Resumo Executivo PAD-1
Resumo Executivo PAD-1
Resumo Executivo PAD-1
Resumo Executivo
Planos Estaduais do
Programa Água Doce
2010-2019
Ministério do Meio Ambiente
Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano
Resumo Executivo
Planos Estaduais do
Programa Água Doce
2010-2019
República Federativa do Brasil
Presidente: Dilma Rousseff
Vice-presidente: Michel Temer
Secretaria-Executiva
Secretário: Francisco Gaetani
Catalogação
GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA
Governador: Teotônio Vilela Filho Governador: Jaques Wagner
Vice-Governador: José Wanderley Neto Vice-Governador: Edmundo Pereira Santos
SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E DOS SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE
RECURSOS HÍDRICOS DE ALAGOAS Secretario de Estado: Eugênio Spengler
Secretario de Estado: Alex Gama de Santana
INSTITUTO DE GESTÃO DAS ÁGUAS E CLIMA
Secretario Adjunto: José Ernesto de Sousa Filho
Diretor Geral: Wanderley Rosa Matos
SUPERINTENDÊNCIA DE INFRAESTRUTURA HÍDRICA
DIRETORIA DE PLANEJAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS
Superintendente: Marcos Fernando Carneiro Car-
DO INGÁ
naúba
Diretor: José George dos Santos Silva
PROGRAMA ÁGUA DOCE / ALAGOAS
PROGRAMA ÁGUA DOCE / BAHIA
Coordenador Estadual: Marcos Fernando Carneiro
Coordenador (a) Estadual: Maria do Carmo Nunes
Carnaúba
Pereira
Coordenadora Estadual Adjunta: Amanda Andrea
Santos Lima NÚCLEO ESTADUAL PAD / BA
NÚCLEO ESTADUAL PAD / AL Secretaria de Desenvolvimento Urbano - SEDUR
Secretaria de Saúde - SESAB
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Fran-
Secretaria do Meio Ambiente – SEMA
cisco e do Parnaíba – CODEVASF
Aquicultura e Pesca para o Desenvolvimento da Bahia
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas -
Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia – CERB-
DNOCS
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A.
Naturais Renováveis – IBAMA
Instituto de Gestão das Águas e Clima – INGÁ
Instituto do Meio Ambiente de Alagoas - IMA
Instituto do Meio Ambiente da Bahia – IMA
Secretaria de Estado da Assistência e do Desenvolvim-
ento Social - SEADES PARCEIROS MUNICIPAIS
Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL/ESSER Prefeituras Municipais da Bahia
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
PARCEIROS DA SOCIEDADE CIVIL
PARCEIROS MUNICIPAIS Associações da Sociedade Civil Organizada
Prefeituras Municipais de Alagoas
Equipe de Elaboração
PARCEIROS DA SOCIEDADE CIVIL
Coordenação Estadual do PAD
Associações da Sociedade Civil Organizada
Maria do Carmo Nunes Pereira
ELABORAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO
Elaboração e Sistematização
Juliana Sheila de Araújo Audenice Bezerra da Silva
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos
Co- Elaboração:
Hídricos
Coordenação de Geoprocessamento do INGÁ
Colaboração técnica
Estagiária:
Amanda Andrea Santos Lima Raissa Antunes – INGÁ
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos
Equipe de Colaboração na Elaboração do Plano:
Hídricos
Álvaro Augusto Vianna dos Santos Góes - IMA
Sonia Maria Aranha Góes
Ângela C. P. Timbó –INGÁ
Programa Água Doce
Anésio Miranda Fernandes- SEDUR
Revisão Augusto José Mustafá Figueiredo – CERB
Antônio Raimundo Santana- SESAB/DIVISA
Marcos Fernando Carneiro Carnaúba
Franklin Lins D´Albuquerque Neto – EBDA
Superintendente de Infraestrutura Hídrica da SEMARH/
Gerson Antunes de Souza Santos – EBDA
AL
José George dos Santos Silva – INGÁ
Coordenador Estadual do Programa Água Doce /AL
José Roberto Costa –INGÁ
Monica Tavares Rocha Mariângela Caria Teixeira- IMA
Ministério do Meio Ambiente Raimundo da Costa Menezes – CERB
Ricardo Azevedo Duarte- SEMA
Wilson Carlos Rossi – IMA
GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ GOVERNO DO ESTADO DO MARANHÃO
Governador: Cid Ferreira Gomes Governador: Roseana Sarney
Vice-Governador: Francisco Pinheiro Vice-Governador: João Alberto
SECRETARIA DE ESTADO DOS RECURSOS HÍDRICOS SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E DOS
DO CEARÁ RECURSOS NATURAIS - SEMA
Secretário de Estado: Cesar Augusto Pinheiro Secretario de Estado: Washington Rio Branco
Secretário Adjunto: Daniel Sanford Moreira Secretário Adjunto: Antonio Moysés da Silva Neto
SUPERINTENDÊNCIA DE OBRAS HIDRÁULICAS - SO- SUPERINTENDÊNCIA DE RECURSOS NATURAIS
HIDRA Superintendente: Hulgo Rocha e Silva
Superintendente: Leão Montezuma
PROGRAMA ÁGUA DOCE / MARANHÃO
PROGRAMA ÁGUA DOCE / CEARÁ Coordenador Estadual: Hulgo Rocha e Silva
Coordenador Estadual: Luiz Carlos Rocha da Mota
NÚCLEO ESTADUAL PAD / MA
NÚCLEO ESTADUAL PAD / CE Juvenal Neres de Sousa
Banco do Brasil Maria José Silva Barros
Batalhão de Polícia Ambiental Técnicos do Componente de Mobilização Social
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São
Maryzélia Furtado de Farias
Francisco e do Parnaíba – CODEVASF
Raissa Ribeiro de Gusmão Azulay
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas -
Técnicos do Componente Dessalinização
DNOCS
Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado Rivadávia Santos Júnior
do Ceará - FETRAECE Odívio da Silva Rezende Neto
Fundação Nacional de Saúde - FUNASA Técnico do Componente Sistema de Produção
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Regis Catarino da Hora
Naturais Renováveis - IBAMA
Telma Regina Vinhas de Almeida
Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará –IDACE
Técnicos do Componente Sustentabilidade Ambiental
Secretaria de Estado da Educação - SEDUC
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agrário – DAS Instituições parceiras no Estado do Maranhão
Plano Estadual do Programa Água Doce / Ceará Articulação do Semiárido no Maranhão – ASAMaranhão
Fundação Nacional de Saúde – FUNASA
Elaboração e organização
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária –
Ana Zenaide Quezado de Figueiredo
INCRA
Técnica do Núcleo Estadual do PAD/CE
Instituto de Colonização de Terras do Maranhão –
Coordenação e Revisão ITERMA
Luiz Carlos Rocha da Mota Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais –
Coordenador Estadual do PAD/CE SEMA
Secretaria de Desenvolvimento Social – SEDES
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário –
SEDAGRO
Universidade Estadual do Maranhão – UEMA
Universidade Federal do Maranhão – UFMA
(Campus IV)
Secretaria de Infraestrutura – SINFRA
Elaboração e organização
Denilson da Silva Bezerra
Responsável pela elaboração do Plano Estadual do PAD
Revisão
Hulgo Rocha e Silva
Coordenador Estadual do PAD no MA
GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA
Governador: Antônio Augusto Junho Anastasia Governador: José Targino Maranhão
Vice-Governador: Vice-Governador: Luciano Cartaxo Pires de Sá
COORDENAÇÃO ESTADUAL DE MINAS GERAIS SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE, DOS
Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM RECURSOS HÍDRICOS E DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Diretoria Geral (DG): -SEMARH
Cleide Izabel Pedrosa de Melo Secretario de Estado: Francisco Jacomé Sarmento
Vice-Diretoria Geral: Secretário Adjunto: Eloízio H. Henriques Dantas
Geraldo José dos Santos
AGÊNCIA EXECUTIVA DE GESTÃO DAS ÁGUA DO
Coordenadora Estadual ESTADO DA PARAÍBA – AESA – PB.
Maria Luiza Silva Ramos Diretora/Presidenta: Cybelle Frazão Costa Braga
Gerente de Desenvolvimento de Recursos Hídricos -
PROGRAMA ÁGUA DOCE / PARAÍBA
IGAM
Coordenador Estadual: Isnaldo Candido da Costa
2 ESTADO DE ALAGOAS 27
2.5.1. Localidades atendidas pelo PAD/AL 47
3. ESTADO DA BAHIA 63
3.1.1. Densidade Demográfica 67
3.7.5.1. Definição por Geoprocessamento das Áreas Críticas para Atuação do PAD - BA 113
6.4.3.4. Bacia Hidrográfica dos Afluentes Mineiros do Rio Pardo [PA1] 206
6.4.3.5. Bacias Hidrográficas dos Afluentes do Médio São Francisco [SF9] 206
6.4.3.6. Bacia Hidrográfica dos Afluentes Mineiros do Rio Verde Grande [SF10] 207
10.6.1.2. Núcleo Local: Responsável pela Gestão dos Sistemas na localidade. 351
18
1. INTRODUÇÃO
O Programa Água Doce (PAD) é uma ação do Governo Federal, coordenado pelo Ministério
do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano. Tem por
objetivo estabelecer uma política pública permanente de acesso à água para o consumo humano
em comunidade rurais difusas do Semiárido brasileiro, incorporando os cuidados ambientais e
sociais na gestão de sistemas de dessalinização.
O PAD foi formulado de forma participativa durante o ano de 2003 e lançado em 2004.
Conta com a parceria da Embrapa, UFCG, CPRM, Atecel, BNDES, FBB e outras intituições federais,
estaduais, municipais e sociedade civil. Até o momento o programa beneficia cerca de 60 mil
pessoas, em 68 localidades garantindo o acesso à água potável a seus moradores. Alem disso, o
programa já capacitou mais de 600 pessoas, entre técnicos estaduais e operadores/gestores dos
sistemas de dessalinização
Diante do debate das mudanças climáticas globais o Programa Água Doce se apresenta
como uma medida eficaz de adaptação aos seus efeitos, em uma região de alta vulnerabilidade
no que diz respeito aos recursos hídricos. Estudos indicam que a variabilidade climática na
região poderá aumentar, acentuando a ocorrência de eventos extremos (estiagens mais
severas e cheias) e, conseqüentemente, a disponibilidade hídrica na região será afetada.
Dessa forma, iniciativas como o Programa Água Doce, que promovem o uso sustentável da
água, contribui para o enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas. É um esforço
do poder público em internalizar tais preocupações, disseminando boas práticas de uso e
apoveitamento sustentável da água.
Frente ao desafio, as Coordenações Estaduais do Programa, em parceria com a Coordenação
Nacional elaboraram os Plano Estaduais de Implementação e Gestão do PAD A partir de 2010,
sua ações estão sendo orientadas pelos Planos, que possuem a meta de atender um quarto da
população rural do Semiárido até 2019, ou seja, aproximadamente dois milhões de pessoas em
dez anos. Suas ações estão sendo iniciadas a partir dos municípios mais críticos em cada estado
e naquelas áreas mais suscetíveis ao processo de desertificação. Para isso são definidos critérios
técnicos para atender primeiramente quem mais precisa. Assim, os municípios com menores
Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), altos percentuais de mortalidade infantil, baixos
índices pluviométricos e com dificuldade de acesso aos recursos hídricos serão os primeiros a
serem contemplados pelos planos. Nesse sentido, esse documento visa orientar a implementação
para os próximos dez anos, servindo como um instrumento de planejamento.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
O Resumo Executivo dos Planos Estaduais – 2010/2019 visa apresentar os principais pontos
contemplados pelos Planos elaborado. Cada capítulo traz um dignóstico, o arranjo institucional
para execução dos planos, a hierarquização dos municípios mais críticos e as metas e custos
estimados por estado.
19
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
20
2 ESTADO DE ALAGOAS
2.1 ALAGOAS E SUAS REGIONALIZAÇÕES
O Estado de Alagoas é integrado por 102 municípios que totalizam uma área 27.767,661
km², onde vive, segundo a contagem realizada pelo IBGE em 2007, uma população de 3.037.103
habitantes (IBGE, 2007).
Marcado por grande desigualdade social, o Estado freqüentemente apresenta baixos,
quando não os piores, desempenhos em seus indicadores sociais o que se reflete em seu IDH
(0,649) (PNUD, 2000), penúltimo do país, maior apenas que o Estado do Maranhão. Sua economia
baseia-se na monocultura da cana-de-açúcar na Zona de Mata Atlântica que ocupava grande
parte do território estadual, na agroindústria sucroalcooleira com suas 27 unidades industriais,
na cultura do coco-da-bahia em áreas litorâneas, raras indústrias, além de uma bacia leiteira em
pleno semiárido.
Apesar de possuir pequenas dimensões, Alagoas apresenta uma caracterização
climatológica, hidrológica e física bastante diversificada. Está geograficamente inserida em uma
área de transição, apresentando a oeste uma região semiárida, a leste uma faixa litorânea semi-
úmida e ao sul a bacia do rio São Francisco, sendo dividida em três espaços geoeconômicos
bastante diferenciados, caracterizados pela região do Sertão Alagoano, Agreste Alagoano e Leste
Alagoano, como mostrado da figura 1 (ALAGOAS, 2002a).
O Leste Alagoano compreende a zona litorânea, Zona da Mata e os municípios do Baixo
São Francisco sob domínio do clima litorâneo. Na zona litorânea são observados os maiores
valores de precipitações anuais, superiores a 1500 mm. O sistema hidrográfico é formado por rios
perenes, com destaque para a presença de 17 sistemas lagunares, representados especialmente
pelo Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM).
A Zona da Mata também é composta por rios perenes, com precipitações de até 1.400 mm
anuais e clima úmido. No caso da região do Baixo São Francisco sob domínio de clima úmido, é
marcante a formação de áreas alagáveis, das quais, devido aos impactos das obras executadas ao
longo do rio, a única que manteve as características próximas do original foi a Várzea da Marituba,
localizada nos limites dos municípios de Penedo, Piaçabuçu e de Feliz Deserto.
A Zona do Agreste, localizada na parte central de Alagoas, representa uma área de transição
entre as regiões úmidas do litoral e as secas da parte oeste do Estado. A precipitação se situa
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
21
Figura 1 - Mesorregiões de Alagoas. Fonte: ALAGOAS, 2007
Por fim, o Sertão alagoano, corresponde à região do semiárido, com precipitações anuais
na faixa dos 700 mm e com predominância da vegetação da caatinga. A concentração das
chuvas nos meses de maio a julho e seu clima extremamente seco entre os meses de setembro a
fevereiro, além do baixo potencial de retenção de água no solo, fazem com que a maioria os rios
dessa região seja temporária. A produção agropecuária da região é constituída especialmente
por cultivos de palma forrageira, mandioca, milho, feijão, e criação de bovinos, ovinos e caprinos.
A última delimitação do semiárido brasileiro, estabelecida pelo Ministério da Integração
Nacional (BRASIL, 2005), é mais ampla do que a classificação do Governo do Estado de Alagoas
(ALAGOAS, 2007), sendo considerados, pelo Governo Federal, 38 municípios alagoanos
pertencentes ao semiárido, definindo assim a área de atuação do PAD em Alagoas (FIGURA 2).
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
22
A reduzida precipitação nessa região pode ser observada na figura 3, onde metade do
território alagoano, em sua parte oeste, possui uma média pluviométrica menor que 900 mm,
com exceção dos municípios de Mata Grande e Água Branca.
Em relação ao sistema hídrico, Alagoas se caracteriza por sua rede de drenagem, composta
de 53 bacias hidrográficas independentes, divididas em Bacias da Vertente Atlântica, formada de
rios permanentes que drenam para o Oceano Atlântico, e Bacias da Vertente do São Francisco,
que drenam para o rio São Francisco. Do semiárido alagoano fazem parte 17 bacias hidrográficas
pertencentes à vertente do São Francisco, com rios temporários, exceto o rio Piauí (FIGURA 4).
24
TABELA 1 - População urbana e rural dos municípios do semiárido alagoano.
25
TABELA 2 – Municípios reconhecidos pela defesa civil como em “Situação de Emergência”
durante o período de 2003 a 2009. Fonte – Defesa Civil
26
FIGURA 6 - Distribuição dos Valores de IDHs municipais no Estado de Alagoas
Os dados utilizados pela Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas - SESAU para o cálculo
da TMI são os disponíveis no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e no Sistema
de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) que são sistemas de base de dados nacional,
gerenciados pelo Ministério da Saúde, alimentados a partir das secretarias estaduais de saúde, por
meio dos dados coletados pelos municípios. Entretanto, o Ministério da Saúde para alguns estados,
inclusive Alagoas, ainda trabalha taxas construídas a partir de estimativas de óbitos e nascidos
vivos, razão porque são encontradas diferenças significativas nas análises disponibilizadas em
nível nacional (ALAGOAS, 2010).
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
A SESAU utiliza para suas avaliações da TMI o método de cálculo direto do SIM/SINASC,
enquanto que as Taxas disponibilizadas em documentos oficiais do Ministério da Saúde
foram construídas a partir da estimativa de óbitos e nascidos vivos (Metodologia RIPSA)
(ALAGOAS, 2010).
27
TABELA 3 - Taxa de Mortalidade Infantil municipais do semiárido alagoano no ano de 2009.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
* Número de mortes de menores de 1 ano de idade a cada mil nascidos vivos Fonte: ALAGOAS (2010)
28
O baixo desempenho apresentado nos indicadores sociais torna esses municípios alvo de
ações governamentais para melhoria das condições de vida de sua população.
29
FIGURA 7 – Mapa de Incidência de pobreza nos municípios do semiárido alagoano. Fonte: BRA-
SIL (2003)
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
30
31
2.3. REGIÃO HIDROGRÁFICA DO TRAIPU
Com vistas à criação de um modelo de desenvolvimento em uma área piloto, possibilitando
futuras comparações de indicadores sociais e econômicos com outras áreas, além do fato de ser
uma região bastante impactada, alguns projetos da SEMARH foram direcionados para Bacia do
Traipu. Assim, a primeira versão do Plano Estadual do Programa Água Doce de Alagoas priorizou
essa região para atuação, garantindo alguns recursos para alcance das metas estabelecidas no
documento. Com isso, as ações de curto prazo do PAD/AL, para as quais já estão previstos recursos
para execução, se concentram nessa região hidrográfica, justificando, aqui sua caracterização de
forma isolada.
32
TABELA 6- Municípios alagoanos situados na Bacia do Traipu.
cerca de 15% entre 2,0 e 3,0 m³/h, perfazendo um total de 66% dos poços com vazões inferiores a
3,0 m³/h. As regiões mais propícias a vazões elevadas são as condicionadas a ocorrência de níveis
de quartzitos com média de 2,99 m³/h, sendo que nestes trechos os índices de resíduos totais,
cloreto e dureza são mais baixos.
As águas dos aqüíferos fissurais apresentam os valores médios muito acima dos índices
estabelecidos pelos órgãos de saúde. Onde a água é explorada nas zonas de quartzitos, os
indicadores apresentam concentrações menores, entretanto ainda muito acima dos limites
estabelecidos para sólidos totais, dureza e cloreto (BRASIL,1998).
Quanto aos teores de nitrito e nitrato, muitos poços principalmente no aqüífero fissural
apresentaram valores acima dos limites máximos aceitáveis para águas destinadas ao
abastecimento humano, entretanto, segundo o plano diretor da bacia, são valores anômalos
registrados de forma pontual, provavelmente resultantes de contaminação localizada.
33
2.4. ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO SEMIÁRIDO ALAGOANO
O abastecimento de água no semiárido de Alagoas é realizado pelos três tipos de instalações:
os sistemas de abastecimento de água para consumo humano, as soluções alternativas coletiva e
as soluções alternativas individuais, distribuídas conforme indicado na tabela 9.
Os dados apresentados na tabela 7 são do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade
da Água para Consumo Humano – SISAGUA, do Ministério da Saúde, referentes ao ano de 2009, e
indicam a presença de pelo menos um sistema de abastecimento de água em todos os municípios
do semiárido, sejam eles sedes dessas instalações, ou apenas abastecidos pelo sistema.
34
Os sistemas de abastecimento de água do semiárido de Alagoas consistem em um conjunto
de adutoras coletivas que distribuem água, de forma precária por razão de grandes recalques
da ordem de até cerca de 500 m, proveniente especialmente do Rio São Francisco, para uma
população de 852 mil pessoas em 39 municípios (ANA, 2008), conforme observado na figura 10.
FIGURA 11 - Açudes do
Departamento Nacional
de Obras Contra as Secas -
DNOCS.
35
No entanto, as adutoras possibilitam a distribuição de água em áreas de maior concentração
populacional, ou seja, especialmente em áreas urbanas, ficando as comunidades difusas
dependentes de sistemas alternativos de abastecimento de água.
Dentro da atual conjuntura está em andamento o Empreendimento Canal do Sertão
Alagoano, com duzentos e cinqüenta quilômetros de extensão que visa reforçar o abastecimento
de cidades alimentadas por adutoras – invertendo o fluxo, ou reduzindo o recalque – e abastecer
grande parte da população de 42 municípios, dessedentar o gado e irrigar manchas de solos
propícios à irrigação diversificada. Incorporada no Programa de Aceleração do Crescimento –
PAC, a implantação do empreendimento é resultado de uma parceria entre o Governo Federal,
através do Ministério da Integração Nacional, e o Governo de Alagoas (FIGURA 12).
A execução da obra é dividida em 4 trechos individuais, de forma que a operação pode
ser efetuada independentemente da conclusão do trecho subseqüente (FIGURA 13). Com isso,
prevê-se que o primeiro trecho (de 0 a 45km) pode começar a operar ainda em 2010, atendendo a
Perímetros Irrigados de Pariconha, Perímetros de Sequeiro da Zona do Sertão e o Sistema Coletivo
da Zona do Sertão.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
36
A B
FIGURA 13 - Pequeno reservatório em Estrela de Alagoas: A - Período de Estiagem; B – Período
Chuvoso.
37
A captação de água através de poços é realizada por centenas de comunidades no semiárido,
de forma que, na última estruturação do banco de dados feito pela SEMARH, em 2008, foram
registrados mais de 600 poços, sendo 223 equipados com dessalinizadores. Ressalta-se que essas
informações na maioria das vezes são antigas, sendo necessária a verificação da real situação
de poços e dessalinizadores, considerando a implantação desordenada, ao longo do tempo, por
diversas instituições públicas e privadas.
Busca-se a atualização periódica desse cadastro, quando são realizadas visitas aos
locais ou quando acessados novos documentos, levantamentos e diagnósticos recentes.
Assim, estão sendo incorporados ao cadastro os dados do “Projeto Cadastro de Fontes de
Abastecimento de Água Subterrânea”, realizado pela CPRM (2005), que realizou diagnóstico de
cada município do Estado. De grande relevância, esse diagnóstico apresenta a concentração
de Sólidos Totais Dissolvidos de alguns poços no Estado, recomendando, sem pontuar as
localidades, o uso de dessalinizadores, e chamando atenção para o destino do concentrado
onde estão instalados os equipamentos.
Outra importante alternativa de abastecimento de água das populações difusas do semiárido
alagoano são as cisternas, geralmente de placas, instaladas nas residências e locais públicos
dessas comunidades (FIGURA 15).
Informações atualizadas do Estado de Alagoas revelam que atualmente há cerca de 17.900
cisternas distribuídas por municípios do semiárido alagoano, considerando aquelas implantadas
por diversas iniciativas, tais como ONGs, sociedade civil organizada, entidades governamentais
de âmbito federal, estadual e municipal.
O número e distribuição dessas estruturas no Estado são importantes para as ações do PAD,
uma vez que, além do perfil das famílias que recebem essas cisternas ser semelhante ao daquelas
que utilizam dessalinizadores, o acesso à água dessas comunidades está entre os critérios de
priorização de áreas para atendimento pelo programa.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
A B
FIGURA 15 - A: Cisterna de Placa; B: Cisterna de Vinil.
38
• Não possuir acesso à rede pública de abastecimento de água
• Ter o perfil de elegibilidade ao Programa Bolsa Família, que abrange famílias com renda
per capita inferior a R$ 60,00 e aquelas com renda per capita entre R$ 60,01 e R$ 120,00
com filhos entre 0 e 16 anos incompletos.
A soma das famílias elegíveis nesses critérios compõe a demanda bruta por cisternas,
incluindo aquelas que já possuem a estrutura. A diferença entre a demanda bruta e o número
de famílias atendidas, forma a demanda líquida. As demandas bruta e líquida de 2006, de acordo
com o MDS (BRASIL, 2008), indicaram que Alagoas possuía em 2006 uma demanda líquida de
43.687 cisternas.
3. Acesso à água para produção de alimentos (2ª água) - executado pelo Ministério do
Desenvolvimento Social, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional, em parceria com governos estaduais, municipais e parceiros da socieda-
de civil (OSCIP).
O detalhamento das ações executadas no período de 2008 e 2009, e as metas para 2010
estão destacadas na tabela 8. Essas informações tem como base os relatórios de execução
(BRASIL, 2009a, 2009b, 2009c, 2009d) e as matrizes de ações de cada ano, por território (BRASIL,
2010a, 2010b, 2010c, 2010d). Não foram previstas ações na Bacia Leiteira e Médio Sertão no ano
de 2008, sendo as informações constantes na tabela 10 referentes apenas a 2009.
39
TABELA 8 – Ações executadas e previstas para os Territórios da Cidadania no semiárido
alagoano.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
40
2.5. PROGRAMA ÁGUA DOCE/ ALAGOAS
O número de famílias beneficiadas com esses sistemas recuperados pelo PAD passa de 1.000,
o que equivale, em média, 5.000 habitantes, utilizando-se o parâmetro de cinco pessoas por família
(TABELA 9). De forma geral, essas comunidades são compostas por pequenos produtores rurais
que, em sua maioria, possuem como principal fonte de renda a Bolsa Família. São localidades que,
além de não possuir água encanada, são desprovidas de coleta de lixo e esgotamento sanitário.
A comunidade, por meio do Acordo de Gestão, define qual quantidade de água distribuída
semanalmente por família, por estabelecimentos comerciais, escolas, posto de saúde, além
de comunidades vizinhas. Ressalta-se que a água dessalinizada é utilizada apenas para beber,
cozinhar e escovar os dentes e dar banho em recém-nascidos. Dessa forma, o volume produzido
é relativo, de acordo com a necessidade de cada comunidade, conforme estabelecido nos seus
acordos de gestão.
* Unidades Demonstrativas
Além do benefício da água dessalinizada, no caso das Unidades Demonstrativas também
ocorre a produção de peixe e o uso da Atriplex para alimentação dos caprinos e ovinos no período
da seca (FIGURA 16). Em 2009, foram despescados 1.900 Kg de tilápia nas duas UDs do PAD/AL,
sendo a renda, obtida com a venda dos peixes, toda revertida para a comunidade, que a utilizará
para compra da ração, pagamento da pessoa responsável pelo manejo, e parte reservada para
eventualidades, como quebra de equipamentos.
41
Na UD de Santana do Ipanema, uma parceria estabelecida recentemente entre o PAD,
Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL) e prefeitura, está permitindo o desenvolvimento de
projetos de pesquisa na unidade, visando uma melhoria constante do programa.
Devido à organização da comunidade de Impueiras, através de sua associação, e o apoio
da prefeitura, a UD de Estrela de Alagoas está sendo ampliada com a construção de mais dois
tanques de produção de peixe e implantação de uma vitrine tecnológica.
A B
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
C D
FIGURA 16 – Unidades Demonstrativas do PAD em Alagoas: A – Chafariz; B – Distribuição
de água dessalinizada; C – produção de peixes e D – cultivo da Atriplex.
42
momento do programa no estado, indicando suas necessidades que devem ser solucionadas
para o desenvolvimento do PAD/AL.
• Implantar Banco de Dados Digital com informações, no que couber, históricas e atual
sobre os sistemas de abastecimento de água do semiárido especialmente dos poços
e dessalinizadores com informações dos usuários e outros dados relevantes;
• Debater com as Prefeituras Municipais, CASAL, SAAE e outras entidades envolvidas sobre
a situação de abastecimento de água das comunidades difusas e discussão sobre compe-
tências e atribuições no abastecimento de água;
• Elaborar em conjunto uma Pauta de Compromissos sobre o apoio de cada entidade junto
ao PAD e dos encaminhamentos para outras providências visando o acesso a água das
populações residentes nas comunidades;
• Formalizar Acordos de Gestão junto às entidades envolvidas para o abastecimento de
água das populações;
• Definir em conjunto a relocação de dessalinizadores para comunidades que possuem po-
ços com água salobra;
• Recuperar e colocar em funcionamento os sistemas de dessalinização instalados por
projetos anteriores;
• Readequar os sistemas mais antigos ao modelo de estrutura adotado pelo PAD colocan-
do-os em pleno funcionamento;
• Executar os trabalhos de mobilização e sustentabilidade ambiental nas comunidades se-
lecionadas com metodologia participativa;
• Apoiar as Prefeituras Municipais na operação dos sistemas de dessalinização instalados
pelo PAD no Estado voltados ao abastecimento de água da população;
• Apoiar a elaboração e execução de ações/projetos de proteção ambiental dos mananciais
de abastecimento de água nos municípios e de estruturas instaladas envolvendo medi-
das educativas;
• Apoiar as Prefeituras Municipais na mobilização de recursos materiais, físicos e financei-
ros em nível federal, estadual e outros para o abastecimento de água das populações
sem acesso a água;
• Estabelecer interação com as diversas instâncias existentes nas áreas de intervenção do
PAD especialmente os Comitês de Bacias Hidrográficas, Conselhos Municipais e outros;
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
43
2.5.3. Localidades para atendimento
Considerando que a região de intervenção do PAD é o semiárido alagoano, faz-se necessário
o recorte técnico com uso de indicadores voltados a uma hierarquização das localidades para
atendimento. Em termos metodológicos, encontram-se disponíveis diversos indicadores como
Índices Pluviométricos, IDH Municipal, Índice de Mortalidade Infantil. A partir dessas informações,
o PAD busca definir os municípios mais críticos para priorização de ações. O Ministério do Meio
Ambiente desenvolveu um índice, denominado Índice de Condição de Acesso à Água no
Semiárido (ICAA), que integrou esses indicadores, além dos valores de “Incidência de Pobreza”
de 2003, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, possibilitando a
visualização dos locais que apresentam as piores condições relativas ao conjunto desses dados.
A adoção do ICAA nas definições de intervenções do PAD é considerada pelo Núcleo Estadual
do Alagoas como complementar, uma vez que é composto, principalmente, por indicadores
sociais. Esse indicador apresenta dados macros de pluviometria de regiões sem considerar
as formas de abastecimento e detalhamento de outros dados do meio físico por município.
Assim, quanto à pluviometria, os dados do CPTEC/INPE oferecem maior precisão quanto a esse
parâmetro; e o conhecimento e relato de técnicos ou pessoas da região, além de visitas técnicas,
possibilitam uma melhor identificação do nível de acesso à água dessa população.
Por fim, os indicadores se complementam e podem contribuir na hierarquização das
intervenções permitindo assim uma priorização.
O ICAA apresentou o município de Pariconha como o mais crítico quanto ao conjunto dos
indicadores que o compõem, enquanto Coité do Nóia é o que obteve o resultado mais favorável
(TABELA 10). Ressalta-se, no entanto, que algumas áreas de Pariconha serão atendidas com a
operação do primeiro trecho do Empreedimento Canal do Sertão, prevista para 2010, reduzindo
a criticidade quanto ao acesso à água do município.
Esses dados distribuídos em intervalos, e ilustrados em mapa, possibilitam evidenciar
uma regionalização de áreas críticas, segundo o ICAA, condicionando o direcionamento de
ações (FIGURA 17). A identificação de regiões críticas é de grande importância, uma vez que
permite uma melhor logística, ao possibilitar a execução dos trabalhos em etapas, utilizando a
estratégia de atender a todas as comunidades da região selecionada, antes de partir para outro
conjunto de municípios.
Além da logística de execução, essa estratégia também permite a verificação, e comparação,
das mudanças de indicadores entre regiões atendidas e não atendidas. Conforme exposto
anteriormente, dentro desse propósito, foi selecionada para direcionamento de ações de curto
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
prazo do PAD/AL a Bacia do Traipu, como execução da primeira versão do Plano Estadual do PAD/
AL, além dos quatro municípios mais críticos de acordo com o ICAA.
44
TABELA 10 – Índice de Condição de Acesso à Água (ICAA) nos municípios do
semiárido alagoano.
45
Complementando essa classificação, são verificadas as áreas de potencial ação do
programa, a partir do levantamento de informações de poços e dessalinizadores instalados
nesses municípios. A partir de dados secundários, foram identificadas 223 comunidades em
todo o semiárido alagoano que possuem dessalinizadores e 626 localidades com poços sem o
equipamento (TABELA 11).
No Anexo 01 são apresentadas as comunidades identificadas na área de atuação do PAD, que
potencialmente demandam ações do programa. As informações em alguns casos encontram-se
incompletas devido à inexistência ou limitação de dados repassados. Também houve diferenças
de informações, repassadas por diferentes fontes, especialmente quanto ao número de famílias
beneficiadas pelos sistemas.
Com isso, o núcleo executivo do PAD em Alagoas inclui entre suas atividades organizar e
atualizar o banco de dados sobre poços e dessalinizadores, com informações das comunidades
onde estão implantados, e verificações in loco da situação em que as estruturas se encontram.
As informações incompletas ou diferentes, dependendo da fonte e da época em que foram
repassadas, evidenciaram essa necessidade de maior eficiência na obtenção e armazenamento
das informações necessárias para os trabalhos do programa.
46
Fonte: Banco de Dados PAD/AL (2009) – Dados não publicados
Diante da grande quantidade de dessalinizadores desativados no Estado, o PAD em Alagoas
direcionará suas ações para recuperação de sistemas, fazendo, em casos de comunidades que
estão em situação crítica quanto ao acesso de água em quantidade e qualidade adequadas,
uma relocação de dessalinizadores encontrados em localidades que não mais necessitam do
equipamento, ou que foram recolhidos pelo DNOCS e prefeituras.
Porém não pode ser descartada a implantação de sistemas no caso de comunidades
consideradas críticas quanto ao abastecimento de água, que não possuem dessalinizadores e
quando esgotadas as possibilidades de recuperação ou relocação de equipamentos.
A metodologia para atendimento dessas comunidades seguirá a estabelecida pela
Coordenação Nacional do Programa Água Doce, descrita anteriormente.
permanente, ou eventual, de acordo com o perfil de cada entidade e as ações a serem apoiadas
por elas no PAD. Para o exercício de 2010 - 2019 serão convidados a participar da composição do
Núcleo Estadual do PAD os seguintes órgãos:
• Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF
• Defesa civil
• Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS
• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA
• Instituto do Meio Ambiente de Alagoas - IMA
• Instituto Xingó
47
• Secretaria de Estado da Assistência e do Desenvolvimento Social - SEADES
• Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Alagoas – SEMARH
• Universidade Federal de Alagoas – UFAL
• Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL
No entanto, o Grupo Executivo atualmente é composto por um número mais limitado de
instituições, que exercem suas atividades, em um determinado componente, em conformidade
com seu perfil de atuação. Participarão do Grupo Executivo, representantes do governo federal,
municipal e estadual além de técnicos contratados.
Além do apoio técnico, essas entidades também auxiliam com fornecimento de insumos,
apoio logístico e trabalhos de acompanhamento e monitoramento, conforme está ilustrado na
figura 18.
O fornecimento de insumos destina-se especialmente para as unidades demonstrativas/
produtivas do PAD. O aquisição pelo programa limita-se a dois anos, com redução gradual de
50%, no primeiro ano e 50% no segundo ano, visando a busca da auto gestão e independência
da comunidade. Em Alagoas há produção de alevinos na Estação de Piscicultura do DNOCS,
localizada no município de Jaramataia, semiárido alagoano; e na Estação de Piscicultura da
CODEVASF, em Penedo; o que facilita tanto o fornecimento pelo PAD, como a compra desse
insumo pelas comunidades.
O apoio logístico destina-se ao atendimento dos deslocamentos das equipes e
equipamento até as comunidades beneficiadas pelo PAD. O DNOCS tem grande importância
nesse aspecto devido à sua localização, em Palmeira dos Índios, de onde acompanha os sistemas
de dessalinização instalados na região, e em Jaramataia, com a referida Estação de Piscicultura.
A SEMARH, através de seus escritórios regionais também tem realizado esse apoio, além das
prefeituras dos municípios atendidos.
O acompanhamento e monitoramento ocorre em todas as fases do PAD e após dois anos
da capacitação das comunidades. Inclui trabalhos de todos os componentes do programa, a
depender da necessidade observada. Essas visitas são menos freqüentes, e possuem o objetivo
verificar qual a situação em que o sistema se encontra, como está sendo feita a distribuição de água
e a qualidade da mesma. Identificado o problema, solicita-se uma visita do técnico responsável.
Em muitos casos, também, a própria comunidade solicita apoio, geralmente quando
o dessalinizador apresenta problemas, o que pode ser ocasionado por diversos fatores,
desde simples problemas técnicos, que demandam substituição de alguma peça ou
esclarecimentos ao operador, até problemas sociais, como uso inadequado da água do
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
48
Esse desenvolvimento constante também está sendo possibilitado com a realização de
pesquisas na UD de Santana do Ipanema pela UNEAL, com apoio do PAD e da prefeitura municipal,
e em alguns casos com orientação de técnicos da EMBRAPA. Outras intituições do Núcleo Estadual
também podem auxiliar nesses estudos, como o IMA, UFAL e o Instituto Xingó.
E
AMBIENTAL
SEMARH
IMA
OUTROS
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
49
O corpo técnico disponibilizado pelo PAD tem funções executivas nas fases de diagnósticos
e implantação e, após o início de sua operação, vem prestar apoio e assessoramento nos
locais sob intervenção, considerando acima de tudo as funções precípuas de abastecimento
de água dos municípios.
Com o aumento da demanda de ações do PAD em Alagoas, a Coordenação Estadual propõe
a descentralização das ações por componente, por meio de Sub-coordenações de mobilização,
sustentabilidade ambiental, sistemas produtivos e dessalinização, cuja metodologia deverá ser
mantida com eficácia.
A Coordenação Estadual se manterá a cargo da SEMARH, e as Sub-coordenações serão
ocupadas por técnicos capacitados e cedidos pelas entidades, podendo eventualmente
serem contratados pelo programa. Cada uma dessas sub-coordenações será responsável pelo
desempenho dos componentes dos quais fazem parte.
A SEMARH possui três escritórios regionais no semiárido alagoano, localizados nos municípios
de Arapiraca, Santana do Ipanema e Delmiro Gouveia, os quais serão de grande importância para
estruturação de Núcleos de Apoio para as áreas a serem atendidas pelo PAD. Cada Núcleo será
composto por técnicos, cedidos ou contratados, que serão responsáveis pelo acompanhamento
direto dos sistemas recuperados no raio de abrangência dos municípios de cada Núcleo e, após
essa fase de maior intervenção do programa, darão apoio às prefeituras e associações para
garantir a continuidade do fornecimento de água de qualidade pelos dessalinizadores.
Entre as atribuições desses técnico destaca-se a intermediação dos trabalhos nas
comunidades de sua área de atuação, identificando problemas, e, quando achar necessário,
solicitar a presença de outros técnicos para sua resolução.
Além dos três escritórios da SEMARH, o programa se propõe estruturar o quarto Núcleo de
Apoio do PAD, no município de Pão de Açúcar, com apoio da SEMARH. Esse novo Núcleo visa
atender às cidades ribeirinhas ou próximas ao rio São Francisco, com indicadores sociais negativos
e sem acesso à água potável (FIGURA 19).
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
50
Considerando a ampliação das ações do PAD, e visando a garantia de uma maior eficiência
nos serviços prestados pelo Programa Estadual, estima-se uma parceria com uma entidade para
gerenciamento de toda logística operacional, que inclui questões de contratações, aquisições
de equipamentos e materiais, implementação de treinamentos e capacitações, elaboração de
relatórios e de material educativo, providências de diárias e transporte para os deslocamentos,
entre outras ações. Essa parceria poderá ser efetuada por meio de termo de parceria e/ou
convênio, planos de execução consubstanciados em planilhas com detalhamentos.
As ações acima serão fiscalizadas pela SEMARH e pelo Núcleo Executivo do PAD.
A estrutura organizacional para exercício das ações de 2010 a 2019 do PAD/AL está
apresentada na figura 20.
Com essas propostas, busca-se uma ampliação do atendimento, com melhoria constante do
PAD/AL, além do abastecimento sustentável ao longo do tempo, com aumento da disponibilidade
hídrica para essas comunidades difusas do semiárido.
51
2.5.5. METAS E ORÇAMENTO
As metas do PAD em Alagoas foram divididas em diferentes prazos de execução,
condicionadas por convênios em execução ou previstos, e ainda, estabelecidas em atendimento
às premissas seguidas pelo Programa.
As ações de curto prazo do PAD/AL, para as quais já estão previstos recursos para execução,
se concentram na Região Hidrográfica do Traipu, uma vez que, por ser muito impactada, a
SEMARH tem direcionado os projetos para essa bacia com vista à criação de um modelo de
desenvolvimento que poderá se expandir para outras regiões do Nordeste. A execução dessa
meta ocorrerá durante o período de 2010 a 2011, obedecendo ao estabelecido na primeira
versão do Plano Estadual do Programa Água Doce, que possibilitou a obtenção de recursos
para sua execução.
Para isso, foi efetuado o diagnóstico de 64 comunidades nos municípios da bacia do Traipu,
em novembro de 2009, visando a seleção de 24 localidades mais críticas para recuperação dos
sistemas de dessalinização, especialmente quanto ao acesso à água, condições sociais, além
da verificação das condições dos poços e áreas para construção dos tanques de contenção,
possibilitando, assim, a atualização do cadastro de poços e dessalinizadores.
Ressalta-se que apesar dos trabalhos terem se iniciado na bacia do Traipu, também está
sendo efetuado um diagnóstico em outros municípios que também apresentaram grande nível
de criticidade de acordo com os indicadores utilizados pelo programa, visando a recuperação
desses sistemas durante esse período.
As ações de médio e longo prazo passam a abranger toda a região do semiárido, já com a
experiência e ampliação do programa, adquiridas na primeira etapa de trabalho.
As metas de médio prazo foram estabelecidas para período de dois anos, prazo definido
conforme a sinalização recente de novos recursos para executá-las.
Por fim, encontram-se as metas de longo prazo, que consideram o número de dessalinizadores
identificados no Estado e o desenvolvimento do PAD/AL com a execução das metas anteriores.
Em todas as metas foi estimado o número de habitantes que potencialmente será
beneficiado, considerando a relação de 600 habitantes atendidos por dessalinizador, utilizada
como parâmetro pelo Programa Água Doce.
52
TABELA 12 - Metas de curto prazo do PAD/AL
53
2.5.6. PLANO ESTADUAL PAD/ALAGOAS – METAS, CUSTOS E
POPULAÇÃO BENEFICIADA
Por fim, o resumo de todos os custos das ações do Plano Estadual do Programa Água Doce
em Alagoas, referente ao período de janeiro de 2010 a dezembro de 2019 são apresentados na
tabela 19, assim como a população potencialmente beneficiada.
Para a elaboração desse planejamento foram consideradas tanto as dificuldades, mas
também as grandes potencialidades, presentes no Estado de Alagoas, buscando-se a ampliação
e fortalecimento gradual do PAD para execução dessas metas. Estabelecidas, assim, de forma
realista, algumas dessas metas já possuem recursos garantidos para início de suas atividades.
Porém, considerando que a população rural do semiárido alagoano, que é a menos
assistida quanto ao serviço de abastecimento de água, e a mais vulnerável aos períodos de
seca, totaliza 400.008 habitantes, verifica-se o grande esforço ainda necessário do PAD, aliado
ao desenvolvimento de outros projetos e ações, para interromper esse processo histórico de
pobreza e seca no semiárido.
TABELA 15 – Resumo dos custos para execução das ações previstas no Plano Estadual do
Programa Água Doce de Alagoas, durante o período de 2010 a 2019.
54
BRASIL. MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. Nova delimitação do semiárido brasileiro. 2005.
BRASIL. PROGRAMA TERRITÓRIOS DA CIDADANIA. Acões executadas no Território da Cidadania:
do Agreste (Relatório de execução Jan/2008 – Dez/2009). Disponível em: http://www.territorios-
dacidadania.gov.br (Acesso em: 03/01/2010). 2009a. 852p.
BRASIL. PROGRAMA TERRITÓRIOS DA CIDADANIA. Acões executadas no Território da Cidadania:
do Alto Sertão (Relatório de execução Jan/2008 – Dez/2009). Disponível em: http://www.territo-
riosdacidadania.gov.br (Acesso em: 03/01/2010). 2009b. 850p.
BRASIL. PROGRAMA TERRITÓRIOS DA CIDADANIA. Acões executadas no Território da Cidadania:
da Bacia Leiteira (Relatório de execução Jan/2009 – Dez/2009). Disponível em: http://www.ter-
ritoriosdacidadania.gov.br (Acesso em: 03/01/2010). 2009c. 1478p.
BRASIL. PROGRAMA TERRITÓRIOS DA CIDADANIA. Acões executadas no Território da Cidadania:
do Médio Sertão (Relatório de execução Jan/2009 – Dez/2009). Disponível em: http://www.ter-
ritoriosdacidadania.gov.br (Acesso em: 03/01/2010). 2009d. 1487p.
BRASIL. PROGRAMA TERRITÓRIOS DA CIDADANIA. Matriz de Acões 2010 no Território da Ci-
dadania: do Agreste. Disponível em: http://www.territoriosdacidadania.gov.br/ (Acesso em:
03/01/2010). 2010a. 132p.
BRASIL. PROGRAMA TERRITÓRIOS DA CIDADANIA. Matriz de Acões 2010 no Território da Cidada-
nia: do Alto Sertão (Relatório de execução Jan/2008 – Dez/2009). Disponível em: http://www.
territoriosdacidadania.gov.br (Acesso em: 03/01/2010). 2010b. 122p.
BRASIL. PROGRAMA TERRITÓRIOS DA CIDADANIA. Matriz de Acões 2010 no Território da Cidada-
nia: da Bacia Leiteira. Disponível em: http://www.territoriosdacidadania.gov.br/ (Acesso em:
03/01/2010). 2010c. 107p.
BRASIL. PROGRAMA TERRITÓRIOS DA CIDADANIA. Matriz de Acões 2010 no Território da Cidada-
nia: do Médio Sertão. Disponível em: http://www.territoriosdacidadania.gov.br/ (Acesso em:
03/01/2010). 2010d. 105p.
ANA. AGENCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Atlas do Nordeste: abastecimento urbano de água: alterna-
tivas de oferta de água para as sedes municipais da Região Nordeste do Brasil e do Norte de Minas
Gerais./Agência Nacional de Águas, Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos;
Consórcio Engecorps/Projetec/Geoambiente/Riverside Technology. Brasília: ANA,SPR,2006. 80p.
BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HÍDRICOS E DA AMAZÔNIA LEGAL. Pla-
no Diretor de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Traipu. SRH/IICA; HYDROS Brasília:
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
SRH/IICA. 1998.
BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE/UFPB. Atlas das áreas susceptíveis à desertificação do
Brasil. Brasília:MMA, 2007B. 134p.
BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. SECRETARIA DE AVAL-
IAÇÃO E GESTÃO DA INFORMAÇÃO. Programa Cisternas: um estudo sobre a demanda, cobertura
e focalização. Caderno de Estudos Desenvolvimento Social em Debate. n. 7 (2007), 2008, 40p.
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Contagem populacional 2007. Rio
de Janeiro:IBGE, 2007. 311p.
PNUD – PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Atlas do Desenvolvi-
mento Humano no Brasil 2000 (Versão on line). Disponível em: http://www.pnud.org.br/atlas/
(Acesso em: 11/06/2008).
55
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
56
3. ESTADO DA BAHIA
Com a nova delimitação, a região semiárida baiana estendeu-se para 265 municípios dos
seus 417 (IBGE, 2007), representando 64% do número total do Estado e 23% de todo o conjunto
da região, perfazendo uma à área de 393.056,1 km2 . Esta região semiárida é uma das mais pobres
e carente de informações, onde localizam-se os Biomas: a floresta tropical úmida, o cerrado e o
bioma Caatinga com cerca de 70% da área do Estado e 40% de toda a região (FIGURA 22).
57
A população residente é aproximadamente cerca de 6,5 milhões de pessoas (43% de sua
população), pelo Censo de 2000, o que significa quase 50% da população da Bahia e 31% das
pessoas residentes na região. A Bahia é o Estado brasileiro com maior participação relativa na
região semiárida: nenhum Estado da federação responde por mais de 23% dos municípios, 40%
da área territorial ou 31% da população do Semiárido nordestino (DESENBAHIA, 2008).
Segundo a SEI (2008), na Bahia existem 157 Unidades de Conservação (FIGURA 23), instituídas
por decretos e portarias federais, estaduais e municipais. São 39 Unidades de Proteção Integral,
onde se incluem as estações ecológicas, reservas biológicas, parques, monumentos naturais e
refúgio de vida silvestre, nos quais admite-se apenas o uso indireto dos recursos naturais, e 109
Unidades de Uso Sustentável, onde se inserem as Áreas de Proteção Ambiental (APA), Área de
Relevante Interesse Ecológico (ARIE), Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), Reserva
Extrativista (RESEX), Floresta Nacional (FLONA), as quais se aplicam garantias adequadas de
conservação e orientação às atividades humanas. Outras nove unidades, ainda sem classificação
definida pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), completam o quadro das
UC. Considerando os diferentes biomas, constata-se que o maior percentual de Unidades de
Conservação encontra-se em áreas de floresta (Mata Atlântica), devido à sua fragmentação e
consequente degradação.
58
Figura 23 Unidades de Conservação na Bahia. Fonte: SEI, 2008
Segundo dados (PERH, 2005) o Estado no período de 1991- 2005 apresentou Índice de
Desenvolvimento Humano - IDH de 0,742 ocupando a nona posição do país, o que pode significar
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
59
entorno, encontra-se o maior rebanho caprino do país. Ao sul concentra-se a maior produção
pecuária bovina. No planalto de Conquista a produção de café e no litoral sul do Estado a
cacauicultura, a silvicultura e a produção industrial de celulose na região do extremo sul e
parte do litoral norte do Estado. Na região central do Estado, de maneira mais atomizada,
observam-se, principalmente, atividades de mineração.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
60
O ponto mais elevado de seu território é a serra do Barbado, com 2.033 metros de altitude.
Existe uma grande variedade de relevo destacando-se no litoral as dunas, planícies litorâneas e
manguezais, planalto no sudeste e no vale do rio São Francisco ocorrem depressões, locais onde
desenvolve o clima semiárido.
Baiano, Extremo Oeste Baiano, Metropolitana de Salvador, Nordeste Baiano, Sul Baiano e Vale
Sanfranciscano da Bahia), subdivididas em trinta e duas microrregiões, de grande variabilidade e
complexidade em termos de recursos naturais.
Segundo Brito (2008) a Bahia tem mais de vinte regionalizações, englobando as
regionalizações das secretarias, do Governo Federal, dos diversos ministérios e órgãos federais.
Na regionalização por agrupamento encontra-se a Divisão em Territórios, Coordenação Estadual
dos Territórios da Bahia – CET/SDT/MDA, 2005, critérios centrais de agrupamento, agricultura
familiar e reforma agrária – 26 Territórios; como resultado de um esforço conjunto de vários
ministérios e do próprio Governo Federal para priorizar suas ações em regiões e subregiões onde,
os investimentos públicos e privados não têm sido suficientes para garantir o atendimento às
necessidades básicas da população, bem como para acelerar processos locais e subregionais, que
ampliem as oportunidades de geração de renda de maneira desconcentrada e com a observância
da sustentabilidade em todas as suas dimensões.
61
Essas Unidades Territoriais ou Territórios de Identidade – TI (TABELA 16) como são
identificadas pelo governo baiano, são resultantes do objetivo do governo do Estado em
identificar oportunidades de investimento e prioridades temáticas definidas a partir da realidade
local de cada Território possibilitando o desenvolvimento equilibrado e sustentável entre as
regiões. Para tanto, o Governo da Bahia passou a reconhecer, em seu Planejamento Territorial,
a existência de 26 Territórios de Identidade (FIGURA 25), constituídos a partir da especificidade
dos arranjos sociais e locais de cada região. Sua metodologia foi desenvolvida com base no
sentimento de pertencimento, onde as comunidades, por meio de suas representações, foram
convidadas a opinar (SELPAN, 2009).
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
62
Tabela 16 Relação dos Territórios de Identidade, seus Municípios e os Municípios do
Semiárido Baiano incluídos nos TI.
63
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
64
Em 2008 o Governo Federal lançou o Programa Territórios da Cidadania, visando enfrentar o
desafio de melhorar a qualidade de vida dos brasileiros que vivem nas regiões que mais precisam;
especialmente no meio rural. Tendo como objetivo, promover o desenvolvimento econômico e
universalizar programas básicos de cidadania por meio de uma estratégia de desenvolvimento
territorial sustentável, é de fundamental importância a participação social e a integração de ações
entre o Governo Federal, Estados e municípios para construção dessa estratégia. Neste ano foram
contemplados 60 Territórios com investimentos de R$ 12, 6 bilhões em programas direcionados
aos acessos à direitos sociais, à infra-estrutura e ao apoio às atividades produtivas (Territórios da
Cidadania, 2010).
Dentre os 120 Territórios da Cidadania do País contemplados com investimentos do MDA
para 2009, no Estado da Bahia foram inseridos no total 161 municípios que fazem parte dos
Territórios da Cidadania (FIGURA 26): Semiárido Nordeste II, Sertão do São Francisco, Irecê, Baixo
Sul, Itaparica BA/PE, Velho Chico/BA, Litoral Sul/BA e Sisal/BA estes fazem parte dos 26 Territórios
de Identidade do Governo do Estado/Federal. Portanto, como os Territórios de Identidade – TI
(Unidades Territoriais) contemplam os Territórios de Cidadania da Bahia que tem objetivos em
comum; então, as ações do Programa Água Doce do Governo Federal para o Estado da Bahia
pode ser desenvolvida levando em consideração a regionalização dos Territórios de Identidades.
Figura 26
Territórios da
Cidadania do
Estado Bahia
Fonte: MMA, 2010
65
3.1.3. Caracterização Climatológica
O clima predominante no Estado é tropical, onde o número anual médio de horas de
insolação é de 2.337 horas, a umidade relativa média é de 71,7% e a nebulosidade média é de 5,8
(na escala de 0 a 10), com temperaturas médias anuais que oscilam entre 20 ºC e 26 ºC, ocorrendo
temperaturas mais amenas no litoral e nas regiões mais altas da Chapada Diamantina.
A precipitação pluviométrica de uma região é determinante no seu aspecto natural e,
consequentemente, no seu desenvolvimento socioeconômico.
A média de precipitação anual varia de 363 mm, nas porções norte e nordeste do Estado,
a 2.000 mm registrada na planície costeira do município de Ilhéus. Portanto, caracterizado com
chuvas irregulares passando por longos períodos de estiagem com uma diversidade climática
que passa do clima úmido a subúmido, semiárido a árido (FUGURA 27).
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
66
O clima Úmido é encontrado no limite oeste do Estado numa faixa com largura variando entre
20 e 80 km, onde as chuvas médias anuais variam de 1.300 a 1.600 mm. Também é observado na
maior parte do litoral (em uma faixa com largura de 18 a 65 km), onde as chuvas variam de 1.400
a 2.600 mm anuais, bem como em uma pequena mancha localizada na vertente sul da Chapada
Diamantina, no trecho alto da bacia do Rio Paraguaçu.
O clima Úmido a Subúmido é encontrado em faixas contíguas às do clima Úmido, onde o
índice pluviométrico oscila entre 1.000 a 1.400 mm/ano. Este clima ocorre, principalmente, na
vertente sul da Chapada Diamantina e ao longo da faixa litorânea. Nesses dois tipos climáticos
(Úmido e Úmido a Subúmido) as temperaturas médias oscilam entre 22 ºC e 24 ºC e o índice
hídrico é sempre positivo.
O clima Subúmido a Seco apresenta-se paralelo à faixa atlântica, contornando a Chapada
Diamantina e nas bordas dos Chapadões Ocidentais, apresentando um déficit moderado de água.
A precipitação média anual varia de 800 a 1.200 mm, decresce na direção do centro do Estado e as
temperaturas médias variam entre 24 ºC e 25 ºC.
O clima Semiárido ocorre em praticamente 70% do Estado sendo característico nos vales
dos Rios São Francisco, Vaza-Barris, Itapicuru, Paraguaçu e Contas. De uma forma geral, apresenta
déficits hídricos, altas temperaturas (com médias mínimas acima de 25 ºC), precipitações inferiores
a 800 mm anuais.
O clima Árido é encontrado no extremo norte do Estado, especificamente ao longo do
Submédio Vale do Rio São Francisco até a divisa com Sergipe, nos dois terços inferiores do Lago
de Sobradinho, na bacia do Rio Salitre e em algumas manchas isoladas. Nestas áreas ocorrem às
maiores temperaturas, as precipitações oscilam entre 500 e 300 mm (concentradas em apenas
três meses), não existindo excedente hídrico.
Os dados de precipitação utilizados na geração das isoietas (FIGURA 28) foram extraídos
de séries contínuas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no período de 1943/1983,
e da Superintendência de Recursos Hídricos (SRH), atual Instituto das Águas e Clima (Ingá), nos
períodos de 1961/1990.
67
3.1.4. Características Pedológicas Predominantes no Semiárido
Baiano
As condições naturais dos solos, determinadas principalmente pela ação dos agentes
climáticos sobre a litologia, ocasionaram o aparecimento de diferentes compartimentos
pedológicos no território baiano. Com 13 classes de solos, cujas respectivas áreas de abrangência
de cada classe encontram-se na TABELA 17, onde evidencia-se a forte predominância dos solos das
classes Latossolo, Argissolo e Neossolo, cuja soma corresponde em torno de 80,4% do território
baiano. A distribuição dessas classes pode ser observada na FIGURA 29.
68
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
A FIGURA 30 apresenta as áreas do Estado da Bahia com risco de erosão, onde levou-se
em consideração os fatores da variável Solo (textura, profundidade e drenagem interna), que
somados informam sobre as propriedades de erodibilidade do solo e, os fatores da variável Meio
(precipitação, relevo e cobertura vegetal) que caracterizam os fatores de erosividade do meio;
verificando-se que as regiões de maior risco à erosão estão situadas nas bacias dos rios Paramirim
e Santo Onofre e, em menor escala, nas bacias dos rios Verde, Jacaré, Carnaíba de Dentro, no Alto
Paraguaçu, no Alto Contas e na Calha do São Francisco (PERH, 2005).
69
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Figura 30 Áreas do Estado da Bahia com risco de erosão Fonte: PERH, 2005
70
Figura 31 Áreas do Estado da Bahia Susceptíveis a Desertificação Fonte: MMA, 2010
71
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
72
Tabela 18 Características das principais bacias e sub-bacias do Estado da Bahia
(*)vazão no exutório da bacia, considerando inclusive as áreas externas à Bahia.Fonte: PERH, 2005
Conforme pode ser observado na FIGURA 33, 60% dos municípios do nordeste são
abastecidos por águas superficiais, 32% por águas subterrâneas, 8% por ambos os tipos de
mananciais, 0,5% não possuem sistema de abastecimento e 5% não têm informações (ANA,
2009). Observa-se, ainda que o Estado da Bahia tem maior utilização de mananciais superficiais
em relação aos demais Estados do nordeste.
73
No Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado da Bahia – PERH foram identificados 304
reservatórios de pequeno porte (até 30 hm3) e 19 de grande porte (> 30 hm3). Estes reservatórios,
depois de agrupados por Unidades de Balanço – UB permitem regularizar as vazões TABELA 19.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
74
Tabela 19 Disponibilidade hídrica de superfície por Unidades de Balanço (UB) ano 2000
75
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
76
Legenda Qr,p - vazão regularizada pelos pequenos reservatórios; Q90d.ub - vazão média diária
produzida pela UB c/ 90% de garantia; Qr.g - vazão regularizada pelos grandes reservatórios;
Q90d.exu – vazão média diária afluente ao exutório da UB c/ 90% de garantia; Fonte: PERH, 2005
Ainda de acordo com o PERH, o Estado possui cerca de 400 reservatórios com capacidade
maior que 10.000 m³ dos quais, cerca de 215 apresentam capacidade superior a 100.000 m³ e 24
reservatórios (incluindo Sobradinho e Itaparica) têm capacidade maior que 25 milhões de m³.
Além destes, foram identificados outros doze reservatórios programados pelo Governo do Estado
para implantação até 2020.
Em 2008, o Estado da Bahia promoveu uma nova regionalização visando otimizar a gestão
dos Recursos Hídricos, dividindo o Estado em 26 Regiões de Planejamento e Gestão das Águas
– RPGA (FIGURA 35) das quais, 19 são inteiramente estaduais e 7 compartilhadas com outros
Estados, salientando-se que 01 RPGA pode ser constituída por uma bacia hidrográfica (Ex:
Paraguaçu) ou constituída por bacias hidrográficas contiguas (Ex: Recôncavo Norte).
77
3.2.2. Potencialidades e Disponibilidades Hídricas Subterrâneas
A oferta de água subterrânea para consumo humano, animal e pequena irrigação em
pequenas comunidades do interior da Bahia, vêm crescendo de forma continuada nos últimos 30
anos, especialmente nas áreas mais carentes em águas superficiais.
Segundo o (PERH, 2005) os principais domínios hidrogeológicos (FIGURA 36) homogêneos
(e subdomínios) encontrados na Bahia são os seguintes:
• Coberturas Dentríticas (coberturas rasas e coberturas profundas)
As Coberturas Rasas se prestam aos modelos de captações artesanais como cacimbas,
poços amazonas, poços ponteiras, poços com drenos radiais, trincheiras filtrantes, barragens
subterrâneas, etc. São depósitos muito utilizados nas regiões semiáridas, apresentam extrema
vulnerabilidade a qualquer tipo de contaminação, já que são recarregados por águas pluviais ou
indiretamente pela descarga dos riachos.
As Coberturas Profundas são encontradas em várias regiões do Estado e incluem a Formação
Vazante, a qual é representada por uma espessa camada dentrítica depositada nas margens do
Rio São Francisco e permite o armazenamento de consideráveis quantidades de água. Suas águas,
normalmente de boa qualidade química (embora de elevada vulnerabilidade à contaminação),
podem ser captadas através de poços tubulares profundos (mais de 50 metros e com vazões
médias da ordem de 11,45 m³/h).
• Bacias Sedimentares (bacia do Recôncavo, bacia de Tucano, bacia do Urucuia e bacia do
Extremo Sul).
Na Bacia do Recôncavo, os aquíferos mais significativos são os arenitos da Formação Sergi
em sua base e o chamado Sistema Aquífero Superior (sequência das formações São Sebastião/
Marizal). As demais formações sedimentares, essencialmente argilosas, são consideradas
desfavoráveis ao armazenamento e produção de água subterrânea.
A Bacia Sedimentar de Tucano é, certamente, uma das maiores reservas de água subterrânea
do Estado da Bahia e, à exceção da Formação Candeias, todas as suas formações aquíferas têm
potencial para produzir água subterrânea de boa qualidade. Em contrapartida, a bacia apresenta-
se entrecortada de falhamentos em blocos, conectando diferentes camadas aquíferas, com níveis
de salinização e pressões variáveis.
A Bacia Sedimentar do Urucuia é constituída essencialmente por arenitos finos a médios,
está numa região de clima tropical quente e úmido com taxas pluviométricas variando entre
800 a 1.600 mm/ano e os rios da região são perenizados através da restituição subterrânea. Há
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
78
Francisco e outras áreas menores. As águas destes aqüíferos são salinizadas, com elevado teor
de dureza. A produção média dos poços, nas áreas com chuvas menores que 800 mm/ano, é de
9,04 m³/h (com 1.324,14 mg/ℓ de STD, em média) e, onde as chuvas são superiores a 800 mm, a
capacidade média de produção dos poços aumenta, nos calcários do Oeste do Rio São Francisco
que alcança 9,93 m³/h (com 660,92 mg/ℓ de STD, em média).
• Metassedimentos
Os Metassedimentos são aquíferos fissurais livres, rasos e de baixa capacidade de
armazenamento. Suas águas são, normalmente, de boa qualidade e a capacidade média de
produção dos poços é de 6,94 m³/h. A maior das áreas deste Domínio está em regiões com
precipitações pluviométricas acima de 800mm/ano.
• Cristalino Fissural (com precipitações menores do que 800 mm/ano e com precipitações
maiores do que 800 mm/ano).
Nas regiões onde ocorrem precipitações anuais inferiores a 800 mm verifica-se que além da
elevada salinização de suas águas (com 4.550,10 mg/ℓ de STD), a capacidade média de produção
dos poços é baixa (estimada em 3,41 m³/h). Nas regiões onde o total anual de chuva é superior a
800 mm a capacidade média de produção dos poços atinge 3,98 m³/h e a qualidade química das
águas melhora os Sólidos Totais Dissolvidos - STD que cai para 2.633,21 mg/ℓ de STD.
79
Somando-se os cinco domínios homogêneos as reservas permanentes em água subterrânea
são da ordem de 3.499,0x109 m³, resultando numa potencialidade explorável de aproximadamente
42,83x109 m³/ano. A distribuição das potencialidades e disponibilidades por domínio ocorre
conforme TABELA 20.
80
3.2.2.1. Poços: Situação na Bahia
O cadastro de poços da CERB - Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia, apresenta
mais de 20000 poços, dos quais 13271 foram perfurados pela CERB até julho de 2010.
As principais características dos aquíferos e dos poços tubulares em operação até o ano 2000
estão na TABELA 21.
A CERB, através do Programa Água para Todos, perfurou 1880 poços até o final de abril de
2010 superando a meta do programa que era de 1,8 mil poços perfurados até janeiro de 2011,
beneficiando a população de 294 municípios (CERB, 2010).
Segundo Leal et al. (1969) apud Olivar (2003) a disponibilidade hídrica do sistema cristalino
da Bahia, estimada por diferentes autores, situa-se no intervalo de 180 m³ a 1.000 m3/km2/ano.
Do ponto de vista químico, as águas são dominantemente cloretadas, com salinidades variando
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
de 195 mg/ℓ a 18.600 mg/ℓ e com uma média de 3.000 mg/ℓ de sólidos dissolvidos (CERB, 1983).
Os saldos hídricos para 2020 obtidos por Unidades de Balanço – UB estão apresentados na
FIGURA 37, onde observa-se que a maioria das bacias com déficit hídrico estão na zona semiárida
e em terrenos do embasamento cristalino e metassedimentar, os quais não têm condições de
reservar grandes quantidades de água subterrânea e os poços apresentam baixas vazões,
representando uma demanda não atendida de 30,55 m³/s, daí a necessidade de grande número
de poços nestas áreas.
81
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
82
Atualmente o PERH está sendo revisado e o Estado ampliou o número de RPGA, passando a 26,
conforme explicado anteriormente.
Tabela 22 Número de Poços implantados e incremento de vazões por RPGA – 2000 /2020
83
• o consumo per capita de 120 l/hab.d é relativamente baixo quando comparado com
os valores convencionais utilizadas em projetos. Por exemplo, o padrão comum para
municípios menores que 50 mil habitantes na região Centro-Oeste é de 150 l/hab.d. Já o
Estado de São Paulo vem utilizando para as cidades do interior per capitas que chegam a
220 l/hab.d. Parte desta situação pode ser explicada por uma restrição na oferta de água,
reportada por cerca de 28% dos municípios do Estado. Outra causa seria o valor da tarifa
praticada pelas concessionárias, que inibiria desperdícios e restringiria o uso da água
pela capacidade de pagamento da população.
Na zona rural em geral a população é abastecida por sistemas individualizados, em cada
residência, por meio de poços e cisternas. Apresentando uma demanda média per capita de
consumo de 80 l.hab/d, totalizando 331 mil.m3/d.
A demanda de água para fins industriais está na ordem de 221 mil.m3/d onde 44% provêm
de captação própria e o restante é fornecido pela Embasa. A demanda de água em cada bacia é
mostrada na FIGURA 38.
Figura 38 Demanda de Água pelas Indústrias, por Bacia Hidrográfica Fonte: PERH, 2005
A região das bacias do Recôncavo Norte apresenta-se com a maior demanda hídrica
industrial devido à existência de pólos industriais e petroquímicos na região, além de boa parte
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
da indústria de bebidas.
As demandas de irrigação dependem da participação dos diferentes métodos de
aplicação da água e suas eficiências, além dos fatores relacionados aos tipos de cultivos,
clima, solo, etc. Considerando-se que do total de 309.070 ha cultivados sob irrigação no ano
2000 no Estado, cerca de 1,2% são irrigados por inundação, 32,3% irrigados por infiltração,
56,9% por aspersão e 10,5% por microirrigação, as demandas hídricas médias somam cerca
de 170,05 m³/s (PERH, 2005).
As ações do PAC no Estado da Bahia através do PROÁGUA Nacional, beneficiou 119512 hab
com a implantação do sistema adutor de Jacobina, e 52699 hab em Cafarnaum. Além disso,
a cidade de Pedro Alexandre foi beneficiada com outro tipo de sistema de abastecimento. O
PAC ainda implantou o Projetos de Irrigação Baixio de Irecê (54000 ha), Salitre (32000 ha) e
Estreito IV (5000 ha).
84
3.4. PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES DE DISPONIBILIDADE DE
ÁGUA PARA AS COMUNIDADES RURAIS
qualidade de vida das famílias beneficiadas, irão contribuir para o combate à desertificação. É
intenção do Governo do Estado ampliar esse projeto para toda a região do semiárido baiano.
85
1.800 poços tubulares e 1.500 sistemas simplificados de abastecimento de água. O recurso total
disponibilizado para o período de 2007-2010 foi de 2,1 bilhões, oriundos de fontes internacionais,
federais e estaduais.
Do total de recursos do Programa Água para Todos, R$ 1,97 bilhão oriundos do PAC (cerca
de R$ 700, milhões executados). Das ações realizadas 47% nos municípios do semiárido, para o
abastecimento foram entregues.
Também está sendo elaborado o Plano de Manejo de Águas Pluviais e Esgotamento Sanitário
do interior do Estado. Realizado diagnóstico em 113 municípios para elaboração de projetos e
execução de obras. E foram Instituídas:
• Política Estadual de Saneamento Básico, Lei Estadual nº. 11.172/08;
• Comissão Geral de Regulação de Saneamento Básico (Coresab) em 2009 de forma inédita
no Brasil está promovendo revisão tarifária com a garantia do controle social.
Por meio do Programa Aceleração do Crescimento (PAC) a CODEVASF implantou na cidade
de Sento Sé sistema de esgotamento sanitário, com investimentos que totalizam R$ 13,5 mil
(CODEVASF, 2010).
86
• alto consumo, por parte da comunidade, da água dessalinizada para fins domésticos;
• ausência de manutenção preventiva efetiva, acarretando a exaustão rápida nos
equipamentos e falência de alguns sistemas;
• falta de efetividade em termos da auto sustentabilidade do sistema.
• Ações mitigadoras realizadas:
• utilização de chafarizes eletrônicos acarretando controle e distribuição mais efetiva da
água dessalinizada e redução dos efluentes gerados
• implantação de ações mais efetivas de mobilização social e engajamento das
comunidades;
• responsabilidade da comunidade na manutenção dos equipamentos;
• parcerias com as prefeituras locais;
• criação de mecanismos de auto sustentabilidade do sistema;
• estabelecimento de valor para venda da água pela comunidade, com os recursos sendo
aplicados na manutenção e operação do sistema.
Em 2007, o Programa Água Doce - PAD Bahia foi reformulado e suas atividades foram
retomadas, passando a ser coordenado pelo Instituto de Gestão da Águas e Clima - INGÁ. Foi
criado o Grupo Executivo, responsável pela coordenação e gerenciamento das ações do Programa
em nível estadual.
Novos treinamentos e atualizações do Programa foram realizados, dentre as quais destacamos
a Oficina de Atualização do PAD e o Encontro em Arapiraca, realizados, respectivamente, em
Salvador (maio 2007) e Arapiraca (dezembro 2007).
Durante o ano de 2009 , os técnicos do PAD Bahia visitaram 17 localidades em 03 municípios,
com o objetivo de localizar área para implantação de UD, sendo selecionada a localidade de
Minuim, município de Santa Brígida. As obras para implantação da mesma iniciaram-se em maio
de 2010 (FIGURA 39) e a inauguração está prevista para 30 de novembro de 2010.
87
Figura 39 Imagens das atividades desenvolvidas na UD de Minuim – Sta. Brígida
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
88
3.7.2. Objetivos Específicos
• Democratizar o acesso à água de boa qualidade por meio do processo artificial de
dessalinização;
• Melhorar a qualidade de vida de comunidades difusas do semiárido baiano;
• Reduzir os impactos ambientais causados pelo concentrado salino gerado pelo sistema
de dessalinização, prevenindo a salinização do solo e minimizando o processo de
desertificação;
• Contribuir para o estabelecimento de bases sólidas de cooperação e participação social
na gestão dos sistemas de dessalinização;
• Fortalecer o Núcleo Estadual do PAD, através da definição de uma metodologia de trabalho
que garanta permanente articulação das instituições, bem como a responsabilidade de
cada uma destas no desenvolvimento e consolidação do Programa;
• Mobilizar a população beneficiada na busca da autogestão dos sistemas de dessalinização;
• Concluir a recuperação dos sistemas de dessalinização instalados por projetos anteriores,
a partir dos parâmetros concebidos pelo PAD;
• Realocar dessalinizadores das áreas contempladas com abastecimento de água potável
pela EMBASA, para as comunidades selecionadas pelo PAD/BA, de acordo com os
critérios de prioridade definidos pelo mesmo;
• Implantar novos sistemas de dessalinização, através da aquisição de equipamentos,
visando ampliar a quantidade de comunidades a serem beneficiadas, bem como o
aproveitamento do rejeito nas unidades produtivas;
• Recuperar e modernizar os sistemas de dessalinização, de forma a melhor distribuir os
benefícios e viabilizar sua manutenção sustentável;
• Melhorar a distribuição da água potável tanto quantitativa quanto qualitativamente;
• Promover a articulação das ações do PAD/BA com os diversos programas, projetos e
instrumentos de gestão, no Estado da Bahia, voltados para o uso sustentável dos recursos
hídricos e a convivência com o semiárido.
Para efetivação de uma gestão eficaz do PAD-BA, se faz necessário, que ocorra uma ação
imediata dos órgãos encarregados em gerir as ações a serem desenvolvidas em cada município
conforme a metodologia definida pelo Programa Nacional quanto ao funcionamento dos
sistemas de dessalinização e das unidades demonstrativas, ao atribuir a comunidade um papel
de destaque através dos instrumentos de gestão local sobre tais sistemas, bem como ao garantir
estruturas coletivas voltadas para uma atuação articulada de entidades da sociedade civil e das
instituições governamentais, com atribuições voltadas para a política de recursos hídricos e de
meio ambiente.
Para tanto, o Programa Água Doce- BA objetiva-se na procura da competência, em torna-
se efetivo o serviço de oferta de água potável para as comunidades em situação crítica de
sobrevivência no semiárido baiano.
89
3.7.3.1 Estrutura de Gestão
Âmbito Estadual
O Núcleo Estadual do Programa Água Doce deverá se constituir com a participação
de instituições que tenham vinculação direta ou indireta com as ações do PAD, devendo
essencialmente contar com representantes de entidades em nível federal, estadual e municipal e
da sociedade civil organizada. Coordenado pelo Instituto de Gestão da Águas e Clima – INGÁ, o
Núcleo Estadual deverá fortalecer as instâncias locais de gestão dos sistemas de dessalinização,
estimulando e contribuindo para o aprofundamento da participação da comunidade na gestão
local do referidos sistemas, inclusive como fiel depositária dos equipamentos, estruturas e
instalações (através de sua entidade de representação, formalmente constituída).
Atualmente, o Núcleo Gestor Estadual do PAD é representado pelos seguintes órgãos:
• Instituto de Gestão das Águas e Clima – INGÁ – Coordenação Estadual
• Secretaria do Meio Ambiente - SEMA
• Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEDUR
• Secretaria da Saúde Bahia – SESAB/Diretoria de Vigilância Sanitária e Ambiental – DIVISA
• Aquicultura e Pesca para o Desenvolvimento da Bahia – Bahia Pesca
• Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia – CERB
• Departamento Nacional de Obras contra as Secas - DNOCS
• Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. – EBDA
• Instituto do Meio Ambiente – IMA
Cada instituição acima citada tem papel relevante no desenvolvimento das atividades e no
fortalecimento do Núcleo Estadual do PAD-BA, que tem presença marcante nos municípios e
localidades a serem contempladas pelas ações do Programa nacional, conforme apresenta-se a
seguir os objetivos e importância de cada instituição inserida.
O INGÁ com sua experiência em gerir e executar a Política Estadual de Recursos Hídricos vem
a somar para a efetivação das ações do PAD-BA. O Instituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ)
foi criado pela Lei Estadual 1050, de 06 de Junho de 2008, substituindo a Superintendência de
Recursos Hídricos (SRH). O INGÁ é uma autarquia da Secretaria do Meio Ambiente do Estado
(SEMA) e tem como principal finalidade gerir e executar a Política Estadual de Recursos Hídricos e
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
90
A CERB é uma empresa de capital misto vinculada à Secretaria de Meio Ambiente. Desde 1971,
vem desenvolvendo projetos e executando obras com o objetivo de promover o desenvolvimento
e melhorar a qualidade de vida da população carente da zona rural, principalmente do semiárido
baiano, por meio da Construção de Barragens, Construção de Sistemas de Esgotamento
Sanitário, Construção e ampliação de Sistemas de Abastecimento de Água e Perfuração de
poços. É importante ressaltar a necessidade da participação da CERB que permitirá um melhor
desempenho nas atividades de implantação e monitoramento dos sistemas a serem implantados
e recuperados nas localidades do semiárido baiano.
A participação do IMA - Instituto do Meio Ambiente no Núcleo Estadual é de suma
importância no que tange a orientação e avaliação quanto aos processos de implantação dos
novos sistemas de dessalinização, para efeito de licença ambiental, bem como o monitoramento
sobre o conjunto dos sistemas, no semiárido baiano. O IMA é uma autarquia vinculada à Secretaria
do Meio Ambiente – SEMA. Criado pela Lei 11.050/2008, com jurisdição em todo o território do
Estado da Bahia, o IMA tem como finalidade executar a Política de Meio Ambiente e de Proteção à
Biodiversidade do Estado da Bahia, instituída pela Lei Estadual 10.431 de 20 de dezembro de 2006.
Entre suas atribuições, promove o desenvolvimento com qualidade ambiental, incorporando
novas tecnologias e normas de defesa do meio ambiente. Também, assegura a conservação e
preservação ambiental, exercendo o poder legal, promovendo o conhecimento técnico-científico
de acordo com a política de desenvolvimento sustentável do Governo da Bahia e com as diretrizes
do Conselho Estadual de Meio Ambiente – CEPRAM.
No outro aspecto, a importância da SEDUR - Secretaria de Desenvolvimento Urbano se dá
por ser responsável em formular e executar a política estadual de desenvolvimento urbano, de
habitação, de saneamento básico e de assistência técnica aos municípios. A SEDUR foi criada
pela Lei no8538, de 20 de dezembro de 2002, e tem por finalidade formular e executar a política
estadual de desenvolvimento urbano, de habitação, de saneamento básico e de assistência
técnica aos municípios, bem como planejar, coordenar, executar e controlar as atividades de
edificações públicas.
Criada em 1982, a Bahia Pesca, empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Irrigação
e Reforma Agrária da Bahia - SEAGRI tem como finalidade fomentar a aquicultura e a pesca,
mediante a implantação de projetos sustentáveis observando a natureza econômica, social,
ambiental e cultural, como forma de contribuir para o desenvolvimento do Estado da Bahia.
A empresa atua na atração de investimentos, desenvolvimento científico, tecnológico, criação
de pólos produtores e fortalecimento das cadeias produtivas. A presença da Bahia Pesca vem
contribuir ativamente com orientação e avaliação das atividades relacionadas à aquicultura e a
pesca junto às comunidades locais.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
91
na expansão e fortalecimento da agricultura familiar, viabilizando as condições necessárias para
o pleno exercício da cidadania e a melhoria da qualidade de vida dos (as) agricultores (as). Áreas
de Atuação:
a) Pesquisa Agropecuária
b) Assistência técnica e extensão rural
c) Classificação de produtos de origem vegetal
d) Fomento em agropecuária
e) Agroindustrialização, com sustentabilidade para o Estado da Bahia
A participação do DNOCS tem sua relevância pelo trabalho de monitoramento sobre os
sistemas implantados, junto com os outros órgãos. O Departamento Nacional de Obras Contra
as Secas - DNOCS se constitui na mais antiga instituição federal com atuação no Nordeste. Criado
sob o nome de Inspetoria de Obras Contra as Secas - IOCS através do Decreto 7.619 de 21 de
outubro de 1909 foi o primeiro órgão a estudar a problemática do semiárido. O DNOCS recebeu
ainda em 1919 (Decreto 13.687), o nome de Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas - IFOCS
antes de assumir sua denominação atual, que lhe foi conferida em 1945 (Decreto-Lei 8.846, de
28/12/1945), vindo a ser transformado em autarquia federal, através da Lei n° 4229, de 01/06/1963.
O DNOCS, conforme dispõe a sua legislação básica, tem por finalidade executar a política do
Governo Federal, no que se refere a:
a) beneficiamento de áreas e obras de proteção contra as secas e inundações;
b) irrigação;
c) radicação de população em comunidades de irrigantes ou em áreas especiais, abrangidas
por seus projetos;
d) subsidiariamente, outros assuntos que lhe sejam cometidos pelo Governo Federal, os
campos do saneamento básico, assistência às populações atingidas por calamidades
públicas e cooperação com os Municípios.
A participação dos órgãos que compõe o Núcleo Estadual é essencial para que o PAD-BA,
por meio de sua instância superior de decisão e articulação (Núcleo Estadual), potencialize suas
ações ao desenvolver um trabalho articulado com outros programas relacionados aos problemas
da região semiárida, cuja meta seja preservar o meio ambiente e beneficiar fundamentalmente
às populações em situações críticas que enfrentam problemas com a escassez de água potável.
Cabe a equipe dos órgãos públicos que compõe este Núcleo, a responsabilidade sobre a
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
política de informação.
As atividades a serem desenvolvidas por cada membro das instituições inseridas no Núcleo
Gestor Estadual do PAD, como sua rotina de desempenho deverá ser definida em regulamento
interno sendo de responsabilidade da Coordenação Estadual, para depois ser avaliado e aprovado
pelos componentes do Núcleo. A seguir apresenta-se um organograma do Núcleo Gestor Estadual
do PAD (FIGURA 40).
92
Figura 40 Organograma do Núcleo Gestor do PAD-BA
Âmbito Municipal
O Núcleo local/Municipal é responsável pela gestão dos sistemas de sua localidade. Nesse
contexto, as Prefeituras devem se responsabilizar pelas condições legais das áreas onde os
sistemas estão e serão instalados, assim como, compartilhar das despesas de custeio para o
funcionamento dos sistemas e, por meio dos agentes comunitários de saúde, desenvolverem
política de monitoramento ambiental de uso da água nos domicílios.
A Coordenação fica sob responsabilidade das Associações Comunitárias dos Usuários
de cada Sistema de Dessalinização. Compostas por: Associações de Produtores, Cooperativa
ou Instituição afim, Prefeitura Municipal e Instituições Públicas que atuam na localidade. O
instrumento formal para validar as ações é o Termo de Acordo assinado por todos os membros
do núcleo local. É preciso que a comunidade também assuma parcela das responsabilidades com
o funcionamento dos equipamentos, além de parte dos custos com a recuperação e instalação
dos sistemas, como contrapartida dos investimentos, através de sua mão de obra, bem como em
parte da manutenção dos mesmos, através da criação de um fundo rotativo, alimentado com o
pagamento regular de cada família que se beneficia da água potável dessalinizada.
93
b) As variáveis ambientais serão monitoradas por meio de análises físico-químicas e bacte-
riológicas periódicas da água dessalinizada, além da conservação e o nível de saturação
do concentrado no Tanque de rejeito, objetivando verificar possíveis alterações quanto
aos Sólidos Totais Dissolvidos (SDT) na água dessalinizada, presença de contaminação
por bactérias e evitar problemas com a disposição do rejeito na superfície do solo. A co-
leta das amostras de água para as análises deverá ser realizada de acordo com as atribui-
ções dos integrantes do PAD-BA, pela SESAB/DIVISA e pelos agentes municipais de saúde,
com o acompanhamento do INGÁ e do IMA. Quanto ao monitoramento do tanque de
rejeito pode ser feito, pela associação comunitária da comunidade beneficiada com o
PAD-BA, e a periodicidade do monitoramento em geral, deve ser definido pelo Núcleo
Estadual do PAD-BA e fixado nos Acordos de Gestão Locais, bem como as informações
devem ser encaminhadas ao INGÁ.
c) Variáveis técnicas serão monitoradas por meio das análises de pressão de entrada e saída
nos filtros, pressão de entrada e saída nas membranas, pressão da saída da água potá-
vel, vazão do poço e do rejeito, total do rejeito em litros, vazão da água potável, total da
água potável em litros e total de água originária do poço. Visando analisar as pressões
de funcionamento do dessalinizador, observar o desempenho do funcionamento dos
motores-bomba e de pressão, verificar o Estado de conservação das membranas, aferir o
percentual de água dessalinizada, medir as vazões das correntes da água dessalinizada e
do rejeito, observar possíveis problemas de funcionamento dos equipamentos e monito-
rar o processo de depreciação dos equipamentos do sistema. Para tanto, os operadores
farão o preenchimento da planilha de monitoramento do dessalinizador com as informa-
ções das leituras de pressões feitas no manômetro, que no período a ser combinado com
a Coordenação do PAD-BA, os operadores enviarão para o INGÁ que disponibilizará no
sistema de informações do Programa, com o acompanhamento do Núcleo Estadual, para
a tomada de decisões necessárias.
d) Variáveis econômicas a ser monitoradas são: taxa local de manutenção do sistema, cus-
to e consumo da energia elétrica e custo dos operadores, com isto objetivando moni-
torar a regularidade da taxa pelas famílias beneficiadas, monitorar o custo e o consumo
com energia elétrica e garantir a regularidade do pagamento do serviço prestado pelos
operadores. Para tanto, os operadores farão o preenchimento da planilha com as in-
formações das leituras de consumo e custo com energia elétrica, que no período a ser
combinado com a Coordenação do PAD-BA, os operadores enviarão para o INGÁ que
disponibilizará no sistema de informações do Programa, com o acompanhamento do
Núcleo Estadual, para a tomada de decisões necessárias. O monitoramento das demais
variáveis deve ser realizado pela Coordenação Estadual e o Grupo Executivo em ativida-
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
94
irrigação, desenvolvimento da cultura e teor de umidade da Atriplex no processo de
fenação, propiciando assim, um melhor desempenho da cultura e produção da ração
animal. O monitoramento deve ser realizado pela associação comunitária da localidade
beneficiada com o PAD-BA, com o apoio da , EBDA e acompanhamento dos técnicos
da Coordenação Nacional do PAD As informações obtidas devem ser repassadas pela
EBDA ao INGÁ, o qual disponibilizará no sistema de informações do Programa, com o
acompanhamento do Núcleo Estadual, para a tomada de decisões necessárias. Tendo
em vista, a gestão adequada dos sistemas, a periodicidade das coletas de informações
e o grau de importância das varáveis a ser gerenciadas, é de suma importância que seja
feita por membro responsável da comunidade (operadores selecionados) que serão as
únicas pessoas a manusear os equipamentos e controlar o abastecimento de água para
a comunidade. Portanto, sugere-se a contratação da prestação do serviço dos operado-
res que resguarde os seus direitos trabalhistas, bem como o valor financeiro que permi-
ta sua dedicação na operação do sistema.
No Acordo de Gestão é interessante que o contratante, seja Prefeitura e/ou Associação
Comunitária da localidade, que será responsável, pela garantia regular da remuneração e
respectivos encargos sociais e trabalhistas. Faz-se necessário que na capacitação dos operadores
seja incluído o conteúdo referente ao monitoramento evidenciando que as atividades atribuídas
para o monitoramento também é de sua responsabilidade.
95
13) Existência de Poços com Vazão Mínima de água de 3000 ℓ h-1;
14) Teor de Sais Não Deverá Ser Superior a 6 g ℓ-1;
17) Sem previsão de ser contemplada em curto prazo por outros Programas/Ações de Abas-
tecimento de Água;
18) Poço deve está fora de aglomerado urbano e estar localizado a uma distância máxima de
100 metros de Áreas que possam ser exploradas com agricultura;
19) Área de domínio público de fácil acesso, com extensão de 2 ha, além de possuir docu-
mentos referentes ao licenciamento ambiental (ou à sua dispensa) e à outorga de uso
da água (ou dispensa), livre de inundação, plana ou com declividade máxima de 1%,
profundidade mínima do solo de 1,0 m, a estrutura do solo não deve ser argilosa, para
facilitar a drenagem;
21) Nas áreas pré-selecionadas deverão ser coletadas amostras de água do poço (2 litros) e
do solo (2,0 kg coletadas na mesma área (três pontos) a profundidades 0-30, 30-60, 60-
90 cm) colocadas em sacos plásticos misturadas para cada profundidade e enviadas ao
Laboratório de Solo e Água da Embrapa Semiárido ou para o laboratório da região caso
disponha, para realização das análises;
22) O Núcleo Estadual do Programa Água Doce fazem a pré-seleção das áreas com potencia-
lidades para implantação do sistema de produção, além de realizarem o acompanhamen-
to da implantação e condução das Unidades Produtivas.
96
mobilização social, tanto da Coordenação Estadual como da Nacional, que iniciarão os
trabalhos para a realização dos acordos. No dia seguinte, ainda na mesma visita, serão de-
marcadas as áreas para a construção dos viveiros e reservatórios e para a implantação da
erva-sal. A implantação dessas obras deverão se desenvolver em um período de 45 dias.
25) Após a implantação do sistema completo (viveiros, reservatórios, cerca, depósito, casa
de bomba, isolamento da área, sistema de irrigação, peixamento e plantio da erva sal),
nos primeiros 03 (três) meses, o técnico do Estado responsável pela produção deverá fa-
zer uma visita a cada 15 dias. Pelo menos um dos técnicos do componente produção da
equipe nacional deverá visitar a área a cada 45 dias, ou a qualquer momento, caso haja
demanda urgente.
26) Um mês após o peixamento, haverá a primeira amostragem para avaliar o desempe-
nho do pescado. Essa tarefa será feita pelos engenheiros de pesca das equipes nacio-
nal e estadual. As demais visitas serão realizadas pelo responsável pela produção da
equipe estadual.
27) Por ocasião da primeira despesca, que coincidirá com a primeira colheita da erva sal, ha-
verá a presença de um engenheiro de pesca e de dois zootecnistas de ambas as equipes
(estadual e nacional). A presença dos zootecnistas tem como objetivo orientar a produ-
ção de feno ou silagem e a formatação das dietas alimentares para os animais, com a
incorporação da erva sal.
O índice de criticidade foi elaborado pela Coordenação Nacional do PAD a partir dos dados
levantados sobre os indicadores: Índices Pluviométricos, IDH Municipal, Índice de Mortalidade
Infantil, além do Índice de Condição de Acesso à Água no Semiárido – ICVS desenvolvido pelo
MMA e dos valores de Intensidade de Pobreza, segundo o IBGE (2000) - TABELA 23.
(AAPD e ASD) e índice de qualidade natural das águas subterrâneas (IQNA), visando identificar
a real situação das comunidades com maior índice de criticidade em relação a disponibilidade,
acesso e qualidade da água para consumo humano.
97
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
98
Tabela 23 Indicadores dos Índices Socioeconômicos dos Municípios do Semiárido Baiano. Fonte: PAD Nacional, 2010
99
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
100
101
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
102
103
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
104
105
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
106
3.7.5.1. Definição por Geoprocessamento das Áreas Críticas para
Atuação do PAD - BA
A Coordenação de Geoprocessamento do INGÁ fez modelagens com os indicadores:
índice de criticidade, áreas afetadas e susceptíveis a desertificação (AAPD e ASD) e índice de
qualidade natural das águas subterrâneas (IQNA), para confeccionar o mapa das áreas mais
críticas, conforme metodologia a seguir, objetivando localizar os municípios prioritários para
implantação/recuperação de dessalinizadores.
A metodologia utilizada foi a Modelagem AHP (Analytic Hierarchy Process) elaborada por
SAAT (1977) por ser uma técnica de suporte à decisão multicritério permitindo estabelecer escala
de prioridade entre esses critérios através de comparações.
O modelo AHP executado através do software Arcgis 9.3, possui uma organização
hierárquica, onde o significado de cada fator é calculado comparando-os entre si. Para tanto,
definiu-se pesos em uma matriz de comparação pareada seguindo uma escala que varia de 1 a
9, conforme TABELA 24, onde são construídos autovetores e autovalores nas células do modelo.
Estes por sua vez determinam, através de cálculos, as áreas prioritárias para recuperação/
implantação de dessalinizadores.
Tabela 24 Escala de valores para comparação pareada, com base em SAAT (1977)
- Mapa de Índice de Qualidade Natural das Águas Subterrâneas (IQNAS): índice calculado
com base em diversos parâmetros: Cloreto, Dureza, Fluoreto, Nitrato, pH e Resíduos Totais.
- Mapa de Susceptibilidade à Desertificação (ASD): definem áreas Semiáridas, Áreas
Subúmidas, Secas e Áreas do Entorno.
- Mapa de Áreas Afetadas por Desertificação (AAPD): define áreas de intensidade do processo
de moderada à grave.
- Índice de Condição de Acesso à Água no Semiárido (ICAA): é resultado de uma média
ponderada que utilizam na sua composição as seguintes informações: índice de desenvolvimento
humano municipal – IDH-M (PNUD, 2000a)[1], pluviometria (CPTEC/INPE, 1961-1990), Taxa de
mortalidade infantil (Data SUS, 2005)[2] e intensidade de pobreza (PNUD, 2000b)[3]. Com exceção
do IDH-M[4], que tem peso 1, todas as demais informações têm peso 2. Essa menor pontuação
107
para IDH-M tem como objetivo reduzir a influência da renda no cálculo do ICAA e realçar as
condições sociais das populações mais carentes do semiárido do nosso Estado. O ICVS varia de 0
a 1. Quanto menor o índice, menores são as condições de vida no semiárido baiano e, portanto,
maiores são as chances desses municípios serem atendidos pelo PAD .
Assim, utilizando-se de tais parâmetros foram atribuídos os pesos, dos quais resultaram os
modelos finais. Foram gerados três modelos variando-se a ordem de importância dos parâmetros.
A ordem de importância no primeiro modelo foi: AAPD, IQNAS e ICAA.
Os mapas da FIGURA 41 apresentam o produto da integração das variáveis nos três modelos.
A cor varia do verde (representa menor potencialidade) até a vermelha (máxima potencialidade).
Observa-se que o modelo 1 é mais restritivo porque as áreas afetadas por desertificação são
pequenas determinando portanto a exclusão de muitos municípios que pertencem ao semiárido,
mas não estão afetadas pela desertificação.
Figura 41 Testes de modelagem para definição de cartograma das áreas mais críticas para atu-
ação do PAD - BA. Fonte: INGÁ, 2010. Dados não publicados
O modelo 2 apresentou um resultado mais amplo, por ter substituído o parâmetro Áreas
Afetadas por Desertificação (AAPD) por Áreas Susceptíveis à Desertificação (ASD) ampliando
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
a extensão espacial do tema Desertificação. Por conta disso, a ordem de importância também
foi alterada (ASD - IQNAS - ICVS) resultando num modelo que retrata uma espacialização que
contempla um número de municípios superior ao modelo 1. Isso aumenta a possibilidade
também de integrar este resultado com outros projetos institucionais já existentes.
108
Figura 42 Cartograma selecionado para definição das áreas prioritárias de atuação do PAD/BA
Fonte: INGÁ, 2010. Dados não publicados
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
109
atividade (Recuperação de 20 Sistemas de Dessalinização será realizada através de convênio a
ser celebrado entre o MMA e a CERB.
2a. Etapa: Serão contempladas 40 localidades para Implantação/Recuperação de Novos
Sistemas de Dessalinização e de Unidade Produtivas as quais serão definidas a seguir.
A execução das metas para primeira etapa ocorrerá no período de 2011- 2014 e da segunda
de 2015 – 2019 abrangendo diagnóstico técnico, execução das atividades de mobilização social e
de sustentabilidade ambiental, além das obras de recuperação/implantação dos equipamentos,
como também, relocação de dessalinizadores de áreas que não estão sendo utilizados, para
áreas considerada críticas onde a população não dispõe de sistemas de abastecimento de
água potável. Sequencialmente serão implantadas 03 Unidades Demonstrativas de Produção
(UD) com possibilidades ao longo do desenvolvimento dos diagnósticos surgirem outras
localidades aptas para implantação de mais UD. A execução dessas metas seguirão os Critérios
para Instalação/Recuperação dos Sistemas de Dessalinização e de Unidade Demonstrativa de
Produção citados no item 3.2.5.
110
Tabela 13 – Caracterização dos Municípios/Localidades selecionados para as ações do
PAD 2010-2019
111
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
112
Alguns municípios/localidades que estão situados no mapa de áreas prioritárias para
implantação ou recuperação dos sistemas de dessalinização como áreas mais críticas, não
foram selecionados para o desenvolvimento das ações do PAD, devido a falta de informações
consistentes sobre a existência ou não de poços e dessalinizadores nas localidades. Vale ressaltar
que os dados locados no mapa em anexo para identificação dos sistemas de dessalinização
existentes, foram utilizadas as coordenadas dos poços, visando obter a maior precisão na locação
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
destes. Isto, devido a CERB não ter em seu banco de dados o georreferenciamento dos sistemas
implantados na região.
A real situação dos sistemas de cada localidade serão sanadas com o diagnóstico de campo
a ser realizado no início das ações do Plano.
Com os resultados obtidos neste Plano foi possível definir algumas localidades a serem
trabalhadas segundo a metodologia do PAD, citada anteriormente. Foram identificadas 82
localidades em áreas consideradas muito a moderadamente críticas, de acordo com metodologia
já citada.
Apesar dos municípios de Caetité (localidade de Maniaçu) e Lagoa Real (localidade de
Fazenda Goiabeira) não terem sido contemplados para o período deste Plano de Ação, faz-se
necessária a indicação de instalação de sistema de dessalinização, em caráter de urgência, nas
referidas localidades, tendo em vista que a água do poço destas localidades apresentam valores
113
elevados de radiação alfa global e de beta total . Considerando que a água dos poços é utilizada
por diversas famílias, incluindo crianças, é importante que seja realizado tratamento destas águas
para atender os requisitos de qualidade demandados para o consumo humano. Segundo Nota
Técnica nº 24/10, emitida pelo INGÁ, por meio da Diretoria de Monitoramento e Informação,
o tratamento indicado é a instalação de dessalinizador. Este procedimento, além de reduzir os
sólidos totais, também remove os radionuclídeos, com muita eficiência. Esta solução, é suficiente
para qualificar a água para consumo humano. Ressalta-se que os riscos de contaminação do
ambiente pelo rejeito do dessalinizador é irrelevante, pois a radiação é natural na área e a mesma
irá se degradar rapidamente.
Ressalta-se que na comunidade de Cachoeirinha no município de Ipirá, existe uma Uni-
dade Produtiva do Governo de Estado que beneficiava 40 famílias, mas devido a pro-
blemas relacionados a gestão da Unidade, a mesma encontra-se abandonada. Portanto,
conforme pode-se observar na TABELA 12, os órgãos (CERB, PREFEITURA MUNICIPAL,
BAHIA PESCA E GESTÃO DA ASSOCIAÇÃO DE CACHOEIRINHA) solicitam a reativação
dessa UD.
114
Tabela 25 Orçamento para Implementação do Plano Estadual do Programa Água Doce para o Estado da Bahia.
115
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
116
Fonte: MMA/PAD Nacional, 2010 adaptado PAD/BA
117
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
3.8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANA. Agencia Nacional de Águas. Atlas do Nordeste: Abastecimento urbano de água: alternativas
de oferta de água para as sedes municipais da Região Nordeste do Brasil e do Norte de Minas
Gerais. Agência Nacional de Águas, Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos;
Consórcio Engecorps/Projetec/Geoambiente/Riverside Technology. Brasília: ANA, SPR, 2006. 80p.
ANA. Agencia Nacional de Águas. Atlas do Nordeste: resumo executivo / Agência Nacional de
Águas. – Brasília: ANA, 2009. 96p.
BRITO, I. P. F. S de. Regionalizações oficiais aplicadas ao território baiano no decorrer do século xx
aos dias atuais: identificação, dinâmica e mapeamento. IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA
- ANPUH-BA HISTÓRIA: SUJEITOS, SABERES E PRÁTICAS. 29 de Julho a 1° de Agosto de 2008. Vitó-
ria da Conquista - BA. Disponível em: <http://www.tesisenxarxa.net/TESIS_UB/AVAILABLE/TDX-
0203105-122457//6.TERRITORIO_SOCIEDADE_ESTADO_BAHIA.pdf> Acesso em Junho de 20010.
CERB – Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia. Cerb ultrapassa meta de perfuração de
poços no Estado da Bahia. Disponível em: <http://www.comunicacao.ba.gov.br/noticias/2010/
copy4_of_01/28/cerb-ultrapassa-meta-em-perfuracao-de-pocos>. Acesso em Junho de 2010.
CODEVASF. Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba. Programa
Água para Todos em Sento Sé, na Bahia. Disponível em: < http://www.codevasf.gov.br/principal/
publicacoes/publicacoes-atuais/agua-para-todos-em-sento-se-na-bahia> Acesso em Julho de
2010.
CODEVASF. Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba. Programa
de Aceleração do Crescimento. Disponível em: < http://www.codevasf.gov.br> Acesso em Julho
de 2010.
DATASUS (2005). Indicadores e Dados Básicos - Brasil – 2005 - IDB-2005. Disponível em: http://
tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2005/matriz.htmhttp://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2005/matriz.
htm. Acesso em janeiro/2010.
DESENBAHIA – Agência de Fomento do Estado da Bahia. Estruturas Econômicas da Região Semiá-
rida Baiana e Perspectivas para Atuação da Desenbahia: Foco nos Territórios de Identidade Itapa-
rica, Semiárido Nordeste II e Sisal. Salvador 2008. 60p. Disponível em: < http://www.desenbahia.
ba.gov.br/recursos/news/video/%7B263C904A-04A7-44FF-926F-8FD80064191E%7D_texto%20
semi%20arido%2015_02_08.pdf> Acesso em Junho de 2010.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBGE lança o Mapa de Biomas do Brasil e o
Mapa de Vegetação do Brasil, em comemoração ao Dia Mundial da Biodiversidade. Disponível
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=169
> Acesso em: Abril de 2010.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Dados do Estado da Bahia. Disponível em
<http://www.ibge.gov.br/Estadosat/perfil.php?sigla=ba>. Acesso em 13-09-09.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Contagem populacional 2007. Rio de Janeiro:
IBGE, 2007. 311p.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Características demográficas: Densidade de-
mográfica. Disponível em:
LOBÃO, J. S. B et all. Banco de Dados Biorregional para o Semiárido no Estado da Bahia. Anais XII
Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Goiânia, Brasil, 16-21 abril 2005, INPE, 2237-2244p.
118
MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário. Os 60 novos Territórios da Cidadania. Disponível
em: <http://sistemas.mda.gov.br/arquivos/1726918788.pdf> Acesso em Jun. 2010.
MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Programa Cisternas do MDS
será discutido em evento na Bahia. Disponível em <http://www.mds.gov.br/saladeimprensa/no-
ticias/2010/marco/programa-cisternas-do-mds-sera-discutido-em-evento-na-bahia> Acesso em:
Jun. de 2010.
MIN – Ministério da Integração Nacional. Relatório Final: Grupo de trabalho interministerial para
redelimitação do semiárido nordestino e do polígono das secas. Brasília, Janeiro de 2005. 118p.
Disponível em <http://www.integracao.gov.br > Acesso em: Abr. 2010.
PORTAL DA CIDADANIA. Territórios da Cidadania: O Programa. Disponível em: http://www.terri-
toriosdacidadania.gov.br/dotlrn/clubs/territriosrurais/onecommunity?page_num=0. Acesso em
Jun. 2010.
SEIA – Sistema Estadual de Informação Ambientais da Bahia. Plano Estadual de Recursos Hídricos.
Disponível em: <http://www.seia.ba.gov.br/instrumentos-de-planejamento-ambiental/plano-
-estadual-de-recursos-h-dricos-perh> Acesso em Jun. 2010.
PNUD (2000a). Índice de Desenvolvimento Humano - Municipal, 1991 e 2000, para todos os mu-
nicípios do Brasil. Disponível em: http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH-M 91 00 Ranking
decrescente %28pelos dados de 2000%29.htmhttp://www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH-M%20
91%2000%20Ranking%20decrescente%20(pelos%20dados%20de%202000).htm. Acesso em ja-
neiro/2010.
SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Bahia em números 2006-2008.
Salvador: SEI, 2009.v.8 Edição bilingue: português e inglês. 126p.
SEPLAN – Secretaria do Planejamento. Territórios de Identidade. Disponível em <http://www.se-
plan.ba.gov.br/mapa_territorios.html>. Acesso em 13-09-09.
119
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
120
4. ESTADO DO CEARÁ
4.1. ASPECTOS GERAIS
A área total do Estado é de 148.825,6 km², o que equivale a 9,57% da área pertencente à
região Nordeste e 1,74% da área do Brasil. Desta forma, o Estado do Ceará tem a quarta extensão
territorial da região Nordeste e é o 17º entre os estados brasileiros em termos de superfície
territorial, com população de 8.100.000 habitantes.
O relevo cearense oscila entre 0 e um pouco mais de 1000m de altitude, sendo que o ponto
mais alto é o Pico do Oeste (1145m). O relevo está dividido em planícies litorâneas; depressões
sertanejas (cuja altitude é sempre inferior a 200m); os pés-de-serra, cuja altitude oscila entre 200
e 400m e os planaltos, serras e serrotes com altitude máxima de 1000m.
121
4.1.2. Regionalização do Estado
Regiões Administrativas
No que tange a divisão político-administrativa, o Estado é composto por 184 municípios
e 806 distritos. A regionalização dos municípios adotada pela Secretaria do Planejamento e
Gestão (SEPLAG) é composta por 8 microrregiões e macrorregiões de planejamento e 20 regiões
administrativas. Já a regionalização adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) compreende 7 mesorregiões e 33 microrregiões geográficas, regiões estas formadas de
acordo com os aspectos físicos, geográficos e de estrutura produtiva.
Outras regionalizações são adotadas também pelas diversas Secretarias do Governo do
Estado: as Secretarias da Saúde, Educação, Cultura, fato este que motivou o Instituto de Pesquisa
e Estratégia do Ceará (IPC) a propor uma nova regionalização para o Estado do Ceará, sendo esta
composta por 13 regiões geográficas, objetivando um planejamento eficaz e a otimização dos
recursos aplicados.
122
e o litoral apresentam maior umidade, portanto são mais favoráveis ao desenvolvimento de uma
vegetação mais frondosa, diferentemente das regiões de sertão. A temperatura média do litoral
varia de 23 a 28°C. Nas serras, a oscilação térmica ocorre entre 20 e 25°C, enquanto no sertão do
semiárido, a temperatura varia entre 23 e 32°C.
123
O conhecimento do local de ocorrência dos diversos tipos de solo é importante à medida
que apresenta utilidade ao contexto social e econômico, ligado aos demais recursos físicos ou
quando integrado a um levantamento de recursos naturais.
No Ceará, de uma forma geral os solos se apresentam com pouca profundidade, deficiências
hídricas, pedregosidade e, principalmente, susceptibilidade a erosão, o que exige a prática de
ações conservacionistas para melhor aproveitamento de suas potencialidades.
O Ceará pertence a duas províncias hidrogeológicas: o escudo oriental e a província costeira.
Apresenta as características geológicas do Semiárido brasileiro.
Cerca de 70% da área do Ceará está sobre embasamento cristalino que representa 21% do
total do cristalino nordestino (500.000 Km2), e corresponde a 9% da área do Nordeste. Caracteriza-
se por solos de espessura inferior a 2 metros; o embasamento cristalino apresenta baixo potencial
de exploração, com pequena condutividade hidráulica.
Encontram-se no Estado as bacias sedimentares de Iguatu, Apodi, Araripe e Ibiapaba, além
dos aquíferos existentes nas áreas de aluviões, e o sedimento costeiro formado por sistemas
dunas, paleodunas e formação barreiras.
O embasamento de Escudo Cristalino está praticamente à superfície, chegando a apresentar,
com frequência afloramentos. Dá origem a solos rasos, que em anos de alta pluviosidade resulta
em escoamentos superficiais intensos, causando enchentes, erosão do solo e assoreamento
de rios e reservatórios hídricos. Enormes prejuízos de diversas ordens econômicas, sociais,
ambientais são observados.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
124
4.2. Caracterização dos Recursos Hídricos e Meios de
Exploração e Uso
125
No cristalino, o grau de conformidade com padrões de potabilidade é de 47%; em bacia
sedimentar chega a 90%.
As águas subterrâneas do cristalino são mais restritivas para uso agronômico, devido à
toxicidade do íon cloreto.
126
Argisolo, cambsolo, chernossolo, gleissolo, latossolo, luvisolo, neossolo, nitossolo, orfa-
nissolo, planossolo, plintissolo e vertissolo são os solos presentes no território cearense,
distribuídos conforme apresentados no mapa a seguir.
127
4.2.3. Principais Estruturas da Rede Geral de Água no
Semiárido Cearense
Para garantir oferta d’água a toda a população cearense, de forma a promover o abastecimento
humano, o desenvolvimento agrícola e industrial, o governo do Ceará estrutura, desde 1987,
o sistema de integração dos recursos hídricos do Estado. O resultado desejado e esperado na
implantação desse sistema, é que a agua esteja em movimento por todo o Ceará,transferida de
um manancial a outro, no sentido do maior para o de menor potencial qualitativo e quantitativo
de modo a suprir as carências hídricas regionais.
Nesse contexto, a construção de obras como açudes, adutoras, canais, estações elevatórias,
estações de tratamento e poços profundos se dá dentro de um plano de ações integradas e
integradoras. Destacam-se dentre estas, o açude Castanhão e o canal da Integração.
Dentro dessa perspectiva, o Ceará partiu na frente de outros estados da federação já que
esteve secularmente a mercê dos períodos irregulares de chuvas, na busca de uma estabilidade
hídrica, para alcançar o desenvolvimento sustentável. Para tanto precisou estabelecer bases
consistentes de convivência com as adversidades climáticas do semiárido; estabelecer meios
racionais de administrar situações criticas de abastecimento d’água para os diversos fins ainda
na década de 90 do seculo passado, implantou 4 programas consolidadores de antigas ações
dispersas e também inovadores no tocante a uma nova ótica politica e administrativa.
PROURB – Programa de Desenvolvimento Urbano e e Gestão dos Recursos Hídricos-
viabilizando a construção de açudes, adutoras, para disponibilizar agua nos padrões
universalizados, às aglomerações urbanas;
PROGERIRH-Programa de gerenciamento e Integração das Bacias Hidrográficas do Ceará,
transpondo agua de uma a outra bacia, suprimindo os vazios hídricos;
PROASIS-programa de Aguas Subterrâneas e Investivação do Subsolo, que através do
mapeamento geológico d o Estado, para obtenção de locais cujo volume d’água seja suficiente
para utilização atraave3s de perfuração de poços, e instalação de sistemas de dessalinização onde
a agua apresentar salinidade impropria ao consumo humano;
PRODHAM- Programa de Desenvolvimento Hidroambiental de Microbacias- com enfoque
na preservação e conservação ambiental em áreas de contribuição a montante dos açudes.
Considerando-se as singularidades regionais e locais, foi estruturado o Sistema Estadual
de Recursos Hídricos –SIGERH, cuja base institucional é a Secretaria dos Recursos Hídricos –SRH,
responsável pelo desenvolvimento das politicas públicas desse setor. A SRH é tem como suporte
executivo as suas duas vinculadas:
• SOHIDRA –órgão responsável por todas as etapas de implantação da infra-estrutura
hídrica do Estado;
• COGERH –desenvolvendo politicas no sentido de otimizar ,de forma sustentável, a
distribuição de agua por todo o Estado.
ACRESCIMO VALOR DA
CAPACIDADE QUANTIDADE INSTALAÇÃO TOTAL GERAL
15% INSTALAÇÃO
TOTAL GERAL DOS FORNECIMENTOS E INSTALAÇÃO DOS 150 SISTEMAS (01 + 02) R$ 7.996.679,78
A partir de 2004, o Ceará passou a incorporar o Programa Agua Doce do MMA, juntamente
com os demais estados do Nordeste, com o objetivo de democratizar o acesso a água em
comunidades difusas, obedecendo a diretrizes de prioridade consideradas básicas pelo programa.
4.4. OBJETIVOS
O PAD tem o objetivo de se estabelecer de forma social e ambientalmente sustentável, como
política pública permanente de acesso à água de boa qualidade para consumo humano, voltada às
populações do semiárido . Prevê ainda o diagnóstico técnico e ambiental, o desenvolvimento de
atividades de gerenciamento, a produção de oficinas sobre educação ambiental e a implantação
de sistemas produtivos e de informações e monitoramento.
Democratizar o acesso a água de boa qualidade para consumo humano, às populações do
semiárido nordestino e cearense, residentes em áreas difusas de difícil acesso as políticas públicas
de abastecimento, e onde a água disponível, contém alto teor de sais.
Objetivos Específicos
• Elaborar e manter atualizado banco de dados sobre poços, dessalinizadores e
comunidades onde são instalados;
• Adequar os sistemas de dessabilinização existentes, aos critérios, métodos e
procedimentos do PAD;
Núcleo Estadual:
O Núcleo Estadual é a Instância máxima de decisão no Estado e é formado pela participação
de todos os órgãos que de alguma maneira estão envolvidos ou relacionados com a distribuição
e qualidade de água disponibilizada à população.
Âmbito Local:
Núcleo Local:
Responsável pela Gestão dos Sistemas na localidade.
Composição:
• Associação de Produtores, Cooperativa ou instituição afim.
• Prefeitura Municipal.
• Instituições Públicas afins.
4.5.1.2 Monitoramento
• Secretaria de Recursos Hídricos-CE
• DNOCS
• FUNASA
• SIAPREH - Sistema de Acompanhamento e Avaliação da Implementação da Política de
Recursos Hídricos no Brasil
• SIGEPRO – Sistema de Informações Georeferenciamento de Programas – MMA
• SISTEMA DE INFORMAÇÕES FEDERAL
• SIAGAS – Sistema de Águas Subterrâneas –Alimentação de informações
• ANA – Agência Nacional das Águas
O núcleo adotará um padrão de banco de dados que poderá ser alimentado e compartilhado
pelos diversos órgãos participantes.
Territórios da Cidadania
Em 2008 o Governo Federal lançou o Programa Territórios da Cidadania, com o objetivo de
enfrentar o desafio de melhorar a qualidade de vida dos brasileiros que vivem nas regiões onde
as desigualdades sociais são mais intensamente percebidas, especialmente no meio rural. O Brasil
busca avançar na redução das desigualdades sociais e regionais, nesse inicio de milênio.
Os principais objetivos do Programa Territórios da Cidadania, por meio de uma estratégia de
desenvolvimento territorial sustentável, são:
• promover o desenvolvimento econômico e
• universalizar programas básicos de cidadania.
A integração de ações entre Governo Federal, estados e municípios com a participação
sociedade, são fundamentais para a construção dessa estratégia.
No Ceará foram formados 6 territórios, contemplando 100 municípios, numa área aproximada
de 92.000Km², e cerca de 2.800.000 habitantes, dos quais 1.020.000 habitam a zona rural; 17
comunidades quilombolas e 3 terras indígenas. O IDH nesses territórios varia de 0,61 a 0,66, o que
os classifica entre os de baixa qualidade de vida:
O Território da Cidadania Carirí - CE abrange uma área de 15.225,60 Km² e é composto por
27 municípios: Altaneira, Antonina do Norte, Araripe, Assaré, Aurora, Barbalha, Barro, Brejo Santo,
Campos Sales, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Potengi, Abaiara, Jati,
Salitre, Granjeiro, Jardim, Mauriti, Nova Olinda, Tarrafas, Milagres, Penaforte, Porteiras e Santana
do Cariri. A população total do território é de 853.838 habitantes, dos quais 262.238 vivem na
área rural, o que corresponde a 30,71% do total. Possui 48.208 agricultores familiares, 605 famílias
assentadas e 2 comunidades quilombolas. Seu IDH médio é 0,66.
O Território da Cidadania Inhamuns Crateús - CE abrange uma área de 30.795,60 Km²
e é composto por 20 municípios: Aiuaba, Ararendá, Arneiroz, Catunda, Crateús, Nova Russas,
Santa Quitéria, Hidrolândia, Independência, Ipu, Novo Oriente, Pires Ferreira, Quiterianópolis,
Tamboril, Ipaporanga, Monsenhor Tabosa, Poranga, Ipueiras, Parambu e Tauá. A população total
A população maranhense é de cerca 5.651.475 habitantes, sendo que 59,53% deste valor
correspondem a população urbana (3.364.070 pessoas) e a população rural é da ordem de 40,47%
(2.287.405 pessoas), com uma densidade demográfica aproximada de 17 hab/Km2.
O Maranhão possui 217 municípios e pode ser considerado o Estado mais desigual do país
se for levado em consideração o IDH-M/2000, uma vez que, segundo o Atlas de Desenvolvimento
Humano, o Maranhão apresenta o menor valor para o mencionado índice da federação com o
valor de 0,636, seguido dos estados do Alagoas e Piauí.
Outro aspecto social apresentado pelo Estado que chama atenção e que pode trazer
intrínseca relação com o acesso a água potável é a taxa de mortalidade de crianças até um ano
de idade, pois neste indicador de vulnerabilidade social o Maranhão também fica em primeiro
lugar no ranking brasileiro com um valor para o mencionado índice da ordem de 55,38 segundo
o último censo realizado.
Segundo o mencionado autor, as causas para o cenário descrito acima, foram ocasionadas
por surtos de infecções intestinais ocasionadas prioritariamente pelo contato das crianças com
águas poluídas e contaminadas dos principais corpos d’água da capital.
No tocante a economia, pode-se dizer que esta se volta basicamente para a agricultura
em sua maioria de subsistência, também há presença de grandes monocultores e criações de
animais. Cabe ressaltar que no Estado existem várias indústrias de grande porte como Vale,
Alumar, Petrobras, dentre outras, e o segundo terminal portuário mais profundo do mundo.
Figura 54 Precipitação
pluviométrica
anual do Maranhão.
MARANHÃO (2002)
Com relação a oferta de água, o Agência Nacional de Águas disponibiliza em seu site um
estudo com as disponibilidade hídrica totalizada para as principais bacias hidrográficas do Estado
que pode ser visualizado na TABELA 31.
Tabela 32 Distribuição dos sistemas aqüíferos e das áreas de recarga existentes no Maranhão
Inclui as informações Longa, Pedra de Fogo, Pastos Bons e Codó de baixo potencial Hídrico.
Fonte: Atlas do Nordeste/ANA (http://atlas_nordeste.ana.gov.br/)
Os aquíferos de maior vocação hídrica pertencem ao Domínio Poroso, que ocupa uma área
de cerca de 326.000 km², e corresponde às bacias sedimentares do São Francisco e Parnaíba. A
TABELA 34 a seguir apresenta uma síntese das principais características dos poços que explotam
estes sistemas aqüíferos.
Tabela 34 Potencial hídrico dos poços que explotam os principais sistemas aqüíferos do Maranhão.
Fonte: ANA (2005) * No estudo da ANA (2005) corresponde ao sistema aqüífero Urucuia-Area
Figura 60 Figura 61
Municípios maranhenses
com padrão de Semiárido
tendo por base as
equações de UNCCD.
Fonte: Equipe de
Elaboração do Plano3
2 A Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD) estabelece que as áreas de Semiárido apresentem valores adimensionais de
índice de aridez (Ia), sempre ≥ 0,20 e < 0,50.
3 Em todos os mapas que são criados ou modificados no presente documento, foi utilizado o programa de geoprocessamento “SPRING” do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
162 Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Cabe mencionar que os municípios de Grajaú e Loreto podem não ser os únicos a
apresentarem um perfil de semi-áridez, uma vez que, as pesquisas realizadas por ELOI (2005) e
ELOI (2007) deixam bem claro que estudos mais detalhados nos demais municípios maranhenses
devem ser realizados, assim como ocorre nos municípios destacados na 09.
Uma forte evidencia que corrobora com isso, é a TABELA 35 que evidencia alguns valores de
índice de aridez para 15 municípios maranhenses onde dados climatológicos estão disponíveis e
através da análise da mesma, pode-se perceber um índice de aridez para estes dentro dos padrões
estabelecidos pela UNCCD como estando dentro do Semiárido.
Tabela 35 Índices de aridez para 15 municípios maranhenses onde a informação é disponível.
A tabela acima evidencia valores para o Índice de Aridez (IA) utilizando a formula: IA = 100
x (P (Ano)/ ETP (ano)), onde P é a precipitação e ETP corresponde a evapotranspiração potencial,
ou seja, os valores do Ia observados na TABELA 5 são resultantes da relação entre a P com ETP
multiplicado por 100. Sendo que ao se utilizar esta estrutura para o IA à variação de áreas que
possuem um padrão típico de Semiárido oscila de 20 < IA > 50 (UEMA, 2005). Sendo assim todos
os municípios listados na TABELA 35 apresentam características de semi-aridez tendo por base
a metodologia adotada. Cabe mencionar também que o município de Buriti Bravo e de Colinas
apresentam valores de IA correspondente a 19 e 15 respectivamente, estes valores segundo a
mencionada metodologia é enquadrado como pertencente a uma área com classificação árida,
ou seja, mais uma evidencia da complexidade climática que o Maranhão apresenta.
Ainda no contexto da discussão de condições de semi-aridez no Estado, cabe mencionar o
estudo realizado por LEMOS4 (2007), onde o autor indica que existem no Maranhão pelo menos
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Figura 62 Posição geográfica dos municípios maranhenses com padrão de Semiárido tendo por
base o estudo de LEMOS (2007). Fonte: Equipe de Elaboração do Elaboração do Plano
Tais municípios estão localizados em 6 bacias hidrográficas maranhenses, a saber: bacia do
Parnaíba (inter-federativa), Mearim, Itapecuru, Munin, Periá e Preguiças (todas genuinamente
maranhense), ver FIGURA 62.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
164
Em um contexto de microrregiões os municípios mencionados nos comentários acima, fazem
parte de 11 microrregiões, estas são: Alto Mearim e Grajaú, Chapadas das Mangabeiras, Codó,
Itapemirim, Caxias, Baixo Parnaíba, Chapada do Itapecuru, Coelho Neto, Lençóis Maranhenses,
Chapadinha e Presidente Dutra (FIGURA 63).
Através da análise tabela acima é possível observar que mesmo para a população urbana,
30,46% (14 municípios) dos municípios destacados na mesma, o cenário para a situação das
demandas hídricas previstas para o ano de 2015 não está analisado. Outro aspecto marcante é
que dos municípios analisados, cerca de 34,78% (16 municípios) apresentam uma situação de
abastecimento de água insuficiente para o ano de 20159, ou seja, a situação do abastecimento de
água para as demandas de 65,24% da população urbana dos municípios observados na TABELA
39 apresentam sérios questionamentos, contra apenas 34,76% que possuem uma previsão de
abastecimento satisfatório para sua população urbana até o ano de 2015. Fato que indica que
a situação de abastecimento da população rural pode apresenta-se com um padrão ainda mais
conflitante para as demandas hídricas no intervalo considerado.
168
Fonte: PAN/Brasil e I Seminário Estadual Sobre Semiárido e Prevenção à Desertificação (2007)
Tendo por base os fatos evidenciados nos parágrafos acima, no presente documento
defendi-se que pelo menos os 46 municípios abordados no estudo de LEMOS (2007) e que são
objeto de Lei do Deputado Carlos Brandão, correspondam ao perímetro inicial de ação do PAD
no estado do Maranhão e que os municípios que estão nas adjacências destes sejam objetos de
estudos mais detalhados para que sua situação seja claramente definida, principalmente no que
se refere sua a população rural para com o fenômeno da salinização.
11 Ver abaixo assinado do município de Buriti – MA, onde a população de seis povoados questiona o sabor da água dos poços que abastecem as famílias
residentes nos mesmo, e de alguns problemas de saúde relacionados a qualidade de água. Cabe ressaltar também que além dos municípios visitados,
outros podem apresentar o mesmo problema,10 Dos 46 municípios destacados, apenas no SAAE de Caixas há capitação superficial e subterrânea para as
demandas da população, fato que evidencia que o uso de poços é o grande destaque para o abastecimento da população (rural e urbana).
169
Figura 65 Lista de municípios onde a população rural se queixa da água salobra dos seus
poços Fonte: Equipe de Elaboração do Plano
FONTE: CCN/MA
(*) – município não pertencente ao perímetro inicialmente adotado como área de atuação do
PAD/MA, contudo está presente na microrregião Presidente Dutra que está inserida no referido
perímetro.
Além dos destes municípios que já possuem as ditas terras de preto titularizadas, também
há municípios onde o processo administrativo de regularização fundiária já está iniciado. São
eles: Codó com as comunidades Santa Joana, Boqueirão dos Vieiras, Cipoal dos Pretos, Todos os
Santos, Bom Jesus, Santa Rita dos Matões e Mata Virgem; Caxias com as comunidades Soledade e
Mimoco; São João do Sóter com as comunidades São Zacarias II e Jacarezinho; Aldeias altas com
a comunidade Laranjeira/Boa Vista; Matões com a comunidade Mandacaru dos Pretos e Colinas
com a comunidade de Peixes e Jaguarana, ver TABELA 44.
Figura 66 Assentamentos do INCRA existentes no ano de 2002 no Maranhão (em destaque a área
de atuação do PAD/MA, conforme os critérios do MMA). Fonte – Adaptado do LABGEO/UEMA
172
5.9. OBJETIVOS DO PROGRAMA ÁGUA DOCE NO MARANHÃO.
5.10. METAS
O PAD/MA durante o período de vigência do presente Plano (2010 a 2019), tem como metas
as seguintes aspirações:
• Ter 10 Unidades Demonstrativas no território maranhense em funcionamento durante o
período de vigência do presente Plano;
• Promover junto com as comunidades assistidas a sustentabilidade das UD’s;
• Replicar o modelo utilizado para demais áreas maranhenses suscetíveis ao fenômeno de
salinização.
• Atender um quarto da população rural dos municípios contemplados no Plano, com
água de qualidade para o consumo humano, por meio da implantação e recuperação de
sistemas de dessalinização.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
11 Este tópico aponta apenas alguns assentamentos do INCRA e do ITERMA, assim como, de áreas remanescentes de quilombo na área de
atuação do PAD/MA. Sendo que, no desenvolvimento das atividades deve-se aprofundar o mapeamento destas comunidades que podem ser
assistidas pelo programa.
173
Para o Maranhão, além dos critérios mencionados acima, a seleção do perímetro de
abrangência de atuação do PAD segue os seguintes critérios:13
• Ter estudos que indiquem a presença de padrão Semiárido na área analisada;
• Deve ser uma área onde a população rural apresenta questionamentos sobre a qualidade
da água de seus poços por apresentar um sabor salobro;
• A área selecionada deve ter ações governamentais e não governamentais voltadas para
a temática do Semiárido, assim como, para com temáticas afins (desertificação, por
exemplo);
• Apresentar áreas remanescentes de quilombo e/ou assentamentos do INCRA/ITERMA.
Neste contexto, 46 municípios14 maranhenses foram pré-selecionados como pertencentes
ao perímetro de atuação do PAD no Maranhão, estes são: Afonso Cunha, Água Doce, Aldeias altas,
Anapurus, Araioses, Barão de Grajaú, Barreirinhas, Belágua, Benedito Leite, Brejo, Buriti, Buriti
Bravo, Caxias, Chapadinha, Codó, Coelho Neto, Colinas, Duque Bacelar, Humberto de Campos,
Lagoa do Mato, Loreto, Magalhães Almeida, Mata Roma, Matões, Milagres do Maranhão, Morros,
Nina Rodrigues, Paraibano, Parnarama, Passagem Franca, Paulino Neves, Primeira Cruz, São
Benedito do Rio Preto, Santa Quitéria do Maranhão, Santo Amaro do Maranhão, São Bernardo,
São Francisco do Maranhão, São João do Sóter, São João dos Patos, Sucupira do Riachão, Timbiras,
Timon, Tutóia, Urbano Santos, Vargem Grande e Grajaú.
A mencionada área é compreendida pelas microrregiões de Chapadinha, Codó, Caxias e
Coelho Neto. A justificativa para a escolha das mencionadas microrregiões segue abaixo:
• Ao utilizar microrregiões como unidade de planejamento para implantação de UD´s
é possível selecionar áreas com padrão de desigualdade socioeconômica comuns
entre municípios vizinhos e assim identificar demandas diferenciadas que podem ser
atendidas pelas premissas do PAD para cada microrregião de forma específica;
• Estas pertencem à área de drenagem de várias bacias hidrográficas
• Os municípios de Chapadinha, Brejo, Caxias, Codó, Timbiras, Timon, Buriti Bravo, Matões
e Urbano Santos presentes nas microrregiões destacadas, possuem índices de aridez
calculados pela UEMA e estão no intervalo do Semiárido segundo critérios da UNCCD;
• Na microrregião de Chapadinha já há atuação do PAD no contexto da existência de um
grupo que vem lutando desde a inclusão do Maranhão no referido programa, assim
como também, no que se refere a procedimentos de visitas de campo para identificação
e seleção de uma UD (na comunidade de Baturité/Chapadinha);
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
13 No presente documento, a indicação de tais critérios não representa uma “imposição”, mas sim, uma orientação apresentada para o grupo
Executivo do PAD/MA que mediante as peculiaridades de cada área visitada, deve avaliar a necessidade da presença de todos os critérios listados
ou apenas de partes desse no momento do processo de seleção de uma localidade a ser contemplada com a implantação de UD’s.
14 Os 46 municípios maranhenses destacados para comporem a área de atuação do PAD, além de serem objetos de alguns estudos e ações
governamentais e não governamentais voltados para a temática em questão, também são contemplados em um Projeto de Lei do Deputado
174 Federal Calos Brandão para integração destes no Semiárido brasileiro,
Sendo assim, adota-se como unidades de base para a seleção de localidades a serem
assistidas com a implantação das UD’s, os municípios que são partes constituintes das referidas
microrregiões maranhenses que estão no perímetro adotado. Nestes municípios, assim como
observado para com o Maranhão de um modo geral, os indicadores sociais apresentados no último
censo evidenciam fortes indícios de vulnerabilidade e exclusão social, a TABELA 45 apresenta os
valores do IDH, mortalidade infantil e pobreza para as microrregiões de Caxias, Codó, Coelho
Neto e Chapadinha.
O montante de pessoas que vivem na zona rural dos municípios destacados na tabela
acima é de aproximadamente 274916 pessoas. Sendo que o percentual de população rural e
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
urbana nestes é bem semelhante (TABELA 46), contudo convém mencionar que o acesso a água
potável para a população rural apresenta-se mais fragilizada do que no meio urbano, pois com
a exceção do SAAE de Caxias, que realiza captação de água subterrânea e superficial, todos os
municípios são abastecidos com poços de origem da CAEMA, SAAE dos próprios municípios e de
poços perfurados pela própria comunidade. Porém para os povoados mais afastados dos núcleos
urbanos o serviço de abastecimento de água vai se tornando cada vez mais inadequado ao uso
humano conforme pode ser verificado pelos questionamentos das populações residentes.
175
Tabela 46 Percentual de população urbana e rural na área de atuação inicial do PAD/MA
Tabela 47 Percentual de pessoas com água encanada, pluviometria e valores de ICAA para a área
de atuação inicial do PAD/MA.
LEMOS, J. J. S. Inserção do Maranhão no Semiárido do Brasil. 2007, 21p. Disponível em: http://
www.lemos.pro.br/admin/artcientifico/124111604949f9ed91495d2.pdf.
LIAO, S. D. L.,. Estado de Poluição Bacteriológica dos Principais Rios da Ilha de São Luís-Estado do
MA – Brasil. Anil, Bacanga e Paciência. Cadernos de Pesquisa. 1985, V. 1. N.1. CDU – 001.891 (05) /
ISSN – 0102 4175, 4-21 p.
______ – Secretária das Cidades (SECID). Mãos à Obra. Informativo da Secretaria das Cidades, De-
senvolvimento Regional Sustentável e Infraestrutura. Ano I, n0 01. 2008, 7 p.
REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – Agência Nacional das Águas. Atlas do Nordeste. Abaste-
cimento de Urbano de Água. Disponível em: http://parnaiba.ana.gov.br/atlas_donordeste/
ma.aspx (Estado do Maranhão), acessado no período de 08/09/09 a 01/04/10.
WILHITE, D. A.; GLANTZ, M.H. Understanding the drought phenomenon: The role definations. In:
WILHITE et al. Planning for drought toward a reduction of societal vulnerability. WESTVIEW,1987.
p. 11-14.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
178
6. O ESTADO DE MINAS GERAIS
O Estado de Minas Gerais possui uma superfície aproximada de 586.528.293 Km2, equivalente
a 6,9 % da área total do País. É o estado com o maior número de municípios, que somam uma
população de 19.237.450 habitantes (IBGE, 2005). Localiza-se no interior do território brasileiro,
limitando-se com todos os demais estados da região Sudeste, dois da região Centro-Oeste, além
do Distrito Federal e um estado da região Nordeste.
Conta com ampla variedade de clima, solo, relevo, vegetação, fauna e potenciais hidrológicos,
bem como alta diversidade econômica, cultural e social que - associadas à grande fragmentação
de administrações municipais - interagem no desenvolvimento de grandes desigualdades entre
os municípios e regiões.
179
Outra forma de articulação municipal, são as Associações Microrregionais de Municípios
que, em Minas, perfazem 40[quarenta]. Algumas não preservam a mesma abrangência das
microrregiões administrativas por motivos vários, dentre eles, identidades culturais intermunicipais,
interesses políticos, proximidade e disponibilidade de vias de acesso. Comumente as cidades
pólo interferem na rotina dos moradores dos municípios do entorno, por possuírem maior aporte
comercial, de serviços e organizativo.
Figura 67 MICROREGIÕES GEOGRÁFICAS MG - 2006 Fontes: Ddos básicos IBGE e ADENE - Mapas
FJP, 2004.
180
6.2. BACIAS HIDROGRÁFICAS
Minas Gerais engloba dezessete bacias hidrográficas, correspondentes às nascentes de
alguns dos principais rios federais: São Francisco, Paranaíba, Grande, Paraíba do Sul, Jequitinhonha,
Pardo, Doce, São Mateus, Mucuri, Itanhém, Peruípe, Jucuruçu, Buranhém, Itabapoana, Itapemerim,
Itaúnas e Piracicaba/Jaguari [FIGURA 69].
hidrográficas do Estado, que apresentam uma identidade regional caracterizada por aspectos
físicos, socioculturais, econômicos e políticos [FIGURA 70 e TABELA 49]. Tais identidades
envolvem desde o clima, a disponibilidade hídrica, os biomas, o tipo, uso e ocupação do solo, a
densidade demográfica, o nível de urbanização e as atividades econômicas que interferem na
quantidade e qualidade das águas.
Cada uma destas UPGRH pode ter como predominância a extração mineral ou a indústria
siderúrgica; a pecuária ou agricultura intensiva; o reflorestamento ou a produção de carvão; a
hortifruticultura ou a indústria de beneficiamento alimentício; o turismo ou o adensamento
populacional urbano. Por decorrência destas e de outras atividades, podem ser desencadeados
diversos impactos ambientais que afetam os recursos hídricos e o meio ambiente, como a
contaminação e poluição dos cursos d’água pelo lançamento de efluentes domésticos ou
industriais; o assoreamento e a erosão resultantes do desmatamento, a destruição das matas
ciliares e de topo de morro.
181
Figura 70 BACIAS E UNIDADES DE PLANEJAMENTO E GESTÃO
Fonte: Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM - www.igam.mg.gov.br
182
Dados: Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM – www.igam.mg.gov.br
183
confirmam a heterogeneidade espacial e evidenciam a predominância de piores índices
socioeconômicos e demográficos nas regiões norte e nordeste do Estado de Minas. FIGURA 71.
16 Como exemplo da TMI nacional que foi reduzida para metade, em apenas dez anos.
17 O matemático italiano Corrado Gini desenvolveu o coeficiente GINE, que foi adotado pela ONU, para medir a igualdade ou desigualdade dos países
na distribuição de renda da população. O cálculo considera variáveis econômicas para verificar o grau de espalhamento da renda, em escala de zero a 1.
Quanto mais próximo de zero for o GINI de uma localidade, mais igualitária é sua sociedade. Quanto mais o GINI se aproxima de 1 [um], maior é a concen-
184 tração de riqueza. O Gini não mede riqueza ou pobreza de um país, ele mede a distribuição de riquezas entre o seu povo.
Apenas 2,4% pessoas viviam em municípios com um Índice de Gini entre 0,38 e 0,45; 15,7%
entre 0,45 e 0,53; 53,4% entre 0,53 e 0,60 e 28% entre 0,60 e 0,75.
A FIGURA 71 evidencia que a predominância da má distribuição de riquezas possui maior
incidência no espaço territorial que abriga o semiárido mineiro.
0,60 e 0,68
458; 55%
0,68 e 0,75
1; 1% 1; 1% 13; 15%
25; 29% 0,570 - 0,600
0,600 - 0,650
46; 54% 0,650 - 0,700
0,719 [Janaúba]
0,831 [Divisópolis]
186
Gráfico 4 FAIXAS DE MORTALIDADE INFANTIL NO ESTADO DE MINAS GERAIS - 2000
6% 25,00 e 50,00
30%
50,00 e 75,00
75,00 e 100,00
64%
Figura 74 Mortalidade infantil até cinco anos / 1.000 - MUNICÍPIOS DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Fonte - Dados Atlas do Desenvolvimento Humano - PNUD
187
6.3.4. Acesso à água tratada e encanada
Os índices de desigualdade, de desenvolvimento humano e de mortalidade infantil são
diretamente afetados pelo nível de acesso à água potável, de serviços de esgotamento sanitário
e pela forma de destinação dos resíduos sólidos.
Figura 75 Porcentagem de domicílios com água encanada, por municípios mineiro - 2000
Fonte - Dados Atlas do Desenvolvimento Humano - PNUD
Em 2000, o percentual de pessoas que viviam em domicílios com água encanada do Brasil
era 80,75. Dentre os municípios do Estado de Minas Gerais, o município com a melhor cobertura
era Cachoeira da Prata (MG), com um percentual de 99,80, e o município com o pior valor era Fruta
de Leite - que está inserido no semiárido -com uma cobertura de13,38% da população habitante
de domicílio com água encana.
44; 5%
610; 72% 4; 0%
20 a 40%
2%
0% 5%
80; 9%
40 a 60%
115; 14%
85%
60 a 80%
80 a 100%
188
Dentre 82 municípios do semiárido 62 estão entre os 128 municípios mineiros com índice
inferior a 60%. Dezessete encontram-se na faixa de 60 a 70%, seis entre 70 e 80% e, acima de 80%,
apenas Divisópolis possui o índice de 97,96% de domicílio com água encanada.
Gráfico 7 PORCENTAGEM DE POPULAÇÃO QUE HABITA URBANA NOS MUNICÍPIOS SEMIÁRIDO -2000
9; 11%
6; 7% zero a 20%
20 a 40%
20; 23%
26; 30% 40 a 60%
25; 29%
60 a 80%
80 a 100%
Dados: Atlas do Desenvolvimento Humano - PNUD
189
Figura 77 POPULAÇÃO MORADORA DE ÁREA RURAL – MUNICÍPIOS DE MINAS GERAIS - 2000
84%
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
20 a 40%
23; 27% 24; 29%
40 a 60%
60 a 80%
80 a 100%
31; 37%
190
Nos municípios do semiárido, a cobertura do serviço de coleta de lixo domiciliar apresenta
os piores índices do estado de Minas – bem como em toda região Norte e do Vale Jequitinhonha
– Mucuri, como ilustra as Figuras 77 e 78.
Figura 78 % DE PESSOAS QUE VIVEM EM DOMICÍLIOS URBANOS COM COLETA DE LIXO 2000
Figura 79 SITUAÇÃO DA
DISPOSIÇÃO FINAL DE
RESÍDUOS SÓLIDOS EM
MINAS GERAIS – 2008
Fonte: Fundação Estadual
de Meio Ambiente – FEAM
– www.feam.br
191
Na região do semiárido predominam 65 lixões, contra 15 aterros controlados e 5 Unidades
de Triagem e Compostagem [UTC]. Dentre os sete municípios “pólo” ou Centros Urbanos inseridos
no semiárido, apenas Araçuaí e Grão Mogol providenciaram um destino ao resíduo sólido urbano
distinto de “Lixão”.
• Municípios do semiárido que possuem aterro controlado: Araçuaí, Bandeira, Catuti,
Chapada do Norte, Fruta de Leite, Grão Mogol, Ibiracatu, Monte Formoso, Ninheira, Novo
Horizonte, Patis, Porteirinha, Rio Pardo de Minas, Santa Cruz de Salinas e Taiobeiras.
• Municípios do semiárido que possuem UTC: Cristália, Jenipapo de Minas, Rubelita,
Santo Antônio do Retiro, Salto da Divisa.
O clima caracteriza-se basicamente pelo balanço hídrico negativo com regime e quantidade
de chuvas, definido pela escassez, irregularidade e concentração das precipitações. No período
chuvoso, os índices Pluviométricos anuais vão de um mínimo de 600 mm a um máximo de 800
mm ao ano, havendo, em alguns casos, áreas situadas nas isoietas de 1.100 mm. A pluviosidade
é concentrada em um curto período de três meses (novembro, dezembro e janeiro), durante o
qual ocorrem sob a forma de chuvas fortes, de curta duração. No período seco as chuvas variam
de 75 mm a 175 mm. Ocorrendo freqüentemente totais mensais nulos no período de estiagem
que abrange os meses de junho, julho e agosto. Por localizar-se em região de forte insolação,
apresentam temperaturas relativamente altas, com risco de seca maior que 60% e índice de
aridez de até 0,5.
192
Na região do semiárido de Minas Gerais ocorrem tipos rochosos diversos que aliados
às condições climáticas e de recarga dos aqüíferos resultam em grande variabilidade de
disponibilidade hídrica subterrânea (Figura 21). A característica climática do semiárido de
concentração da precipitação dificulta a infiltração e armazenamento das águas no subsolo e a
alta evapotranspiração associada resulta em grande concentração de sais nas águas subterrâneas.
Tendo em vista a intermitência de boa parte dos cursos de água nesta região, a água subterrânea
se transforma em recurso muito importante e muitas vezes a única opção de abastecimento das
famílias residentes na área. A concentração de sólidos totais dissolvidos na águas subterrâneas
supera muitas vezes 1.000mg/l caracterizando águas salobras com necessidade de dessalinização.19
Esta mudança foi respaldada por novos critérios de classificação21 e, com isto, reconheceu
101 novos municípios brasileiros como semiárido e ampliou a área em 8,66% [de 892.309,4 km²
para 969.589,4 km²]. Este novo enquadramento fez com que Minas Gerais elevasse – de 41 para
86 – o número de seus municípios classificados como semiárido.
Dos 45 novos municípios 31 pertencem à Mesorregião do Jequitinhonha – Mucuri, ou seja, a
grande inovação deste recente enquadramento foi reconhecer municípios do vales Jequitinhonha
e Mucuri como inseridos na área do semiárido de Minas.
Dos 14 novos municípios pertencentes à Mesorregião do Norte de Minas, quatro são
originários de emancipação de municípios anteriormente enquadrados como semiárido.
19 Plano de Implementação do Programa Água Doce, Núcleo Do Estado De Minas Gerais, IGAM, 2008.
20 A importância da delimitação oficial do semiárido encontra-se no fato de que os municípios e os produtores rurais, desta região, recebem alguns
benefícios de crédito – como o desconto de 25% nas taxas de juros do Fundo Constitucional Nacional de Financiamento do Nordeste [FNE] e melhor
acesso ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar [PRONAF] para os produtores rurais.
21 Até então o único critério adotado era o registro de índice de precipitação anual inferior ou igual a 900 milímetros, os novos critérios passaram a
considerar, além do índice de precipitação, considera-se o Índice de Aridez até 0,5 e o risco de seca maior que 60%. 193
6.4.1. O semiárido e a territorialidade regional e microrregional
O semiárido mineiro está inserido nas mesorregiões do Norte de Minas e do Jequitinhonha
- Mucuri, compostas por 14 microrregiões, que somam 155 municípios.
As microrregiões possuem municípios“pólo”, classificados como centros urbanos, que congregam
os habitantes municípios do entorno por decorrência de maior oferta de comércio e serviços e por
abrigar escritórios ou coordenadorias de instituições públicas de instância estadual ou federal.
Em Norte de Minas os municípios sede são Bocaiúva, Grão-Mogol, Janaúba, Januária, Montes
Claros, Pirapora e Salinas e na Mesorregião de Jequitinhonha - Mucuri os municípios de Almenara,
Araçuaí, Capelinha, Nanuque, Pedra Azul e Teófilo Otoni.
Os 86 municípios do semiárido se distribuem, de maneira irregular, por estas
meso e microrregiões.
Apesar da linha de desigualdade e dos demais indicadores socioeconômicos demonstrarem
que Norte de Minas e Jequitinhonha se assemelham na incidência de piores índices de
desenvolvimento humano e de qualidade de vida, apenas 59% dos municípios destas
mesorregiões são classificados dentro dos critérios de semiárido.
194
Dados: PNUD Atlas Desenvolvimento Humano
Dos municípios do semiárido 46% possuem menos de 20 anos de idade. Destes 40 novos
municípios, 30 foram emancipados no ano de 1997. Portanto, pouco mais de 30% das Prefeituras
do semiárido cumprem o terceiro mandato de administração municipal. O que permite supor que
possuam uma máquina administrativa pouco experiente e políticas públicas pouco consolidadas.
foram organizados por faixas classificatórias de alto, médio e baixo nível crítico, para os quais foram
atribuídos pesos, cuja soma possibilitou classificar o Grau de Risco Socioambiental de cada município.
195
Tabela 52 Classificação de risco socioambiental por população rural municipal
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
196
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
197
O GRÁFICO 10 dá a visibilidade da distribuição do Grau de Risco por microrregião e pode
orientar a tomada de decisão sobre as áreas prioritárias para a realização de ações. Para sua
elaboração foi considerada a soma da população rural da microrregião exposta a determinado
grau de risco.
50000
40000
30000
20000
Risco médio
0
Risco baixo
Figura 82 Distribuição do Risco Sócio Ambiental na região Semiárida do Estado de Minas Gerais.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
198
A figura 82 destaca os 30 municípios de maior Grau de Risco onde as ações do PAD MG
deverão ocorrer de forma prioritária.
Figura 83 Distribuição dos municípios de maior Risco Sócio Ambiental na região Semiárida do
Estado de Minas Gerais.
Figura 84 Unidades de
planejamento e gestão de
recurso hídricos do semiárido
Fonte: Instituto Mineiro de
Gestão das Águas – IGAM -
www.igam.mg.gov.br
199
Na área do semiárido mineiro estão inseridas seis Unidades de Planejamento e Gestão de
Recursos Hídricos:
de Minas, onde estão municípios como o de Salinas. Abrange um total de 11 sedes municipais e
possui uma área de drenagem de 12.762 km², que abriga uma população estimada de 109.349
habitantes. O clima na bacia é considerado semi-úmido, com período seco durando entre quatro
e cinco meses por ano.
200
população de 260.437 habitantes, aproximadamente. O clima na bacia é considerado semiárido,
havendo um período seco anual superior a seis meses.
201
• Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG
• Fundação Banco do Brasil – FBB
• Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais – IDENE
• Secretaria de Estado para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri, São
Mateus e do Norte de Minas – SEDVAN.
• Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de MG – SEMAD
• Instituto Estadual de Florestas – IEF
• Fundação Estadual de Meio Ambiente – FEAM
• Sistemas de saúde e de educação
• Sistema de Assistência Social
• Instituto Grande Sertão Veredas – IGS
• Serviço Geológico do Brasil – CPRM
• Universidades e Centros Tecnológicos
• Associações de Municípios
• Polícia Militar Ambiental de Minas Gerais – PMMG
• Instituto Mineiro de Agricultura – IMA
• Sistema da Federação da Indústria do Estado de Minas Gerais – FIEMG
• Federação da Agricultura de Minas Gerais – FAEMG
• Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Minas Gerais – FETAEMG;
• Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE
Além destas, devem ser envolvidas as instituições próprias de cada município ou localidade,
como as 86 Prefeituras – e respectivas cidades pólo – e as múltiplas associações de comunidades
rurais, sindicais, coorporativas, religiosas, culturais, regionais e municipais.
202
Como as demais ações, o início da implantação do programa Água Doce esteve focado nos
Municípios do Norte de Minas, através da articulação de instituições instaladas, principalmente,
na microrregião de Montes Claros.
À luz das experiências acumuladas, a inovação promovida pela nova classificação exige
que a perspectiva de cobertura das ações ou políticas públicas destinadas ao semiárido seja
redimensionada – através de um planejamento a curto, médio e longo prazo – para que contemple
também os Vales do Jequitinhonha e Mucuri e os 14 novos municípios do Norte de Minas.
O Programa Água Doce pode assumir este papel de vanguarda, através deste Plano, de forma
suas linhas de ação sejam priorizadas segundo um diagnóstico detalhado deste novo cenário e
de acordo com os critérios pré-estabelecidos pelo PAD.
Para que seja possível determinar das áreas prioritárias do semiárido mineiro, para planejar
e implantar o PAD, é necessário ir em busca de informações que complementem as que aqui
foram expostas nos itens 1 e 2 deste documento. Mesmo que, aqui, se tenha reunido e analisado
indicadores socioeconômicos e as características das microrregiões, este estudo, realizado por
meio de fontes secundárias, não foi suficiente para esclarecer o cenário mineiro em relação aos
critérios estabelecidos pelo Programa Água Doce para instalação dos Sistemas Dessalinizadores,
dos Sistemas Produtivos e das Unidades Demonstrativas. Na verdade, para o novo universo
semiárido mineiro, sequer existem dados sobre as comunidades rurais e seus acessos à água
potável ou sobre o universo de poços tubulares e de dessalinizadores. Muito menos, sobre
a vazão, a composição de sólidos das águas, o manejo do solo, a disposição social para a
caprinoovinocultura, produção e fenagem de erva-sal ou sobre a experiência cooperativa das
comunidades rurais.
Apesar da grande capilaridade de determinadas instituições de âmbito estadual e dos
esforços empreendidos pelos envolvidos com o PAD, até o momento, as ações desenvolvidas
pelos órgãos foram pouco articuladas entre si e entre as duas mesorregiões, as 9 microrregiões e
as forças sociais e políticas instaladas nos 86 municípios. Muitas vezes, levados pelas demandas
de suas próprias instituições, os levantamentos e cadastros reduziram-se aos objetos finalísticos
de atuação daquela instituição – sob a ótica de determinada área de conhecimento.
Para consecução dos Componentes do PAD, em uma área tão extensa como a de Minas, é
indispensável reunir o capital social instalado nas localidades, de maneira articulada e empreender
esforços para aprofundar e sistematizar o conhecimento do semiárido, de forma que permita a
leitura da realidade de maneira multidisciplinar.
6.6.1. OBJETIVOS
6.6.1.1. GERAL
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Contribuir para a democratização do acesso à água de boa qualidade para consumo humano
às populações residentes em áreas do semiárido de Minas Gerais, em especial os suscetibilizados
por água salobra, calcárea ou salina, extraídas por poços tubulares, através de mecanismos
socioambientalmente sustentáveis.
6.6.1.2. ESPECÍFICOS;
• Realizar e sistematizar o levantamento de informações sobre os poços tubulares, a
qualidade da água e a presença de dessalinizadores instalados na área de abrangência
do semiárido mineiro;
• Realizar o levantamento de informações sobre as potencialidades institucionais instaladas
nos municípios com comunidades expostas à água salobra, salina ou calcáreas;
203
• Fortalecer o Núcleo Estadual do PAD, através da definição de uma metodologia de trabalho
que garanta permanente articulação das instituições-membros e a responsabilidade de
cada uma destas no desenvolvimento e consolidação do Programa;
• Promover a articulação das ações do PAD/MG com os diversos programas, projetos e
instrumentos de gestão, no Estado de Minas Gerais, voltados para o uso sustentável dos
recursos hídricos e a convivência com o semiárido;
• Implantar novos sistemas de dessalinização, através da aquisição de equipamentos,
visando ampliar a quantidade de comunidades a serem beneficiadas;
• Recuperar, operar e manter os sistemas de dessalinização instalados anteriormente,
segundo a metodologia estabelecida pelo PAD;
• Realocar dessalinizadores das áreas não mais necessárias, para as comunidades
selecionadas pelo PAD/MG de acordo com os critérios de prioridade definidos pelo
mesmo;
• Instalar e manter em operação novos sistemas que transformem a água salobra ou salina
em água potável, nos locais em que não houver disponibilidade de outra fonte hídrica;
• Transformar os Sistemas de Dessalinização em Sistemas Produtivos, onde for possível;
• Implementar o modelo de gestão concebido no presente Plano, para o sistema de
manutenção e funcionamento dos dessalinizadores;
• Instalar duas Unidades Demonstrativas nas localidades selecionadas segundo critérios
técnicos estabelecidos pelo PAD;
• Instalar sistemas de abrandadores de água em comunidades expostas à água dura
inseridas na região semiárida;
• Elaborar e realizar um Plano de Capacitação das várias instâncias envolvidas pelo PAD;
• Desenvolver e executar um Plano de Monitoramento e Avaliação do PAD.
Municipal, taxa de mortalidade infantil até 5 anos e Pluviosidade média anual, associados
à população residente em área rural. Como resultado da aplicação deste índice tem-se o
apresentado no Tabela 54.
204
Tabela 54 Priorização dos municípios pelo critério de classificação do risco
sociambiental (PAD MG)
Figura 85 – Distribuição espacial dos municípios que aparecem dentre os mais críticos,
tanto na classificação do PAD MG quanto na classificação do PAD Nacional.
205
6.7. METAS
A meta do Plano é atender um quarto da população rural dos municípios do semiárido
mineiro, consideração a metodologia de priorização adotado pelo estado. A tabela abaixo
sintetiza as metas:
cas existentes nos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Norte para o semiárido, nas áreas de
recursos hídricos, saneamento e saúde, de interesse para o Programa Água Doce. LASAP, Brasília,
novembro de 2008.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – SRH, PAD. Diagnóstico técnico de Sistemas de dessalinização.
LASAP, Campina Grande – PB, abril de 2006.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – SRH, PAD. Operadores de sistemas de dessalinização via osmo-
se inversa. LASAP, Campina Grande – PB, abril de 2006.
NÚCLEO DO PROGRAMA ÁGUA DOCE DE MINAS GERAIS. Relatório de atividades do Programa
Água Doce 2006-2007. IGAM, Belo Horizonte, 2008.
QUEIROZ, Maria Cristina N. de et alii. Introdução ao debate sobre Monitoramento e Avaliação da As-
sistência Social. Pensar BH: política social. Edição Temática N° 6. Belo Horizonte, abril/junho de 2003.
206
QUEIROZ, Maria Cristina N. de et alii. Noções Básicas e Conceituais sobre Monitoramento e Avalia-
ção da Assistência Social. Treinamento Introdutório: Informações Complementares. Vol. 1. Prefei-
tura Municipal de Belo Horizonte. Belo Horizonte, 2002.
QUEIROZ, Maria Cristina N. Desafios da ação integrada de recursos hídricos: a sinergia de instru-
mentos de gestão municipal. Orientador Paulo Maciel Júnior. Monografia apresentada para titu-
lação de especialista em Gestão Municipal de Recursos Hídricos, ICB, UFMG, 2006.
ROMERO, Júlio. Análise espacial da pobreza municipal no Estado de Minas Gerais. CEDEPAR, Belo
Horizonte, setembro de 2006.
TOMIO, Francisco Ricardo de Lima. Autonomia Municipal e Criação de Governos Locais: A Peculia-
ridade Institucional Brasileira. www.calvados.ufpr.br
VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento territorial do Brasil: do entulho Varguista ao zoneamento
ecológico-econômico, in Bahia Análise & Dados, Salvador, março de 2001
207
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
208
ANEXO 1 – CONSOLIDADO DE INDICADORES E INFORMAÇÕES SOBRE OS MUNICÍPIOS DO SEMIÁRIDO MINEIRO
Dados: Atlas do Desenvolvimento Humano – PNUD; COPASA, ALMG – Elaboração Queiroz, M.C.N. – 2009.
209
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
210
7. ESTADO DA PARAIBA
As informações cartográficas e parte das informações contidas nesta seção foram adaptadas
e extraídas do Resumo Executivo do Plano Estadual de Recursos Hídricos - PERH-PB, elaborado
pelo Governo do Estado da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, dos
Recursos Hídricos e da Ciência e Tecnologia, SEMARH, e da Agência Executiva de Gestão das
Águas do Estado da Paraíba – AESA, publicado em 2006.
O estado da Paraíba possui 223 municípios, sendo que 170 estão na região semiárida, o
que representa 15,00 % do total da região semiárida no país e 86,20% do estado. Em relação
ao território, o Estado apresenta uma área dos 56.340,9 km². 48.785,3 km² estão no semiárido,
representando 5,0 % da área nacional e 86,60% do estado. Segundo dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) a Paraíba possui uma população de 3.769.977.(2008)
“A Paraíba está situada entre as latitudes 06º00’11,1” e 08º19’54,7” S, e longitudes de
34º45’50,4” e 38º47’58,3” W. Limita-se ao norte com o Estado do Rio Grande do Norte; a leste, com
o oceano Atlântico; a oeste, com o Estado do Ceará; e ao sul, com o Estado de Pernambuco.
Marcado por grande desigualdade social, tendo como uma das principais justificativas as
condições climáticas do semiárido, o Estado da Paraíba apresenta um dos piores desempenhos
em seus indicadores sociais o que reflete em seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de
0,678 (PNUD, 2000). Sua economia baseia-se na monocultura da cana-de-açúcar, abacaxi, indústria
de calçados e a mineração que ocupa atualmente uma das principais atividades econômicas do
semiárido paraibano.
211
Por possuir uma formação geológica diversificada de minerais, contempla gemas preciosas,
a exemplo da turmalina azul, endêmica a essa região, e minerais utilizados na construção civil
e jazidas de ferro. “Aproximadamente 89% do Estado da Paraíba encontra-se sobre rochas
précambrianas, sendo complementado por bacias sedimentares fanerozóicas, rochas vulcânicas
cretáceas, coberturas plataformais paleógenas/neógenas e formações superficiais quaternárias”
(PERH, 2005).
A Paraíba possui a quinta menor extensão territorial e apresenta uma caracterização
climatológica, hidrológica e física diversificada. Está geograficamente inserida em uma área de
transição entre a zona litoral e o semiárido. De acordo com o IBGE os aspectos econômico, social e
político, serviram como variável para classificar o estado da Paraíba em quatro mesorregiões, com
as seguintes denominações: Mata Paraibana, Agreste Paraibano, Borborema e Sertão Paraibano.
O sistema de abastecimento coletivo é definido pela portaria ora citada como “instalação
composta por conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, destinada à produção e à
distribuição canalizada de água potável para populações, sob a responsabilidade do poder
público, mesmo que administrada em regime de concessão ou permissão”.
No sistema de abastecimento de água é denominada também de “soluções clássicas”. O
município é responsável pela prestação do serviço mesmo que a prestação dos serviços seja
concedida a um ente público vinculado à outra esfera administrativa (a exemplo dos serviços
prestados pelas Companhias Estaduais) ou a um ente privado (BRASIL, 2007a)
214
Em geral, a população da zona rural se auto-abastece utilizando águas provenientes de
cacimbas ou de poços escavados nos leitos dos rios, ou riachos, de poços tubulares equipados com
bombas elétricas ou cataventos, além de pequenos açudes ou outros mananciais, de preferência
o mais próximo possível do ponto de consumo. A água utilizada pela população não passa por
qualquer controle de qualidade, e as fontes de captação, em geral, não oferecem garantia de
atendimento contínuo.
A Paraíba dispõe de um sistema macro de distribuição por meio de adutoras e um conjunto
de reservatórios, com a finalidade de atender diversos usos, tais como; consumo humano e
produção. Essa estrutura é de domínio estadual. O sistema de adutoras no semiárido paraibano
tem seus serviços voltados prioritariamente para o atendimento das áreas urbanas.
No entanto, a rede de distribuição disponível (sistema existente de adutoras) ainda está
bastante aquém para satisfazer a demanda das áreas priorizadas e ampliar a oferta para outras
áreas até então muito carentes de água.
215
7.1.1. Cisternas para Captação de Águas de Chuva
Tabela 56 Formas de Abastecimento de Água Contida no PERH
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Na Paraíba foram construídas 41.891 cisternas, sendo 34.486 AP1MC, 6.120 cisternas pelo
Estado e 1.285 por Prefeituras (Anexo II). A estimativa por demanda de cisternas no semiárido,
realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (BRASIL, 2008), tomou
como referência os dados do Cadastramento Único dos Programas Sociais do Governo Federal
(CadÚnico), que utiliza como critérios:
216
• Ser domiciliado em município do semiárido;
• Ser domiciliado na zona rural do município;
• Não possuir acesso à rede pública de abastecimento de água;
• Ter o perfil de elegibilidade ao Programa Bolsa Família, que abrange famílias com renda
per capita inferior a R$ 60,00 e aquelas com renda per capita entre R$ 60,01 e R$ 120,00
com filhos entre 0 e 16 anos incompletos.
217
7.1.3. Águas Subterrâneas
A garantia de abastecimento urbano e rural das populações do semiárido tem sido, em
geral prejudicada, decorrente do colapso dos sistemas de abastecimento de pequenas e médias
cidades e de comunidades rurais. Conseqüentemente, a perfuração de poços apresenta-se como
mais uma alternativa para o enfrentamento da escassez hídrica. Na Paraíba os Sistemas Cristalino,
rio do Peixe, Serra do Martins e Aluvial tem se revelado uma solução imediatista, que não atenta
para as características da demanda populacional projetada. Além disso, é uma solução temerária,
na medida em que uma exploração sistemática pode exaurir esses reservatórios subterrâneos,
principalmente os de natureza fissural e/ou intempérica do Cristalino e os de porosidade
intergranular da bacia do rio do Peixe e coberturas sedimentares da formação Serra do Martins.
O Sistema Cristalino tem potencial nulo, fazendo com que sua oferta repouse na exploração
de suas reservas. Não é por outra razão que cerca de 45% dos poços perfurados no sistema estão
abandonados. Em contrapartida os poços em operação, estimados em mais de 5 mil, representam
uma oferta de, pelo menos, 45 milhões de metros cúbicos anuais. O Sistema Aquífero Paraíba–
Pernambuco é o sistema de maior e melhor potencial hídrico do estado. Sistema rio do Peixe tem
um potencial da ordem de 9 milhões de metros cúbicos anuais.
A qualidade de suas águas apresenta restrições para consumo humano, já que mais de
70% delas apresenta salinidade superior aos índices de potabilidade exigidos pela ABNT. O
Sistema Serra do Martins, em razão das características quantitativas de seu pequeno potencial,
é o suprimento de pequenas demandas. Sua oferta não é compatível com demandas para
abastecimento urbano, relativamente grande e crescente.
O Sistema Aquífero Aluvial é o que apresenta as melhores características qualitativas e
quantitativas no domínio do semiárido paraibano. Entretanto, deve-se observar o fato de que
esse sistema tem uma expectativa de oferta que decresce com o tempo: ele atinge seu máximo
logo após as chuvas, decrescendo com o estabelecimento da estação da estiagem.
Com base nos dados existentes, observa-se que, no geral, os principais inconvenientes
associados ao uso múltiplo das águas de todas as bacias do Estado estão associados à salinidade
(cloretos em concentrações maiores em bacias específicas – Jacu, Curimataú, sub-bacias do Seridó,
do Espinharas e do Taperoá) e a dureza por causa dos bicarbonatos de cálcio e de magnésio, o que
limita seus usos na indústria e na irrigação e dificulta as tarefas domésticas. Essas características
justificam ainda mais a presença do PAD nessas regiões.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
218
Tabela 57 Bacia Hidrográfica, Potencial Superficial e Potencial Subterrâneo. Fonte: PERH
219
Figura 94 Área de Atuação das Gerências Regionais de Bacias Hidrográficas. Fonte: PERH - 2005
Segundo dados da AESA (2006), Atualmente, o Estado da Paraíba conta com uma rede de
263 postos pluviométricos e sete postos pluviográficos. Dos 223 municípios do Estado, apenas
seis não possuem um pluviômetro.
Os processos climáticos geradores de precipitação sobre a região Nordeste do Brasil são
excessivamente complexos. Seu principal efeito é a grande variabilidade espacial e temporal da
precipitação na região, que interfere também no seu regime hidrológico.
A Paraíba é o estado nordestino que apresenta a maior variabilidade espacial de precipitação.
Cabaceiras, localizada no Cariri paraibano apresenta uma altura pluviométrica anual em torno
dos 300,0 mm. No entanto João Pessoa, localizada na faixa litorânea, apresenta um total anual de
precipitação média que ultrapassa os 1.700,0 mm (Anexo III).
220
A rede fluviométrica do Estado é, de modo geral, deficiente. Motivo que desencadeou a um
processo contínuo de restrição do número de postos fluviométricos em operação na região e
consequentemente a um baixo nível de aproveitamento dos dados fluviométricos coletados,
acarretando em dados pouco consistentes e elevada ocorrência de falhas.
221
7.2.1. Divisão Hidrográfica e Hidrogeológica das
Regiões de Desenvolvimento
Segundo o Plano Estadual de Recursos Hídricos - PERH, foram adotadas como Regiões de
Desenvolvimento as regiões geoadministrativas do Estado, em número de 12:
1ª Região: João Pessoa. Possui uma área de 4.578,00 km2 e apresenta uma população de
1.136.748 habitantes com um Índice Médio de Desenvolvimento Humano (IDH-M-2000) de 0,592.
Nesta região encontram-se totalmente inseridas as bacias do Guaju e Miriri e, parcialmente, as
bacias do Abiaí, Gramame, Mamanguape, Camaratuba, Curimataú e a Região do Baixo Curso do
rio Paraíba.
2ª Região: Guarabira. Possui uma área de 3.081 km2 e uma população de 293.023 habitantes
com um IDHD-M-2000 de 0,572. Esta região engloba parcialmente as bacias dos rios Curimataú,
Mamanguape e Camaratuba, destacando-se os açudes Cacimba de Várzea e Araçagi.
3ª Região: Campina Grande. Com uma área de 8.296 km2 e população de 735.963 habitantes, a
região engloba, parcialmente, as bacias do Curimataú e Mamanguape, as subbacias do Taperoá e
Seridó, e as Regiões do Médio e Baixo Curso do rio Paraíba. Seu IDHM- 2000 é de 0,592.
4ª Região: Cuité. Com uma área de 3.801 km2 possui uma população de 94.284 habitantes. O
IDH-M-2000 é de 0,586. Na região encontram-se totalmente inseridas as bacias do Trairi e Jacu, e
parcialmente a bacia do Curimataú e a sub-bacia do Seridó.
5ª Região: Monteiro. A região abrange uma área de 10.111,80 km2, com uma população de
149.323 e IDH-M-2000 de 0,619. Nesta região encontram-se parcialmente inseridas a sub-bacia
do Taperoá e a Região do Médio Curso do rio Paraíba, e totalmente inserida, a Região do Alto
Curso do rio Paraíba.
6ª Região: Patos. Com uma área de 6.024 km2 e população de 208.318 habitantes, engloba total-
mente as sub-bacias do Espinharas e Seridó, e parcialmente as sub-bacias do Taperoá e Piancó e a
Região do Médio Curso do rio Piranhas. O IDH-M-2000 da região de Patos é de 0,599.
7ª Região: Itaporanga. Possui uma área de 5.683,00 km2, população de 147.190 habitantes e IDH-
-M-2000 de 0,591. A região encontra-se totalmente inserida na sub-bacia do Piancó.
8ª Região: Catolé do Rocha. Esta região engloba uma área de 2.880 km2, com uma população de
102.325 habitantes e IDH-M-2000 de 0,611. A região de Catolé do Rocha encontrase totalmente
inserida na Região do Médio Curso do rio Piranhas.
9ª Região: Cajazeiras. Apresenta uma área de 3.388,00 km2, com uma população de 157.116 ha-
bitantes e IDH-M-2000 de 0,594. Esta região engloba parcialmente a sub-bacia do rio do Peixe e
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
222
7.2.2. Caracterização Topográfica e Geomorfológica
O relevo do Estado da Paraíba é bastante diversificado, constituindo-se por formas de
diferentes processos, atuando sob climas distintos e sobre rochas pouco ou muito diferenciadas.
No tocante à geomorfologia, existem dois grupos formados pelos tipos climáticos mais
significativos do Estado: úmido, subúmido e semiárido.
O Sistema Aluvial ocupa uma área de cerca de 4.100 km2, com distribuição descontínua
sobre o embasamento cristalino. É composto de sedimentos detríticos, de granulometria variada,
incoerentes, heterogêneos, extremamente porosos e francamente permeáveis, mais arenosos na
bacia do Piranhas, mais argilosos nas demais. Este sistema está contido nos depósitos de natureza
fluvial, constituindo um sistema aqüífero do tipo livre, limitado, na base e lateralmente, por rochas
cristalinas, relativamente impermeáveis.
Na bacia do Piranhas, as espessuras totais atingem aproximadamente 13,00m. Nas demais
bacias, as dimensões do sistema são menores. As maiores exposições do sistema estão nas bacias
afluentes dos rios Taperoá, do Meio e Sucuru (aqui definitivamente descontínuo). A grande
parcela da recarga é feita pelos rios, quando, em regime de cheias, os níveis de água adquirem
cotas elevadas, capazes de favorecer a infiltração de parcela considerável do volume.
Há uma grande diferença na qualidade das águas de poços do Sistema Aluvial: são muito
melhores na bacia do Piranhas, apresentando potabilidade irrestrita em 57,4% dos casos (ou de
82,4%, considerando-se o limite da ABNT de 1.000 mg/l de sais dissolvidos). Do outro lado, encontra-
se a bacia do Paraíba, onde 55% de suas águas subterrâneas não se prestam para consumo humano.
Sistema Elúvio-Coluvial, ocorre principalmente na bacia do rio Piranhas. Na bacias dos rios
Paraíba e Mamanguape, ele se instala onde o relevo é mais acidentado, próximo aos divisores de
bacias. Este sistema também está contido nas denominadas “coberturas arenosas”, que ocorrem
na região do agreste paraibano, e, mais restritamente, próximo a Junco do Seridó. Essas coberturas
preenchem depressões pretéritas do Cristalino.
Litologicamente, elas são constituídas por sedimentos clásticos grosseiros, representados por
areias inconsolidadas esbranquiçadas ou creme de granulometria fi na a grosseira, com grãos de quartzo
subangulosos, feldspatos não decompostos, palhetas de micas e concentrações de minerais pesados.
223
7.2.3. Caracterização da Cobertura Vegetal e Uso dos Solos
O uso atual e a cobertura vegetal do Estado da Paraíba caracterizam-se por formações
florestais definidas como caatinga arbustiva arbórea aberta, caatinga arbustiva arbórea fechada,
caatinga arbórea fechada, tabuleiros costeiros, mangues, mata úmida, mata semidecidual,
mata atlântica e restinga. Observa-se que em todo o estado o antropismo se mostra bastante
acentuado, atingindo cerca de 65% de sua área total.
Figura 97 Uso Atual e Cobertura Vegetal do Estado da Paraíba Fonte: PERH - 2005
224
A ocorrência desse processo registra-se em função do uso de práticas inadequadas na
mineração e na agropecuária, sem um devido manejo racional da caatinga, mas com uma forte
agressão ao ecossistema, caracterizada pelo desmatamento ilimitado e irracional, provocando
assim impactos cuja reversão, se não impossível, é bastante onerosa.
Na Mesorregião da Borborema, uma das mais ricas em recursos minerais metálicos e não
metálicos do estado, também estão sendo observados graves problemas de poluição referentes
à poluição das unidades de beneficiamento, às formas de deposição dos resíduos da mineração,
à destruição da flora nativa para obtenção da lenha usada como combustível na calcinação do
calcário e no beneficiamento da bentonita, e, conseqüentemente à extinção da fauna.
O processo de erosão dos solos, a montante dos açudes vem comprometendo os recursos
hídricos superficiais, disponíveis em rios e reservatórios do semiárido, a exemplo das Mesorregiões
do Agreste, da Borborema e do Sertão.
Os solos utilizados na agricultura irrigada por falta da adoção de práticas de manejo e
drenagem adequados estão sendo submetidos a danos muitas vezes irreparáveis, comprometendo
o aproveitamento das áreas potencialmente irrigáveis, e consequentemente os recursos hídricos
do semiárido. No tocante à exploração mineral, a situação também é bastante preocupante, tanto
do ponto de vista ambiental como social. Segundo dados do DNPM – Departamento Nacional
de Produção Mineral (2008) são poucos os planos de recuperação de área degradada, o resíduo
do caulim podem ser vistos em grande quantidades e as formas de trabalho ainda são bastante
rudimentares. São muitas as mortes de garimpeiros por acidentes e pela contaminação da silicose.
Mais uma atividade econômica, ocorrendo de forma irracional, principalmente no Cariri e Seridó.
vez que a grande maioria tem como fonte de sobrevivência a atividade agropecuária extensiva.
Os indicadores sociais do semiárido paraibano são os menores do Estado e encontram-se
entre os piores do Brasil. Segundo dados da Folha de São Paulo (2002), os cinco IDH mais baixos
são: Alagoas (0,633), Maranhão (0,647), Piauí (0,673), Paraíba (0,678) e Sergipe (0,687). Em 2000, o
IDH do município de Cacimbas (0,494) ocupou a primeira posição estadual e os doze piores entre
os nacionais (vide tabela do Anexo V). Juntamente com o IDH, a mortalidade infantil também é
um importante indicador, sendo utilizado pelo PAD como uma das variáveis para definir níveis de
criticidade dos municípios (tabela do Anexo VI).
Para avaliar de forma mais fidedigna o IDH dos municípios brasileiros, o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em parceria com a Fundação João Pinheiro e o
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), desenvolveram uma metodologia que consiste
em calcular a média aritmética de itens como longevidade, educação e renda.
225
O Índice de Pobreza é outro indicador onde o Estado da Paraíba ocupa índices dentre os
piores do país. O IBGE divulgou em 2003 o Mapa da Pobreza e Desigualdade. A coleta dos dados
foi uma produção em parceria do IBGE com o Banco Mundial, a partir de dados coletados pela
Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003 e do censo 2000. Um dos dados mais relevantes do
Mapa destaca que na região Nordeste 77% das cidades possui mais da metade de sua população
vivendo em situação de pobreza. O estado da Paraíba apresentou o segundo maior registro de
pobreza, com 57,48 % da população (tabela no Anexo VII).
226
• Cristalino – substrato dominante;
• Limitações pluviométricas e baixa retenção dos solos = rios temporários.
• Águas subterrâneas – bacias sedimentares ou cristalino, bacias sedimentares – boa
vazão e qualidade.
A realidade e os Principais Desafios a serem enfrentados no Semiárido:
a) Características principais da atualidade:
• Dificuldade de acesso a água e índices de salinidade;
• Pobreza, densidade, diversidade;
• Gado-algodão-lavouras alimentares;
• Agricultura de subsistência;
• Urbanização/retenção, economia sem produção;
b) Principais Desafios a Enfrentar:
• Demográfico (12,4 hab/km² em 70 e 21,6 em 2000);
• Ambiental (diversidade, extrativismo, desertificação);
• Escassez de Água (acesso, demanda> oferta= pipa);
• Econômico (transição urbana, agropecuária);
• Educacional;
• Sociocultural;
227
Foi implantada com recursos da Fundação Banco do Brasil - FBB, em outubro de 2009, uma
Unidade Demonstrativa (UD) no município de Amparo, localizada na microrregião do Cariri Ocidental. A
localidade atendida foi o Agrupamento Fundiário Caiçara Fazenda Mata, que reúne aproximadamente
145 moradores, além de 496 que habitam comunidades difusas. Esse agrupamento é parte da política
de assentamento agrário do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA (2005), em parceria com o
Instituto de Terra e Planejamento Agrícola da Paraíba - INTERPA.
A associação comunitária dos Produtores Rurais do Sítio Caiçara Fazenda Mata, cuja
principal atividade econômica é a ovinocaprinocultura, puderam experimentar a contribuição
da cadeia produtiva sugerida dentro da estrutura do PAD, através do beneficiamento da atriplex,
considerado uma excelente fonte de alimentação para caprinos e ovinos. Em meados de maio de
2010 foi feito o primeiro corte.
A atriplex foi uma das alternativas para minimizar o impacto ambiental, não somente quanto
ao destino adequado do rejeito do concentrado, mas também uma alternativa para minimizar o
impacto da ovinocaprinocultura sobre a vegetação nativa. Embora pareça pouco, sustentar um
rebanho desses não é fácil no Cariri. São necessários entre 1,5 a 2 ha de vegetação nativa bem
conservada para alimentar um caprino.
Essa região não permite uma diversidade econômica, dada as condições naturais não
corroborarem, daí a importância de uma fonte de alimentação, como o feno da atriplex, que
permita incentivar a atividade da ovinocaprinocultura. A piscicultura é outra possibilidade. Na UD
de Amparo foi feita a despesca de 1.650kg de tilápia, sendo a renda obtida com a venda revertida
para a comunidade.
Tanto a piscicultura como a ovinocaprinocultura são soluções para a manutenção dos
sistemas, o que se insere em ações para a sustentabilidade e autonomia por parte da comunidade.
É nesse processo que a comunidade se apropria das ferramentas de gestão, reduzindo seu grau
de dependência da gestão pública.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
228
Tabela 58 Municípios e comunidades atendidas. *
Unidade Demonstrativa - UD
229
• Debater com as Prefeituras Municipais, e outras entidades envolvidas sobre a situação
de abastecimento de água das comunidades difusas e discussão sobre competências e
atribuições no abastecimento de água;
• Implementar o modelo de gestão concebido no presente Plano, para o sistema de
manutenção e funcionamento dos dessalinizadores;
• Recuperar e colocar em funcionamento os sistemas de dessalinização instalados por
projetos anteriores;
• Readequar os sistemas mais antigos ao modelo de estrutura adotado pelo PAD
colocando-os em pleno funcionamento;
• Executar os trabalhos de mobilização e sustentabilidade socioambiental nas
comunidades selecionadas com metodologia participativa;
• Contribuir com a estruturação do sistema de saneamento rural, a partir dos princípios da
participação popular, da descentralização regional de gestão e da inclusão dos diversos
meios sustentáveis de exploração, tratamento e oferta de água à população;
• Concluir a recuperação dos sistemas de dessalinização instalados por projetos anteriores,
a partir dos parâmetros concebidos pelo PAD;
• Promover a articulação das ações do PAD/PB com os diversos programas, projetos
e instrumentos de gestão, no Estado de Paraíba, voltados para o uso sustentável dos
recursos hídricos e a convivência com o semiárido;
230
Figura 100 Mapa de Média Pluviométrica e Principais Reservatórios da Paraíba.
Fonte: AESA / ANA / IBGE. Elaboração: Avani Torres
Para tanto, visitas técnicas irão possibilitar uma melhor identificação do nível de acesso
à água dessa população. Implantar um banco de dados, atualizar os já existentes e inserir
informações para dar suporte a essa mapeamento é de fundamental importância para contemplar
as comunidades que de fato necessitam.
O ICAA apresentou o município de Cacimbas, localizado na região do Cutimataú como o
mais crítico quanto ao conjunto dos indicadores que o compõem, enquanto Sousa é o que obteve
o resultado mais favorável. Esse município está localizado no sertão.
As informações cartográficas possibilitam evidenciar uma regionalização de áreas críticas,
segundo o ICAA. Essa ferramenta induz a ações direcionadas, otimizando a logística necessária e
reduzindo custos. A possibilidade da troca de experiência entre as comunidades é outro fator de
grande relevância.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
231
Figura 101 Índice de Condição de Acesso a Água no Semiárido Paraibano Numa Escala
Menor de Prioridades. Fonte: MMA. Elaboração: AESA
232
Figura 102 Territórios da Cidadania. Fonte: AESA/ 2010
233
Com isso, o núcleo executivo do PAD na Paraíba inclui entre suas atividades mais emergenciais,
organizar e atualizar o banco de dados sobre poços e dessalinizadores, com informações das
comunidades onde estão implantados, e verificações por visitas técnicas quanto à real situação
em que as estruturas se encontram.
O Programa Água Doce irá direcionar suas ações para recuperação de 201 dessalinizadores,
implantação de 20 e instalação de 40 UD´s nas comunidades do semiárido paraibano,
totalizando 261 equipamentos que correspondem a 25% da população rural, o que compreende
168.123 habitantes. Esse quantitativo atende a metodologia proposta pelo PAD utilizando um
dessalinizador para cada 650 habitantes. Considerando inclusive a relocação de dessalinizadores
em comunidades que não necessitam mais desses equipamentos.
As ações de curto prazo, dos vinte municípios a serem contemplados estão previstas
seguindo a metodologia do PAD e impressões da equipe técnica, as quais ainda serão auferidas.
(Figura 103).
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
234
7.4. PLANO DE GESTÃO DO PAD/PB
sustentabilidade do projeto.
235
▪ ▪ ▪
▪ ▪ ▪ ▪
▪ ▪
▪
▪
▪
▪ ▪
▪ ▪
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
▪ ▪
▪ ▪
▪ ▪
▪
236
O apoio logístico destina-se ao atendimento dos deslocamentos das equipes e equipamento
até as comunidades beneficiadas pelo PAD. A SEMARH, AESA, EMATER, EMPASA, CAGEPA,
SUDEMA através de seus escritórios regionais e a sociedade civil tem realizado esse apoio, além
das prefeituras municipais atendidas.
O acompanhamento e o monitoramento ocorrem em todas as fases do PAD e após dois
anos da capacitação das comunidades. Embora posterior aos dois anos, as visitas ficam menos
frequentes. As visitas têm como objetivo, verificar qual a situação em que os sistemas encontram-
se, qualidade e forma de distribuição da água.
Como as ações são sistêmicas, todos os componentes do programa estão inseridos
nessa etapa, de acordo com as demandas e necessidades. A solicitação de apoio feita pelas
comunidades pode ser ocasionada por diversos fatores: de ordem técnica, reposição de peças
dos equipamentos, conflitos sociais que contrariam o acordo de gestão etc.
Outro aspecto determinante é o acompanhamento dos sistemas de dessalinização que trata
da qualidade da água, sendo necessárias coletas de água periódicas para análises físico-químicas
e bacteriológicas. Nesse sentido, a CAGEPA tem fornecido um grande apoio ao disponibilizar
técnicos e laboratório para esse trabalho. Para esse componente a coordenação do PAD/PB
contempla nessa nova etapa apoiar melhorias nos laboratórios dos Campus da UFCG.
237
Social
238
7.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AESA. Agência Executiva de Gestão de Águas do Estado da Paraíba. Governo do Estado da Para-
íba. PERH-PB: Plano Estadual de Recursos Hídricos: resumo executivo & atlas. Brasília: Consórcio
TC/BR – Concremat. 2005,112p.
ANA - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Atlas do Nordeste: abastecimento urbano de água (versão
on line). Disponível em: http://parnaiba.ana.gov.br/atlas_nordeste/al.aspx (Estado da Paraíba).
(Acesso em 12/03/2010), 2005a.
ANA - AGENCIA NACIONAL DE ÁGUAS. PROÁGUA Semiárido: realizações e resultados. Avaliação
Institucional do Sub-programa de Desenvolvimento Sustentável de Recursos Hídricos para o Se-
miárido Brasileiro/Agência Nacional de Águas. Brasília: TODA desenhos & Arte Ltda./TCBR Tecno-
logia e Consultoria Brasileira S. A., 2005b. 80p.
BRASIL. AGENCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Atlas do Nordeste: abastecimento urbano de água: alter-
nativas de oferta de água para as sedes municipais da Região Nordeste do Brasil e do Norte de Mi-
nas Gerais. Agência Nacional de Águas, Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos;
Consórcio Engecorps/Projetec/Geoambiente/Riverside Technology. Brasília: ANA,SPR,2006. 80p.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Manual de orientação
para cadastramento das diversas formas de abastecimento de água para consumo humano / Mi-
nistério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2007a. 40 p.
– (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
BRASIL. Portaria n.º 518 de 25 de março de 2004. Estabelece os procedimentos e responsabilida-
des relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão
de potabilidade, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 26
mar. 2004. Seção 1. p. 266.
BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICOS E AMBIEN-
TE URBANO, Programa Água Doce, Disponível em:< http://www.mma.gov.br/sitio/index.
php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=212&idConteudo=8934&idMenu=9693>. Acessado em
23/03/2010.
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Contagem populacional 2007. Rio de
Janeiro:IBGE, 2007
IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Disponível em: http:// www.ipea.gov.br>. Acesso
em: 15/03/2010.
Mineração no Semiárido Brasileiro. 2009 Disponível em: http://www.dnpm.gov.br/mostra_arqui-
vo.asp?IDBancoArquivoArquivo=3194. Acesso em: 11/04/2010.
REBOUÇAS, A. C. Águas subterrâneas. Águas Doces do Brasil: capital ecológico, uso e conservação.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
239
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
240
7.7. ANEXO - ÍNDICE DE CONDIÇÃO DE ACESSO À ÁGUA
241
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
242
* Fonte MMA 2009. Dados não divulgados
243
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
244
8. ESTADO DE PERNAMBUCO
8.1. ASPECTOS GERAIS
O Estado de Pernambuco possui uma área de 98.938 km2 (ocupando 6,5% da área do
Nordeste e 1,2%, da área do país) com 184 municípios, dos quais 122 estão inseridos no Semiárido,
e o Distrito Estadual de Fernando de Noronha (FIGURA 107). Segundo o último senso do IBGE, sua
população é de 7.918.344 habitantes (IBGE 2008). A população do estado que vive no semiárido é
de 3.236.741 habitantes, dos quais 1.340.659 vivem em áreas rurais, ou seja, 41%.
Sua forma estreita e alongada lhe concede uma faixa litorânea de 187 km e uma extensão de
748 km no sentido leste-oeste.
Pela sua localização geográfica e por ser de perfil alongado no sentido supracitado,
Pernambuco apresenta uma caracterização climatológica, hidrológica e física bastante
diversificada, conformado em vários biomas (marítimo, restinga, mata atlântica e caatinga).
245
Pernambuco com 4,7% da população do país, apresentava, em 2000, uma densidade
demográfica de 80,5 hab/km2, 4 vezes maior do que a do Brasil (19,9 hab/km2). Semelhante a
outros estados costeiros brasileiros, apresenta uma grande concentração no litoral, tanto do
ponto de vista econômico quanto populacional (FIGURA 108).
Figura 108 Densidade Demográfica de Pernambuco. Fonte: Atlas das Bacias Hidrográficas de
Pernambuco, SECTMA, 2006.
tem como foco as características geográficas do seu espaço territorial, definidas pelo IBGE.
Nesse sentido, Pernambuco compreende cinco Mesorregiões, subdivididas em 19 Microrregiões
geográficas, conforme classificação do IBGE, demonstrado abaixo (TABELA 59 e FIGURA 03):
246
Tabela 59 Divisão Regional de Pernambuco
247
O outro, com recorte regional, adotado pelo Estado desde 1999, diz respeito às Regiões de
Desenvolvimento. Tomando por base as características geográficas e perfis econômicos locais
do território (cadeias produtivas, etc.), para efeito do planejamento regionalizado da ação de
governo, em especial os investimentos, Pernambuco concebe 12 RDs, que são às seguintes:
Metropolitana, Mata Norte, Mata Sul, Agreste Setentrional, Agreste Central, Agreste Meridional,
Moxotó, Pajeú, Sertão Central, Araripe, São Francisco, Itaparica (TABELA 60 e FIGURA 110).
248
Além desses dois recortes, em 2008 foi lançado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário,
o Programa Territórios da Cidadania, visa definir políticas para reduzir as desigualdades sociais
e regionais e enfrentar o desafio de melhorar a qualidade de vida dos brasileiros que vivem nas
regiões mais carentes.
Em Pernambuco, os Territórios da Cidadania foram divididos como se segue:
• O Território da Cidadania Agreste Meridional - PE abrange uma área de 13.113,50 Km²
e é composto por 20 municípios: Águas Belas, Angelim, Bom Conselho, Buíque, Caetés,
Capoeiras, Garanhuns, Iati, Ibimirim, Ibirajuba, Inajá, Manari, Paranatama, Pedra, Saloá,
São Bento do Una, Terezinha, Tupanatinga, Venturosa e Itaíba.
A população total do território é de 555.607 habitantes, dos quais 249.141 vivem na área
rural, o que corresponde a 44,84% do total. Possui 44.493 agricultores familiares, 2.609 famílias
assentadas, 21 comunidades quilombolas e 4 terras indígenas. Seu IDH médio é 0,60.
• O Território da Cidadania Mata Sul - PE abrange uma área de 4.003,40 Km² e é composto
por 19 municípios: Água Preta, Amaraji, Barreiros, Belém de Maria, Bonito, Catende,
Cortês, Gameleira, Jaqueira, Joaquim Nabuco, Maraial, Palmares, Primavera, Rio Formoso,
São Benedito do Sul, São José da Coroa Grande, Tamandaré, Xexéu e Ribeirão.
A população total do território é de 439.458 habitantes, dos quais 123.200 vivem na área
rural, o que corresponde a 28,03% do total. Possui 12.668 agricultores familiares, 10.145 famílias
assentadas e 1 comunidade quilombola. Seu IDH médio é 0,62.
• O Território da Cidadania Sertão do Araripe - PE abrange uma área de 12.020,30 Km² e é
composto por 10 municípios: Araripina, Bodocó, Exu, Granito, Ipubi, Ouricuri, Santa Cruz,
Santa Filomena, Moreilândia e Trindade.
A população total do território é de 297.648 habitantes, dos quais 151.037 vivem na área
rural, o que corresponde a 50,74% do total. Possui 25.908 agricultores familiares, 423 famílias
assentadas. Seu IDH médio é 0,62.
• O Território da Cidadania Sertão Do Pajeú - PE abrange uma área de 13.350,30 Km²
e é composto por 20 municípios: Afogados da Ingazeira, Brejinho, Calumbi, Carnaíba,
Flores, Iguaraci, Ingazeira, Itapetim, Mirandiba, Quixaba, Santa Cruz da Baixa Verde,
Santa Terezinha, São José do Belmonte, São José do Egito, Serra Talhada, Solidão, Tabira,
Triunfo, Tuparetama e Sertânia.
A população total do território é de 389.580 habitantes, dos quais 164.559 vivem na área
rural, o que corresponde a 42,24% do total. Possui 33.804 agricultores familiares, 1.810 famílias
assentadas, 15 comunidades quilombolas e 1 terras indígenas. Seu IDH médio é 0,65.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
249
A população total do território é de 286.471 habitantes, dos quais 104.725 vivem na área
rural, o que corresponde a 36,56% do total. Possui 16.494 agricultores familiares, 2.564 famílias
assentadas, 9 comunidades quilombolas e 12 terras indígenas. Seu IDH médio é 0,67.
Vale salientar que esses três tipos de regionalização (Divisão Regional, Regiões de
Desenvolvimento e Territórios da Cidadania) se articulam nos diversos programas e projetos
governamentais, fortalecendo, por conseguinte, o planejamento e execução dos mesmos.
meses de janeiro a abril. Com exceção desse período, os valores de evaporação real e potencial
são superiores a precipitação média mensal, com pequeno ou nenhum excesso de água.
250
Figura 111 Clima de Pernambuco.
Fonte: Atlas das Bacias Hidrográficas de Pernambuco – SECTMA, 2006
251
Figura 113 Temperatura do Ar Média Anual.
Fonte: Atlas das Bacias Hidrográficas de Pernambuco – SECTMA, 2006
252
algumas vezes ocorrem associados com cascalhos e/ou pedregosidade) e profundidades
normalmente inferiores às dos solos da região úmida costeira.
• Na região de depressão sertaneja (Sertão), o clima quente e seco do ambiente Semiárido
restringe o desenvolvimento dos solos, bem como, a lixiviação de bases. Em função
desses fatores, predominam, na área, as caatingas mais secas (hiperxerófilas) e os solos
pouco profundos ou rasos, com presença marcante de pedregosidade e/ou rochosidade
e com alta saturação por bases (solos eutróficos). No extremo oeste do Estado (Chapada
do Araripe) a realidade difere do padrão predominante dessa região. Ou seja, caracteriza-
se por ser uma área de recobrimento sedimentar, onde ocorrem solos profundos.
253
Tabela 61 Potencialidades e Disponibilidades Hídricas Superficiais em Pernambuco
Quanto aos reservatórios monitorados pelo Estado (FIGURA 117), com capacidade máxima
de 1.000 m3, a finalidade de uso destina-se, essencialmente ao consumo humano e à irrigação.
Difundida no seio da sociedade nordestina, a técnica de captação de água de chuva em
âmbito domiciliar (através de calhas instaladas nos telhados), sobretudo para atender as
necessidades básicas de consumo humano (beber e cozinhar) devido à escassez crônica de
abastecimento a inúmeras famílias, ganhou uma dimensão significativa com o Programa de
Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido: Um Milhão de Cisternas
Rurais - P1MC.
Em Pernambuco, até o mês de julho de 2009, foram construídas 41.896 cisternas, beneficiando
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
igual número de famílias de diversos municípios do Semiárido. Para os 17 meses (agosto de 2009
a dezembro de 2010), a previsão é construir aproximadamente 30.000 novas cisternas no Estado.
256
costeiras) e a oeste pela Província do Parnaíba, apresentando distribuição espacial estratégica
para uma eventual distribuição da água oriunda dessas bacias.
Nesse contexto as Bacias Sedimentares Fanerozóicas, em Pernambuco, são cartografadas
10, assim designadas: Araripe, Cedro, São José do Belmonte, Mirandiba, Carnaubeira, Fátima,
Betânia, Jatobá, Pernambuco-Paraíba e Cabo. Todas com unidades litológicas capazes de
armazenar e transmitir água, com vazão suficiente para abastecimento humano, gado e
irrigação, dentre outros usos. Várias delas já são exploradas através de poços tubulares para
abastecimento público de municípios.
No Estado, os aqüíferos de maior potencial, que pertencem ao Domínio Poroso, estão
localizados nas bacias sedimentares costeiras de Pernambuco-Paraíba e Cabo-Ipojuca, e nas
bacias sedimentares do Jatobá e Araripe. Essas duas últimas estão situadas na região Semiárida.
Existem ainda algumas pequenas bacias sedimentares como São José do Belmonte, Mirandiba,
Betânia, Fátima, Araras, Carnaubeiras, e Cedro. A Figura 18 indica a distribuição dos sistemas
aqüíferos no Estado. A profundidade média dos poços situados nas principais bacias sedimentares
é apresentada na TABELA 62.
Muitas das bacias sedimentares ainda são pouco pesquisadas quanto ao seu potencial
hidrogeológico; como exemplo a Bacia de Fátima (um dos poucos poços realizados nesta bacia
produz cerca de 30.000 l/h e atualmente abastece o município de Flores).
Por sua vez, o aqüífero Tacaratu, na Bacia Jatobá, embora contendo um significativo
reservatório, sua exploração ainda é incipiente na região de Arcoverde, Buíque e Ibimirim.
Quanto ao domínio hidrogeológico fissural, este ocupa mais de 80% da área do Estado e é
representado pelo sistema aqüífero Cristalino. Extraídas através de poços tubulares de até 60m
de profundidade, exibe baixa vocação hidrogeológica por estar restrito às fendas ou fissuras
das rochas. Em razão do elevado teor de sal, suas águas são aproveitadas, geralmente, para o
consumo animal.
Apesar dos baixos níveis de vazão e qualidade da água, o aqüífero fissural é um meio produtor
importante, que não pode ser desprezado, pois ocupa mais de 80% da área do Estado, e devido a
isto o poço no cristalino está mais próximo do usuário final.
Com relação à salinidade das águas, dentre as tecnologias de tratamento existentes, a
dessalinização por osmose reversa já é bastante aceita e utilizada em várias localidades do Estado.
Tabela 62 Características dos Poços Situados nas Principais Bacias Sedimentares do Estado.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
257
Figura 118 Sistemas Aquiferos de Pernambuco.
Fonte: Plano Estratégico de Recursos Hídricos de Pernambuco – SRH, 2008
água reservada, chegando-se assim à conclusão de que a barragem subterrânea poderia ser uma
alternativa para incrementar a produção agrícola da região.
Em 1988, técnicos do Laboratório de Hidrogeologia da UFPE efetuaram estudos de aluviões
da região do Sertão, visando à instalação de barragens subterrâneas.
Em 1998, o Governo de Pernambuco, em parceria com a SRHU/MMA, inseriu a construção
de barragens subterrâneas, a partir do modelo desenvolvido pela UFPE, pela rapidez e custo
baixo de execução e a utilização de mão-de-obra da comunidade local. Desse modo, foram
construídas cerca de 500 barragens no Agreste e Sertão do Estado, distribuídas por Região de
Desenvolvimento, da seguinte forma: Agreste Central: 116; Agreste Meridional: 64; Agreste
Setentrional: 09; Sertão Central: 34; Sertão de Itaparica: 13; Sertão do Araripe: 63; Sertão do Pajeú
e do Moxotó: 120; e Sertão do São Francisco: 79.
258
Figura 119 Barragens Subterrâneas de Pernambuco.
Fonte: Atlas das Bacias Hidrográficas de Pernambuco – SECTMA, 2006
Semiárido.
No que se refere às condições de conservação de suas instalações e da qualidade da água,
estas são bastante variadas. Em muitos destes poços não se tem as informações atualizadas,
inclusive de sua localização em coordenadas geográficas, vazão e resíduo seco.
Nesse sentido, se constitui como de fundamental importância a complementação e
atualização dessas informações pelo conjunto das instituições que lidam com as políticas dos
recursos hídricos subterrâneos no estado e fazem parte do PAD/PE.
259
Figura 120 Poços Existentes nos Municípios do Semiárido de Pernambuco.
Fonte IPA 2008
260
Figura 121 Sistema de Dessalinização Existentes Inseridos no Semiárido de Pernambuco.
Fonte: SRH 2009
261
Tabela 63 Relação dos Sistemas de Dessalinização Recuperados e com Manutenção
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
262
Fonte: SRH 2009
263
* Sustentabilidade Ambiental. Fonte: SRH 2009
* Incluso a construção dos tanques de rejeito. Não constam Mobilização Social (Acordo de
Gestão) e Sustentabilidade Ambiental. Fonte: SRHE 2010
264
Apresentados no mapa a seguir os Dessalinizadores implantados e recuperados entre
2009 e 2010.
265
No outro aspecto, a importância da FUNASA no referido Núcleo se dá por ser o órgão do
Governo federal responsável pela política de saneamento junto às comunidades quilombolas
e indígenas. Do mesmo modo, a participação do INCRA é fundamental quando se trata das
comunidades inseridas nas áreas de assentamento rural.
A participação da SECTMA, CODEVASF e da ASA é essencial para que o PAD/PE, através
de sua instância máxima de decisão e articulação (Núcleo Estadual), potencialize suas ações
ao desenvolver um trabalho articulado com outros programas relacionados à problemática
do Semiárido, cujo objetivo central consiste em preservar o meio ambiente e beneficiar
prioritariamente às populações em situação crítica de sobrevivência. Portanto, nessa perspectiva,
ganha destaque o Programa de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, o P1MC
e o Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Somam-se a estes, os
Programas do Governo de Pernambuco, sob a coordenação da SRHE, quais sejam: Revitalização
de Bacias Hidrográficas; Apoio à Gestão Participativa; e Universalização de Abastecimento de
Água.
Por sua vez, a SRHE e o IPA assumem papel central quanto ao processo de recuperação e
implantação dos sistemas. A FUNASA, em menor proporção, também assume essa atribuição.
A presença da CPRH no Núcleo vem contribuir sobremaneira com orientação e apreciação
quanto aos processos de implantação dos novos sistemas de dessalinização, para efeito de licença
ambiental, bem como o monitoramento sobre o conjunto dos sistemas, na região Semiárida.
No tocante ao DNOCS, a importância se revela pelo trabalho de monitoramento sobre os
sistemas implantados, em conjunto com outros órgãos.
É preciso evidenciar também que caberá ao conjunto dos órgãos públicos que compõem
o Núcleo, a responsabilidade sobre a política de informação. Por isso, o Programa adota o
SIAGAS, do Serviço Geológico Brasileiro (CPRM) como sendo o sistema de informação sobre
poços e tudo aquilo que se refere aos aqüíferos subterrâneos do Semiárido, para desenvolver
suas políticas de execução do Plano. O tal sistema de informação deve ser compartilhado pelo
conjunto das instituições com a finalidade de manter atualizado um banco de dados sobre poços
e dessalinizadores inseridos no Semiárido pernambucano.
O Núcleo Estadual do PAD/PE, sob a coordenação da SRHE, deve fortalecer as instâncias locais
de gestão dos sistemas de dessalinização, estimulando e contribuindo para o aprofundamento
da participação da comunidade na gestão local do referidos sistemas, inclusive como fiel
depositária dos equipamentos, estruturas e instalações (através de sua entidade de representação,
formalmente constituída).
Com isso, o Programa revela o caráter formador de suas políticas, cuja perspectiva consiste
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
na apropriação coletiva do sistema por essa comunidade, através da realização das atividades
de capacitação, mobilização e sensibilização das comunidades atendidas. E caberá ao Estado
de Pernambuco, através da SRHE, a responsabilidade direta pela realização dessas atividades
formativas.
Na perspectiva de fortalecimento da comunidade na gestão do sistema, em âmbito local,
é preciso que esta também assuma parcela das responsabilidades com o funcionamento dos
equipamentos, além de parte dos custos com a recuperação e instalação dos sistemas, como
contrapartida dos investimentos, através de sua mão de obra, bem como em parte da manutenção
dos mesmos, através da criação de um fundo rotativo, alimentado com o pagamento regular de
cada família que se beneficia da água potável dessalinizada.
266
Com foco no âmbito local, outro ator fundamental é o ente público municipal. Nesse sentido,
as Prefeituras devem se responsabilizarem pelas condições legais das áreas onde os sistemas estão
e serão instalados, assim como, compartilhar das despesas de custeio para o funcionamento dos
sistemas e, através dos agentes comunitários de saúde, desenvolverem política de monitoramento
ambiental de uso da água nos domicílios.
Para atingir a eficiência no funcionamento dos sistemas de dessalinização, também é preciso
que seja concebida uma política permanente de manutenção e monitoramento sobre os mesmos.
Daí a necessidade de definir um arranjo multi-institucional, a partir da definição de atribuições
de cada integrante (algumas já citadas acima), tendo como suporte uma estrutura de gestão
associada, regionalizada e sustentável do sistema de abastecimento rural, cujo componente
central seja o sistema de dessalinização. Essa estrutura descentralizada deve ultrapassar os
limites de cada comunidade, congregando-as regionalmente e em articulação com as demais
instituições (públicas e da sociedade civil) responsáveis pelas políticas de recursos hídricos e de
meio ambiente.
Portanto, o Programa Água Doce no Estado de Pernambuco – PAD/PE tem como eixo
norteador a corresponsabilidade intergovernamental dos três entes da federação e destes com
a sociedade civil, tendo abrangência nos seguintes âmbitos: 1) gerenciamento do Programa; 2)
formação de recursos humanos; 3) diagnóstico técnico e ambiental; 4) sistema de informações; 5)
mobilização social; 6) monitoramento; 7) manutenção; 8) operacionalização; e 9) pesquisa.
267
Atuação das Instituições por Componente de Gestão (composição):
• Prefeitura Municipal.
• Instituições públicas afins que atuam na localidade.
Instrumento Formal:
Termo de Acordo, assinado por todos os componentes do núcleo local.
268
8.6.1.3. Âmbito Regional
Núcleo Regional:
• Promove a articulação dos diversos sistemas de dessalinização com outras modalidades
de exploração e tratamento de água num território (região) a ser definido durante o
período de execução do Plano.
Coordenação: Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos
Composição:
• Representantes das Associações Comunitárias de Usuários, Organizações Não
Governamentais, Prefeituras da região, e outras instituições públicas de atuação regional
(ex: PRORURAL).
269
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
270
Tabela 66 Indicadores Municipais do Índice de Criticidade Econômico-Social do PAD/PE (9 municípios mais críticos)
Figura 123 Índice de Criticidade Econômico-Social do PAD/PE dos Municípios do Semiárido. Fonte: SRH 2009
271
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
272
Tabela 67 Indicadores Municipais do Índice de Criticidade Físico-Ambiental do PAD/PE (18 municípios mais críticos)
Figura 124Índice de Criticidade Físico-Ambiental dos Municípios do Semiárido. Fonte: SRH 2009
273
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
274
Tabela 68 Índice Geral de Criticidade Municipal do PAD/PE *
* Índice obtido com os indicadores econômico-sociais e físico-ambientais considerados nos Quadros 10 e 11.
275
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
276
Figura 123 Índice de Criticidade Municipal do PAD/PE. Fonte: SRH 2009
8.8. Metas e orçamento
A meta do Plano é atender 25% da população rural do Estado até 2019. Conforme
apresentado, a população rural do semiárido pernambucano é de 1.340.659 habitantes, portanto
a meta é atender pouco mais de 335 mil pessoas. Considerando que cada sistemas atende, em
média, 650 pessoas a quantidade de sistemas necessários é de, aproximadamente, 515 sistemas.
A tabela apresenta a quantidade de sistemas a recuperar ou implantar e respectivos valores.
* É considerado que cada sistema atende em média 650 pessoas e o custo de recuperação
estimado em R$ 60 mil, da implantação R$ 110 mil e UP R$ 200 mil.
8.9. REFERÊNCIAS
COMERCIAL ACQUAPURA. Diagnósticos Realizados em 51 Sistemas de Dessalinização Instala-
dos no Estado de Pernambuco: Relatório técnico. Recife: ACQUAPURA, 2008. 464.
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Atlas do Nordeste: Abastecimento Urbano de Água: alternati-
vas de oferta de água para as sedes municipais da Região Nordeste do Brasil e do norte de Minas
Gerais. Brasília: ANA, 2006. 80 p.
BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Nova delimitação do semiárido brasileiro. Brasília/
DF.: MIN, 2008. 35 p.
CAMPOS, T. R. Avaliação Benefício-custo de sistemas de dessalinização de água em comunidades
rurais cearenses. Revista de Economia e Sociologia Rural Brasília, v. 45, n. 4, 2007. Disponível
em: <http://www.scielo.br>. Acesso em:11 de ago. 2009.
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. Resolução nº 357, 2005. Dispõe sobre a classificação
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece
as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf.> Acesso em 11 ago. 2009.
PERNAMBUCO. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. Atlas de Bacias Hidrográfi-
cas de Pernambuco. Recife: SECTMA, 2006. 104 p.
PERNAMBUCO. Secretaria de Recursos Hídricos. Diagnóstico técnico e ambiental de sistemas
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
277
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
278
9. ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
O Estado do Rio Grande do Norte (RN) está situado na região Nordeste do Brasil, limitando-
se com o Oceano Atlântico ao Norte e a Leste; ao Sul com o Estado da Paraíba e a Oeste com
o Estado do Ceará (Figura 126), estando situado entre os paralelos de 4º49’53” e 6º58’57”
latitude sul e os meridianos de 35º58’12” a oeste de Greenwich. Possui uma área de 52.796,79
km2, correspondendo a 0,62% do território nacional (IDEMA, 2008), sendo maior do que países
como “Holanda (41.864 km²), Taiwan (36.000 km²), Bélgica (30.528 km²) e Israel (21.042 km²)”.
Sua distância entre os pontos extremos Norte-Sul é de 233 km e entre os pontos extremos
Leste-Oeste de 403 km.
9.1. POPULAÇÃO
O Estado do Rio Grande do Norte possui uma população de 2.776.782 habitantes
distribuídos em 167 municípios, concentrando 2.036.673 na área urbana, o que significa 73,35%
de sua população total (IBGE, 2000). Com a contagem 2007 do IBGE esse número total elevou-se
para 3.013.740. Quanto à população rural, que conta apenas com 740.109 habitantes, observa-
se (Gráfico 11) que passou a decrescer a partir da década de 1970, enquanto que a urbana
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
279
Gráfico 11 Evolução da população no RN, no período de 1940 – 2000 Fonte: IDEMA, 2002.
Apesar de uma urbanização acelerada, o ritmo deste crescimento no âmbito geral vem
diminuindo, sendo de extrema importância distinguirmos urbanização de crescimento
populacional, onde este último é apenas o crescimento numérico de pessoas, seja ele
vegetativo e/ou migratório. O fenômeno da urbanização é mais complexo tendo em vista
que envolve o ambiente urbano, com todos os seus componentes, como por exemplo, o
desenvolvimento econômico.
Desta forma, a população do RN, nas últimas três décadas, vem apresentando um ritmo
ascendente tanto nas taxas de crescimento populacional quanto de urbanização, comportamento
apresentado também pelo país (Tabela 70). Todavia, percebe-se uma tendência à desaceleração
do crescimento populacional em ambos os cenários.
De acordo com o IBGE (1991;2000;2007), o crescimento populacional do Brasil entre o ano
de 1991 e 2000, foi de 15,64%, enquanto que entre 2000 e 2007, foi apenas de 8,35%. O RN
acompanhou este mesmo compasso visto que obteve, neste período, um aumento da população
de 14,95% e 8,53%, respectivamente.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
No segundo semestre de 2009, foi divulgado uma estimativa da população até o mês de
julho do mesmo ano, confirmando a diminuição do crescimento total da população brasileira
e norteriograndense, onde estas aumentaram 4,05% e 4,10%, respectivamente, em relação à
contagem de 2007.
280
No RN, observadas informações disponibilizadas pelo IBGE, nos anos mencionados, verifica-
se que não houve apenas uma desaceleração no crescimento populacional, mas ocorreu também
perda em relação a população total em um quarto dos municípios, ou seja, cerca de 25% dos 167
municípios do Estado, se comparado os dados de 2000 a 2007.
Um dado bastante interessante é que apesar da diminuição do referido crescimento, nos
anos de 2000 a 2009, nos últimos dois anos apenas o município de Severiano Melo perdeu
população, enquanto que todos os demais 166 ganharam, indo de encontro às informações
anteriores a este período. Os municípios que ganharam população acima de mil habitantes
localizam-se, principalmente na região da grande Natal, porém alguns municípios pólos também
obtiveram esse crescimento. O aumento populacional do RN, no período de 2007 a 2009, se deve,
principalmente, a vinte e uma cidades que juntas comportam 66% desse crescimento.
De acordo com IBGE (2007), no RN podemos destacar dentre os dez municípios mais
populosos do Estado, cinco municípios com uma taxa de urbanização maior que 80%, a saber:
Natal (100%), Mossoró (93,1%), Caicó (90,6%), Parnamirim (87,5%) e Currais Novos (88,8%).
Considerando que o crescimento populacional vem aumentando, mesmo que em um ritmo
mais lento, a densidade demográfica do Rio Grande do Norte deve seguí-lo também, por não
ter ocorrido nenhuma mudança em seus limites territoriais. Em 1991, esse índice foi de 45,75
hab./km², em 2000 chegou a 52,59 hab./km², em 2007 correspondeu a 57,08 hab./km² e em 2009
encontra-se em 59,42 hab./km2 (Tabela 71).
A RMN (Figura 127), também conhecida como a Grande Natal, foi criada pela Lei Estadual
Complementar n.º 152, em 16 de janeiro de 1997 (DOE de 06 de fevereiro de 1997). Possui
uma área de 2.719,574 km² (5,16% do território estadual) com uma população de 1.312.123
habitantes, assumindo a 15ª posição, em relação às trinta e uma regiões metropolitanas do Brasil
por população, e uma densidade demográfica de 482,47 hab./km² (IBGE, 2007).
A região é composta por nove municípios, assim identificados: Natal, Ceará-Mirim, Extremoz,
Macaíba, Monte Alegre, Nísia Floresta, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e São José de
Mipibu, e mais recentemente, com a Lei Complementar Estadual n.º 391, do dia 22 de julho de
2009, o município de Vera Cruz (CÂMARA, 2009), passou a fazer parte desta região, aumentando
para dez o número de municípios. Atualmente, a RMN abriga 42,16 % da população do RN.
281
Figura 127 Localização da Região Metropolitana de Natal sem o município de Vera Cruz.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Regiao_Metropolitana_de_Natal.svg
282
Entre 1991 e 2000, o IDH do Brasil e do Rio Grande do Norte mostraram-se crescentes. Não
obstante, o Estado permaneceu com um índice inferior ao obtido pelo país. Entre os Estados da
federação, sua posição oscilou do 20º lugar, em 1991, para o 19º em 2000. No entanto, no que se
refere à região nordeste, o RN ocupa a segunda posição, ficando atrás apenas de Pernambuco.
A RMN possui um IDH médio de 0,689 em 1991 e 0,762 em 2000 (crescimento de
10,6%), ficando acima do índice do Estado, e ocupa a 31o posição entre as trinta e três regiões
metropolitanas do Brasil por IDH (PNUD, 2003). Quanto as componentes do IDH observamos na
Tabela 06 que todas elas também mantiveram o crescimento.
Observam-se na Figura 128, três áreas onde o IDH é melhor, a região metropolitana de
Natal o que ratifica o reconhecimento do desenvolvimento socioeconômico obtido pela capital
potiguar; o seridó, região que concentra 14 municípios (43,75%) dos 32 que obtiveram maior
IDH no Rio Grande do Norte, em 2000. Esse dado é relevante, tendo em vista a problemática
sócio-econômica (desestruturação do tripé algodão-pecuária-mineração) e ambiental (processo
de desertificação) que afeta essa região. E ainda, a região de Mossoró.
Porém, a compreensão desse perfil de desenvolvimento humano passa pelo processo
histórico de construção e reconstrução regional, no qual sobressaem as estratégias sócio- culturais
e políticas, que assinalam o perfil da sociedade regional.
Ainda é possível observar que o município de Caicó se destaca com o terceiro melhor e o mais
elevado da região semiárida, inclusive superando o de Mossoró, segundo município mais populoso
do Estado, cuja economia baseia-se na indústria do petróleo, fruticultura e amplo setor terciário.
Uma visão panorâmica da espacialização do IDH-M do Rio Grande do Norte pode ser
vislumbrada a partir da representação cartográfica relativa ao ano 2000 (FIGURA 128).
283
9.4. ECONOMIA
O Estado tem na sua esfera econômica atividades bastante diversificadas que passam pelos
três setores (primário, secundário e terciário), tendo nas características físicas do seu território
condições muito propícias, principalmente, para algumas atividades do setor primário e terciário.
Apesar da história do Estado ter iniciado com a atividade de agropecuária, o mesmo não
possui um setor forte, haja vista que o fenômeno das secas combinado a dificuldade de acesso a
água prejudicam bastante a atividade.
O RN tem atividades como fruticultura tropical irrigada e tradicional, nas regiões do Vale do
Açu e Chapada do Apodi, com destaque para o melão e a castanha de caju;
A caprinovinocultura é o ramo da pecuária voltado para criação de caprinos e ovinos.
Por serem bastante resistentes às adversidades climáticas, nos últimos anos esta cultura vem
apresentando um resultado satisfatório, sendo estimulado por ações do Governo Estadual,
através dos programas do leite e pelas caprifeiras, o que tem atraído também a atenção dos
empreendedores rurais.
De acordo com o Idema (2000), a bovinocultura tem apresentado resultados bastante
instáveis, devido aos períodos freqüentes de estiagem. No setor da pesca, a carcinicultura
fez o Estado despontar como primeiro produtor do Brasil, em 2001, pois a região Nordeste e
excepcionalmente, o RN possui as condições necessárias para esta atividade. No entanto, após
o ano de 2004, houve algumas perdas devido ao excesso de chuvas e as enchentes ocorridas no
Estado.
Ainda no setor primário, o Estado produz uma diversificada e considerável quantidade de
minerais, tais como: granito, mármore, diatomita, calcareo, caulim, tantalita-columbita, scheelita,
as gemas, dentre outras.
O sal também encontrado na economia do Estado, faz o RN ser o principal produtor do país,
com mais de 90% da produção nacional (Tabela 75).
Tabela 75 Quantidade de Sal Marinho Produzido (1997-2001)
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Fonte: DNPM/SIESAL/IDEMA
284
O Estado tem um potencial muito forte na produção de energia eólica assim como a solar,
todavia a primeira vem sendo explorada onde desponta alguns campos de produção desta
energia. O gás é também um produto que o RN vem produzindo, mas que precisa de expansão,
principalmente, para atender o seu próprio consumo interno.
No setor secundário, se comparado à região sudeste do país, e até mesmo a Estados da região
Nordeste, como Pernambuco, o RN ainda é pouco industrializado. Contudo, o setor industrial é
voltado para fábricas têxteis e alimentícias.
No setor terciário, o Estado tem o turismo como sua principal atividade, onde o Idema (2000)
afirma que,
Beneficiado com a insolação durante 300 dias do ano, com 410 km de faixa litorânea,
onde despontam praias de rara beleza povoadas por mais de 2.000 ha. de dunas, onde se
realizam os famosos passeios de buggy, o Estado conta ainda com a riqueza dos manguezais,
as lagoas, a mata atlântica, os sítios arqueológicos e o maior cajueiro do mundo, localizado
na praia de Pirangi do Norte. No interior destacam-se: as águas termais, os campos
petrolíferos, as salinas e a região de mineração. Outro destaque é o Parque Estadual Dunas
do Natal Jornalista Luiz Maria Alves, sendo o segundo em área urbana (1.172 ha.) só ficando
atrás da Floresta da Tijuca na cidade do Rio de Janeiro. Todo esses atrativos, somados à rica
gastronomia, têm colocado o Estado numa posição de destaque no turismo nacional, dando
um grande impulso à rede hoteleira que conta atualmente com 450 meios de hospedagem,
disponibilizando 10.082 unidades habitacionais e 26.353 leitos.
Desta forma, com tantos recursos naturais o turismo no RN vem crescendo nos últimos anos,
colaborando com o aumento o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado (TABELA 76).
Para entender melhor o cenário de atuação do PAD no RN é necessário que seja realizada
uma caracterização dos elementos físicos do Estado. O Rio Grande do Norte é um Estado bastante
diversificado em todos os seus recursos naturais, seja no clima, solo, recursos hidricos, fauna e
flora, etc. Desta forma, iniciamos com o clima, pois diversos outros fatores dependem deste.
Apesar de ser um Estado com área territorial relativamente pequena, o RN possui quatro
divisões (Mapa 01), a saber: clima árido, semiárido, sub-úmido seco e úmido (IDEMA, 2006).
O Clima Árido - localizado na parte central e litoral setentrional, prolongando-se numa
faixa estreita, quase contínua, até o extremo sul do Estado, abrangendo uma área total de 18%
da superfície estadual. Não apresenta excedente de água durante todo o ano, bem como suas
precipitações são baixas, com uma média de 500 mm/ano.
285
Mapa 1 Tipologia dos clima do RN Fonte: IDEMA, 2009
Clima Semiárido - domina, de forma quase contínua, todo o interior do Estado, onde a
oeste se prolonga até o litoral setentrional, perfazendo uma área de 57% da superfície estadual.
Apresenta um excedente de água inferior a 40mm durante os meses de março e abril.
Clima Sub-Úmido Seco - localizado, em parte, no litoral oriental e nas áreas serranas do
interior do Estado; este clima abrange 20% da superfície estadual. Possui um excedente de água
que vai de 150 a 450mm durante os meses de março a junho aproximadamente.
Clima Úmido - localizado no litoral oriental, engloba as estações pluviométricas de Natal,
São José de Mipibu e Canguaretama, perfazendo 5% da área estadual. A estação pluviométrica de
Natal apresenta um excedente de água de 1.040mm, distribuído de fevereiro a julho, enquanto
as estações de Canguaretama e São José de Mipibu, têm um excedente de água de 400mm,
distribuído de abril a julho.
Acompanhando os tipos de clima supracitados, a vegetação (mapa 02) é bastante peculiar
de cada região, resultando em diversas formações de vegetais:
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
286
faixa entre a zona úmida e o sertão e, também, o topo e as encostas das serras do interior
(Serra de Santana, Serra de João do Vale, Serra do Mel, Serra de Martins e Serra de São
Miguel). É composta por espécies que indicam uma posição fitogeográfica intermediária
entre os biomas da Floresta Atlântica e da Caatinga, no entanto a classificação dessa
floresta nessa categoria é provisória, visto que a ausência de levantamentos florísticos
nesses locais, dificulta seu posicionamento fitogeográfico.
• Caatinga Hipoxerófila – Caatinga Arbustiva – excluída a região do Seridó oriental,
esta formação vegetal recobre toda a porção centro-meridional do Estado. Tem por
características a completa ausência de folhagem em grande parte da estação seca e a
dificuldade de penetração em função de sua densidade.
• Caatinga Hiperxerófila – Caatinga Arbustivo-Arbórea – apresenta-se principalmente
na porção setentrional do Estado e caracteriza-se por ser uma vegetação densa e de
estrutura irregular, muitas vezes formando moitas e descobrindo parcialmente o solo.
Durante a maior parte do período seco permanece sem folhas.
• Caatinga Hipoxerófila e Subdesértica “Seridó” – Caatinga Aberta do Seridó – as áreas
abrangidas por esta formação vegetal estão no Seridó oriental. O estrato herbáceo
apresenta-se bastante desenvolvido, formando, em algumas áreas, um tapete bastante
denso. No período seco as ervas morrem e os arbustos perdem suas folhas.
• Caatinga Hiperxerófila (incluindo Floresta Ciliar de Carnaúba) – Floresta Ciliar com
Carnaúba (Carnaubal) - presente nas baixadas mais úmidas e várzeas dos rios da porção
setentrional do Estado, tem como trechos de maior extensão àqueles situados ao longo
dos rios Apodi-Mossoró e Piranhas-Açu. A carnaúba é a espécie que predomina sobre
as demais. Caracteriza-se por possuir uma vegetação bastante compacta e de difícil
penetração, tanto pelas condições do terreno, muitas vezes alagado, como também pela
proximidade de palmeiras novas e de outras espécies vegetais de menor porte. Durante
a estação de seca a principal fonte de água é o lençol freático.
• Cerrados – Cerrado – conhecidos regionalmente como “vegetação dos tabuleiros” ou
“vegetação dos tabuleiros costeiros”, estão presentes nos baixos platôs (tabuleiros) do
litoral oriental, sendo os trechos mais extensos àqueles localizados na porção sudeste,
nos municípios de Canguaretama e de Pedro Velho, assim como na porção nordeste,
acima do rio Potengi. Possui o aspecto de uma savana composta por arvoretas e arbustos
isolados ou por moitas entremeadas por um tapete onde predominam as gramíneas.
• Floresta de Várzea e Campos de Várzea – Campos de Várzea – sua distribuição em
terras potiguares é bastante restrita, ocorrendo somente nas áreas onde a água doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
freqüentemente inunda o solo, que permanece úmido durante todo o ano, sendo mais
comum ao longo do litoral, às margens de rios e lagoas.
• Formações das Praias e Dunas – Dunas e Praias – ocupa uma estreita faixa ao longo de
todo o litoral, com exceção das áreas ocupadas por manguezais, compondo a vegetação
das dunas móveis e das praias, que aliada à vegetação das dunas fixas são conhecidas
como vegetação de restinga. Sua característica principal é que, ocorrendo sobre areias de
origem marinha, são diretamente influenciadas pela salinidade e pelos ventos intensos.
• Formações Halófilas e Áreas Desprovidas de Vegetação (incluindo Caatinga
Hiperxerófila e Floresta Ciliar de Carnaúba) – Campos Salinos – as formações halófilas são
aquelas que estão adaptadas aos ambientes salinos e periodicamente inundados pela
água do mar, estando presentes nas planícies flúvio-marinhas dos rios Apodi-Mossoró e
Piranhas-Açu.
287
• Manguezal - presente ao longo do litoral, principalmente nos estuários, em suas porções
alagadiças e sujeitas à influência da maré, estende-se até as regiões onde existe água
salobra, resultante do encontro da água do mar com a água dos rios. Sua importância
está na expressiva quantidade de peixes e crustáceos que vivem em suas águas. (Grifos
nossos) (IDEMA, 2009)
288
• Planossolos (Soloncharks–Sálico, Solonetz–Solodizado) - estão presentes em pequenas
áreas do Estado, são solos de rasos a pouco profundos, com limitação de moderada a
forte para uso agrícola, em conseqüência das más condições de drenagem do solo e dos
teores de sódio trocável, que variam de médio a alto.
• Argissolos (Podzólico Vermelho-Amarelo) – ocupam, principalmente, a região do
Alto Oeste. Caracterizam-se por serem solos medianamente profundos a profundos,
fortemente a moderadamente drenados, com baixos teores de matéria orgânica,
possuindo grande potencial agropecuário.
• Cambissolo Eutrófico – característico de áreas de relevo plano a fortemente ondulado,
sob a vegetação de caatinga hipo e hiperxerófila, são solos rasos a profundos, bem
drenados, desenvolvidos a partir de diversas rochas, como calcário, granito e migmatito.
• Solos de Mangue – presentes nas desembocaduras dos rios, como o Potengi e o Curimatáu,
caracterizam-se por apresentar salinidade e grande quantidade de matéria orgânica.
• Chernossolos (Rendzinas) – localizados na chapada do Apodi, são solos alcalinos rasos
moderados a imperfeitamente drenados e derivam de calcários. (Grifos nossos) (IDEMA, 2009).
Assim como o clima, o solo e a vegetação, o relevo (mapa 04) também é bastante diversificado,
que vai de Planícies Costeiras, passando por depressões até área de planaltos, assim disposto:
• Planície Costeira – estende-se por todo o litoral do Estado e é formada por praias que
se limitam de um lado com o mar e do outro com os tabuleiros costeiros, apresentando,
ainda, a formação de dunas. Em sua extensão encontram-se as principais praias de nosso
litoral: Ponta Negra, Pirangi, Genipabu, Pipa, Galinhos etc.
• Planícies Fluviais – terrenos baixos e planos, situados às margens dos rios. São
conhecidos também por vales, como o Vale do Açu e o Vale do Rio Ceará-Mirim, e por
várzea, inundados pela enchente dos rios Ceará-Mirim, Potengi, Trairi etc.
289
• Tabuleiros Costeiros – também denominados de planaltos rebaixados, são formados
basicamente por argila e possuem áreas planas e de baixa altitude. Estão localizados
próximo ao litoral, às vezes chegando até o mar, como em Barra de Tabatinga e em Pipa.
• Depressão Sub-Litorânea – são os terrenos rebaixados localizados entre os Tabuleiros
Costeiros e o Planalto da Borborema.
• Planalto da Borborema – formação que se estende por terras potiguares, paraibanas e
pernambucanas, aqui estão localizadas as serras e os picos mais altos do Estado.
• Depressão Sertaneja – são os terrenos baixos situados entre as partes mais altas do
Planalto da Borborema e da Chapada do Apodi.
• Chapada do Apodi - são terrenos planos, ligeiramente elevados e que são cortados
pelos rios Apodi-Mossoró e Piranhas-Açu.
• Chapada da Serra Verde – formação que também apresenta terrenos planos e
ligeiramente elevados, localiza-se entre os Tabuleiros Costeiros e o relevo residual do
chamado “Sertão de Pedras”, estendendo-se pelos municípios de João Câmara, Jandaíra,
Pedra Preta, Pedro Avelino e Parazinho. (Grifos nossos) (IDEMA, 2009).
Apresentando um relevo com altitude modesta, com mais de 80% de sua área possuindo
menos de 300m de altura, tem como rios principais o Potengi, Mossoró, Apodi, Açu, Piranhas,
Trairi, Jundiaí, Jacu, Seridó e Curimataú. Ainda faz parte do Estado, as ilhas do Atol das Rocas.
A hidrografia do Rio Grande do Norte tem na sua maioria rios intermitentes, ou seja, rios
que secam no período de estiagem. Estes rios formam dezesseis bacias hidrográficas (Mapa
05) que se distribuem por todo o Estado, apresentando características que são influenciadas
principalmente, pelo clima e o regime pluviométrico.
290
Mapa 5 Bacias hidrográficas do RN Fonte: Semarh, 2009.
podemos destacar o papel de açudes e barragens de grande porte como, o Boqueirão em Parelhas,
o Itans em Caicó e o Marechal Dutra em Acari que respondem pelo abastecimento humano de várias
cidades e de inúmeras comunidades rurais, garantindo também o suprimento alimentício de diversas
famílias seridoenses.
No que se refere à bacia hidrográfica do Apodi-Mossoró, segunda maior e que se estende pelas
regiões do Alto Oeste, do Médio Oeste e de Mossoró seu volume de acumulação é representado
por 1.364.882.650 m³ de água. O principal curso d’água é o Apodi-Mossoró que nasce na serra de
Luiz Gomes, passando pelos municípios situados na Chapada do Apodi e por Mossoró. Por fim,
desemboca suas águas no Oceano Atlântico entre os municípios de Grossos e Areia Branca, onde se
situam grandes salinas. Ao longo da sua extensão contabiliza-se 619 açudes que são responsáveis
por atender a demanda hídrica de municípios que sofrem com a falta de chuvas. No conjunto
desses reservatórios destaca-se a Barragem de Santa Cruz do Apodi (Apodi) que responde por uma
acumulação de 599.712.000 m³ e a de Umari (Upanema) com 293.813.650 m³ (MMA, 2005).
291
Analisando os dados supracitados evidencia-se que as bacias hidrográficas Piranhas-Açu e
Apodi-Mossoró são de extrema importância, tendo em vista seu volume, sua extensão (mais de
50% do Estado), sua localização geográfica e sua representatividade econômica, impulsionando
o desenvolvimento de atividades agrícolas e pecuárias em pleno semiárido.
Outrora se verifica em leitura cartográfica (mapa 05) que existem outras bacias hidrográficas
espalhadas pelo território do Rio Grande do Norte. Percebe-se que estas se aproximam mais do
litoral leste do Estado, sendo menores, mas não menos importantes.
A bacia do Ceará-Mirim ocupa uma superfície de 2.635,7 Km², correspondendo às áreas
semiáridas e sub-úmidas secas. O seu principal rio é o Ceará- Mirim que nasce na Serra do
Feiticeiro, município de Lajes. Os altos e médios cursos dos rios dessa bacia são intermitentes,
passando uma grande parte do ano sem fluir, porém nos baixos cursos a perenidade predomina.
Na bacia foram cadastrados 147 açudes, cujo volume de acumulação atinge 170.819.000 m³ de
água. Seu principal reservatório é o Engenheiro José Batista do Rego Pereira, no município de
Poço Branco, com capacidade cumulativa de 136.000.000 de metros cúbicos (SERHID, 1998).
Tomando por base a bacia do Potengi que abrange terras semiáridas e sub-úmidas secas, afirma-
se que o índice pluviométrico decresce no sentido litoral / interior, ou seja, foz / cabeceira. Isso se deve,
principalmente, ao rigor do clima semiárido na nascente do rio Potengi, na Serra de Santana, região
do Seridó. A extensão dessa bacia é de 4.093 Km² que representa 7,7% do território do Rio Grande do
Norte. Em sua delimitação foram identificados 245 açudes que totalizam um volume de 109.986.600 m³
de água.
Na circunscrição da área semiárida e sub-úmida seca ainda registram-se a Bacia do Trairí que
recobre uma superfície de 2.867,4 Km². O principal curso de água é o Trairí que nasce na Serra do
Doutor, especificamente nas delimitações municipais de Campo Redondo e Coronel Ezequiel. Foram
cadastrados 63 açudes que correspondem a um volume de acumulação de 92.567.400 m³ de água,
sendo que o Trairí em Tangará e o Inharé em Santa Cruz são os principais reservatórios dessa bacia
(SERHID, 1998).
A base econômica dessa bacia sustenta-se na pecuária e na agricultura, o que enaltece ainda
mais a preocupação com a disponibilidade dos recursos hídricos nessa área, visto que sua oferta
ou escassez influi diretamente na permanência dessas atividades econômicas nesse espaço.
A bacia do Jacu apresenta 44 açudes, cujo principal reservatório é o Japi II, localizado no
município de São José do campestre. Sua extensão equivale a 1.805,5 Km² agregando terras
semiáridas e sub-úmidas secas que são vulneráveis ao processo de desertificação (SERHID, 1998).
É importante referendar que o rio Jacu nasce no estado da Paraíba adentrando no Rio Grande do
Norte pelo município de Japi em pleno agreste. Sua desembocadura ocorre na lagoa de Guaraíra,
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
292
superfície de 447,9 Km² agrupando parte dos municípios de Pureza, Maxaranguape e Touros. A
bacia Maxaranguape que ocupa uma superfície de 1.010,2 Km² não apresenta açudes de grande
expressividade.
Cabe ressaltar que na Bacia Secundária da Faixa Litorânea Norte as chuvas médias anuais
variam entre 400 e 700 milímetros o que agrava a situação hídrica em algumas partes dos
municípios dessa bacia. Sua superfície total equivale a 5.736,4 Km², sendo constituída por quatro
sub-bacias independentes.
Na área não susceptível a desertificação, no Estado do Rio Grande do Norte, temos a bacia
do Catu, do Guaju e da Faixa Litorânea Leste. No entanto, é necessário destacar que a última
apresenta algumas sub-bacias que estão situadas no recorte semiárido e sub-úmido seco.
A partir do exposto acima e podendo ser melhor visualizado na Tabela 10, constata-se que
nas áreas semiáridas existe um grande número de açudes distribuídos pelas bacias hidrográficas.
No entanto, a maior parte desses reservatórios está concentrada no Piranhas-Açu e no Apodi-
Mossoró, o que torna o restante das áreas semiáridas e sub-úmidas secas mais vulneráveis a falta
de água, visto que os invernos nesse recorte territorial são irregulares e mal distribuídos, afetando
dessa forma a população rural que não dispõem de meios ou até mesmo de recursos financeiros
para trazer água dos grandes reservatórios até as suas comunidades.
Traçando um paralelo entre a distribuição hídrica e a disponibilidade hídrica no Estado do
Rio Grande do Norte penetra-se agora no estudo das potencialidades hídricas superficiais para
as suas respectivas bacias hidrográficas. É um indicador que representa a vazão específica média
por unidade de planejamento calculada em (L/s. Km²). Sua definição é resultante das vazões
naturais, livres de intervenções realizadas na bacia. Nesse estudo, o Grupo de Recursos Hídricos
da Universidade Federal de Pernambuco considerou a correção dos deflúvios médios, calculados
nos postos fluviométricos mais representativos, acrescentando-lhes os valores ativados da
potencialidade a montante do posto (ANA, 2005). O resultado é apresentado no Mapa 06.
Mapa 6 Estudo das potencialidades hídricas no Estado do Rio Grande do Norte Fonte: ANA, 2005.
293
De forma geral, a bacia que apresentou os menores valores foi a Faixa Litorânea Norte. Na
delimitação de toda área semiárida a vazão variou de 0,5 a 5,0 L/s. Km², destacando os maiores
valores na área de influência do rio Piranhas e na nascente do rio Apodi-Mossoró. Nas imediações
territoriais da área sub-úmida seca as vazões médias nas bacias do Punaú, Maxaranguape, Doce
e Pirangi oscilam entre 5,0 a 20,0 L/s. Km², sendo que em outras localidades os valores da vazão
específica são bem inferiores ficando entre 0,5 e 3,0 L/s. Km².
Para minimizar a situação crítica quanto à disponibilidade hídrica instituiu-se ao longo do tempo
a construção de grandes, médios e pequenos reservatórios de água que garantam o abastecimento
da população nos períodos mais exíguos do ano.
Vale lembrar que apesar da quantidade de recursos hídricos disponíveis ainda é comum
nas comunidades rurais e até mesmo em pequenas cidades sérios problemas de abastecimento
d’água. Esses percalços são provenientes do descompasso entre oferta de água (espacialmente
concentrada) e a demanda (espacialmente distribuída). Isso quer dizer que para minimizar essa
situação algumas medidas foram tomadas, como perfuração de poços com o intuito de aumentar
a oferta de água nos mais diversos locais do Estado.
Esta perfuração de poços demanda estudos acerca das potencialidades hídricas de cada
região, pois as águas retiradas destes poços são subterrâneas, ou seja, são retiradas de aqüíferos,
que segundo Demetrio et al (2007), são formações geológicas que tem a capacidade de armazenar
e ceder água em quantidades que sejam economicamente viáveis de serem aproveitadas pelo
homem.
Em principio, uma rocha cristalina não formaria bom aqüífero, uma vez que os minerais que a
constituem estão fundidos uns aos outros, ou seja, não há poros, pelo menos para fins práticos de
acumulação de água. No entanto, em razão dos esforços tectônicos, de diversas naturezas, essas
rochas se quebram, formando fraturas ou juntas, e nos espaços abertos dessas feições estruturais
a água se acumula.
No que se refere à ocorrência de águas subterrâneas, como o território nordestino é em
mais de 80% constituído por rochas cristalinas (Figura 129), há predominância de águas com teor
elevado de sais captadas em poços de baixa vazão, da ordem de 1 m³/h. A exceção ocorre nas
formações sedimentares, em que as águas normalmente são de melhor qualidade e se podem
extrair maiores vazões, da ordem de dezenas a centenas de m³/h, de forma contínua (ANA, 2005).
Rebouças (1997), a partir de estudos anteriores, ressalta que as reservas de água doce
subterrânea nas bacias sedimentares do Nordeste permitem a captação anual de vinte bilhões de
metros cúbicos por ano, sem colocar em risco as reservas existentes. Esse volume equivale a 60%
da capacidade do reservatório de Sobradinho, na Bahia (34 bilhões de metros cúbicos), principal
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
responsável pela regularização das vazões do Rio São Francisco, ou o triplo da capacidade do
açude Castanhão (6,7 bilhões de metros cúbicos). Trata-se, portanto, de volume considerável de
água. É necessário ressaltar, no entanto, as peculiaridades dessas reservas:
• em muitos lençóis a profundidade encarece o custo de implantação e operação dos
poços (na Chapada do Araripe, município de Bodocó, no lado pernambucano, há um
poço com 950 metros de profundidade e capacidade de 140 m³/h, onde o nível dinâmico
da água está a mais de 300 metros abaixo do terreno);
• existe muita incerteza sobre os mecanismos de recarga dos aqüíferos sedimentares
do semiárido, bem como a dimensão dessa recarga; por essa razão, uma exploração
intensiva pode colocar em risco essas fontes.
294
Figura 129 Distribuição das rochas sedimentares e cristalinas na área de
abrangência do polígono das secas da Sudene. Fonte: Demetrio et al., 2007.
295
Mapa 7 Sistemas Aqüíferos do Estado do Rio Grande do Norte Fonte: ANA, 2005.
Nesse cenário, o Rio Grande do Norte também comunga dessa realidade desoladora. A
estiagem nesse território constitui-se num grave problema que afeta a população urbana e,
principalmente, os camponeses que desprovidos de poder econômico sofrem as maiores agruras
produzidas pela ocorrência desse fenômeno climático.
Utilizando água de qualidade ruim durante décadas, a população do semiárido que não
dispõe de mananciais próximos, pôde, nos fins da década de 90 e início do século 21, usufruir
de uma água de boa qualidade. O sistema de adutoras se configurou como uma obra de solução
mais adequada, seja a partir de reservatórios de maior porte seja a partir de poços em áreas
sedimentares (com maior restrição para que sejam identificadas as potencialidades dessas
reservas, no que tange principalmente aos mecanismos de recarga), ou mesmo a partir de
rios e reservatórios mais distantes, mesmo em outras bacias hidrográficas, configurando-se as
chamadas transposições de água entre bacias.
296
Grandes obras hídricas de transporte de água foram concluídas, estão em construção ou
foram projetadas para abastecer as cidades do semiárido e nas entrelinhas desse processo,
destacou-se o Monsenhor Expedito, personalidade pioneira na luta por projetos de canalização
de água de açudes e lagoas para lugares distantes e com precária disponibilidade de água.
Dessa forma, a construção de adutoras no Estado, nos últimos anos, formalizou a representação
cartográfica abaixo (MAPA 08).
Pelo exposto, percebe-se que existe um grande número de sistemas adutores distribuídos
pelo Estado. Alguns deles, já foram construídos, enquanto outros estão em fase de implantação.
Por outro lado, observam-se algumas adutoras que foram apenas projetadas (caso da adutora do
Mato Grande, de Carnaúba dos Dantas e do Alto Oeste). A seguir será descrita uma análise sobre
os sistemas adutores implantados.
O sistema adutor Agreste, Trairi e Potengi utiliza as águas da lagoa do Bomfim localizada no
município de Nísia Floresta. Essa obra destina-se ao abastecimento humano e dessedentação
animal de um grande número de sedes municipais e de comunidades rurais situadas na região
Agreste que dispõe de uma exígua disponibilidade hídrica.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
297
Por outro lado, a captação do sistema adutor Mossoró ocorre à jusante da barragem através
de estação de bombeamento, beneficiando Mossoró, Serra do Mel e algumas comunidades
rurais que sofriam com a carência desse líquido fundamental ao bem-estar social. A adutora
Manoel Torres atende as cidades de Timbaúba dos Batistas, São Fernando e Caicó. Seu local
de captação é no rio Piranhas, a jusante da ponte de Jardim de Piranhas. Com a construção
dessa obra, a cidade de Caicó, importante centro regional, ganhou uma segurança no seu
abastecimento de água, devido a perenização do rio Piranhas-Açu pelo complexo Coremas -
Mãe d’água no Estado da Paraíba.
Os elementos supramencionados revelam que da barragem Armando Ribeiro Gonçalves
subsidia uma rede de adutoras para diversas regiões do Estado garantindo água potável para
essas comunidades, evitando sérios problemas de saúde e êxodo rural.
Outra adutora de longo alcance que será construída é a do Alto Oeste. O projeto quando
implantado beneficiará um grande número de municípios localizados no Alto Oeste, incluindo
distritos e pequenas comunidades rurais. A captação ocorrerá na Barragem Santa Cruz, no
município de Apodi, que apresenta grande disponibilidade hídrica. O principal objetivo dessa
obra é substituir o abastecimento precário dessas localidades por um sistema que ofereça água
de qualidade no decorrer de todo ano.
A adutora Jardim do Seridó leva água da Barragem Passagem das Traíras para diversas
comunidades que se localizam no seu traçado, bem como para o município de Jardim do
Seridó, que passou por sérios problemas de abastecimento d’água quando dependia do açude
Zangarelhas, no leito do rio Cobra. Com a concretização da obra, os jardinenses não tiveram mais
transtornos no que se refere à falta de água.
O sistema adutor Santana do Seridó retira água no Açude Caldeirões para atender a cidade
de Santana do Seridó que dependia de poços. O racionamento, a escassez e a má qualidade da
água já eram comuns nesse território. Com a concretização da obra, o município passa a dispor
de água para o consumo humano e dessedentação animal.
Observando a cartografia dos sistemas adutores, observa-se ainda outras extensões de
canalização que foram implantadas pela Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do
Norte – CAERN no Estado. Normalmente, apresentam dimensões menores, mas uma importância
sublime diante dos seus benefícios. Nesse contexto, inserem-se as adutoras de Martins, Riacho da
Cruz, Viçosa, Apodi, Caraúbas, Grossos e Tibau, Açu, Pendências, Macau, Cerro Corá, Acari /Currais
Novos, Pureza / João Câmara, Bom Jesus, Santo Antonio, Pedro Velho /Nova Cruz, situados nas
áreas semiáridas e sub-úmidas secas; e as adutoras Jiqui e Extremoz na área de entorno.
Diante do exposto, chega-se a conclusão de que as adutoras têm um papel fundamental
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
298
Com isso, o abastecimento com padrões de qualidade e quantidade será garantido para
o presente e o futuro próximo. Sem esses cuidados, estaremos hipotecando a convivência do
homem nesse espaço castigado pelas estiagens.
299
Desta forma, o Rio Grande do Norte também elaborou seu Programa de ação estadual de
combate a desertificação e mitigação dos efeitos da seca no Estado do Rio Grande do Norte (PAE/
RN), seguindo as orientações do programa nacional.
No Rio Grande do Norte, as Áreas Susceptíveis a Desertificação – ASD, equivalem a 95,21%,
abrangendo 159 municípios dos 167 existentes. Destes municípios, 143 integram a Área Semiárida,
13 fazem parte da Área Sub-úmida Seca e 3 compõem a Área do Entorno (PAE/RN, 2010, p. 16).
Ainda segundo o PAE/RN (2010, p. 58), que tem como visão a convivência com dignidade da
sociedade norte-rio-grandense, “através da promoção de estratégias que permitam a adaptação,
a mitigação e o combate a desertificação e os efeitos da seca nas ASD do Estado”, podemos citar
o objetivo principal do mesmo, que é,
servir como instrumento norteador para a execução de ações de
adaptação, de mitigação e de combate a desertificação e mitigação dos efeitos
da seca no Rio Grande do Norte (Ações de adaptação, mitigação e combate
a desertificação e aos efeitos da seca / Implementação em 100% das ações
de adaptação, mitigação e combate a desertificação e aos efeitos da seca
propostas pelo PAE/RN em 10 anos).
Outra política implantada, todavia mais executada em comunidades rurais difusas, são
a perfuração de poços e construção de cisternas. No nordeste do Brasil, segundo Cirilo (2008),
estima-se que cerca de cem mil poços tenham sido perfurados. No RN, foram perfurados cerca
de nove mil poços, em um período de 26 anos. A perfuração de poços, no caso do semiárido
nordestino, enfrenta alguns obstáculos, tendo em vista que boa parte de seu território encontra-
se nas formações cristalinas. No caso do RN, a maior parte de seu território tem nas suas camadas
pedológicas superficiais, o cristalino aflorando. Limitações como, baixas vazões, na maioria
dos casos até 02 m3/h; teor de sais elevados, acima do indicado para consumo humano; altos
índices de poços secos, dadas as peculiaridades geológicas; custos financeiros elevados devido à
profundidade do poço para encontrar água, dentre outras, fazem parte da perfuração de poços.
No RN, apesar da preocupação em amenizar a problemática da escassez de água, através da
perfuração de poços no subsolo do sertão e do agreste potiguar, não houve o cuidado com os
300
critérios de locação de poços, além da ausência de implementação dos programas de manutenção
das obras de captação.
Esta falta de critérios tornou elevada a quantidade de poços abandonados e desativados
nesta área (CONEJO, 2005 apud, SANTANA, 2007, p. 58). A Tabela 77 mostra o número de poços
perfurados no intervalo temporal de 1980 a 2006, segundo a distribuição geográfica dos
municípios de acordo com as áreas susceptíveis a desertificação (PAE/RN, 2010). Observa-se ainda
que o maior número de poços foi perfurado na região semiárida, tendo em vista a dificuldade no
acesso a água de boa qualidade pelas comunidades rurais e difusas.
Tabela 77 Poços perfurados no RN, no período de 1980 a 2006.
Fonte: IDEMA, 2003 (apud PAE/RN, 2010).
Tabela 11 – Poços perfurados no RN, no período de 1980 a 2006. Fonte: IDEMA, 2003 (apud
PAE/RN, 2010).
Dentre tantas tentativas de enfrentamento à seca, nas comunidades rurais difusas, estas
alternativas foram e são as mais utilizadas até os dias atuais, nos pequenos imóveis. O Quadro 01
descreve, de maneira resumida, estas formas de captação e acumulação de água, bem como a
capacidade estimada, a característica da água e ainda os usos sugeridos para esse produto.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
301
Quadro 1 Opções de captação e armazenamento de água em imóveis pequenos rurais.
Fonte: Campello Netto et al. (2007, p.491, apud CIRILO, 2008).
302
O Programa de irrigação do Nordeste (PROINE) tinha como alvo aumentar a área de
irrigação e apoiou-se basicamente em dois órgãos federais: a (CODEVASF) “que promove e articula
as ações para o desenvolvimento sustentável da Bacia do São Francisco” e o DNOCS, com função
de desenvolvimento e gerenciamento dos recursos hídricos, com vistas ao aproveitamento
hidroagrícola (BEZERRA, 2002, p.40).
Com tantas tentativas governamentais, é inegável o êxito de alguns destes programas, assim
como a oportunidade gerada, através de seus enganos e equívocos, de não repetir mais os erros
cometidos pelos mesmos.
entre os quinze primeiros municípios com maior índice de condição no acesso a água (ICAA).
Quanto às unidades produtivas, os municípios estão acima da octogésima posição, não levando
em consideração o ICAA.
Apesar das outras seis comunidades estarem localizadas em municípios com índices
melhores, ficando em posições bem distantes, não quer dizer que as mesmas não necessitem
do programa. Ao contrário, toda a região semiárida carece de políticas de combate a seca. É
importante conhecer a realidade dos municípios escolhidos e identificar quais comunidades
serão priorizadas. Inicialmente, foram dez cidades a receberem o programa água doce, a seguir,
descrevem-se os municípios.
303
9.10. PROJETO ESTADUAL DO PROGRAMA ÁGUA DOCE NO RN
O RN faz parte do conjunto de Estados que constituem o chamado polígono das secas,
e consigo traz todas as características peculiares do bioma caatinga e do clima semiárido que
compõem esta região.
Não obstante, entorno de 88% do território norte riograndense está contido na região
semiárida, ou seja, dos 167 municípios 147 estão inclusos (Anexo 2) e apenas 20 estão fora desta
delimitação (MI, 2005).
Historicamente, assim como as demais áreas da região nordeste, o Estado vem lutando para
enfrentar o fenômeno das secas que anualmente fazem evaporar milhões de metros cúbicos de
água acumulados nos reservatórios do Estado.
A deficiência na oferta de água potável em muitas comunidades do interior do Rio Grande
do Norte é uma realidade cruel, e muitas vezes até desumana, que atinge centenas de famílias,
especialmente as populações de poder aquisitivo menor, residentes em áreas difusas do semiárido.
É um problema de grande complexidade, que envolve medidas emergenciais em todos os
setores (econômico, social, cultural, ambiental e tecnológico) de forma a mitigar e/ou eliminar
seus efeitos sobre essas populações. Medidas que vão de encontro à história, onde estas sempre
foram adotadas como respostas governamentais aos eventos da seca, mantendo a população
dependente dessas ações, como frentes de trabalho, distribuição de cestas básicas e fornecimento
de água por carros-pipa. Essas medidas devem ter eficiência e sustentabilidade ambiental, além
de possuírem resultados em longo prazo.
No Nordeste, assim como no RN, a ação mais comum é o uso de barreiros, açudes, cisternas,
poços, dentre outros. Contudo, tais medidas não têm sido muito eficazes, tendo em vista que
compreende um número pequeno de pessoas e a qualidade da água na maioria das vezes não
atende aos padrões de qualidade para o consumo humano.
A situação mais comum é obtenção da água advinda dos poços, porém esta água sai com
qualidade comprometida pelo nível de concentração de sais que às vezes é comparada a água
do mar. Esta característica é resultante da prevalência de rochas cristalinas, ou seja, dos tipos
de rochas e solo encontrados em cada local. Para melhorar esta qualidade, foram implantados
dessalinizadores no Estado do RN, através do próprio governo estadual e alguns órgãos como
Funasa e Dnocs. O equipamento sendo bem utilizado e mantendo-se uma manutenção adequada,
cumpre o objetivo inicial, que é de melhorar a qualidade da água.
No semiárido do RN, existem atualmente, no mínimo, 400 dessalinizadores de domínio do
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
304
9.11. OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS
Diante da necessidade preemente do programa no Estado, a formulação deste plano tem
como objetivo geral democratizar o acesso a água de boa qualidade à população rural, em
comunidades difusas do semiárido norte-rio-grandense. Para tanto, seus objetivos específicos
são:
• Definir os municípios a serem contemplados com a restauração dos equipamentos;
• Definir os municípios a serem contemplados com a implantação de novos;
• Preparar os profissionais para execução do plano;
• Monitorar as comunidades que serão implantadas o programa;
• Buscar parcerias com prefeituras, bancos, setores privados, dentre outros;
• Incentivar estudos de alternativas de aproveitamento do rejeito;
• Realizar registros fotográficos das comunidades;
• Fazer diagnóstico socioeconômico e ambiental das comunidades;
• Desenvolver um trabalho educativo sobre a importância do gerenciamento participativo
dos recursos hídricos locais para uma eficiente utilização dos mesmos, tanto sob aspectos
de quantidade e qualidade, quanto da equidade dos seus benefícios;
• Executar intervenções e ações de mobilização social voltadas para o gerenciamento
participativo dos recursos hídricos locais;
• Implantar um programa permanente de educação sanitária e ambiental nas
comunidades contempladas;
• Elaborar materiais didáticos voltados para as ações de educação sanitária e ambiental, bem
como de gerenciamento e operacionalização do equipamentos instalados na comunidade;
• Valorizar a linguagem popular e a sintonia conceitual e pedagógica com as políticas
públicas relacionadas;
• Buscar integração entre programas, projetos e ações dentre as instituições partícipes do
núcleo estadual;
• Criar, alimentar e manter um banco de dados das comunidades atendidas pelo
PAD no Estado.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
305
• Fortalecer o grupo executivo estadual por meio de oficinas e capacitações, e aquisição
de equipamentos;
• Concluir a recuperação dos sistemas de dessalinização instalados por projetos anteriores,
a partir dos parâmetros concebidos pelo PAD;
• Incentivar e incorporar novas tecnologias com vistas ao uso sustentável dos recursos
hídricos e a convivência com o semiárido, por meio de um conjunto de ações voltadas à
melhoria e ampliação do sistema de dessalinização (ex.: alternativas de uso, tratamento
e disposição final do rejeito).
Com foco no âmbito local, outro ator fundamental é o ente publico municipal. Nesse sentido,
as Prefeituras devem responsabilizar-se pelas condições legais das áreas onde os sistemas estão
e serão instalados, assim como, compartilhar das despesas de custeio para o funcionamento dos
sistemas e, através dos agentes comunitários de saúde, desenvolverem política de monitoramento
ambiental de uso da água nos domicílios.
Para atingir a eficiência no funcionamento dos sistemas de dessalinização, também é preciso
que seja concebida uma política permanente de manutenção e monitoramento sobre os mesmos.
Daí a necessidade de definir um arranjo multi-institucional, a partir da definição de atribuições
de cada integrante (algumas já citadas acima), tendo como suporte uma estrutura de gestão
associada, regionalizada e sustentável do sistema de abastecimento rural, cujo componente
central seja o sistema de dessalinização. Essa estrutura descentralizada deve ultrapassar os
limites de cada comunidade, congregando-as regionalmente e em articulação com as demais
306
instituições (públicas e da sociedade civil) responsáveis pelas políticas de recursos hídricos e de
meio ambiente.
O Programa Água Doce no Estado do Rio Grande do Norte – PAD/RN tem como eixo norteador
a co-responsabilidade intergovernamental dos 03 entes da federação e destes com a sociedade
civil, tendo abrangência nos seguintes âmbitos: 1) gerenciamento do Programa; 2) formação de
recursos humanos; 3) diagnóstico técnico e ambiental; 4) sistema de informações; 5) mobilização
social; 6) monitoramento; 7) manutenção; 8) operacionalização; e 9) pesquisa.
É objetivo do PAD/RN a busca incessante pela eficiência, eficácia e a efetividade do serviço de
oferta de água potável. Para tanto, a Semarh tem como proposta de reestruturação administrativa
e organizacional o organograma abaixo.
É importante lembrar que as instituições partícipes não trabalharão fora da sua área de
atuação, mas sim dentro de suas competências institucionais, buscando otimizar ações e recursos
no que se refere as outras atividades de sua instituição. Assim, as missões institucionais de cada
órgão membro do núcleo seguem abaixo:
Semarh – Responsabilidade de planejar, coordenar e executar as ações públicas estaduais
relativas à oferta e à gestão dos recursos hídricos do Estado do Rio Grande do Norte, é condutora
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
da Política Estadual de Recursos Hídricos, compõe o Sistema Integrado de Gestão dos Recursos
Hídricos e exerce a gestão do Fundo Estadual de Recursos Hídricos.
IDEMA - Promover a política ambiental do Rio Grande do Norte, visando o
desenvolvimento sustentável aproveitando as potencialidades regionais, na busca de
melhoria da qualidade de vida.
IGARN – Gerir técnica e operacionalmente os recursos hídricos em todo o território
norte-riograndense.
SAPE – executa os programas de apoio ao desenvolvimento rural, realiza planejamento,
avaliação e controle de seus programas e projetos. Entre as atribuições temporais da Sape,
destacam-se as ações especificas de organização e melhoria da base produtiva, ações setoriais
direcionadas de comento a produção animal e vegetal, ações de pesquisa e difusão de novas
307
metodologias e tecnologias, ações setoriais especificas de geração de emprego, renda e inserção
social no meio rural.
EMPARN - Gerar, adaptar e transferir conhecimentos e tecnologias para o agronegócio,
visando o desenvolvimento sustentável do Estado do Rio Grande do Norte.
EMATER – Contribuir para a promoção do agronegócio e do bem-estar da sociedade, com
foco na agricultura familiar, através do serviço de extensão rural pública com qualidade, para o
desenvolvimento sustentável.
SEARA - Desenvolver ações complementares à Reforma Agrária e implantar políticas públicas
que possibilitem o acesso, o uso, a permanência e a legitimidade da terra, como instrumentos
sustentáveis de inclusão e mobilidade social, garantindo o pleno exercício da cidadania. Tem
como público-alvo, prioritariamente, o pequeno e médio agricultor, promovendo a inclusão
social através do acesso à terra, regularização fundiária e apoio à reforma agrária.
SECD - Garantir à população um ensino público, gratuito com qualidade, assegurando-lhe
a universalização do acesso e possibilitando sua permanência com sucesso, visando o exercício
da cidadania.
SESAP - Promover a descentralização para os municípios dos serviços e das ações de
saúde, bem como, acompanhar, controlar e avaliar estas ações, proporcionando apoio técnico e
financeiro, coordenando o processo saúde-doença, na perspectiva da proteção e recuperação da
saúde individual e coletiva.
INCRA - Implementar a política de reforma agrária e realizar o ordenamento fundiário
nacional, contribuindo para o desenvolvimento rural sustentável.
DNOCS – Executar a política do Governo Federal, no que se refere a beneficiamento de
áreas e obras de proteção contra as secas e inundações; irrigação; radicação de população
em comunidades de irrigantes ou em áreas especiais, abrangidas por seus projetos;
subsidiariamente, outros assuntos que lhe sejam cometidos pelo Governo Federal, nos
campos do saneamento básico, assistência às populações atingidas por calamidades públicas
e cooperação com os Municípios.
CAERN - Contribuir para melhoria da qualidade de vida da população do RN, satisfazendo
suas necessidades de abastecimento de água e esgotamento sanitário, respeitando os fatores
sociais, econômicos e ambientais.
As instituições supracitadas foram distribuídas nos componentes do programa, absorvendo
desta forma as atividades correspondentes a cada componente. Ficaram assim distribuídas:
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
308
IDEMA
SEMARH
IGARN
SEARA
Mobilização
Social
INCRA
SEEC
SEMARH
EMPARN
SAPE
Sustentabilidade EMATER
Ambiental SESAP
Componentes
IFRN
CENTROS
ACADEMICOS UERN
SEMARH UFRN
Sistema Produtivo
SAPE
SEMARH
Dessalinização
DNOCS
O núcleo atuará como uma instância consultiva e deliberativa, todavia, para atingirmos o
objetivo deste plano, bem como suas metas propostas, faz-se necessário a contratação de uma
equipe executiva formada por profissionais de nível: superior, técnico e estagiário, com a missão
de executar em parceria com o núcleo estadual, o plano do Programa água doce no Estado do RN.
Essa equipe é imprescindível devido à grande demanda de atividades que antecedem a
implantação do programa, assim como durante sua execução. O núcleo estadual já comporta
uma gama de atividades em suas respectivas instituições que comprometem seus técnicos em
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
309
SISTEMA DE SISTEMA DE MOBILIZAÇÃO SUSTENTABILIDADE
DESSALINIZAÇÃO PRODUÇÃO SOCIAL AMBIENTAL
TÉCNICO EM
TECNICO AGRONOMO ESTAGIÁRIOS TÉCNICO AMBIENTAL
MECANICA
O acompanhamento deste plano deverá ser realizado pelo núcleo estadual, por meio de
visitas in loco e reuniões avaliativas, através de material didático exposto pelo grupo executivo,
inclusive relatórios de suas atividades demonstrando os problemas encontrados, as soluções
aplicadas, os avanços e retrocessos, enfim, um relatório detalhado sobre a execução do programa.
As reuniões deverão ocorrer trimestralmente de forma ordinária e/ou extraordinária.
Tais reuniões trimestrais não eximem o núcleo da sua responsabilidade diária para com
o plano, ou seja, as reuniões são avaliativas, mas a presença freqüente das instituições no
desenvolvimento do programa é fundamental.
Mister lembrar que na seleção de áreas para implantação das UD’s, o município de
Currais Novos deve ser o primeiro a ser analisado, tendo em vista que é o único município com
assentamentos do INCRA (Anexo 6) com população mínima de 30 famílias.
Após a contemplação do núcleo de desertificação, o plano seguirá a ordem normal de
classificação do ICAA, com exceção apenas para a implantação das UD’s conforme já fora
ressalvado anteriormente.
Veja a seguir como fica a distribuição dos vinte primeiros municípios com seus respectivos
índices de condição de acesso a água (Tabela 80):
312
Tabela 80 Vinte primeiros municípios.
313
Estes são municípios um pouco maiores em população (TABELA 82), mas não passam de vinte
mil habitantes, no entanto, também possuem altas taxas de mortalidade e altos índices de pobreza.
Entre estes vinte municípios apenas um, Governador Dix-Sept Rosado, tem a atuação do PAD.
O Plano apresentará até os sessenta primeiros municípios a serem visitados, pois a sequência,
com exceção do núcleo de desertificação, é o ICAA (ANEXO I).
314
Tabela 83 Ordem dos municípios para implantação das UD’s, segundo critérios supracitados:
315
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
316
Fonte: INCRA, 2005.
9.14. METAS
A meta do plano segue a meta nacional, que será de atingir 25% da comunidade rural,
no semiárido brasileiro, desprovida de acesso a água de boa qualidade. Tendo em vista que o
contingente rural no Estado do RN é de 558.372 habitantes, a meta inicial a ser atingida será de
140.000 habitantes.
No entanto, devido à ausência de dados mais específicos, e ao mesmo tempo buscando
proximidade tanto da meta nacional quanto da realidade estadual local, o plano estadual definiu
como meta25 a restauração de 50% dos dessalinizadores do Estado, bem como a implantação de
equipamentos de dessalinização em 50% dos municípios que ainda não possuem acesso a água
de boa qualidade.
Esta meta teve como base o diagnóstico quantitativo e qualitativo dos dessalinizadores
implantados no Estado do RN, que está sendo realizado pela Semarh, mas que ainda não foi
concluído. Até a conclusão deste plano foram diagnosticados 379 dessalinizadores, onde vários
estavam danificados e muitos outros não se encontravam no devido local e/ou tinham sido
removido para outros locais (ANEXO III).
O período de implantação e execução do plano será do ano de 2010 a 2019, sendo dividido
em curto, médio e longo prazos. Para efeitos de prazos, aqui não será considerado o período de
atuação do plano anterior a este.
Os anos de 2010 a 2013 se referem ao curto prazo, onde serão restaurados sessenta
dessalinizadores e implantados treze novos.
O médio prazo corresponde ao período de 2014 a 2016, onde a meta deve compreender a
recuperação de setenta dessalinizadores e a implantação de mais treze novos.
E por último, a meta de longo prazo que envolverá o período de 2017 a 2019, com a
restauração de mais setenta dessalinizadores e a implantação de mais quatorze novos.
Em valores absolutos, a meta de restaurar 50% dos dessalinizadores já existentes no Estado,
chega a quantidade de 200 destes equipamentos, tendo em vista que foram contabilizados até o
momento cerca de 400. E para implantação de novos equipamentos em municípios que não há
registro destes em comunidades difusas, a meta alcança o total de 40 dessalinizadores, devido ao
diagnóstico da Semarh de 80 municípios sem a presença dos mesmos (Mapa 11).
Dentre esse total de 240 dessalinizadores serão implantadas mais 06 unidades demonstrativas
que se somarão com as duas UD’s já existentes, uma na zona de Caicó e a outra na zona do
agreste. Essas unidades deverão, preferencialmente, ser distribuídas entre as zonas homogêneas
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
do Estado (IDEMA, 2002b) (MAPA 12), a saber: Zona do Litoral Oriental (subzona de Natal, do Vale
do Ceará-Mirim, da Mata); Zona do Litoral Norte (subzona de João Câmara, de Touros); Zona do
Agreste (subzona do agreste central, fronteiriça da Paraíba e do Potengi); Zona de Currais Novos;
Zona de Caicó; Zona das Serras Centrais (subzona de Santana do Matos e de Jucurutu); Zona do
Alto Apodi e Zona Mossoroense (subzona de Mossoró, de Açu e Salineira).
25 A meta do plano poderá aumentar conforme as metas do Programa de Convivência com o Semiárido Potiguar (PSP) da Semarh.
317
Mapa 11 Distribuição dos dessalinizadores no RN Fonte: Semarh, 2009.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
318
9.15. ORÇAMENTO
O orçamento do plano estadual do PAD/RN teve como referência a planilha de custo aplicada
pela Coordenação Nacional do Programa no IV encontro de formação do PAD, em Natal/RN, no
período de 03 a 06 de agosto de 2010. A planilha com os custos estimados segue abaixo:
9.16. REFERÊNCIAS
Agência Nacional de Águas (ANA). Atlas Nordeste. 2005. Disponível em: <http://altas_nor-
deste.ana.gov.br>. Acesso em: 23 Mar. 2009
BRASIL. Ministério das Cidades. Caderno metodológico para ações de educação
CÂMARA, George Luiz Rocha da. Da janela da metrópole. Natal: Flor do Sal, 2009. 194 p.
DEMETRIO, J. G. A. et al. Aqüiferos fissurais. In: CIRILO, J. A. et al. (Org.) O uso sustentável dos
recursos hídricos em regiões semiáridas. Recife: ABRH – Editora Universitária UFPE, 2007. p.508.
ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. Programa de ação estadual de combate a desertificação
e mitigação dos efeitos da seca no Estado do Rio Grande do Norte (PAE/RN). Natal: MMA, 2010.
FUNDAÇÃO KONRAD ADENAUER. Água e desenvolvimento sustentável no semiárido. Série
Debates. N. 24. Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer, 2002. 169 p.
GOLDFARB, R. C. Efeitos sócio-ambientais do uso da tecnologia de dessalinização de água no
municipio de Caturité-PB. Dissertação. UFPB, 2001.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Sinopse preliminar do censo de-
mográfico – 1991. Rio Grande do Norte, p. 1-67. Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em:
11 Nov. 2009.
______. Censo demográfico 2000: características da população e dos domicílios, p. 269-271. Dis-
ponível em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 11 Nov. 2009.
______. Contagem da população 2007. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 11 Nov. 2009.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
______. Estimativa da população 2009. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 11 Nov. 2009.
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E MEIO AMBIENTE (IDEMA). Anuário Estatístico
do Estado do rio Grande do Norte. 2008. Disponível em: <http://www.idema.rn.gov.br>. Acesso
em: 13 Out. 2009.
______. Perfil do RN. Aspectos sociais. 2002. Disponível em: <http://www.idema.rn.gov.br>.
Acesso em: 13 Out. 2009.
______. Perfil do RN. Aspectos físicos. 2002. Disponível em: <http://www.idema.rn.gov.br>. Aces-
so em: 13 Out. 2009.
______. Anuário 2006. Disponível em: <http://www.idema.rn.gov.br>. Acesso em: 13 Out. 2009.
______. Anuário 2009. Disponível em: <http://www.idema.rn.gov.br>. Acesso em: 13 Out. 2009.
319
INSTITUTO NACIONAL de colonização e reforma agrária (INCRA). Identificação dos Pro-
jetos de Reforma Agrária. 2009. Natal/RN: Incra, 2009.
MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO (mi). Delimitação do semiárido a partir de 2005. Disponível em:
<www.integracao.gov.br> Acesso em: 01 Dez. 2009.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA SO SUS (DATASUS). Indicadores e da-
dos básicos (IDB). 2008. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb1998/fqc01.htm>
Acesso em: 20 Out. 2009.
______. Taxa de mortalidade infantil. 2008. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br>
Acesso em: 20 Out. 2009.
Ministério do Meio Ambiente (MMA). II Encontro de formação do programa água doce. Ara-
piraca: MMA, 2007.
______. Atlas das áreas susceptíveis a desertificação do Brasil. Brasília: MMA, 2007. 134 p.
MORAIS, Marcus Cesar Cavalcanti de. Terras potiguares. Natal: Dinâmica, 1998, 305 p.
PAREJO, Luiz Carlos. Densidade demográfica. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/geo-
grafia/ult1694u295.jhtm> Acesso em :
PETERS, Theodoro Paulo Severino; et al. Água subterrânea e dessalinização. Série encontro das
águas. n. 2. Recife: Unicap, 2006. 200 p.
POÇOS TUBULARES. Figura 1. Modelo do perfil de um poço tubular. Disponível em: <<www.
potencialmg.com.br/poco/img/esquemapoco.jpg/> Acesso em: 15 Dez. 2009.
PREFEITURA MUNICIPAL DE MACAU. Informações gerais. Disponível em: <http://www.macau.
com.br/conheca-macau.php> Acesso em: 26 Fev. 2010.
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD). Atlas do desenvolvi-
mento humano no Brasil. 2000. Disponível em: <www.pnud.org.br> Acesso em: 04 Jan. 2010.
______. Atlas do desenvolvimento humano no Brasil. 2003. Disponível em: <www.pnud.org.br>
Acesso em: 04 Jan. 2010.
PROJETO ÁRIDAS. Nordeste: uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Brasília, 1994. p.217.
PUJATO, Ana Lía. Águas residuais subproduto de dessalinização: uma contribuição ao estado
do conhecimento. Dissertação. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnolo-
gia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Sanitária. Natal/RN: 2005, 133 p.
SECRETARIA ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS DO RIO GRANDE DO NORTE (SERHID). Plano Es-
tadual de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte. Natal – RN. 1998. Relatório
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
320
9.17. ANEXO I – ICAA RN
321
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
322
323
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
324
325
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
326
10. ESTADO DE SERGIPE
10.1. ASPECTOS GERAIS
A geografia convencional divide o Nordeste brasileiro em zonas: Litorânea, Agreste e Sertão,
sendo que estas duas últimas formam, essencialmente, a região semiárida. O estado de Sergipe
ocupa uma área de 21.910,348 km², correspondendo a 0,25% do território nacional. Apesar de ser
o menor estado do Brasil ele é cortado pelas três zonas. Ao norte, o Estado faz limite com Alagoas
é definido pelo rio São Francisco. A oeste e ao sul limita-se com a Bahia e, a leste, com o Oceano
Atlântico (FIGURA 131). O território estadual está agrupado em oito territórios de planejamento
(TABELA 84) E dividido em 75 municípios (TABELA 85). Sua população é de 2.019.403 (IBGE, 2009).
O estado é drenado por seis bacias hidrográficas, que pertencem às duas grandes bacias
hidrográficas brasileiras – a do rio São Francisco e a do Atlântico Leste. Sergipe possui uma
vegetação variada com mangues no litoral, uma faixa de floresta tropical e caatinga na maior
parte do território
327
Figura 131 Municípios do Semiárido Sergipano. Fonte: Semarh.
328
Figura 132 Mapa densidade
329
Figura 133 MAPA DO TERRITÓRIO SERGIPANO. FONTE: CODISE/2010.
secos, em razão dos totais de precipitação, situados acima dos 1.000 mm anuais. Mesmo assim, o
litoral sergipano se caracteriza pelos baixos totais pluviométricos, que declinam a partir do norte
de Salvador e só voltam a crescer depois da foz do rio São Francisco, já no estado de Alagoas. Com
temperatura média de 25oC e um período de seca de apenas 03 meses.
Tropical quente e semi-úmido corresponde ao que se denomina de Agreste, com
precipitações entre 700 e 900 mm anuais, chegando a ultrapassar os 1.000 mm/ano. Nesta zona,
verifica-se a acentuada expansão da pecuária. com temperatura média de 30oC e um período de
seca de 04 a 06 meses.
Tropical quente e Semiárido caracteriza-se por grande deficiência hídrica. As precipitações
anuais raramente se situam entre 500 e 700 mm, sofrendo muita variabilidade, com dois ou três
meses favoráveis às atividades agrícolas. Temperatura média de 40oC durante o dia e 20oC à noite,
e um período de seca de 07 a 10 meses.
330
Figura 134 CLIMA DE SERGIPE. FONTE: SEPLAN/ 2010
A faixa litorânea se estende de norte a sul representa 35% da área territorial do estado.
Compreendem os tabuleiros e planícies costeiras, os vales fluviais das seis bacias hidrográficas
do Estado. A faixa central, mesorregião agreste sergipano, de largura semelhante à anterior,
compreende 15% do território. No oeste, estende-se a faixa semiárida, mesorregião sertão
sergipano que engloba cerca de 50% do território.
331
as caatingas classificadas como hipoxerófilas, os solos apresentam alta ou baixa saturação por
bases e profundidades normalmente inferiores às dos solos da região úmida costeira. No Sertão
onde predominam, as caatingas hiperxerófilas e os solos pouco profundos ou rasos, com presença
marcante de pedregosidade e/ou rochosidade e com alta saturação por bases.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
332
Os antigos Brunos Não Cálcicos, atuais Luvissolos abrangem 4,41% da área do estado,
proximidades dos municípios de Canidé do São Francisco e Poço Redondo. São solos pouco
profundos e rasos, normalmente com pedregosidade superficial. Por estarem associados às
paisagens do semiárido, apresentam como principal restrição ao uso agrícola a deficiência de
água. Ocupando 18,4% da área do estado estão os Planossalos, antigos Planossolos Háplicos.
Estão associados às paisagens do modelo cristalino, sob floresta caducifóliae, a maioria, às
superfícies de pediplanação, sob caatinga hipoxerófila ou hiperxerófilas. Apresentam pouco
potencial de uso agrícola. Muitas áreas desse solo são utilizadas com a pecuária extensiva.
Os Espodossolos, antigos Podzóis equivalem a 2,09% do estado, registrados por todo litoral
sergipano, penetrando aproximadamente 15 km para dentro do continente. Por serem arenosos,
ácidos e de baixa fertilidade natural, esses solos restringem-se ao cultivo de culturas perenes
adaptadas às condições ambientais como o coco e a mangaba, pastagens de baixa capacidade de
suporte e pequenas roças. Os Cambissolos, desenvolvidos a partir de calcário ou material rico em
carbonato de cálcio, abrangendo 1,5% do estado. A cultura do milho vem sendo cultivada nesses
solos. São solos ricos em nutrientes e pouco susceptível a erosão.
333
cana-de-açúcar, plantadas nas encostas e pastagens nas áreas mais abaciadas. Os Gleissolos,
identificados genericamente como Solos de Mangue (Embrapa, 1975), espalhados por todo
litoral sergipano, associado a foz dos principais rios do estado (Real, Vaza Barris, Sergipe, São
Francisco), compreendem 3,9% da área total. São solos impróprios para atividade agrícola, além
de constituírem ambientes protegidos por lei. Os Neossolos englobam os antigos solos Aluviais,
Litólicos, Regossolos, e Areias Quartzosas, incluindo as Areias Quartzosas Marinhas alcançam
33,5% da área do estado. Os Neossolos Fluvicos, antigos Solos Aluviais, encontram-se nas vázeas
dos rios que dissecam nos tabuleiros costeiros, indo ao encontro dos sedimentos da baixada
litorânea, ou próximo a eles, totalizam 0,9% da área do estado. São de grande potencial agrícola,
mas podem apresentar períodos de excesso de água. Enquanto que os Neossolos Litólicos,
antigos Solos Litólicos, totalizam 24,2% da área do estado. Ocorrem em paisagem com elevado
déficit hídrico. Em grande parte apresentam boa oferta de nutrientes. Os Neossolos regolíticos,
antigos Regossolos, apresentam textura arenosa, em geral com presença de cascalhos, deficiência
de água. São usados com pastagens naturais e pequenas roças, totalizam 3,9% da área do estado.
E, os Neossolos Quartzarênicos, antigas Areias Quartzosas, totalizam 4,5% da área do estado. São
solos arenosos e de baixa fertilidade natural e capacidade de retenção de água. Apresenta baixa
capacidade produtiva.
outras bacias. A água consumida dentro da bacia é 42% proveniente da própria bacia e 58%
de outras bacias hidrográficas. A Bacia Hidrográfica do Rio Piauí possui uma área geográfica
de 4.150 km², equivalentes a 19% do território estadual e abrange 15 municípios, onde estão
totalmente inseridos terras de seis municípios. A bacia hidrográfica do rio São Francisco tem
grande importância para a região não apenas pelo volume de água, mas, também, pelo potencial
hídrico passível de aproveitamento e por sua contribuição histórica e econômica para a região.
As potencialidades, disponibilidades hídricas e vazão dos principais rios nas bacias
hidrográficas do Estado são apresentadas no QUADRO 86 e na FIGURA 137, que representa as
bacias hidrográficas de Sergipe.
334
Tabela 86 Potencialidades e disponibilidades hídricas superficiais no Estado de Sergipe.
Fonte: Atlas Digital de Recursos Hídricos de Sergipe, 2004
335
Tabela 87 Unidades de planejamento hidrico das bacias hidrográficas do Estado de Sergipe.
Fonte: Atlas Digital De Recursos Hídricos de Sergipe, 2004.
336
Tabela 88 Principais sistemas adutores do Estado de Sergipe.
Fonte: Atlas Digital de Recursos Hídricos de Sergipe, 2004.
337
10.2.4. Poços: Situação em Sergipe.
De acordo com SEMARH, INCRA, DNOCS e COHIDRO é possível encontrar no Estado de
Sergipe cerca de 1.861 poços ativos, sendo em sua maioria do tipo tubular.
Esses poços apresentam condições variadas de conservação de suas instalações e da
qualidade de água neles presentes, além de não apresentarem informações atualizadas no que
se refere a vazão, coordenada geográfica, entre outras.
Assim sendo, as instituições relacionadas anteriormente coloca entre suas atividades
a realização de diagnóstico para a atualização destes dados, contando com o as instituições
envolvidas com as políticas dos recursos hídricos subterrâneos.
Na tabela 90, segue a relação de poços presentes no semiárido de Sergipe.
338
10.2.4.1. Sistemas de Dessalinação Implantados
e Previstos para Implantação
Atualmente no Estado de Sergipe pode-se encontrar 74 sistemas de dessalinização em
campo de domínio do Governo do Estado, do DNOCS, COHIDRO e do INCRA, em 23 municípios
conforme Tabela 91.
No entanto, a gestão ineficiente, o abastecimento com água encanada e a falta de manutenção
dos equipamentos, os sistemas de dessalinização estão fazendo com que um grande número de
equipamentos sejam desativados e recolhidos, deixando de beneficiar inúmeras famílias no semiárido.
Diante da situação exposta, o governo de Sergipe através das SEMARH vem realizando
vistorias e diagnósticos técnicos e ambientais em alguns sistemas de dessalinização, procurando
verificar minuciosamente o estado de conservação tanto dos equipamentos como também do
abrigo onde este é instalado. Através dessas vistorias pode-se comprovar a precariedade na
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
339
Tabela 91 Poços com dessalinizadores no semiárido do Estado de Sergipe.
Fonte: Cohidro, Incra e dnocs (2010), Atlas Digital (2004).
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
340
10.3. Qualidade de Desenvolvimento dos
Municípios do Semiárido
A qualidade de vida dos municípios pode ser medida através do Índice de Desenvolvimento
Humano que tem como critérios escolhidos o índice de educação, a taxa de alfabetização de
adultos, taxa de frequência escolar no ensino regular, a renda per capita, índice do PIB municipal
e taxa de mortalidade infantil.
Os índices de IDH variam de zero a um, estando os valores dos municípios do Semiárido
Sergipanos compreendidos entre 0,536 em Poço redondo (menor), a 0,684 em Cedro de São João
(maior). Dentro da escala de classificação do IDH estes valores são considerados médios, entre
0,500 a 0,799, onde abaixo de 0,499 é considerado baixo e acima de 0,799 é considerado alto.
Na Tabela 09, estão apresentados os municípios sergipanos do Semiárido, com seus respectivos
valores de IDH e rankings, assim como os índices de mortalidade infantil, taxa de urbanização
(indicadores demográficos) e serviço de água, estando os três últimos em escala municipal. Na
última coluna é apresentado o ICAA do estado, de acordo com metodologia do MMA.
Desse modo, as ações da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos
de Sergipe estão sendo direcionadas para os municípios desta região, a começar pelas atividades
preliminares do PAD de seleção de áreas para o desenvolvimento das ações durante o período de
janeiro/2011 a dezembro/2016.
341
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
342
Tabela 92 Ranking dos municípios do Estados de Sergipe a serem priorizados pelo PAD-SE.
10.4. PROGRAMA ÁGUA DOCE EM SERGIPE
10.4.1. Objetivo Geral
Ampliar a oferta e tornar acessível água com boa qualidade para as comunidades que
residem no semiárido do Estado de Sergipe que sofrem com problemas de deficiência hídrica e
sobre tudo de água potável, dando prioridade às localidades mais dispersas desta região.
• Garantir o acesso à água potável para o consumo humano para um quarto da população
rural do semiárido sergipano.
343
Tabela 93 Recuperação de dessalinizadores no Estado de Sergipe até julho de 2010.
I.
344
Deve-se destacar também a necessidade do envolvimento de instituições de pesquisa nos
trabalhos do programa no âmbito estadual, como a UFS e EMBRAPA, permitindo a realização de
pesquisas que visem o desenvolvimento de novas tecnologias objetivando o aperfeiçoamento
e sustentabilidade do sistema, quer pelo aproveitamento e a melhoria da qualidade da água,
quer pelo aperfeiçoamento e diversificação da atividade produtiva, ou mesmo pelo avanço das
técnicas e processos de tratamento do rejeito.
Através da sensibilização, mobilização e capacitação da população atendida o Programa
formará e qualificará a comunidade beneficiada para que esta participe do gerenciamento
dos sistemas de dessalinização local, de modo que esta aproprie-se coletivamente de todos os
processos englobados por este sistema.
No entanto, também é de fundamental importância o envolvimento de prefeituras na gestão
dos sistemas através da articulação direta com o Poder Local e das parcerias municipais.
A estrutura da gestão do PAD-SE estará dividida nos seguintes componentes: Componente
Gestão, Componente Sistema de Dessalinização e Componente de Pesquisa.
345
• Estrutura de manutenção preventiva e corretiva dos dessalinizadores:
1. Objetivos: Manutenção preventiva, Manutenção corretiva, Estrutura descentralizada,
Papel do Estado e das instituições federais (DNOCS e EMBRAPA), Papel da comunidade,
Papel do município, Estrutura provisória (durante o período de execução do Plano),
Estrutura duradoura a ser construída neste período, Ações, Metas.
• Monitoramento:
1. SEMARH, DNOCS, COHIDRO, INCRA.
• Atividades periódicas:
1. Reuniões com Coordenação Nacional e Estadual
2. Reuniões do Grupo Executivo – Reunião bimestral
Através das reuniões procurar-se-á fortalecer o núcleo PAD-SE, por meio de atividades
que venham promover a articulação entre as instituições formadoras do núcleo, assim como as
sensibilize para a responsabilidade de cada uma delas no sucesso do programa no estado.
As atividades terão como objetivo a sistematização de dados atuais de poços e
dessalinizadores existentes no Semiárido sergipano bem como o seu estado de conservação,
formando assim um banco de dados digital que será compartilhado entre as instituições que
constituem o Núcleo PAD-SE.
Além destas serão realizadas a recuperação e manutenção de dessalinizadores instalados
anteriormente ao PAD de modo a adequá-los aos parâmetros deste programa, bem como serão
realocados os sistemas de dessalinização presentes em locais onde não são mais necessários para
regiões apontadas pelo PAD como áreas de prioridade, de acordo com os critérios estabelecidos
por este.
Novos sistemas de dessalinização serão implantados com o objetivo de aumentar o numero
de comunidades atendidas pelo programa, por meio da compra de novos equipamentos.
As atividades realizadas procurarão também originar a articulação das ações do PAD/SE com
os variados programas, projetos e instrumentos de gestão relacionados a utilização sustentável
dos recursos hídricos e a convivência no semiárido do estado de Sergipe.
Será executado o modelo de gestão compreendido no presente Plano, para o sistema de
manutenção e funcionamento dos dessalinizadores;
Procurar-se-á estimular e agregar novas tecnologias que visem a sustentabilidade dos
recursos hídricos e a convivência com o semiárido, através de ações direcionadas a melhorias nos
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
346
10.7.2. Municípios Priorizados para Implantação de
novos Sistemas de Dessalinização.
No período de 2011 a 2016, o Programa Água Doce atenderá 29 municípios de acordo com
os critérios de criticidade adotados pelo Programa (Tabela 94).
A escolha das comunidades nos municípios escolhidos será feita através de levantamento
de informações em campo, onde através destas será realizado diagnostico da real situação destas
localidades, averiguando o seu nível de criticidade quanto a acesso a água potável.
347
Sendo assim, os trabalhos a serem desenvolvidos estão fundamentados nas seguintes
iniciativas:
348
10.8.2. Implantação de novos sistemas de dessalinização
em comunidades a serem selecionadas durante
a execução deste Plano.
Atividades: Diagnóstico técnico, Mobilização Social, Sustentabilidade Ambiental e
Intervenção na Estrutura Física do Sistema de Dessalinização.
Objetivos:
• Contribuir para a seleção das comunidades a serem beneficiadas com a implantação de
novos sistemas de dessalinização pelo PAD, a partir dos critérios definidores locais pré-
estabelecidos e das localidades pertencentes aos municípios priorizados para ampliação
do referido Programa, discriminados no presente Plano.
• Implementar a gestão local dos sistemas de dessalinização em processo de implantação,
a partir da definição dos acordos que garantam as bases sólidas de cooperação e
participação social para o funcionamento a longo prazo dos referidos sistemas.
• Avaliar as condições ambientais e de manejo dos recursos hídricos nos domicílios das
localidades selecionadas para atuação do PAD, com vistas à melhoria do padrão de
qualidade da água consumida e a gestão sobre o seu uso;
• Promover a formação de recursos humanos locais voltados para gestão dos sistemas de
dessalinização e da unidade demonstrativa.
• Ampliar a oferta de água potável a população do semiárido, através da aquisição de
novos dessalinizadores e da construção das obras civis pertinentes aos sistemas de
dessalinização e de unidade demonstrativa, cabendo a este último o acréscimo da
estrutura do sistema produtivo, de acordo com os respectivos padrões estabelecidos
pelo Programa.
Meta:
• Realizar diagnóstico em 20 comunidades (considerando o conjunto dos itens que
o compõe), com a finalidade de selecionar 10 delas para serem beneficiadas com a
implantação de sistema de dessalinização
• Realizar diagnóstico social em 10 localidades;
• Firmar 10 Acordos para a Gestão Local sobre os sistemas de dessalinização;
• Realizar o monitoramento em 10 localidades, durante a fase inicial da gestão local
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
349
10.8.3. Implantação de uma estrutura de manutenção preventiva
e corretiva dos sistemas de dessalinização.
Objetivos:
• Assegurar o funcionamento eficiente dos sistemas, garantindo de maneira regular a
efetividade do abastecimento de água potável à população.
Metas:
• Contratar pessoal e locação de veículos para realizar os serviços de manutenção.
• Manter informações atualizadas, através de relatórios trimestrais, referentes ao trabalho
de manutenção dos sistemas, a ser encaminhada à Coordenação do Núcleo Estadual do
PAD.
• Realizar 6 cursos para capacitar 180 operadores dos sistemas de dessalinização em
processo de recuperação e implantação, considerando 03 representantes por localidade
e média de 30 pessoas por curso;
• Realizar a cada 02 avaliações da qualidade da água nos 62 poços e por amostragem em
cada localidade, no âmbito domiciliar.
• Assegurar o trabalho de revisão e/ou substituição em 62 poços com seus sistemas de
dessalinização.
350
10.9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COMPAHIA DE DESENVILVIMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS E IRRIGAÇÃO DE SERGIPE.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso
dia 02/abril de 2010.
INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA. Disponível em: www.incra.gov.
br.. Acesso dia: 11 de maio de 2010.
SILVA, M. S. L. da; M., C.E.S. ; ANJOS, J. B. dos ; H., A.P.M ; SILVA, A. de S. ; BRITO, L. T.de L. Barragem
subterrânea: água para produção de alimentos. In: BRITO, L. T.de L.; MOURA, M. S. B. de; GAMA, G.
F. B. (Org.). Potencialidades da água de chuva no SemiÁrido brasileiro. 1 ed. Petrolina, PE: Embrapa
SemiÁrido, 2007, v. 1, p. 121-137.
351
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
352
11. PIAUÍ
As informações contidas nesse capítulo foram extraídas do Plano Estadual de Recursos
Hídricos e complementada pela equipe do Ministério do Meio Ambiente. O objetivo é descrever o
diagnóstico das águas no estado, a priorização do municípios mais críticos e metas para o período
de 2010 a 2019.
353
mais seco; BShw - semiárido, caracterizado por curta estação chuvosa no verão, resultado da
diminuição das precipitações da massa de ar Equatorial Continental (EC) de oeste para leste,
acarretando aumento da duração do período seco no leste e sudeste do Estado. As precipitações
pluviométricas variam de 400 mm a 1.000mm, sendo a estação chuvosa no período de dezembro
a abril, em especial no trimestre janeiro/fevereiro/março e os meses de julho/agosto/ setembro,
os mais secos.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
354
A seguir são apresentadas as principais características dos parâmetros analisados:
Temperaturas - as temperaturas médias anuais no Estado variam entre 26,5°C e 27,5°C. No
norte e sul em torno de 26,5ºC, na parte central 27,5ºC. As máximas, ocorrem em Picos 33,6ºC e
em Parnaiba 31,4ºC. As mínimas variam de 20,6ºC em Bom Jesus do Piauí a 23,0ºC em Parnaíba. A
amplitude entre as médias das máximas e das mínimas é de 13°C.
Precipitação - as precipitações na porção norte do Estado ficam em torno de 1.400 mm. No
semiárido piauiense não passam de 800 mm/ano e na porção centro-sul ficam em torno de 1.100
mm por ano.
Evaporação - a evaporação média anual é de 2.344 mm. Nas áreas mais secas do semiárido
piauiense, no período não chuvoso, podem ocorrer déficit’s superiores a 500 mm no mês mais
crítico, setembro.
Umidade Relativa - a umidade relativa do ar média anual é de 65% em toda área do Estado.
No norte, (mais próxima do Atlântico) fica em torno de 70-75%. Na parte centro-sul, está em torno
de 62-66%, e, no semiárido piauiense, é de 56-58%, caindo no mês mais seco (setembro) para 42%.
Pressão Atmosférica - há uma regularidade na distribuição das pressões atmosféricas
em função das baixas altitudes e das latitudes continentais das regiões tropicais, onde não há
ciclones intensos a influenciá-la. As menores pressões são registradas no semiárido piauiense e as
máximas registradas na porção norte do Estado.
Insolação - a insolação observada pelos heliógrafos das estações, registra em média 2.783
horas de insolação/ano.
Evapotranspiração - as variações mínimas de ETP são da ordem de 2,9 mm/dia em fevereiro
e máximas de 8,4 mm/dia no mês de novembro.
Nebulosidade - a nebulosidade máxima ocorre nos meses de dezembro a abril. A menor
nebulosidade verifica-se em agosto, sendo sua média anual variável de 3,3 a 6,1 décimas partes
do céu encoberto.
De acordo com as condições climáticas, os principais biomas observados no Piauí são: a
Caatinga, que ocupa grande parte das bacias do Canindé e Poti; e o Cerrado, que ocupa a maior
parte das bacias Difusas do Alto Parnaíba e de Boa Esperança, do Uruçuí Preto, Gurguéia e Longá.
Em relação ao monitoramento climático, a rede de Estações Meteorológicas do Estado
constitui-se de 26 Estações, sendo 21 pertencentes ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
e, cinco, ao Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e ao Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE). No desenvolver dos trabalhos foram consideradas mais oito estações,
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
sendo seis do INMET e duas do CPTEC. Do total de 34 postos foram considerados apenas os dados
de 26 estações, após processo seletivo de eficiência dos dados disponíveis. A distribuição espacial
das estações climatológicas trabalhadas pode ser observada no Mapa a seguir.
355
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
356
Figura 139 Estações climatológicas
11.1.3. Síntese das Disponibilidades Hídricas Superficiais
As águas superficiais representam a primeira fonte hídrica em quantidade do Estado,
embora,a disponibilidade de águas subterrâneas seja superior em nível de utilização. Observa-se,
todavia, que a importância das águas superficiais, como fonte hídrica de abastecimento, tende
a crescer a partir da construção dos sistemas adutores para atendimento a grandes núcleos
populacionais. Outra utilização crescente é para irrigação concentrada e difusa ao longo dos rios
perenes da região úmida e nos vales perenizados pelos reservatórios estratégicos, construídos
nas regiões secas ou semiáridas.
Em função das diferenças decorrentes de diversos fatores: antropológicos, sócio-
economicos e geográficos, verifica-se a ocorrência de pelos menos dois Piauís distintos na sua
base físico-terrritorial: o primeiro assente num embasamento sedimentar com aquíferos ricos
em disponibilidade hídrica e rios perenes constituindo uma fronteira úmida e, um segundo,
assente sobre embasamento cristalino, com características semiáridas e rios intermitentes,
correspondendo a uma fronteira seca.
Esse fenômeno acontece porque o Estado do Piauí se insere numa zona de transição, entre a
região caracterizada pelo semiárido nordestino, nas suas fronteiras leste e sudeste, e a região pré-
amazônica, no seu lado oeste, com altas precipitações pluviométricas e boa cobertura vegetal
proporcionada pelas florestas.
Quase 98% do território piauiense é drenado pela bacia hidrográfica do rio Parnaíba, o maior
rio perene genuinamente nordestino, com mais de 1.400 km de extensão.
357
Dos 14 sistemas adutores identificados, concluiu-se o Sistema Adutor do Garrincho, na
região de São Raimundo Nonato, e encontram-se em execução o Sistema Adutor de Piaus, na
região de Pio IX, a Adutora do Sudeste, na região de Padre Marcos e a Adutora de Poço do Marruá,
na região de Patos do Piauí.
O Mapa 140 apresenta a infraestrutura hídrica superficial do Estado com os reservatórios
estratégicos e os sistemas adutores.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
358
Síntese do Cálculo das Vazões Naturais das Bacias Hidrográficas
A partir das séries históricas de vazões medidas nos postos fluviométricos e da simulação
hidrológica utilizando o modelo chuva-deflúvio SMAP, foram determinadas as vazões específicas
naturais e consequentemente a potencialidade hídrica de cada uma das bacias hidrográficas. O
termo potencialidade hídrica representa a capacidade de produção hídrica das bacias hidrográficas,
levando-se em consideração somente a porção piauiense das bacias de dominialidade federal.
359
Tabela 96 Vazões Regularizadas dos Açudes Estratégicos Construídos
360
Figura 141 Reservatórios estratégicos do estado.
361
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Cálculo das Vazões Passíveis de Ativação
As regiões com baixa oferta hídrica natural podem aumentar artificialmente esta
disponibilidade em termos de quantitadade e de garantia, através da construção de reservatórios
superficiais.
A experiência mostra que no Nordeste brasileiro apenas um terço da potencialidade hídrica
superficial pode ser ativada para tornar-se efetivamente disponibilidade hídrica. Os fatores
hidrológicos, topográficos e climáticos são os responsáveis por esses limites de aproveitamento.
Assim, para avaliação da capacidade de incremento da disponibilidade hídrica utilizou-
se neste estudo um coeficiente de ativação de 35% da potencialidade hídrica, valor este em
consonância com a metodologia apresentada no estudo “ATLAS NORDESTE – Disponibilidade para
Abastecimento Urbano”, elaborado pela ANA, em 2005, e considerado plausível pelos consultores
da IBI, devido à experiência desses e aos objetivos deste estudo. A tabela 98 apresenta o cálculo
da vazão passível de ativação, a partir da vazão natural para cada uma das regiões hidrográficas.
Tabela 98 Vazão Passível de Ativação nas Regiões Hidrográficas (m3/s)
Parnaíba, que abrange uma área de 600.000 km² e foi formada na era Paleozóica. Compreende
ainda grande parte do Estado do Maranhão e atinge também, em menor escala, os Estados de
Tocantins, Pará e Bahia. É constituída por um pacote de sedimentos que chega a atingir 3.000
metros de espessura, com litologias variadas em estratos alternados, com sedimentos clásticos,
como arenitos, silitos e folhelhos, resultando numa sequência de formações aquíferas sobrepostas
separadas por aquitardos e aquicludes.
A avaliação do potencial e das disponibilidades das águas subterrâneas do Estado do Piauí
foi desenvolvida com base nas informações hidrogeológicas existentes e disponibilizadas pela
SEMAR/PI, consubstanciadas com as da CPRM - Serviço Geológico do Brasil e da AGESPISA.
Esses poços estão distribuídos e disseminados nos 11 aquíferos da bacia Sedimentar do
Parnaíba, com as seguintes ocorrências no Estado: Serra Grande, Pimenteiras, Cabeças, Longá,
Poti/Piauí, Pedra de Fogo, Pastos Bons, Corda, Barreiras, Aluviões e Dunas e Fissural Cristalino.
362
De um total de 20.197 poços selecionados com identificação hidrogeológica completa
(localização georreferenciada, profundidade, níveis estáticos e dinâmicos, vazão, aquífero etc.),
cerca de 16.273 poços (67%) pertencem aos aquíferos Serra Grande, Cabeças e Poti/Piauí, como
mostra a tabela 99
363
• Recursos Explotáveis - Re - Parcela máxima da potencialidade que pode ser aproveitada
anualmente, correspondendo à vazão anual que pode ser extraída do aquífero ou do
sistema aquífero, sem que se produza um efeito indesejável de qualquer ordem.
Para avaliação da potencialidade dos aquíferos produtores no Piauí foram utilizados os
coeficientes hidrodinâmicos que os caracterizam: Coeficiente de Condutividade Hidráulica – K;
Coeficiente de Transmissividade – T; Coeficiente de Armazenamento – S (para aquífero confinado)
ou Coeficiente de Restituição – μ (para aquífero livre). Tais parâmetros foram determinados a partir
de informações presentes no estudo contratado pela SUDENE realizado em 1975 pela SERETE,
além de dados da AGESPISA, DNPM, CONESP, SUDENE, DNOCS e CAEMA.
A tabela 100 mostra os valores dos recursos explotáveis de cada aquífero e dos demais
parâmetros, além do valor total da bacia sedimentar do Parnaíba no âmbito do Estado do Piauí.
Em resumo tem-se para toda a bacia sedimentar do Parnaíba, no Piauí, o seguinte panorama:
a) Reservas permanentes (Rp) = 1.917.924 hm³;
b) Reservas reguladoras (Rr) = 2.561,00 hm³/ano ou 81,21 m³/s (= 0,13% de Rp);
c) Potencialidade (Po) = 4.515,70 hm³/ano ou 143,19 m³/s(= 0,23% de Rp);
d) Disponibilidade instalada (Di) = 118,30 hm³/ano ou 3,75 m³/s (= 2,62% da Po);
e) Recursos explotáveis (Re) = 2.860,80 hm³/anoou 90,72 m³/s (= 63,34% da Po).
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
364
Nas bacias do Canindé, Itaueira, Longá e Poti foram consideradas as vazões regularizadas,
com 90% de garantia, pelos reservatórios superficiais artificiais somadas às respectivas vazões
subterrâneas explotáveis.
No caso das bacias Difusas da Barragem Boa Esperança o manancial hídrico para suprir as
demandas é opróprio reservatório Boa Esperança que tem capacidade de armazenamento de
5,0 bilhões de metros cúbicos. No entanto, sua vazão regularizada não deve ser considerada
como disponível, tendo em vista estar comprometida com a demanda ecológica e a demanda
para geração de energia. Assim, optou-se por considerar como disponibilidade hídrica para as
bacias Difusas da Barragem Boa Esperança a vazão turbinada em duas unidades, que representa
a situação usual no período de estiagem, correspondendo a 320,0 m3/s a ser somada com a vazão
subterrânea explotável.
Em síntese, a disponilbilidade hídrica do Estado do Piauí compreende um volume total de
cerca de 19.005 bilhões de metros cúbicos, sendo 17.952,6 bilhões de metros cúbicos de água
superficial e 1.053 bilhões de metros cúbicos de água subterrânea.
exatamente na insuficiência de dados de qualidade de água com a amplitude que seria necessária
para atender plenamente aos objetivos do PERH/PI. Portanto, foi realizado o esforço de reunir a
maior quantidade de informações disponíveis sobre a qualidade dos recursos hídricos piauienses.
Águas Superficiais
Foram levantados e analisados os parâmetros de qualidade da água, a legislação vigente
para esses parâmetros, os dados coletados e monitorados pela ANA, que foram disponibilizados
para 25 postos fluviométricos distribuídos pelo Estado. Examinaram-se também os resultados
de estudos anteriores, bem como das deficiências de informação existentes e, por último, foi
elaborado o esboço de um Programa de Monitoramento Permanente da Qualidade das Águas
Superficiais para o PERH/PI.
365
A tabela 102 apresenta os valores médios dos parâmetros que compõem a série histórica de
cada uma das estações estudadas.
Tabela 102 Valores Médios dos Parâmetros Observados nas Estações da ANA
Observou-se que dos 25 postos fluviométricos conforme apresentados na figura 142 com
dados disponíveis de qualidade da água, 18 apresentaram pelo menos uma desconformidade com
a Resolução 357 do CONAMA, de 2005, isto é, comportaram-se fora das tolerâncias paramétricas
recomendadas por aquela instituição ambiental. Os resultados enfatizam a relevância da
implantação de eficiente rede de monitoramento no Estado.
Os postos que apresentaram pH inferior a 6,0 estão abaixo do permitido pela Resolução
357 do CONAMA e podem provocar a acidificação dos ambientes aquáticos, trazendo prejuízos à
biota aquática e a alguns usos da água.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
O oxigênio dissolvido apresentou três concentrações fora dos padrões do CONAMA 357/2005,
que estabelece a concetração mínima de 5mg/L de DBO5 (classe 2). Ressalta-se que o OD é um
dos parâmetros mais significativos para expressar a qualidade de um ambiente aquático.
Os postos Fazenda Cantinho e Luzilândia apresentaram medições de coliformes fecais acima
do permitido pela resolução 357 do CONAMA. A presença de coliformes fecais na água indica que
o corpo hídrico recebeu dejetos humanos e esgotos, podendo gerar doenças associadas à água
pelos organismos patogêncos transmitidos por via fecal.
Finalmente, os postos de Luzilândia e Teresina apresentaram turbidez acima dos padrões
permitidos pela Resolução 357/2005, do CONAMA, provavelmente em consequência de sua
localização à jusante da cidade de Teresina.
366
Águas Subterrâneas
As águas subterrâneas foram classificadas a partir dos parâmetros estabelecidos na Portaria
nº 518, de 25 de março de 2004, do Ministério da Saúde em:
I – Águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5‰ (500 mg/L);
II – Águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5‰ (500 m/L) e inferior a 30% o
(3000 mg/L);
III – Águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30‰ (3000 mg/L).
Em 1975 a SERETE realizou para a SUDENE amplo estudo de caracterização dos recursos
hídricos da bacia do Parnaíba, avaliando a qualidade da água subterrânea a partir 256 análises.
O resultado desse estudo, resumido na tabela 103, indica que existia a predominância de águas
potáveis, segundo a classificação estabelecida, e ainda ressalta que as águas obtidas de poços
tubulares apresentaram, com frequência, quantidade de resíduo seco inferior a 500 mg/L,
atendendo também às normas de potabilidade para águas de consumo humano estabelecidas
pela Organização Mundial de Saúde em termos de padrões europeu e norte-americano.
Tabela 103 Classificação das Águas Subterrâneas em Relação ao Resíduo Seco (RS) – Província
Hidrogeológica do Parnaíba (256 análises)
Também foram trabalhados os dados referentes a Sólidos Totais Dissolvidos (STD) obtidos
em campo pela CPRM – Serviço Geológico do Brasil (CPRM, 2003) em águas subterrâneas no
Piauí (Tabela 104), praticamente três décadas após o trabalho desenvolvido pela SERETE (SERETE,
1975). Em consonância com a Resolução n.º 357, do CONAMA, de 17 de março de 2005, ressalta-
se o caráter predominante de águas doces, com exceção do que se observa na bacia Hidrográfica
Difusas do Litoral, onde existe predominância de águas com STD acima de 500 mg/L. Assim, fica
respaldada a condição das águas subterrâneas como predominantemente de águas doces e
potáveis segundo o que preceituam as normas vigentes no Brasil.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Tabela 104 Número de Análises de Campo e Distribuição por Intervalos de Sólidos Totais Dis-
solvidos (STD) por Bacia Hidrográfica do Piauí
367
11.2. HIERARQUIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS
A implementação desse plano seguirá a orientação do Programa Água Doce, priorizando os
municípios mais críticos quanto ao acesso à água. Segundo metodologia do PAD, os municípios
do Estado foram hierarquizados a partir do cruzamento de indicadores sociais, econômicos e
físicos. Foram utilizados o IDH-M, a taxa de mortalidade infantil, pluviometria e intensidade de
pobreza. A tabela 105 apresenta a lista dos municípios do Estado.
A figura 142 mostra a aplicação do Índice e sua espacialização.
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
A figura 142 Espacialização dos municípios a partir da aplicação do ICAA. Fonte: MMA 2010
368
Tabela 105 Hierarquização dos municípios do estado a partir da aplicação do Índice de Condição de Acesso à Água no Semiárido – ICAA.
369
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
370
371
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
372
373
Resumo Executivo Planos Estaduais do Programa Água Doce
11.3. METAS E CUSTOS ESTIMADOS
O Plano possui como meta atender um quarto da população rural do semiárido piauiense
com água de qualidade para o abastecimento humano. Suas ações serão orientadas a partir de
critéirios técnicos priorizando municípios e localidades mais criticas. O resumo das metas e custos
estimados, no período de 2010 a 2019, é apresentado na tabela 106.
374