Este documento discute os limites da empatia e o que a psicanálise tem a dizer sobre o assunto. A empatia ocorre no campo imaginário, onde se toma o outro como um objeto semelhante a si mesmo. Entretanto, na psicanálise, o outro permanece um enigma, e qualquer formulação sobre ele será uma construção subjetiva. A escuta clínica deve se sustentar em um não-saber sobre o outro, abrindo espaço para perguntas que permitam ao paciente falar por si.
Este documento discute os limites da empatia e o que a psicanálise tem a dizer sobre o assunto. A empatia ocorre no campo imaginário, onde se toma o outro como um objeto semelhante a si mesmo. Entretanto, na psicanálise, o outro permanece um enigma, e qualquer formulação sobre ele será uma construção subjetiva. A escuta clínica deve se sustentar em um não-saber sobre o outro, abrindo espaço para perguntas que permitam ao paciente falar por si.
Este documento discute os limites da empatia e o que a psicanálise tem a dizer sobre o assunto. A empatia ocorre no campo imaginário, onde se toma o outro como um objeto semelhante a si mesmo. Entretanto, na psicanálise, o outro permanece um enigma, e qualquer formulação sobre ele será uma construção subjetiva. A escuta clínica deve se sustentar em um não-saber sobre o outro, abrindo espaço para perguntas que permitam ao paciente falar por si.
Este documento discute os limites da empatia e o que a psicanálise tem a dizer sobre o assunto. A empatia ocorre no campo imaginário, onde se toma o outro como um objeto semelhante a si mesmo. Entretanto, na psicanálise, o outro permanece um enigma, e qualquer formulação sobre ele será uma construção subjetiva. A escuta clínica deve se sustentar em um não-saber sobre o outro, abrindo espaço para perguntas que permitam ao paciente falar por si.
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Os limites da Empatia
Em meio aos tantos discursos tomados a partir da psicologia e da banalização
dos transtornos mentais vê-se entremeado uma nova tendência, um movimento do “ser empático”. Desde abordagens psicológicas que se sustentam a partir da escuta empática ao discurso popular que se apropriou do conceito, nem sempre de forma profunda, ser empático está na boca do povo. Longe de criticar abordagens psicológicas ou demonizar o senso comum, quero me colocar aqui a perguntar. Diante do excesso de respostas, venho trazer dúvidas. Tal como o paciente, que para Silvestre (????) sofre em seu excesso de respostas e não perguntas, quero acoçar a dúvida e fazer circular o desejo. O que seria essa tal empatia e o que a psicanálise tem a dizer sobre ela? Mais do que dizer sobre ela, o que se há de questionar sobre essa tal posição empática. A priori definiremos empatia para que seja possível, ou ao menos se aposte, uma conversa. Raniere & Barreira (2012: p. 13 - 14) definem a palavra partindo de sua etimologia em sua origem alemã, designa algo como “sentir dentro”, “sentir em” e isso se refere ao outro. Os autores também propõem que empatizar é reconhecer o outro como alter ego, como outro eu e essa experiência é algo do humano. Ainda na busca de uma definição nos valeremos de algo que todos tem acesso, o dicionário, diferentemente do artigo utilizado anteriormente. Segundo o Dicio (2021), a empatia tem muitos significados podendo ter algumas nuances até de acordo com o campo de saber, mas as duas primeiras são: “Ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias. Aptidão para se identificar com o outro, sentindo o que ele sente, desejando o que ele deseja, aprendendo da maneira como ele aprende etc.” Apenas um destaque faremos a respeito dessa conceituação. Há de se enfatizar que em ambas as fontes a empatia ocorre a partir do Eu e assim o outro só pode ser apreendido como outro-eu. Em outras palavras, o que se supõe que o outro sente ou pensa faz-se a partir da própria pessoa que empatiza. Freud (1930) em Mal-estar na Civilização, traz uma crítica sobre o amor ao próximo como a ti mesmo, tal como vemos na Bíblia Cristã. Ele aborda um certo impossível em fazer e destaca que a medida desse amor é antes de tudo narcísica, já que é para amar como a si mesmo. Ou seja, tomando o Eu enquanto medida eu amo o outro. Se há algo que a teoria freudiana bem disse é que há uma realidade psíquica e ela permanecer como singular. De tal modo que o que vemos não é não pode ser compartilhado aos outros, nossa visão do mundo é própria e ela só pode ser feita a partir do singular que nos constituiu (FREUD, 19??). Isso implica dizer que aquilo que amo ou que considero idealmente bom, não necessariamente se aplica ao outro e da recusa desse amor surge o ódio. A partir do momento que o outro recusa, o antes amado, torna-se odiado. Trazendo uma leitura lacaniana, Corrêa (2007?) assinala que isso diz de uma quebra no espelho, de algo que na imagem permanece não simbolizável, aí onde não é possível dizer, surge mais uma vez o ódio. Outro problema ao amor ao próximo assinalado por Freud (1930) repousa mais uma vez no próprio narcisismo que não consegue mobilizasse a amar o outro como a nós mesmo, antes, o afeto que ilusoriamente nos parece tão genuíno é apenas mais uma faceta da nossa constituição narcísica que tentará a todo custo extrair disso um retorno. Em outras palavras, amar ao outro como a si mesmo só se faz esperando que ele também nos ame de volta, retornando o nosso investimento libidinal. No esquema L, Lacan (195?) demonstra que o outro é tomado em um eixo imaginário como um semelhante-diferente, ao longe ele se parece muito conosco, mas em aproximação tal engodo se desfaz. O outro é tomado a partir do eu, se pensarmos a constituição da imagem do sujeito (LACAN: 1945) a partir do estádio do espelho, vê-se que há ali uma transitividade e em primeiro tempo o Eu aparece como um outro. Isso denota que há no imaginário um certo indeferimento em um contexto onde tanto Eu quanto outro, em verdade são imagens, são especulares. A suposição a partir desse imaginário que nos constitui um corpo unificado é que o outro é feito a minha imagem e semelhança. Tal como o Eu, ele sente, pensa e é comungando assim dos mesmos ideias que orientam a própria realidade do sujeito. No começo de seu ensino, Lacan (1954?) há de se debater com a proposta de uma psicanálise que é feita a partir de uma intersubjetividade. A crítica desse primeiro momento da obra lacaniana é que não dois sujeitos em uma análise devendo o analista outra posição. Isso vai de encontro a uma formulação que cria uma simetria entre os seres falantes onde o que se fala aqui chega aos ouvidos alhures sem alguma interferência. É aí que Lacan contrapõe o registro imaginário ao simbólico trazendo a linguagem como algo que em verdade traz separação e desencontro. “Você pode até saber o que disse, mas nunca o que o outro escutou”. A linguagem nos permite nos organizarmos em civilização, mas nunca a comunicação se a tomarmos como uma mensagem que sai do emissor e é recebida pelo receptor. Se no campo imaginário eu e o outro são tomados como semelhantes e estão juntos, no simbólico há a linguagem entre eles, que apesar de permitir identificação promove separação radical. s Retomando o Signo de Saussure , Lacan faz uma inversão dando preeminência S S ao significante e ressalta que entre eles em verdade há uma barra que impede a fusão s entre os elementos. Essa barra é o que permite inclusive a interpretação. Se o significante correspondesse ao significado sendo eles inseparáveis ao falarmos de amizade isso atribuiria o mesmo valor a todos os que comungam da linguagem, ela teria o mesmo sentido sendo impossível deslocar para novos produzindo interpretação. O que se ressalta em Lacan (?) é que o Sujeito é antes de tudo o da Linguagem ele se produz por meio dela enquanto um efeito do significante aparecendo sempre entre aqui e lá. A empatia, para a Psicanálise, a partir do que já discorremos até então, situa-se no campo do Imaginário. Para fazer o movimento de tentar entender o outro, tentar levar em conta seus afetos se colocando no seu lugar, é preciso tomá-lo como objeto, especularizá-lo, torná-lo imagem semelhante ao Eu. Fazê-lo não é possível do ponto de vista simbólico por conta da linguagem. Ainda que se suponha fortemente, tudo o que se diz sobre o outro, em verdade se diz sobre o Eu, a partir dele em encerrado em sua lógica. Freud (1915), ao explicar os pares amor-ódio antecipa Lacan (?) ao dizer que no imaginário só há um único sentido o do próprio Eu. A guerra situa-se então nesse campo introduzindo um Real impossível que é entender o outro em vias de fato. O ódio aí, par do amor que enlaça, surge como tentativa de separação, como violência, como ato diante da falta do dizer. Colocar-se de fato no lugar do outro ou até mesmo fazer isso enquanto movimento comporta um certo impossível à medida que esse outro será tomado sempre como um objeto de nossa fantasia e não como ele mesmo é. Isso acontece no dia-a-dia mesmo sem que estejamos tentando ser empáticos. As ações dos outros são lidas por nós e nossa leitura por mais imparcial que tentemos ser nunca será isenta da nossa subjetividade. De forma muito resumida o outro é simplesmente uma construção nossa e tal engenharia usa nossos próprios materiais que são de natureza diferente do meu semelhante. O outro objetivo permanece um enigma no qual nunca chegaremos, qualquer formulação a respeito deles serão negociavelmente nossas. Se não é possível a empatia nos termos que construímos o que é, então? Desistimos da escuta clínica já que há o fosso da linguagem? Diferente de tomar a discussão em lençóis pessimistas, propõe-se sustentar um não-saber sobre o outro, um não entender. E é exatamente isso que lhe permite dizer. Falo a futuros Psicólogos e muitos aqui se enveredaram pelos caminhos sinuosos da clínica. A empatia, em alguns contextos, pode servir como uma dessubjetivação que desimplica o Sujeito que queremos escutar. Se já entendemos isso poupa-nos o trabalho dele falar de si, se explicar. O quanto é importante não só na clínica o não entender. Quando a gente não entende abre-se espaço para perguntar e a partir delas o outro ganha um lugar de fala. E aí algo do Sujeito pode antes de tudo aparecer ali. Se não propomos a empatia pelos motivos citados, é inegável que é preciso escutar. Em verdade, é exatamente isso que não ocorre nos nossos dias, as pessoas entendem demais fechando a escuta, fechando a possibilidade do outro dizer de si. Nesse sentido, a Psicanálise orienta-se por uma Ética: a do bem-dizer. Partindo dessa impossibilidade de entender sustentamos o impossível como causa do trabalho, como motivador de nossas intervenções e a partir daí o paciente é levado a dizer um pouco mais.