Thomas Hobbes

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0.

Introdução:
Thomas Hobbes vivenciou grandes eventos da História em seu tempo. Além de ter sido
contemporâneos destes eventos, os acompanhou de perto. Estava atento a eles. Mas não
apenas a Revolução Gloriosa, a Guerra Civil Inglesa, a Guerra dos Trinta Anos, as Frondas
na França, a destituição da monarquia inglesa, a ascensão de Oliver Cromwell ao poder, a
retomada do poder pela monarquia após a morte de Cromwell, entre outros episódios
históricos da época.
Hobbes viveu, pressentiu, investigou e escreveu na passagem da Idade Média (Medievo) para
a Idade Moderna. Os avanços científicos e culturais que começavam a abrir a passagem para
a Modernidade foram captados por Thomas Hobbes.
A visão do Pensador inglês é marcada pelos avanços da física, da matemática e da mecânica.
Ainda jovem, Hobbes já percebera a insuficiência do ensino tomista-aristotélico praticado na
Academia de então. Partiu em busca de outros saberes, conhecimentos. Devido à sua
proximidade com a monarquia, pode atuar como preceptor e viajar pelas principais praças de
desenvolvimento científico e cultural da Europa de então. Esteve com René Descartes, com o
mentor deste, Marin Mersenne. Debateu filosoficamente com Descartes, talvez o filósofo
mais marcante na passagem para a modernidade (em História da Filosofia, o estudo do
período moderno começa com a leitura de Descartes).  Visitou Galileu Galilei.
1. OBJECTIVOS
 Geral: Compreender as Ideias Políticas de Thomas Hobbes.

1.1. Específicos:
 Identificar as ideias chaves de Thomas Hobbes;
 Mostrar quem foi Thomas Hobbes;
 Analisar as formas de Governo segundo Thomas Hobbes.

1.2. METODOLOGIA
Segundo Gil, (2002) o objectivo dos métodos é proporcionar os meios técnicos ao
investigador visando garantir a objectividade e a precisão no estudo dos factos sociais, de
forma específica relata o autor que “visam fornecer a orientação necessária a realização da
pesquisa social sobretudo no referente a obtenção, processamento e validação dos dados
pertinentes a problemática que está sendo investigada.” (Gil 2008, p. 15)
2. Os fundamentos contratuais de um Estado forte: HOBBES
THOMAS HOBBES, de nacionalidade inglesa, nasceu em Wesport, Masmesbury, em 1588.
Filho de um pastor anglicano apagado e pouco culto, o jovem HOBBES foi educado por um
tio bastante mais evoluído, que lhe ensinou o grego e o latim, e frequentou depois, a partir
dos 15 anos, a Universidade de Oxford.
É, precisamente em Paris e já com mais de 50 anos de idade, que HOBBES redige uma vasta
bibliografia cientifica, histórica e filosófica, da qual se destaca, a sua grande obra prima, o
“Leviathan”, publicado em 1651, ano do seu regresso a Londres. Dois anos antes deste
regresso, HOBBES, ainda exilado em França, tem notícia da decapitação de CARLOS I
(1649). O período de turbulência e conflito armado que antecede a morte do rei e que se lhe
segue mais reforça ainda o sentimento de horror que HOBBES nutria em relação à desordem,
à anarquia, à guerra civil, e a sua firma determinação de construir uma teoria política capaz
de dar uma base racional a um Estado forte. HOBBES procura, pois, justificar um poder
absoluto, ainda que não necessariamente o de um Rei hereditário. Contanto que o Estado seja
forte e garanta a paz e a segurança. Considerado, por muitos, como um grande pensador e
como um dos mais
vigorosos e originais filósofos da política. HOBBES formula um pensamento que facilmente
se pode qualificar como autoritário e tendente, a reforçar, tanto como MAQUIAVEL e ainda
mais do que BODIN, a Monarquia absoluta dos séculos XVII E XVIII.

2.1. O materialismo naturalista de HOBBES


Segundo HOBBES, o objecto do desejo humano não é “gozar uma vez apenas e por um
instante, mas garantir para sempre uma forma de satisfazer os desejos futuros (…) de forma a
assegurar uma vida feliz”. Para o homem conseguir isso, precisa, de poder. Pois, para ele, “o
poder de um homem, em geral, são os seus Maios presentes de alcançar no futuro o que se lhe
afigurar como bom”, tanto é poder o poder natural, por exemplo, as faculdades do
corpo e do espírito, como o poder instrumental, por exemplo, a riqueza, a reputação, as
amizades, a boa sorte, etc.
Há, pois, uma necessidade de cada homem querer sempre mais e melhor, mesmo que seja
apenas para ter a certeza de que não ficará pior.
Aqui aparece pela primeira vez o homem a viver em sociedade, isto é, ao lado de outros
homens, “o desejo perpetuo e sem descanso de mais e mais poder” conduz fatalmente os
homens à competição uns com os outros, porque tanto as riquezas, como as honras, como o
poder politico, são bens escassos, que não podem pertencer a todos plenamente. Assim, “a
competição pela riqueza, pelas honras, pelo governo, conduz os homens à rivalidade, à
inimizade e à guerra: porque o meio de um competidor satisfazer o seu desejo é matar,
submeter, suplantas ou repelir o outro”. HOBBES, não aceita da tradição clássica, a ideia de
que a vida em sociedade é natural, nem a noção de que o Estado é uma realidade que se
impõe ao homem sem que este tenha uma palavra a dizer sobre o assunto, nem a doutrina de
que o poder político vem de Deus e os súbditos lhe devem obediência por mandato divino.
HOBBES, procura sim, demonstrar que é por um acto racional e voluntario que os homens
optam por viver em sociedade e por obedecer ao Estado. Fazem-no, segundo ele, porque esta
solução é
melhor para eles, ou menos má, do que seria a vida em anarquia ou em guerra civil. Para isso,
HOBBES, descreve o que se passaria se os homens optassem por viver em anarquia ou, como
ele diz, em “estado de natureza”, ou seja, um Estado sem leis e sem governo. 

2.2. O “estado de natureza”: uma concepção pessimista acerca da natureza


humana:
Para HOBBES, o ser humano é essencialmente egoísta: move-se pela procura da sua
felicidade, do que seja bom para si e, a fim de não deixar piorar a sua condição, tem de
procurar aumentar sempre mais e mais o seu poder, em riqueza, honras ou autoridade.
Concluindo, HOBBES, que na natureza humana existem três principais caudas de conflito:
primeira a competição; segunda, a desconfiança; a terceira, a  vaidade. E remata, “ a primeira
torna os homens agressivos para o ganho; a segunda, para a defesa; e a terceira, para a
reputação”. Esta, é a concepção que HOBBES tem da natureza humana.

2.3. O “estado de natureza”: a guerra generalizada entre os homens


HOBBES não duvida um só instante do que aconteceria se os homens vivessem em “estado
de natureza”. “ É manifesto, escreve ele, que durante o tempo em que os homens viverem
sem um poder comum que os mantenha atodos em respeito, eles estarem naquela condição a
que chamamos de guerra; e essa é uma guerra de todos contra todos”.
Eis as próprias palavras do filosofo inglês:
“numa tal condição, não há lugar para as actividades produtivas,
porque os seus frutos são incertos; e consequentemente não existe
agricultura, nem navegação, nem utilização das riquezas que podem
ser importadas pelo mar, nem conhecimento da face da terra, nem
contagem do tempo, nem artes e letras, nem convivência. E o que é
pior de tudo, verifica-se um medo e um risco permanente de morte
violenta. E a vida do homem, é então, solitária, pobre, penosa,
embrutecida e curta”.

Este será, segundo, HOBBES, o panorama desolador do homem entre a si próprio, sem
Estado se sem autoridade, no “estado de natureza”. “ nesta guerra de todos os homens contra
todos os homens, há também esta consequência: é que nada pode ser injusto. As noções de
certo ou errado,  justo ou injusto, não têm ali qualquer lugar; onde não há um poder comum,
não há lei; e onde não há lei, não há injustiça (…). A justiça e a injustiça não são faculdades
do corpo ou do espírito; são qualidades que se relacionam com o homem em sociedade, não
em solidão.
Descreve ainda: também é uma consequência da mesma condição (o “estado de natureza”)
que ai não há propriedade, nem domínio, nem distinção entre o meu e o teu; só pertence a
cada homem aquilo de que ele puder apossar-se, e só pelo tempo por que o puder manter.

O “estado de natureza”: o medo da morte a primeira lei da Natureza


A maior paixão do homem a sua sensação mais forte, o principal motivo das suas acções é,
segundo HOBBES, o medo da morte.
Como é que esse sentimento condiciona a acção do homem no “estado de natureza”?

Segundo HOBBES, o principal direito natural de cada um desde logo, no “estado de


natureza” é “a liberdade que cada homem tem de usar o seu poder como ele mesmo quiser,
para preservar a sua própria natureza, isto é, a sua própria vida;”. Sendo isto assim, num
“estado de natureza”
caracterizado pela guerra de todos contra todos, todo o homem tem o direito e o dever, de
fazer tudo o que, segundo a sua razão, servir para “preservar a sua vida contra os seus
inimigos”. E, enquanto este direito natural de todos os homens a todas as coisas se mantiver,
não pode haver segurança para nenhum homem”. Como se vê, HOBBES, coloca o homem,
no “estado de
natureza”, perante uma alternativa fundamental: procurar a paz, mas, enquanto ela não existir,
fazer a guerra e defender a vida por todos meios ao seu alcance.
O “estado de natureza”: a necessidade da paz e a segunda lei da natureza.
A primeira lei da Natureza impunha, o dever de procurar a paz e de a manter. E agora,
HOBBES, começa abrir caminho para a ideia do Estado como criação voluntaria dos homens
através de um contrato. HOBBES conclui, pois, que para sair da guerra que caracteriza o
“estado de natureza1, e encontrar a paz que só é garantida pelo “estado de sociedade”, é
necessário que os homens renunciem, ao menos em parte, ao seu direito a todas as coisas, à
sua liberdade e o transfiram para um Poder comum a todos garanta a paz e a segurança. É o
que ROUSSEAU chamará, um século depois, o contrato social.

2.4. A passagem do “estado de natureza”ao “estado de sociedade”: o contrato


social.
Mas então o que hão-de-fazer, os homens para passar do “estado de natureza” ao “estado de
sociedade”?
HOBBES, responde que: “ é necessário instituir um Poder comum, para mente-los em
respeito, e para dirigir as suas acções para o bem comum”. E explica: “ a única maneira de
erigir um tal Poder comum (…) é os homens conferirem todo o seu poder e força a um
Homem, ou a uma assembleia de homens, que possa reduzir todas as vontade, pela maioria
das vozes, a uma
so vontade.
HOBBES, vê no “contrato social” a fonte de diversos efeitos: a união dos homens num
Estado; a renuncia de todos eles a uma parte do seu direito de se governarem e respectiva
transferência para o Soberano; a instituição deste e dos respectivos poderes; a escolha da
forma de governo desejada (monarquia ou republica); a constituição do conjunto como uma
unidade personificada, uma pessoa colectiva; a autorização da pratica dos actos necessários
para atingir os fins tidos em vista; e, por ultimo, a ideia de “representação”.
E portanto, para HOBBES o Estado nasce de um contrato pelo qual os homens alienam a
favor do Soberano direitos seus e, em especial, o direito de se governarem a si próprios e o
direito de defenderem pela força a sua vida e os seus bens.

HOBBES, considera então que os homens só se obrigam perante o Soberano no âmbito dos
fins que os determinam a formar o Estado, isto é, para a paz e a segurança, tanto no plano
externo como no plano interno. Segue-se dai que a obrigação dos súbditos tem a ver com a
manutenção da paz e da segurança, mas não com a auto-conservaçao do indivíduo: esta não
faz parte da obrigação dos súbditos, mas da sua liberdade. Por outras palavras, o direito à
vida é inalienável e, se alguém a ele renunciasse, tal acto seria nulo.

O segundo limite do Estado: a actividade privada dos cidadãos


Em HOBBES, o Estado não tem fins ilimitados: ele é uma criação humana com tarefas bem
precisas e bem delimitadas. Pois, para ele, o Estado serve sobretudo para garantir a paz e a
segurança dos indivíduos, quer contra o inimigo externo, quer contra as desordens e
perturbações internas. A partir dai, caberá à lei determinar outras funções acessórias que
devam pertencer ao Estado, mas tudo o resto competirá à actividade privada dos indivíduos.
O
Estado hobbesiano é autoritário, mas não é totalitário. Não pretende absorver na esfera da
acção pública todas as iniciativas e instituições privadas.
A ideia fundamental de HOBBES é que a defesa nacional e a segurança são tarefas do
Estado, ao passo que as industrias, isto é, actividades produtivas, é uma tarefa dos cidadãos,
no exercício da sua liberdade. No “ estado de natureza” não há garantia da propriedade, nem
protecção da divisão entre “o meu” e o “teu”; e no “estado de sociedade”, a distribuição
inicial das terras pelos súbditos é um poder do Soberano, que conserva sempre a faculdade de
retirar ou redistribuir a terra de forma diferente daquela por que inicialmente a distribuiu.

A concepção que HOBBES tem do Direito é, pois, inteiramente positivista: no “estado de


natureza” não há Direito, nem justiça; e no “estado de sociedade” só é Direito aquele que é
produzido pelo Estado através da lei, cuja validade não pode ser contestada, nem pelo
confronto com normas de valor superior, nem pela violação dos direitos fundamentais do
cidadão.
3. Analise das várias formas de governo
Para HOBBES, tal como para BODIN, a soberania não pode ser dividida nem partilhada:
pois, se houver partilha, quem tiver a última palavra é que será soberano, ou então haverá
dois soberanos, o que dividira não apenas o poder mas o próprio Estado. HOBBES manifesta
claramente a sua preferência pela Monarquia. Mas, trata-se da Monarquia no sentido grego
originário, o governo de um só homem, e não no sentido dinástico que se tornou tradicional
na Europa medieval e moderna. Para ele, o importante é que o Poder seja exercido por um só
homem, não que esse poder seja considerado como recebido de Deus ou seja transmitido por
via hereditária. Pois para HOBBES, é o próprio Soberano e funções que, por acto expresso ou
tácito da sua vontade, tem o direito e dever de escolher quem lhe há-de suceder, sob pena de
não ser um verdadeiro soberano e com risco de graves dissensões no reino.

Portanto, em HOBBES o governo de um só homem, aliás dotado de plenos poderes, não


deriva da graça de Deus mas de um “contrato social” subscrito pelo Povo, não segue
necessariamente a linha hereditária, e não comporta qualquer partilha com o Parlamento, nem
qualquer limitação perante os súbditos. Thomas Hobbes foi um filósofo, teórico político e
matemático inglês, considerado um dos principais expoentes do pensamento contratualista na
Filosofia Política. Hobbes foi muito próximo da família real e defendeu, até o fim de sua
vida, a monarquia. O principal livro escrito por Hobbes foi Leviatã.

Para Hobbes, o Estado deve ser forte e com o poder centralizado, pois ele precisa ter
capacidade para conter os impulsos naturais que promovem uma relação caótica entre as
pessoas. Hobbes trabalhou como preceptor de dois filhos da família Cavendish, tradicionais
nobres britânicos. O pensador foi influenciado por Francis Bacon, filósofo para o qual
Hobbes trabalhou como assistente durante algum tempo, Aristóteles e Maquiavel."

"Temos dois aspectos para apresentar como centrais na obra hobbesiana, sendo um do campo
da Filosofia teorética e outro da Filosofia prática. No campo teorético, Hobbes era um
empirista, defendendo que não há qualquer tipo de representação mental anterior à
experiência. Porém, a grande produção filosófica do pensador está ligada à Filosofia prática,
ou seja, à Filosofia política. No campo político, o inglês defendeu:

 estado de natureza humano como momento de inaptidão natural para a vida social;
 A sociedade como uma composição complexa de “átomos”, que são os indivíduos;
 contrato social como formação da comunidade humana que retira o homem de seu
estado de natureza;
 A necessidade da monarquia para estabelecer a ordem entre as pessoas.

3.1. Contrato social


Hobbes parte do pressuposto de que houve um momento hipotético em que os seres humanos
eram selvagens e viviam em seu estado natural. Para ele, esse momento era caótico, pois o ser
humano é, para Hobbes, naturalmente inclinado para o mal. Segundo o filósofo, os seres
humanos precisam da intervenção de um corpo estatal forte, com leis rígidas aplicadas por
uma monarquia forte, para que eles saiam de seu estado natural e entrem no estado civil.
Hobbes afirma que, em seu estado de natureza, “o homem é o lobo do homem”.

O estado civil seria a solução para uma convivência pacífica, em que o ser humano abriria
mão de sua liberdade para obter a paz no convívio social. O monarca, argumenta o filósofo,
pode fazer o que for preciso para manter a ordem social. A propriedade privada, para Hobbes,
não deveria existir e a monarquia é justificada pela sua necessidade como garantia do
convívio seguro."

3.2. Social
O pensamento político de Hobbes está indissociavelmente ligado à sua visão de homem (ser
humano). Não poderia ser diferente.
Para Hobbes, a condição humana é naturalmente belicosa e agressiva. O homem, em seu
estado de natureza, vive o que ele denomina de: “guerra de todos contra todos”. Hobbes vê o
homem, sem as leis ou um poder maior a controlá-lo, como “lobo do próprio homem”,
“homo homini lupus”, numa recriação do texto do dramaturgo romano Plauto (230-180 a.C),
em sua peça de teatro Asinaria (“Lupus est homo homini non homo”, seria o texto original).
No estado natural, portanto, na natureza, todos se opõem contra todos. O que vale, de fato, é a
“lei do mais forte”. Os mais fracos, seriam subjugados à força, sem direitos.
Em algum momento da história da humanidade, um pacto é realizado. Um pacto social
destinado a proteger os mais fracos e desassistidos dos mais fortes. Um mandante, na forma
de um soberano, de um rei, ou do estado, então, é escolhido para exercer este poder. Essa
cessão ou transferência de poderes a esta figura exercida pelo soberano, rei ou estado se dá
através de uma espécie de contrato social. 
O contrato social seria, segundo Hobbes, a única opção racional para os indivíduos saírem do
estado natural de guerra de todos contra todos, atribuindo-se ao soberano um poder visível e
concreto que seria capaz de manter, valendo-se da imposição e mesmo da força, a obrigação
de cada um em respeitar este pacto de convivência. Para Hobbes, “os pactos sem a espada
não passam de palavras” (“There is no word without sword”).    
A essa abordagem política de Hobbes, à do contrato social, costuma-se atribuir a designação
de: contratualismo. 

O contratualismo irá ser retomado, depois, em perspectivas distintas das de Hobbes por
outros filósofos e teóricos do poder do Estado como Jean-Jacques Rousseau (1712-1778),
John Locke (1632-1704), e mesmo por Immanuel Kant (1724-1804). Hobbes, Rousseau,
Locke e Kant formam os pensadores chamados de Contratualistas, na concepção do Estado
(a adesão de Kant ao contratualismo não é consenso entre os analistas da Filosofia ou da
Teoria Política, já que o pensador alemão desenvolve com muita força em seus escritos a
autonomia da razão, não estando esta limitada pela sociedade civil, e conduzindo, quase que
per si, o sujeito à liberdade). 
Para Hobbes, fundador, portanto, da interpretação política do contratualismo, o contrato
social foi forma encontrada pelos homens para estabelecer a passagem do estado de natureza
para a sociedade civil e, em última instância, seria ele a base de fundação do estado. 
Na visão de Thomas Hobbes, a disposição natural do homem não é para a vida harmônica em
sociedade, mas sim regida pelo egoísmo e pela busca de autopreservação. Tais instintos
naturais levariam à violência e subjugação do outro (homo homini lupus). Uma zona de
segurança e preservação mútua seria então proporcionada por este contrato social, que
concede a uma instância maior com poder de uso da força (Leviatã), que poderá estar
representado por um soberano, rei ou estado. 
Entretanto, é importante perceber aqui que Hobbes não atribui um poder divino a esta figura
representativa do poder e da força do estado. Hobbes está na passagem do Medievo para a
Idade Moderna. Sua base de pensamento busca ser científica. Suas inspirações fundamentais
são a matemática e a física. O poder soberano em Hobbes existe para frear a condição natural
dos homens, impedindo a subjugação de um pelo outro, e permitindo a coexistência entre
eles.  E é exatamente esta transferência de direitos ao poder soberano que estabelece o
contrato social e impede a “guerra de todos contra todos”.
Thomas Hobbes avança em relação às abordagens políticas até então existentes.  Se defende
ele a necessidade de um poder central e absoluto, na forma de rei, soberano ou estado, em
razão de sua concepção acerca da natureza humana (belicosa, hostil e egoística), ele supera a
concepção de um soberano com poderes divinos, ungido e abençoado por forças
sobrenaturais, mas em uma visão de certa forma racionalista, sustenta sim que a centralidade
desse poder é fundamental para a manutenção de uma ordem social aceitável.
Este soberano, cuja existência Thomas Hobbes advoga, não estaria legitimado por um poder
divino ou transcendental para governar sob suas preferências pessoais, mais sim pela
transferência da vontade e poder de agir na defesa da ordem dos indivíduos para um poder
centralizado e dotado de força, pela lavratura consuetudinária do contrato social. Por essa
razão, Hobbes foi severamente acusado em seu tempo de ser nada mais de que apenas um
ateu e materialista, tendo várias obras censuradas, inclusive por estar contestando o chamado
direito divino até então utilizado para justificar as monarquias euroéias.
Evidente, todavia, que Thomas Hobbes não era um liberal. Uma versão liberal do
contratualismo virá mais tarde com o também inglês John Locke, com a publicação de seu
principal tratado político Dois Tratados sobre o Governo, em 1689, quase 40 anos depois do
Leviatã (1651).
O contratualismo de Hobbes preconizava um soberano absoluto, ainda que não descartasse,
por exemplo, que este poder estivesse distribuído em uma assembleia. Mas ele argumentava
que as prováveis disputas internas de poder, existentes a partir de facções existentes dentro
desta própria assembleia, poderiam levar ao seu enfraquecimento exatamente em sua
principal missão: preservar as relações sociais tensionadas a partir de sua visão de natureza
humana.

Para controlar esse estado de natureza humana, ou este estado natural, fundamentou a
existência e a necessidade de um pacto. Um pacto de preservação mútua, com a transferência
do direito de agir em sua própria defesa a um poder central dotado de capacidade de uso da
força: o contrato social. 
Talvez Thomas Hobbes tenha antecipado uma visão do humano semelhante àquela
apresentada por Sigmund Freud (1856-1939), especialmente em suas obras Totem e Tabu
(1913) e Mal-estar na Civilização (1930), onde o homem é compreendido como o próprio
inimigo da civilização, e que apenas não faz prevalecer seus instintos pulsionais (naturais)
por medo da punição.
Hobbes, entretanto, não defende o soberano tirânico, autossuficiente e egocêntrico.
Características que poderiam ser justificadas ou justificáveis à luz da teoria do direito divino.
Para o Pensador inglês, o uso da autoridade e da força do poder absoluto deveria ser levado
adiante na defesa e preservação do interesse coletivo, daqueles que “firmaram” o contrato
social.
Em última instância, é possível dizer que a fundamentação política de Thomas Hobbes, a
figura por ele trazida no Leviatã e a defesa da necessidade de um poder absoluto visam
apenas à preservação da sociedade.
Mais talvez do que se concordar com a visão de homem, de natureza humana, e de sociedade
expostas pelo Filósofo inglês, é preciso compreendê-la. Para compreendê-la, é necessário
enxergar e entender o contexto cultural que produziu não somente o pensador, mas o
indivíduo Thomas Hobbes.
 
 
 
 
 
4. Conclusão
Para Hobbes, um soberano absoluto, desobrigado destas forças contraditórias inerentes às
disputas de poder, poderia exercia seu ofício de modo mais eficaz: o rei ou soberano não está
a serviço das determinações divinas ou de suas próprias vontades, mas cumprindo um papel
dentro do contrato social.
Diante de todo este contexto, produziu uma das principais obras políticas até hoje existentes,
o Leviatã. Antes dela, talvez apenas os textos A Política, de Aristóteles (384–322 a.C.) , ou O
Príncipe, de Maquiavel (1469-1527), fossem tão conhecidos e importantes no mundo
ocidental como tratados sobre a organização do estado.
Com o olhar para os avanços científicos e culturais da época, quis construir sua filosofia
política sobre uma base racional de conhecimento. No Leviatã, bem como no De Cive antes,
tenta fundamentar a melhor forma de governo, que para ele exige a centralização de poder,
mas substituindo a tese então vigente do direito divino.
Hobbes mergulhou no estudo da natureza humana. Enxergou o homem como egoísta, com
elevado instinto de autopreservação, e pronto a destruir qualquer um que atrapalhasse sua
busca por preservação. Pronto a subjugar e dominar. O mais forte dominando o mais fraco. O
mais fraco engendrando meios de, por sua vez, subjugar o mais forte.
4.1. BIBLIOGRAFIA
 
1.      HOBBES, Thomas. Leviatã, ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico
e Civil. In: Coleção Os Pensadores, São Paulo: Nova Cultural, 1988.
 
2.      HUISMAN, Denis. Dicionário de Obras Filosóficas. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

3. Gil, António Carlos (2002). Como elaborar projectos de pesquisa, 4a edição. São Paulo:
Atlas, 2008

 
4.      KELLY, Paul (et alii). O Livro da Política. São Paulo: Globo, 2013.
 
5.      PRADEAU, Jean-François (Org.). História da Filosofia. 2. ed. Petrópolis: Vozes; Rio
de Janeiro: PUC-Rio, 2012.
 
6.      WARBURTON, Nigel. Uma Breve História da Filosofia. 2. ed. Porto Alegre: L&PM,
2012.

7. Veja mais em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/thomas-hobbes.htm

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