Atividade 1: Pandemias
Atividade 1: Pandemias
Atividade 1: Pandemias
Atividade 1
Pandemias
O Corona vírus afetou o mundo de uma forma que era quase impossível de imaginar. O papel higiénico
tornou-se, rapidamente, uma das moedas mais valiosas do mundo, as viagens internacionais tornaram-se numa
coisa que apenas existia em álbuns fotográficos e os abraços em público tornaram-se manifestações de carinho
inaceitáveis. Esta realidade tem sido uma nova experiência para quase todos nós.
Na pandemia atual, nós sabemos o que o Coronavírus é, como o apanhamos e como abrandar os
contágios. Mas, no século XIV, ninguém fazia nenhuma ideia do que é que estava a causar a morte a tanta gente.
Uma teoria popular era a de que a conjunção de planetas estava a causar uma enorme pestilência no ar, e isso era
o melhor que a ciência tinha para oferecer na
altura. Ainda que essa teoria nos possa parecer
descabida, nem as mentes mais brilhantes da
época tinham possibilidade de oferecer muito
mais: as bactérias apenas foram descobertas mais
de 300 anos depois e os vírus 200 anos mais tarde.
A ideia de que o mundo estava a ser atacado por
um inimigo microscópico que atacaria de dentro
para fora, pareceria loucura, à época. Hoje
sabemos que a Peste Negra foi uma pandemia
global de Peste Bubónica, uma doença mortífera
causada por uma bactéria chamada Yersinia
Pestis . Foi identificada em 1894 por Alexandre
Yersis, um ex-aluno de Louis Pasteur. A Peste Negra era transportada por ratos e passada aos humanos por
pulgas.
A Peste Negra ainda ataca hoje em dia, infetando cerca de 650 indivíduos por ano.
Antes da chegada do vírus cujo nome, ao melhor estilo Voldemort, não me apetece pronunciar, nós
tínhamos planos.
Olho para a rua e vejo que continuam a brincar. O mais pequeno corre atrás de uma bola cor de laranja,
de bracinhos no ar, e o mais velho pedala à velocidade da luz num triciclo que, claramente, não foi fabricado para
suportar tamanho entusiasmo. Brincam sozinhos, como tem acontecido ao longo das últimas semanas,
protegidos do mundo e dos outros pelos muros brancos do quintal. E eu, mesmo sem querer, pergunto-me como
será quando tudo isto acabar.
Antes da chegada do vírus cujo nome, ao melhor estilo Voldemort, não me apetece pronunciar, nós
tínhamos planos. Não eram planos excêntricos, reparem, mas queríamos levar o mais pequeno ao Jardim
Zoológico pela primeira vez por estes dias, eu deveria estar na Feira do Livro de Lisboa e tínhamos combinado
que, no final do ano, viajaríamos em família para um mercado de Natal numa cidade com neve. Mas a verdade é
que, depois disto tudo, não sei quais destes planos farão sentido ou, pior ainda, não sei quais destes planos o
medo me vai deixar cumprir.
Sei que o otimismo é importante para a nossa sanidade mental e que, eventualmente, as coisas acabarão
por se normalizar. Mas não sei quando, e isso assusta-me. Não sei quando é que vou voltar a estar absolutamente
tranquila com os meus filhos num parque infantil cheio de crianças, não sei quando é que vou voltar a utilizar
transportes públicos sem prender a respiração, não sei quando é que vou conseguir voltar a um aeroporto sem
sentir um aperto forte no peito. Temo que o meu medo seja mais duradouro do que a pandemia.
Ao contrário do que se tem apregoado, não sei se tudo o que estamos a viver agora nos vai mudar para
melhor. Acredito que possa servir para valorizarmos mais algumas coisas, para nos reorganizarmos enquanto
sociedade… Mas também acredito que esta ansiedade acabará por deixar marcas, pelo menos a curto prazo, até
mesmo nas coisas mais insignificantes, como a bolacha que os nossos filhos deixam cair ao chão e voltam a comer
ou os beijinhos que damos de forma quase indiscriminada.
Há bocado, curiosamente, li uma publicação que perguntava qual é a primeira coisa que vamos fazer
quando este pesadelo acabar. Quase todas as respostas eram óbvias: abraçar os pais que são também avós,
passear à beira-mar, fazer uma jantarada com amigos... E eu quero muito fazer todas essas coisas. Mas antes de
qualquer uma delas preciso de respirar fundo, muito fundo, uma e outra vez. Preciso de abraçar estes dois que
agora disputam a posse de um carrinho de brincar e aceitar que a liberdade é uma bênção e que não vou poder
mantê-los afastados do mundo, presos pelos muros do quintal, para sempre.
Quando tudo isto acabar, terei de aceitar que protegê-los é deixá-los livres e que a vida continua. Com
mais ou menos medo. Com mais ou menos ansiedade. Quando finalmente pudermos abrir novamente as portas
de casa e da vida, com mais ou menos cicatrizes, teremos que seguir caminho. Mesmo que doa um bocadinho e
que estes dias sejam sempre uma sombra, uma espécie de marca indelével de medo e angústia.
Quando tudo isto acabar, os dois meninos que brincam no quintal terão que reaprender muitas coisas. E
eu também.
https://www.publico.pt/2020/04/07/impar/cronica/covid19-acabar-1910300
Atividade 1B – Escreve um texto que pudesse ser publicado num jornal em que evidencies a tua
experiência com a pandemia. Deves consultar o anexo sobre a crónica e seguir as indicações.
Gripe: Diga A
Nos filmes, quem procura devastar o planeta com vírus novos são cientistas loucos. Na realidade, são vacas
loucas. E porcos constipados. Felizmente, até agora, a bicharada tem evidenciado menos talento para
dizimar do que para vender jornais
Mais vasta e perniciosa do que a pandemia de gripe A, talvez só a pandemia de informações acerca da gripe A.
Julgo que Esopo escreveu a fábula Pedro e o Lobo apenas porque, na Antiguidade, não havia jornais. Se houvesse,
estou certo de que teria optado por escrever a fábula O jornalista e a pandemia.
É certo que será urgente descobrir um tratamento eficaz para todas estas doenças, mas não é menos urgente
encontrar melhores nomes para elas. Vacas loucas, gripe das aves e gripe dos porcos, por muito que sejam depois
rebatizadas mais dignamente com as aborrecidas (e, logo, mais honradas) designações BSE, H5N1 e H1N1, têm
problemas de credibilidade inultrapassáveis. É difícil temer doenças que atacam a bicharada com resfriados e
loucura. Qualquer dia aparece o pé de atleta dos texugos, ou o herpes labial da mosca, esses sim verdadeiramente
mortíferos e pandémicos - e ninguém acredita.
Acaba por ser inquietante registar que os animais andam, pelos vistos, a conspirar para gerar pandemias. Nos
filmes, quem procura devastar o planeta com vírus novos são cientistas loucos. Na realidade, são vacas loucas. E
porcos constipados. Felizmente, até agora, a bicharada tem evidenciado menos talento para dizimar do que para
vender jornais.
http://visao.sapo.pt/opiniao/ricardo-araujo-pereira/gripe-diga-a=f516583
Comentário crítico
Planificação
Seleciona as informações a incluir em cada uma das partes da estrutura do teu texto:
– introdução – breve apresentação do objeto da apreciação.
– desenvolvimento – formulação de juízos de valor fundamentados sobre o objeto da apreciação, com recurso a
argumentos pertinentes.
– conclusão – consideração final sobre o objeto da apreciação.
Textualização
Escreve uma primeira versão da tua apreciação crítica, a partir dos tópicos e da estrutura que
previamente definiste e considerando as marcas do género.
Redige um texto estruturado, que reflita a planificação que fizeste e que evidencie um bom domínio dos
mecanismos de coesão, nomeadamente:
– a organização em três partes – introdução, desenvolvimento e conclusão –, individualizadas
e devidamente proporcionadas;
– a marcação correta de parágrafos;
– a utilização adequada de conectores (que estabeleçam o encadeamento lógico das ideias
e a sua interligação).
Aplica-te na construção do discurso, tendo presentes as marcas linguísticas do género da apreciação
crítica, nomeadamente:
– vocabulário objetivo, diversificado e adequado ao tema (com eventual utilização de léxico
especializado da área artística do objeto em análise);
– enunciação na 3.ª pessoa;
– linguagem clara e sem ambiguidades, apesar do eventual recurso à insinuação;
– linguagem valorativa – elogiosa ou depreciativa: adjetivação rica, rigorosa e expressiva,
orações relativas.
Atenta nos aspetos de ortografia, acentuação, sintaxe e pontuação.
Procura assegurar a concisão e a objetividade do teu texto.
Revisão
Relê o teu texto atentamente. Faz a sua revisão cuidada, verificando se:
– são identificáveis, no teu texto, a descrição sucinta do objeto da apreciação e as passagens críticas (positivas ou
negativas) acerca dele, como é próprio do género;
– recorreste a um registo de língua correto e apropriado;
– diversificaste o vocabulário utilizado;
– utilizaste mecanismos adequados de ligação entre as frases e as ideias;
– te aplicaste na correção linguística, tomando atenção aos aspetos de ortografia, acentuação,
sintaxe e pontuação.
Deteta e corrige eventuais falhas linguísticas e aperfeiçoa o teu trabalho, redigindo, só depois, a sua
versão final.
Anexo 2
Características da crónica
CRÓNICA
É um texto subjetivo, pois apresenta a perspetiva do seu autor, o tom do discurso varia entre o
ligeiro e o polémico, podendo ser irónico ou humorístico.
CARACTERÍSTICAS DA CRÓNICA
O discurso
A temática
(A crónica pode ser política, desportiva, literária, humorística, económica, mundana, etc.)
Anexo 3
Texto argumentativo e argumentação