1 - Índice e Introdução - Contraponto-I

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CONTRAPONTO MODAL OU PALESTRINIANO

Contraponto I

Apostila elaborada pelo


Prof. Eduardo de Carvalho Ribeiro
2016
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Índice Página

Prefácio ---------------------------------------------------------------------------------------------4
Introdução - Contraponto Modal ou Palestriniano ----------------------------------------6

1ª Parte -----------------------------------------------------------------------------------------------8

I Classificação dos Intervalos --------------------------------------------------------------------8

II Modos Litúrgicos ou Eclesiásticos - Modos Autênticos ---------------------------------9

III Alterações – Musica Ficta --------------------------------------------------------------------9


Recomendações para o aluno - 1 ------------ ----------------------------------------------------10

IV Cantus Firmus ---------------------------------------------------------------------------------10

V Indicações para composição do Cantus Firmus ------------------------------------------11

VI Extensão das vozes ----------------------------------------------------------------------------11


Recomendações para o aluno -2 ------------------------------------------------------------------11

Exemplo 1 -------------------------------------------------------------------------------------------12

Exercício 1 ------------------------------------------------------------------------------------------12

VII Movimentação entre as vozes -------------------------------------------------------------13


Recomendações para o aluno - 3 ---------------------------------------------------------------- 14

2ª Parte - Espécies -------------------------------------------------------------------------------- 15


Recomendações para o aluno - 4 -----------------------------------------------------------------15

1 Primeira espécie – semibreves ---------------------------------------------------------------16


1.1 Recomendações para o aluno - 5 ------------------------------------------------------------16
Exemplo 2 -------------------------------------------------------------------------------------------17
Exercício 2 ------------------------------------------------------------------------------------------17

2 Segunda espécie - mínimas -------------------------------------------------------------------18


2.1 Recomendações para o aluno - 6 ------------------------------------------------------------19
Exemplo 3 -------------------------------------------------------------------------------------------19
Exercício 3 ------------------------------------------------------------------------------------------19

3 Terceira espécie – semínimas ----------------------------------------------------------------20

3.1 Aspecto Melódico -----------------------------------------------------------------------------20


3.2 Contraponto -----------------------------------------------------------------------------------22
3.3 Recomendações para o aluno – 7 ----------------------------------------------------------- 23
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Exemplo 4 -------------------------------------------------------------------------------------------24
Exercício 4 ------------------------------------------------------------------------------------------24

4 Quarta espécie – síncope e retardo ---------------------------------------------------------25


4.1 Indicações --------------------------------------------------------------------------------------25
4.2 Recomendações para o aluno - 8 ------------------------------------------------------------28
Exemplo 5 -------------------------------------------------------------------------------------------29
Exercício 5 ------------------------------------------------------------------------------------------29

5 Quinta espécie – livre ou florido ------------------------------------------------------------30


5.1 Aspecto Melódico ----------------------------------------------------------------------------30
a) Variedade --------------------------------------------------------------------------------------30
b) Organicidade --------------------------------------------------------------------------------- 31
5.1.2 Tratamento das Semínimas --------------------------------------------------------------33
5.1.3 Tratamento das Colcheias ----------------------------------------------------------------36
5.1.4 Tratamento das Síncopas ----------------------------------------------------------------37
5.2 Contraponto ----------------------------------------------------------------------------------39
5.2.1 Cambiata -------------------------------------------------------------------------------------40
5.2.2 Cadências -------------------------------------------------------------------------------------41
5.2.3 Antecipações ---------------------------------------------------------------------------------41
5.3 Recomendações ao aluno - 9 --------------------------------------------------------------- 42
Exemplo 6 -------------------------------------------------------------------------------------------42
Exercício 6 ------------------------------------------------------------------------------------------43

6 Contraponto Livre – sem cantus firmus ---------------------------------------------------44


6.1 Complementaridade Rítmica --------------------------------------------------------------44
6.2 Indicações --------------------------------------------------------------------------------------44
6.3 Recomendações para o aluno - 10 ----------------------------------------------------------48
Exemplo 7 -------------------------------------------------------------------------------------------49
Exemplo 8 -------------------------------------------------------------------------------------------50
Exercício 7 -------------------------------------------------------------------------------------------51

7 Imitação a duas vozes----------------------------------------------------------------------------52


7.1 Técnica da imitação-----------------------------------------------------------------------------52
7.2 Indicações-----------------------------------------------------------------------------------------52
Exercício 8---------------------------------------------------------------------------------------------55

8 Colocação de Texto-------------------------------------------------------------------------------56
Exercício 9---------------------------------------------------------------------------------------------57

9. Trabalho final de contraponto a duas vozes-------------------------------------------------58


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PREFÁCIO

O conteúdo desta apostila é, em sua maior parte, baseado no livro “Counterpoint – The
Polyphonic Vocal Style of the Sixteenth Century” de Knud Jeppessen. Esta obra é o mais
completo manual já publicado sobre o assunto. Escrito com abundância de explicações e
exemplos, é no entanto uma obra de difícil acesso ao estudante médio. Algumas passagens
deste livro foram traduzidas do inglês e sintetizadas, buscando-se uma forma de transmitir
as regras e características deste estilo em uma linguagem acessível ao estudante.
Jeppessen explora minuciosamente as origens e o desenvolvimento do Contraponto
Palestriniano e propõe exercícios a cada capítulo, segundo o método original de Fux. Esta
apostila segue este modelo tradicional, adaptando-se ao programa de cada semestre. Foram
ainda consultados os livros “Contraponto Modal dos Secs. XVI e XVII” de Koellrreuter,
“Contraponto” de Lívio Tragtenberg, ambos em língua portuguesa e “Counterpoint” de
Soderlung, em língua inglesa, especialmente útil pela abundância de exemplos de obras
completas em seu anexo.

Este trabalho se propõe a guiar e orientar o aluno prevenindo-o a respeito das dificuldades
mais comuns a este estudo. Os tópicos são tratados dentro do estritamente necessário ao
desenvolvimento do curso, deixando detalhes secundários para a pesquisa individual (ex:
modos autênticos e plagais). A cada tópico, um parágrafo intitulado “Recomendações
para o aluno” o adverte contra os principais problemas que por vezes surgem na confecção
dos exercícios. No corpo do texto, palavras-chave são destacadas de forma a agilizar a
aquisição da linguagem técnica por parte do aluno.

Com o uso aplicado desta apostila, elaborada de forma simples e direta, o aluno dotado de
conhecimento básico (intervalos e inversões, claves de sol e fá, solfejo melódico e
fraseado) é capaz de adquirir em um ou dois semestres o conhecimento suficiente para
compreender o Contraponto Modal em suas linhas básicas (até duas vozes), sendo capaz de
compor pequenas obras polifônicas.

O curso de Contraponto Modal deverá ser complementado por uma introdução ao


Contraponto Tonal Bachiano. O estudo mais aprofundado do contraponto tonal será
desenvolvido nas disciplinas obrigatórias dos cursos de composição e regência.

A apostila de Contraponto I, em sua Primeira Parte expõe os princípios básicos deste estilo,
incluindo uma breve revisão sobre modalismo e escalas modais.

Na Segunda Parte, os capítulos seguem o método tradicional de exercícios organizados em


“espécies”, percorrendo da 1ª à 5ª espécies, contraponto livre, imitação e colocação de
texto como conclusão.

O contraponto a três vozes apenas é citado no curso, não cabendo atualmente, seu
desenvolvimento dentro do programa. Este estudo pode ser realizado individualmente de
acordo com a bibliografia apresentada, especialmente através do livro de Jeppesen. O
estudo completo da técnica de Palestrina pode ser objeto de um curso de especialização,
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mestrado ou doutorado. No programa atual, os alunos de composição e regência seguem


com a disciplina Contraponto III na qual é estudado o Contraponto Bachiano. No entanto,
uma breve introdução a este estilo é feita na disciplina Contraponto II.

Aos alunos dos cursos de regência e principalmente de composição é recomendado o


estudo completo da obra “Counterpoint ” de Knud Jeppessen, na qual, como foi dito, o
assunto é exaustivamente explorado.

A leitura, análise e audição do maior número possível de obras de Palestrina e seus


contemporâneos é de fundamental importância para que o aluno desenvolva o
reconhecimento auditivo deste estilo. Uma das dificuldades mais comuns observadas nos
alunos é o condicionamento tonal do ouvido, que age como um mecanismo de rigidez
auditiva. O estilo modal tem suas próprias leis que devem ser internalizadas pela audição e
solfejo de melodias modais. No entanto, apenas a prática constante e a correção dos
exercícios propostos proporcionará ao aluno o domínio desta técnica de composição.

Esta apostila foi testada durante o ano de 1999 e 2000 nas classes de Contraponto I e II na
Escola de Música da UFMG. Sua eficácia foi comprovada permitindo um bom nível de
absorção de conhecimento em classes com dezenas de alunos. Demonstrou ser um material
de fácil compreensão e serviu como referência à disciplina conforme os objetivos da
pesquisa. Uma significativa porcentagem dos alunos de Contraponto I e II no ano de 1999 e
2000 produziu exercícios de excelente qualidade utilizando-se desta orientação. As aulas
fluíram de forma dinâmica e o conteúdo da apostila foi enriquecido com a prática e as
questões levantadas pelos alunos. Esta revisão inclui no texto os capítulos sobre imitação e
colocação de texto, assim como algumas correções e modificações ao longo do texto.

Meu desejo é que este trabalho continue servindo como texto de apoio às classes de
Contraponto Palestriniano nos Cursos de Graduação da Escola de Música da UFMG.

Prof. Eduardo de Carvalho Ribeiro


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Introdução

CONTRAPONTO MODAL OU PALESTRINIANO

O estudo do contraponto modal é baseado nas obras de Giovanni Pierluigi da Palestrina


(1525-1594). Suas obras atingiram um alto grau de perfeição e se tornaram a principal
referência estilística no estudo das obras contrapontísticas da renascença. No período
barroco, o compositor e teórico alemão, Johann J. Fux, através da análise cuidadosa da obra
de Palestrina, codificou seus procedimentos composicionais e desenvolveu um sistema
simples e direto para o aprendizado de sua técnica contrapontística. Fux, no entanto,
mesclou os princípios descobertos no estilo renascentista com aspectos da técnica do
tonalismo, de forma que utilizamos sua estrutura mas em diversos aspectos divergimos de
seu conteúdo.

O estilo de Palestrina pode ser considerado a súmula do desenvolvimento da música


ocidental vocal, desde as origens do Canto Gregoriano, passando pelo contraponto gótico
até a alta renascença. Seus procedimentos melódicos e tratamento dos intervalos sintetizam
as experiências de vários séculos da música ocidental.
Por outro lado, em sua música já se encontram indícios e procedimentos da nova linguagem
tonal: as construções de blocos simultâneos, mais tarde chamados de acordes, o uso das
alterações da Musica Ficta, a preocupação com a clareza das palavras e um refinado senso
de equilíbrio formal.
Na música de Palestrina encontramos a solução buscada pelos compositores de vários
séculos quanto ao tratamento da dissonância, possibilitando maior dinamismo e fluência
das linhas melódicas.
Contrariamente ao que poderíamos pensar, uma análise detalhada revela que a música de
Palestrina tem um grande percentual de fragmentos dissonantes. Estes surgem integrados
em suas linhas melódicas através de preparações, resoluções, passagens, bordaduras e
cambiatas. A harmonia resultante destes procedimentos é uma das principais causas do
grande equilíbrio e fluidez atribuídos à música de Palestrina sendo um dos mais
importantes atributos de seu estilo.

A importância no estudo do Contraponto Modal

O estudo do Contraponto Modal ou Palestriniano é essencial para uma adequada


compreensão da natureza da construção melódica assim como do Contraponto Tonal
Bachiano. Este estudo enfatiza dois aspectos essenciais para o conhecimento do
contraponto: a individualidade das linhas melódicas e a natureza intrínseca dos intervalos
considerados em sua verticalidade. As linhas melódicas de caráter modal, ainda libertas das
atrações tonais, expressam livremente a essência da combinação entre vozes. A
horizontalidade das texturas é uma das principais características deste estilo e o seu manejo
é de grande valia nos estilos subsequentes. Em relação ao uso da palavra, entramos em
contato com os princípios construtivos que regem o fraseado palestriniano – a plasticidade,
fluidez e indeterminação das frases musicais (que são determinadas pela sua obediência à
palavra). As obras de Palestrina, compostas dentro de um espírito de rigor e fluência
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perfeitamente coordenadas se tornaram o padrão através do qual é analisado todo o


repertório vocal do período final da renascença aos primórdios do barroco.
Um dos aspectos mais influentes deste estilo é aquele que trata das alterações cromáticas
que impulsionaram a transformação das escalas, demonstrando a ligação entre os sistemas
modal e tonal assim como as implicações que influenciaram o desenvolvimento da
composição musical levando ao definitivo estabelecimento do sistema tonal.

A textura coral a capella – a fonte sonora privilegiada por Palestrina – é o meio homogêneo
no qual experimentamos as linhas melódicas e as combinações intervalares sem o
acréscimo de considerações sobre instrumentação e orquestração. De maneira semelhante
ao estudo do contraponto, o estudo dos princípios da harmonia tonal utiliza a textura coral a
capella.

O reconhecimento do estilo de Palestrina proporciona indiretamente ao estudante a vivência


de princípios naturais de composição que podem ser observados em estilos de diversas
épocas. As soluções naturais demonstradas pela obra de Palestrina, tanto no aspecto
melódico e intervalar quanto na forma, também servem de exemplo e ponto de reflexão
para outros estilos de composição, através de uma adequada contextualização.

Todo e qualquer estilo no qual se apresentam soluções definitivas para os problemas


musicais de determinada época se tornam referência para os estudiosos. Assim observamos
igualmente nas obras de Machault, Monteverdi e Bach, assim como em Beethoven,
Schoenberg e Webern, entre outros, cujas soluções trouxeram novas luzes ao
desenvolvimento dos diversos estilos musicais.

Portanto, a obra de Giovanni Pierluigi da Palestrina pode ser considerada “clássica”, no


sentido de que representa uma notável conquista sobre os parâmetros básicos da música
renascentista, reunindo concisão formal, equilíbrio e beleza. Entretanto, diversos outros
compositores não menos importantes tem suas obras construídas em estilo semelhante ao de
Palestrina – Orlando de Lasso, Tomás Luís de Victoria, Thomas Tallis, Gesualdo di Venosa
e Cristobal de Morales, dentre outros. Portanto este estudo também se relaciona à obra
destes compositores, permitindo a compreensão de suas identidades e diferenças.

O estudo desta técnica de composição é também um instrumento para o treino do raciocínio


e da percepção musical, proporcionando o reconhecimento do conteúdo expressivo dos
intervalos libertos da influência tonal e estruturados em formas abertas.
Embora estudos desta natureza sejam direcionados aos alunos de composição, regência e
musicologia, os estudantes de canto e instrumentos podem se beneficiar profundamente
desta aventura musical enriquecendo sua compreensão sobre equilíbrio melódico, fraseado
musical e organização de estruturas. A obra de Palestrina é, sem sombra de dúvida uma luz
fundamental no desenvolvimento da história da música ocidental.

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