Mapeamento de Perigo de Inundação
Mapeamento de Perigo de Inundação
Mapeamento de Perigo de Inundação
MAPEAMENTO DE PERIGO DE
INUNDAÇÃO
2015
i
1a edição
2015
Palavras Chave:
Inundação, Perigo de Inundação, Modelagem Hidrológica, Modelagem Hidrodinâmica
Edição brasileira
2015
Sumário
Lista de Simbolos iv
1 Introdução 1
1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Estrutura do Texto e do Curso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2 Modelagem Numérica 4
2.1 Tipos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Critérios para a Seleção de um Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.1 Limitações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.3 Tipos de dados na modelagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.4 Calibração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.5 Verificação e Validação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.6 Comentários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
ii
SUMÁRIO iii
4 Modelagem Hidrológica 39
4.1 Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.2 Modelo Chuva-Vazão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.2.1 Precipitação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.2.2 Interceptação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.2.3 Transformada em escoamento superficial . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.2.4 Escoamento de base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.2.5 Escoamento em rios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.3 Calibração e Validação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.4 Comentários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.5 Exemplo prático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5 Simulação Hidrodinâmica 56
5.1 Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
5.2 Escoamento Permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
5.3 Escoamento Não Permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
5.4 Condições iniciais, de contorno e parâmetros . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
5.5 Métodos Numéricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
5.5.1 Discretização Espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
5.5.2 Discretização Temporal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5.6 Validação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
5.7 Comentários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
5.8 Exemplo prático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
6 Mapa de Inundação 73
6.1 Mapa de Perigo de Inundação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
6.1.1 Índice e Nível de Perigo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
6.1.2 Criando o Mapa de Perigo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
6.2 Exemplo prático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
7 Considerações Finais 79
Referências Bibliográficas 83
Lista de Símbolos e Siglas
Símbolos
iv
Lista de Símbolos e Siglas v
Índices
Siglas
0D adimensional
1D unidimensional
2D bidimensional
3D tridimensional
AI Área Inundável
ANA Agência Nacional de Águas
BC Sub-bacia de contribuição
CN Número de Deflúvio (Curve Number)
CPRM Serviço Geológico do Brasil
GPDEN Grupo de Pesquisa em Desastres Naturais
HEC-HMS Hydrologic Engineering Center - Hydrologic Modeling System
HEC-RAS Hydrologic Engineering Center - River Analysis System
HU Hidrograma Unitário
IDF Intensidade-Duração-Frequência
IP Índice de Perigo
IPH Instituto de Pesquisas Hidráulicas
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas
MDE / DEM Modelo Digital de Elevação / Digital Elevation Model
SIG / GIS Sistema de Informação Geográfica / Geographic Information System
SRTM Shutter Radar Topography Mission
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
USACE United States Army Corps of Engineers
Capítulo 1
Introdução
1.1 Objetivos
Esta apostila tem como objetivo auxiliar no entendimento durante a após o minicurso de
mapeamento de perigo de inundação ministrado pelo GPDEN da UFRGS. Esta apostila possui
importância técnico-científica, enquanto que os temas voltados a aspectos econômicos e sociais,
também muito importantes, não são desenvolvidos.
1
1.2. Estrutura do Texto e do Curso 2
O terceiro capítulo, sobre bacias hidrográficas, discute a importância das bacias na simula-
ção hidrológica e hidrodinâmica e apresenta um exemplo prático de geoprocessamento da área
de estudo, assim como exemplifica aspectos geomorfológicos.
No quarto capitulo, sobre modelagem hidrológica, são discutidos e apresentados os concei-
tos dos modelos de precipitação total, precipitação efetiva, transformação da precipitação em
escoamento superficial e, por fim, escoamento básico, que compõem um modelo chuva-vazão.
Fenômenos que possuem importância em escala de tempo maior, como a evapotranspiração (ou
apenas evaporação [21]) não são discutidos.
No capítulo cinco, conceitos sobre simulação hidrodinâmica são apresentados. A simulação
1.2. Estrutura do Texto e do Curso 3
Modelagem Numérica
O que é a modelagem? No âmbito científico das ciências exatas, a modelagem é uma ten-
tativa de representar a realidade, relacionando algo conhecido (dados de entrada) a algo que se
quer conhecer (dados de saída ou resultados) (figura 2.1). Em outra palavra, a modelagem é a
ação de criar um modelo e o modelo pode ser considerado um sistema simplificado, obtido por
meio da tentativa de representar a realidade.
Os modelos são aplicados para diversas ocasiões, como no planejamento de cidades, projeto
de construções em geral, operação de um mecanismo, e, amplamente, em pesquisa científica.
Nas mais diversas engenharias, na física, na matemática, na química, na medicina, na biologia
e em outras inúmeras áreas da ciência a modelagem é utilizada ou para auxílio de alguma
atividade ou como o próprio fim.
4
2.1. Tipos 5
2.1 Tipos
2.2.1 Limitações
• Dado de campo: Aquele que o próprio pesquisador ou sua equipe adquire no local de
estudo, utilizando equipamentos ou por observação. Pode ser chamado também de dado
com fonte primária;
• Dado calculado: Aquele que é obtido utilizando deduções matemáticas que podem ser
baseadas em outros dados ou hipóteses;
• Dado adquirido: É o dado adquirido de outras fontes sem serem as descritas nos itens
anteriores, normalmente comprados ou cedidos por órgãos governamentais, empresas,
universidades, pessoas físicas, entre outros. Pode ser chamado também de dado com
fonte secundária.
2.4 Calibração
A calibração, ou otimização, é utilizada para buscar a melhor solução de uma função mate-
mática, no caso de um modelo, para representar determinado fenômeno. Assim, a otimização
busca o valor de uma ou mais parâmetros, que proporcionem o melhor resultado para uma
função que dependem destes parâmetros, querendo se alcançar um objetivo (erro máximo acei-
tável). Procura-se pelos valores de parâmetros que forneçam a melhor similaridade entre os
valores calculados pelo modelo e os valores observados.
Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados ao se calibrar um modelo. Apenas os parâ-
metros que se tem menos confiança devem ser modificados em busca do resultado otimizado.
De uma forma geral, os dados de campo não devem ser modificados, enquanto que os dados
calculados, que normalmente são os mais incertos, possuem prioridade a serem os parâmetros
modificados para a otimização.
2.5. Verificação e Validação 8
2.6 Comentários
Um dos principais problemas ao se utilizar um modelo é acreditar que o modelo não re-
presenta a realidade e sim é a realidade, porém a realidade nunca é tão simples. Efeitos que
não são considerados na modelagem podem ser importantes, como o da turbulência, afetando
negativamente a representação do modelo. Assim, nunca se deve forçar a realidade para que se
encaixem em um modelo, e sim, deve-se entender tanto o fenômeno a ser simulado quanto o
modelo a ser utilizado e verificar se este é válido (está validado).
Capítulo 3
Ciclo hidrológico é uma palavra que se usa para descrever a circulação da água na terra
através de diferentes processos como (evaporação, transpiração, condensação, precipitação, in-
terceptação, escoamento superficial, infiltração, percolação, e escoamento subterrâneo). Este
é estudado a partir da hidrologia que se define como a ciência que trata a água na terra, sua
ocorrência, circulação e distribuição, suas propriedades físicas e químicas, e sua reação com o
meio ambiente, incluindo sua relação com as formas vivas (U.S. Federal Council for Science
and Technology).
Desde o ponto de vista das áreas da hidrologia o ciclo hidrológico é estudado na fase terres-
tre, a partir da bacia hidrográfica, que é definida como uma área na superfície terrestre, sobre
a qual o escoamento superficial em qualquer ponto converge para uma única saída, chamada
de seção transversal de referência ou exutório (figura 3.1). O principal interesse em estudar a
bacia hidrográfica é que suas características constituem um sistema natural de transformação
de chuva em vazão. Esta transformação esta sujeita a entradas de água (precipitação) que gera
saídas de água (escoamento).
No Brasil, em 1987, sugere-se que a microbacia hidrográfica é uma unidade ideal para o
planejamento integrado do manejo dos recursos, que desde o ponto de vista do gerenciamento
inclui corpos de água, solo, subsolo, rochas, atmosfera, fauna, flora, espaço construído e socie-
10
11
Uma bacia hidrográfica possui características geomorfológicas que são fatores que represen-
tam a forma como a água da chuva interage na superfície da terra. As principais características
de uma bacia hidrográfica são a área, comprimento do rio principal, declividade do rio e da
bacia, e cobertura do solo.
A área da bacia ou área de drenagem é a característica mais importante de uma bacia hi-
drográfica, sendo uma variável fundamental para definir a potencialidade hídrica. Esta carac-
terística é definida na superfície em projeção horizontal e delimitada pelo divisor topográfico,
através de ferramentas manuais ou digitais.
O comprimento do rio principal está relacionado diretamente com o tempo de viagem que
a água leva para escoar ao longo de todo o sistema, que por sua vez depende da velocidade e
distância a ser percorrida. Este também pode ser definido como aquele que drena a maior área
no interior da bacia.
A declividade média da bacia hidrográfica e dos cursos de água também é uma característica
importante que afeta diretamente o tempo de viagem da água ao longo do sistema, além de ter
relação com os processos de infiltração. A declividade média de um rio é a relação entre a
diferença de cotas e o comprimento do rio (equação 3.1).
Hmax − Hmin
S = (3.1)
L
onde S é a declividade média do rio (m/m), Hmax é a cota máxima (m), Hmin é a cota mínima
(m) e L é o comprimento do rio (m). Para o cálculo da declividade média da bacia, deve-se
3.1. Características físicas de uma bacia hidrográfica 13
subdividir a bacia em faixas de altitude e se pondera a declividade individual de cada faixa com
a área.
A cobertura vegetal está diretamente relacionada com a interceptação, ou seja, o tempo com
que o escoamento vai ocorrer, e a profundidade das raízes onde a água evaporada pode atingir
maiores profundidades. O uso do solo tem uma grande influência na variação da velocidade de
escoamento, variação da quantidade de matéria orgânica do solo, porosidade, e a capacidade de
infiltração. Isto ocorre devido a processos de urbanização e compactação do solo por agricul-
tura. Outro fator importante deste tipo de processos é no aumento de ocorrências de picos de
cheia e volumes de escoamento.
Assim como cobertura vegetal e o uso de solo, o tipo de solo tem uma grande influência
nos processos da bacia. Dependendo do tipo de solo, podemos dizer que este afeta diretamente
os processos de infiltração. Por exemplo, solos arenosos e profundos levam à redução do es-
coamento superficial, e solos argilosos e rasos levam a um aumento no escoamento superficial.
Além disso, a geologia será a responsável pela percolação das águas e sua circulação através do
subsolo.
P
Kc = 0, 28 √ (3.2)
A
3.1. Características físicas de uma bacia hidrográfica 14
P
L
Dd = (3.3)
A
dois métodos conhecidos para classificar a rede de drenagem, o primeiro foi o método de hierar-
quização desenvolvido por Horton em 1945 [9], e o método de Strahler, 1957 [26], que é uma
modificação do método de Horton (Figura 3). Atualmente o método Strahler é o mais utilizado.
Este método define que os cursos de água sem tributários são de primeira ordem, mesmo que
sejam nascentes dos rios principais e afluentes; os cursos de segunda são os que se originam
da confluência de dos cursos de primeira ordem; os cursos de terceira ordem se originam da
confluência de dois canais de segunda ordem, e assim por diante. Sempre que um curso de
ordem superior se encontre com um curso de ordem inferior, a sua ordem não altera.
Portanto a escolha de uma equação difere na observação das características da bacia em estudo
com as condições para as quais as formulações foram desenvolvidas (Collischonn e Dornelles,
2013) [3].
Outra sugestão na seleção da equação de tempo de concentração é o artigo de Silveira (2005)
[24], onde foram avaliados o desempenho de 23 fórmulas de tempo de concentração, com base
em dois arquivos testes. Um com 29 bacias rurais e outro com 32 bacias urbanas.
Como exemplo prático será confeccionado um mapa de perigo de inundação para a área
referente a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), campus Florianópolis. Neste e no
3.3. Discretização de bacias hidrográficas. Estudo de caso: Bacia do Rio Meio-SC 17
final cada capítulo posterior, um exemplo prático relacionado ao referente capítulo será apre-
sentado e desenvolvido.
Neste capítulo será apresentada a descrição das etapas para discretização de bacias hidro-
gráficas, desde a elaboração da base de dados até as ferramentas ou softwares utilizados para
seu geoprocessamento. Além disso, serão realizados cálculos de algumas características físicas
da bacia, que servirão como dados de entrada dos modelos HEC-HMS e HEC-RAS.
Nesta versão é apresentado um exemplo de aplicação na bacia do Rio Meio, no estado de
Santa Catarina, a partir da ferramenta ArcHydro desde ArcGis.
Para iniciar o processo de discretização da bacia hidrográfica é fundamental dispor das fer-
ramentas de geoprocessamento, dados topográficos, e dados hidrológicos da região da bacia
hidrográfica que se deseja modelar.
Obtenção de softwares
O trabalho descrito neste manual requer dois pacotes de softwares, um comercial (ArcGIS)
e outro de domínio público (ArcHydro Tools):
O modelo digital de elevação é o dado topográfico mais importante para nosso trabalho, já
que é a representação do relevo. Para este manual o modelo digital de elevação foi obtido a
partir das Cartas de Susceptibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações do
Município de Florianópolis - SC. Esta base foi elaborada pelo Serviço Geológico do Brasil -
CPRM e o Instituto de Pesquisas Tecnologicas - IPT, através do programa de Gestão de Riscos
a Respostas a Desastres Naturais, incluído no plano plurianual 2012 - 2015 do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão. Atualmente abrange 286 municípios brasileiros.
A seguir é descrita a maneira de fazer o download da base cartográfica.
• Clique em Gestão Territorial > Riscos Geológicos no menu lateral. Após, clique no
link ”Cartas de Susceptibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações”
presente na parte inferior da página.
Figura 3.7: MDE (resolução 5m) da região que abrange a bacia do Rio Meio-SC.
3.3. Discretização de bacias hidrográficas. Estudo de caso: Bacia do Rio Meio-SC 22
Esta é uma ferramenta que nos permite preencher imperfeições nos dados e remover todos
os Sinks do raster de superfície. Estas depressões são resultantes de erros nos processos de
geração do MDE. Para isso, a função Fill Sinks do ArcHydro modifica os valores de elevação
para reduzir estes problemas.
• Na ferramenta Fill Sinks verifique que no campo DEM esteja o MDE desejado, e deixe
os demais campos como estão (figura 3.8).
Direções de fluxo
O cálculo de direção de fluxo, desde cada célula do raster, é de grande importância na deri-
vação de características hidrológicas de uma superfície. A função Flow Direction do ArcHydro
realiza este processo automaticamente calculando os valores de direção de fluxo para uma dada
grade de dados. Para utilizar esta função deve realizar:
• Verificar que o arquivo de entrada Hydro DEM seja o fill, gerado no processo anterior.
3.3. Discretização de bacias hidrográficas. Estudo de caso: Bacia do Rio Meio-SC 23
No final, é gerado um arquivo raster em que cada célula tem um código que indica a direção
em que a água escoa naquele local (figura 3.9).
Figura 3.9: Mapa de direções de fluxo (Fdr) na região que abrange a bacia do Rio Meio-SC.
Área acumulada
• Verificar que este procedimento seja realizado com base no mapa de direções (Fdr). O
resultado é um novo raster em que o valor de cada célula corresponde ao número de
células localizadas a montante (figura 3.10).
3.3. Discretização de bacias hidrográficas. Estudo de caso: Bacia do Rio Meio-SC 24
Figura 3.10: Mapa de área acumulada de cada célula (Fac) da região que abrange a bacia do
Rio Meio-SC.
Para definir a rede de drenagem o ArcHydro utiliza a ferramenta "Stream Definition” que
calcula uma grade de drenagem que contém um valor de 1 para todas as células de entrada
da área acumulada que utilizem um valor maior que um limiar especificado. Todas as demais
células na grade contém o valor "no data”.
• Verificar que o procedimento seja com o mapa de área acumulada (Fac), e que o valor do
limite (threshold to initiate stream) seja especificado. Este valor é adotado considerando
o grau de discretização da bacia que vai ser obtido. Valores baixos geram uma rede de
drenagem mais densa e com maior número de confluências. No entanto, um valor padrão
é sugerido pelo programa que representa 1% da área acumulada máxima.
• No caso do exemplo foi adotado o valor padrão, obtendo como resultado uma rede de
drenagem descontinua (figura 3.11). Foram realizados vários testes diminuindo o valor
limite, tendo como resultado o mesmo problema.
Figura 3.11: Mapa de rede de drenagem raster (rede) na região que abrange a bacia do Rio
Meio-SC.
manualmente com ajuda da rede de drenagem descontinua, e uma imagem de satélite da região
de interesse. Após isso, se realizou os procedimentos explicados nos itens anteriores, para
finalmente obter como resultado a rede de drenagem continua (figura 3.12).
Figura 3.12: Zoom do mapa da rede de drenagem raster corrigido (rede_2) na região que
abrange a bacia do Rio Meio-SC.
3.3. Discretização de bacias hidrográficas. Estudo de caso: Bacia do Rio Meio-SC 26
Definição do exutório
O exutório é o ponto de saída da bacia de interesse. Para sua definição ArcHydro utiliza a
função Batch Point Generation que permite inserir o ponto na rede de drenagem. É importante
que o ponto esteja posicionado sobre o pixel da rede de drenagem raster para seu processamento
(figura 3.13).
Delimitação da bacia
A Bacia hidrográfica é uma área limitada por um divisor de águas gerado a partir da preci-
pitação que faz convergir os escoamentos para um único ponto de saída, o exutório, e as separa
das bacias adjacentes.
No ArcHydro a delimitação de uma bacia é realizada automaticamente utilizando a função
Batch Subwatershed Delineation, considerando o mapa de direções de fluxo, rede de drenagem
raster e o ponto do exutório. Para isto, deve-se:
• Verificar que os arquivos de entrada sejam o mapa de direçoões de fluxo (Fdr), a rede de
drenagem raster corrigida (rede_2), e o exutório (Batch point).
O polígono final da bacia pode ser utilizado para extrair toda a informação que fica no
interior da bacia, como o MDE, rede de drenagem e etc... Para realizar esta operação utilize as
ferramentas de ArcToolbox de ArcGIS. Como exemplo, será extraído o MDE.
• Selecione ArcToolbox > Spatial Analyst Tools > Extraction >Extract by Mask.
• Verificar que os dados de entrada sejam: O raster (Fill) a ser extraído, e o polígono da
bacia (Subwatershed).
Como resultado é gerado o modelo digital de elevação da bacia do Rio Meio-SC (figura 3.15).
Nota: Para extrair ou recortar informação em formato shapefile como pontos, linhas, ou polígo-
nos, deve-se utilizar a ferramenta Analyst Tools > Extrac > Clip
Depois da delimitação da bacia, realiza-se a definição das áreas de interesse. Para o nosso
caso, o objetivo é obter informações relevantes para a realização das simulações hidrológicas e
hidrodinâmicas, a fim de conseguir criar o mapa de inundações e de perigo de inundação.
Para isto, as áreas de interesse são discretizadas em sub-bacias de contribuição (BCs) para
as simulações hidrológicas, e em uma área inundável (AI) para as simulações hidrodinâmicas.
A área inundável se define, a partir de eventos passados de inundação, levantamento em campo,
fotografias, dados observados de vazão, e obtendo informação em entrevista com morados.
3.3. Discretização de bacias hidrográficas. Estudo de caso: Bacia do Rio Meio-SC 28
Neste exemplo a área inundável foi definida para o campus da Universidade Federal de
Santa Catarina, em Florianópolis (figura 3.16).
Uma vez definida a área inundável, se realiza a delimitação das sub-bacias de contribui-
ção, a partir do limite da área inundável. A continuação se faz uma descrição das etapas para
discretização automática das BCs.
Primeiro se define os trechos de drenagem raster, a partir da função Terrain Preprocessing
> Stream Segmentation, verificando que os arquivos de entrada sejam o mapa de direções de
fluxo (Fdr) e rede de drenagem raster (rede_2). No final é criado um mapa com segmentos de
trechos de rio que contém uma única identificação (figura 3.17).
A segunda etapa é a definição de mini-bacias raster para cada trecho de rio. Para obter o
mapa de mini-bacias raster se utiliza a função Terrain Preprocessing > Catchment Grid Deli-
neation. Os arquivos de entrada são o mapa de direções de fluxo (Fdr) e o mapa de trechos de
rio (StrLnk). A figura 3.18 mostra o resultado desta operação.
Posteriormente, realiza-se a transformação do mapa de mini-bacias raster para um mapa
3.3. Discretização de bacias hidrográficas. Estudo de caso: Bacia do Rio Meio-SC 29
Figura 3.16: Fotografia aérea da região que abrange a bacia do Rio Meio-SC e em vermelho o
limite de um evento de inundação em 1995 (Mulungo, 2012)[17].
Figura 3.17: Mapa de trechos de rio raster (StrLnk) da área que abrange a bacia do Rio Meio-
SC.
3.3. Discretização de bacias hidrográficas. Estudo de caso: Bacia do Rio Meio-SC 30
Figura 3.18: Mapa de mini-bacias raster (Cat) da região que abrange a bacia do Rio Meio-SC.
em formato vetorial (figura 3.19). Para isto, deve-se selecionar a função Terrain Preprocessing
> Catchment Polygon Processing, inserindo como arquivo de entrada o mapa de mini-bacias
raster (Catchment).
Outra transformação necessária é a conversão do mapa de trechos de rio raster para um
mapa em formato vetorial (figura 3.20). Para este procedimento, se utiliza a função Terrain
Preprocessing > Drainage Line Processing, considerando como arquivos de entrada o mapa de
drenagem raster (StrLnk) e do mapa de direções de fluxo (Fdr).
A terceira etapa consiste em definir as bacias que estão localizadas a montante das mini-
bacias. Para isto, o ArcHydro utiliza a função Terrain Preprocessing > Adjoint Catchment
Processing, inserindo como arquivos de entrada a rede de drenagem vetorial (DrainageLine)
e o mapa de mini-bacias vetorial (Catchments). No final, é gerado um polígono da área que
envolve a bacia do Rio Meio, após a primeira mini-bacia a jusante (figura 3.21).
A etapa final é a definição das sub-bacias de contribuição. Esta delimitação muitas vezes
esta relacionada com pontos de controle como postos fluviométricos, onde cada sub-bacia cor-
responde à área de drenagem a montante dos postos. Neste exemplo, os pontos ou exutório de
cada sub-bacia foram definidos a partir do limite da área inundável, como se explicou anterior-
mente.
3.3. Discretização de bacias hidrográficas. Estudo de caso: Bacia do Rio Meio-SC 31
Figura 3.19: Mapa de mini-bacias em formato vetorial (catchmens) da região que abrange a
bacia do Rio Meio-SC.
Para definir os pontos de exutórios se utiliza a ferramenta Batch Point Generation, e po-
demos ir acrescentando os pontos das sub-bacias que precisemos. Além disso, é importante
considerar uma numeração sequencial de montante para jusante. No final teremos um arquivo
vetorial com os pontos que definem os exutórios das sub-bacias de contribuição e a área inun-
dável (figura 3.22).
Após da definição dos exutórios de interesse, se realiza a delimitação das sub-bacias, a partir
da função Watershed Processing > Batch Subwatershed Delineation. Os dados de entrada são o
mapa de direções de fluxo (Fdr), a rede de drenagem raster (Str), além do arquivo dos exutórios
(Batch Point).
No final, é gerado um mapa com os polígonos dos limites de cada sub-bacia (figura 3.23). A
sub-bacia com a cor amarela é a área inundável, onde se realizará as simulações hidrodinâmicas,
e as oito restantes de cor azul são as sub-bacias de contribuição para as simulações hidrológicas.
3.4. Características físicas de uma bacia 32
Figura 3.20: Mapa da rede de drenagem em formato vetorial (DrainageLine) da região que
abrange a bacia do Rio Meio-SC.
Figura 3.21: Mapa (adjoint catchment) da região que envolve a bacia do Rio Meio-SC.
Figura 3.22: Exutórios das sub-bacias de contribuição e área inundável (Batch Point).
3.4. Características físicas de uma bacia 34
Para o cálculo da área se utiliza a tabela de atributos clicando no botão direto do arquivo ou
layer a ser utilizado (figura 3.24).
Após isso, deve-se adicionar um campo na tabela a partir de opções da tabela > adicionar
campo. Uma vez criado o campo se realiza o cálculo automático da área com a ferramenta cal-
cular geometria clicando com o botão direto sobre o nome do campo e se seleciona as unidades
(figura 3.25). Para este exemplo vamos trabalhar com km2 . No final teremos o calculo da área
para cada sub-bacia em quilômetros quadrados.
Figura 3.24: Tabela de atributos para o calculo da área das sub-bacias (Subwatershed).
isto:
• Selecione Spatial Analyst toolbox > Zonal toolset > Zonal Statistics as table.
No final é gerada uma tabela com o resultado de declividade média para cada sub-bacia em
porcentagem.
L0,6
tc = 5, 96 (3.4)
S 0,3
Modelagem Hidrológica
Na hidrologia se estuda o ciclo hidrológico ou alguma parte específica deste ciclo. Assim,
a maior parte dos modelos hidrológicos, dos que são modelos matemáticos, representam parte
do ciclo hidrológico utilizando uma equação ou um conjunto de equações.
Um modelo chuva-vazão é um tipo de modelo hidrológico que fornece a vazão da exutória
da bacia hidrográfica de estudo, considerando uma precipitação específica (seja ela medida, de
projeto ou prevista) aplicada a esta bacia hidrográfica. Normalmente, esta vazão é representada
em uma seção transversal de rio. Os modelos chuva-vazão são formados por um conjunto de
modelos que representam partes menores do ciclo hidrológico, como os modelos de precipi-
tação total, precipitação efetiva, transformação da precipitação em escoamento superficial, de
escoamento básico e de evapotranspiração.
4.1 Classificação
Cada modelo é classificado por diversas características. Não existem classes de modelos
melhores ou piores, pois tudo depende da aplicação deste modelo. A seguir são apresentadas as
principais características dos modelos hidrológicos.
• Determinístico × Estocástico;
39
4.1. Classificação 40
• Conceitual × Empírico;
• Eventual × Contínuo;
No modelo eventual se simula um período pequeno (um evento), que pode durar horas ou
dias. Enquanto que no modelo contínuo períodos longos são simulados agregando mais
do que um evento chuvoso à simulação. Os modelos contínuos são amplamente utilizados
ao se acoplar o modelo hidrológico a um modelo meteorológico.
• Concentrado × Distribuído;
O modelo concentrado é o que não considera a variabilidade espacial dos valores de en-
trada, saída ou parâmetros, utilizando apenas valores médios para uma bacia. No modelo
distribuído a área da bacia é subdivida em células menores, fazendo com que os parâme-
tros, dados de entrada e dados de saída possuam variação espacial bidimensional. Nota-se
que para o segundo caso, os modelos devem possuir considerações sobre a variação es-
pacial das variáveis. Também existem os sistemas de modelos concentrados, que por sua
vez, dividem a bacia em subbacias menores e modelos concentrados são aplicados a estas
bacias que podem possuir características diferentes uma das outras. Os hidrogramas das
subbacias devem ser considerados de forma a se obter um hidrograma único, referente a
bacia de estudo.
4.2. Modelo Chuva-Vazão 41
Qualquer modelo hidrológico de chuva-vazão pode ser utilizado para esta metodologia,
desde que ele seja adequado para a bacia de estudo. Aconselha-se utilizar modelos que levem
em consideração ao menos os processos de infiltração, de escoamento superficial e de escoa-
mento básico (figura 4.1). Fenômenos que possuem importância em escala de tempo maior,
como a evapotranspiração (ou apenas evaporação [21]) geralmente não precisam ser considera-
dos.
Figura 4.1: Processos que compõem o modelo chuva-vazão utilizado nesta metodologia.
4.2.1 Precipitação
Precipitação de Projeto
Equação IDF: As equações IDF são ajustes das Curvas IDF em formato de equação para
serem facilmente aplicadas, normalmente na forma
k · T Rm
i= (4.1)
(t + b)n
(minutos) e k, m, b e n são coeficientes a serem determinados com base na Curva IDF. De-
pendendo da forma com que a equação IDF foi obtida, podem haver pequenas mudanças na
equação 4.1, mas sempre com as variáveis independentes T R e t e com a variável dependente i.
As Curvas IDF são obtidas observando as precipitações máximas anuais de uma série his-
tórica suficientemente comprida, usualmente, não menor do que 30 anos. Assim, as equações
IDF são obtidas com o ajuste das curvas IDF, que pode ser realizado linearizando a equação 4.1,
através do uso de logaritmos e utilizando regressão múltipla para determinação dos coeficientes.
Para mais detalhes de como se obter uma Curva e uma equação IDF se aconselha o estudo em
bibliografia especializada.
Visto que a equação IDF é um modelo concentrado utilizado para estimar a intensidade de
uma precipitação, aconselha-se utilizar mais do que uma quando se trabalha com bacias grandes
e existe banco de dados para isso. Na criação do mapa de perigo, são utilizados os períodos de
retorno de 5, 20 e 100 anos. O tempo da duração da precipitação deve ser o tempo de duração
crítica, ou seja, o tempo de precipitação que causará a maior vazão de pico.
Duração Crítica: Tucci et al. (1995)[27] mencionam que na utilização do Método Raci-
onal (modelo Chuva-Vazão simplificado), adota-se para a chuva crítica de uma pequena bacia
hidrográfica uma duração igual ao tempo de concentração da bacia considerando que a preci-
pitação efetiva tenha intensidade constante. Porém, para estudos mais detalhados, a duração
crítica deve ser pesquisada se aplicando diversos hietogramas de projeto, com durações cres-
centes ao modelo chuva-vazão, e analisando-se os resultados dos valores das vazões de pico e
dos volumes dos hidrogramas gerados.
Analisando a equação 4.1, nota-se que a duração da precipitação está dividindo a equação,
logo, quanto menor este tempo, maior é a intensidade. Assim, a duração crítica é o tempo ideal
em que a intensidade e volume precipitado, estimados por uma equação IDF, são grandes o
suficiente para fornecer vazão mais drástica para um determinado período de retorno.
Distribuição temporal: Como a equação IDF fornece apenas a intensidade para um evento
chuvoso, necessita-se também saber qual a variação temporal desta intensidade, durante o pró-
4.2. Modelo Chuva-Vazão 44
prio evento chuvoso. Monteiro e Kobiyama (2013)[16] afirmam que quanto mais tardar o pico
do hietograma ocorrer, maior será a vazão de pico que este produzirá e, consequentemente,
maior será a importância em inundações.
Qualquer método para a distribuição temporal da precipitação pode ser utilizado desde que
seja adequado à área de estudo, e aconselha-se utilizar a distribuição temporal com o pico de in-
tensidade mais tardio. A presente metodologia adota o quarto quartil do Método de Huff (Huff,
1967 [10]) que representa a distribuição temporal da precipitação com o pico de intensidade
mais tardio.
4.2.2 Interceptação
A precipitação pode ser dividida em duas parcelas: uma que contribui com o escoamento
superficial e outra que contribui com as abstrações (perdas) que inclui a interceptação, evapo-
transpiração, infiltração e armazenamento em depressões e detenções. A precipitação efetiva é
inteiramente e unicamente a responsável pelo escoamento superficial. Então o volume escoado
superficialmente tem que ser igual ao da precipitação efetiva para um evento de chuva. Assim,
a interceptação representa a parte da precipitação que não fará parte do escoamento superficial.
A infiltração normalmente é obtida se analisando o uso do solo e o tipo de solo da ba-
cia. Certamente, principalmente em áreas urbanas, este tipo de estudo pode ser complexo,
necessitando-se o uso de imagem de satélites ou fotos aéreas de boa qualidade, para identificar
os diferentes usos e tipos de solo. Efeitos resultantes da modificação do uso do solo podem ser
analisados com base em diferentes interceptações consideradas no modelo hidrológico.
Existem diversos modelos para o cálculo da precipitação efetiva, entre eles estão os modelo
de Perda inicial e taxa constante, Déficit e taxa constante, Retenção potencial máxima - SCS
Curve Number e Green-Ampt.
Em muitos casos, deve se considerar interceptações diferentes levando em conta o nível de
saturação do solo. Podemos fazer um paralelo com a bacia. A bacia como um todo, assim como
o solo, possui um nível de saturação, em que as árvores, as depressões e qualquer coisa que
armazene as águas já está com a sua capacidade esgotada. Em estudos de inundação aconselha-
se considerar que o solo já esteja úmido, próximo a saturação.
4.2. Modelo Chuva-Vazão 45
As seguintes condições servem como auxílio para identificar o nível de saturação do solo/bacia:
• Condição I - Solos Secos: As chuvas nos últimos 5 dias não ultrapassaram 15 mm;
• Condição II - Situação Média na Época de Cheia. As chuvas nos últimos 5 dias totaliza-
ram entre 15 e 40 mm;
• Condição III - Solo Úmido (próximo a saturação): As chuvas nos últimos 5 dias totali-
zaram entre 15 e 40 mm.
4, 2 · CN(II) 23 · CN(II)
CN(I) = ou CN(III) = (4.2)
10 − 0, 058 · CN(II) 10 + 0, 013 · CN(II)
s
PNT
(Qoi − Qci )2
FO = i=1
(4.3)
NT
v
t
PNT 1 2
1
i=1 Qoi
− Qci
FO = (4.4)
NT
4.3. Calibração e Validação 48
PNT
(Qoi − Qci )2
FO = 1 − P i=1
2 (4.5)
NT
i=1 Qo i − Q
PNT PNT
Qci − i=1 Qoi
FO = i=1
PNT (4.7)
i=1 Qoi
onde FO é o valor da função objetivo, Qoi é a vazão observada no intervalo de tempo i, Qci
é a vazão calculada no intervalo de tempo i, Q é a vazão média da série e NT é o número de
intervalos de tempo da série de dados. A equação 4.3 avalia a dispersão entre valores observados
e calculados com relação à média e ao desvio padrão. A equação 4.4, chamada de Desvio
Quadrático Inverso, é utilizada para o ajuste de vazões mínimas. A equação 4.5, que representa
o coeficiente de Nash-Sutcliffe, é utilizada para obter um melhor ajuste para as cheias. A
equação 4.6 representa o Desvio Relativo Médio entre os valores observados e simulados de
forma que, se observa a tendência de um melhor ajuste das vazões mínimas e médias. Por fim,
a equação 4.7 descreve o Erro do Volume, sendo comumente utilizada para avaliar o desvio
geral do volume, ou seja, através dela é possível perceber a diferença entre o volume simulado
e o observado, indicando assim se as equações presentes no modelo conseguem representar
eficazmente o escoamento na bacia.
Para variar as vazões calculadas em busca do valor da função objetivo ótima, deve-se esco-
lher parâmetros que variarão, em busca deste valor ótimo. Apenas os parâmetros que se tem
menos confiança devem ser modificados em busca da otimização. De uma forma geral, os da-
dos de campo não devem ser modificados, enquanto que os dados calculados, que normalmente
são os mais incertos, possuem prioridade a serem os parâmetros modificados para a otimização.
Deve-se tomar cuidado para não avaliar valores de parâmetros irreais ou que não representam a
bacia ou o fenômeno que se está analisando
A validação deve ser feita com outro evento que não seja o utilizado para a calibração. O
procedimento para a validação é muito parecido com o da calibração, com a diferença de que
não se modifica nenhum parâmetro do modelo, pois o objetivo não é encontrar o valor ótimo
4.4. Comentários 49
da função objetivo, e sim, apenas de validar a calibração que foi feita, mostrando que este
modelo calibrado atende a outros eventos sem ser o da própria calibração. Está etapa é muito
importante, pois identifica quais tipos de eventos o modelo, com determinada calibração, pode
abranger. Não é porque um modelo está calibrado que ele pode ser utilizado para qualquer
evento que ocorra em determinada bacia.
4.4 Comentários
A modelagem hidrológica deve ser aplicada somente por pessoas que já tenham estudado
hidrologia anteriormente. Caso contrário, os autores deste trabalho indicam fortemente que o
usuário do modelo hidrológico estude os conceitos básicos de hidrologia. O entendimento de
diversos métodos aqui utilizados deve ser aprofundado, pois na modelagem hidrológica, muitas
vezes, é necessário do bom senso do usuário.
4.5. Exemplo prático 50
• Para inserir as precipitações e definir a qual bacia esta está atribuída, deve-se criar as séries
temporais com:
Components =⇒ Time-Series Data Manager; Precipitation Gages (figura 4.7).
4.5. Exemplo prático 52
• Para inserir o hidrograma de saída para calibração e validação e definir a qual bacia este
está atribuído, deve-se:
Components =⇒ Time-Series Data Manager; Discharge Gages
Basin Model =⇒ Basin 1 =⇒ Subbasin-1;
Options =⇒ Observed Flow
Todas as informações sobre o hidrograma devem ser inseridas em "Discharge Gages"
4.5. Exemplo prático 53
Uma janela com uma barra cinza aparecerá imediatamente na tela, quando esta barra se tornar
azul, a calibração terá finalizado. Caso o usuário algum erro durante o preenchimento das infor-
mações para a modelagem ocorreu, o programa acusa qual o problema na janela de informações
com um texto em vermelho.
precipitação que fornecerá a maior vazão de pico do hidrograma. Assim, necessita-se de uma
equação IDF para criar chuvas de projeto com diferentes tempos de duração de precipitação.
Existem formas para se calcular a IDF, que não convém a explicação a este trabalho. Aconselha-
se a utilizar uma equação IDF já confeccionada. No site "www.cprm.gov.br” na aba "Gestão
Territorial - Riscos Geológicos” pode se encontrar o link denominado "Cartas de Suscetibilidade
a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações”. Este link leva para diversos mapas topo-
gráficos, além de outras informações como a IDF, para diversos municípios brasileiros. Outra
forma de adquirir esta informação é através de artigos científicos, que já podem ter trabalhado
na área de estudo especificamente.
Com as precipitação crítica, deve-se elaborar os hidrogramas de saída das BCs para os
períodos de retorno de 5, 20 e 100 anos. Nota-se que o processo de calibração, validação e
busca da precipitação crítica é geralmente realizado para a bacia inteira, sem as divisões de
BCs e AI, pois raramente se possui os dados suficiente para estes processos para todas as BCs.
Assim, deve-se fazer uma proporção linear entre os parâmetros calibrados para a bacia inteira e
os parâmetros calculados para cada subbacia.
Capítulo 5
Simulação Hidrodinâmica
Na hidrodinâmica se estuda o movimento da água, sua interação com o meio físico e suas
propriedades químicas. Diferente da hidrologia, que está muitas vezes interessada em um com-
portamento mais geral da água em uma parte do ciclo hidrológico, a hidrodinâmica está inte-
ressada no comportamento específico, com mais detalhamento e, normalmente, em uma escala
de espaço e tempo menores.
5.1 Classificação
56
5.1. Classificação 57
3D - Representa o corpo como um volume (figura 5.3). Todas as dimensões são consideradas
neste tipo de simulação. Mesmo com o aumento da performance computacional este tipo de
modelo ainda é muito pouco utilizado na representação de rios, mas quando se quer analisar os
efeitos da turbulência, este tipo de simulação é imprescindível.
Um escoamento é chamado de permanente quando este não possui variações temporais im-
portantes. Entende-se que a importância desta variações é relativa e deve ser definida especifica-
mente, para cada tipo de estudo. Na natureza, escoamentos permanentes são muito raros, mas
dependendo do detalhamento que se necessita e/ou da escala a ser analisada um escoamento
pode ser considerado como permanente para um projeto de engenharia.
O cálculo deste tipo de escoamento pode ser realizado utilizando a equação de Bernoulli,
que trabalha com a conservação de energia de um ponto a outro, ou de uma seção a outra, e é
tida como:
a2 V22 P2 a1 V12 P1
+ + h2 = + + h1 + hL (5.1)
2g γ2 2g γ1
Em sua totalidade, os escoamentos são não permanentes já que variam ao longo do tempo.
Quando se tem interesse na variação de um fluxo com o tempo, como no caso de propagação
de hidrogramas, torna-se necessário o uso de equações que levam em consideração a variação
temporal do escoamento.
A equação de Saint-Venant é uma das formulações clássicas para o cálculo do escoamentos
em rios. Mesmo que está equação possua simplificações, como o da pressão hidrostática e o
da difusividade do fluido, ela é aceita e amplamente utilizada. Esta é definida pela equação
dinâmica:
2
∂Q ∂ QA ∂h
+ + gA = gAS − gAS (5.2)
∂t ∂x ∂x |{z}o |{z}f
declividade de fundo
|{z} |{z} |{z} declividade da linha de energia
aceleração local aceleração advectiva pressão hidrostática
∂A ∂Q
+ +q=0 (5.3)
∂t ∂x
Como condição de contorno é necessário que se tenha uma vazão ou altura de lâmina de
água na seção inicial e final do trecho simulado. Aconselha-se, por questões de estabilidade,
que se adote uma vazão para a seção inicial e uma profundidade para seção final. A vazão de
entrada pode ser prescrita, ou seja, fornecida pelo usuário e a condição de saída pode ser de
saída livre.
As condições iniciais podem ser obtidas pela simulação do trecho de interesse como esco-
amento permanente se tendo a vazão ou profundidade fornecida pelo usuário. Como condição
inicial se tem a vazão e a altura da lâmina de água para todas as seções do trecho.
As aproximações em diferenças finitas são as mais simples para aproximar a derivada nume-
ricamente. Elas efetivamente substituem o operador diferencial contínuo por uma aproximação
discreta, calculada a partir dos valores de f em um número finito de pontos. Estas aproxima-
ções finitas podem ser obtidas de várias formas, onde as mais usuais são: expansão por série de
Taylor e interpolação polinomial.
O Teorema de Taylor permite aproximar uma função derivável na vizinhança reduzida em
torno de um ponto, com
(4x)2 d2 f (4x)3 d3 f
! ! !
df
f (x) = f (x0 ) + (4x) + + + ... + RN , (5.4)
dx i 2! dx2 i 3! dx3 i
∂f
!
fi+1 − fi
= + O(4x). (5.5)
∂x i 4x
onde O(4x) é o erro cometido pela aproximação de primeira ordem. A equação 5.5 é conhecida
como método forward. Cada termo da série de Taylor adicionado a esta equação a torna mais
próxima à diferencial.
Existem muitos métodos para discretizar as derivadas temporais. Estes métodos, normal-
mente, se dividem em dois grandes grupos, os métodos com discretização explícita e os métodos
com discretização implícita.
Discretização Explícita
∂u un+1 − un
= + O(4t), (5.6)
∂t 4t
un+1 − un
= F (un ) . (5.7)
4t
Figura 5.4: Exemplo dos pontos da grade para a formulação explícita (Adaptado de Hoffman e
Chiang, 2000)[8]
Discretização Implícita
Para uma discretização implícita, o termo da derivada temporal à direita da equação 5.6
toma forma
un+1 − un
= F un+1 . (5.8)
4t
Nesta equação existe mais do que uma variável desconhecida, como por exemplo: un+1 n+1
i−1 , ui e
un+1
i+1 (figura 5.5) (Hoffman e Chiang, 2000)[8].
Figura 5.5: Exemplo dos pontos da grade para a formulação implícita (adaptado de Hoffman e
Chiang, 2000)[8]
|umax | ∆x
≤1 ou ≥ |umax |. (5.9)
∆x/∆t ∆t
∆x
em que umax é a velocidade máxima do escoamento e é a velocidade da malha. Caso a con-
∆t
dição CFL não for respeitada oscilações numéricas irrealísticas se formaram descaracterizando
5.6. Validação 63
5.6 Validação
5.7 Comentários
No capítulo anterior obtivemos os valores dos hidrogramas das BCs. Agora, com o mo-
delo hidrodinâmico, estes hidrogramas serão propagados na área inundável de interesse para
que se obtenha as velocidades máximas e as profundidades máximas, a fim de criar os mapas
de inundação e de perigo. O modelo hidrodinâmico utilizado é o HEC-RAS 4.1. Atualmente
o HEC-RAS possui apenas uma versão unidimensional, com diversos artifícios para represen-
tar escoamentos em planície de inundação, sendo considerado muitas vezes como um modelo
quasi-bidimensional. A versão futura do HEC-RAS (5.0) já contará com uma possibilidade de
discretização bidimensional, o que pode substituir o modelo atual para estudos de inundação.
De qualquer forma, o uso do HEC-RAS novo será muito similar ao atual. Este código
é programado utilizado o método de Preissman que é um método implícito com derivada na
primeira ordem no espaço e tempo.
O exemplo prático de modelagem hidrodinâmico segue o organograma apresentado na Fi-
gura 5.6. Primeiramente serão definidas as seções transversais dos trechos contidos na área
inundável. Depois, serão definidas as condições de contorno internas, como pontos e pontos de
confluência. Assim, as condições de contornos externas são definidas e o modelo poderá ser
utilizado. O programa HEC-RAS 4.1 será utilizado para realizar as simulações e está gratuita-
mente disponível em "http://www.hec.usace.army.mil/software/hec-ras/".
Ainda, para georeferenciar as seções transversais, em geometry data, o usuário deve acessar
a aba GIS Tools =⇒ XS Cut Lines Tables ... e inserir os pontos que formam a seção transversal
(Figura 5.11). Na teoria da aplicação da equação de Saint-Venant, as seções transversais devem
ser sempre normais ao escoamento, ou seja, perpendiculares a ele. De qualquer forma, o HEC-
RAS aceita seções transversais curvas que podem ser inseridas adicionando mais pontos que não
formam uma reta no georeferenciamento da seção. Aconselha-se a evitar o uso deste artifício.
Quanto menor o espaçamento, mais preciso será o resultado, pois a aproximação numé-
5.8. Exemplo prático 69
rica será mais adequada (∆x ≈ ∂x). Infelizmente, espaçamentos muito refinados podem causar
oscilações numéricas (as oscilações numéricas sempre são indesejadas), além de aumentar con-
sideravelmente o tempo computacional da simulação. O HEC-RAS possui uma ferramenta
denominada XS interpolation (figura) que interpola automaticamente um número definido de
seções entre duas seções de escolha, que pertencem ao mesmo trecho.
esteja acima do aceitável (o erro aceitável é uma definição padrão e modificável do programa)
ele encerra automaticamente a simulação. Não é interessante que se modifique este o limite
do erro aceitável, mas existem cuidados que podem ser tomados para reduzir este erro. Não se
deve possuir seções muito próximas umas das outras, a redução do intervalo de tempo de cálculo
muitas vezes pode ser benéfica e como se trata de um código implícito, ele é incondicionalmente
estável e funciona através de iteração que buscam o melhor resultado tentando minimizar o erro
de cálculo. O número máximo de iteração pode ser modificado em na aba da simulação não
permanente por Options =⇒ Calculation Options and Tolerances ... =⇒ Maximum number of
iterations (0-40): (figura 5.13). Neste mesmo local, pode-se mudar o peso do fator implícito
de 1 para 0,6, o que também auxilia na melhora dos resultados, já que métodos totalmente
implícitos de primeira ordem tendem a possuir amortização numérica indesejada.
Para rodar a simulação para escoamentos não permanentes o usuário deve fornecer a data
de início e fim do evento a ser simulado. É importante que se forneça a mesma do que a
inserida para os hidrogramas da condição de contorno (figura 5.14). Caso esteja sendo realizada
a simulação pela primeira vez, é necessário que o usuário ative todas as funções Programs to
Run, porém, caso o usuário esteja realizando uma simulação pela segunda vez, e não modificou
a geometria do canal em nenhum aspecto, a função Geometry Preprocessor pode ser desativada.
O intervalo computacional não pode ser maior do que o intervalo dos hidrogramas fornecidos
na condição de contorno. Quanto menor for o tempo computacional melhor será o resultado
da simulação. Não é interessante reduzir muito o intervalo dos arquivos de saída (output), a
menos que se esteja interessado em alguma especificidade, pois geram dados desnecessários
5.8. Exemplo prático 71
que consome muito espaço no disco rígido do computador. Ao se ativar a função Mixed Flow
Regime o programa permite o cálculo tanto de escoamentos subcríticos quanto escoamentos
supercríticos para uma mesma simulação.
Uma janela com uma barra cinza aparecerá imediatamente na tela ao se rodar o modelo,
quando esta barra se tornar azul, a simulação terá terminado. Caso o usuário cometeu algum
erro durante o preenchimento das informações para a modelagem, o programa acusa qual o
problema na janela de informações com um texto em vermelho. Ainda, os dados podem estar
corretos, mas a simulação possui muitas oscilações. Estas oscilações podem provocar um erro
no programa fazendo com que ele pare e afirma que a simulação é instável, como mencionado
anteriormente.
5.8. Exemplo prático 72
Mapa de Inundação
O mapa de inundação pode ser criado de duas maneiras diferentes, através da confecção
de uma mancha de inundação a partir de dados observados da inundação ou através da mo-
delagem hidrodinâmica. O primeiro método fornece um mapa com mais exatidão, porém é
de difícil criação, pois os dados precisam ser adquiridos em pleno evento de inundação (GI-
GLIO; KOBIYAMA, 2011) [5]. Ainda, pode-se recuperar os dados das inundações através de
registros deste evento, ou seja, além da coleta em campo, estes dados também podem ser re-
cuperados através de fotografias, vídeos, jornais ou declaração de pessoas presentes no evento.
Outro ponto negativo deste método é a inflexibilidade em criar mapas com períodos de retorno
pré-estabelecidos.
O segundo método, referente à modelagem hidrodinâmica, utiliza modelos físicos ou ma-
temáticos para a criação dos mapas de inundação. Na metodologia utilizada pelo presente
trabalho, este mapa é resultado da modelagem hidrodinâmica. De qualquer forma, para a ca-
libração e validação do modelo hidrodinâmico, é recomendada a utilização cotas do evento de
inundação.
O mapa de inundação sempre está relacionado a um período de retorno que é utilizado
diretamente na confecção do mapa de perigo. A qualidade do mapa depende da qualidade dos
procedimentos que o antecedem, e é muito sensível ao modelo digital de terreno.
73
6.1. Mapa de Perigo de Inundação 74
O mapa de perigo é o produto final desta metodologia. Para sua criação é necessário quanti-
ficar este perigo, pois existem diferentes níveis de perigo que podem causar diferentes tipos de
dano (tabela 6.1).
PRENEVE (2001) [19] propôs uma caracterização do mapa de perigo de inundação que
estabelece três zonas para identificar os diferentes níveis de perigo, que variam com o período
de retorno. Desta forma, o mapa de perigo é uma função de frequência de inundação (período
de retorno) e intensidade (índice de perigo).
O Índice de Perigo (IP) proposto por Stephenson (2002) [25] é expresso por:
IP = h · v, (6.1)
Eventos mais severos, com maior profundidade da lâmina da água e velocidade, ocorrem
com menor frequência. Pequenos eventos de inundação são mais frequentes, porém possuem
um menor potencial destrutivo. Desta forma, o mapa de perigo de inundação é elaborado como
a combinação de intensidade e período de retorno de diversos mapas de inundação (figura 6.2).
Os valores do período de retorno podem ser alterados conforme o interesse do estudo. Em-
bora PRENEVE (2001)[19] adote períodos de retorno de 10, 100 e 500 anos , o presente tra-
balho adota os períodos de retorno de 5, 20 e 100 anos para adequar o método à realidade
6.2. Exemplo prático 76
brasileira, onde precipitações com alta intensidade ocorrem com uma frequência elevada. As-
sim, modificando a figura 6.2 para a metodologia do presente trabalho obtemos a figura 6.3
Com a metodologia a pouco apresentada, é possível criar mapas de perigo caso se possua
as mapas de profundidade e velocidade das áreas inundadas para os três períodos de retornos
diferentes. Observa-se que os períodos extremos, no caso 5 e 100 anos, possuem apenas dois
níveis de perigo cada um, laranja e vermelho para o de 5 anos e amarelo e vermelho para o de
100 ano. Com os três mapas de nível de perigo (um para cada período de retorno), se cria um
único mapa de perigo, sobrepondo-os. O nível 3 será sobressaliente aos níveis 2 e 1, o nível 2
se sobressairá ao nível 1.
vando a figura 6.5 se nota que condições diferentes devem ser definidas dependendo do período
de retorno do mapa a ser manuseado.
• Para o mapa com T R = 100 anos, uma única condição é suficiente para definir o nível de
perigo em cada célula:
se V · h ≥ 0, 5 então a célula terá o nível de perigo 3, se não ela terá o nível de perigo 1.
• Para o mapa com T R = 5 anos, são necessárias uma condicional simples e uma condici-
onal dupla para definir o nível de perigo em cada célula:
se V < 0, 9 e h < 0, 2 ou se h < 0, 1 então o nível na célula será 2, caso contrário será 3.
• Para o mapa com T R = 20 anos, são necessárias duas condicionais simples e uma condi-
cional dupla para definir o nível de perigo em cada célula:
Por fim, para criar um único mapa de perigo os mapas criados anteriormente devem ser
6.2. Exemplo prático 78
unidos, de forma que as células com o nível de perigo 3 se sobressaiam as células com nível de
perigo 2 ou 1. De forma semelhante, as células com nível de perigo 2 devem sobrepor as com
nível de perigo 1. Desta forma o para de perigo estará finalizado.
Capítulo 7
Considerações Finais
• V - promover a fiscalização das áreas de risco de desastre e vedar novas ocupações nessas
áreas;
• VII - vistoriar edificações e áreas de risco e promover, quando for o caso, a intervenção
preventiva e a evacuação da população das áreas de alto risco ou das edificações vulnerá-
veis;
Assim, é bem claro que a comunidade precisa saber o que é o risco, identificar áreas de
risco, mapear tais áreas e realizar algumas medidas estruturais e não-estruturais.
79
80
Então, no caso de estudo de inundação a fim de reduzir desastres causados pelas inundações,
precisa-se entender o que é o risco. Segundo UNDP (2004) [28], o risco é definido como a
probabilidade de consequências prejudiciais ou perdas (sociais, econômicas, e/ou ambientais)
resultantes da interação entre perigos naturais e os sistemas humanos. Convencionalmente, a
seguinte equação pode descrever o risco de um desastre natural:
R = f (H, V) (7.1)
executar simulação com HEC-HMS e HEC-RAS. Assim finalmente, terão informações sufi-
cientes para construir mapas de risco. Mesmo assim, tanto para vulnerabilidade quanto para
risco, ainda não existe um consenso para os elaborar. Como a PNPDEC exige cada município
ter mapas de risco, pode ser um grande desafio para a comunidade brasileira.
A UNESCO iniciou a fase VIII do Interntional Hydrological Programme. Esta fase pre-
tende responder ao desafio de seguridade hídrica, tendo seis temas. O primeiro e o sexto temas
são referentes a redução de desastres hidrológicos e educação sobre a água, respectivamente,
(JIMENEZ-CISNEROS, 2015) [11]. Compreender o mecanismo de ocorrência de inundação e
desenvolver técnicas para mapeamento de inundação podem fazer parte do tema 1. Divulgar tal
conhecimento e técnica pode ser considerado como parte do tema 6.
Assim, os autores da presente apostila acreditam que a mesma pode contribuir a comuni-
dades tanto local quanto científica. Pretendendo melhorar esta apostila, os autores esperam
receber comentários críticos em relação ao conteúdo do texto que podem ser enviados paro o
e-mail: [email protected].
82
Cronograma
Tabela 7.1: Cronograma
Assunto Ministrante
Introdução a desastres naturais e hidrológicos Masato Kobiyama
Inundações Masato Kobiyama
(conceito, classificação, características, etc.)
Mapeamento de risco de inundação, com índice Masato Kobiyama
de perigo
Definição de subbacias de contribuição e área Fernando Campo Zambrano
inundável
Introdução a Modelagem Leonardo Romero Monteiro
Modelo chuva-vazão Leonardo Romero Monteiro
Introdução ao HEC-HMS
Modelo chuva-vazão Leonardo Romero Monteiro
Aplicação do HEC-HMS
Modelo hidrodinâmico Leonardo Romero Monteiro
Introdução ao HEC-RAS
Modelo hidrodinâmico Leonardo Romero Monteiro
Aplicação do HEC-RAS
Mapeamento de perigo de inundação Leonardo Romero Monteiro
Fernando Campo Zambrano
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