Resumo Capítulo 1 Casa Grande e Senzala
Resumo Capítulo 1 Casa Grande e Senzala
Resumo Capítulo 1 Casa Grande e Senzala
Tratando das características gerais da colonização portuguesa, Freyre aponta uma predisposição do
colono português à hibridização da cultura, seria, então, um povo aberto à assimilação cultural, que no
Brasil se daria com o hibridismo cultural lusitano em relação à cultura indígena e às condições climáticas
do Brasil, uma vez que Portugal teria um clima semelhante ao da África, que por sua vez é semelhante ao
clima tropical brasileiro.
Por outro lado, esses colonos tiveram de enfrentar dificuldades com as adversidades do terreno, as pestes
e o clima instável do Brasil, que os portugueses tiveram de superar. Um fator dessa superação, além do
contato histórico com os africanos, seria a integração cultural através dos vínculos familiares
estabelecidos entre os colonizadores que se relacionavam com as indígenas, fator contraposto pelo envio
de órfãs ao Brasil colônia para que se casassem com os colonos, além da permissividade com as
diferentes etnias que poderiam adentrar o território, desde que professassem a fé católica, o que seria uma
característica da chamada "democracia racial".
Freyre, porém, afirma que, acima do sucesso como colonizador, foi mais bem sucedido na "sifilização" do
que na civilização dos nativos: em outras palavras, conseguiram difundir melhor suas pestes venéreas do
que seu modo de vida cristão. É inegável a prioridade analítica dada ao colonizador branco por Freyre em
sua descrição histórica da formação social do Brasil colônia. Mais especificamente do lusitano, que teria
uma formação diferenciada pelo já mencionado contato com os povos africanos, em especial da influência
dos mouros em sua ocupação da península Ibérica sob a qual Portugal foi constituída. Outro ponto
importante a ressaltar é a relativização do processo violento de dominação e estupro que é escamoteado
na análise de Freyre ao falar do processo de miscigenação, de "mestiçagem" da população brasileira que
ele descreve.
Outro fator escamoteado por Freyre em sua análise, é a respeito da estrutura familiar que teria fortalecido
as bases estruturais da formação da sociedade brasileira colonial, que foi, também, uma forma de
dominação, alterando as estruturas de organização das relações sociais indígenas existentes naquele
território, processo que, mais uma vez, não se deu sem violência. Essa estrutura foi de fundamental
importância para estabelecer as primeiras grandes propriedades de terra, o tráfico negreiro e a formação
da estrutura hierárquica do país.
É possível observar na obra de Freyre traços característicos dos mitos de fundação racistas do primeiro
quartel do século XX brasileiro, certos determinismos raciais, geográficos, o escamoteio de conflitos e
violências, o apagamento dos povos colonizados e escravizados do processo histórico, típicos dessa
primeira historiografia brasileira ensaísta.