Agua Como Indutora de Patologias Nas Edificacoes

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Água como indutora de patologias nas

Edificações,

a partir da tese de mestrado na UFF de


João Cassim Jordy

www.iliescu.com.br

[email protected]
Preliminares
 Há de se promover a proteção das edificações e construções contra a
deterioração e degradação devido à penetração por líquidos, vapores e
gases de substâncias agressivas existentes na atmosfera, em fumaças
poluentes, no solo ou estocados em depósitos artificiais ou naturais.
 Esta proteção está relacionada a todo e qualquer tratamento feito nas
edificações e construções, particularmente as formadas por estrutura em
concreto, incluindo suas superestruturas, infraestruturas, alvenarias,
pavimentações, revestimentos, coberturas e demais elementos externos ou
internos, a fim de protegê-las contra a penetração de agentes agressivos e
percolação de líquidos e/ou vapores para o seu interior.
 Os tratamentos protetores estão ligados ao bem estar, à saúde dos usuários
das edificações e ao patrimônio das sociedades como um todo, na medida
em que impedem a proliferação de enfermidades nas pessoas, evitam a
instauração e proliferação de anomalias nas estruturas e demais elementos
constituintes das edificações.

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Outras considerações

 As impermeabilizações devem, preferencialmente, ser efetuadas através de


envolvimento superficial dos elementos e estruturas das edificações.
Todavia, conforme o caso, podem ser propostos tratamentos por meio de
colmatações superficiais ou internas através da porosidade das estruturas
de concreto, das argamassas cimentícias e das alvenarias.
 Em casos de elementos subterrâneos e fundações das edificações, as
proteções podem ser executadas por meio de impregnações de produtos
no solo impedindo o contato e penetração dos agentes agressivos através
das fundações e do embasamento.
 Existe, também, o conceito de “impermeabilização vertical”, que engloba os
tratamentos de paramentos e empenas das edificações e de elementos
como peitoris, platibandas, caixilharia (contra marcos e janelas externas),
juntas verticais e interfaces alvenarias/estruturas.

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O conceito da proteção
 A impermeabilização tem sido um assunto abordado de forma sucinta nas
instituições de ensino de Engenharia e Arquitetura e, igualmente, tratado de
maneira não criteriosa pelos profissionais responsáveis por projetos e obras de
edificações e construções. Torna-se necessário mudar esta ótica, pois a ocorrência
de falhas de estanqueidade nas impermeabilizações ou mesmo sua inexistência,
propiciam a deterioração das construções.
 Uma obra de edificação sem previsão de projetos e serviços de impermeabilização
estará exposta à penetração de agentes agressivos e sujeita a danos, degradações,
riscos de ruína, diminuição de sua vida útil, altos custos de manutenção e/ou
recuperação, desvalorização em relação ao mercado imobiliário, pendências
jurídicas de diversos tipos, entre outros fatores nocivos às construções e usuários.
 A seleção do sistema de impermeabilização ideal para cada área ou elemento da
edificação está relacionada a fatores como custo unitário, durabilidade, facilidade de
aplicação, forma e comportamento da estrutura, forma de atuação da água e
vapores, incidência de raios solares, necessidade de proteção mecânica, toxidade
dos materiais e riscos aos aplicadores, interferências entre projetos envolvidos, tipo
de sistema construtivo, tipo de edificação, análise do meio-ambiente e de agentes
agressivos, dentre outras condicionantes.

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A seleção da proteção
 De forma geral na análise, engenheiros ou arquitetos devem avaliar as
condições de durabilidade exigidas para a construção como um todo,
obtendo dados relacionados ao grau de exposição ao meio ambiente,
incluindo aspectos da atmosfera, condições geotécnicas, nível do lençol
freático, microclimas formados em cômodos confinados, drenagem e
condições gerais relacionadas a outros projetos envolvidos na construção.
 A atuação da água e vapores poderá indicar um ou outro sistema de
impermeabilização a aplicar, levando-se em consideração fatores como
facilidades de ancoragem, estabilidade do sistema em paramentos verticais
e sobre tetos (faces inferiores de lajes), como no caso de reservatórios e
saunas. E ainda, pressões negativas (empuxo hidrostático negativo) e/ou
imposições construtivas, como em subsolos junto às divisas com
edificações vizinhas.
 No caso do lençol freático, o seu nível máximo e tipo de água poderão
impor diferentes sistemas impermeabilizantes para aplicação em cisternas,
cintas, pisos, alvenarias térreas, estruturas subterrâneas e fundações.

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Vantagens da proteção por impermeabilização
 A proteção das edificações com sistemas impermeabilizantes evita a
recorrência a dispendiosas e incômodas obras de recuperação. Sua
importância deve-se, também, ao fato de garantir a saúde dos ocupantes e
usuários das edificações ao evitar que a penetração, percolação e acúmulo
de água propiciem um “habitat” ideal à proliferação de fungos e bactérias
geradores de alergias, doenças respiratórias e outras enfermidades.
 Cabe frisar que, segundo dados estimados por especialistas em obras de
edificações, o custo de uma impermeabilização perfaz, em média, 2% do
custo de uma construção nova. Em contrapartida, este percentual aumenta
consideravelmente no caso de obra de re-impermeabilização em áreas
expostas à infiltrações, além de transtornos com intervenções para
execução de reparos. As impermeabilizações, quando associadas a
tratamentos de isolamento térmico, podem representar economia
substancial de custos com consumos de energia relativos à refrigeração ou
aquecimento e servem como parâmetros para menores taxas de seguros
imobiliários.

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Ação da água e outros agentes agressivos
 A água desempenha um importante papel nas edificações, na medida em
que é empregada na preparação de argamassas, concreto e outros
materiais de construção, simples ou conjugados, compondo esses e outros
sistemas construtivos. Sua maior ou menor quantidade na fabricação de
determinados materiais de construção são indicadores da durabilidade.
 Paradoxalmente, a água atua como o principal agente dos processos de
degradação das edificações por meio da deterioração dos materiais, agindo
de per si ou em conjunto com outros agentes agressivos, constituindo-se no
veículo para acesso destes agentes ao interior das edificações.
 Segundo Machado (1998), as edificações sofrem patologias e se deterioram
devido ao envelhecimento dos materiais de construção, pela ação do meio
ambiente ou intemperismo, por deficiências na utilização e conservação e
devido a deformações geradas segundo obras na própria construção ou
adjacências.

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Agentes agressivos
 Os agentes agressivos presentes na atmosfera e nos solos vizinhos às
edificações, são vetores que induzem à deterioração, segundo a
microestrutura de cada material de construção e comprometem integridade
e estabilidade dos elementos estruturais das edificações.
 Os agentes agressivos físicos compreendem águas de chuva, umidade por
capilaridade, infiltrações d’água, vapor d’água, umidade do ar, gelo;
radiação solar, particularmente os raios ultravioleta (UV); variações de
temperatura; ventos; granizo e poeira com partículas de materiais inertes.
 Os agentes agressivos químicos englobam sais presentes no ar atmosférico
(névoa salina contendo enxofre e cloro) ou nos solos e mares; oxigênio,
ozônio e gás carbônico, encontrados na composição do ar atmosférico;
monóxido de carbono, óxidos de enxofre (dióxido e trióxido de enxofre),
óxido de nitrogênio, dentre os gases poluentes; ácidos húmicos do solo;
produtos químicos de utilização doméstica (água sanitária, soda cáustica e
ácido muriático); solventes orgânicos; óleos; gorduras; águas subterrâneas
ferruginosas e carbonatadas.

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Agentes agressivos
 Os agentes agressivos biológicos são bactérias e fungos; cracas marinhas
(tipo de ostra) e conchas; vegetação composta por algas, liquens e raízes;
insetos, formigas e cupins; animais roedores e seres humanos e seus
dejetos.
 Os agentes agressivos mecânicos são águas em movimento, águas sob
pressão; pressões do solo; cargas permanentes e periódicas; forças e
deformações impostas e vibrações.
 Particularmente, nota-se que a água encontra-se associada aos diversos
tipos de agentes de deterioração físicos, químicos, biológicos e mecânicos.
Pode-se afirmar que a água é o maior elemento indutor da deterioração do
concreto e das armaduras nas construções.
 Cánovas (1988) distinguia três diferentes tipos de corrosão do concreto
devido às águas, a saber: por ação das águas puras, por águas contendo
substâncias que produzem reações de troca iônica e por águas com
produtos químicos

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Corrosão
 Corrosão por ação das águas puras, que atuam dissolvendo e arrastando o
hidróxido de cálcio do cimento endurecido, liberado após o processo de
hidratação. Sua dissolução e o transporte do hidróxido de cálcio dão origem
à decomposição de outros compostos hidratados, tornando o concreto
poroso e causando sua desintegração com o tempo;
 Corrosão por águas contendo substâncias que produzem reações de troca
iônica, isto é, existem águas que contêm substâncias químicas dissolvidas
que reagem com certos constituintes da pasta do cimento Portland
endurecida, sendo os produtos resultantes facilmente dissolvidos, lixiviados
pela água em movimento ou separados em estado amorfo de baixa
resistência mecânica;
 Corrosão devida a águas com produtos químicos, que dão origem a sais
expansivos. Aqui, os sais expansivos formados, após o ataque químico,
cristalizam-se e preenchem os poros e capilares do concreto, exercendo
pressões intensas sobre as paredes dos poros, levando à fissuração e
ruptura do concreto.
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Corrosão
 São prejudiciais ao concreto e às argamassas cimentícias, as águas com
poucas substâncias dissolvidas (águas puras), ácidos, álcalis, sais e suas
respectivas soluções. Os líquidos, em particular as águas que contenham
íons agressivos, são encontrados na atmosfera, nos solos e em ambientes
confinados (formação de micro climas). Entretanto, a ação prejudicial para o
concreto só tem lugar quando a substância agressiva alcança o concreto
em forma de gás úmido (dispersa em vapor d’água), dissolvida em líquido
(principalmente em águas) e, sobretudo, sob a forma ionizada.
 Os agentes agressivos mais deletérios são os seguintes: Cl--, Mg++, SO4=,
NH4+, H+, HCO3--, OH-- , segundo escala decrescente de agressividade ao
concreto. Os íons agressivos podem realizar suas ações destrutivas de
forma isolada ou simultânea (Biczók, 1978). Considerando os processos
corrosivos do aço das armaduras, a presença de água favorece o
fenômeno, principalmente associado a íons cloretos, sulfato, sulfeto e de
anidrido carbônico ou mesmo devido à ação da água pura, conduzindo a
processos de dissolução dos componentes da pasta de cimento endurecida,
resultando em redução do pH da massa de concreto a 9, aproximadamente.
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Águas de infiltração e vazamentos
 São águas exteriores que, nos vários estados físicos e origens, penetram
nos elementos das edificações a partir do exterior: revestimentos, janelas,
peitoris, lajes, alvenarias, paredes, platibandas, telhados, fundações e
embasamentos ou águas que penetram através de paredes e lajes de áreas
molháveis internas ou de reservatórios da edificação. A NBR 8083/83 define
infiltração como "a penetração indesejável de fluidos nas construções".
 São águas que vazam pelas falhas nas instalações hidráulicas, sanitárias e
de águas pluviais e percolam através de alvenarias, revestimentos e
componentes estruturais das edificações. As falhas em instalações
hidráulicas, em geral, surgem devido a anomalias ligadas a sobrepressões,
causadas por "golpe de Aríete", após fechamento abrupto de válvulas de
descarga e outras anormalidades como deficiências em conexões.
 Nas instalações sanitárias podem ocorrer deficiências nas ligações de
juntas elásticas ou coladas e no corpo das caixas de inspeção e poços de
visita, passando do vazamento para as infiltrações pelo solo ou aterro,
causando diversos danos às edificações, como afundamentos de pisos,
agressões ao concreto, alvenarias e revestimentos.
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Águas de vazamentos e percolação
 No caso de instalações de águas pluviais, podem surgir anomalias geradas
por pressões negativas no interior de tubos, tendendo a fissurá-los e até
mesmo esmagá-los, após o "afogamento" das entradas de coletores. Esta
anomalia pode ocorrer no momento da descarga de volumes d’água
formados para a execução de ensaios hidráulicos (“testes de estanquei-
dade”) sobre as áreas impermeabilizadas.
 Água de percolação: “É aquela que atua em terraços e coberturas, empenas
e fachadas, onde existe livre escoamento, sem exercer pressão hidrostática
sobre os elementos da construção” (Cunha; Neumann, 1979).
 Água de percolação: “É a água que atua sobre superfícies, não exercendo
pressão hidrostática superior a 1kPa” (NBR 8083).
 ”Chama-se percolação, a passagem da água através de um corpo por
transmissão grão à grão” (Verçosa, 1985).
 Água com pressão ou água sob pressão: “É a que atua em subsolos, caixas
d’água, piscinas, exercendo força hidrostática sobre a impermeabilização”
(Cunha; Neumann, 1979). ”Água confinada ou não, exercendo pressão
hidrostática superior a 1 kPa” (NBR 8083).
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Águas de capilaridade
 Água (ou umidade) de capilaridade: “É a ação da água sobre os elementos
das construções que estão em contato com bases alagadas ou solo úmido.
A água é absorvida e transportada pela ação da capilaridade de materiais
porosos até acima do nível estático” (Cunha; Neumann, 1979).
 “Umidade do solo: água existente no solo, absorvida e/ou adsorvida pelas
partículas do mesmo” (NBR 8083, 1983). A água de capilaridade ocorre em
situações de contato dos materiais porosos de construção com água
depositada em seus embasamentos. A água sobe através da porosidade
capilar até um estágio de equilíbrio entre as forças de ascensão capilar e
gravidade, correspondendo a uma altura que pode variar conforme o tipo de
material e respectiva porosidade.
 No caso de tijolos cerâmicos e de argamassas higroscópicas, a altura de
capilaridade pode atingir, em geral, altura entre 0,40 m e 0,80 m. Em certas
situações, porém, já foram observadas alturas maiores, entre 1,00 e 1,20 m.

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Água na forma de vapor e absorvida
 Trata-se da difusão da água na forma de vapor, a qual migra através de um
ou vários elementos da construção. É um fenômeno físico, relacionado com
a porosidade do elemento construtivo e observado através das
características de absorção e permeabilidade, também sob a influência da
temperatura e pressão atmosféricas que afetam o elemento.
 A água em forma de vapor pode ser visualizada na forma de deteriorações
em fachadas, empenas externas e superfícies internas das edificações,
desagregando alvenarias, revestimentos e pinturas.
 Água impregnada por absorção nos poros e interstícios dos materiais de
construção higroscópicos, como as alvenarias cerâmicas e argamassas
contendo argila e materiais orgânicos que podem transformar-se em vapor
por conta de ações térmicas externas.
 A percolação da água induz à deterioração dos materiais de construção,
pelos ciclos de molhagem e secagem, promovendo fadiga e desagregação
dos mesmos.

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Água de condensação
 É a que, sob a forma de vapor, ao incidir sobre uma superfície ou
paramento, devido à diferença de temperatura em relação à temperatura da
superfície da peça, condensa-se na fase líquida.
 Esse fenômeno físico de transformação de fase é muito comum dentro de
reservatórios d’água, onde se observam gotas nas superfícies inferiores das
lajes de tampa. As gotas carregando íons de Cl--, aderidas às superfícies
por tensão superficial, penetram no concreto, atacando quimicamente os
componentes da pasta de cimento endurecida e despassivando as
armaduras. Como efeito físico da corrosão do aço, ocorrem fissuras e
desplacamentos no concreto.
 Igualmente, a água de condensação pode ocorrer devido ao vapor gerado
no interior da edificação em cômodos com ventilação deficiente, havendo
deposição de umidade nos revestimentos de tetos, paredes e pisos, com
formação de meio úmido propício à formação de culturas de “bolor”.

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Águas contendo fungos, “bolor”
 O bolor é uma anomalia que se observa por exame visual, sendo causado
pelo desenvolvimento de microorganismos pertencentes ao grupo dos
fungos que são considerados vegetais inferiores.
 Os fungos, formadores dos conhecidos emboloramentos, penetram na
porosidade dos materiais de construção, favorecendo a proliferação de
suas culturas e de bactérias deletérias à saúde dos usuários das
edificações.
 As culturas de fungos ou bolor, tendem a desagregar os materiais de
construção, como por exemplo, em argamassas e revestimentos, pelo
crescimento e expansão vegetal dentro da porosidade dos materiais e pela
síntese de enzimas, que atacam quimicamente as substâncias constituintes
dos materiais cimentícios.
 Como fator intimamente ligado à proliferação dos fungos nas edificações,
estão a presença de água nos estados líquido ou vapor, a umidade relativa
do ar elevada, acima de 75%, que são considerados meios propícios ao
desenvolvimento de culturas dos vegetais inferiores.

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Águas puras, águas de chuva

 O grande poder dissolvente das águas puras, em geral, as torna mais


agressivas ao concreto do que as águas impuras contendo teores
moderados de substâncias agressivas.
 Particularmente, as águas de chuva possuem grande poder de dissolução,
pois contêm CO2 em teor apreciável, incorporado devido à sua
precipitação, podendo estar associado a ácidos existentes em atmosferas
poluídas devido a emanações de dióxido e/ou trióxido de enxofre oriundos
de processos de combustões de motores industriais.
 As águas quimicamente puras, como a água destilada, água da chuva e
água de poços de regiões silicosas, possuem baixo teor de sais dissolvidos
e tendem a diluir a cal liberada na hidratação dos silicatos de cálcio
oriundos do cimento, aumentando a porosidade de concretos e
argamassas.

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Águas puras, águas de chuva
 Nesta ação agressiva, são determinantes a velocidade e a quantidade de
água atuante. A cal hidratada Ca(OH)2 dissolvida, ao chegar à superfície do
concreto, sofre carbonatação pelo H2CO3 (oriundo da reação do vapor
d´água da atmosfera com o CO2), resultando as eflorescências superficiais.
 O efeito físico do processo de deterioração do concreto pelas águas puras,
com a formação das eflorescências, acontece pela dissolução e lixiviação
do hidróxido de cálcio Ca(OH)2, havendo formação do carbonato de cálcio
CaCO3 após reação com o H2CO3, sendo evidenciado o aparecimento de
estalactites e estalagmites.
 O aumento da porosidade da pasta de cimento endurecida facilita a infil-
tração de água para o interior do concreto armado acelerando o processo
de oxidação das barras de aço.
 Resumindo: as águas da chuva, em razão de sua pureza, devem ser
consideradas como agentes agressivos nas obras que utilizam argamassas
e concretos, especialmente em coberturas e fachadas de edifícios sujeitas
à sua ação (Petrucci, 1979, p. 291; Piccoli, 1991; de Souza & Ripper, 1998).
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Águas contendo íons cloreto Cl-
 Os íons cloreto são produzidos a partir de soluções aquosas de
substâncias que contêm o elemento cloro em suas fórmulas químicas.
 É o caso das águas do interior de reservatórios e cisternas tratadas com os
compostos clorados: hipoclorito de sódio (NaClO), hipoclorito de cálcio
[Ca(OCl)2H2O], cal clorada (CaOCl2) ou com gás cloro (Cl2).
 Ocorrem também em águas contendo aditivos aceleradores de pega e
endurecimento da pasta de cimento (cloreto de cálcio, CaCl2), na água do
mar (cloreto de sódio, NaCl e cloreto de magnésio, MgCl2) e nos sais
descongelantes (CaCl2 e NaCl). Ao se dissociarem na água, estas
substâncias produzem emanações de vapores e líquidos contendo ânions
cloretos (Cl–), os quais atacam o concreto e as armaduras.
 Os cloretos são agentes que aceleram a dissolução do hidróxido de cálcio
Ca(OH)2 contido na pasta de cimento endurecida, despassivando o meio
alcalino e agindo como eletrólito, favorecendo os processos de corrosão
eletroquímica dentro de concretos e argamassas que contêm armaduras.
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Águas contendo íons cloreto Cl-
 Atua ainda como agente instabilizador da película passivante, hematita
(Fe2O3), existente sobre as armaduras, expondo-as ao efeito da corrosão
química na presença de oxigênio (O2) e da água (H2O). O grau de
contaminação de concretos por cloretos, detectado por ensaios específicos
(potencial elétrico e alcalinidade), é um indicador da existência do estado de
corrosão em suas armaduras.
 A água do mar, possui sais dissolvidos, como cloreto de sódio (NaCl) e
cloreto de magnésio (MgCl2), que após hidratação, formam cristais
expansivos e eflorescências. Todavia, estes sais, em grande parte, inibem a
agressão dos sulfatos, além de serem mais agressivos às armaduras do
que ao concreto, pois favorecem a corrosão eletroquímica das mesmas.
 Na água do mar também são encontrados o sulfato de magnésio (MgSO4),
o sulfato de cálcio (CaSO4) e o sulfato de sódio (Na2SO4), substâncias que
geram reações expansivas pela formação do sal de Candlot (“bacilo do
cimento”), a etringita, após reação com compostos hidratados e aluminatos
da pasta de cimento endurecida (Piccoli, op. cit.).
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Zonas com variação de marés e incidência de ondas
 Massas de águas, que estão sujeitas a fenômenos ondulatórios e/ou de
movimentos de marés, expõem os elementos das construções de concreto
a choques e a ciclos de molhagem e secagem, sendo altamente
desagregadoras, principalmente no caso das águas dos mares, pois contêm
cloretos e sulfatos de sódio e de magnésio.
 A ação dinâmica de águas de marés provoca o desgaste por abrasão,
através de resíduos sólidos em suspensão e acelera o ataque químico
devido à formação de cristais expansivos e ações de dissolução de
compostos hidratados expondo, ainda mais, o concreto a processos de
desagregação. O grau das desagregações pode ser maior ou menor,
conforme o posicionamento do elemento estrutural, a direção preferencial
do vento e a amplitude da variação da maré em relação à superfície d’água.
 Uma ilustração do processo de deterioração do concreto em zona de
variação de marés é mostrado na figura seguinte:

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Zonas com variação de marés, incidência de ondas

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Zonas com variação de marés, incidência de ondas
 Quando o concreto é molhado com freqüência pela água do mar, em
períodos intercalados com secagem, a água pura se evapora e parte dos
sais dissolvidos deposita-se no concreto, principalmente, na forma de
sulfatos. Quando molhados novamente, esses sais reidratam e exercem
uma força de expansão na pasta que os circunda. Essa deterioração
superficial progressiva, conhecida como deterioração por sais, ocorre com
temperaturas altas e insolação intensa de modo a provocar secagem rápida
nos poros até uma certa profundidade a partir da superfície.
 Assim, as superfícies molhadas intermitentemente, estarão sujeitas à
deterioração, ou seja, as superfícies do concreto na linha da maré e na
região de respingos (splash).
 Uma forma particular de ataque ao concreto por água do mar em zonas de
variações de marés, sob condições de temperaturas elevadas, é produzida
pela ação de cracas, um tipo de ostra e também conchas, que se depositam
sobre o concreto, ancorando-se em sua porosidade superficial, promovendo
ações de desagregação no material, ou seja, ataque biológico (Neville, 97).
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Águas subterrâneas, freáticas
 São as águas que se precipitaram sobre a superfície dos solos e, devido à
ação da gravidade, se infiltraram e se impregnaram nos interstícios de solos
sedimentares e falhas de terrenos rochosos, até um ponto em que
tornaram-se confinadas ou movimentam-se sobre camadas impermeáveis
do subsolo, formando os depósitos aqüíferos subterrâneos.
 Os aqüíferos caracterizam-se pela formação de duas faixas, uma faixa dita
saturada, contendo poros totalmente cheios d’água e outra cujos vazios
contém ar, chamada de faixa insaturada. As duas faixas, por conseguinte,
são separadas por uma superfície definida como nível freático ou lençol
freático. Em contato direto com águas subterrâneas estão as estruturas de
fundações, embasamentos, pavimentos em subsolo ou devido ao
fenômeno da ascensão capilar das águas. Logo, torna-se necessária a
análise química da água subterrânea para a avaliação da presença de
substâncias agressivas ao concreto, com os respectivos teores.
 Concomitantemente, devem ser conhecidas, por meio de investigações de
sondagens geotécnicas, as cotas máxima e mínima do lençol freático, além
de estudadas as possíveis correntes d’água subterrâneas em suas direções
e intensidades.
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Águas sulfatadas
 Os sulfatos de cálcio (CaSO4), de magnésio (MgSO4), de sódio (NaSO4),
de potássio (KSO4) e o sulfato de amônia [(NH4)2SO2] existentes em
vapores dentro das galerias, contendo águas de esgotos domésticos,
industriais e águas lodosas do subsolo, causam deterioração pela formação
de produtos expansivos no interior da massa de concretos e argamassas
como a formação do “sal de Candlot” e etringita secundária, após reação
com compostos hidratados e aluminatos da pasta de cimento endurecida.
 Entre as águas sulfatadas, as mais importantes são as selenitosas que
contêm sulfato de cálcio. Esse sal reage com o aluminato tricálcico
hidratado formando um sulfoaluminato tricálcico hidratado (etringita
secundária), conforme a equação: 3CaO Al2O3. 12H2O + 3(CaSO4 . 2HO)
+ 13 H2 O -> 2CaO Al2O3 3CaSO4 . 32 H2O
 A formação dessa substância salina, “sal de Candlot”, realizando-se em
presença de cal dissolvida na água, não estando o aluminato dissolvido,
origina nos poros uma quantidade de sulfoaluminato maior do que podem
eles conter, provocando expansão e, como conseqüência, desagregação da
massa.
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Águas sulfatadas
 Por outro lado, se a etringita secundária é formada a partir da alumina
dissolvida e não havendo cal hidratada, a cristalização do sal não ocupa
volume superior ao dos 3 componentes, água-aluminato-sulfato e a massa
se torna mais compacta pelo preenchimento dos poros da matriz cimento.
 O primeiro caso é o do cimento Portland comum, o qual libera cal hidratada
(hidróxido de cálcio) por ocasião da hidratação dos silicatos bicálcico e
tricálcico. O segundo caso está relacionado à hidratação do cimento
metalúrgico sulfatado, que tem sua resistência aos esforços mecânicos
baseada na formação do “sal de Candlot”.
 As águas que contêm sulfato de magnésio são muito agressivas, pois esse
sal é, entre os sulfatos, o de mais alto poder de reação. O sulfato de
magnésio reage com o silicato de cálcio hidratado (C-H-S) formando o
sulfato de cálcio (CaSO4.1/2H2O ou CaSO4.2H2O), brucita [Mg(OH)2 e
sílica (SiO2), conforme a equação: 3CaO 2SiO2 . aq. + MgSO4 . 7H2O ->
CaSO4 . 2H2O + Mg(OH)2 + SiO2 .aq
 A quantidade máxima admissível de sulfato na água é de 300 mg/litro.

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Águas contendo ácidos
 Os ácidos minerais, como o sulfúrico e o clorídrico são muito fortes e
possuem pH (que representa a concentração de íons hidrogênio) abaixo de
6, produzindo ataque ao concreto por dissolução dos compostos cimentícios
e até mesmo de certos tipos de agregados carbonáticos (Biczók, 1978).
 A atmosfera poluída e ácida, devido a combustão de carvões e petróleo
para obtenção de energia, provoca a formação de dióxido e trióxido de
enxofre (SO2 e SO3), os quais em contato com a água (na forma líquida ou
de vapor) reagem e formam vapores de ácido sulfúrico H2SO4, resultando
nas chuvas ácidas.
 Ao incidir sobre o concreto e argamassas cimentícias das construções as
águas de chuvas ácidas provocam dissoluções e despassivação das
armaduras facilitando a corrosão das mesmas.

28-set-16 A água como indutora de patologias 28


Águas contendo íons amônia NH4 + e magnésio Mg++
 Sais de magnésio e de nitrogênio, em solução aquosa, contendo os
radicais cátions bivalentes de magnésio (Mg++) e cátions monovalentes de
amônia (NH4+), provocam a descalcificação do concreto pela lixiviação do
hidróxido de cálcio Ca(OH)2. Os sais de magnésio atacam o concreto,
produzindo um tipo de reação por substituição do cálcio da cal hidratada
[Ca(OH)2], formando o hidróxido de magnésio [brucita, Mg(OH)2] na forma
de gel que envolve os grãos dos agregados.
 No caso do sulfato de magnésio (MgSO4), ele induz a formação de gesso
secundário e de etringita secundária (produtos expansivos).
 O cloreto de magnésio dá origem ao cloreto de cálcio (Ca Cl2, sal de
Friedel), indutor de despassivação do meio alcalino do concreto.
 Os sais de amônia sofrem decomposição pelo hidróxido de cálcio
[Ca(OH)2], formando o amoníaco e um radical ácido, que, por sua vez, se
combinam com outras substâncias contidas na pasta cimentícia em reações
de dissolução da massa de concreto (Biczók, 1978).

28-set-16 A água como indutora de patologias 29


Águas alcalinas
 As águas de ação alcalina são, em geral, as águas subterrâneas e comuns
em rochas, terrenos ou regiões de solos sedimentares. Da mesma forma,
podem ser encontradas águas intensamente alcalinas em terrenos de
formação granítica ou porfídica. O pH de águas subterrâneas alcalinas varia
entre de 8 e 10. As soluções alcalinas sódicas ou potássicas encontradas
em terrenos ou em águas subterrâneas são oriundas de sais solúveis. São
citados a seguir alguns sais sódicos que podem ser encontrados em solos:
NaCl, Na2CO3, NaOH, NaHCO3, NaNO3, Na2SO4, Na3AlO3, NaSiO3.
 São dois os principais processos de deterioração que podem sofrer os
concretos devido a águas e soluções alcalinas. Um primeiro é devido à
dissolução química por reação de troca iônica com os componentes da
pasta de cimento endurecida, o outro processo é devido à cristalização dos
produtos alcalinos em solução aquosa nos poros da pasta endurecida, isto
é, uma deterioração por expansão. As deteriorações podem ocorrer em
casos de utilização de cimentos do tipo aluminoso, sendo raras nos casos
de utilização de cimentos comum devido à sua maior resistência às ações
de hidróxidos alcalinos NaOH e KOH e seus ânions hidroxilas (OH) --
28-set-16 A água como indutora de patologias 30
Águas ferruginosas
 Em águas de subsolos ricas em ferro ocorre a presença de bactérias do
tipo ferruginosas que penetram vários centímetros no concreto, liberando
ferrugem na forma de hidróxido férrico Fe(OH)3, propiciando a corrosão das
armaduras dentro do concreto. Essas águas podem acessar estruturas
subterrâneas e aquelas referentes a reservatórios para tratamentos de
desferrização, acumulação e distribuição d'água.
 As funções vitais das bactérias ferruginosas podem ser caracterizadas pela
seguinte equação química:
4 FeCO3 + O2 + 6H2O -> 4 Fe(OH)2 + 4CO2 + 58 cal
 Entre as superfícies de concreto e as bactérias, pela ação do ácido
carbônico resultante de suas funções vitais, ocorre a desagregação do
concreto associada à lixiviação pela ação da água infiltrante.
 A eliminação da anomalia compreende a destruição das colônias de
bactérias ferruginosas, desinfecção do concreto e injeções junto às
interfaces estrutura/solo (Biczók, 1978).

28-set-16 A água como indutora de patologias 31


Águas de esgotos residuais industriais e domésticos
 Em águas de esgotos domésticos/industriais, águas de estações de
tratamento de esgotos (ETE) e águas de subsolos, as bactérias
anaeróbicas, durante seu metabolismo, desprendem ácido sulfídrico (H2S),
o qual, digerido por bactérias aeróbicas, sintetizam o ácido sulfúrico
(H2SO4), provocando o ataque agressivo às estruturas em concreto das
galerias de esgotos (Piccoli, 1991).
 Existe a possibilidade de estruturas subterrâneas de edificações e
construções serem atingidas por essas águas a partir de falhas em
instalações seguida de contaminação do solo de fundações (Biczók, 1978)
 As águas de solos pantanosos, assim como solos ricos em húmus, são
agressivas ao concreto quando possuem poucas substâncias dissolvidas ou
quando possuem substâncias deletérias em altos teores, tais como ácidos
húmicos (classificados como ácidos orgânicos), sulfatos e CO2.
 As águas pantanosas ocasionam dissolução dos compostos cálcicos da
pasta de cimento endurecida. No caso da pasta de cimento fresca, as águas
pantanosas retardam as reações de pega e endurecimento, se utilizadas
como água para amassamento ou se oriunda de mistura com agregados
contendo húmus.
28-set-16 A água como indutora de patologias 32
Águas betuminosas ou contendo ácido úrico

 Substâncias betuminosas, desde que não contenham detergentes, não


agridem os concretos e argamassas. Ao contrário, podem propiciar a
imprimação, seguida de colmatação da porosidade superficial de concretos
e argamassas;
 Podem também formar películas protetoras contra a penetração de líquidos,
vapores e gases agressivos, promovendo um tratamento impermeabilizante
das estruturas.
 A urina humana contém substâncias capazes de gerar ações
desagregadoras ao concreto, aço e argamassas. Uma dessas substâncias
deletérias é o cloreto de amônia (ClNH4), o qual ataca duplamente o
concreto armado, desagregando quimicamente a pasta de cimento,
enfraquecendo o concreto, despassivando a armadura e atuando como
eletrólito facilitador do fenômeno da corrosão eletroquímica em armaduras.

28-set-16 A água como indutora de patologias 33


Águas de fontes minerais, tensão superficial e gotas d’água

 As águas minerais provocam desagregação lenta do concreto e são mais


danosas na medida em que sejam mais ácidas.
 As águas de mananciais montanhosos são pobres em materiais dissolvidos
e apresentam grandes quantidades de ácido carbônico, o qual possui alto
poder de dissolução do hidróxido de cálcio existente na pasta de cimento
endurecida (Biczók, 1978).
 A tensão superficial é uma propriedade segundo a qual uma superfície
líquida ou uma gota se comporta de forma elástica. Esta propriedade ocorre
com todos os líquidos e é observada com maior intensidade na água.
 As moléculas no interior do líquido mantêm-se unidas pelas forças de
atração, que ocorrem em todas as direções. As moléculas da superfície, no
entanto, sofrem apenas atração lateral e interior, que geram a tensão
superficial, criando uma película elástica. Quanto mais intensas as forças
de atração, maior será a tensão superficial.

28-set-16 A água como indutora de patologias 34


Águas para amassamentos de concretos e argamassas
 Podem ser causadoras de anomalias, na medida em que contenham
substâncias dissolvidas que influam nas reações de hidratação do cimento
e nas propriedades no estados fresco e endurecido, tais como:
 Águas contendo açúcares (hidratos de carbono) são capazes de retardar
as reações de hidratação, protelando os tempos de início e fim de pega das
pastas cimentícias. Em casos extremos podem impedir a pega;
 Partículas dissolvidas nas águas de amassamento como Íons cloreto (Cl--),
amônia (NH4+), sulfeto (S-- --) e nitrato (NO3--), podem causar efeitos como
corrosão das armaduras. Já íons magnésio (Mg++) e sulfato (SO4-- --)
causam deterioração do concreto;
 Águas de amassamento que contenham substâncias dissolvidas como
argila e silte, em teores elevados, podem impedir as reações de
cristalização da pasta de cimento, caracterizando perda da propriedade de
coesão da mesma;
 Emprego de água do mar contendo em média 3,5% de NaCl e MgSO4,
pode restritamente ser utilizado em concretos não armados, sob o risco de
obtenção de resistência à compressão mais baixa e do aparecimento de
eflorescências e desagregações da massa.
28-set-16 A água como indutora de patologias 35
Análises dos índices de agressividade das águas
 Para levantar a possibilidade da agressividade das águas a análise química
deve conter os seguintes parâmetros:
 resíduo evaporável; pH; dureza, dureza total; teores de CaO, CO2 (total e
CO2 dissolvente da cal); teores de íons sulfato (SO4-- --), magnésio (Mg++),
cloreto (Cl--), amônia (NH4+), sulfeto (S-- --) e nitrato (NO3--); consumo de
permanganato de potássio (KMnO4) e características externas de odor,
tonalidade, desprendimento de bolhas, sais depositados e evidências de
reações ácidas ou alcalinas.
 Valores de pH, CO2 total e CO2 combinado com cal na forma de ácido
carbônico, após combinação com a água, sulfatos, magnésio, cloreto e
amônia, eles são necessários para comparação com os teores das
substâncias agressivas, conforme indicações de diversas normatizações e
laboratórios especializados em análise química de águas. A dureza total
permite o reconhecimento de águas muito puras causadoras de lixiviações.
 O teor de cloretos informa sobre a possibilidade de diminuição da ação dos
sulfatos e potencialidade de processos de corrosão das armaduras.
28-set-16 A água como indutora de patologias 36
Análises dos índices de agressividade das águas
 Por meio do permanganato de potássio consumido, assim como do odor da
água, pode-se obter a quantidade de matéria orgânica, assim como a
presença de elementos gasosos como H2S (ácido sulfídrico) e o SO2
(dióxido de enxofre). No caso de águas residuais, domésticas ou industriais,
a análise química deve ser ainda mais minuciosa (BICZÓK, 1978).
 Indicações constantes na Tabela 3.1, extraída da norma alemã DIN 4030
classificam a agressividade das águas de acordo com os seus conteúdos
de agentes nocivos ao concreto, referidas a valores de pressão atmosférica
de 1 atm, na temperatura de 20ºC.
 Os fatores que podem influir nos índices de agressividade das águas são:
temperatura, ação mecânica e grau de renovação das águas. Quanto maior
a temperatura, maior o índice de agressividade; quanto maior for a ação
mecânica das águas agressivas, maior será a exposição deterioração e
quanto maior o índice de renovação das águas agressivas, maior a ação
desagregadora nos concretos e argamassas cimentícias.

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Análises dos índices de agressividade das águas

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Sistemas protetores contra as agressões ao concreto
 A proteção do concreto contra a penetração de águas e agentes agressivos
inicia-se com a elaboração de um criterioso projeto de dosagem que
contemple aspectos de análise do meio de exposição, agentes agressivos e
seus teores, temperatura média das soluções agressivas, tipo e composição
química do cimento, análise e escolha dos aditivos, relação A/C, análise das
características dos agregados, elaboração de plano de concretagem com
procedimentos adequados de transporte, lançamento, adensamento e cura,
projeto de fôrmas e escoramentos/re-escoramentos/desfôrmas e
compacidade do concreto endurecido, entre outros.
 Medidas passivas, como o emprego de sistemas de drenagem e de
películas protetoras e revestimentos do tipo membranas ou mantas
impermeáveis que impeçam a penetração das águas agressivas no
concreto também são desejáveis. Os drenos formados por tubos e/ou
geossintéticos dos tipos geotêxteis ou geocompostos, instalados junto às
fundações de edificações e construções podem conseguir manter seco o
terreno em contato com o concreto, impedindo ou reduzindo o ataque de
águas agressivas existentes no solo de fundações.

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Sistemas protetores contra as agressões ao concreto
 A proteção do concreto contra a penetração de águas e agentes agressivos
inicia-se com a elaboração de um criterioso projeto de dosagem que
contemple aspectos de análise do meio de exposição, agentes agressivos e
seus teores, temperatura média das soluções agressivas, tipo e composição
química do cimento, análise e escolha dos aditivos, relação A/C, análise das
características dos agregados, elaboração de plano de concretagem com
procedimentos adequados de transporte, lançamento, adensamento e cura,
projeto de fôrmas e escoramentos/re-escoramentos/desfôrmas e
compacidade do concreto endurecido, entre outros.
 Medidas passivas, como o emprego de sistemas de drenagem e de
películas protetoras e revestimentos do tipo membranas ou mantas
impermeáveis que impeçam a penetração das águas agressivas no
concreto também são desejáveis. Os drenos formados por tubos e/ou
geossintéticos dos tipos geotêxteis ou geocompostos, instalados junto às
fundações de edificações e construções podem conseguir manter seco o
terreno em contato com o concreto, impedindo ou reduzindo o ataque de
águas agressivas existentes no solo de fundações.

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28-set-16 A água como indutora de patologias 41
Sistemas protetores contra agressões às armaduras
 A proteção será tanto maior quanto mais rico em cal for o cimento, e quanto
maior for a espessura de cobrimento do concreto sobre as barras de aço.
Um concreto dosado criteriosamente que garanta ao mesmo tempo um
meio protegido quimicamente, de natureza alcalina e uma proteção física
através de uma massa endurecida compacta e de baixa permeabilidade,
estará menos suscetível à exposição de suas armadura ao fenômeno da
corrosão. Todavia, na maioria dos casos, torna-se necessário lançar mão de
processos protetores adicionais diretamente sobre o aço, como por
exemplo as proteções catódicas, a galvanização e a aplicação de resinas
sintéticas, ou utilizando outros produtos aplicados na massa do concreto,
tais como aditivos inibidores de corrosão e aqueles aplicados nas
superfícies da peça de concreto, como os sistemas de impermeabilização
por encapamento, que utilizam produtos de base sintética ou de base
asfáltica (Cánovas, 1988).
 Os sistemas de impermeabilização por encapamento das estruturas de
concreto estabelecem uma barreira protetora que impede a passagem da
água, de vapores, do oxigênio, do CO2 e dos sais agressivos ao concreto e,
por conseguinte, às armaduras.
28-set-16 A água como indutora de patologias 42
Penetração das águas nas edificações
 A penetração e percolação dos diversos tipos de águas nas edificações são
favorecidas, principalmente, pelos índices de fissuração, porosidade,
permeabilidade, aberturas de vãos, juntas frias de concretagem, juntas
estruturais, juntas de construção entre pré-moldados, higroscopia, interfaces
entre elementos das construções, rupturas nas instalações hidráulicas,
sanitárias, águas pluviais, entre outros fatores relacionados aos materiais e
elementos constituintes das construções.
 Pode-se considerar que as infiltrações de águas nas construções são
incidências patológicas ocasionadas por falhas de estanqueidade e/ou pela
inexistência de tratamentos de impermeabilização sobre seus elementos
constituintes e têm suas causas durante as fases de concepção, execução
e utilização das edificações.
 Por conseguinte, através das falhas e inexistências das
impermeabilizações, as águas, em suas mais diversas formas, contendo ou
não outras substâncias dissolvidas, incidem e percolam nos diversos
elementos das edificações, disseminando uma série de manifestações
patológicas.
28-set-16 A água como indutora de patologias 43
Drenagem das águas em edificações
 A NBR 6118/03 preceitua que em seus sistemas de drenagem sejam
evitados as presenças ou acúmulos de águas oriundas de chuvas ou
provenientes de limpeza e lavagem sobre as superfícies em concreto.
 As superfícies expostas que necessitem ser horizontais, tais como
coberturas, pátios, garagens, estacionamentos e outras, devem ser
criteriosamente drenadas, com a instalação de ralos e condutores.
 Todas as juntas de movimento ou de dilatação, em superfícies sujeitas à
ação d’água, devem ser cuidadosamente seladas, de forma a garantir a
estanqueidade à percolação de água.
 Todos os topos de platibandas e paredes devem ter proteção por chapins.
 Todos os beirais devem possuir pingadeiras e as interfaces de diferentes
níveis devem ser protegidas por rufos que impeçam a penetração das
águas.
 Deve-se prever dispositivos que garantam acessos para vistorias e
manutenção às partes que possuam vida útil inferior ao todo, como no caso
de caixões, aparelhos de apoio e as próprias impermeabilizações.
28-set-16 A água como indutora de patologias 44
Causas devidas às estruturas porosas dos materiais
 Os materiais de construção, através de suas micro-estruturas porosas,
permitem a percolação de águas e outros agentes agressivos, sob as
formas líquidas e gasosas. Quanto mais poroso for o material e quanto mais
agressiva for a substância penetrante e percolante, maior será o grau de
deterioração do elemento de construção.
 Para ilustrar o fato é apresentada afirmação de Mehta: “A impermeabilidade
do concreto deve ser a primeira linha do sistema de defesa contra qualquer
processo físico-químico de deterioração”.
 O acesso e transporte das águas e outros agentes agressivos através da
porosidade e falhas nos elementos das construções de concreto se dá por
processos de difusão, capilaridade ou por penetração direta. A difusão no
concreto é o mecanismo de transporte de gases águas e agentes
agressivos diluídos no ar. No processo da capilaridade, a penetração ocorre
através de canalículos de diâmetro reduzido (10-7 a 10-5 m) que ficam
saturados por água aderida aos condutos (adsorção). O caso da penetração
direta acontece sob condições de imersão e/ou sob pressão hidrostática.

28-set-16 A água como indutora de patologias 45


Transporte de fluidos no concreto, permeabilidade e porosidade
 A permeabilidade é determinante para a durabilidade das estruturas de
concreto, assim como dos materiais de construção em geral. À exceção da
deterioração mecânica, todas os processos de degradação do concreto são
decorrentes do transporte de fluidos através do mesmo.
 Os principais fluidos que podem penetrar nas estruturas de concreto são a
água (pura ou contendo íons agressivos), o dióxido de carbono (CO2) e o
oxigênio, estando os mesmos diretamente relacionados à durabilidade das
estruturas.
 Entende-se por permeabilidade a facilidade com a qual os fluidos (líquidos,
gases ou vapores) podem ingressar e se deslocar no interior do concreto e
de outros materiais de construção, estando esta característica intimamente
ligada à durabilidade.
 A permeabilidade propriamente dita se refere a escoamentos sob
diferenciais de pressão.
 A difusão é caracterizada pelo deslocamento de um fluido por efeito de um
diferencial de concentração e está correlacionada à propriedade do
concreto denominada de difusibilidade.

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Transporte de fluidos no concreto, permeabilidade e porosidade
 A adsorção (ou absorção capilar) é resultante de movimentos capilares
através dos poros do concreto abertos para o meio externo que o envolve.
 Como definição de porosidade, pode-se dizer que é a medida da proporção
de volume total do concreto ocupado por poros e, em geral, é expressa na
forma de percentagem. Se o índice de porosidade for alto e os poros
possuírem interconexões, os mesmos facilitam o deslocamento dos fluidos
através do concreto, de tal forma que a permeabilidade, igualmente, será
alta. Contudo, no caso dos poros serem descontínuos ou se oferecem
resistência para o deslocamento de fluidos, a permeabilidade do concreto
será baixa, mesmo com uma porosidade alta. Os poros relevantes para a
característica de permeabilidade são os que possuem diâmetro entre 120
nm e 160 nm (NEVILLE, 1997).
 A absorção simples representa o volume dos poros da massa de concreto
que se comunicam com o meio externo. De forma geral determina-se a
absorção simples secando-se um corpo de prova até que ocorra constância
de massa, seguido de imersão na água, obtendo-se o incremento de massa
como percentual da massa seca.

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Permeabilidade do concreto à água
 Em pastas de cimento Portland com relações A/C acima de 0,4, após o
endurecimento, apresentam coeficientes de permeabilidade são
significativamente altos, porque acima da relação A/C = 0,4, os poros
capilares começam a se comunicar (a se segmentar).
 A permeabilidade, representada pelo coeficiente de permeabilidade de um
determinado concreto, decresce com a relação A/C, quanto melhores forem
os procedimentos de adensamento expulsando o ar aprisionado na massa,
quanto melhores forem os procedimentos de cura, quanto maior for a
evolução das reações de hidratação e quanto maior for a finura do cimento
utilizado no traço.
 O valor de profundidade de penetração à água pode ser utilizado como um
índice para avaliação qualitativa de concretos, isto é, uma profundidade de
penetração menor que 50 mm, pode classificar um concreto como de “baixa
permeabilidade”, enquanto uma profundidade de penetração menor que 30
mm indica um concreto de “baixa permeabilidade sob ações de agentes
agressivos” .

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Permeabilidade do concreto ao ar e ao vapor

 A permeabilidade do concreto ao ar é substancialmente influenciada pelos


procedimentos de cura, ou seja, quanto mais eficientes forem os
procedimentos de cura, menor será o índice de permeabilidade de uma
peça de concreto ao ar, principalmente no caso de concretos com menores
resistências à compressão.
 Outro fator que influencia a permeabilidade ao ar, gases e vapores, é o teor
de umidade contida no concreto. Quanto menor o grau de umidade maior
será o coeficiente de permeabilidade do concreto. aos gases.
Analogamente à permeabilidade dos concretos às águas, considerando
agora estruturas em concretos elaborados para a obtenção de baixos
coeficientes de permeabilidade ao ar, gases e vapores, são necessários
procedimentos complementares de impermeabilização por envolvimento
das estruturas para garantir a perfeita estanqueidade e proteção em meios
agressivos e deteriorantes

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Permeabilidade em argamassas
 Permeabilidade das argamassas pode ser definida como a maior ou menor
facilidade à passagem de água através dos seus vazios. Está intimamente
condicionada a estanqueidade da edificação em relação à água. Trata-se
da propriedade ligada à percolação de água através da argamassa
endurecida sob as formas de infiltração sob pressão, capilaridade ou
difusão de vapor de água.
 A velocidade de secagem de uma argamassa, após um período de
molhagem, depende da permeabilidade da mesma ao vapor de água,
condicionando a sua capacidade protetora em relação à base de
assentamento. A granulometria e o tipo dos agregados, a natureza e o teor
do aglomerante e adições são fatores que influenciam a permeabilidade das
argamassas.
 Argamassas de cimento e areia com adições (aerantes e polímeros
plastoméricos ou elastoméricos) são menos permeáveis. O grau de
permeabilidade diminui à medida que evoluem as reações de hidratação do
cimento na argamassa. Quanto maior for a relação água/cimento maior a
permeabilidade da argamassa cimentícia.

28-set-16 A água como indutora de patologias 50


Permeabilidade em argamassas
 Na prática, para a avaliação da permeabilidade das argamassas, referida
àquelas utilizadas em revestimentos externos de edificações, é
normalmente utilizado o seu índice de absorção de água capilar, que deve
ser inferior à absorção do substrato, de forma a promover uma proteção
contra a penetração e percolação de águas incidentes. A penetração de
água de chuva através do revestimento externo de edifícios compostos por
argamassas, em geral, se dá por absorção capilar, em particular, através
das micro-fissuras existentes na argamassa. Quando existem aberturas
maiores (> 5 mm), a água tende a não penetrar por absorção e sim em
função da própria energia cinética através da fenda (Cincotto, 1995).
 A medição dos índices de permeabilidade às águas pode ser feita por meio
de ensaios como os preconizados pelo RILEM (método MR-10, 1982) e
pelo CSTB (Cahier 1779, Livtvraison 230, 1982). Já a caracterização dos
graus de permeabilidade ao vapor d’água indica-se a metodologia proposta
pela DIN 52615 (1987) (ibid).

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Manifestações patológicas no concreto versus causas principais

28-set-16 A água como indutora de patologias 52


Manifestações patológicas no concreto versus causas principais

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Manchas

 Manchas escuras provenientes de mofo: São manchas que aparecem normalmente


sobre a superfície, e por se tratar de um grupo de seres vivos se proliferam em
condições de clima favoráveis, como em ambientes úmidos, mal ventilados ou mal
iluminados. Para corrigir, recomenda-se:
Lavar toda a área afetada com escova de nylon ou pano e uma solução de água e
hipoclorito de sódio (cloro) na proporção de 1:1, esta solução pode ser substituída
por água sanitária; Deixar a solução agir por aproximadamente 15 minutos; Lavar
com água afim de eliminar vestígios de cloro; Deixar secar e repintar.
 Manchas e retardamento na secagem da madeira: Podem ocorrer quando a
repintura foi feita sobre madeira com resíduos de soda cáustica, que foi utilizada na
remoção da pintura anterior. Para prevenir este problema, antes de repintar, deve-se
eliminar por completo qualquer resíduo de soda cáustica (ou similar), lavando a
superfície com bastante água. Aguarde a secagem e repinte. Se o problema já
existir, remova a pintura e siga as mesmas instruções acima. Os defeitos em
questão também podem ser causados pela migração de ácidos orgânicos ou resinas
naturais, características de certos tipos de madeira.

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Manchas
 Manchas e retardamento na secagem da madeira: Tais manchas ocorrem quando se trata de
pingos isolados, em paredes recém pintadas. Os pingos isolados, ao molharem a pintura,
trazem à superfície os materiais solúveis da tinta, surgindo as manchas. Entretanto, se cair
realmente uma chuva e não apenas pingos isolados, não haverá manchas. Para eliminá-las,
basta lavar a superfície com água, sem esfregar.
Crateras
 Este problema ocorre devido à presença de óleo, graxa ou água na superfície a ser pintada, e
também quando a tinta é diluída com materiais não recomendados como gasolina e querosene
Para corrigir, recomenda-se remover toda a tinta aplicada através de espátula e/ou escova de
aço e removedor apropriado, seguido por limpar toda a superfície com solvente, afim de
eliminar vestígios de removedor. Deixar secar e pintar.
Desagregamento
 Caracteriza-se pela destruição da pintura, que se esfarela, destacando-se da superfície
juntamente com partes do reboco. Este problema ocorre quando a tinta foi aplicada antes que
o reboco estivesse curado. Portanto, antes de pintar um reboco novo, deve-se aguardar cerca
de 28 dias para que o mesmo esteja curado. Para corrigir o desagregamento, deve-se raspar
as partes soltas, corrigir as imperfeições profundas com reboco e aplicar uma demão de fundo
preparador de paredes à base d'água e aplicar acabamento.

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Eflorescências

 São manchas esbranquiçadas que surgem na superfície pintada. Isto acontece quando a tinta
foi aplicada sobre o reboco úmido. A secagem do reboco dá-se pela eliminação de água sob a
forma de vapor, que arrasta materiais alcalinos solúveis do interior para a superfície pintada,
onde se deposita, causando a mancha. A eflorescência pode acontecer, também, em
superfícies de cimento-amianto, concreto, tijolo, entre outros. Para evitar esse inconveniente,
basta que se tenha o cuidado de aguardar a secagem de superfície antes de aplicar a tinta.
Para corrigir a eflorescência, deve-se aguardar a secagem da superfície, eliminar eventuais
infiltrações, aplicar uma demão de fundo preparador de paredes à base d'água e aplicar
acabamento. Havendo vazamentos ou infiltrações de água, o fenômeno da eflorescência pode
ocorrer mesmo após a cura completa do reboco.

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Manutenção em edificações
 Originalmente os conceitos de manutenção em edificações relacionavam-se
com a manutenção do tipo corretiva, segundo a qual tentava-se corrigir
falhas que ocorriam em seus elementos constituintes.
 Em seguida, foi desenvolvido o conceito de manutenção preventiva, que
preconizava o controle das atividades de inspeção, conservação e
recuperação, executadas com a finalidade de prever, detectar ou corrigir
defeitos, de modo a evitar o surgimento de anomalias nas edificações.
 Depois foi criado o conceito de engenharia de manutenção, que objetiva a
busca, controle de operação e a gestão da manutenção predial segundo
uma abordagem mais ampla envolvendo as engenharias em suas diversas
vertentes (civil, elétrica, mecânica, eletrônica e sistemas, segurança e riscos
ou de falhas, econômica e financeira, e de processos).
 A partir do final da década de 60, a chamada engenharia de manutenção
predial passou a desenvolver procedimentos para previsão de falhas com o
objetivo de balizar e dar subsídios confiáveis aos trabalhos das equipes de
manutenção das edificações. Esses critérios deram suporte ao início da
concepção de manutenção preditiva (Araújo, J. A.; Vasconcellos C., 1997).
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Ensaios nas áreas impermeabilizadas
 Sobre as áreas impermeabilizadas devem ser procedidos ensaios
hidráulicos, referindo-se a obras novas ou no caso de suspeitas de falhas
de estanqueidade, como prescreve a NBR 9575 (1998). O ensaio hidráulico
consiste na aplicação de lâmina d’água sobre as áreas a serem testadas
em período de pelo menos 72 horas, para a verificação da existência de
infiltrações causadas por falhas de estanqueidade nas impermeabilizações.
 Segundo Ussan (1995), o ensaio hidráulico sobre as áreas
impermeabilizadas deve ser realizado seqüencialmente nas tubulações
sanitárias ou AP, ralos e caixas coletoras, pisos e paramentos verticais
(com jatos d’água) e os dados observados durante o mesmo devem ser
anotados em livro-diário sendo, em seguida, avaliados. Caso chova
durante a execução do ensaio de estanqueidade, o mesmo deve ser refeito.
 Existem equipamentos capazes de indicar falhas em mantas e membranas
impermeabilizantes, por meio do fechamento de arco voltaico, chamados de
“detectores de furos e falhas”, os quais podem ser utilizados sobre os
encapamentos impermeabilizantes para comprovação de estanqueidade,
além do ensaio hidráulico.
28-set-16 A água como indutora de patologias 58
Recuperação e impermeabilização de reservatórios d’água
 Os reservatórios d'água superiores e inferiores, geralmente construídos em
concreto armado, são responsáveis pelo acúmulo e abastecimento de água
para as edificações.
 As manifestações patológicas em caixas d'água de concreto armado em
edificações são rotineiras, sendo evidenciadas como desagregações,
desplacamentos, carbonatações, eflorescências, descolorações, corrosão
das armaduras e fissuras.
 Entre as principais causas das manifestações patológicas podem ser
mencionadas as infiltrações de águas pelas juntas de concretagem,
fissuras, porosidade e permeabilidade do concreto, aliado a fatores como
inexistência ou falha de sistemas protetores, todas permitindo a percolação
de água e de outros agentes deteriorantes, tais como cloretos, dióxido de
carbono e sulfatos, através da estrutura dos reservatórios.
 Conseqüentemente, também são comuns as intervenções de recuperação e
impermeabilização das estruturas em concreto armado de reservatórios,
tanto superiores quanto inferiores, em edificações.

28-set-16 A água como indutora de patologias 59


Recuperação e impermeabilização de reservatórios d’água superiores
 Os reservatórios superiores posicionam-se no topo das edificações, junto a
áreas de coberturas e recebem fluxo a partir de reservatórios inferiores ou
diretamente de redes de abastecimento, para acúmulo de água e sua
distribuição por gravidade através de tubulações de colunas e ramais
hidráulicos.
 Em geral, experimentam deformações térmicas acentuadas devido à
insolação, assim como variações dimensionais ocasionadas pelo
carregamento, facilitando desta maneira a formação de fissuras ativas nas
mesmas. Além disso, estocam água tratada contendo substâncias que, ao
se dissociarem na água, emanam vapores de cloretos capazes de
induzirem a desagregação do concreto e a corrosão das armaduras.
 Infelizmente, não se costuma executar tratamentos térmicos que diminuam
o fluxo térmico nas lajes de tampa dos reservatórios superiores, nem
mesmo são executados sistemas protetores contra infiltrações de água e
vapores através de suas paredes e laje de fundo internamente ou sequer
nas faces inferior e superior das lajes de tampa.

28-set-16 A água como indutora de patologias 60


Recuperação e impermeabilização de reservatórios d’água inferiores
 Os reservatórios d’água inferiores, as cisternas, são elementos estruturais
que, em geral, só recebem intervenções de recuperação quando são
percebidos altos índices de deterioração por patologias.
 Isto se deve a diversos fatores entre os quais sua localização de
confinamento nos pavimentos mais inferiores das edificações, em geral
envolvidos por solos ou aterros umedecidos, e em muitos casos em contato
com o lençol d’água, resíduos líquidos e gases confinados no solo
provenientes de esgotos e de lixo. Constata-se também que ocorrem
deficiências em projetos de dosagem, lançamento, adensamento e cura do
concreto, gerando juntas de concretagem, brocas e nichos na suas
estrutura.
 Além disso, tem sido costume na engenharia a previsão de tratamentos
impermeabilizantes apenas nas faces internas desses reservatórios, os
quais têm-se mostrado vulneráveis ou sequer prevêem tratamento
recobrindo suas estruturas pela face externa. Como consequência, as
estruturas em concreto armado dos reservatórios d'água inferiores sofrem
danos e anomalias graves.
28-set-16 A água como indutora de patologias 61
Reservatórios d’água em edificações - Considerações finais
 Os reservatórios de acúmulo de água em edificações devem ser
inspecionados anualmente para a avaliação dos seus estados de
conservação, examinando-se: índices de manifestações patológicas,
integridade estrutural, estanqueidade a líquidos e vapores.
 Conforme o grau de incidência de danos e anormalidades encontradas, com
respectivos diagnósticos de causas e efeitos, devem ser propostos
trabalhos de recuperação. Nos serviços de recuperação devem ser
contemplados os reparos dos efeitos assim como das causas geradoras de
manifestações patológicas. Após a execução dos serviços de recuperação
das estruturas, devem ser aplicados sistemas protetores de
impermeabilização, para impedir a penetração de agentes agressivos e
reincidência das patologias no concreto.
 No caso específico dos reservatórios superiores ainda devem ser previstos
isolamentos térmicos que coíbam as deformações e fissuras de origem
térmica das estruturas.
 Em qualquer caso, são indispensáveis os sistemas protetores de
impermeabilização.
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Conclusões – Impermeabilização em Edificações

 I) A conservação do patrimônio edificado público e/ou particular é garantida


por meio de programas criteriosos de manutenção predial, os quais
implementem a proteção dos edifícios e construções baseados em vistorias
de engenharia seguidos de diagnósticos e proposições de intervenções.
Constata-se que nas edificações em concreto as manifestações patológicas
mais incidentes têm suas origens nas infiltrações d’água.
 II) Torna-se relevante e necessário aos engenheiros e arquitetos o
conhecimento da história evolutiva dos sistemas construtivos, das diversas
técnicas de edificar, dos materiais de construção e, em particular, dos
materiais e técnicas protetoras de impermeabilização, visando à melhoria
executiva e durabilidade das edificações.
 III) O estudo e conhecimento da ação das águas e agentes agressivos nas
estruturas de concreto, respectivas manifestações patológicas e efeitos de
deterioração são relevantes para a execução dos sistemas protetores de
impermeabilização.

28-set-16 A água como indutora de patologias 63


Conclusões – Impermeabilização em Edificações
 IV) Confirma-se a ação deletéria das águas associadas a outros agentes
agressivos como os principais indutores de manifestações patológicas
causadoras de processos de deterioração das edificações em concreto,
justificando-se, dessa forma, a necessidade dos tratamentos de
impermeabilização.
 V) Percebe-se que as estruturas de concreto, por si próprias, não são
capazes de garantir estanqueidade às águas, associada a outros agentes
agressivos ou sequer a inibição de suas ações de deterioração, mesmo em
casos de dimensionamento/dosagem/lançamento/adensamento/cura
criteriosos ou de utilização de CAD. Conclui-se ser necessária, em qualquer
caso de estrutura de concreto, a aplicação de sistemas de
impermeabilização como proteções aos processos de deterioração.
 VI) Os programas de manutenção predial são fundamentais para a garantia
do desempenho das impermeabilizações, sendo o desempenho
representado pela durabilidade do sistema de impermeabilização no
período de vida útil. Preferencialmente, nas edificações, devem ser
implantados programas de manutenção dos tipos preditivo ou preventivo, e
não apenas as intervenções de manutenção corretivas.
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Conclusões – Impermeabilização em Edificações
 VII) As pontes e viadutos no Brasil necessitam de programas de
manutenção, incluindo inspeções e aplicações de tratamentos protetores de
impermeabilização. Deve haver mudança radical da tradição construtiva de
não se impermeabilizar as estruturas de pontes e viadutos. Justificam-se os
tratamentos de impermeabilização como medidas de proteção e
preservação, evitando-se onerosas obras recorrentes, cíclicas, de
recuperações ou novas construções para substituição de estruturas em
processos de deterioração.
 VIII) As fundações de edifícios e elementos estruturais em concreto em
contato com o solo, como cortinas, pilares, blocos de coroamento, sapatas,
estacas, cintas, vigas de equilíbrio, elementos em subsolos, galerias, e
outras estruturas subterrâneas, devem ser objeto de monitoramentos,
inspeções e ensaios informativos, para avaliação de suas integridades
estruturais.
 IX) Torna-se clara a necessidade de estreito elo entre as intervenções de
recuperação e as impermeabilizações de estruturas dos edifícios de
concreto, chamando-se a atenção para a coerção, igualmente, das causas e
dos efeitos das manifestações patológicas.
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Conclusões – Impermeabilização em Edificações
 XI) Grande parte das lides em fóruns de justiça assim como de litígios
extrajudiciais são gerados por problemas de infiltrações de água em
edificações. Assim sendo, torna-se clara a necessidade de domínio do tema
engenharia de impermeabilizações por engenheiros e arquitetos que atuam
como peritos ou assistentes técnicos da justiça, além do conhecimento
básico de procedimentos jurídicos que envolvem as “perícias de
engenharia”.
 XIII) Construtores, engenheiros, arquitetos e investidores em imóveis
devem dar maior importância aos procedimentos de impermeabilização,
com ênfase para a elaboração do “projeto de impermeabilização” de forma
sistêmica conforme a NBR 9575. E ainda, devem estar atentos aos
procedimentos de impermeabilização vertical das fachadas.
 XIV) Percebe-se tendência no “estado da arte” das impermeabilizações, em
edificações e construções, para a disseminação das aplicações utilizando-
se produtos formadores de membranas e micro-revestimentos moldados “in
loco”, aplicados em substratos de concreto alisado, conferindo-lhes, ao
mesmo tempo, impermeabilidade e acabamento, sem necessidade das
camadas de proteção mecânica.
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Conclusões – Impermeabilização em Edificações
 XI) Grande parte das lides em fóruns de justiça assim como de litígios
extrajudiciais são gerados por problemas de infiltrações de água em
edificações. Assim sendo, torna-se clara a necessidade de domínio do tema
engenharia de impermeabilizações por engenheiros e arquitetos que atuam
como peritos ou assistentes técnicos da justiça, além do conhecimento
básico de procedimentos jurídicos que envolvem as “perícias de
engenharia”.
 XIII) Construtores, engenheiros, arquitetos e investidores em imóveis
devem dar maior importância aos procedimentos de impermeabilização,
com ênfase para a elaboração do “projeto de impermeabilização” de forma
sistêmica conforme a NBR 9575 (1998). E ainda, devem estar atentos aos
procedimentos de impermeabilização vertical das fachadas.
 XIV) Percebe-se tendência no “estado da arte” das impermeabilizações, em
edificações e construções, para a disseminação das aplicações utilizando-
se produtos formadores de membranas e micro-revestimentos moldados “in
loco”, aplicados em substratos de concreto alisado, conferindo-lhes, ao
mesmo tempo, impermeabilidade e acabamento, sem necessidade das
camadas de proteção mecânica.
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Impermeabilização em Edificações
 Edifícios em concreto armado e protendido
 Lajes de edifícios
 Reservatórios elevados e subterrâneos de edifícios
 Piscinas elevadas em edifícios
 Subsolos de edifícios
 Fundações e embasamentos de edifícios
 Impermeabilizações verticais em edifícios
 Impermeabilização de ci’s, pv’s, fossas
 Elementos em balanço
 Rampas e planos inclinados
 Estruturas pré-fabricadas
 Pontes, viadutos e passarelas
 Estruturas submersas e em zonas de respingos
 Estruturas subterrâneas
 Estações de tratamento d’água (ETA’s) e de esgoto(ETE’s )

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Impermeabilização em Edificações
 Umidade de capilaridade
 Piscinas no solo
 Canais e tubulações em concreto
 Estruturas de contenção
 Arquibancadas de estádios
 Cúpulas e elementos em casca
 Pavimentos armados em concreto
 Pavimentos em concreto asfáltico
 Manutenção em impermeabilizações
 Detalhes básicos em impermeabilizações
 Agentes agressivos ao concreto e aço
 Águas agressivas ao concreto
 Solos agressivos ao concreto
 Atmosferas e micro-climas agressivos ao concreto
 Impermeabilização, isolamento térmico/acústico

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Bibliografia
 ABNT (2003) “NBR 9575 - Impermeabilização – seleção e projeto”.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de Janeiro. 12p.
 Cunha, A. G.; Neumann, W. “Manual de impermeabilização e isolamento
térmico/Como projetar e executar”. 5 ed. RJ: Ed Independente, 1979
 Jordy, J.C. “Desempenho e avaliação dos serviços de imperm. aplicados
em edificações”. UFF - Dissertação de Mestrado/Niterói. 488 p., 2002
 Pires, M.C., “Guia para avaliação do potencial de contaminação em
Imóveis”. Cetesb, SP.
 Perez, A.R. Umidade nas Edificações: recomendações para a prevenção da
penetração de água pelas fachadas. Tecnologia das Edificações SP Pini,
Div. de Edificações do IPT. 1988. p. 571-78.
 Sato, Neide et al. Umidade e crescimento de microrganismos em fachadas.
In: III Seminário Internacional de durabilidade de materiais, componentes e
estruturas. SP, 1995. Anais.
 Ioshimoto, E. Incidência de manifestações patológicas em edificações
habitacionais. Tecnologia das Edificações, SP. Pini, IPT – 1988. p. 545-48.

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Sessão encerrada
Obrigado a todos

Engº Marcelo Iliescu


[email protected]
www.iliescu.com.br

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