Anotações DIREITO DAS COISAS
Anotações DIREITO DAS COISAS
Anotações DIREITO DAS COISAS
COISAS
Vinculação entre a pessoa e o bem, direitos que ligam a pessoa a determinado objeto.
- pessoais: vincula pessoa com pessoa (obrigações – são infinitos, pode-se criar qualquer tipo
de obrigação que não vá contra a lei).
Os objetos do direito das coisas devem possuir um valor econômico e existir (podendo
ser corpóreos ou incorpóreos, por exemplo, uma marca).
Princípios:
Publicidade: para se adquirir um direito real é necessário dar publicidade, por exemplo, art.
1.227 do CC (registro de imóveis), ao registrar a propriedade gera efeito “erga omnes”.
Taxatividade: o rol de direitos reais é taxativo (art. 1225 CC), entretanto, tem o direito da
enfiteuse (art. 2038 – união concede o uso ao particular o que é passado de pai pra filho, se
mantém até hoje, porem não cedem mais).
Tipicidade:
Aderência: os direitos reais acompanham a coisa, por exemplo, art. 1475 do CC.
Absolutismo e sequela: art. 1228 do CC, faculdade de buscar o bem de quem injustamente o
possua ou detenha.
O proprietário pleno tem direito de usar, gozar, dispor e reaver, já o usufrutuário tem os
direitos de usar e gozar do bem apenas, art. 1.394, CC (ocorre uma desmembração).
Exclusividade: não há como ter dois direitos reais idênticos sobre a mesma coisa.
Figuras híbridas
Penhora: grava ônus nos bens, mas não é direito real – precisa averbar para dar publicidade,
penhora segue o bem.
Art. 844. Para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, cabe ao exequente
providenciar a averbação do arresto ou da penhora no registro competente, mediante
apresentação de cópia do auto ou do termo, independentemente de mandado judicial.
(CPC)
Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz,
com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro
de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou
indisponibilidade. (CPC) – não é penhora, é apenas uma informação, noticia, da
execução.
A principio a penhora não obsta a venda do bem, porém a acompanha. Existe exceção
art. 53, § 1º, da lei 8.212. – os bens penhorados nos termos do referido artigos tornam-
se indisponíveis.
Pelo principio da taxatividade a penhora não é um direito real, pois não esta listado
naquele artigo – 1.225 do CC.
obs: pode reclamar perdas e danos se não estiver averbado, entretanto para reaver o
bem deve estar averbado a clausula de preferência.
Posse
Estado de aparência juridicamente relevante.
Possuidor: aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes
inerentes à propriedades (art. 1196 do CC). – necessário apenas o estado de
aparência.
Teorias:
obs: quando tratar de detentor, devemos utilizar a teoria subjetiva, pois aí é importante
o animus, sendo que o detentor esta com o bem por receber ordens ou depender do
proprietário ou possuidor.
Classificação:
1 – Posse direta: contato imediato com a coisa, aquela pessoa que recebe o bem
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em
virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o
possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
Enunciado 76 da jornada de direito civil – o possuidor direto tem o direito de defender sua
posse contra o indireto e este contra aquele.
3 – Composse: quando duas ou mais pessoas exercem a posse sobre o mesmo bem.
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre
ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
4 – Boa-fé x má-fé: devemos lembrar que o ordenamento jurídico outorga direitos a quem
esta de má-fé (art. 1238, do CC).
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede
a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título(ato jurídico que preenche os requisitos
formais do negocio, mas não é valido de forma a surtir efeitos jurídicos) tem por si a presunção
de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta
presunção.
Enunciado 303: Considera-se justo título para presunção relativa da boa-fé do possuidor
o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em
instrumento público ou particular. Compreensão na perspectiva da função social da posse .
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que
as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também
restituídos os frutos colhidos com antecipação.
5 – Posse justa: se justifica na forma como foi adquirida, art. 1.200, do CC - É justa a
posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Obs: uma vez precária a posse sempre será precária, entretanto uma posse injusta pode virar
uma posse justa, quando for violenta ou clandestina.
6 – Posse nova: menos de ano e dia (art. 558, do CPC); Art. 132. - § 3º, do CC. – até as 23:59
do dia com número posterior ao em análise – rito especial caráter liminar.
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação,
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser
molestado.
Efeitos da Posse
Obs: Os frutos percebidos (naturais quando são separados e os civis é dia por dia) pertencem
ao possuidor de boa fé, enquanto esta durar (art. 1.214 do CC).
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também
restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Se de má-fé tem direito à despesa de produção e custeio e, caso esteja de boa fé, tem
direito aos frutos percebidos.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também
restituídos os frutos colhidos com antecipação.
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual
do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Art. 35 da lei 8245. E sumula 335 do STJ - Nos contratos de locação, é válida a cláusula de
renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção.
Na posse: Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias
necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las,
quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor
das benfeitorias necessárias e úteis.
Aquisição da posse
Adquiri-se a posse a partir do momento que pode, em proveito próprio, fazer algum:
gozar, usar, reaver ou dispor.
Perda da posse
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o
poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196 (usar, gozar, dispor, reaver).
Propriedade
Art. 5º, XXIII – a propriedade deve atender a função social.
Art. 186 (CF/88). A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
Lei 10.257/01 (estatuto da cidade) – ela se materializa através dos planos diretores dos
municípios;
Art. 182, § 1º (CF/88)- todos municípios com mais de 20 mil habitantes devem ter plano
diretor;
Art. 1.228 do CC - § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o
estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o
patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e
sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
Tombamento: - art. 35 da 10.257 – quem possui o terreno tombado, dobra o seu potencial
construtivo;
Art. 28. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais o direito de construir poderá ser exercido
acima do coeficiente de aproveitamento básico adotado, mediante contrapartida a ser
prestada pelo beneficiário.
Figura do proprietário: art. 1.228 do CC – tem a faculdade de: usar, dispor (alienar), gozar
(utilizar os frutos que o bem fornecer) ou reaver o bem de quem injustamente o possua ou
detenha (direito de sequela, de buscar o patrimônio);
Objeto: o objeto é o bem deve ser lícito, possível (no sentido de poder vender, ou seja, ser
proprietário ou no sentido físico, não tem como ser dono da lua), determinado ou
determinável - deve-se sempre observar se quem está vendendo a coisa tem o direito de
dispor da coisa;
Aquisição da propriedade:
1- Aquisição ORIGINÁRIA: é uma aquisição sem vínculos com o titular anterior, por
exemplo, usucapião, arrematação em hasta púbica, desapropriação – não há uma
transferência volitiva da propriedade, é uma aquisição declaratória de propriedade.
obs: nestes casos os ônus da propriedade não a acompanham (penhora), eles se
excluem, entretanto as dívidas propter rem, que são as obrigações da coisa (aluguel),
acompanham a coisa.
Descoberta: é descobrir/achar algo – deve devolver ao dono, tem direito a indenização, maior
do que 5% do valor do bem e direito aos gastos que teve para conservar e transportar a coisa,
se o dono não preferir abandoná-la (art. 1.233 e 1.234 do CC/02).
Através do registro do título: propriedade imóvel – “quem não registra, não é dono” – o
registro outorga a publicidade do direito real adquirido com a compra e venda.
Art. 1.245 - Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no
Registro de Imóveis;
obs: escritura publica é um contrato efetivado pelo Estado, por meio do Tabelião, o qual tem
fé pública.
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos
negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos
reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
(CC/02).
Art. 1.245 do CC- § 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua
a ser havido como dono do imóvel.
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial
do registro, e este o prenotar no protocolo.