Aula - Geostudio - Básico
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25/06/2018
Sumário
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1. INTRODUÇÃO
a) Software Geostudio
Desenvolvido pela empresa canadense Geoslope, o software Geostudio utiliza
de elementos finitos para a realização de estudos geotécnicos. O programa é
composto por 5 ferramentas distintas, que interagem entre si, fornecendo dados que
servem de base para as análises de outros, são eles:
− SLOPE/W – Utilizado para análise do deslizamento de solos e rochas.
− SEEP/W – Utilizado para análise do fluxo d’água no interior de solos.
− SIGMA/W – Utilizado na análise de tensões e deformação em solo e materiais
estruturais.
− QUAKE-W – Utilizado na análise de liquefação devido a terremotos e
carregamentos dinâmicos.
− TEMP/W – Utilizado na análise da transferência de calor.
No presente tutorial, nosso enfoque será nas ferramentas SLOPE/W e SEEP/W,
porque nosso objetivo é estudar a distribuição de pressões no interior da barragem e
observar como ela altera a estabilidade dos taludes de montante e jusante. É
necessário entender o funcionamento de cada um dos softwares, para melhor utiliza-
los.
b) SEEP/W
A ferramenta SEEP/W permite estudar o fluxo, seja ele confinado ou não, em
uma seção de solo. Para configurar o sistema, são necessárias algumas informações
básicas de entrada, sendo elas:
− Nível de montante e jusante: Caso haja o nível de montante e jusante da
barragem, ambos devem ser anotados, pois serão utilizados para definir as
condições de contorno do sistema.
− Localização de piezômetros e poços de alívio: É essencial, caso haja na
seção, localizar piezômetros e poços de alívio, uma vez que, os primeiros nos
permitem visualizar se a situação teórica está semelhante à pratica e os
segundos servem de condição de contorno, uma vez que a existência deles faz
com que a pressão diminua.
− Características do solo: É necessário saber, para cada um dos materiais, os
valores de permeabilidade. É essencial os dados do maciço argiloso e da
fundação, enquanto os dados de enrocamento, areia e outros materiais
granulares, podem ser aproximados com os da bibliografia.
− Projetos – É essencial localizar as camadas de solo e ao mesmo tempo, garantir
que a geometria da seção seja corretamente representada, portanto, são
essenciais os projetos da seção a ser estudada.
c) SLOPE/W
A ferramenta SLOPE/W serve para o cálculo do fator de segurança das seções,
podendo ele medir, tanto o talude de montante, quanto o de jusante, de acordo com
as solicitações do usuário. Para esse estudo, são necessárias as características:
− Dados oriundos do SEEP: A análise de percolação do SEEP é essencial para
fornecer a distribuição de pressões no interior da barragem, que por sua vez,
influenciam na estabilidade global do talude.
− Dados do solo: Para a avaliação da estabilidade utiliza-se como método de
ruptura o círculo de Mohr-Coulomb, ou seja, é necessário saber o peso
específico (kN/m³), a coesão (kN) e o ângulo de atrito do materiail (º). Esses
dados são essenciais e provenientes de ensaios de compressão triaxial, tendo
diferença se forem informados, valores efetivos ou valores totais, entretanto,
essa discussão poderá ser feita posteriormente. Valores de ângulo de atrito para
enrocamento e areia são mais generalizados, entretanto, devem ser bem
estudados para o maciço argiloso e outras camadas.
− Projetos: A geometria e o posicionamento dos materiais são essenciais para a
o estudo.
2) INICIANDO UM PROJETO
a) Preparação do desenho no AutoCAD
No Geostudio é essencial a criação de regiões e atribuição de materiais para os
estudos, sendo possível fazê-lo no AutoCAD ou no próprio Geostudio. Ao fazê-lo no
AutoCAD, geralmente, pela experiência do usuário, o processo é mais rápido e
prático, exigindo apenas a noção dos BOUNDERIES (BO), entretanto, é muito
comum, na transmissão, que ocorram bugs um tanto complicados de resolver. A
segunda opção, seria de desenhar no próprio Geoslope, o que, é mais fácil caso o
desenho já esteja na posição certa e você carrega todas as informações do desenho.
Antes de tudo, é necessário encaixar o desenho no local correto e deixar ele na
escala correta para a utilização. Para deixar na escala correta, selecione todo o
desenho, utilize o comando Escala (Scale), selecione o ponto base e depois escreva
Referência (Reference), selecione um comprimento que você sabe o tamanho real e
dê ok! Assim, aquele trecho terá o comprimento que você estabeleceu.
Figura 1 – Comando escala.
Para deixar o desenho no lugar certo, você pode selecionar a crista da barragem,
exatamente no eixo dela, porque você sabe para esse ponto, a cota (y) e que no eixo
o (x) é 0. Portanto, selecione tudo, utilize o comando Mover (Move) clique no encontro
do eixo com a crista da barragem e insira as coordenadas (x,y) , que no caso será (0,
cota da crista). Assim, o desenho vai para o local certo!
Figura 2 – Comando Move.
PRIMEIRA OPÇÃO
Para utilizar o primeiro método, é necessário que cada material diferente esteja
separado em polilinhas diferentes, de tal forma que, possa ser visto diferentes regiões
e que os pontos sejam em comum. Caso não sejam em comum, o programa pode
interpretar mal.
Uma vez prontas as polylines, você pode usar o comando BOUNDERIES (BO)
no interior para criar as regiões. Clique em todos os pontos em comum durante a
criação da Polyline e desative as outras linhas que podem atrapalhar a criação dos
bounderies.
Figura 3 – Representação da seção.
Caso você tenha colocado o desenho no lugar correto, não será necessário
realizar ajustes, portanto, clique em OK e o desenho estará posicionado. Por vezes, a
folha pode estar menor que o desenho. Para ajustar, é necessário ir em Set -> Page
e aumentar o tamanho da página. De preferência, tente usar em mm, não se preocupe
se o houver muito espaço em branco, a preocupação é o desenho estar inteiramente
contido.
Caso o desenho não esteja na folha, é necessário utilizar as coordenadas no
Set->Units and Scale e alterar os valores mínimos. Você pode alterar a escala caso
tenha dificuldade para visualizar, sem prejuízo de alterar o resultado, sendo a
mudança apenas visual.
Figura 8 – Ajuste na folha do desenho
Para a criação dos pontos e das regiões, é recomendado primeiro definir os
pontos com o Drawn Points ou você pode começar diretamente com o botão
Regions . Caso você erre, pode usar Ctrl+Z para voltar um ponto. Para deletar
uma região ou ponto, você tem de usar o botão Modify object , clicar sobre ele e
ir em deletar. O programa é meio travado nesse quesito, mas é questão de costume.
Para desenhar, recomendo desativar o Snap Grid no canto inferior direito
, pois ele faz com que os pontos possam ser colocados apenas nas
coordenadas inteiras! O outro botão, da esquerda, é útil pois mostra as coordenadas
de onde o cursor está localizado.
Figura 9 – Seção com as regiões.
A entrada desses dados pode ser feita pelo botão Materials , apenas depois que
foi definida, pelo menos, uma região. Para a análise do tutorial, vamos supor que o
usuário não possui a versão completa, portanto, com a versão de estudante, ele
possui um limite de 3 materiais para o estudo.
Tabela 1 – Características dos materiais.
Para adicionar os materiais, basta ir em Materials -> KeyIn -> Add. Sugiro que
crie um material primeiro e clone ele para fazer os outros, assim, você não precisa
configura-los de novo! O critério que usaremos agora é materiais saturados apenas
(Saturated Only), essa escolha, apesar de não ser a mais correta, é um bom início.
Figura 12 – Definição da permeabilidade dos materiais.
. A ideia é que os locais mais importantes possuam malhas menores e nos locais
mais generalizados, exista um padrão de tamanho, tal que não exija tanto
processamento. Para o estudo com a versão de estudantes, o máximo são 500 nós,
ou seja, uma malha com 1.8 m de espaçamento. Se você já definiu a malha, pode
começar.
Figura 15 – Resultado de carga total para a seção estudada.
Coesão
Material Peso (kN/m³) Phi (º)
(kPa)
Maciço
19 14 27
Argiloso
Areia (Filtro) 20 0 30
Fundação 26 0 45
superfície de ruptura, o que pode ser feito com o botão Draw Entry and Exit , que
abrirá o Menu
Figura 20 – Parâmetros de entrada e saída das superfícies de ruptura.
Com o cursor, você pode clicar na crista para definir o início e arrastar até o outro
ponto, que será o fim da região de entrada. O Number of increments over range
defini a quantidade de pontos intermediários que serão criados, podendo ser
aumentado ou diminuído, para aumentar a precisão da análise. Para o nosso caso,
pode deixar 6 no início e 10 no fim. Depois de determinada a entrada, faça o mesmo
para a saída, mas começando um pouco antes da primeira berma e terminando após
o pé do talude. Caso você erre, clique em Clear e comece o processo de novo. No
fim, deve parecer a Figura 21.
Figura 21 – Superfícies de entrada e saída.
Agora observamos que o ponto mais crítico não está mais localizado na
extremidade, o que garanta para nós, que aquela é a situação mais crítica.
5) AJUSTANDO A ANÁLISE PARA APRESENTAÇÃO
Além de realizar a análise, é necessário aprender a apresenta-la da melhor
forma, tal que, o leitor consiga ver bem o que está acontecendo, sem que haja muita
informação no desenho. Para tal, são necessários alguns ajustes anteriores à
impressão. O menu visual possui os presentes botões gerais:
Para inserir os eixos, basta utilizar o botão Sketch Axes e clicar no início do
desenho e depois, no final do desenho. É importante, antes de começar a fazer,
reativar o Snap Grid , no canto inferior direito, para que ele fique com a legenda
bem escrita. A configuração deve ser feita, de forma a estar conforme a Figura 25. No
final, a ideia é que o desenho fique conforme a Figura 26. Font Size indica o tamanho
da fonte e Inc. Size define o incremento do gráfico.
Figura 25 – Definição dos limites e características dos eixos.
Fonts , nele, há uma série de configurações. Como padrão, para melhor aparência
estética, o melhor é aumentar o tamanho do FS, assim, ele se destaca e pode ser
facilmente visualizado. Recomendo tirar as setinhas de represamento, para que o
desenho fique mais limpo e por fim, retirar o risco branco da superfície crítica. De tal
forma que, espera-se que que as configurações fiquem parecidas com a Figura 27. O
resultado será o que está exposto na Figura 28.
Figura 27 – Configuração das preferências.
c) Inserindo as legendas
Para cada uma das análises é útil saber informações diferentes: para a análise
do SEEP/W é útil ver os intervalos das informações, enquanto para o SLOPE/W é útil
ter uma legenda dos materiais. Portanto, para o primeiro, é necessário clicar em Draw
Contours , ativar as legendas no quadrado ao lado do Show Legend, ir em
Properties e colocar ambos os tamanhos no tamanho desejado, no caso, 25,
conforme a Figura 29.
Figura 29 – Configuração das legendas.
A inserção da legenda para os materiais do solo pode ser feita clicando em Draw
d) Escrevendo no desenho
É útil, para a apresentação do estudo, colocar a legenda da análise no próprio
desenho, evitando assim que você tenha que escrevê-los posteriormente em outro
programa, como no excel ou no próprio paint. Para fazê-lo, você pode usar o comando
de texto Sketch Text , o qual abrirá uma janela com um grande espaço, no qual
você pode escrever.
A aba Font permite que você troque a fonte utilizada, assim como o tamanho da
letra. Em Color... você pode mudar a cor utilizada. Em Show in: você pode deixar All
analyses caso queira que se aplique para todas as análises e Current Analysis only
caso queira que se aplique somente nessa análise. Entretanto, cuidado ao mudar isso
em uma determinada análise, pois ela apaga de todas as outras, deixando apenas
naquela.
Existem algumas informações essenciais que devem ser colocadas. O programa
permite colocar automaticamente o título da análise e o caso estudado, dessa forma,
caso você altere de análise, você não precisa reescrever.
TÍTULO DO ARQUIVO – RECOMENDO COLOCAR O NOME DA SEÇÃO.
Para fazer, clique em Insert Field... -> Advanced -> File Information -> Title -
> Insert.
No Font. -> Arial -> Negrito -> 36
Clicar no desenho, onde você quiser que se insira.
TÍTULO DA ANÁLISE – POR EXEMPLO: PERCOLAÇÃO.
Antes, apague o que está escrito no quadrado branco.
Para fazer, clique em Insert Field... -> Advanced -> Analyses Settings ->
Name
No Font -> Arial -> Negrito -> 28
Clicar no desenho, abaixo do título da análise.
O resultado deve ser algo próximo da Figura 33.
Figura 33 – Resultado da colocação do texto.
Seepage) -> Draw Materials -> KeyIn... -> Maciço Argiloso. Lá, vamos mudar
a aba Saturated Only para Saturated / Unsaturated. Aqui, é necessário estabelecer
duas funções, uma que controla o conteúdo de água do solo e a segunda que controla
a condutividade.
VOLUME WATER CONTENT FN
Essa função serve para medir a quantidade de água que está no interior do
material a medida que se altera a pressão no talude. Para defini-la, basta clicar nos
Nesse espaço, não mexeremos nas relações de Suction Range, mas em cima,
Sample functions indica que estamos usando dados da própria bibliografia do
Geostudio. Sample Material: Clay indica que o material escolhido é a argila.
Saturated WC é o quanto de água se tem no material quando ele está saturado. Esse
valor foi retirado dos recomendados no curso do Professor Guttemberg da UFOP.
Assim, o resultado está exposto na Figura 36. Volte uma janela e atribua Argila
ao Vol. Water Content Fn:, agora, é hora de configurar o Hyd. Conductivity Fn., no
.
Na nova janela, clique em Add e chame a nova função de Rebaixamento
(Name), em Parameters, coloque Total Head vs. Time, ou seja, carga total contra
tempo e no Types, coloque Spline Data Point Fn. Depois vá em Add, em baixo,
coloque os dados como na figura.
Figura 42 – Função do rebaixamento do reservatório.
b) ENCHIMENTO DO RESERVATÓRIO
Para o estudo do enchimento do reservatório, o ideal seria adotar valores totais,
obtidos em ensaios rápidos, não drenados e não consolidados, entretanto, poucas
empresas vão disponibilizar os dados separados, para cada tipo de ensaio. Nesse
caso, é necessário utilizar uma nova condição de montante, que vá do 0 até o nível
máximo de operação. A velocidade de enchimento depende das decisões de obra,
entretanto, pela simulação, é possível analisar o fator de segurança e entender se há
ou não um risco.
Para estudar o enchimento do reservatório, é primeiro, como para as outras
análises, criar uma situação inicial em regime permanente, só que dessa vez, o
reservatório vai estar vazio e não cheio. Para tal, vá em Define -> KeyIn Analyses -
> Add -> Seep/W Analyses -> Steady-State. Não coloque nenhuma análise no
Parent e pode nomeá-la “Reservatório vazio”.
Figura 51 – Configuração inicial.