14 - Solos1 - Aula 14 - Empuxo

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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Tecnologia e Geociências (CTG)


Departamento de Engenharia Civil

Mecânica dos Solos 1

Empuxo de Terras

PROFESSORA: ANALICE FRANÇA LIMA AMORIM
Empuxo de Terra

É a resultante das pressões laterais, de terra ou de água, que


atuam contra uma estrutura de suporte (arrimo).
Ou seja, é a ação produzida pelo maciço terroso sobre as obras
com ele em contato.

Exemplos de Aplicação:
(a)
(a) Muros de arrimo

(b) Cortinas de estacas prancha


(b)
(c) Escavações

(d) dimensionamento de silos


enterrados, túneis, encontros de
pontes, subsolos, etc. (c)
Empuxo de Terra

muro em solo-cimento muro em concreto ciclópico

muro gabiões muro em concreto armado


Empuxo de Terra

A magnitude do empuxo depende:


▪ Desnível vencido pela estrutura de arrimo;
▪ Tipo e características do solo;
▪ Deformação sofrida pela estrutura;
▪ Posição do nível de água;
▪ Inclinação do terrapleno, etc.

O valor do empuxo de terra, assim como a distribuição de tensões ao


longo do elemento de contenção, depende da interação solo-elemento
estrutural durante todas as fases da obra.

O empuxo atuando sobre o elemento estrutural provoca


deslocamentos horizontais que, por sua vez, alteram o valor e a
distribuição do empuxo, ao longo das fases construtivas da obra.
Exemplo de tipos de empuxos:

Ep
Eo Eo Ea

(a) deslocamento deslocamento


(b) (c)
Paredes de subsolo
Muro de arrimo Parede atirantada

a) EMPUXO NO REPOUSO: não há deslocamento da estrutura de


contenção.
b) EMPUXO ATIVO: há deslocamento da estrutura, provocando
expansão do maciço, estando o maciço na iminência de ruptura.
c) EMPUXO PASSIVO: há deslocamento da estrutura, provocando
compressão do maciço, estando o maciço na iminência de
ruptura.
Empuxo de Terra

Os termos ativo e passivo são usualmente empregados para descrever


as condições limites de equilíbrio correspondente ao empuxo do solo
contra a face interna do muro de arrimo ou contenção.
A figura mostra a variação de empuxos em função do deslocamento. A
pressão horizontal diminui ou aumenta, conforme o muro aproxima-
se ou afasta-se do maciço de terra.
As tensões laterais do solo sobre uma estrutura de contenção
são normalmente calculados por intermédio de um coeficiente,
denominado coeficiente de empuxo, o qual é multiplicado pelo
valor da tensão vertical efetiva naquele ponto.

Estados de Tensões:

a) No repouso

b) No equilíbrio plástico: Ativo


Passivo
Estado de tensão no repouso:

N.A
’V = z - u Ko é o coeficiente de
empuxo no repouso:
’H ’H = Ko.’V 𝜎
𝐾
𝜎

O valor de k0 é menor que 1, variando entre 0,4 e 0,5 para areias e


0,5 e 0,7 para as argilas. Resultados de laboratório indicam que ele
é tanto maior quanto maior o índice de plasticidade do solo.

Para areias e argilas normalmente adensadas, Jaki (1944) propôs


a seguinte fórmula para previsão de Ko:

Ko= 1 - sen ’

onde ’ é o ângulo de atrito interno do solo


Outras relações para argilas normalmente adensadas são:

Ko= 0,95 - sen ’ (Brooker e Ireland, 1965)

Ko= 0,19 + 0,233 log (IP) (Alpan, 1967)

Para argilas sobre-adensadas, resultados de ensaios de compressão


edométrica, realizados por diversos pesquisadores, sugerem que a
fórmula de Jaki, para esta situação, seja modificada por:

Ko= (1 - sen ’) (OCR)sen ’

K0 é tanto maior quanto maior for a razão de sobre-adensamento


(OCR), podendo ser superior a um.

A razão de sobre-adensamento  a
(Over Consolidation Ratio, OCR) é OCR 
expressa por: 
Estado de tensões no equilíbrio plástico:
Um maciço de terra encontra-se em equilíbrio plástico quando em
qualquer dos seus pontos há um equilíbrio entre as tensões
cisalhantes e as tensões resistentes.
Estado de tensão ativo:
Desenvolve-se quando o movimento relativo entre o solo e a
estrutura de contenção causa uma expansão no maciço contido,
levando-o ao equilíbrio plástico.

2 1 Início (1): V1 e H1


Fim (2): V2 e H2
V com o deslocamento: V1 = V2
H1 > H2
H
no equilíbrio plástico: H2 = pa
pa → pressão horizontal ativa
deslocamento
Estado de tensão passivo:

Desenvolve-se quando o movimento relativo entre o solo e a


estrutura de contenção causa uma compressão no maciço contido,
levando-o ao equilíbrio plástico.

1 2
Início (1): V1 e H1

V Fim (2): V2 e H2


com o deslocamento: V1 = V2
H H1 < H2

no equilíbrio plástico: H2 = pp


deslocamento
pp → pressão horizontal passiva
Exemplo de tipos de empuxos:
Exemplo de tipos de empuxos:
Exemplo de tipos de empuxos:
Exemplo de tipos de empuxos:
A variação do estado de tensões nos estados Ativo e Passivo,
assim como em repouso, pode ser interpretado com o auxílio do
traçado dos círculos de Mohr e da envoltória de resistência do
material (sem coesão).
Critério de Mohr- Coulomb:



 
T  
E


c  
A B C D 

Plano de ruptura forma um ângulo  com o plano principal menor

Segmento TCD: 2  90  

  45o   2
Em termos de círculo de Mohr
v=OA

h=OE

E A D
O
Condição k0
C
V=OA=3
V=OA=1

H=OC=3 H=OD=1

45-/2
45+/2
Relações Fundamentais

Considerando

Temos:

Equação de ruptura de Mohr


Teoria de Empuxos de Terra:

• Teoria de Empuxo de Rankine


• Teoria de Empuxo de Coulomb
• Método de Culmann – Gráfico
• Método de Poncelet – Gráfico
• Análise Limite
• Métodos Numéricos

Os primeiros 4 métodos usam o critério de ruptura de Mohr-Coulomb


TEORIA DE RANKINE
Baseia-se nas seguintes hipóteses:
 A superfície interna da contenção é vertical
 Não considera o atrito solo-estrutura
 Maciço semi-infinito
 Maciço em equilíbrio plástico
 Critério de ruptura de Mohr

Estados de plastificação de Rankine:

Ativo Passivo
 

 = 45 - /2
 = 45 + /2
Solos não coesivos:
O empuxo será igual a área do diagrama de pressão e estará aplicado
no centro de massa do diagrama.
Estado Ativo

h 1
E A   K A . .z .dz E A  K A . .h 2
0 2

h
EA
h/3
Estado Passivo

h 1
E P   K P . .z .dz E P  K P . .h 2
0 2

h
EP
h/3 Onde:
Terreno com superfície inclinada

 cos   cos 2   cos 2 


K A  cos 
cos   cos 2   cos 2 

cos   cos 2   cos 2 


K P  cos 
 cos   cos 2   cos 2 
Solos coesivos:  1   3 . N   2c N 
Estado Ativo 1 v
3 H
 V   H . N   2c N 
V 2c N 
H  
N N

 
ou  H   . z.tg 45   / 2  2 .c.tg ( 45   / 2 )
2 0

2c
se H=0  z0 
 KA

h 1 2
Empuxo Ativo total:
E A    H dz   .h K A  2ch K A
0 2
A coesão possibilita manter um corte vertical sem necessidade de
escoramento, até uma determinada altura do solo (altura crítica),
na qual o empuxo resultante é nulo.

1 4c
E A   .h 2 K A  2ch K A  0  z cr   2.z 0
2  KA

O empuxo negativo é geralmente desprezado, calculando-se o empuxo a partir da


altura reduzida do muro.

zo
Pode calcular usando os
dois diagramas de
pressões (visto H
anteriormente) ou h
desprezando o E negativo EA
h/3
Empuxo Passivo

1 H  3   v   .z
 1   3 .N  2.c. N
 H   .z.N  2.c. N

h 1
E P    H dz   .h 2 .N  2.c.h. N
0 2
1 2
EP   .h K P  2.c.h. K P
2
Efeito da sobrecarga distribuída
Se existe uma sobrecarga uniformemente distribuída, q, aplicada na superfície do
terreno, a tensão vertical em qualquer ponto do maciço aumenta naturalmente
de igual valor.

A tensão horizontal (ativa ou passiva) sobre a parede a uma profundidade z passa


a ser:

A existência de uma sobrecarga uniformemente distribuída na superfície do terreno


implica, em uma situação de equilíbrio limite de Rankine, a existência de um
diagrama retangular de pressões. A tensão horizontal será definida pelo
produto da sobrecarga aplicada pelo coeficiente de empuxo correspondente
ao estado de equilíbrio limite em questão.

 h  qKp
 h  qKa
Efeito da sobrecarga

Pode ser considerada como uma altura equivalente de solo

q
H0 H0 
q

 H  K . .H 0  K . .H
H

H=K(q+.H) ou seja H=  K(H+H0)

K. .H0 K. .H

A principal aplicação deste raciocínio ocorre no caso de terreno estratificado,


onde cada camada sobrejacente funciona como sobrecarga sobre a camada
inferior.
Empuxo das terras
QUESTÕES: 1) O muro de arrimo da figura está suportando um solo arenoso de
peso específico igual a 16 kN/m3 e com um coeficiente de empuxo ativo igual a
1/3:

Pelo Método de Rankine, o valor total do empuxo ativo sobre este muro será igual a:
A) 20 kN/m B) 32 kN/m C) 64 kN/m D) 75 kN/m E)96 kN/m

RESPOSTA: E
Maciços estratificados
Cada estrato apresenta um valor de peso específico () e ângulo de atrito (’),
consequentemente, cada estrato apresenta um valor de coeficiente de empuxo (K)
distinto.
A tensão horizontal no ponto imediatamente acima da superfície de separação dos estratos
é calculada por K1.1.h1.
No cálculo das tensões para as profundidades correspondentes ao estrato 2, o estrato 1
pode ser considerado como uma sobrecarga uniformemente distribuída de valor 1.h1,
dando origem a um diagrama retangular de valor K2.1.h1. Este diagrama soma-se ao das
tensões associadas ao estrato 2, que, a uma profundidade h2 valem K2.2.h2.
6

Maciços estratificados
Exercício:
Plotar as distribuições de
tensão horizontal,
correspondentes a condição
ativa e calcular os empuxos
totais.
Maciços estratificados
Exercício:
Plotar as distribuições de tensão horizontal, correspondentes as condições ativa e passiva e
calcular os empuxos totais.
Efeito do lençol freático

O problema pode ser resolvido como se houvessem dois estratos, um


acima do nível freático, de peso específico , e outro abaixo do nível freático,
de peso específico sub.
TEORIA DE COULOMB

Baseia-se na hipótese de que o


esforço exercido na estrutura de
contenção é proveniente da
pressão do peso parcial de uma
cunha de terra, que desliza pela
perda de resistência ao
cisalhamento ou atrito.

Hipóteses adotadas:
 A superfície do tardoz pode ter inclinação qualquer em relação a
horizontal
 A cunha de ruptura é um corpo rígido
 O movimento da cunha de ruptura gera atrito entre o muro e o solo
 As forças de atrito são distribuídas uniformemente ao longo do plano
de ruptura
 Superfície de ruptura curva se admite plana passando pelo pé do
talude por conveniência
TEORIA DE COULOMB

Para determinar os empuxos de terra pelo método de Coulomb, assume-


se inicialmente que a superfície de ruptura é plana.
No caso ativo, a curvatura é pequena e o erro envolvido é desprezível.
No caso passivo, entretanto, o erro em se arbitrar superfície plana só é
pequeno para valores de  < /3.

A superfície que define a


cunha de empuxo é, em
princípio, desconhecida.

Desta forma, é necessário


determinar, por tentativas,
 qual a superfície que
R
corresponde ao valor
limite do empuxo.
TEORIA DE COULOMB –solos não coesivos
Considerando-se uma possível cunha de ruptura ABC, em equilíbrio sob a ação de:
P – peso da cunha, conhecido em grandeza e direção;
R – reação do terreno, formando um ângulo  com a normal à linha de ruptura BC;
Ea – empuxo resistido pela parede, força cuja direção é determinada pelo ângulo
δ de atrito entre a superfície rugosa AB e o solo.

Cunha de empuxo ativo Obtém-se assim a determinação de Ea


(resultante de empuxo ativo) traçando-
se o polígono de forças.

Admitindo-se, então, vários possíveis


planos de escorregamentos, BCi, será
considerada como superfície de
ruptura aquela que corresponder ao
maior valor de Ea, que é o valor
procurado.
TEORIA DE COULOMB –solos não coesivos
Partindo das condições de equilíbrio das três forças P, R, Ea, deduzem-se (ver
CAPUTO, 1987) analiticamente as equações gerais, para os empuxos ativo
(Ea) e passivo (Ep), este último correspondendo à superfície de deslizamento,
também suposta plana, que produz o prisma de empuxo mínimo.

Cunha de empuxo passivo A curvatura da superfície de


ruptura tem aqui maior
importância que no caso ativo
e é tanto mais acentuada
quanto maior for δ em relação à
, o que torna admissível a
aplicação da teoria de
Coulomb para o cálculo do
empuxo passivo, somente aos
solos não coesivos quando δ
≤ /3.
De acordo com Terzaghi o ângulo  (atrito entre o solo e o muro) pode
atingir os seguintes valores:
•  /2    2/3   Empuxo Ativo Normalmente usa-se
•    /3  Empuxo Passivo  = 2/3 

Partindo das condições de equilíbrio das três forças P, R, E, deduzem-se


analiticamente as equações gerais, para os empuxos ativo (Ea) e passivo
(Ep).
Se  =  = 0 e  = 90 a equação fica simplificada para o caso de
Rankine: um muro liso, vertical e com superfície do terreno
horizontal.
 .H 2 (1  sen  )  .H 2
EA   EA  . tan 2 (45   / 2)
2 (1  sen  ) 2


1
EP  . .H 2 .tg 2 (45   / 2)
 2



• Na prática podem ser usadas tabelas, como as de Krey, que


facilitam muito a determinação dos valores do empuxo.
• Os valores de KA e KP podem ser obtidos através de tabelas
específicas em função de valores de .
Tabela de Krey para o caso ativo de um muro com ângulo de paramento (α) e
terrapleno com horizontal (β=00)
TEORIA DE COULOMB –solos coesivos

Na aplicação da teoria de Coulomb aos solos coesivos, além das forças R (atrito) e
P (peso da cunha), deve-se considerar ainda as forças de coesão, S, ao longo
da superfície de deslizamento e de adesão, T, entre o terrapleno e a parede.
O problema consiste, pois, em procurar o máximo valor da força Ea que, com as
demais, feche o polígono das forças, as quais são conhecidas em grandeza e
direção: P, S e T, e apenas em direção: R e Ea.

https://www.youtube.com/watch?v=tCnTScTZlwo
As soluções de Coulomb e Rankine são analíticas, embora sob
conceituações distintas, são simples e de fácil utilização e são largamente
empregadas, apesar de algumas limitações de aplicabilidade em situações
práticas.

Diversas soluções gráficas (Poncelet, Culmann...) foram posteriormente


apresentadas procurando resolver o problema.

METÓDO GRÁFICO DE CULMANN

O método de Culmann procura determinar a força resultante de empuxo


para aterro com geometria irregular ou ainda carregado externamente.

Este método, na sua versão original, se aplica a solos não coesivos e


leva em consideração não só o ângulo de atrito do solo, mas também o
atrito entre solo e muro. O valor do empuxo é determinado fazendo-
se variar o ângulo de inclinação da superfície de ruptura, admitida
plana. Entre os valores obtidos, o maior deles é tomado como sendo
a resultante de empuxo procurada.
É um processo geral para o cálculo do valor do empuxo máximo (ativo), que
corresponde a superfície crítica de escorregamento.
Válido para qualquer superfície de terreno, sobrecarga e qualquer formato do
Tardoz

Passos:
1- traça-se AS inclinada de ϕ
(LTN)
2- traça-se a linha de
orientação AO (δ + ϕ)
3- traça-se 3 linhas prováveis
de ruptura AC, calculando-se
o peso de cada cunha de solo.
P = γ. área da cunha
4- marcam-se as distâncias Aa1, Aa2, e Aa3 proporcionais aos pesos das várias
possíveis cunhas de deslizamento Ac1, Ac2 e Ac3 (escolhe-se uma determinada
escala)
5- pelos pontos ai traçam-se paralelas a AO, determinando-se os pontos bi
6- liga-se por uma curva suave, os pontos ai obtendo-se a linha de Culmann
7- traça-se uma paralela a AS tangenciando a linha de Culmann obtendo-se o
maior valor ab, que corresponderá ao Ea máx
8- AC será a superfície de ruptura



6° 1°


Passos:
4- marcam-se as distâncias Aa1, Aa2, e Aa3 proporcionais
1- traça-se AS inclinada de ϕ
aos pesos das várias possíveis cunhas de deslizamento
(LTN)
Ac1, Ac2 e Ac3 (escolhe-se uma determinada escala)
2- traça-se a linha de orientação
5- pelos pontos ai traçam-se paralelas a AO, determinando-
AO (δ + ϕ)
se os pontos bi
3- traça-se 3 linhas prováveis de
6- liga-se por uma curva suave, os pontos ai obtendo-se a
ruptura AC, calculando-se o peso
linha de Culmann
de cada cunha de solo.
7- traça-se uma paralela a AS tangenciando a linha de
P = γ. área da cunha
Culmann obtendo-se o maior valor ab, que corresponderá
ao Ea máx
8- AC será a superfície de ruptura

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