Atuação Do Psicólogo Na Escola

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 10

1.

Atuação do Psicólogo na Escola

O papel do psicólogo no âmbito escolar se caracteriza e se baseia pela


perspectiva de procurar elencar os conhecimentos específicos da Psicologia
com os conhecimentos educativos. Os profissionais precisam dispor de
conhecimentos dos temas tratados pela educação, da problemática do contexto
escolar e das teorias pertinentes ao assunto a fim de explicitarem e
fundamentarem adequadamente suas práticas.

O psicólogo enquanto agente dentro do âmbito escolar pode desenvolver


uma série de papeis e funções. Uma delas é participar da formação dos
educadores, contribuindo para que eles estejam cada vez mais fortalecidos e
instrumentalizados para uma atuação de qualidade junto aos alunos, entre si e
com o corpo de funcionários das escolas.

Para Souza (2002), essas são algumas das atuações que o psicólogo pode
desenvolver;

 Ajudar o educador a refletir sobre sua infância para assim compreender


melhor a infância de seus alunos;
 Ajudar o educador a refletir sobre sua família para compreender melhor
a dinâmica familiar dos alunos;
 Auxiliar o educador no convívio das relações grupais, nas relações de
equipe e no trabalho de constituição de grupos;
 Auxiliar o educador a conhecer e refletir sobre o processo de
desenvolvimento humano e os processos de ensino-aprendizagem e as
teorias a respeito;
 Refletir sobre as questões éticas e políticas relacionadas à educação e
ao cenário escolar;
 Conduzir intervenções no cenário escolar, com respeito à figura do
educador, dialogando com ele, colaborando em suas necessidades de
reflexão e de construção do conhecimento, sem imposições,
direcionamentos ou controle.
Outras tarefas concernentes ao psicólogo no âmbito escolar são ainda
apontadas por Sousa (2002) como complementando a rede de atuação, como
apresentamos a seguir:

 Desenvolver trabalhos de Orientação Profissional e Vocacional com os


alunos;
 Desenvolver ações preventivas ao uso de drogas;
 Desenvolver ações sobre temas como sexualidade, ética, agressividade
junto com o corpo docente;
 Desenvolver ações sobre desenvolvimento humano, prevenção ao uso
de drogas, sexualidade, agressividade, ética junto com o corpo docente
direcionada ao esclarecimento da comunidade;
 Dialogar junto com o corpo docente, com os pais sobre o
desenvolvimento acadêmico dos alunos, metodologia e objetivos da
escola bem como sobre dificuldades dos alunos;

Muitas são as teorias de ensino aprendizagem que embasam o trabalho


dos psicólogos educacionais, como Cognitivismo, Construtivismo, Cognitivismo
Social, Teorias Motivacionais, Teorias do Desenvolvimento, Behaviorismo,
Teoria sócio histórica. Entre os teóricos mais referidos na área pode-se citar
Piaget, Vygotsky, Rogers, Maslow, Skinner, Bruner e Bandura.

A Psicologia Educacional/Escolar tem buscado, nos últimos anos,


desmistificar o papel individualizante e psicologizante das práticas profissionais
do psicólogo inserido no contexto educacional. Nesse sentido, almeja-se uma
distância da práxis clínica tradicional, bem como uma aproximação de uma
visão mais institucionalizada dos problemas que acontecem na escola.

Com essa nova perspectiva, os problemas unilaterais no contexto escolar


passam a ganhar diferentes conotações com maior amplitude, envolvem
fatores que vão além do “aluno-problema” ou de uma visão única dos
fenômenos psicológicos. Permite assim, enxergar os problemas a partir de uma
ótica que leva em consideração outros aspectos como o: contexto histórico-
social, cultura, escola, família, desenvolvimento infantil e mudanças hormonais.
2. Entrevistas

Entrevista realizada entre os dias 24 e 25 de maio de 2017, com a


professora Lara Cristina Conceição e a coordenadora Joseléa Saboia de
Oliveira Damasceno, ambas da Escola Estadual Domingos Custódio de
Macedo, situada à Rua Dr. José de Moura Resende, N° 372 - Vila Tesouro -
São José dos Campos – SP.

ENTREVISTA 01 – Profa. Lara Cristina Conceição

1. Em qual faculdade graduou-se


R: UNITAU - Universidade de Taubaté - Taubaté – SP

2. Quando concluiu a graduação?


R: 1990

3. O que levou a interessar-se pela área da educação?


R: Fiz magistério no nível médio, já trabalhava com educação
desde meus 18 anos.

4. Você fez alguma especialização? Sobre o que? Onde?


R: Fiz comunicação social, posteriormente fiz artes, língua
portuguesa e agora pedagogia.

5. Você pretende especializar-se mais?


R: Pretendo fazer mestrado no próximo ano.

6. Como se deu sua trajetória profissional na área da educação?


R: Eu estudo a educação desde o meus 15 anos, trabalhei
durante 14 anos, parei criei meus filhos durante este tempo. Em
2013 voltei para a escola do estado, mas trabalhei durante 14
anos na escola municipal.
7. Há quanto tempo esta nessa escola?
R: Comecei nessa escola este ano.

8. Quais são suas atribuições como docente?


R: São varias hoje em dia as atribuições, vão além de transmitir o
conhecimento, nós não transmitimos somente o conhecimento
nós mediamos o conhecimento do aluno, nós fazemos com que
ele construa o seu próprio conhecimento. Mas como a sociedade
hoje esta tão denegrida, o nosso papel também é educar em sala
de aula, fazer o que a família não faz.

9. De acordo com suas funções citadas acima, no que você acha que
um psicólogo escolar poderia contribuir para a execução e auxilio
dessas funções?
R: Eu acho que poderia ajudar tremendamente! Como eu falei a
sociedade está muito difícil, então o psicólogo primeiro nos
ajudaria a entender melhor essas emoções e sentimentos dos
alunos que chegam até nós. Ajudar-nos nesse sentido, mesmo de
como lidar com situações que fogem do nosso controle. E
plenamente importante.

10. Qual a maior dificuldade você enfrenta em sala de aula?


R: Acredito que começa no inicio da formação, o professor tem
que ser bem formado. No Brasil infelizmente é muito deficitária a
formação do professor, ele vem de maneira geral de uma classe
social muito baixa, então ele já não teve uma formação adequada
no ensino fundamental, ensino médio, e a universidade também
deixa muito a desejar. Então o ponto principal é a formação
depois vem à faculdade. O professor não pode parar de estudar
nunca.
11. Quais os fatores estão relacionados ao bom desempenho do
professor?
R: O numero excessivo de alunos. Quando você trabalha com
protótipo construtivista, você tem que ter um número de alunos
mais reduzido, e infelizmente isso hoje em dia não só em escolas
publicas, nas escolas particulares também, nós enfrentamos esse
numero excessivo de alunos. Falta às vezes espaço adequado,
materiais, por exemplo, eu sou professora de artes, meu sonho é
ter uma sala de artes em cada escola que eu vou, eu quero ter
um palco, pias, tintas, cavaletes, papeis e etc..., e infelizmente
isso é uma ilusão que eu tenho. Mas mesmo assim conseguimos
por vezes despertar o fazer artístico, fazer com que as crianças
produzam. E agente vai levando.

12. Em sua opinião, o vinculo afetivo com o aluno favorece ou


atrapalha o aprendizado? Justifique?
R: Eu acredito muito no que Henri Wallon fala, o vinculo com o
aluno é fundamental. Se o aluno gosta do professor a
aprendizagem dele é muito mais fácil do que se ele não gostasse.

13. Em sua opinião, a quantidade de hora/aula é suficiente para que o


aluno possa assimilar e aprender o suficiente?

R: Vou falar das duas disciplinas, arte e língua portuguesa, eu


sempre brinco que artes deveria ter todos os dias, nós temos
apenas um dia da semana, o tempo é extremamente restrito, você
fica limitada, porque quando agente fala em construir o
conhecimento, então eu acho que é muito pouco o período de
aula, deveria ter mais. Trabalhando a arte você iria mudar em
todos os sentidos.

14) Você percebe mudanças estruturais, organizacionais e


desenvolvimentais da escola pública? Se sim, quais?
R: Olha eu vejo um interesse, algumas propostas de mudança
sim, eu sou nova no estado, tenho apenas quatro anos. Quando
eu cheguei achei a proposta espetacular e ainda fiz esta pergunta
a mim mesmo: Porque não funciona? A gente tem sim propostas
e propostas, sabe o que eu sinto às vezes? Falta de vontade de
quem está trabalhando.

15) Em sua opinião, a formação dos professores é suficiente para o


manejo das questões educacionais em sala de aula?

R: Não, de forma alguma, a formação dos professores é muito


pobre e muito pouca aqui no Brasil. O professor deveria ser bem
formado, deveria ser como temos em alguns países, por exemplo,
na Finlândia “Ter a escola de formação do professor”. O
professor entra nessa escola, ele se forma enquanto educador,
depois de tantos anos ele vai se especializar, e decidir qual vai
ser a licenciatura dele. No Brasil nós temos apenas licenciatura.

16) Como a escola oferece suporte ao professor?

R: Não sei te responder, porque sou nova nessa escola.

17) Você conhece a atuação do psicólogo escolar?

R: Olha, há muito tempo atrás eu trabalhei durante um ano em


uma creche e lá tínhamos psicólogo que fazia atendimento
pontual, uma vez por semana, eu não acompanhei de perto, então
não posso falar pra você que conheço não.

18) Em sua opinião, porque não há psicólogos na maioria das


escolas?

R: Primeiro acho que é por uma questão financeira, questão de


verba, hoje as escolas públicas tem um grande problema com
verba de uma maneira geral. Talvez também porque a psicologia
ainda seja um assunto novo. Não deveria ser mais se formos
analisarmos como ciência, ela ainda é nova, por falta de
conhecimento, saber da importância desse profissional.

ENTREVISTA 02 – Joseléa Saboia de Oliveira Damasceno

1. Em qual faculdade graduou-se?


R: UNIVAP - Fundação Vale-paraibana de Ensino

2. Quando concluiu sua graduação?


R: Em 2002

3. O que levou a se interessar pela área escolar?


R: No início fui fazer o curso técnico em magistério, gostei e
passei a me interessar pela área escolar.

4. Você fez alguma especialização? Sobre o que? Onde?


R: Sim em Pedagogia, na Universidade Paulista (UNIP).

5. Você pretende se especializar mais?


R: Sim! Comecei a fazer pós, mas não terminei, fiz cursos
paralelos como: escola de formação do estado, melhor gestão,
TGD e avaliação escolar.

6. Há quanto tempo está nesta escola?


R: Estou aqui há 5 anos

7. Como se deu sua trajetória profissional na área da educação?


R: Fiz magistério, estágio na educação infantil pela prefeitura,
ingressei na pedagogia e comecei a trabalhar em escola particular
na educação infantil por 10 anos. Em paralelo comecei a trabalhar
no estado na escola da família por 9 anos em várias escolas.
Depois saí da escola da família e comecei a trabalhar na escola
em que atuo na sala de leitura por um ano, onde fui convidada a
assumir a coordenação.
8. Quais são as atribuições de um coordenador?
R: Acompanhamento da aprendizagem dos alunos, auxiliar os
professores, promover momentos formativos para o
aperfeiçoamento da prática docente.

9. Há algum planejamento anual das atribuições citadas?

R: Sim, além do planejamento anual, tem plano mensal do


professor coordenador.

10. De acordo com as funções citadas acima, no que você acha que
um psicólogo escolar iria contribuir para a execução e auxilio
dessas funções?
R: Principalmente no acompanhamento de aprendizagem dos
alunos, algumas dificuldades percebidas, só seriam sanadas com
a ajuda de um profissional adequado e com especialização na
área.

11. Quais são os maiores desafios na sua atuação?


R: A maior dificuldade é não conseguir cumprir somente com a
nossa função que seria coordenação. Pois a escola tem muitas
demandas que acabam sobrando para a coordenação resolver.

12. Em sua opinião, a quantidade de horas/aula é suficiente para que o


aluno possa assimilar e aprender o suficiente? Se não, qual seria o
tempo ideal?
R: A quantidade é boa, para os alunos que necessitam de um
acompanhamento mais próximo a rede tem um programa de
reforço, que se chama “programa novo mais educação”.

13. Há algum projeto voltado a promoção de saúde do professor,


visando a promoção da qualidade de vida e bem estar?
R: Para a promoção de saúde dos profissionais como prevenção
não existe. O que temos é o convênio do estado (IAMSP) que tem
médicos credenciados como psiquiatras, psicólogos, só que
depois de estar doente já não adianta mais.

14. No que tange a relação promoção – aluno há alguma ação da


escola visando o acolhimento do aluno e / ou promoção de um
vinculo afetivo?
R: O que existe é um mediador de problemas dos alunos.

15. Você conhece a atuação do psicólogo escolar?


R: Não, o trabalho que o psicólogo exerce em específico não.
Aqui na escola os alunos tem atendimento pelos profissionais em
psicopedagogia.

16. Em sua opinião porque não há psicólogos na maioria das escola?


R: Não sei bem ao certo, talvez por acharem que o psicólogo seja
um profissional da área da saúde e não da educação.

3. Análise das Entrevistas

Com base nos relatos colhidos nestas entrevistas, pode-se observar


que há um anseio por parte tanto da professora quanto da coordenadora por
melhor formação ao educador, sendo por vezes evidenciado a insatisfação com
o processo de formação dos mesmos.
Outro ponto a se enfatizar, é a superficialidade das informações
quando questionadas sobre a atuação do psicólogo no contexto escolar, talvez
pela falta de experiência, as mesmas não demonstraram entender sobre o
papel e atuação deste profissional neste contexto. Contudo, reconhecem a
importância dos mesmos nos processos emocionais e nas avaliações dos
alunos.
Vale ressaltar, que é nítido e unanime o pensamento de que a escola
vem passando por transformações em sua estrutura e competência, a exemplo,
a escola passou a ter o papel de formação de caráter e comportamento dos
alunos, onde segundo a professora esta é uma função indelegável da família.

4. Proposta de Intervenção
Através das informações colhidas nas entrevistas e amparado
teoricamente por diversos autores deste tema, demonstraremos abaixo
uma proposta de intervenção, com a finalidade de favorecer a resolução
dos “problemas” encontrados por tais profissionais.

1. Educação direcionada para a área de interesse dos alunos;


2. Participação efetiva dos pais e responsáveis no planejamento
escolar e letivo dos alunos;
3. Criar em cada escola, salas com temáticas direcionadas para o
ensino de arte, cultura, saúde, matemática e outras disciplinas;
4. Fomentar o uso de ferramentas lúdicas para o processo de
ensino-aprendizagem dos alunos;
5. Fugir do modelo comum de aulas, estimular a participação e
socialização dos alunos em aulas em círculos e debates;
6. Estimular o aprimoramento do professor em sua área de
formação;
7. Combater o absenteísmo através de medidas inovadoras de
atratividade para alunos;
8. Através do psicólogo escolar, fomentar em forma de dinâmica a
troca de papeis na escola em datas sugestivas, para trazer à tona
a empatia entre os profissionais e alunos;
9. Fomentar o uso de tecnologias no ambiente escolar.

Todas essas propostas requerem esforço de todos os profissionais


envolvidos, bem como pais, responsáveis e os próprios alunos, com isso
observa-se que a efetiva qualidade na educação está inteiramente ligada à um
esforço coletivo.

Você também pode gostar