Ética 8º Ano
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ISBN: 978-85-7797-738-3
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e
Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
Impresso no Brasil
Apesar de, por vezes, serem tratadas como sinônimos, Para que esse primeiro passo em direção à formação
as palavras moral e a ética têm sentidos diferentes, e de um cidadão ativo e consciente seja dado, é impor-
é de extrema importância que a consciência de cada tante que apresentemos um panorama histórico sobre a
um desses conceitos faça parte da formação dos estu- concepção moral de cada época e cultura, como marca
dantes, desde o Ensino Fundamental. É por meio dessa das várias sociedades existentes. A evolução social é um
compreensão que os alunos terão, talvez, o primeiro fator determinante para aguçar a percepção dos alunos
contato com a noção de responsabilidade social que sobre a inconstância do conceito, trazendo, dessa for-
cada cidadão possui por direito e dever. ma, a ideia de que podemos e devemos questioná-lo,
Essa introdução às problemáticas sociais tem a função com o intuito de estabelecer uma sociedade harmonio-
de trazer à percepção do aluno o seu papel de agen- sa para todos os cidadãos.
te social. Por isso, é muito importante que, para que Explicar que, em certas épocas, a existência da escra-
essa consciência social seja plenamente desenvolvida, vidão sequer era discutida sob o viés da ética; o feminis-
a discussão sobre a moral e a ética seja alimentada em mo não era uma causa válida, já que era perfeitamente
sala de aula, sempre incentivando o aluno a colocar o natural haver desigualdade de gênero; e práticas de
seu ponto de vista como elemento fundamental para a tortura eram consideradas um procedimento de corre-
construção do conhecimento. É preciso, também, que ção, por exemplo, nos dá a dimensão do desafio que é
os debates se apoiem em situações reais, onde o estu- a prática educacional dos conceitos de moral e ética.
dante deverá refletir sobre a sua prática social cotidiana. Esses assuntos precisam ser revistos e reavaliados cons-
Assim, buscamos desenvolver a sua autonomia ética, tantemente, de modo a abarcar, refletir e posicionar-se
seu potencial para avaliar as suas atitudes sob uma vi- a respeito dos valores contemporâneos.
são consciente da moral.
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Assim, em meio à fluidez de conceitos e visões, a obri-
gatoriedade da disciplina Cidadania Moral e Ética repre-
senta um grande salto pedagógico. Isso faz com que
a escola e os professores deixem de trabalhar apenas
indiretamente ou de maneira difusa as dimensões da
moral e da ética e passem a articular o que tem sido
chamado de valores universalmente desejáveis, ba-
seados na Declaração Universal dos Direitos Humanos
e, mais especificamente, na Constituição da República
Federativa do Brasil, promulgada em 1988.
A partir desses valores, você, professor, deve praticar
suas ações pedagógicas no sentido de:
• Compreender os fundamentos da ética e da mora-
lidade e como seus princípios e normas podem ser
trabalhados no cotidiano das escolas e da comuni-
dade.
• Compreender e introduzir no dia a dia das escolas o
trabalho sistemático e intencional sobre valores de-
sejados por nossa sociedade.
IX
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Artigo XXVIII
Toda pessoa tem direito a uma ordem social e inter-
nacional em que os direitos e as liberdades estabele-
cidos na presente Declaração possam ser plenamente
realizados.
Artigo XXV
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz
de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar,
inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuida-
dos médicos e os serviços sociais indispensáveis, e
direito à segurança em caso de desemprego, doen-
ça, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de per-
da dos meios de subsistência fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e
Artigo XXVI
assistência especiais. Todas as crianças nascidas den-
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será
tro ou fora do matrimônio gozarão da mesma pro-
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fun-
teção social.
damentais. A instrução elementar será obrigatória.
A instrução técnico-profissional será acessível a to-
dos, bem como a instrução superior, esta baseada
no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno de-
senvolvimento da personalidade humana e do for-
talecimento do respeito pelos direitos humanos e
pelas liberdades fundamentais. A instrução promo-
verá a compreensão, a tolerância e a amizade en-
tre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e
coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol
da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gê-
nero de instrução que será ministrada a seus filhos.
Artigo XXVII
Toda pessoa tem o direito de participar livremente da
vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de par-
ticipar do processo científico e de seus benefícios.
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Artigo XXX
Nenhuma disposição da presente Declaração pode
ser interpretada como o reconhecimento a qualquer
Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qual-
quer atividade ou praticar qualquer ato destinado à
destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui
estabelecidos.”
Tendo em vista estabelecer padrões que ajudem a sitam ser levadas em conta para que a igualdade seja
promover uma educação comprometida com a moral, efetivamente alcançada.
a ética e a cidadania, os PCN propõem os seguintes tó-
picos a serem trabalhados no Ensino Fundamental: Participação: Como princípio democrático, traz a no-
ção de cidadania ativa, isto é, da complementaridade
Dignidade da pessoa humana: Implica respeito aos entre a representação política tradicional e a participa-
direitos humanos, repúdio à discriminação de qualquer ção popular no espaço público, compreendendo que
tipo, acesso a condições de vida digna, respeito mútuo não se trata de uma sociedade homogênea, e sim mar-
nas relações interpessoais, públicas e privadas. cada por diferenças.
Igualdade de direitos: Refere-se à necessidade de Corresponsabilidade pela vida social: Implica par-
garantir a todos a mesma dignidade e possibilidade de tilhar com os poderes públicos e diferentes grupos
exercício de cidadania. Para tanto, há que se considerar sociais, organizados ou não, a responsabilidade pelos
o princípio da equidade, isto é, que existem diferenças destinos da vida coletiva. É, nesse sentido, responsabili-
(étnicas, culturais, regionais, de gênero, etárias, religio- dade de todos a construção e ampliação da democracia
sas, etc.) e desigualdades (socioeconômicas) que neces- no Brasil.
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O ambiente escolar, além dos outros papéis, repre- Essa consciência dos valores morais, no entanto, não
senta um microcosmo da sociedade. O primeiro conta- deve ser imposta. É evidente que os estudantes devem
to com indivíduos que não fazem parte da nossa família saber diferenciar o certo e o errado, mas essa avaliação
e com os quais devemos estabelecer outro tipo de re- deve partir deles, de acordo com o conhecimento de
lação se dá no colégio. Essa é a nossa primeira vivência suas responsabilidades, com a evolução do seu senso
social. Lá aprendemos que temos, invariavelmente, de- crítico e a sua capacidade de decisão. Os estudantes
veres e direitos que devem ser seguidos e respeitados precisam assumir a sua prática, e não apenas seguir o
por todos que compõem aquela realidade. estabelecido, sem nenhum exercício de reflexão.
A formação do ser humano precede a formação do tra-
O papel da escola se estende para além da transmis- balhador. A educação existe antes para que possamos
são de conhecimento ou formação profissional. discutir, estabelecer e ajustar as normas sociais. Dessa
forma, o objetivo social da escola deve estar voltado para
Nesse local, a intenção primeira é a de ajudar a de- a formação de um cidadão consciente de suas ações e
senvolver as capacidades, a consciência, a compreen- obrigações e ativo na construção permanente da socie-
são de si mesmo, do outro e da sociedade. E é por dade. Por isso, a inclusão da matéria Cidadania Moral e
meio dessa experiência cotidiana que nos adequamos Ética no currículo do Ensino Fundamental e Médio é es-
às demandas sociais. sencial para o desenvolvimento social dos estudantes.
Levando em consideração que o volume de conhe- A adoção de atitudes solidárias, de cooperação, e re-
cimento produzido pela humanidade não pode ser púdio às injustiças e discriminações. A reflexão é apenas
completamente explorado em sala de aula, mesmo que o primeiro passo para uma atitude ética. É preciso que,
durante os doze anos previstos para a conclusão do En- além dos debates e preocupações sociais, nós sejamos
sino Fundamental e Médio, é fundamental que exista o reflexo do nosso discurso.
uma seleção de conteúdos que consideramos indispen- A compreensão da vida escolar como participação no
sáveis para a formação de um indivíduo. espaço público, utilizando e aplicando os conhecimen-
A inclusão do conteúdo de Cidadania Moral e Ética foi tos adquiridos na construção de uma sociedade demo-
aprovada no Senado no ano de 2012. As considerações crática e solidária.
do MEC sobre os objetivos a serem atingidos, durante o A valorização e o emprego do diálogo como forma de
Ensino Fundamental, são: esclarecer os conflitos e tomar decisões coletivas. Por
A compreensão do significado de justiça e a cons- isso a importância da construção dos debates no de-
cientização da construção de uma sociedade igualitária, senvolvimento da capacidade argumentativa.
tendo em vista a necessidade de internalizar e assimilar A construção de uma imagem positiva de si, o respei-
esse conceito na prática, para que possamos formar su- to próprio traduzido pela confiança em sua capacidade
jeitos sociais ativos. de escolher e realizar seu projeto de vida e pela legiti-
O respeito pelas diferenças — seja ela de credo, cor, mação das normas morais que garantam, a todos, essa
gênero, etc.—, fundamental ao convívio em uma so- realização.
ciedade democrática e pluralista; e a compreensão da Para que possamos atingir as metas estabelecidas, é
diversidade como uma oportunidade de ampliação do necessário que não só o professor de Cidadania Moral e
conhecimento, promoção do desenvolvimento pessoal Ética esteja comprometido, mas que todos os professo-
e social e enriquecimento dos processos de aprendi- res tenham em mente a responsabilidade da educação e
zagem. da conscientização social no processo de aprendizagem.
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Ulisses F. Araújo
Na Filosofia, o campo que se ocupa da reflexão sobre das pessoas, seu projeto pessoal e também sua capaci-
a moralidade humana recebe a denominação de Ética. dade de universalização, que deve ser exercida dialogi-
Estes dois termos, ética e moral, têm significados pró- camente, pois, dessa maneira, elas poderão ajudar na
ximos e, em geral, referem-se ao conjunto de princípios construção do melhor mundo possível, demonstrando
ou padrões de conduta que regulam as relações dos saber que são responsáveis pela realidade social.
seres humanos com o mundo em que vivem. De forma específica, lidar com a dimensão comuni-
Uma educação ancorada em tais princípios deve con- tária, dialogar com a realidade cotidiana e as normas
verter-se em um âmbito de reflexão individual e coletiva vigentes nos remete ao trabalho com a diversidade hu-
que permita elaborar racionalmente e autonomamente mana, à abordagem e ao desenvolvimento de ações
princípios gerais de valor, que ajudem a defrontar-se que enfrentem as exclusões, os preconceitos e as discri-
criticamente com realidades como a violência, a tortura minações advindos das distintas formas de deficiência
ou a guerra. De forma específica, educação ética e mo- e das diferenças sociais, econômicas, psíquicas, físicas,
ral deve ajudar na análise crítica da realidade cotidiana culturais, religiosas, raciais, ideológicas e de gênero.
e das normas sociais e morais vigentes, de modo que Conceber esse trabalho na própria comunidade onde
contribua para idealizar formas mais justas e adequa- está localizada a escola, no ambiente natural, social e
das de convivência. Ainda na linha de compreensão do cultural de seu entorno, é essencial para a construção
papel da educação para a formação ética dos seres hu- da cidadania efetiva.
manos, alguns teóricos entendem que a educação dos Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/
cidadãos deve levar em conta a dimensão comunitária materiais/0000015509.pdf. Adaptado. Acessado em: 14/07/2014.
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Com o intuito de promover uma educação plena, a unidade temática, norteadora das discussões, que é
coleção leva para a sala de aula os temas mais impor- subdividida em três seções que se intercalam para um
tantes e próximos aos alunos, para que, por meio de melhor aprofundamento do tema. Essas seções têm
textos, imagens, exercícios e debates, eles possam de- funções específicas e buscam estruturar da maneira
senvolver solidamente a sua consciência social. mais didática e agradável o conteúdo estudado. Veja-
Os capítulos que compõem os livros abrigam uma mos, a seguir, quais elas:
Linguagem,
1
Capítulo
pensamento e
cidadania
Vamos dialogar!: Esta é a única seção
que se apresenta, exclusivamente, no Vamos dialogar!
princípio de cada capítulo. Aqui, intro-
Estamos o tempo inteiro nos comunicando e mani-
duzimos a temática por intermédio de Conhecimentos prévios festando o que pensamos e sentimos, seja por meio
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a cidadania pela linguagem
de sentido dos assuntos abordados. e pelo pensamento?
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individuais.
4. Você acha que os componentes citados na questão anterior podem entrar em atrito? Explique.
Resposta pessoal
O trecho lido nos remete à ideia de pertencimento, ou seja, à crença subjetiva em uma ori-
gem comum que une os diferentes indivíduos. Os indivíduos pensam em si mesmos como
membros de uma coletividade na qual símbolos expressam valores, medos e ideais. A partir
disso, você se considera pertencente a algum grupo?
Resposta pessoal
Para refletir
Cidadania Moral e Ética I 8o ano 49 Transportes alternativos do Brasil
1. Qual é a importância dos transportes alternativos citados para a população que faz
uso deles?
2. Na região em que você mora, existe algum tipo de transporte alternativo? Qual?
Você faz uso dele?
3. Que modelos de transporte você acha que poderiam ser implantados na sua
cidade para melhorar a locomoção e preservar o meio ambiente?
Capítulo 1
Capítulo 2
Viver dignamente........................................................20
Progresso e desigualdade............................................................21
Os direitos humanos..........................................................................26
Os direitos do jovem..........................................................................31
Moradia, um direito..............................................................................37
O direito à saúde..................................................................................43
Capítulo 4
Cuidados no trânsito................................................66
Dicas de trânsito para os pedestres.....................................68
Atenção às leis do trânsito...........................................................71
Álcool não combina com direção............................................76
Benefícios de andar de bicicleta.............................................78
Objetivos
Linguagem, pensamento
e cidadania
Linguagem,
1
Pedagógicos
Capítulo
pensamento e
• Compreender o conceito de
linguagem e as manifestações
cidadania
cotidianas dessa importante
ferramenta.
• Entender como a linguagem, ou Vamos dialogar!
tudo aquilo que expressamos, Estamos o tempo inteiro nos comunicando e mani-
está relacionada ao nosso Conhecimentos prévios festando o que pensamos e sentimos, seja por meio
das palavras que dizemos, cantamos, escrevemos, seja
pensamento e como essa relação • Você conseguiria identificar
através de nossos gestos, nossa feição ou até mesmo
pode ser bem utilizada se alguma linguagem no seu
dos símbolos que criamos para exprimir alguma sen-
dia a dia?
tivermos o objetivo de praticar a • A linguagem que você
sação, como os emoticons usados nas redes sociais
da Internet. Todas essas formas que criamos para ex-
cidadania. usa com seus colegas é a
travasar o que se passa em nossa mente se dão pela
mesma usada com a sua
• Estudar a importância da família? Por quê?
linguagem, e a linguagem que empregamos diz sobre
quem somos, de onde viemos, o que achamos do mun-
linguagem para a comunicação e • Você exerce a cidadania no
do à nossa volta, etc. É sobre isso que estudaremos
a expressão da sensibilidade. dia a dia?
• Você consegue manifestar
neste capítulo.
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• Conhecer algumas teorias da a cidadania pela linguagem
e pelo pensamento?
origem da linguagem.
• Analisar a associação entre
língua e sociedade.
• Discutir como a expressão
corporal pode se revelar
um importante veículo de
comunicação.
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Autor: Nilson José Machado
Fundamentação
Linguagem, pensamento
e cidadania
No decorrer da história, a linguagem O que é linguagem?
foi e ainda é fator determinante para o
desenvolvimento do ser humano, pois A linguagem é um sistema de signos ou sinais usados para indicar coisas, para a comuni-
cação entre pessoas e para a expressão de ideias, valores e sentimentos.
nasceu da necessidade de sobrevivên-
Os elementos que formam a linguagem são chamados de signos, que indicam ou represen-
cia que o ser humano incorporou a tam outros. Por exemplo, a fumaça é um signo ou sinal de fogo. Os signos linguísticos são as
linguagem como elo entre os seres de palavras. Uma mesma palavra pode exprimir sentidos ou significados diferentes, dependendo
igual espécie. de quem a emprega, de quem a ouve ou lê e do contexto em que é usada.
Em meio às outras espécies, o ho- É a linguagem que estabelece a comunicação entre os seres humanos. Por meio das pala-
mem se sobressaiu apenas por alguns vras, relacionamo-nos com os outros, dialogamos, argumentamos, relatamos, discutimos, ama-
mos e odiamos, ensinamos e aprendemos, etc.
fatores que os diferenciam das demais,
dentre eles está, sem dúvida nenhuma,
a linguagem, fator essencial da comuni-
cação. Vygotsky (1987, p. 5) argumenta
que “a verdadeira comunicação huma-
na pressupõe uma atitude generalizan-
te, que constitui um estágio avançado
do desenvolvimento da palavra. As
formas mais elevadas da comunicação
humana são possíveis porque o pensa-
mento do homem reflete uma realida-
de conceitualizada [...]”.
Fedro, de Platão
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Sócrates conclui dizendo o que é
necessário para um discurso verda-
deiro, na medida em que isso seria
possível:
“Toda nossa discussão anterior E, o que é melhor, ter consciência dos significados dos gestos é muito importante,
principalmente porque, por ser natural e inconsciente, a linguagem corporal não mente e
mostrou que o discurso, seja o que
permite uma leitura mais precisa do seu interlocutor. Por exemplo: quando uma pessoa, ao
pretende persuadir, seja o que pre- pensar para responder a uma pergunta, olha para cima à direita, significa que ela vai omitir
tende ensinar, não pode ser cons- ou mentir sobre algo. Se olhar para cima à esquerda, ela está tentando lembrar de alguma
truído cientificamente, na medida em coisa. Torcer o pé, apoiando-se na parte lateral da sola, e abaixar a cabeça pode revelar
que sua natureza permite um trata- que você está com vergonha. Cruzar os braços ou as pernas é sinal de que você não está
mento científico, a menos que as se- querendo conversa ou não concorda com a opinião de quem fala. Cruzar os dedos com
guintes condições sejam satisfeitas. as mãos juntas, curvar-se ou ainda dobrar as pernas é uma insinuação de que você está
implorando por algo. Curvar o tórax colocando os ombros para baixo é uma postura que
Em primeiro lugar, deve-se conhecer
revela timidez e insegurança. Agora, se você estufa o peito projetando o tórax para frente,
a verdade sobre o assunto de que passa a imagem de uma pessoa imponente e até arrogante.
trata no discurso oral ou escrito, deve Ou seja, a maneira como você se expressa nunca é inocente. Ela revela muito da-
ser capaz de defini-lo genericamen- quilo que vai na sua cabeça e no seu coração.
te e, sendo capaz disso, deve dividi- Disponível em: http://www.rolfing-sp.com.br/noticias/2011-08-21-linguagem_corporal.php. Adaptado. Aces-
-lo nos vários tipos específicos até sado em 09/04/2014.
Anotações
Traduzir-se
é só vertigem;
outra parte,
linguagem.
[...]
GULLAR, Ferreira. Os melhores poemas de Ferreira Gullar. São Paulo: Global, 1983. p.144.
bem como a própria condição vital de desenvolver-se e, com isso, modificar-se e morrer também.
vertigem como sentimento único e mórbido. Já a linguagem seria o oposto, podendo ser
( X ) “Fundo sem fundo”, na primeira estrofe, pode se referir a um vazio existencial, à solidão.
( X ) Podemos entender a oposição feita na quarta estrofe como a do homem comum, que cum-
pre suas atividades do dia a dia, com o artista, que se pega pensando de modo mais sensível
para as coisas. E o homem comum e o artista podem fazer parte da mesma pessoa.
( X ) O próprio poema é uma tradução ou tentativa de tradução das duas “partes” do homem.
( ) O texto se chama Traduzir-se porque seu autor é italiano.
3. O pronome reflexivo do título se e o poema escrito em primeira pessoa levam o leitor a de-
preender qual é a proposta do autor?
A palavra traduzir pode significar: manifestar, revelar, explicar, demonstrar, interpretar, etc., e
a relação com o poema não é traduzir qualquer coisa, trata-se de autoanálise, de uma
Anotações
Fundamentação
A língua é uma arma carregada
As relações sociais, que reúnem e integram pessoas e grupos, nascem na vivência do cotidia-
no coletivo. A partir da singularidade das situações do dia a dia, configuram-se as interfaces que
aproximam as práticas comunicativas e a formação social da realidade e que se instalam na subje-
tividade individual para aflorar na unificação do senso comum. Para relacionar a língua à socieda-
de, os teóricos especialistas na área afirmam que a estrutura social pode influenciar ou determinar Se o único meio de estar em conta-
a estrutura da língua ou seu comportamento, o que prova que os valores sociais costumam ter to com o mundo é ser do mundo, es-
efeito sobre a língua. [...] Não é novidade que todas as línguas estão em processo constante de
tar no mundo e viver o mundo, dizer
variação. Uma língua se modifica em uma época, em um lugar ou em um grupo social.
que “vim ao mundo” e que “tenho um
Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Escala. corpo” é a mesma coisa, pois meu meio
de relações com o mundo é esse cor-
Questão de ética po que existe. Se eu fosse consciência
? pura, apenas espírito, não poderia me
relacionar com o mundo e as coisas: va-
1. Você percebe diferenças entre o modo como você fala e o modo como outras pessoas fa- garia feito alma penada.
lam? Cite algumas dessas diferenças. [...]
Resposta pessoal O corpo não é, então, uma simples
adição contingente à alma, mas, sim,
uma estrutura permanente de nosso ser
e condição necessária para a existência
2. A respeito do texto, classifique as afirmativas em verdadeiras (V) ou falsas (F).
da consciência, como consciência de
( V ) A Sociolinguística é o ramo que estuda a influência dos aspectos sociais nas manifesta-
mundo. Sem corpo, não podemos viver
ções da língua. no mundo e não podemos ter cons-
( F ) A língua falada pelas pessoas no cotidiano é exatamente a mesma que aprendemos na ciência do mundo nem de nós mes-
gramática normativa. mos. O corpo não deve ser visto como
( V ) O fenômeno da variação linguística é comum a todas as línguas. uma barreira entre nós e as coisas, ele
( V ) Condição social, idade, lugar e época são fatores que interferem na língua de um falante. apenas manifesta nossa individualidade
perante elas e a contingência de nossa
Cidadania Moral e Ética I 8o ano 15 relação com elas.
[...] Uma das formas de relação do
homem com os outros e com o mundo
é a fala. As línguas não são resultantes
CMeE_8A_2017_01a80.indb 15 28/12/16 20:04
Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espi-
nhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a
ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia.
[...] Às vezes, utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos
brutos — exclamações, onomatopeias. Na verdade falava pouco. Admirava as palavras com-
pridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas
eram inúteis e talvez perigosas. [...]
Fabiano também não sabia falar. Às vezes largava nomes arrevesados, por embromação. Via
perfeitamente que tudo era besteira. Não podia arrumar o que tinha no interior. Se pudesse...
Ah! Se pudesse, atacaria os soldados amarelos que espancam as criaturas inofensivas.
“[...] cantada, monossilábica e gutural [...].” Fabiano falava pouco e, quando o fazia, não
b. O modo como uma pessoa fala pode indicar sua condição social e econômica. No caso
de Fabiano, a linguagem por ele empregada poderia estar relacionada à realidade do
personagem? Explique.
Sim, se pensarmos que Fabiano era miserável e sua incapacidade de se expressar com
c. Segundo o narrador, Fabiano encontrava dificuldade em ordenar suas ideias e seus pen-
samentos, e isso ocorria por conta de sua linguagem pouco expressiva. Em que trecho
percebemos isso?
outras pessoas. Podemos atribuir a esse comentário uma crítica à extrema pobreza do
“Existe uma regra de ouro da Linguística que diz: ‘só existe língua se houver seres humanos
que a falem’. Então, tratar da língua é tratar de um tema político, já que também é tratar de
seres humanos.”
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico. São Paulo: Parábola Editorial, 2008, p. 19. Adaptado.
Segundo o autor, que relação existe entre a língua que usamos e a cidadania?
Para Marcos Bagno, a língua não é algo que pode ser visto separadamente de seu usuário,
Fundamentação
Linguagem, pensamento
e cidadania
A ciência que ignorou a importân- Para refletir
cia da linguagem
O corpo comunica
Visando construir uma noção de pen-
samento mais adequada para ser mo- Desde que nascemos, usamos o corpo para comunicar emoções, sentimentos, mesmo
bilizada no interior da escola, vamos sem perceber. Ninguém precisa estudar a linguagem corporal para usá-la. Ela é inata e
recuperar alguns traços de uma das inconsciente. Usamos, naturalmente e o tempo todo, gestos simbólicos como ferramentas
para nos comunicar sem precisar falar. [...] Todo mundo entende quando alguém balança
escolas da psicologia que se inscreveu a cabeça para dizer não ou fixa um olhar penetrante para mostrar interesse ou paquerar.
entre aquelas que não davam a devida A linguagem silenciosa da comunicação não verbal está arraigada em nosso dia a dia,
relevância ao papel da linguagem na mesmo que a gente, durante a maior parte do tempo, nem se dê conta disso. Mas por que,
manutenção da nossa organização so- então, é preciso conhecê-la se já a utilizamos desde que nascemos? Conhecer como o
cial: o behaviorismo e as linhas que dele corpo se comunica pode ser útil em muitas situações. Identificar o significado desses sím-
se originaram. bolos não verbais esclarece a comunicação e facilita a vida na medida em que é possível
entender melhor o que acontece em nossa volta. Principalmente nas grandes cidades,
Quando nos referimos a essa cor-
onde os estímulos e acontecimentos são muitos, reconhecer as mensagens corporais
rente do pensamento, provavelmen- embutidas nas falas e nas atitudes das pessoas pode ajudar você a se localizar melhor e
te o primeiro nome de autor que nos até a se defender.
ocorre é o de Burrhus Frederic Skinner
(1904–1990). [...] Skinner acreditava que
[...] todos os comportamentos huma-
nos são moldados pela nossa expe-
riência de punição e recompensa, e
não por instâncias mais “subjetivas”,
tais como a moral, a força da vontade
e assim por diante. Consequentemen-
te, Skinner costumava afirmar que o
homem bom só faz o bem porque o
bem é recompensado, e não porque,
dados alguns traços de seu caráter, ele
teria, ao menos, um relativo livre-arbí-
trio para agir deste ou daquele modo.
[...] O autor tentou explicar o aprendi-
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zado e a linguagem verbais dentro do
paradigma do condicionamento ope-
rante, isto é, de novo sem mobilizar a
categoria do pensamento como uma
instância elaborada que pode mediar,
por meio da linguagem, as relações en-
tre o homem e o mundo. 18 Cidadania Moral e Ética I 8o ano
Na educação, o behaviorismo deu
origem a uma abordagem aplicada
com o intuito de se obter um deter- CMeE_8A_2017_01a80.indb 18 28/12/16 20:04
minado comportamento previamente posta automáticas, o ensino consiste em gico, não devemos pensar que nossos
escolhido. Para tal fim, costuma-se dar um arranjo e um planejamento de con- alunos são completamente previsíveis.
muita ênfase à utilização de condicio- dições externas que levam os estudantes Pelo contrário, será bastante saudável
nantes e reforçadores arbitrários, como a aprenderem, sendo de responsabilida- ter em mente a necessidade de “realizar
elogios, graus, notas, prêmios, reconhe- de do professor unicamente assegurar a um trabalho de detetive” para elucidar
cimento do mestre e dos colegas, etc. aquisição do comportamento. [...] o modo pelo qual cada um aprende.
Para quem acredita nessa orientação Se entendermos que o pensamento
teórica, que parte do princípio de uma humano está longe de se desenvolver de RIOLFI, Claudia Rosa. Linguagem e pensamento. Curitiba:
Iesde Brasil S. A., 2009, p. 13–15, 26.
aprendizagem mecânica, com repeti- forma linear, compreendemos que, para
ções sistemáticas do tipo estímulo-res- sermos eficazes em nosso ato pedagó-
E, o que é melhor, ter consciência dos significados dos gestos é muito importante,
principalmente porque, por ser natural e inconsciente, a linguagem corporal não mente e
permite uma leitura mais precisa do seu interlocutor. Por exemplo: quando uma pessoa, ao
pensar para responder a uma pergunta, olha para cima à direita, significa que ela vai omitir
ou mentir sobre algo. Se olhar para cima à esquerda, ela está tentando lembrar de alguma
coisa. Torcer o pé, apoiando-se na parte lateral da sola, e abaixar a cabeça pode revelar
que você está com vergonha. Cruzar os braços ou as pernas é sinal de que você não está
querendo conversa ou não concorda com a opinião de quem fala. Cruzar os dedos com
as mãos juntas, curvar-se ou ainda dobrar as pernas é uma insinuação de que você está
implorando por algo. Curvar o tórax colocando os ombros para baixo é uma postura que
revela timidez e insegurança. Agora, se você estufa o peito projetando o tórax para frente,
passa a imagem de uma pessoa imponente e até arrogante.
Ou seja, a maneira como você se expressa nunca é inocente. Ela revela muito da-
quilo que vai na sua cabeça e no seu coração.
Objetivos
Viver dignamente
2
Pedagógicos
Capítulo
• Classificar as situações que Viver dignamente
vivemos ou presenciamos em
dignas ou indignas, com base
nos requisitos de cidadania
estabelecidos histórico- Vamos dialogar!
-socialmente.
Existem inúmeras situações na vida que não são
• Analisar algumas causas da Conhecimentos prévios dignas, ou seja, não são respeitosas, são indecentes.
Algumas delas acontecem porque vivemos em um país
desigualdade social, bem como • Você conhece alguém
bastante desigual em sua realidade social e econômi-
sua relação antagônica com o que vive em condições
ca. As pessoas de classes sociais diferentes não são
sub-humanas?
progresso econômico. • Na sua cidade, vivem
assistidas da mesma forma, provocando um abismo en-
tre pobres e ricos.
• Entender a importância dos muitas pessoas em
Há também as situações indignas causadas por fa-
situação de miséria?
direitos humanos, além de • O que você faria para
tores de ordem emocional, resultantes, em muitos ca-
sos, do tipo de vida que escolhemos ou que somos
discutir sua aplicação e as formas viver em um mundo
levados a escolher.
de denunciar as violações deles melhor?
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• Suas ações têm relação
cometidas. com as desigualdades?
Cidadania, um projeto em
construção: minorias, justiças e
direitos CMeE_8A_2017_01a80.indb 20 28/12/16 20:04
Fundamentação
Viver dignamente
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ces de disparidade de gênero.
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dos Estados árabes, da África Subsaaria-
na e de porções do continente asiático.
Na África Subsaariana, a agência da
ONU estima que 9,5 milhões de meninas
jamais colocarão o pé em uma sala de
aula, em comparação com um contin-
gente de 5 milhões de garotos que tam-
bém não terão acesso à educação. No
total, mais de 30 milhões de jovens entre
seis e 11 anos não frequentam qualquer
escola nessa região.
Na Ásia Ocidental e Meridional, 16% 22 Cidadania Moral e Ética I 8o ano
dos meninos fora da escola não terão
contato com a educação formal duran-
te suas vidas. O índice sobre para 80% CMeE_8A_2017_01a80.indb 22 28/12/16 20:04
quando considerado o público feminino. de modo que todas as meninas, quaisquer marginalizadas”, disse a diretora do Insti-
Em países árabes, a Unesco não conse- que sejam suas circunstâncias, vão para a tuto da agência da ONU para Estatísticas,
guiu apurar números precisos devido escola, permaneçam na escola e se tornem Silvia Montoya. “Mas os dados também
aos conflitos na região. A agência da cidadãs empoderadas”, afirmou a direto- mostram que as meninas que conseguem
ONU, no entanto, acredita que a maioria ra-geral da Unesco, Irina Bokova. começar a escola primária e fazer a tran-
dos excluídos dos sistemas de educação A pesquisa organizada pela Unesco sição para a educação secundária tendem
seja composta por meninas. também aponta que as desigualdades de a ter um desempenho melhor que o dos
“Temos que trabalhar em todos os gênero perduram até a educação superior. meninos e a continuar seus estudos.”
níveis, dos mais básicos até os líderes “Nós claramente observamos onde as in-
Disponível em: https://nacoesunidas.org/unesco-
globais, para colocar a igualdade e a in- justiças começam e como elas se acumulam meninas-tem-duas-vezes-menos-chances-de-ingressar-
clusão no centro de todas as políticas, durante a vida das meninas e mulheres mais na-educacao-formal/. Acesso em 25/08/2016.
Todas essas dificuldades devem ser discutidas e ter suas soluções buscadas por todos nós
que compomos a sociedade. A desigualdade socioeconômica não pode ser encarada como
aceitável. Podemos e devemos fazer nossa parte para reverter essa realidade que nos priva dos
nosso direitos. Todos merecem ter uma vida digna, com a garantia de um lar, refeições diárias,
trabalho honesto, conhecimento, lazer e segurança.
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? Questão de ética
1. Atente para estas imagens e reflita sobre a desigualdade social que elas representam. Es-
creva sobre isso e responda: estas situações também são vistas na sua cidade?
dabldy, 1000 Words, 1000 Words/Shutterstock.com
Resposta pessoal
Vantagens: Desvantagens:
Resposta pessoal Resposta pessoal
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no mundo
Fundamentação
Viver dignamente
Povos indígenas
? Questões para reflexão
Artigo 1
Os indígenas têm direito, como povos 1. Para você, o que significa desigualdade extrema?
ou como pessoas, ao desfrute pleno de 2. Você observa alguma desigualdade social no seu dia a dia?
todos os direitos humanos e liberdades 3. O relator da ONU diz que não é só a desigualdade de renda, mas, sim, desigualdade
fundamentais reconhecidos pela Carta em relação à educação, à saúde e outras. Qual é seu posicionamento sobre esses
das Nações Unidas, pela Declaração tipos de desigualdade?
4. Como podemos melhorar a situação das mulheres e das crianças que são mais
Universal de Direitos Humanos e o di-
atingidas pela desigualdade?
reito internacional relativo aos direitos
5. Apresente propostas de como você poderia acabar com a desigualdade no
humanos. mundo. Justifique suas escolhas.
Artigo 2
Os povos e as pessoas indígenas são
livres e iguais a todos os demais povos e
pessoas e têm o direito a não ser objeto Os direitos humanos
de nenhuma discriminação no exercício Você já ouviu falar na Declaração Universal dos Direitos Humanos? Ela foi criada pela Or-
de seus direitos fundada, em particular, ganização das Nações Unidas (ONU) em 1948. Nos trinta artigos desse documento, estão
em sua origem ou identidade indígena. descritos os direitos básicos que garantem uma vida digna para todos os habitantes do mundo.
Entre eles, liberdade, educação, saúde, cultura, informação, alimentação e moradia adequadas,
Artigo 3 respeito e não discriminação.
Os povos indígenas têm direito à livre Leia abaixo alguns itens:
determinação. Em virtude desse direito,
determinam livremente a sua condição Artigo I
política e perseguem livremente seu Todas as pessoas nascem livres e
iguais em dignidade e direitos. São do-
desenvolvimento econômico, social e
tadas de razão e consciência e devem
cultural.
agir em relação umas às outras com
Artigo 4 espírito de fraternidade.
Os povos indígenas, no exercício do
Artigo II
seu direito à livre determinação, têm di- Toda pessoa tem capacidade para
reito à autonomia ou ao auto-governo gozar os direitos e as liberdades es-
nas questões relacionadas com seus as- tabelecidos nesta Declaração, sem
suntos internos e locais, assim como os distinção de qualquer espécie, seja de
meios para financiar suas funções au- raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
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tônomas. política ou de outra natureza, origem
nacional ou social, riqueza, nascimento
Artigo 5 ou qualquer outra condição.
Os povos indígenas têm direito a
conservar e reforçar suas próprias insti-
tuições políticas, jurídicas, econômicas,
sociais e culturais, mantendo, por sua 26 Cidadania Moral e Ética I 8o ano
vez, seus direitos em participar plena-
mente, se o desejam, na vida política,
econômica, social e cultural do Estado. CMeE_8A_2017_01a80.indb 26 28/12/16 20:04
não serão submetidos a nenhum ato a) todo ato que tenha por objeto ou
Artigo 6 de genocídio nem a outro ato de vio- consequência privá-los de sua inte-
Toda pessoa indígena tem direito a lência, incluindo a remoção forçada de gridade como povos distintos ou de
uma nacionalidade. um grupo para outro. seus valores culturais, ou sua identi-
dade étnica.
Artigo 7 Artigo 8
b) Todo ato que tenha por objeto ou
1. As pessoas indígenas têm direito à 1. Os povos e as pessoas indígenas têm o
consequência aliená-los de suas ter-
vida, à integridade física e mental, à direito a não sofrer da assimilação for-
ras ou recursos.
liberdade e à segurança da pessoa. çosa ou da destruição de sua cultura.
c) Toda forma de transferência forçada
2. Os povos indígenas têm o direito 2. Os Estados estabelecerão mecanismos
da população, que tenha por obje-
coletivo de viver em liberdade, paz efetivos para a prevenção e o ressarci-
tivo ou consequência a violação e o
e segurança como povos distintos e mento de:
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consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de
mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar que foram orientados a “empenhar-se,
essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo por meio do ensino e da educação, em
culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em promover o respeito por esses direitos
público ou em particular.
e essas liberdades” (Preâmbulo). Assim,
Artigo XIX
a educação está identificada como um
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e ex- elemento instrumentalmente conecta-
pressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interfe- do à tarefa da Carta de promover os di-
rência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir reitos humanos. Além disso, os termos
informações e ideias por quaisquer meios e independen- introdutórios da Declaração esclarecem
temente de fronteiras. que “ensino e educação” não são ape-
[...] nas novas funções do Estado após a
Segunda Guerra Mundial, entre as di-
Artigo XXV
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida ca-
versas funções governamentais ligadas
paz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, aos deveres dos membros das Nações
inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados Unidas. Pelo contrário: reconhecendo a
médicos e serviços sociais indispensáveis; e direito à ação popular na esfera da comunida-
segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, de e o trabalho das organizações não
viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de governamentais (ONGs), as funções de
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[...]
como obrigação de “cada indivíduo e
de cada órgão da sociedade”.
A educação não é apenas um meio
para promover os direitos humanos. É
um fim em si mesma. Ao postular um
Cidadania Moral e Ética I 8o ano 27 direito humano à educação, os elabora-
dores da Declaração, axiomaticamente,
basearam-se na noção de que o valor
CMeE_8A_2017_01a80.indb 27 28/12/16 20:04
da educação não é neutro. Dentro des-
menosprezo de qualquer de seus di- ou nação indígenas, em conformidade se espírito, o Artigo XXX estabelece que
reitos. com as tradições e os costumes da co- um dos objetivos da educação deve ser
d) toda forma de assimilação e integra- munidade, ou nação de que se trate. Não “o fortalecimento do respeito pelos di-
ção forçada. pode resultar nenhuma discriminação de reitos humanose pelas liberdades fun-
e) Toda forma de propaganda que te- nenhum tipo do exercício desse direito. damentais” (seção 2).
nha como finalidade promover ou
Artigo 10
incitar a discriminação racial ou étni-
Os povos indígenas não serão retirados CLAUDE, Richard P.; ANDREOPOULOS, George (orgs.).
ca dirigida contra eles.
à força de suas terras ou territórios. Não Educação dos direitos humanos para o século XXI. São
Artigo 9 se procederá a nenhuma remoção sem o Paulo: Edusp, 2007, p. 35, 36.
Os povos e as pessoas indígenas têm consentimento livre, prévio e informado
direito a pertencer a uma comunidade dos povos indígenas interessados nem
Fundamentação
Viver dignamente
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e todos os grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as
foram pioneiros na avaliação do indi-
atividades das Nações Unidas em prol da manutenção
víduo e na relação entre legisladores e da paz. [...]
governadores. [...] A religião e a cultu-
ra política gregas são os antecedentes Disponível em: http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_univer-
sal.htm. Acessado em 08/04/2014.
de reivindicações de uma lei universal
que embasa nosso conceito moderno
de direitos humanos. Segundo as pri- ? Questão de ética
meiras cosmologias gregas, a humani-
dade existia dentro da harmonia trans-
cendente do universo, originária da lei 1. Dos artigos citados, quais chamaram mais a sua atenção? Por quê?
divina (logos) e ligada à vida humana Resposta pessoal
pela lei (nomos) da pólis, a cidade-Es-
tado. [...]
Mais tarde, os sofistas apontaram
diferenças importantes na moral e na
lei humanas (que, na Grécia, começou
na forma de uma arbitragem pública 2. Comente a primeira afirmação do documento: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em
para conceder uma compensação de- dignidade e direitos”.
vida por danos causados) e rejeitaram a
Resposta pessoal
suposição de que a lei humana refletia
necessariamente alguma lei universal. Espera-se que o aluno compreenda que todos os seres humanos têm a liberdade e
Tomando a humanidade como “a me- merecem ser dignos e possuidores de direitos.
dida de todas as coisas”, consideravam
que a lei, a justiça e a moral derivava tão
somente da razão humana. [...]
Em termos práticos, porém, nada
foi introduzido que se aproximasse do
conceito moderno de direitos antes de
28
Sólon (638-559 a.C.), cujo nome sobre- Cidadania Moral e Ética I 8o ano
o neto ter dançado quadrilha com uma criança negra. Polícia vai investigar o caso.
religioso ou de outra forma. Pode ser
Disponível em: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/07/20/interna_gerais,307109/mae-denuncia-racismo-
-contra-filha-de-4-anos-aluna-e-xingada-de-preta-horrorosa.shtml. Acesso em 18/08/2016.
realizada uma pesquisa sobre casos
de preconceito noticiados em jornais,
Manchete 2 revistas ou na Internet. Em seguida,
Do UOL — Rio de Janeiro os alunos utilizarão essas notícias
para promover uma mesa-redonda
Aluno é impedido de frequentar escola com guias de candomblé
na qual irão expor sua opinião sobre
Um estudante de 12 anos foi impedido de entrar na escola pública em que estudava por usar
o fato encontrado.
guias — colares — de candomblé. O caso aconteceu na escola municipal Francisco Campos.
Anotações
Manchete 3
Agência de notícia da Aids
No Recife, uma criança é discriminada em escola por ser soropositiva, diz a família
A mãe de uma criança de nove anos denunciou a escola estadual onde o menino está
matriculado por atitude preconceituosa. Segundo ela, o menino estuda numa escola em
Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, e no ato da matrícula ela disse que o menino
tem Aids.
Resposta pessoal
estoicismo. Ao contrário desses dois fi- [...] gregos, que sobreviveram até os dias
lósofos, que enfatizavam o indivíduo e Finalmente, a partir da década de 330 de hoje através do direito romano.
suas capacidades inatas, o estoicismo a.C., germinou um novo tipo de cultura
propugnava que as pessoas deviam ser tanto na Grécia quanto no Mediterrâneo POOLE, Hilary (org.). Direitos humanos: referências
essenciais. São Paulo: Editora da Universidade de São
isentas de paixão e aceitar serenamente oriental helenizado, na qual todos aque-
Paulo, 2007, p. 13-18.)
que todas as ocorrências são o resulta- les que falavam grego e se comportavam
do inevitável da vontade divina. [...] Os como gregos podiam fazer parte da nova
estoicos acreditavam na existência de cultura grega. Essa helenização permitiu
uma lei natural, a jus naturale, nascida aos conquistadores romanos adotar e
da lex aeterna, a lei cósmica da razão. transmitir amplamente muitos dos ideais
Direitos humanos: processo 4. Pesquise, em jornais e revistas, impressos ou on-line, desta semana, notícias que exponham
histórico o descumprimento dos direitos humanos. Indique a que direito negado cada fato se refere.
Autor: Ricardo Castilho
a imprensa e para as ONGs de juventu- por meio da ONU, vem firmando uma dos maiores problemas que afetam a
de a declaração denominada Chamado série de convenções internacionais nas sociedade contemporânea.
para Ação. quais são estabelecidos estatutos comuns
Com a criação da Organização das de cooperação mútua e mecanismos de Direitos da população jovem: um
Nações Unidas (ONU), uma nova instân- controle, que garantem a não violação e marco para o desenvolvimento. Brasília:
cia e novos parâmetros foram estabele- o exercício pelo cidadão de um elenco de Fundo de População das Nações Uni-
cidos para a discussão e deliberação de direitos considerados básicos à vida dig- das – UNVPA, 2010.
temas internacionais, inclusive a juven- na, os chamados direitos humanos.
Disponível em: http://www.unfpa.org.br/novo/
tude. A partir da Declaração Universal O conteúdo inicial desses direitos, seus
index.php/biblioteca/publicacoes/populacao-4/39-
dos Direitos Humanos, adotada no ano instrumentos e mecanismos foram-se al- direitos-da-populacao-jovem-um-marco-para--o-
de 1948, a comunidade internacional, terando e ampliando a partir das novas desenvolvimento. Adaptado.
Fundamentação
Viver dignamente
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Uma aprendizagem não mecâni- O jovem tem o direito de receber
uma informação objetiva com relação
ca e, portanto, significativa constitui o
às realidades de nossa sociedade.
processo por meio do qual uma nova
informação se relaciona de forma subs- Artigo VII
tantiva e pertinente aos saberes es- O direito da participação:
senciais guardados em nossa mente. O jovem tem o direito de mon-
Seria legítimo afirmar que compreen- tar atividades, de participar delas e
de comprometer-se livremente com
der o momento em que os ovos de-
elas em sua escola ou em seu bairro.
vem ser batidos e a forma de os virar
na frigideira ou quando se deve parar Artigo VIII
o veículo para abastecê-lo constituem O direito à vida escolar:
aprendizagens significativas para quem O jovem tem o direito a uma vida
precisa preparar omeletes e para quem escolar estável e progressiva, o que
equivale a um horário equilibrado
necessita conduzir um veículo.
que lhe permita tempo livre necessá-
Em termos mais simples, não é di- rio para as atividades e os intercâm-
fícil descobrir, infelizmente, que, em bios entre alunos e professores.
sua maior parte, todos os saberes que
se ensinam aos alunos são aprendiza- Artigo IX
gem mecânica, pois não se necessita O direito a oportunidades iguais:
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O jovem tem direito a uma educa-
deles para viver de forma coerente e
ção não seletiva e não competitiva.
pertinente. Comunicar-se com clareza
constitui proposta significativa, decorar
regras gramaticais insossas é aprendi-
zagem mecânica, da mesma forma que
32
aprender a somar é significativo, mas Cidadania Moral e Ética I 8o ano
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Artigo XIII nhas de trabalho contra a indisciplina
O direito de uso do tempo livre: para professores.
O jovem goza do direito de ter em
seu meio um lugar que lhe permita
dedicar-se a ocupar organizadamen- Direitos humanos: referências
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te seu tempo livre.
essenciais
Artigo XIV Autora: Hilary Poole (Org.)
O direito à consideração moral:
O jovem tem direito a serviços Este livro apresenta um panorama
que não sejam discriminatórios em histórico dos direitos humanos e as
lugares públicos. mais importantes questões contem-
Artigo XV
porâneas relacionadas ao tema. Ten-
O direito à consideração jurídica: do como marco de análise a Decla-
O jovem tem o direito de partici- ração Universal de 1948, organiza-se
par na elaboração das leis que lhe em seções que consideram os direitos
referem e de ser respeitado pelas do homem antes da promulgação, o
forças da ordem. próprio texto da Carta e as mudanças
que ocorreram após a Segunda Guer-
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ra Mundial.
de seu mundo e, dessa forma, liberte-se de tudo, tudo de cada pouco. Quem se meios coerentes de socializar-se sen-
de preconceitos ou de opiniões irrefleti- envolve nos saberes do mundo em que tindo o outro em si e, certamente, está
das que se assumem porque outros an- vive sabe fazer uma leitura desse mundo preparado para viver e conviver desco-
tes assumiram-nas. Quem possui uma e sobe nas altitudes de seu tempo para brindo-se protagonista no tempo que
visão sistêmica enxerga longe, pondera perceber o ontem e antecipar o amanhã. passa, ator nos pequenos dramas com
e descobre que administrar opiniões Não menos importante que se sentir li- os quais o cotidiano a cada instante nos
e sentimentos envolve delicadeza não gado ao tempo é também assumir uma desafia.
mais simples que bem administrar o visão crítica, percebendo os fatos e as
ANTUNES, Celso. Primeiros degraus. São Paulo: Edições
dinheiro que se ganha. Outra compe- notícias como quem analisa, compara,
Loyola, 2012, p.22-25. Adaptado.
tência essencial é envolver-se na reali- descreve, classifica, contextualiza. Quem
dade de seu tempo, sabendo um pouco assim age desenvolve iniciativa, descobre
Artigo XVI
O direito à proteção:
O jovem tem o direito de ser pro-
tegido contra todo tipo de manipula-
ção: publicidade, doutrinamento, ex-
perimentações diversas (científicas,
educativas, etc.).
Artigo XVII
O direito aos valores espirituais:
O jovem tem o direito de escolher,
de viver e expressar seus valores es-
pirituais sem oposição dos Estados.
Artigo XVIII
O direito à solidariedade:
O jovem tem o direito de crescer
em um espírito de paz e de solidarie-
dade e de ter ante seus olhos exem-
plos de compartilhamento e ajuda
mútua no plano internacional que o
incitem a construir um mundo mais
fraternal.
1. Dos direitos do jovem citados, indique dois que você percebe cumpridos em sua vida e dois
que não são aplicados.
Resposta pessoal
2. Os direitos do jovem devem ser assegurados por toda a sociedade. No entanto, é dever de cada
jovem também lutar por seus próprios direitos, inclusive fazendo de sua vida uma demonstração
de respeito a eles. Indique como você pode contribuir para a efetivação dos seguintes direitos:
a. O direito à autonomia.
Resposta pessoal
Resposta pessoal
Resposta pessoal
d. O direito ao erro.
Resposta pessoal
Resposta pessoal
f. O direito à solidariedade.
Resposta pessoal
Sugestão de
Abordagem
Viver dignamente
Resposta pessoal
Moradia, um direito
Como vimos em nossa leitura da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a moradia é um
direito assegurado ao cidadão. E esse direito envolve não apenas um teto sob o qual morar, mas
também segurança, saúde e dignidade tanto na casa quanto na comunidade.
É direito de todos, por exemplo, não ser removido de seu lar nem ser ameaçado quanto à
posse de sua moradia. Além disso, o governo deve se comprometer a atender às necessidades
das moradias, como saneamento básico, energia elétrica, postos de saúde, escolas, creches e
áreas de lazer nas proximidades, coleta de lixo, transporte público.
Uma moradia ideal é aquela que protege seu morador da chuva, do calor, do vento e da umi-
dade, bem como o protege contra desmoronamentos, inundações e incêndios. A habitação deve
também ser adequada para o número de pessoas que nela vive, com ambientes propícios para
cozinhar, lavar roupas, etc.
Os gastos com a aquisição ou aluguel da moradia não podem comprometer o atendimento
de outras necessidades fundamentais, como a educação, a alimentação e o lazer. Ademais,
pessoas que pertencem a grupos vulneráveis, como crianças, idosos, pessoas com deficiência
ou doenças crônicas, devem ter uma atenção especial voltada à aplicação do direito à moradia.
Infelizmente, muitas pessoas têm esse direito negado. O saneamento básico, por exemplo, é
um direito indispensável, mas que não atinge muitas localidades carentes do País. Observa-se
também que muitas famílias vivem em habitações de condições precárias, que não favorecem
sua segurança, sua saúde e seu conforto.
Há ainda um problema mais grave: o dos moradores de rua, expostos ao frio, à criminalidade
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37
Fundamentação
Viver dignamente
A historicidade do nascimento da
Declaração Universal dos Direitos Hu- ? Questão de ética
manos ratifica que os direitos humanos
são fundamentais a todos, sem quais- 1. Existem diversos tipos de moradia. Se você vive em uma região urbana, provavelmente as
quer distinções de sexo, nacionalidade, habitações mais comuns são as casas e os prédios. Porém, em outros lugares, de clima,
etnia, cor da pele, faixa etária, classe so- cultura ou condição social diferentes, as moradias podem ser de vários modelos. Observe as
cial, profissão, condição de saúde física imagens seguintes e pesquise seus nomes, sua estrutura e o tipo de pessoa que geralmente
e mental, opinião política, religião, nível os habita.
de instrução e julgamento moral.
Levando em conta a sucessão do 1 2
tempo, por uma questão didática, po-
de-se dizer que os direitos humanos
foram divididos em gerações, não no
sentido biológico, do que nasce, cresce
e morre, mas no sentido histórico, de
uma superação com complementarida-
de, e que pode também ser entendida
como dimensões.
Resumidamente, a “primeira gera- 3
ção”, contemporânea das revoluções
burguesas do final do século XVIII e de
todo o século XIX, é aquela que con-
cerne aos dos direitos civis e às liber-
Opinião
Rita Januskeviciute, guentermanaus, Vinicius Tupinamba, Frontpage, Ivonne Wierink/Shutterstock.com
-solidariedade como responsabilidade novo sentido para essa luta: ela passa
social pelos mais fracos nos direitos da a dar corpo e alma à pastoral social ao
humanidade. representar dignidade humana.
Esse breve retrospecto histórico ex-
plica o porquê de trabalharmos com a MENEZES, Irismar Sousa; MAGALHÃES, Solange
Martins Oliveira. “Direitos humanos: violência, moradia,
questão da moradia para e pelas pes-
dignidade ameaçada”. In: Sociedade e cultura, v. 11, n.
soas. Elas são portadoras de direitos, di- 2, UFG.]
reitos humanos, que são fundamentais
porque são indispensáveis para uma
vida com dignidade. Quando insisti-
mos na questão da moradia, damos um
Fundamentação
Viver dignamente
A prática da leitura b. O sujeito da canção é apegado apenas à sua casa ou também à comunidade? Explique.
A comunidade onde ele vive, o morro, é uma extensão da sua casa. Ali é o seu lugar, onde
[...]
Para Marisa Lajolo, “ler não é deci- ele encontra conforto e possibilidades de lidar com os problemas da vida.
frar, como num jogo de adivinhações, o
sentido de um texto. É, a partir do tex-
to, ser capaz de atribuir-lhe significado, c. Que tipo de relação você tem com sua moradia e sua comunidade?
conseguir relacioná-lo a todos os ou-
Resposta pessoal
tros textos significativos para cada um,
reconhecer nele o tipo de leitura que
seu autor pretendia e, dono da própria
vontade, entregar-se a essa leitura, ou 3. Para você, como seria a casa ideal?
rebelar-se contra ela, propondo outra Resposta pessoal
não prevista”.
Creio não trair a autora citada se dis-
ser que a leitura é um processo de in-
terlocução entre leitor e autor mediado 4. As casas são locais onde estabelecemos relações com o grupo social família. Como você
acha que devem ser essas relações?
pelo texto. Encontro com o autor, au-
sente, que se dá pela sua palavra escri- Resposta pessoal
ta. Como o leitor, nesse processo, não é
passivo, mas agente que busca signifi-
cações, o sentido de um texto não é ja- 5. As imagens abaixo fizeram parte do noticiário e estiveram associadas a acontecimentos in-
mais interrompido, já que ele se produz felizes. Observe-as e indique:
nas situações dialógicas ilimitadas que
constituem suas leituras possíveis.
O autor, instância discursiva de que
emana o texto, mostra-se e dilui-se
nas leituras de seu texto: deu-lhe uma
significação, imaginou seus interlocu-
tores, mas não domina sozinho o pro-
cesso de leitura de seu leitor, pois este,
por sua vez, reconstrói o texto na sua
leitura, atribuindo-lhe a sua (do leitor)
significação.
É por isso que se pode falar em lei-
turas possíveis e é por isso também
que se pode falar em leitor maduro, e
a maturidade de que se fala aqui não é
40
aquela garantida constitucionalmente Cidadania Moral e Ética I 8o ano
Resposta pessoal
Resposta pessoal
pótese de trabalho, norteadora dos ob-
jetivos que se pretende atingir; as eta-
pas previstas; a forma de avaliação que
c. Se na sua região já ocorreu ou ocorre algum desses eventos.
será utilizada; bibliografia, etc.
Resposta pessoal É importante lembrar que, para um
projeto dar certo, é preciso que o as-
sunto vá de encontro ao interesse dos
Para refletir alunos, o qual você deve perceber nas
discussões em sala de aula. Devemos
Um direito humano à moradia desde 1948 na Declaração Universal dos definir detalhadamente os passos que
Direitos Humanos serão dados, a fim de que o trabalho se
torne mais abrangente e rico.
A moradia adequada foi reconhecida como direito humano em 1948, com a Declara- Em um projeto sobre moradias, é pos-
ção Universal dos Direitos Humanos, tornando-se um direito humano universal, aceito e
sível explorar os tipos de construção:
aplicável em todas as partes do mundo como um dos direitos fundamentais para a vida
das pessoas. [...] casa, prédio ou sobrado, oca, iglu, casa
de barro e palha e, ainda, as palafitas.
Mais que um teto e quatro paredes Lembre-se de questionar os alunos
sobre a casa deles. Proponha que ob-
O direito à moradia integra o direito a um padrão de vida adequado. Não se resume
servem o tamanho, quantos cômodos
a apenas um teto e quatro paredes, mas ao direito de toda pessoa ter acesso a um lar e
a uma comunidade seguros para viver em paz, com dignidade e saúde física e mental. A possui, se tem quintal, varanda ou sa-
moradia adequada deve incluir: cada, fazendo uma comparação com a
• Segurança da posse: Todas as pessoas têm o direito de morar sem o medo de casa dos colegas.
sofrer remoção, ameaças indevidas ou inesperadas. As formas de se garantir essa Você pode propor que cada um faça
segurança da posse são diversas e variam de acordo com o sistema jurídico e a uma maquete ou desenho da própria
cultura de cada país, região, cidade ou povo. casa. Também será uma atividade in-
• Disponibilidade de serviços, infraestrutura e equipamentos públicos: A mo- teressante fazer uma descrição escrita
radia deve ser conectada às redes de água, saneamento básico, gás e energia elé- das residências.
trica; em suas proximidades, deve haver escolas, creches, postos de saúde, áreas
Uma boa forma de fazer os alunos
de esporte e lazer e devem estar disponíveis serviços de transporte público, limpeza,
coleta de lixo, entre outros. perceberem a importância da casa e
da família é discutindo como podem
ajudar e o quanto é importante cola-
Cidadania Moral e Ética I 8o ano 41 borar com as tarefas domésticas, como
guardar seus brinquedos, manter seu
quarto arrumado, ajudar os irmãos
CMeE_8A_2017_01a80.indb 41 28/12/16 20:04
mais novos, enxugar vasilhas, etc.,
que o texto definir suas leituras pos- Sugestão de Abordagem aprendizados estes que ficarão para
síveis, são os múltiplos tipos de rela- toda a vida.
ções que com eles nós, leitores, man- Um tema muito interessante para se Se você tiver tempo hábil, tente ex-
tivemos e mantemos, que o definem. trabalhar em sala de aula é os tipos de plorar os tipos de casa dos animais,
casa em que vivemos. Embora pareça que também servem de abrigo e pro-
GERALDI, João Wanderley. O texto na sala de aula. algo comum, pode ser explorado de teção para eles, como a do joão-de-
São Paulo: Ática, 1997, p. 91-93.
várias formas, de acordo com a idade -barro, das abelhas, das formigas, do
dos alunos. pica-pau, dentre vários outros, compa-
Você deve organizar seu projeto, com rando-as com as diferentes necessida-
conteúdos a serem abordados; uma hi- des de cada espécie.
Fundamentação
Viver dignamente
? Questão de ética
1. Você já recebeu atendimento público de saúde? Em caso afirmativo, você foi bem tratado?
Se quiser, conte sua experiência.
Resposta pessoal
2. Procure saber que campanhas de saúde estão sendo realizadas na região em que você vive
e escreva a importância de cada uma delas para a população.
Resposta pessoal
3. Pesquise e indique a quantidade e o nome de cada serviço público de saúde no seu bairro
e complete a tabela abaixo.
Resposta pessoal
Quant. Nome
Posto de saúde
Hospital geral
Serviço de atendimento
de urgência
Farmácia popular
Para refletir
Pesquisas acadêmicas e estudos para novos testes diagnósticos costumam levar meses
para ser publicados devido ao minucioso processo de revisão por publicações científicas.
Mas a epidemia de zika no Brasil e em outros países das Américas tem acelerado a
produção de conhecimento sobre o tema.
Estudos sobre o zika vírus vêm sendo disponibilizados em sites científicos na forma
de “pré-print” — como o artigo é chamado antes de passar por revisão — para que
outros pesquisadores possam ter acesso mais ágil a seu conteúdo e eventuais achados
e trabalhar a partir deles.
Objetivos
Somos cidadãos do mundo
3
Pedagógicos Somos cidadãos
Capítulo
• Discutir o conceito de cidadão do
mundo e as práticas envolvidas na
do mundo
promoção dessa categoria social.
• Comentar o papel da identidade
de cada indivíduo no exercício da Vamos dialogar!
cidadania. Qual é o seu senso de compromisso diante dos pro-
Conhecimentos prévios blemas da sua comunidade, do seu país e do mundo?
• Compreender que o Você se sente inteirado com a sua nação e com as ou-
desenvolvimento humano nem • Você já ouviu a
tras? De que formas? Vimos no capítulo anterior, que
expressão: “Você, cidadão
sempre caminha na mesma do mundo”?
existem direitos universais válidos para todos, embora
haja muitos casos de descumprimento dessas garan-
direção do desenvolvimento • A preocupação por um
tias. Além disso, vivemos em um mundo cada vez mais
econômico. mundo melhor parte de
conectado, onde as pessoas se comunicam mesmo
você também?
com grandes distâncias, cada vez mais falam outras
• Considerar os atos de corrupção • Quando você faz
línguas e viajam para outros lugares. Esse fenômeno,
uso das tecnologias,
realizados nas esferas pública e principalmente das redes
chamado globalização, tem seus benefícios, como o
maior acesso à informação e a possibilidade de conhe-
privada. sociais, você se sente
cer diversas culturas, como também acarreta proble-
globalizado?
mas, tais como a desigualdade social e o consumo de-
• Debater medidas para o • Ser um cidadão é ser
senfreado, que, por sua vez, prejudica o meio ambiente.
desenvolvimento sustentável. ético e respeitar a
sociedade?
• Entender por que a solidariedade
é uma forma eficaz de se praticar a
cidadania.
Anotações
Fundamentação
Somos cidadãos do mundo
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diferente, mas que partilham a crença não
só numa origem comum como também
num destino comum, estabelecendo um
sentido de homogeneidade para os mem-
bros de uma comunidade e de heteroge-
neidade em face dos diferentes grupos. 48 Cidadania Moral e Ética I 8o ano
Max Weber, a partir do sentido de per-
tencimento, desenvolve uma compreen-
são da diversidade cultural. A diversidade CMeE_8A_2017_01a80.indb 48 28/12/16 20:04
de gerar podem garantir a sua sobrevivên- ditamos que podemos interferir e, mais do
cultural é reconhecida na medida em que
cia e reprodução. Weber denomina-a de que tudo, que vale a pena interferir na rotina
se confronta uma “solidariedade étnica”
“comunidade política”, ou seja, está voltada e nos rumos desse tal lugar.
com elementos estrangeiros, estabele-
para a ação, partilhando valores, costumes, Esse sentimento de pertencimento é que
cendo uma oposição, ou até mesmo, um
uma memória comum, criando uma “comu- poderia explicar porque grupos minoritá-
desprezo pelo que é diferente, decorrendo
nidade de sentido”, independentemente de rios na África, ao invés de desaparecerem,
desse o embate entre o “nós” e os “outros”,
laços sanguíneos, na qual há um “sentimen- organizaram-se de acordo com linhas ét-
o sentido de unidade grupal.
to de pertencimento”. nicas para a disputa de pontos capitais nos
Segundo Weber, a comunidade se au-
A sensação de “pertencimento” significa seus países. Assim grupos com identidades
todefine e estabelece as suas fronteiras,
que precisamos nos sentir como pertencen- étnicas unem-se para a conquista de espaços
bem como estabelece meios de diferen-
tes a tal lugar e ao mesmo tempo sentir que econômicos e políticos.
ciação tanto interna como externa. Os
esse tal lugar nos pertence, e que assim acre- Um exemplo da manifestação da sensação
costumes que essa comunidade é capaz
Fundamentação
Somos cidadãos do mundo
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de corrupção. Daí diaphthora, que
significa destruição, ruína e dano aos
valores e à ordem.
[...]
Tendo em vista a tipologia das for-
mas de governo de Aristóteles, pode-
-se derivar o potencial de corrupção
como a degeneração de virtudes,
conforme uma natureza típica de
cada uma das formas. Uma vez que
a corrupção ocorre em potência, no
plano das formas de governo, exis-
tem princípios que a potencializam,
tendo em vista o caráter prático do
exercício do governo na comunidade.
A corrupção, dessa maneira, cumpre
um papel histórico, em face dos ciclos
de ascensão e decadência de institui-
ções políticas. Com relação à questão
conceitual, a ideia de corrupção está
50 Cidadania Moral e Ética I 8o ano
envolvida numa concepção cíclica de
história, típica do mundo antigo. No
plano analítico, toda forma boa de CMeE_8A_2017_01a80.indb 50 28/12/16 20:04
Sugestão de
Abordagem
Somos cidadãos do mundo
Fundamentação
• Suborno
Questões para reflexão e aprofun- Considerado crime, consiste no ato de quem, no exercício de um cargo público, exige ou
damento dos temas aceita qualquer vantagem ou recompensa para faltar ao cumprimento de seu dever. Por exem-
plo, a compra de votos para garantir a vitória de um candidato na eleição. A quantia oferecida a
1. O que Milton Nascimento nos indica alguém para cometer atos ilegais, em casos políticos, é chamada de propina.
quando diz, em sua música, “Estran-
• Fraude
geiro eu não vou ser [...] cidadão do
Esquema ilícito ou de má-fé com a intenção de enganar alguém ou de não cumprir determina-
mundo eu sou”? O que podemos da obrigação. Uma fraude pode ser a falsificação de objetos (como telas de pintores famosos),
apreender ao observarmos conjun- documentos e assinaturas; propaganda enganosa; criação de empresas falsas; entre outras.
tamente uma fotografia do planeta
Terra e um mapa-múndi com suas • Extorsão
divisões geopolíticas? Liste algumas Trata-se do ato de obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer algo, por meio de ameaças ou
dificuldades que se apresentam ao violência, com o objetivo de obter lucros.
imaginarmos um mundo sem fron-
• Apropriação indébita
teiras. É o apoderamento de bem móvel sem o consentimento do dono, quando não há devolução
2. Aceitando o desenvolvimento sus- ou quando há consumo próprio indevido.
tentável como uma ideia-força, ou
seja, uma ideia mobilizadora da so-
ciedade, como construir a sustenta-
bilidade entendendo-a como uma 52 Cidadania Moral e Ética I 8o ano
? Questão de ética
1. Pense e responda: quais são as consequências trazidas pela corrupção para a sua vida e
para a sua família?
Resposta pessoal
2. Na sua opinião, por que existem tantos casos de corrupção no meio político brasileiro?
Resposta pessoal
3. Além dos exemplos de corrupção citados no texto, que outros você acrescentaria?
Resposta pessoal
4. Pesquise notícias recentes de casos de corrupção. Que tipo de delito foi praticado e quais
foram os prejuízos ocasionados por ele?
Resposta pessoal
Só de sacanagem
Desenvolvimento sustentável
O modelo atual de crescimento econômico gera enormes desequilíbrios. Ao passo que é
enorme a riqueza produzida no mundo e aperfeiçoam-se as tecnologias da computação e da
informação, por exemplo; por outro lado, a miséria e a degradação ambiental aumentam a cada
dia. E essa realidade pode pôr em risco a segurança e a vida da humanidade no futuro.
As ações realizadas para satisfazer as necessidades da geração atual sem comprometer as
necessidades das futuras gerações fazem parte do que chamamos de desenvolvimento sus-
tentável. Esse conceito visa à integração entre economia, sociedade e meio ambiente. Todos
temos que ter o cuidado de não esgotar os recursos naturais de que dispomos para o futuro.
Sabemos que os recursos naturais (água, solo, vegetação, minérios, etc.) são finitos. E são
eles que permitem a existência humana, a diversidade biológica e o próprio crescimento eco-
nômico. Por isso, é necessário que haja planejamento no uso deles e que não se permita que o
progresso da economia os destrua.
É importante que se reduza o uso de matérias-primas e que se aumente a reutilização de
produtos e a reciclagem. Além disso, deve-se dar atenção à gestão correta do lixo, bem como à
redução da emissão de gases de efeito estufa. Dentre outras medidas para o desenvolvimento
sustentável, estão:
56
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geração de empregos. • O buraco na camada de ozônio
(que protege a Terra de vários tipos
3 Avalie os impactos do
de radiação, inclusive a ultraviole-
que consome ta), causado pela emissão de cloro-
Ao comprar, leve em conta fluorcarbono (CFC), torna o Planeta
danos que a fabricação e o mais exposto à radiação nociva, au-
uso do produto causam ao mentando, inclusive, as chances de
meio ambiente e à sociedade. desenvolvimento de câncer.
• O efeito estufa (processo no qual
uma parte da radiação infraverme-
4 Consuma apenas o
necessário
lha emitida pela superfície terrestre
É possível viver com é absorvida por gases atmosféricos,
menos. Reflita sobre suas retendo o calor), em sua ocorrên-
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Fundamentação
Somos cidadãos do mundo
Preâmbulo
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sociedade sustentável global fundada É dever de qualquer
cidadão exigir de partidos,
no respeito pela natureza, nos direitos
candidatos, vereadores,
humanos universais, na justiça eco- senadores, deputados e
nômica e numa cultura da paz. Para governantes propostas
chegar a esse propósito, é imperativo e ações que viabilizem e
que nós, os povos da Terra, declaremos aprofundem a prática do
nossa responsabilidade uns para com consumo consciente.
os outros, com a grande comunidade
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de vida e com as futuras gerações.
9 Reflita sobre seus
valores
Terra, nosso lar Faça uma avaliação
A humanidade é parte de um vasto constante: quais são os
universo em evolução. A Terra, nosso princípios que guiam suas
lar, é viva como uma comunidade de escolhas e seus hábitos de
consumo?
vida incomparável. As forças da natu-
reza fazem da existência uma aventura
exigente e incerta, mas a Terra provi- 10 Divulgue o consumo consciente
denciou as condições essenciais para a Qualquer um pode multiplicar informações, valores e práticas do consumo
evolução da vida. A capacidade de re- consciente. Sozinho ou em grupo, sensibilize outros consumidores.
cuperação da comunidade de vida e o
bem-estar da humanidade dependem
da preservação de uma biosfera sau-
58 Cidadania Moral e Ética I 8o ano
dável com todos os seus sistemas eco-
lógicos, uma rica variedade de plantas
e animais, solos férteis, águas puras e CMeE_8A_2017_01a80.indb 58 28/12/16 20:04
ar limpo. O meio ambiente global, com Comunidades estão sendo arruinadas. Os são perigosas, mas não inevitáveis.
seus recursos finitos, é uma preocupa- benefícios do desenvolvimento não estão
ção comum de todos os povos. sendo divididos equitativamente, e a di- Desafios futuros
A proteção da vitalidade, diversidade ferença entre ricos e pobres está aumen- A escolha é nossa: formar uma alian-
e beleza da Terra é um dever sagrado. tando. A injustiça, a pobreza, a ignorância ça global para cuidar da Terra e uns dos
e os conflitos violentos têm aumentado e outros ou arriscar a nossa destruição e
A situação global são causas de grande sofrimento. O cres- a da diversidade da vida. São necessá-
Os padrões dominantes de produção cimento sem precedentes da população rias mudanças fundamentais em nossos
e consumo estão causando devastação humana tem sobrecarregado os sistemas valores, instituições e modos de vida.
ambiental, esgotamento dos recursos ecológico e social. As bases da segurança Devemos entender que, quando as
e uma massiva extinção de espécies. global estão ameaçadas. Essas tendências necessidades básicas forem supridas,
1. De acordo com a leitura do texto e com o seu conhecimento de mundo, o que você entende
por sustentabilidade e desenvolvimento sustentável?
construção da sociedade.
meio ambiente e suas variáveis. Trata-se da ideia do uso racional de recursos, trazendo
qualidade de vida para todos e tendo em vista, ao mesmo tempo, os problemas ambientais.
Dessa forma, a tecnologia deve servir tanto em favor do ser humano quanto da natureza.
o meio ambiente é dever de todos os que desejam uma vida mais saudável e se
4. E casos de desenvolvimento sustentável, existem na sua região? Conte como eles funcionam.
Resposta pessoal
5. Leia sobre os acontecimentos abaixo, pesquise e explique como cada um deles atinge todos
os seres da Terra e quais as consequências para o futuro.
Resposta pessoal
Carta da Terra
Princípios
1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.
2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.
3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e
pacíficas.
4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações.
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial
atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a vida.
6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando
o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.
7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades
regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.
8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto e a
aplicação ampla do conhecimento adquirido.
9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.
10. Garantir que as atividades e instituições econômicas, em todos os níveis, promovam o
desenvolvimento humano de forma equitativa e sustentável.
11. Afirmar a igualdade e a equidade dos gêneros como pré-requisitos para o desenvolvi-
mento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e
às oportunidades econômicas.
12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural
e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar es-
piritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e das minorias.
13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência e
responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de deci-
sões e acesso à justiça.
14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos,
valores e as habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz.
BOFF, Leonardo. Sustentabilidade: o que é, o que não é. Petrópolis: Vozes, 2012. pp. 167, 170-176. Adaptado.
Sugestão de
Abordagem
Somos cidadãos do mundo
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em toda a sua diversidade, assim solidariedade, capaz de gestar uma economia e um desenvolvimento sustentável que incluam
como os valores que o sustentam: todos os cidadãos.
livre-arbítrio, dedicação, compro- ADAMS, Telmo. Prática social e formação para a cidadania.
misso e solidariedade. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001. pp. 51–54. Adaptado.
Site: http://www.onu.org.br/onu-no-brasil/pnud/vnu/.
Anotações
62
( F ) A cidadania pode ser aplicada da mesma forma para todos os homens e todas as mulhe- Sugestão de leitura ////
res, já que as pessoas têm as mesmas necessidades e expectativas.
( V ) Não só o direito ao trabalho e à educação compõe a cidadania, mas também o direito ao Sustentabilidade: o que é,
lazer e ao descanso. o que não é
( V ) A conquista da cidadania plena não pode ocorrer apenas em âmbito local. Autor: Leonardo Boff
( V ) O individualismo não contribui para a prática da cidadania.
A sustentabilidade representa, dian-
4. Junto com seus colegas de sala, faça uma pesquisa de campo sobre as organizações não go- te da crise socioambiental generaliza-
vernamentais da sua cidade e escreva abaixo sobre o trabalho que cada uma delas desenvolve. da, uma questão de vida ou morte.
Resposta pessoal O autor faz um histórico do conceito
desde o século XVI até os dias atuais,
submetendo a uma rigorosa crítica os
vários modelos existentes de desen-
volvimento sustentável.
Anotações
Cidadania Moral e Ética I 8 ano
o 63
Fundamentação
Somos cidadãos do mundo
A importância de uma educação 5. Em algumas comunidades, é comum a organização, por parte dos próprios moradores, de
para a solidariedade ações solidárias, como a arrecadação de alimentos, utensílios, roupas, brinquedos e calça-
dos para serem distribuídos entre pessoas em situação de vulnerabilidade social. Próximo à
De acordo com o conceito apresen- sua casa, existe esse tipo de atividade? Em caso afirmativo, conte como funciona.
ações coletivas, que é baseada na ajuda do o autor, “a natureza não criou um úni- nossos sonhos com os outros. Devido a
mútua. Essa versão traz uma discussão co ser para si mesmo [...] ela os criou uns isso, a solidariedade precisa ser eman-
focada na igualdade de direitos entre para os outros e colocou entre eles uma cipatória, capaz de proporcionar mu-
as pessoas, pressupondo a liberdade de solidariedade”. (LAVILLE, apud LEROUX danças, transformações, pois não basta
acesso ao espaço público para todos os 2009, p.310) “sofrer com” e não estar presente nas
cidadãos. Para Gadotti (2009), a solidariedade mesmas lutas, na busca por melhorias,
Quanto ao conceito de solidarieda- nada tem a ver com a caridade. Não se é preciso “estar com”, compartilhar das
de democrática, a solidariedade é um trata apenas de doar algo para alguém e mesmas buscas dos mesmos objetivos.
termo que Leroux introduz na filosofia por meio desse ato aliviar a consciência.
Disponível em: http://bdm.unb.br/
com o objetivo de demarcar o vínculo A solidariedade implica não apenas sen- bitstream/10483/4993/1/2012_IaraBatistaFolha.pdf.
social democrático da caridade. Segun- tir o outro, mas compartilhar nossa vida, Acesso em 04/09/2016.
Objetivos
Cuidados no trânsito
4
Pedagógicos Cuidados no
Capítulo
• Refletir sobre como o
comportamento no trânsito está
trânsito
relacionado à ética e à cidadania.
• Atentar para os cuidados que
os pedestres devem ter ao se Vamos dialogar!
locomover nas ruas.
Você já deve ter visto, em comerciais de TV, jornais,
• Salientar a importância de se Conhecimentos prévios revistas ou na Internet, campanhas publicitárias como
conhecerem as leis de trânsito, • Seus pais ou outra
as mostradas abaixo. Elas têm o objetivo de conscien-
tizar os motoristas dos perigos relacionados ao trânsito,
bem como atitudes preventivas pessoa da sua família têm
como dirigir em alta velocidade, não respeitar os outros
e corretivas nos veículos e no ato cuidado no trânsito?
motoristas, ciclistas ou pedestres e dirigir embriagado.
de dirigir. • Você conhece alguém
que sofreu algum
Observe as imagens e, a seguir, converse com seu pro-
fessor sobre a relação entre elas e o tema da unidade.
• Discutir os perigos envolvidos na acidente relacionado ao
trânsito?
relação entre álcool e direção. • O pedestre também
• Listar as vantagens do uso da tem os mesmos direitos
e deveres que os
bicicleta como transporte. motoristas no trânsito?
• No seu dia a dia, você já
Fundamentação
O homem sem o ambiente é quimé- constante exploração ambiental. A sociedade humana tornou-se evo-
rico. Nossa existência é impensável sem Mais do que um ser social, o ser humano lutivamente mais complexa em termos
ambiente, pois somos vivos graças a é um ser ambiental, ligado tão intimamen- da relação entre os diversos ambientes,
ele. Começamos no ambiente dentro te com seu meio que cinco minutos fora particularmente em defesa das necessi-
da nossa mãe. Entramos mais ou me- dele, cinco minutos sem ar, ele morre. O dades humanas, seja em busca de uma
nos traumaticamente num outro, com ambiente é tudo para nós. Funcionamos paz ecológica, seja de manutenção de
luz, formas, cores e movimento, com em um ambiente onde recebemos os estí- instintos egoístas que prejudicam a
ar para respirar, com leite para nossa mulos para nossos órgãos de sentidos, as convivência no ambiente.
nutrição. A partir de então, viver é uma imagens visuais, sonoras e táteis. [...] Muitas vezes, no trânsito, surgem
Fundamentação
Cuidados no trânsito
CRM/Shutterstock.com
Quando entramos na escola, muitos Disponível em: http://www.smartkids.com.br/especiais/transito-cuidados-no-
dizem que temos alma. Mas não é tão transito.html. Adaptado. Acessado em 08/04/2014.
malhas de algo chamado pedagogia. nos dispõe e pela legislação inerente aos gorda para a alma. Ela foi sendo inflada
Suas regras não são diferentes das que estatutos dos estabelecimentos. Tudo isso por meio de ditos, não ditos e desdi-
nosso corpo criou. São dizeres de “sim” é pedagogia. Ganha nomes particulares tos. Mas, também, é evidente, pelas
e de “não” que nosso corpo inventa e como currículo, laboratório, recreio, ta- punições, pelos castigos e elogios, que,
foram aproveitados para compor teo- refa, prova, etc. enfim, deram-nos responsabilidade. A
rias sobre nós mesmos. Quando estamos para sair da escola, alma é moldada por isso tudo, mas seu
Uma vez tecidas sob o nome de pe- percebemo-nos mais pesados. Nosso recheio é a culpa. O processo escolar
dagogia, essas normas se apresentam corpo se desenvolveu? Sim! Mas o peso é pelo qual passamos recebe o nome,
mais pomposas e se distribuem pelos bem maior que aquele dado pelo corpo. na terminologia de Foucault estam-
sons emitidos pelos professores, pela Saímos mais pesados porque ali dentro pada em Vigiar e punir e no primeiro
maneira como a arquitetura da escola da escola ganhamos um regime de en- volume da História da sexualidade, de
3. Como é o seu trajeto de casa para a escola? Você vai sozinho ou acompanhado? Usa algum
transporte? Quais medidas, dentre as citadas no texto, você tem que aplicar nesse trajeto?
Resposta pessoal
4. Que outra(s) dica(s) de cuidado com o trânsito você gostaria de acrescentar à lista anterior?
CRM/Shutterstock.com
Resposta pessoal
anátomo-política do corpo. Em meio do assunto é a disciplina. Passa-se pela preenche o dia da alma na escola, pelo
ao desdobramento desse processo e grade curricular. Grade! E então se é dis- qual ela amordaça o corpo na carteira
quando da nossa entrada na vida adul- ciplinado por meio de matemática, portu- escolar e dispõe o indivíduo ao elogio
ta, integramos mais prontamente outro guês, geografia, história e tudo o mais. A ou ao dissentimento. [...] A sociedade
processo, o da biopolítica da popula- disciplina não é o aparato de punição físi- disciplinar foucaultiana é a sociedade
ção. Ambos compõem as práticas de ca ou simbólica. Isso é apêndice discipli- moderna enquanto lugar da crescente
poder que produzem a modernidade. nar. A disciplina da sociedade moderna, a suavidade da dominação.
Nasce aí, com a noção foucaultiana de sociedade disciplinar de Foucault, é a que
GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. Foucault vai à escola. In:
modernidade, o que ele mesmo deno- se faz por meio do que realmente é cha-
Revista Filosofia. Outubro de 2010. São Paulo: Escala.
mina de sociedade disciplinar. mado de disciplina na escola: as ciências, Adaptado.
A matéria é o assunto, mas a prática as filosofias, as artes e tudo o mais que
Este livro é um alerta não só a fa- Para que todos possam transitar com tranquilidade e segurança nas vias urbanas,
vor da segurança no trânsito, mas atualmente o Brasil conta com uma Lei Federal que regulamenta o trânsito de veículos e
também uma proposta de reforma pedestres: o Código Nacional de Trânsito. Nele, podemos encontrar normas de circulação
da vida, da educação, da política, da e conduta para que todos possam ir e vir com segurança e sem conflitos. [...]
ética, da psique coletiva. A obra nos Através da educação no trânsito dentro das escolas, poderemos formar cidadãos mais
conscientes e preparados para enfrentar a vida e o trânsito. A iniciativa tem por objetivo
apresenta, assim, uma proposta eco-
contribuir na construção de valores, como o respeito ao próximo para a proteção da vida,
política, constituída por sete reco- que é o nosso bem maior. A educação no trânsito nas escolas auxilia ainda na compreen-
mendações, que assumem o tom de são da criança em relação aos elementos e às situações vivenciadas no trânsito. [...]
um manifesto endereçado aos donos Muitos motoristas e pedestres não seguem as leis, o que pode provocar a ocorrência
do poder político e a todos os cida- de vários acidentes de trânsito. Para as pessoas se conscientizarem desse perigo, o Brasil
dãos do mundo, a fim de estimular sempre elabora campanhas para a educação no trânsito, que chamam a atenção para a
uma melhor análise da insegurança necessidade de respeitar a faixa de pedestres, usar cinto de segurança, não dirigir alcoo-
lizado, utilizar cadeirinha para crianças no carro, etc. A educação no trânsito não se limita
no trânsito e promover a mudança a
apenas a ensinar regras de circulação, mas também deve contribuir para formar cidadãos
partir de propostas mais eficazes de responsáveis, autônomos, comprometidos com a preservação da vida.
políticas públicas. No cotidiano, o cidadão assume diversos papéis em diferentes momentos: pedestre,
passageiro, condutor. Devemos agir cooperativamente em cada uma dessas situações.
Sugestão de Uma atenção a mais ou gentileza podem desarmar a irritação do outro. [...]
Abordagem Muitas vidas seriam poupadas se o causador de um acidente tivesse colocado em
prática o que todos sabem: não beber antes de dirigir, revisar o veículo periodicamente,
não ultrapassar em lugares proibidos e respeitar os limites de velocidade. Essas são
Projeto interdisciplinar Bi-Bi Fom- ações geradoras de mais segurança e melhor qualidade de vida.
-Fom: Aprender a conviver com o
trânsito Disponível em: https://icetran.org.br/blog/educacao-no-transito-preserva-vidas-e-transforma/. Acesso em
06/09/2016.
Questão-Problema: Relacionamento dania e o comportamento adequado no das entre os órgãos e entidades do Siste-
da comunidade escolar com o trânsito. trânsito. O processo deve ser contínuo e ma Nacional de Trânsito e de Educação,
No cotidiano dos alunos e de toda a emerge como uma questão educacional a da União, dos Estados, do Distrito Federal
comunidade escolar, quer seja urbana ou fim de formar adultos conscientes de seus e dos Municípios, nas respectivas áreas de
rural, existe a questão do relacionamento direitos e deveres em relação ao trânsito. atuação.
da população com o trânsito, que nem O texto do Art. 76 do Código de Trânsito Justificativa: Determinação da lei e os
sempre é equilibrado. Brasileiro (CTB) dispõe: objetivos educacionais
Várias campanhas acontecem para A educação para o trânsito será promo- Tendo como motivação a determinação
educar os condutores de veículos e pe- vida na educação infantil e nos ensinos da lei associada aos sentimentos de me-
destres, no entanto não são suficientes fundamental I e II e no ensino médio, por lhoria da qualidade de vida da comunida-
para concretizar a formação da cida- meio de planejamento e ações coordena- de escolar e, principalmente, a formação
Minerva Studio/Shutterstock.com
vivem direta e indiretamente com o
trânsito.
• Incentivar o educando a expressar seus
anseios e conhecimentos relativos ao
trânsito por meio de diversas áreas de
conhecimento.
Metodologia: A metodologia a ser
indicada na implementação do projeto
poderá sofrer alterações à medida que
este venha se desenvolver, ou seja, de
acordo com as necessidades de cada
segmento escolar poderá ser ajustado
diante da evolução das ações pedagógi-
cas. Entretanto, deve-se seguir uma linha
de trabalho e pensamento em relação às
ações didáticas e pedagógicas.
Todas as atividades propostas devem
ser concretizadas ao longo das aulas re-
Cidadania Moral e Ética I 8o ano 71 lativas às disciplinas regulares, cada uma
servirá de base para o desenvolvimento
das atividades, por exemplo: a Língua
CMeE_8A_2017_01a80.indb 71 28/12/16 20:04
de cidadãos conscientes, o projeto propõe, Construir o conhecimento dos princípios Portuguesa trabalhará com a produção
por meio de seus objetivos pedagógicos, essenciais de segurança no trânsito com escrita das atividades; a Educação Artís-
concretizar uma relação harmoniosa entre educandos, educadores e a comunidade, tica se encarregará de atender às neces-
alunos, professores, auxiliares e direção das conscientizando-os sobre a importância de sidades da produção gráfica; a Geografia,
escolas envolvidas para assegurar a qualida- manterem a sua integridade física e a de de desenvolver os temas urbanos e am-
de de vida urbana e de ambientes por onde seus semelhantes, quando estiverem utili- bientais; a disciplina Ciências dará consis-
venham a transitar pessoas e veículos. zando as vias públicas, torna-se imprescin- tência às questões de saúde, integridade
Educar e formar cidadãos conscientes dível nos dias de hoje. física e ambiental; a Matemática apoiará
à luz de valores e crenças justas significa É dentro desses propósitos que este pro- a confecção de tabelas, gráficos e tra-
construir uma sociedade digna e ciente do jeto será desenvolvido. tamento de dados; a História fornecerá
seu papel na história da humanidade. subsídios, por meio da sua metodologia,
monotoomono/Shutterstock.com
tre eles: visita de autoridade do trânsito,
podendo ser um guarda de rua, na qual
os educandos poderão fazer perguntas
relativas ao tema do projeto; exposição
dos trabalhos do segmento da Educa-
ção Infantil; palestras ou depoimentos
de profissionais ligados à condução de
veículos em vias públicas, confecção de
um mural com as principais placas de
trânsito trabalhadas e difusão dos folhe-
tos elaborados pelos educandos do 1º
ciclo do Ensino Fundamental; exposição
e apresentação do boletim de ocorrência
e do Código realizadas pelos educandos
do 2º ciclo do Ensino Fundamental.
Cronograma: Duas opções
Para que o projeto possa se desenvol- 72 Cidadania Moral e Ética I 8o ano
ver de forma satisfatória, serão necessá-
rias pelo menos duas semanas, sendo
que a culminância do projeto deve acon- CMeE_8A_2017_01a80.indb 72 28/12/16 20:04
tecer por ocasião da Semana Nacional específicos. fica e textual (papel, papel para impres-
do Trânsito (18 a 25 de setembro). Observação: Nessa opção, o tema trân- são, papel-cartão, cartolina, lápis de
Outra opção de cronograma seria o sito faria parte inerente dos conteúdos, cor, tinta guache, fotos do cotidiano do
desenvolvimento do projeto em que as portanto, estaria inserido no conteúdo de trânsito, cola, etc.), laboratório de Infor-
atividades seriam diluídas ao longo do cada área de conhecimento. Seja qual for mática com editores de texto e gráfico,
ano em consonância com as demais a opção escolhida pela escola, deve haver softwares, computadores, serviço de có-
áreas de conhecimento, aplicando a uma culminância por ocasião da Semana pias (xerox), biblioteca para a pesquisa,
transversalidade sugerida nos PCN, que Nacional do Trânsito. jornais e revistas para pesquisa. Caso a
contemplariam os temas relativos ao escola convide pessoas para palestras,
Recursos:
trânsito em toda oportunidade da cons- será necessário um espaço adequado.
Materiais: material para produção grá-
trução de conhecimento dos conteúdos Equipe: Educadores, auxiliares, coor-
denador do projeto e convidados para Deve-se lembrar, ainda, que o projeto placas: Parada Obrigatória e Dê Prefe-
palestras. demanda muitas atividades, e, se estas rência.
forem compartilhadas, o resultado será • Possuem o fundo branco com ou sem
Dinâmica das atividades pedagógi- tarja e borda vermelha.
mais eficaz e de melhor qualidade.
cas do projeto • A cor vermelha indica obrigação de
Para determinar a dinâmica do projeto, Produtos do Projeto parada, proibição e regulamentação
aconselha-se dividir as turmas em gru- • Exposição da produção gráfica, con- em geral; e a branca, regulamentação
pos ou duplas na execução das tarefas, templando o ambiente da rua, a figura e informação.
pois os grupos ou duplas obterão maior do homem dentro desse contexto e a • Os símbolos são inscritos em preto.
rendimento num processo de construção identificação dos sinais de travessia. A
Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/
de conhecimento em cooperação. exposição das representações gráficas biblioteca/cidadania/0025.html. Acesso em 12/11/2016.
Sugestão de
Abordagem
Cuidados no trânsito
Ao oferecer subsídios para que os 3. Destaque as atitudes imprudentes de condutores e pedestres nas imagens que seguem.
professores desenvolvam as atividades
sobre trânsito, insiste-se na importân-
cia da observação e da experiência de
vida dos alunos, acreditando que as
suas produções, também na simula-
ção do dia a dia do trânsito, sejam um
dos recursos mais significativos nessa
aprendizagem. Alguns exemplos de ati-
vidades que enriquecerão o desenvolvi-
mento do tema:
• Pesquisa da história da cidade: imi-
gração, formação populacional, cul-
tura, atividades comerciais, industriais
forestpath, Nebojsa Bobic, connel/Shutterstock.com
e financeiras.
• Estudo da planta da cidade: malha
urbana, vias rápidas, canaletas, ro-
tatórias, viadutos, vias paralelas, vias
preferenciais, vias de tráfego lento e
tráfego rápido, via arterial, via cole-
tora, via local, pontos referenciais e
endereços.
• Produção de faixas, textos em grupo
para serem apresentados em murais
da escola e nas reuniões de pais.
• Palestras com autoridades de trânsi-
to, para os alunos e para os seus pais. 1. Desatenção causada pelo uso do celular ao volante.
• Impressão de mensagens sobre segu-
rança de trânsito nos cadernos e nas
circulares que o colégio entrega aos 2. Ingestão de bebida alcoólica ao dirigir.
pais.
• Confecção de placas de sinalização
para serem utilizadas dentro da esco- 3. Travessia da rua fora da faixa de pedestres.
la pelos alunos, enquanto pedestres.
• Reprodução de sinais de trânsito,
com mensagens para a decoração
das salas de aula e dos corredores da
escola. 74 Cidadania Moral e Ética I 8o ano
• Análise do trajeto de casa até a escola
e vice-versa para avaliação dos prin-
cipais pontos de risco. CMeE_8A_2017_01a80.indb 74 28/12/16 20:04
• Brincadeiras no pátio da escola, com dor ambulante, pedestre, animais, etc., incorretas no trânsito, bem como a
simulação de uma cidade mirim, com fazendo com que o aluno represente sinalização, as calçadas, a poluição vi-
ruas, sinalização, guardas de trânsito. diversos papéis, desenvolva empatia e sual. No retorno à escola, elaboração
• Dramatização de diferentes situações verifique que cada um deseja fluidez, de relatório e maquete que retrate a
de acidentes com carros, bicicletas, acessibilidade e segurança. condição ideal.
motocicletas, condutores de carroça, • Passeio, juntamente com um policial
Disponível em: http://www.educacaotransito.pr.gov.
do carro de mão utilizado por cole- de trânsito, em torno do quarteirão da br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=90.
tor de material reciclável ou vende- escola para levantar todas as atitudes Adaptado. Acessado em: 02/06/2014.
Anotações
Resposta pessoal
Fundamentação
Cuidados no trânsito
Dmitry Kalinovsky/Shutterstock.com
alguns amigos para andar de bicicle- estimula é errado. A sensação estimulante provocada
ta na Market Street, a principal rua de pelo álcool é apenas a redução da inibição. Na verdade,
com o passar de algumas poucas horas, o álcool induz
São Francisco, nos Estados Unidos. Eles
ao sono.
ocuparam a via e se tornaram o próprio Como o álcool é uma droga depressora, ele reduz a
trânsito no lugar dos carros que a ocu- capacidade mental e física da pessoa que o ingere, dimi-
pavam. nuindo a habilidade de realizar tarefas complexas, como
Com aquele ato, eles começaram o é o caso da condução de veículos.
movimento conhecido como massa Grande parte dos acidentes nas vias brasileiras ocor-
re em decorrência da embriaguez ao volante. É certo
crítica, que se espalhou para o mundo
que todo e qualquer condutor que ingeriu algum tipo de
inteiro. No Brasil, ele é conhecido prin- bebida alcoólica compromete gravemente seu estado
cipalmente como bicicletada, quando para conduzir um veículo, pondo em risco sua vida, sua
diversas pessoas tomam uma via im- segurança e a das demais pessoas, incluindo os usuá-
portante da cidade sem lideranças e rios da via. Não existem bebidas alcoólicas que não pre-
trajetos impostos, assim como Carlsson judiquem a capacidade de dirigir.
fez há 20 anos. No livro Nowtopia: ini-
ciativas que estão construindo o futuro
hoje, ele defende que o ciclismo, hortas ? Questão de ética
comunitárias e a cultura do “faça você
mesmo” contribuem para formar uma 1. Como você acha que se sentem os parentes de vítimas fatais de acidentes de trânsito?
sociedade que supere o capitalismo.
Resposta pessoal
Com uma abordagem marxista, Carlsson
acredita que essas atitudes podem aju-
dar a classe trabalhadora a se emanci-
par do trabalho assalariado e ter uma
vida melhor e mais saudável. Leia a en-
trevista abaixo.
Carlsson: Só a bicicleta não é sufi- para fazer algo diferente na cidade. acontece automaticamente. Isso neces-
ciente. A bicicleta, por si só, não é inte- A bicicleta é um meio de transporte em sita de um contexto e um pensamen-
ressante. Ela é um meio de transporte seu senso literal. Ela ajuda as pessoas a to político. A bicicleta é um objeto em
e um produto industrial. A história dela chegarem do ponto A ao ponto B, e isso que você pode despejar sentido, como
também é a história da escravidão na é uma simples realidade apolítica. Mas a você coloca um líquido em um copo. E
Amazônia e no Congo, em busca de pessoa pode decidir se vai de trem, carro, o sentido vem das nossas cabeças, das
borracha para fazer bicicletas para o ônibus, andando, pulando ou voando ao nossas decisões. Se não colocarmos o
hemisfério norte. Já a história contem- ponto B. E existe política nessa decisão. sentido político nela, ela é só um objeto
porânea da bicicleta, no século XX, é Então, o real transporte que a bicicle- chato, perfeitamente compatível com o
a da resposta à automobilização das ta pode fazer politicamente é levar você capitalismo.
cidades, e isso pode ser uma resposta para outra maneira de viver. E isso não Além disso, você pode ter uma socie-
dade capitalista baseada em bicicletas. vida trabalhando e não têm tempo para decidir trocar o que fazem. Elas ainda
O problema é que a sociedade capita- fazer mais nada. Isso pode significar sair têm livre-arbítrio. Sempre há uma mar-
lista é baseada no crescimento, e não da periferia de São Paulo e deslocar-se 60 gem para reduzir a necessidade de di-
vai crescer tão rapidamente porque quilômetros por dia. Trabalhar 14 horas, nheiro e aumentar a relação com o bem
não estão desperdiçando tantas coisas ficar quatro no trânsito, dormir seis horas comum. Todo mundo, em qualquer si-
quanto com carros. Então, as bicicletas e começar tudo isso de novo. É uma vida tuação, pode fazê-lo se decidir isso.
são um passo atrás na lógica capitalista, muito difícil, próxima à escravidão. Nós,
Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/
mas não um passo completo. que não vivemos assim, temos muita di-
sociedade/escolher-a-bicicleta-como-transporte-e-
Algumas pessoas estão tão deses- ficuldade de entender. uma-decisao-politica-8265.html. Adaptado. Acessado
peradas para manter sua sobrevivên- Porém, essas pessoas podem decidir fa- em: 30/05/2014.
cia que passam cada minuto da sua zer uma parte dessa jornada de bicicleta,
Roman_Samborskyi/Shutterstock
78
Abranda o
aquecimento
É mais fácil
global.
e rápido que
caminhar.
É tão silencioso
Evita os
como um rato.
engarrafamentos.
Fonte: http://sossolteiros.virgula.uol.com.br/10-razoes-para-andar-de-bicicleta-na-cidade/.
Acessado em 30/04/2014. Adaptado.
Para refletir
Transportes alternativos do Brasil
1. Qual é a importância dos transportes alternativos citados para a população que faz
uso deles?
2. Na região em que você mora, existe algum tipo de transporte alternativo? Qual?
Você faz uso dele?
3. Que modelos de transporte você acha que poderiam ser implantados na sua
cidade para melhorar a locomoção e preservar o meio ambiente?