. 5.º, no inciso II do § 3.º do art. 37 e no § 2.º do art.
216 da Constituição Federal. Subordinam-se ao regime desta lei: os órgãos públicos
integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo
as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público, bem como as autarquias,
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Os procedimentos previstos na Lei de Acesso à Informação destinam-se a
assegurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser executados
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em conformidade com os princípios básicos da administração pública e com as
seguintes diretrizes (BRASIL, 2011, [s. p.]):
“
I – observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção;
V – desenvolvimento do controle social da administração pública. O fim maior é ampliar a publicidade dos atos
até para se garantir uma maior efetividade no controle dos atos administrativos, pois quanto maior for o acesso
à informação maior também será a fiscalização.
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administrativos, com maior eficiência e celeridade.
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No campo das atividades privadas – empresariais, notadamente – a aplicação da
IoT é de extrema importância, sobretudo pelos benefícios econômicos envolvidos.
Assim,
“
[…] compreender a IoT é muito importante para os gestores, pois, de acordo com a estimativa calculada pelo
estudo realizado pelo Mckinsey Global Institute, a IoT vai gerar entre 3,9 e 11,1 trilhões de dólares anuais em
2025.
— (PECK, 2020, p. 150)
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Com isso, finalizamos mais um bloco de estudo. Há ainda o que conhecer, porém
s e õ ç at o n a r e V
percorremos um caminho muito interessante até aqui. Vamos em frente!
a. Avanço tecnológico pelo qual aparelhos do cotidiano se comunicam entre si com a necessidade
obrigatória de manuseio humano.
c. Uma rede que opera com blocos encadeados altamente seguros, que sempre carregam um conteúdo
junto com uma impressão digital.
d. Infraestrutura em rede, que interliga objetos físicos e virtuais, por meio da exploração de captura de
dados e capacidades de comunicação.
e. Tecnologias digitais utilizadas para lidar com grandes e diversas quantidades de dados.
Questão 2
Existem três tipos de comunicações sem fio. As que são baseadas em
infravermelho, as baseadas em radiofrequência (como o wi-fi e o bluetooth) e as
baseadas em laser.
II. O sistema de radiofrequência utiliza micro-ondas que propagam o sinal pelo ar,
por meio de faixas de frequências.
III. A tecnologia de laser utiliza-se da luz como meio de transmissão do sinal digital.
0
Por isso, condições atmosféricas e climáticas são incapazes de afetá-la ou
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interrompê-la.
IV. Item 4
a. II, apenas.
e. I, apenas.
Questão 3
A infraestrutura da IoT pode ser entendida, por outro ângulo, como um “ambiente
de objetos físicos interconectados com a internet por meio de sensores pequenos
e embutidos, criando um ecossistema de computação onipresente (ubíqua)"
(TEIXEIRA, 2020, p. 151).
É verdade que os benefícios da internet das coisas vão muito além do interesse
econômico, pois:
a. Podem ser utilizados como um sistema de segurança, que criptografa a mensagem impedindo o acesso
ao conteúdo por invasores.
b. A conexão dos objetos do cotidiano tem o alto potencial de favorecer aplicações inovadoras no campo,
por exemplo, das atividades estatais e empresariais.
c. Esse aspecto pode ser desprezado em absoluto, tendo em vista que a sua criação está intimamente ligada
a esse escopo.
d. É capaz de auxiliar nas atividades estatais, diminuindo a burocracia, mas também é capaz de auxiliar nas
empresas, melhorando a logística e o controle de estoque.
e. Tem chance de ser utilizada nas atividades empresariais, mas não nas estatais, sendo proibidas pela lei
de acesso à informação.
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REFERÊNCIAS
AKABANE, G. K.; POZO, H. Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade: Histórico,
Conceitos e Aplicações. São Paulo: Saraiva, 2019. Disponível na Biblioteca Virtual:
Minha Biblioteca. No link: https://bit.ly/3AA49Bn. Acesso em: 20. mai. 2021.
0
BATISTA, S. S.; FREIRE, E. Sociedade e Tecnologia na Era Digital. São Paulo:
s e õ ç at o n a r e V
Saraiva, 2014. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/3qZg9rx. Acesso em: 20 mai. 2021.
https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ati… 16/17
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PECK, P. P. Segurança Digital - Proteção de Dados nas Empresas. São Paulo:
Grupo GEN, 2020. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
s e õ ç at o n a r e V
https://bit.ly/3hKXFa1. Acesso em: 20 mai. 2021.
TEIXEIRA, T. Direito Digital e Processo Eletrônico. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link: https://bit.ly/3wrb3FR.
Acesso em: 20 mai. 2021.
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
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ação humana é necessária.
s e õ ç at o n a r e V
Em suma, a IoT dispõe de uma central de dados, e a automação residencial não. A
grande diferença está na autonomia.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
PROFESSOR SUBSTITUTO DE DIREITO CIBERNÉTICO
Você, perito em Tecnologia e Inovação, é convidado para ser professor substituto
em uma pós-graduação em Direito Cibernético.
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Considerando essa situação, você deve preparar um texto-roteiro para explicar de
s e õ ç at o n a r e V
modo conciso e direto o conceito de inovação e tecnologia. O que é tecnologia? O
que é inovação? Qual a diferença entre esses conceitos?
RESOLUÇÃO
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s e õ ç at o n a r e V
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Olá, aluno!
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de natureza ou de conteúdo econômico.
s e õ ç at o n a r e V
Inicialmente, partiremos da LGPD, a Lei nº 13.709/2018, a fim de introduzi-la em
nossas reflexões, bem como para estudar os Direitos do Titular e o tratamento de
dados pessoais e de direitos correlatos, com atenção aos requisitos e à questão
dos dados pessoais sensíveis, incluindo o tratamento quanto aos dados que
envolvam crianças e adolescentes.
Tudo isso para que também possamos enxergar, de um ponto de vista amplo, a
regulação da Internet no Brasil e no mundo e, ainda, refletir sobre os bens digitais
(redes sociais, e-mails, milhas aéreas, moedas virtuais, músicas e livros digitais), a
partir de um ponto de vista sociológico, no tocante ao surgimento desses bens
(ativos), a sua natureza jurídica e às repercussões no âmbito da personalidade
humana e no eixo patrimonial.
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interações e dos fluxos de informações com que as pessoas físicas e jurídicas lidam
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cotidianamente, seja em situações de comunicação ou de operações mercantis,
seja de guarda e de posse de dados pessoais nas mais diversas circunstâncias.
Tornou-se necessária uma regulação específica, tal como a realizada pela LGPD,
para que fosse possível construir mecanismos de fiscalização e até mesmo de
punição para os casos em que se verificasse malversação quanto ao tratamento de
dados dos mais variados tipos.
Com isso, o desenvolvimento do ciberespaço fez (e ainda faz) com que novas
posturas sejam adotadas para que haja o absoluto respeito aos direitos e às
garantias fundamentais, os quais constituem verdadeiro pilar civilizatório.
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Toda quinta-feira, na faculdade, os alunos realizam debates sobre as mais diversas
matérias do Direito, com enfoque para as novidades jurídicas e normativas. Nessas
s e õ ç at o n a r e V
ocasiões, os alunos já haviam se debruçado sobre vários subtemas do Direito
Cibernético. Discutiram sobre: criptografia, blockchain, Internet das Coisas e
muitos outros. Mas, naquela data, estavam comentando sobre a nova Lei Geral de
Proteção de Dados (LGPD).
Aluno 1: Podemos começar falando que a LGPD é uma novidade jurídica muito
importante, pois não há nenhuma outra lei dessa natureza no mundo. Ela pode ser
a base para outras futuras legislações.
Aluno 2: Não sei dizer muito a respeito, falarei mais sobre o tratamento de dados
de crianças e de adolescentes, infelizmente a nova lei não dispõe especificamente
sobre isso.
Aluno 1: Interessante, faltam apenas vinte minutos para o debate iniciar, estou
ansioso.
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Nesse sentido, você considera as seguintes indagações: a LGPD é a única lei dessa
natureza? Quais as leis existentes sobre esse assunto antes de sua criação? A
LGPD, de fato, não dispõe especificamente sobre o tratamento de dados de
crianças e adolescentes?
0
Para responder a essas indagações, escreva um texto, apontando os erros e
s e õ ç at o n a r e V
propondo novas abordagens a serem feitas pelos alunos.
Bons estudos!
CONCEITO-CHAVE
A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), Lei nº 13.709/2018 (BRASIL,
2018a), dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, incluindo os que concernem
aos meios digitais, sejam de pessoa natural ou de pessoa jurídica (de direito
público ou de direito privado), com o especial objetivo de proteger os direitos
fundamentais, de índole constitucional, quanto à liberdade, à privacidade e quanto
ao livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural. Pode-se dizer, sem
dúvidas, que a LGPD estrutura um corpo de normas (regras e princípios) dedicados
a estruturar parte substancial, senão imprescindível, do então chamado Direito
Cibernético.
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Ao contrário, o Estado e o Direito estão sempre atentos ao caráter evolutivo dos
fenômenos humanos, motivo pelo qual a LGPD representa verdadeiro ganho
s e õ ç at o n a r e V
qualitativo em termos de proteção do fenômeno digital, na ambiência das relações
intersubjetivas em trâmite nesse meio. Logo, “a privacidade digital é uma recente
demanda da sociedade. Assim como a privacidade física, no lar ou em conversas
reservadas, é um valor essencial, também a privacidade digital se tornou um
desejo da sociedade moderna” (GARCIA et al., 2020, p. 14).
“
O motivo que inspirou o surgimento de regulamentações de proteção de dados pessoais de forma mais
consistente e consolidada a partir dos anos 1990 está diretamente relacionado ao próprio desenvolvimento do
modelo de negócios da economia digital, que passou a ter uma dependência muito maior dos fluxos
internacionais de bases de dados, especialmente os relacionados às pessoas, viabilizados pelos avanços
tecnológicos e pela globalização.
Por esses motivos, a LGPD estabelece regras e princípios com elevado rigor. O
campo de sentido dessas normas está relacionado à conformação entre
postulados atinentes à órbita econômica e a direitos de ordem personalíssima
(TOMASEVICIUS FILHO, 2021; LIMA, 2020). Logo, a LGPD traz como fundamentos: o
respeito à privacidade; a autodeterminação informativa; a liberdade de expressão,
de informação, de comunicação e de opinião; a inviolabilidade da intimidade, da
honra e da imagem; o desenvolvimento econômico, tecnológico e da inovação; a
livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa dos consumidores; e a imprescindível
proteção e resguardo dos direitos humanos, além do livre desenvolvimento da
personalidade, da dignidade humana e do exercício da cidadania pelas pessoas.
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A LGPD estabelece normas e regras rigorosas para a proteção de dados pessoais, regulamentando seu
tratamento, definido como qualquer ação realizada desde a coleta, cópia, edição, armazenamento, publicação,
“
impressão, transmissão, processamento e compartilhamento de dados pessoais. Como principais objetivos, a
LGPD visa fortalecer o direito à privacidade dos titulares de dados, protegendo os direitos fundamentais dos
indivíduos, pelo fortalecimento da segurança da informação quanto a privacidade, transparência,
0
desenvolvimento, padronização, proteção do mercado e livre concorrência.
s e õ ç at o n a r e V
A LGPD foi promulgada no dia 14 de agosto de 2018 e é uma legislação bastante
técnica (são 10 capítulos com 65 artigos no total), que congloba elementos de
controle com a finalidade de assegurar, sobretudo, o adequado cumprimento de
garantais previstas no campo dos Direitos Humanos. Sua inspiração é o
Regulamento Europeu de Proteção de Dados Pessoais (PECK, 2021) e é preciso
lembrar que a LGPD sofreu alterações por parte da Medida Provisória nº 869/2018
(BRASIL, 2018b) e pela Lei nº 13.853/2019 (BRASIL, 2019). Apesar de ser uma lei
recente e específica, existem outras legislações que também se prestam a tutelar a
privacidade, como a própria Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
(BRASIL, 1988), o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014), o próprio Código de
Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990) e o Decreto do Comércio Eletrônico
(Decreto nº 7.962/2013).
ATENÇÃO
De acordo com o art. 4º da LGPD (BRASIL, 2018), essa lei não se aplica ao
tratamento de dados realizado por pessoa natural com finalidades
exclusivamente particulares, isto é, destituídos de fins econômicos.
Ademais, também não se aplica quando o tratamento de dados for
realizado para fins exclusivamente: jornalísticos ou artísticos; acadêmicos;
de segurança pública; defesa nacional; segurança do Estado; ou para
atividades de investigação e de repressão de infrações penais. Além disso, a
LGPD não se aplica aos dados
[...] provenientes de fora do território nacional e que não sejam objeto de
comunicação, uso compartilhado de dados com agentes de tratamento brasileiros
ou objeto de transferência internacional de dados com outro país que não o de
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“aplica também aos dados que sejam tratados fora do Brasil, desde que a coleta
s e õ ç at o n a r e V
tenha ocorrido em território nacional, ou por oferta de produto ou serviço para
indivíduos no território nacional ou que estivessem no Brasil” (PECK, 2021, p. 17).
É interessante que você apreenda uma visão sistêmica da LGPD, ou seja, a sua
estrutura de tópicos e de assuntos quanto à proteção de dados pessoais. Assim:
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A partir dessa visão, você já deve ter percebido que empregaremos maior esforço
0
nas disposições que se encontram, respectivamente, nos Capítulo I, II e III da LGPD.
s e õ ç at o n a r e V
Para que isso seja possível, precisamos conhecer alguns conceitos que a própria
LGPD apresenta. De início, saiba que dado pessoal “é informação relacionada a
pessoa natural identificada ou identificável” (BRASIL, 2018a, p. 60). A seu turno,
dado pessoal sensível é aquele relativo a dado sobre origem racial ou étnica,
convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter
religioso, filosófico ou político, ou referente à saúde ou à vida sexual, bem como o
dado genético ou biométrico quando vinculado a uma pessoa natural (BRASIL,
2018a). E quem é o titular? É a pessoa natural a quem se referem os dados
pessoais, objeto de tratamento. Ademais, conheça outros conceitos que serão
importantes para os nossos estudos:
• Encarregado: pessoa indicada pelo controlador e pelo operador para atuar como
um canal de comunicação entre aquele (controlador), os titulares dos dados e a
Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).
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ASSIMILE
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Essas atividades de tratamento de dados pessoais devem observar, de maneira
s e õ ç at o n a r e V
obrigatória, alguns parâmetros, à luz da boa-fé. Tais parâmetros encontram-se
estruturados em princípios, de acordo com o art. 6º da LGPD (BRASIL, 2018a).
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dados pessoais.
s e õ ç at o n a r e V
• Para a proteção do crédito.
VOCABULÁRIO
Novas finalidades para o tratamento de dados pessoais são possíveis desde que se
mantenha a observância dos “propósitos legítimos e específicos para o novo
tratamento e a preservação dos direitos do titular, assim como os fundamentos e
os princípios” (BRASIL, 2019, p. 1) previstos na lei.
ATENÇÃO
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houver dispensa legal. De todo modo, eventual dispensa de consentimento não
s e õ ç at o n a r e V
permite que os agentes de tratamento de dados se afastem dos deveres objetivos
traçados pela LGPD, sobremodo quanto aos princípios gerais e quanto às garantias
dos direitos do titular.
ATENÇÃO
E, aqui, você pode indagar: quais são, afinal, os direitos do titular? A LGPD nos traz
essas informações no art. 9º (BRASIL, 2018a).
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finalidade para o tratamento dos dados, de modo a se tornarem incompatíveis
s e õ ç at o n a r e V
com o consentimento original, o titular deverá ser informado de maneira
destacada quanto a esse fato, podendo revogá-lo na eventualidade de discordar
das alterações.
Além disso:
“
A LGPD assegura ao titular o direito de rever as decisões tomadas unicamente com base em tratamento
automatizado de dados pessoais que afetem seus interesses (art. 20), para tanto, o controlador deve fornecer,
sempre que solicitadas, informações claras e adequadas sobre os critérios e os procedimentos utilizados para a
decisão automatizada (§1º do art. 20 da LGPD).
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“
São dados que estejam relacionados a características da personalidade do indivíduo e suas escolhas pessoais,
0
tais como origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de
caráter religioso, filosófico ou político, dado referente a saúde ou a vida sexual, dado genético ou biométrico,
s e õ ç at o n a r e V
quando vinculado a uma pessoa natural.
EXEMPLIFICANDO
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ATENÇÃO
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É proibida a comunicação ou o uso compartilhado de dados sensíveis
s e õ ç at o n a r e V
relativos à saúde com a finalidade de obtenção de vantagem econômica,
exceto para a prestação de serviços de saúde, assistência farmacêutica e
assistência à saúde, incluídos os serviços auxiliares de diagnose e de terapia
em benefício dos interesses dos titulares, bem como para permitir a
portabilidade (quando solicitada pelo titular) ou para transações financeiras
e administrativas relacionadas aos serviços acima especificados. Nesse
sentido, as operadoras de planos privados de assistência à saúde não
poderão utilizar tais dados sensíveis para a prática de seleção de riscos e
para contratação ou exclusão de beneficiários.
LEMBRE-SE
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consentimento específico e, em destaque, dado por pelo menos um dos pais ou
s e õ ç at o n a r e V
pelo responsável legal. Por outro lado, “é possível realizar a coleta de dados
independentemente de consentimento, porém esse dado deve ser utilizado
somente dentro de seu propósito” (PECK, 2021, p. 36). Esses casos englobam
situações nas quais a coleta é necessária para contatar os pais ou o responsável
legal, por exemplo, e nas quais os dados sejam utilizados uma única vez e sem que
sejam armazenados. Ademais, “considerando as tecnologias disponíveis à época, o
controlador deve realizar todos os esforços razoáveis para verificar que o
consentimento foi dado pelo responsável pela criança” (TEIXEIRA, 2020, p. 54).
REFLITA
Com isso, encerramos mais um bloco dos nossos estudos! Agora, já estamos bem
inseridos na LGPD, no coração do Direito Cibernético. Vamos em frente! Até a
próxima.
“
A Lei de Proteção de Dados Pessoais, que ficou também conhecida pela sigla LGPD, foi promulgada pelo
presidente Michel Temer no dia 14 de agosto de 2018 e foi originária do PLC n. 53/2018. É uma legislação
extremamente técnica, que reúne uma série de itens de controle para assegurar o cumprimento das garantias
previstas cujo lastro se funda na proteção dos direitos humanos.
— (PECK, 2021, p. 9)
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proteção de dados.
s e õ ç at o n a r e V
PORQUE
II. Antes de sua criação não havia nenhuma dessa natureza, ao menos em âmbito
nacional.
Questão 2
“Assim como outros recentes diplomas legais [...] [A LGPD] trata-se de uma lei
prolixa, que contém trechos evidentemente desnecessários, ou repetitivos, ou
acompanhados de adjetivos de significado impreciso, ou ainda que se encontram
em visível choque de ideias” (LIMA, 2020, p. 142).
a. Dados pessoais sensíveis são dados pessoais que identificam o titular, como número de telefone ou e-
mail.
c. Operador é pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que detém competência para a
tomada de decisões relativas ao tratamento de dados pessoais.
d. Controlador é a pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza, em nome do
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p j p p q
controlador, o tratamento de dados pessoais.
e. Dado pessoal é aquele relativo a dado sobre origem racial ou étnica e sobre convicção religiosa.
Questão 3
0
“Toda pessoa natural tem assegurada a titularidade de seus dados pessoais e
s e õ ç at o n a r e V
garantidos os direitos fundamentais de liberdade, de intimidade e de privacidade,
nos termos desta Lei” (BRASIL, 2018a, p. 61).
Julgue as afirmativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F), tomando como
referência a Lei nº 13.709/2018.
a. V – F – F – V.
b. F – V – F – V.
c. V – F – V – V.
d. F – V – V – F.
e. V – F – V – F.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União:
seção 1: Assembleia Nacional Constituinte, Brasília, DF, ano 126, n. 191-A, p. 1, 5
out. 1988.
0
BRASIL. Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de
s e õ ç at o n a r e V
responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Diário Oficial
da União: seção 1, Brasília, DF, p. 10649, 25 jul. 1985.
Diário Oficial da União: seção 1: Poder Legislativo, Brasília, DF, ed. 157, p. 59, 15
ago. 2018a.
0
Nacional de Proteção de Dados; e dá outras providências. Diário Oficial da União:
s e õ ç at o n a r e V
seção 1: Poder Legislativo, Brasília, DF, ed. 246, p. 1, 20 dez. 2019.
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
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Começando pelo aluno 1, verifica-se uma imprecisão ao afirmar que a Lei Geral de
Proteção de Dados (LGPD) é a primeira dessa natureza e que, por isso, será
utilizada como parâmetro para a elaboração de eventuais novas legislações que
abordem esse tema. Na verdade, a LGPD foi inspirada em outras legislações,
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especialmente no Regulamento Europeu de Proteção de Dados Pessoais; sendo
s e õ ç at o n a r e V
assim, é impossível que tenha sido a primeira no cenário internacional a tratar
desse assunto.
Além disso, embora seja a legislação mais recente e mais específica, não é nem de
perto a única lei que trata sobre a privacidade. Esse tema já havia sido previsto em
algumas outras normas, como no Marco Civil da Internet, no Código de Defesa do
Consumidor, no Decreto do Comércio Eletrônico, na Lei de Acesso à Informação e
até mesmo na Constituição Federal. Desse modo, recomenda-se ao aluno propor
que essa lei é a mais nova e a mais específica norma que versa sobre o assunto no
Brasil e que foi baseada, principalmente, no regulamento europeu.
Orientado o primeiro aluno, deve-se partir para o segundo. Assim como o colega, o
segundo aluno falhou em dizer que a LGPD não dispõe sobre o tratamento de
dados de crianças e de adolescentes, porque ela não só trata como possui um
capítulo específico sobre o tema, no art. 14, segundo o qual: “o tratamento de
dados pessoais de crianças e de adolescentes deverá ser realizado em seu melhor
interesse, nos termos deste artigo e da legislação pertinente” (BRASIL, 2018a, p.
61).
AVANÇANDO NA PRÁTICA
EXCLUSÃO NÃO REALIZADA
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do Cadastro de Pessoa Física (CPF), além do nome completo, do endereço, da
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filiação, do número de celular, da idade e do estado civil.
Certo dia, um cliente antigo dessa empresa foi ao local, pois precisava de um
equipamento para realizar uma reforma em sua casa. A atendente o reconheceu e
entrou no seu cadastro, através do sistema, em seu computador, e verificou que
ele estava inadimplente. Em dúvida se poderia dar seguimento ao processo de
locação, ela chamou a gerente do estabelecimento, que, após alguns minutos,
constatou que não seria possível disponibilizar o equipamento se essa dívida em
aberto não fosse quitada.
Meses após a confusão, o pedreiro dele foi até a loja e solicitou outro equipamento
para a mesma obra. A atendente questionou se o equipamento seria no cadastro
do então cliente, como de costume; seguidamente, o pedreiro assentiu. Como
procedimento interno, a atendente ligou para o titular do cadastro afirmando que
seu pedreiro estava no local e que desejava retirar um equipamento para obra em
sua casa. O cliente disse à funcionária que o pedreiro havia se enganado. Na
verdade, ele deveria ir em outra empresa para alugar o equipamento. Todavia,
intrigado, questionou a atendente como ela havia descoberto seu número de
celular, ao que ela respondeu que essa e várias outras informações estavam
inseridas no sistema, mais especificamente em seu cadastro.
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Afinal, nesse caso, a empresa é obrigada a excluir os dados do cliente? Se sim, qual
dispositivo legal determina essa obrigatoriedade?
s e õ ç at o n a r e V
RESOLUÇÃO
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
Você já tem, até o momento, uma compreensão bem razoável sobre os níveis de
interesse do Estado e do Direito na regulação do ciberespaço, com ênfase no
trânsito de dados e no seu tratamento por parte dos controladores e dos
operadores (agentes de tratamento).
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Mas, já parou para se perguntar como estão estruturadas as normas legais que
cuidam da segurança da informação nesses casos? Como será que as empresas,
por exemplo, devem agir para que deem o exato cumprimento à LGPD?
0
Existe uma série de dispositivos legais que dizem respeito à maneira pela qual as
empresas, e até o Poder Público, devem se comportar em termos de observância
s e õ ç at o n a r e V
dos parâmetros de proteção de informações e dados que porventura passem por
seus contextos de operação.
Sobre isso, a posse de arquivos digitais é tema que também investigaremos neste
contexto, com a finalidade de saber como ocorrem os processos de fiscalização, de
controle e de regulação de acordo com a abrangência da LGPD.
O professor o deixa livre para abordar como queira o tema, mas coloca uma
condição: que sejam respondidas as dúvidas que, durante a aula, ele não havia
conseguido responder. São elas:
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• Ela é dever apenas do Estado ou também das empresas?
s e õ ç at o n a r e V
• Quais práticas uma empresa pode adotar para aumentar a segurança da
informação e qual a importância disso?
• Quais os dispositivos que a lei traz para auxiliar a empresa a manter segura a
informação?
Estudemos com afinco para adquirir mais esse conhecimento. A LGPD se torna
cada vez mais atrativa para todos nós à medida que a analisamos mais de perto.
Vamos em frente e juntos!
Bons estudos!
CONCEITO-CHAVE
Quando você pensa no conceito de informação, o que vem à sua mente? Alguns
conceitos são tão automáticos no nosso cotidiano que fica até difícil de precisá-los
em palavras, não é mesmo? Isso acontece porque alguns deles são praticamente
autoexplicativos. Note, num primeiro momento, que a ideia de informação é de
interesse do Direito Cibernético porque, basicamente, há um elemento econômico
intrínseco aí.
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um verdadeiro recurso, um ativo, portanto, com relevância e significado para a
s e õ ç at o n a r e V
vida pessoal ou profissional (FONTES, 2001).
REFLITA
Neste sentido:
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A segurança da informação existe para minimizar os riscos do negócio em relação à dependência do uso dos
recursos de informação para o funcionamento da organização. Sem a informação ou com uma incorreta, o
“
negócio pode ter perdas que comprometam o seu funcionamento e o retorno de investimento dos acionistas.
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No Capítulo VII da LGPD (BRASIL, 2018), intitulado “Da Segurança e das Boas
s e õ ç at o n a r e V
Práticas”, no art. 46, consta que os agentes de tratamento de dados devem adotar
as medidas de segurança, de natureza técnica e administrativa, devidamente aptas
para a proteção dos dados pessoais de acessos não autorizados, bem como de
situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou
qualquer outra forma de tratamento inadequado ou ilícito. É um pilar fundamental
da LGPD, que traz, de imediato, inovações muito importantes no que se refere às
obrigações impostas àqueles agentes de tratamento. “O artigo 46, em especial,
trabalha com a exigência de medidas direcionadas à efetivação de controles
protetivos capazes de mitigar os riscos do tratamento de dados” (LIMA, 2020, p.
349).
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Note que, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
“segurança da informação é a proteção dos vários tipos de ameaças para garantir a
s e õ ç at o n a r e V
continuidade do negócio, minimizar o risco, maximizar o retorno sobre os
investimentos e oportunidades” (TOMASEVICIUS FILHO, 2021, p. 120).
“
A segurança da informação é obtida a partir da implementação de um conjunto de controles, incluindo políticas,
processos, procedimentos, estruturas organizacionais e funções de software e hardware. Estes controles
precisam ser estabelecidos, implementados, monitorados, analisados criticamente e melhorados, onde
necessário, para garantir que os objetivos do negócio e de segurança da organização sejam atendidos.
A pessoa é a legítima titular dos dados que compõem a informação, a qual passa a
integrar sua esfera direta de interesses, sejam eles personalíssimos ou de cunho
patrimonial. Nesse contexto é que a segurança da informação passa a ser um
desdobramento “de um novo direito fundamental à proteção de dados pessoais”
(LIMA, 2020, p. 351).
https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ativi… 6/17
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Perceba que:
“
a obsessão e a capacidade de manter segredos têm direcionado o rumo de guerras, monarquias e influenciado
a vida em sociedade desde o Egito antigo. A ciência do sigilo vem transformando a forma com que percebemos
0
e garantimos a privacidade e a proteção dos dados.
s e õ ç at o n a r e V
Quando pensamos em termos de direitos fundamentais, a proteção de dados
pode ser considerada, já nessa quadra histórica, como um direito fundamental
implícito (LIMA, 2020).
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e a petições de titulares), normas de segurança, padrões técnicos, obrigações de
s e õ ç at o n a r e V
cada um dos envolvidos, bem como ações de natureza educativa, mecanismos de
supervisão e de redução de riscos. Cada modalidade de tratamento de dados
demanda um arcabouço específico de regras de boas práticas, cuja elaboração
deverá levar em conta, portanto, a natureza, o escopo, a finalidade, a
probabilidade e a gravidade dos riscos e dos benefícios resultantes do tratamento
de dados.
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incidentes e com remediação.
s e õ ç at o n a r e V
• Promover constante atualização, com base em informações resultantes de
monitoramentos contínuos e avaliações periódicas.
ASSIMILE
De acordo com a LGPD (BRASIL, 2018, p. 60), no art. 6º, VII, o princípio da
segurança consiste na “utilização de medidas técnicas e administrativas
aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de
situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação
ou difusão”. E o princípio da prevenção trata da “adoção de medidas para
prevenir a ocorrência de danos em virtude do tratamento de dados
pessoais”.
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• Suspensão parcial do funcionamento do banco de dados por até seis meses,
s e õ ç at o n a r e V
prorrogável por igual período até a regularização pelo controlador.
Toda sanção somente pode ser aplicada mediante a existência do devido processo
administrativo, garantindo-se aos envolvidos a ampla defesa e o contraditório, isto
é, plena oportunidade de defesa.
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Esse tema possui uma aderência inicial no domínio das relações consumeristas,
tuteladas pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), Lei nº 8.078/1990. No
domínio da proteção contratual, o art. 49 do CDC prevê que o consumidor pode
desistir do contrato, no prazo de sete dias a contar da sua assinatura ou do ato de
0
recebimento do produto ou do serviço, sempre que a contratação ocorrer fora do
s e õ ç at o n a r e V
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. Ademais,
“se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os
valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o período de reflexão,
serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados” (BRASIL, 1990, [s. p.]).
“
À época da elaboração do CDC estava tornando-se usual a venda de produtos por telefone, porta a porta –
venda de livros e enciclopédias principalmente – e até mesmo em canais de televisão especializados no assunto
ou canais que dedicavam a programação da madrugada para isso (e.g. Shoptime). Neste contexto, foi inserida
no CDC a previsão contida no artigo 49, cujo objetivo é conferir ao consumidor o direito ao arrependimento
pela compra realizada.
Surge, assim, o Decreto nº 7.962/2013, que tem por finalidade regulamentar a Lei
nº 8.078/1990 (CDC) no que tange ao comércio eletrônico. Já no art. 1º, referido
decreto prevê a necessidade de se observar o respeito ao direito de
arrependimento. No art. 5º, indica-se que o fornecedor de produtos ou serviços
deve informar, de maneira clara e ostensiva, quais os meios adequados e eficazes
para que o consumidor possa exercer o direito de arrependimento.
Nesse caso, note que o consumidor poderá exercer tal direito utilizando-se da
mesma ferramenta para a contratação, de modo que seu exercício efetivo importa
na rescisão dos contratos acessórios, sem qualquer ônus imputável a ele. Quanto à
comunicação, o fornecedor deverá informar, imediatamente, a instituição
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este deverá confirmar, também de modo imediato, o recebimento da
s e õ ç at o n a r e V
manifestação.
EXEMPLIFICANDO
Com isso, finalizamos mais uma etapa do nosso aprendizado. Cada vez mais
conscientes da importância do Direito Cibernético, buscaremos avançar ainda
mais. Vamos em frente!
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possibilitando que o negócio da organização seja realizado e que sua missão seja
alcançada.
s e õ ç at o n a r e V
Tomando como referência a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, e a segurança
da informação nas empresas, julgue as afirmativas a seguir como verdadeiras (V)
ou falsas (F).
( ) O art. 46 da LGPD diz que os agentes de tratamento de dados devem adotar as
medidas de segurança, de natureza técnica e administrativa, devidamente aptas
para a proteção dos dados pessoais de acessos não autorizados.
( ) A LGPD deixa a empresa livre para adotar políticas internas que assegurem
cumprimento às normas e às boas práticas quanto à proteção de dados, desde
que observe alguns requisitos.
a. V – F – F – V.
b. V – V – V – F.
c. F – V – V – F.
d. V – F – V – V.
e. F – V – F – V.
Questão 2
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Informação é um bem que deve ser protegido, tendo em vista a sua capacidade de
influência na tomada de decisões e de seu impacto nos direitos personalíssimos.
0
Logo, pode-se dizer que informação é:
s e õ ç at o n a r e V
a. Um conjunto de dados e de conhecimento de dados que possa constituir referências sobre um
determinado acontecimento, fato ou fenômeno.
c. Qualquer tipo de acontecimento novo e relevante, que divulga uma novidade sobre algo.
d. Qualquer tipo de acontecimento passado e relevante, que divulga uma notícia interessante.
e. Tudo aquilo que já aconteceu; algo cuja existência é inquestionável ou tudo aquilo que aconteceu por
ação do homem.
Questão 3
; ; ;
0
s e õ ç at o n a r e V
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e
documentação referenciais- elabração. Rio de Janeiro, 2002.
https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ati… 15/17
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Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro
s e õ ç at o n a r e V
de 1991; e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1: Poder
Legislativo, Brasília, DF, ed. extra, p. 1, 18 nov. 2011.
ago. 2018.
LIMA, Cíntia Rosa Pereira de; et al. Comentários à Lei Geral de Proteção de
Dados. São Paulo: Grupo Almedina, 2020. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha
Biblioteca. No link: https://bit.ly/3fRzpmt. Acesso em 05 ago. 2021.
LONGHI, Maria Isabel Carvalho Sica; et al. Direito e Novas Tecnologias. São Paulo:
Grupo Almedina, 2020. Disponível na Biblioteca Virtual Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/3iAWImp. Acesso em: 05 ago. 2021.
PINHEIRO Patrícia Peck Segurança Digital: Proteção de Dados nas Empresas São
https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=ricksdmaia%40gmail.com&usuarioNome=RICARDO+SOARES+MAIA&disciplinaDescricao=DIREITO+CIBERNÉTICO&atividadeId=3161595&ati… 16/17
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PINHEIRO, Patrícia. Peck. Segurança Digital: Proteção de Dados nas Empresas. São
Paulo: Grupo GEN, 2020. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/3Aukjvb. Acesso em: 05 ago. 2021.
0
Paulo: Grupo Almedina, 2021. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No
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link: https://bit.ly/2VFe8Wc. Acesso em: 05 ago. 2021.
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
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Contudo, vale ressaltar que ela não se trata apenas de um conjunto de dados que
possui um valor; é também um recurso, um ativo, que pode vir a influenciar a
tomada de decisões e a afetar direitos personalíssimos. E são justamente essas
últimas características que a tornam objeto de estudo do Direito Cibernético.
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É devido a essa capacidade de influenciar decisões e de afetar direitos
s e õ ç at o n a r e V
personalíssimos que se torna essencial propor a segurança da informação, isto é,
uma área destinada a operar conjuntos de orientações, normas, procedimentos,
políticas e demais ações que tem por objetivo proteger o recurso informação,
possibilitando que o negócio da organização seja realizado e que sua missão seja
alcançada.
Para fazer valer essa segurança nas relações intersubjetivas de natureza privada,
as empresas podem se utilizar da temática das boas práticas e da governança. Esta
consiste em elaborar condições de organização, de regimes de funcionamento, de
procedimentos, de normas de segurança e de padrões técnicos, bem como de
ações de natureza educativa para reduzir falhas na segurança.
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sejam respeitadas definitivamente.
s e õ ç at o n a r e V
AVANÇANDO NA PRÁTICA
DIREITO DE ARREPENDIMENTO
Um deputado federal, durante seu mandato, decide propor um projeto de lei que
altere alguns dispositivos do Código do Consumidor, sobretudo no que diz respeito
ao direito de arrependimento.
Eleito recentemente, o político tem como base eleitoral muitos empresários, dos
mais diversos ramos, que sempre reivindicam alteração desse direito.
A fim de conhecer mais sobre o assunto, o deputado decide marcar uma reunião
com você, autoridade em Direito Cibernético, para sanar algumas dúvidas.
Agora, para auxiliar o deputado a entender mais sobre o assunto, você deve
elaborar um parecer que aborde todas essas questões.
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RESOLUÇÃO
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telefone ou até mesmo por canais de televisão estavam se tornando cada vez
mais usuais. Foi nesse momento que o direito de arrependimento foi inserido
s e õ ç at o n a r e V
no art. 49 daquela norma, com o objetivo de conferir ao consumidor o direito
de se arrepender de uma compra realizada.
Tendo em vista sua intenção primária, nota-se que nem todos os produtos são
passíveis de estarem conformados com esse direito. Um exemplo disso são os
produtos digitais.
Diferentemente de uma roupa, cujo tamanho e cuja textura não podem ser
distinguidos com exatidão, tornando razoável a possibilidade de aplicação de
tal direito, produtos digitais, consumidos digitalmente, como audiolivros, não
detêm qualidade certa por natureza. Portanto, fica evidente a inaplicabilidade
do direito de arrependimento nesses casos.
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
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Não deixaremos de lado comentários pontuais, porém muito relevantes, acerca da
s e õ ç at o n a r e V
responsabilidade dos provedores de Internet, assim como dos deveres e das
obrigações que permeiam as relações com eles.
Por fim, a conclusão deverá apontar para os desafios que tais questões trazem,
não apenas para o Direito Cibernético em si, mas também, em igual ou maior
medida, para a sociedade, de forma a revelar impactos significativos no campo das
relações sociais contemporâneas.
O celular toca e, ao atender, você identifica que se trata de Tício, um velho amigo e
antigo colega de turma da universidade de Direito. Depois de alguns minutos de
conversa e das formalidades de todo início de diálogo, ele, sabendo da sua
condição de especialista em Direito Cibernético, solicita um auxílio para um caso
judicial em que atua como advogado.
O cliente dele, chamado Semprônio, deseja mover uma ação contra uma empresa
provedora de Internet. Segundo os registros telefônicos, ele havia ligado cerca de
dez vezes de seu celular móvel em dias e horários diferentes e outras seis durante
o horário de funcionamento da empresa (disponível em suas redes sociais), por
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Cumpre ressaltar que, apesar de terem sido atendidas todas as ligações e de terem
s e õ ç at o n a r e V
sido agendados diversos horários para a ida do técnico, nenhum compareceu ao
local nas datas e horários combinados.
Agora, você deve escrever um texto que responda às dúvidas de Tício sobre o caso
de Semprônio. Afinal, privilegiar o atendimento de clientes que tenham um plano
de Internet melhor é ferir também algum princípio? Qual conceito existe para se
referir a tal prática? Existe algum dispositivo legal que disciplina algo sobre esse
ocorrido?
CONCEITO-CHAVE
Entender a dinâmica do Direito Cibernético implica explicitar as principais normas
que lhe dizem respeito. Nesse quadro, o Marco Civil da Internet, Lei nº
12.965/2014, é legislação de fundamental importância por estabelecer princípios,
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garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. “O Marco Civil é uma
legislação cujo objetivo precípuo é o de regular as relações sociais entre os
usuários de Internet” (GONÇALVES, 2016, p. 7).
0
O Marco Civil da Internet, do ponto de vista histórico, surgiu como uma alternativa
à então chamada "Lei Azeredo", um projeto de lei que tinha como finalidade
s e õ ç at o n a r e V
propor uma legislação ampla, na esfera criminal, para regular a Internet. Com
efeito, essa intenção puramente criminal não foi seguida pelo Brasil (LEITE; LEMOS,
2014).
Logo, em 23 de abril de 2014, foi aprovado o Marco Civil da Internet Brasileira, cuja
lei foi sancionada pela então Presidente da República, Dilma Roussef, durante a
Conferência NETMundial, ocorrida em São Paulo (JESUS, 2014). Interessante notar a
forma pela qual referida lei fora aprovada.
“
Iniciado em 2009 por meio de uma consulta pública de duas fases, em 2011 ingressou no Congresso Nacional
por meio do PL n. 2.126/2011, de iniciativa do Poder Executivo. Trata-se da primeira lei criada de forma
colaborativa entre sociedade e governo, com utilização da Internet como plataforma de debate.
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No caso da Internet, isso é ainda mais evidente à medida que os fenômenos que
ocorrem no ciberespaço, devido ao alto dinamismo, acabam por criar uma
s e õ ç at o n a r e V
pluralidade imensa de situações, modificando até mesmo o perfil cultural, seja
para aumentar os problemas, seja para vislumbrar oportunidades.
Nos dias atuais, nota-se o seu real desenvolvimento, tendo se tornado um sistema
complexo e bastante avançado de comunicação, com alta produtividade e com a
capacidade de alcançar, em pouquíssimos instantes, milhões de pessoas ao redor
do mundo. Aliás, "muitos usuários já têm acesso à Internet de alta velocidade por
meio das conexões a cabo (cable modem), DSL, fibra óptica e tecnologias sem fio”
(COMER, 2001, p. 3).
Por outro lado, esse crescimento acaba por trazer alguns problemas, que são
vários, como já se pode imaginar, e que, inclusive, repercutem na esfera criminal.
Contudo, a tônica necessária para esse ponto é quanto ao potencial que a Internet
tem de violar direitos e garantias fundamentais.
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Este sentimento de que se fazendo leis a sociedade se sente mais segura termina por provocar verdadeiras
distorções jurídicas, [...]. O Direito é responsável pelo equilíbrio da relação comportamento-poder, que só pode
“
ser feita com a adequada interpretação da realidade social, criando normas que garantam a segurança das
expectativas mediante sua eficácia e aceitabilidade, que compreendam e incorporem a mudança por meio de
uma estrutura flexível que possa sustentá-la no tempo. Esta transformação nos leva ao Direito Digital.
0
Talvez a tendência seja a de, progressivamente, com o aumento da regulação, e,
s e õ ç at o n a r e V
consequentemente, da fiscalização e da punição, vislumbrar um horizonte de
maior segurança para os usuários. Com efeito, a obediência de direitos e de
garantias fundamentais é algo extremamente sensível e não apenas para os
usuários em si, mas também para o próprio Estado, como primeiro ator que acaba
retendo a maior quantidade de dados e informações sobre as pessoas, por
exemplo.
Nesse contexto, até mesmo a vigilância agressiva entre diferentes países, muitas
vezes como técnicas de espionagem, acabam por revelar outra instância que
merece a preocupação do jurista contemporâneo.
“
quando o escândalo provocado pelas revelações de Edward Snowden repercutiu no Brasil, o tema tornou-se
rapidamente uma questão de governo. Era preciso reagir – e rápido [...] Naquele momento, a proposta mais
séria e completa de reação do Estado brasileiro consistia no Marco Civil da Internet, projeto de lei que se
encontrava então pendente de análise – para não dizer meramente engavetado – na Câmara dos Deputados
havia quase dois anos.
E, no Brasil, não existia lei específica que cuidasse de alguma regulação acerca dos
provedores de acesso, por exemplo, assim como em relação às aplicações da
Internet e dos direitos dos usuários. As questões que eram submetidas ao
Judiciário não podiam reclamar uma normatização específica – o que seria mais
adequado –, senão por intermédio dos direitos que usualmente se mostram como
conexos, geralmente no campo indenizatório do direito civil e do direito do
consumidor.
ASSIMILE
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As reivindicações, por conseguinte, trouxeram apenas os temas da legislação
s e õ ç at o n a r e V
privada em geral e, meramente de maneira indireta, a repercussão em termos de
direitos e de garantias fundamentais, como aqueles que se encontram na
Constituição Federal de 1988. Faltava, portanto, uma lei mais adequada,
determinada, específica, que traduzisse os direitos e as garantias individuais e
coletivas, como a dignidade, a privacidade, a intimidade, a honra, a imagem, a
propriedade industrial, a liberdade de empresa, de iniciativa e de concorrência, no
horizonte de sentido do ciberespaço.
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O Marco Civil da Internet, seguindo essa linha, estabelece princípios, garantias,
s e õ ç at o n a r e V
direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil e determina as diretrizes para
atuação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em relação à
matéria.
ATENÇÃO
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No que se refere aos provedores, estes devem efetivar a guarda e, quando
s e õ ç at o n a r e V
necessário, a disponibilização dos registros de conexão e de acesso às aplicações,
especialmente de dados pessoais e de comunicações de origem privada (como
uma antecipação à regulação promovida pela Lei Geral de Proteção de Dados),
sempre com o objetivo de preservar a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das partes porventura envolvidas, direta ou indiretamente.
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usuário, expressando sua vontade em tornar determinado conteúdo indisponível,
s e õ ç at o n a r e V
o provedor substituirá referido conteúdo, informando a motivação. Essa mesma
lógica se aplica para quando a obrigação de tornar conteúdo indisponível originar-
se de ordem judicial.
Nesse contexto, três outros tipos de responsabilidade dos provedores podem ser
mencionados, porque possuem alto impacto prático: o caching, o hosting e o
linking.
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Se o usuário carrega uma página pensando ser a mais atual, mas, ao revés, é
versão desatualizada, a empresa que a manteve poderá ser responsabilizada pelos
danos causados ao usuário.
0
Hosting diz respeito aos provedores de hospedagem. Via de regra, eles não são
responsáveis pelos conteúdos, exceto se, ao serem notificados devidamente no
s e õ ç at o n a r e V
caso de divulgação de cenas de nudez ou de atos sexuais sem autorização dos
envolvidos, não promoverem a indisponibilidade dos conteúdos. Eles responderão
também pelos danos causados se descumprirem ordem judicial específica em
outros casos.
REFLITA
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de expressão.
s e õ ç at o n a r e V
EXEMPLIFICANDO
Assim:
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entre as funções da informática há o desenvolvimento de novas máquinas, a criação de novos métodos de
trabalho, a construção de aplicações automáticas e a melhoria dos métodos e aplicações existentes. O
“
elemento físico que permite o tratamento de dados e o alcance de informação é o computador.
0
A Internet surge nos anos 1960, no auge da Guerra Fria, nos Estados Unidos – é
s e õ ç at o n a r e V
sabido que possuía fins militares inicialmente. Depois, passou a ser utilizada para
fins civis (PECK, 2016). O microprocessador viria nos anos 1970, operando, ainda,
grande revolução computacional. Após alguns anos, na década de 1990, houve
enorme expansão da Internet, desde o e-mail até o acesso a banco de dados e a
informações disponíveis na World Wide Web (WWW), que é o seu espaço
multimídia (PECK, 2016).
No que se refere ao tema da herança digital, é necessário lembrar que esse termo
compreende uma universalidade de bens e direitos deixados por quem faleceu aos
seus herdeiros (TEIXEIRA, 2020; LONGHI, 2020).
Logo, os bens digitais, à medida que são ativos, isto é, dotados de importância
jurídica e, potencialmente, econômica, podem ser transmitidos por atos entre vivos
(inter vivos) ou quando ocorre o falecimento do titular (mortis causa).
Assim:
“
se os bens digitais consistirem em registros e arquivos eletrônicos de segredos empresariais/industriais,
informações de patentes de invenção, vídeos, livros, músicas, fotos etc. estes podem ser objeto de transferência
por ato inter vivos ou causa mortis, sendo que, apesar de não haver previsão expressão, na lei sobre a herança
de bens digitais, nos parece que quando estes bens têm cunho patrimonial nossa legislação é relativamente
suficiente para tutelar o assunto [...] Entretanto, quanto a registros e arquivos que não tenham conotação
patrimonial, como contas de mensagens trocadas (e-mails, MSN, WhatsApp), bônus em jogos (que não possam
ser convertidos em dinheiro), imagens e fotos (sem apelo comercial), entre outros, a questão ganha maior
complexidade.
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defesa mediante a utilização de mecanismos protetivos disponibilizados pela
s e õ ç at o n a r e V
legislação regulatória do uso da Internet no Brasil.
Afinal, não seria interesse dos herdeiros acessar as contas de e-mail e redes sociais
do de cujus tanto para tomar conhecimento dos direitos e deveres assumidos pelo
falecido quanto para postular eventuais medidas contra violações a direitos de sua
personalidade? Claro que sim! Hoje em dia, muitas redes sociais já preveem essa
modalidade (como o Facebook), quando, ainda em vida, a pessoa escolhe quem
terá acesso às suas informações virtuais naquela rede, na hipótese de vir a falecer.
Em todo caso, se não existir tal previsão pela própria rede ou provedor de Internet,
uma simples decisão judicial terá a capacidade de assegurar referido direito.
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p. 41).
s e õ ç at o n a r e V
“
Poucos temas sobre a Internet têm levantado tanta polêmica como a discussão sobre como definir e trabalhar a
favor de sua neutralidade. A carga semântica do termo, seu lado político e seu impacto em negócios, muitas
vezes, impede uma abordagem internacional uniforme. O que se entende por “neutralidade da Internet” num
país raramente é o mesmo que se entende em outro.
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I – inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
“ II – inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela Internet, salvo por ordem judicial, na forma da
lei;
0
III – inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por ordem judicial;
IV – não suspensão da conexão à Internet, salvo por débito diretamente decorrente de sua utilização;
s e õ ç at o n a r e V
V – manutenção da qualidade contratada da conexão à Internet;
VI – informações claras e completas constantes dos contratos de prestação de serviços, com detalhamento
sobre o regime de proteção aos registros de conexão e aos registros de acesso a aplicações de Internet, bem
como sobre práticas de gerenciamento da rede que possam afetar sua qualidade;
VII – não fornecimento a terceiros de seus dados pessoais, inclusive registros de conexão, e de acesso a
aplicações de Internet, salvo mediante consentimento livre, expresso e informado ou nas hipóteses previstas
em lei;
VIII – informações claras e completas sobre coleta, uso, armazenamento, tratamento e proteção de seus dados
pessoais, que somente poderão ser utilizados para finalidades que:
c) estejam especificadas nos contratos de prestação de serviços ou em termos de uso de aplicações de Internet;
IX – consentimento expresso sobre coleta, uso, armazenamento e tratamento de dados pessoais, que deverá
ocorrer de forma destacada das demais cláusulas contratuais;
X – exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a determinada aplicação de Internet, a seu
requerimento, ao término da relação entre as partes, ressalvadas as hipóteses de guarda obrigatória de
registros previstas nesta Lei;
XI – publicidade e clareza de eventuais políticas de uso dos provedores de conexão à Internet e de aplicações de
Internet;
XIII – aplicação das normas de proteção e defesa do consumidor nas relações de consumo realizadas na
Internet.
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Assim, finalizamos mais um bloco dos nossos estudos. Estamos indo muito bem e
cada vez melhor! Sigamos com foco e disciplina!
0
Questão 1
s e õ ç at o n a r e V
Três tipos de responsabilidade dos provedores podem ser mencionados, porque
possuem alto impacto prático: o caching, o hosting e o linking.
__________ diz respeito aos provedores de hospedagem. Via de regra, eles não são
responsáveis pelos conteúdos, exceto se, ao serem notificados devidamente no
caso de divulgação de cenas de nudez ou de atos sexuais sem autorização dos
envolvidos, não promoverem a indisponibilidade dos conteúdos. Além disso,
responderão pelos danos causados se descumprirem ordem judicial específica
noutros casos.
0
e. link; Caching; linking; hosting.
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Questão 2
“O Marco Civil é uma legislação cujo objetivo precípuo é o de regular as relações
sociais entre os usuários de Internet” (GONÇALVES, 2016, p. 7).
a. A origem do Marco Civil está atrelada indiretamente ao escândalo das revelações de Edward Snowden,
ex-administrador de sistemas da Companhia de Inteligência Americana (CIA).
b. O Marco Civil da Internet tem seu nascimento relacionado ao PL conhecido como Lei de Azeredo, uma
proposta de lei que afastava sanções penais e criava direitos civis.
c. O Marco Civil da Internet surgiu através de uma iniciativa popular, por meio de um debate político em um
blog.
d. O Marco Civil da Internet tem seus precedentes atrelados ao aumento de ataques cibernéticos na década
de 1990.
e. A gênese do Marco Civil foi impulsionada pela promulgação da Lei Geral de Proteção de Dados.
Questão 3
Entender a dinâmica do Direito Cibernético implica explicitar as principais normas
que lhe dizem respeito. Nesse quadro, o Marco Civil da Internet, a Lei nº
12.965/2014, é legislação de fundamental importância por estabelecer princípios,
garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil.
( ) Um dos princípios tidos como mais importantes no Marco Civil da Internet é o
0
princípio da neutralidade, inscrito no art. 9° da Lei, que prevê o tratamento
isonômico dos tráfegos de dados sem distinção de conteúdo.
s e õ ç at o n a r e V
( ) O Marco Civil prevê, entre outros fatores, a filtragem através dos provedores de
qual conteúdo é ou não apresentado aos usuários.
a. V – F – F – V.
b. F – F – F – F.
c. F – F – V – F.
d. V – V – F – V.
e. F – F – V – F.
REFERÊNCIAS
0
COMER, Douglas E. Redes de Computadores e Internet. Porto Alegre: Grupo A,
s e õ ç at o n a r e V
2016. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/3yBFsmL. Acesso em: 05, ago. 2021.
GONÇALVES, Vitor Hugo Pereira. Marco Civil da Internet Comentado. São Paulo:
Grupo GEN, 2016. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/3yF2oRO. Acesso em: 05, ago. 2021.
LEITE, George Salomão; LEMOS, Ronaldo. Marco Civil da Internet. São Paulo:
Grupo GEN, 2014. Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/3lLGlWa. Acesso em: 05, ago. 2021.
LIMA, Ana Paula Moraes Canto de. LGPD Aplicada. São Paulo: Grupo GEN, 2021.
Disponível na Biblioteca Virtual: Minha Biblioteca. No link: https://bit.ly/3jMssEF.
Acesso em: 05, ago. 2021.
LONGHI, Maria Isabel Carvalho Sica; et al. Direito e Novas Tecnologias. São Paulo:
Grupo Almedina, 2020. Disponível na Biblioteca Virtual Minha Biblioteca. No link:
https://bit.ly/3iAWImp. Acesso em: 05, ago. 2021.
PINHEIRO, Patrícia. Peck. Direito digital. São Paulo: Editora Saraiva, 2016.
Disponível na Biblioteca Virtual: Minha biblioteca. No link: https://bit.ly/2U8aq6X.
Acesso em: 05, ago, 2021.
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
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Art. 9° O responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonômica
quaisquer pacotes de dados, sem distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicação.
“ § 1° A discriminação ou degradação do tráfego será regulamentada nos termos das atribuições privativas do
Presidente da República previstas no inciso IV do art. 84 da Constituição Federal, para a fiel execução desta Lei,
ouvidos o Comitê Gestor da Internet e a Agência Nacional de Telecomunicações, e somente poderá decorrer de:
0
I – requisitos técnicos indispensáveis à prestação adequada dos serviços e aplicações; e
s e õ ç at o n a r e V
II – priorização de serviços de emergência.
I – abster-se de causar dano aos usuários, na forma do art. 927 da Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002 –
Código Civil;
III – informar previamente de modo transparente, claro e suficientemente descritivo aos seus usuários sobre as
práticas de gerenciamento e mitigação de tráfego adotadas, inclusive as relacionadas à segurança da rede; e
— (BRASIL, 2014, p. 2)
AVANÇANDO NA PRÁTICA
O PROVEDOR E O USUÁRIO
Um casal de namorados, que trocava fotos íntimas por meio da Internet, teve suas
imagens vazadas nas próprias redes sociais. As imagens e os vídeos ficaram
disponíveis durante horas até que alguns amigos e familiares, depois de inúmeras
tentativas, conseguiram entrar em contato com eles para informar o ocorrido.
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Em seguida, eles, desesperadamente, apagaram as imagens e solicitaram à
empresa de rede social que retirasse qualquer conteúdo de nudez referente a eles
s e õ ç at o n a r e V
que eventualmente voltasse a ser publicado na rede. O constrangimento e o
transtorno que isso provocou foi imenso. No trabalho, nos almoços de família e
nas festas com os amigos, olhares de julgamento, palpites e comentários se
tornaram rotina, o que os fazia reviver todo dia um torturante mal-estar.
Dois anos após o ocorrido, o casal teve mais uma vez os seus dados vazados, dessa
vez foram alguns dados a respeito do cartão de crédito. Felizmente, a agência
bancária agiu de maneira rápida e conseguiu realizar o bloqueio do cartão antes
que algum prejuízo financeiro fosse gerado aos cônjuges. Revoltados por serem,
mais uma vez, vítimas de ataques cibernéticos, os dois buscaram o hacking, que,
novamente, após as devidas análises, constatou que a falha de segurança estava
na provedora de Internet e que era especificamente a mesma que levara ao
vazamento das fotos íntimas anos atrás.
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RESOLUÇÃO
s e õ ç at o n a r e V
Diante do caso exposto, é óbvia responsabilidade civil da empresa provedora.
De acordo com a Lei nº 12.965/2014, ou simplesmente a Lei do Marco Civil da
Internet, o provedor de conexão à Internet não será responsabilizado
civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros. Ele
somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de
conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as
providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do
prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente.
Sendo assim, pode-se inferir que a empresa deixou de cumprir a
responsabilidade legal de tomar ações no âmbito dos limites técnicos no prazo
de um ano.
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PROPRIEDADE INTELECTUAL
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Depois de se ter fixado as balizas fundamentais do Direito Cibernético, é preciso
dar continuidade ao seu estudo, por intermédio da colocação de novos pontos de
atenção.
Como você já deve ter percebido, o Direito Cibernético lida com uma ampla gama
de institutos jurídicos que passam a regular e tutelar os fenômenos que ocorrem
no ciberespaço. Claro que existem disposições que são comuns, como aquelas
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Contudo, outros campos da ciência jurídica também demonstram um nítido
s e õ ç at o n a r e V
interesse sobre os fenômenos que acontecem nos meios digitais, especialmente, o
caso da propriedade intelectual.
Se essa proteção advém de uma origem constitucional, também seria natural que
as disposições deste campo passassem a abordar as relações digitais,
considerando a observância das garantias relacionadas à tutela dos bens
personalíssimos e das criações humanas, dotados de valor econômico e moral.
Logo, a dedicação a partir deste momento está em compreender a propriedade
intelectual, perpassando a doutrina geral e a legislação em vigor, seguindo-se com
uma ênfase no estudo das marcas e patentes, bem como nos nomes de domínio
no Brasil.
Por fim, será estudado o direito autoral na era digital, para que você possa
compreender sua dinâmica geral, natureza jurídica, tipos de obras protegidas e até
mesmo a responsabilidade civil pela violação de direitos autorais na internet.
Bons estudos!
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titularidade das criações implica, por consequência, a exclusividade para a
s e õ ç at o n a r e V
exploração e utilização comercial. Ainda que haja a possibilidade de se
transacionar a este respeito, inicialmente, é apenas o titular que pode usufruir dos
frutos do seu empenho criativo.
Alguns dias atrás, um homem ligou para o escritório de advocacia onde você
trabalha e agendou uma reunião para que você, em caráter de especialista em
Direito Cibernético, fornecesse a ele uma consulta jurídica sobre uma suposta
violação de direitos autorais na internet.
0
Ao contatar o advogado da parte oposta e propor a solução pacífica por meio de
um acordo, ele e o cliente negaram a proposta e justificaram que não havia
s e õ ç at o n a r e V
certificado de registro quanto a esse produto, portanto este não estaria protegido
pela lei e, mesmo que estivesse, a obra possui acesso livre e gratuito na internet,
motivo pelo qual não estaria sob a tutela da legislação vigente.
Agora, você, tendo em vista a preferência da solução mediante acordo optada pelo
seu cliente, deve responder à parte contrária, por meio de um documento formal,
identificando os erros presentes na justificativa para rejeição da proposta. Afinal,
para que haja tutela desse direito, é necessário um certificado de registro? Os
direitos autorais não se aplicam quando o material está disposto de forma a ficar
livre e gratuito na internet? O direito autoral é protegido mesmo em violações
internacionais?
CONCEITO-CHAVE
O Direito de Propriedade Intelectual é um ramo do Direito que diz respeito ao
conjunto de normas que tutelam o trabalho intelectual.
Tal direito de propriedade é gênero, do qual são espécies o Direito Industrial, que é
profundamente ligado ao direito empresarial, e o Direito Autoral, que é mais
conectado ao Direito Civil em geral. A propriedade do programa de computador,
em particular, será regida por lei própria, que estudaremos mais à frente. No
0
entanto, é importante saber, desde já, que se trata de objeto protegido pelo Direito
s e õ ç at o n a r e V
brasileiro, sobretudo à luz da proteção do direito autoral e dos direitos conexos.
“
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à
reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; e b) o direito de fiscalização do
aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às
respectivas representações sindicais e associativas.
ASSIMILE
“
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como
proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País.
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exclusividade e proteção jurídica.
s e õ ç at o n a r e V
“
Os direitos de propriedade intelectual são aqueles relacionados com a proteção legal que a lei atribui à criação
do intelecto humano, garantindo aos autores de determinado conteúdo o reconhecimento pela obra
desenvolvida, bem como a possibilidade de expor, dispor ou explorar comercialmente o fruto de sua criação.
São duas ramificações atribuídas aos direitos da propriedade intelectual: direitos autorais e os direitos de
propriedade industrial (marcas, patentes e know-how).
ATENÇÃO
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que sua aprovação pelo Congresso Nacional se deu em consonância com o
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procedimento do § 3º do art. 5º da Constituição de 1988, isto é, com status
de emenda constitucional. O Tratado de Marraqueche leva em conta os
princípios da não discriminação, da igualdade de oportunidades, da
acessibilidade e da participação e inclusão plena e efetiva na sociedade,
proclamados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na
Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, quanto aos desafios que são prejudiciais ao desenvolvimento
pleno das pessoas com deficiência visual ou com outras dificuldades para
ter acesso ao texto impresso, que limitam a sua liberdade de expressão,
incluindo a liberdade de procurar, receber e difundir informações e ideias
de toda espécie em condições de igualdade com as demais pessoas
mediante todas as formas de comunicação de sua escolha, assim como o
gozo do seu direito à educação e a oportunidade de realizar pesquisas.
“
Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou
codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas
de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica
digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados.
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computador.
s e õ ç at o n a r e V
No entanto, não se aplicam ao programa de computador as disposições relativas
aos direitos morais, ressalvado, a qualquer tempo, o direito de o autor reivindicar a
titularidade do programa de computador e o direito de opor-se a eventuais
alterações não autorizadas, quando estas implicarem deformação ou outra
modificação do programa de computador, bem como que prejudiquem a sua
honra ou a sua reputação.
Ponto de grande atenção precisa ser dado ao que dispõe o art. 4º da Lei nº
9.609/98. De acordo com este dispositivo, a não ser que haja disposição em
sentido contrário, serão de propriedade do empregador, do contratante de
serviços ou do órgão público os direitos relacionados a programa de computador
que tenha sido desenvolvido e elaborado ao longo da vigência de contrato de
trabalho ou vínculo com a administração pública, com a finalidade de pesquisa e
desenvolvimento, bem como nos casos em que a atividade do empregado (ou do
agente público ou prestador de serviço) decorra desta natureza.
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informações de tecnologia, segredos industriais, materiais, instalações ou
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equipamentos).
Ademais, perceba que não constituem ofensa aos direitos do titular de programa
de computador, de acordo com o art. 6º da Lei nº 9.609/98:
“
I - a reprodução, em um só exemplar, de cópia legitimamente adquirida, desde que se destine à cópia de
salvaguarda ou armazenamento eletrônico, hipótese em que o exemplar original servirá de salvaguarda; II - a
citação parcial do programa, para fins didáticos, desde que identificados o programa e o titular dos direitos
respectivos; III - a ocorrência de semelhança de programa a outro, preexistente, quando se der por força das
características funcionais de sua aplicação, da observância de preceitos normativos e técnicos, ou de limitação
de forma alternativa para a sua expressão; IV - a integração de um programa, mantendo-se suas características
essenciais, a um sistema aplicativo ou operacional, tecnicamente indispensável às necessidades do usuário,
desde que para o uso exclusivo de quem a promoveu.
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de streaming, o consumidor possui uma multiplicidade de tipos de conteúdo, os
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quais ele pode acessar como e no lugar que ele quiser.” (SILVA; DALL’ORTO, 2017,
p. 3-4).
“
Não se sabe ao certo qual foi a primeira transmissão de streaming feita, contudo durante seu desenvolvimento
e aperfeiçoamento até chegar ao que é hoje influenciou o surgimento de ferramentas que atualmente são
grandes empresas no mercado de streaming, como é o caso da Netflix.
Assim:
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No âmbito da Internet, quer seja o acesso via computador, TV, telefone celular, tablet ou outra via convergente,
esta questão autoral toma maior relevância, pois trata-se de um meio de fácil divulgação e transmissão de
“
informações, fácil acessibilidade e ausência de territorialidade, o que permite que se façam cópias do material
que circula na rede com muito mais rapidez, propiciando um maior desrespeito aos direitos do criador e
desafiando os métodos atuais de proteção intelectual.
0
— (PECK, 2016, p. 178)
s e õ ç at o n a r e V
Algumas instituições, como o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição
(ECAD), responsável por centralizar a arrecadação e distribuição dos direitos
autorais de execução pública musical, vem cumprindo seu papel protetivo em
relação aos autores, buscando atualização dos padrões de fiscalização e cobrança.
REFLITA
0
Neste sentido:
s e õ ç at o n a r e V
“
O princípio básico da convenção é a assimilação dos cidadãos dos países pertencentes à União, de modo que
todos possam obter direitos de propriedade industrial, exercendo-os em igualdade de condições com os
nacionais de todos os países participantes. Mantém-se a plena vigência das legislações nacionais e a
territorialidade da proteção, que deve ser obtida em cada país pela repetição de pedidos de registros e de
patentes.
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A Convenção de Paris permanece vigente em vários países. Mas, para que possa
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manter a sua imponência ao longo do tempo, encarando o surgimento de novas
tecnologias que desafiam a proteção à propriedade intelectual, foram necessárias
algumas reformas e revisões, como: Bruxelas (1900); Washington (1911); Haia
(1925); Londres (1934); Lisboa (1958); Estocolmo (1967).
EXEMPLIFICANDO
Enfim, finalizamos mais uma etapa dos nossos estudos. Continuaremos com foco e
dedicação.
Até a próxima!
a. A Lei de Propriedade Industrial regulamenta também a proteção dos programas de computador.
b. A lei que regulamenta este assunto resguarda diferentes bens, entre eles, a invenção e a o modelo de
utilidade, ambos protegidos pelos procedimentos de registro.
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c. A propriedade intelectual encontra previsão no texto constitucional, mais especificamente em seu art. 5º.
d. A Lei de Propriedade Industrial regula diversos bens, entre eles, os desenhos industriais e as marcas
protegidos pela patente.
0
e. A propriedade intelectual é o ramo do Direito que visa proteger o bem material, produto das criações da
mente.
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Questão 2
“
A propriedade intelectual, por também se tratar de algo pertencente ao possuidor, gera retorno financeiro;
assim, passa a ser considerada um ativo. Normalmente, é o resultado de um investimento que trará lucros e,
por esse motivo, deve ser bem protegido para que não se perca ou seja utilizado indevidamente por alguém
mal-intencionado ou por alguém que venha a ter a mesma ideia posteriormente.
Questão 3
“
O princípio básico da convenção é a assimilação dos cidadãos dos países pertencentes à União, de modo que
todos possam obter direitos de propriedade industrial, exercendo-os em igualdade de condições com os
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nacionais de todos os países participantes. Mantém-se a plena vigência das legislações nacionais e a
territorialidade da proteção, que deve ser obtida em cada país pela repetição de pedidos de registros e de
patentes.
0
De acordo com o contexto apresentado, assinale a alternativa que se refere
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corretamente à convenção tratada.
a. Convenção de Genebra.
b. Convenção de Paris.
c. Congresso de Viena.
d. Tratado de Madrid.
e. Acordo de Berlim.
REFERÊNCIAS
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
https://bit.ly/3uaWFAy. Acesso em: 9 ago. 2021.
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DUARTE, M. de F.; BRAGA, C. P. Propriedade intelectual. São Paulo: Grupo A,
2018.
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NETTO, J. C. C. Direito autoral no Brasil. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
Ilmo. Sr.
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Não obstante, de acordo com a mesma lei, são obras intelectuais protegidas as
criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte,
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tangível ou intangível conhecido ou que se invente no futuro (vide caput do art.
7º).
Desta maneira, resta claro que a justiça entende que qualquer violação aos direitos
autorais e conteúdos publicados na internet são passíveis das sanções previstas na
legislação, sendo inválida a recusa do acordo sobre a premissa de que, por
estarem em acesso livre e gratuito na internet, não são passíveis da aplicação
desta lei.
“
Os estrangeiros domiciliados no exterior gozarão da proteção assegurada nos acordos, convenções e tratados
em vigor no Brasil.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos
brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade na proteção aos direitos autorais ou equivalentes.
Pode-se concluir que todas as justificativas apresentadas até o momento não são
plausíveis, para efeito de recusa do acordo proposto.
Encarecidamente,
Nome. OAB.
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AVANÇANDO NA PRÁTICA
PRODUÇÃO ON DEMAND
Em um dia comum de trabalho, durante uma reunião, você, em caráter de
Especialista em Direito Cibernético, recebe um convite, por e-mail, para escrever
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um trecho de um livro sobre propriedade intelectual. O autor deste livro,
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reconhecendo a sua autoridade nesse assunto, cordialmente, solicita que você
trate sobre as diferenças entre propriedade intelectual, industrial e direitos
autorais.
Para isso, foi estabelecido o número máximo de uma lauda, já que os demais
coautores tratariam mais especificamente do tema, de modo que sua contribuição
fosse, na verdade, apenas uma introdução para a diferenciação mais aprofundada
que sobreviria.
Além disso, fora em anexo outro arquivo, cujo nome era Manual de escrita, que
estabelecia alguns outros critérios para o trabalho.
Como remuneração, foi oferecida a quantia de 1% dos lucros obtidos a partir das
vendas do livro.
Após o término da reunião em que estava, você decide aceitar o convite, assinando
o contrato e os termos (também anexos) e, em seguida, já iniciar o trabalho.
Agora, você deve escrever, com limite máximo de uma lauda, um trecho
diferenciando propriedade intelectual, industrial e direitos autorais.
RESOLUÇÃO
A propriedade intelectual vem sendo cada vez mais discutida, seja por se tratar
de um aspecto fundamental da inovação na indústria e no mercado ou por se
tratar de um ativo que gera retorno financeiro e lucro e, portanto, deve ser
protegida para que não se perca ou seja utilizada indevidamente.
0
desenho industrial.
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Cumpre ressaltar que a propriedade intelectual é gênero, em que são espécies
a propriedade industrial e os direitos autorais. As diferenças mais acentuadas
entre elas encontram-se em dois aspectos: quanto à origem e quanto à
extensão da tutela.
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MARCAS E PATENTES
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
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O destaque, neste ensejo, está no entendimento dos mecanismos pelos quais se
dá a tutela jurídico-estatal das patentes, quanto às invenções e aos modelos de
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utilidade, assim como no tocante ao registro das marcas.
Certo dia, uma equipe de socorristas acudiu uma vítima de acidente de trânsito.
Segundo informações, a jovem teria sido atropelada por um motorista
embriagado, que dirigia acima do limite de velocidade permitido na via. Durante o
resgate, a equipe identificou costelas fraturadas, hemorragias graves na cabeça e
uma lesão na espinha. Ao chegar ao hospital, as informações foram transmitidas
ao médico de plantão, que prontamente iniciou os devidos socorros, levando a
vítima à cirurgia.
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resultado. Quando estava quase chegando lá, verificou que havia dezenas de
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repórteres, câmeras, jornalistas e curiosos; mesmo assim, seguiu em direção à
família e informou, em um ar contente, sobre o êxito da cirurgia. A equipe cirúrgica
recebeu vários elogios, tanto da família quanto dos demais, e em poucos dias a
notícia do médico que reverteu uma paraplexia apareceu em vários jornais e
canais de televisão.
Ocorre que, durante essa fama, o criador do método utilizado para realizar a
operação cirúrgica processou a equipe médica, afirmando possuir uma patente
sobre aquele método, além de solicitar ao conselho de medicina que cassasse a
licença dos profissionais envolvidos por violação ao direito de propriedade
intelectual.
O conjunto de normas jurídicas a serem estudadas permitirá que você tenha uma
visão abrangente e conceitual suficiente para entender adequadamente as
disposições específicas quanto à propriedade intelectual-industrial, notadamente
para que esteja apto a refletir acerca da sua incidência nas relações abarcadas pelo
campo de interesse do Direito Cibernético.
Bons estudos!
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CONCEITO-CHAVE
Iniciaremos nossos estudos com a patente. De acordo com o art. 6º da Lei nº
9.279/1996, ao autor de invenção ou modelo de utilidade, será assegurado o
direito de obter a patente que lhe garanta a propriedade, nas condições
0
estabelecidas nesta legislação. Logo, pode-se conceituar a patente como a forma
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de proteção em si, relativamente às invenções e aos modelos de utilidade, e como
um título de propriedade temporária outorgado pelo Estado.
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aplicação industrial quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo
de indústria, de acordo com o art. 15 da LPI.
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Note que não se considera invenção nem modelo de utilidade:
“
I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos; II - concepções puramente abstratas; III - esquemas,
planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de
fiscalização; IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética; V -
programas de computador em si; VI - apresentação de informações; VII - regras de jogo; VIII - técnicas e
métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no
corpo humano ou animal; e IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na
natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os
processos biológicos naturais.
Ademais, deve-se perceber que, de acordo com o art. 18 da LPI, há inventos que,
embora preencham os requisitos de patenteabilidade (novidade, atividade
inventiva e aplicação industrial), não podem ser objeto de concessão de patente,
devido a algum impedimento legal. Assim, não são patenteáveis:
“
O que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas; as substâncias,
matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas
propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de
transformação do núcleo atômico; e o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos
que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial -
previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta.
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1. Requerimento.
2. Relatório descritivo.
3. Reivindicações.
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4. Desenhos, se for o caso.
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5. Resumo.
EXEMPLIFICANDO
O pedido que não atender formalmente aos elementos citados, mas que contiver
dados relativos ao objeto, ao depositante e ao inventor, poderá ser entregue,
mediante recibo datado, ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem
cumpridas, no prazo de 30 dias, sob pena de devolução ou arquivamento da
documentação. Logo, cumpridas as exigências, o depósito será considerado como
efetuado na data do recibo (SILVEIRA, 2014).
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deferido o pedido e comprovado o pagamento da retribuição correspondente,
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expedindo-se a respectiva carta-patente.
Ainda sobre as patentes, note que a patente de invenção tem prazo de 20 anos, a
contar do depósito, e de, no mínimo, 10 anos, a contar da concessão; já a patente
de modelo de utilidade tem prazo de 15 anos, a contar do depósito, e de, no
mínimo, sete anos, a partir da concessão.
O modelo de utilidade tem a ver com as criações que possuam caráter técnico-
científico de natureza funcional, relacionadas à forma e disposição introduzida em
objeto de uso prático, ou apenas parte deste, conferindo ao objeto, já conhecido
pelo estado da técnica, uma melhoria funcional no uso ou na fabricação. Já a
invenção é a que resulta diretamente do intelecto do inventor, que apresenta
solução nova para problemas existentes em uma determinada área.
EXEMPLIFICANDO
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daquele visto para a patente de invenção.
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ATENÇÃO
Ademais, alguns sinais não podem ser registrados como marca, como disciplina o
extenso rol do art. 124 da LPI, por exemplo: brasão, armas, medalha, bandeira,
emblema, designação de sigla de órgão público, sinal ou expressão empregada
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A marca, em suma, tem a finalidade de identificar determinado produto ou serviço
do empresário, para distingui-lo dos demais.
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Com efeito, a disciplina legal das marcas encontra guarida na Lei de Propriedade
Industrial (LPI – Lei nº 9.279/96), no Título III, a partir do art. 122.
Em relação aos requisitos das marcas, temos que tecer alguns comentários. A
distintividade (distinção da marca) tem a função de identificar determinado
produto ou serviço do empresário, distinguindo-o dos demais. A marca deve,
assim, ser individualizadora do produto ou serviço que identifica. A novidade diz
respeito à exigência de que a marca seja nova no contexto do mercado, de modo
que não poderá existir outra que seja idêntica ou semelhante, que já esteja em
utilização. Importante mencionar que não é um critério absoluto, pois as marcas
que porventura sejam idênticas ou semelhantes não estão estritamente proibidas.
Porém, isso somente será possível se as marcas idênticas ou semelhantes tenham
contextos de mercado diferentes, isto é, não podem ter afinidade mercadológica. A
veracidade tem relação com a proteção do consumidor, para que a marca não
indique qualidades inexistentes. A licitude, com efeito, indica que a marca não
pode ser contrária à moral ou aos bons costumes, tampouco para atividade ilícita,
assim considerada sistematicamente pela legislação.
0
especial, em todos os ramos de atividade, de acordo com o art. 125 da LPI – neste
caso, sua proteção não está restrita ao ramo de atividade originalmente concedida
s e õ ç at o n a r e V
(ex. Bombril). Por sua vez, a marca notoriamente conhecida em seu ramo de
atividade, nos termos do art. 6º bis (I), da Convenção da União de Paris para
Proteção da Propriedade Industrial, goza de proteção especial,
independentemente de estar previamente depositada ou registrada no Brasil,
conforme disposto no art. 126 da LPI. Neste caso, a marca está limitada ao ramo
de atividade específica; esse reconhecimento advém depois de ela ter conquistado
elevado grau de conhecimento.
A regra geral para o registro da marca é a novidade, como já foi falado, observando
os impedimentos previstos no art. 124, também comentado. Quanto ao
mecanismo, deve-se realizar busca para saber se a marca já se encontra
registrada. Após, deposita-se o pedido no INPI, com a especificação (detalhamento)
do ramo mercadológico. O trâmite leva em torno de 24 meses, é público, de modo
que possibilita que interessados ofertem impugnações. Com o pedido protocolado,
é dada publicidade na Revista da Propriedade Industrial, de modo que eventuais
lesados poderão se manifestar no prazo de 60 dias. Depois, o INPI conclui o exame
e profere decisão. Se deferido e após o recolhimento da competente taxa, será
emitido certificado de registro da marca, com período de vigência de 10 anos.
ASSIMILE
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resolução de conflitos nesta seara.
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O desenvolvimento e a expansão da internet criaram um problema no que se
refere ao seu uso comercial. Trata-se de atribuição dos nomes para os sítios
eletrônicos, em razão do potencial conflito com marcas já registradas e com nomes
de figuras públicas, como as pessoas que são famosas na mídia. Usualmente, os
computadores faziam uso de um mesmo processo de comunicação, chamado de
TCP/IP (o endereço de IP) (TEIXEIRA, 2020).
Esse endereço é composto por uma série de números, que é bastante complexa.
Como os endereços deste tipo são muito difíceis de seres memorizados, tanto
pelas pessoas quanto pelas empresas, criou-se o sistema de nomes de domínio,
cuja tarefa é facilitar o endereçamento e a localização dos computadores na rede
mundial (internet). É por isso que, quando buscamos algum site, ao invés de
utilizarmos o endereço de IP, utilizamos o nome, por exemplo:
www.onome.com.br.
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served”, isto é, literalmente, o primeiro que chegar pode registrar, de modo que
não precisará demonstrar ou comprovar que é titular de marca ou nome
empresarial. Neste sentido dispõe a Resolução CGI.br/RES/2008/008/P (do Comitê
Gestor da Internet no Brasil – CGI.br), segundo a qual um nome de domínio
0
disponível para registro será concedido ao primeiro requerente que satisfizer,
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quando do requerimento, as exigências para o registro. Logo, é possível (e, com
efeito, há) violações potenciais a nomes e marcas que já sejam de titularidade de
pessoas (físicas ou jurídicas) que não aquela que primeiro intentou o registro do
nome de domínio (SANTOS; JABUR; ASCENÇÃO, 2020).
“
Constitui-se em obrigação e responsabilidade exclusivas do requerente a escolha adequada do nome do
domínio a que ele se candidata. O requerente declarar-se-á ciente de que não poderá ser escolhido nome que
desrespeite a legislação em vigor, que induza terceiros a erro, que viole direitos de terceiros, que represente
conceitos predefinidos na rede Internet, que represente palavras de baixo calão ou abusivas, que simbolize
siglas de Estados, Ministérios, ou que incida em outras vedações que porventura venham a ser definidas pelo
CGI.br.
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“
de Nomes de Domínio, na alocação de Endereço IP ( Internet Protocol ) e na administração pertinente ao
Domínio de Primeiro Nível (ccTLD - country code Top Level Domain ), " .br ", no interesse do desenvolvimento da
Internet no País; III - propor programas de pesquisa e desenvolvimento relacionados à Internet, que permitam a
0
manutenção do nível de qualidade técnica e inovação no uso, bem como estimular a sua disseminação em todo
o território nacional, buscando oportunidades constantes de agregação de valor aos bens e serviços a ela
vinculados; IV - promover estudos e recomendar procedimentos, normas e padrões técnicos e operacionais,
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para a segurança das redes e serviços de Internet, bem assim para a sua crescente e adequada utilização pela
sociedade; V - articular as ações relativas à proposição de normas e procedimentos relativos à regulamentação
das atividades inerentes à Internet; VI - ser representado nos fóruns técnicos nacionais e internacionais
relativos à Internet; VII - adotar os procedimentos administrativos e operacionais necessários para que a gestão
da Internet no Brasil se dê segundo os padrões internacionais aceitos pelos órgãos de cúpula da Internet,
podendo, para tanto, celebrar acordo, convênio, ajuste ou instrumento congênere; VIII - deliberar sobre
quaisquer questões a ele encaminhadas, relativamente aos serviços de Internet no País; e IX - aprovar o seu
regimento interno.
ATENÇÃO
De acordo com o art. 11 do Código Civil (BRASIL, 2002), com exceção dos
casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. O
nome da pessoa natural é um exemplo de direito da personalidade, além
da imagem e da honra. Logo, sem autorização, não se pode usar o nome
alheio em propaganda comercial, assim como não pode ser utilizado para
fins de exploração econômica, por outra pessoa, em sítios de internet ou
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etc.).
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Completamos mais um importante bloco de estudos. Continue firme e focado!
Cada vez mais, desbastamos os campos de interesse do Direito Cibernético.
a. Para a obtenção da patente, é dispensável o registro, uma vez que a lei já protege a propriedade
industrial ou o modelo de utilidade desde o momento de sua criação.
b. A patente, assim como a marca, é um dos modos de assegurar o reconhecimento tanto intelectual como
financeiro do autor, por isso é possível utilizá-las como sinônimos.
c. A patente é um instituto de proteção à propriedade material e pode incidir em sobre modelos de
utilidade e propriedades industriais.
d. A lei permite patentear qualquer propriedade material ou imaterial, desde que atenda aos requisitos de
novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.
e. São patenteáveis as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem
como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou
modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico.
Questão 2
“
Marca é o sinal colocado em um produto ou serviço para que este seja identificado e distinguido, não sendo
assim confundido pelo público com outros produtos (ou serviços) semelhantes. [...] a marca é um meio das
pessoas identificarem um produto (ou serviço) diferenciando o de outros Ela é representação gráfica que
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pessoas identificarem um produto (ou serviço) diferenciando¬-o de outros. Ela é representação gráfica, que
pode ser uma palavra, uma expressão, um símbolo ou um emblema que é estampado no produto (ou serviço)
para sua identificação.
0
Sobre as marcas, analise as afirmativas a seguir:
s e õ ç at o n a r e V
I. O registro de marca tem validade de dez anos, sendo vedado realizar o registro
novamente depois do término da primeira validade.
III. De acordo com a lei, a marca pode ser dividida em algumas espécies, tais como
marcas de certificação, marcas coletivas e marcas notoriamente reconhecidas.
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
e. I, II e III.
Questão 3
O desenvolvimento e a expansão da internet criaram um problema no que se
refere ao seu uso comercial. Trata-se de atribuição dos nomes para os sítios
eletrônicos, em razão do potencial conflito com marcas já registradas e com nomes
de figuras públicas, como as pessoas que são famosas na mídia.
0
come, first served”, ou seja, é concedido o domínio ao primeiro requerente que
s e õ ç at o n a r e V
satisfizer as exigências para o registro.
a. V – V – V – V.
b. V – F – V – V.
c. V – V – V – F.
d. F – V – V – V.
e. V – F – V – F.
REFERÊNCIAS
AHLERT, I.; CAMARA, E. J. Patentes: Série Soluções Jurídicas. São Paulo: Grupo GEN,
2019.
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BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF:
Presidência da República, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/3yjXuZw. Acesso em:
s e õ ç at o n a r e V
9 ago. 2021.
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
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própria lei supracitada traz, em seu art. 10, o seguinte:
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“
Não se considera invenção nem modelo de utilidade:
[...] VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para
aplicação no corpo humano ou animal.
Logo, não se considera invenção nem modelo de utilidade, para efeitos de patente,
técnicas e métodos operatórios e cirúrgicos, de modo que se pode extrair três
possibilidades:
De todo modo, fica evidente a incompatibilidade desta patente com a lei, de sorte
que reservar o direito à exploração exclusiva ao autor de um método cirúrgico é
atentar diretamente contra expressa previsão.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
DEBATE SOBRE MARCAS E PATENTES
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realmente, o que são marcas e o que são patentes. Então, ele, notando a sua
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participação ativa no debate e convicto do seu entendimento completo sobre o
assunto, solicita a você que vá à frente da sala e explique, primeiramente, o que
são e, depois, quais são as diferenças entre eles.
Agora, você deve elaborar um roteiro, a fim de assegurar que não cometerá
nenhum equívoco diante da sala sobre o conceito de marcas e patentes e quais
são as diferenças entre eles.
RESOLUÇÃO
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Outra diferença é que a proteção sobre as invenções e os modelos de
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utilidade, ou melhor, as patentes, tem necessariamente um período limitado
no tempo. Depois de alcançado o prazo da lei, ela acaba, e o que era protegido
cai em domínio público, já as marcas, não. A partir do seu registro, contam-se
10 anos de proteção, mas que pode ser renovada sucessivamente por períodos
indeterminados.
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Luiz Felipe Nobre Braga
Fonte: Shutterstock. s e õ ç at o n a r e V
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de um determinado titular.
Aliás, essa proteção quanto ao direito do autor não é muito antiga, você sabia?
Apenas no final do século XVIII que ela começou a acontecer.
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Imagine, atualmente, a importância desta temática, sobretudo quando falamos da
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real necessidade de proteção dos direitos autorais frente aos desafios trazidos
pelo ciberespaço.
Por conseguinte, o direito cibernético tem uma especial veia de atenção neste
campo, porquanto as relações digitais aumentaram as situações em que se verifica
a presença dos direitos do autor, seja em relação à exploração econômica ou em
relação à prática de violações de todo gênero.
Para tanto, conheceremos a natureza jurídica do direito autoral, bem como quais
são as obras protegidas, o registro, a transferência, alguns dos crimes e a questão
do domínio público. Por fim, especificamente na era digital, veremos a
responsabilidade civil pela violação dos direitos autorais na internet.
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Coordenador.”
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Ao receber o convite, você fica muito contente e prontamente o aceita, porém não
consegue deixar de notar o equívoco que o coordenador cometeu ao propor
apenas uma única teoria sobre a natureza jurídica do referido direito.
Logo, você decide responder ao e-mail afirmando não existir apenas uma única
teoria para explicar isso, mas várias, aproveitando para explicar cada uma delas.
Agora, você deve elaborar um texto que aponte as teorias acerca da natureza
jurídica do direito autoral, explicando-as.
Sigamos em frente em mais este degrau dos nossos estudos. Temos ido bem e
continuaremos assim. Bons estudos!
CONCEITO-CHAVE
O direito autoral consiste em instituto originado da propriedade intelectual, que
tem por finalidade amparar o autor de uma determinada criação, assim como o
conjunto de direitos que advêm desta, que têm como objetivo protegê-los. “O
Direito de Autor constitui uma categoria jurídica relativamente recente, que
começou a se consolidar a partir das leis revolucionárias francesas de 1791 e
1793.” (ZANINI, 2015, p. 23).
Trata-se da proteção do vínculo jurídico existente entre autor e obra, por essa
consistir na própria exteriorização da personalidade humana, do criador,
sobretudo com resguardo dos interesses patrimoniais correspondentes.
Desta maneira:
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Direito de autor é o direito que o criador de obra intelectual tem de gozar dos produtos resultantes da
reprodução, da execução ou da representação de suas criações [...] quando falamos de direito de autor,
“
estamos nos referindo às leis que têm por objetivo garantir ao autor um reconhecimento moral e uma
participação financeira em troca da utilização da obra que ele criou.
0
A Lei nº 9.610/98 consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras
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providências. Ela regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação
os direitos de autor e os que lhes são conexos. Neste contexto, perceba que, “em
breve noção, pode-se assentar que o Direito de Autor ou Direito Autoral é o ramo
do Direito Privado que regula as relações jurídicas, advindas da criação e da
utilização econômica de obras intelectuais estéticas e compreendidas na literatura,
nas artes e nas ciências” (BITTAR, 2019, p. 25).
ASSIMILE
Questão interessante diz respeito à natureza jurídica dos direitos autorais. Várias
teorias já tentaram apresentar uma resposta. Há perspectivas que tendem a
enquadrá-lo no campo de direitos da personalidade, outras como direito de
propriedade.
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(a) teoria da propriedade (concepção clássica dos direitos reais) – a obra seria um bem móvel, e o seu autor
seria titular de um direito real sobre aquela; (b) a teoria da personalidade – a obra é uma extensão da pessoa
“
do autor, cuja personalidade não pode ser dissociada do produto de sua inteligência; (c) a teoria dos bens
jurídicos imateriais – reconhece ao autor um direito absoluto sui generis sobre sua obra, de natureza real,
existindo – paralelamente – o direito de personalidade, independente, que consiste na relação jurídica de
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natureza pessoal entre o autor e a obra; (d) a teoria dos direitos sobre bens intelectuais – o direito das coisas
incorpóreas (obras literárias, artísticas e científicas, patentes de invenção e marcas de comércio), e, finalizando,
a teoria dualista [...], conciliando as teses anteriores.
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— (NETTO, 2019, p. 134)
Assim:
“
[...] o direito à intimidade, à liberdade de expressão, à vida, à educação, não contém vínculo de ordem
patrimonial, o mesmo não ocorre em relação à criação intelectual: juntamente com o direito moral de autor
(que é um dos ramos dos direitos da personalidade), nasce um bem (a obra intelectual) que entra para o campo
da propriedade exclusiva do seu autor.
Em relação à Lei nº 9.610/98, alguns comentários merecem ser feitos. Quanto à sua
natureza legal, o art. 3º é cristalino ao prever que os direitos autorais são
considerados como bens móveis. Além disso, os negócios jurídicos que tenham a
ver com direitos autorais devem ser interpretados de maneira restritiva, de modo a
proteger a criação intelectual na totalidade da sua envergadura.
Interessante saber que, de acordo com o art. 2º, “os estrangeiros domiciliados no
exterior gozarão da proteção assegurada nos acordos, convenções e tratados em
vigor no Brasil” (BRASIL, 1998, [s. p.]). O disposto nessa legislação também será
aplicado aos nacionais ou às pessoas domiciliadas em país que assegura aos
brasileiros ou às pessoas com domicílio no Brasil tratamento recíproco quanto à
proteção dos direitos autorais.
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quanto ao direito de uso conferido pelo autor ou por quem este autorizar;
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ineditismo, quanto ao direito de manter a obra para si, sem divulgação; direito de
retirada de circulação, para fins de alteração ou por razões de foro íntimo;
preservação da memória, quanto ao resguardo de sua estética.
Mas, quais seriam as obras protegidas? Primeiro, entenda que por obra protegida
deve-se entender as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas
em qualquer suporte (tangível ou intangível), seja ele conhecido ou ainda sequer
inventado.
Note que:
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As obras intelectuais tendem a perpetuar-se, como testemunhas da própria evolução do homem – e de seus
diferentes estilos – e como instrumentos perenes de transmissão de conhecimentos e de sensibilização, mas os
“
direitos sobre elas incidentes, sob o aspecto patrimonial, cedem à ação do tempo previsto na lei e os vínculos
de exclusividade rompem-se, passando a respectiva exploração ao domínio de qualquer interessado (domínio
público).
0
— (BITTAR, 2019, p. 119)
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O art. 7º da Lei nº 9.610/98 indica como exemplos de obras protegidas:
“
I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;
IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito ou por outra qualquer
forma;
XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas como criação intelectual
nova;
XIII - as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados e outras obras, que,
por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo, constituam uma criação intelectual.
Por outro lado, é importante que você conheça aquilo que não é objeto de
proteção em termos de direitos autorais. Essa informação vem por meio do art. 8º
da Lei nº 9.610/98:
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I - as ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos matemáticos como tais;
“
II - os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócios;
III - os formulários em branco para serem preenchidos por qualquer tipo de informação, científica ou não, e
suas instruções;
0
IV - os textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais e demais atos oficiais;
s e õ ç at o n a r e V
VI - os nomes e títulos isolados;
“
I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;
II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na
utilização de sua obra;
VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente em poder de outrem,
para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de
forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de
qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado. Vale ressaltar que os direitos morais do autor são inalienáveis
e irrenunciáveis.
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Além disso, com base no art. 28 da Lei de Direitos Autorais, cabe ao autor o direito
exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica.
Consequentemente, de acordo com o art. 29, depende de autorização prévia e
expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como:
0
“
s e õ ç at o n a r e V
I - a reprodução parcial ou integral;
II - a edição;
VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com terceiros para uso ou exploração
da obra;
VII - a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer
outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para percebê-la em um tempo e
lugar previamente determinados por quem formula a demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou
produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário;
VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, mediante: a) representação,
recitação ou declamação; b) execução musical; c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos; d)
radiodifusão sonora ou televisiva; e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de frequência coletiva;
f) sonorização ambiental; g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado; h) emprego
de satélites artificiais; i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e meios de
comunicação similares que venham a ser adotados; j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas;
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informada e controlada, cabendo a quem reproduzir a obra a responsabilidade de
manter os registros que permitam, ao autor, a fiscalização do aproveitamento
s e õ ç at o n a r e V
econômico da exploração. Ademais, quando uma obra feita em regime de
coautoria não for divisível, nenhum dos coautores, sob pena de responder por
perdas e danos, poderá, sem consentimento dos demais, publicá-la ou autorizar-
lhe a publicação, salvo na coleção de suas obras completas.
“
I - a transmissão total compreende todos os direitos de autor, salvo os de natureza moral e os expressamente
excluídos por lei;
II - somente se admitirá transmissão total e definitiva dos direitos mediante estipulação contratual escrita;
III - na hipótese de não haver estipulação contratual escrita, o prazo máximo será de cinco anos;
IV - a cessão será válida unicamente para o país em que se firmou o contrato, salvo estipulação em contrário;
Ademais, a cessão total ou parcial dos direitos de autor, que se fará sempre por
escrito, presume-se onerosa. Note que a cessão dos direitos de autor sobre obras
futuras abrangerá, no máximo, o período de cinco anos.
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científica realizada em coautoria for indivisível, aquele prazo previsto será contado
s e õ ç at o n a r e V
da morte do último dos coautores sobreviventes. Por outro lado, será de 70 anos o
prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre as obras anônimas ou
pseudônimas, contado de 1º de janeiro do ano imediatamente posterior ao da
primeira publicação.
Note que não constitui ofensa aos direitos autorais, dentre outros, conforme rol do
art. 46 da Lei nº 9.610/98: reprodução, com menção do nome do autor;
reprodução, de pequenos trechos, para uso privado; citação em livros, jornais,
para fins de estudo, com indicação do nome e obra; utilização para prova judiciária
ou administrativa.
Com efeito, o caput do artigo citado indica que é crime “violar direitos de autor e os
que lhe são conexos” (BRASIL, 1940, [s. p.]). Neste caso, da forma simples, a pena é
de detenção de três meses a um ano ou multa.
do §2º, quando incorre nas mesmas penas quem, com o intuito de lucro, distribuir,
vender, etc., cópia de obra ou original reproduzido com violação do direito de
autor, de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma;
do §3º, quando se prevê uma pena de reclusão de dois a quatro anos e multa, se a
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violação consistir no oferecimento ao público, mediante
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“
cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou
produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com
intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete
ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente.
REFLITA
Para responder a essa questão, devemos, em primeiro lugar, traçar quais são os
agentes da rede. De forma simplificada podemos distingui-los entre provedores e
usuários. Deste modo, limitamos a nossa pergunta a duas respostas, ou seja, será
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responsabilizado?
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De acordo com o nosso ordenamento jurídico, o provedor não será
responsabilizado por danos causados por terceiros, de modo que o provedor se
faz como mero intermediário e não detém culpa direta da violação causada por
usuário, conforme estabelece o art. 18 da Lei nº 12.965/14. O legislador, ao criar
essa norma, provavelmente, compreendeu que não seria adequado punir o
provedor, dada a sua incapacidade técnica de observar absolutamente cada ação
que um usuário realiza e a ausência de nexo causal entre a ação de prover acesso
e violar um direito.
De acordo com esta lei, o titular, cuja obra seja fradulentamente reproduzida ou
divulgada, poderá requerer a apreensão dos exemplares reproduzidos ou a
suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível (vide art. 102).
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Não obstante, aquele que já editou a obra sem autorização do titular perderá os
exemplares que se apreenderem e, ainda, deverá pagar o preço dos que já tiver
vendido (vide art. 103). E, caso não seja conhecida a quantidade vendida, deverá
pagar a quantia de três mil exemplares, mais os apreendidos. Ainda nesta seara, o
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artigo art. 104 da Lei nº 9.610/98 define que:
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“
Quem vender, expuser a venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depósito ou utilizar obra ou fonograma
reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou
indireto, para si ou para outrem, será solidariamente responsável com o contrafator, nos termos dos artigos
precedentes, respondendo como contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reprodução no
exterior.
“
Quem viabiliza tecnicamente, quem se beneficia economicamente e, ativamente, estimula a criação de
comunidades e páginas de relacionamento na internet é tão responsável pelo controle de eventuais abusos e
pela garantia dos direitos da personalidade de internautas e terceiros como os próprios internautas que geram
e disseminam informações ofensivas aos valores mais comezinhos da vida em comunidade, seja ela real, seja
virtual.
EXEMPLIFICANDO
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Imagine uma situação em que uma editora tenha seu livro recém-
publicado, adquirido por um indivíduo que o digitaliza e, em seguida, o
publica na internet. A rápida disseminação fará com que esse livro seja
acessado no mundo todo e, mesmo após a ordem judicial para a remoção
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dos exemplares disseminados (o que é muito difícil), aqueles que fizeram o
s e õ ç at o n a r e V
download do livro ainda o terão e poderão publicá-lo novamente,
perpetuando o ciclo de violações.
Tendo em vista essa dificuldade, ainda que não de forma específica para a internet,
o legislador tentou tornar as sanções a essas violações bastante rígidas, a fim de
desestimular tal prática, de modo que, conforme o art. 105 Lei nº 9.610/98, “[...]
caso se comprove que o infrator é reincidente na violação aos direitos dos titulares
de direitos de autor e conexos, o valor da multa poderá ser aumentado até o
dobro” (BRASIL, 1998, [s. p.]).
Finalmente, pode-se concluir que ainda há muito em que se falar em violações dos
direitos autorais na internet (um instrumento que, ao mesmo tempo, é uma ótima
ferramenta de comunicação e um ambiente de risco para o direito autoral) e que,
apesar do esforço do legislador em desestimular essas infrações por meio de
sanções severas, elas ainda ocorrem e tendem a ocorrer.
Com isso, encerramos mais um bloco de estudos. Estamos avançando muito bem.
Sigamos em frente!
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b. É o direito de possuir um sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e
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serviços.
c. Trata-se de um privilégio concedido pelo Estado aos inventores titulares de alguma invenção de produtos
e processos de fabricação, ou aperfeiçoamento de algum já existente.
d. É o conjunto de normas e princípios referentes às relações de consumo, ou seja, as relações existentes
entre o consumidor e o fornecedor.
e. É o direito dado ao consumidor para desistir de compra feita fora do estabelecimento físico, no prazo de
sete dias.
Questão 2
O respeito ao direito de autor é fundamental para estimular e favorecer a atividade
criadora dos homens, permitir a difusão de ideias e facilitar o acesso do público em
geral às obras intelectuais.
Conforme o contexto apresentado, assinale a alternativa que contenha a lei que
discorre sobre a proteção dos direitos autorais.
a. Lei nº 12.965/2014.
b. Lei nº 8.666/1993.
c. Lei nº 9.279/1996.
d. Lei nº 13.709/2018.
e. Lei nº 9.610/1998.
Questão 3
Na medida em que a disciplina de Direito Autoral engloba um conjunto de direitos exclusivos, oponíveis erga
omnes, de natureza tanto patrimonial quanto pessoal, a infração a esses direitos pode se dar tanto na esfera
patrimonial ou seja na ofensa à exclusividade de utilização da obra quanto na esfera pessoal ou seja no
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patrimonial, ou seja, na ofensa à exclusividade de utilização da obra, quanto na esfera pessoal, ou seja, no
desrespeito aos direitos morais de autor. Existe, portanto, uma grande variedade de tipos de violação de direito
autoral, sendo alguns mais recentes do que outros porque derivados das novas tecnologias.
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Tendo em vista a grande variedade de crimes que podem ocorrer envolvendo os
direitos autorais, assinale a alternativa que conceitua corretamente uma
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modalidade desta variedade, a contrafação.
b. A reprodução não autorizada de obras artísticas literárias ou científicas pode ser integral ou parcial.
c. A divulgação de material obtido ilegalmente por indivíduos na internet. Trata-se, pois, de um crime e uma
violação ao direito autoral.
d. A criação de uma obra anônima, sem citar quem a fez, configurando crime contra o direito pessoal e
patrimonial do autor.
e. Trata-se de uma exclusão indevida de uma obra artística, literária ou científica, que pode ocorrer tanto no
meio físico como digital.
REFERÊNCIAS
AFONSO, O. Direito Autoral: conceitos essenciais. Barueri, SP: Manole, 2009.
Disponível em: https://bit.ly/3ygqmlq. Acesso em: 7 jul. 2021.
BITTAR, C. A. Direito de Autor. 7. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2019. Disponível em:
https://bit.ly/3yeBlvB. Acesso em: 7 jul. 2021.
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BRASIL. Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos
à propriedade industrial. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível
s e õ ç at o n a r e V
em: https://bit.ly/3ziMuNx. Acesso em: 10 ago. 2021.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF:
Presidência da República, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/3BbqqF3. Acesso em:
10 ago. 2021.
NETTO, J. C. C. Direito autoral no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2019. Disponível em:
https://bit.ly/3jfVgWT. Acesso em: 7 jul. 2021.
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
Prezado coordenador, uma vez aceito o convite feito por Vossa Senhoria, cumpre
consignar algumas ponderações, com todo respeito.
Não se pode atribuir apenas uma teoria de natureza jurídica para o direito autoral.
Na verdade, existem várias, e a discussão sobre qual a correta ainda continua nos
campos acadêmicos, sendo um dos muitos conflitos a serem solucionados.
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sobre a coisa.
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Depois, temos a teoria da personalidade, em que a obra se trata de uma extensão
da pessoa do autor, cuja personalidade não pode ser dissociada do produto de sua
inteligência.
Não obstante, tem-se a teoria dos bens jurídicos imateriais, que, em suma,
reconhece ao autor um direito absoluto sui generis sobre sua obra, de natureza
real, existindo paralelamente o direito de personalidade, independente, que
consiste na relação jurídica de natureza pessoal entre o autor e a obra.
Ademais, há a teoria dos direitos sobre bens intelectuais, em que o direito recai
das coisas incorpóreas (obras literárias, artísticas e científicas, patentes de
invenção e marcas de comércio).
Com isso, prezado coordenador, espero ter lhe auxiliado, de modo que este
conteúdo será abordado na palestra que ministrarei.
Cordialmente.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
A PALESTRA SOBRE DIREITO AUTORAL E O COLEGA NERVOSO
Um professor de uma universidade privada do interior do estado de São Paulo
convida você e seu colega, em caráter de especialistas em direito autoral, para
apresentarem um seminário sobre o tema para os alunos dele.
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Passadas algumas semanas do convite, no dia marcado para a apresentação da
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palestra, vocês dois, na hora correta, iniciam a explanação sobre direito autoral,
percorrendo cada uma de suas características. Ocorre que, no decorrer da
apresentação, mais especificamente quando seu amigo falava sobre registros, um
dos ouvintes questionou para que servia a existência do registro, tendo em vista
que este, conforme fora explicado, não era necessário para a reivindicação do
direito. Quando seu amigo estava prestes a responder, você notou nele muito
nervosismo e insegurança, acompanhados de algumas dificuldades para
responder à pergunta. Então, conhecendo a razão para a existência do registro,
você o interrompe cordialmente e se prepara para responder à questão feita pelo
ouvinte.
Agora, você deve elaborar um texto que responda à pergunta feita pelo ouvinte.
Afinal, se o registro não serve para reivindicação do direito autoral, para que ele
serve?
RESOLUÇÃO
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Art. 17. Para segurança de seus direitos, o autor da obra intelectual poderá registrá-Ia, conforme sua
natureza, na Biblioteca Nacional, na Escola de Música, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal
“
do Rio de Janeiro, no Instituto Nacional do Cinema, ou no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia.
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— (BRASIL, 1973, [s. p.])
s e õ ç at o n a r e V
Ou seja, o registro significa uma maior garantia, de maneira que permite que
se facilite a prova da violação desse direito em processos judiciais.
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Olá! Falar em Direito Cibernético demanda, necessariamente, que falemos sobre
direito contratual e sobre as relações consumeristas que estão relacionadas ao
ciberespaço.
É isso mesmo! Você já parou para pensar que praticamente tudo o que fazemos ao
longo do cotidiano envolve a celebração de contratos? Os negócios jurídicos estão
presentes nas nossas vidas desde a mais simples relação interpessoal até a mais
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complexa.
E não seria diferente com relação às ações que perfazemos em âmbito digital,
afinal de contas, você já sabe que o Direito e o Estado tutelam as relações que
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ocorrem no mundo virtual. Por isso, os negócios jurídicos que lá são firmados, os
contratos que daí surgem, desde quando acessamos determinado serviço,
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adquirimos algum bem, ou até mesmo pelo simples ato de contratar um provedor
de Internet, por exemplo, invocam a preocupação do direito cibernético, e há
nesse contexto, obrigatoriamente, relação contratual e, em algumas situações,
relação de consumo.
Para tanto, é fundamental que o profissional responsável por lidar com os desafios
do mundo cibernético conheça o direito contratual eletrônico, bem como que
esteja atento aos desafios proporcionados pelas dimensões consumeristas nesse
panorama.
Além do mais, considerando a importância de que você esteja atento aos principais
tópicos do Direito Cibernético contemporâneo, note que é fundamental que você
também conheça algumas questões criminais. Para isso, estudaremos os crimes
praticados por meio eletrônico e a questão do tratamento jurídico da criança e do
adolescente nesse contexto. Por fim, abordaremos a matéria dos riscos e fraudes
no cenário cibernético, com atenção à perícia computacional e à metodologia para
obtenção de evidências, além da caracterização das provas eletrônicas e sua
tipificação legal. Bons estudos!
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Dessa maneira, você estará preparado para enxergar o perfil jurídico das tratativas
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negociais efetivadas pelos meios digitais, com razoável capacidade de entender os
termos, as normas aplicáveis e as possíveis consequências advindas da prática de
atos ilícitos, notadamente pelos provedores de Internet.
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Além disso, o produto se encontrava disponível, de forma gratuita, em diversos
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sites. Uma simples busca no navegador possibilitava o acesso a centenas, talvez
milhares de links para o download do produto, que seria vendido por R$ 100,00 a
unidade.
Afinal, a provedora é responsável por danos causados por terceiros? Existe alguma
lei que regulamente esse assunto?
Vamos juntos dar mais este importante passo dos nossos estudos!
CONCEITO-CHAVE
Em toda disciplina, é importante nos dedicarmos a entender, inicialmente, a
conceituação da temática a ser analisada, sobre o que estudaremos e em qual
terreno a técnica jurídica deverá se realizar. Com o direito civil, que lida com as
relações entre os sujeitos de direito e os bens da vida, as coisas, não é diferente. E
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para o nosso caso, do Direito Cibernético, a mesma lógica deve ser seguida,
especialmente no campo dos contratos, no qual há forte presença do
ordenamento jurídico relativo às relações obrigacionais.
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Assim, contrato é “um negócio jurídico por meio do qual as partes declarantes,
limitadas pelos princípios da função social e da boa-fé, autodisciplinam os efeitos
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patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das suas próprias
vontades” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2020, p. 443).
Assim como a propriedade, os contratos também possuem uma função social, que
necessariamente deve estar presente. Esse aspecto diz respeito, sobretudo, a uma
leitura constitucional e social dos contratos, que é instituto típico de direito
privado. Há, assim, uma relevância social nos contratos, que vai desde a
característica destacada com relação ao desenvolvimento econômico até uma ideia
de pacificação social e segurança jurídica. Essa socialização dos contratos, e do
direito privado em geral, diga-se de passagem, vai muito além da primária noção
de harmonização de interesses contrapostos, à medida que busca respeitar a
dignidade humana, relativizar a igualdade das partes contratantes, isto é,
considerando as posições reais e não meramente formais das partes, a presença
da cláusula implícita da boa-fé objetiva (deveres de lealdade, confiança,
confidencialidade e transparência), o respeito ao meio ambiente e os valores
sociais do trabalho.
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Do que estudamos até aqui, é possível propor uma redefinição do contrato, para
que alcance o plexo de valores constitucionais a partir dos quais, afinal, todo o
direito deve ser lido, interpretado e aplicado. O contrato, então, é
0
“
negócio jurídico bilateral, por meio do qual as partes, visando a atingir determinados interesses patrimoniais,
convergem as suas vontades, criando um dever jurídico principal (de dar, fazer ou não fazer), e, bem assim,
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deveres jurídicos anexos, decorrentes da boa-fé objetiva e do superior princípio da função social.
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patrimonialista, visando a buscar uma condição de dignidade à leitura dos
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contratos, centrada, assim, na pessoa humana. Isso faz com que haja a
constitucionalização do direito civil por meio da introjeção de princípios
fundamentais nas relações privadas, com verdadeira força normativa.
Conheceremos, a partir de agora, os princípios mais importantes da doutrina
contratual de nosso tempo.
0
imprevisível torna excessivamente onerosa a prestação imposta a uma das partes,
s e õ ç at o n a r e V
em face da outra que, em geral, se enrique à sua custa ilicitamente” (GAGLIANO;
PAMPLONA FILHO, 2020, p. 453).
Já tivemos a oportunidade de discutir a função social dos contratos como uma das
características relativas ao seu conceito. É certo que a constante transformação da
sociedade faz com que os institutos de direito privado, como dos contratos, sofram
adaptações, sobretudo considerando o fato de que precisam ser compreendidos à
luz dos direitos e garantias fundamentais, bem como do dirigismo contratual que
estudamos. Por isso é difícil e até pouco recomendável conceituar de maneira
precisa e única a função social dos contratos, que, com efeito, poderá variar
quanto ao sentido, de acordo com as situações concretas. No entanto, é possível
dizer que a função social se manifesta numa perspectiva ou nível intrínseco ao
contrato, no que diz respeito à imposição de lealdade negocial e à boa-fé objetiva
na relação mútua entre as partes, a fim de assegurar equivalência material entre
elas (isto é, ausência de desequilíbrio). Por outro lado, num nível extrínseco, tem-se
em mira a proteção da coletividade quanto às possíveis repercussões do contrato,
isto é, quanto aos seus efeitos. Aliás, é importante que questões de ordem moral,
bem como as relacionadas à proteção do meio ambiente, sejam consideradas. Um
contrato, portanto, não é só um mero acordo entre as partes, justamente porque a
função social traz esses deveres anexos, que são necessários, cuja observância é
uma verdadeira condição de legitimidade. Além disso, a liberdade contratual será
exercida nos limites da função social do contrato, conforme expressa previsão do
art. 421 do Código Civil.
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o princípio da equivalência material busca realizar e preservar o equilíbrio real de direitos e deveres no
contrato, antes, durante e após sua execução, para harmonização dos interesses. Esse princípio preserva a
“
equação e o justo equilíbrio contratual, seja para manter a proporcionalidade inicial dos direitos e obrigações,
seja para corrigir os desequilíbrios supervenientes, pouco importando se as mudanças de circunstâncias
pudessem ser previsíveis.
0
Há quem entenda diferente, de modo que tal princípio seria mais uma
s e õ ç at o n a r e V
proveniência da função social do contrato (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2020).
A boa-fé pode ser analisada sob dois diferentes prismas: subjetivo e objetivo. A
boa-fé, assim entendida sob o prisma subjetivo, diz respeito a uma situação
psicológica, “um estado de ânimo ou de espírito do agente que realiza
determinado ato ou vivencia dada situação, sem ter ciência do vício que a inquina”
(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2020, p. 466). Tal estado subjetivo deriva do
reconhecimento da ignorância do agente a respeito de determinada circunstância,
que macularia o contrato (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2020). É diferente da
boa-fé objetiva – que mais nos importa –, porque pode ser aferida, medida,
comprovada, verificada. É porque a boa-fé objetiva é princípio contratual
consagrado, delineado em conceito jurídico indeterminado, que consiste em regra
de comportamento, com notável fundo ético, porém com exigibilidade do ponto de
vista jurídico. Essa exigência de comportamento de boa-fé, segundo uma média da
sociedade, do que é razoável e pertence ao bom-senso, traz consigo alguns
deveres anexos, que também são exigíveis juridicamente, como os deveres de
confiança, lealdade, informação, transparência, assistência, confidencialidade, etc.
Um contrato válido, portanto, é aquele dever jurídico que consiste numa prestação
de fazer, de não fazer ou de dar, bem como nos deveres inerentes e decorrentes
da boa-fé objetiva.
REFLITA
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manifestação de vontade livre e desembaraçada, que faça convergir num acordo
de vontades, que convirja, como já sabemos, em consenso. As negociações
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preliminares entre as partes demandam uma definição adequada dos termos
proposta e aceitação. A proposta, também chamada de oferta, policitação ou
oblação, é que dá início à formação do contrato, não dependendo, para ser
realizada, de forma especial (GONÇALVES, 2019). Não é sempre que a partir da
proposta a aceitação ocorrerá imediatamente, pois outras negociações ainda
poderão ser feitas – a chamada puntuação, as próprias negociações preliminares.
Nesse contexto, ainda não há vinculação de uma parte à outra. Mesmo que surja
um projeto ou uma minuta de contrato, não há obrigatoriedade ainda. Só haverá
responsabilização, nesse momento, se houver interesse de prejudicar a outra
parte, causando-lhe dano. Essa possibilidade deve ser lida à luz da boa-fé objetiva,
como já tivemos a oportunidade de explicar.
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A aceitação é a concordância com os termos da proposta (GONÇALVES, 2019). A
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aceitação pode ser expressa, quando a declaração do aceitante é evidente no
sentido da manifestação da sua anuência, ou tácita, quando decorre do seu
comportamento que acaba por revelar a sua conduta. O Código Civil apresenta
duas situações nas quais a manifestação de vontade não será vinculante. Se a
aceitação, embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, chegar tarde ao
conhecimento do proponente, quando, por exemplo, o proponente já celebrou
negócio com outra pessoa – nesse caso, esse fato (novo negócio já celebrado em
função do atraso) deverá ser comunicado imediatamente ao aceitante, sob pena
de perdas e danos, com base no art. 430 do Código Civil. Outra hipótese é a
prevista no art. 433 do Código Civil, que considera “inexistente a aceitação, se
antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante” – é o caso
de retratação da aceitação, isto é, o desfazimento da declaração de vontade que
havia sido, inicialmente, feita pelo aceitante.
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expedida, exceto no caso do art. 433 (a retratação da aceitação, como vimos), bem
como se o proponente houver se comprometido a esperar resposta ou se ela não
chegar no prazo convencionado.
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Mas será que essa disciplina se aplica ao caso dos contratos eletrônicos? Claro que
sim! Eventualmente, alguma ponderação deverá ser feita, no entanto, o que vimos
s e õ ç at o n a r e V
até agora constitui a estrutura basilar para o entendimento dos contratos
eletrônicos (REBOUÇAS, 2018). Logo, para “o Direito Digital, os contratos têm
algumas características peculiares que determinam a necessidade de aprofundar
questões normalmente não aplicadas em contratos tradicionais” (PECK, 2016, p.
535).
Nesse sentido,
“
Não há que se discutir mais a validade do contrato eletrônico, visto que este entendimento já́ está pacificado e
vem sendo tratado em âmbito internacional desde 1996 com as discussões da Lei Modelo da UNCITRAL, que em
seu art. 5° disse o seguinte: “Não se negarão efeitos jurídicos, validade ou eficácia à informação apenas porque
esteja na forma de mensagem eletrônica”. A mesma lei tratou ainda em seu art. 11 sobre a formação e validade
dos contratos, onde “salvo disposição em contrário das partes, na formação de um contrato, a oferta e sua
aceitação podem ser expressas por mensagens eletrônicas. Não se negará validade ou eficácia a um contrato
pela simples razão de que se utilizaram mensagens eletrônicas para a sua formação.
Além disso, o contrato eletrônico consiste numa transação realizada por meio
eletrônico. As declarações de vontade são também manifestadas por meio
eletrônico (LORENZETTI, 2006).
Note que
“
Os contratos eletrônicos seriam uma modalidade de contratos atípicos, que são aqueles em que não há haver
regulamentação legal específica, onde o fator preponderante é a liberdade de contratar e o princípio da
autonomia da vontade, onde as partes devem acautelar-se na fixação das normas contratuais (cláusulas), desde
que estas não contrariem os princípios gerais do direito, os bons costumes e as normas de ordem pública.
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(GONÇALVES, 2019) é bastante próximo do contrato de adesão. A diferença é que,
embora pré-formatado, ele poderá ser alvo de discussão preliminar acerca do seu
s e õ ç at o n a r e V
conteúdo; não há imposição do contrato (como ocorre no de adesão); as cláusulas
encontram-se apenas pré-redigidas. São aqueles contratos com espaços em
branco “no tocante à taxa de juros, prazo e condições do financiamento, a serem
estabelecidos de comum acordo” (GONÇALVES, 2019, p. 824). Por outro lado,
contratos específicos são aqueles “nos quais a elaboração é feita caso a caso;
dependendo do status dos contraentes ou do objeto do contrato” (PECK, 2016, p.
538).
Além disso,
“
Contratos que regem operações dentro do meio digital têm algumas peculiaridades que devem ser
especialmente observadas: a) indicação clara das responsabilidades de todos os participantes da cadeia de
relações envolvida, principalmente porque a Internet privilegia as relações em rede, com vários coparticipantes
e especial atenção nos direitos do consumidor final; b) estabelecer uma política de informação clara; c) política
de segurança e privacidade; d) cláusula de arbitragem; e) territorialidade, estabelecendo os limites geográficos
de ação de cada envolvido; f) relação dos parceiros envolvidos no negócio; g) no caso de os produtos
transacionados envolverem tecnologia, estabelecer as responsabilidades por upgrades e obsolescência.
“
Contrato informático é o que tem por “objeto” o equipamento ou o serviço de informática, incluindo o
desenvolvimento, a venda e a distribuição de hardware ou software e outros bens ou serviços relacionados.
Todavia, o contrato eletrônico tem na sua “forma” a peculiaridade, isto é, a contratação é feita por meio da
informática.
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Nós já tivemos a oportunidade de comentar o tema da responsabilidade civil dos
provedores em diversas passagens. No entanto, é preciso reforçar com você
s e õ ç at o n a r e V
alguns pontos muito importantes, a fim de consolidar o seu conhecimento.
Para que um agente seja responsabilizado pela prática de um ato ilícito, a outra
parte (a vítima, por exemplo) deverá demonstrar, num processo judicial, três
aspectos: a conduta (culposa ou dolosa), o dano e o nexo causal entre ambos.
imperícia ou negligência (que são os casos de culpa), deve ser demonstrado. Esse é
o sistema geral.
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demonstração do elemento volitivo, mas apenas da conduta enquanto tal, do dano
e do nexo de causalidade entre ambos. Basta você pensar na palavra. É objetiva
s e õ ç at o n a r e V
porque não precisa existir demonstração de elemento subjetivo. Esse sistema
existe para aqueles casos em que o legislador entendeu que o causador do ato
ilícito detinha, de antemão, uma incumbência de assegurar a segurança naquele
determinado campo de atuação. Não havendo essa segurança, ou seja, não
evitado um risco ordinário que o legislador entende como pertencente àquela
atividade, seja por uma circunstância de fato, seja pela qualidade das partes
envolvidas, havendo ato ilícito, a vítima não precisará comprovar dolo ou culpa,
mas apenas a existência da conduta, do dano e do nexo causal.
EXEMPLIFICANDO
Se uma pessoa proferir xingamentos contra outra numa rede virtual, ela
somente será responsabilizada caso a vítima demonstre a existência do
elemento volitivo na conduta da outra parte, seja para comprovar o dolo
(intenção) ou a culpa (imperícia, imprudência ou negligência), segundo o
sistema geral da responsabilidade civil subjetiva.
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ASSIMILE
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responsabilização do agente causador do ilícito não depender da
s e õ ç at o n a r e V
demonstração de tais requisitos, bastando que a mera conduta seja
suficiente para o resultado danoso, isto é, comprova-se apenas a conduta
em si, o dano e o nexo causal.
Concluímos juntos mais esta etapa dos nossos estudos. Até a próxima!
b. São princípios que orientam os contratos: a boa-fé, a força obrigatória e a reserva legal.
c. O princípio da força obrigatória pode ser divido em: objetivo e subjetivo.
e. São princípios que orientam os contratos: a boa-fé, a força obrigatória e a equivalência material.
Questão 2
“Contrato informático é o que tem por ‘objeto’ o equipamento ou o serviço de
informática, incluindo o desenvolvimento, a venda e a distribuição de hardware ou
software e outros bens ou serviços relacionados. No entanto, o contrato eletrônico
t ‘f ’ li id d i t é t t ã é f it i d
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I – As leis do Código Civil sobre contratos não podem ser utilizadas para os
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contratos do meio eletrônico, pois contratos usuais e eletrônicos pouco têm em
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comum.
a. I, II e III.
b. I, apenas.
c. II, apenas.
Questão 3
Existem algumas etapas que ocorrem na maioria dos contratos: a oferta, a
aceitação e a conclusão do contrato. Juntas elas são responsáveis por definir todo
o ciclo de vida de um contrato.
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Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
s e õ ç at o n a r e V
a. V – V – F – F.
b. F – F – V – V.
c. V – F – V – F.
d. V – V – V – F.
e. V – V – V – V.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado
Federal: Centro Gráfico, 1988.
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COSTA NETTO, J. C. Direito autoral no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2019. Disponível
em: https://bit.ly/2VEH6FJ. Acesso em: 7 jul. 2021.
s e õ ç at o n a r e V
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Telecommunications Act of 1996. 1996.
Disponível em: https://bit.ly/3hwLcYc. Acesso em: 5 jul. 2021.
GAGLIANO, P. S.; PAMPLONA FILHO, R. Manual de Direito Civil. São Paulo: Saraiva,
2020. Disponível em: https://bit.ly/3hwQ9jE. Acesso em: 10 set. 2021.
LEITE, G. S.; LEMOS R. Marco civil da internet. São Paulo: Grupo GEN, 2014.
Disponível em: https://bit.ly/3Cgkmf3. Acesso em: 10 set. 2021.
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Luiz Felipe Nobre Braga
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Fonte: Shutterstock.
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como também de verificar o conteúdo de cada mensagem ou compartilhamento
s e õ ç at o n a r e V
realizado e, ainda que fosse possível, significaria a adoção de políticas agressivas
de censura da conduta, configurando uma injusta limitação à privacidade e à
liberdade de expressão.
“
Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de aplicações de
internet somente poderá́ ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por
terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites
técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como
infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário.
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AVANÇANDO NA PRÁTICA
CONTRATO ELETRÔNICO
Uma empresa do ramo de decorações havia celebrado, por meio de um acordo
eletrônico, um contrato de prestação de serviços com outra empresa de eventos,
conhecida por promover festas e espetáculos. No contrato havia diversas
disposições que regulamentavam a prestação de serviços e o pagamento. Dentre
essas disposições havia uma cláusula que tratava sobre danos, e que dizia, ipsis
litteris:
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meios eletrônicos não tem validade? O representante deve ou não pagar o que
fora estabelecido?
RESOLUÇÃO
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A empresa deve pagar o que fora estabelecido no contrato.
s e õ ç at o n a r e V
Essa alegação de que o contrato não possui validade por não ter sido
celebrado pessoalmente, mas sim por meios eletrônicos, é incorreta. A Lei
Modelo da UNCITRAL, em seu art. 5º, estabelece, ipsis litteris: “Não se negarão
efeitos jurídicos, validade ou eficácia à informação apenas porque esteja na
forma de mensagem eletrônica” (ONU, 1994, [s. p.], tradução nossa).
“
Salvo disposição em contrário das partes, na formação de um contrato, a oferta e sua aceitação podem
ser expressas por mensagens eletrônicas. Não se negará validade ou eficácia a um contrato pela simples
razão de que se utilizaram mensagens eletrônicas para a sua formação.
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Luiz Felipe Nobre Braga
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Fonte: Shutterstock.
Hoje em dia, é bastante comum que as pessoas realizem transações nos meios
digitais, principalmente para contratar bens ou serviços. Navegar na internet pelas
páginas de websites, por exemplo, já é uma forma de estabelecer uma relação na
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coloca como relacionados à proteção dos consumidores em geral. Além disso, são
celebrados inúmeros contratos, como quando consentimentos são fornecidos para
s e õ ç at o n a r e V
a colheita e compartilhamento de dados junto a provedores ou websites.
Uma semana depois (no dia final do prazo), a encomenda chegou, o homem abriu
a embalagem e teve uma grande decepção.
Não era aquilo que ele esperava, a começar pelos tamanhos das camisas. Apesar
de serem de tamanho “G”, ficaram curtas, a ponto de o comprador não ser capaz
até mesmo de vesti-las. O tecido também o desagradou, pois ele esperava uma
malha de algodão cardada para não ter tanta preocupação na hora de passar as
camisetas, porém, ao tocar o tecido, notou que a malha era, na verdade, penteada.
Não obstante, os tons de cor mudavam pouquíssimo entre as camisas, de modo
que era quase imperceptível a alteração de uma cor para outra, algo muito
diferente das imagens apresentadas no anúncio e pelo vendedor remoto.
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Assim o homem procurou fazer. Ao chegar em casa, um dia após o recebimento da
encomenda, entrou no mesmo site e buscou ajuda para realizar o processo de
s e õ ç at o n a r e V
devolução com o mesmo atendente que o auxiliou no momento da compra.
• Caso haja essa possibilidade, ele terá que arcar com os custos da devolução?
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CONCEITO-CHAVE
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A primeira informação a ser conhecida no campo do direito do consumidor é a sua
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fonte legislativa. Há um conjunto de regras e princípios específicos para o campo
consumerista, os quais estão sistematicamente organizados no Código de Defesa
do Consumidor (CDC), apoiado na Lei nº 8.078/1990. A proteção e a defesa do
consumo decorrem de expresso direito fundamental, previsto no art. 5º, XXXII da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, segundo o qual “O Estado
promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor” (BRASIL, 1988, [s. p.]). O CDC
consiste num microssistema especializado que se refere à tutela das relações
privadas de consumo.
De acordo com o art. 2º do CDC, consumidor “[...] é toda pessoa física ou jurídica
que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final” (BRASIL, 1990, [s.
p.]). Essa noção de destinatário final causa muita polêmica na doutrina, mas é
importante que conheçamos a posição do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a qual
prega que o consumidor, isto é, o destinatário final da relação de consumo, é
aquela pessoa, física ou jurídica que adquire bens ou utiliza serviços para si
próprio, sem que isso importe no incremento de alguma atividade comercial.
Pequenas empresas e profissionais liberais, desde que seja demonstrada
vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica, também são consumidores.
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O objeto da relação de consumo consiste num produto, que poderá ser qualquer
bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, assim como um serviço, que consiste
numa atividade remunerada fornecida no mercado de consumo, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, ressalvando-se as de
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natureza trabalhista.
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Nesse sentido, o art. 3º do Código de Defesa do Consumidor indica que
“
Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
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serviço que seja equivalente; e III – poderá rescindir o contrato de consumo, com
direito a que lhe seja restituído eventual quantia antecipada, com atualização
monetária e perdas e danos (BRASIL, 1990).
0
Além disso, publicidade enganosa é qualquer modalidade de informação ou
comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou por qualquer
s e õ ç at o n a r e V
outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir o consumidor ao erro a
respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem,
preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. Já a publicidade
abusiva é a discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o
medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da
criança, desrespeite valores ambientais ou que seja capaz de incitar o consumidor
a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
É importante que você saiba um pouco mais sobre o chamado contrato de adesão.
Previsto no art. 54 do CDC (BRASIL, 1990), o contrato de adesão é aquele no qual
não houve discussão das cláusulas, sobretudo por parte do consumidor que, por
consequência, meramente aderiu a ele. No contrato de adesão, as cláusulas ou
foram aprovadas por alguma autoridade competente (como pode acontecer em
contratos bancários, em que há cláusulas aprovadas pelo Banco Central) ou, como
é mais comum, foram estabelecidas de maneira unilateral pelo fornecedor.
EXEMPLIFICANDO
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concreto, as hipóteses definidas servem como nortes iniciais, mas não se exaurem
s e õ ç at o n a r e V
apenas na lei, pois dependem das circunstâncias concretas.
Evidente que sim! Note o empresário, por exemplo, que sempre busca transpor
obstáculos para levar seus produtos e serviços a quem deles precisarem, seja por
terra, por água ou pelo ar! Agora ele lançou mão dos meios eletrônicos para a
mesma finalidade (de transpor barreiras); trata-se de um instrumento potencial –
de custo relativamente baixo – de venda de bens e serviços (TEIXEIRA, 2020).
A web acabou por ampliar a figura do faça você mesmo, fazendo com que os
serviços de self-service se expandissem cada vez mais. Nesse sentido, “a internet
permitiu a concretização de um dos sonhos empresariais, o da transformação do
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ASSIMILE
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para o consumidor, que é quem paga para recebê-la (NUNES, 2018). Um
s e õ ç at o n a r e V
restaurante que antes despendia gastos com um garçom para servir as
mesas, mostrar o cardápio e anotar os pedidos agora dá a possibilidade de
o próprio consumidor se servir, o que resulta em economia justamente ao
tornar o consumidor seu próprio “funcionário”.
A relação de consumo foi alterada de tal forma que antes, durante ou até mesmo
após um serviço ser executado ou um produto ser vendido, um simples e-mail
enviado ao Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da empresa que não for
devidamente respondido já pode evidenciar um comportamento omisso ou
negligente e atrair responsabilidades de natureza jurídica (administrativa ou cível,
por exemplo) à empresa. Isso ocorre ao mesmo passo que, em contrapartida, uma
reclamação ofensiva publicada nas redes sociais pode ser utilizada como prova
contra o consumidor (PECK, 2016).
Nesse sentido, a internet, ao mesmo tempo em que se apresenta como meio para
as relações de consumo, atua como canal de denúncia, como no caso dos
seguintes sites: www.reclameaqui.com.br, www.ebit.com.br, www.idec.gov.br,
www.portaldoconsumidor.gov.br, www.consumidor.gov.br, entre outros (PECK,
2016).
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Constituição Federal de 1988, Marco Civil da Internet e Decreto nº 7.962, de 2013,
s e õ ç at o n a r e V
aplicam-se tanto às relações tradicionais e presenciais como às relações
estabelecidas por meio da Internet ou via meios digitais” (PECK, 2016, p. 157).
REFLITA
Mesmo que o Código de Defesa do Consumidor possa ter o alcance estendido para
contemplar o comércio eletrônico, as tratativas nele elencadas fazem menção às
relações de consumo físicas, quando as partes estão presentes, ou quando estão
ausentes mas há conhecimento da localização para acertar o negócio realizado,
realidade diversa do comércio eletrônico atual (FERREIRA; JENSEN, 2012).
Esse direito nada mais é do que um dispositivo, inserido no CDC, que confere a
possibilidade de o consumidor devolver um produto ou cancelar a execução de um
serviço dentro do prazo de sete dias, contados do recebimento do produto ou da
execução do serviço, quando a aquisição for realizada fora de estabelecimento
comercial, resguardando o reembolso do valor despendido.
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Esse direito ainda prevalece atualmente, inclusive para compras realizadas na
s e õ ç at o n a r e V
internet, o que pode ser questionado dada a relativização dessa incapacidade do
consumidor em conhecer as qualidades físicas de um produto, uma vez que essas
ferramentas permitiram, além da elaboração de um novo espaço de comércio, a
fácil obtenção de informações.
Nesse caso, o que existe é um abuso de direito, visto que o consumidor era, no
momento da compra, plenamente capaz de conhecer o conteúdo do que estava
prestes a adquirir.
Por essas e outras lacunas é que vêm ganhando espaço novas perspectivas de
direitos para o e-commerce. Dentre elas, sem dúvida a mais marcante é a
referente ao projeto de lei que atualmente tramita no Congresso Nacional (Projeto
de Lei nº 1.589/99), que dispõe especificamente sobre o comércio eletrônico e
alguns assuntos correlatos, como a validade jurídica de documentos eletrônicos e
da assinatura digital (MICHEL, 2012).
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Ufa! Com isso encerramos mais uma parte dos nossos estudos. Continue firme!
Vamos juntos!
s e õ ç at o n a r e V
FAÇA VALER A PENA
Questão 1
“Basicamente, uma relação de consumo, de forma imperiosa, possui dois
elementos que nunca deverão mudar: fornecedor e consumidor. Sem estas duas
figuras basilares não há que se falar em relação de consumo.” (FERREIRA; JENSEN,
2012, p. 100).
a. Qualquer pessoa, seja ela pessoa física ou jurídica, que produz, transforma, importa, exporta, distribui ou
comercializa produtos ou serviços.
b. É quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de
bens ou de serviços.
c. Quem adquire o produto ou serviço como destinatário final, seja ele pessoa física ou uma empresa.
d. É quem tem por propósito o financiamento e a estruturação da empresa, tendo por objetivo o lucro.
e. Qualquer um que exerça atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive
as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista.
Questão 2
“A relação de consumo é o vínculo estabelecido entre fornecedor e consumidor
com o objetivo de adquirir produtos ou serviços.” (TEIXEIRA, 2020, p. 129).
a. Toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
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b. Toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços.
c. Quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens
ou de serviços.
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d. Uma pessoa física responsável pela venda de um produto ou serviço que atua como intermediário entre
s e õ ç at o n a r e V
o produtor e o consumidor.
e. Necessariamente uma pessoa jurídica de direito privado que importa e exporta, vende ou cria produtos
ou, ainda, executa ou realiza um serviço.
Questão 3
“A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a
proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem
como a transparência e harmonia das relações de consumo.” (BRASIL, 1990, [s. p.]).
0
d. III, apenas.
s e õ ç at o n a r e V
e. II, apenas.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto nº 7.962 de 15 de Março de 2013. Regulamenta a Lei n. 8.078 de
11 de setembro de 1990, para dispor sobre a contratação no comércio eletrônico.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 mar. 2013.
NUNES, R. Curso de direito do consumidor. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
Disponível em: https://bit.ly/3nydIfS. Acesso em: 10 set, 2021.
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PECK, P. P. Direito digital. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. Disponível em:
https://bit.ly/3CdmDra. Acesso em: 10 set. 2021.
0
Disponível em: https://bit.ly/3nxDwc7. Acesso em: 5 jul. 2021.
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
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afasta a incidência do referido diploma normativo.
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Em verdade, para verificar se existiu relação de consumo e se há,
consequentemente, alcance do Código de Defesa do Consumidor, é necessário
questionar se houve a presença de alguns elementos objetivos:
Além disso, o cliente tem o direito de realizar a devolução dos produtos, que, por
sinal, deverá ser feita sem custos.
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“
O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de
recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços
0
ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
s e õ ç at o n a r e V
E, ainda em seu parágrafo único, estabelece que
“
Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente
pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente
atualizados.
Finalmente, vale ressaltar que o processo de devolução deve ser feito sem custas
ao cliente, pois atribuir tal responsabilidade ao consumidor é considerado uma
cláusula abusiva, assim como limitar o seu acesso a direito reconhecido.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
Uma pequena lacuna interpretativa abriu margem para dois pontos de vista que
dividiram a sala, em que metade da turma ampliava o conceito de consumidor,
incluindo intermediários na relação de consumo também como consumidores, e a
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Você, percebendo a confusão que a discussão estava se tornando, decide intervir e
explicar para aqueles que não estavam entendendo o que, de fato, precisava ser
s e õ ç at o n a r e V
observado.
Também aproveita para dizer qual das teorias foi adotada pelo ordenamento
jurídico brasileiro.
Agora você, em caráter de professor dessa matéria, deve elaborar um texto que
explique a discussão, responda quais são as teorias que a fundamentam e também
qual a perspectiva adotada pelo nosso ordenamento.
RESOLUÇÃO
finalista não.
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adquire o produto e o serviço com objetivos econômicos, levando em
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consideração a vulnerabilidade, a ser verificada caso a caso.
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CENÁRIO CIBERNÉTICO
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
Estamos juntos para completar a última etapa dos nossos estudos em Direito
Cibernético.
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Em seguida, estudaremos o chamado cyberbullying, cuja compreensão não se
s e õ ç at o n a r e V
pode deixar de lado, já que se trata de um fenômeno que vem ocorrendo de
maneira recorrente nos ambientes virtuais.
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de forma alguma com aqueles criminosos?
s e õ ç at o n a r e V
Até que um dos investigadores teve a ideia de contratar um especialista em crimes
cibernéticos, a fim de que ele pudesse contribuir para o desfecho do caso. E assim
ocorreu.
Por fim, o especialista sugeriu ao Delegado que tomasse cuidado com algum
possível agente infiltrado em sua equipe, porque essa modalidade de ataque
somente é viável quando há acesso físico à máquina.
Não satisfeito com a resposta, desta vez o Delegado busca você, em caráter de
especialista em crimes cibernéticos e questões criminais, para realizar um
contraponto ao outro especialista.
CONCEITO-CHAVE
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potencializou o comércio eletrônico. Aquilo que antes levava anos para se realizar
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passou a ser feito em meses ou até mesmo dias.
Nesse sentido,
“
A história ensina que o progresso é inerente ao homem, e que fomos feitos para evoluir e inovar e
incondicionalmente buscar o avanço, contudo com muitos avanços pode-se ter também o retrocesso, em que
no meio de tantos benefícios, indivíduos procuram oportunidades para se beneficiar com a falta de
conhecimento do que é novo.
Fato é que esse novo ambiente, ao mesmo tempo em que fornece inúmeras
benesses aos usuários, se torna um atrativo para cibercriminosos, pois além da
alta circulação de dinheiro e informações nesse meio, os criminosos podem
desfrutar dos benefícios de praticidade, agilidade e, às vezes, anonimidade que a
Internet confere para perfazer as suas ações.
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Sendo assim, crime cibernético é toda ação ou omissão humana que de algum
modo lesa ou expõe a perigo bens juridicamente tutelados relacionados a
ferramentas de comunicação e controle de máquinas, isto é, “toda ação típica,
antijurídica e culpável contra ou pela utilização de processamento automático e/ou
0
eletrônico de dados ou sua transmissão” (FERREIRA, 1992, p. 141-142 apud
s e õ ç at o n a r e V
TEIXEIRA, 2020, p. 215).
“
O professor Ulrich Sieber, da Universidade de Wurzburg, afirma que essa espécie de criminalidade surgiu na
década de 1960, quando se iniciaram na imprensa e na literatura científica os primeiros casos do uso do
computador para a prática de delitos; constituída, sobretudo, por manipulações, sabotagens, espionagem e uso
abusivo de computadores e sistemas.
No entanto, foi somente na década de 1970 que esses crimes passaram a ser
estudados (ALVES; DINIZ; CASTRO, 2021). Anos depois, com a evolução da
informática, eles se diversificaram, passando a incluir a pirataria e a manipulação
da rede bancária.
“
Um estudo da Norton divulgado no dia 20 de setembro de 2011 mostrou que 80% dos adultos no Brasil já
foram vítimas de crimes na internet, sendo que 77.000 pessoas são vítimas de crimes cibernéticos por dia no
país. No mundo, são 1 milhão de pessoas vitimadas por dia, em 24 países pesquisados, cujos prejuízos
chegaram a US$ 388 bilhões em 2010.
Com isso, as legislações não só do Brasil, como do mundo, não foram capazes de
acompanhar esse crescimento exponencial da internet e dos crimes virtuais. No
Brasil, por exemplo, leis específicas de combate a crimes virtuais, alterando o
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Tão importante quanto compreender a definição e origem, além do grande
decurso de tempo até o surgimento de legislações específicas que previssem
s e õ ç at o n a r e V
crimes cibernéticos, é conhecer como esses delitos eletrônicos ocorrem e quais
são eles.
Não obstante, o malware, para não ser detectado, muitas vezes se utiliza de
formas de ocultação, tais como a compressão, a criptografia de código e a
mutação, que têm como objetivo enganar os softwares de proteção da máquina,
como os antivírus (PECK, 2020).
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os dados do aparelho, sendo deixado somente um arquivo acessível, normalmente
s e õ ç at o n a r e V
na área de trabalho, por meio do qual um criminoso solicita um resgate –
geralmente em criptomoedas – assegurando o envio de um código que retire a
criptografia dos arquivos bloqueados após o pagamento. Ocorre que muitas vezes,
mesmo após o pagamento, esse desbloqueio não ocorre, o que acaba lesando a
vítima duas vezes.
EXEMPLIFICANDO
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Há uma modalidade de ataque, por exemplo, na qual o infrator, em posse de um
SIM Card virgem da operadora de quem deseja atacar, solicita simplesmente a
s e õ ç at o n a r e V
transferência da linha, por intermédio da operadora, para o SIM Card dele, e ao
conseguir executar esse processo, adquire a posse dos códigos de autenticação de
alguns aplicativos, como o WhatsApp.
Após essa validação, por meio de SMS, o criminoso passa a interagir com pessoas e
grupos daquela conta, no intuito de violar a intimidade e a privacidade da vítima,
como também das pessoas próximas a ela, ou para solicitar transações financeiras
para os demais usuários em uma conta ligada àquele que perfez o ataque.
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Como se não bastasse, esse golpe também pode acontecer de uma forma mais
desenvolta, que envolve inicialmente a infecção do dispositivo por um malware
capaz de alterar as linhas do código numérico ou do código de barras do boleto
original para a conta do criminoso.
0
Além disso, há o fenômeno dos botnets. São redes de computadores que foram
s e õ ç at o n a r e V
previamente invadidos e infectados com malwares capazes de fazer com que essas
máquinas sejam controladas remotamente sem a permissão de seus donos (PECK,
2020).
ASSIMILE
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Por fim, há mais uma modalidade de ataque eletrônico: o ataque sobre o DNS. De
início, note que o DNS é o sistema que permite a correspondência de nomes de
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domínios com endereços IP. No DNS, existem tabelas que indicam para qual IP a
conexão deve ser direcionada quando certo domínio é digitado (PECK, 2020).
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dados pessoais de crianças e adolescentes.
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Dessa maneira, a LGPD elenca uma série de hipóteses, condições e limitações
diferenciadas, com o intuito de possibilitar que a criança e o adolescente interajam
com a tecnologia de forma segura.
“
§ 1° O tratamento de dados pessoais de crianças deverá ser realizado com o consentimento específico e em
destaque dado por pelo menos um dos pais ou pelo responsável legal.
§ 5º O controlador deve realizar todos os esforços razoáveis para verificar que o consentimento a que se refere
o § 1º deste artigo foi dado pelo responsável pela criança, consideradas as tecnologias disponíveis.
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Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito
ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente.
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
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pornográfica envolvendo criança ou adolescente.
s e õ ç at o n a r e V
— (BRASIL, 1990c, [s. p.])
O art. 241-A do ECA também pune quem oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por intermédio de
sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente. Já o art. 241-B pune quem adquirir, possuir ou armazenar, por
qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente. O art. 241-C
tipifica, a seu turno, a conduta de simular a participação de criança ou adolescente
em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou
modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual
(BRASIL, 1990c, [s. p.]). Por sua vez, o art. 241-D traz uma importante tipificação
que também tem muita recorrência em meios digitais, porquanto pune quem
aliciar, assediar, instigar ou constranger criança por qualquer meio de
comunicação, com o fim de com ela praticar ato libidinoso. Aliás, a expressão “cena
de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva
criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou
exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins
primordialmente sexuais (BRASIL, 1990c, [s. p.]).
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à obesidade, à erotização e ao enfraquecimento dos valores culturais e
s e õ ç at o n a r e V
democráticos.
“
A palavra bullying tem origem na língua inglesa e faz referência a bully, que entendemos como “valentão”,
aquele que maltrata ou violenta de forma constante outras pessoas por motivos supérfluos. É justamente esse
ato de maltratar ou violentar o outro de forma sistemática e repetitiva que é denominado bullying. Falamos de
cyberbullying, então, quando a agressão se passa pelos meios de comunicação virtual, como nas redes sociais,
telefones e nas demais mídias virtuais.
“
Não se pode desprezar o fato de que esses novos instrumentos tecnológicos conectam as crianças e
adolescentes a inúmeras oportunidades, que, por sinal, são capazes de potencializar o exercício, inclusive, de
seus direitos fundamentais, como a liberdade de expressão (art. 13), o direito à liberdade de reunião em
assembleias (art. 15), o direito à educação (arts. 28 e 29), o direito de jogar e brincar (art. 31) e vários outros da
Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança.
REFLITA
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Diante disso, em função das diversas ameaças incrustradas no meio digital é que o
Direito não só criou normas, como maneiras para facilitar a aplicação e,
consequentemente, mitigar os acontecimentos e efeitos dessas práticas, assim
como evoluiu no contexto de produção de provas, fazendo uso da perícia
0
computacional.
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Tendo em vista que as múltiplas atividades praticadas pelos usuários de
computadores sempre deixam rastros (TEIXEIRA, 2020), o propósito da perícia
computacional é descobrir esses vestígios e, a partir disso, adquirir provas que
comprovem determinadas conjunturas, as quais serão úteis posteriormente em
processos judiciais, sejam eles na esfera civil, criminal ou administrativa.
Com o passar dos anos e a evolução tecnológica cada vez mais presente no
cotidiano, surgiram novas disposições legais a respeito do tema, a exemplo do
Código de Processo Civil de 2015, nos arts. 411, 422, 439, 440 e 441, que
promoveram a flexibilização quanto à admissibilidade de provas digitais,
conferindo-lhes maior credibilidade jurídica (ROCHA, 2015). Afinal, prova eletrônica
consiste no ato de evidenciar determinado fato por intermédio de meios
eletrônicos (RAFFUL; RAFFUL, 2017).
Com isso encerramos mais uma importante etapa da nossa caminhada de estudos!
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Considerando as informações apresentadas e as diferentes modalidades de
ataques cibernéticos, analise as afirmativas a seguir:
s e õ ç at o n a r e V
I – O malware, popularmente conhecido como vírus de computador, é a principal
forma utilizada para cometer crimes no meio digital; trata-se de um ataque
coordenado, que ocorre por intermédio de conexões simultâneas ou envio de uma
imensa quantidade de dados, o que acaba gerando uma sobrecarga no alvo que,
não suportando essa abundância de informações, fica indisponível.
d. III, apenas.
e. II, apenas.
Questão 2
0
1- Obtém-se e coleta-se a mídia.
s e õ ç at o n a r e V
2- Exame.
4- Evidências.
5- Informações.
a. 1 – 2 – 3 – 4 – 5.
b. 1 – 3 – 2 – 5 – 4.
c. 1 – 2 – 3 – 5 – 4.
d. 1 – 3 – 4 – 5 – 2.
e. 5 – 4 – 3 – 2 – 1.
Questão 3
0
esses vestígios e, a partir disso, adquirir provas que comprovem determinadas
s e õ ç at o n a r e V
conjunturas, que serão úteis posteriormente em processos judiciais.
a. V – V – F – F.
b. F – F – V – V.
c. V – F - V – V.
d. V – F – V – V.
e. V – V – V – F.
REFERÊNCIAS
ALVES, M. A.; DINIZ, T. D. de M. D.; CASTRO, V. V. (Coords). Criminologia e
cybercrimes. Belo Horizonte: UFMG, 2020. Disponível em: https://bit.ly/2XlI8a0.
Acesso em: 8. jul. 2021.
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BRASIL. Lei nº 13. 105 de 16 de março de 2015. Código Processo Civil. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 16 mar. 2015.
s e õ ç at o n a r e V
BRASIL. Lei nº 13.709 de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados
(LGPD). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 ago. 2018.
PECK, P. P. Segurança digital: proteção de dados nas empresas. São Paulo: Grupo
GEN, 2020. Disponível em: https://bit.ly/2Xfzg5V. Acesso em: 5 jul. 2021.
ROCHA, V. S. A Prova obtida no meio digital: uma análise sobre a sua (in)validade
no processo judicial estadual. 57 f. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso
(Bacharelado em Direito) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS.
Disponível em: https://bit.ly/3lquyKV. Acesso em: 5 jul. 2021.
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TEIXEIRA, T. Direito digital e processo eletrônico. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
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Disponível em: https://bit.ly/3EhFKlT. Acesso em: 5 jul. 2021.
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Luiz Felipe Nobre Braga
s e õ ç at o n a r e V
Fonte: Shutterstock.
a) Dos fatos
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b) Modalidade do ataque
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O outro especialista estava equivocado ao afirmar que o ataque se tratava de um
DDoS. Esse ataque, como a sigla sugere, consiste na negação de serviço ao
operador. Assim, o ataque sobrecarrega de algum modo o sistema ou a rede e
impede o seu funcionamento. Ocorre que essa modalidade de ataque poderia
incidir ou sobre algumas unidades de arquivos, impossibilitando o acesso somente
a alguns documentos, ou sobre todas as funções do computador. Porém, de
acordo com os fatos, não foi isso que ocorreu.
Sendo assim, é necessário elencar outra modalidade de ataque que deu origem ao
acontecimento, modalidade essa que se adequa aos fatos, o ransomware. Essa
modalidade de malware consiste no sequestro de dados das vítimas e, dentre as
formas de atuação, há aquela que demanda o pagamento de um resgate, também
chamada de concomitante.
O ataque, ainda que fosse DDoS (o que não é, conforme explanado no tópico
anterior), pode facilmente ser aplicado sem um intermediador que obtenha o
acesso físico ao dispositivo, tal qual o ataque de tipo ransomware. Desse modo,
recomendar cuidado ao Delegado para com sua equipe pode soar exagerado, de
modo que o ataque poderia perfeitamente ter ocorrido sem nenhuma atuação
física junto à máquina.
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Com efeito, deve-se buscar a retirada da criptografia para realizar o backup dos
dados do computador do Delegado.
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AVANÇANDO NA PRÁTICA
s e õ ç at o n a r e V
CONTRIBUINDO PARA UMA REVISTA CIENTÍFICA
Uma editora conhecida da cidade convidou você, em caráter de especialista em
Direito Cibernético, para escrever duas colunas em uma revista científica, uma
acerca do cyberbullying e outra sobre a invalidade e a não admissão de provas
eletrônicas para o ordenamento jurídico.
RESOLUÇÃO
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É fato que muitos adolescentes vêm praticando o cyberbullying, mas isso não
se deve ao avanço tecnológico, e sim à ausência de cautela dos pais e de
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profissionais quanto ao meio em que ele se desenvolve. Devem-se estimular
comportamentos éticos e inclusivos nos meios digitais.
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