Sintoma e Fantasia

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Sintoma e Fantasia

IN: Miller, Jacques-Alain. Percurso de Lacan: uma


introdução. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
Sintoma e Fantasia
Não há clínica psicanalítica sem ética =
como se pode fazer invenção? Delírio e
compartilhamento;
Nem tudo é significante: presença do
objeto a na constituição psíquica;
Clínica que se faz sob transferência e não
pode carecer de ética, e é a fantasia que
nos conduz a dimensão ética da
psicanálise.
Divisão clínica entre Sintoma e
Fantasia
Sintoma Fantasia
 Entrada em análise;  Final de análise;
 Estrutura significante;  Prevalecimento do
 Problemática terapêutica objeto a;
= a questão da cura;  “Travessia da fantasia” e
 Transformação do descoberta de que “por
sintoma e permissão de trás não há nada”; Volta
que as coisas andem pelos nadas; Fantasia
bem. impede que as coisas
andem bem.
Entradaem análise: Final de análise:
S1 S2 a $
____ ____ ___ ___
$ S2

Pergunta-se ao Visa a formação do


próprio analista: Que analista.
queres? Que queres
obter?
Há uma parte da experiência analítica que
consiste em moderar o paciente. Mas isso não é
a totalidade da análise;
Ex: casos borderline; adesividade histérica;
A questão ética para o analista está em decidir
que é agora que a análise pode começar; começa
além do suposto bem-estar;
A responsabilidade do analista e a ruptura com
os ideais comuns da sociedade; “pois a ética
própria da análise supõe a adoção de valores
estritamente inaceitáveis para qualquer poder
constituído” (p.99);
Caráter associal da Psicanálise.
Laço social de outro tipo: discurso
analítico;
Aposta e subversão:
Não há clínica sem ética também diz do
modo como o analista aceita ou não uma
demanda de análise;
O analista não é inocente e final de
análise = destituição subjetiva;
Sintoma Fantasia
O paciente se queixa O paciente não
dele; lamenta por sua
Desprazer do fantasia;
sintoma; Prazer da fantasia;
Fala-se muito sobre o Encontra na fantasia
sintoma, pródiga consolo contra seu
narração, supõe sintoma – Função de
diversão do analista, consolação;
gosta de seus Sobre a fantasia =
próprios lapsos; boca de siri;
Exposto ao outro. Tesouro mais íntimo.
 Sintoma às vezes tem  Vergonha da fantasia =
valor social; contradição com os
valores morais; caráter
A interpretação é perverso da fantasia;
fundamentalmente  O elemento fantasmático
interpretação do não está em harmonia
sintoma; a fantasia com o resto da neurose;
não é interpretada;  Lacan: fantasia é uma
 Sintomas, lapsos, máquina de transformar
sonhos = formações gozo em prazer; princípio
de prazer; Ex: fort-da;
do inconsciente;
 “Desejo da mãe” vem
 Gozo próprio no substituir a “ausência da
sintoma = gozo mãe”.
paradoxal.
Fantasia e análise
 Fantasia não é alvo de interpretação, mas de
construção;
 Na fantasia não há diversidade e monotonia da
fantasia FUNDAMENTAL. Ex: Marquês de Sade;
 Instante fantasmático;
 Análise e decantação das fantasias: “Selva da
Fantasia”; Fórmula simples;
 A fantasia fundamental é um ponto limite da
análise;
 O próprio comportamento do sujeito é uma
demonstração de suas fantasias;
Não há referência para a construção da
fantasia; fantasia e singularização;
A fantasia fundamental corresponde ao
recalque originário;
Com o final da análise o que se espera é
se mude a relação do sujeito com essa
fantasia;
A = 1. Desejo do Outro; 2. Uma falta no
significante, no campo significante;
Por isso, não é má vontade do paciente,
nem mera resistência do eu.
Por que não há contratransferência?
Não se trata de curar o paciente de sua
fantasia fundamental, pois o que se busca
é uma certa modificação da posição
subjetiva na fantasia.
A fantasia fundamental é algo como um
resíduo de uma análise, ou como resíduo
da interpretação do sintoma.
Três dimensões da fantasia
1. Dimensão imaginária = corresponde a tudo o
que o sujeito pode criar de imagens,
2. Dimensão simbólica = consiste em uma
pequena história que obedece a certas regras
da língua, uma lógica.
3. Dimensão real = é um axioma = o real é
impossível, resíduo imodificável. Se reduz a
um instante essencial, ao ponto do instante.
Ex: mulher “ser lavadeira, amar um sacerdote,
arder queimada como bruxa”
A fantasia não tem o mesmo tempo retroativo do
sintoma;
 A direção da cura articula-se à fantasia reduzida e
embora não se interprete a fantasia, ela mesma constitui
instrumento da interpretação analítica;
 “A fantasia é como um acordeão: pode recobrir toda a
vida do sujeito e ser, ao mesmo tempo, a coisa mais
oculta e mais atômica do mundo” (p.115);
 S ◊ a : é uma escritura que não propõe a fantasia como
frase e sim como a relação do sujeito com um objeto um
pouco especial. É a escritura da fixação do sujeito por
um objeto.
 Fobia: desejo prevenido; funciona como um sinal de que há desejo
do Outro, e assim sujeito fica prevenido;
 Histeria: exige que se respeite seus “semblantes”; seu valor fálico é
evidente; ataque histérico e pantomima: sujeito faz movimentos
contrários – caso Freud: tira o vestido com uma mão e com a outra
o puxa. Se comporta como mulher e como homem ao mesmo
tempo.
 Obsessão: paixão exclusiva; esperaria tempo para depois atirar os
cachorros;
 Neurose X Perversão: neurótico se defende, perverso ataca;
Neurose há antinomia entre desejo e gozo, neurótico se angustia
com o próprio desejo; na perversão há vontade de gozo e
empréstimo enquanto instrumento ao Outro.
 Neurótico tenta manipular a fantasia para que o Outro apareça
completo. Ver tudo mata o desejo;
 Histérica: se apresenta como alguém que não tem lugar no Outro,
por isso representa por excelência o S (sujeito barrado).

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