AMBIÊNCIA EM EDIFICAÇÕES RURAIS Confort Animal
AMBIÊNCIA EM EDIFICAÇÕES RURAIS Confort Animal
AMBIÊNCIA EM EDIFICAÇÕES RURAIS Confort Animal
Impresso no Brasil
ISBN: 978-85-7269-393-6
Editora UFV
Edifício Francisco São José, s/n
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36570-000 Viçosa, MG, Brasil Tel. (0xx31) 3899-2234
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Ambiência em edificações rurais: conforto animal 5
SUMÁRIO
PREFÁCIO, 9
CAPÍTULO 1 - Introdução, 11
CAPÍTULO 2 - O Animal e o Ambiente, 13
CAPÍTULO 3- Homeotermia, 18
CAPÍTULO 4 - Mecanismos de Regulação da Temperatura
Corporal, 20
CAPÍTULO 5 - Calor Resultante do Metabolismo, 22
CAPÍTULO 6 - Caracterização da Zona de Conforto Térmico e das
Temperaturas Ambientais Críticas, 26
CAPÍTULO 7 - Dissipação do Calor Corporal, 30
CAPÍTULO 8 - Formas Sensíveis de Transferência de Calor Animal-
Ambiente, 33
Condução, 33
Convecção, 38
Radiação, 46
Lei de Kirchhoff, 49
Lei de Planck, 52
Lei de Wien, 53
Lei de Stephan Boltzmann, 54
CAPÍTULO 9 - Formas Latentes de Transferência de Calor Animal-
Ambiente, 57
CAPÍTULO 10 - Índices do Ambiente Térmico, 64
6 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
Quebra-ventos, 208
Modificações Ambientais Secundárias, 220
Iluminação (Fotoperíodo), 220
Resfriamento, 234
Aquecimento, 250
CAPÍTULO 18 - Controle da Qualidade do Ar, 254
CAPÍTULO 19 - Bases para um Programa de Bem-Estar Animal, 260
REFERÊNCIAS, 165
8 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 9
PREFÁCIO
O atual conhecimento sobre ambiência animal tem
permitido o desenvolvimento de processos de engenharia que se
tornam indispensáveis na moderna técnica das edificações rurais
para produção animal, principalmente no empreendimento
comercial, visando sempre o necessário conforto ambiental, para
animais e trabalhadores, onde é comum o excesso de calor e a
produção de contaminantes.
O estudo mais completo da ambiência animal abrange
todo o campo complexo da interação animal-ambiente-instalação,
com vistas a propiciar aos animais um ambiente saudável, para
que expressem o seu máximo produtivo.
As novas exigências mundiais de produção agrícola,
dentro de processo ético, cada vez mais se voltam para os
conceitos das boas práticas de produção, considerando a
segurança alimentar, o bem-estar do animal e do trabalhador, e o
respeito ao meio ambiente.
Os conhecimentos envolvendo o animal, no que se refere
aos mecanismos de regulação da temperatura corporal,
caracterização da zona de conforto térmico e das temperaturas
ambientais críticas e índices do ambiente térmico, assim como os
conhecimentos envolvendo a edificação e o ambiente, no que se
refere ao clima, fechamentos, ventilação, ruído, qualidade do ar e
acondicionamento térmico e modificações ambientais artificiais
das instalações, são bases para um programa de bem-estar
animal.
As bases de programas de bem-estar estão alicerçadas em
elementos que contribuem para a qualidade de vida dos animais,
principalmente possibilitando que estejam livres de medo,
angústia, dor, sofrimento, doenças, fome, sede e de qualquer
10 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
Os autores
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 11
CAPÍTULO 1
Introdução
O avanço tecnológico nos sistemas produtivos animais,
tanto do ponto de vista genético quanto do gerencial, faz com que
o meio ambiente adequado seja condição indispensável para que
os animais possam expressar o seu máximo produtivo, associado
ao seu bem-estar.
O meio ambiente é aqui definido como o conjunto de
todos os fatores que afetam direta ou indiretamente os animais.
Excetuando a alimentação e os agentes patógenos, de acordo com
os conhecimentos adquiridos até o presente, as variáveis que
causam os maiores efeitos sobre o bem-estar e,
consequentemente, sobre a produção do animal são a
temperatura, a umidade, a radiação e o vento, constituintes do
ambiente térmico. Deve-se projetar a instalação visando amenizar
os seus extremos, bem como possibilitar o controle da
luminosidade e da qualidade do ar, que são igualmente
importantes para maior produtividade animal.
O ambiente interno de uma instalação normalmente é
resultante das condições locais externas; das características
construtivas e dos materiais utilizados na construção; da espécie e
do número de animais; do manejo; e das modificações causadas
tanto pelos equipamentos componentes do sistema produtivo
quanto por aqueles destinados ao acondicionamento ambiental.
Nesta obra, busca-se apresentar a interação do animal
com o meio ambiente; os índices térmicos ambientais que
constituem o elo entre a necessidade animal e a condição
12 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
CAPÍTULO 2
O Animal e o Ambiente
O ambiente externo compreende todas as variáveis físicas,
químicas, biológicas, sociais e climáticas que interagem com o
animal, produzem reações no seu comportamento e definem,
assim, o tipo de relação animal-ambiente.
As variáveis físicas do ambiente incluem espaço, luz, som e
equipamentos; os gases presentes na atmosfera figuram como
exemplos de variáveis químicas; e a própria natureza do material
alimentar representa uma variável biológica do ambiente. As
variáveis sociais incluem o número de animais por área, o
comportamento e a ordem de dominância; e as variáveis
climáticas, a temperatura, a umidade relativa, o movimento do ar
e a radiação.
O animal porta-se como um sistema termodinâmico que,
continuamente, troca energia com o ambiente. Neste processo, os
fatores externos do ambiente tendem a produzir variações internas
no animal, influindo a quantidade de energia trocada entre
ambos, havendo, então, necessidade de ajustes fisiológicos para o
balanço de calor.
Os animais respondem às condições ambientais
desfavoráveis de diversas maneiras, destacando-se o movimento
ou reorientação. Considerando, por exemplo, que as plantas se
enraízam em seu ambiente e não podem movimentar-se ou
orientar-se de acordo com o sol forte ou os ventos frios, os
animais têm vantagem na relação com o ambiente externo. Isso
significa que o próprio animal tem a possibilidade de alterar seu
14 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
CAPÍTULO 3
Homeotermia
Para que a atividade celular seja normal, o animal precisa
ter seu ambiente interno estável com relação a flutuações externas,
processo definido como homeotermia, homeostase ou
homeocinese.
O animal homeotermo, ou homeotérmico, mantém a
temperatura do núcleo corporal dentro de limites relativamente
estreitos, mesmo que a temperatura ambiental flutue e que a sua
atividade varie intensamente, por meio de processos de aumento
ou diminuição do calor resultante do metabolismo e de
conservação ou dissipação do calor corporal para o meio
ambiente externo. Trata-se de um processo mais comum em
mamíferos e pássaros.
A temperatura do núcleo corporal do animal mantém-se
bastante estável, ou seja, não flutua rapidamente quando ocorrem
as flutuações ambientais. Porém, ocorrem variações de
temperatura nas diferentes partes do organismo do animal, as
quais são associadas ao fluxo de calor entre o animal e o
ambiente, estabelecendo-se um gradiente que depende da
temperatura do núcleo e das condições térmicas ambientais do
meio. A temperatura do núcleo corporal do homem pode ser
calculada pela equação (INGRAM; MOUNT, 1975):
Tc = 0,65 Tr + 0,35 Ts (3.1)
em que Tc é a temperatura do núcleo corporal; Tr, a temperatura
retal; e Ts, a temperatura da pele.
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 19
CAPÍTULO 4
Mecanismos de Regulação da
Temperatura Corporal
O animal homeotérmico tem um sistema de controle de
seu ambiente interno, que recebe continuamente informações de
vários sensores em níveis interno e externo do corpo. Esse
sistema, composto por mecanismos neurais, após analisar as
informações recebidas, toma a decisão adequada ativando
agentes específicos.
O cérebro e a espinha constituem o sistema nervoso
central. O cérebro contém os centros de percepção, associação e
pensamento, este último quando se trata de seres humanos, e
áreas específicas associadas à visão, à audição e ao movimento do
corpo.
Considerando as respostas do animal ao ambiente externo,
o hipotálamo, localizado no cérebro, é de particular importância,
porque contém o centro de regulação da temperatura, da ingestão
de alimentos e água, chamado de termostato do corpo. Abaixo do
hipotálamo, está a pituitária, que é uma das mais importantes
glândulas produtoras de hormônio no corpo.
Os hormônios produzidos pela pituitária são agentes
químicos no processo de regulação de temperatura. A partir desses
agentes, podem ser iniciadas as respostas fisiológicas e também
alteradas as taxas de determinadas reações. Os hormônios são
carreados pelo sangue para todo o corpo, o que facilita a
termorregulação.
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 21
CAPÍTULO 5
Q = a.Wb (5.1)
em que Q é a taxa metabólica-padrão, em kcal/hora; e W, o peso
do animal, em kg; quando a = 2.9 e b = 0,75.
O termo Wb é definido como tamanho ou peso metabólico
corporal.
Com base na equação 5.1, pode-se afirmar que um
grande animal homeotérmico produz mais calor que um pequeno.
A taxa de produção de calor metabólico basal de uma vaca com
600 kg é aproximadamente 380 J/s e a de um rato de 20 g, 0,2
J/s. Considerando a unidade de peso corporal, o mesmo rato
produz 10 J/s.kg e a mesma vaca, somente 0,6 J/s.kg, o que
significa que cada unidade de massa corporal do rato é muito
mais ativa metabolicamente quando comparada à da vaca. Outros
exemplos são apresentados na Tabela 5.1.
Aplicação
a) Determine a taxa metabólica basal, em kcal/hora, de uma vaca
de leite cujo peso corporal é 453 kg.
Q = 2,9 . W0,75 = 2,9 . (453)0,75
Q = 284 kcal/hora = 330 J/s (1 kcal = 4.186 J)
b) Determine a área superficial da vaca.
A = 0,13. W0,56 = 0,13 (453)0,56
A = 3,99 m2 ≈ 4,0 m2
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 25
CAPÍTULO 6
Caracterização da Zona de
Conforto Térmico e das
Temperaturas Ambientais Críticas
A caracterização do ambiente térmico animal envolve os
efeitos da temperatura, umidade, radiação e do vento e pode ser
feita por meio de uma única variável, que engloba o efeito
combinado de todas, chamada de temperatura efetiva.
Em determinada faixa de temperatura efetiva ambiental, o
animal mantém praticamente constante a temperatura corporal,
com mínimo esforço dos mecanismos termorregulatórios. É a
chamada Zona de Conforto Térmico (ZCT), dentro da zona de
termoneutralidade, em que não há sensação de frio ou calor e o
desempenho do animal em qualquer atividade é otimizado.
Rosenberg et al. (1983) referem-se à ZCT como zona de
indiferença térmica, em que apenas o metabolismo normal é
capaz de fornecer a energia necessária para manter a temperatura
corporal dentro da normalidade.
Porém, o ambiente térmico externo varia muito, o que
causa alterações na temperatura corporal do animal, ou seja, seu
ambiente térmico interno também sofre mudanças. Normalmente,
quando o ambiente térmico (temperatura do ar, umidade relativa,
ventilação e radiação) está fora da faixa que propicia a
termoneutralidade, ocorre variação na quantidade de calor
resultante de processos metabólicos do animal.
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 27
Adulto
Ovelha -20 15 a 30 35
Galinha 15 18 a 28 32
Bovino europeu -10 -1 a 16 27
Bovino indiano 0 10 a 27 35
Coelho 10 15 a 25 30
Caprino -20 20 a 30 34
Humano 14 19 a 24 27 a 32
Suíno
0-2 dias 20 32 a 35 38
2-4 dias 20 28 a 34 37
4-7 dias 16 25 a 31 35
7-35 dias 12 22 a 28 33
35-50 dias 8 18 a 21 30
Terminação 5 15 a 18 27
Final da gestação 4 10 a 15 27
Lactação 4 12 a 15 27
Fonte: CURTIS, 1983; HAFEZ, 1968; MOUNT, 1979.
30 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
Condução
A transferência de calor por condução exige contato entre
as superfícies ou substâncias cujas temperaturas devem ser
diferentes, isto é, deve haver um gradiente térmico entre as partes
consideradas. Por exemplo, a maior temperatura observada no
núcleo corporal é devida à maior atividade metabólica nessa
região. Essa energia, em forma de calor, gerada no núcleo
corporal, pode fluir para a superfície do corpo, caso seja verificado
um gradiente térmico interno entre as partes. E o calor também
pode fluir da superfície do corpo do animal para o ambiente, caso
este esteja mais frio, ou do ambiente para a superfície do corpo do
animal, se esta estiver mais fria, isto é, se for verificado um
gradiente térmico externo.
No fluxo de calor condutivo, uma molécula quente do
corpo considerado choca-se com uma molécula vizinha, fria, e
transfere parte da sua energia cinética a esta molécula e assim por
diante, tendendo ao equilíbrio.
A magnitude e a velocidade do processo de condução de
calor estão relacionadas com as características térmicas das partes
envolvidas. A condutividade térmica é o fator físico do fluxo de
calor por condução, o qual caracteriza a quantidade de calor
34 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
HTC cs ∆T se
= (8.1)
HTC se ∆T cs
Aplicação
Um porco está deitado em um piso de concreto, com 8 cm
de espessura, cuja temperatura superficial é 8 oC. Admitindo que a
área de contato seja de 3.000 cm2, que a temperatura da pele do
animal seja de 30 oC e que a condutividade térmica do concreto
38 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
Convecção
A convecção é uma forma sensível eficiente de
transferência de calor do animal para o ambiente. Nesse processo,
o ar em contato com uma superfície aquecida é também
aquecido, ocorrendo redução de sua densidade, o que causa a
movimentação deste ar próximo da superfície. Em razão da
movimentação do ar, há remoção de calor do corpo aquecido.
Para se ter ideia da grandeza desse processo, um homem,
cuja temperatura da pele está 10 oC acima da temperatura do ar,
dissipa calor por convecção na ordem de 30 a 40 W/m2 dos 50,5
W/m2 resultantes de seu metabolismo basal (MOUNT, 1979).
A transferência de calor por convecção ocorre por meio do
movimento convectivo do ar ou fluido, de um ponto que está em
temperatura mais alta para outro que está em temperatura mais
baixa, e por meio da mistura das partículas fluidas. A maioria dos
processos de troca de calor por convecção envolve fluido (gás ou
líquido) e superfície sólida.
A convecção difere da condução por haver translocação
de moléculas, bem como por depender da forma, do tamanho e
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 39
−3 v1 / 3
h = 6 ,2 × 10 × 2 / 3 (8.4)
d
em que h é o coeficiente de convecção, cal./(cm2. min. C); v, a
velocidade do ar, cm/s; e d, o diâmetro de cilindro, cm.
Nu =
(h . d ) (8.6)
K
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 41
Gr = a . g . d 3 .
(Ts − Ta ) (8.9)
ν2
ou
Gr = a . I 3 . g . ρ
(Ts − Ta ) (8.10)
µ2
Aplicação
1) Uma novilha com diâmetro de tronco igual a 1,10 m e
comprimento do corpo igual a 1,50 m está no interior de um
galpão onde a temperatura do ar é de 25 oC e a velocidade do
ar, 4 m/s. A temperatura da novilha medida na pele é de 30 oC.
Admitindo a troca de calor do animal para o ambiente somente
por convecção, calcular o calor perdido.
A temperatura média, considerando-se as temperaturas
dos meios que trocam calor, denominada temperatura de filme ou
de película (Tf), será expressa por:
Tf =
(Ta + Ts ) (8.17)
2
Tf =
(25 + 30 ) = 27 ,5 o
C = 300 ,5 K
2
Pela Tabela 8.4, tem-se:
ρ = 1,1774 kg/m3 µ = 1,983 x 10-5 kg(m.s)
ν = 16,84 x 10-6 m2/s K = 0,02624 W/(m.oC)
d 1.1
Re = V . =4. −6
= 2,613 x 105
ν 16 ,84 x10
Radiação
A radiação constitui outra forma sensível de troca de calor
por meio de ondas eletromagnéticas através de meio transparente
entre dois pontos ou mais, que se encontram em diferentes
temperaturas.
As ondas térmicas são geradas porque os átomos e as
moléculas de todos os corpos têm energia interna, sendo parte
desta transformada em energia radiante, emitida sempre que o
meio é transparente. Em outras palavras, o espaço está sempre
carregado de energia radiante em forma de ondas
eletromagnéticas, pois a sua emissão ocorre como resultado das
variações no conteúdo de energia dos corpos. Sempre que um
corpo recebe energia radiante, há acréscimo na sua carga interna
e, por essa razão, sua temperatura aumenta; da mesma forma, no
processo inverso, há redução da temperatura do corpo.
A quantidade e as características da energia radiante
emitida por um corpo dependem de sua natureza, de seu arranjo
microscópico e de sua temperatura absoluta.
Outra consideração importante é que a troca de energia
radiante entre dois corpos exige que o meio que os separa permita
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 47
Lei de Kirchhoff
Quando a radiação térmica incide sobre uma superfície,
parte dessa radiação incidente (I) pode ser refletida (Ir), absorvida
(Ia) e transmitida (It).
Desta forma, pode-se definir:
Refletividade (ρ): fração da radiação incidente refletida (Ir/I).
Absortividade (α): fração da radiação incidente absorvida pela
superfície atingida (Ia/I).
Transmissividade (τ): fração da energia incidente que passa
através da superfície (It/I).
Um corpo ideal, ou uma superfície que tem a capacidade
de absorver toda a radiação incidente (α = 1), é chamado de
corpo negro, porém, se é capaz de absorver somente parte da
radiação incidente, é chamado de corpo cinza ou opaco.
Com relação à radiação emitida, pode-se então definir:
Emissividade (εε): razão entre a densidade de radiação de um
corpo cinza e a de um corpo negro nas mesmas condições
determinantes do fluxo.
Se um corpo qualquer tem emissividade de 0,5, significa
que ele emite somente metade da radiação que seria emitida por
um corpo negro em condições similares.
A lei de Kirchhoff diz que “a capacidade de uma superfície
de absorver radiação é a mesma de emiti-la em iguais
temperaturas e igual comprimento de onda”. De acordo com essa
lei, em determinados comprimentos de onda e temperatura, a
emissividade de um corpo é igual à sua absortividade.
Essas características radiantes têm grande influência no
processo de troca de calor por radiação. Na Tabela 8.6, a seguir,
são apresentadas algumas características de corpos comuns; αa e
αb correspondem à absortividade diante da radiação de ondas
curtas e de ondas longas, respectivamente.
50 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
Lei de Planck
“A densidade do poder emissivo radiante de um corpo
depende grandemente de sua temperatura superficial.”
A temperatura da superfície do Sol é de aproximadamente
6.000 K e a da superfície da Terra, de 300 K; portanto, a
densidade do poder emissivo radiante do Sol é maior em todos os
comprimentos de onda, comparada à da Terra e à dos corpos em
baixa temperatura (Figura 8.2).
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 53
Lei de Wien
“A máxima emissão para um corpo negro é inversamente
relacionada com a temperatura absoluta de sua superfície.”
O comprimento de onda, em µm, relacionado com a
máxima emissão de um corpo pode ser calculado dividindo-se 2.897
pela temperatura absoluta da superfície (K). Dessa forma, para o Sol,
o comprimento de onda correspondente à máxima emissão é de
aproximadamente 0,5 µm e, para a Terra, de quase 10 µm.
54 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
75
76 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
76
Tabela 10.1 - Cont.
Umidade relativa (%) Vento (m/s)
Tbs
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0-3 4 8 12 16
38 33 35 37 40 44 (49) 0 0 0 +1 +2
39 34 36 38 41 46 0 0 +1 +2 +2
40 35 37 40 43 49 0 0 +1 +2 +3
41 35 38 41 45 0 0 +1 +2 +3
42 36 39 42 47 0 0 +1 +2 +3
43 37 40 44 49 0 0 +1 +2 +3
44 38 41 45 52 0 0 +1 +2 +3
45 38 42 47 0 0 +1 +2 +3
46 39 43 40 0 0 +1 +2 +3
79
80 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
CAPÍTULO 11
Condução
É o processo em que o calor é transferido de uma parte
para outra de um mesmo corpo, ou de um corpo a outro, caso
estejam em íntimo contato, em razão de um movimento vibratório
de moléculas. Essas moléculas, ao se chocarem com outras em
temperatura inferior, transferem-lhes parte de sua energia cinética.
Quanto mais elevada a temperatura, maior a velocidade das
moléculas e mais acelerada a transferência.
A magnitude e a velocidade do processo condutivo estão
relacionadas com as características térmicas das partes envolvidas.
A condutividade térmica é o fator que define o fluxo de
calor através de determinado material na unidade de tempo, por
unidade de espessura, por unidade de área do material e por
unidade de gradiente de temperatura. Pode ser expressa em
BTU/h.ft.oF (sistema inglês) ou em kcal/h.m.oC ou W.m/(m2 oC)
(sistema métrico).
86 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
∆T
q = K . A . (11.1)
∆x
em que q é o fluxo térmico por condução, kcal/h; K, a
condutividade térmica do meio, kcal/(m oC h); A, a área da
superfície por onde passa o calor, m2; ∆T, a diferença de
temperatura entre os dois pontos considerados na transmissão de
calor, oC; e ∆x, a espessura de material ou distância entre os dois
pontos onde as temperaturas foram medidas, m.
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 87
Material K
[kcal/(m.h.oC)]
- 1:4:12 (cimento:cal:areia, + 2% de água) 0,46
- 1:3 (cal: areia) 0,58
Borracha esponjosa 0,03
Cantaria de mármore 1,80 - 3,00
Cimento em pó 0,25
Cimento agregado 0,90
Cimento de gesso 0,29
Coberturas:
- de telha de barro 10,00
- de madeira + telha de barro 2,60
- de chapas de ferro + telha de barro 5,00
Concreto armado 0,70 - 1,21
Concreto celular 0,05 - 0,12
Cortiça moída 0,04
Cortiça expandida 0,03
Espuma rígida de poliuretano 0,02
Eucatex 0,04
Feltro de lã 0,04
Granito 1,50 - 3,50
Gesso 0,40
Gesso celular 0,04 - 0,07
Lã-de-rocha 0,02 - 0,05
Lã-de-vidro 0,02 - 0,11
Madeira 0,04 - 0,14
Papelão 0,07 - 0,09
Parede:
- de tijolos (novas) 1,20
- de tijolos (velhas) 0,84
- de tijolos (secas) 0,37
- de pedra arenosa 1,59
Continua...
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 89
Material K
[kcal/(m.h.oC)]
- de terra argilosa seca 0,45
- de terra argilosa úmida 2,00
- de madeira (1,5 cm de espessura) 2,88
- de concreto (5 cm), sem reboco 3,10
Plástico esponjoso 0,04
Poliestireno expandido 0,03
Serragem 0,06
Terra arenosa com 15% de água 0,79
Tijolos
- de carvão, 89% de C 1,36
- de cimento 1,00
- de argila úmida 1,00
- de argila (secagem natural) 0,34
- de argila (secagem mecânica) 0,42
Vidro 0,65
Vidro de quartzo 1,40
Fonte: COSTA, 1982; HOLMAN, 1983; NÃÃS, 1989.
T1 − T4
q= (11.5)
∆xA ∆xB ∆xC
+ +
K A . A K B . A KC . A
dT
qr = 2π K r L (11.8)
dr
Ti − Te
qe = 2π K r L (11.9)
r
ln e
ri
92 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
r
In e
Rt = ri (11.10)
2π K r L
Aplicação
1) Uma camada de 5 cm de amianto não compactado é
colocada entre duas placas que estão a 100 e 200 oC,
respectivamente. Calcular o calor transferido através do isolante
(HOLMAN, 1983).
T1 = 100 oC T2 = 200 oC
∆x = 5 cm K = 0,149 W/(m oC)
q T − T1 200 − 100
=K 2 = 0,149
A ∆x 0,05
q
= 298 W/m 2
A
∆ x 2 0,04
R2 = = 0,08333 (m 2 ⋅ oC)/W
K2 0,48
A resistência térmica total, sem considerar o isolamento de
lã-de-rocha, é:
R1 + R2 = 0,22619 (m2 . oC)/W
Para que o fluxo seja reduzido em 80%, a resistência
calculada acima corresponde a 20% do total que deverá ser
empregada. Logo:
0 ,22619 x100%
20%
(
= 1,13095 m2 . oC / W )
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 99
∆x 3
∴ 1,13095 - 0,22619 =
K3
∆x 3
0,90476 =
K3
∆X3 = 0,90476 . 0,065 = 0,059 m ≈ 6 cm
q 370 − 93
= 0 ,78 = 1440 ,4 W/m2
A 0 ,15
100 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
Convecção
É o processo em que o calor é transferido de uma parte
para outra de um fluido por um movimento relativo de suas
partículas, provocado por gradientes de pressão na massa fluida.
O diferencial de pressão é ocasionado pela diferença de
temperatura, causando variações de densidade nas partes
envolvidas e originando as correntes convectivas que removem o
calor.
A maioria dos processos de troca de calor por convecção
envolve um fluido (gás ou líquido) e uma superfície sólida. Como
exemplo pode-se considerar o resfriamento rápido de uma placa
de metal aquecida quando posicionada em frente de um
ventilador; na construção, o sólido seria representado por uma
parede e o fluido, pelo ar circundante.
Normalmente, o processo tem duas fases: na primeira, o
calor é transferido por condução, em razão do contato entre o
sólido e o fluido; na segunda, ocorre o movimento convectivo
ascendente ou descendente do fluido, em razão da variação de
sua temperatura e, consequentemente, de sua densidade.
Supondo que haja contato de determinada massa de ar
com uma parede, se a temperatura superficial da parede for mais
elevada, o ar se aquecerá, se expandirá, se tornará menos denso e
subirá, dando lugar à outra massa de ar com temperatura mais
baixa, causando correntes convectivas até que o equilíbrio seja
estabelecido.
A principal diferença entre esse processo e o de condução
é a translocação marcante das moléculas fluidas que transportam
o calor. Além disso, na convecção, o calor trocado depende muito
da temperatura da superfície do sólido, de sua forma, de suas
características superficiais e de seu tamanho, bem como da
viscosidade, da temperatura e da taxa de movimentação do fluido
envolvido. A convecção é o resultado do movimento
macroscópico das partículas do fluido, enquanto a condução
resulta do movimento microscópico das moléculas, ou elétrons
livres, que entram na constituição dos corpos.
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 101
ν Cp . µ
Pr = = (11.15)
α K
Xo 3 / 4 −1 / 3
Nu = 0 ,332 . Pr 1 / 3 . Re1 / 2 1 − (11.16)
X
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 105
g . β (Tp − T∞ ) . x 3
Gr = (11.19)
ν2
em que g é a aceleração da gravidade, m/s2; β , o coeficiente de
expansão volumétrica; igual ao inverso da temperatura ambiental
em K, 1/k; x, a distância medida a partir da borda de ataque da
placa, m; e ν, a viscosidade cinemática do fluido, m2/s.
2) Placa horizontal
a) face superior quente ou face inferior fria
Nu = 0,54 . Ra1/4 (11.21)
5 7
para 10 < Ra < 10
3) Placa inclinada
0,387 . Ra1/6
Nu = {0,825 + 9/16
}2 (11.24)
0,492
[1 + ]8/27
Pr
para Ra ≤ 109 e θ < 60o,
0,670 . Ra1/4
Nu = {0,68 + 9/16
}2 (11.25)
0,492
[1 + ] 4/9
Pr
para Ra ≤ 109 e θ < 60o, sendo g = g cos θ
4) Cilindro horizontal
0,387 . Ra1/6
Nu = {0,60 + 9/16
}2 (11.26)
0,559
[1 +
8/27
]
Pr
para 10-5 < Ra < 1012
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 107
5) Esfera
0,589 . Ra1/4
Nu = {2 + 9/16
}1 (11.27)
0,469
[1 +
4/9
]
Pr
para Ra ≤ 1011 e Pr ≥ 0,7
Aplicação
1) O ar a 20 oC, 14 kN/m2, escoa a 150 m/s sobre uma placa
plana de 1 m de comprimento, mantida em temperatura
constante de 150 oC. Qual a taxa de transferência de calor por
unidade de área da placa?
T∞ = 20 oC Tp = 150 oC
p = 14 kN/m2 v = 150 m/s
T∞ + Tp 20 + 150
Tf = = = 85 o C
2 2
Tf = 273 + 85 oC ∴ Tf = 358 K
h.L
Nu = ∴ h = 277 ,3 W/m2.o C
K
0,387 . Ra1/6
Nu = {0,825 + 9/16
}2 = 690
0,492
[1 + ]8/27
Pr
Nu . K
h= = 4 ,63 W /m2 oC
x
q = h . A (Tp - T∞) = 4,63 . (4 x 6) (60 – 10) = 5 556 W
- K . A (TB − TA )
q=
∆x
− K . A (TB − TA )
q = h1 . A (T1 − TA ) = = h2 . A . (TB − T2 )
∆x
T1 − T2 T1 − T2
q= =
Req 1 ∆x 1
+ +
h1 . A K . A h2 . A
ou
q = (T1 – T2) . U . A
Radiação
Todos os conceitos básicos relacionados no estudo da
transferência de calor entre animal e ambiente, por meio da
radiação, também são aplicáveis às trocas de calor por radiação,
que ocorrem entre materiais e na construção como um todo.
Conhecer as propriedades do material de construção
relacionadas com a transmissão de calor por radiação é de
fundamental importância. Por exemplo, em temperatura
ambiente, o material metálico possui emissividade entre 0,00 e
0,30, sendo os menores valores correspondentes às superfícies
mais polidas. O não metálico possui emissividade entre 0,85 e
1,00. Essa característica é própria da camada superficial do
material emissor, fato que deve ser frisado em face da diversidade
de recobrimentos ou capeamentos a que podem ser submetidos os
materiais. Outro fator importante é a temperatura do material, que
influi muito na quantidade de energia emitida. Por exemplo, um
material cuja emissividade é 0,90, a 20 oC, emite 378 W/m2 e, a
40 oC, emite 492 W/m2.
Essa emissão de radiação térmica abrange ondas
eletromagnéticas cujos comprimentos estão entre 0,1 e 100 µm, o
que indica que está contida na faixa dos ultravioleta e
infravermelhos. Um radiador ideal, ou seja, um corpo negro, emite
energia numa taxa proporcional à quarta potência da sua
temperatura absoluta. Quando troca calor por radiação com outro
corpo, a troca líquida pode ser quantificada por:
q = σ . A . (T14 – T24) (11.28)
em que q é a taxa de transferência de calor, W; σ, a constante de
Stephan-Boltzmann = 5,67 x 10-8 W/(m2 . K4); A, a área envolvida
no processo, m2; e T1 e T2, as temperaturas das superfícies
envolvidas no processo, K.
Aplicação
1) Duas placas negras e infinitas a 800 e 300 oC, respectivamente,
trocam calor por radiação. Calcule o calor trocado por unidade
de área.
116 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
q = σ . A . (T14 – T24)
q
= 5,67 x 10 − 8 [(800 + 273)4 − (300 + 273)4 ]
A
q
= 69072,73 W / m2
A
q = σ . A . (T14 – T24)
9579,1 = 5,67 x 10-8 [7734 – T34] ∴ T3 = 659 K = 386 oC
Evaporação e Condensação
Em épocas de chuva, pode ocorrer grande penetração de
água no interior das edificações por meio dos telhados, das fendas
nas janelas e divisórias, ou por meio de migração da água do solo
para pisos e paredes.
A concentração de umidade no interior de uma edificação
pode ainda aumentar em razão de processos fisiológicos animais,
como a eliminação de água através da respiração e transpiração
dos ocupantes. Além disso, cozinhas e banheiros dão
contribuições significativas ao total da umidade verificada no
ambiente em razão da frequência de cozimentos e lavagens.
A concentração de umidade em níveis elevados é
prejudicial à saúde e ao conforto dos habitantes, além do dano
material da construção, com consequente perda da estética. Pode
ocorrer o desenvolvimento de diversos micro-organismos nas
superfícies, o que não só exala odor desagradável, como também
pode aumentar a frequência e a severidade de doenças, como o
reumatismo.
Ocorrem danos como redução da resistência térmica do
material da construção, por excesso de umidade; eflorescência de
sais solúveis nas superfícies; variações de cor; manchas na pintura;
empenamento e apodrecimento de madeiras; corrosão de metais;
amolecimento de rebocos de gesso e cal; desintegração da cola de
painéis laminados etc.
118 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
Condensação
Quando o ar saturado de vapor d’água entra em contato
com uma superfície cuja temperatura está abaixo do seu ponto de
orvalho, o excesso de vapor se condensa sobre a superfície. Se a
superfície é impermeável, o processo é denominado condensação
superficial; se é porosa, ocorre difusão da umidade para o interior.
Como a condensação do vapor libera, para a superfície de
contato, cerca de 585 cal por grama de água, na forma de calor
latente, há aumento da temperatura superficial na proporção da
taxa de condensação.
Holman (1983) trata esses processos como convectivos
associados à mudança de fase do fluido. Define condensação em
película como a que resulta na formação de uma fina película de
líquido sobre a superfície e condensação em gotas como a que
resulta em pontos de nucleação sobre a superfície. Esta última
envolve maior taxa de transferência de calor, pois grande parte da
área da superfície fica exposta. O mesmo autor fornece algumas
relações para a estimativa do coeficiente médio de transferência
de calor por convecção (h), na condensação, com o objetivo de
determinar posteriormente o calor trocado.
Por exemplo, para uma placa plana vertical, em
determinada temperatura (Tp) e em contato com vapor saturado
em temperatura de saturação (Tg), podem ser definidas as
seguintes relações:
Tp + Tg
Tf = (11.32)
2
q = h . A . (Tg – Tp) (11.33)
3 1/ 4
ρI (ρI − ρv) g . hIv . K f
h = 0 ,943 (11.34)
L . µ f (Tg − Tp )
120 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
= h . A . (Tg − Tp )
q
m=
hlv
Aplicação
1) Uma placa vertical de 30 cm de largura por 1,2 m de altura é
mantida a 70 oC e em contato com vapor saturado de 1 atm.
Calcular o calor transferido e a massa total de vapor
condensado por hora.
Para essas condições:
Tg = 100 oC
T + Tg 70 + 100
Tf = p = = 85 o C
2 2
Assim, da Tabela 11.3, tem-se:
µf = 4,07 x 10-4 kg/(m . s) Kf = 0,664 W/(m . oC)
ρl = 958 kg/m3 ρv = 0,596 kg/m3
124 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
Aplicação
1) Para dada mistura de ar, a temperatura de bulbo seco é de
20 oC e a temperatura de bulbo úmido, de 15 oC. Determinar,
por meio de carta psicrométrica, os valores da umidade
relativa, a razão de mistura, o volume específico e a quantidade
de umidade por metro cúbico.
a) o ponto é locado na carta pela interseção das linhas de
temperatura de bulbo seco (tbs) e temperatura de bulbo
úmido (tbu);
b) a umidade relativa (UR) no ponto marcado é de 60%;
c) uma horizontal imaginária para a direita, a partir do ponto,
determina, no eixo das ordenadas, uma razão de mistura de
8,8 gramas (g) de vapor d’água por kg de ar seco;
d) o volume específico, também obtido por interpolação de
acordo com a localização do ponto entre as linhas de
valores constantes, é 0,842 m3 por kg de ar seco; e
e) a quantidade de umidade por m3 de ar é calculada
dividindo-se a razão de mistura pelo volume específico:
8 ,8
= 10,45 g de vapor d’água/m3 de ar
0 ,842
Condensação – Prevenção
Givoni (1969) afirma que na alvenaria de tijolos maciços,
o melhor meio de prevenir a condensação é a qualidade dos
tijolos. Porém, proteção com lâminas plásticas pode ser uma
alternativa, embora não muito eficiente. Vãos livres entre paredes
e mesmo algumas cavidades devem ser recobertas com material
isolante. Revestimento à prova d’água, como parafina, pintura de
cimento ou silicone, também podem ser empregados. Material
com adequada resistência térmica ajuda a manter as temperaturas
das superfícies internas acima daquela do ponto de orvalho do ar
interior e, ainda, superfícies absorvedoras adaptadas aos painéis
podem reduzir muito a condensação. A ventilação direcionada
age para minimizar a elevação da pressão de vapor acima do nível
interno e permite evacuar o vapor do ambiente; este é
considerado o melhor procedimento.
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 129
CAPÍTULO 12
O Clima
Clima é o conjunto de fenômenos meteorológicos que
define a atmosfera de determinado local.
Vianello e Alves (1991) definem o tempo meteorológico
como a soma total das condições atmosféricas de um local, em
determinado tempo cronológico, ou seja, o estado instantâneo da
atmosfera. O clima integra as condições de tempo para certo
período, em dada região.
O clima de uma região é determinado pelos modelos de
variação de elementos, como radiação solar, radiação de ondas
longas, temperatura e umidade do ar, ventos e precipitação e,
ainda, pelas combinações entre eles.
Podem ser mencionadas as seguintes referências sobre
clima:
• Thornthwaite define clima como a interação de fatores
meteorológicos que concorrem para dar, a uma região, caráter e
individualidade.
• Koeppen afirma que clima é o somatório das condições
atmosféricas que fazem um lugar da superfície terrestre ser mais
ou menos habitável.
• Hann diz que clima é o conjunto dos fenômenos meteorológicos
que caracteriza o estado médio da atmosfera em um ponto da
superfície terrestre.
130 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
Conceitos Básicos
O Sol é o astro mais próximo da Terra. É uma massa
gasosa constituída de 75% de hidrogênio, 23% de hélio e 2% de
outros gases. Sua superfície é chamada fotosfera, cuja
temperatura é de, aproximadamente, 6.000 K; seu diâmetro perfaz
1.400.000 km (VIANELLO; ALVES, 1991).
A Terra é o terceiro planeta do sistema solar por ordem de
distância do Sol, aproximadamente 150 x 106 km.
Enquanto efetua seu movimento de translação em torno do
Sol, movimento que define um plano aproximadamente circular de
trajetória ou órbita chamado de eclítica, a Terra também gira em
torno de seu eixo, definindo o movimento de rotação, que é
responsável pela sucessão dos dias e das noites. O eixo polar da
Terra está inclinado num ângulo de 66o33’ com relação ao plano
da eclítica. Dessa forma, a Terra recebe de forma diferenciada, ao
longo de ciclos definidos, a energia radiante do Sol.
Esses movimentos caracterizam o número de horas de
luminosidade (dia), de escuridão (noite) e as estações do ano
observadas na Terra. A rotação consome cerca de 24 horas e
132 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
z + e = 90o (12.2)
sen e = cos z (12.3)
sen e = sen φ sen δ + cos φ cos δ cos h (12.4)
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 135
Aplicação
1) Utilizando a equação de Cooper (12.8), determinar a
declinação do Sol no dia 21 de fevereiro.
360
δ = 23,45 o sen . (284 + n)
365
n = 31 (número de dias do mês de janeiro) + 21 (número
de dias contados no mês de fevereiro para a data pedida)
360
δ = 23,45 o sen . (284 + 52)
365
360
δ = 23,45 o sen . (284 + 30) = − 18,4 o
365
Aplicação
1) Uma habitação tem a cumeeira do telhado no sentido sudeste-
noroeste, num local cuja latitude (φ) é 15oS. O ângulo de
inclinação do telhado (β) com relação à horizontal é 30o.
Calcular o ângulo de incidência (i) dos raios solares sobre a
150 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
CAPÍTULO 13
Os Fechamentos Opacos
Uma habitação tem como finalidade principal a proteção
dos ocupantes contra o desconforto causado por intempéries,
como chuva, neve, granizo, neblina, vento, insolação, variações
de temperatura etc. A radiação solar incidente, os processos de
geração de calor e as trocas térmicas são fatores que afetam a
temperatura interna e, consequentemente, o conforto térmico.
As trocas de calor entre os ambientes externo e interno
ocorrem por meio dos componentes das edificações, isto é,
paredes, portas, janelas, teto e piso, constituídos por material
opaco e transparente.
São denominados opacos todos os materiais que não
deixam passar luz; normalmente são escuros, sombrios e turvos.
Na Figura 13.1, representa-se uma parede opaca exposta à
radiação solar, dividida em diferentes formas, e a um diferencial
de temperatura entre o ambiente interno e o externo.
O estudo do comportamento dos materiais opacos nas
solicitações térmicas do meio externo, principalmente diante da
radiação solar, é relevante, uma vez que, em diversidade muito
grande, é utilizado para fechamento das construções e, assim,
exposto à ação desse fator climático.
Uma fração da radiação solar incidente é refletida no
ambiente e é dependente do coeficiente de reflexão do material.
Uma outra fração é absorvida pelo material, resultando em energia
acumulada a ser dissipada tanto para o interior quanto para o
exterior, por meio de processos condutivos, convectivos e radiativos.
152 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
CAPÍTULO 14
Os Fechamentos Transparentes
É caracterizado como transparente todo material que se deixa
atravessar pela luz, permitindo a visão de objetos, ou seja, que
deixam distinguir objetos através de sua espessura. Nesta classe, tam-
bém se enquadram os translúcidos, isto é, os que deixam passar a luz
sem permitir a visão de objetos. Os tipos mais comuns são os vidros,
cujo registro de utilização data de 2.300 anos a.C., embora seu uso
específico em construções não tenha sido registrado até próximo do
tempo de Cristo. Atualmente, são usados de forma parcial ou integral
nas construções, para permitir a iluminação natural do espaço interior
e estabelecer uma conexão visual com o exterior. Possuem vantagens
como permitir a redução na quantidade de energia necessária para
iluminação, além de proporcionar aquecimento de interiores através
da penetração da radiação solar de ondas curtas e retenção de
radiação de ondas longas. Porém, podem constituir ponto negativo
na construção, uma vez, que, quando comparados com chapas de
cor clara de mesma dimensão, deixam passar até dez vezes mais
radiação solar, mais ruído e são de custo mais elevado.
A principal propriedade do vidro quanto ao comportamento
diante da radiação é a transmissividade (τ), que, como já definido
anteriormente, corresponde à fração da energia incidente que passa
através da superfície. Em material transparente, a soma da absor-
tividade (α), refletividade (ρ) e transmissividade (τ) deve ser igual a 1.
Um aspecto importante a ser considerado é o cuidado na
utilização desse tipo de fechamento nas edificações, visto que um
projeto exagerado pode aumentar muito o consumo de energia, por
158 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
Aplicação
O raio de sol incidente faz um ângulo de 60o com uma
janela de vidro claro, de 4 mm de espessura. A intensidade da
radiação é de 600 W/m2, a temperatura do exterior é de 32 oC e a
do interior, de 22 oC. Calcular a temperatura do vidro.
α .Iδ = (tv – to) . hso + (tv – tr) . hsi
Iδ = I x cos I ⇒ Ιδ = 600 x cos 60 o ⇒ Ιδ = 300 W/m2 ∴
0,08 x 300 = (tv – 32) x 15 + (tv – 22) x 10
24 = 15 tv – 480 + 10 tv – 220
25 tv = 724
tv = 28,9oC
CAPÍTULO 15
Ventilação
O aquecimento do ar de um ambiente construído
normalmente ocorre por causa da incidência de raios solares. Um
dos meios de amenizar o desconforto causado aos habitantes desse
ambiente é provocar o deslocamento das massas de ar quente. Isso
significa renovar o ar por meio de formas adequadas de ventilação, o
que é de extrema importância, visto que até uma simples atividade
biológica provoca consumo de oxigênio e desprendimento de gás
carbônico, alterando a constituição do ar.
Além dos gases N2, O2, CO2 e do vapor de H2O, ainda fazem
parte da constituição do ar a poeira, os micro-organismos e os
odores. O CO2 não é um gás tóxico, mas sua presença indica
redução do oxigênio, o que é prejudicial à saúde. Dessa forma,
aconselha-se 0,1% como o máximo de anidrido carbônico para o ar
destinado à respiração; sendo que 10% já provoca asfixia e
aproximadamente 15% causa morte. Sendo o ar contaminado, a
ventilação é de grande importância, pois promove a diluição dos
contaminantes até limites higienicamente admissíveis.
Outro aspecto que reforça essa importância é o efeito
benéfico da ventilação na remoção do vapor d’água, proveniente da
transpiração dos ocupantes de uma habitação, dos processos de
cozimento de alimento, de lavagens, banhos etc., que causa todos os
inconvenientes mencionados quando do estudo da condensação.
Ainda há que se considerar que a ventilação exerce função
higiênica, uma vez que elimina odores locais nocivos à saúde. Nesse
caso, a ventilação mínima necessária em interiores deve estar dentro
164 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
Ventilação Natural
O movimento normal do ar ocorre em razão das diferenças
de pressão causadas pela ação dinâmica do vento – ventilação
dinâmica, ou das diferenças de temperatura entre dois meios
considerados – ventilação térmica. Isso significa que as forças
naturais disponíveis para mover o ar fora, através e dentro das
166 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
Q2 (Ti − To )
= θ . 2 .g .H
2
(15.5)
A Ti
Considerando iguais as áreas de entrada e saída, a
equação 15.5 pode ser convertida em:
1/ 2
Q Ti
A= . (15.6)
θ 2.g.H (Ti − To)
Se a área de entrada for diferente da de saída, deverá ser
feito um ajuste no fluxo, com auxílio da Figura 15.8.
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 175
Aplicação
sendo:
θ = 0,63 (valor considerado) g = 9,81 m/s2
12
H = (3,0 - 0,40) + x 40% = 2,60 + 2,40 = 5 m
2
Ti = 20 oC + 273 = 293 K To = –5 oC + 273 = 268 K
Ventilação Artificial
A ventilação artificial (mecânica) é produzida por
dispositivos especiais que requerem energia, especialmente a
elétrica, para o seu funcionamento como exaustores ou
ventiladores. É adotada sempre que os meios naturais não
proporcionam adequada renovação do ar ou, ainda, por
segurança, quando a circulação natural é precária.
A ventilação artificial possibilita o tratamento do ar (filtragem,
secagem, umidificação) e a sua melhor distribuição no ambiente.
A principal vantagem do sistema mecânico de ventilação é o
controle da taxa de ventilação com ventilador de adequada capa-
cidade, com entradas de ar bem localizadas, nas dimensões corretas.
A ventilação artificial pode ser local exaustora ou geral
diluidora. No primeiro caso, o ar contaminado é capturado antes
de se espalhar pelo recinto e, no segundo, o ar da ventilação é
misturado com o ar viciado do ambiente até limites admissíveis de
diluição do contaminante.
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 183
Ventiladores
O ventilador é uma bomba de ar para vencer as pressões
de resistência impostas pelos dutos e demais equipamentos do
sistema de ventilação. É usado par criar diferença de pressão entre
o exterior e o interior, incrementando a movimentação do ar.
A energia mecânica do ventilador é fornecida pelo motor
elétrico. Esse motor deve ser dimensionado para imprimir a
rotação e a potência necessárias para o alcance da vazão de ar
que vencerá as pressões de resistência do conjunto.
Existem no mercado diversos tipos de ventiladores, que
variam na capacidade de agir contra pressões específicas.
De modo geral, a capacidade do ventilador é proporcional
à sua rotação; a pressão, ao quadrado de sua rotação; e a sua
potência, ao cubo de sua rotação.
Pode-se observar que os ventiladores são componentes
essenciais do sistema de ventilação mecânica e, por isso, além de
passarem por criteriosa seleção, devem ser corretamente utilizados.
Aqueles instalados em construções para animais são sujeitos a vários
tipos de danos, como corrosão e exposição à poeira. Devem, pois,
ser fabricados especialmente para esse fim, com proteções especiais.
Os ventiladores devem estar bem localizados na construção
para que a eficiência do sistema seja maior, isto é, devem estar a
sota-vento da construção, na borda oposta à proteção de onde sopra
o vento, para evitar interferência do ar externo. Se por algum fator,
estrutural ou de outra ordem, não for possível locá-los bem, devem
ser providenciados ventiladores com adequada capacidade para
vencer as pressões que aparecem a barlavento.
186 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
8 . Q2 . γ
Pd = (15.10)
g . D4 . π 2
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 187
Aplicação
Determinada instalação animal necessita de uma taxa de
ventilação (Q) de 9,44 m3/s ou 20.000 cfm, e a velocidade de
entrada do ar (V) deve ser de 4,57 m/s ou 900 ft/m. Selecionar
ventiladores e determinar a área de entrada do ar para que os
requisitos de ventilação sejam atendidos.
Em função da taxa de ventilação e pela Tabela 15.3, tem-se:
a) Um ventilador de diâmetro de 24 polegadas, operando a 1.725
rpm, produz uma taxa de ventilação de 5.100 cfm. Logo, serão
necessários quatro desses para a taxa de ventilação requerida:
4 x 5.100 cfm = 20.400 cfm
b) Determinação da área de entrada do ar (A):
Q 9 ,44
A= = = 2,066 m 2
V 4 ,57
192 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
CAPÍTULO 16
A Edificação e o Ambiente
A interação entre a edificação e o ambiente é muito
complexa, uma vez que não se trata de um ponto ou um plano,
mas, sim, de um volume sob a ação das diversas variáveis
ambientais.
Há uma enorme quantidade de variáveis que afetam as
condições térmicas de uma edificação; são características de cada
região, resultando em estruturas termicamente diferentes, com
formas variadas. Indicadores como temperatura do ar, umidade
relativa do ar e regime de ventos, além da ocorrência frequente de
cada um destes, devem ser do conhecimento do projetista para
que possa definir a perfeita interação entre a edificação projetada
e o ambiente. Os mais importantes passos a serem dados para
alcançar esse objetivo são a correta orientação da construção e a
definição de forma adequada para cada caso especificamente.
A solução arquitetônica certa contribui para que menor
número de planos da habitação fique sujeito à radiação solar
excessiva, aos ventos e à poeira em suspensão; esta última é
muito comum no clima seco.
Rivero (1986) ainda comenta que a inércia térmica global
do edifício ou dos materiais que o compõem figura como variável
de extrema influência no comportamento térmico do espaço,
como no amortecimento das variações bruscas de temperatura
que ocorrem externamente. Conhecendo bem esta característica,
o projetista planeja uma estrutura de forma que o calor que
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 193
CAPÍTULO 17
Modificações Ambientais
Com base no fato de que as várias características do
ambiente podem favorecer ou prejudicar o desempenho do animal,
facilitando ou inibindo os processos produtivos e reprodutivos,
atualmente o manejo do ambiente tem sido amplamente estudado.
Esse manejo engloba as várias estratégias usadas para
remediar os problemas da relação animal-ambiente, isto é,
processos artificiais para atenuar a ação de elementos danosos aos
animais, presentes no ambiente natural. Apesar da adequabilidade
de alguns ambientes naturais, algumas modificações sempre são
necessárias.
Há duas classes de modificações ambientais: as primárias
e as secundárias. As primárias são aquelas de simples execução
e que permitem proteger o animal durante período de clima
extremamente quente ou extremamente frio, ajudando-o a
aumentar ou reduzir sua perda de calor corporal. Podem ser
citadas como principais as coberturas para sombra, os quebra-
ventos e a ventilação natural. As modificações secundárias
correspondem ao manejo do microambiente interno das
instalações do sistema de confinamento parcial ou total.
Geralmente envolvem alto nível de sofisticação e compreendem
processos artificiais de ventilação, aquecimento e refrigeração,
isoladas ou conjugados. Há aspectos positivos nesses tipos de
modificação, como economia de espaço físico, disponibilidade de
mão de obra e regulamentação da proteção ambiental; porém,
figura como aspecto negativo o grande consumo de energia, às
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 195
Orientação da Cobertura
A orientação da cobertura é uma decisão muito
dependente do clima local, sendo mais importante em
alojamentos abertos para garantir ou não a insolação interna.
Como os fatores ambientais não são estáticos, para
diminuir a insolação no interior da construção a cobertura deve
ser projetada de acordo com as condições ambientais locais,
considerando-se a época do ano e a hora do dia em que a
irradiância solar global é mais alta, quando as temperaturas do ar
são elevadas e os animais necessitam de maior proteção.
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 203
Altura da Cobertura
A localização do Sol no céu determina onde é projetada a
sombra da cobertura. Os animais se acomodam à sombra e não
necessariamente debaixo da cobertura. Kelly et al. (1950)
apresentam uma aproximação gráfica para a estimativa da
localização da sombra de uma cobertura, quando a elevação e o
azimute solares são conhecidos (Figura 17.4).
O gráfico foi construído para uma cobertura de 0,30m (1
pé) de altura, para a qual são determinadas as distâncias norte-sul
e leste-oeste de localização da sombra, contadas a partir das
bordas da cobertura, ou seja, os fatores “K” do gráfico.
Multiplicando os valores encontrados para o fator K pela altura
real da cobertura, têm-se, então, as distâncias das linhas que
definem o contorno da sombra.
Dependendo da posição de incidência dos raios solares, o
tamanho da sombra em projeção sob uma cobertura horizontal
fina e baixa é exatamente o mesmo da cobertura. Os autores
verificaram também que, apesar de o seu tamanho não variar, a
sombra se move numa taxa exatamente proporcional à altura da
cobertura, em razão do movimento relativo ao Sol. Para as
coberturas inclinadas de uma água, a sombra projetada varia em
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 205
Aplicação
1) Uma cobertura horizontal mede 4 m de largura, 10 m de
comprimento e 2 m de altura, orientada para leste-oeste. Para
a localização geográfica de 40oN 88oW, em 21 de agosto, às 10
horas (tempo legal), a elevação solar é de 53o e o azimute
solar, 310o, medido no sentido horário, a partir do sul.
Determinar o tamanho da sombra projetada por essa
cobertura.
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 207
360
δ = 23,45 . sen . (284 + n)
365
n = número de dias contados até 15 de novembro = 319
208 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
360
δ = 23,45 . sen . (284 + 319) = − 19,1478 o
365
h = (hora – 12) x 15O = (10 – 12) x 15 = – 30
φ = 20O45’ S = 20,75o (Viçosa-MG)
cos z = sen φ sen δ + cos φ cos δ cos h
cos z = sen (–20,75) sen (–19,1478) + cos (–20,75) cos (–
19,1478) cos (–30)
cos z = 0,8812 z = 28,208o
z + e = 90o e = 90 z = 90 – 28,223 = 61,792o
cos z sen φ − sen δ
cos a =
sen z cos φ
Quebra-Ventos
O vento pode ser definido como a movimentação natural
das massas de ar. Esse movimento é utilizado para a ventilação
natural de habitações, por meio dos processos mencionados no
estudo de ventilação: ação dos ventos e efeito chaminé.
Dependendo da ação e das características do vento, podem
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 209
Vento
Vento
Desenrolado
Combustível
Ornamental
Temperado
Subtropical
Decorativa
800-1.000
600-800
Sombra
Serrada
>1.000
Cortina
Néctar
Postes
Pólen
Espécies
> 24
9-24
<9
Syncarpia 1 1 - 1 1 - - 1 1 1 2 1 - - - - 2 -
glomulifera
(laurifólia)
Tristania 1 1 - 2 1 - 2 1 1 1 1 1 - - - - 1 -
conferta
Eucalyptus 1 1 2 2 1 - - 1 1 1 1 1 - 1 - 2 2 -
acmentoides
Eucalyptus 1 1 1 1 - - 1 - 1 2 1 x - - - - 2 2
cinerea
Eucalyptus - 2 - 2 1 - - 1 2 2 2 1 - 2 - - - -
cloeziana
Eucalyptus 1 1 2 1 1 - - 1 1 2 2 1 2 1 - 1 1 -
maculata
Eucalyptus 1 1 - 2 1 - - 1 1 2 1 1 - - - 1 2 -
microcorys
Eucalyptus 2 1 1 1 - - 1 - 1 2 2 2 - 2 - 1 2 -
moluccana
Eucalyptus 1 1 - 1 1 - - 1 2 2 2 1 - 1 - 1 1 2
paniculata
Eucalyptus 1 1 - 2 1 - - 1 1 2 1 1 - 1 - 2 2 -
pilulares
Eucalyptus 1 1 - 2 1 - - 1 1 1 1 1 - - 2 - 2 -
resinifera
Eucalyptus 1 1 - 2 1 - 1 1 1 1 1 2 - - - - - -
robusta
Eucalyptus 1 1 - 2 1 - - 1 1 2 2 1 - 2 2 2 - -
saligna
P. elliotti 1 2 - 1 1 - - 1 2 - 1 1 - 1 - 2 - 2
P. taeda 1 2 - 1 1 - - 1 2 - 1 1 - 1 - 2 - 2
1: Própria para a categoria indicada na coluna.
2: Menos própria para a categoria indicada do que a classificada com 1.
x: Não deve ser utilizada na categoria indicada na coluna.
-: Sem indicação.
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 219
Aplicação
Calcule a iluminação necessária a um galpão para
avicultura de corte, com comprimento de 104 m, largura de 8 m
(área de 832 m2) e pé-direito de 3 m.
232 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza
Resfriamento
A manutenção ou mesmo o aumento da produção animal
pode ser evidente se as técnicas de manejo, relacionadas com o
condicionamento do ambiente térmico, forem adotadas. Com o
objetivo de interferir no ambiente natural e impedir o estresse
calórico dos animais, vários artifícios podem ser utilizados, como a
ventilação, o resfriamento de elementos construtivos como as
coberturas, o resfriamento do próprio animal e o resfriamento do
ar ambiente. Todos eles, de forma geral, produzem benefícios
adicionais.
A ventilação com o objetivo de facilitar a dissipação de
calor corporal, começou a ser objeto de pesquisa, durante dois
verões, por Ittner et al. (1957), que conduziram experimento na
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 235
(a)
(b)
Aplicação
1) Determinar a quantidade de calor sensível removido de 30 m3
de ar, inicialmente a 40 oC e 30% de umidade relativa,
resfriado para 25 oC, sem variação no conteúdo de umidade
(resfriamento sensível).
Pela carta psicrométrica, como está representado na Figura
17.15, observa-se que as propriedades da mistura ar-vapor são as
seguintes:
Aquecimento
Em muitas empresas agropecuárias, como unidades de
produção de leite, unidades de crescimento inicial de suínos,
instalações para aves (incubação e crescimento inicial), casas de
vegetação, sistemas de secagem de grãos, armazenamento de frutas e
vegetais, são necessários, de forma contínua, ou mesmo em algumas
épocas do ano, alguns equipamentos destinados ao aquecimento do
ar. Isso visa adequar a temperatura do ar para maior conforto e
produção de animais e plantas e, em alguns casos, como nos
sistemas de secagem de grãos, retirar a umidade do ar.
O processo termodinâmico de aquecimento do ar pode
também ser acompanhado na carta psicrométrica (Figura 17.25), que
mostra o aquecimento sensível do ar. Esse aquecimento consiste em
adicionar calor ao ar sem variar sua razão de umidade.
O aquecimento do ar sem uma variação no conteúdo de
umidade envolve uma variação no conteúdo do calor sensível, mas
não no conteúdo de calor latente. O aquecimento sensível ocorre em
instalações animais quando, por exemplo, um aquecedor é usado
para aquecer o ar. Um processo mais complexo de aquecimento
conjugado com a umidificação (latente) pode ocorrer quando o ar
atravessa uma instalação ocupada por animais.
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 251
CAPÍTULO 18
Controle da Qualidade do Ar
Reduzidas taxas de ventilação podem contribuir para o
aumento da concentração de poluentes do ar no ambiente animal.
São considerados contaminantes os gases e as partículas
de matéria que dão origem a ambiente químico, em contraste com
o ambiente térmico. Os contaminantes gasosos são gerados pela
decomposição do esterco, além da contribuição de CO2 (dióxido
de carbono), pelos monogástricos, e de CO2 acrescido de metano
(CH4),, pelos ruminantes. A degradação biológica do esterco
produz amônia, gás sulfídrico, metano e dióxido de carbono. Além
disso, a água é também liberada pelo animal e pelos dejetos.
Ainda há outros gases “traço”, que se apresentam em quantidades
muito pequenas e que não são normalmente considerados
limitantes da produtividade em fazendas de animais.
As partículas de materiais de um ambiente de
confinamento são provenientes dos alimentos e das superfícies dos
animais, sendo as maiores que 1µ (mícron) classificadas como
poeiras e as menores que 1µ, como fumos.
Normalmente, avalia-se a qualidade do ambiente químico
em função das reações que o homem e o gado apresentam à poeira,
fumo, gás sulfídrico, amônia, metano e dióxido de carbono, cujas
taxas existentes no ambiente devem ser conhecidas.
Os contaminantes do ar, ou o ambiente químico gerado,
podem desencadear diversas reações nos animais. Tem-se
Ambiência em edificações rurais: conforto animal 255
CAPÍTULO 19
REFERÊNCIAS
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266 Fernando da Costa Baêta e Cecília de Fátima Souza