Tese - Simon A.R. Tortolero
Tese - Simon A.R. Tortolero
Tese - Simon A.R. Tortolero
MANAUS
2015
SIMON ALEXIS RAMOS TORTOLERO
MANAUS
2015
SIMON ALEXIS RAMOS TORTOLERO
BANCA EXAMINADORA
Agradeço a Deus, por me manter vivo até agora, dando saúde, força e coragem em todas as
atividades que tenho realizado na minha vida. Obrigado Senhor pelo que eu sou e tenho.
À minha esposa Francinetti, pela compreensão durante meus longos e constantes períodos de
ausência e pelas palavras de incentivo nos momentos mais difíceis.
Ao meu orientador, Bruno Cavero, pela amizade, confiança e apoio durante a realização deste
estudo.
À minha família, na Venezuela, em especial aos meus irmãos, Cristina, Luis Enrique, Edgar,
Manoel, Yomaira, Nelly, Elizabeth e Freddy, pelo cuidado, incentivo e apoio emocial durante
mais essa etapa.
Ao Dr. Perar keshavanath, pelo apoio intelectual e logístico durante minha estadia em
Bangalore e, ainda, a sua família, pelo acolhimento caloroso e fraternal durante o período que
estive em Mangalore.
Ao professor Dr. Carlos Edvar de Carvalho Freitas, por sua boa vontade e disponibilidade em
ajudar a solucionar contratempos ocorridos durante a realização deste estudo.
À Janaina Gomes de Brito, Maeda Batista Anjos e ao Heitor Thury Barreiro Barbosa, pela
excelente atenção e sugestões na redação do texto, revisão da apresentação e pela colaboração
nas análises dos dados apresentados nesta tese.
À Climéia Corrêa Soares, pela sua valiosa colaboração na identificação taxonômica do
perifíton e pelo apoio logístico.
Ao Professor Dr. Elvis Vasquez Rimachi pelo trabalho fotográfico das algas encontradas no
perifiton e ao Renildo Ribeiro de Oliveira pela organização das pranchas de algas perifíticas.
A Professora Dra. Maria do Perpetuo Socorro Silva da Rocha pela colaboração na formatação
do trabalho.
Ao meu entiado, Victor Martins de Lira, pelo apoio técnico na área de informática.
Ao Josedec Mateus Farias Monteiro, pela amizade, apoio, boa vontade e conversas, que
enriqueceram meus conhecimentos em diversas áreas.
À Manoel Pereira, in memoriam, por se dispor a me orientar durante a execução desse estudo.
Ao meu grande amigo Pedro Mera, in memoriam, que, em vida, era uma pessoa positivista e
um grande entusiasta, sempre me incentivando. Além de amigo e “hermano”, agradeço por
sua contribuição na aquisição de equipamentos fundamentais para a realização deste estudo.
Ao Tecnico do IBGE Adjalma Nogueira Jaques, por sua gentileza em disponibilizar os dados
da produção da aquicultura divulgados pelo IBGE.
Aos meus colegas e amigos de trabalho no IFAM, pelo apoio e compreensão durante o
período em que estive ausente devido às atividades impostas pelo doutorado.
Periphyton-based aquaculture is that in which artificial or natural substrates are used in order
to benefit fish, periphyton food sources in integrated culture. Theoretically, periphyton-based
culture systems could enhance the conversion of primary food production into fish biomass,
making the system more efficient and economical. The aim of the present study was to
investigate the effect of two types of substrates (natural and artificial) at three densities (10,
20, and 30%), on the growth of coarse scale jaraqui (Semaprochilodus insignis) in
monoculture and polyculture with tambaqui (Colossoma macropomum), the latter with the
addition of ration. There were conducted two experiments; in the first, the effect of the density
and type of substrate on the performance of Jaraqui was tested (10, 20 and 30%), on the latter,
the effect of the type of substrates at 20% density was investigated on the performance of
jaraqui when cultured with tambaqui. Natural substrate, macrophyte Pistia stratiotes and
artificial substrate plastic screen were used. Fish culture was carried out in masonry 46m2
tanks having average depth of 70 cm. The tanks were fertilized with urea, triple
superphosphate and bran based on water transparency (30-50 cm). The difference between
treatments was assessed using analysis of variance with two and one factors (Two and one-
way ANOVA). The two substrates tested in this study provided good surface for periphyton
growth; however, macrophyte supported higher periphyton biomass in both the experiments.
On the first experiment, jaraqui showed higher growth in ponds where artificial substrate was
added at densities of 10% and 20% and natural substrate P. stratiotes at 20%. Based on this
result, in the second experiment, 20% density was used for both the substrates. Both jaraqui
and tambaqui highest productivity was recorded in the treatments with plastic screen. Jaraqui
showed slightly better growth performance with plastic screen as substrate. Tambaqui showed
good performance in both treatments. Apparently, tambaqui leverages periphyton as an
alternative food ration. Further studies are required to quantify periphyton contribution to the
growth of fish and its effect on savings in terms of food ration.
1 INTRODUÇÃO GERAL 14
1.1 A posição da aquicultura no cenário mundial 14
1.2 A aquicultura no Brasil 15
1.2.1 Região Sul 15
1.2.2 Região Sudeste 16
1.2.3 Região Centro-Oeste 17
1.2.4 Região Nordeste 17
1.2.5 Região Norte 18
1.3 A piscicultura no estado do Amazonas 19
1.4 Conceito e importância do perifiton 22
1.5 O papel do perifiton em viveiros de aquicultura 22
1.5.1 Cadeia alimentar baseada em fitoplancton 23
1.5.2 Cadeia alimentar baseada em perifiton: o loop do perifiton 23
1.5.3 Cadeia alimentar baseada em detrito 25
2 REVISÃO DA LITERATURA 28
2.1 Aspectos gerais da aquicultura baseada em perifíton 28
2.2 Qualidade da água em viveiros de aquicultura baseada em perifiton 30
2.3 Interarações entre organismos cultivados, meio ambiente e perifiton 30
2.4 O sistema de policultivo de viveiro baseado em perifiton 32
2.5 Espécies de peixes adequadas para o policultivo 33
2.6 Fornecimento de alimento e abrigo adicionais 33
2.7 Estudos de produção de peixe e avaliação de substrato 34
2.8 Densidade de estocagem e produção 36
3 OBJETIVOS 37
3.1 Geral 37
3.2 Objetivos específicos 37
4 HIPÓTESES 38
REFERÊNCIAS 39
CAPÍTULO I 46
RESUMO 46
ABSTRACT 47
1 I NTRODUÇÃO 48
2 MATERIAL E MÉTODO 50
Área de estudo 50
Delineamento experimental 50
Unidades experimentais 51
Preparação da unidade experimental (tanques) 52
Escolha dos substratos 53
Animais experimentais 54
Monitoramento da qualidade da água das unidades experimentais 55
Variáveis físicas, químicas e físico-químicas 55
Variáveis biológicas 56
Composição centesimal do perifiton 57
Desempenho zootécnico 57
Biometria 57
Sobrevivência 58
Ganho de Biomassa 58
Fator de Condição 59
Taxa de Crescimento Específico 59
Taxa de Incremento em Peso 59
Análises estatísticas 59
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 61
Qualidade da água 61
Variáveis biológicas 66
Composição centesimal do perifiton 68
Composição taxonômica do perifiton 71
Desempenho zootécnico: Comprimento, peso, ganho de biomassa, táxons de
crescimento específico, táxons de incremento em peso e fator de condição 75
Variação do crescimento em comprimento e peso do jaraqui (Semaprochilodus insignis)
75
Sobrevivência, ganho de biomassa, taxa de crescimento específico, taxa de
incremento em peso e fator de condição do jaraqui (Semaprochilodus insignis) 77
4 CONCLUSÕES 82
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 83
REFERÊNCIAS 84
CAPÍTULO II 91
RESUMO 91
ABSTRACT 92
1 INTRODUÇÃO 93
2 MATERIAL E MÉTODO 95
Área de estudo 95
Delineamento experimental 95
Unidades experimentais 96
Preparação da unidade experimental 96
Escolha dos substratos 97
Fonte artificial de alimento 97
Animais experimentais 97
Monitoramento da qualidade da água 98
Variáveis físicas, químicas e físico-químicas 98
Variáveis biológicas 99
Composição centesimal do perifiton 100
Desempenho zootécnico 100
Biometria 100
Sobrevivência 100
Ganho de biomassa 101
Fator de condição 101
Taxa de Crescimento Específico 102
Taxa de Incremento em Peso 102
Análises estatísticas 102
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 104
Qualidade da água 104
Variáveis biológicas 107
Biomassa do perifiton (mg/cm2) 107
Composição centesimal do perifiton 109
Composição taxonômica do perifiton 112
Desempenho zootécnico do Jaraqui (Semaprochilodus insignis) e do tambaqui
(Colossoma macropomum), em policultivo. 115
Variação do comprimento do Jaraqui (Semaprochilodus insignis) e do tambaqui
(Colossoma macropomum). 115
V
ariação do peso do Jaraqui (Semaprochilodus insignis) e do tambaqui (Colossoma
macropomum). 115
Sobrevivência, ganho de biomassa, fator de condição, taxa de crescimento
específico e taxa de incremento em peso. 117
4 CONCLUSÃO 122
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 123
6 REFERÊNCIAS 124
14
1 INTRODUÇÃO GERAL
A aquicultura no Brasil
O Brasil possui uma área de 8,5 milhões de km2 e está localizado dentro de uma ampla
faixa de latitude: 5°16‟19” N e 33°45‟09” S e longitude 34°45‟54”O e 73°59‟32” O. Estas
características permitem que ele abrigue uma vasta variedade de biomas, dentre eles, a
Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa, o que lhe
garante uma ampla biodiversidade. Possui quase 15% das reservas naturais de água doce do
mundo e uma linha costeira de 8.500 km. Tudo isso o torna um país com grande potencial
para a aquicultura. (IBGE, 2014)
A produção da aquicultura brasileira atingiu uma produção de 476.521,060 t, tendo um
aumento de 41% entre os anos de 2009-2013 (IBGE, 2013). Um grande número de espécies
nativas está sendo cultivado no Brasil, com base na diversidade da fauna para cada região. No
entanto, espécies não nativas tais como camarão branco (Litopenaeus vannamei) e tilápia
(Oreochromis niloticus) continuam dominando a produção brasileira (MPA, 2011).
Região Sul
Região Sudeste
Região Centro-Oeste
Região Nordeste
extensas áreas com topografia, tipo de solo e recursos hídricos adequados para aquicultura
(MPA, 2011). Esta região, principalmente os estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e
Maranhão contribuíram com 27,01% da produção nacional da aquicultura (MPA, 2011). A
aquicultura na região é praticada em vários tipos de sistemas de cultivo onde o camarão e a
tilápia são os mais cultivados (MPA, 2011).
O cultivo de camarão realizado na região é baseado primeiramente em L. vannamei,
produzindo de 4.000 a 7.000 kg/ha/ano. O cultivo de camarão tem crescido rapidamente desde
1996 quando L. vannamei foi introduzido. Entre 1997 e 2003, a produção da aquicultura
cresceu substancialmente para 90.190 t/ano, com produtividade aumentando de 1.025
kg/ha/ano em 1997 a 6.084 kg/ha/ano em 2003. Após 2003, porém, surtos de doença,
principalmente do virus Mionecrosis infecioso (IMNV), tiveram um forte impacto na
indústria, com a produção declinando para 65.000 t em 2005 (ROCHA, 2007).
O cultivo de tilápia tem ganhado importância devido à alta produção obtida em gaiolas
flutuantes instaladas em reservatórios. Outra espécie de peixe marinho é o cobia
(Rachycentron canadum), localmente conhecida como beijupirá, tem um preço relativamente
alto no mercado (SAMPAIO et al., 2010). Em 2008, uma grande companhia foi instalada no
estado de Pernanbuco e está produzindo 400 t/ano, mas planeja implantar um total de 48
gaiolas dentro dos próximos anos o que poderia levar a produção a 5.000 t/ano. Embora em
um estágio inicial de desenvolvimento, dado à ótima condição ambiental e infraestrutura
disponível, o nordeste do Brasil tem um potencial significativo para produzir cobia e outras
espécies de peixe marinho (SAMPAIO et al., 2010).
Em 2013, a produção anual da aquicultura foi de 140.750 t., sendo que a parcela
proveniente da água doce foi de 70.392 t. e, o estado do Ceará liderou com uma produção de
30.670 t., seguido por Maranhão com 16.926 t., Bahia com 10.854 t., Piauí com 5.474 t.
enquanto, os estados de Alagoas, Paraiba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe
tiveram uma participação de 12.468 t. (IBGE,2013). A produção é baseada principalmente em
espécies exóticas, como tilápia e camarão (IBAMA, 2009).
Região Norte
A região norte é habitada por apenas 16 milhões de pessoas (IBGE, 2014). O Peixe é
uma fonte importante de proteína para a população da região, onde a pesca é a atividade
econômica principal. O declínio do estoque natural de peixe na região tem estimulado a
produção de diversas espécies através da aquicultura (Ono, 2005). Nesta região,
19
O substrato artificial utilizado foi a tela plástica, material de preço relativamente baixo
e com capacidade de suportar exposição à luz UV (TIDWELL et al., 2000).
Além de ser uma fonte de alimento, o fitoplâncton exerce outras funções importantes
na aquicultura. É um produtor de oxigênio dissolvido, que é indispensável para o crescimento
e produção de peixe (SMITH e PIEDRAHITA, 1988; TEICHERT-CODDINGTON E
GREEN, 1993). Mantém a qualidade da água ao absorver o excesso de produtos nitrogenados,
que é excretado por peixes e é potencialmente tóxico (HARGREAVES, 1998; JIMENEZ-
MONTEALEGRE, 2001). Não obstante, há desvantagens na produção baseada em
fitoplâncton, que pode, muitas vezes, formar florescências densas nos viveiros, resultando em
grandes variações diurnas nas concentrações de oxigênio dissolvido, de supersaturação
durante o dia (devido à fotossíntese) à depleção de oxigênio no início da manhã (devido à
respiração noturna). Isto pode levar à grande mortalidade de peixes (MADENJIAN et al.,
1987; DELINCÉ, 1992). A decomposição do fitoplâncton depositado no fundo do viveiro
pode resultar em produtos tóxicos (amônia, nitrito, metano, sulfeto de hidrogênio) e aumentar
a demanda de oxigênio no sedimento.
Até hoje, a maior parte das pesquisas sobre perifiton tem avaliado os fatores
determinantes da biomassa, produtividade, composição taxonômica e métodos de amostragem
do grupo em lagos, rios, terras alagadas e recifes de coral. Há pouca informação sobre as
cadeias alimentares baseadas em perifiton, especialmente na aquicultura. A maioria das
espécies herbívoras (carpa e tilápia) não satisfaz sua demanda completa de energia
alimentando-se somente por meio de filtragem de algas planctônicas (DEMPSTER et al.
1995). Além do fitoplancton, os peixes herbívoros geralmente requerem fontes de alimento de
maior tamanho, assim como algas bênticas (perifiton), detrito baseado em algas ou plantas
superiores aquáticas que possam ser colhidas com mais eficiência (DEMPSTER et al., 1993;
YAKUPITIYAGE, 1993). Tapetes de algas bênticas raramente crescem no fundo de viveiros
altamente eutrofizados, devido à limitação de luz. Para crescer, elas precisam de algum
substrato rígido dentro da zona eufótica do viveiro, o que é raro em viveiros de peixes
tradicionais. Qualquer material que providencie uma área de superfície pode ser usado em
viveiros de aquicultura para apoiar a produção de perifiton. O abrigo adicional fornecido
como substrato permite que mais recursos fluam para dentro da biomassa de peixe (Figura 1).
24
Quando os substratos são instalados nos viveiros, o fluxo de nutrientes através do loop
do perífiton assim como o loop do fitoplâncton é incrementado (Figura 1). Em consequência,
a eficiência de nutriente do sistema aumenta como um todo. A produção de perifiton duplica
efetivamente a produção autotrófica de carbono (em média, 1,2 g C/m 2/dia proveniente do
perifiton e 1,3 g C/m2/dia do fitoplancton). No entanto, às vezes, ocorre uma troca entre
fitoplâncton e o perifiton, especialmente em viveiros altamente fertilizados, mas isto pode ser
minimizado pela estocagem de espécies de peixe com nichos de alimentação complementares
(AZIM et al., 2001a).
O detrito refere-se à matéria orgânica não viva, que inclui não só matéria particulada,
mas, também, dissolvida. Ele é uma fonte alimentar importante na aquicultura (BOWEN,
1987; SCHROEDER, 1987). Processos anaeróbicos são significativos na decomposição do
detrito nos sedimentos do viveiro, onde o oxigênio pode ficar completamente esgotado dentro
26
nitrogenada. A aquicultura pelo uso de perifiton pode ser uma forma de reduzir este impacto e
aumentar a eficiência do sistema com geração de alimento e renda (CYRINO et al., 2010).
28
2 REVISÃO DA LITERATURA
evidência de que os peixes utilizaram perifiton proveniente dos substratos, não houve
nenhuma diferença na produção líquida de peixe entre os tanques com e sem folhas plásticas
como substrato. Em outro experimento, os substratos de bambu resultaram numa maior
produção líquida de peixes (3,43 g/m²/dia) do que os de folhas de plástico (2,51 g/m²/dia),
mas a contribuição do substrato de bambu não foi quantificada devido à falta de um
tratamento sem ele. O trabalho pioneiro na Ásia foi realizado no Northwest Fisheries
Extension Project (NFEP), complexo aquícola Parbatipur em Bangladesh, conduzido por
Faruk-ul-Islam (1996), que investigou o efeito de introduzir 40 painéis verticais de bambu
rachado ao meio (localmente chamado chatai, cada lado de 0,56 m²) em viveiros
experimentais de 80 m² povoados com tilápia. A produção em um período de cultivo de quatro
meses em viveiros com e sem bambu chatai foi de 640 e 600 kg/ha, respetivamente. O bambu
chatai ficou severamente infestado com caracóis, que competiam com os peixes pelo
alimento. Em conclusão, estes dois experimentos iniciais na Ásia não foram estimulantes
devido ao pequeno incremento na produção.
O segundo experimento de produção de peixe no complexo NFEP foi mais bem
sucedido (NFEP, 1997). O experimento foi realizado em oito tanques de 103 a 140 m², com
terra fertilizada, por um período de 168 dias. Quatro tanques receberam varas de bambu
inseridas verticalmente no fundo do tanque (17 varas/m², diâmetro não mencionado) e quatro
sem substrato funcionaram como controles. Juvenis de rohu, Labeo rohita (peso individual
11,5 g), foram estocados em uma densidade de um peixe/m². A produção líquida em tanques
com substrato e o grupo controle foi de 570 e 180 kg/ha, respetivamente. Porém, a produção
total foi baixa por que o experimento começou em agosto e continuou até janeiro, durante a
estação do inverno. É possível que, a baixa temperatura (16°C) e curto fotoperíodo limitaram
a produção.
Shankar et al. (1998) relataram que o crescimento de Oreochromis mossambicus e
Cyprinus carpio aumentou 48 e 50%, respetivamente, em tanques de cimento de 1 m² já
fertilizado e adição de bagaço de cana-de-açúcar como substrato, quando comparados a
viveiros sem substrato, durante um período de 91 dias de cultivo. Com base neste resultado
uma investigação adicional foi realizada em três cisternas de cimento de 25 m² (RAMESH et
al., 1999). O bagaço de cana foi amarrado a hastes apoiadas horizontalmente em cisternas
fertilizadas com esterco de gado e ureia, o que manteve o substrato suspenso na água. Outras
cisternas foram fertilizadas, mas mantidas sem substrato, sendo usadas como controle. Em
uma densidade de estocagem de 10.000 peixes/ha, o crescimento de C. carpio e L. rohita
apresentou incremento de 47 e 48% respetivamente, comparado ao controle. A produção
30
combinada de peixe foi 1.235 kg/ha em viveiros com substrato durante um período de cultivo
de 133 dias.
com substratos naturais diferentes e sua produção tem sido comparada com o policultivo
tradicional sem substratos (VAN DAM et al., 2002).
Em viveiros com substrato, o perifiton serve como uma fonte de alimento adicional,
sem reduzir a produção de outro alimento natural dentro do sistema. Estima-se que a
produtividade primária pode ser duplicada pela colocação de substratos com uma área de
superfície equivalente a 100% da área de superfície do viveiro (AZIM et al., 2002). Além de
servir como uma fonte adicional de alimento, esses substratos também proporcionam abrigo e
proteção contra predadores, tais como aves, rãs e cobras. Outro benefício dos sistemas
baseados em substrato é a redução da vulnerabilidade dos viveiros aos furtos, que é um sério
problema para muitos produtores de peixe.
De um ponto de vista teórico, a maior vantagem dos substratos adicionados é um
aumento na eficiência de transferência de nutriente e energia do sistema, devido à produção
adicional baseada em perifíton (MILLER e FALACE, 2000). Em viveiros tradicionais de
piscicultura, o fundo é o único substrato no qual as algas bênticas podem crescer. Mas os
tapetes de algas bênticas raramente se desenvolvem em viveiros altamente eutróficos devido
ao sombreamento das florescências do plâncton. Em sistemas baseados em perifiton, as algas
juntamente com o zooplâncton e os invertebrados, podem colonizar imediatamente o substrato
dentro da coluna d‟água. Os peixes são capazes de raspar mais eficientemente do que quando
filtravam somente alimentos planctônicos (DEMPSTER et al., 1993). Teoricamente, raspar
34
com bambu (4 varas/m²) apresentaram um rendimento 70% maior que o controle (AMISH et
al., 2008). Todos estes resultados dão a entender uma aplicabilidade mais ampla da tecnologia
de perifiton no campo da piscicultura.
3 OBJETIVOS
Geral
Objetivos específicos
4 HIPÓTESES
5 REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO I
RESUMO
EFEITO DO USO DE DOIS TIPOS DE SUBSTRATOS, EM DIFERENTES
DENSIDADES DE COBERTURA DO TANQUE, SOBRE A FIXAÇÃO DO
PERIFITON E O CRESCIMENTO DE JARAQUI
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO
que, a frequência de algas encontradas em seu conteúdo estomacal é sempre alta e já foram
observados alimentando-se da comunidade perifítica e de matéria orgânica particulada fina
(detritos) encontradas nos substratos naturais de lagos e rios (MAGO LÉCCIA, 1972;
RIBEIRO, 1983; SANTOS et al., 2006). Simultaneamente, poucos estudos sobre cultivo de
jaraqui (Semaprochilodus spp.) o apontam como tendo um bom potencial para a criação em
cativeiro (REZENDE et al., 1985; GRAEF et al., 1986). Aliado a isso, apesar de não ser
considerado um peixe nobre, o jaraqui desempenha uma importante função social, no que diz
respeito à alimentação das populações do Amazonas, representando cerca de 50% do
desembarque pesqueiro nos portos de Manaus (THOMÉ, 2007; GANDRA, 2010).
Sob o ponto de vista ambiental, o cultivo do jaraqui contribuirá para a preservação
deste recurso pesqueiro, uma vez que, atualmente, em função do crescimento da população
humana a demanda por esta espécie tem aumentado significativamente, o que vem
contribuindo para a redução do seu estoque natural, ocasionada pela a sobrepesca,
principalmente, no período sazonal da reprodução na maioria dos ambientes aquáticos onde
esta espécie é frequente (BATISTA, 1998; VIEIRA, 2003).
Experimentos realizados em viveiros semi-escavados e tanques de alvenaria,
mostraram que, quando são utilizados substratos, a comunidade perifítica instala-se
imediatamente, contribuindo com o aumento da produtividade primária e produção secundária
de várias espécies de peixes cultivadas (LEGENDRE et al., 1989; RAMESH et al., 1999;
WAHAB et al., 1999; AZIM et al., 2001a; 2002a; KESHAVANATH et al., 2001; 2002;
2004; JANA et al., 2004; UDDIN, 2006; 2007).
Apesar da disponibilidade de informações sobre o cultivo da tilápia e outras espécies
de peixes utilizando a piscicultura baseada na comunidade perifítica no continente asiático
(LEGENDRE et al., 1989; RAMESH et al., 1999; WAHAB et al., 1999; AZIM et al., 2002b;
MILSTEIN et al., 2003; VAN DAM e VERDEGEM, 2005; UDDIN et al., 2007), no Brasil,
este tipo de estudo, em que se utiliza espécies nativas são escassos. Dessa forma, o objetivo
do presente estudo foi avaliar o efeito do uso de dois tipos de substratos, em diferentes
densidades, sobre a fixação do perifiton e o desempenho zootécnico de alevinos de jaraqui.
50
2 MATERIAL E MÉTODO
Delineamento experimental
Tabela 1 - Delineamento experimental. A numeração é usada para identificar os tanques alocados para cada
tratamento. O grupo controle não recebeu substrato.
Tipo de substrato
Natural Artificial
Densidade do substrato (%)
Repetição Controle 10 20 30 10 20 30
1 2 1 4 7 15 19 22
2 10 3 5 8 16 20 23
3 11 12 6 9 18 21 24
Unidades experimentais
4a. Adubação inorgânica – foi aplicado 186g de superfosfato triplo + 372g de ureia +
100g de farelo de trigo, em cada tanque;
5a. Enchimento – o tanque foi abastecido com água até atingir a profundidade média
de 0,70 m.
6a. Substrato –foram adicionados nos tanques de acordo com o seu tipo e densidade;
7a. Estocagens dos peixes - dez dias após a adubação inorgânica, os peixes foram
colocados nos tanques.
Para esta pesquisa, foram escolhidos como substrato natural a macrófita (Pistia
stratiotes) e o artificial a tela plástica (Figuras 4 e 5).
Figura 5 - Tanques com substrato artificial de tela plástica, preso a uma armação retangular de
PVC (A); cobertura de tela de 10% (B); 20% (C) e 30% (D) de densidade, com relação à área do
tanque. Fonte: S. A. R. Tortolero (2013).
Animais experimentais
filamento de nylon com 3mm entre nós opostos. Estes alevinos foram transportados para a
Estação de Piscicultura de Balbina, em saco plástico com a capacidade de sessenta litros.
Cada saco foi abastecido com uma solução salina de água e oxigênio na proporção de 1:3,
segundo Gomes (2001; Figura 7). Os alevinos foram estocados em cada tanque na densidade
de 1/m2.
A qualidade da água dos tanques foi verificada diariamente por meio da avaliação de
variáveis físicas, físico-químicas e químicas (oxigênio, temperatura, pH, e condutividade
elétrica) a 30cm de profundidade na coluna de água.
As amostras de água para a determinação da alcalinidade, NO- , NO-
2 , NH3 , PO ,3 4
A temperatura da água (°C) foi medida com oxímetro portátil modelo AT-160 da
Alfakit. A condutividade elétrica (µS/cm2) foi medida utilizando um condutivimetro portátil
modelo AT-230 da Alfakit. Potencial hidrogeniônico (pH) foi medido utilizando o
potenciômetro portátil modelo AT-315 da Alfakit. A alcalinidade (mg/L de Ca2 Co3) foi
56
Variáveis biológicas
I - Biomassa do perifíton
O perifiton dos substratos natural (Pistia stratiotes) e artificial (tela plástica) foi
coletado em uma área de 5x5 cm e a amostragem foi sempre realizada em triplicata. Para o
substrato artificial, a coleta foi feita por meio de raspagem com uso de uma espátula fina, feita
com folha plástica, para cada amostragem uma área intacta da tela plástica foi escolhida para
a coleta do perifiton, este material foi diluído em 50 mL de água destilada.
Para o substrato natural foram retiradas três plantas de cada unidade experimental
cortando-se a raiz de cada uma delas separadamente, cada raiz foi colocada sobre uma
superfície plana e rígida para juntar todas as suas ramificações. Em seguida, uma área de 5x5
cm das raízes foi cortada e o perifíton presente foi cuidadosamente segregado com o auxílio de
um pincel. Posteriormente, o perifiton foi dissolvido em 50 mL de água destilada.
A partir deste ponto, o procedimento para determinação da biomassa foi igual para
ambos os substratos. Cada solução foi transferida para um tubo de falcon, pesado
previamente, e centrifugada por 15 minutos. Após esse processo, o sobrenadante foi retirado e
o tubo de falcon foi levado à estufa para desidratação por um período de 12 horas a 60°C.
Posteriormente, cada tubo de falcon foi repesado.
A biomassa do perifíton foi obtida pela diferença entre o peso de cada tubo de falcon
mais peso do perifiton e o peso do tubo de falcon, sem o perifiton segundo a expressão: [(peso
do tubo de falcon mais o peso do perifiton) – (peso do tubo de falcon sem o peso do
perifiton)]. A biomassa média de cada unidade experimental foi obtida somando as três
medidas realizadas em cada tanque e a biomassa média dos tratamentos foi determinda a
partir da soma das réplicas, ou seja, de cada unidade experimental.
57
II - Composição taxonômica
Desempenho zootécnico
Biometria
A biometria foi realizada no início do cultivo e a cada trinta dias até o fim do cultivo,
totalizando cinco aferições. Para essas análises, quinze peixes eram coletados em cada tanque,
acondicionados em baldes com água, oxigênio e sal a 2%. Em seguida, eram pesados em
balança eletrônica (precisão 0,1g) e o comprimento padrão medido com o uso de um
ictiômetro. Posteriormente, foram devolvidos ao tanque.
Além do peso e comprimento, também foram determinados os seguintes parâmetros
de desempenho zootécnico:
58
Sobrevivência
( )
Ganho de Biomassa
( ) ( ) ( )
( ) ̅̅ ( )
( ) ̅̅ ( )
Fator de Condição
A taxa de crescimento específico foi calculada por meio do produto de cem pela
diferença entre os logarítimos da biomassa final e inicial, dividido pelo tempo em dias.
( )
( )
A taxa de incremento em peso foi calculada por meio do produto de cem pela
diferença entre a biomassa final e biomassa inicial, dividido pela biomassa final.
( )
Análises estatísticas
médias múltiplas foi procedido conforme descrito em Miller (1981) e Yandell (1997),
auxiliado pelos algoritmos escritos por Piepho (2004), Hothorn et al. (2008) e Bretz et al.
(2010). As análises foram realizadas com o uso do software estatístico R (R Core Team,
2014).
61
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Qualidade da água
Tabela 2 – Variáveis físicas, físico-químicas e químicas (média ± desvio padrão) da água de cultivo de jaraqui
Semaprochilodus insignis submetido a diferentes tipos e densidades de substrato para fixação de perifíton.
Substrato
Natural Artificial
Vriáveis Controle
Densidade do substrato (%)
10 20 30 10 20 30
OD 7,19±0,26a 6,71±0,46a 5,74±0,29b 5,32±0,04b 6,90±0,25ª 7,02±0,13a 6,79±0,36a
pH 8,66±0,16ab 8,68±0,37ab 8,18±0,23bc 7,93±0,22c 8,65±0,05ab 8,88±0,09a 8,94±0,25a
CE 57,56±3,62a 60,15±2,52a 60,35±2,82a 62,78±3,98a 53,73±10,25a 56,12±6,37a 52,38±1,38a
T 29,85±0,38a 29,68±0,23ab 28,79±0,16c 28,01±0,39c 29,96±0,12a 29,86±0,24a 29,88±0,20a
AL 23,56±1,33a 24,30±4,68a 22,26±2,63a 23,48±1,61a 26,52±1,48a 25,19±1,58a 23,11±1,94a
NO2 0,01±0,00a 0,02±0,01a 0,03±0,00a 0,03±0,01ª 0,02±0,00a 0,02±0,00a 0,02±0,00a
NO3 1,21±0,22a 0,95±0,20a 1,32±0,12a 1,16±0,28ª 1,35±0,31ª 1,35±0,20a 1,54±0,09a
NH3 0,38±0,18a 0,21±0,12a 0,20±0,14a 0,29±0,00a 0,33±0,22ª 0,24±0,15a 0,33±0,16a
PO4 1,42±0,51b 1,99±0,20b 2,90±0,24a 3,42±0,25ª 1,32±0,35b 1,47±0,30b 1,41±0,29b
OD: Oxigênio dissolvido (mg/L); pH: Potencial hidrogeniônico; CE: Condutividade elétrica (µS/cm²); T:
Temperatura da água (ºC); AL: Alcalinidade (mg/L); NO2: Nitrito (mg/L); NO3: Nitrato (mg/L); NH3: Amônia
total (mg/L); PO4: Ortofosfato (mg/L). Letras iguais são usadas para indicar médias que não diferiram
estatisticamente entre si segundo a ANOVA. Nível de significância p<0,05.
Oxigênio
redução dos níveis desse gás na água dos tanques (DHARMARAJ et al., 2002; JOICE et al.,
2002; MRIDULA et al., 2003; KESHAVANATH et al., 2004).
No presente estudo, as baixas concentrações de OD no tratamento com substrato
natural e a redução desse gás, à medida que a densidade de macrófita aumentou, podem ser
explicadas pelo consumo de oxigênio pelas plantas durante a noite e pela senescência, morte e
decomposição de partes das mesmas e aumento desse efeito com a elevação da densidade
desse tipo de substrato (HOWARD-WILLIAMS e JUNK, 1976). Para a maioria das espécies
tropicais a concentração mínima de OD na água deve ser superior a 4,0 mg/L (TAVARES,
1994) e nossos resultados situaram-se acima de 5,0 mg/L.
Keshavanath et al. (2001) registraram os maiores níveis de OD em tanques com
substrato artificial (PVC com média de 6,4 mg/L), valores intermediários em tanques com
bambu (com média de 4,9 mg/L) e concentrações menores em tanques com bagaço de cana na
densidade de 28.000 kg/ha (com média de 1,3 mg/L de O2).
Umesh et al. (1999) estudando o efeito da adição de bagaço de cana (4.000-5.000
kg/ha) sobre a qualidade da água de tanques de cultivo de carpa comum, registraram uma
redução de OD na água do tanque (1,3 mg/L de O2) após a instalação de feixes de bagaço.
Mridula et al. (2003) também registraram um declínio inicial em OD após a adição ao tanque
experimental de substratos de bagaço de cana de açúcar e palha de arroz.
pH
Condutividade eletrica
Temperatura
A temperatura da água dos tanques de piscicultura pode ser influenciada pela presença
de substratos, que quando instalados para fixação de perifiton podem promover o
sombreamento da coluna de água e, consequentemente, reduzir a temperatura
(KESHAVANATH et al. 2002). Comportamento semelhante foi registrado no presente
estudo, onde os valores da temperatura no substrato natural apresentaram tendência
inversamente proporcional ao aumento da cobertura vegetal.
Jhingran (1991) observou que as carpas adaptam-se bem às temperaturas que oscilam
entre 18,3 a 37,8 oC. Segundo Boyd (1998), os peixes crescem bem numa faixa entre 25 e 35
°C. Já os Prochilodus sp. têm sua faixa ideal de conforto térmico para crescimento entre 20 a
30 °C (PROENÇA e BITTENCOURT, 1994; OSTRENSKY e BOEGER, 1998). No presente
estudo a temperatura se manteve entre estes limites (28,01 a 29,96 °C) e não foi observado
nenhum efeito adverso desta variável sobre os índices zootécnicos do jaraqui. Contudo, altas
temperaturas reduzem a capacidade de solubilidade do oxigênio na água (BOYD, 1981), o
que contribui para a depleção do oxigênio nos tanques.
64
Alcalinidade
Nitrogênio
Nitrito
Nitrato
Amônia
Ortofosfato
Quanto ao ortofosfato, concentrações maiores que 3,0 mg/L podem ser estressantes
para os peixes (BHATNAGAR E DEVI, 2013). No presente estudo, apenas o tratamento com
cobertura de substrato natural de 30% apresentou concentração acima do limite máximo
tolerável para o cultivo de peixes. Provavelmente, este fato se deve ao aumento da densidade
de substrato natural, e ao consequente incremento na oferta de matéria orgânica morta (partes
das macrófitas) para a fauna microbiana aquática, o que intensificou a mineralização de
compostos orgânicos e a liberação de íons, como o PO4-, para a coluna de água (HOWARD-
WILLIAMS e JUNK, 1976; WETZEL, 2001).
66
Variáveis biológicas
Biomassa do perifiton
Tabela 3 – Biomassa de perifíton (média ± desvio padrão), em mg/cm², no cultivo de jaraqui Semaprochilodus
insignis submetido a diferentes tipos e densidades de substrato para fixação de perifíton .
Tipo de substrato
Natural Artificial
Densidade do substrato (%)
Dia 10 20 30 10 20 30
15 3,55±2,57a 1,40±1,62ª 1,77±1,43ª 0,69±0,27a 0,86±0,44a 1,28±1,04a
30 0,72±0,27a 0,33±0,29ª 1,02±1,32ª 0,96±0,15a 0,75±0,52a 0,43±0,33a
45 0,88±0,83a 0,45±0,18ª 1,14±0,91ª 0,82±0,65a 0,62±0,27a 0,71±0,28a
60 0,95±0,26a 1,12±0,26ª 1,14±0,25ª 0,38±0,06b 0,37±0,14b 0,26±0,12b
75 1,12±1,23a 1,66±0,65ª 1,34±0,41ª 1,12±0,52a 0,64±0,20a 0,79±0,49a
90 1,47±0,51ab 1,70±0,25ª 1,40±0,47ab 0,67±0,18bc 0,77±0,29ac 0,40±0,21c
105 1,63±0,60ab 2,92±1,68ª 1,28±0,29ab 0,87±0,39ab 0,52±0,10b 0,51±0,22b
120 1,53±0,49a 2,03±1,66ª 1,80±0,88ª 1,17±0,39a 0,78±0,15a 0,79±0,16a
Média 1,48±0,09a 1,45±0,65ª 1,36±0,59ª 0,84±0,12a 0,66±0,13a 0,65±0,06a
Letras iguais são usadas para indicar valores semelhantes entre si. Segundo a ANOVA. Nível de significância
p>0,05.
pois, este, precisa oferecer condições que favoreçam o estabelecimento de uma comunidade
perifítica com quantidade e qualidade nutricional suficiente para suprir as necessidades dos
animais cultivados (SIBBING e WITTE, 2005).
Ambos os substratos testados propiciaram fixação para o perifiton, contudo a
macrófita apresentou maior biomassa. Esse fato pode estar associado à natureza e
complexidade estrutural da parte radicular do substrato natural que pode ter propiciado
melhor superfície de fixação para o perifiton e proporcionado melhores condições de
nutriente, devido à decomposição microbiana (UMESH et al., 1999).
A quantidade de biomassa do perifiton ao longo do período experimental oscilou entre
0,26 (substrato artificial) e 3,55 mg/cm2 (substrato natural). As maiores médias de biomassa
do perifiton foram 1,48 mg/cm2 e 0,84 mg/cm2, para os substratos natural e artificial,
respectivamente, ambos nos tratamentos de 10%. Estes valores foram menores que os
registrados por Siqueira e Rodrigues (2009), em lâminas de garrafa pet (4,0 mg/cm2 em
tanques redes), por Keshavanath et al. (2012), para folha de coco (1,58 mg/cm2) e Anand et
al. (2013), em bambu (média de 3,79±0,27 mg/cm2) e superiores aos registrados sobre bambu
em viveiros escavados (KESHAVANATH et al., 2001).
Outros tipos de substratos como: PVC (0,97 mg/cm2), vidro (0,91 mg/cm2), bambu
(0,90 mg/cm2) (GANGADHAR e KESHAVANATH, 2008) e bagaço de cana (1,06 mg/cm2)
(KESHAVANATH et al. 2012) apresentaram valores médios de biomassa perifitica inferiores
aos registrados no substrato natural do presente estudo.
O tempo necessário para estabelecimento da comunidade perifítica é de poucas
semanas, com amadurecimento e clímax por volta de 30 dias (POMPÊO e MOSCHINI-
CARLOS, 2003). Já foram observadas proliferações densas de comunidades perifíticas após
duas semanas de incubação dos substratos na água (HUCHETTE et al., 2000). Lima (2009),
avaliando a colonização de lâminas de vidro no período chuvoso e seco, em um igarapé, na
Paraíba, observou que a abundância de algas perifíticas variou significativamente com o
tempo de incubação. A densidade aumentou ao longo do experimento com menores valores
nos estádios iniciais, aumento exponencial a partir do 5o dia e atingiu o pico no 22 o dia no
período seco e no 9 o dia no chuvoso. No presente estudo, apesar da primeira avaliação de
biomassa ter sido realizada com 30 dias de colonização, já era possível observar uma camada
de perifiton bem desenvolvida sobre os painéis de tela plástica (substrato artificial) com duas
semanas de incubação.
68
Tabela 4 – Composição centesimal do perifíton coletado nos substratos usados no cultivo de jaraqui
Semaprochilodus insignis.
Substrato
Natural Artificial
Variáveis
Densidade do substrato (%)
10 20 30 10 20 30
Proteínas (%) 26,54±5,73a 30,25±2,05a 29,11±0,27a 29,17±0,33a 28,89±0,17a 31,50±0,14a
Lipídios (%) 5,70±1,50a 6,88±7,90a 6,41±0,23a 4,15±0,22a 3,92±0,35a 4,12±0,42a
Cinza (%) 49,97±9,99a 48,46±2,07a 50,18±0,26a 47,18±0,12a 47,29±0,33a 47,11±0,37a
Carboidratos(%) 17,79±13,43a 14,41±7,95a 14,30±0,23a 19,50±0,46a 19,90±0,65a 17,27±0,80a
EB 228,62±10,88a 240,54±63,06a 231,33±1,40a 232,03±2,61a 228,80±2,90a 241,11±4,09a
EB: Energia bruta (kcal/100g). Letras iguais são usadas para indicar médias que não diferiram estatisticamente
entre si segundo a ANOVA. Nível de significância p<0,05.
O perifíton é uma importante fonte alimentar para as cadeias tróficas aquáticas. Rico
em proteínas, vitaminas e sais minerais, esta comunidade representa um recurso essencial para
alguns peixes de importância econômica, como o bocachico (Prochilodus magdalenae), que
raspa o perifíton associado às superfícies de plantas. Outras espécies como o Pseudoancistrus
sp. e o Ancistrus sp., raspam os substratos rochosos. Alguns peixes também foram observados
alimentando-se do perifíton aderido a substratos artificias, como a tainha (Mugil sp.), tilápia
(Oreochromis sp.) e acará (Geophagus sp.) (PÉREZ, 1992).
Da mesma forma que a biomassa, a qualidade nutricional do perifiton pode ser muito
variável, dependendo da composição taxonômica, tipo de substrato, ecossistema, adubação e
pressão de predação (MONTGOMERY e GERKING 1980, AZIM et al., 2003a). Apesar da
importância da composição centesimal do perifiton na piscicultura, poucas informações estão
disponíveis. Os poucos estudos existentes foram desenvolvidos na Ásia e têm evidenciado
uma grande variação do conteúdo nutricional em relação à pressão de pastagem, ao tipo de
substrato, e, eventualmente, entre os mesmos substratos.
69
Proteínas
Lipídios
Quanto aos níveis de lipídios no perifiton no presente estudo, variaram de 5,70 -6,88%
no substrato natural e de 3,93 - 4,15% no artificial. Hepher (1988) registrou 7 -10% de
conteúdo de lipídios em algas planctônicas coletadas em viveiros de piscicultura. Azim et al.
(2002a) registraram teores lipídicos de 5,43% para o hizol, 0,35% para broto de bambu e
2,75% para juta.
70
Cinza
Os teores de cinza menores de 30% na dieta podem ser considerados aceitáveis para
peixes herbívoros (Yakupitiage, 1993). Azim (2001) registrou uma proporção de 29% de
cinzas no perifiton coletado na vara de bambu, 41% no hizol, 29% no broto de bambu e 31%
na vara de juta. Hepher (1988) registrou de 27-48% de cinzas em algas planctônicas coletadas
em viveiros de piscicultura. No presente estudo, os teores de cinza foram superiores oscilando
de 48-50% no substrato natural, e com cerca de 47%, no substrato artificial. Segundo
Gangadhar e keshavanath (2012), valores elevados do conteúdo de cinza podem ocorrer
devido à captura de partículas em suspensão pela comunidade perifítica.
Carboidratos
Energia bruta
O teor de energia bruta (EB) alcançou valores compreendidos entre 228 e 240
kcal/100g, para o substrato natural, e entre 228 e 241 kcal/100g, para o substrato artificial.
Estes valores foram inferiores aos registrados no perifiton associado à vara (454 kcal/100g) e
broto de bambu (454 kcal/100g) e à juta (330 kcal/100g) (AZIM et al., 2002a).
71
Tabela 5 – Composição taxonômica do perifiton identificados nos substratos natural (macrófitas) e artificial
(tela plástica) utilizados no cultivo de jaraqui, Semaprochilodus insignis.
Substrato
Divisão Gênero Natural Artificial
Actinotaenium (Nägeli) Teiling X -
Actinastrum Lagerheim X X
Ankistrodesmus Corda X X
Coelastrum Nägeli in Kützing X X
Cosmarium Corda ex Ralfs X -
Closterium Nitzsch ex Ralfs X X
Desmodesmus An, Friedl & Hegewald X X
Dictyosphaerium Nägeli X X
CHLOROPHYTA
Eudorina Ehrenber X X
Micrasterias C.Agarth ex Ralfs X X
Oedogonium Link ex Hirn X X
Pandorina Bory de St. Vincent X X
Pediastrum Meyen X -
Scenedesmus Meyen X X
Selenastrum Reinsch X X
Staurastrum Meyen ex Ralfs X X
Anabaena Bory ex Bornet & Flahaut X X
Microcystis Kützing ex Lemmermann X X
CYANOPHYTA
Oscillatoria cf. Vaucher ex Gomont X X
Planktothrix cf. Anagnostides & Komárek X -
Lepocincles Perty, nom. Cons. X X
EUGLENOPHYTA Phacus Dyardin, nom. Cons. X X
Trachelomonas cf. Eherenberg emend. Defladre X X
Gomphonema Ehrenberg X X
HETEROKONTOPHYTA
Pinnularia Ehrenber X -
(Bacillariophyceae)
Surirella Turpin X -
HETEROKONTOPHYTA Synedra cf. Eherenberg X -
(Chrysophyceae) Mallomonas cf. Perty X -
O “x” indica presença do gênero nas amostras coletadas e “-” indica ausência.
72
Figura 8 - Gêneros de fitoplancton encontrados nos substratos natural (Pistia stratiotes) e artificial (tela
plástica): a= Actinastrum; b= Anabaena; c= Closterium; d= Desmodesmus; e= Dictyosphaerium; f=
Gomphonema; g= Lepocincles; h= Mallomonas; i= Micrasterias; j= Oedogonium; k= Oscillatoria; l=
Pandorina; m= Pediastrum; n= Pinnularia; o= Planktothrix; p= Scenedesmus; q= Selenastrum; r=
Trachelomonas. Fonte:Rimachi, 2014
74
Tabela 6 – Comprimento padrão (cm) (média ± desvio padrão e coeficiente de variação (%)) do jaraqui
Semaprochilodus insignis ao longo de quatro meses de cultivo submetido a diferentes tipos e densidades de
Substrato
Natural Artificial
Dia Controle
Densidade do substrato (%)
10 20 30 10 20 30
00 4,25±0,09a 4,26±0,16a 4,18±0,11a 4,24±0,07a 4,15±0,10a 4,24±0,12a 4,15±0,09a
(2,19%) (3,71%) (2,54%) (1,58%) (2,38%) (2,76%) (2,10%)
30 7,24±0,66ab 6,71±0,63ac 5,94±0,53bc 5,42±0,49c 7,75±0,60a 7,25±0,52ab 7,20±0,77ab
(9,12%) (9,37%) (8,95%) (9,10%) (7,71%) (7,12%) (10,70%)
60 8,75±0,85a 8,31±0,33a 7,38±0,88ab 6,51±0,24b 8,98±0,47a 8,71±0,51a 8,63±0,48a
(9,69%) (3,92%) (11,98%) (3,76%) (5,28%) (5,83%) (5,54%)
90 9,55±0,80a 9,59±0,17a 9,76±1,49a 8,06±0,29a 9,86±0,37a 9,58±0,25a 9,39±0,50a
(8,40%) (1,77%) (15,29%) (3,66%) (3,80%) (2,64%) (5,35%)
120 9,84±0,68a 9,82±0,13a 10,95±1,62a 9,22±0,54a 10,46±0,65a 10,14±0,54a 9,80±0,74a
(6,92%) (1,30%) (14,83%) (5,80%) (6,22%) (5,35%) (7,52%)
substrato para fixação de perifiton.
Letras iguais são usadas para indicar médias que não diferiram estatisticamente entre si segundo a ANOVA.
Nível de significância p<0,05.
Tabela 7 – Peso total (g) (média ± desvio padrão e coeficiente de variação (%)) do jaraqui Semaprochilodus
insignis ao longo dos quatro meses de cultivo submetido a diferentes tipos e densidades de substrato para fixação
de perifíton.
Substrato
Natural Artificial
Dia Controle
Densidade do substrato (%)
10 20 30 10 20 30
00 1,69±0,08a 1,59±0,35a 1,54±0,08a 1,48±0,13a 1,48±0,26a 1,60±0,26a 1,46±0,21a
(4,45%) (22,31%) (5,50%) (8,49%) (17,85%) (15,99%) (14,43%)
30 9,23±2,22ab 7,14±1,85ac 4,95±1,40bc 3,65±0,99c 11,60±1,84a 9,18±2,39ac 9,08±2,71ac
(24,10%) (25,90%) (28,25%) (27,02%) (15,86%) (26,07%) (29,82%)
60 16,45±4,45a 12,85±2,13ac 9,20±2,94bc 6,52±1,08c 15,76±0,15a 14,65±1,12ab 14,56±1,44ab
(27,08%) (16,57%) (31,90%) (16,57%) (0,96%) (7,61%) (9,91%)
90 19,03±4,85a 16,99±1,16a 19,17±7,01a 12,67±1,73a 19,13±2,23a 19,47±2,46a 18,02±3,19a
(25,50%) (6,83%) (36,54%) (13,67%) (11,64%) (12,61%) (17,68%)
120 21,89±4,65a 17,94±1,50a 29,26±10,1a 17,82±4,27a 24,64±4,08a 23,86±3,84a 20,82±4,55a
(21,25%) (8,34%) (34,62%) (23,94%) (16,56%) (16,09%) (21,86%)
Letras iguais são usadas para indicar médias que não diferiram estatisticamente entre si segundo a ANOVA.
Nível de significância p<0,05.
77
Sobrevivência (S)
Tabela 8 – Desempenho zootécnico (média ± desvio padrão e percentual do coeficiente de variação (%)) do
cultivo de jaraqui Semaprochilodus insignis submetido a diferentes tipos e densidades de substrato para fixação
de perifíton durante quatro meses.
Substrato
Natural Artificial
Variáveis Controle
Densidade do substrato (%)
10 20 30 10 20 30
S 93,5±2,2a 89,9±2,5ab 90,6±1,3a 84,1±1,3b 94,2±1,3a 92,7±4,5a 92,7±1,3a
(2,33%) (2,79%) (1,39%) (1,49%) (1,33%) (4,88%) (1,35%)
GB 866,75±48,5a 668±15,4a 1152,3±94,6a 619,22±34,8ª 998,57±35,6a 939,08±24,0a 819,72±39,1a
(25,73%) (10,57%) (37,77%) (25,82%) (16,38%) (11,78%) (21,95%)
TCE 2,0±0,2a 1,9±0,2a 2,3±0,3a 1,9±0,3ª 2,3±0,2a 2,2±0,1a 2,1±0,2a
(10,77%) (12,01%) (14,23%) (13,27%) (6,92%) (2,66%) (8,56%)
TIP 91,1±2,1a 90,0±3,0a 93,6±2,7a 89,6±3,3ª 93,6±1,3a 92,7±0,5a 92,3±1,7a
(2,35%) (3,30%) (2,91%) (3,68%) (1,35%) (0,56%) (1,84%)
K 2,3±0,2a 1,9±0,1a 2,2±0,2a 2,2±0,2ª 2,1±0,1a 2,3±0,0a 2,2±0,1a
(9,43%) (5,75%) (11,40%) (7,20%) (3,17%) (0,67%) (5,98%)
S: Taxa de sobrevivência (%); GB: Ganho de biomassa (g/46m2); K: Fator de condição; TCE: Taxa de
crescimento específico; TIP: Taxa de incremento em peso; Letras iguais são usadas para indicar médias que não
diferiram estatisticamente entre si segundo a ANOVA (p<0,05).
(1985) foi realizado em condições seminaturais, o que, dentre outros fatores, pode ter
disponibilizado maiores fontes alimentares para os peixes. Em função de todas as
discrepâncias encontradas entre esses dois estudos deduz-se serem inviáveis comparações
diretas entre os mesmos.
A produtividade encontrada por Resende et al. (1985) de 1.267 kg/ha/ano, em termos
de peixes iliófagos, pode ser considerada elevada em relação às obtidas por outros autores,
que trabalharam com espécies de hábitos alimentares semelhantes. Lovshin et al (1980), ao
trabalharem com curimatã comum, Prochilodus cearenses, no Ceará, na densidade de 1
peixe/m2, obtiveram produção de 337 kg/ha em 6 meses. Em período semelhante o jaraqui
mostrou produção de 886 kg/ha, valor 2,5 vezes superior ao do curimatã comum.
Os mesmos autores, trabalhando com curimatã pacu, Prochilodus argenteus,
obtiveram produção de 958 kg/ha/ano. A produção de jaraqui por Resende et al. (1985) em
período semelhante foi 1,3 vezes superior. Dados obtidos no cultivo de “bocachico”,
Prochilodus reticulatus, na Colombia (FAO, 1975) mostraram produção máxima de 322
kg/ha/ano, em densidade de estocagem de um peixe/m2.
4 CONCLUSÕES
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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CAPÍTULO II
RESUMO
ABSTRACT
In aquaculture, the addition of substrates stimulates the growth of periphyton, which forms an
additional source of food for the fish. Theoretically, it could increase the conversion of
primary production into fish biomass, making the system more efficient and economical. The
aim of the present study was to investigate the effect of using two types of substrates (natural
and artificial) on periphyton growth and performance of jaraqui (Semaprochilodus insignis)
in polyculture with tambaqui (Colossoma macropomum), with the addition of commercial
feed ration. For this research, natural substrate macrophyte (Pistia stratiotes) and artificial
substrate plastic screen were chosen. The fish were grown in masonry tanks of 46m2, with
average depth of 70 cm. The ponds were fertilized with urea, triple superphosphate and bran
based on water transparency (30-50 cm). The difference between treatments was assessed
using one-way analysis of variance (ANOVA-one way). Every water quality variable
measured in the present study showed to be within the acceptable range for fish culture, apart
from alkalinity and orthophosphate contents. Macrophyte had higher periphyton biomass and
plastic screen group had higher mean protein concentration in periphyton. Jaraqui reached a
final weight of 34.32g (initial=16.55g) on the plastic screen treatment and 22.89g
(initial=14.84g) on that with macrophyte, as compared to 27.44g (initial=18,05g) on control.
Tambaqui raised its weight from 4.60 g to 137.36 g and 4.32 g to 139.68 g with macrophyte
and plastic screen treatments, respectively; both values showed to be significantly higher than
thoses presented on control, which recorded a growth from 4.43 g to 117.54 g. Both substrate
types tested in this study provided good surface area for periphyton growth. This fish species
(Jaraqui and tambaqui) reached higher fish yield with the plastic screen treatment. Jaraqui
showed slightly better growth performance with plastic screen as substrate. Tambaqui
exhibited good performance under both treatments. Apparently, tambaqui takes advantage of
periphyton as an alternative for food ration. Further studies are required to determine
periphyton contribution to the growth of the fish and its effect on savings in terms of food
ration.
Keywords: Aquaculture, Pístia stratiote, Plastic screen, Jaraqui e Tambaqui.
93
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAL E MÉTODO
Área de estudo
Delineamento experimental
Para avaliar a influência de dois tipos de substratos, natural (macrófita aquática; Pistia
stratiotes) e artificial (tela plástica) sobre a fixação de perifíton e o desempenho zootécnico do
jaraqui escama grossa (Semaprochilodus insignis) foi realizado um experimento, com ínicio
no mês julho/2013 e término em outubro/2013, com delineamento inteiramente casualizado
96
Tabela 1 - Delineamento experimental. A numeração é usada para identificar os tanques alocados para cada
tratamento. O grupo controle não recebeu substrato.
Tratamento
Repetição Controle Natural Artificial
1 Tanque 13 Tanque 14 Tanque 16
2 Tanque 20 Tanque 15 Tanque 17
3 Tanque 21 Tanque 22 Tanque 19
Unidades experimentais
Neste estudo, a densidade, tanto da P. stratiotes quanto a da tela plástica foi escolhida
com base na densidade que propiciou os melhores resultados para o jaraqui em ensaio
realizado anteriormente, que foi 20% de densidade de ambos os substratos (Figura 3A, 3B, 3C
e 3D).
Figura 3 - Parte radicular da Pistia stratiotes (A) tanque com 20% de substrato
natural de P. stratiotes delimitada por uma armação circular de borracha (B) substrato
artificial de tela plástica, preso a uma armação retangular de PVC (C) e tanque com 20%
de superfície de tela plástica (D). Fonte: S. A. R. Tortolero (2013).
Animais experimentais
117 tambaquis foram obtidos da fazenda particular. Foram estocados na proporção de 70% de
jaraqui e 30% de tambaqui, com densidade de 1peixe/m2.
A qualidade da água dos tanques foi verificada diariamente por meio da avaliação de
variáveis físicas, físico-químicas e químicas (oxigênio, temperatura, pH, transparência da
água e condutividade elétrica) a 30cm de profundidade na coluna de água, exceto a
transparência. O ciclo nictemeral dessas variáveis foi avaliado nos meses de abril e maio.
As amostras de água para a determinação da alcalinidade, NO2-, NO3-, NH3, PO4,
foram coletadas, quinzenalmente, a 30 cm da superfície do tanque. A biomassa e a
composição taxonômica do perifiton foram amostradas em uma área de 25cm2 de cada um
dos substratos. As amostragens foram realizadas no horário compreendido entre 07:00 e 09:00
horas.
Variáveis biológicas
I - Biomassa do perifiton
O perifiton dos substratos natural (Pistia stratiotes) e artificial (tela plástica) foi
coletado em uma área de 5x5 cm2 e a amostragem foi sempre realizada em triplicata. Para o
substrato artificial, a coleta foi feita por meio de raspagem com uso de uma espátula fina, feita
com folha plástica, para cada amostragem uma área intacta da tela plástica foi escolhida para
a coleta do perifiton, este material foi diluído em 50 mL de água destilada.
Para o substrato natural foram retiradas três plantas de cada unidade experimental
cortando-se a raiz de cada uma delas separadamente, cada raiz foi colocada sobre uma
superfície plana e rígida para juntar todas as suas ramificações. Em seguida, uma área de 5x5
cm2 das raízes foi cortada e o perifíton presente foi cuidadosamente segregado com o auxílio
de um pincel. Posteriormente, o perifiton foi dissolvido em 50 mL de água destilada.
A partir deste ponto, o procedimento da para determinação da biomassa foi igual para
ambos os substratos. Cada solução foi transferida para um tubo de falcon, pesado
previamente, e centrifugada por 15 minutos. Após esse processo, o sobrenadante foi retirado e
o tubo de falcon foi levado à estufa para desidratação por um período de 12 horas a 60°C.
Posteriormente, cada tubo de falcon foi repesado.
A biomassa do perifíton foi obtida pela diferença entre o peso de cada tubo de falcon
mais peso do perifiton e o peso do tubo de falcon sem o perifiton segundo a expressão: [(peso
do tubo de falcon mais o peso do perifiton) – (peso do tubo de falcon sem o peso do
perifiton)]. A biomassa média de cada unidade experimental foi obtida somando as três
medidas realizadas em cada tanque e a biomassa média dos tratamentos foi determinda a
partir da soma das réplicas, ou seja, de cada unidade experimental.
II - Composição taxonômica
Desempenho zootécnico
Biometria
A biometria foi realizada no início do cultivo e a cada trinta dias até o fim do cultivo,
totalizando cinco aferições. Para essas análises, quinze peixes eram coletados em cada tanque,
acondicionados em baldes com água, oxigênio e sal a 2%. Em seguida, foram pesados em
balança eletrônica (precisão 0,1g) e o comprimento padrão foi medido com o uso de um
ictiômetro. Posteriormente, foram devolvidos ao tanque.
Além do peso e comprimento, também foram determinados os seguintes parâmetros
de desempenho zootécnico:
Sobrevivência
( )
101
Ganho de biomassa
( ) ̅̅ ( )
( ) ̅̅ ( )
Fator de condição
( )
( )
A taxa de crescimento específico foi calculada por meio do produto de cem pela
diferença entre os logarítimos da biomassa final e inicial, dividido pelo tempo em dias.
( )
( )
A taxa de incremento em peso foi calculada por meio do produto de cem pela
diferença entre a biomassa final e biomassa inicial, dividido pela biomassa final.
( )
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Qualidade da água
Oxigênio
pH
Condutividade elétrica
Alcalinidade
Temperatura
Compostos nitrogenados
superiores a 2 mg/L; e o nitrato, quando seus níveis ultrapassam 5 mg/L (TAVARES, 1994).
Segundo Ismiño-Orbe (1997) o tambaqui é resistente à ação tóxica da amônia.
Ortofosfato
Variáveis biológicas
Tabela 4 - Composição centesimal do perifíton coletado nos substratos usados no policultivo de jaraqui
Semaprochilodus insignis e tambaqui Colossoma macropomum submetido a diferentes tipos de substrato para
fixação de perifíton.
Substrato
Variáveis
Natural Artificial
Proteínas (%) 34,42±3,32b 43,03±2,44a
Lipídios (%) 11,99±1,02ª 10,31±0,72a
Cinza (%) 9,70±0,81b 13,47±0,98a
Carboidratos (%) 43,89±5,15ª 33,18±4,12b
EB 421,13±22,47ª 397,66±16,23a
EB: energia bruta (kcal/100g). Letras iguais são usadas para indicar médias que não diferiram estatisticamente
entre si segundo a ANOVA. Nível de significância p<0,05.
Proteína
vara de juta. Ledger e Hildrew (1998) registraram baixíssimos teores de proteína aderidos em
rochas (2,2 e 3,2%).
Os peixes têm capacidade limitada para sintetizar proteína, dessa forma, a maior parte
deste nutriente deve ser fornecida a partir da dieta. Peixes de água doce necessitam em média
de 25 a 35% de proteína (HEPHER, 1988). Estudos realizados com Prochilodus sp. (da
mesma família Semaprochilodus) indicam que estes animais requerem cerca de 26 a 35% de
proteína em sua dieta (BOMFIM et al., 2005; VISBALT. et al. 2013).
O tambaqui (Colossoma macropomum), como peixe onívoro, também exige
concentrações de proteína que variam de 28 a 34% conforme a idade (CAVERO et al., 2009).
No presente estudo, os níveis de proteína do perifiton oscilaram entre 35 e 43% (substrato
natural e artificial, respectivamente), indicando que estes representam uma boa fonte de
alimento natural para os peixes.
Lipídios
Cinza
Alimentos com teores de cinzas menores de 30% podem ser considerados aceitáveis
para peixes herbívoros (YAKUPITIAGE 1993). No presente estudo, os teores de cinzas foram
inferiores, com 9,70% no substrato natural e com 13% no substrato artificial. Azim et al.
(2002a) registraram conteúdo de cinzas de 19, 31 e 14% no perifiton aderido ao bambu, vara
de juta e kanchi, respectivamente. Hepher (1988) registrou de 27 - 48% de cinzas em algas
planctônicas coletadas em viveiros de piscicultura.
112
Carboidratos
Energia Bruta
O teor de energia bruta (EB) registrado no presente estudo alcançou valores de 421,2
kcal/100g, para o substrato natural e 397,7 kcal/100g, para o substrato artificial. Estes valores
foram inferiores aos registrados no perifiton associado à vara (454 kcal/100g) e ao broto de
bambu (454 kcal/100g) e à juta (335 kcal/100g) (AZIM et al., 2002a).
No tratamento com substrato natural foram identificados 15 gêneros, dos quais nove
(60%) pertencem à divisão Chlorophyta; três (20%) à divisão Heterokontophyta e três (20%)
à divisão da Cyanophyta. No tratamento com substrato artificial foram registrados sete
gêneros, dos quais quatro (57,14%) pertencem à divisão Chlorophyta; dois (28,57%) à divisão
Cyanophyta e um (14,28%) à divisão Heretokontophyta (vide Erro! Fonte de referência não
ncontrada.5; Figura 5).
114
Figura 5 - Gêneros de fitoplancton encontrados nos substratos natural (Pistia stratiotes) e artificial (tela
plástica): a= Actinastrum; b= Anabaena; c= Closterium; d= Dictyosphaerium; e= Oscillatoria; f= Pandorina; g=
Pediastrum; h= Scenedesmus; i= Selenastrum.
Tabela 7 – Peso total (g) do jaraqui Semaprochilodus insignis e tambaqui Colossoma macropomum ao longo de
três meses de cultivo submetido a diferentes tipos de substrato para fixação de perifíton.
Espécie
Jaraqui Tambaqui
Dia
Substrato
Controle Natural Artificial Controle Natural Artificial
00 18,05±1,95a 14,84±0,93a 16,55±2,19ª 4,43±1,22a 4,60±1,59a 4,32±0,99a
(10,79%) (6,24%) (13,23%) (16,04%) (11,43%) (9,87%)
30 20,76±1,08a 17,58±0,55b 19,29±1,41ab 31,76±6,55a 36,11±9,23a 30,57±6,18a
(5,22%) (3,10%) (7,33%) (17,42%) (23,07%) (13,51%)
60 25,38±1,70a 19,80±1,31a 25,56±3,72ª 43,07±9,22a 50,26±13,90a 45,11±11,28a
(6,69%) (6,64%) (14,56%) (13,85%) (23,81%) (15,34%)
90 27,44±3,11ab 22,89±1,08b 34,32±4,89ª 117,54±29,04a 137,36±23,68a 139,68±35,75a
(11,33%) (4,70%) (14,24%) (28,54%) (9,93%) (10,94%)
Letras iguais são usadas para indicar médias que não diferiram estatisticamente entre si segundo a ANOVA.
Nível de significância p<0,05. As comparações são apenas intraespecíficas, não foram feitas comparações
interespecíficas.
alimentar, o peso médio final aumentou para mahseer e carpa fringe-lipped (38,3±0,6 e
22,9±1,2 g, respectivamente).
O fornecimento de substrato resultou em um peso médio final de 36,0±5,7 e 36,1±1,3
para mahseer e de 22,8±1,2 e 22,5±1,9 para carpa fringe-lipped (baixa e alta densidade de
bambu, respectivamente). A densidade do bambu não teve efeito significativo no peso médio
final do mahseer e carpa fringe-lipped.
Espécie
Jaraqui Tambaqui
Variáveis
Substrato
Controle Natural Artificial Controle Natural Artificial
94,95±6,31a 100,00±0,00a 89,90±12,62ª 84,62±13,32a 82,05±11,75a 100,00±0,00a
S
(6,64%) (0,00%) (14,03%) (15,75%) (14,32%) (0,00%)
261,6±12,99a 265,53±14,35a 473,87±65,21a 1234,53±82,76a 1399,54±45,10a 1759,64±42,88a
GB1
(22,85%) (24,86%) (63,30%) (30,84%) (14,82%) (11,21%)
0,40±0,09a 0,48±0,12a 0,68±0,39a 3,43±0,21a 3,55±0,27a 3,86±0,14a
TCE
(22,22%) (25,26%) (56,68%) (6,16%) (7,63%) (3,73%)
30,43±5,62a 34,93±7,20a 43,87±17,42a 95,37±0,91a 94,47±2,17a 96,89±0,42a
TIP
(18,48%) (20,63%) (39,71%) (0,95%) (2,29%) (0,43%)
1,96±0,47a 2,05±0,28a 2,09±0,11a 2,56±0,56a 3,01±0,04a 2,99±0,04a
K
(24,05%) (13,43%) (5,36%) (21,96%) (1,25%) (1,18%)
1235,00±8,60a 1211,18±4,32a 1274,00±11,33a
CONS – – –
(3,20%) (1,64%) (4,06%)
1,08±0,36a 0,87±0,13a 0,73±0,10a
CAA – – –
(33,92%) (15,25%) (13,33%)
S: Taxa de sobrevivência (%); GB1: Ganho de biomassa (g/46m2); K: Fator de condição; TCE: Taxa de
crescimento específico; TIP: Taxa de incremento em peso; CONS: Consumo de ração (g/46m2); CAA:
118
Conversão alimentar aparente. Letras iguais são usadas para indicar médias que não diferiram estatisticamente
entre si segundo a ANOVA. Nível de significância p<0,05. As comparações são apenas intraespecíficas, não
foram feitas comparações interespecíficas.
Sobrevivência (S)
4. CONCLUSÃO
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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