Atividade 1: Pandemias

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Curso de Educação e Formação de Adultos (EFA) – Nível Secundário

Ano Letivo 2021 / 2022


Núcleo Gerador 7 – Fundamentos de Cultura, Língua e Comunicação
DR 2 – Contexto Profissional
Tema – Processos e métodos científicos – teoria e experiência

Atividade 1

Pandemias
O Corona vírus afetou o mundo de uma forma que era quase impossível de imaginar. O papel higiénico
tornou-se, rapidamente, uma das moedas mais valiosas do mundo, as viagens internacionais tornaram-se numa
coisa que apenas existia em álbuns fotográficos e os abraços em público tornaram-se manifestações de carinho
inaceitáveis. Esta realidade tem sido uma nova experiência para quase todos nós.

Pandemias globais como esta sempre foram


um rastilho para tensões geopolíticas. Muitas
pandemias, incluindo SARS (do inglês, Severe Acute
Respiratory Syndrome, ou SRAG, Síndrome
Respiratória Aguda Grave, em português), MERS (do
inglês, Middle East Respiratory Syndrome, Síndrome
Respiratório do Médio Oriente, em português) e Ébola atingiram a raça humana nos últimos anos, mas nada
iguala a escala global e mortes que vimos durante a pandemia do COVID-19, desde a chamada epidemia da gripe
asiática, que atacou durante a década de 50 do século passado, matando cerca de quatro milhões de pessoas em
todo o mundo.

Como tivemos oportunidade de testemunhar em


primeira mão, as pandemias são capazes de levar o mundo a
parar. Mas, conforme recuamos no tempo, podemos verificar
que os impactos pandémicos apenas crescem. Em 1919, uma
nova estirpe de
Influenza que ficou
conhecida por Gripe Espanhola, infetou cerca de 500 milhões de
pessoas em todo o mundo, o que era cerca de um terço da população
na época, o equivalente ao Coronavírus infetar 2,5 mil milhões de
pessoas hoje. Dos infetados com a Gripe Espanhola, julga-se que cerca
de 50 milhões terão morrido.
Indo um pouco mais para trás, até ao séc. XVI, os europeus
chegavam ao Novo Mundo levando porcos, vacas, galinhas, novas
tecnologias e … varíola. A população indígena nunca tinha sido
exposta a esta doença, o que significa que não havia imunidade
entre os nativos americanos. Estima-se que cerca de 90% da
população poderá ter sido dizimada pela doença.

No entanto, provavelmente a doença mais mortífera da


raça humana tenha sido a Peste Negra, que devastou a Europa, a
Ásia e o norte de África entre 1346 e 1353. Ninguém sabe ao certo quantas vidas a Peste Negra levou, mas alguns
estudos apontam que poderiam ter chegado a 200 milhões.
E, sendo a população apenas uma fração do que é hoje, e
sem o contexto presente do COVID, é difícil imaginar como
deve ter sido árduo para os nossos antepassados. Em Paris,
por exemplo, 50% da população morreu, em Londres, 60% e
em Florença, 80% dos residentes perderam a vida devido à
Peste Negra, em apenas quatro meses. No total, cerca de
60% da população europeia morreu durante a pandemia.
Isto dá-nos uma ideia de como deve ter sido assustador viver
durante esse período, numa altura em que cidades inteiras
eram engolidas pela doença.

Na pandemia atual, nós sabemos o que o Coronavírus é, como o apanhamos e como abrandar os
contágios. Mas, no século XIV, ninguém fazia nenhuma ideia do que é que estava a causar a morte a tanta gente.
Uma teoria popular era a de que a conjunção de planetas estava a causar uma enorme pestilência no ar, e isso era
o melhor que a ciência tinha para oferecer na
altura. Ainda que essa teoria nos possa parecer
descabida, nem as mentes mais brilhantes da
época tinham possibilidade de oferecer muito
mais: as bactérias apenas foram descobertas mais
de 300 anos depois e os vírus 200 anos mais tarde.
A ideia de que o mundo estava a ser atacado por
um inimigo microscópico que atacaria de dentro
para fora, pareceria loucura, à época. Hoje
sabemos que a Peste Negra foi uma pandemia
global de Peste Bubónica, uma doença mortífera
causada por uma bactéria chamada Yersinia
Pestis . Foi identificada em 1894 por Alexandre
Yersis, um ex-aluno de Louis Pasteur. A Peste Negra era transportada por ratos e passada aos humanos por
pulgas.

A Peste Negra ainda ataca hoje em dia, infetando cerca de 650 indivíduos por ano.

Transcrito e traduzido de https://www.youtube.com/watch?v=rIPUCkIMfVg (Adaptado)

Atividade 1A – Elabora um comentário crítico ao texto, de acordo com as informações em anexo.


Crónica Coronavírus

Cármen Garcia Covid-19: e quando isto tudo acabar?

Antes da chegada do vírus cujo nome, ao melhor estilo Voldemort, não me apetece pronunciar, nós
tínhamos planos.

Olho para a rua e vejo que continuam a brincar. O mais pequeno corre atrás de uma bola cor de laranja,
de bracinhos no ar, e o mais velho pedala à velocidade da luz num triciclo que, claramente, não foi fabricado para
suportar tamanho entusiasmo. Brincam sozinhos, como tem acontecido ao longo das últimas semanas,
protegidos do mundo e dos outros pelos muros brancos do quintal. E eu, mesmo sem querer, pergunto-me como
será quando tudo isto acabar.

Antes da chegada do vírus cujo nome, ao melhor estilo Voldemort, não me apetece pronunciar, nós
tínhamos planos. Não eram planos excêntricos, reparem, mas queríamos levar o mais pequeno ao Jardim
Zoológico pela primeira vez por estes dias, eu deveria estar na Feira do Livro de Lisboa e tínhamos combinado
que, no final do ano, viajaríamos em família para um mercado de Natal numa cidade com neve. Mas a verdade é
que, depois disto tudo, não sei quais destes planos farão sentido ou, pior ainda, não sei quais destes planos o
medo me vai deixar cumprir.

Sei que o otimismo é importante para a nossa sanidade mental e que, eventualmente, as coisas acabarão
por se normalizar. Mas não sei quando, e isso assusta-me. Não sei quando é que vou voltar a estar absolutamente
tranquila com os meus filhos num parque infantil cheio de crianças, não sei quando é que vou voltar a utilizar
transportes públicos sem prender a respiração, não sei quando é que vou conseguir voltar a um aeroporto sem
sentir um aperto forte no peito. Temo que o meu medo seja mais duradouro do que a pandemia.

Ao contrário do que se tem apregoado, não sei se tudo o que estamos a viver agora nos vai mudar para
melhor. Acredito que possa servir para valorizarmos mais algumas coisas, para nos reorganizarmos enquanto
sociedade… Mas também acredito que esta ansiedade acabará por deixar marcas, pelo menos a curto prazo, até
mesmo nas coisas mais insignificantes, como a bolacha que os nossos filhos deixam cair ao chão e voltam a comer
ou os beijinhos que damos de forma quase indiscriminada.

Há bocado, curiosamente, li uma publicação que perguntava qual é a primeira coisa que vamos fazer
quando este pesadelo acabar. Quase todas as respostas eram óbvias: abraçar os pais que são também avós,
passear à beira-mar, fazer uma jantarada com amigos... E eu quero muito fazer todas essas coisas. Mas antes de
qualquer uma delas preciso de respirar fundo, muito fundo, uma e outra vez. Preciso de abraçar estes dois que
agora disputam a posse de um carrinho de brincar e aceitar que a liberdade é uma bênção e que não vou poder
mantê-los afastados do mundo, presos pelos muros do quintal, para sempre.

Quando tudo isto acabar, terei de aceitar que protegê-los é deixá-los livres e que a vida continua. Com
mais ou menos medo. Com mais ou menos ansiedade. Quando finalmente pudermos abrir novamente as portas
de casa e da vida, com mais ou menos cicatrizes, teremos que seguir caminho. Mesmo que doa um bocadinho e
que estes dias sejam sempre uma sombra, uma espécie de marca indelével de medo e angústia.

Quando tudo isto acabar, os dois meninos que brincam no quintal terão que reaprender muitas coisas. E
eu também.
https://www.publico.pt/2020/04/07/impar/cronica/covid19-acabar-1910300
Atividade 1B – Escreve um texto que pudesse ser publicado num jornal em que evidencies a tua
experiência com a pandemia. Deves consultar o anexo sobre a crónica e seguir as indicações.

Gripe: Diga A

Nos filmes, quem procura devastar o planeta com vírus novos são cientistas loucos. Na realidade, são vacas
loucas. E porcos constipados. Felizmente, até agora, a bicharada tem evidenciado menos talento para
dizimar do que para vender jornais

Mais vasta e perniciosa do que a pandemia de gripe A, talvez só a pandemia de informações acerca da gripe A.
Julgo que Esopo escreveu a fábula Pedro e o Lobo apenas porque, na Antiguidade, não havia jornais. Se houvesse,
estou certo de que teria optado por escrever a fábula O jornalista e a pandemia.

Que me lembre, esta é a terceira pandemia que


o mundo enfrenta com sucesso no espaço de 10
anos. Primeiro, a doença das vacas loucas ia
dizimar dois terços da humanidade, e a
imprensa publicou artigos que ensinavam a
distinguir um bife infetado de um bife
escorreito, entrevistas a cientistas, criadores de
gado e homens do talho, e reportagens sobre
ministros que comiam miolos. Depois, a gripe
das aves ia matar mais do que a peste negra.
Vários pombos faleceram e algumas gaivotas
ficaram estropiadas para sempre, mas a
pandemia acabou por nunca se verificar. Neste
momento, vivemos a pandemia da gripe suína. Já
foi dito que a gripe A é menos perigosa e letal do
que a gripe vulgar, mas até agora isso não
impediu nenhum jornalista de ir para a porta do
hospital contar toda a gente que entra nas
urgências a espirrar. Se, de facto, estamos perante uma versão mais fraca mas igualmente contagiosa da gripe
normal, os jornalistas terão muito trabalho para acompanhar todos os casos, como parece ter sido a intenção até
aqui. Todos os estágios da gripe A terão de ser relatados, e portanto não bastará comunicar ao país que se
registaram 20 novos casos. Será necessário informar que os 73 casos registados no distrito de Setúbal já estão a
canja de galinha, ao passo que os 92 casos do distrito de Beja ainda se assoam com uma regularidade apreciável (12
vezes por hora).

É certo que será urgente descobrir um tratamento eficaz para todas estas doenças, mas não é menos urgente
encontrar melhores nomes para elas. Vacas loucas, gripe das aves e gripe dos porcos, por muito que sejam depois
rebatizadas mais dignamente com as aborrecidas (e, logo, mais honradas) designações BSE, H5N1 e H1N1, têm
problemas de credibilidade inultrapassáveis. É difícil temer doenças que atacam a bicharada com resfriados e
loucura. Qualquer dia aparece o pé de atleta dos texugos, ou o herpes labial da mosca, esses sim verdadeiramente
mortíferos e pandémicos - e ninguém acredita.

Acaba por ser inquietante registar que os animais andam, pelos vistos, a conspirar para gerar pandemias. Nos
filmes, quem procura devastar o planeta com vírus novos são cientistas loucos. Na realidade, são vacas loucas. E
porcos constipados. Felizmente, até agora, a bicharada tem evidenciado menos talento para dizimar do que para
vender jornais.

http://visao.sapo.pt/opiniao/ricardo-araujo-pereira/gripe-diga-a=f516583

Atividade 1C - Após a leitura dos textos e visionamento dos documentários, elabora


um texto argumentativo sobre as vantagens e desvantagens da investigação
científica, considerando as características desse género textual (ver anexo). No te
texto deves apresentar uma definição de ciência e a indicação de técnicas e modelos
científicos.
Anexo 1

Comentário crítico
Planificação
 Seleciona as informações a incluir em cada uma das partes da estrutura do teu texto:
– introdução – breve apresentação do objeto da apreciação.
– desenvolvimento – formulação de juízos de valor fundamentados sobre o objeto da apreciação, com recurso a
argumentos pertinentes.
– conclusão – consideração final sobre o objeto da apreciação.

Textualização
 Escreve uma primeira versão da tua apreciação crítica, a partir dos tópicos e da estrutura que
previamente definiste e considerando as marcas do género.
 Redige um texto estruturado, que reflita a planificação que fizeste e que evidencie um bom domínio dos
mecanismos de coesão, nomeadamente:
– a organização em três partes – introdução, desenvolvimento e conclusão –, individualizadas
e devidamente proporcionadas;
– a marcação correta de parágrafos;
– a utilização adequada de conectores (que estabeleçam o encadeamento lógico das ideias
e a sua interligação).
 Aplica-te na construção do discurso, tendo presentes as marcas linguísticas do género da apreciação
crítica, nomeadamente:
– vocabulário objetivo, diversificado e adequado ao tema (com eventual utilização de léxico
especializado da área artística do objeto em análise);
– enunciação na 3.ª pessoa;
– linguagem clara e sem ambiguidades, apesar do eventual recurso à insinuação;
– linguagem valorativa – elogiosa ou depreciativa: adjetivação rica, rigorosa e expressiva,
orações relativas.
 Atenta nos aspetos de ortografia, acentuação, sintaxe e pontuação.
 Procura assegurar a concisão e a objetividade do teu texto.

Revisão

 Relê o teu texto atentamente. Faz a sua revisão cuidada, verificando se:
– são identificáveis, no teu texto, a descrição sucinta do objeto da apreciação e as passagens críticas (positivas ou
negativas) acerca dele, como é próprio do género;
– recorreste a um registo de língua correto e apropriado;
– diversificaste o vocabulário utilizado;
– utilizaste mecanismos adequados de ligação entre as frases e as ideias;
– te aplicaste na correção linguística, tomando atenção aos aspetos de ortografia, acentuação,
sintaxe e pontuação.

 Deteta e corrige eventuais falhas linguísticas e aperfeiçoa o teu trabalho, redigindo, só depois, a sua
versão final.
Anexo 2

Características da crónica

 CRÓNICA

A crónica é um texto de carácter reflexivo e interpretativo, que parte de um assunto do quotidiano,


um acontecimento banal, sem significado relevante.

É um texto subjetivo, pois apresenta a perspetiva do seu autor, o tom do discurso varia entre o
ligeiro e o polémico, podendo ser irónico ou humorístico.

É um texto breve e surge sempre assinado numa página fixa do jornal.

CARACTERÍSTICAS DA CRÓNICA

O discurso

Texto curto e inteligível (de imediata perceção);


Apresenta marcas de subjetividade – discurso na 1ª e 3ª pessoa;
Pode comportar diversos modos de expressão, isoladamente ou em simultâneo:
- narração;
- descrição;
- contemplação / efusão lírica;
- comentários;
- reflexão.

Linguagem com duplos sentidos / jogos de palavras / conotações;


Utiliza a ironia;
Registo de língua corrente ou cuidado;
Discurso que vai do oralizante ao literário;
Predominância da função emotiva da linguagem sobre a informativa;
Vocabulário variado e expressivo de acordo com a intenção do autor;
Pontuação expressiva;
Emprego de recursos estilísticos.

A temática

Aborda aspetos da vida social e quotidiana;


Transmite os contrastes do mundo em que vivemos;
Apresenta episódios reais ou fictícios.

(A crónica pode ser política, desportiva, literária, humorística, económica, mundana, etc.)
Anexo 3
Texto argumentativo e argumentação

Argumentar é exprimir uma convicção ou um ponto de vista, baseados na verdade, de modo a


convencer o ouvinte/leitor. É, então, necessário que apresentemos um raciocínio coerente e
convincente.
A argumentação apela não só à nossa racionalidade (por exemplo, o discurso político, os sermões do
Padre António Vieira), como também à nossa emotividade (por exemplo, o texto publicitário).
0 texto argumentativo é, por isso, um texto que visa convencer, persuadir ou influenciar o
ouvinte/leitor através da apresentação de uma tese (ponto de vista), cuja veracidade deve ser
demonstrada e provada através de argumentos adequados.
Mas como se constrói um texto argumentativo?
1 - Estrutura do texto
Introdução: Parágrafo inicial no qual se apresenta a proposição [tese, opinião, declaração). Deve ser
apresentada de modo afirmativo, claro e bem definido, sem referir quaisquer razões ou provas.
Desenvolvimento: Análise/explicitação da proposição apresentada; apresentação dos argumentos que
provam a verdade da proposição: factos, exemplos, citações, testemunhos, dados estatísticos.
Conclusão: Parágrafo final, no qual se conclui com uma síntese da demonstração feita no
desenvolvimento.
2 - Escolha e ordenação dos argumentos
Deve-se: encontrar argumentos adequados; recorrer, sempre que possível e desejável, à
exemplificação, à citação, à analogia, às relações causa efeito; organizar os argumentos por ordem
crescente de importância.
3 - Adequação do texto ao objetivo e ao destinatário (informar, convencer, emocionar).
Deve-se: usar um registo adequado à situação e ao destinatário; utilizar referências de conteúdo que o
destinatário possui, de forma a que este o possa interpretar corretamente.
4 - Articulação e progressão do discurso:
Deve-se: estabelecer uma rede de relações lógicas entre as palavras, as frases, os períodos e os
parágrafos e construir um raciocínio que se vai desenvolvendo através:
• da correta estruturação e ordenação das frases;
• do uso correto dos conectores do discurso;
• do respeito das regras de concordância; do uso adequado dos pronomes que evitam as repetições do
nome;
• da utilização de um vocabulário variado, com recurso a sinónimos, antónimos, hiperónimos e
hipónimos.
5 - Exemplos de conectores lógicos que podem ser utilizados:
• Copulativos: e; nem; também; não só... mas também; tanto... como.
• Adversativos (oposição): mas; porém; todavia; contudo; apesar disso; ainda assim; não obstante; no
entanto.
• Conclusivos (efeito): logo; pois; portanto; por conseguinte; por consequência; por isso.
• Explicativos: pois.
• Causais: porque; como; visto que; pois que; já que.
• Comparativos: como; conforme; segundo; assim como... assim também; mais... do que; menos... do
que; ao passo que.
• Temporais: quando; enquanto; apenas; mal; logo que; antes que; depois que; assim que; à medida
que.
• Concessivos (hipótese): embora; ainda que; mesmo que; se bem que; apesar de que.
• Consecutivos (consequência): tal que; de tal modo que; tanto que; de maneira que.

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