Questoes Contemporaneas BEATRIZ KUHL
Questoes Contemporaneas BEATRIZ KUHL
Questoes Contemporaneas BEATRIZ KUHL
CONTEMPORÂNEAS
QUESTÕES
CONTEMPORÂNEAS
PAT R I M Ô N I O
ARQUITETÔNICO
E URBANO
Rosío Fernández Baca Salcedo
Vladimir Benincasa
ORGANIZADORES
1ª edição – 2017
Bauru/SP
CONSELHO EDITORIAL
Profa. Dra. Cassia Letícia Carrara Domiciano
Profa. Dra. Janira Fainer Bastos
Prof. Dr. José Carlos Plácido da Silva
Prof. Dr. Marco Antônio dos Reis Pereira
Prof. Dr. Maria Angélica Seabra Rodrigues Martins
Capa
1. Pátio da Estação de Bauru (SP) – Foto de Rosío F. B. Salcedo
2. Seminário Seráfico de S. Antônio, Agudos (SP)
3. Fazenda do Ribeirão, Dom Joaquim (MG)
4. Casas, Bocaina (SP)
Contracapa
Detalhe da fachada do antigo Banco do Estado de São Paulo, São Paulo (SP)
Abertura de capítulos
Fachadas – Paraty (RJ)
ISBN 978-85-7917-417-9
CDD: 363.69
720.288
APRESENTAÇÃO 5
sua preservação, promovido pela sede brasileira do Centro Internacional
de Conservação do Patrimônio (CICOP-Brasil) e pela Federação Interna-
cional de Centros CICOP e, organizado pelo Programa de Pós-Graduação
em Arquitetura e Urbanismo da UNESP, Campus de Bauru, entre os dias
21 e 24 de outubro de 2014, pretendeu refletir e discutir a problemática do
patrimônio edificado, desde as grandes obras às mais modestas.
Vários especialistas do Brasil, da América Latina e da Europa foram convi-
dados a participar do evento e compartilhar suas experiências com os assis-
tentes. Foram várias palestras cujos conteúdos julgamos importante para
a alimentação do debate atual sobre o patrimônio, e que agora podemos
compartilhar, pois transformadas em textos e revisadas pelos seus autores.
Esperamos que a repercussão, além do âmbito do congresso, seja fecunda e
produza não só debate, mas ações efetivas e coerentes à dimensão cotidiana
que o patrimônio deve, e pode, ter.
PREFÁCIO 7
passado e futuro. Josep Muntañola e Magda Carulla contribuem com uma
precisa reflexão a respeito.
Ramón Gutiérrez traz um conjunto de proposições para uma visão inte-
gradora dos patrimônios edificado, natural e imaterial, e para a adoção de
uma postura crítica que não impeça a abordagem compreensiva das carac-
terísticas regionais e locais do patrimônio. Esta é uma questão importante
para destravar algumas discussões marcadas por divergências que podem
ser superadas. A crítica dos critérios patrimoniais pode ser o caminho para
superar divergências e levar em conta as mudanças na escala patrimonial,
englobando a sua dimensão cultural e territorial. Gutiérrez aponta, ainda, a
importância de dar maior relevância aos aspectos econômicos, administra-
tivos e políticos das questões patrimoniais e da destinação dos bens patri-
moniais e da ação preservacionista. Outra questão significativa abordada é
a da necessidade de a abordagem patrimonial acompanhar as mudanças da
cidade e da sociedade, salientando que a preservação do patrimônio é um
meio para alcançar melhor qualidade de vida, não um fim em si mesmo.
Como entender a questão da construção do patrimônio? Sob a ótica da acu-
mulação de bens ou sob o ângulo do compartilhamento de bens culturais
significativos para a identidade coletiva? Carrión Mena coloca essa questão
para analisar as ações de preservação do patrimônio. Aponta que a lógica
do mercado conduz à destruição e reconstrução das cidades, produzindo
o esquecimento, e que o reconhecimento de múltiplos significados é parte
essencial da condição de patrimônio cultural.
O campo da restauração no Brasil se encontra em meio a críticas prove-
nientes de diferentes origens e com diferentes propósitos. Beatriz Kühl
analisa essa questão apontando que o reconhecimento do restauro como
um campo disciplinar próprio e a adoção de um embasamento teórico e
metodológico bem estruturado possibilitam fazer frente a críticas e atingir
a viabilidade para intervenções bem-feitas.
Andrea Pane apresenta uma contribuição muito importante para a com-
preensão do panorama atual da questão patrimonial na Itália, mostrando
como, desde os anos 2000, está ocorrendo uma tendência de aproximação
de abordagens entre os partidários das três principais correntes teóricas
divergentes e presentes na Itália desde os anos sessenta, pelo menos: do
restauro crítico-conservativo, da pura conservação e da manutenção e res-
tituição a uma integridade e funcionalidade original. Citando o sociólo-
go Zygmunt Bauman e sua crítica da cultura da sociedade de consumo, e
PREFÁCIO 9
SUMÁRIO
■■ APRESENTAÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Rosío Fernández Baca Salcedo
Vladimir Benincasa
■■ PREFÁCIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
José Eduardo de Assis Lefèvre
2 A PRESERVAÇÃO E A VALORIZAÇÃO
O English Heritage foi criado em 1984 para ser o órgão oficial de orientação
ao Governo para agir no meio ambiente histórico e para incentivar a popu-
lação a entender, valorizar, cuidar e apreciar o seu meio ambiente histórico.
O início da responsabilidade legal do Governo pelo meio ambiente históri-
co no Reino Unido pode ser identificado com o Ancient Monuments Act de
1882. Nos 100 anos seguintes, o Estado continuou envolvido com a prote-
ção do Patrimônio construído nacional através de órgãos e departamentos
como o Ministério de Obras Públicas, o Historic Buildings Council, o Gre-
ater London Council e o Departamento do Meio Ambiente.
No início dos anos 1980 – Margareth Thatcher assumiu o cargo de pri-
meira-ministra em 1979 –, Michael Heseltine, Secretário de Estado para
o Meio Ambiente, propôs que o cerne da responsabilidade pelo Meio Am-
biente Histórico fosse transferido para uma agência semiautônoma que
fosse capaz de operar com maior eficiência e iniciativa, livre da supervi-
são ministerial no dia a dia. Na sequência, em 1984, a Historic Buildings
and Monuments Commission – ou, para usar seu nome menos formal, o
English Heritage – foi criada para assegurar a preservação e valorização
do Patrimônio produzido pelo homem na Inglaterra, para benefício das
futuras gerações, e incentivar a população a apreciar e entender seu meio
ambiente histórico.
Figura 2. A Rua Venezuela nos dias de hoje. Foto: Google StreetView (2011).
ACAYABA, Marlene Milan. Residências em São Paulo. 1947-1975. São Paulo: Projeto, 1986.
ANELLI, Aneli, GUERRA, Abílio, KON, Nelson. Rino Levi, arquitetura e cidade. São Paulo:
Romano Guerra, 2001.
DAVIES, Philip, KEATE, Delcia, DUMVILLE, Richard, PARFITT, Clare. Saving London:
20 years of Heritage at risk in the Capital. London: English Heritage, 2011.
DRURY, Paul, McPHERSON, Anna. Conservation Principles – Policies and Guidance for
the Sustainable Management of the Historic Environment. London: English Heritage, 2008.
MONTANER, Josep María, VILLAC, Maria Isabel, ROCHA, P.M. Mendes da Rocha. Lis-
boa: Blau, 1996.
Todo esto nos confirma en la idea que las plazas públicas relacionadas con
la formación u origen de nuestros centros históricos son espacios de un alto
4 CONSIDERACIONES FINALES
5 BIBLIOGRAFIA
CARLOS ALONSO VILLALOBOS (et al.). Guía del Paisaje cultural de la Ensenada de Bolo-
nia, Cadiz.Avance. PH Cuadernos 16. Junta de Andalucía. Instituto Andaluz de Patrimonio
Histórico. Consejería de Cultura. (2004)
1 Ver por ejemplo: Camic, C., & Joas, H. (2004). The Dialogical Turn. New York: Rowman-Lit-
tlefield; y también:Camic, C., & Joas, H. (2012). Dialogicality in Focus: Challenges to Theory,
Method and Application. New York: Nova Science Publishers.
2 Muntañola, J., & Saura, M. (2013). Archeological reconstruction and architecture today: the
confrontation. In M. C. Belarte, C. Masriera, R. Paardekooper, & J. Santacana (Eds.), Arque-
omediterrània 13. Interpretation spaces for archeological heritage: discussions about in situ re-
construction (pp. 25-29).
3 Ver por ejemplo: Bagnato, V. P. (2013). Nuovi interventi sul patrimonio archeologico: Uncontri-
buto alla definizione di un’etica del paesaggio. / Nuevas intervenciones en el patrimonio arque-
ológico: Una contribución a la definición de una ética del paisaje. Tesis Doctoral, Universitat
Politècnica de Catalunya, Departament de Projectes Arquitectònics. Director Profesora Magda
Saura Carulla.
4 Mumford, L. (1936, March). The Course of Abstraction. The New Yorker. Reproducido en es-
pañol en op.cit, nota 2.
5 Ricoeur, P. (1985). Temps et récit. Paris: Seuil.
6 Muntañola, J. (2007). Las formas del tiempo: Arquitectura, Educación y Sociedad (Vol. 1). Bada-
joz: Abecedario.
2 EL PARADIGMA DIALÓGICO
7 Muntañola, J. (2011). El Diálogo entre Proyecto y Lugar, un reto para la Arquitectura del s. XXI.
Cuadernos de Proyectos Arquitectónicos, 2, 33-38.
8 Bakhtin, M. (1990). Art and Answerability: Early Philosophical Essays. University of Texas Press.
9 Bakhtin, M. (1986). Speech Genres and Other Late Essays. University of Texas Press.
A) Tenemos una relación ESENCIAL y VIVA con las trazas del pasado, en el
presente (no como trazas inanimadas, sino como trazas ANIMADAS).
B) Existe una CONEXIÓN NECESARIA entre el pasado y el presente para
comprender el LUGAR que ocupa el pasado en el tiempo histórico presen-
te. Todo tiene un lugar estable y necesario en el tiempo.
C) El pasado en sí mismo debe ser CREATIVO (Ricoeur), debe AFECTAR el
presente. Este efecto creativo del pasado determina el presente y produce,
en conjunto con el presente, una cierta predeterminación del futuro.
D) La visión histórica se apoya en una profunda y esforzada percepción de la
localidad (LUGAR). La fuerza creativa del pasado tiene que hacerse evi-
dente bajo las condiciones de un lugar concreto, transformando un trozo
espacial de tierra en un lugar de vida histórica y social, en un rincón del
mundo histórico.
Ramón Gutiérrez
Voy a plantear para nuestro tiempo y nuestro espacio una reflexión sobre
la necesidad de una nueva mirada sobre los temas de patrimonio genera-
da a partir de la propia experiencia latinoamericana. A esta altura de la
trayectoria de medio siglo creemos que ella puede percibirse como distinta
de una experiencia euro-céntrica que ha dominado desde 1972, cuando se
ha creado la Convención Mundial del Patrimonio. A partir de ella se ha
construido un enfoque inicial donde se ha valorado el patrimonio tangible
en relación al patrimonio natural lo que parece un punto acertado que nos
hubiera posibilitado articular patrimonio edilicio con su entorno. Esto se
fue desarrollando paulatinamente en el cambio de escala que fue del mo-
numento al conjunto y sucesivamente a los poblados y centros históricos.
Es decir, fuimos construyendo una teoría positiva, aunque limitada por su
reducción original a lo material y lo ambiental.
Fue así que hubo que esperar casi treinta años para que se reconociera el pa-
trimonio intangible, en el año 2003 y, a pesar de ello, sus propuestas se las
vislumbrara como un campo autónomo, digno de ser valorado y entendido
en sí mismo. Por fin recién en el año 2005 una mayoría de países, no todos,
han avalado el carácter patrimonial de la diversidad cultural.
Uno de los temas que quisiera plantear es la necesidad de que empecemos
a revisar si necesitamos tres Convenciones diferentes si vamos a hablar
de Patrimonio, porque muchas de las obras de arquitectura, que nosotros
consideramos hoy patrimonio, no lo son por sus valores arquitectónicos,
Todo ello, sin dudas, es complejo y nos ha llevado a las sucesivas aproxi-
maciones a nuestras definiciones patrimoniales. Así, en el siglo XX, em-
pezamos hablando de un patrimonio material que se calificaba por lo “an-
tiguo”. Muchas de las legislaciones europeas y americanas identificaban
como requisito para ser patrimonio cuando se tenía más de 100 años. Hasta
la misma constitución de la República Española de 1931, que se suponía
progresista, determinaba esa edad para el patrimonio. Esto dejó durante
décadas fuera del patrimonio a todos los edificios del siglo XIX y del siglo
XX, por ejemplo.
A mediados del XX comenzaron los cambios y se logró replantear la cosa
y modificar estas formas de ver tan atadas al calendario. Por supuesto no
todos los edificios que tenían más de 100 años eran patrimonio, pero sí lo
eran muchos que tenían más de 100 años, aunque les faltaba el otro requisi-
to: “la monumentalidad”. Así fueron demolidas arquitecturas vernáculas,
tipologías de viviendas y conjuntos que no respondían a los patrones de la
“Arquitectura”, así con mayúsculas. En esto los arquitectos modernos, los
mismos que hoy reclaman se valore lo patrimonial de sus obras, fueron
responsables en primera línea. Tan obcecados en sus premisas modelísticas
que en el Cusco después del terremoto de 1950, demolieron absurdamente
conjuntos valiosos para ampliar una calle con criterios urbanísticos que
nacían de las concepciones vanguardistas apuntando a reconstruir la ciu-
dad con edificios alzados sobre pilotis corbusieranos…
Nosotros somos responsables de no valorar nuestro patrimonio cultural
de una arquitectura popular, que como tal, es intemporal, y que poseemos
como fruto de procesos de integración cultural significativos. En esta cir-
cunstancia convergen tipologías expresivas de los sistemas constructivos
de las comunidades originarias, procesos de transculturación adaptados
a circunstancias locales, la generación de nuevas propuestas sobre nuevos
programas y las experiencias acumuladas en la utilización de tecnologías y
respuestas que se sedimentan a través de los siglos.
Otra de las ideas fijas que tuvimos a mediados del siglo XX era la idea re-
ductiva del patrimonio vinculada al “Monumento” concebido como obra
singular. Por supuesto existe el Monumento, que marca una referencia y un
hito cultural importante, pero esa idea era también insuficiente y requería
trabajar el patrimonio de una manera distinta. Hay monumentos que están
aislados, y que pueden ser individualizados como tal, entre ellos la famosa
fortaleza Citadelle que los esclavos negros de Haití, el primer país que se in-
dependizó en América, construyeron en 1804 en un inaccesible paraje, sin
embargo, su relación con la topografía y el entorno es un elemento decisivo
en sus condiciones de diseño. El monumento nunca está totalmente aislado
de su circunstancia. En este caso el medio natural define su emplazamien-
to, por su funcionalidad las características de su accesibilidad, es decir el
cuidado del contexto nos dice que tenemos desde el inicio que hablar del
monumento y su circunstancia.
Así, del monumento aislado pasamos a valorar el “Conjunto” y a atender no
solo la arquitectura del elemento singular, el monumento, sino la arquitec-
tura de acompañamiento del mismo. Aquella que hacia posible muchas ve-
ces que el monumento tuviese el carácter de tal, que lo jerarquizaba con sus
valores, que lo acompañaba y que le daba entidad. El monumento adquiría
relevancia mirándolo desde la perspectiva del conjunto y no solamente des-
de la perspectiva de las expresiones intrínsecas de la obra.
En otros casos el Conjunto valía y se expresaba por si mismo. Cada inte-
grante podía ser un monumento, pero un monumento que aisladamente
también podía desaparecer ya que el patrimonio radicaba en el conjunto.
Podemos ejemplificarlo con el barrio de viviendas populares “Los Perales”
de Buenos Aires, construido en 1947–1949. Su vigencia marca una nueva
dimensión patrimonial vinculada a la presencia de lo social en los valores
culturales y de sus aportes urbanos. La destrucción de uno de estos bloques
altera los valores de condiciones del diseño así integrado.
1 INTRODUCCIÓN
Nunca como ahora había estado tan presente el tema del patrimonio en la
agenda de los medios de comunicación, en el espacio de los especialistas y
en el escenario de la ciudadanía patrimonial. Sin duda que esta visibilidad
y posicionamiento no es casual: ¡nunca se había destruido tanto patrimonio
como ahora!
El proceso de destrucción selectivo y masivo del patrimonio se ha desar-
rollado sin el impedimento de los sujetos patrimoniales institucionales -na-
cionales e internacionales- encargados de velar por su salvaguarda, tanto
que estos no han reaccionado frente, por ejemplo, al derrocamiento de la
Biblioteca de Alejandría, al bombardeo de Bagdad, a la invasión turística en
Venecia, a la construcción de las grandes torres habitacionales en Santiago
Centro o al vaciamiento de la sociedad en el Centro Histórico de Quito2. Es
más, en muchos casos, sus propias acciones han sido las que han deteriora-
do el acervo acumulado.
Esta debilidad institucional pone en cuestión su condición estructural y
también los paradigmas tradicionales con los que han abordado la temáti-
ca3. En otras palabras la destrucción patrimonial, la debilidad institucional
y la obsolescencia conceptual -en el marco de la globalización- configuran
4 Situación muy parecida se vivió con la Segunda Guerra Mundial en Europa, que dio lugar
justamente a un impulso muy fuerte de las tesis de la restauración y reconstrucción
monumental.
5 Tres grandes coyunturas patrimoniales han vivido la humanidad: la primera, con la primera
modernidad; la segunda, con la guerra mundial y ahora, con la globalización.
6 Al momento son 187 ciudades consideradas patrimonio de la humanidad por la UNESCO, las
que deciden conformar la Organización de Ciudades Patrimonio de la Humanidad (QCPM),
para intercambiar experiencias, difundir conocimientos, generar asistencia técnica, entre otras
(ovpm.org/main.asp). Además, se debe señalar que en el año 2013 estaban catalogados 981
sitios: 759 culturales, 193 naturales y 29 mixtos, en 160 países del mundo.
7 Por monumento se entiende según el DRAE: “Obra pública y patente, como una estatua,
una inscripción o un sepulcro, puesta en memoria de una acción heroica u otra cosa singular.
Construcción que posee valor artístico, arqueológico, histórico, etc.” (resaltado nuestro).
8 Acervo: conjunto de bienes morales o culturales acumulados por tradición o coherencia.
11 La Segunda Guerra Mundial destruyó de un día para otro el patrimonio de las ciudades,
mientras en América Latina la erosión vino de las condiciones socioeconómicas y de las
características de la urbanización.
12 La Carta de Atenas (1931) fue redactada solo por especialistas europeos, en la de Venecia (1964)
participaron tres “tres extraños” provenientes de Perú, México y Túnez y luego en 1972 se
realizó la primera Convención sobre la protección del patrimonio mundial, cultural y natural
con la participación de cerca de 80 países del mundo.
13 Según Tomas Kuhn, “el paradigma hace referencia al conjunto de prácticas que definen una
disciplina científica durante un período específico.
14 En mucho se acerca a la propuesta de Marx (2000) respecto del sentido y contenido del
“fetichismo de la mercancía”.
15 Aquí se inscribe esa definición del patrimonio monumental colonial como determinación
de existencia de un centro fundacional de valor en América Latina que, incluso, termina
por definirlo como un centro homogéneo y colonial (casco colonial, estilo colonial) que se
proyecta. Lo colonial no fue homogéneo, sino de la imposición de la cultura y la economía de los
conquistadores a los conquistados. Si bien fue una fase histórica que no se puede olvidar, ello no
puede conducir a sublimar.
16 Como también lo son los conceptos de democracia, desarrollo y descentralización, entre otros.
17 Este reconocimiento de lo jurídico tiene dos implicaciones muy importantes: primero, se ubica
en el campo del derecho y, segundo, lo convierte en un proceso público que está normado -a
través de un pacto social: esto es una ley-, que son formas de procesar el conflicto venido de la
heredad.
18 Se refiere a los sujetos patrimoniales (patriarcales) que consideran como propios los bienes
públicos; es decir, se apropian lo público.
19 “Mi labor en el continente americano durante más de veinte años, en contraste con el trabajo
en mi país y resto de Europa, me ha hecho observar que para resolver el problema de la
conservación del patrimonio cultural americano es necesario un planteamiento diferente al
europeo, en muchos aspectos. (...) Aunque la filosofía de los criterios restauradores tenga una
unidad original en todo el mundo, no se pueden olvidar las características diferenciales entre
el patrimonio cultural europeo y el americano” (González de Valcárcel, 1997).
20 Término que viene del latín: urbs, ciudad; caedere, cortar o asesinar y occido, masacre.
21 Si se mide por la tasa de homicidios se tiene que en 1980 era de 12 por cien mil habitantes, cosa
que para 2006 subió a 25, 3 (Klisberg, 2008).
4 CONCLUSIONES
5 BIBLIOGRAFIA
Choay, Francoise (2007): Alegoría del Patrimonio, Ed. Gustavo Gili, Barcelona.
Del Pino, Inés (2013): “Impactos del turismo en sectores patrimoniales”, ponencia presenta-
da en: La intervención urbana en centros tradicionales con enfoque social, Bogotá.
Marx, Carlos (2000): El Capital, Ed. Fondo de Cultura Económica, Ciudad de México.
Robertson, Roland (1992): Globalization: social theory and global culture, E. Sage. Londres.
Tomas Kuhn (1971), La estructura de las revoluciones científicas, Ed. Fonde Cultura
Económica, México.
Rojas, Eduardo (2004): Volver al Centro: la recuperación de las áreas centrales. Ed. Bid,
Washington.
RESUMO: Este texto tem por intuito pontuar alguns temas relevantes para a
restauração hoje, por meio da análise da bibliografia e de casos de interven-
ção, enfatizando três aspectos: mostrar certas tentativas de desqualificação
do campo do restauro no Brasil, explorando algumas das causas desse fenô-
meno; caracterizar o restauro como campo disciplinar, com intuito de reafir-
mar a sua pertinência e que existem diversas possibilidades de abordagem;
por fim, o objetivo é mostrar que restaurações bem-feitas e bem fundamen-
tadas nos referenciais teórico-metodológicos do campo são viáveis do ponto
de vista econômico e técnico.
Palavras-chave: Restauração. Preservação. Teoria da restauração. Projeto
arquitetônico.
ABSTRACT: This text discusses some relevant issues related to the field of
preservation today, analyzing the bibliography and some interventions. The
aim is to emphasize three aspects: to show that there are attempts to dis-
qualify the field of restoration in Brazil, exploiting some of the causes for this
phenomenon; to characterize restoration as a disciplinary field, with the in-
tent to reaffirm its significance and its several possible approaches; lastly, the
purpose is to show that good restorations, based on theoretical and method-
ological references of the field, are viable, both economically and technically.
Keywords: Restoration. Preservation. Restoration theory. Architectural
Project.
1 INTRODUÇÃO
Este texto tem por intuito, sem a pretensão de esgotar o assunto, pontu-
ar alguns temas relevantes para debater a restauração nos dias de hoje,
enfatizando três aspectos que correspondem à estrutura da discussão. O
1 Essa é a proposta de Cesare Brandi, por exemplo. Existem outras linhas, com raízes no pensa-
mento de John Ruskin e Alois Riegl, que caracterizam conservação e restauro como ações de
natureza diversa. Neste texto, será discutida a necessidade de utilizar preceitos teóricos para
guiar atuações práticas, qualquer que seja a definição dos termos adotada. É bom lembrar que,
em Portugal, a palavra conservação é usada também com um sentido abrangente, semelhante
ao uso da palavra preservação no Brasil. Para a transformação do pensamento sobre interven-
ções em bens culturais e para circunstanciar de maneira mais adequada o debate atual, ver:
CARBONARA, 1997; CHOAY, 2001; JOKILEHTO, 1999; SCARROCCHIA, 1995.
A restauração, nos dias de hoje, vem sofrendo ataques de várias ordens, pro-
venientes das mais diversas motivações. Serão apresentadas, a seguir, algu-
mas delas.
Uma das formas de desqualificação não é um ataque direto e, talvez, nem
mesmo deliberado, mas provém do desconhecimento da existência do cam-
po disciplinar. Existe um grande número de profissionais, de várias áreas,
que atuam em bens culturais e nem sabem da existência de um campo disci-
plinar que se ocupa deles, que tem referenciais teórico-metodológicos e téc-
nico-operacionais que devem ser interpretados para a situação atual e para
o caso específico. Ao desconhecer, ou desconsiderar, a existência do campo,
muitas ações resultam em problemas sérios de falta de respeito pelos aspectos
materiais, documentais, de conformação, memoriais e simbólicos dos bens a
serem preservados.
Outro foco de problemas é gerado pela falta de clareza em relação aos con-
ceitos e instrumentos envolvidos no campo. Uma primeira grande dificulda-
de é relacionada ao fato de o conceito de restauração, no campo disciplinar
do restauro, ter assumido conotação muito diversa da acepção comum da
palavra restauro, que é associada à volta a um estado original. No campo
disciplinar, porém, por um longo e complexo processo através do tempo, o
conceito se distancia dessa acepção comum e reconhece o respeito pelas vá-
rias fases de uma mesma obra, as marcas da passagem do tempo e a licitude
de manifestações contemporâneas, desde que isso seja feito com respeito pela
estruturação da obra, ou do conjunto de obras, ao longo do tempo. O restau-
ro consolida-se como ato conceitual que depois se torna operacional; ou seja,
não é mera operação técnica e, no caso do restauro arquitetônico, exige proje-
to que prefigure e controle a ação (CARBONARA, 1992). Há plena consciên-
cia de que não é possível congelar a obra num estado qualquer, e, desse modo,
o projeto é o modo de endereçar as transformações que sempre ocorrerão.
Além desse problema de base, existem confusões de várias ordens no que
respeita aos instrumentos teóricos. Apenas a título de exemplo, tomemos as
cartas patrimoniais. É comum, na produção científica brasileira, colocar no
mesmo plano várias cartas, sem a devida abordagem crítica, passando alea-
toriamente de partes de um documento para trechos de outro, como se elas
fossem um coletivo plural coerente. São tratadas como convergentes coisas
2 Para uma abordagem do papel das cartas patrimoniais e análise da Carta de Veneza, ver:
KÜHL, 2010. Para mais informações sobre a carta, ver ainda: PANE, 2010.
4 Ver, por exemplo, no que respeita ao caso italiano, a construção historiográfica feita por: CAR-
BONARA, 1997, p. 393-439. Ver ainda MIARELLI MARIANI, 2000. Para mais referências
bibliográficas, ver KÜHL, 2009.
5 A questão, na verdade, é relatada desde a Antiguidade, mas assume maior consistência a partir
do século XV. Para exemplos anteriores, além da bibliografia citada na nota 1, ver, por exemplo:
PERGOLI CAMPANELLI, 2014.
6 As informações sobre o prêmio e sobre os projetos premiados nas várias edições estão no sítio
do Prêmio: http://www.premiorestauro.it/.
8 Para análise do problema, ver SOUKEF JR., 2013. Ver também os dados que constam do pro-
cesso 62696/2010 no Condephaat.
9 É necessário lembrar um caso de grande relevo para o Condephaat, que conseguiu evitar a
demolição do colégio Caetano de Campos em São Paulo (tombado em 1975), durante a Cons-
trução do Metrô. O argumento para a destruição era a impossibilidade de alterar o traçado do
ponto de vista técnico e dos custos. E, no entanto, diante da mobilização de diversos setores
contrários à demolição daquele marco paulistano, outra solução foi conseguida e o colégio
persiste no local.
10 Georg Mörsch (1995), ao analisar o fachadismo – ato de desventrar e desossar um edifício
histórico –, lembra que um interesse escrupuloso e específico pelo projeto de intervenção em si
e o respeito por todas as partes características dos bens vai contra a tendência a esquematizar,
a estandardizar e, sobretudo, opõe-se à preguiça mental.
12 Exemplo é descrito por Simona Salvo (2006): a restauração das fachadas do arranha-céu da
Pirelli, em Milão, projeto de Gio Ponti (construído entre 1956 e 1960). Estudos conscienciosos
levaram a projeto fundamentado e obra bem-sucedida em prazos reduzidos (estudos: julho-
-dezembro de 2002; projeto executivo: março de 2003; obras concluídas em abril de 2004). O
custo foi cerca de 20% menor do que o orçamento para a substituição da fachada contínua,
apresentado por equipe de especialistas que considerara as fachadas originais irrecuperáveis
do ponto de vista técnico e que, mesmo se o fossem, não teriam um desempenho de isolamento
térmico e acústico adequado. As fachadas restauradas têm um desempenho técnico igual ou
superior ao das melhores fachadas contemporâneas.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
______. Beni culturali, restauro, e recupero: un contributo al chiarimento dei termini. In:
IL RECUPERO del patrimonio architettonico. Aosta: s.e., 1992, p. 40-41.
ICOMOS-Australia. The Burra Charter. Burra: Icomos-Australia, 1999. Disponível em: <
http://australia.icomos.org/wp-content/uploads/BURRA-CHARTER-1999_charter-only.
pdf> Acesso em: 09 ago. 2013.
______. Notas sobre a Carta de Veneza. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 18, n. 2, p.
287-320, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0
10147142010000200008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 27 out. 2014
MIARELLI MARIANI, Gaetano. I restauri di Pierre Prunet: un pretesto per parlare di ar-
chitettura. Palladio, Roma, n. 27, p. 65-92, 2000.
______. Riflessioni su un vecchio tema: il nuovo nella città storica. Restauro, Napoli, n.
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le. In: SCARROCCHIA, Sandro. Alois Riegl: Teoria e prassi della conservazione dei monu-
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PANE, Andrea. Drafting of the Venice Charter: historical developments in conservation. Du-
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Andrea Pane
Università degli Studi di Napoli Federico II
Le radici del nostro discorso possono essere collocate al 1964, anno di ap-
provazione della celebre Carta di Venezia, di cui proprio quest’anno ricorre
il cinquantenario (DI BIASE 2014; PANE 2014). E’ fondamentale inoltre
richiamare – insieme con la Carta di Venezia – la pubblicazione del testo
di Cesare Brandi Teoria del restauro, apparso nel 1963 come compendio
e sintesi delle lezioni da lui stesso svolte per circa vent’anni in qualità di
direttore dell’Istituto Centrale del Restauro, da lui stesso fondato nel 1941
(BRANDI 1963).
Dando per scontati i contenuti tanto della Carta di Venezia quanto del vo-
lume di Brandi, possiamo iniziare la nostra riflessione a partire dalla di-
versa ricezione che tali testi hanno conosciuto nell’ambito delle scuole di
restauro italiane.
Proprio a partire dagli anni Sessanta, infatti, hanno iniziato a definirsi in
Italia, in maniera molto più netta di quanto accaduto in precedenza, diverse
scuole di pensiero in materia di restauro, che hanno proposto orientamenti
teorici e operativi diversi. Tali scuole hanno avuto un confronto molto ser-
rato durante alcuni decenni, così come è accaduto, in parallelo, nel campo
della progettazione architettonica. Come per le teorie sull’architettura con-
temporanea, anche nell’ambito del restauro si è dunque prodotta una dia-
lettica tra orientamenti opposti, spesso sostenuta da fondamenti ideologici,
che oggi appaiono, nel bene e nel male, in parte dimenticati. L’Italia, in par-
ticolare, paese tradizionalmente incline all’elaborazione teorica in materia
di architettura più di altre nazioni europee, ha visto un dibattito intenso e
serrato anche per la notevole presenza di patrimonio, costruito nell’arco di
molti secoli sul suo territorio, benché la ricchezza del paese in termini di
beni culturali sia più qualitativa che quantitativa (SETTIS 2010).
Questo confronto è stato particolarmente intenso negli anni 1970-2000, e ha
dato luogo – molto schematicamente – a tre orientamenti, benché tali posizio-
ni appaiano oggi un po’ più sfumate di quando furono formulate (VARAG-
NOLI 2010). L’attenuarsi dei conflitti tra i diversi orientamenti disciplinari
può collocarsi all’inizio degli anni 2000, in coincidenza con l’esplicita inten-
zione – manifestata dal Ministero per i Beni Culturali e le Attività Culturali
– di inserire una definizione condivisa del termine “restauro” all’interno del
nuovo strumento legislativo allora in gestazione (art. 29 del Codice dei Beni
2.3 La manutenzione-ripristino
4 CONCLUSIONI
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RESUMO: Pensar a paisagem deve ser o princípio básico dos projetos pai-
sagísticos. Isso se evidencia nos depoimentos do artista Roberto Burle Marx
sobre os projetos iniciados na década de 1930 no Recife, tratando da arte,
ecologia e história do jardim. Apesar da expressividade de sua obra no Brasil
e no exterior, esse conhecimento paisagístico foi pouco assimilado nas esco-
las de arquitetura visando à instrução do olhar e ao pensamento paisagístico.
Notam-se avanços nos aspectos teóricos e técnicos em restauração de jar-
dins históricos e na inclusão da paisagem cultural carioca como patrimônio
da humanidade, mas o desafio está na conservação. Na verdade, o jardim
histórico como um tipo de paisagem cultural é mais assimilado e está mais
próximo da tradição brasileira, porém ainda não foi incorporado como meio
de compreensão da paisagem. O objetivo deste artigo é aproximar a teoria
da paisagem presente no debate internacional à concepção do projeto pai-
sagístico e de sua conservação como patrimônio arquitetônico, incluindo o
jardim.
Palavras-chave: Paisagem. Jardim. Conservação. Patrimônio.
Pelo que foi dito, admite-se que essa unidade paisagística seja originada da
percepção individual ou de algum outro limitante em relação ao que se tem
em foco como uma resposta do olhar e do sentir que alimenta o pensamen-
to paisagístico. Além disso, por seu caráter de categoria de pensamento, a
paisagem é muitas vezes atribuída a algo descolado do ser humano. En-
quanto que para os orientais a paisagem é intrínseca à sua condição de ser,
por uma relação mais espiritual e ecológica com a natureza, com a terra e
o cultivo, para os ocidentais a origem da paisagem está na pintura de pai-
sagem, fora do ser, como objeto visual. Na visão de Berleant (2012, p. 349):
Outra maneira bem didática é refletir sobre os critérios que Augustin Ber-
que criou, empiricamente, para considerar uma civilização paisagística.
Segundo ele, esses critérios específicos seguem citados:
3 PAISAGEM E PATRIMÔNIO
Berque afirma que a paisagem nem sempre existiu, pois muitos seres hu-
manos não consideram seu ambiente como paisagem. É preciso o olhar e
o pensamento paisagístico. Na medida em que prevalece um pensamen-
to paisagístico, quando a paisagem está representada em diversos tipos de
ações humanas, ela constitui um patrimônio da sociedade. Nos estudos de
Berque, o sentido de paisagem nasceu na China no século IV, pois foi ex-
pressa pela primeira vez no termo shanshui, que significa “os montes e as
águas”. Esse termo foi utilizado por poetas que expressaram a atitude dos
mandarins de se retirarem para suas terras para contemplarem a natureza
com um olhar de letrados e não de camponeses diante de fatos políticos
que geraram mudanças no regime interno das dinastias (BERQUE, 2012).
4 JARDIM E PATRIMÔNIO
O inventário dos jardins históricos de Burle Marx foi elaborado pelo Labo-
ratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco, atendendo às
exigências da Carta de Florença, e foi encaminhado ao IPHAN para apoiar
o processo de tombamento. Com o inventário, foi possível se perceber a
complexidade de um monumento vivo pela análise botânica, que revela as
associações das espécies vegetais levando em conta a história da vegetação,
o clima, o tempo de floração e a interação da fauna, e a especificidade de
cada um em particular, assim como a visão de conjunto.
Por sua vez, a Carta dos Jardins Históricos Brasileiros de 2011, produzida
no I Encontro Nacional de Gestores de Jardins Históricos organizado pelo
IPHAN, Fundação Museu Mariano Procópio e Fundação Casa de Rui Bar-
bosa, em Juiz de Fora no ano de 2010, salienta também a compreensão do
jardim como sistema e “unidade básica” que reúne componentes e articula-
ções a partir de um pensamento. Mostra os fatores de degradação e destaca,
nas recomendações, a necessidade de capacitação de mão de obra em todos
5 CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2 EPISTÉME E TÉCHNE
3 O OBJETO TÉCNICO
Como corolário do que foi dito anteriormente e como caso aplicativo, ve-
jamos então o caso dos antigos edifícios de alvenarias e como os antigos
princípios, regras e procedimentos executivos da sua construção podem ser
usados nas três fases principais do processo de conservação (MASCARE-
NHAS-MATEUS, 2001, p. 281-313):
7 ALGUMAS CONCLUSÕES
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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