Introdução Comentários

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TEXTO ÁUREO

“[…] Disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho
chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram” (At
13.2,3)

COMENTARIO

O Espírito falou - possivelmente por intermédio de algum dos membros deste grupo
(havia profetas entre eles - 13.1). O Espírito lhes disse que apartassem Barnabé e Saulo
para a obra especial que Deus tinha para eles. A imposição de mãos era um ato
simbólico que indicava o reconhecimento público do chamado e da capacidade, além da
associação de uma congregação particular com um ministério. As raízes deste costume
estão no Antigo Testamento, onde isto era feito para designar alguém para um cargo
(Nm 27.23), abençoar alguém (Gn 48.14) ou consagrar alguma coisa a Deus (Lv 1.4). A
igreja de Antioquia estava se identificando com estes dois homens e a sua missão. Feito
isto, eles os despediram.

Estes crentes estavam servindo ao Senhor e jejuando quando Deus lhes enviou uma
mensagem especial. Da mesma forma como Pedro e Cornélio tinham recebido
mensagens enquanto oravam (capítulo 10), Deus também fàlou a estes crentes enquanto
eles o procuravam. “Jejuar” significa abster-se de alimentos durante um período
específico, com a finalidade de se concentrar no Senhor. As pessoas que jejuam podem
aproveitar o tempo de preparação da comida e o da refeição para adorar e orar. Além
disto, a dor da fome os lembrará da sua completa dependência de Deus (veja também 2
Cr 20.3; Ed 8.23; Et 4.16; Mt 6.16-18). (Comentário Bíblia Aplicação Pessoal, CPAD)

1 3 .1 - 3 Jejum e oração . Os líderes da Igreja Primitiva chegavam a decisões somente


depois de jejuar e orar. Em Antioquia, os profetas e mestres jejuavam e oravam,
buscando a direção de Deus para a Igreja. Enquanto eles esperavam por Deus, o Espírito
Santo deu a direção (v. 2), começando, assim, o ministério missionário, que, por fim,
levou o evangelho ao mundo inteiro. Os líderes piedosos confiam em Deus para a
direção e fortalecimento de sua vida e ministério. 0 jejum disciplinado e oração
constante são meios comprovados para se chegar a isso e, sendo assim, são obrigatórios
na vida dos líderes (Mt 9.15). (Nm 13.1—1445/At 16.6-10) (Comentário Bíblia de
Estudo Plenitude)

 VERDADE PRÁTICA

 A oração e o jejum são disciplinas espirituais que potencializam sensivelmente a vida


piedosa do crente.

Comentário

 As disciplinas espirituais são maneiras comuns e diárias que Deus nos deixou para
experimentarmos os benefícios do sacrifício de Cristo, ou seja, é a forma de
desfrutarmos um relacionamento pleno com o Senhor e desenvolver a nossa vida
espiritual.

As chamadas Disciplinas Espirituais, também chamadas de Meios da Graça. Que são


formas de desenvolvermos a nossa espiritualidade cristã. Sem os meios da graça,
jamais nos tornaremos Cristão maduros. É preciso buscarmos relacionamento com
Deus para sermos moldados por Ele.

INTRODUÇÃO COMENTÁRIOS

Nesta lição, aprenderemos acerca da oração conforme ensinada por Jesus Cristo, bem
como as lições espirituais do jejum. O Divino Salvador nos assegura que, orando e
jejuando ao Pai em secreto, Ele não estará indiferente às aspirações da alma, isto é, às
nossas orações. Contudo, é imprescindível que a oração e o jejum sejam realizados da
maneira que Jesus ensinou. Por isso, estudaremos o modelo verdadeiro de oração e
jejum ensinado pelo Senhor Jesus no Sermão do Monte

 
COMENTÁRIO

 Depois de falar como exercer a prática religiosa de ajudar os outros com ofertas, sem
buscar exibir a justiça própria, nosso Senhor prossegue com o segundo ensino
envolvendo a oração dirigida ao Pai. O destaque do Mestre divino é que nesse nível de
comunhão pessoal não podemos, em momento algum, ser seduzidos pelo pecado, o
qual não nos acompanha apenas quando estamos buscando ser reconhecidos pelos
outros para recebermos louvores.

Frente a essa segunda ilustração de Cristo em Mateus 6.5-18, não se deve pensar que
Jesus estivesse tão somente combatendo o procedimento hipócrita dos escribas e dos
fariseus ou de qualquer pessoa que procura chamar a atenção para si mesma; a
exortação de Jesus é para todos. O problema é que nunca olhamos para essas palavras
de Cristo entendendo que elas sejam para nós, pois são pesadas. Todavia, elas são
dirigidas para nós, porque o pecado tem agido em toda a humanidade gerando em
cada coração egoísmo e orgulho. Muitas pessoas vivem se orgulhando porque oram
muito, jejuam muito, e é nesse sentido que seremos confrontados por Cristo.

Nessa nossa caminhada para a perfeição absoluta que desejamos, a santidade final,
precisamos sempre da ajuda do Espírito Santo para que nenhum ato da natureza
pecaminosa, que nos acompanha sempre, tenha domínio da nossa vida (Gl 6.16). A
nossa natureza carnal nos acompanhará até o dia em que seremos transformados e
receberemos um novo corpo (Fp 3.21). Portanto, quer seja pastor, quer seja professor,
quer seja aluno da escola dominical, por mais santo que acredite ser — ou seja —, o
cristão ainda tem a natureza carnal implantada no seu ser.

Não podemos cair na tentação de pensar em pecado somente no quesito ações, pois,
na verdade, ele está relacionado a um estado do coração. Por vezes, a pessoa pode
estar orando ou jejuando querendo ser glorificado e exaltado por outros, sua intenção
é carnal, farisaica, hipócrita, uma vez que se apropria de elementos da prática da vida
piedosa para tirar proveito. Nesse caso, tal pessoa não estará adorando a Deus, mas a
si mesma.
Devemos ser conscientes de que no desenvolvimento das mais sublimes atividades de
comunhão com Deus o pecado não nos deixa, ele está ali latente em nosso ser, sua
força não se sobressai porque o Espírito Santo sufoca. É claro, não há coisa mais linda,
maravilhosa, do que ver um cristão de joelhos aos pés de Cristo. Isso fala tanto de
quebrantamento como de humilhação e dependência diante daquele que está acima
de tudo e de todos. Mesmo assim, o grande vilão está ali, se não vigiarmos seu poder
se manifestará.

Nessa segunda seção de Mateus, com o Senhor Jesus iremos entender que para orar e
jejuar da maneira correta é preciso passar pelo novo nascimento (Jo 3.3), e depender
constantemente da graça do Senhor para não sermos tentados no campo da
autoadoração e da autoperfeição, pois o pecado não é só uma questão de ação,
atitude, ele está implantado em nossa natureza, é algo íntimo.

Nas palavras de Cristo em Mateus 6.5-18, Ele nos alerta a não cairmos na tentação da
natureza pecaminosa, porque mesmo sozinhos podemos pecar, com as orações e
jejuns corremos o risco de sermos hipócritas, não perante os outros, mas perante
Deus. Com Jesus iremos aprender a orar da maneira certa, e não praticar orações de
modo errado.

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a


Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 158-160.

NATUREZÁ DA ORAÇÀO (6:5-15). Dificilmente poderemos exagerar a importância da


oração; e, no entanto, nos vemos tão preguiçosos em sua prática. Jesus advertiu
contra o abuso da oração, pois os fariseus e outros líderes religiosos, que deveriam
saber melhor, usavam-na como meio de se glorificarem ante os homens. Jesus não
condenou a adoração pública e nem as orações em público, mas tão-somente
procurou sujeitar tudo ao espírito de humildade.

Ele queria libertar as orações das atitudes teatrais, tornando-as parte do santuário.
Quão frequentemente a igreja se transforma em um teatro, ao invés de ser um
santuário!
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. pag. 321.

 JESUS ENSINA SOBRE A ORAÇÃO / 6.5-15 / 59

O segundo ato de piedade mencionado por Jesus foi a oração. Algumas pessoas,
especialmente os líderes religiosos, queriam que os outros pensassem que fossem
muito santos e que a oração em público fosse uma forma de receber atenção. Existe
um lugar para a oração em público. Mas, orar somente quando os outros verão indica
que a verdadeira intenção é agradar às pessoas, e não a Deus.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão:


2010. Vol. 1. pag. 46.

Na oração nos relacionamos m ais diretamente com Deus, do que na boa ação de dar
esmolas; portanto, estamos mais preocupados em ser sinceros, que é o nosso foco
aqui. “Quando orares” (v. 5). Tem-se como certo que todos os discípulos de Cristo
oram. Podemos observar que Paulo orava desde o início de sua conversão. Se você
puder encontrar um homem vivo que não respire, também poderá encontrar um
cristão vivo que não ore. Porque todos os que são cristãos oram. Se não há oração, não
há graça. “Quando orares, não sejas como os hipócritas”, nem faças o que eles fazem
(v. 5). Note que aqueles que não fizerem o que os hipócritas fazem, em seus caminhos
e ações, não devem ser como eles em sua disposição e índole. Jesus não cita ninguém,
mas em vista de Mateus 23.13, parece que por hipócritas aqui Ele quer dizer
especialmente os escribas e fariseus.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO


Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pag. 63.
I – A ORAÇÃO É UM DIÁLOGO COM O PAI

1- A natureza da oração.

Podemos dizer que a oração é o diálogo da alma com Deus, a qual aparece na Bíblia
Sagrada em diversas formas como confissão (1Rs 8.47; Ne 1.6; Dn 9.3-15), adoração (SI
45-1,8; Mt 14.33; Ap 4.11), comunhão (Gn 18.33; Êx 25.22; 31.18), ações de graças,
feito de modo belo por Miriã (Êx 15.20,21), Débora (Jz 5) e Davi (2Sm 23.1-7). No Novo
Testamento, Paulo exortou os cristãos a fazerem sempre esse tipo de oração (Fp 4.6;
Cl 4.2; Ef 5.20). Pelo exposto, e em primeiro lugar, o que deve marcar prioritariamente
nossas orações é a busca da glorificação do Pai (Mt 6.9). Mas também devemos pedir,
suplicar e perseverar em nosso pedido, com o Daniel (Dn 6.10) e a mulher siro-fenícia
fizeram (Mt 15.21-28). Há resposta de Deus para quem o busca incessantemente (Lc
18.1-8), conforme o apóstolo Paulo nos incentiva a fazer (Ef 6.18; 1Tm 2.1,2).
Finalmente, podemos ainda pontuar a oração intercessora com o exemplo de Samuel
(1Sm 12.23), bem como o da Igreja Primitiva (At 12.5).

COMENTÁRIOS

Falando da natureza ou da essência da oração, vamos atentar para as palavras do


teólogo Charles Hodge:

Oração é a conversa da alma com Deus. Nela manifestamos ou expressamos diante


dele nossa reverência e nosso amor por sua divina perfeição, nossa gratidão por todas
as suas mercês, nossa penitência por nossos pecados, nossa esperança em seu amor
perdoador, nossa submissão à sua autoridade, nossa confiança em seu cuidado, nossos
anelos por seu favor e pelas bênçãos providenciais e espirituais indispensáveis para
nós e para os outros.

Em grandes obras teológicas, a natureza da oração é descrita em diversos pontos.


Alguns falam dela como ato de submissão. Nesse particular, diz-se que o crente vive
em um mundo que envolve batalhas espirituais, e Paulo falou muito bem disso quando
frisou que nossa luta não é contra carne, mas, sim, contra os principados e potestades,
os dominadores deste mundo tenebroso (Ef 6.12).

Destarte, para sair vitorioso, o cristão precisa submeter -se a Deus, voltar-se para Ele
em oração, o que deve ser feito com toda a confiança e dependência divina (Hb 11.1;
Mt 21.22).

Quando falamos da oração no seu sentido de submissão, estamos dizendo que a alma
do orante coloca-se em total e plena dependência divina, colocamos de lado nossa
capacidade, nossa limitação, nossa inteligência e nos derramamos perante Deus
cientes de que somente dEle vem o livramento, a vitória. Quando nos entregamos ao
Pai em oração, a vitória é certa. Foi assim que procedeu o rei Josafá.

Temendo seus adversários, ele foi sincero e se rendeu a Deus dizendo: “Ah! Nosso
Deus, acaso, não executarás tu o teu julgamento contra eles?

Porque em nós não há força para resistirmos a essa grande multidão que vem contra
nós, e não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti” (2Cr
20.12, ARA).

Quando falamos sobre a oração no sentido de submissão, ela se torna ainda mais
gloriosa, pois quem a faz não está apenas querendo receber algo de Deus, visto que
nela, como a alma está totalmente rendida, entregue ao Pai eterno, o que se prioriza é
o realizar a vontade de Deus, nada mais.

Podemos ainda destacar mais dois aspectos interessantes quanto à natureza da


adoração. A primeira, a oração é também adoração, o que envolve tanto a liturgia
quanto a adoração individual como coletiva. Como adoração, a oração ultrapassa a
experiência simples do pedir e do querer, ela envolve submissão e confiança irrestrita
em Deus, prioriza sua vontade, seu querer e o louva pelas obras de sua criação. Nesse
tipo de oração, além de desejar que a vontade de Deus prevaleça em tudo, o desejo
maior é ser como Jesus (Rm 8.29).
Quanto à essência da oração, o segundo aspecto que podemos salientar é que ela é
considerada como um ato criador. Ao orar, o cristão é consciente de que todas as
coisas que existem foram criadas pelo poder de Deus. Isso implica também dizer que
as coisas são modificadas pelo poder de Deus, como bem se vê em Gênesis capítulo 1.
Falando da oração como ato criador, na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosoxa seus
autores pontuam:

Na oração, pois, entregamos nas mãos de Deus na ordem presente de coisas, para que
elas sejam “modificadas”. Essa modificação talvez exija, antes de tudo, a nossa própria
transformação moral. Mas uma vez que nos tornemos seres transformados, podemos
ser, nós mesmos, instrumentos modificadores.

Todavia, a oração também pode criar novas situações nas circunstâncias externas, ou
diferenças de atitude em outras pessoas, as quais podem modificar os
acontecimentos. Quando a oração é um genuíno exercício da alma, isso nos põe sob o
controle do poder criador de Deus. Isso também nos torna mais sensíveis para com a
vontade de Deus, para com as necessidades alheias e para com as nossas próprias
necessidades, diminuindo nossos desejos por cosias meramente físicas. Por
conseguinte, em seu poder criador, a oração eleva o inteiro tom espiritual de nossas
vidas.

Ao atentar para a expressão instrumentos modificadores, Tiago fala da importância da


oração de um cristão realmente justo. Ele diz: […] “Muito pode, por sua eficácia, a
súplica do justo” (Tg 5.16, ARA). Vale dizer que não há poder no cristão para curar; isso
vem por meio da oração, quando se volta a Deus pela fé, na certeza de que a operação
resulta pelo seu agir. Como instrumentos modificadores, tanto o presbítero como os
cristãos podem clamar a Deus por todos quantos estão enfermos, pois essa permissão
vem de Cristo Jesus.

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a


Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 160-163

 
 

A oração é a expressão mais íntima da vida cristã, o ponto alto de toda experiência
religiosa genuinamente espiritual. Por que, então, permanece tão negligenciada (para
não dizer ignorada)?

Vivemos numa época em que os indivíduos evitam a intimidade e os relacionamentos


pessoais. O receio de expor seus sentimentos e desenvolver amizades profundas afeta
tanto as relações espirituais como as sociais, erguendo barreiras dentro da própria
família e dividindo comunidades. Inconscientes de que esse modismo entrou na igreja
e por ele influenciados, alguns cristãos sentem-se nada confortáveis quando se
chegam próximos demais a Deus. O resultado imediato é a falta de oração — não
querem intimidade!

Além disso, também estamos muito ocupados. Vivemos para realizar, e não para ser.
Admiramos a vida ativa mais do que o caráter e os relacionamentos. O sucesso é
medido por nossas realizações; portanto, corremos, corremos, corremos — tentando
fazer tudo quanto podemos em nossas horas ativas. Mais preocupados em fazer do
que em ser, recusamo-nos a aceitar a realidade bíblica de que as realizações humanas
são temporárias e fugazes.

Somente a obra do Espírito é permanente e eterna. A falta de oração nos impede de


alcançar aquilo que tão desesperadamente ansiamos.

A falta de oração, na verdade, é impiedade.

O fracasso em compreender o propósito da experiência pentecostal e o papel primário


da oração na manutenção da vitalidade dessa experiência resulta, igualmente, na falta
de oração. O crente cheio do Espírito anda e fala com Deus, e isto pode ser facilmente
percebido, não importa que seja considerado um místico, um profeta ou um estranho
vindo de outro mundo — esta é, de fato, a realidade. A cidadania nos domínios do
Espírito é tão real quanto a do mundo físico.
A compreensão da natureza da oração e de sua importância para nos tornarmos
representantes efetivos de Cristo é essencial para começarmos nosso estudo. Este
capítulo serve, portanto, como uma plataforma de lançamento, não muito diferente
de Cabo Canaveral, onde até ao menor detalhe preparatório se dá a maior atenção.

Robert L. Brandt e Zenas J. Bicket. Teologia Bíblica da Oração. Editora CPAD. pag. 17-


18.

2- Como os homens de Deus viam a oração?

A Bíblia nos incentiva a orar porque há poder nesse maravilhoso recurso espiritual, o
qual não podemos desprezar. Logo que lemos a Bíblia, percebemos que a oração é
apresentada como uma ordem (Lc 18.1; 1Ts 5.17; 1Tm 2.8). No Antigo Testamento, por
exemplo, Esdras via a oração como um recurso mais poderoso que o exército do rei
Artaxerxes (Ed 8.21-23). No Novo Testamento, o Senhor Jesus tinha a oração como tão
necessária quanto o sono e o alimento (Mt 4.2; Lc 6.12; Mc 1.35); e os apóstolos
também perseveravam em oração (At 6.4).

COMENTÁRIOS

Não precisamos recorrer a obras clássicas cristãs para encontrarmos homens que
sempre viveram em oração. É claro, jamais as desprezamos, mas o melhor é recorrer à
própria Bíblia, dado que no seu conteúdo vemos homens que sempre desenvolveram
no seu viver diário uma vida de oração a Deus. Quando uma pessoa aparece nas
páginas das Sagradas Escrituras colocando-se em oração, independentemente do
motivo, revelava sua plena confiança no poder de Deus e na certeza de que a resposta
era certa, porque o Senhor sempre se interessou pelos seus filhos.

A fé no poder da oração revelava, por parte de um homem ou uma mulher, a


confiança de que Deus entraria em cena agindo, mudando e operando
poderosamente. Esse ensino sempre foi uma realidade do teísmo, ao passo que o
deísmo, de modo negativo, assevera que não há interesse de Deus nos homens, mas
que foram deixadas certas leis impessoais que dirigem todas as coisas. Desse modo,
não há intervenção de Deus na história humana, nem para recompensar, nem para
castigar.

Aprendemos por meio de passagens do Antigo Testamento que homens desenvolviam


comunhão com Deus por meio da oração. Os patriarcas oravam ao Senhor, faziam
intercessão em favor e para o bem de outros. Dessa forma agiu Abraão (Gn 18.25-30),
não somente ele, mas assim procedeu Moisés em favor de Israel (Êx 32.10,12) e Jó, em
favor de seus amigos (Jó 42.8-10). Há que se analisar ainda que os homens de Deus
faziam orações de petição, de gratidão, de louvor, de perdão, de comunhão e de ato
de devoção (Ed 7.27; 8.22; Ne 2.4). As orações faziam parte das liturgias e, além disso,
se tinha a prática das orações diárias que eram desenvolvidas pelos servos de Deus (Sl
55.17; At 3.1; Dn 6.10).

Nas páginas do Novo Testamento, a oração era algo presente na vida particular e
comunitária da Igreja. Logo que lemos Atos 1.4, vemos que a Igreja já nasce envolvida
na oração, e em quase todos os capítulos desse livro se notam as orações coletivas, o
que é também reforçado por Tiago (Tg 5.13-18).

A Igreja Primitiva sabia muito bem sobre o poder da oração. Cedo eles tomaram
consciência do que poderia acontecer quando oravam.

Por meio da oração, eles venciam lutas, crises, contrariedades, situações adversas (At
4.21).

Nós podemos orar com a certeza de que Deus ouvirá porque nosso Sumo Sacerdote,
Jesus Cristo, conhece muito bem as nossas necessidades e fraquezas, pois foi vestido
da nossa própria natureza, por esse motivo se compadecerá de nós (Hb 4.14). Assim, o
cristão verdadeiro pode entrar com toda confiança à presença do Pai para desfrutar
dos privilégios espirituais, tudo por causa de Cristo Jesus (Hb 10.19). Por meio da
oração, o cristão é revitalizado, curado das doenças do corpo (Tg 5.13-18) e recebe
sabedoria (Tg 1.5-8). No entanto, para que haja resposta à oração, os motivos não
devem ser egoísticos, pelo contrário, devem estar alinhados à vontade do Pai (Tg 4.1-3;
1Jo 5.14-16).
Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a
Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 163-165.

O seu retiro, para a sua adoração em particular (v. 35). Ele orava, orava sozinho, para
nos dar um exemplo de oração privativa. Embora, como Deus, as pessoas orassem a
Ele, como homem, Ele orava. Embora Ele estivesse glorificando a Deus e fazendo o
bem, no seu ministério público, Ele ainda encontrava tempo para ficar sozinho com o
seu Pai, e lhe convinha “cumprir toda a justiça”. Agora observe:

1. A hora em que Cristo orou. (1) Foi pela manhã, na manhã seguinte ao sábado judeu.
Observe que quando termina um “sábado”, nós não devemos pensar que podemos
interromper a nossa adoração até o “sábado” seguinte.

Não. Ainda que não compareçamos à sinagoga, nós devemos ir ao “trono da graça”,
todos os dias da semana; e na manhã seguinte ao “sábado”, em especial, para que
possamos preservar as boas impressões desse dia. Essa manhã era a manhã do
primeiro dia da semana, que Ele santificou posteriormente, e tornou extraordinária,
por ter, também pela manhã, ressuscitado bem cedo. (2) Era muito cedo, ainda estava
escuro. Quando os outros estavam dormindo em suas camas, Ele estava orando, como
um genuíno Filho de Davi, que procura a Deus bem cedo e lhe dirige suas orações pela
manhã; e à meia-noite se levanta para dar graças. Já foi dito: A manhã é amiga das
musas – Aurora Musis amica; e também não é menos amiga das graças. E nas ocasiões
em que o nosso espírito está mais revigorado e vivaz que devemos dedicar tempo aos
exercícios de devoção. Aquele que é o primeiro e o melhor, deverá receber de nós o
primeiro lugar e o melhor que tivermos.

2. O lugar onde Ele orou. Ele “foi para um lugar deserto”, um lugar fora da cidade ou
algum jardim afastado ou, ainda, alguma construção isolada. Embora Ele não estivesse
correndo o risco de se distrair ou de ser tentado a glórias vãs, ainda assim Ele se
retirou, para nos dar um exemplo da sua própria regra: “Quando orares, entra no teu
aposento” (Mt 6.6). As orações privativas devem ser realizadas em privado. Aqueles
que tiverem mais atividades em público, e do melhor tipo, algumas vezes devem ficar
sozinhos com Deus; devem se retirar, devem ficar a sós para conversar com Deus, e
manter a sua comunhão com Ele.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO


Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pag. 409-410.

Três fatos são dignos de observação acerca do ministério de oração de Jesus: Em


primeiro lugar, o cansaço físico não impedia Jesus de orar (1.35). Jesus se levantou alta
madrugada, depois de um dia intenso de trabalho, e foi para um lugar deserto para
orar. Ali ele derramou o seu coração em oração ao seu Pai celestial. Ele tinha plena
consciência que não podia viver sem comunhão com o Pai, por meio da oração. Jesus
entendia que intimidade com o Pai precede o exercício do ministério.

Jesus dava grande importância à oração. Ele mesmo orou quando foi batizado (Lc
3.21). Orou uma noite inteira antes de escolher os doze apóstolos (Lc 6.12). Ele se
retirava para orar quando a multidão o procurava apenas atrás de milagres (Lc 5.15-
17). Ele orou antes de fazer uma importante pergunta aos discípulos (Lc 9.18) e
também orou no Monte de Transfiguração, quando o Pai o consolou antes de ir para a
cruz (Lc 9.28). Ele orou antes de ensinar seus discípulos a “Oração do Senhor” (Lc 11.1).
Jesus orou no túmulo de Lázaro (Jo 11.41,42). Orou por Pedro, antes da negação (Lc
22.32). Orou durante a instituição da Ceia do Senhor (Jo 14.16; 17.1-24). Orou no
Getsêmani (Mc 14.32-39), na cruz (Lc 23.34) e também após a ressurreição (Lc 24.30).
Hoje, Ele está orando por nós (Rm 8.34; Hb 7.25).

John Charles Ryle diz que um mestre tão comprometido com a oração não pode ter
servos descomprometidos com ela. Um servo sem oração é um servo sem Cristo, inútil,
na estrada da destruição. Quando há pouca oração, a graça, a força, a paz e a
esperança são escassas. Ryle pergunta:

Se Jesus que era santo, inculpável, puro e apartado dos pecadores orou
continuamente, quanto mais nós que somos sujeitos à fraqueza? Se Ele foi encontrado
necessitando orar com alto clamor e lágrimas (Hb 5.7), quanto mais nós devemos
clamar por nós, que ofendemos a Deus diariamente de tantas formas?
Nós devemos orar com mais empenho se quisermos ter comunhão com o Pai.
Devemos orar com mais fervor se quisermos fazer sua obra. Trabalho sem oração é
presunção. Sigamos as pegadas do nosso Mestre!

Em segundo lugar, a oração para Jesus era intimidade com o Pai e não desempenho
diante dos homens (1.35). Jesus buscava mais intimidade com o Pai do que
popularidade. Ele era homem do povo, mas não governado pela vontade do povo.
Sempre que os homens o buscaram apenas como um operador de milagres, viu nisso
uma tentação, mais do que uma oportunidade e refugiava-se em oração.

Marcos registra três momentos quando Jesus preferiu o refúgio da oração: Primeiro,
depois do seu bem-sucedido ministério de cura em Cafarnaum, quando a multidão o
procurava apenas por causa dos milagres (1.35-37); Segundo, depois da multiplicação
dos pães, quando a multidão o queria fazer rei (6.46). Terceiro, no Getsêmani, antes da
sua prisão, tortura e crucificação (14.32-42).

Em terceiro lugar, Jesus dava mais valor à comunhão com o Pai do que ao sucesso
diante dos homens (1.37). A multidão desejava ver a Jesus novamente, mas não para
ouvir sua Palavra, porém, para receber curas e ver operações de milagres.180
Certamente Pedro não discerniu a superficialidade da multidão, sua incredulidade e
sua falta de apetite pela Palavra de Deus. Todo pregador é fascinado com a multidão,
mas Jesus algumas vezes, fugiu dela para refugiar-se na intimidade do Pai através da
oração. O pregador que busca intimidade com Deus mais do que popularidade diante
dos homens sabe ir ao encontro das multidões e também fugir delas. A intimidade com
Deus em oração é mais importante do que sucesso no ministério. Em 1997, estive
visitando a Igreja do Evangelho Pleno em Seul, na Coréia do Sul. Certa feita, o
presidente da Coréia do Sul ligou para o pastor da igreja, Paul Yong Cho. A secretária
lhe disse: “O pastor não pode atender o senhor, pois ele está orando”. O presidente,
inconformado, retrucou: “Eu sou o presidente da Coréia do Sul e quero falar com ele,
agora!”. A secretária, firmemente respondeu: “Ele não vai atender o senhor, pois ele
está orando”. Mais tarde, o presidente ligou para o pastor em tom de reprovação, por
não ter sido atendido, mas o pastor lhe disse: “Eu não o atendi, porque estava falando
com alguém muito mais importante do que o senhor. Eu estava falando com o Rei dos
reis e Senhor dos senhores”.

LOPES. Hernandes Dias. Marcos O Evangelho dos milagres. Editora Hagnos. 1ª edição


2006.

3- A maneira de orar.

A Bíblia nos ensina que a oração tem um interlocutor direto: “ Portanto, vós orareis
assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome” (Mt 6.9). Por isso,
não podemos orar de qualquer maneira. É preciso ter a mesma atitude dos discípulos a
respeito da forma de orar: “ Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11.1). E a Palavra de Deus
nos ensina a respeito da maneira de orar:

a) A quem a oração deve ser dirigida? A oração deve ser dirigida a Deus Pai em nome
de seu Filho, Jesus Cristo (Ne 4.9; Jo 16.23,24).

b) A postura do corpo na oração. Não há uma exigência específica na Bíblia a respeito


da postura do crente no ato da oração, pois as Escrituras revelam formas diversas de
orar: em pé, deitado, prostrado, assentado, andando, de joelhos, com as mãos
estendidas etc (Is 38.2; 1Rs 8.54).

c) O horário da oração. Ter um horário regular para falar com Deus é bíblico e bom (SI
55.17; Dn 6.10; At 3.1), mas a Bíblia também diz que devemos orar sempre (Lc 18.1; Ef
6.18).

d) O lugar da oração. Jesus disse que podemos orar secretamente em nosso aposento
(Mt 6.6) ou noutro lugar solitário (Mc 1.35). A ideia é de intimidade, de momentos a
sós com Deus. O apóstolo Paulo diz que podemos orar em todo lugar (1T m 2.8).

e) O decoro na oração. O decoro diz respeito à sinceridade, decência e reverência no


ato de orar (At 2.1,2).
f) O estado do coração na oração. Se o coração estiver transformado e cheio da Palavra
de Deus, nossa oração será ouvida (Jo 15.7).

COMENTÁRIOS

Em relação à maneira certa de orar, é preciso que o cristão saiba que o mais
importante não é a postura. Podemos ver que na Bíblia homens e mulheres de Deus
oraram nas mais diversas posições: em pé (Mc 11.25); ajoelhado (1Rs 8.54); prostrado
no chão (Mt 26.39); deitado na cama (Sl 63.6); assentado (1Rs 18.42); pendurado na
cruz (Lc 23.42). Deus nunca disse: “Orem nessa posição”. Para Ele, o que vale não é a
postura, e sim os motivos — se forem sinceros, verdadeiros, buscarem priorizar o
Reino, a resposta é certa.

Acima dissemos que a postura não importa tanto, porém, há uma coisa que
precisamos levar em consideração: a oração de joelho representava duas atitudes —
humildade e entrega absoluta a Deus.

No demais, é verdadeiro o que disse Jesus, que seja a posição que for, se o coração
não for puro, a oração não terá qualquer serventia, pois muitos o honravam apenas
com os lábios, mas o coração estava longe dEle (Mt 15.8).

Ainda envolvendo a maneira de orar, é preciso ressaltar a necessidade de o cristão ter


momentos reservados para falar com Deus. Quando lemos Lucas 18.1, Jesus falou do
dever de orar sempre, isso também foi reforçado por Paulo quando falou que devemos
orar sem cessar (Ef 6.18; 1Ts 5.17). Obviamente, não há nas Escrituras uma exigência
quanto à prática ou lugar da oração, quantas horas ou minutos se deve orar; todavia,
entendemos que ela mostra que reservar momentos para ficar a sós com Deus é de
suma importância (Dn 6.10; Sl 55.17; At 3.1).

A prática de ter um momento para construir intimidade com o Pai por intermédio da
oração é um bom hábito para a vida espiritual, revela também disposição, equilíbrio e
disciplina na vida cristã. Além da necessidade de orar sempre, e dos momentos
reservados para ficar em comunhão a sós com o Pai, lemos na Bíblia que os santos do
Senhor sempre praticavam orações nos momentos das refeições ou em outras
situações especiais (Lc 6.12,13; Jo 6.15; Sl 50.15).

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a


Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 165-166.

Portanto, vós orareis assim […] (v. 9). Jesus não ensinou que devemos empregar essas
mesmas palavras. Na oração do Pai nosso, ele forneceu um esboço, ou modelo, que
nos sugere o tipo de coisas que devemos incluir em nossas orações. Certamente não é
errado orar ou entoar a oração do Pai nosso; ela tem uma rica história na igreja.
Sempre que a ouvimos ou proferimos, somos lembrados das prioridades que Jesus nos
apresenta para a oração. No entanto, fazer a oração do Pai nosso pode se transformar
em uma prática automática e vã, à semelhança dos encantamentos mágicos e mantras
utilizados pelos pagãos. Assim, quando fizermos a oração do Pai nosso, de- vemos
fazê-lo com ponderação, atentando para o conteúdo. Eu gostaria de considerar os
elementos encontrados na oração do Pai nosso para que possamos entender por que
Jesus os menciona em seu ensinamento sobre a oração.

Sproul., RC. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017. Editora Cultura


Cristã. pag. 114-115.

O fundamento da oração (6.9)

Jesus lança os fundamentos da oração, destacando três pontos, como vemos a seguir.

Em primeiro lugar, devemos nos dirigir a Deus como Pai (6.9). Deus não é um ser
distante, mas está perto de nós, como Pai. Ama-nos, conhece-nos, protege-nos,
abençoa-nos. Registro aqui as palavras oportunas de R. C. Sproul:

Um estudioso alemão do Novo Testamento, Joachim Jeremias, escreveu um livro há


muitos anos e fez nele uma afirmação surpreendente: em nenhum momento da
história judaica e em nenhuma literatura judaica até o décimo século na Itália, é
possível encontrar um judeu dirigindo-se a Deus como Pai. As notáveis exceções, disse
ele, são as orações de Jesus no Novo Testamento. Em todas as orações, exceto uma,
Jesus dirigiu-se a Deus diretamente como Pai e, em todas as vezes, seus
contemporâneos pegaram em pedras para assassiná-lo, acusando-o de blasfemo. O
que quero dizer com isso é que nós usamos a declaração inicial desta oração de forma
tão rotineira que perdemos totalmente de vista seu significado fundamental. Na
estrutura bíblica, Deus tem um filho, o filho unigénito. Portanto, a única pessoa em
toda a história que tem o direito legítimo de chamar Deus de ‫״‬Pai” é Jesus. Não
obstante, Jesus, ao ensinar os discípulos a orar, instruiu-os a se dirigirem a Deus como
“Pai nosso”.

Em segundo lugar, devemos nos dirigir a Deus como nosso Pai (6.9). Só podemos
chamar Deus de “Pai nosso” porque ele nos adotou. Somente pelo Espírito Santo, o
qual nos uniu a Cristo e promove nossa adoção à família de Deus, é que agora
podemos dizer “Aba, Pai”. Somos membros da família de Deus. Somos irmãos uns dos
outros. Somos filhos do mesmo Pai. Warren Wiersbe destaca o fato de que todos os
pronomes da oração estão no plural, e não no singular.

Ao orar, é preciso lembrar que somos parte da família de Deus, constituída de cristãos
de todo o mundo.

Em terceiro lugar, devemos nos dirigir a Deus como nosso Pai que está no céu (6.9). O
fato de termos intimidade com Deus não anula sua grandeza insondável e sua glória
incomparável. Ele é o nosso Pai que está no céu. Ele é elevado. Sublime. Glorioso.

LOPES. Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 216-218.

SINOPSE I

Na oração devemos glorificar a Deus e suplicar ao Senhor a respeito de nossas


dificuldades.

 
II – A ORAÇÃO QUE JESUS ENSINOU

1- Jesus não condenou a oração em público.

No texto bíblico em estudo, o Senhor Jesus não condenou a oração pública, visto que
pelo aspecto bíblico ela é aceitável e recomendada (2Cr 6.12-42; At 4.24-31). O que
Jesus condena é a oração, quer individual, quer coletiva, dominada pelo espírito de
exibição, ostentação, cuja intenção do “orador” é ser visto e louvado pelos homens, o
que os hipócritas fariseus buscavam (Mt 6.5; Lc 18.9-14). Um cristão transformado por
Jesus anda em sinceridade com Cristo, não busca glória para si e age com humildade.

COMENTÁRIOS

Ao lermos Mateus 6.5, atentamos para algumas coisas importantes. A primeira é que o
hipócrita gostava de orar em pé, ficava nas sinagogas e esquinas das ruas. Estar ou
fazer oração em pé era algo normal naquele tempo, aliás, segundo alguns estudiosos,
em alguns momentos, orar de joelhos em tais lugares seria visto como um ato de
ostentação. Os judeus usavam praticamente três posturas na oração: em pé, de
joelhos e prostrados, e eles faziam isso olhando para o Templo (1Sm 1.26; 1Rs 8.22;
Mc 11.25; Lc 18.11). Histórica e biblicamente falando, essa prática perdurou entre eles
inclusive na Igreja Primitiva.

A sinagoga era considerada uma casa de oração dos judeus, tanto para o culto de
oração pública como particular, que começou a existir provavelmente durante o
cativeiro. As sinagogas espalharam-se pelo mundo bíblico. Nelas, adultos e crianças
adoravam a Deus, oravam e estudavam as Escrituras (Lc 4.16-30). A doutrina cristã
espalhou-se entre os judeus por meio das sinagogas (At 13.13-15), cuja organização e
forma de culto foram adotadas pelas igrejas cristãs.

Em relação à palavra praça, que não tem base no grego, falava de ruas ou estradas
largas, fazendo assim oposição às estreitas. Em Gênesis 19.2 (ARA) aparece a palavra
praça. A ideia do hebraico é de um lugar amplo, do grego agora, qualquer assembleia,
especialmente de pessoas, para debate público, para eleições, para julgamento, para
comprar e vender e para todos os tipos de negócios (Mt 20.3). Como era o local em
que se concentrava mais pessoas, era um prato cheio para os que gostavam de fazer
espetáculos religiosos. Eles sabiam os horários em que o movimento de pessoas seria
bem maior e de modo proposital se postavam nas praças para serem vistos pelos
homens.

Essa postura revela egoísmo e hipocrisia.

Em momento algum nosso Senhor Jesus combateu a oração em público, inclusive


Paulo falou que podemos orar em todo lugar (1Tm 2.8), porém, o que Jesus combate
drasticamente é a intenção impura e pecaminosa de certos judeus escolherem lugares
apenas para chamar a atenção dos outros para suas práticas religiosas.

Henry Clarence Thiessen (2010, p. 305) falando sobre a oração diz que o que deve ser
levado em consideração é o estado do coração daquele que ora, e que a condição
necessária para que a oração seja respondida não é que ela seja de joelhos, em pé,
deitado, na sala, igreja, rua, mas se está em Cristo Jesus (Jo 15.7).

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a


Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 167-168.

Praças. Tradução que aparece em AA (também cm Apo. 21:21) e que provavelmente


não tem base no grego. Essa palavra indica ruas ou estradas largas, em contraste com
as estreitas. Eram as principais ruas em uma cidade. O vs. 2 apresenta a outra palavra,
que indica as ruas estreitas.

Aqueles homens selecionavam os lugares mais públicos para orar. Lemos que naqueles
dias muitos judeus observavam horas determinadas para suas orações, que nunca
deixavam passar. Eram atores que saíam às ruas propositalmente, especialmente nas
ruas principais, para que, chegada a hora certa, estivessem em algum lugar bem
visível. Chegada a hora da oração, oravam onde se encontravam, sem nenhum pejo da
sua hipocrisia, mas até com orgulho. Provavelmente o costume de orar em horas
certas começou bem cedo na história dos judeus. O trecho de Dan. 6:10-11 parece ser
uma alusão a esse costume. Jesus não condena a prática de orações em horas
definidas, e, sim, censura o costume de orar em lugar público, somente para atrair a
atenção alheia.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por


versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. pag. 322.

Destacamos a seguir algumas lições oportunas.

Em primeiro lugar, um cristão é alguém que ora (6.5).

Jesus não diz “se orardes…”, mas: quando orardes. Não há cristianismo verdadeiro sem
oração. Quem nasce de novo, clama: “Aba, Pai”.

Em segundo lugar, um cristão não ora para chamar a atenção para si (6.5). A oração
ostentatória não é endereçada a Deus, mas é feita diante dos homens, para chamar a
atenção dos homens, para receber recompensa apenas dos homens.

LOPES. Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 214-215.

2- Jesus quer que sejamos discretos.

As expressões“ entra no teu aposento” e “fechando a tua porta” (Mt 6.6) não
significam que devemos ter um quarto só para a oração. É claro que podemos fazer de
algum cômodo de nossa casa um local particular para falarmos com o Pai. Contudo, no
ensino de Cristo em Mateus 6.5,6, sua ênfase não é o lugar, mas a atitude de quem
ora. Esse lugar secreto traz o sentido de que quem tem a mente e coração
transformados orará a Deus de modo humilde e sincero, sem buscar aplauso dos
homens. Para o cristão, o lugar secreto é visto com o especial a fim de se afastar do
mundo e estar sozinho com Deus. Ele sabe que a sua recompensa não vem de homens,
mas do Pai que está nos céus.

 
COMENTÁRIOS

Como servos de Cristo, podemos adorá-lo em oração em casa, nas praças, ruas, mas
em seus ensinos quanto à temática, Ele requer que tenhamos os motivos certos, sem
espetáculos ou exibições como atores religiosos. É lamentável dizer, mas uma boa
parte de irmãos gosta de exibir religiosidade no quesito oração apenas para que outros
o vejam e digam: “Esse aí é crente mesmo”. A prática da oração com intenção egoística
é prejudicial para o convívio espiritual, pois destrói a sua pureza, visto que esta não
está sendo feita para Deus, mas para o benefício daquele que ora.

Em Mateus 6.6, Jesus quer que sejamos bem discretos na oração.

Ele diz que aquele que realmente deseja comunhão com Deus precisa entrar no seu
aposento para orar. Quarto é um substantivo neutro do grego tameîon, fala de câmara
de armazenamento, depósito, um quarto interno, mas, no geral, a ideia é de uma
despensa, o local de guardar alimentos. Jamais alguém ousaria procurar uma pessoa
que estivesse em oração em um local como esse; somente o despenseiro da casa é que
teria acesso e interesse a tal lugar. Mas se levarmos, primeiramente, para o lado
literal, fala de um lugar secreto, e no aspecto simbólico é lugar de alimento; assim,
quem ora alimenta sua vida espiritual com Deus.

O sentido de quarto passou posteriormente a figurar como uma sala interior da casa
(Mt 24.26), porém sua ênfase no texto, conforme foi usado por Cristo, era para
contrapor a maneira hipócrita dos religiosos dos seus dias em relação à oração. A
importância da discrição foi tão aludida por Jesus que além de falar dessa sala secreta,
Ele ainda diz que quem estivesse orando deveria fechar a porta para que ninguém o
visse. Nesse tipo de oração secreta, o cristão pode abrir seu coração para Deus,
expressar todos os seus sentimentos e ouvir em silêncio a voz do Senhor. A oração em
secreto aponta para a oração em espírito, o qual já transformado pelo poder de Deus
procura sempre viver em humildade, pois é para este que o Reino de Deus será dado
(Mt 5.11). Tiago diz que o Senhor resiste aos soberbos, mas aos humildes concede
graça (Tg 4.6).
Biblicamente falando, os judeus sabiam que Deus habitava no lugar secreto, que era o
santo dos santos (Hb 9.3), nele só quem podia entrar uma vez por ano era o sumo
sacerdote. Ora, se Deus está no lugar secreto, é preciso que o cristão o busque
secretamente, e ali poderá derramar sua alma com toda liberdade, pois Deus e homem
estarão a sós.

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a


Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 168-170.

Quarto. No grego mais antigo, o termo significava o depósito ou a despensa do


administrador da casa. Lugar onde ninguém suspeitaria encontrar alguém orando. Só o
administrador tinha acesso àquele lugar, pelo que era um lugar privativo dele. Mais
tarde, a palavra passou a ser usada para indicar qualquer sala privada no in te rio r da
residência. Essa palavra é usada em M a t. 2 4 :2 6: «Se vos disserem: Eis que ele está
no deserto não saiais. Ei-lo no interior da casa não acrediteis». Este versículo ilustra
muito bem o amplo sentido da palavra. A expressão alude, portanto, ao lugar que uma
pessoa reserva só para si, onde outras não têm acesso.

Nesse lugar é que se deve orar, onde ninguém nos vê. Com esse ensino Jesus faz
contraste com os lugares públicos, onde era costumeiro ver orando as autoridades do
povo, quer nas sinagogas, quer nas ruas principais.

Fechada a porta. Para frisar mais ainda a lição. Não devia ser apenas um lugar onde
nenhum outro pudesse entrar, mas também não se deveria deixar a porta aberta para
que outros o vissem.

[…] Em secreto. Provavelmente há alusão à crença que Deus habitava no lugar mais
remoto e secreto do templo, o lugar mais santo (Heb. 9:3), onde só o sumo sacerdote
podia entrar, uma vez por ano. A ideia é que nos encontramos com Deus em um lugar
assim, onde a verdadeira oração pode ser oferecida; ali é o lugar secreto de Deus, ali
nos encontramos com Deus.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. pag. 322.

Quando orares, entra no teu quarto, teu tameion, e, fechada a porta, orarás a teu pai
que está em secreto (crypta).

O que é um tameion?

O tameion (= câmara) é o quarto dos suprimentos, é o recinto escondido, secreto, a


peça mais íntima da casa, porque os suprimentos precisam estar seguros de ladrões e
animais selvagens. Essa câmara de suprimentos é a única peça na casa do agricultor
palestino que pode ser trancada. Tampouco possui janelas. Portanto, é duplamente
apropriada para ilustrar o sentido do “secreto”, porque ninguém pode entrar nem
olhar para dentro. – Com que nitidez é caracterizada, assim, por Jesus, a diferença
entre a natureza da oração em contraposição à prática da oração dos fariseus!
Quantas vezes o próprio Jesus procurou a solidão da noite para orar.

A pequena câmara de oração, da qual Jesus fala, também pode estar localizada no
meio da alvoroço do mundo e no meio das pessoas. Mas estará lá somente quando
primeiro temos o sagrado costume de nos retirarmos ao quarto secreto como Jesus
aconselhou.

Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica


Esperança. 1° Ed. 1998.

3- Não useis de vãs repetições nas orações.

Quando a oração é balbuciada apenas em palavras vazias perde o foco, que é Deus, e
se firma nas vãs repetições. Sobre esse assunto, Cristo novamente combate os
escribas, os quais faziam longas orações (Mc 12.40; Lc 20.47). Não é verdade que o
Senhor desprezava longos períodos de oração, pois na Bíblia encontramos esse tipo de
oração (2Cr 6.14-42; Ne 9; Sl 18); mas o que Ele contraria aqui é a atitude de alguém
achar que quanto mais fizer barulho, Deus lhe ouvirá. Esse procedimento era peculiar
dos pagãos, com o bem se observa no caso dos profetas de Baal (1Rs 18.25-29). Ora,
na Bíblia encontramos orações curtas feitas pelos homens de Deus, com verdadeiro
sentimento, e que foram respondidas prontamente, como por exemplo: Salomão (1Rs
3.6-12); Ezequias (2Rs 19.14-20). Oração que tem repetição, mas que não envolve
futilidade, o mecanicismo o, tem seu valor e é aceitável, pois assim Jesus orou (Mt
26.36-46). Quando entregamos tudo nas mãos de Deus em oração sincera e humilde,
Ele cuida de nós.

COMENTÁRIOS

Em Mateus 6.7, o Senhor Jesus condena uma vazia repetição de palavras na oração. Na
verdade, o que Ele disse é que muitos não têm um verdadeiro relacionamento com o
Pai, por isso disse: “como os gentios”¸ os quais, por não conhecerem o verdadeiro
Deus, mas aos ídolos de pedra e madeira, oram a eles fazendo repetições constantes
de seus nomes, achando que quanto mais insistirem poderão fazer com que tais
deuses se rendam pelas importunações de suas palavras. Esse procedimento era
comum nos adoradores de Baal (1Rs 18.25-29).

Não devemos pensar que Deus vai nos ouvir por causa de nossas muitas repetições.
Alguns acham que quanto mais palavras, mais a oração terá valor; nem se deve achar
que por usar muita repetição se poderá cansar a Deus para forçá-lo a responder; nada
disso, se procedermos assim agiremos como os gentios pagãos.

Vivendo a nova vida em Cristo, tendo a Deus como Pai, o cristão ora em um
relacionamento filial, tendo ciência de que Ele sabe de tudo antes mesmo de
pedirmos, o que nos leva a não termos uma atitude pagã, de ficar repetindo as
petições. Na oração modelo do Pai Nosso podemos ver que ela é singela e que deve
ser arcada pela sinceridade e verdade.

É bom levar em consideração que falar ao Pai certas coisas repetindo não é pecado
algum — Cristo Jesus orou fazendo repetições (Mt 26.44). O que está sendo combatido
aqui é aquela motivação indigna que provoca os atos religiosos.

Quanto a essa repetição, não devemos pensar que Jesus estivesse sendo contra uma
pessoa tirar uma ou mais horas de oração, pois, caso fosse contrário a isso, estaria em
contradição com algumas passagens bíblicas, como, por exemplo, a de 2 Crônicas 6.14-
42. Há orações longas e breves nas Escrituras, mas o que Cristo queria enfatizar aqui
era o motivo; para os pagãos, quanto mais longa e estridente fosse a oração, mais os
deuses se voltariam para ela, conforme explicado acima.

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a


Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 170-171.

Não devemos usar vãs repetições na oração (w. 7,8). Embora a vida de oração resida
em elevar a alma e derramar o coração diante de Deus, há algum interesse nas
palavras que são empregadas na oração, especialmente na oração conjunta; assim, as
palavras são necessárias, e parece que o nosso Salvador fala aqui especialmente disto,
porque antes E le disse: “quando orares ”, aqui Ele diz: “orando”; e a oração do Senhor
(o Pai nosso), que se segue, é uma oração conjunta. Por esta razão, aqui há uma
advertência para que as palavras proferidas não tenham a intenção de impressionar a
outros – não use vãs repetições, quer você esteja sozinho ou com outras pessoas. Os
fariseus gostavam muito disso; eles faziam longas orações (cap. 23.14). Tudo o que
lhes importava era fazer longas orações.

A gora observe: 1. Que a falha é aqui reprovada e condenada. O culto da língua será
apenas uma mera expressão verbal do dever de orar, quando não for a expressão do
culto da alma. Isto é expressado aqui por duas palavras, battologia, polylogia. (1) Vãs
repetições: tautologia, batologia, balbuciamento ocioso das mesmas palavras,
repetidas vezes, sem nenhum propósito, como aquela imitação das palavras de um
tolo (Ec 10.14): “Bem que o tolo multiplique as palavras, não sabe o homem o que
será; e quem lhe fará saber o que será depois dele?” Isto é indecente e nauseante em
qualquer discurso, muito mais se a pessoa estiver falando com Deus. Não é toda
repetição na oração que é condenada aqui, mas as vãs repetições. O próprio Senhor
Jesus Cristo orou, dizendo as mesmas palavras (cap. 26.44), em meio a um fervor e
zelo que eram bem mais do que comuns (Lc 22.44). Daniel também agiu assim
(9.18,19). E há uma repetição muito elegante dessas palavras (SI 136). E s te tipo de
oração pode ser usado tanto para expressar os nossos próprios sentimentos, como
para estimular os sentimentos dos outros.
Mas o ensaio supersticioso de uma série de palavras, sem levar em consideração o
sentido delas (como os romanistas, proferindo através das “contas” do rosário, muitas
ave-marias e pai-nossos; ou as repetições inúteis e secas onde se dizem as mesmas
coisas diversas vezes, meramente para memorizar a oração até certo ponto, e para
mostrar algum sentimento, quando na verdade não há nenhum) são as vãs repetições
aqui condenadas.

Quando temos a disposição de dizer muitas coisas de bom grado, mas não dizemos
palavras proveitosas, estamos desagradando a Deus e a todos os homens sábios.

(2) F alar muito: uma afetação de prolixidade na oração, ou orgulho, ou superstição, ou


mera loucura, ou impertinência, ou uma opinião de que Deus precisa se r informado,
ou ainda de que precisamos argumentar com Ele, porque os homens adoram ouvir a si
mesmos falando.

Nem todas as orações longas são proibidas; Cristo orou durante uma noite inteira (Lc
6.12). A oração de Salomão era longa. A s vezes, há necessidade de longas orações,
quando as nossas mensagens e os nossos sentimentos são extraordinários; mas
quando prolongamos a oração meramente com a intenção de torná-la mais agradável
ou mais eficaz com Deus, esta prática se torna condenável. E bom ressaltar que não é o
orar muito que é condenado; não. Somos exortados a orar sempre, mas não a falar
muito. O perigo desse erro reside em recitarmos as nossas orações, e não realmente
orarmos. Esta precaução é explicada por Salomão (Ec 5.2); “as tuas palavras sejam
poucas”, sensatas e bem pesadas; “tome palavras” (Os 14.2), “selecione as palavras”
(Jó 9.14), e não diga tudo o que lhe vier à mente.

2. Que motivos são dados contra as vãs repetições e o muito falar.

(1) Esta é a maneira utilizada pelos gentios – e os cristãos não devem adorar o seu
Deus como os gentios adoram os seus. Os gentios eram ensinados pela luz da natureza
a adorar a Deus; mas tornaram-se vãos em suas imaginações com respeito ao objeto
de sua adoração. Não é de admirar que eles se preocupassem tanto com a maneira da
adoração, particularmente neste caso, pensando em Deus como alguém semelhante a
si mesmos. Eles achavam que precisavam de muitas palavras para fazer Deus entender
o que lhe era dito, ou para fazê-lo concordar com os seus pedidos; como se Ele fosse
fraco e ignorante, ou ainda relutante a aceitar uma súplica. Desse modo, os sacerdotes
de Baal se esforçaram muito desde a manhã até ao meio-dia com as suas vãs
repetições: “Ah! Baal, responde-nos!, Ah! Baal, responde-nos!” Entretanto, suas
petições foram em vão; mas Elias, em uma estrutura grave e composta, com uma
oração muito concisa, triunfou primeiro pela água, e então pelo fogo vindo do céu (1
Rs 18.26,36). O serviço de lábios em oração, mesmo que seja bem trabalhado, se for
somente isso, será apenas um trabalho perdido.

(2) “Não vos assemelheis, pois, a eles, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário
antes de vós lhe pedirdes”, portanto, não há motivo para tal abundância de palavras.
Isto não significa, entretanto, que não precisemos orar; porque Deus requer que a
través da oração expressemos a necessidade e a dependência que temos dele, e que
desfrutemos das suas promessas. Portanto, temos de fazer as nossas petições e abrir o
nosso coração diante dele, deixando tudo em suas mãos. Considere:

[1] O Deus a quem oramos é o nosso Pai, pela criação e pela aliança; portanto, as
nossas súplicas a Ele devem ser tranquilas, naturais e sem afetações. As crianças não
costumam fazer longos discursos aos seus pais quando querem alguma coisa; basta
dizer-lhes: Papai, preciso disto. Ou: Mamãe, preciso disto. Devemos nos achegar a
Deus com a disposição de crianças, com amor, reverência e dependência. Os filhos não
precisam dizer muitas palavras; eles podem ser diretos, pronunciando as palavras que
lhes são ensinadas pelo Espírito de adoção, dizendo Aba, Pai. [2] Ele é um Pai que
conhece as nossas petições, e sabe o que queremos melhor que nós mesmos. Ele sabe
das coisas que precisamos; seus olhos passam por toda a terra, para observar as
necessidades do seu povo (2 C r 16.9), e Ele frequentemente dá antes de lhe pedirmos
(Is 65.24), e mais do que pedimos (E f 3.20). E se Ele não nos der aquilo que pedimos, é
porque Ele sabe que não precisamos daquilo, ou que não nos fará bem; o Senhor
sempre foi e sempre será mais capacitado para nos julgar do que nós mesmos.

Não precisamos tomar muito tempo, nem usar muitas palavras ao apresentar a nossa
petição a Deus. Ele sabe mais do que somos capazes de lhe dizer; a única diferença é
que, quando oramos, Ele nos ouve falar das nossas necessidades (“O que quereis que
vos faça?” ).

Quando lhe dissermos do que precisamos, devemos nos dirigir a Ele: “Senhor, diante
de ti está todo o meu desejo ” (SI 38.9). Deus está muito distante de se deixar
influenciar p ela extensão ou pela linguagem que empregamos nas nossas orações – as
intercessões mais poderosas são aquelas que são feitas com gemidos inexprimíveis
(Rm 8.26). Não devemos dizer ao Senhor o que Ele deve fazer por nós; devemos
confiar nele em todo o tempo e em todas as situações, sabendo que Ele sempre fará o
melhor. Sujeitemo-nos, pois, ao Senhor e à sua vontade.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO


Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pag. 64-65.

[…] um cristão não imita os pagãos multiplicando palavras em vãs repetições (6.7,8).
Charles Spurgeon diz que as orações cristãs são medidas pela sinceridade, e não pela
duração. Os pagãos repetiam palavras e mais palavras, com o fim de serem ouvidos
por seus deuses, mas o cristão é alguém que está na presença daquele que sonda os
corações e conhece as necessidades do cristão antes mesmo que este faça algum
pedido. A expressão grega me battalogesete, traduzida por “vãs repetições”, traz a
ideia de mero palavrório ou tagarelice, palavreado oco, conversa tola, repetição vazia.

Traduz a expressão popular “blá-blá-blá”. Podemos ilustrar isso com a prática dos
adoradores de Baal (lRs 18.26) e com os adoradores da deusa Diana (At 19.34).

LOPES. Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 215-216.

SINOPSE II

 
O Senhor Jesus não condena a oração pública. Entretanto, a oração deve apresentar
discrição em sua prática, bem como não ser conduzida por vãs repetições.

AUXÍLIO TEOLÓGICO

“E, orando (Mt 6.7-13). Jesus não deu aos seus discípulos o que chamamos de Oração
do Senhor para que nós repetíssemos juntos quando nos reuníssemos na igreja. Ele a
ensinou com um modelo, mostrando como cada um de nós deve orar ‘em segredo’.
Isso não quer dizer, é claro, que não devemos usá-la na igreja. O que isso significa é
que precisamos explorar a oração padrão para discernir o que ela ensina, a você e a
mim, sobre o desenvolvimento de um relacionamento “secreto” mais profundo com o
nosso Deus. O desafio para explorar o significado é claro na comparação de Cristo com
os pagãos, ‘que pensam que, por muito falarem, serão ouvi que pensam que, por
muito falarem, serão ouvidos” por causa de suas “vãs repetições’ (v.7). Deus deseja
que compreendamos a natureza da oração, e que dotemos a nossa oração de
significado” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. 2.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2013, p.560).

III – ORAÇÃO E JEJUM

1- Oração e jejum: uma combinação perfeita.

Em inúmeras passagens bíblicas podemos notar que a oração e o jejum estão bem
combinados (1Sm 7.5,6; 2Cr 20.3,5; Ed 8.21-23; Ne 1.4; 9.1; Lc 2.37; At 13.2,3). Por
meio das Escrituras, podemos dizer que a oração e o jejum são vistos como atos que
revelam disciplina, autonegação e humilhação, e mostram também dependência total
de Deus em momentos mais extremos, quando precisamos buscá-lo para resolver um
problema específico ou receber uma determinada orientação.

 
COMENTÁRIOS

Paulo foi claro quando disse que temos uma luta contra as forças infernais (Ef 6.12).
Essa luta começa desde o momento em que aceitamos a Jesus como nosso salvador,
pois o Inimigo lutará para acabar com o lindo trabalho que Cristo realizou em nossa
vida. Dessa forma, quem dará as orientações, estratégias necessárias para vencer o
Inimigo é Deus. Ele faz isso para que não fiquemos despreparados, mas para que
saibamos como entrar nessa batalha e que tipo de armas poderemos usar. As
destacadas são: jejum e oração, uma combinação perfeita para lutarmos contra as
forças diabólicas.

O cristão não deve tratar a oração e o jejum como “coisas mágicas”, algo místico. Essas
duas verdades só têm efeito quando entendemos primeiramente que nossa vitória
vem de Cristo Jesus (Jo 16.11; Ef 1.20-22; Cl 2.15). Ao tomar ciência dessa verdade, o
cristão resiste às forças de Satanás (Tg 4.7). Note que, ao lermos o Novo Testamento,
nunca encontraremos as palavras: “fortalecei-vos no jejum e na oração”, pois, caso
assim fosse, eles seriam a causa da nossa vitória, porém, as Escrituras dizem:
“Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6.10).

O mesmo podemos dizer do nome e do sangue de Jesus. Caso os use sem consciência
da vitória de Cristo na cruz, será como sendo algo mágico, não surtirá efeito. Dessa
forma procederam os jovens que foram expulsar um demônio, os sete filhos de Ceva,
mas eles apenas ouviam falar do Jesus que Paulo pregava, todavia, não tinham
passado por uma real experiência com Cristo, razão pela qual foram envergonhados
(At 19.13-17).

Consciente de que tudo depende de olharmos primeiramente para a vitória de Cristo


na cruz, a oração e o jejum se tornarão dois elementos indispensáveis para a vitória na
batalha espiritual. Marcos 9.29 diz: “Respondeu-lhes: Esta casta não pode sair senão
por meio de oração [e jejum]”. Alguns estudiosos negam a realidade do jejum na
prática de se expulsar os demônios, isso porque na versão bíblica Almeida Revista e
Atualizada o termo jejum está entre colchetes, não a vendo como verdadeira. Não
iremos nos deter quanto ao debate que gira em torno do assunto, negando as duas
palavras. Entretanto, apenas dois manuscritos gregos não as contêm, ao passo que
existem aproximadamente mais de 900 que asseveram tais palavras.

Os dois manuscritos nos quais não constam essas palavras são: Vaticanus e o
Sinaíticus. Atualmente, há muitos estudiosos que buscam negar algumas questões
bíblicas recorrendo apenas a esses dois manuscritos, afirmando que são os melhores
porque são os mais antigos, porém como garante o doutor em linguística Gilberto
Pickering, esses manuscritos tidos melhores estão cheios de erros, eles discordam
entre si mais de 3.000 vezes só nos quatro Evangelhos, por isso, afirma que a oração e
o jejum fazem parte do texto original.

Quem deseja uma vida cristã bem-sucedida neste mundo, um ministério abençoado,
deve ter, em primeiro lugar, ciência do que Jesus já lhe concedeu. Em seguida, não
deve tentar fazer as coisas fora da dependência dEle, como aconteceu com os
discípulos que não conseguiram expulsar o demônio. Por fim, precisam tomar
consciência de que a oração e o jejum são dois aliados fortes para se obter sucesso na
vida espiritual (Mc 11.22-25).

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a


Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 173-175.

Combinando Oração com Jejum

Os ensinamentos de Jesus sobre o jejum e a oração não são volumosos, fornecendo-


nos apenas algumas poucas orientações.

Apesar dEle ressaltar a importância dessa prática quando se preparava para cuidar de
casos difíceis, sua única instrução direta trata mais com os motivos para o jejum do
que com procedimentos e diretrizes. No entanto, não há razão para duvidar que Ele
reconheceu as virtudes de se praticar o jejum.

E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque


desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos
digo que já receberam o seu galardão.
Porém tu, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para não pareceres
aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em oculto; e teu Pai, que vê em oculto,
te recompensará (Mt 6.16-18).

A principal preocupação desse ensino é que os crentes se guardem de fazer do jejum


um ato de hipocrisia. É uma advertência de Jesus a que não cedamos à tentação do
auto-engrandecimento (Edgar R. Anderson, “The Holy Spirifs Role in Prayer and
Fasting”, em Conference on the Holy Spirit Digest, vol. 2, ed. G. Jones, Springfield,
Missouri: Gospel Publishing House, 1983, pp. 225-229).

Todos quantos advogam o jejum deveriam dar ouvidos às considerações de Jesus


sobre esse assunto. No entanto, não devemos permitir que tais advertências sirvam de
desculpa à negligência dessa válida atividade espiritual.

O exercício espiritual de jejuar e orar longamente, face a uma necessidade urgente,


não pode ser encarado como um artifício para se obter a atenção de Deus ou sua
aprovação àquilo que queremos.

Apesar do jejum ter consigo mesmo uma recompensa toda peculiar, tal recompensa
diz respeito mais àquele que jejua do que ao objetivo final da oração. A prática da
oração associada ao jejum deve resultar numa percepção espiritual mais aguçada e
num aumento de fé. A oração e o jejum podem trazer valiosas contribuições à vida do
crente ou de toda a congregação, embora nunca se deva permitir que sua prática
degenere numa formalidade vazia ou numa tentativa de manipular Deus.

O pungente e agonizante problema que arrancou de Jesus o comentário: “Esta casta


não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum” (Mc 9-29), só pode ser
compreendido à luz de seu contexto (leia Mc 9-14-28). (As palavras finais — “e jejum”
— acham-se em alguns manuscritos gregos, mas não em todos. Evidências textuais
parecem apontar para a inserção e não para o apagamento dessas duas palavras. É por
isso que elas não aparecem em muitas traduções contemporâneas. Sabemos que Jesus
disse que seria apropriado que seus seguidores jejuassem após a partida dEle deste
mundo, Mt 9.15; Mc 2.20; Lc 5.35. A oração, em conjunto com o jejum, indicaria a
intensidade ou a urgência daquela.)

As palavras de Jesus em Marcos 9.29 foram uma resposta à total incapacidade


demonstrada pelos discípulos, de exercer a fé requerida para conseguir o livramento
de uma possessão demoníaca.

Foi o lamentável comentário daquele pai, que trouxera o filho aos discípulos, sem que
estes pudessem libertá-lo, que levou Jesus a repreender os discípulos: “Ó geração
incrédula e perversa! Até quando estarei eu convosco, e até quando vos sofrerei?
Trazei-mo aqui” (Mt 17.17). Assim, a oração intensa e urgente, conjugada ao jejum, foi
o meio de se chegar ao livramento desejado.

A oração invoca a ajuda de Deus e deixa a pessoa sem nenhuma reserva em si mesma.
O jejum subjuga a carne, desperta as energias da alma e faz entrar em exercício as
partes mais elevadas da natureza humana. Assim equipado, o crente fica aberto para
receber do alto o poder para dominar os ataques do maligno (Lukyn, Matthew, p. 178).

Em seus ensinamentos, observamos claramente que Jesus considera a oração um item


de fundamental importância na realização da obra de Deus na Terra. A oração é
essencial para afastar a tentação e o desânimo. Provê forças quando as pressões
tornam-se tão intensas que pensamos em desistir. O verdadeiro centro da oração, de
acordo com o ensino de Jesus, não está em nossas necessidades ou no nosso querer.
Está em Deus e em sua vontade.

E oramos no nome daquEle que ensinou quão importante é a oração — o nome de


Jesus!

Robert L. Brandt e Zenas J. Bicket. Teologia Bíblica da Oração. Editora CPAD. pag. 208-


209.

 
Pioneiros da oração e os fatos relativos ao jejum

Para irritação de alguns e prazer de outros, as disciplinas religiosas da oração e do


jejum aparecem em cada canto e brecha da Palavra de Deus e na história da igreja. E
onde quer que encontre oração e jejum, você encontrará vitória em meio às
dificuldades e milagres que invadem o impossível e a intervenção sobrenatural
permanentemente contrariando as intenções naturais. Em outras palavras, Deus tem a
tendência de evidenciar sua glória e poder onde e quando seu povo se propuser a orar
e jejuar diante dele.

Ester, a virgem judia que foi escolhida para substituir Vasti como rainha da Pérsia e
esposa do rei Xerxes, chamou todos os judeus que estavam sob o domínio persa para
se juntar a ela num solene jejum. Ela se absteve de toda comida e água durante três
dias porque a vida de seu povo estava por um fio (ver Ester 4.16).

A fiel Ana, uma viúva com aproximadamente 84 anos que literalmente vivia no templo,
devotou sua vida à oração e ao jejum diante de Deus. Mesmo naqueles anos mais
difíceis, ela foi reconhecida e honrada como profetiza. Como é muito comum com
pessoas cuja vida é permeada pela disciplina da oração e do jejum, Ana destacou-se,
assim como o ancião Simeão, que profetizou sobre o infante Jesus.

Tanto Ana quanto Simeão viveram conforme o tempo e direção divina; seus passos
foram literalmente estabelecidos pelo Senhor.

Para Ana, os mais de oitenta anos de caminhar com Deus culminaram no momento em
que ela olhou para a face do Deus encarnado e, imediatamente, começou a proclamar
a verdade a respeito do Filho escolhido de Deus. Como aquela mulher pôde chegar
diante de estranhos e de repente saber que estava olhando para o Filho de Deus? Ela
nunca deixou a casa de Deus, e constantemente servia a Deus com jejum e oração dia
e noite (ver Lucas 2.37). Diferentemente de Ana, a maioria de nós está tão ocupada
com as questões da vida que a realidade de Jesus fica cada vez mais obscurecida.
Precisamos ver Jesus de novo. Evidentemente, Ana viu Jesus porque jejuou e orou.
Essas coisas também nos ajudarão a ver Jesus mais claramente.
Cornélio era um centurião romano que comandava um grupo de soldados romanos
chamado “pelotão italiano”, e ele era um adorador devoto de Deus também. Embora
não fosse judeu, orava constantemente ao Senhor, e sua paixão e seu grande favor aos
pobres lhe haviam proporcionado uma boa reputação entre os judeus de sua região.
Ele teve a visita de anjos e recebeu a ordem de procurar Pedro, o apóstolo. Quando
Pedro se encontrou com Cornélio, o oficial gentio disse a ele:

“Há quatro dias eu estava em minha casa orando a esta hora, às três horas da tarde.

De repente, colocou-se diante de mim um homem com roupas resplandecentes e


disse: ‘Cornélio, Deus ouviu sua oração e lembrou-se de suas esmolas’.” (Atos
10.30,31).

Talvez não tenha sido por acidente que Cornélio, o primeiro gentio convertido a Cristo,
fosse um romano. Deus rapidamente demonstrou que sua graça salvadora estendeu-
se até para as duas principais raças envolvidas na crucificação do seu Filho e, portanto,
para todas as raças, tribos e línguas. É significativo que Cornélio estivesse
constantemente orando a Deus, e não foi por acidente que ele recebeu uma visitação
sobrenatural quando jejuava e orava diante do Senhor.

Foi para esse homem, que praticava a disciplina da oração e do jejum em sua busca
por mais de Deus, que o mistério do evangelho que salva toda a humanidade
independente de raça, cor, cultura ou sexo foi pregado primeiro. Porque Cornélio
estava orando e jejuando por mais é que Deus o escolheu e à sua casa para serem os
primeiros no reino gentio a receber o batismo no Espírito Santo com a evidência do
falar em línguas. A moral da história é simples: se você quiser a unção, ore e jejue.

O apóstolo Paulo e todos os 276 passageiros gentios, que embarcaram de Alexandria


(Egito) em direção a Roma, observaram um jejum de catorze dias completos, de
acordo com Atos, capítulo 27. Quando Júlio, o centurião romano responsável por
Paulo, foi persuadido a navegar contra o conselho do apóstolo, o navio quase foi
destruído por uma tempestade. O que salvou a vida daquelas pessoas foi apenas sua
obediência ao conselho de Paulo, dirigido pelo Espírito. No contexto do registro
bíblico, fica claro que foi a oração e o jejum de Paulo diante de Deus que salvou todas
aquelas vidas e persuadiu o centurião romano a desafiar o procedimento romano
militar padrão.

O jejum solitário de Daniel e sua longa oração diante de Deus literalmente salvaram
sua nação e frustraram os principados demoníacos que procuravam impedir os
propósitos de Deus para Israel.

Esdras, o profeta, jejuou diante de Deus quando enfrentou uma tarefa impossível e
uma situação impossível.

Jesus, é claro, jejuou por quarenta dias e venceu a tentação do inimigo antes de seguir
adiante no poder do Espírito para lançar seu ministério e sacrificar sua vida por todas
as pessoas.

Davi jejuou muitas vezes em sua vida, quando Deus o transformou e o transportou da
obscuridade de uma vida de pastor de ovelhas nos campos de seu pai para o trono de
Israel e Judá, como o maior rei depois de Jesus Cristo, o Rei dos reis. O jejum está em
toda a Bíblia. Ele sempre parece ficar evidente quando uma pessoa comum precisa de
um poder extraordinário, provisão e perseverança para vencer os impossíveis, os
inimigos ou os obstáculos mais estranhos.

Chavda, Mahesh. O poder secreto da oração e do jejum: liberando o poder da igreja


que ora. Editora Vida 3ª reimp. 2011. pag. 119-122.

2- O aspecto bíblico sobre o jejum.

Na Bíblia, há três eventos que caracterizam a necessidade do jejum: o ato de humilhar-


se, que, por meio da confissão, acontecia por causa da tristeza do pecado (Dt 9.18; Jn
3.5); o da lamentação, fosse por causa de um mal sofrido, fosse por alguma praga, uma
derrota sofrida em uma batalha ou uma ameaça (Jz 20.26; Ne 1.4; Et 4.3); e o evento
espiritual de grande concentração de fiéis, como no caso do envio de missionários e a
escolha de homens para obra (At 13.2,3; 14.23). Pela Lei Mosaica havia um jejum
anual, no dia da expiação (Lv 16.29-34; Nm 29.7-11; At 27.9). Essa prática se
multiplicou em diversas formas: do nascer ao pôr do sol (Jz 20.26); jejum de sete dias
(1Sm 31.13); de três semanas (Dn 10.3); de quarenta dias (Êx 34.2,28; 1Rs 19.8); nos
meses quinto e sétimo (Zc 7.5). Diante disso, os judeus decidiram jejuar duas vezes por
semana, o que se tornou uma prática degenerada por causa do orgulho, como no caso
dos fariseus (Lc 18.12). Entretanto, o Senhor Jesus não estabeleceu dias fixos sobre o
jejum. Ele jejuou de modo espontâneo, tendo como objetivo principal estar mais
preparado e sensível à missão para a qual fora enviado pelo Pai (Mt 4.2), jamais por
mera tradição.

COMENTÁRIOS

Por mais que algumas pessoas tentem desfazer da temática sobre o jejum, esse
assunto sempre fez parte das mais diversas religiões. Tal prática esteve presente tanto
no judaísmo como no cristianismo, e seu uso vai tanto do aspecto positivo como
negativo. Daí a necessidade de uma compreensão correta sobre o assunto.

Nessa caracterização geral do jejum, sua prática aplica-se aos mais diversos usos.
Algumas religiões praticam o jejum na intenção de se comunicar com os espíritos;
outros porque querem ser instrumentos dos deuses; outros procuram jejuar para
passar por experiências mais profundas no mundo do sobrenatural; outros jejuam
como forma de quebrantamento, arrependimento, lamento; outros jejuam para exibir
religiosidade.

À luz da Bíblia, podemos analisar o quanto esse assunto foi importante. Todos aqueles
que desejavam estar mais perto de Deus e desenvolver uma comunhão mais íntima
com Ele gostavam de jejuar (Sl 35.13; 69.10). Os judeus praticavam apenas um dia
oficial de jejum, que era o Dia da Expiação (Lv 16.23; Nm 27.9), mas outros dias foram
acrescentados tempos depois para a prática do jejum. O problema é que houve
maculação dessa prática, de modo que muitos passaram a praticá-lo de modo legalista
(Sl 58). Daí entendemos que tipo de jejum Jesus vai combater (Jr 14.12).

Tanto no Antigo como no Novo Testamento, podemos entender que esse assunto
sempre teve sua grande importância, consistindo em se abster de alimentos, porém,
não parava por aí, expressava também o afligir da alma. Há um aspecto histórico do
jejum na vida do povo judeu, estando o seu uso atrelado às festas religiosas do povo
de Deus.

À luz do texto do profeta Zacarias 8.19, logo depois do cativeiro babilônico, o jejum foi
incluído em mais quatro festas religiosas, que, por meio delas, se falava das tragédias
envolvendo o povo de Deus e, pela leitura de Ester 9.31, pode-se dizer que seja uma
referência a outro jejum regular.

O jejum no Novo Testamento era algo também praticado pelos judeus, o que se fazia
regularmente às segundas-feiras e quintas-feiras (Lc 18.12), porém, sugere-se que
outros faziam isso até mais vezes (Lc 2.37), inclusive vemos que o próprio Jesus
também jejuou (Mt 4.1-4).

A grande questão não é se podemos ou não jejuar; o grande problema é que muitos
passaram a jejuar visando atrair a atenção das pessoas para si mesmos, e não para a
glória de Deus, porque tudo o que é feito para seu louvor é totalmente aceitável. Foi
esse tipo de procedimento egoísta que Jesus combateu (Mt 6.16-18).

O jejum é bíblico e sua prática recomendável quando o propósito é totalmente


espiritual na busca por uma vida de mais intimidade com Deus e de sua orientação
para alguma questão. Quando ele é feito com base na Palavra, torna-se algo
importante para a vida espiritual.

Não podemos negar a importância do jejum aliado à oração; os dois são importantes
para a vida da igreja, dado que essa prática é um exercício para o espírito. Uma igreja
que ora e jejua não fica parada, não é apenas uma instituição, mas um agente
poderoso para fazer a obra de Deus e combater os poderes das trevas. Lendo Atos
13.2, podemos notar que a igreja lançou-se a um grande projeto missionário devido à
prática da oração e do jejum, pois os servos foram sensíveis ao falar de Deus.

Como bem diz Willian Hendriksen (2010, p.423), o jejum é antes um benefício
espiritual que é básico, ele expressava a tristeza pelo pecado ou era observado a fim
de que a mente e o coração pudessem concentrar-se não em questões materiais, mas
inteiramente em Deus, nas tarefas por Ele designadas.

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a


Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 175-177.

Cancerização Geral

A importância do jejum, em muitas e nas mais diversas religiões, sempre foi


perfeitamente óbvia.

Uma fome prolongada pode provocar visões e diversos outros tipos de experiências
místicas, tanto genuínas quanto espúrias. Essa qualidade do jejum tem feito que o
mesmo seja largamente empregado, na cultura judaica cristã e fora dela. Assim, tem
sido usado pelos shamans a fim de facilitar a comunicação com espíritos
desencarnados, como também era usado por aqueles que davam e consultavam os
oráculos gregos.

Portanto, tem uma longa e diversificada história.

Além de seu emprego, como provocador de experiências místicas (a alma rebrilha mais
quando o estômago está vazio), o jejum tem sido usado como meio de expressão de
arrependimento, ou como um meio de buscar o favor e o perdão da parte de Deus ou
dos deuses. Meu irmão, que tem sido homem dotado de poder espiritual, usa o jejum
para ajudá-lo a solucionar problemas difíceis. Ele dá início a um período de jejum,
buscando respostas através desse tipo de sacrifício e disciplina. O jejum também tem
sido um sinal comum de lamentação e luto. Quanto a esse aspecto do jejum, ver I Sam.
31:13; 11Sam, 1:12.

No tocante ao arrependimento, ver Joe12:12-18; Nee. 9:1,2. Aquele que busca


intensamente a Deus, geralmente jejua (Sal. 35:13; 69:10). Os judeus tinham somente
um dia de jejum absoluto, a saber, no dia da expiação (Lev. 16:23; Núm, 29:7). Mas o
judaísmo posterior também contava com muitos outros dias de jejum. Naturalmente,
no caso de muitos, o jejum havia degenerado em mera ostentação, tomando-se parte
do legalismo (ver Isa. 58 e Jer, 14:12). Foi contra esse tipo de jejum que o Senhor Jesus
se rebelou, condenando-o.

O Valor do jejum

Eis um exercido espiritual que tem perdido sua popularidade na adoração religiosa,
talvez como sinal de nossos tempos, que se caracterizam por grande ausência de
disciplina; pois, acima de tudo, o jejum requer disciplina. Não obstante, é fato bem
conhecido entre os estudiosos do misticismo, que o jejum tem seu valor como
preparação da alma, para que possa exercer suas funções mais elevadas, porque,
nesse estado, os apetites do corpo são negados, e esses apetites sempre impedirão as
faculdades mais exaltadas da alma. A máxima que diz que a alma brilha mais quanto
menor for a atenção dada ao corpo, parece expressar uma verdade, especialmente no
que concerne ao jejum e a tudo que diz respeito aos apetites físicos. O jejum, pois,
fazia parte importante da adoração judaica, e aparentemente, continuou assim na
igreja cristã primitiva.

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora


Hagnos. Vol. 3. pag. 441-442.

3- O ensino de Jesus sobre o jejum.

Segundo o Sermão do Monte, entendemos que a prática do jejum é livre, um ato


voluntário, espontâneo, isso porque deve nascer do desejo genuíno da alma com
motivos especiais, quer seja diante do perigo, quer seja diante da tristeza ou da
tentação (Mt 9.14,15). No texto de Mateus 6.16-18, o ensino do jejum também é a
respeito da humildade e discrição na prática. Para jejuar não é preciso desfigurar o
rosto e ostentar espiritualidade, pois nosso Senhor ensina: “unge a cabeça e lava o
rosto” (Mt 6.17). Assim como a oferta e a oração, o jejum não pode ser usado para
atrair os olhares humanos, pois trata-se de uma prática piedosa diante do Pai. Toda
prática verdadeiramente piedosa busca a glória de Deus.
COMENTÁRIOS

Jesus não somente falou sobre o jejum, mas o praticou. Em seu ensino, não estava
sendo contra ao ato de jejuar; pelo contrário, combatia as atitudes e comportamentos
errados dos legalistas do seu tempo. Ao praticar o jejum, muitos judeus faziam na
intenção simplesmente de obterem o reconhecimento por parte dos homens, receber
deles os aplausos, e, para que seus objetivos fossem alcançados, apresentavam-se com
seus rostos melancólicos, sujos, bem barbudos, isto é, qualquer coisa que pudesse
causar impacto nos que olhassem para suas fisionomias. Alguns se vestiam como se
estivessem de luto, buscavam ser atores para serem louvados, mas era simplesmente
hipocrisia.

Jesus ensina como realmente deve ser o nosso jejum, mostrando que a primeira coisa
a ser feita quando alguém resolve fazê-lo deve ser ungir a cabeça. Interessante analisar
que nesse ato de lavar e ungir o rosto era sinal de alegria (Ec 9.8), poderia também
representar preparação para ir a alguma festa, mas aquele que queria exibir-se ao
fazer jejum sempre iria mostrar-se triste, melancólico, pois anelava ser visto por todos
como estando em jejum. Nesse caso, o jejum se findaria nele mesmo, pois não estava
sendo feito com propósito realmente espiritual.

Na questão do jejum, não importa se ele é feito uma vez por ano, duas vezes ou mais
por semana, seu valor não está nisso. Ele pode ser feito por tristeza de pecado,
necessidade de orientação, para se ter mais sensibilidade espiritual, porém Jesus nos
ensina que o jejum jamais poderá ser praticado com intenções carnais.

Jesus não aprovou a forma como os judeus do seu tempo observavam o jejum, pois
queriam a aprovação pública, sendo que o jejum deveria partir da própria pessoa com
total discrição, com alegria, no secreto da alma, sem jamais querer se exibir
espiritualidade. Ao fazer uso da expressão “em secreto”, Jesus queria dizer que nunca
se deveria fazer essas coisas piedosas querendo aprovação dos olhares dos homens, e,
como seriam atos piedosos, deveriam ser feitos com amor, reverência, temor a Deus e
total devoção.
Portanto, esse terceiro ato de piedade ensinado por Cristo, o jejum, deve ser realizado
como ato para se dedicar mais a Deus. Seu real objetivo é nos conduzir mais à oração e
nos ensinar a ter autodisciplina. O jejum só tem efeito salutar e resultados
maravilhosos quando é feito para Deus, porquanto o homem não pode acrescentar
nada em nossa vida espiritual.

Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a


Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 178-179.

Os fariseus jejuavam “duas vezes por semana”, às segundas e às quintas-feiras. João


Batista e seus discípulos também jejuavam regularmente, até mesmo “com
frequência”, mas os discípulos de Jesus não jejuavam. Por que então, nestes versículos
do Sermão do Monte, Jesus não só esperava que seus seguidores jejuassem, mas
também deu instruções sobre como fazê-lo? Eis aqui uma passagem comumente
ignorada. Suspeito que alguns de nós vivemos nossa vida cristã como se estes
versículos tivessem sido arrancados de nossas Bíblias. A maioria dos cristãos destaca a
necessidade da oração diária e da contribuição sacrificial, mas poucos insistem no
jejum.

O Cristianismo evangélico, em particular, cuja ênfase característica está na religião


interior, do coração e do espírito, tem dificuldade em render-se a uma prática física
exterior como o jejum. Não é um hábito do Velho Testamento, perguntamos,
ordenado por Moisés para o Dia da Expiação, e exigido após o retorno do exílio da
Babilônia em outros dias do ano, mas agora revogado por Cristo? Não vieram
perguntar a Jesus: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam,
mas os teus discípulos não jejuam?” E o jejum não é uma prática católico-romana, a
ponto de a igreja medieval elaborar um calendário sofisticado de “dias de festa” e
“dias de jejum”? Não está também associado a um ponto de vista supersticioso da
missa e da “comunhão em jejum”? Podemos dizer “sim” a todas estas perguntas. Mas
ê fácil sermos seletivos em nosso conhecimento e uso das Escrituras e da história da
Igreja.
Eis alguns outros fatos que devemos considerar: o próprio Jesus, nosso Senhor e
Mestre, jejuou por quarenta dias e quarenta noites, no deserto; em resposta à
pergunta que o povo lhe fez, disse: “Dias virão … em que lhes será tirado o noivo, e
nesses dias eles (os meus discípulos) hão de jejuar. ” No Sermão do Monte ele nos
disse como jejuar, pressupondo que o faríamos. E em Atos e nas cartas do Novo
Testamento, temos diversas referências aos apóstolos jejuando. Portanto, não
podemos ignorar o jejum como se fosse uma prática do Velho Testamento revogada
no Novo, ou como uma prática católica rejeitada pelos protestantes. Primeiro, então, o
que é o jejum? Falando estritamente, é uma total abstenção de alimento. Mas pode
ser legitimamente ampliado para uma abstenção parcial ou total, durante períodos de
tempo mais curtos ou mais longos. Daí, naturalmente, vem o nome da primeira
refeição do dia, “desjejum”, uma vez que “quebramos o jejum” do período da noite,
quando não comemos nada. Não temos dúvidas de que, nas Escrituras, o jejum se
relacionava de diversos modos com a renúncia e a autodisciplina. Em primeiro lugar e
principalmente, “jejuar” e “humilhar-se diante de Deus” são termos virtualmente
equivalentes (por exemplo, SI 35:13; Is 58:3, 5). Às vezes era uma expressão de
penitência por pecados passados. Quando as pessoas estavam profundamente
amarguradas por seu pecado e culpa, choravam e jejuavam.

Por exemplo, Neemias reuniu o povo “com jejum e pano de saco” e “fizeram confissão
dos seus pecados”; os habitantes de Nínive arrependeram-se quando Jonas pregou,
proclamaram um jejum e vestiram-se de pano de saco; Daniel buscou a Deus “com
oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza”, orou ao Senhor seu Deus e fez
confissão dos pecados do seu povo; e Saulo de Tarso, depois de sua conversão, foi
levado a penitenciar-se de sua perseguição a Cristo, pois durante três dias não comeu
nem bebeu. Às vezes, mesmo hoje em dia, quando o povo de Deus está convencido do
pecado e é levado ao arrependimento, não é coisa fora de propósito que, em sinal de
penitência e tristeza, chore e jejue. A homília anglicana intitulada “Das Boas Obras, e
do Jejum” dá a entender que esse é o modo de aplicarmos a nós mesmos a palavra de
Jesus: “Dias virão em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar.” Refere-
se a Cristo, o noivo, que, pode-se dizer, está “conosco” na festa do casamento, quando
nos regozijamos nele e na sua salvação. Mas o noivo pode ser “tirado” e a festa
interrompida quando somos oprimidos pela derrota, pela aflição e pela adversidade.
“Então é a hora adequada”, diz a homília, “para o homem humilhar-se diante do Deus
Todo-Poderoso, jejuando, chorando e gemendo pelos seus pecados, com um coração
contrito.” Não devemos, entretanto, nos humilhar diante de Deus apenas em
arrependimento por pecados passados, mas também na dependência dele para a
misericórdia futura. E aqui, novamente, o jejum pode expressar a nossa humildade
diante de Deus. Pois se “o arrependimento e o jejum” andam juntos nas Escrituras, “a
oração e o jejum” são ainda mais frequentemente reunidos. Não constitui uma prática
regular, pois nem sempre jejuamos quando oramos, mas algo ocasional e especial,
quando precisamos buscar a Deus para orientação ou bênção especial e, então, nos
abstemos do alimento e de outras distrações para fazê-lo.

Assim, Moisés jejuou no monte Sinai imediatamente depois que foi renovada a aliança
pela qual Deus aceitou a Israel como seu povo; Josafá, vendo que os exércitos de
Moabe e Amom avançavam sobre ele, “se pôs a buscar ao Senhor; e apregoou jejum
em todo o Judá”; a rainha Ester, antes de arriscar a sua vida apresentando-se diante do
rei, insistiu com Mordecai que reunisse os judeus e que jejuassem por ela, enquanto
ela e suas criadas faziam o mesmo; Esdras proclamou um jejum antes de conduzir os
exilados de volta a Jerusalém, “para lhe pedirmos jornada feliz para nós, para nossos
filhos e para tudo o que era nosso”; e, como já mencionamos, nosso Senhor Jesus
jejuou exatamente antes de começar o seu ministério público; e a igreja primitiva
seguiu lhe o exemplo; a igreja de Antioquia jejuou antes de Paulo e Barnabé serem
enviados em sua primeira viagem missionária; e eles próprios, antes de designar
anciãos em cada nova igreja que iam organizando. São evidências claras de que
empreendimentos especiais exigem orações especiais, e que orações especiais
envolvem o jejum.

Ainda há outro motivo bíblico para o jejum. A fome é um dos apetites básicos do
homem, e a gula um pecado capital. Portanto, “o domínio próprio” não tem significado
se não incluir o controle de nossos corpos, e é impossível sem a autodisciplina. Paulo
usa o atleta como exemplo. Para participar dos jogos este tem de estar fisicamente
apto, e por isso treina. Seu treinamento inclui a disciplina de um regime alimentar
adequado, sono e exercícios: “Todo atleta em tudo se domina”. E os cristãos
participantes da competição cristã devem fazer o mesmo. Paulo escreve sobre
“esmurrar” o seu corpo (deixando-o todo roxo) e sobre subjugá-lo (conduzindo-o
como um escravo). Isto não se refere ao masoquismo (sentir prazer na dor), nem ao
falso ascetismo (tal como usar uma camisa áspera ou dormir sobre uma cama de
pregos), nem a uma tentativa de ganhar mérito como os fariseus no templo. Paulo
rejeitaria todas essas ideias, e nós também. Não temos motivos para “punir” nossos
corpos, pois são criação de Deus; mas devemos discipliná-los para que nos obedeçam.
E o jejum, sendo uma abstinência voluntária de alimento, é uma forma de aumentar o
nosso autocontrole.

STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU,


1981, pag. 63-65.

A verdadeira espiritualidade em relação a si mesmo – a prática do jejum longe dos


holofotes (6.16-18)

John Charles Ryle diz que jejum é a abstinência ocasional de alimentos, a fim de levar o
corpo em sujeição ao espírito. Patriarcas, profetas e reis jejuaram. Jesus, os apóstolos
e os cristãos primitivos jejuaram. Jejuar é abster-se do bom para alcançar o melhor.
Quando comemos, alimentamo-nos do pão da terra, símbolo do Pão do céu; mas,
quando jejuamos, alimentamo-nos não do símbolo, mas do simbolizado, ou seja, do
próprio Pão do céu! Destacamos a seguir algumas lições preciosas.

Em primeiro lugar, um cristão é alguém que não despreza a disciplina do jejum (6.16).
Mais uma vez, Jesus não diz “se jejuares”, mas quando jejuares. Jesus pressupõe que
um cristão é alguém que jejua. O único jejum que Deus exigia do povo judeu era
aquele da celebração anual do Dia da Expiação (Lv 23.27). Os fariseus, porém,
jejuavam duas vezes por semana (Lc 18.12) e o faziam de modo visível para todos. É
óbvio que não é errado jejuar, se fizermos isso da forma certa, com a motivação certa.
Os homens e as mulheres nos tempos do Antigo Testamento jejuaram.

Jesus jejuou (Mt 4.3). Os crentes da igreja primitiva jejuaram (At 13.2). Tom Hovestol
deixa claro que o jejum é uma prática universal:
O jejum é proeminente no hinduísmo, islamismo, judaísmo e cristianismo, entre outras
religiões, e serve a propósitos ritualísticos, ascéticos, religiosos, místicos e até políticos.
Exige-se o jejum dos muçulmanos durante o Ramada; dos judeus durante o Yom
Kippun e dos católicos romanos durante a Quaresma e o Advento.

Em segundo lugar, um cristão entende que o jejum não é autopropaganda, mas


autoquebrantamento (6.16,17). Se o hipócrita toca trombeta ao dar esmola, o falso
espiritual desfigura o rosto quando jejua. Em ambas as situações, o propósito é o
mesmo: ser visto e reconhecido pelos homens como uma pessoa espiritual e virtuosa.
Não jejuamos para fazer propaganda de nossa espiritualidade, mas para nos
humilharmos diante de Deus.

Em terceiro lugar, um cristão pratica o jejum não para receber recompensa dos
homens, mas para agradar a Deus (6.18). O jejum não é para ser visto pelos homens,
com o fim de receber deles o reconhecimento, mas deve ser praticado na presença de
Deus, que vê em secreto e recompensa em secreto. Concordo com Warren Wiersbe
quando ele diz que o hipócrita coloca reputação no lugar do caráter, as palavras vazias
no lugar da oração, o dinheiro no lugar da devoção sincera e o louvor superficial dos
homens no lugar da aprovação eterna de Deus.

LOPES. Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 220-222.

SINOPSE III

A oração e jejum são duas disciplinas que se combinam perfeitamente

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO

“Quando jejuardes, não vos mostreis contristados (6.16). Somente um dia de jejum é
ordenado no Antigo Testamento, o Dia da Expiação (Lv 16.29-31; 23.27-32). Ainda
assim, o jejum fazia parte da vida social e religiosa de Israel. Os indivíduos e grupos
jejuavam como um sinal de humildade e confissão (SI 35.13; Is 58.3,5; Dn 9.2-19; Jn
3.5), ou como indicação de desespero na oração (2 Sm 1.12; Ed 8.21-23; Et 4.16).
Depois do exílio na Babilônia, foram introduzidos jejuns comemorativos (Zc 7.3-5;
8.19).

Na época de Jesus, os fariseus jejuavam voluntariamente duas vezes por semana (Lc
18.12), todas as segundas-feiras e quintas-feiras. No entanto, muitos dos que jejuavam
asseguravam-se de que os demais soubessem que eles estavam realizando este ato
devoto, assumindo uma atitude abatida, pulverizando cinzas sobre as suas cabeças ou
deixando de lavar e de ungir os cabelos. […] Mas tudo isto é inútil. […] [Jesus] Ele
simplesmente está nos lembrando de que quando uma pessoa jejua, ela deve fazer
isso com o um ato de adoração e não para a sua autopromoção. Este é um bom
princípio para aplicar em todas as nossas atividades ‘religiosas’. O que quer que
façamos, deve ser motivado por um desejo de agradar a Deus e não pela preocupação
com o que os outros pensarão de nós” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-
Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.32)

CONCLUSÃO

O cristão que conhece a Palavra de Deus sabe da importância da oração e do jejum


como exercícios espirituais (1Tm 4.8). Pela prática de ambos, o crente estará mais
sensível ao Espírito Santo, de modo que sua realização traz constantes benefícios para
a nossa vida espiritual, especialmente diante de um mundo materialista e utilitarista.

 
REVISANDO O CONTEÚDO

1- Segundo a lição, o que é oração?

A oração é o diálogo da alma com Deus.

2- Por que a Bíblia nos incentiva a orar?

A Bíblia nos incentiva a orar porque há poder nesse maravilhoso recurso espiritual, o
qual não podemos desprezar.

3- Em relação à oração, o que Jesus condena?

O que Jesus condena é a oração, quer individual, no templo ou na rua, dominada pelo
espírito de exibição, ostentação, cuja intenção é ser visto e louvado pelos homens.

4- O Senhor Jesus condenou períodos longos de oração?

Justifique. Não é verdade que o Senhor desprezava longos períodos de oração, pois na
Bíblia encontramos esse tipo de oração (2 Cr 6.14-42; Ne 9; SI 18); mas o que Ele
contraria aqui é a atitude de alguém achar que quanto mais fizer barulho, Deus lhe
ouvirá.

5- Cite os três eventos que justificam o jejum segundo a lição.

Na Bíblia, há três eventos que caracterizam a necessidade do jejum: o ato de humilhar-


se, que, por meio da confissão, acontecia por causa da tristeza do pecado (Dt 9.18; Jn
3.5); o da lamentação, fosse por causa de um mal sofrido ou de alguma praga que viria,
uma derrota sofrida em uma batalha ou uma ameaça (Jz 20.26; Ne 1.4; Et 4.3); e o
evento espiritual de grande concentração de fiéis, com o no caso do envio de
missionários e a escolha de homens para obra (At 13.2,3; 14 23).

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