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RESUMO

Os serviços móveis em Portugal são um meio útil e eficaz de fazer chegar os


serviços bibliotecários a quem mais precisa, a quem menos meios de acesso tem aos
equipamentos culturais, predominantemente existentes nas sedes dos concelhos. Apesar de
se assistir a um reinvestimento neste tipo de bibliotecas, outrora prestado pela Fundação
Calouste Gulbenkian, ainda não são uma realidade em todo o país.
Propomos um caminho para que os atuais bibliomóveis portugueses ampliem o seu
foco de atuação, alterem o seu modelo e se adaptem às exigências da sociedade do
conhecimento, pois só assim se tornarão organismos dinâmicos, inovadores, competitivos
e amplamente reconhecidos.
A avaliação dos serviços é justificada pela necessidade de melhoria constante na
prestação de um serviço que se pretende mais adequado, mais eficaz, mais efetivo. A
análise estratégica subsequente de uma matriz SWOT ajudou a comprovar que os
bibliomóveis deverão reposicionar-se junto da sociedade, trilhando um caminho pró-ativo
e dinâmico na transmissão do conhecimento.
A identificação das dimensões do serviço itinerante foi obtida através da aplicação
de um questionário e a análise dos dados permitiu-nos, de forma segura refletir sobre a
realidade e delinearmos algumas propostas e recomendações de atuação, com vista a
melhorar a qualidade do serviço em aspetos muito concretos.
Genericamente procurámos lançar uma reflexão sobre os bibliomóveis do futuro,
inseridos num serviço público de qualidade em linha com as modernas formas de gestão
da Administração Pública, assentes numa clara definição de objetivos e resultados a
alcançar, em metodologias de trabalho em rede e de participação ativa, colaborativa,
eficiente, célere, simplificada, transparente, e centradas na satisfação e proximidade do
utilizador, sob o ponto de vista organizacional.

PALAVRAS-CHAVE: Bibliomóvel, diagnóstico, análise estratégica, gestão da


qualidade.

1
ABSTRACT

The mobile services in Portugal are a useful and effective to convey library services
to those who need, who have less means of access to cultural facilities, existing
predominantly in the main cities. It exists some of this services, formerly provided by
Calouste Gulbenkian’s Foundation, but it’s not a reality in the whole country.
We propose a way for the current Portuguese circulating library to expand its
performance, changing their way and adapt to the demands of the knowledge society,
because it is the only way to become dynamic, innovative, competitive and widely
recognized.
In this context, it was important to accomplish the evaluation of these services,
which is justified by the need for constant improvement. This service has to be more
appropriate, efficient and effective.
The implementation of a strategic review following a SWOT helped to prove that
the circulating library should restore itself in the society, following a proative and a
dynamic path in the transmission of knowledge.
To identify the dimensions this circulation, we applied a questionnaire to the leaders.
The data analysis was a safe way to seek the reality through the correct facts. And at the
end we can make some proposals and recommendations, to improve the dynamism and
quality of service aspects.
We tried to launch a debate on the future circulating libraries, housed in a quality
public service with modern forms of management of Public Administration, based on a
clear definition of objetives and results to be achieved in methods of networking and ative,
collaborative, efficient, speedy, methodology and clear participation. These systems can
be placed on the customer satisfaction and with it, we can, also, be near the user.

KEYWORDS: Mobile library, Bibliomóvel, diagnosis, strategic analysis, quality


management

2
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS

ABS – Antiblockier-Bremssystem
ACEBLIM – Associación de Profissionales de Bibliotecas Móviles
APBAD – Associação Portuguesa de Bibliotecários Arquivistas e Documentalistas
ASR – Anti Slip-Regulation
BIIG – Biblioteca Itinerante pela Igualdade do Género
BCE – Biblioteca Central de Empréstimos
BPL – Biblioteca Popular de Lisboa
CDU – Classificação Decimal Universal
EFQM – European Foundation for Quality Management
F.C.G. – Fundação Calouste Gulbenkian
FOFA – Fraquezas, Oportunidades, Forças, Ameaças
IBPM – Inspeção das Bibliotecas Populares e Móveis
IFLA – International Federation of Library Associations
ILPB – Instituto Português do Livro e das Bibliotecas
IRC – Índice de Restituição Cromática
ISO – International Organization for Standardization
ONU – Organização das Nações Unidas
PIDE – Polícia Internacional e de Defesa do Estado
SWOT – Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats
UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
SBAL – Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura
SBI – Serviço de Bibliotecas Itinerantes
SBIF – Serviço de Bibliotecas Itinerantes e Fixas
S. N. I. – Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo
SIADAP – Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na Administração
Pública
UGR – Unified Glare Rating
UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta

3
ÍNDICE

1. – INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
2. – JUSTIFICAÇÃO DO TEMA .................................................................................... 13
3. – OBJETIVOS E METODOLOGIA ........................................................................... 14
3.1. – Objetivos ---------------------------------------------------------------------------------- 14
3.2. – Metodologia------------------------------------------------------------------------------- 15
4. - DESCRIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO .............................................................. 20
4.1. – Definição e conceito do serviço -------------------------------------------------------- 20
4.2. – As origens das bibliotecas itinerantes em Portugal ---------------------------------- 22
4.3. – As bibliotecas itinerantes da Gulbenkian --------------------------------------------- 24
4.4. – O advento dos novos bibliomóveis ---------------------------------------------------- 31
4.5. – Os bibliomóveis atuais ------------------------------------------------------------------ 32
5. – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS .................................................... 37
5.1. - Os veículos -------------------------------------------------------------------------------- 37
5.2. – Características dos veículos ------------------------------------------------------------- 40
5.2.1. – Carroçaria e mecânica ................................................................................... 40
5.2.2. – O interior dos bibliomóveis ------------------------------------------------------- 44
5.3. – Mobiliário e equipamentos -------------------------------------------------------------- 48
5.4. – Rotas, periodicidade e tempos de paragem ------------------------------------------- 54
5.5. – Horário de funcionamento dos bibliomóveis ----------------------------------------- 57
5.6. – Pessoal afeto ao serviço ----------------------------------------------------------------- 59
5.7. – Público-alvo------------------------------------------------------------------------------- 62
5.8. – Serviços e atividades--------------------------------------------------------------------- 66
5.9. - Coleção ------------------------------------------------------------------------------------ 71
5.10. – Diagnóstico dos serviços e dos equipamentos -------------------------------------- 77
5.10.1. – Análise swot ................................................................................................ 78
5.10.2. – Gestão da qualidade -------------------------------------------------------------- 85
5.10.3. – Análise estratégica para melhorar o serviço ----------------------------------- 90
5.11. – O futuro------------------------------------------------------------------------------- 93
5.11.2. – Associação de bibliotecários móveis .......................................................... 96

4
6. - CONCLUSÃO ............................................................................................................. 98
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 103
Anexo A – Inquérito .......................................................................................................... 107
Anexo B – Contatos dos atuais bibliomóveis .................................................................... 119
Apêndice C – Tabelas descritivas com imagens sobre os atuais bibliomóveis ................. 124
Anexo D – Dados estatísticos ............................................................................................ 136
Apêndice E – Itinerários .................................................................................................... 187

5
Índice de Tabelas

Tabela 4.1 – Evolução das bibliotecas itinerantes da Gulbenkian....................................... 30


Tabela 4.2 – Bibliomóveis por distrito em 2012 ................................................................ 34
Tabela 5.3 – Horário de funcionamento dos bibliomóveis ................................................. 57
Tabela 5.4 – Análise SWOT / Ambiente Interno ................................................................ 79
Tabela 5.5 – Análise SWOT / Ambiente Externo ............................................................... 82
Tabela 5.6 – Plano de ação / Estratégias de melhoria......................................................... 91
Tabela 5.7 – Causas apontadas ........................................................................................... 94

6
Índice de Mapas

Mapa 4.1 – Distribuição geográfica das bibliotecas da Gulbenkian ................................... 30

7
Índice de Gráficos

Gráfico 5.1 – Forma de aquisição........................................................................................ 37


Gráfico 5.2 – Data de início da atividade dos bibliomóveis................................................ 38
Gráfico 5.3 – Tipo de veículo .............................................................................................. 40
Gráfico 5. 4 – Marca dos veículos ....................................................................................... 41
Gráfico 5.5 – Medidas dos veículos .................................................................................... 43
Gráfico 5.6 – Peso do veículo ............................................................................................. 43
Gráfico 5.7 – Isolamento, ar condicionado e iluminação .................................................... 44
Gráfico 5.8 – Tomadas nas paragens ................................................................................... 46
Gráfico 5.9 – Acessos para deficientes ................................................................................ 47
Gráfico 5.10 – Número de estantes ..................................................................................... 49
Gráfico 5.11 – Mesas de trabalho ........................................................................................ 50
Gráfico 5.12 – Lugares sentados ......................................................................................... 50
Gráfico 5.13 – Computadores do público e dos técnicos .................................................... 52
Gráfico 5.14 – Outros equipamentos ................................................................................... 52
Gráfico 5.15 –Ecrãs e leitores de DVD ............................................................................... 53
Gráfico5.16 – Tempo de paragem ....................................................................................... 56
Gráfico 5.17 – Sinalização das paragens ............................................................................. 56
Gráfico 5.18 – Categorias profissionais dos funcionários ................................................... 60
Gráfico 5.19 – Número de funcionários .............................................................................. 60
Gráfico 5.20 – Responsável pelo equipamento ................................................................... 61
Gráfico 5.21 – Público-alvo ................................................................................................ 62
Gráfico 5.22 – Utilizadores por sexo................................................................................... 63
Gráfico 5.23 – Número de utilizadores inscritos ................................................................. 64
Gráfico 5.24 – Número de utilizadores diários ................................................................... 65
Gráfico 5.25 – Serviços prestados pelos bibliomóveis........................................................ 67
Gráfico 5.26 – tividades ...................................................................................................... 68
Gráfico 5.27 – Periodicidade das atividades ....................................................................... 70
Gráfico 5.28 – Volume da coleção....................................................................................... 72
Gráfico 5.29 – Fundo próprio .............................................................................................. 73
Gráfico 5.30 – Periodicidade de renovação do fundo ......................................................... 73
Gráfico 5.31 – Documentos adquiridos anualmente ........................................................... 74

8
Gráfico 5.32 – Quem faz o tratamento documental ............................................................ 74
Gráfico 5.33 – Documentos inseridos no catálogo.............................................................. 75
Gráfico 5.34 – Documentos reguladores ............................................................................. 87
Gráfico 5.35 – Avaliação ..................................................................................................... 88
Gráfico 5.36 – Classificação da qualidade do serviço......................................................... 89
Gráfico 5.37 – Análise estratégica ....................................................................................... 90
Gráfico 5.38 – Criação de uma rede de bibliotecas móveis ................................................ 94
Gráfico 5.39 – Criação de uma associação de bibliotecários móveis.................................. 96

9
1. – INTRODUÇÃO

O presente trabalho de investigação insere-se no âmbito da componente não letiva


do Mestrado em Ciências Documentais, especialização biblioteconomia, opção tese de
dissertação, da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve.
Intitulado “Bibliomóveis portugueses: diagnóstico de um caso sustentável de
extensão biblioteconómica”, o trabalho versa sobre a importância de uma tipologia
específica de bibliotecas, o bibliomóvel, um equipamento pouco estudado no nosso país.
Quando nos deparámos com esta realidade, compreendemos a pertinência, a relevância e a
inovação que o nosso trabalho podia trazer ao contexto profissional. O seu caráter inédito
implica que as referências são escassas, devendo o trabalho ser considerado como o início
de um processo de audição interna, que poderá ser constante no futuro e, se possível, mais
específico.
A necessidade de consolidar o nosso conhecimento sobre a temática, levou-nos a
efetuar um estudo de caso, consubstanciado na realização de uma análise SWOT1,
ferramenta essencial de gestão, para a tomada de decisões estratégicas, com o objetivo de
obtermos, por um lado, um conhecimento efetivo da realidade portuguesa e, por outro
lançar, entre os pares o debate sobre a relação custo benefício de um serviço que se
pretende de qualidade.
Apresentando-se os bibliomóveis como equipamentos de extensão cultural das
bibliotecas públicas, nas zonas onde estas ainda não estão implementadas, procurámos
realizar não só o diagnóstico da situação nacional, mas também concetualizar o tema,
explicitar os novos desafios que se colocam a estes equipamentos no acesso à informação,
ao conhecimento e à promoção da leitura e, por último, apontar novas soluções complexas
e integradas que possam contribuir para melhorar a qualidade do serviço.
Garantir o sucesso de funcionamento dos bibliomóveis implica antecipar ocorrências
e necessidades numa diversidade de cenários, para que desse modo se possam encontrar
soluções organizacionais adequadas. A conjugação de todos os fatores será determinante
para a sobrevivência dos referidos equipamentos, no atual contexto socioeconómico.
Os bibliomóveis portugueses são uma realidade, mas é um facto que estes

1
Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats, que em português se traduz por FOFA,
anagrama de Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças.
10
equipamentos ainda não foram objeto de atenção e de debate, ao contrário do que acontece
em outros países, como por exemplo em Espanha, onde até já existe uma associação
profissional, a Associación de Profissionales de Bibliotecas Móviles (ACEBLIM).
Apesar de não ser nossa pretensão dar a esta investigação um enfoque social,
acreditamos que os bibliomóveis podem e devem contribuir para a construção da
identidade cultural nacional e regional. Concebidos como um serviço público, os referidos
equipamentos são o melhor meio para o poder local disponibilizar a todos os cidadãos,
independentemente do seu lugar de residência, o acesso à cultura, à educação, à
informação, ao livro e à leitura de forma democrática e com um elevado índice de
qualidade, permitindo assim o direito à equidade no que concerne à promoção de hábitos
de leitura.
Este trabalho está estruturado em nove capítulos, organizados sequencialmente com
o objetivo de proporcionar uma leitura lógica e clara. Desta forma, começa-se no primeiro
capítulo, pela introdução com o objetivo de apresentar ao leitor o tema da investigação,
seguindo-se, posteriormente, no segundo capítulo, a justificação da escolha do tema.
Apresentamos em seguida, no terceiro capítulo, os objetivos, a problemática da
investigação, a metodologia adotada, destacando-se o seu caráter quantitativo e
qualitativo, a caracterização do universo em estudo, as técnicas e os instrumentos de
recolha de dados.
No quarto capítulo, descrevemos a evolução histórica dos bibliomóveis em Portugal,
desde Branquinho da Fonseca até aos nossos dias.
A partir do quinto capítulo, entramos no estudo de caso. Iniciamos com a análise das
especificidades do próprio equipamento, tendo em conta as características técnicas dos
veículos, os horários e as rotas, o pessoal afeto, os equipamentos e a difusão do serviço,
com a finalidade de oferecer elementos de reflexão e de comparação, entre os diversos
equipamentos.
No sexto capítulo, a análise focaliza-se na coleção dos referidos equipamentos.
No sétimo capítulo, dedicado ao diagnóstico e à gestão da qualidade dos serviços e
dos equipamentos, elaboram-se análises dos dados obtidos na aplicação de uma avaliação
SWOT.
No oitavo capítulo, perspetiva-se o futuro dos bibliomóveis em Portugal.
Seguidamente no último capítulo são apresentadas as conclusões obtidas a partir da
investigação e faz-se a relação entre estas e as questões de investigação definidas

11
inicialmente. São também destacadas algumas tendências evidenciadas na reflexão
realizada e que deverão fundamentar a intervenção dos bibliotecários no futuro. Por
último, analisamos criticamente o processo e apresentam-se soluções que poderão
contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços.

12
2. – JUSTIFICAÇÃO DO TEMA

No capítulo que agora se inicia justificamos o contexto motivacional da temática


abordada nesta investigação.
Após observarmos e analisarmos a realidade portuguesa decidimos que o trabalho
deveria refletir sobre os bibliomóveis portugueses, porque consideramos estes
equipamentos a melhor via para promover a igualdade de acesso ao livro, à informação e
ao conhecimento, em zonas rurais, isoladas e com baixa densidade populacional.
Tendo em conta o exposto anteriormente, podemos afirmar que as motivações que
conduziram a esta investigação prendem-se sobretudo com razões de natureza pessoal e
profissional, mas também com razões de natureza científica, ao constatarmos que apesar
de esta ser uma temática abundante e recorrente na literatura internacional, a nível
nacional são manifestamente insuficientes os estudos sobre a referida temática.
Como o futuro será governado por pessoas que pensarão conceptualmente e não
tecnicamente, que devem entender o processo e não apenas as funções, que devem
entender o Todo e não apenas as partes, ou seja, que devem pensar Holísticamente, foi
nossa motivação profissional chamar à atenção, não só dos profissionais, mas também das
entidades competentes, para a necessidade de se refletir sobre este tipo específico de
biblioteca. Profissionalmente é essencial que se continuem a implementar estes serviços,
nas diversas unidades de informação do país, uma vez que tais equipamentos são
profícuos na difusão da rede de leitura pública, na descentralização da cultura e na
divulgação do livro nos locais onde as populações não têm acesso a uma biblioteca
pública.
Assumindo que o conhecimento se encontra num processo de especialização
crescente e em que todas as áreas do saber tendem a receber um tratamento elaborado e
progressivamente mais exaustivo, decidimos elaborar um projeto onde alcançássemos um
conhecimento mais abrangente sobre a referida realidade (diagnóstico), e aferíssemos a
qualidade do seu funcionamento.
Num contexto socialmente conturbado, como aquele em que vivemos atualmente,
foi nossa motivação pessoal, demonstrar que os bibliomóveis são equipamentos adaptáveis
às necessidades informacionais dos utilizadores e à distribuição territorial, e que a sua área
de intervenção deve ser considerada prioritária em qualquer tomada de decisão.

13
3. – OBJETIVOS E METODOLOGIA

3.1. – OBJETIVOS

Os objetivos desta dissertação são de ordem teórica, mas também prática e todas as
considerações epistemológicas analisadas sobre os bibliomóveis tem a sua aplicação
prática no caso português.
O objetivo principal deste trabalho consiste em analisar o serviço de bibliomóveis
em Portugal, evidenciando ao mesmo tempo a necessidade da sua manutenção, nas zonas
onde não existem bibliotecas públicas. Olhando para este fenómeno constatamos que estes
equipamentos só sobreviverão no atual contexto sócio-económico, se os bibliotecários
forem capazes de renovar, renascer e recriar os seus objetivos, adaptando-se às atuais
mudanças estruturais e organizacionais, para desse modo gerar valor tanto para as
populações visitadas como para a instituição que o integra.
Entendido como uma organização, o bibliomóvel, tal como o seu conceito, têm sido
marcados por algumas evoluções, motivadas por uma permanente necessidade de
adaptação a novas realidades socioeconómicas, culturais, políticas e tecnológicas. Estes
pressupostos levam-nos a delinear os objetivos específicos, numa perspetiva dinâmica,
construtiva e apelativa: realizar um diagnóstico organizacional, avaliar a qualidade, a
eficiência, a eficácia e o custo-benefício do serviço, segundo a visão dos responsáveis dos
equipamentos.
Por último é nosso objetivo terminar este trabalho com a apresentação de sugestões
provenientes da análise conjunta e cumulativa dos diversos objetivos e hipóteses
formuladas.

14
3.2. – METODOLOGIA

A elaboração de um projeto de pesquisa e o desenvolvimento da própria pesquisa


exigem um planeamento cuidadoso e reflexões sólidas, alicerçadas em conhecimentos já
existentes, encontrando-se implícito que o êxito de uma pesquisa dependerá da
objetividade, da clareza e da coerência da metodologia a seguir.
Com a finalidade de alcançar os objetivos propostos neste trabalho, optou-se por
seguir os princípios do procedimento científico, em ciências sociais, de Raymond Quivy e
Luc Van Campenhoudt (2005)2.
Pelo facto de considerarmos que os bibliomóveis são equipamentos com sinergias
específicas, próprias para quebrar o isolamento das comunidades onde circulam, e quem
sabe, talvez a única fonte de construção do pensamento crítico e social das comunidades
que visitam, levou-nos a formular a seguinte questão de partida:
— Qual o nível organizacional em que se encontram os bibliomóveis portugueses?
Obviamente, não podemos pensar sobre estas questões, sem antes equacionarmos as
mudanças organizacionais com que as bibliotecas se têm confrontado nos últimos anos,
devido ao facto de operarem com mais recursos informacionais e mais competências.
Com a finalidade de compreender e conseguir responder à questão inicial,
formulámos as hipóteses orientadoras deste estudo:
— O nível organizacional dos bibliomóveis permitir-lhes-á serem promotores da
rede de leitura pública nacional?
— Os bibliomóveis apresentam-se como a ferramenta ideal para oferecer os serviços
de uma biblioteca às populações, na maioria das vezes envelhecidas, das zonas rurais,
desertificadas e com fraca densidade populacional?
— Os serviços oferecidos pelos bibliomóveis são de qualidade?
Mas, para provar ou não estas hipóteses teremos que analisar diferentes variáveis:
1 – Investigar as estratégias delineadas pela própria instituição
Fatores para o funcionamento (infraestruturas e equipamentos); utilização instrumentos de

2
Referências expressas na obra “Manual de Investigação em Ciências Sociais”, na qual o
procedimento científico é formado por um conjunto de sete etapas (pergunta de partida,
exploração, problemática, construção do modelo de análise, observação, análise das informações e
conclusões), consubstanciadas em três atos (rutura, construção e verificação), (Quivy e
Campenhoudt, 2005, pp. 24-28).
15
organização, gestão e comunicação (regulamentos, manuais de procedimentos, difusão do
serviço, segundo as novas formas de gestão da função pública); elaboração de um
planeamento estratégico para melhorar o serviço; formação dos recursos humanos;
parcerias; atividades (culturais e de promoção da leitura); estudos de utilizadores (perfil e
necessidades de informação); influência destes fatores na vivência dos bibliomóveis.
2 – Analisar o funcionamento
Avaliação da qualidade do serviço; avaliação dos custos-benefícios do serviço;
fatores de sucesso e de insucesso.
3 – Levantar questões pertinentes para, com maior rigor, chegarmos a uma
conclusão final
Disponibilização de recursos tecnológicos (contributo e inovação do serviço);
impacto das condições socioeconómicas na área da biblioteconomia e a partir daí procurar
novos modelos de sustentabilidade, para de forma planeada, otimizar recursos; cenários
futuros (construção de uma rede ou a formação de uma associação de bibliotecários
móveis).
Formulada a pergunta de partida, as hipóteses e as variáveis, passou-se à fase
exploratória, constituída pelas operações de leitura, que asseguraram o objetivo teórico da
nossa investigação e ajudaram a explicitar o problema. Esta etapa caracterizou-se pela
pesquisa e seleção de documentação publicada (livros e artigos), pela revisão bibliográfica
e pela interpretação e análise de textos.
A nível nacional, a bibliografia existente sobre o objeto de estudo, é escassa,
limitando-se a alguns artigos publicados, a um estudo realizado em 2010, e à informação
disponível nos sites das bibliotecas públicas e das respetivas Câmaras Municipais e no site
da Nave Voadora.
Pelo contrário, a nível internacional, além dos documentos técnicos normativos,
confrontámo-nos com uma parafernália documental (incluindo na internet),
caracterizadora dos diversos serviços móveis, o que nos obrigou a selecionar os artigos
mais adequados a este estudo.
Na fase de observação3 optou-se pelo método de análise estudo de caso. Na
realidade este tipo de investigação faculta-nos a descoberta do essencial e permite-nos

3
Segundo Quivy e Campenhoudt, 2005 a observação consiste num conjunto de operações através
das quais o modelo de análise é confrontado com dados observáveis.
16
analisar, avaliar e desenvolver teorias sobre o fenómeno estudado, utilizando para tal um
sistema lógico de recolha de dados. Este modelo de análise levou-nos a elaborar um
estudo de natureza quantitativa e exploratória, cuja técnica de recolha de dados adotada,
foi o inquérito por questionário.
Desenhámos um questionário objetivo, com o intuito de motivar os inquiridos a
preenchê-lo, com instruções sobre a forma de responder a cada questão e redigido com
perguntas claras, coerentes e neutras, de modo a obter respostas fiáveis, sendo que
algumas eram de resposta obrigatória.
Construímos um questionário misto, isto é, com questões de resposta aberta, que
proporcionam maior detalhe nas respostas e permitem ao inquirido responder livremente,
e com questões de resposta fechada, mais objetivas e que possibilitam ao indivíduo
selecionar a opção que mais se adequa à sua situação.
Estruturalmente, o inquérito4 apresenta um total de sessenta e uma questões,
divididas em nove partes, que correspondem a diferentes objetivos:
1ª – Identificar e caracterizar o bibliomóvel (circulação, horários, itinerários, etc.);
2ª – Aferir para que público trabalha e contabilizar os seus utilizadores;
3ª – Conhecer a formação académica dos técnicos afetos ao equipamento;
4ª – Caracterizar o fundo documental (número, periodicidade de renovação, etc.);
5ª – Descrever os serviços disponibilizados (equipamentos, serviços e atividades);
6ª / 7ª – Efetuar o diagnóstico estratégico, através de uma análise SWOT (identificar
internamente os pontos fracos e fortes e externamente as oportunidades e as ameaças);
8ª – Avaliar a qualidade do serviço;
9ª – Captar opiniões pessoais e futuras sobre este tipo de equipamentos.
O questionário foi aplicado por administração direta e enviado por correio
eletrónico5 para as bibliotecas municipais do concelho onde circula o bibliomóvel, já que a
maioria dos veículos não possui contato institucional direto.
Para a elaboração do inquérito foi necessário aferir quais os softwares disponíveis
para a implementação deste tipo de inquérito e quais as funcionalidades e as

4
Ver documento em Anexo A.
5
Segundo Yan Zhang são várias as vantagens dos questionários eletrónicos. Custo quase
inexistente no envio dos questionários, maior rapidez na obtenção das respostas, maior alcance de
pessoas localizadas em áreas remotas, meio eficiente para obter um elevado número de respostas
(Zhang 1999).
17
potencialidades que ofereciam.
O software utilizado para a construção do inquérito foi o Google docs, uma
aplicação livre disponível na Internet que permitiu escolher diferentes interfaces, utilizar
diversas tipologias de questões (resposta múltipla, sim/não e respostas diretas) e
simplificar a análise quantitativa das respostas. Foi igualmente necessário criar um
domínio para alojar o inquérito, que permitiu criar a hiperligação de acesso ao mesmo6.
O estudo incidiu sobre uma amostra de 26 bibliomóveis7, distribuídos por doze
distritos (Vila Real, Viseu, Viana do Castelo, Setúbal, Porto, Leiria, Guarda, Coimbra,
Castelo Branco, Braga, Beja, Aveiro), tendo a recolha de dados sido efetuada no período
compreendido entre 4 de março e 15 de abril de 2012. De modo a agilizar e a humanizar o
projeto, a meio do período de aplicação do questionário, efetuámos telefonemas8 para as
bibliotecas públicas que ainda não tinham respondido ao inquérito, a solicitar o
preenchimento do mesmo. A aplicação da amostra teve por base um universo de 69
bibliomóveis9, distribuídos pelos dezoito distritos de Portugal continental e por um distrito
dos Açores, sendo que onze informaram que já não dispunham de bibliomóveis, passando
assim o universo para 58.
De referir que 4 das respostas foram consideradas inválidas, por as mesmas se
encontrarem incorretamente preenchidas. Inicialmente previu-se a aplicação mínima de
uma amostra de 30% do universo (17), valor que foi largamente ultrapassado, tendo-se
obtido 45% (26) de respostas.
Durante o mesmo período foi igualmente criado um endereço de correio eletrónico10
que permitiu aos inquiridos reportar problemas no preenchimento do inquérito, fazer
comentários ou colocar questões11.
A aplicação do questionário foi precedida de um pré-teste, no mesmo formato, a
duas bibliotecas, com o objetivo de testar a formulação e compreensão das questões,
quanto à forma e conteúdo, tendo sido reportado, pelos inquiridos, que existia uma
pergunta ambígua, a qual foi corrigida em tempo real.

6
Https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dDBqZ3BCQS1STlJFNVcxaUJFdlBG
a1E6MQ
7
A = Amostra (n.º de bibliotecas que responderam ao inquérito).
8
Ver contatos em Anexo B
9
U = Universo / População (total de bibliomóveis existentes em Portugal).
10
[email protected]
11
Salientamos as felicitações recebidas, a louvar a iniciativa de um estudo sobre esta temática.
18
Após o término do prazo de resposta ao questionário, procedemos à análise dos
dados através do programa Excel para onde se importaram, de forma automática, as
respostas do inquérito, permitindo uma análise estatística descritiva.
Na descrição dos dados qualitativos, usámos tabelas cruzadas, e para a análise
descritiva recorremos a vários tipos de gráficos (anel, barras, circulares e colunas).
Finalizada a análise estatística dos dados, tornou-se possível produzir algumas
conclusões quando fundamentámos a teoria com os dados obtidos.

19
4. - DESCRIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

4.1. – DEFINIÇÃO E CONCEITO DO SERVIÇO

Os serviços da biblioteca pública destinam-se ao usufruto de toda a população do


município que servem. Porém condicionantes de diversa ordem (distância física, baixo
nível de escolaridade, constrangimentos de ordem económica e social, desconhecimento
dos serviços prestados, etc.) dificultam ou impedem os habitantes das freguesias e dos
núcleos mais afastados dos centros urbanos, de acederem, enquanto cidadãos de pleno
direito, aos serviços aí existentes.
Para colmatar esses impedimentos, é essencial desenvolver projetos de extensão
bibliotecária inovadores, que conduzam a biblioteca para o exterior do seu espaço físico
procurando, desse modo, ir ao encontro de diferentes tipos de público da comunidade que
servem, criando uma rede de leitura pública que contrarie o ciclo de exclusão das
comunidades isoladas e aumente as coberturas concelhias.
O bibliomóvel constitui um projeto de extensão bibliotecária que oferece às
populações o usufruto de um programa de promoção de leitura regular, adequado às
necessidades da sua comunidade.
A biblioteca móvel define-se como um serviço público de extensão de uma qualquer
biblioteca pública, gerida por profissionais de biblioteca e documentação, que, com a
ajuda de meios técnicos adequados e através de uma coleção organizada em função das
necessidades dos seus utilizadores, recorre a um meio de transporte para aceder
fisicamente a locais estratégicos da vida comunitária das populações do concelho que
servem, de forma planificada, periódica e publicitada.
É missão do bibliomóvel descentralizar o livro e a leitura dos meios urbanos e
apresentar-se como um agente promotor da leitura, junto de uma determinada comunidade
ou junto de uma comunidade específica por exemplo escolas, prisões, lares e associações.
São objetivos dos bibliomóveis:
 Criar condições para a existência de uma maior igualdade de direitos e
oportunidades no acesso aos bens culturais e de informação, para através da
diminuição do número de infoexcluídos, contribuir para combater a exclusão
social, promover o desenvolvimento sócio-cultural e consciencializar os
munícipes dos seus direitos e deveres de cidadania;

20
 Alargar o âmbito da leitura pública concelhia através da captação de novos
públicos;
 Suprir a insuficiência de equipamentos fixos para o desenvolvimento de
atividades dos tempos livres da população, nomeadamente através do incentivo
à criação de hábitos de leitura;
 Promover novas competências de acesso à informação, dando a conhecer a
diversidade de suportes convertendo-se, simultaneamente, numa porta de acesso
à sociedade do conhecimento para todos;
 Promover atividades de animação da leitura a populações habitualmente
excluídas do circuito do livro;
 Criar e manter nos leitores o hábito de utilização das bibliotecas.

21
4.2. – AS ORIGENS DAS BIBLIOTECAS ITINERANTES EM PORTUGAL

Mundialmente, as bibliotecas públicas a partir do seculo XIX passaram a ser


encaradas como organismos que possibilitam a todos, sem distinção de raça, sexo, idade
ou condição social, a leitura gratuita, o empréstimo domiciliário e o livre acesso a estantes,
conforme indicado no manifesto da UNESCO sobre bibliotecas públicas12 (1949).
Esta moderna conceção de biblioteca teve dificuldade em implementar-se na Europa
continental devido ao conservadorismo político e social, contudo, a atividade do
movimento operário, originou o nascimento das bibliotecas populares (século XIX) em
complementaridade das bibliotecas eruditas, as quais se destinavam às elites. Foi este
dualismo que travou o desenvolvimento das bibliotecas públicas, cuja missão se baseava
unicamente na conservação dos fundos bibliográficos.
Apesar de as bibliotecas populares se aproximarem mais desse modelo moderno,
não eram obrigadas ao empréstimo domiciliário nem ao livre acesso das estantes, e as suas
coleções tornaram-se inadequadas para público-alvo, porque eram sustentadas através de
ofertas ou de espólio confiscado às ordens religiosas extintas.
Em Portugal, as bibliotecas populares foram criadas pelo decreto de 2 de agosto de
1870, por D. António da Costa de Sousa Macedo13. O referido decreto colocava os
municípios como impulsionadores da leitura pública nacional e lançou as bases de
cooperação entre as bibliotecas populares e as bibliotecas municipais.
Com o passar dos anos foram ocorrendo algumas tentativas para implementar
bibliotecas itinerantes em Portugal, com o objetivo de aproximar os leitores da biblioteca,
reportando-se as suas origens ao século XX.
Como forma de democratizar o acesso à cultura, durante a 1ª República, nasceu a
primeira tentativa de criação das bibliotecas itinerantes em diversos locais, como por
exemplo, em hospitais e em prisões, atingindo-se em 1920, 50 unidades em

12
Preparado em cooperação com a International Federation of Library Associations (IFLA) e
aprovado pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO). O
manifesto surge em três versões que foram sendo alteradas ao longo dos anos, como resultado das
transformações sociais e a consequente evolução da própria biblioteconomia. Estas três versões,
surgidas em 1949, 1972 e 1994, são por isso marcadas por períodos históricos distintos e
comportam, também visões distintas, ainda que não contraditórias, da biblioteca pública.
13
Ministro da Instrução Pública, durante 69 dias.
22
funcionamento14.
Todavia, o advento da Ditadura reduziu esse número para 19 unidades, em 1926. Todas
estas bibliotecas eram pouco frequentadas, sujeitas à censura e estavam mais preocupadas
com a conservação dos documentos, do que em servir os seus públicos. Estas unidades
móveis foram coordenadas até 1926 pela Inspeção das Bibliotecas Populares e Móveis
(IBPM) e após esta data pela Biblioteca Popular de Lisboa (BPL).
Sucederam-lhes entre 1945 e 1949/50, as bibliotecas ambulantes do Secretariado
Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo (SNI), a primeira tentativa de
implementação de bibliotecas itinerantes do Estado Novo. Dirigidas às populações rurais,
estas bibliotecas, percorreram em cinco anos 96 localidades.
A sua coleção era constituída por 309 títulos com grande ênfase nos autores
clássicos portugueses, com a intenção de dar a conhecer os grandes vultos nacionais15.
A verdadeira biblioteca móvel portuguesa, na altura apelidada de carro biblioteca
circulante, nasceu no Museu Biblioteca Condes de Castro Guimarães, em Cascais, a 26 de
julho de 1953 pela mão de António Branquinho da Fonseca16, o qual foi por ele dirigido
até 1957.
Este carro circulava por várias povoações do concelho de Cascais, mas deslocava-se
também às associações e às escolas da vila, com o intuito de proporcionar de forma
gratuita e inovadora o acesso ao livro, através do empréstimo domiciliário e do livre
acesso às estantes, às pessoas que se encontravam longe da biblioteca. Com a introdução
desta inovação o livro passou a procurar o leitor e não o inverso, como acontecia até à
data. Os seus fundos bibliográficos foram frequentemente atualizados e a variedade da
temática ia ao encontro dos interesses dos leitores. Com a finalidade de divulgar o serviço
itinerante, os pontos de paragem foram estrategicamente definidos e divulgados junto das
populações e da imprensa.
Depois de alguns anos de funcionamento, esta biblioteca mudou de administração e
passou a integrar a rede de bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian.

14
NUNES, Henrique Barreto – Da biblioteca ao leitor: estudos sobre a leitura pública em Portugal,
p. 29.
15
MELO, Daniel – A leitura pública no Portugal contemporâneo: 1926 – 1987, pp. 151-154.
16
Escritor (1905-1974), na altura conservador e bibliotecário do Museu Biblioteca Condes de
Castro Guimarães.
23
4.3. – AS BIBLIOTECAS ITINERANTES DA GULBENKIAN

No final da década de 50 existiam em Portugal 58 bibliotecas públicas,


caracterizadas como espaços fechados, soturnos e pouco atrativos, onde se armazenavam
alguns documentos e, implicitamente, pouco frequentadas por leitores.
Ainda nesta década, em 1957, o Departamento da Educação da Fundação Calouste
Gulbenkian17 criou, o então chamado Serviço de Bibliotecas Itinerantes (SBI),
redenominado em 1983 para Serviço de Bibliotecas Itinerantes e Fixas (SBIF) e em 1993
para Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura (SBAL).
O contexto político português não era favorável à criação de um sistema de educação
para as massas populares, as quais apresentavam um elevado índice de analfabetismo.
Durante quase toda a história do país, a reduzida instrução da população serviu os regimes
vigentes e a Igreja Católica que neles orbitava para manter o status quo. Os baixos níveis
de instrução do Portugal Nacionalista de Salazar e de Marcelo Caetano são
particularmente evidentes no que respeita ao ensino médio e superior.
Nesta conjuntura foi a Fundação Gulbenkian que procurou preencher este fosso, ao
elaborar o projeto das bibliotecas itinerantes, dirigido essencialmente às pessoas com
maiores dificuldades económicas, residentes no interior do país, locais onde era mais
difícil ter acesso ao livro, à educação e à cultura, apesar de inicialmente se ter tratado de
um plano de educação popular pós-escolar, dirigido a adultos.
A direção da estrutura de bibliotecas itinerantes, baseada na experiência da
biblioteca circulante do Museu Biblioteca Condes de Castro Guimarães, foi entregue, pelo
Presidente do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian, Azeredo
Perdigão, a Branquinho da Fonseca, o qual se manteve no lugar, até 1974, altura da sua
morte.
Este projeto foi inovador, por três motivos: primeiro porque se enquadrava no
modelo moderno de bibliotecas atrás referido, ou seja, formavam-se públicos através de
serviços biblioteconómicos gratuitos, permitia-se o serviço de empréstimo domiciliário e
os livros encontravam-se em livre acesso nas estantes; segundo porque foi a primeira rede
estruturada de leitura pública em Portugal e terceiro porque dedicou atenção ao

17
Criada pelo testamento de Calouste Sarkis Gulbenkian de 18-6-1953, instituída pelo Decreto-Lei
n.º 40.690, de 18-7-1956.
24
atendimento personalizado e à qualidade do serviço fornecido. Foi o conjunto destes três
motivos que contribuíram e aumentaram a satisfação dos utilizadores do serviço itinerante,
fazendo-os, com o passar do tempo, recorrer cada vez mais a estes equipamentos.
No que concerne aos empréstimos a direção da estrutura de bibliotecas conceberam
uma excelente ferramenta de gestão, o regulamento de normas de empréstimos18, o qual
previa que os documentos seriam emprestados aos residentes das regiões abrangidas pelos
itinerários, desde que tivessem cartão de inscrição e cartão de leitor, sendo estes obrigados
a cumprir o regulamento, sob pena de verem a sua inscrição anulada ou sofrerem
penalizações por períodos variáveis entre quinze e sessenta dias, sem possibilidade de
empréstimo, caso não o cumprissem. Cada leitor podia requisitar até cinco obras, por
períodos de um mês, que podiam ser renovados, caso a obra fosse muito extensa.
Todas as obras estavam disponíveis para empréstimo, exceto as assinaladas na capa,
com uma fita de cor vermelha. Às crianças eram emprestadas as obras assinaladas com
uma fita de cor verde e aos adolescentes, além das de fita verde, deveriam também ser
emprestados livros assinalados com uma fita de cor laranja19, sinal que indicava que eram
de fácil leitura. Apesar de o empréstimo ser dirigido a todas as camadas etárias, foram os
jovens que mais recorreram a este serviço.
Segundo o regulamento os leitores interessados também podiam efetuar reserva de
livros, através do preenchimento de uma ficha. As reservas podiam ser dirigidas
especificamente à itinerante que os visitava ou, caso se tratasse de livros mais específicos,
podia ser dirigida aos serviços centrais, a Biblioteca Central de Empréstimo (BCE), em
Lisboa. Em cinquenta anos foram emprestados cerca de noventa e sete milhões de obras
literárias, o que demonstra bem a importância e a frequência destas bibliotecas nos locais
por onde passavam20.
Os veículos da marca Citröen transportavam um fundo com cerca de dois mil
volumes, devidamente assinalados e arrumados de maneira acessível, de acordo com as
idades do público, assuntos e grau de complexidade. Nas prateleiras de baixo,

18
FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN - Boletim informativo do Serviço de Bibliotecas
Itinerantes, I série, n.º 6, 1962, pp. 223-224.
19
FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN - Circular n.º 140, de 16-7-1971, dirigida aos
Encarregados.
20
MUNICÍPIO DA BATALHA - I Encontro internacional de bibliotecas itinerantes da Batalha:
comemorações dos 50 anos da biblioteca itinerante da Batalha, p. 9.
25
localizavam-se os livros para crianças, nas do meio, a literatura de ficção, de viagem e as
biografias, e nas de cima, os livros menos procurados, de filosofia, poesia, ciência e
técnica.
Por vezes tornou-se impossível o acesso aos diferentes géneros literários quer pelas
características do serviço, quer pela orientação política do regime de então. Quanto à
orientação política podemos afirmar que os livros mais relevantes de Eça de Queiroz
(Crime do Padre Amaro,) e de José Cardoso Pires (Jogos de azar), apesar de não
aparecerem na lista de livros proibidos pela ditadura21, não figuravam nos primeiros
catálogos da Fundação. A entrada destas e de outras obras nas bibliotecas itinerantes
ocorreu paulatinamente na década de setenta, com o intuito de não ofender as autoridades
e as entidades mais conservadoras. No caso de Cardoso Pires a ausência das suas obras
também podia assentar numa represália da Fundação, pelo fato de Cardoso Pires ter feito,
em 1967, um contrato com a Moraes Editores que proibia a venda dos seus livros à F. C.
G22, como resposta à colagem da chefia da Fundação ao regime no caso da atribuição do
Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Escritores a Luandino Vieira,
em 1965.
Não obstante este episódio, é certo que a coleção inicial da Gulbenkian já
contemplava autores nacionais que politicamente eram opositores do regime como por
exemplo Ferreira de Castro, Fernando Namora e Sophia de Melo Breyner e a nível
internacional autores não aceites pelo regime vigente como Charles Dickens e George
Orwell.
Como foi dito anteriormente as próprias caraterísticas do serviço condicionavam
também a inclusão de certas obras na coleção das bibliotecas. Esta situação ocorria quando
os leitores tinham de justificar por escrito, a solicitação de empréstimo de obras que não
existiam nas suas bibliotecas, apesar de a brochura regulamentar das bibliotecas da
Fundação permitir este tipo de empréstimos. Este empréstimo seria atendido ou não pelo
Diretor do serviço, o que prova que o sistema era discricionário por parte do diretor
relativamente ao leitor23. De igual modo, as propostas de aquisição feitas pelos leitores

21
PORTUGAL. Comissão do livro negro sobre o regime fascista – Livros proibidos no regime
fascista, 117 [2] p.
22
PIRES, José Cardoso – E agora, José?: ensaios, p. 19.
23
Branquinho da Fonseca explica os limites desta prerrogativa da F.C.G., na Circular n.º 1, de
setembro de 1958.
26
deviam ser feitas em requisições especiais, as quais só deveriam ser utilizadas
excecionalmente, destinando-se exclusivamente a “obras de informação ou de reconhecido
valor literário, apesar de não existirem referencias quanto ao valor literário24.
Uma série de circulares solicitaram aos encarregados a devolução aos serviços
centrais do Serviço de Bibliotecas Itinerantes dos livros constantes numa lista em anexo
(As farpas, Os gatos, Germinal, A revolta dos escravos de Espartaco, entre outros),
imediatamente após a sua entrega pelos leitores requisitantes. Em 1963 o serviço de
requisições especiais foi alterado e, criaram a biblioteca central de empréstimos, a qual
servia para guardar os livros solicitados pelos leitores, livros que após a sua leitura
deveriam ser devolvidos de imediato ao referido serviço. Estas obras eram assinaladas no
catálogo com um asterisco, marcadas com uma fita colada obliquamente na lombada e
seriam arrumadas em estantes inacessíveis aos leitores25. Em 1965 foi explicitamente
indicado que alguns livros técnicos de menos consulta destinavam-se de preferência à
biblioteca central de empréstimos, em 1966 este serviço foi vedado aos leitores com atraso
na devolução deste tipo de livros e desaconselhado satisfazer pedidos de utentes sem
preparação para compreender a obra.
Após a revolução de 1974, acabaram-se com estas limitações na seleção dos livros e
concederam-se prioridades a obras sobre política e sociedade, por pressão dos
trabalhadores do Serviço das Bibliotecas Itinerantes.
Os livros foram classificados por géneros e por dificuldades etárias, assinalados por
autocolantes de cores simbólicas, colados nas lombadas das obras.
A gestão das coleções era da competência do Serviço de Bibliotecas Itinerantes e o
catálogo era frequentemente atualizado e publicado.
Colocar em prática este projeto implicou que a Fundação Calouste Gulbenkian
desenvolvesse parcerias com os municípios, cabendo a estes, o pagamento dos salários dos
funcionários e do gasóleo, as atualizações das coleções e a manutenção do equipamento, e
cabendo à Fundação o fornecimento da coleção inicial e o pagamento dos veículos.
Manifestamente se compreende que esta parceria era desfavorável para os
municípios, porque a eles cabia suportar os maiores encargos económicos. A sua falta de
capacidade económica obrigou a Fundação a corrigir este desequilíbrio orçamental inicial,

24
FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN - Carta-circular. 28-9-1960.
25
FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN - Circular n.º 76. 12-7-1965.
27
passando ela a assumir a maior parte dos custos, a saber, as coleções, os veículos, o
combustível, os serviços de inspeção e os salários dos funcionários, ficando a cargo dos
municípios a instalação dos depósitos e casualmente a doação de algumas verbas que
ajudassem a suprir os gastos.
Entre 1958 e 1960 ocorreu o lançamento das bibliotecas itinerantes a nível nacional,
e para isso foi necessário ajustar percursos e horários26 de acordo com as disponibilidades
das populações que visitavam, porque só deste modo conseguiam chegar a um maior
número de possíveis leitores.
Este lançamento foi feito com cautela, porque não nos podemos esquecer do
contexto ditatorial do Estado Novo em que se vivia e que condicionou o papel das
bibliotecas. Grosso modo as bibliotecas viram a sua ação limitada, quer pelo estado, pela
censura à imprensa e pelas restrições à liberdade de pensamento e de expressão, quer pela
ação dos ultranacionalistas, os quais conseguiram em dada altura, proibir o trabalho de
alguns equipamentos itinerantes, por os considerarem perigosos para as populações. A
provar a ideologia vigente, no que se refere a limitar o acesso à leitura e à informação, é
exemplo a legislação que Salazar mandou publicar, onde se prescreve que o principal
objetivo das bibliotecas é simplesmente conservar o património bibliográfico. Apesar
destes condicionalismos iniciais, a Fundação continuou a defender o papel didático-
cultural das bibliotecas itinerantes e conseguiu que o livro chegasse aos lugares mais
longínquos do país, por exemplo Caldas da Saúde e Valado de Frades.
Entre 1961 e 1964 ocorreu a estruturação e a expansão do serviço itinerante,
aumentando gradualmente as bibliotecas itinerantes no Continente e nos arquipélagos dos
Açores e da Madeira. O alargamento desta estrutura foi em parte conseguido pelo papel
desenvolvido pelos recursos humanos afetos aos equipamentos. Cada carro teria dois
funcionários (auxiliar e encarregado), os quais deveriam ter uma boa formação cívica e
cultural. O encarregado era a figura central que, além de responsável pela biblioteca, tinha
também a função de orientar o leitor na leitura. Era tal a importância da sua função que
alguns intelectuais e poetas da época, como por exemplo Alexandre O’Neil, chegaram a
desempenhar essa função27. Contudo com o passar do tempo, este cargo passou a ser

26
Preocupação indicada na circular n.º 8, de 1959, dirigida aos responsáveis pelas bibliotecas
itinerantes.
27
FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN - Boletim cultural do Serviço de Bibliotecas
Itinerantes e Fixas, VI série, n.º 2, junho de 1984, p. 41.
28
entregue a residentes do concelho, por onde circulava a biblioteca móvel. A adesão por
parte do público passou a ser tão grande, que houve tardes em que cada funcionário
chegou a atender entre duzentos a trezentos leitores, provando assim o interesse que estes
equipamentos foram despertando junto populações locais.
Outra ferramenta de gestão instituída pela Fundação foi a formação dos serviços de
inspeção, constituídos por um inspetor geral (supervisionava todas as bibliotecas) e por
três inspetores regionais (nas áreas do Norte, do Centro e do Sul). A sua função consistia
em averiguar o trabalho das equipas (mapas, calendários e estatísticas de leitura), mas
também auxiliar, aconselhar e conviver com essa mesma equipa.
Ainda durante este período a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE)
começou a perseguir funcionários e pessoas das relações destes, por presumível
distribuição de propaganda, apesar de os livros serem escrupulosamente escolhidos por
uma comissão de individualidades, eleita para o efeito e por precaução pela Fundação
Calouste Gulbenkian.
Apesar de o serviço ter estabilizado na década de 60, no início da década de 70
alguns órgãos competentes começarem a questionar a despesa causada pelo Serviço das
Bibliotecas Itinerantes, chegando mesmo um setor do serviço a opor-se à sua continuação.
Toda esta celeuma foi provocada pela queda de receitas provenientes da exploração do
petróleo, as quais constituíam uma boa parte do orçamento da Fundação. Com o
estabelecimento do regime democrático, após 1975, havia chegado o momento de passar a
responsabilidade da leitura pública, para o Estado.
Este assunto voltou a debate em 1981, mas com o início da década de 90, o
investimento foi progressivamente diminuindo, sendo o Serviço de Bibliotecas Itinerantes
extinto em 2002, por decisão do Conselho de Administração da Fundação, tendo sido as
unidades itinerantes e fixas tal como o seu espólio, entregues aos municípios. Mas a sua
morte não adveio unicamente da falta do investimento no serviço, mas também do fato de
os seus espaços serem inadequados e porque foi publicado o Manifesto de Leitura Pública
(1983) em Portugal, o qual apelava à prática da leitura em espaços adequados.
Apesar dos condicionalismos provocados quer pelo regime político vigente, quer
pelo impacto inicial que provocou nas populações, só em 1972 a Fundação deu por
concluída a sua rede de bibliotecas itinerantes, as quais na nossa opinião até ao momento
em que foram extintas, passados 42 anos, acabaram por desempenhar cabalmente a sua
missão educativa, cultural e recreativa, deixando nos locais por onde passaram, uma

29
saudade da sua enorme popularidade e da sua eficácia na transmissão do conhecimento.

Tabela 4.1 – Evolução das bibliotecas itinerantes da Gulbenkian28


Ano 1958 1960 1963 1968 1973 1978 1983 1987
N.º Bibliotecas 15 26 50 61 62 62 58 59

Mapa 4.1 – Distribuição geográfica das bibliotecas da Gulbenkian29

 Bibliotecas itinerantes  Bibliotecas fixas  Postos de leitura

28
Fonte: Órgão impresso do SBI/SBIF/SBAL-FCG e documentação do fundo do SBAL-FCG.
29
FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN - Boletim cultural do Serviço de Bibliotecas
Itinerantes e Fixas, VI série, n.º 2, junho 1984, p. 5.
30
4.4. – O ADVENTO DOS NOVOS BIBLIOMÓVEIS

O encerramento das bibliotecas itinerantes da Gulbenkian e o surgimento das novas


bibliotecas públicas pertencentes à Rede Nacional de Bibliotecas Públicas30 previa a
construção de bibliotecas na sede dos concelhos, mas mostrava-se em grande retrocesso,
no que diz respeito às bibliotecas móveis. Esta omissão originou um novo problema: as
populações rurais voltavam a ficar sem acesso facilitado a bibliotecas, algo que nunca
aconteceu, nem durante o regime de Salazar.
Para colmatar esta lacuna, a partir do final da década de 80, alguns concelhos
desenvolveram esforços para que aos poucos fossem renascendo novas bibliotecas
itinerantes, agora associadas às bibliotecas municipais, com a finalidade de estender a sua
ação (acesso à leitura e à informação), às populações mais afastadas da biblioteca
municipal.
Assumido como um serviço de extensão da biblioteca municipal, estas novas
bibliotecas, agora denominadas bibliomóveis, estavam melhor apetrechadas e prestavam
serviços inovadores. Cronologicamente este renascimento ocorreu em 1987, quando foi
inaugurado o bibliomóvel de Vila Nova de Famalicão, seguindo-se em 1997 o bibliomóvel
de Guimarães e o de Felgueiras, mas a expansão deste serviço alcançou tal amplitude, que
em 2009, já circulavam 56 bibliotecas móveis, localizadas, na maioria dos casos, no
interior da região Norte, apesar de existirem equipamentos espalhados por todo o país.
Na generalidade estes equipamentos eram dirigidos a dois tipos de públicos:
 O público em idade escolar;
 O público em geral, incluindo lares de idosos, escolas e estabelecimentos
prisionais.

30
O projeto, datado de 1987 assentava na celebração de um contrato-programa entre o Instituto
Português do Livro e das Bibliotecas (IPLB) e as autarquias, com o objetivo de dotar o país de
bibliotecas modernas e instalações adequadas.
31
4.5. – OS BIBLIOMÓVEIS ATUAIS

Quer no âmbito da Sociologia das Organizações, quer no âmbito da Gestão, o estudo


das condições do meio envolvente constitui uma vertente há muito explorada como
questão central e fator preponderante na definição dos comportamentos organizacionais.
Neste caso o meio envolvente é o próprio país, e é por ele que vamos começar a nossa
análise. Portugal possui uma área de 92.212 Km², um perímetro total de 3.904 Km e 308
municípios, tendo as últimas décadas sido caraterizadas por importantes transformações
estruturais, que podem ser provadas pelos resultados provisórios dos Censos 2011.
A primeira alteração com que nos confrontamos tem a ver com o aumento de 2% da
população na última década, existindo atualmente em Portugal dez milhões, quinhentos e
sessenta e um mil, seiscentos e catorze habitantes31. Para isso contribuíram as baixas taxas
de fecundidade e de natalidade e a diminuição da taxa de mortalidade. Apesar do aumento
populacional, os municípios do interior continuam a assistir à perda de população32,
enquanto os do litoral concentram a sua quase totalidade. A preferência pelo litoral deve-
se ao facto de este oferecer uma vasta gama de atividades económicas e de infraestruturas
básicas (saúde, educação e cultura) que, por decisão política, têm vindo a desaparecer do
interior do país. Este desequilíbrio, na distribuição da população pelo território, leva
inevitavelmente à desertificação de uma parte significativa do país, enquanto outras
regiões aumentam a sua densidade populacional, como por exemplo junto das grandes
áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, onde se salienta Mafra, Alcochete e Sesimbra.
Faz também parte da realidade portuguesa, o acentuado agravamento do
envelhecimento da população, tendo o país neste momento 19% de idosos, com idades
iguais ou superiores a 65 anos33. O envelhecimento é um fenómeno preocupante,
transversal a todas as sociedades modernas, em particular nos países do sul da Europa,
com impacto no estabelecimento das políticas sociais (saúde, segurança social, pensões) e
de sustentabilidade (contratação na mão de obra), bem como nas alterações no estilo de
vida. Neste contexto encontramos apenas dezasseis municípios que baixaram o índice de

31
Em termos regionais o Algarve e a Região Autónoma da Madeira foram as zonas que tiveram
maior acréscimo populacional.
32
Em relação aos censos de 2001, 198 municípios perderam população.
33
As regiões do Alentejo e do Centro do país são as mais envelhecidas, com preponderância do
sexo feminino.
32
envelhecimento, na última década. Penamacor é o município com maior índice de
envelhecimento (599,5) e o município da Ribeira Grande nos Açores, apresenta o menor
índice (37,3).
Por último verificámos, e no contexto deste trabalho o mais importante, o aumento
do nível de instrução da população. Ao analisarmos os últimos censos, verificamos que a
instrução melhorou em todos os municípios e que ocorreu um recuo da população com
níveis de instrução mais reduzidos, especialmente até ao 2º ciclo. Ao analisarmos os
valores para o nível de instrução da população verificamos que 12% possui o ensino
superior34, 13% tem o ensino secundário, 16% é detentora do 3º ciclo e 13% possui o 2º
ciclo35. Apesar de esta evolução ser positiva, imediatamente a seguir deparamo-nos com
dados preocupantes que se traduzem em 25% da população com o 1º ciclo e 19% da
população ainda analfabeta, sendo estes valores maioritariamente ocupados por mulheres.
A principal fonte de criação de riqueza de um país são as pessoas, designadamente
os seus conhecimentos e as suas qualificações. Atualmente o conhecimento sofre
mutações praticamente ao segundo, por isso é necessário que as pessoas se atualizem
constantemente, mas para que isso seja possível, é obrigatório que aumentem o seu nível
de instrução. O baixo índice escolaridade da população com o 1º ciclo e analfabeta
constitui, por isso, um sério obstáculo a essa atualização permanente, agrava o atraso do
país e impossibilita a criação e o desenvolvimento de uma mão de obra especializada.
Neste contexto, torna-se urgente o desenvolvimento dos atuais bibliomóveis,
equipamentos que sejam parte integrante do contexto populacional que visitam, enquanto
espaços de produção e disseminação do conhecimento e de formação de indivíduos.
Presentemente existem em Portugal 58 bibliomóveis a circular (57 no continente e 1
no Arquipélago dos Açores, na Ilha do Pico, município da Madalena), porque 1 veículo
está parado por causa de um acidente (Cinfães) e 10 equipamentos encerraram (Celorico
de Basto, Estarreja, Lamego, Lousã, Mesão Frio, Monção, Murça, Peso da Régua, Sintra e
Torres Novas)36.

34
O ensino superior aumentou em todos os municípios, tendo o aumento sido maior em 14
concelhos. Os que observaram maior crescimento foram Amares, Alcochete, Vila de Rei e Porto
Santo.
35
Os homens possuem maioritariamente o 2º e o 3º ciclo, enquanto as mulheres ocupam lugar de
destaque no ensino secundário e superior.
36
Ver documento em Anexo C.
33
Tabela 4.2 – Bibliomóveis por distrito em 2012
Continente
Nº Distrito Bibliomóveis
Arouca, Aveiro, Castelo de Paiva, Espinho, Mealhada,
6 Aveiro
Oliveira de Azeméis
4 Beja Almodôvar, Beja, Castro Verde, Moura
3 Braga Esposende, Guimarães, Vila Nova de Famalicão
1 Bragança Mirandela
1 Castelo Branco Proença-a-Nova
3 Coimbra Cantanhede, Coimbra, Miranda do Corvo
1 Évora Redondo
1 Faro Loulé
2 Guarda Aguiar da Beira, Guarda
5 Leiria Alvaiázere, Batalha, Bombarral, Pombal, Porto de Mós
2 Lisboa Lisboa, Vila Franca de Xira
1 Portalegre Marvão
Felgueiras, Gondomar, Lousada, Maia, Matosinhos,
9 Porto
Paredes, Penafiel, Porto, Vila do Conde
2 Santarém Alcanena, Mação
2 Setúbal Grândola, Montijo
3 Viana do Castelo Valença do Minho, Viana do Castelo
4 Vila Real Alijó, Montalegre e Vila Real
Armamar, Castro Daire, Moimenta da Beira, São João
6 Viseu
da Pesqueira, São Pedro do Sul, Vouzela.
Concelhos do Projeto BIIG – Biblioteca Itinerante pela Igualdade do
1
Alentejo37 Género
Açores
1 Ilha do Pico Madalena

37
Esta biblioteca circula anualmente por diversos concelhos alentejanos, mediante os convites dos
municípios, para participar em diferentes projetos.
34
Os 10 equipamentos referidos anteriormente encerraram devido a dois fatores:
 Motivos económicos;
 Abertura de centros escolares nas sedes do concelho.
Analisando estes dois fatores, podemos referir que, no que respeita aos motivos
económicos, é certo que Portugal, vive hoje uma situação de crise económica e também
social, que se agrava de dia para dia, situação que se reflete mais intensamente ao nível
dos municípios e das finanças locais. Perante esta situação, os municípios procuram
responder, com ações imediatas, demonstrando, neste caso em concreto, a falta de visão
estratégica, nas tomadas de decisão.
Cada vez mais, os atos de gestão autárquica têm como pressupostos fundamentais as
opções por prioridades, mas será que os equipamentos que fornecem educação, cultura,
conhecimento e informação não deveriam ser prioritários, tendo em conta o rácio dos
censos, atrás referidos?
No que concerne ao segundo motivo, o encerramento dos bibliomóveis, por causa da
abertura de centros escolares, também não deve ser secundarizado, nas atuais
circunstâncias. É certo que a inultrapassável dispersão geográfica, a sobrelotação de
algumas escolas do 1º ciclo inseridas em zonas urbanas e a sistemática desertificação das
localidades implantadas no meio rural, corporizam uma indesejável dispersão de recursos
financeiros, materiais e humanos, o que per se, justifica a abertura dos referidos centros.
Porém, mais uma vez, a falta de visão estratégica, não canalizou o funcionamento destes
equipamentos para outros públicos, que não o escolar.
Encerrar bibliomóveis é claramente uma decisão errada, uma vez que estes
equipamentos são fundamentais na promoção da leitura, combatem a exclusão social e o
baixo nível de instrução. O correto seria reinventar o seu papel junto das populações,
porque enquanto estes circularem a biblioteca municipal está a ampliar o seu raio de
atuação, a extrapolar os limites do seu espaço físico e a ir ao encontro do seu potencial
leitor. Encerrar bibliomóveis implica impedir o acesso a um espaço de aprendizagem
contínua e de desenvolvimento de competências e quando bem utilizados, o uso dos
recursos locais/regionais, revelam-se potenciadores de mudanças socioculturais e dos
modos de vida das populações.
Todos os bibliomóveis são mantidos e administrados por um município, com
exceção de dois equipamentos:
 O projeto BIIG – Biblioteca Itinerante pela Igualdade do Género, que pertence à

35
associação da União de Mulheres Alternativa e Resposta38 (UMAR), uma
associação de mulheres constituída a 12 de setembro de 1976, com o objetivo de
lutar pelos direitos das mulheres;
 A biblioteca itinerante de Cabeçeiras de Basto, que se encontra sob a tutela do
projeto Basto Jovem, constituído para dar resposta a diversos problemas sociais
(trabalho infantil, abandono escolar, etc.), com o objetivo de fomentar a
inclusão escolar e a formação profissional, das crianças e jovens dos 6 aos 24
anos.
Por último, resta-nos indicar os bibliomóveis que responderam ao nosso inquérito e
sobre os quais recai a análise dos dados. Lastimamos que as respostas não incidam sobre
todos os distritos, de modo a termos uma noção, mais abrangente da situação.
Distrito de Aveiro – Oliveira de Azeméis, Mealhada, Castelo de Paiva, Arouca;
Distrito de Beja – Almodôvar, Beja, Castro Verde;
Distrito de Braga – Guimarães e Vila Nova de Famalicão;
Distrito de Castelo Branco – Proença-a-Nova;
Distrito de Coimbra – Coimbra;
Distrito da Guarda – Aguiar da Beira;
Distrito de Leiria – Bombarral, Pombal;
Distrito do Porto – Felgueiras, Matosinhos, Penafiel, Vila do Conde;
Distrito de Setúbal – Grândola;
Distrito de Viana do Castelo – Viana do Castelo;
Distrito de Viseu – São João da Pesqueira, São Pedro do Sul, Vouzela;
Distrito de Vila Real – Alijó, Vila Real;
Concelhos do Alentejo – Projeto BIIG.

38
Organização não-governamental, representada no Conselho Consultivo da Comissão para a
Igualdade e Direitos das Mulheres, desde 1977.
36
5. – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS39

5.1. - OS VEÍCULOS

O custo é uma variável muito importante na implementação das ações, razão pela
qual, devemos começar por prever as despesas de investimento e os gastos de
funcionamento. No caso dos bibliomóveis, as despesas de investimento inicial são as mais
onerosas, pois implicam a aquisição do veículo, cujo valor varia com a marca e o modelo
escolhidos e com a transformação do próprio veículo.
No mercado português existem várias empresas cuja área de atividade consiste em
transformar e adaptar veículos a bibliotecas, como por exemplo a Transvetra, cabendo-
lhes a elas a responsabilidade da homologação dos mesmos. Normalmente, o prazo de
execução ocorre entre as quatro e as seis semanas, sendo exigido no ato de adjudicação,
50% do valor e os restantes 50% na contra entrega do veículo transformado.
No investimento inicial acresce ainda o valor do mobiliário normalizado, cujo custo
varia com a quantidade e a qualidade adquirida e com o equipamento opcional, como por
exemplo, equipamento informático e multimédia, acessibilidades para deficientes, etc.

Gráfico 5.1 – Forma de aquisição


46%

23%
15%
8%
4% 4%

Como a orçamentação é um problema organizacional, com que a maioria das


autarquias se debate, nem todas tiveram disponibilidade económica para adquirir os

39
Consultar dados em Anexo D

37
veículos, para que isso acontecesse, foi necessário que algumas autarquias
desenvolvessem redes de relação e de ação externas. Estas sinergias levaram vários
municípios a concorrer a diversos programas de apoio financeiro ao desenvolvimento
regional, local e rural (46%), para que desse modo concretizassem o objetivo de aquisição
de um bibliomóvel. Apesar de o autocarro da Mealhada ter sido cofinanciado por um
programa de apoio, foram os trabalhadores do próprio município que fizeram as alterações
de adaptação.
Apenas 23% das autarquias (Almodôvar, Beja, Coimbra, Matosinhos, Penafiel e
Viana do Castelo) tiveram autonomia económica, para comprarem os veículos. Os
restantes foram adquiridos ou por doações feitas aos municípios (15%), ou por parcerias
com outras entidades públicas ou privadas (8%). Por fim é de referir os veículos que estão
emprestados aos municípios (4%) e os que são alugados (4%).
Além do investimento inicial, deve-se ainda contemplar no orçamento o valor que
no futuro se prevê gastar, na manutenção, no seguro automóvel, no imposto de circulação,
no combustível, nas reparações e na limpeza do equipamento.
Se analisarmos a década em que os vários bibliomóveis começaram a circular,
constatamos que eles surgiram em diferentes momentos, com grande incremento após o
período de vigência das Bibliotecas Itinerantes da Gulbenkian.

Gráfico 5.2 – Data de início da atividade dos bibliomóveis

35%
31%

19%
15%

1989-1994 1995-2000 2001-2006 2007-2012

Entre a década de 80 e a primeira metade da década de 90, verificou-se uma


diminuição do número das bibliotecas itinerantes, certamente porque o investimento da
Fundação Calouste Gulbenkian nas referidas bibliotecas foi diminuindo progressivamente
e porque em 1986 se definiram as bases de uma política nacional de leitura pública, a qual
38
assentou "fundamentalmente na implantação e funcionamento regular e eficaz de uma rede
de bibliotecas municipais, assim como no desenvolvimento de estruturas que, a nível
central e local, mais diretamente as pudessem apoiar”40. Iniciativa da então Secretária de
Estado da Cultura, Teresa Patrício Gouveia, e na sequência do relatório de um grupo de
trabalho constituído para o efeito, sob coordenação de Maria José Moura, foi lançado o
Programa da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas. Obviamente que o Estado português
e o referido grupo de trabalho pretendiam tornar a biblioteca o centro de uma rede
concelhia, a qual cobriria todo o município e daria apoio não só aos pólos, mas também
aos bibliomóveis e às bibliotecas escolares.
Na segunda metade da década de 90 e até 2006 (19% - 35%), ouve um aumento
progressivo e exponencial de bibliomóveis, agora associados às novas bibliotecas
municipais, com o objetivo de alargar a sua área de intervenção, permitir o acesso à leitura
e aos recursos informacionais, a um maior número de população.
A partir de 2007 e até hoje (31%), o número de bibliomóveis começou a diminuir
novamente, por razões de vária ordem, sendo a mais indicada a falta de adesão ao serviço,
por parte da população seguindo-se as razões orçamentais e a abertura dos centros
escolares em determinadas localidades.
Apesar de o investimento da aquisição do veículo ser muito elevado, vários
municípios já renovaram o seu bibliomóvel, porque o anterior já tinha muitos anos, é o
caso de Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Penafiel e Viana do Castelo.

40
DESPACHO n.º 3/MEC/86. “D. R. II Série”. (86-03-11).
39
5.2. – CARACTERÍSTICAS DOS VEÍCULOS

5.2.1. – CARROÇARIA E MECÂNICA

No momento da aquisição do veículo, vários são os fatores condicionantes que


influenciam a sua escolha, como por exemplo o custo, as particularidades dos locais por
onde vai circular, a capacidade de armazenamento e os serviços que pretendem oferecer.
Por questões operacionais e por fatores económicos em Portugal são utilizados dois
tipos de veículos: as furgonetas (96%) e os autocarros (4%).

Gráfico 5.3 – Tipo de veículo


Furgonetas Autocarro
4%

96%

A Furgoneta é um veículo de menor tamanho mas o mais indicado para zonas de


difícil acesso (fatores operacionais). As especificidades territoriais do interior do nosso
território acabam por influenciar, a maioria dos municípios, a optar por este tipo de
veículo. Além das especificidades territoriais os fatores económicos também
desempenham um papel importante na tomada de decisão. Estes veículos têm a vantagem
de apresentar preços de aquisição mais baixos, porque são mais pequenos, o consumo de
combustível é menor, necessitam de poucos funcionários e ao motorista não é exigida
carta de pesados ou de profissional. As desvantagens destes veículos prendem-se com o
pouco espaço interior disponível, o qual determina o transporte de uma coleção mais
pequena, limita a entrada em simultâneo de vários utilizadores no interior do veículo e
condiciona certas atividades de promoção da leitura.
O autocarro é um veículo que devido às suas dimensões possibilita uma série de
serviços e de atividades. As suas vantagens prendem-se com a possibilidade de transportar

40
uma coleção maior, permitir a entrada em simultâneo de um maior número de utilizadores
no interior do veículo e acomodar no seu espaço vários equipamentos. A desvantagem tem
a ver com questões operacionais, primeiro o seu tamanho impossibilita-o de aceder a
determinados locais e segundo o seu acesso dificulta a entrada a pessoas com deficiência
motora, caso não esteja equipado com acesso específico para deficientes. A terceira
desvantagem prende-se com fatores económicos. Como é fácil de perceber um veículo
destas dimensões implica não só um enorme investimento inicial, mas também uma
enorme despesa na sua manutenção. Do total dos inquiridos, o único município detentor
de autocarro é o da Mealhada, apesar de termos conhecimento, que circulam mais dois
autocarros no Porto.
Além das condicionantes operacionais e económicas, também pensamos que a
circulação de um autocarro só se justifica em zonas de maior densidade populacional,
como por exemplo, grandes cidades.
No mercado automóvel são várias as marcas disponíveis, mas escolher uma marca
implica optar pelas caraterísticas técnicas que lhe estão inerentes. A marca mais escolhida
entre nós é a Renault (64%), seguindo-se a Citröen e a Mercedes, com 8% cada uma delas
e depois, por fim a Fiat, a Iveco, a Man e a Opel com 4% cada, conforme se constata, no
gráfico número 5.4.

Gráfico 5. 4 – Marca dos veículos


Citroën Fiat Iveco Man Mercedes Opel Renault N/S

4% 8%
4%
4%
4%

8%
4%

64%

Quando se escolhe um tipo e uma marca de veículo é necessário prestar atenção a


fatores determinantes, que poderão ter implicações no bom funcionamento futuro do
equipamento:
 Carroçaria – independentemente do tipo de material utilizado deve possuir
41
uma pintura anticorrosiva;
 Chassi – estrutura inferior resistente que suporta o peso da carroçaria e a carga
do veículo;
 Combustível – o mais indicado é o gasóleo, por ser um combustível mais
económico mas que garante elevados níveis de performance;
 Direção – assistida para reduzir o esforço de manobra do veículo;
 Eixo – aconselha-se que a distância entre o eixo traseiro e o eixo dianteiro seja
entre os 55% e os 60% do comprimento do veículo. Caso a distância entre o
eixo traseiro e o final do veículo seja muito grande, será afetado o equilíbrio
da carga e a direção do próprio veículo;
 Motor – deve ser de combustão interna, de ignição por compressão e ter
potência suficiente;
 Suspensão – pneumática com amortecedores hidráulicos;
 Transmissão – manual;
 Tração – deve ser traseira, por causa da carga;
 Travões – de dois circuitos, com ABS (evita que a roda bloqueie e entre em
derrapagem) e ASR (sistema de controlo anti derrapagem).
Não menos importante é decidir sobre as medidas que o veículo deverá ter. Seja qual
for o tipo de veículo, deve ter uma altura superior a dois metros, permitindo uma posição
confortável e vertical, a todo o utilizador, que pretenda escolher livremente documentos
nas estantes.
De igual modo, as suas dimensões (comprimento e largura) devem ser as ideais de
acordo com os locais e os percursos que se propõem visitar. O tamanho inadequado, pode
ser um constrangimento para o desempenho das suas funções, uma vez que no nosso país
existem muitas freguesias com estradas e estacionamentos de dimensões reduzidas, as
quais dificultarão substancialmente a passagem de veículos de grande porte.
Ao nível do comprimento as nossas maiores furgonetas são a de Penafiel (6 metros)
e a de Viana do Castelo (5,90 metros). Segundo o gráfico 5.5 aparecem em execuo com
23% cada um, os bibliomóveis que têm um comprimento entre três e quatro metros e os
que têm entre quatro e cinco metros.
Ao analisarmos ainda o mesmo gráfico, mas agora no que concerne à largura dos
veículos não podemos tecer muitos comentários, uma vez que a maioria das bibliotecas
desconhece a sua largura (77%).

42
Gráfico 5.5 – Medidas dos veículos

77%

42%
Comprimento

23% 23% Largura


19%
8%
4% 4%

2-3m 3-4m 4-5m 5-6m 12 m N/S

Foi interessante constatar a pouca importância que as bibliotecas dão às dimensões


do equipamento, certamente porque a realidade com que convivem diariamente é
suficiente para satisfazer as suas necessidades.
No que concerne ao peso do veículo, verificamos no gráfico seguinte que a maioria
dos veículos (66%), oscilam o seu peso entre os três mil e os quatro mil quilos, seguindo-
se os que oscilam o seu peso entre os dois mil e os três mil quilos (15%). O veículo mais
leve é o bibliomóvel de Arouca.

Gráfico 5.6 – Peso do veículo


70%

66%
60%

50%

40%

30%

20%
19%
10% 15%

0%
2.000 - 3.000 Kg 3.000 - 4.000 Kg N/S

43
5.2.2. – O INTERIOR DOS BIBLIOMÓVEIS

O projeto de um qualquer bibliomóvel deve garantir condições de conforto térmico e


ambiental, sendo para tal necessário otimizar as energias passivas e ativas, nomeadamente
no que se refere ao isolamento térmico, em relação ao meio exterior e à exposição solar.
A seleção da qualidade e do tipo de material utilizado no revestimento térmico
depende do valor orçamental disponível, do tamanho do espaço interior e do número de
portas e janelas da viatura, as quais deverão ser duplas, para ajudar a manter a temperatura
constante no seu interior.
Este tipo de isolamento deve ser aplicado nas paredes e nos tetos dos veículos,
concomitantemente com um isolamento acústico, com o objetivo de evitar a entrada e a
saída de sons, incómodos para os utilizadores e para os funcionários. A componente
acústica no interior dos veículos deve adequar-se às exigências das suas funcionalidades.
Para ambos os isolamentos podem-se aplicar placas de poliestireno extrudido e
espuma de poliuretano.
Conforme se observa no gráfico seguinte, a maioria (65%) dos bibliomóveis não
possuem isolamento térmico nem acústico, o que é um erro, uma vez que ao longo das
suas viagens se confrontam com as variações climatéricas e com os mais diversos sons das
regiões que visitam. Este facto não aduz qualidade ao equipamento e certamente deve
provocar momentos desconfortáveis, tanto para aos funcionários, como para o público.

Gráfico 5.7 – Isolamento, ar condicionado e iluminação


100%
Sim Não
90%
92%
80%
70%
73%
60% 65%
50%
40%
30% 35%
20% 27%
10%
8%
0%
Ar Condicionado Isolamento Iluminação

44
Para manter a temperatura interior confortável, é aconselhável que seja instalado no
interior do veículo um aparelho de ar condicionado, o qual pode estar ligado ou à bateria
do carro ou a um gerador. Apesar de a temperatura ambiente ser essencial à manutenção
de um ambiente confortável, apenas uma minoria (27%) dos equipamentos possui ar
condicionado, conforme se observa no gráfico anterior.
Ao instalar-se um aparelho de ar condicionado é preciso equacionar-se duas
situações:
 O peso do equipamento e o local onde vai ser instalado.
Se o aparelho for muito pesado pode ser necessário instalar um apoio no veículo,
para suportar a carga adicional e, caso a montagem ocorra na parte posterior do
bibliomóvel, pode daí advir o desequilíbrio da parte traseira. O teto do veículo é o local
ideal para colocar o aparelho de ar condicionado. No caso em que opte por não instalar ar
condicionado, os veículos necessitam de estar equipados com tetos de abrir, para permitir
alguma ventilação ao bibliomóvel.
A iluminação é uma peça fundamental neste tipo de bibliotecas, porque possibilita
aos utilizadores e aos funcionários, trabalhar no interior do equipamento. A iluminação
natural pode ser adquirida através do recurso a vidros nas portas traseiras e através da
colocação de claraboias no teto do veículo, as quais deverão estar protegidas por
persianas, para maior isolamento em dias de muito sol.
Para a iluminação artificial há que escolher, lâmpadas de alto rendimento e
fluorescentes. Se observarmos o gráfico anterior verificamos que a quase totalidade dos
bibliomóveis (92%) está equipado com iluminação artificial. Os níveis de iluminação têm
que seguir as normas estabelecidas, nacional e internacionalmente.41. De modo a
rentabilizar esta iluminação, é de prever a colocação das lâmpadas sobre as estantes, para
evitar o efeito de sombras e estas devem incidir preferencialmente nos locais que
necessitam de maior iluminação, como por exemplo a zona de atendimento ao público e a
zona dos computadores.
A fonte de energia dos bibliomóveis pode ser obtida de duas formas diferentes:
1. Utilização das baterias do próprio veículo, ou de baterias alternativas,

41
A Norma Europeia EN 12464–1 recomenda para atividades de escrita, datilografia, leitura e
tratamento de dados, os seguintes valores médios: Lux – Unidade de medida de iluminação (500);
UGR – Método de avaliação de encadeamento direto (19); IRC – Índice de Restituição Cromática
(89).
45
colocadas num qualquer ponto da viatura, o que não é uma boa solução,
porque necessitam de ser carregadas com alguma frequência;
2. – Utilização da energia externa, isto é a da rede pública, mas para que possa ser
utilizada pelos bibliomóveis, estes precisam de ter uma tomada exterior
instalada e, necessitam de autorização das diversas freguesias, por onde
circulam, para ligar um cabo a uma qualquer fonte nos seus locais de
paragem. Por questões de segurança, muitas vezes essas ligações externas
não são possíveis, porque é proibido espalhar cabos elétricos, na via pública.
Talvez pelos motivos enumerados no ponto dois, apenas 38% dos bibliomóveis
possuem tomadas nos locais das paragens, os restantes 62% não possuem.

Gráfico 5.8 – Tomadas nas paragens

62%

38%

Sim Não

Há que prever também a existência de uma rede de tomadas elétricas, localizadas em


pontos facilmente acessíveis no espaço disponível, para possibilitar a ligação dos
audiovisuais e dos computadores portáteis dos utilizadores. Podemos concluir que a fonte
de energia, se não for verdadeiramente estudada, pode-se transformar num
constrangimento para o funcionamento dos bibliomóveis.
O acesso ao veículo deve ser cuidadosamente avaliado, porque uma boa
acessibilidade pode-se transformar num convite a um futuro utilizador. É aconselhável que
os degraus42 não sejam demasiado altos, para que todos, desde as crianças aos idosos,
possam aceder comodamente ao espaço interior.

42
Como medida de segurança é recomendável que o referido acesso esteja coberto com um
material antiderrapante, com o objetivo de evitar acidentes.
46
O papel das bibliotecas é trabalhar para a comunidade na qual está inserida e
promover o acesso universal e, para isso, é preciso que ela seja inclusiva e esteja
preparada para lidar, também, com o portador de deficiência, independentemente de qual
seja a sua limitação43. Neste contexto é da responsabilidade do município, tornar o espaço
fisicamente acessível a este tipo de público, através da adoção de medidas que garantam à
pessoa com deficiência o acesso, a circulação e a utilização do bibliomóvel44.
Se por um lado, esta população específica é na maior parte das vezes esquecida pela
sociedade em que se insere, por outro lado, já teve direito a uma Declaração dos Direitos
do Deficiente, redigida pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Infelizmente em Portugal a maioria (73%) dos bibliomóveis não possuem acessos
para deficientes, conforme se observa no gráfico seguinte.

Gráfico 5.9 – Acesso para deficientes

Sim
27%

Não
73%

43
UNESCO - Public library manifesto, (1999).
44
As pessoas com mobilidade motora reduzida (em cadeira de rodas) podem, por exemplo, aceder
ao interior da unidade, se instalarem no bibliomóvel duas calhas extensíveis, ou uma rampa de
acesso. Independentemente da tomada de decisão, antes é necessário estudar o local onde vão ser
colocados os referidos acessos, para não retirar espaço físico ao veículo. A utilização do
bibliomóvel por pessoas com deficiência visual também pode ser minorada, se o pavimento estiver
equipado com bandas indicadoras tácteis que assinalem os limites espaciais da biblioteca móvel e
nas estantes estiverem fixadas porta etiquetas em Braille.

47
5.3. – MOBILIÁRIO E EQUIPAMENTOS

No mercado existe uma vasta gama de mobiliário e equipamento para bibliomóveis,


que deve adequar-se ao espaço do veículo e ao princípio do livre acesso. A sua instalação
tem por objetivo obter a máxima capacidade de armazenamento de documentos de acordo
com as normas de segurança.
As estantes podem ser feitas de três materiais diferentes:
a) Madeira – as mais pesadas e mais resistentes, permanecem melhor encostadas
às paredes laterais do bibliomóvel e são mais silenciosas, porque vibram
pouco com o carro em andamento;
b) Metal – mais leves e acumulam menos pó, mas são mais barulhentas que as de
madeira, porque vibram mais com o carro em andamento;
c) Lacadas – de todas as mais resistentes e mais leves.
Independentemente do material de que são feitas, segundo Crespo Gonzalez45 as
estantes devem preferencialmente medir oitenta centímetros de largura e dois metros de
altura (altura da viatura). Não será demasiado reiterar que, na biblioteca de livre acesso, é
essencial o uso de um bom sistema de sinalética, para orientação do utilizador. Nos
bibliomóveis deve ser magnética e afixada no topo das estantes, para indicar o seu
conteúdo informativo, de acordo com os assuntos genéricos da Classificação Decimal
Universal (CDU).
As prateleiras devem ser reguláveis em altura para se adaptarem aos diferentes
tamanhos dos documentos, com o objetivo de otimizar o espaço. Não devem ultrapassar os
2 centímetros de espessura e terão que ser montadas com uma certa inclinação, para evitar
que os livros caiam, quando o bibliomóvel está em andamento. As prateleiras das estantes
laterais devem ter uma inclinação entre 10 e 15 graus enquanto as prateleiras das estantes
localizadas na traseira do veículo devem ter uma inclinação entre 15 e 20 graus. A última
prateleira deve estar localizada a 30 centímetros do chão46.
O número de estantes e de prateleiras está diretamente dependente da capacidade de
cada viatura. Assim nos nossos bibliomóveis aparece um número diversificado de
estantes, conforme se observa no gráfico seguinte, tendo a maioria dos veículos entre 5 e 8

45
CRESPO GONZÁLEZ, José [et al.] – La biblioteca móvil, p. 37.
46
IFLA – Pautas sobre bibliotecas móviles: traducción española, pp. 60-61.
48
estantes (27%); seguindo-se os que têm entre 9 e 16 estantes (19%).

Gráfico 5.10 – Número de estantes

N/S 11%

44 4%

25 - 27 12%

19 - 24 12%

9 - 16 19%

5-8 27%

2-4 15%

Não podemos deixar de nos questionar se todas as respostas a esta pergunta estarão
corretas, porque duvidamos que no nosso país haja bibliomóveis com 27 estantes.
Possivelmente alguns respondentes assumiram que a pergunta se reportava ao número de
prateleiras e não ao número de estantes, mas não conseguimos confirmar.
Um dos inquiridos (Arouca) também respondeu que o equipamento além de estar
equipado com estantes, também está apetrechado com um armário.
As mesas de trabalho são um constrangimento, considerando que o espaço útil que o
bibliomóvel tem disponível é, sobretudo destinado às estantes e à respetiva coleção. Por
questões de segurança os tampos das mesas de trabalho não devem ser escorregadios e os
cantos devem ser arredondados. A medida das mesas depende da utilização prevista47.
Nos bibliomóveis portugueses, a maioria das mesas de trabalho destina-se aos
funcionários e não ao público que frequenta os equipamentos diariamente.
Algumas unidades não possuem mesas de trabalho (31%), mas alguns equipamentos
em sua substituição possuem balcões de atendimento (4%), também estes destinados aos
funcionários. A medida dos balcões varia em função do espaço disponível, mas deve ter

47
Referências expressas nas “Pautas sobre bibliotecas móviles: traducción española”. Caso os
profissionais trabalhem de pé, as mesas devem ter uma altura de 92 cm, se trabalharem sentados,
devem ter uma altura de 71 cm. Nas mesas mais altas, os profissionais necessitam de menos
espaço de acomodação. A largura das mesas deve oscilar entre os 50 cm e os 62 cm. (IFLA, 2010,
p. 62).
49
um tamanho que suporte as atividades diárias de funcionamento (empréstimo, devolução e
reserva de documentos). Conforme se observa no gráfico seguinte a maioria dos
bibliomóveis possui apenas 1 mesa (50%).

Gráfico 5.11 – Mesas de trabalho


1 mesa 2 mesas 2 balcões 3 mesas s/mesas

31%

50%

11%
4%
4%

Os bibliomóveis são bibliotecas que estão imobilizadas por pouco tempo, por isso
normalmente têm poucas cadeiras ou bancos para as pessoas se sentarem a desfrutar da
leitura de um livro ou de uma revista. Os assentos disponíveis normalmente servem para
possibilitar que os utilizadores acedam ao computador. Muitas vezes os bancos da cabina,
o do motorista e o do passageiro são os únicos bancos que existem no equipamento, como
sucede no caso do bibliomóvel do Bombarral e da Mealhada. Por vezes estes bancos são
rotativos, para servirem de assento, a quem está a fazer o atendimento.
A maioria dos bibliomóveis tem 2 lugares sentados (57%), seguindo-se os que têm 3
lugares sentados (23%) e os que têm apenas 1 lugar sentado (2%).

Gráfico 5.12 – Lugares sentados


57%

23%

12%
8%

1 2 3 N/T

50
O advento do computador e das novas tecnologias e, sua consequente introdução nas
bibliotecas, aumentou e eficiência, a cooperação e a precisão dos serviços oferecidos. Não
sendo um espaço intemporal, o bibliomóvel para se manter atual, dinâmico, competente e
capaz de oferecer um serviço de qualidade, necessita de se informatizar e de criar sistemas
e serviços em suporte informático, além de disponibilizar recursos bibliográficos.
A importância da informatização de uma biblioteca vê-se a dois níveis:
1. Ao nível dos serviços internos – constituição de um catálogo coletivo de
leitura pública como instrumento normalizador, possibilitando a gestão
integrada de todas as rotinas48 e serviços prestados pelas bibliotecas;
2. Ao nível dos serviços disponibilizados ao público – disponibilização do
catálogo em linha, consulta de documentos, acesso à internet, visualização de
filmes e audição de música.
Enquanto serviço público, as bibliotecas itinerantes podem e devem garantir o
acesso igualitário, potenciando a alfabetização tecnológica e informacional dos
utilizadores.
Entre todas as tecnologias a primeira a ser introduzida nas bibliotecas e,
consequentemente nos bibliomóveis, foram os computadores, os quais possibilitam a
redução do número de tarefas repetitivas e proporcionam a introdução de serviços que não
existiam antes. Conforme nos mostra o gráfico 5.13, observamos que 65% das bibliotecas
móveis disponibiliza 1 computador para os técnicos trabalharem e 8% disponibiliza 2
computadores aos seus funcionários, mas apesar desta ferramenta de trabalho ser essencial
para a atividade biblioteconómica, 27% de bibliomóveis (Alijó, Bombarral, Castelo de
Paiva, Coimbra, Felgueiras, São Pedro do Sul, Vila Real) ainda não a oferecem aos seus
profissionais.
Quanto aos computadores disponíveis para o público, constatamos no mesmo
gráfico que 50% dos bibliomóveis não faculta computadores aos seus utilizadores e os
restantes 50% disponibilizam um (34%) ou dois (12%) computadores ou 1 portátil (4%),
conforme se conclui do gráfico anterior.

48
Tratamento documental, gestão da coleção, controlo de empréstimos, avaliação quantitativa do
acervo e dos utilizadores.
51
Gráfico 5.13 – Computadores do público e dos técnicos
70% 65%
60%
50%
50%
40% 34%
27%
30%
20% 12%
8%
10% 4%
0%
0 1 2 Portátil
Público Técnicos

Além de equipadas com computadores as bibliotecas móveis devem também ser


dotadas de recursos tecnológicos que sirvam de suporte ao desempenho das rotinas
internas assim como ao desenvolvimento e disponibilização de serviços da biblioteca ao
público.
A seleção dos equipamentos para fotocopiar, imprimir e digitalizar terá que ser
efetuada na perspetiva da sua conveniência de utilização em função da distribuição dos
espaços e da gestão racional dos recursos, tanto ao nível dos serviços internos como dos
que são prestados ao público. A utilização destes equipamentos deverá ser da
responsabilidade de um funcionário do bibliomóvel, e respeitar a política de impressões e
digitalizações definida pela biblioteca.
De todos os bibliomóveis inquiridos, apenas 23% possui os três equipamentos
(fotocopiadora, impressora e scanner), 4% possui dois equipamentos (impressora e
scanner), 19% possui apenas impressora e 8% apenas está apetrechado com fotocopiadora.

Gráfico 5.14 – Outros equipamentos


50%
45%
40% 46%
35%
30%
25%
20% 23%
15% 19%
10% 4%
5% 8%
0%

52
As evoluções tenológicas conduziram também ao aparecimento no mercado de um
elevado número de títulos em suporte eletrónico, os quais por sua vez, levaram as
biblioteca a apetrecharem-se com ecrãs e leitores de DVD, equipamentos essenciais para
os utilizadores desfrutaram do visionamento de uma obra cinematográfica (filme), ou de
uma interpretação musical (CD áudio).
Ao analisarmos os nossos bibliomóveis, verificámos que só uma minoria possui
ecrãs (11%) e leitores de DVD (19%).

Gráfico 5.15 – Ecrãs e leitores de DVD


Ecrâs DVDS

N/Resp. 8% 4%

Não 81% 77%

Sim 11% 19%

Se nas bibliotecas o uso das tecnologias é cada vez maior, a generalidade dos
bibliomóveis ainda não teve capacidade de avançar na mesma proporção. Na biblioteca a
tecnologia desempenha um papel estratégico e transversal, ao contribuir para o
desenvolvimento do conhecimento coletivo e da aprendizagem contínua. Contudo, tendo
em conta as dimensões das viaturas, somos obrigados a concluir, que a maioria dos
veículos não tem espaço disponível, para instalar os equipamentos referidos
anteriormente.

53
5.4. – ROTAS, PERIODICIDADE E TEMPOS DE PARAGEM

Para desenvolver um serviço com as caraterísticas já referidas anteriormente é


necessário estudar a zona em que o serviço vai ser prestado e efetuar uma planificação, por
forma a alcançar metas e objetivos predefinidos durante um determinado período de
tempo.
A primeira planificação passa por estabelecer as rotas que o bibliomóvel irá efetuar.
Para estruturar os referidos trajetos, o bibliotecário, a biblioteca municipal ou o poder
político terão que estudar e conhecer a fundo o município, por onde o veículo vai circular,
porque vários fatores, como os expostos imediatamente a seguir, irão condicionar a
escolha do percurso a percorrer, a periodicidade das visitas e o tempo de paragem:
1. – A rede viária e o meio geográfico dos locais influenciam o tempo de chegada
a qualquer local. Fatores como estradas em mau estado, com muitas curvas,
ou com uma localização serrana, irão certamente reduzir o número de
viagens e o tempo de duração das paragens do veículo;
2. – O tipo de clima dos locais por onde circula a viatura é igualmente uma
condicionante. A circulação em zonas muito quentes ou muito chuvosas,
além de tornar a circulação morosa, obriga a que as paragens sejam em locais
protegidos, para o público não estar exposto às intemperes e ao calor;
3. – A escolha do público-alvo com quem se vai trabalhar também condiciona o
local e o tempo de paragem. Devem antecipadamente decidir com que
populações querem trabalhar, como por exemplo: população em geral ou
população específica (escolares, lares, ou outras);
4. – As caraterísticas da população, nomeadamente as condições económicas e os
hábitos culturais condicionam de igual modo os serviços oferecidos pela
biblioteca e consequentemente o tempo de paragem;
5. – Os recursos humanos disponíveis, nomeadamente o horário de trabalho dos
funcionários, é outro fator a considerar no planeamento das rotas;
6 – As condições técnicas dos veículos, pois as viaturas mais modernas, são mais
rápidas e mais seguras, que as viaturas mais antigas.
Os diferentes bibliomóveis estudados apresentam várias rotas, por um conjunto
alargado de freguesias (42%), escolas básicas do 1º ciclo e Jardins de Infância (27%),

54
prisões (8%), lares da terceira idade (8%), parques de lazer (4%) e instituições de
solidariedade social (4%).
A oferta de itinerários dos nossos bibliomóveis é tão vasta que varia em número,
entre 2 e 18 voltas diferenciadas, conforme a viatura a que nos referimos. Há veículos que
circulam por 120 locais distintos (4%), outros viajam por 38 freguesias (4%) e outro
ainda, o qual não pertence a nenhuma autarquia (BIIG), circula por 12 concelhos,
conforme os projetos predefinidos com as respetivas câmaras municipais. A complexidade
dos percursos é tão grande, que há bibliomóveis que têm itinerários específicos para cada
tipo de público. Perante estas especificidades optámos por remeter esta informação em
anexo ao nosso trabalho49.
A distância diária que um bibliomóvel deve percorrer e o tempo de serviço
biblioteconómico prestado à comunidade, dependem da quantidade e da duração das
paragens50, mas quanto mais frequentes forem as visitas mais adequado será o serviço e o
grau de satisfação dos utilizadores.
Na planificação também se deve definir a periodicidade das visitas, as quais devem
ocorrer sempre no mesmo dia da semana, para que as populações se vão apercebendo da
presença continuada ao longo do ano e vão inscrevendo a ida ao bibliomóvel nas suas
rotinas pessoais. A regularidade das visitas pode ser por exemplo semanal, quinzenal ou
mensal. O número de paragens diárias depende da forma como a população se encontra
distribuída geograficamente e do uso do serviço51.
As paragens da viatura devem ocorrer num lugar central, perto das instituições e
serviços locais, ou seja num local acessível a todos e com espaço para estacionamento.
Conforme se observa no gráfico 5.16, a maior parte dos bibliomóveis efetuam
paragens de cerca de 30 minutos (30%), conforme se verifica no gráfico seguinte; outros
estão parados um tempo variável (14%), dependendo da afluência de público e do número
de livros requisitados e devolvidos. Constatamos, porém, que metade dos bibliomóveis
(50%) permanece muito pouco tempo nos locais, sendo essa paragem variável entre os
quinze e os quarenta e cinco minutos. Os restantes 50% dos equipamentos executam

49
Consultar documento em Anexo E.
50
As Pautas sobre bibliotecas móviles aconselham que os bibliomóveis percorram no máximo 200
km diários e que, de duas em duas semanas, parem um dia para manutenção (IFLA, 2010, p.14).
51
Referências expressas nas Pautas sobre bibliotecas móviles. Prescrevem um máximo de 20
paragens diárias, (IFLA, 2010, pp.14-15).
55
paragens que oscilam entre uma hora e as quatro horas. Por exemplo o bibliomóvel do
projeto BIIG estaciona durante três a quatro horas; o bibliomóvel de Matosinhos e da
Mealhada faz paragens entre uma e duas horas e o bibliomóvel do Pombal de uma hora e
meia, provavelmente porque estes atendem maior número de público ou promovem
atividades de leitura.

Gráfico 5.16 – Tempo de paragem

30%

14%

8% 8% 8%
4% 4% 4% 4% 4% 4% 4% 4%

Por último falta-nos analisar a sinalização das paragens do bibliomóvel. As paragens


sinalizadas têm uma dupla função, por um lado os utilizadores conhecem o local exato
onde os veículos estacionam e, por outro lado divulga o serviço, transformando-se numa
excelente ferramenta de marketing. Cerca de metade das paragens não estão sinalizadas, o
que denota um erro estratégico, por parte dos dirigentes. Nas paragens também deveria ser
prática afixar os horários e os contactos dos bibliomóveis, de modo a facilitar o acesso,
caso necessário.

Gráfico 5.17 – Sinalização das paragens

42% Sim
Não
58%

56
5.5. – HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DOS BIBLIOMÓVEIS

É enorme a variedade de horários praticados pelos bibliomóveis, desde períodos de


2 horas até 7 horas, horário normal da administração pública. Uns funcionam só da parte
da manhã (Vila Real, Pombal, Castro Verde), noutros o serviço está disponível apenas da
parte da tarde (Viana do Castelo, Aguiar da Beira), outros trabalham todo o dia
(Almodôvar, Grândola, Oliveira de Azeméis), há alguns que operam em horário noturno
em certos dias da semana (Beja) e outros circulam ao sábado (Vila Nova de Famalicão).

Tabela 5.3 – Horário de funcionamento dos bibliomóveis


Horário de verão Nº Bibl. Horário de inverno Nº Bibl.
9.00h – 11.00h 1 9.00h – 12.30h 1
9.00h – 13.00h
9.00h – 12.30h 1 2
(1 deles só ao sábado)
9.00h – 13.00h (sábado) 1 9.00h – 16.00h 1
9.00h – 17.00h 3 9.00h – 17.00h 3
9.00h -17.30h 2 9.00h – 17.30h 2
9.00h – 17.45h 1 9.00h – 17.45h 1
9.30h - 12.30h 2 9.30h – 12.30h 1
10.00h – 19.00h 1 9.30h – 15.30h 1
10.30h – 18.00h
1 9.30h – 17.30h 1
(piscinas, julho e agosto)
11.30h – 17.30h 1 10.00h - 17.00h 1
13.30h -15.30h 1 10.30h – 18.00h 1
14.00h – 19.00 h 1 11.30h – 17.30h 1
17.30h – 20.00h 1 13.30h – 15.30h 1
De acordo c/ calendário escolar 1 14.00h – 19.00h 1
Não definido 2 14.30h – 17.30h 1
Parado 4 Não definido 2
Parado em agosto 1 Horário letivo 2
Não responde 4 Não responde 4

57
Determinados bibliomóveis têm um horário de verão diferente do de inverno
(Grândola), uns estão parados durante o verão (Vila do Conde, Vouzela) e outros só
funcionam de acordo com o calendário escolar (Matosinhos, Vouzela).
A abertura dos serviços durante um período de tempo mais alargado depende do
número de pessoas que o possam assegurar e das especificidades dos públicos que servem.
A nossa análise permite-nos concluir que apesar das dificuldades inerentes ao número de
pessoal disponível, existe um esforço das entidades responsáveis, em adequar o horário
das bibliotecas às necessidades dos utilizadores.

58
5.6. – PESSOAL AFETO AO SERVIÇO

Após o investimento inicial no veículo, surgem primeiras as despesas de


funcionamento associadas aos encargos com o pessoal. Os recursos humanos, que
desempenham funções nos bibliomóveis, fazem parte da equipa da biblioteca pública e
devem ter formação em biblioteconomia.
Estrategicamente deve ser identificado o número de funcionários necessários para
garantir o funcionamento dos serviços, tendo em conta a população residente nos locais
por onde o veículo circula, o número de utilizadores diários que atende e o dinheiro
disponível para os salários dos funcionários. O pessoal deve ser suficiente para cumprir
um horário alargado e ajustado às necessidades da comunidade, correspondendo em
número e em especialização à dimensão e diversidade dos serviços da biblioteca.
Normalmente os funcionários afetos ao serviço, estão distribuídos pelas seguintes
categorias profissionais:
Um motorista com carta de ligeiros para as furgonetas. Deve possuir bons
conhecimentos de mecânica, para garantir a manutenção do veículo e, facilidade de
relacionamento. Apesar de as suas funções estarem adscritas ao veículo, quando
necessário poderá ser solicitado a ajudar o bibliotecário ou o assistente técnico, na
arrumação de livros nas estantes e fazer empréstimos. No momento do planeamento das
rotas, as indicações do motorista são essenciais, pois ninguém melhor do que ele conhece
as estradas e o tempo necessário para percorrê-las.
Um assistente técnico, funcionário que possui um curso técnico profissional de
biblioteca, e está apto a desempenhar as tarefas técnicas como o atendimento ao público.
Um bibliotecário, com formação a nível superior e uma especialização em Ciências
Documentais, o qual deve acrescentar às suas competências e ao seu perfil técnico
caraterísticas humanas particulares de acordo com as exigências específicas deste serviço.
Se observarmos o gráfico seguinte, constatamos que nem sempre acontece a
distribuição profissional, referida anteriormente. A maioria dos funcionários afetos ao
bibliomóvel possui a categoria de assistentes técnicos (88%), seguindo-se imediatamente a
seguir os motoristas (38%), os bibliotecários (35%), e por fim outras categorias (12%),
não especificadas52.

52
O valor total ultrapassa os 100%, porque há bibliomóveis com mais do que um funcionário.
59
Tendo em conta o número de motoristas enumerados no gráfico, leva-nos a concluir
que na maioria dos equipamentos, são os profissionais com outras categorias profissionais
que guiam o veículo.

Gráfico 5.18 – Categorias profissionais dos funcionários


Assistente ténico Bibliotecário Motorista Outro

12%

38%
88%

35%

Não se conhecem determinações profissionais relativamente ao número exato de


funcionários que devem estar afetos a cada biblioteca itinerante. Podemos acrescentar, no
entanto, que para o serviço poder ser assegurado com o mínimo de qualidade é necessário
pelo menos, um assistente técnico com formação específica e outro funcionário para o
adjuvar. Porém não podemos deixar de pensar que num futuro, não muito longínquo, este
serviço deverá ser assegurado por bibliotecários, profissionais com formação e
capacidades para conceber, organizar e administrar estas estruturas documentais.
Neste estudo verificámos que a maior parte dos nossos bibliomóveis dispõe de 2
funcionários (50%), seguindo-se, em quantidade, os veículos que possuem 1 funcionário
(38%) e por último os que contam com o apoio de 3 funcionários (12%), conforme se
constata no gráfico número 5.19.

Gráfico 5.19 – Número de funcionários


1 Funcionário 2 Funcionários 3 Funcionários

12%

38%

50%

60
De modo a termos um conhecimento mais abrangente da realidade portuguesa,
inquirimos sobre quem eram os responsáveis pelos equipamentos em estudo. Segundo a
leitura do gráfico número 5.20 depreende-se que os responsáveis pelo equipamento são em
larga escala bibliotecários (53%), surgindo em segundo lugar os assistentes técnicos
(23%) e, em número mais reduzido, os chefes de divisão (8%), a biblioteca municipal
(4%), o presidente da câmara (4%), e a coordenadora do projeto (4%).

Gráfico 5.20 – Responsável pelo equipamento

53%

23%

8%
4% 4% 4%

Assistente Biblioteca Bibliotecário Chefe de Coordenadora Presidente da


técnico divisão projeto CM

61
5.7. – PÚBLICO-ALVO

Os utilizadores são pessoas com interesses, necessidades e expectativas


diversificadas, em função de fatores como por exemplo o sexo, idade, instrução e a
profissão. A definição dos públicos ou público que se dirigem à biblioteca é extremamente
complexa, no caso dos bibliomóveis, aquele é heterogéneo e por vezes difícil de discernir.
Devido às rotas percorridas pela maioria dos bibliomóveis, o público habitual é o
das zonas rurais, normalmente dispersas, cujo núcleo populacional não justifica política e
economicamente a construção de uma biblioteca pública. Por outro lado a população idosa
é maioritária em certos locais e, por isso, é executada uma paragem pública,
concomitantemente com uma visita aos lares de 3ª idade, veja-se o caso particular de Vila
Real. O pessoal que atende este público deve estar preparado para o atender,
demonstrando reunir a paciência e a sensibilidade necessárias para o cumprimento de um
bom serviço.
Os públicos específicos ou sazonais são aqueles que só necessitam dos serviços
móveis em determinadas alturas do ano. Tal sucede no caso das escolas (Vouzela) e das
piscinas (Guimarães).
O público infantil, isto é entre os 6 e os 12 anos, é normalmente o grande
frequentador dos bibliomóveis, até porque alguns destes veículos estão direcionados para
trabalhar só com as escolas e as crianças. Compete aos funcionários do equipamento
observar atentamente o comportamento, os hábitos de leitura e os interesses evidenciados
por esta faixa etária. Quando os bibliomóveis prestam apoio às escolas, o serviço deve ser
planeado com os respetivos diretores e professores, nomeadamente através de protocolos
ou parcerias.

Gráfico 5.21 – Público-alvo

80%

12%
4% 4%

População em geral J.I / 1º ciclo J.I / 1º ciclo / 3ª 1º ciclo


idade

62
A diversidade de públicos é uma constante. A maioria das bibliotecas móveis
trabalha com a população em geral (80%), apesar de existirem bibliotecas que estão
direcionadas especificamente para públicos escolares e da 3ª idade, conforme se certifica
no gráfico anterior.
Segundo o gráfico 5.22, é o público feminino (62%) o que mais frequenta a
biblioteca, logo torna-se necessário arranjar espaço na coleção para colocar documentos
sobre algumas temáticas que tradicionalmente despertam interesse nas mulheres.
Contudo, constatamos que 38% das bibliotecas móveis não têm uma noção definida
do género do seu público, o que consideramos um erro estratégico. Situação que nos leva a
perguntar, como é possível trabalhar com um público, cujo género não se conhece?
Relembramos que os inquéritos e as entrevistas são instrumentos a que o
bibliotecário deve recorrer para conhecer melhor os utilizadores do bibliomóvel e possa
identificar as necessidades informacionais dos utentes.

Gráfico 5.22 – Utilizadores por sexo


Feminino N/S

38%

62%

O Manifesto da biblioteca pública afirma que a biblioteca deve ser um espaço para
todos, sem descriminação alguma. As populações que quiserem usufruir deste serviço
devem forçosamente inscrever-se como utilizadores do bibliomóvel, porque só assim
poderão ter acesso a um cartão de leitor oferecido pelo equipamento móvel. O referido
cartão deverá ter um determinado prazo de validade, o qual será definido segundo critérios
internos da própria organização e deverá constar do regulamento do equipamento.
O cartão de leitor deve ser renovável e os dados dos utilizadores devem ser
atualizados com frequência. A inscrição dos utilizadores é um procedimento estratégico,
que indicará ao bibliotecário o número exato de utilizadores ativos.

63
Se analisarmos o número de utilizadores inscritos em cada biblioteca móvel,
verificamos que, em certos casos, o número não é real, pelo simples fato de seguirem uma
política de inscrições contraproducente. Veja-se o caso de Arouca onde registaram todos
os alunos do concelho e o de Oliveira de Azeméis que inscreveram todos os utilizadores
da biblioteca pública.
Genericamente a maioria dos bibliomóveis têm entre 1.000 e 3.643 inscritos. Os
valores seguintes reportam-se aos bibliomóveis que só inscrevem os seus utilizadores e os
quais variam entre 220 e 812 inscritos. Com o número real de inscrições, consegue-se
apurar o número de visitas à biblioteca per capita, a utilização da coleção (livros
devolvidos), entre outros dados estatísticos. É o somatório de todos os dados que irá
permitir o desenvolvimento de um plano de ação.

Gráfico 5.23 – Número de utilizadores inscritos

N/R 23%
Todos da BP 4%
Todos os alunos 4%
4704 - 8450 8%
3100 - 3643 11%
1400 - 2669 11%
1000 - 1332 11%
752 - 812 8%
300 - 650 12%
220 - 242 8%

0% 5% 10% 15% 20% 25%

Da análise do gráfico seguinte, infere-se que não é por a biblioteca móvel ter um
número exagerado de utilizadores inscritos que aumenta o número da sua frequência
diária.
O número de utilizadores diários é variável, entre os 10 e os 240 utilizadores.
Aparece num lugar de topo, os que têm diariamente entre 30 e 50 utilizadores (23%),
seguindo-se os que têm entre 60 e 80 (19%) e depois os que têm entre 10 e 28 (15%).
Mais uma vez denota-se neste aspeto um erro estratégico, pois 15% dos inquiridos,
não sabem quantos utilizadores atendem diariamente.

64
Gráfico 5.24 – Número de utilizadores diários
25% 23%

20% 19%

15% 15%
15%
12%

10% 8% 8%

5%

0%
10 - 28 30 - 50 60 - 80 100 - 120 150 - 240 Variável N/R

65
5.8. – SERVIÇOS E ATIVIDADES

Planear, organizar, dirigir, coordenar e controlar são, hoje, processos que não se
compadecem com procedimentos morosos e inconsequentes que podem conduzir à
ineficácia, à inoperância e até mesmo à completa estagnação de serviços que se pretendem
atuantes e proactivos junto dos utilizadores.
Parte dos serviços prestados pela biblioteca realiza-se através da difusão passiva do
documento primário (o utilizador procura o documento), uma estratégia biblioteconómica,
expressa nos seguintes casos:
Consulta presencial – é o serviço de difusão documental mais comum em todos os
tipos de bibliotecas, onde os utilizadores têm acesso a todos os géneros de documentos nas
instalações, através de acesso direto. O livre acesso possibilita-lhes circular livremente
pelo bibliomóvel, em contato direto com o livro, quer no seu formato tradicional, quer nos
mais variados suportes eletrónicos. No nosso estudo constatamos que a maioria dos
bibliomóveis (88%) facilitam este serviço aos utilizadores e apenas 12% não o facilita é o
caso de Coimbra, Felgueiras e Almodôvar.
Empréstimo domiciliário – como seria de esperar é o serviço com mais utilização
nos bibliomóveis, através do qual os utilizadores podem requerer os documentos para
consulta domiciliária, e tendo em conta as particularidades do serviço é provavelmente, o
meio mais eficaz de fomentar a leitura no meio rural. Se o serviço estiver informatizado,
facilita a sua utilização, aumenta a rapidez do serviço, a fiabilidade e a eficácia do
controlo e por último gera estatísticas automaticamente. O número de documentos
emprestados e a duração do empréstimo dependerá do itinerário e da frequência das
paragens, assim como do volume da coleção e das necessidades dos utilizadores. No nosso
caso 96% dos equipamentos oferece este serviço e apenas 4% não oferece, é o caso do
projeto BIIG.
O empréstimo interbibliotecas – é o serviço de difusão documental que envolve
várias bibliotecas, e que permite que os utilizadores possam requerer determinados
documentos (originais ou cópias) a outras bibliotecas. O seu incremento nos últimos anos
possibilitou o estabelecimento de acordos entre bibliotecas participantes, suportados pela
existência de catálogos coletivos e pela adoção de procedimentos normalizados:
formulários de requisição, condições de empréstimo, custos do serviço e expedição de
documentos. A grande vantagem deste serviço é que permite ao utilizador requisitar

66
documentos que não constam do catálogo do bibliomóvel e da biblioteca pública a que o
veículo está agregado, evitando deste modo novas aquisições por parte do referido
equipamento. Como desvantagem apontamos os custos que por vezes são da
responsabilidade do utilizador final. Só alguns bibliomóveis (58%) prestam este serviço,
possivelmente porque os restantes trabalham com uma tipologia de público que não
necessita de utilizá-lo, ou porque o equipamento não tem condições técnicas para o
disponibilizar.

Gráfico 5.25 – Serviços prestados pelos bibliomóveis

12% 4% 4% 8% 8% 8% 8%
12%

19%
30% 38%
50%
73% 77%
88% 96%
77% N/R
58% 54%
42% Não
19% 15%
Sim

Reserva de documentos - é o serviço que consiste na requisição prévia de obras para


consulta. No caso português 77% dos bibliomóveis facilitam essa reserva mas 19% não o
permitem (Coimbra, Felgueiras, Penafiel, Bombarral e Projeto BIIG).
Consulta de documentos no catálogo – pesquisa aleatória por palavra-chave ou texto
livre e que possibilita a pesquisa booleana e a truncatura. Pouco mais de metade dos
bibliomóveis disponibilizam o acesso ao catálogo (58%), os restantes (38%) não permitem
o acesso a essa fonte de informação.
Visionamento de filmes – a maioria dos equipamentos (73%) não permitem o
visionamento de filmes, mas as viaturas equipadas com leitores de DVD (19%)
possibilitam-no (São João da Pesqueira, Projeto BIIG, Beja, Grândola e Mealhada).
Audição de música – segundo o gráfico anterior a maioria das viaturas (77%) não
facultam a audição de CD-áudio, mas 15% oferecem o serviço aos seus leitores (São João
da Pesqueira, Projeto BIIG, Beja e Mealhada).

67
Internet – tornou-se a rede mundial de comunicações entre computadores.
Considerada por muitos a Rede das redes, o Santo Graal das comunicações, conquistou o
espaço biblioteconómico e contribuiu para o nascimento de uma nova biblioteca e de um
novo público. Apesar da biblioteca móvel ser uma porta de acesso à informação, metade
dos bibliomóveis (50%), ainda não possuem acesso à internet, o que é um contrassenso,
tendo em conta que esta rede proporciona novos meios de comunicação e
consequentemente permite adquirir conhecimentos em várias áreas do saber.

Gráfico 5.26 – Atividades


90% 81%
80%
70%
60% 50%
50%
40%
30%
20% 15%
8% 8% 4%
10% 4% 4%
0%

Animação cultural e promoção da leitura andam, inevitavelmente a par, sendo por


isso, a maioria das bibliotecas incentivadas a oferecer um conjunto diversificado de
atividades de animação cultural, umas mais próximas dos acervos documentais, outras
visando essencialmente as suas diversas valências.
Atividades de promoção da leitura – definem-se como o conjunto de eventos
culturais especificamente direcionadas para a dinamização do acervo documental e a
leitura do ponto de vista das competências e, ou práticas, as quais contribuem para o
desenvolvimento intelectual, emocional, linguístico, social e educacional das populações.
No nosso caso ocorrem em 81% dos equipamentos.
Animação cultural – descreve-se como o conjunto de atividades realizadas pela biblioteca,
mas cujo tema abordado possa ser encontrado em vários suportes de informação, como
por exemplo:

68
Saraus de poesia – incentivam a prática da leitura, promovem encontros, socializam
a população e as famílias, formam leitores, divulgam produtos culturais e qualificam a
produção literária e artística regional, nacional e internacional. Porém pensamos que este
tipo de eventos, ou não é o mais indicado para o público dos bibliomóveis, ou não existem
condições económicas, para a sua realização, uma vez que só ocorrem em 4% dos
veículos.
Exposições – apresentações de objetos ao público, que nos bibliomóveis estão
condicionadas pelo fator espaço, motivo pelo qual só ocorrem em 4% das viaturas.
Todavia esta iniciativa pode ser sempre realizada em outros locais, através de parcerias
desenvolvidas, com associações locais.
Cinema – é uma indústria que produz imagens, mas é também uma arte de
entretenimento popular destinada a educar e a informar os cidadãos, e que convida ao
debate. Como muitas zonas do nosso país não possuem salas de cinema, os bibliomóveis
são o melhor local para colocar o público em contato com esta poderosa fonte de
informação. Mesmo que não exista espaço no interior da viatura, podem colocar cadeiras à
volta do equipamento e fazer a projeção ao ar livre. Lastimavelmente esta atividade apenas
se realiza em 15% dos equipamentos.
Teatro – é uma forma de representação que também pode ocorrer ao ar livre, numa
associação cultural, numa escola ou num lar da 3ª idade, desde que seja promovido pelo
bibliomóvel. Podemos afirmar que esta é provavelmente a melhor atividade cultural para
se apresentar ao público, porque ao interagir diretamente com os espetadores, obriga os
indivíduos a refletir sobre a realidade apresentada. Porém, apenas 8% dos bibliomóveis
apresentam peças teatrais.
Espetáculos musicais – normalmente a música desperta interesse em todo o tipo de
público, mas nas nossas bibliotecas móveis, não é devidamente explorada, porque surge
unicamente em 8% dos equipamentos.
Outras atividades – podem ocorrer nos bibliomóveis, desde que coloquem o público
em contato com diferentes expressões culturais, que contribuam para o seu
desenvolvimento individual e coletivo. Dos inquiridos 50% responderam que fazem outro
tipo de atividades, apesar de não terem especificado quais.
Na realidade o bibliotecário deve assumir a função de animador e consequentemente
programador de atividades. Para tal deve assegurar a cooperação com parcerias relevantes,

69
como por exemplo, grupos de utilizadores e outros profissionais a nível local e regional,
associações culturais, juntas de freguesias e museus.
As exigências emergentes da sociedade do conhecimento, conjugadas com as
necessidades de informação, cultura e lazer das populações, determinam a intenção de
todos os concelhos prosseguirem o desenvolvimento de uma rede concelhia de leitura
pública, com o objetivo formar leitores e cidadãos pró-ativos.
A periodicidade com que as diversas atividades ocorrem, não é muito importante,
mais importante é a sua qualidade e a sua pertinência para o público. Em alguns
equipamentos realizam-se trimestralmente (4%), outros semestralmente (8%), e por fim
em execuo os que praticam os eventos quinzenalmente e mensalmente (15%). Obtivemos
ainda 50% de respostas, que indicavam que a periodicidade das atividades é outra, apesar
de não terem especificado.
Mais uma vez nos demos conta que alguns inqueridos (8%) não responde ou não
sabe. Como se pode gerir um equipamento de qualidade, quando não se conhecem os seus
procedimentos?

Gráfico 5.27 – Periodicidade das atividades


60%
50%
50%

40%

30%

20% 15% 15%


8% 8%
10% 4%

0%
Quinzenal Mensal Trimestral Semestral Outra N/R

70
5.9. - COLEÇÃO

Um fator determinante na constituição da coleção é o financiamento, o qual assenta


no investimento inicial e no orçamento disponível para a renovação do fundo
bibliográfico.
A distribuição das verbas disponíveis, para aquisição dos diferentes temas e
suportes, é um fator a ter em conta na seleção53, para evitar o desequilíbrio das coleções.
Atendendo às dificuldades orçamentais, as bibliotecas devem procurar, tanto quanto
possível, receber doações de diferentes entidades e até de particulares. Porém receber
ofertas, não significa receber obras sem interesse, para os leitores.
A permuta entre bibliotecas é uma prática pouco frequente em Portugal mas que
deve ser incentivada. Para que exista permuta, basta que cada bibliomóvel possua uma
lista de referências que indique claramente os títulos que está interessada em receber em
troca, a qual deve depois, ser divulgada pelos outros veículos.
Formar uma coleção é organizá-la de forma adequada e colocá-la ao serviço dos
seus utilizadores. Se por um lado, o bibliotecário forma e mantém, organiza e difunde a
coleção, por outro lado, o utilizador necessita e busca, orienta-se e usa essa mesma
coleção.
As coleções devem ser oferecidas com base na igualdade de acesso para todos, sem
distinção de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua ou condição social e estar
isenta de qualquer forma de censura ideológica, política ou religiosa.
O importante nas obras é o seu conteúdo e não o suporte em que estas estão
registadas, por isso, a coleção deve incluir todo o tipo de suportes e tecnologias modernas,
assim como fundos tradicionais, apesar de a proporcionalidade entre suportes ser
diferente, ocupando percentualmente lugar de destaque, o material livro. Os fundos
documentais devem de forma coerente, pluralista e atualizada, cobrir todas as áreas do
saber.
Grandes coleções não são necessariamente sinónimo de boas coleções, a relevância
que a coleção tem para as necessidades da comunidade é muito mais importante do que o

53
Um único indivíduo (bibliotecário) não é suficiente para selecionar objetivamente, por isso deve
ser constituída uma comissão de leitura, para o auxiliar. Para além desta comissão a biblioteca
deve incentivar a participação dos leitores na escolha de obras a adquirir, criando por exemplo, um
sistema de recolha de sugestões de novos títulos.
71
seu tamanho. O tamanho da coleção depende do espaço disponível no bibliomóvel, das
medidas e da capacidade de carga da viatura, dos recursos financeiros, da procura da
população, da proximidade da biblioteca pública, do acesso a recursos eletrónicos e da
política de trocas com outras bibliotecas.
Todos os veículos devem possuir uma coleção formada por materiais primários
(monografias e periódicos), obras de referência de informação direta (dicionários e
enciclopédias) e obras de referência de informação indireta (catálogos e repertórios
bibliográficos).
Os bibliomóveis devem possuir um depósito, localizado numa zona acessível, para
que periodicamente possam renovar os documentos que andam a circular.
Quantitativamente, em 19% das viaturas a coleção varia entre 1.000 e 1.746
documentos, segue-se em execuo com 15% cada, os veículos que possuem um fundo que
oscila entre os 2.000 e 2.414 documentos e entre os 3.000 e 3.500 documentos54. Na
maioria dos equipamentos (23%) os inquiridos não sabem o número de documentos que
constituem a coleção, conforme se confirma no gráfico seguinte.

Gráfico 5.28 – Volume da coleção

N/R 23%

10.000 . 11.751 8%

6.000 4%

4.000 - 4.739 12%

3.000 - 3.500 15%

2.000 - 2.414 15%

1.000 - 1.746 19%

493 4%

0% 5% 10% 15% 20% 25%

Nem todas as bibliotecas móveis possuem fundo próprio. Cerca de 19% utilizam o
fundo da biblioteca municipal, daí que indicassem no questionário coleções tão grandes,

54
As Pautas sobre bibliotecas móviles recomendam que a coleção de uma furgoneta seja
constituída por cerca de 1.500 documentos, e a de um autocarro seja formada por cerca de 2.500
documentos, um terço dos quais, dirigidos ao público infantil. (IFLA, 2010, p. 74).
72
como as de Aguiar da Beira, Alijó, Grândola, Mealhada e Viana do Castelo, conforme se
observa no gráfico seguinte.

Gráfico 5.29 – Fundo próprio


81%

19%

Sim Não

Regularmente a coleção terá que ser renovada, para que os leitores tenham acesso às
novidades. A renovação pode ser efetuada de diversas formas:
 Aquisição de novidades;
 Utilização dos fundos da biblioteca municipal;
 Documentos arrumados no depósito55.
Preferencialmente os bibliomóveis deveriam renovar anualmente 10% dos seus
fundos, porém, a preponderância do fator económico condiciona muitas vezes as
autarquias, a executar esta indicação.
A maioria dos bibliomóveis (58%) não indicou qual a periodicidade de renovação da
sua coleção, mas 23% dos inquiridos indicaram que fazem a renovação semestralmente e
19% declararam que fazem a renovação anualmente.

Gráfico 5.30 – Periodicidade de renovação do fundo

Outra 58%

Semestral 23%

Anual 19%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

55
As Pautas sobre bibliotecas móviles recomendam que os documentos não utilizados num
prazo de 6 meses sejam retirados do veículo. (IFLA, 2010, p. 76).
73
Segundo os inqueridos a quantidade de documentos adquiridos anualmente é
variável, conforme se observa no gráfico número 5.31. A maioria dos veículos (19%)
adquirem anualmente entre 100 e 200 documentos, de seguida surgem as viaturas (11%)
que recebem entre 300 e 500 obras, depois aparecem os veículos (8%) que obtêm entre 30
e 50 documentos e por fim os bibliomóveis (4%) que angariam cerca de 1.000
documentos.

Gráfico 5.31 – Documentos adquiridos anualmente


60%
50%
50%

40%

30%
19%
20%
11%
8% 8%
10% 4%
0%
30-50 100 - 200 300 - 500 1000 N/R N/S

É espetável que se realize o tratamento documental56 de todos os documentos da


coleção. A catalogação do documento começa com a descrição documental (inscrever no
catálogo os elementos identificativos e descritivos de uma obra) e termina com a
organização e a formação do catálogo. Esta operação tem como objetivos recuperar a
informação, localizar a obra e realizar o intercâmbio de informação, através de protocolos
em linha.

Gráfico 5.32 – Quem faz o tratamento documental

Técnicos Bibliomóvel
19%

Técnicos BM
81%

0% 20% 40% 60%


80%
100%

56
Classificar, indexar, cotar e catalogar.
74
No nosso estudo verificámos que, na maior parte dos bibliomóveis, o tratamento
documental é feito maioritariamente pelos assistentes técnicos da Biblioteca Municipal
(81%) e só os restantes 19% é executado pelos assistentes técnicos do bibliomóvel,
conforme se observa no gráfico anterior. Tal leva-nos a concluir que a maioria dos
técnicos dos bibliomóveis dedica-se quase exclusivamente, ao atendimento ao público.
Todos nós temos conhecimento que a informação é um dos principais recursos da
biblioteca, para atingir o seu próprio sucesso, mas não basta ter um bom sistema de
informação57 é também necessário saber utilizá-lo. Dentro do sistema de informação surge
a cadeia documental, um conjunto de partes interligadas designadas por subsistemas:
aquisições, catalogação, empréstimos, periódicos, relatórios e estatísticas.
Atualmente num qualquer processo de gestão, a automatização das tarefas na cadeia
documental é prioritária, principalmente no subsistema catalogação, porque:
 Evita a redundância do trabalho;
 Reduz os custos económicos em relação à catalogação manual;
 Facilita a correção dos erros e a atualização dos dados;
 Assegura a qualidade e a rapidez da difusão, através de catálogos coletivos.
Ao consultarmos o gráfico 5.33 verificamos que a maioria das bibliotecas móveis
(84%) possui o seu fundo documental inserido no catálogo, mas 12% dos bibliomóveis
não possuem (Projeto BIIG, São Pedro do Sul e Vouzela).

Gráfico 5.33 – Documentos inseridos no catálogo


100%
84%
80%

60%

40%
12%
20% 4%
0%
Sim Não N/R

Finalmente no que se refere à coleção, os bibliotecários não se podem esquecer do


expurgo dos documentos. Por razões diversas a eliminação de documentos da coleção

57
Ambiente destinado à realização de um conjunto de procedimentos.
75
deve ser um processo continuado, planeado e estruturado segundo critérios e calendários
pré-estabelecidos.

76
5.10. – DIAGNÓSTICO DOS SERVIÇOS E DOS EQUIPAMENTOS

O diagnóstico organizacional consiste numa intervenção na rotina da organização58


para avaliar o seu estado num determinado momento, e encontrar formas de melhorar a
sua eficácia59. Manifestamente o diagnóstico é um elemento incluído no processo de
gestão que ajuda a prevenir situações. Os principais objetivos do diagnóstico são:
 Compreender a situação, identificar problemas/disfunções;
 Evidenciar os pontos fortes e fracos da organização;
 Identificar estratégias de mudança com o intuito de inovar;
 Atingir níveis satisfatórios de eficiência e de eficácia.
Ao realizarmos o diagnóstico dos bibliomóveis procurámos levantar dados
referentes às questões institucionais, operacionais, organizacionais, comportamentais e
ambientais, proporcionando uma visão abrangente sobre a organização e a gestão dos
bibliomóveis.
Assim, numa primeira fase realizámos o diagnóstico geral dos bibliomóveis, através
do modelo SWOT, e em seguida desenhámos, com base no referido diagnóstico, as linhas
estratégicas que as bibliotecas em estudo deverão implementar, para desenvolver um
serviço de qualidade.

58
Conjunto de duas ou mais pessoas, numa estrutura aberta ao meio externo, trabalhando em
conjunto e de um modo ordenado, para alcançar os objetivos propostos. Uma organização é
constituída por três componentes fundamentais: pessoas (a componente social interna), estrutura
(estabelece funções, cargos, hierarquias, estratégias, cooperações) e tecnologia (providencia
determinados recursos com os quais as pessoas trabalham).
59
Mede a relação entre os resultados obtidos e os objetivos pretendidos, ou seja, ser eficaz é
conseguir atingir um dado objetivo.
77
5.10.1. – ANÁLISE SWOT

Neste ponto será então realizado o referido diagnóstico dos bibliomóveis, através do
uso da matriz SWOT, uma ferramenta de planificação estratégica utilizada para avaliar o
ambiente (interno e externo) do equipamento, cuja aplicação representa um impulso para a
mudança cultural da organização.
Uma organização está sempre inserida num ambiente externo, dinâmico e complexo,
impulsionador do desenvolvimento e da mudança (as organizações estão cada vez mais
permeáveis às influências externas), fora do controlo da organização. O sucesso da
organização depende, em grande medida, da sua capacidade em adaptar-se e adequar-se ao
referido ambiente, no qual devem ser identificadas duas variáveis:
 Oportunidades – condições efetivas ou, potenciais capazes de contribuírem

substancialmente para o êxito dos objetivos estratégicos da biblioteca;


 Ameaças – conjunturas capazes de prejudicarem a concretização da missão

organizacional.
No caso dos bibliomóveis este ambiente é composto pelas parcerias, formação,
orçamento, utilizadores, qualidade e marketing.
O ambiente interno é o conjunto das características internas da organização, que
permitem defini-la, e da sua análise resultam as estratégias de atuação definidas pelos
membros da organização. Neste ambiente devem ser identificadas duas variáveis:
 Forças – pontos fortes que devem ser potencializados para otimizar o seu

desempenho;
 Fraquezas – pontos fracos que devem ser minimizados para evitar influências

negativas sobre o seu desempenho.


No ambiente interno dos bibliomóveis surgem as características intrínsecas às
bibliotecas, como por exemplo, o acervo, os meios tenológicos, os serviços, os espaços, os
recursos humanos e a gestão.
No que concerne à avaliação SWOT tivemos algumas dificuldades em tratar os
dados, porque obtivemos respostas muito disparas, conforme se observa nas páginas
seguintes.
Consideramos também relevante relatar uma situação com que nos confrontámos e
que diz diretamente respeito ao bibliomóvel de Almodôvar. No ponto da análise SWOT,
não responderam a nenhuma questão do inquérito, o que achámos estranho. Conseguimos

78
apurar que a funcionária que preencheu o inquérito não estava habilitada para responder a
todas as perguntas.
Após termos analisado todas as respostas dos inquiridos, obtivemos a seguinte
matriz:

Tabela 5.4 – Análise SWOT / Ambiente Interno


Forças Fraquezas
 Política de aquisição da coleção  Oferta diversificada de

 Quantidade, qualidade e multidisciplinaridade recursos informacionais


da coleção  Meios tecnológicos

 Organização, conservação e preservação da  Renovação do parque


coleção tecnológico
 Capacidade de criar novos produtos e  Rede informática local

serviços  Sistema de gestão integrada

 Projetos  Acessibilidade

 Referência, leitura e empréstimo  Manuais diversos

 Espaços

 Condições físicas e ambientais

 Manutenção das instalações

 Sistema de segurança
 Horário de funcionamento
 Garagem para o veículo durante a noite
 Qualidade dos recursos humanos
 Cooperação, trabalho em equipa e em rede
 Dimensionamento dos recursos humanos
 Comunicação
 Instrumentos de planeamento
 Gestão estratégica
 Administração participativa
 Perceção do valor estratégico do serviço
 Estatística
 Avaliação da eficácia e da eficiência

79
Como se verifica na tabela anterior, no que diz respeito às forças do ambiente
interno obtivemos respostas positivas em cinco grandes áreas:
1. – Acervo
Maioritariamente os inquiridos consideram que nos bibliomóveis a aquisição da
coleção faz-se de acordo com os princípios definidos e enquadrados na política
documental (76%); a qualidade, a quantidade e a multidisciplinaridade dos registos
bibliográficos, permitem o crescimento racional e equilibrado da coleção em todos os
ramos do conhecimento (73%); por último a conservação e a preservação do fundo é
executada segundo um conjunto de ações definidas pela coordenação, de modo a evitar a
deterioração do mesmo (54%).
2. – Serviços
As bibliotecas móveis criam novos produtos e serviços, consistentes com o seu
plano estratégico e, de acordo com as normas e diretrizes nacionais e internacionais
(56%); desenvolvem projetos em função das necessidades e dos interesses dos utilizadores
(69%); e consideram também um ponto forte, o serviço de referência, de leitura e de
empréstimo (85%).
3. – Instalações
Os espaços estão de acordo com as necessidades específicas da comunidade que
servem (77%); as condições físicas estão controladas em alguns veículos, o que é um valor
acrescentado para a conservação dos documentos e para o bem-estar dos funcionários e
dos utilizadores (54%); também é considerada uma força a manutenção dos equipamentos
(mecânica) e do espaço físico (88%); o sistema de segurança dos documentos e do próprio
equipamento (58%); a adequação do horário de funcionamento de acordo com as
particularidades do serviço (85%); e todos os respondentes consideram pertinente a
existência de uma garagem para guardar o veículo durante a noite (73%).
4. – Recursos humanos
A equipa de colaboradores é um dos elementos cruciais da cadeia de relações entre o
serviço e os utilizadores. A maioria dos inquiridos considera uma força a qualidade dos
recursos humanos, a qual está intimamente ligada às competências profissionais (92%); a
cooperação e o trabalho em equipa e em rede com a própria biblioteca municipal, com as
escolas, os lares, as prisões e outras entidades, permitem um bom nível de concertação
entre as diversas instituições (88%); por último o dimensionamento dos recursos humanos
é condição decisiva, senão vital, para que seja garantida a continuidade dos trabalhos que

80
se desenvolvem, quer ao nível da atividade diária dos serviços quer quanto à prossecução
dos projetos delineados (76%).
5. – Gestão administração
Um ponto forte indicado foi a comunicação, a qual é resultado de uma boa liderança,
pois cabe ao bibliotecário disseminar a informação institucional, evitar rumores e conflitos
(85%); utilização de instrumentos de planeamento, cada um com uma função específica
que, devidamente articulados garantem e eficácia do processo (73%); a pensar no futuro os
bibliotecários devem exercer uma gestão estratégica, através da qual estão atentos não só
ao nível operacional e funcional, mas também ao contexto envolvente no qual se
encontram inseridos (85%); executar uma administração participativa, isto é, envolver
todas as pessoas ligadas à organização (stakeholders) no processo de tomada de decisões
(81%); a importância da perceção do valor estratégico do serviço, por parte da equipa,
causando impacto no trabalho diário (85%); muitos equipamentos consideram uma força a
utilização de métodos estatísticos, para obter dados para o benchmarking com outros
serviços similares, para alicerçar e identificar boas práticas, auxiliar na elaboração de
relatórios e apoiar as análises de desempenho (77%); por último é positivo a avaliação da
eficácia e da eficiência do serviço (88%).
Na tabela anterior, verificamos ainda que ao nível das fraquezas obtivemos respostas
negativas em três grandes áreas:
1. – Acervo
No ambiente interno foi considerada uma fraqueza, a oferta diversificada de recursos
informacionais por 62% dos inquiridos. Provavelmente a maioria dos bibliomóveis não
oferece esta multiplicidade de recursos (texto, imagem e som), porque eles exigem novas
formas de acesso, de disponibilidade e de uso, ou então, porque não têm disponibilidade
económica, para os adquirir. Porém, é esta diversidade que constitui a riqueza e a
qualidade das coleções.
2. – Meios tecnológicos e bases de dados
Os meios tecnológicos foram também considerados pontos fracos porque a maioria
dos equipamentos não estão equipados com tecnologias (62%). Os bibliomóveis deviam-
se estruturar no meio eletrónico (espaços virtuais) e comunicar com os seus colaboradores
e utilizadores através do uso do correio eletrónico; a renovação do parque tecnológico é
também uma fraqueza apontada pela maioria dos inquiridos, porque em muitos casos, os
equipamentos estão obsoletos, contudo, a renovação não ocorre, por causa das

81
contingências orçamentais (73%); a rede informática local praticamente não existe, porque
a maioria dos computadores não estão interligados em rede, com a biblioteca municipal,
impedindo a circulação de informação entre cada uma destas entidades (62%); a ausência
de um sistema de gestão integrada impossibilita a automatização dos serviços, o trabalho
técnico facilitado e uma gestão documental mais eficaz (50%); por fim a acessibilidade
também foi assinalada pela maioria dos respondentes como um ponto fraco, isto porque
alguns bibliomóveis, não permitem o acesso à internet e o acesso à distância (disponível
24 h), através do catálogo (54%).
3. – Gestão administração
A maioria dos bibliomóveis não possui “Manuais” (50%). Estes documentos
constituem instrumentos que se destinam a definir um conjunto de metodologias,
procedimentos e ferramentas de trabalho que devem ser usados, de modo a garantir as
condições de cumprimento sistemático e uniforme das normas, e dos objetivos definidos.

Tabela 5.5 – Análise SWOT / Ambiente Externo


Oportunidades Ameaças
 Colaboração em projetos e programas  Políticas de contenção orçamental

 Participação em parcerias  Oscilações do mercado de

 Partilha de recursos no âmbito da Rede das fornecedores


Bibliotecas Escolares  Interdependências fragilizantes

 Sinergias com serviços congéneres

 Doações e permutas com outras instituições

 Ações de formação

 Estudos de utilizadores

 Frequência do espaço

 Taxa de empréstimos

 Programas de formação de utilizadores

 Exigência e qualidade do serviço

 Nos jornais locais

 Existência de um plano de marketing

 Visibilidade do serviço

 Sinalização do serviço

82
Como se verifica na tabela anterior, no que diz respeito às oportunidades do
ambiente externo obtivemos respostas positivas em cinco grandes áreas:
1. – Parcerias
A maioria dos inquiridos considera uma oportunidade a colaboração em projetos e
programas de promoção da leitura. Estes têm o objetivo de aproximar o livro dos
potenciais leitores, criando uma relação entre as ações a desenvolver e o público-alvo,
transformando-o em sujeito ativo, numa tentativa de, assim, formar leitores e diminuir, a
médio e longo prazo, os níveis de iliteracia (92%); as parcerias desenvolvidas pelos
bibliomóveis facilitam a troca de informações e de experiências, e permitem a realização
de ações conjuntas em torno da promoção da leitura (85%); as bibliotecas móveis
consideram uma oportunidade a rede concelhia das bibliotecas escolares, a qual possibilita
a rentabilização e a partilha de recursos e incentiva o trabalho colaborativo entre as
escolas, a biblioteca municipal e o bibliomóvel (81%); alguns equipamentos inqueridos
criam sinergias com serviços congéneres (73%), articulam recursos e combinam
interesses, de modo a assegurar informação fiável, seletiva e oportuna; a política de
doações e de permutas com outras instituições são incentivadas e regulamentadas (73%).
2. – Formação
Atualmente as ações de formação de utilizadores são imprescindíveis (73%). O
bibliomóvel deve promover ações de apresentação e de exploração dos serviços, com o
objetivo de tornar os seus utilizadores mais autónomos.
3. – Utilizadores
A maioria dos respondentes assinala os estudos de utilizadores. Para obter esse
conhecimento o bibliotecário realiza inquéritos e entrevistas periódicas aos utilizadores,
para que deste modo, possa satisfazer e conhecer as suas necessidades, e apetrechar a
biblioteca com o material correspondente (81%); maioritariamente os inquiridos
apontaram o aumento da taxa de frequência dos utilizadores, o que significa que os utentes
estão satisfeitos com o serviço disponibilizado (88%); a taxa de empréstimos indica o
número de documentos transacionados num espaço de tempo específico. No caso dos
bibliomóveis, a referida taxa assume um papel de destaque, visto tratar-se do principal
serviço disponibilizado por estes equipamentos (92%); outra oportunidade são os
programas de formação de utilizadores, os quais devem ser diversificados, calendarizados
e publicitados, com o objetivo de ajudar a comunidade a desenvolver competências, por
forma a retirar o maior proveito dos recursos informacionais (62%).

83
4. – Qualidade
Segundo os inqueridos os serviços devem ser de qualidade e capazes de fazer face às
exigências atuais (88%).
5. – Marketing / divulgação e promoção do serviço
Atendendo ao crescente dinamismo das bibliotecas, impera a necessidade de dotar
estas instituições de ferramentas que potenciem a sua atividade. Assim a maioria dos
inqueridos considera que os jornais locais são a melhor técnica publicitária para divulgar
os bibliomóveis (77%); vários equipamentos consideram uma oportunidade a existência
de um plano de marketing (50%); os bibliotecários ao darem a conhecer a biblioteca, os
seus recursos, serviços e atividades, através da divulgação, proporcionam a visibilidade do
serviço e aumentam o reconhecimento da própria instituição (92%); por último a maioria
das respostas indicam que a sinalização do serviço funciona como uma ferramenta de
promoção da biblioteca (88%).
Ao analisarmos a tabela anterior, observamos ao nível das ameaças, uma única área
com respostas negativas:
1. – Orçamentos
A maioria dos inquiridos considera uma ameaça, as políticas de contenção
orçamental, um fator condicionante da viabilidade dos projetos (73%). A conjuntura
económica desfavorável contribui para que as políticas sejam de redução das dotações do
orçamento do Estado, refletindo-se diretamente no orçamento dos bibliomóveis; de
seguida foram assinaladas as oscilações do mercado de fornecedores (62%); e por último,
os inqueridos indicaram como ameaça, as interdependências fragilizantes (62%).

84
5.10.2. – GESTÃO DA QUALIDADE

Define-se qualidade como o nível de excelência que a biblioteca escolheu alcançar


para satisfazer os seus utilizadores.
O setor privado aderiu há muito aos sistemas de gestão da qualidade, por razões de
competitividade e imperativos de rigor. O setor público60 acompanhou a tendência, ao
assegurar aos cidadãos-clientes serviços coavaliados de qualidade.
Como a questão da avaliação da qualidade está também presente nas diversas
tipologias de bibliotecas, destacamos a título de exemplo, alguns instrumentos e modelos
de avaliação, que podem ser implementados nos referidos equipamentos.
1. – Normas
A família ISO (International Organization for Standardization) 900061, as quais se
baseiam em oito princípios da gestão da qualidade e cujos campos de atuação se repartem
por três normas da referida família:
— ISO 9001: 2000 (a eficácia na satisfação do cliente);
— ISO 9004: 2000 (a melhoria do desempenho, considerando a eficiência e a
eficácia do serviço);
— ISO 9011 (execução de auditorias a sistemas de gestão da qualidade).
2. – Projeto LibQUAL+
É um instrumento de aferição da qualidade dos produtos e dos serviços de
bibliotecas, em função das perceções e das expectativas dos utilizadores.
3. – Projeto SERVQUAL
Modelo americano criado por Parasuraman, Berry e Zeithaml, em 1988, que aponta
cinco dimensões da qualidade do serviço: tangibilidade; credibilidade; recetividade;
garantia e empatia.
4. – Modelo de excelência da EFQM (European Foundation for Quality
Management)
Criada pela Fundação Europeia para a Gestão da Qualidade, em 1999, permite a

60
A qualidade em serviços públicos é definido no Decreto- Lei nº166/99 de 13 de maio, como
sendo “uma filosofia de gestão que permite alcançar uma maior eficácia e eficiência dos serviços,
a desburocratização, simplificação de processos, procedimentos e a satisfação das necessidades
explícitas e implícitas dos cidadãos”.
61
Difundidas pela AFNOR – Associação Francesa de Normalização.

85
autoavaliação da qualidade organizacional e possui nove critérios de avaliação: liderança;
política e estratégia; gestão das pessoas; parcerias e recursos; processos; critérios e
resultados.
Apesar do seu diferenciado campo de aplicação, todos os modelos estão concebidos
a partir de três grandes vetores de orientação:
 A medição da qualidade na perspetiva dos utilizadores (nível da satisfação);
 A visão dos profissionais (vertente processual e de resultados);
 A ótica da organização (domínio da liderança).
Independentemente do modelo aplicado nas bibliotecas, o importante é que todos
elaborem programas onde incluam conceitos de gestão por objetivos, de avaliação e de
uso de indicadores de desempenho, e que a qualidade percebida seja a imagem expressa na
opinião dos utilizadores sobre a biblioteca e os seus serviços.
Num qualquer sistema de qualidade devem desde logo ser construídos documentos
reguladores, que reúnam as normas de funcionamento da atividade diária e sistematizem
procedimentos.
Apesar de em Portugal nenhuma biblioteca móvel estar certificada (esperamos que
ocorra, num futuro não muito longínquo), questionámos os responsáveis pelos
bibliomóveis sobre a qualidade, nomeadamente sobre documentos normativos.
Manual de procedimentos – um instrumento aberto, aglutinador de toda a estrutura
de funções e tarefas, e ao mesmo tempo, um recurso de integração e conhecimento para
novos funcionários, que permite melhorar a qualidade de resposta aos utilizadores. Neste
âmbito 50% dos bibliomóveis inquiridos responderam que possuem manual de
procedimentos e 46% responderam que não. A ausência de um documento deste tipo, pode
implicar erros de execução e falta de uniformidade nos serviços prestados.
Regulamento de funcionamento – é um documento regulador das atividades e
serviços prestados junto do público. A maioria dos respondentes (80%) assinalaram que
possuem, mas uma minoria (16%), ainda não possui o referido regulamento. Os
equipamentos que ainda não estão regulamentados, não estão protegidos legalmente, a
equipa não têm conhecimento dos direitos e deveres dos membros da organização e os
utentes não tem os seus interesses salvaguardados.

86
Gráfico 5.34 – Documentos reguladores

Outros 38% 54% 8%

Guia do utilizador 69% 27% 4% Sim


Não

Regulamento de funcionamento 80% 16% 4% N/R

Manual de procedimentos 50% 46% 4%

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Guia de utilizador – é um documento de apoio ao utente do bibliomóvel, no que


concerne aos serviços e recursos disponíveis na biblioteca, define os espaços físicos, a
utilização do equipamento, o acesso à informação, o fundo documental, os serviços que o
presumível leitor pode usufruir, bem como um conjunto de informações básicas
indispensáveis à utilização da biblioteca. Verificámos no gráfico anterior que 69% das
bibliotecas móveis possuem um guia de utilizador, mas 27% não possui. Cabe-nos
perguntar: será que os utilizadores usufruem corretamente do espaço da viatura, caso não
lhes seja disponibilizado um documento deste género?
Outro tipo de documentos – maioritariamente (54%) os inquiridos responderam que
não possuíam outro tipo de documentos no equipamento, mas 38% assinalaram que sim,
apesar de nenhum ter especificado, quais os documentos regulamentadores, que tinham
em vigor.
Por causa dos problemas orçamentais, os bibliotecários sentem necessidade em
justificar o investimento que é feito nos bibliomóveis. Para provar o impacto que estes
equipamentos têm nos utilizadores, torna-se indispensável a recolha e o tratamento de
dados estatísticos, ferramenta indispensável, para aferir padrões de qualidade e avaliar o
desempenho do serviço. Estes dados devem destacar diversos indicadores como por
exemplo, de utilização (empréstimos e consultas), de utilizadores (frequência) de
organização e de participação em projetos. Ao destacarem os resultados obtidos os
bibliotecários ficam detentores de dados que irão apoiar o processo de planeamento.

87
Pelo que foi dito ao longo deste capítulo, percebemos que é fundamental que as
bibliotecas móveis desenvolvam uma cultura organizacional, onde a avaliação
desempenhe um papel central. Segundo os inquiridos não deve ser avaliada apenas a
qualidade, mas também:
Ações de formação de utilizadores – devem ser avaliadas segundo o grau de
profundidade que se pretende atingir: as metas dos objetivos, a reação dos utilizadores, as
alterações dos comportamentos. Apesar destas ações serem da responsabilidade do
bibliomóvel, tanto os formadores individuais como os utilizadores têm importantes
funções a desempenhar na valorização de uma ação deste tipo. Ao analisarmos os dados
verificámos que mais de metade (54%) dos bibliomóveis não avalia as ações de formação,
apenas 42% dos equipamentos as avalia.

Gráfico 5.35 – Avaliação


90% 85%

80%
70%
58%
60% 54%
50%
50% 46%
42% Sim
38%
40% Não
30% N/R
20%
12%
10% 4% 4% 4% 4%
0%
ações de formação Serviços Inquéritos satisf. Inquéritos satisf.
Utilizadores Funcionários

Serviços – todos os serviços devem ser avaliados a nível interno (funcionários) e a


nível externo (utilizadores), para verificar não só a eficácia do serviço mas também a
satisfação dos inqueridos. A maioria das bibliotecas móveis (85%) avalia os serviços, mas
uma minoria (12%) ainda não o faz.
Satisfação dos utilizadores e dos funcionários – para medir a satisfação dos
utilizadores e dos colaboradores devem-se realizar e aplicar inquéritos de satisfação. Com
a interpretação dos dados o bibliotecário pode delinear novas estratégias para a biblioteca.
No nosso estudo 58% dos bibliomóveis aplicam inquéritos de satisfação aos funcionários
e 46% aplicam questionários aos utilizadores.

88
Quando solicitámos aos inquiridos que quantificassem a qualidade do serviço,
verificámos que apenas 23% consideram o serviço muito bom, 54% considera o serviço
bom e 19% considera o serviço suficiente. Com estes resultados, podemos concluir que
muito ainda há para fazer, neste tipo de biblioteca.

Gráfico 5.36 – Classificação da qualidade do serviço


60%

50%

40%

30%
54%

20%

10% 23%
19%

4%
0%
Suficiente Bom Muito bom N/R

89
5.10.3. – ANÁLISE ESTRATÉGICA PARA MELHORAR O SERVIÇO

A análise estratégica serve para se ter um maior conhecimento da instituição onde se


trabalha e indica qual a estratégia a seguir no futuro, para se atingir a qualidade total.
Na análise está incluído o diagnóstico (análise do ambiente) e conforme se observa
no gráfico número 5.37, a maioria dos bibliomóveis (73%) realizam o diagnóstico interno
e 50% realizam o diagnóstico externo.
Após a realização da análise e sempre que necessário, as bibliotecas móveis devem
promover mudanças (81%), as quais oscilam entre a implementação de novos serviços a
prestar e novas formas de estruturação da biblioteca, as quais garantem o bem-estar e a
motivação, conducentes à participação ativa de toda a equipa.

Gráfico 5.37 – Análise estratégica

Sensibilizar Gestão Realização de


Diagnóstico Diagnóstico Promover a
colaborad. p/ centrada em reuniões
interno externo mudança
TQM objetivos periódicas
Sim 73% 50% 81% 92% 84% 73%
Não 23% 46% 15% 4% 12% 23%
N/R 4% 4% 4% 4% 4% 4%

A liderança, na perspetiva da gestão da qualidade, é fundamental na motivação e


sensibilização da equipa devendo apontar a comunicação como o caminho para a
qualidade objetivada na satisfação dos utilizadores internos e externos. Um programa de
qualidade envolve uma comunicação organizacional dinâmica, motivadora e inovadora,
entre os diferentes níveis hierárquicos e no interior de cada um deles. No nosso estudo
verificamos no gráfico anterior que a quase totalidade dos líderes (92%) motivam a equipa
para a questão da qualidade.
A Lei n.º 66-B/2007 de 28 de dezembro instituiu o Sistema Integrado de Gestão e
Avaliação do Desempenho na Administração Pública (SIADAP). Esta lei é aplicável ao
90
desempenho dos serviços, dos respetivos dirigentes e demais trabalhadores. O sistema
assenta numa conceção de gestão dos serviços públicos centrada em objetivos previamente
fixados, que permitem, entre outros, a transparência e a imparcialidade. Pelo gráfico
anterior percebemos que 84% dos bibliomóveis executam este tipo de avaliação, mas 12%
não o fazem.
A realização de reuniões periódicas é uma estratégica para se debater questões
pertinentes e tomar decisões, além de que é uma boa maneira de passar informação aos
vários níveis hierárquicos. No nosso estudo verificamos que 73% das bibliotecas realizam
reuniões periódicas.
Realizados o diagnóstico e a análise estratégica, chegou o momento de evidenciar os
desajustamentos e elaborar um plano de ação para melhorar a qualidade do serviço. É este
plano que fornece aos bibliotecários as ferramentas necessárias, para implementar um
novo comportamento organizacional e construir o futuro desejado.

Tabela 5.6 – Plano de ação / Estratégias de melhoria


Estratégias %
Crescente satisfação e fidelização dos utilizadores 85%
Aumentar o número de acessos aos recursos digitais (página Web, 58%
catálogo)
Maximizar a aplicação das funcionalidades integradas dos sistemas de 46%
gestão de informação
Aumentar os índices de produtividade 31%
Melhorar a qualidade da informação disponibilizada 73%
Estimular a necessidade de pesquisa 39%
Padronizar os procedimentos administrativos 27%
Melhorar os procedimentos de acesso às coleções 46%
Aumentar a eficácia e a qualidade do trabalho técnico 58%
Facilitar a acessibilidade aos portadores de necessidades especiais 62%

Para que a mudança organizacional seja eficaz e atinja resultados úteis para a
biblioteca é preciso que esteja definido um horizonte temporal e se defina uma unidade de
medida para avaliar os avanços dos objetivos quantificados.

91
Todas estas estratégicas de melhoria deverão manifestar-se no meio envolvente, ter
consequências no conjunto organizacional e gerar eficácia, proatividade, objetividade,
prioridades, eficiência, identidade e avaliação do serviço.
Porém existem alguns princípios que não podem ser esquecidos quando se elaboram
e se escolhem as metas a atingir:
 Concordância horizontal - os objetivos dos órgãos situados no mesmo nível
organizacional devem estar em consonância para evitar conflitos;
 Concordância vertical - os objetivos de um nível organizacional devem ajudar
à realização dos objetivos do nível organizacional imediatamente superior;
 Comunicação total - os objetivos globais da organização devem ser
conhecidos e compreendidos por todos os níveis hierárquicos da biblioteca.

92
5.11. – O FUTURO

5.11.1. – A CRIAÇÃO DE UMA REDE DE BIBLIOTECAS MÓVEIS

Ultimamente a criação e a manutenção de redes que operam nos níveis local,


regional, nacional e até internacional, seja para a troca de informações, seja para a
articulação de políticas de funcionamento ou seja para a implementação de ações
conjuntas, têm vindo a crescer em todo o mundo.
Uma rede é uma estrutura plástica e dinâmica formada por pessoas organizadas de
forma igualitária e democrática em torno de um objetivo comum, neste caso, as bibliotecas
móveis.
A criação de uma rede de bibliotecas móveis portuguesas deve ser uma iniciativa
dos próprios bibliotecários e da APBAD (Associação Portuguesa de Bibliotecários
Arquivistas e Documentalistas), com o objetivo de delinear estratégias nacionais, que
contribuam para a consolidação e para o desenvolvimento destas bibliotecas.
Cremos que a construção desta rede dará maior autonomia aos bibliomóveis e
colocará os profissionais destes equipamentos a debater e a articular políticas, estratégias e
metodologias integradas, que garantam os seguintes objetivos:
 Fomentar o debate sobre um tipo específico de bibliotecas;

 Incentivar a cooperação e a partilha de informação e de recursos;

 Ampliar a representatividade a nível nacional e local;

 Constituir um grupo de trabalho;

 Melhorar a organização de trabalho;

 Uniformizar procedimentos;

 Lutar por um conjunto de valores e objetivos comuns;

 Partilhar boas práticas;

 Aumentar a visibilidade do equipamento;

 Exigir profissionais mais qualificados.

Ao questionarmos os profissionais dos bibliomóveis sobre este assunto, verificámos


com satisfação que a maioria (61%) considera importante a criação de uma rede de
bibliotecas móveis, mas 35% dos inquiridos são contra a sua constituição.

93
Gráfico 5.38 – Criação de uma rede de bibliotecas móveis
Sim Não N/R

4%

35%

61%

Quisemos ir mais longe na nossa investigação e interrogámos os profissionais sobre


o motivo da sua resposta, e obtivemos os resultados expostos na tabela imediatamente a
seguir.

Tabela 5.7 – Causas apontadas


Causas para criar a rede Causas para a não criar a rede
Há concelhos que não possuem este serviço Já existe uma rede de bibliotecas, onde
e de todos os serviços bibliotecários, este é estão integrados os serviços de
o mais direcionado para a comunidade bibliotecas itinerantes
Necessidade de partilhar recursos, projetos São serviços das bibliotecas públicas
e experiências
Maneira de descentralizar os serviços Já existe a rede de bibliotecas públicas
e a rede de bibliotecas escolares
Forma de apoiar e valorizar o serviço
Modo eficaz de fazer chegar a informação e
a promoção da leitura às populações

Por último sugerimos aos inquiridos que indicassem medidas que podem
impulsionar a criação da rede, onde obtivemos onze respostas diferentes:
1. – Partilhar documentos, conhecimentos e projetos;
2. – Dar visibilidade ao serviço;
3. – Ciar um site, um blogue e um portal da rede de bibliotecas itinerantes;
4. – Organizar um encontro nacional de bibliotecários móveis;
5. – Traduzir publicações técnicas;

94
6. – Avaliar os equipamentos;
7. – Desenvolver parcerias interconcelhias ou não;
8. – Criar uma equipa de trabalho;
9. – Elaborar um documento tipo declaração, de âmbito nacional ou internacional;
10. – Procurar apoio da DGLB (Direção Geral do Livro e das Bibliotecas);
11. – Melhorar as condições de trabalho e do serviço.

95
5.11.2. – ASSOCIAÇÃO DE BIBLIOTECÁRIOS MÓVEIS

Genericamente uma associação é um organismo que reúne um grupo de pessoas


ligadas pelo mesmo fim, neste caso as bibliotecas móveis.
Apesar de muitos profissionais criticarem a inoperância e a eficácia da APBAD, isso
não quer dizer que outra associação não fizesse melhor o seu trabalho. Uma futura
associação de bibliotecários móveis deverá ter os seguintes objetivos:
1. – Implicar o poder central nas políticas de desenvolvimento e de modernização
dos bibliomóveis;
2. – Defender os interesses dos profissionais, perante a administração local e
central;
3. – Fomentar o nível de formação dos profissionais móveis;
4. – Promover o intercâmbio de experiências entre os profissionais;
5. – Sensibilizar a opinião pública sobre a importância destes serviços;
6. – Incrementar o uso destes serviços;
7. – Elaborar e publicar bibliografia sobre estes serviços específicos;
8. – Organizar um congresso sobre o tema.

Gráfico 5.39 – Criação de uma associação de bibliotecários móveis

N/R 4%

Sim

69% Não
Não
N/R

Sim 27%

No nosso estudo, verificámos que apenas 27% dos inquiridos são a favor da
construção de uma associação, pelos seguintes motivos:
 A associação poderá ser o ponto de partida para a criação de uma rede de
partilha de problemas;
 A associação é uma impulsionadora da força dos profissionais.

96
Em contrapartida 69% dos inquiridos é contra a construção de uma associação,
devido ao exposto imediatamente a seguir:
 Já existe uma associação de bibliotecários;
 À semelhança da associação que já existe, não iria funcionar;
 Os objetivos dos bibliomóveis são iguais aos das bibliotecas públicas;
 A maioria dos profissionais afetos aos equipamentos, não são bibliotecários;
 Na maior parte das vezes o bibliotecário responsável pela biblioteca pública é
o responsável pelo bibliomóvel.
Antes de terminarmos a análise dos dados, não podemos deixar de referir que os
bibliomóveis, na sua maioria destinado ao meio rural, têm objetivos comuns, mas práticas
e periodicidades diferentes, como tal, urge a uniformização dos procedimentos, a
formação técnica dos profissionais e a elaboração de um documento normativo, orientador
da conceção e planificação dos serviços.

97
6. - CONCLUSÃO

O presente trabalho permitiu-nos falar articuladamente dos bibliomóveis, o que


representou para nós, um desafio assaz estimulante, devido à transversalidade da sua
função. Este género de bibliotecas apresenta-se como a solução estrutural dos municípios,
para desenvolver uma política de leitura pública, melhorar a qualidade de vida dos
cidadãos através do acesso à informação, diminuir a taxa de analfabetismo das zonas
rurais ou geograficamente isoladas e reduzir as desigualdades sociais e educacionais entre
o campo e a cidade.
As conclusões deste trabalho propõem um caminho para as bibliotecas móveis
ampliarem o seu foco de atuação, executarem uma revisão do seu modelo organizacional e
se adaptarem às exigências da atual sociedade do conhecimento.
Quanto à questão de partida (qual o nível organizacional dos bibliomóveis
portugueses), face aos resultados obtidos podemos afirmar que alguns equipamentos
devem apostar na mudança organizacional, para se tornarem organismos dinâmicos,
inovadores, competitivos e amplamente reconhecidos.
Para implementarem a referida mudança terão que elaborar um plano de gestão da
qualidade, requalificar as infraestruturas e os equipamentos (substituir os veículos mais
antigos, instalar ar condicionado e isolamento térmico e acústico, apetrechar o veículo
com tomadas e acessos para deficientes, e adquirir mesas e cadeiras para proporcionar
bem estar aos utilizadores), melhorar as capacidades de comunicação institucional e inovar
os serviços.
Em qualquer mudança organizacional é necessário que paralelamente se faça um
planeamento social, cabendo esse papel ao bibliotecário, o qual deve incentivar o lado
intuitivo e criativo da equipa, para que todos, em conjunto, contribuam para o progresso
da biblioteca móvel.
Perante a análise dos dados obtidos, vemo-nos obrigados a concluir que, apesar das
necessárias mudanças organizacionais, os inquiridos assinalaram nos questionários mais
forças (coleção, espaço, manutenção, horário de funcionamento, recursos humanos e
gestão) do que fraquezas (tecnologias), no que se refere à análise do ambiente interno. A
fraqueza tecnológica, consubstanciada na falta de computadores, fotocopiadoras,
impressoras, scanners, leitores de DVDS, ecrãs e internet, impossibilitam o

98
desenvolvimento do trabalho biblioteconómico e excluem os cidadãos da sociedade da
informação e do conhecimento.
Num novo contexto, é importante apostar nas supracitadas tecnologias, estar
recetivo aos seus avanços e desenvolver esforços, que conduzam à sua instalação nas
viaturas.
No que concerne ao ambiente externo foram assinaladas pelos respondentes mais
oportunidades (parcerias, ações de formação, taxa de empréstimos, divulgação), do que
ameaças (politicas de contenção orçamental). No caso concreto dos bibliomóveis,
concluímos que a falta de recursos financeiros impede uma gestão corrente eficaz e
eficiente, aconselhando-se o desenvolvimento de estratégicas alternativas para gerar
receitas.
Face aos desafios que se colocam aos bibliomóveis, em virtude da crescente
complexidade que caracteriza o seu ambiente interno e a envolvente externa, é vital
enraizar uma cultura de avaliação. De facto as bibliotecas móveis sentem-se cada vez mais
pressionadas a prestar contas sobre a qualidade dos seus serviços, através do fornecimento
de dados de teor quantitativo e qualitativo, que traduzam o desempenho e os impactos dos
seus serviços na comunidade que servem, em termos de eficiência, eficácia e qualidade.
Em segundo lugar confirmamos que os bibliomóveis podem ser promotores da rede
de leitura pública, hipótese levantada no início do nosso trabalho. Hoje as bibliotecas
móveis têm missões diferentes como, por exemplo, complementar as redes concelhias de
leitura pública, apoiar a biblioteca a realizar eventos fora do edifício central, articular a
biblioteca com as escolas, as coletividades e as associações locais, e levar o livro a casa
dos que não se podem deslocar à biblioteca por razões de mobilidade. Estes equipamentos
promovem não só o acesso democrático das populações aos materiais de leitura
informativa e literária mas também ampliam as condições de acesso ao livro.
Esta rede de leitura pública desenvolve-se através de parcerias entre o município
(biblioteca municipal, pólos e bibliomóvel) e, por exemplo, a rede de bibliotecas
escolares. É imperativo para a eficácia deste serviço a sua articulação com a política de
leitura do concelho em que circula, envolvendo as bibliotecas escolares e os agentes
educativos a intervir nessas comunidades, quer ao nível das dinâmicas quer ao nível da
filosofia da gestão dos fundos documentais.
O bibliomóvel é um equipamento capaz de auxiliar os alunos na compreensão dos
textos, contribuir para o aumento dos níveis de informação, fomentar as visitas ao veículo,

99
executar empréstimos coletivos à escola e empréstimos individuais aos professores e aos
alunos, fornecer apoio técnico à biblioteca escolar, realizar atividades de promoção da
leitura e funcionar como um apoio importante nas atividades dos estabelecimentos de
ensino.
Apesar de em Portugal existirem veículos que só trabalham com a população
escolar, consideramos, que estas sinergias devem ser estendidas a todos os bibliomóveis,
independentemente do público com que habitualmente trabalham.
Em terceiro lugar concluímos que os bibliomóveis são a ferramenta ideal para
oferecer os serviços das bibliotecas às zonas rurais (segunda hipótese do nosso trabalho),
porque se trata de um serviço ágil e dinâmico, facilmente adaptável às necessidades dos
utilizadores e à organização territorial. Estes equipamentos oferecem quotidianamente
serviços aos habitantes isolados e com poucos recursos, promovem o desenvolvimento
cultural e proporcionam o prazer da leitura, em áreas onde consideram importante iniciar o
serviço de uma biblioteca.
Em quarto lugar podemos afirmar que a maioria dos serviços oferecidos, ainda não é
de qualidade (última hipótese do nosso trabalho), apesar dos esforços desenvolvidos pela
maioria dos profissionais. As falhas da qualidade ocorrem ao nível dos próprios
equipamentos, das consultas bibliográficas, da disponibilização da informação e da oferta
de serviços.
Apesar de termos descoberto e exposto inúmeros aspetos positivos vários foram os
constrangimentos inventariados. Entre todos, o que mais nos impressionou foi a falta de
conhecimento, que alguns profissionais mostraram sobre os seus equipamentos, como por
exemplo:
 A marca (4%), o comprimento (42%), a largura (77%) e o seu peso (19%) do
veículo;
 O número de estantes (11%), de leitores de DVDS (4%) e de ecrãs (4%),
instalados nos bibliomóveis;
 O sexo da maioria dos utilizadores (38%) e o número de leitores inscritos
(23%);
 Os serviços prestados (8%), as atividades realizadas (4%) e a periodicidade
das mesmas (8%);
 O volume da coleção (23%), o número de documentos adquiridos anualmente
(8%) e o número de documentos inseridos no catálogo (4%);

100
 E desconhecer a existência de documentos reguladores (8%).
Tendo em conta o enumerado no parágrafo anterior, é indispensável que os
responsáveis pelos equipamentos, eliminem urgentemente as deficiências da estrutura
organizacional, porque só assim, estas organizações, tornar-se-ão mais responsáveis e
credíveis, tanto para os utilizadores, como para os trabalhadores. Para tal é importante que
os bibliotecários assumam uma postura pró-ativa e participem efetivamente nos processos.
Por excelência os bibliomóveis trabalham para os utilizadores e encontram-se
abertos a todos os indivíduos que o queiram utilizar, independentemente da idade, grau de
instrução ou sexo.
Como acreditamos que os utilizadores são o cerne do equipamento, gostaríamos de
apontar uma série de medidas que consideramos pertinentes e mesmo prioritárias, para o
futuro destes equipamentos: aumentar o nível da satisfação dos utilizadores; dar respostas
concertantes às crescentes exigências colocadas aos serviços; e definir objetivos nos
processos internos que incrementem o valor do utilizador.
Cogitamos ainda que uma série de outros pontos devem, num curto espaço de
tempo, ser alvo de uma intervenção: formação profissional dos funcionários, visto
subsistir pessoal afeto aos equipamentos sem formação na área da biblioteconomia;
avaliação dos equipamentos, dos serviços e do nível de satisfação dos funcionários e dos
utilizadores; criação de uma rede de bibliotecas móveis, para debater e partilhar
experiências, articular procedimentos e defender os interesses coletivos, porque este é o
caminho para atingir o sucesso e a excelência.
Por último resta-nos concluir que o bibliomóvel é para muitos a única porta de
acesso a um vasto mundo de informação e conhecimento. Como tal, é fundamental
continuar a desenvolver projetos de extensão inovadores, que conduzam a biblioteca para
o exterior do seu espaço físico procurando, desse modo, ir ao encontro de diferentes tipos
de públicos na comunidade, criando uma rede de leitura pública que contrarie o ciclo de
exclusão das comunidades rurais / periféricas e aumente a cobertura concelhia de ação da
biblioteca.
É fundamental para o sucesso do equipamento a articulação entre os vários serviços
da autarquia e os agentes de desenvolvimento local, já que ele apenas poderá sobreviver à
fase de financiamento se essa consolidação ocorrer no terreno. Estas bibliotecas deverão
ser simultaneamente um programa de promoção de leitura, de desenvolvimento
sustentado, de combate à infoexclusão e de educação.

101
Apesar de tudo isto apelar a um esforço técnico importante, à capacidade de trabalho
em equipa e a um esforço financeiro significativo, estamos cientes que é muito importante
que os bibliomóveis continuem a circular pelo nosso país.
Não se pretendeu com este estudo fazer uma crítica feroz aos bibliomóveis e às suas
formas de funcionamento, pretendemos sim mostrar que é possível desenvolver novas
formas de gestão mais ajustadas à realidade das comunidades rurais.

102
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significado de uma relação proveitosa. In Encontro Internacional de Bibliotecas Itinerantes
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106
Anexo A – Inquérito

107
108
109
110
111
112
113
114
115
116
117
118
Anexo B – Contatos dos atuais bibliomóveis
Distrito de Vila real Telefone Respostas
1 [email protected] - Otília 259 957 114 Respondeu
Deixou de ter
2 [email protected] 254 890 100
Semidesactivado
3 [email protected] 276 510 200
Deixou de ter
4 [email protected] 259 510 250 Há 4 anos devido a
falta de adesão
Deixou de ter
5 [email protected] – Peso da Régua 254 320 230
Escolas desistiram
6 [email protected] 254 810 130
7 [email protected] 259 303 080 Respondeu
Distrito de Viseu Telefone Respostas
[email protected]
8 254 850 800
[email protected]
9 [email protected] 232 319 150
Vai às escolas.
10 [email protected] 255 563 041 Agora parada por
acidente
11 [email protected] 254 614 013 Deixou de ter
[email protected]
12 254 520 080
[email protected]
13 [email protected] Respondeu
14 [email protected] 232 723 601 Respondeu
[email protected]
15 232 740 571 Respondeu
[email protected]

119
Distrito de Viana do Castelo Telefone Respostas
16 [email protected] 251 640 150 Deixou de ter
[email protected]
17 258 480 180 Deixou de ter
[email protected]
18 [email protected] 258 900 411 Vai às escolas
19 [email protected] 251 800 330
[email protected]
20 258 840 010 Respondeu
[email protected]
Distrito de Setúbal Telefone Respostas
Enviei pedido em
21 [email protected]
papel
22 [email protected] 269 450 081 Respondeu
Distrito de Santarém Telefone Respostas
Carrinha vai às
23 [email protected] 241 577 200 escolas só no
verão
24 [email protected] Deixou de ter
[email protected]
25 249 891 207
[email protected]
Distrito de Porto Telefone Respostas
26 [email protected] Respondeu
27 [email protected] 224 664 770 Encam. Bibliom.
[email protected]
28 255 820 570
[email protected]
[email protected]
29 229 408 638
[email protected]
30 [email protected] 229 390 950 Respondeu
31 [email protected] 255 788 800
32 [email protected] Respondeu
33 [email protected] 226 081 000 Anulado
34 [email protected] 252 240 040 Respondeu

120
Distrito de Marvão Telefone Respostas
245 909 130
35 [email protected] Anulado
245 909 137
Distrito de Lisboa Telefone Respostas
[email protected]
36 21 817 05 40
[email protected]
37 [email protected] Deixou de ter
[email protected] 263 285 600
38
[email protected] 263 271 200
Distrito de Leiria Telefone Respostas
236 650 700 Lares e centros
39 [email protected]
236 560 701 dia
40 [email protected] 244 769 871
41 [email protected] – 19/3 262 609 052 Respondeu
42 [email protected] 236 210 521 Respondeu
43 [email protected] 244 499 607
Distrito de Faro Telefone Respostas
[email protected]
44 Telefone Respostas
antó[email protected]
Distrito de Guarda Telefone Respostas
45 [email protected] 271 210 760
46 [email protected] Respondeu
Distrito de Évora Telefone Respostas
[email protected] 266 909 126
47
Dra. Graça Boavida 266 909 039
Distrito de Coimbra Telefone Respostas
[email protected]
48 231 410 870
[email protected]
49 [email protected] Respondeu
50 [email protected] Deixou de ter
51 [email protected] (Miranda do corvo) 239 530 180

121
Distrito de Castelo Branco Telefone Respostas
[email protected]
52 [email protected] Respondeu
[email protected]
Distrito de Bragança Telefone Respostas
[email protected]
53 278 201 590
[email protected]
Distrito de Braga Telefone Resposta
Responsabilid
[email protected]
54 253 665 054 ade Basto
[email protected]
Jovem
55 [email protected] 253 960 181
56 [email protected] Respondeu
bibliotecamunicipal@vilanovadefamalica
o.org
57 253 515 710 Respondeu
geral@bibliotecamunicipalcamilocastelob
ranco.org
Distrito de Beja Telefone Respostas
58 [email protected] 286 660 280 Respondeu
[email protected]
59 284 311900 Respondeu
[email protected]
60 [email protected] Respondeu
[email protected]
61 [email protected] 285 250 446
[email protected]

122
Distrito de Aveiro Telefone Respostas
256 940 400
62 [email protected] Respondeu
968 902 999
[email protected]
63 [email protected] 234 400 320
[email protected]
64 [email protected] 255 689 500 Respondeu
65 [email protected] 227 335 869
66 [email protected] 234 840 614 Deixou de ter
67 [email protected] 231 201 681 Respondeu
68 [email protected] Respondeu
Açores Telefone Respostas
69 [email protected] 292 622 627
Igualdade do género Telefone Respostas
70 [email protected] Respondeu

Notas:
Fafe – Não tem desde que aderiram à rede;
Melgaço – Tem uma carrinha que faz todo o serviço da Câmara e que distribui livros nas
escolas e nos lares:
Ponte de Lima – Faz distribuição nas escolas;
Oliveira de Frades – Este ano não funcionou;
Santa Marta de Penaguião – Não tem;
Vila Pouca de Aguiar – Não tem apesar de já ter tido

123
Anexo C – Tabelas descritivas com imagens sobre os atuais bibliomóveis

Distrito de Aveiro
Concelhos: Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Arouca, Castelo de Paiva, Espinho,
Estarreja, Santa Maria da Feira, Ílhavo, Mealhada, Murtosa, Oliveira de azeméis, Oliveira
do Bairro, Ovar, São João da Madeira, Sever do Voga, Vagos, Vale de Cambra.
Bibliomóvel de Arouca Biblioteca itinerante de Aveiro
setembro de 2001

Veículo adquirido através do LEADER II


Biblioteca Itinerante de Castelo de Paiva Biblioitinerante de Espinho
1994

Projeto apoiado em 60.960€, pelo ON.2-


Veículo doado pela Gulbenkian Novo Norte62
BiblioMealhada Bibliomóvel de Oliveira de Azeméis
novembro de 2007 16 de maio de 2011

Veículo cofinanciado pelo Projeto apoiado em 75.718 € pelo ON.2-


LEADER/ADELO Novo Norte

62
O anterior veículo foi o último entregue pela Gulbenkian a uma BP, antes do SBAL encerrar.
124
Distrito de Beja
Concelhos: Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Ferreira
do Alentejo, Mértola, Moura, Odemira, Ourique, Serpa, Vidigueira.
Serviço Itinerante de Leitura - Almodôvar Biblioteca Andarilha - Beja
outubro de 2006 setembro de 2009

Autarquia - investimento inicial de 80.000€ Veículo adquirido pela autarquia


Coleção cofinanciada pelo IPLB em 50%
Biblioteca Itinerante de Castro Verde Semeando Leituras – Moura
11 de novembro de 1996 2006

Oferta da Fundação Calouste Gulbenkian


Distrito de Braga
Concelhos: Amares, Barcelos, Braga, Cabeçeiras de Basto, Celorico de Basto,
Esposende, Fafe, Guimarães, Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro, Vieira do Minho,
Vila Nova de Famalicão, Vila Verde, Vizela.
Esposende Biblioteca Itinerante de Guimarães
2004 7 de março de 2012

Veículo apoiado em 57.280 € pelo ON.2 -


Novo Norte63

63
A antiga viatura foi adquirida com fundos da autarquia a 23/4/1997.
125
Distrito de Braga (continuação)
Bibliomóvel de Vila Nova de Famalicão
novembro de 1989

2º Veículo – Veio substituir o antigo64


Distrito de Bragança
Concelhos: Alfândega da Fé, Bragança, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada a Cinta,
Macedo de Cavaleiros, Miranda Douro, Mirandela, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Vila
Flor, Vimioso, Vinhais.
Biblioteca Itinerante de Mirandela
fevereiro de 1987

Distrito de Castelo Branco


Concelhos: Belmonte, Castelo Branco, Covilhã, Fundão, Idanha-a-Nova, Oleiros,
Penamacor, Proença-a-Nova, Sertã, Vila de Rei, Vila Velha de Rodão.
Bibliomóvel de Proença-a-Nova
26 de junho de 2006

Veículo adquirido através do PROGRIDE – Segurança Social

64
O anterior veículo foi oferta da Mediathéque Municipale Max Pol Fouchet, de Givors, o qual
circulou entre 1989 a 1999.
126
Distrito de Coimbra
Concelhos: Arganil, Cantanhede, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Figueira da Foz, Góis,
Lousã, Mira, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da
Serra, Penacova, Penela, Soure, Tábua, Vila Nova de Poiares.
Bibliomóvel de Cantanhede Bibliomóvel de Coimbra
23 de abril de 1998 2002

Projeto apoiado pela Gulbenkian Veículo adquirido pela autarquia


Biblioteca Itinerante / Bibliomóvel de Miranda do Corvo
19 de maio de 2011

Veículo apoiado em 75% do valor (95.949€) pelo PRODER65


Distrito de Évora
Concelhos: Alandroal, Arraiolos, Borba, Estremoz, Évora, Montemor-o-Novo, Mora,
Mourão, Portel, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Vendas Novas, Viana do Alentejo,
Vila Viçosa, Olivença
Biblioteca Itinerante do Redondo

65
Em 2001 a Gulbenkian entregou a sua biblioteca itinerante n.º 18, que circulava desde 10/9/59 à
Fundação ADFP – Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional (instituição privada de
solidariedade social).
127
Distrito de Faro
Concelhos: Albufeira, Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé,
Monchique, Olhão da Restauração, Portimão, São Brás de Alportel, Silves, Tavira, Vila
do Bispo, Vila Real Santo António.
Bibliomóvel de Loulé
6 de outubro de 2008

Veículo apoiado pelo LEADER+ /Arrisca, financiado pelo FEOGO, no valor de


36.114,14€
Distrito da Guarda
Concelhos: Aguiar da Beira, Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo,
Fornos de Algodres, Gouveia, Guarda, Manteigas, Meda, Pinhel, Sabugal, Seia, Trancoso,
Vila Nova de Foz Coa.
BIBLU - Aguiar da Beira Biblioteca Itinerante da Guarda
novembro de 2007 2 de junho de 2011

Veículo emprestado pela Santa Casa da Integrada no projeto “Guarda-livros … e


Misericórdia de Aguiar da Beira leitura”, cofinanciado pela Gulbenkian.66

66
1996 Começou a circular, após extinção da biblioteca itinerante n.º 38, da Gulbenkian. Parou
uns anos e após reestruturação reiniciou a sua atividade em 2011. Nesta altura foi pintada de
branco e colocaram-lhe o logotipo da Câmara da Guarda.
128
Distrito de Leiria
Concelhos: Alcobaça, Alvaiázere, Ansião, Batalha, Bombarral, Caldas da Rainha,
Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Leiria, Marinha Grande, Nazaré, Óbidos,
Pedrogão Grande, Peniche, Pombal, Porto de Mós
BIA – Biblioteca Itinerante de Alvaiázere67 Batalha68
2009

Biblioteca Itinerante do Bombarral Biblioteca Itinerante do Pombal


Início década de 60 reiniciou há 10 anos 1998

Oferecido pela Gulbenkian Adquirida através de transferência de


competências: Município / Gulbenkian
Bibliomóvel de Porto de Mós
2004

67
Não conseguimos obter fotografias de alguns equipamentos, porém não quisemos deixar de
mostrar os restantes.
68
Este é o 2º veículo adquirido em 2009. Em 1958, a Fundação Gulbenkian entregou à Câmara
Municipal a 1ª biblioteca Itinerante.
129
Distrito de Lisboa
Concelhos: Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Cadaval, Cascais, Lisboa, Loures,
Lourinhã, Mafra, Oeiras, Sintra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras, Vila Franca de
Xira, Amadora, Odivelas.
Bibliotecas Itinerantes de Lisboa69 Bibliomóvel de Vila Franca de Xira
4 de março de 2008 2000

Distrito de Portalegre
Concelhos: Alter do Chão, Arronches, Avis, Campo Maior, Castelo de Vide, Crato,
Elvas, Fronteira, Gavião, Marvão, Monforte, Nisa, Ponte de Sor, Portalegre, Sousel.
Biblioteca Itinerante de Marvão70
dezembro de 2004

Distrito do Porto
Concelhos: Amarante, Baião, Felgueiras, Gondomar, Lousada, Maia, Marco de
Canaveses, Matosinhos, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel, Porto, Póvoa de Varzim,
Santo Tirso, Valongo, Vila do Conde, Vila Nova de Gaia, Trofa.
Biblioteca Itinerante de Felgueiras BIG – Biblioteca Itinerante de Gondomar
1997 1 de abril de 1998

Projeto a poiado pelo LEADER II

69
As duas primeiras viaturas foram adquiridas em 1961, a 3ª de 1962 e a 4ª de 1965.
70
Nasceu de um projeto de luta contra a pobreza
130
Distrito do Porto (continuação)
Bibliomóvel da Lousada Biblioteca Itinerante da Maia
2012

Equipamento apoiado em 51.893€, pelo


ON.2- Novo Norte
BIM – Biblioteca Itinerante de Matosinhos Paredes
2005 2001

Veículo adquirido pela autarquia


Bibliomóvel da BM de Penafiel Porto
2001 1 de junho de 2000

Veículo adquirido pela autarquia Possui 2 viaturas


Biblioteca Itinerante de Vila do Conde
1989 / 1991 ?

Projeto apoiado em 50.112€, pelo ON.2- Novo Norte

131
Distrito de Santarém
Concelhos: Abrantes, Alcanena, Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo, Chamusca,
Constância, Coruche, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Golegã, Mação, Rio Maior,
Salvaterra de Magos, Santarém, Sardoal, Tomar, Torres Novas, Vila Nova da Barquinha,
Ourém.
Biblioteca/Ludoteca Itinerante de Alcanena Mação

Distrito de Setúbal
Concelhos: Alcácer do Sal, Alcochete, Almada, Barreiro, Grândola, Moita, Montijo,
Palmela, Santiago do Cacém, Seixal, Sesimbra, Setúbal, Sines.
Biblioteca Itinerante de Grândola Bibliobus do Montijo
setembro de 2011 2004

Veículo adquirido pelo INALENTEJO


Distrito de Viana do Castelo
Concelhos: Arcos de Valdevez, Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Ponte da
Barca, Valença, Viana do Castelo, Vila Nova de Cerveira
Ponte de Lima Valença do Minho

132
Distrito de Viana do Castelo (continuação)
Biblioteca Itinerante de Viana do Castelo
2000

Viatura adquirida pela autarquia71


Distrito de Vila Real
Concelhos: Alijó, Boticas, Chaves, Mesão Frio, Mondim de Basto, Montalegre, Murça,
Peso da Régua, Ribeira da Pena, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, Valpaços, Vila
Pouca de Aguiar, Vila Real.
Biblioteca Itinerante de Alijó Montalegre
junho de 1998

Veículo adquirido pelo LEADER


Biblioteca Itinerante da BM de Vila Real
2007

Veículo adquirido através do LEADER

71
1ª Viatura foi adquirida em 1994 por protocolo com a Fundação Calouste Gulbenkian.
133
Distrito de Viseu
Concelhos: Armamar, Carregal do Sal, Castro Daire, Cinfães, Lamego, Mangualde,
Moimenta da Beira, Mortágua, Nelas, Oliveira de Frades, Penalva do Castelo, Penedono,
Resende, Santa Comba Dão, São João da Pesqueira, São Pedro do Sul, Sátão,
Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca, Tondela, Vila Nova de Paiva, Viseu, Vouzela
Armamar Castro Daire

Biblioteca Itinerante de Cinfães Moimenta da Beira

Biblioteca Itinerante de São João da Bibliomóvel de São Pedro do Sul


Pesqueira 2002
19 de novembro de 2010

Veículo adquirido pelo


Projeto apoiado em 51.092 € pelo ON.2- LEADER/ADDLAP
Novo Norte
Saber sobre rodas – Vouzela
2 de fevereiro de 2004

Veículo adquirido por parceria com a Gulbenkian

134
Concelhos do Alentejo
BIIG - Biblioteca Itinerante pela Igualdade do Género
20 de outubro de 2011

Veículo alugado à associação ESDIME72


Açores – Ilha do Pico
Concelhos: Angra do Heroísmo, Calheta, Santa Cruz da Graciosa, Velas, Vila Praia da
Vitória, Corvo, Horta, Lajes das Flores, Lajes do Pico, Madalena, Santa Cruz das Flores,
São Roque do Pico, Lagoa, Nordeste, Ponta Delgada, Povoação, Ribeira Grande, Vila
Franca do Campo, Vila do Porto.
Madalena

72
Cooperativa de solidariedade social, financiada pelo Fundo Social Europeu, que intervém no
Baixo Alentejo e no Litoral alentejano, com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade
de vida das pessoas e para o desenvolvimento sustentável dos territórios em que atua.
135
Anexo D – Dados estatísticos

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Apêndice E – Itinerários

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