O Triunfo Do Avesso
O Triunfo Do Avesso
O Triunfo Do Avesso
o triunfo do avesso
A nova historiografia sul-rio-grandense está comprometida com o
rigor analítico, amparado em um elaborado arcabouço conceitual,
no levantamento diligente das fontes e no exame acurado dos
documentos. Em suma, uma relação séria e responsável com
questões de nossa história cultural já tantas vezes colocadas, mas
em muitas simplificadas grosseiramente.
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questões de nossa história cultural já tantas vezes colocadas, mas
em muitas simplificadas grosseiramente.
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constitui no domínio e defesa da terra, pesa sobre o gaúcho o
estigma da barbárie e a proximidade com o elemento platino,
inimigo de guerra. Ele é, então, representado como antípoda social
do rio-grandense. Os personagens de destaque, como o Bento
Gonçalves figurado, revestem-se de valores próximos da civilização
luso-brasileira do centro, mas com as características culturais
peculiares da periferia política, já que a intenção do escritor “era
apresentar aos outros brasileiros um estilo de vida diferente, que
existia fora do Rio de Janeiro, não obstante, também tão educado,
quanto urbano e que, acrescido das vivências rurais, seria
representado pelo monarca das coxilhas”.
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da história” (p.185). Se o intento não se materializa em uma
produção historiográfica consistente, a ideia acaba por ecoar na
literatura de ficção. Caso da peça de teatro do cearense Augusto
César de Lacerda, O monarca das coxilhas, publicada no Recife, em
1867. A passagem do dramaturgo pela província levara-lhe à fixação
da figura do monarca, recorrente no cancioneiro popular, para
designar os homens rudes do campo. Gomes sinaliza, através da
interpretação do texto, para sua utilização na cultura local como
distintivo social, classificação exclusiva dos riograndenses do
período, cunhada possivelmente para se opor ao termo gaúcho,
vinculado aos blancos uruguaios, caudilhos do norte daquele país,
inimigos de guerra e concorrentes na produção pecuária dos
estancieiros locais.
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nomear que nossos intelectuais aderem ao mito literário
alencariano; mas não o fazem sem dotá-lo de contornos favoráveis à
política e às letras locais, capazes de expandi-lo discursivamente, a
ponto de romper os limites da ficção e construir uma sociedade
simbólica e perenemente gaúcha:
A formação do sul-rio-grandense
A identidade gaúcha como se apresenta no presente, como algo de
aparência estável e organizada, pode obscurecer sua origem e
processo, pode inclusive negá-los. Parece importante, portanto,
apresentar a gênese da categoria social do gaúcho e sua significação
em seu contexto histórico.
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gado que foi posteriormente introduzido. A partir de então a
exploração da atividade pelos espanhóis, portugueses e indígenas
provocou alterações sociais e culturais, principalmente entre os
últimos.
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Formava-se um conjunto de forças de oposição à colonização,
pela independência das colônias. Tais forças, além de interesses
comuns que conflitavam com as coroas, necessitavam unificar a
pauta.
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diversos que resistiam à estrutura social existente no século XVIII, na
região platina.
Representação e ideologia
A ideologia faz parte da realidade, com a diferença de
refletir e retratar um realidade exterior. A ideologia tem significado
e está ligada a algo exterior, ou seja, é um signo. Sem signo não há
ideologia. Toda imagem simbólica ocasionada por um objeto físico é
um produto ideológico, pois vai além da simples existência para
refletir e representar uma outra realidade, segundo Bakhtin (1981).
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A invenção da realidade não se restringe a elementos criados
ou alterados, implica composições em que os elementos podem ter
sido extraídos inalterados da realidade, mas cuja recombinação
contextual permite a criação de uma outra realidade, com outro
sentido. Descontextualização, recontextualização e composição de
elementos são mais frequentes na invenção, na medida que são
ratificadas pela veracidade dos elementos, facilitando assim o
processo de legitimação.
Adaptado de http://www.gestaouniversitaria.com.br/artigos/o-
surgimento-da-identidade-gaucha-no-contexto-do-platino-e-
disputa-cultural
O gauchismo
Situando a origem do culto às tradições gaúchas, Oliven (1991, p.
40) destaca o ano de 1868, quando “... um grupo de intelectuais e
escritores fundou em Porto Alegre o Partenon Literário, sociedade
de letrados e escritores que, através da exaltação da temática
regional, tentou juntar os modelos culturais vigentes na Europa e a
visão positivista da oligarquia rio-grandense”, bem como a data de
1898, quando é fundado o Grêmio Gaúcho de Porto Alegre, primeira
agremiação tradicionalista.
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do interior do Estado, mais especificamente da zona da
Campanha, o primeiro (depois das entidades pioneiras) Centro
de Tradições Gaúchas (o 35 CTG), e 1954, ano em que os
vários centros de tradições que se proliferaram a partir de 1948 se
reúnem pela primeira vez num congresso, realizado em Santa
Maria, para discutir o que passaria a ser a tese-matriz do
Movimento Tradicionalista Gaúcho.
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desertos, aos exércitos em combate pelas possessões inglesas na
Turquia, viu-se com um grande excedente de peças produzidas,
necessitando criar novo mercado para absorvê-las.
Adaptado de
http://biblioteca.clacso.edu.ar/ar/libros/brasil/cpda/estu
dos/um/menash1.htm
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