Cultivo Protegido Versus Campo Aberto - Aspx
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CEPEA - Centro de Estudos Avançados em
Folhosas Economia Aplicada - ESALQ/USP
ISSN: 1981-1837
Coordenador Científico:
Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros
Cenoura 22 Editora Científica: Margarete Boteon
Editores Econômicos: João Paulo
Bernardes Deleo, Mayra Monteiro Viana,
Renata Pozelli Sabio. Letícia Julião e
Tomate 24 Larissa Gui Pagliuca
Editora Executiva:
Daiana Braga MTb: 50.081
26
Diretora Financeira: Margarete Boteon
30
Felipe Vitti de Oliveira, Fernanda Geraldini
Melão Gomes, Fernanda Gregório Ribeiro dos
Santos, Flávia Noronha do Nascimento,
FÓRUM 38
Henrique dos Santos Scatena, Izabela
da Silveira Cardoso, João Gabriel Ruffo
Mamão 34
19 3524-7820
Impressão:
www.graficamundo.com.br
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HF Brasil NA INTERNET
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pela revista só será permitida com a
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e frutas. Os programas de incentivo a este consumo deveriam É preciso aumentar o consumo de hortifrutis no Brasil e, para
ser ampliados de forma a atingir o maior número de crianças isso, faz-se necessário começar por estimular as crianças, que
brasileiras. Acho importante o fato de algumas empresas es- são potenciais consumidores. Em alguns estados, as escolas e
tamparem personagens infantis em seus produtos. Tenho visto creches estão adotando o consumo de frutas e sucos naturais
muitas mães comprando para as crianças a maçã da Turma da nas idades infantil e juvenil. Acho que o perfil de consumo
Mônica, por exemplo. Campanhas de divulgação junto à mídia, das crianças hoje melhorou, mas precisa avançar muito mais,
divulgação do consumo em escolas, creches etc., fariam com voltado para alimentos saudáveis como as frutas e hortaliças.
que o consumo aumentasse e que o produtor vendesse mais. O uso de personagens infantis nas embalagens dá muito cer-
Iniberto Hamerschmidt – Curitiba/PR to, tenho um exemplo em casa: minha filha de cinco anos
só aceita maçãs em embalagens personalizadas da Turma da
Matérias como essa são muito importantes, pois atualmente as
Mônica ou da Disney.
crianças preferem comidas industrializadas/fast food. O con-
Carlos Antonio Távora Araújo – Tangará da Serra/MT
sumo hoje está ruim. Vemos em reportagens que a obesidade
tem aumentado entre os brasileiros (e também em nível mun- Excelente iniciativa. Outros meios de comunicação também
dial). Estampar personagens infantis nas embalagens é uma deveriam incentivar o consumo de hortifrutis. Em minhas
possibilidade, mas também é o mesmo mecanismo utilizado palestras, sempre dou ênfase à alimentação com alimentos
pelas grandes redes de fast food. Acredito que, antes, a cons- funcionais, que são todos hortifrutícolas. Aqui no Paraná, a
cientização deve ser dos pais, pois são eles quem colocam na merenda escolar tem melhorado um pouco, mas ainda está
mesa o alimento de cada dia. muito aquém da necessidade diária. Quanto às imagens nas
Alexandre Salgado Aguena – Catanduva/SP embalagens, juntamente com a mídia televisiva, seria um ca-
minho, pois quase todas as crianças têm contato com a tele-
Ótima matéria, mas infelizmente o cenário é muito desani-
visão. Entretanto, o maior gargalo são os pais que não comem
mador! As crianças são educadas a comerem doces, amidos,
hortifrutis. Acho que deve haver mais propaganda diária dos
carboidratos, ficando os alimentos mais saudáveis em segun-
benefícios desses alimentos.
do plano. Vivemos a era do fast food, à base de batatas fritas,
Romeu Suzuki – Califórnia/PR
gorduras etc. O conceito de fast food não está errado, mas,
sim, o seu conteúdo. O uso de personagens infantis nas em- A educação alimentar na infância deveria ser obrigatória. Na
balagens dos produtos já se mostraria uma introdução mais região de Piedade (SP), algumas multinacionais incentivam e
simpática à criança para entrar num mundo mais saudável. dão apoio para hortas escolares. A obesidade infantil cresceu
Conheço crianças que foram educadas de modo diferente, a muito nesses últimos anos, e isso é muito preocupante. Tenho
ingerir comidas mais substanciosas, em substituição a doces três filhos (10, 9 e 4 anos), procuro sempre ter na mesa frutas e
e outras guloseimas. Para isto, foi apenas necessário mostrar a hortaliças diversas. A criatividade é a solução para convencer
forma de como estes produtos chegaram até a mesa. crianças a se alimentarem melhor.
Lúcio Maia – São José dos Pinhais/PR Bruno Tomoyuki Matsuo – Piedade/SP
CULTIVO
PROTEGIDO
Em busca de mais eficiência produtiva!
Altas temperaturas, excesso de chuvas ou se- O túnel evita excessos de chuva, falta de água ou
cas, granizo e geadas são preocupações constantes mesmo danos provocados por granizo. Os cuidados
do produtor. As intempéries climáticas prejudicam na produção de uva e maçã também têm aumentado,
tanto a qualidade quanto o rendimento da produ- mas, no geral, na forma de cultivos “semiprotegidos”,
ção, podendo diminuir drasticamente a rentabilida- uma vez que não se trata de controle do ambiente,
de do negócio. Para fazer frente a esses riscos, uma mas apenas de proteção da planta contra chuvas.
alternativa a ser considerada é o cultivo em ambien- Segundo profissionais especializados na área,
te protegido. um dos benefícios adicionais do cultivo semiprote-
O cultivo protegido consiste em uma técnica gido da uva é a redução do uso de defensivos. Com
que possibilita certo controle de variáveis climáticas a proteção do plástico, diminui o molhamento foliar
como temperatura, umidade do ar, radiação solar e e, consequentemente, a incidência de fungos.
vento. Esse controle se traduz em ganho de eficiên- No caso das hortaliças, multiplicam-se os
cia produtiva, além do que o cultivo protegido re- exemplos em cultivo protegido, com destaque para
duz o efeito da sazonalidade, favorecendo a oferta folhosas, pimentão, tomate (especialmente as espe-
mais equilibrada ao longo dos meses. Além disso, cialidades) e mini/baby hortaliças. Praticamente to-
o cultivo protegido permite que o efeito da sazo- do tomate tipo grape é produzido em cultivo pro-
nalidade diminua, favorecendo a oferta mais equi- tegido. Mesmo variedades de tomate salada, mais
librada ao longo dos meses. Esse benefício é mais comuns em campo aberto, também estão encontra-
evidente em regiões de clima frio, já que o calor das em ambiente protegido, especialmente no norte
acumulado dentro das estufas viabiliza a produção do Paraná. Segundo profissionais da Emater-PR, nes-
de certas culturas fora de época, além de encurtar o sa região, a migração do cultivo em campo aberto
ciclo de produção. para estufas tem ocorrido desde meados de 2009,
Os gastos com controle de pragas e doenças após consecutivas perdas devido a geadas.
também pode reduzir no cultivo protegido. Isso é A produção de folhosas em cultivo protegido
observado especialmente na produção de mudas. As também vem chamando a atenção dos produtores,
plantas geradas em estufas, por exemplo, têm menor especialmente porque algumas espécies apresen-
incidência de pragas e doenças, o que torna o pro- tam limitações em determinadas regiões e épocas
duto “mais limpo” ao ser plantado comercialmente do ano. O cultivo em ambiente protegido, por sua
em campo aberto ou fechado. vez, tem tornado viável a produção com qualidade
O cultivo protegido mais conhecido é aquele durante o ano todo.
realizado em estufas, mas pode se dar também em Apesar das vantagens expostas, muitos produ-
túneis e ripados, construídos com estruturas de ma- tores que optaram pelo cultivo protegido acabaram
deira ou metálicas. retornando ao convencional por conta da redução
O cultivo protegido é uma realidade na produ- da produtividade após alguns anos dentro das es-
ção de mudas e começa a ter mais espaço também tufas. Outros produtores apontam que o alto custo
na produção de hortifrutis. No caso das frutas, o mo- inviabiliza a sua implantação. Diante desses prós
rango é um das culturas que mais tem se expandido e contras, nesta edição, a Hortifruti Brasil reúne
nesse sistema, sobretudo no Sul do País, por meio do argumentos técnicos que podem ajudar produtores
túnel plástico. Os ganhos em qualidade e em produ- interessados nesse sistema a tirarem suas próprias
tividade são apontados como principais vantagens. conclusões.
Simone da Costa Mello é engenheira agrônoma formada pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias
da Unesp, campus de Jaboticabal (SP). É mestre e doutora em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade de
São Paulo (USP). Atua como professora do Departamento de Produção Vegetal da Esalq/USP e coordenadora
do Grupo de Estudos e Práticas em Olericultura (GEPOL). Tem experiência na área de Produção Vegetal, com
ênfase em cultivo protegido de hortaliças, visando ao manejo da nutrição, sistemas de condução de plantas,
ambiência e outras práticas culturais que proporcionam o aumento da eficiência dos sistemas de produção,
da produtividade e da qualidade das hortaliças.
Hortifruti Brasil: A salinização é um problema sério solo. Assim, o produtor deve monitorar com maior fre-
na produção em cultivo protegido. Quais seriam as quência (diariamente) a condutividade elétrica e o pH no
principais formas de diagnosticá-la na estufa? cultivo em substratos em relação ao cultivo em solo para
Simone da Costa Mello: A salinização provocada pelo evitar a salinização.
uso intensivo de fertilizantes, agravada pelo sistema de
HF Brasil: No caso do cultivo em ambiente protegi-
irrigação por gotejamento e ausência de precipitações no
do, fazendo-se uso de canteiro (solo), quais seriam
cultivo de hortaliças em ambiente protegido retarda o
as formas de controle da salinização?
desenvolvimento das plantas, causando redução na pro-
Simone: Em solos, uma das formas de reverter a salini-
dutividade e qualidade dos produtos. Os sintomas que
zação é a lavagem com água de boa qualidade (que não
caracterizam a salinidade no meio são: redução no cres-
possua excesso de sais). Para isso, o produtor pode usar
cimento radicular e na parte aérea da planta, deforma-
o sistema de irrigação por gotejamento ou por aspersão,
ções e queimaduras nas bordas e no ápice das folhas, re-
que permite a lavagem dos sais de maneira mais uni-
duções do tamanho e alterações na coloração dos frutos.
forme e rápida, na estufa. O volume de água a ser usa-
Entretanto, para a confirmação da salinidade, devem ser
do para esse fim depende do tipo de solo. Outra opção
realizadas análises químicas e físicas dos solos e análises
seria o cultivo de plantas capazes de extrair os nutrien-
dos teores de nutrientes nas plantas.
tes, como as leguminosas, dentre elas, crotalária juncea
HF Brasil: O cultivo em canteiro (no chão) ou em (Crotalaria juncea L.) e milheto (Pennisetum glaucum L.),
vaso com substratos pode interferir de forma dife- com remoção da parte aérea da planta da estufa agríco-
rente na salinização? la. Esse método possui o inconveniente da ocupação da
Simone: Sim. A salinização em solo é mais lenta quando área por um determinado período. Entretanto, diminui a
comparada com o cultivo em vasos. Isso ocorre porque salinização do solo e melhora a sua estrutura, trazendo
os substratos interagem menos com os fertilizantes apli- mais benefícios ao produtor que pode observar aumento
cados e o volume de substrato para o cultivo de uma de produtividade da sua cultura após essa prática de re-
planta é inferior ao volume explorado pelas raízes no cuperação do solo.
OBS: Os valores correspondem à média dos orçamentos de empresas do setor (ano-base 2014), servindo apenas como exemplificação do cálculo.
A taxa média de juros utilizada para análise de investimento foi 3,6% ao ano (taxa real de juros).
somente o investimento inicial sobe 14% ou CARP por mento para cálculo do CARP total da estufa.
planta passaria para 14 centavos/ano (ou invés de 12 Caso a opção seja por estruturas mais baratas
centavos/ano). como eucalipto tratado para sustentação e fixação da
O investimento inicial, no entanto, é muito maior cobertura plástica ou mesmo o uso do sombrite para
que o simulado nesses cálculos, já que o orçamento a cobertura, sem o uso da tela lateral, o custo inicial,
adotado não incluiu serviços como: terraplanagem do obviamente, será reduzido.
terreno, construção da fundação, piso, muretas, capta- Independente da estrutura escolhida, ao planejar
ção de água e o sistema de irrigação. Esses serviços, a migração do cultivo convencional para o protegido,
normalmente, são de responsabilidade do produtor e os além das adaptações no manejo, é fundamental que o
custos variam muito. De qualquer forma, é importante produtor incorpore o valor de recuperação do investi-
que esses gastos sejam incluídos no custo do investi- mento (CARP) no seu custo de produção.
HORTIFRUTÍCOLAS
MAIS PROTEGIDOS NO BRASIL
Muitos agricultores desejam investir em cultivo pro-
tegido, mas, de início, é importante ponderar não só as
vantagens, mas também os contras desse sistema.
Primeiro, é importante uma avaliação do retorno do
investimento, já que o custo de implantação é elevado.
Além disso, para se investir em estufas, hidroponia, tela-
dos e outros tipos de cultivo em ambiente protegido não
basta ter só a estrutura, é preciso ter conhecimento téc-
nico para que sejam alcançados resultados satisfatórios.
Por outro lado, é preciso destacar também que, feitas
as contas e acessadas e seguidas as devidas informações/
recomendações técnicas, o cultivo protegido pode ser lu-
crativo. Um dos mitos mais propalados contra os sistemas ser levada em conta quando se adere ao sistema é que é
de cultivo protegido, no fundo, baseia-se na adoção de um extremamente necessário ter cuidados contínuos com o
manejo inadequado. Muitos dizem que nos primeiros três manejo do solo e da água, para que a ocorrência de pro-
anos de cultivo em estufas, os resultados são bons, mas, blemas não torne custosa demais a produção – inviabili-
após esse período, a tendência é de queda. Porém, se as zando-a. Em cultivo protegido direto no solo, por exem-
práticas fossem outras, mais compatíveis com o modelo plo, o cuidado com a dosagem de adubos e aplicações
adotado, os resultados também poderiam ser melhores. de material orgânico são essenciais para que o sistema
Uma das questões do cultivo protegido que deve seja eficiente.
OPORTUNIDADES E DESAFIOS
DO CULTIVO PROTEGIDO
VANTAGENS DESVANTAGENS
Aumenta a produtividade da cultura; Alto custo de implantação;
Possibilita o controle do ambiente, permitindo a produção É difícil a rotação de áreas por conta da estrutura – prática
de diversas culturas em diferentes regiões e épocas do ano; usual que ameniza a ocorrência de doenças no solo;
Diminue o ciclo da planta; Falta de organização e planejamento por parte dos pro-
Reduz o consumo de água, já que o sistema fechado reduz dutores e do governo para fomentar uma política ampla,
a evapotranspiração. nacional, de apoio ao cultivo protegido;
Proteção contra chuva, granizo e geadas; Falta de informação/assistência técnica para o produtor
Controle do vento e da radiação solar; implementar o sistema;
Melhor condição de trabalho para os funcionários; Normalmente, o plástico dura três anos e, após o seu uso,
precisa ter destinação adequada, para não se acumular no
Possibilidade de produzir e comercializar produtos diferen-
meio ambiente;
ciados como miniprodutos/baby (miniabóbora, minimelão,
minimelancia entre outros). Não há recomendação técnica oficial sobre o uso de de-
fensivos e fertilizantes em cultivo protegido.
OPORTUNIDADES
Possibilidade de bom retorno econômico em áreas de pe- AMEAÇAS
quena escala de produção; Falta mão de obra qualificada;
Consumidores dispostos a pagar mais por produtos de qua- Falta investimento na formação e na capacitação de técni-
lidade, especialmente por hortaliças diferenciadas; cos e de engenheiros agronômos nessa área;
Comercialização na época de entressafra; Falta pesquisa básica sobre salinização e acidificação do solo
Opção para regiões com alto custo da terra. em cultivo protegido.
foto: Seminis
Caxias do Sul, Antônio Prado e Vacaria (RS) com atraso e preço alto em MG
terminam a temporada de inverno 2013/14 da ce- A safra de verão 2014 começou em janeiro
noura em março. A safra no Rio Grande do Sul foi em São Gotardo, Santa Juliana e Uberaba (MG),
favorecida pelas chuvas bem distribuídas e tempe- com leve atraso frente ao calendário normal da
raturas amenas, resultando em boa produtividade: região. O atraso esteve atrelado à ainda boa dis-
Sul encerra 59 t/ha. A média de preços da cenoura na safra foi ponibilidade de cenouras de inverno que estavam
temporada de R$ 14,65/cx de 29 kg, valor 28% superior ao
custo médio estimado para cobrir os gastos com a
sendo colhidas no início deste ano. Mesmo com
os bons resultados na safra de verão passada, a es-
de inverno e cultura. Apesar da rentabilidade positiva, durante a cassez de mão de obra e o aumento dos custos,
inicia colheita maior parte da safra (julho a dezembro/13), não são limitaram a expansão da área. Considerando a
esperadas grandes variações na área de cultivo pa- média dos dois primeiros meses da safra (janeiro
de verão ra a próxima temporada. Além disso, mesmo com e fevereiro), a caixa “suja” de 29 kg foi vendida a
o resultado médio positivo, quando comparado R$ 16,32, valor 67% maior que o de dezembro/13.
com a safra 2012/13, o valor médio da raiz comer- Este preço é 30% superior ao mínimo estipulado
cializada pelos produtores gaúchos na temporada no período para cobrir os gastos com a cultura – de
2013/14 foi 23% menor. Quanto à safra de verão, a R$ 11,41/cx, com produtividade média de 38,9 t/
colheita teve início em meados de fevereiro e deve ha. A colheita da safra de verão na região mineira
ser intensificada neste mês. Segundo produtores, continua até o início de julho.
as raízes colhidas no mês passado apresentaram
baixa qualidade, devido ao tempo seco durante o
Oferta deve seguir
desenvolvimento. Com relação aos preços no RS,
a raiz foi comercializada, em média, a R$ 20,86/
reduzida até maio na BA
cx 29 kg em fevereiro, leve alta de 4,1%, frente a Em fevereiro, a oferta de cenouras esteve re-
janeiro, devido à redução na oferta. Para esta safra duzida nas praças de Irecê e João Dourado (BA) e
de verão, produtores gaúchos irão aumentar a área a tendência é que a oferta aumente a partir do final
de plantio de 15% frente à temporada anterior, to- de abril e começo de maio. O motivo da baixa dis-
talizando 715 hectares. Mesmo com maior área de ponibilidade foram as temperaturas muito elevadas,
plantio, a expectativa para a safra de verão é de que prejudicaram o desenvolvimento das raízes.
que os preços, de modo geral, continuem em bons Assim, o descarte esteve alto (30%, em média), au-
patamares. No entanto, condições climáticas e de mentando os preços de forma gradual nas lavouras
mercado podem afetar este cenário. da região. A média da caixa “suja” de 20 kg foi de
R$ 15,61 em fevereiro, valor 23,4% superior ao de
janeiro. A média dos preços da raiz da safra baia-
na entre janeiro e fevereiro foi de R$ 13,57/caixa
“suja” de 20 kg, valor 18,9% superior ao mínimo
estipulado para cobrir os gastos com a cultura (R$
11,00/cx), com produtividade de 15,6 t/ha. Devido
ao elevado volume de chuvas na segunda quinze-
na de dezembro/13, muitos produtores intensifi-
caram o plantio. As precipitações ainda animaram
produtores da Bahia que, de modo geral, puderam
aumentar a área em torno de 10% neste primeiro
semestre de 2014, totalizando 932 hectares.
Fonte: Cepea
Entrevista:
é de crescimento em todo o brasil
“
Gilberto J. B. de Figueiredo
Gilberto Figueiredo é engenheiro agrônomo formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Botucatu.
Tem pós-graduação em Marketing pela Universidade Braz Cubas (SP) e em Tecnologia de Qualidade de Alimentos/
Minimamente Processados pela Universidade Federal de Lavras (UFLA/MG). Já trabalhou na Cooperativa Agrícola de Cotia,
na Adubos Manah e na Pão Pullman S/A. Foi também professor do curso de Agronegócios na Faculdade de Tecnologia de São
Paulo (Fatec) e, atualmente, está na Cati - Regional de Pindamonhangaba, onde é Gerente Estadual do Projeto Cati Olericultura.
Hortifruti Brasil: Como tem evoluído a área de cultivo protegi- mais recente? São Paulo é o estado que mais usa esse sistema?
do no Brasil, excetuando-se os viveiros de mudas? Figueiredo: Devemos realizar neste ano uma atualização com-
Gilberto Figueiredo: Podemos afirmar que o cultivo protegido pleta do Lupa e, então, teremos números mais precisos. Acre-
tem crescido a taxas superiores a 30% ao ano, embora estes dito que podemos falar em algo próximo a 1.900 hectares em
sejam números difíceis de serem tabulados, visto o tamanho do São Paulo. O que sei é que tanto a área quanto o número de
nosso País. No estado de São Paulo, por exemplo, temos obser- produtores deverão crescer substancialmente nessa atividade.
vado um crescimento constante impulsionado por programas Esse cenário coloca, com certeza, o estado de São Paulo em
governamentais como o PNAE (Programa Nacional de Alimen- uma posição de destaque. Mas temos observado um bom cres-
tação Escolar) e o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), cimento no Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro e em
ambos do governo federal, o PPAIS (Programa Paulista de Agri- alguns estados do Nordeste, sendo que, nesta região, principal-
cultura de Interesse Social), que trata da aquisição de alimen- mente no cultivo de flores e frutas.
tos diretamente do produtor para presídios, hospitais, creches HF Brasil: Devido à escassez de recursos como mão de obra,
e escolas estaduais, e o Programa Estadual de Microbacias II água, terra próxima aos centros consumidores, o senhor acre-
– Acesso ao Mercado. Além desses programas, o aumento de dita que o Brasil, um dia, possa ter níveis tecnológicos seme-
demanda nas redes varejista e atacadista tem mobilizado pro-
lhantes aos da Espanha e México, por exemplo?
dutores rurais de outras cadeias produtivas a entrar no segmento
Figueiredo: Com certeza. Esta é uma tendência natural à me-
de hortifrutis, e parte considerável destes produtores tem inicia- dida que a tecnificação permite aumento de produtividade com
do já com no cultivo protegido, principalmente em olerícolas. menor uso de mão de obra, que tem preferido trabalhar em am-
Temos atualmente mais de 400 municípios no estado de São bientes menos insalubres, como as indústrias. A partir do mo-
Paulo com projetos em início ou em andamento nesta cadeia mento que tivermos melhores condições de trabalho, próximas
produtiva, sendo atendidos e orientados pela CATI, através do das que a indústria oferece, com um ambiente mais ameno,
Projeto Olericultura. minimizando esforços físicos, melhoraremos a disponibilida-
HF Brasil: Quais culturas têm sido mais adeptas ao cultivo pro- de de mão de obra. Porém, esta nova realidade necessitará de
tegido? pessoas mais capacitadas e treinadas, sendo muito importante
Figueiredo: O cultivo em ambiente protegido propicia a pro- o papel das instituições de ensino neste processo. Agentes co-
dução de hortaliças, flores e alguns tipos de frutas, como a uva, mo o Senar/CNA, escolas técnicas e de nível superior voltadas
em ambientes que naturalmente não seriam favoráveis a estas principalmente à gestão dos agronegócios serão fundamentais
culturas. Há ainda o ganho em produtividade e qualidade final para que essa mão de obra possa operar em sistemas de cli-
do produto. Até mesmo na agricultura orgânica, a exemplo do matização, estações meteorológicas, máquinas e equipamentos
que acontece em outros países, há produtores usando o am- de colheita (alguns trabalhando com tecnologia de precisão),
biente protegido. A tendência do cultivo protegido é de cresci- transporte, embalamento e de processamento. O campo vem
mento em todo o Brasil, e eventos de grande porte como a Copa se modernizando a passos largos. Produtores da região de Mogi
do Mundo e as Olimpíadas estimulam esta atividade. das Cruzes (SP), por exemplo, já vêm estudando o plantio de
alface em áreas sistematizadas, que permitem a colheita me-
HF Brasil: Segundo dados do Lupa (Levantamento de Unidades cânica com menor número de pessoas envolvidas, bem como
de Produção Agropecuária do Estado de São Paulo), em 2008, plantio em vasos e substratos artificiais. Enfim, processos que
a área com estufa no estado de São Paulo era de 14.378,35 m2, permitem ganho de produtividade e redução de mão de obra,
ou seja, 1.437 hectares. O senhor tem uma estimativa de área sem perda de qualidade.