Prova Identidade e Cultura
Prova Identidade e Cultura
Prova Identidade e Cultura
Moleque, quiabo, fubá, caçula e angu. Cachaça, dengoso, quitute, berimbau e maracatu. Todas essas
palavras do vocabulário brasileiro têm origem africana ou referem-se a alguma prática desenvolvida pelos
africanos escravizados que vieram para o Brasil durante o período colonial e imperial. Elas expressam a
grande influência africana que há na cultura brasileira.
A existência da escravidão no Brasil durante quase quatrocentos anos, além de ter constituído a
base da economia material da sociedade brasileira, influenciou também sua formação cultural. A
miscigenação entre africanos, indígenas e europeus é a base da formação populacional do Brasil. Dessa
forma, a matriz africana da sociedade tem uma influência cultural que vai além do vocabulário.
O fato de as escravas africanas terem sido responsáveis pela cozinha dos engenhos, fazendas e
casas-grandes do campo e da cidade permitiu a difusão da influência africana na alimentação. São
exemplos culinários da influência africana o vatapá, acarajé, pamonha, mugunzá, caruru, quiabo e chuchu.
Temperos também foram trazidos da África, como pimentas, o leite de coco e o azeite de dendê.
No aspecto religioso os africanos buscaram sempre manter suas tradições de acordo com os
locais de onde haviam saído do continente africano. Entretanto, a necessidade de aderirem ao catolicismo
levou diversos grupos de africanos a misturarem as religiões do continente africano com o cristianismo
europeu, processo conhecido como sincretismo religioso. São exemplos de participação religiosa africana o
candomblé, a umbanda, a quimbanda e o catimbó.
Algumas divindades religiosas africanas ligadas às forças da natureza ou a fatos do dia a dia foram
aproximadas a personagens do catolicismo. Por exemplo, Iemanjá, que para alguns grupos étnicos
africanos é a deusa das águas, no Brasil foi representada por Nossa Senhora. Xangô, o senhor dos raios e
tempestades, foi representado por São Jerônimo.
O samba, afoxé, maracatu, congada, lundu e a capoeira são exemplos da influência africana
na música brasileira que permanecem até os dias atuais. A música popular urbana no Brasil Imperial teve
nos escravos que trabalhavam como barbeiros em Salvador e Rio de Janeiro uma de suas mais ricas
expressões. Instrumentos como o tambor, atabaque, cuíca, alguns tipos de flauta, marimba e o berimbau
também são heranças africanas que constituem parte da cultura brasileira. Cantos, como o jongo,
ou danças, como a umbigada, são também elementos culturais provenientes dos africanos.
Historiadores como João José Reis chegam a afirmar que essa cultura da diáspora negra, essa cultura
dos africanos saídos do continente, caracterizada pelo otimismo, pela coragem, musicalidade e ousadia
estética e política, foi incomparável no contexto da chamada Civilização Ocidental. Como não foi fácil a vida
em terras americanas, precisando lutar para sobreviver, a criação cultural “com a expressão de liberdade
que a cultura negra possui” foi “um lutar dobrado” para imprimir na cultura brasileira sua influência.