A Igreja Caseira - Jon Dee (By Rudnai)

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A Igreja Caseira por Jon Dee.

Foi durante o reinado do principe Alexander


Serverus, no século III, que um pedaço de terra devoluta foi escolhido por uma
congregação como local para construção de um edifí cio. O Imperador deu a terra aos
cristãos. A partir dai, edifí cios públicos -- denomidados Igrejas Cristãs -- passaram a
ser erguidos em partes diferentes do império, em cima de terras doadas. Os pagãos
nunca tinham podido entender por que os cristãos não possuiam nem templos nem
altares. O culto cristão até alí tinha sido mantido no âmbito privado. A casa privada,
as catacumbas, o cemitério de seus mortos, abrigavam suas pací ficas congregações.

«No que se refere a nações, lí nguas ou roupas, os cristãos não se distinguem do


resto do gênero humano. Porque eles não vivem em cidades próprias, nem usam um
idioma diferente, nem praticam uma vida estranha. O conhecimento que adquiriram
não foi proclamado pelo pensamento e pelo esforço de homens inquietos; eles não
são os campeões em uma doutrina humana, como são alguns homens. Mas quando
se instalam tanto nas cidades gregas como bárbaras, seguem as costumes da terra,
da roupa e da comida, e em outros assuntos da vida diária, contudo a condição de
cidadania que eles exibem é maravilhosa e notavelmente estranha. Vivem em seus
paí ses, mas simplesmente como viajantes. Compartilham a vida de cidadãos, e
acolhem grupos de estrangeiros. Toda terra estrangeira é para eles uma pátria, e
toda pátria uma terra estrangeira. Eles se casam como todo mundo faz. Fazem
nascer suas crianças mas não as descartam como alguns fazem. Oferecem uma
mesa comum mas não uma cama comum. Existem na carne, mas não vivem pela
carne. Gastam a existência deles na terra, mas a cidadania deles está no céu.
Obedecem as leis estabelecidas, mas em suas próprias vidas superam essas leis.
Amam todos os homens, e por todos são perseguidos. São desconhecidos, e são
condenados. São postos à morte, e ganham vida nova. São pobres, e enriquecem a
muitos. Falta-lhes tudo, e tudo tem em abundância. São desonrados, e a desonra
deles se torna a glória deles. São insultados, e são justificados. São abusados, e eles
abençoam. São ofendidos, e respondem com honra. Fazem o bem, e são castigados
como malfeitores; e no castigo deles eles se alegram como ganhassem vida nova
com isso. Os judeus guerreiam contra eles como estranjeiros, e os gregos os
perseguem; e por mais que eles sejam odiados não dão nenhum espaço à inimizade.
Em uma palavra, assim como a alma está no corpo, os cristãos estão no mundo. A
alma se espalha por todos os membros do corpo, e os cristãos através de todas as
cidades do mundo. A alma habita no corpo, mas não é o corpo. Os cristãos habitam
no mundo, mas não são do mundo» (Carta a Diognetus, 5:1-17; 6:1-4, escrita em ~
300 A.D.).

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PREFÁCIO

História é o estudo das mudanças através do tempo. A igreja que Jesus construiu
permaneceu intacta durante três séculos. Porque mudou? Quem mudou? De onde
surgiu esta moderna tradição da igreja (igreja organizada) que falha em espelhar
muitas das doutrinas e tradições dos Apóstolos? Que mudanças ocorreram na
igreja desde o quarto até o vigésimo século? Todas estas perguntas e outras
serão respondidas neste livro.

Usando padrões bí blicos originais, como os apóstolos escreveram, você identifica


todos eles na Igreja que você pertence? Este livro desafiará o clérigo e o leigo a
localizar suas raí zes na igreja primitiva. Também inspirará o cristão sincero e
devotado a situar-se e a fazer por si só uma avaliação. Àquele que busca a
presença de Deus verá uma imagem desejável e clara de Sua Igreja.

Pelo fato da história normalmente chegar até nós através de livros escritos por
pessoas que nos antecederam, eu preferi usar a História da Igreja por Miller, pois
muitas de suas referências apontam para fatos e informações importantes dos
primeiros tempos. Andrew Miller compilou muitos documentos esparsos da história
de igreja sempre visando o propósito do Deus para com sua igreja e sem deixar
de tecer seus brilhantes comentários.

Os britânicos são meticulosos em suas pesquisas e na observação dos


registros. Não foi por acaso que Deus os selecionou para compilar e traduzir
para o inglês a Bí blia que nós conhecemos como King James Version. Eles
também acompanharam de perto a igreja emergente, que interferiu muitas
vezes em sua história.

Veremos como e porque as tradições e ensinos dos apóstolos foram


abandonados no quarto século, quando se procedeu o iní cio de uma mistura
entre a Velha e a Nova Convenção. O Cristianismo hoje está fluindo em três
direções que eu qualifico como boa, melhor e excelente. A Igreja Tradicional, a
Igreja Celular e a simples Pequena Igreja respectivamente. Estes três fluxos
serão mais explicados no capí tulo 8.

A contí nua perseguição sofrida pela igreja primitiva é a razão para este livro.
Era uma igreja fenomenal, inteiramente dedicada, santificada com muitos
sinais e maravilhas. Eu acredito que estamos entrando em um tempo em que
Jesus poderá nos confiar uma vez mais todo o poder que aquela igreja pioneira
desfrutou. Deverí amos ter uma expectativa comum da volta de Cristo, da
mesma forma que a igreja primitiva. Mas, ao contrário deles, eu acredito que
nós seremos privilegiados em ver essa expectativa tornar-se realidade.
Estamos esperando ser a Noiva viva para sua Segunda Vinda. Isso é
encorajador! Um noivo afortunado é alguém que se casa com uma noiva
bonita, atraente e com muitos dons e talentos. O Pai preferirá tal noiva para
seu Filho, gloriosa, sem mácula, porque Ele merece nada menos do que isso.

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Com o terceiro milênio diante de nós (a manhã do terceiro dia) está na hora
sermos honestos conosco mesmos sobre o que a igreja moderna se tornou e a
probabilidade de dela ser a Noiva de Cristo, determinada sua presente
condição. A intenção deste livro é desvendar o mistério da igreja tal qual Deus
a projetou. Muitas hoje se chamam igrejas do Novo Testamento mas, a
despeito de suas melhores intenções, elas não tem muita intimidade com ele.
A diferença pode ser vista da seguinte forma: observe a igreja que nos é
mostrada pela leitura do Novo Testamento e aquela que está diante de nós em
nossos dias.

Dentro da igreja, há um remanescente que procura satisfazer um desejo que


não pode ser satisfeito por uma catedral bonita ou um sermão bem
apresentado. Sua paixão é seguir Jesus com aquela mesma paixão que a
igreja primitiva desfrutou. Isso significa não apenas um estilo de vida, mas
também o modo como a igreja procede quando se reúne. As admoestações de
Paulo para com os Filipenses e Colossences são bem claras neste ponto:

Caros irmãos, modelem suas vidas pela minha e observem quem está vivendo
de acordo com o meu exemplo (Filipenses 3:17). Lembrem-se do que Cristo
ensinou e que as suas palavras enriqueçam a vida de vocês e os tornem
sábios; ensinem essas palavras uns aos outros e cantem-nas em salmos,
hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com corações agradecidos
(Colossenses 3:16).

A reforma de Lutero foi inevitável! A Igreja romana saí ra dos trilhos. Foi além
daquilo que Deus poderia tolerar em sua clemência. Será que estamos
observando em nossos dias a possibilidade de que o Protestantismo com suas
mais de 28 mil denominações também tenha se desviado em seu curso? O
que dizer da maturidade cristã que, a despeito de sua educação religiosa,
pretende ser o centro da ação divina? Se tais coisas não são muito claras para
você, este livro o desafiará a considerar que nós não temos nenhuma outra
opção exceto voltar nossos olhos e observar a simplicidade da igreja original,
projetada por Jesus. Através dos séculos, como qualquer corporação secular,
os cristãos, apesar de suas boas intenções, transportaram os desí gnios da
igreja para uma condição de estagnação, de ridí culo e de declí nio.

Todos nós, nascidos em várias denominações religiosas, somos inocentes


uma vez que elas já estavam presentes. Deverí amos agradecer por termos
sido criados assim e pelo ensinamento que recebemos sobre Cristo. A maioria
de nós fomos alertados de que vaguear por algum outro caminho seria
desastroso. Somos gratos a Deus pela luz cada vez mais intensa em nossa
viagem espiritual. Essa referência está em Lucas 2:32 na profecia de Simeão:
Ele é a luz que dará iluminação espiritual às nações, e será a glória do seu
povo Israel . O Senhor Jesus ainda está profundamente envolvido na
construção de Sua igreja. Mas quando o Senhor nos envia luz e nos revela os
desvios por onde trilhamos, qual é nossa responsabilidade?

A Igreja Primitiva torna-se cada vez mais o assunto predileto dos pastores,
para nos encorajar a nos tornarmos cristãos melhores. Se foi Jesus que

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projetou a igreja primitiva, "Eu construirei minha Igreja", porque desviar
daquele projeto original? É absurdo pensar que Jesus projetou a Igreja para
apenas trezentos anos vitoriosos depois dizer: muito bem, rapazes, (bispos,
rabinos, diáconos, pastores ou coisa que o valha) vocês podem deixar de lado
este meu projeto pelos próximos 1700 anos.

Se optamos por romper às fortes amarras da igreja tradicional, foi porque


olhamos em nossa volta e percebemos o desvio da trilha original, mas por que
estagnar em Lutero desde o 15º século? Por que estagnar na Igreja Ortodoxa
no 6º século? Por que estagnar no 4º século com o surgimento do clero e de
uma nova estrutura? Por que estagnar em Inácio (o discí pulo de João) e em
suas desastrosas cartas para a igreja escritas pouco antes de ser martirizado
em Roma?

Ao lermos o Novo Testamento, deverí amos considerar para quem foram


escritos os evangelhos e as cartas. A igreja naquele momento consistia de
grupos pequenos que se encontraram em suas casas. Nosso problema é que
concebemos a Palavra de Deus como algo escrito por um bispo ou por um
pastor altamente graduado, dotado de uma perspicácia divina, destinada a
pessoas comuns que sentam nas cadeiras de uma grande catedral ou edifí cio
da igreja. A história de igreja nos revela que isso nunca aconteceu a ela nos
seus primeiros trezentos anos.

A visão de uma grande congregação torna muitas passagens bí blicas de difí cil
entendimento e outras incompreensí veis. Se temos que submeter a
interpretação do Novo Testamento à "Santa Tradição" que esta tradição seja a
dos Apóstolos e não a temperada pelos "Pais" de outros tempos. São João,
Pedro, e Paulo em suas cartas dão uma forte advertência a respeito de
diferentes doutrinas que já naquele tempo vinham à tona nas igrejas.

Isso me recorda meu bom amigo Lee Burger. Ele é um marceneiro mestre
aposentado que veio da Flórida para montar estantes de livros em nossa
biblioteca. Eu ainda posso ver Lee esfregando seu queixo cada vez que ocorria
um problema sério de carpintaria. Então ele dizia, "John, tenho que pensar um
pouco sobre isso". Depois de algum tempo viria a solução; o problema seria
resolvido. Talvez este livro sirva para lhe ensinar a arte da ponderação! Ou,
como em um filme complexo, quando é necessário analisar o enredo sob
diversos pontos de vista para poder chegar à real compreensão, talvez este
livro não seja absorvido completamente em sua primeira leitura. Seja como for,
eu oro para que qualquer cogitação que este livro possa provocar conduza a
uma compreensão mais completa acerca de Jesus Cristo e da Igreja que Ele
projetou.

É um grato privilégio escrever para a igreja de Jesus Cristo. Durante todo o


tempo em que vivemos nesta terra, que possamos todos nos preparar
conscientemente para a vinda do Senhor

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CAPÍTULO 1

O Futuro da Igreja Repousa em Seu Passado

Eu e minha esposa Nancy retornamos recentemente de uma viagem missionária à América


Central. Estivemos em São Salvador com Sam e Julie Hawkins, casados há dez anos. É um
ministério dedicado a bebês extremamente subnutridos que passam a receber alimentos
ricos em nutrientes e amor. Depois de ficar com eles alguns dias, Sam e eu subimos para o
norte para ver Mike e Rocky Beene que começaram uma missão há umas três horas da zona
leste de Cidade da Guatemala. A missão situa-se nas montanhas ao norte de Zacapa em
uma área incrivelmente escarpada. Conheci Mike em El Salvador em 1984 em uma viagem
missionária médica com minha esposa. Mike poderia escrever um livro sobre suas muitas
experiências e de como Deus o protegeu naquelas paragens durante a guerra. A igreja se
reunia aos domingos na aldeia de Montasonto, com alguns andando mais de duas horas
para superar um terreno onde nem mesmo se poderia andar de bicicleta, e eu senti-me
dirigido por Deus para ensinar sobre as três formas como Deus reconhece seus filhos: 1)
pessoalmente, 2) Quando a pequena igreja se reúne e 3) quando toda igreja se encontra.

Eles experimentavam do Senhor tanto pessoalmente quanto no conjunto da igreja, mas


nunca nas casas enquanto uma pequena igreja. O ponto principal de meu ensino repousa na
pequena igreja, coisa que eles ainda não tinham experimentado. Jesus deu o exemplo para
nós naquela primeira igreja do Novo Testamento formada por Jesus e seus discí pulos.
Jesus estava no meio de Sua igreja, ensinando-a pela palavra e pelo exemplo. Se
continuarmos seu exemplo, Jesus estará no meio de sua igreja, não corporalmente, mas
através dos dezoito dons que se tornam disponí veis aos crentes quando eles se reúnem. Em
uma igreja caseira cada membro é um ministro. Paulo encorajou os corí ntios para que cada
um deles trouxesse algo do Senhor para o encontro. Em tal tipo de reunião não prevalece o
dom de apenas uma pessoa, em vez disso todos os membros se edificam uns aos outros. O
crescimento na relação com Cristo automaticamente faz com que cada membro se dedique
a ouvir e a meditar nEle. Eu desafiei aquela jovem igreja dizendo que Deus começaria a
primeira de muitas igrejas caseiras a partir daquela congregação. Dois dias depois Mike
anunciou que haveria um encontro em uma nova igreja caseira na sexta-feira.

O ponto que quero destacar é que aquela congregação tinha apenas cinco anos,
apenas alguns poderiam ler, a maioria era analfabeta e não possuí a nenhuma
educação formal. Eu falara àquelas pessoas preciosas descendentes da
civilização maia que de acordo com a Bí blia, a igreja primitiva se encontrava em
casas onde a dinâmica de comunidade, o compromisso e a responsabilidade
produziram cristãos espiritualmente maduros. E eles quiseram fazer o mesmo.

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Aquela gente simples é afortunada nesse ponto, eles não tinham nenhuma barreira de
tradição religiosa a superar da mesma forma que os seguidores do padrão da igreja
primitiva. Infelizmente, muitos de nós fomos nutridos pelas várias tradições sectárias que
nos cercam. Praticamente qualquer um de nós que pretenda adotar o padrão da igreja
primitiva certamente enfrentará as mais variadas dificuldades. Em maior grau aqueles que
pertencem a alguma ramificação importante por causa de sua estrutura hierárquica, em
menor gráu para aqueles que pertencem a uma igreja independente. No entanto, onde a
tradição religiosa prevalece em tudo, esta tradição deve ser superada. Uma vez dentro da
igreja que Cristo construiu, e experimentando Jesus em nosso meio, podemos responder a
Deus como Pedro respondeu a Jesus quando ele perguntou; "Vocês também irão embora? "
Pedro respondeu, "Mestre, para quem iremos nós? Só o Senhor tem as palavras que dão a
vida eterna" (João 6:67-68). Aqueles que não estavam em comunhão com Jesus, que não
era o caso dos doze discí pulos, o deixaram porque o ensino que Ele deu não encontrou o
chão fértil de uma relação í ntima onde pudesse crescer.

JESUS: TOTALMENTE NÃO ORTODOXO

Jesus seguia aquilo que ensinava e cumpria seus mandamentos. Você está
disposto sofrer e até mesmo morrer por Ele? Quão afortunados foram aqueles que
pessoalmente ouviram Jesus, reconheceram sua divindade, acreditaram nela e
estão agora eternamente com Ele. Se você pensar um pouco a esse respeito verá
que Jesus fez quase tudo que pôde para instabilizar o establishment religioso de
seu tempo. Ele não pensava duas vezes antes de insultar aqueles que sentavam
no trono da autoridade. Ele precisou apenas de três anos para mudar o curso de
história e cumprir todas as antigas profecias relativas à vinda do Messias. Todas
as palavras dele estavam atadas à vontade de seu Pai, e poderia penetrar na
alma de cada homem. Nada mais tem o poder de transformar uma pessoa em
outra nova criatura do que as palavras de Jesus no Novo Testamento. Seguindo
seus ensinos e obedecendo seus mandamentos você estará disposto a sofrer e
até mesmo morrer para Ele. Quão afortunados são os que pessoalmente ouviram
a Jesus, reconheceram sua divindade, acreditaram nele e estão agora
eternamente com Ele.

Após vencer Satanás no deserto, Jesus dirigiu-se a Nazaré, terra de sua infância.
Na sinagoga que frequentava, ele abriu as Escrituras em Isaí as e leu no lugar
onde diz:

"O Espí rito do Senhor está sobre Mim; Ele Me nomeou para pregar a Boa Nova aos
pobres; mandou-Me anunciar que os presos serão libertados e os cegos verão; que os
oprimidos serão libertados de seus opressores, e que Deus está pronto a abençoar
todos aqueles que vêm a Ele". Jesus fechou o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-
se, enquanto todo mundo na sinagoga olhava atentamente para Ele. Então
acrescentou: "Estas escrituras cumpriram-se hoje" (Lucas 4:18-19).

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Jesus continuou falando por um minuto, suas palavras provocaram a ira de todos os que
estavam na sigagoga, tanto que pretenderam matá-lo. Este foi o primeiro esforço de Jesus
em seu desafio à ortodoxia do templo e ao controle sacerdotal. Jesus tinha um desí gnio
completamente novo para sua igreja e era importante Ele se distanciar da velha ortodoxia
do templo. Assim a ortodoxia era virtualmente virada de cabeça para baixo pelo Salvador
do gênero humano.

Estas observações provocaram a ira de todos os que estavam na sinagoga.


Levantando-se, amotinaram-se contra Jesus, e o levaram à encosta do monte sobre o
qual a cidade estava construí da, para empurrá-lo no precipí cio. Porém ele passou por
entre a multidão e os deixou. (Lucas 4:28-30).

Ortodoxia significa praticar religião e na Velha Convenção ela era inquestionável. Sua
função era manter a ordem e evitar surpresas. A ortodoxia tornara-se um í dolo, algo mais
importante que o significado da revelação do Criador. A ortodoxia foi produto de uma
rí gida estrutura legal, programada para diminuir e desaparecer com a Velha Convenção.
Deus fala destas novas promessas, deste novo acordo, como tomando o lugar do antigo;
porque este agora está antiquado e foi posto de lado para sempre. (Hebreus 8:13). De
uma forma convincente, Paulo proporciona aos colosenses a imagem de Jesus que prega na
cruz as regras e regulamentos da lei.

Voces estavam mortos em pecados e seus desejos pecaminosos ainda não


tinham sido afastados. Então Ele deu-lhes participação na própria vida de
Cristo, porque lhes perdoou todos os pecados, e apagou as acusações
confirmadas que havia contra vocês, a lista dos seus mandamentos a que
vocês não tinham obedecidfo. Tomando esta lista de pecados, Ele a
destruiu, pregando-a na cruz de Cristo. Deste modo Deus tirou o poder de
Satanás de acusar vocês de pecado e exibiu publicamente ao mundo inteiro
o triunfo de Cristo na cruz, onde foram tirados todos os pecados de vocês.
(Colossenses 2:13-15).

Bem no princí pio da história da igreja, missionários mal-caráter voltados à


adoração no templo, conhecidos como judaicos, tentaram arruinar os novos
ventos de liberdade que sopravam na igreja na Antioquia e arredores. A intenção
deles era substituir o Evangelho libertador de Jesus por regras e regulamentos e
tornar o Cristianismo uma seita do Judaí smo. A influência deles pode ser
encontrada nos rituais e tradições da Igreja Romana de nossos dias, na Igreja
Ortodoxa Oriental, e em várias denominações protestantes.

Basta você passar os olhos no boletim de sua igreja no próximo domingo para
constatar uma pequena evidência sobre minha afirmação. A ordem de adoração é
predeterminada e previsí vel. Na igreja primitiva era exatamente o oposto, nenhum
boletim e nenhuma ordem de serviço. O Espí rito Santo tomava conta da
congregação do começo ao fim. O que fazia aquele conjunto de cristãos tão
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excitantes é que você não sabia o que esperar. Um hino pode vir primeiro, ou uma
oração. Um testemunho, ou um ensinamento. Uma profecia ou a leitura ocasional
de uma carta do apóstolo.

Certamente foi um desafio para Jesus parar o poderoso navio do controle da


tradição judaica e desenhar um curso novo sob o controle de Espí rito. Regras e
regulamentos teriam que dar lugar aos dons entregues aos homens pelo Espí rito
Santo. O envolvimento direto e refrescante de Deus é o novo canal para nutrir as
reuniões dos cristãos. O fardo da ordem estava agora nos ombros do sacerdócio
santo dos crentes e não em uma estrutura hierárquica ortodoxa.

Seria extremamente prolongado entrar nos detalhes sobre como Jesus


incomodou, intencionalmente, o estabelecimento religioso de seus dias. É difí cil
pensar em qualquer parábola ou ensinamento de Jesus que não estremecesse as
cadeiras dos lí deres religiosos. Para deixar isso ainda mais claro, quero fazer um
comentário sobre aquela ocasião quando Jesus enviou os setenta discí pulos, de
dois em dois, às cidades e aldeias que Ele pretendia visitar mais tarde. Você pode
ler sobre este incidente em Lucas 10:1-24.

Minha impressão é que estes setenta homens eram fervorosos novos convertidos
de Jesus. Eles provavelmente vieram de locais diferentes e depois de ver e ouvir o
Messias eles não queriam mais voltar para casa. Jesus precisava que algumas
pessoas fossem antes dEle e que preparassem outras cidades e aldeias para sua
visita. É aqui que entra a provocação. Jesus não pede permissão para nenhum
bispo graúdo, para o Sinédrio, ou para quem quer que seja. Jesus não pede que
os escribas, fariseus, ou estudantes do seminário local para ir antes dele. Que
horror! Aqueles setenta homens nem mesmo eram levitas! Os lí deres religiosos
não tinham autoridade para curar doentes ou submeter demônios em nome de
Jesus.

Jesus estava tomando uma posição deliberada, o núcleo espiritual não mais fluia
dos homens ortodoxos de Deus, para do sacerdócio santo da comunidade dos
crentes. Isto era não ortodoxo, era desconhecido! Aqueles homens pelos padrões
ortodoxos de hoje teriam que ser bispos ou padres, com uma legitimidade
histórica, apostólica e herdada, para merecer tal comissão de Jesus. Aquilo que
Jesus fez, com a proclamação dos setenta, alterou todos os conceitos:

Quando os 70 discí pulos voltaram, contaram-lhe alegres: "Até os demônios


nos obedecem quando dizemos o seu nome". "Sim", disse-lhe Ele: "Eu via
Satanás caindo do céu como o clarão de um relâmpago! Eu lhes dei
autoridade sobre as forças do inimigo, para andar entre serpentes e
escorpiões, e para esmagá-los! Nada fará mal a vocês! Contudo, o importante
não é que os demônios obedeçam a vocês, e sim que os seus nomes estejam
registrados como cidadãos do céu". (Lucas 10:17-20).

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Houve um tempo em que eu acreditava que Jesus se referia ao evendo do Velho
Testamento onde Satanás cai do céu. Nada disso, hoje eu acredito que ele se
refere aos resultados alcançados pelos 70 discí pulos com a nova autoridade dada
a eles por Jesus. O homem, passava a ser dotado da autoridade de Jesus, pela fé
enfrentaria satanás diretamente, e sairia vitorioso. O domí nio do mal estava agora
grandemente enfraquecido.

Nisto Ele ficou cheio de alegria do Espí rito Santo e disse: "Eu O louvo, ó Pai,
Senhor do céu e da terra, por ter escondido estas coisas dos intelectuais e dos
sábios mundanos, revelando tudo àqueles que são como as criancinhas. Sim,
Eu Lhe agradeço, Pai, porque esta foi a maneira como o Senhor o quis.
(Lucas 10:21).

Este evento foi tão significante que este é o primeiro registro que revela um Jesus
pleno de alegria abertamente elogiando o Pai na frente de todos. Para as
pequenas crianças, (as setenta pessoas retiradas do meio do povo comum)
revelara-se o que estava escondido do sábio e do instruí do. Esta conduta não
ortodoxa de Jesus foi contundente e eventualmente provocante ao ponto de
despertar na elite religiosa o desejo de ver Jesus crucificado.

PERDEMOS O RUMO?

Há um velho cântico: Você não pode saber onde vai se não sabe onde está. Se no meio de
uma viagem você se perde, normalmente você verifica o mapa e tenta descobrir como você
se perdeu e como chegar ao seu destino. A igreja do último dia, será bem semelhante à
igreja primitiva, então deve ser estimulada a ler novamente o Novo Testamento, prestando
atenção particularmente à simplicidade do governo da igreja.Temos que lê-lo como se
estivéssemos perdidos e quizéssemos encontrar a estrada retornando ao sucesso da igreja
primitiva. Há uma grande excitação entre os crentes na medida em que adentramos no
terceiro milênio. Muitos estão dizendo que este pode ser o momento em que o Senhor
voltará para encontrar sua noiva. Eu admito isso abertamente, eu abraço essa possibilidade
com grande excitação.

Alguns cristãos estão contentes com a igreja moderna e não têm nenhum interesse em em
encontrar aquela estrada que ficou para trás. Mas há aqueles que não estão contentes e que
sentem uma agitação em seus corações, uma agitação colocada pelo Espí rito Santo que diz:
"ainda temos muito que fazer". Se você estiver no campo, é por você que estou procurando
para encorajar e compartilhar a mensagem dentro deste livro. Este movimento do Espí rito
Santo vem com tal força que funcionará com qualquer igreja estabelecida que estiver
disposta a subir a bordo. Deus tem seu modo de agir, com ou sem nós. É imperativo que
cada igreja estabelecida encontre uma porta e atravesse os muros da tradição construí dos ao
redor de sua igreja. Estamos observando os tempos e a realidade focalizada por esta
passagem:

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O mundo estará destraí do em banquetes, festas e casamentos -- tal como foi
no tempo de Noé, antes da vinda repentina do dilúvio; o povo não queria
acreditar no que estava para acontecer, até que o dilúvio realmente veio e os
levou a todos. Assim será na minha vinda. (Mateus 24:37-39).

Muitos cristãos percebem que aquele mesmo sucesso da igreja primitiva está disponí vel
agora, em nossos dias, há uma intensa agitação na Igreja de Jesus Cristo. Na medida em
que penetramos neste novo milênio, o status que já não mais interessa a muitos cristãos.
Outro grande movimento do Espí rito Santo está a caminho de tocar Sua igreja desde
católicos, carismáticos e todos os demais. Lí deres da igreja que sentem este movimento do
Espí rito estão indo à luta para inspirar suas congregações que se acomodaram no conforto
da tradição. Crentes, que sentem este movimento do Espí rito, estão indo à luta para inspirar
as lideranças da igreja que se acomodaram nas suas posições denominacionais e sectárias.
Muitos crentes ouvirão a chamada do Espí rito Santo para preparar o caminho para a
Segunda Vinda do Senhor. Eu encorajo o corpo de Cristo a tolerar tanto aqueles que
ouviram a chamada como aqueles que não a ouviram. Vamos construir, não destruir. Não
há tempo para distrações desnecessárias que demoram e solapam nosso espí rito.
Lembremo-nos que a igreja pertence a Cristo, e de que Ele é capacitado para conduzi-la.
Sigamos os exemplos de Jesus e de Paulo, que foram para a sinagoga local e tentaram
influenciar primeiramente os judeus. Agradeçamos a Deus pela provisão de oldres novos
para aqueles que desejam manter boas relações no acompanhamento do movimento do
Espí rito Santo. Esta liberdade mantém sua igreja progredindo até que Ele volte para ela.

A IGREJA SOBREVIVE HÁ VINTE SÉCULOS

A Bí blia é a história da salvação do homem mas também é um livro sobre eventos. A Bí blia
é um livro de história! A precisão de suas épocas, lugares, povos e eventos tem sido
reafirnados vez após vez pelos arqueólogos. Deus construiu uma grande via histórica que
atravessa seis mil anos. Podemos viajar na Bí blia de capa a capa e nos dedicar ao estudo
sobre aquele ponto particular da história de determinado lugar.

Começa com criação e nos narra as viagens das pessoas escolhidas por Deus e as tentativas
dele para ganhar os corações deles no Velho Testamento. Os Evangelhos do Novo
Testamento explicam o nascimento de Jesus e nos conduzem desde seu ministério, morte,
sepultamento e ressurreição. O Novo Testamento ilustra o começo da igreja de Cristo e
esclarece pontos sobre o homem e sua necessidade de um salvador. Termina com João
escrevendo a Revelação no ano 95 D.C. Muitos não têm qualquer idéia sobre como foi que
a igreja moderna alcançou seu presente formato. Temos negligenciado em estudar nossa
história desde que foi completado o cânon do Novo Testamento. Não sabemos como
chegamos ao ponto em que estamos, e assim não sabemos resolver nossos problemas.
Juntos podemos fazer algumas pesquisas e avaliações. Talvez consigamos fazer com que
parte boa desta igreja do XX alcance uma performance (com todos seus oito cilindros)
semelhante à da igreja primitiva.

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Neemias e Paulo deveriam ser nossos exemplos no que concerne ao que fazer. Israel estava
no cativeiro passando por uma terrí vel dificuldade quando Neemias recordou a história e
leu porções do Velho Testamento. Um rei pagão benevolente notou o semblante abatido
dele e o questionou sobre isto. O rei devolveu-lhe a liberdade para retornar e reconstruir os
muros de Jerusalém. Porém, apenas alguns poucos resolveram confiar o futuro a Deus, a
maioria preferiu permanecer no conforto da grande cidade da Babilônia. Paulo recordou a
história do Velho Testamento para explicar a diferença entre a Velha e a Nova Convenção
para os judeus e para os Gentios. A história nos falará por que a igreja moderna perdeu
muito do seu poder e efetividade original. Recordemos mais uma vez a história da igreja
primitiva e ouçamos as muitas vozes que o Senhor levantou para encorajar os crentes a
fazer sua parte olhando para trás. Nossa oração deveria ser, "Pai ajude-nos a reacender a
chama da igreja primitiva", e nós temos que fazer como Paulo quando se dirigiu o Timoteo:

Trabalhe arduamente, para que Deus possa dizer-lhe: "Muito bem", Seja um
bom obreiro, um obreiro que não precisa ficar envergonhado quando Deus
examina o seu trabalho. Saiba o que sua Palavra diz e o que ela significa". (2
Tim. 2:15).

Muitos de nós experimentamos pequenos grupos nos anos setenta. Alguns deles por várias
razões não tiveram êxito; legalismo, controle excessivo, liderança novata e falso
discipulado. Concordo com meu amigo Howie Bolten quando diz que, "aquele movimento
foi um esforço de Ismael". Não passou disso, sua grande necessidade era aprender como
esperar no Espí rito Santo pela capacidade de interpretar corretamente a Sagrada Escritura e
não tomar o lugar dEle no encargo destas coisas. A maioria dos pequenos grupos acabou
adotando padrões até atingir um número suficiente para fundar uma igreja tradicional.
Felizmente, aquilo nos serviu de lição e o Corpo de Cristo está pronto para o desí gnio
original de Deus.

Aquilo que mais abafou a experiência proporcionada pela igreja primitiva foi o controle
hierárquico dado ao clero, coisa bem comum em nossos dias. É normal para um pastor na
igreja moderna exercer controle porque a ele foi dada a autoridade para fazer assim. "Se eu
não tomo as rédeas alguém vai fazer isso, e as coisas podem ficar fora de controle" isto é
racional. Afinal de contas, eu fui contratado para controlar as coisas, e desenvolve uma
visão para esta igreja, que inclui o aumento da quantidade de membros, a compra de mais
terrenos e a construção de edifí cios cada vez maiores.

Lí deres e ministros são necessários no movimento da igreja caseira mas têm que vir da lida
radical e não do medo. É dramático quando um pastor muda e cria raí zes em sua lida. É
como um pastor que abandona o leme de um poderoso barco de pesca desportivo, com
todos os controles e poder em suas mãos, e assume o leme de um veleiro onde o Espí rito
Santo e seu vento toma conta de tudo. Quando todos os membros de uma igreja caseira são
considerados sacerdócio santo, é uma experiência maravilhosa quando Jesus toma controle
e senta entre Suas crianças. Ele fala tanto pelos crentes mais jovens como também pelos
mais maduros.

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Agradeçamos a Deus por inspirar muitos historiadores como Joesefus, Andrew
Miller e outros para documentar a história e assim podermos ver sua relevância
para a igreja. Agora é tempo de arregaçar as mangas, tirar o pó desses livros de
história e localizar com precisão os erros cometidos que provocaram essas
diferenças entre a igreja primitiva e a igreja do século XXI.

CAPÍ TULO 2

CONSTRUIREI MINHA IGREJA

O poder para construir a igreja faz parte do cumprimento de todas as profecias na Bí blia
inclusive aquelas que se referem à encarnação, crucificação, ressurreição e ascensão de
Cristo:

Quando Jesus chegou a Cesaréia de Filipe, perguntou aos seus discí pulos: "Quem é que o
povo está dizendo que Eu sou?" "Bem", responderam, "alguns dizem que o Senhor é João
Batista; outros, que é Elias; outros, que é Jeremias ou um dos outros profetas". Então Ele
perguntou-lhes: "E vocês, quem pensam que Eu sou"? Simão respondeu: "O Cristo, o
Messias, o Filho do Deus vivo". "Deus abençoou você, Simão, filho de Jonas", disse Jesus,
"Porque meu Pai do Céu revelou isto pessoalmente a você -- isto não vem de nenhuma
fonte humana. Você é Pedro, uma pedra; e sobre esta rocha edificarei a minha igreja; e
todas as forças do inferno não prevalecerão contra ela. E Eu darei a você as chaves do
Reino dos Céus; todas as portas que você fechar na terra terão sido fechadas no céu, e
todas as portas que você abrir na terra terão sido abertas no céu"! (Mateus 16:13-19).

A Pedro foi dado o privilégio de pregar a primeira mensagem de salvação, de abrir a porta
do reino aos judeus, e depois aos gentios. No primeiro dia em que o evangelho foi pregado,
tres mil almas se converteram, receberam salvação e entraram no reino de Deus através de
Cristo. Era o começo da era Cristã.

Ao anoitecer, foram acrescentados mais cinco mil novos convertidos ao Cristianismo para
andar no caminho do Senhor, adotando aquele novo modo de vida, e o Senhor somava
muitas almas diariamente. O que seria feito com todas estas pessoas? A resposta é simples:
o Espí rito Santo os reuniu em pequenos grupos que se encontraram em casas. Três anos
com Jesus em comunidade convenceram os apóstolos da durabilidade da pequena igreja.
Jesus moldou o desí gnio indelével da primeira igreja no coração dos apóstolos, e então os
outros lí deres do primeiro século instintivamente os seguiram.

Assim como o sacrifí cio de animais foi substituí do pelo sangue de Jesus, a estrutura
centralizada no templo em torno de um religioso graúdo foi substituí do pela estrutura
descentralizada da pequena igreja, servida por anciões. Como muitos anciãos se
encontravam em uma determinada cidade, o Espí rito Santo pôde manter controle porque

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Ele estava na liderança de cada pequena igreja. Dentro deste conjunto encontravam-se os
dons que Jesus deu à Igreja, isto é, o apóstolo, o profeta, o evangelista, o pastor e o
professor. A igreja daquela cidade eram todas as igrejas. O conjunto da igreja consistia da
somatória de todas as pequenas igrejas caseiras da cidade.

A Reforma de Martinho Lutero, embora tenha diagnosticado uma igreja doente, não
procedeu à descentralização da igreja. A Primeira Reforma não foi um trabalho completo,
pois não nos levou de volta ao desí gnio de Deus para a igreja. De duas uma, ou estamos
agora no processo de completar a Primeira Reforma ou estamos vendo a Segunda Reforma
acontecendo ao longo do mundo pela forma como o Espí rito Santo está assumindo o
controle da igreja mais uma vez. O Espí rito Santo está trabalhando para restabelecer a
pequena igreja, e a restauração da igreja em sua totalidade não está longe de acontecer.
Você pode imaginar o impacto positivo em uma cidade quando toda a igreja daquela cidade
se reúne várias vezes durante o ano? Isto completaria o processo de Reforma.

JESUS O SALVADOR
Um dos intentos do ministério de Jesus na terra foi o de influenciar seus seguidores além da
morte e ressurreição dele. Ele era ser um contí nuo Salvador, de geração em geração, sem
precisar estar aqui em forma corpórea para levar isso a efeito. O plano dele era muito mais
que simplesmente tentar influenciar para que algumas nações praticassem a justiça como
Deus, o Pai, fez com Israel. Para todos os propósitos práticos o plano original (a velha
convenção) foi quebrado de propósito, abrindo caminho para o nova e perfeita convenção
personificada em Jesus o Salvador. Por que então Jesus poria toda Sua confiança em doze
homens para influenciar o mundo, especialmente depois de saber que todos os apóstolos
seriam martirizados e que a carne de cristãos serviria de alimento aos leões em Roma? Isso
teria sido mais que suficiente para descarrilar e esmagar qualquer movimento religioso
fraudulento. Acredito que parte da resposta é encontrada em um exemplo poderoso
proporcionado por Jesus na casa de Mateus:

Quando Jesus descia a estrada, viu um cobrador de impostos, Mateus,


sentado num glichê da coletoria. "Venha tornar-se meu discí pulo" disse-lhe
Jesus, e Mateus saltou do lugar e O acompanhou. Mais tarde, quando Jesus
e seus discí pulos almoçavam (na casa de Mateus), muitos conhecidos
espertalhões estavam lá como convidados! Os fariseus ficaram indignados.
"Por que o mestre de vocês se reúne com homens como esses?" "Porque as
pessoas que estão bem não precisam de médicos! São os doentes que
precisam", foi a resposta de Jesus. Depois Ele acrescentou: "Vão aprender
o significado deste versí culo da Escritura: 'Não são os sacrifí cios e as
ofertas de vocês que Me interessam -- mas que tenham compaixão'! Meu
trabalho aqui na terra é de insistir com os pecadores e não com aqueles que
se acham bons, que voltem para Deus". (Mateus 9: 9-13).

Jesus mostrou clemência engajando-se com os pecadores no próprio campo deles, não se
importando com as repercussões que isso poderia causar na hipocrisia farisáica. Livrar as
almas da morte eterna é o maior ato de clemência que se possa imaginar. Quando Cristo
disse, "vão aprender o significado deste versí culo" Ele afirmou que não basta familiaridade
com o texto bí blico, temos que aprender a entender o significado dele. Quando Cristo disse,
13
"não são os sacrifí cios... que me interessam" ele se referia diretamente aos fariseus;
Tratava-se de uma concenação àqueles que colocam a religião em rituais, em vez de atos de
clemência para com as almas perdidas. Eu acredito que esta imagem de Cristo
compartilhando sua fé com pecadores deixou uma impressão marcante nos discí pulos dele.
Tornou-os seus soldados. Nada poderia impedi-los progredir contanto que a clemência
fizesse parte das vidas deles. O destino fora lançado diante deles e também diante de nós.

JESUS O REFORMADOR
Jesus nos proporcionou um poderoso exemplo de reforma. Ele nos deu uma pista de que as
coisas ficam diferentes quando olhamos para seu nascimento em Belém. Um estábulo e
uma manjedoura para o Filho do Deus altí ssimo? Humildade e negação pessoal seriam
companheiros constantes para ele. Não havia nenhum travesseiro para sua cabeça, nenhum
abrigo para descansar, exceto o Monte das Oliveiras. As únicas coisas que o mundo
ofereceu ao Filho de Deus foram uma manjedoura, uma cruz e uma tumba emprestada. O
véu no templo rasgou-se em dois. Sua função de separação foi completada, terminada,
consumada. Cristo veio diretamente para as pessoas, e as pessoas teriam acesso direto a
Ele. O templo já não era mais o único lugar onde se poderia encontrar Deus. O Santo dos
Santos, como a nação judaica o chamava, já não caberia dentro de quatro paredes. Uma
mudança drástica tinha acontecido.

Desde Seu nascimento até Sua crucifixão, o Pai tinha a certeza de que Seu Filho atingiria
cada uma das emoções humanas. Desde a humildade de Seu estilo de vida até a
sublimidade em levantar pessoas da morte, nenhuma emoção humana escapou-lhe. Nenhum
ser humano na terra poderia dizer, "Senhor, você não entende meus problemas nem minha
condição". É notável o exemplo que Ele deu ao tentar trabalhar dentro da igreja tradicional.
Custou sua vida. Aparentemente, sofrimento e perseguição constituem o subproduto natural
do trabalho do reformador. Paulo deixa isso bem claro em Romanos 8:17: "E se somos os
seus filhos, então participaremos dos seus tesouros -- pois tudo quanto Deus dá ao seu
Filho Jesus agora é noso também. Mas se vamos participar de sua glória, precisamos
participar também do seu sofrimento".

O Espí rito Santo veio e substituiu o Santo dos Santos. Sua Igreja agora poderia ter acesso a
Ele a qualquer momento, dia ou noite.

Eu pedirei ao Pai e Ele dará a vocês outro Consolador, que nunca deixará
vocês. É o Espí rito Santo, o Espí rito que conduz a toda a verdade. O mundo
em geral não O pode receber, porque não O procura e não O conhece. Mas
vocês, sim, porque Ele mora com todos agora e um dia estará em vocês.
(João 14:16-17)

A REAL CAUSA DA PERSEGUIÇÃO

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Após o batismo por João e sua experiência no deserto, Jesus começou a pregar,
"Deixem o pecado e voltem-se para Deus, porque o Reino dos Céus está perto".
(Mateus 4:17). Tratava-se da mesma mensagem que Ele ensinou a João Batista.
Jesus visitou João muitas vezes no deserto para ensiná-lo. A mensagem de Deus
nunca mudou. Seu Evangelho era dirigido tanto ao espiritualmente doente e
agonizante, como também ao espiritualmente ignorante. A chamada aos primeiros
discí pulos veio quando Jesus caminhava à beira do Mar da Galiléia. Pedro e seu
irmão, André, estavam lançando suas redes como os pescadores fazem, e o
Senhor disse, "Venham comigo e Eu lhes mostrarei como pescar as almas dos
homens". Mateus 4:19).

Jesus, o sublime Salvador, via o mundo como uma grande lagoa em cujas águas
pescaria as almas humanas. Usando essa mesma analogia de pescadores,
achamos que há muitas lagoas dentro da grande lagoa do mundo. Podemos, por
exemplo, pescar na lagoa dos judeus, na lagoa do governo romano, na lagoa dos
gentios, na lagoa do Islã, na lagoa das religiões orientais, na lagoa do comunismo,
na lagoa do ateí smo, etc. Um bispo graúdo e os lí deres religiosos advertiram
Pedro e os primeiros discí pulos para que não pescassem na lagoa deles senão
seriam lançados na prisão. Ao longo dos séculos os cristãos foram obedientes às
palavras de Deus, atendendo ao pedido de Jesus quando ascendeu ao céu:
"Portanto, vão e façam discí pulos em todas as nações" (Mateus 28:19), e os
guardiães das várias lagoas se tornaram nossos perseguidores.

Embora os lí deres religiosos e polí ticos possam dar razões diferentes para perseguir os
cristãos, eu acredito que o real culpado é a inimizade do coração contra Cristo e contra Sua
verdade refletida nas vidas do seu povo. Os romanos professavam a tolerância a todas as
religiões, quem estivesse dentro do império não teria nada a temer. Esta era a liberalidade
que eles ostentavam. Até mesmo aos judeus se permitia viver de acordo com as próprias
leis deles. O que foi que aconteceu, perguntar-se-á, que acendeu tal ira contra os cristãos?
Teria o Império Romano qualquer coisa a temer neles? Teria qualquer coisa a temer de
pessoas cujas vidas eram inocentes, cujas doutrinas eram a pura verdade celeste, e cuja
religião conduzia ao bem-estar das pessoas, pública e reservadamente?

O que vou expor a seguir pode ser considerado como uma das causas inevitáveis da
perseguição. Olhando os dois lados da questão, Andrew Miller explica:

O cristianismo, distinto de todas as outras religiões que o precederam, foi agressivo em seu
caráter. O judaí smo era exclusivo; a religião de uma nação. O cristianismo foi proclamado
como a religião do gênero humano, para o mundo inteiro.Tratava-se de algo completamente
novo na terra. A religião pagã, que o cristianismo estava rapidamente arruinando e
subvertendo, era uma instituição do Estado.

Ela entrelaçava o sistema social e civil de uma forma tão profunda que um ataque à religião
entraria em conflito tanto com as normas sociais como as civis. Foi exatamente o que
aconteceu. Se a Igreja primitiva tivesse se acomodado com o mundo como a Cristandade
faz agora, muita perseguição poderia ter sido evitada.

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A cristandade primitiva se retirou naturalmente dos pagãos. Tornaram-se pessoas separadas
e distintas. Eles não poderiam fazer outra coisa senão condenar e repudiar o politeí smo,
como sendo totalmente oposto a um Deus vivente e verdadeiro, e ao evangelho de seu Filho
Jesus Cristo. Isto deu aos romanos a idéia de que os cristãos eram hostis à raça humana,
pois viam que eles condenaram todas as religiões inclusive a deles. Conseqüentemente
passaram a ser chamados de "ateus" por não acreditarem e zombarem das deidades e
adorações pagãs.

A simplicidade e a humildade marcavam a adoração dos cristãos. Eles viviam juntos


pacificamente desde o amanhecer ao anoitecer, evitando a ofensa. Eles cantavam hinos para
Cristo e para Deus, eles "repartiam o pão" em memória do amor revelado por haver
morrido por eles, eles se edificavam mutuamente e se empenhavam numa vida de
santidade. Mas eles não tinham nenhum templo luxuoso, nenhuma estátua, nenhuma ordem
de padres e nenhuma ví tima para oferecer em sacrifí cio. O contraste entre a adoração deles
e a de todos os outros no império se tornaram o maior manifesto. Aquela adoração cristã,
em sua singela simplicidade, sem a ajuda de templos e clérigos, ritos e cerimônias, não é
melhor compreendida agora pela cristandade professa do que foi então pela Roma pagã.
Ainda, é verdade, "que Deus é Espí rito, e nós precisamos ter a ajuda dEle para adorar
como devemos" (João 4:24).

Pelo progresso do cristianismo, o interesse temporal de um grande número de pessoas seria


seriamente afetado. Trata-se de um amargo catalisador para a perseguição. Uma multidão
incontável de clérigos, fabricantes de imagens, negociantes, adivinhadores, cartomantes e
artesãos de objetos religiosos tinham uma estreita e lucrativa relação com a adoração de
tantas deidades. Todos eles, vendo seu negócio em perigo, juntaram todas suas forças
contra os cristãos, buscando, por todos os meios, sustar o avanço da fé cristã. Eles
inventaram e disseminaram vis calúnias contra todos os cristãos. As autoridades do clero e
os astutos curandeiros facilmente persuadiram a opinião pública de que todas as
calamidades, guerras, tempestades e doenças que afligem a humanidade foram lançadas
sobre eles pela ira dos deuses, por causa dos cristãos que abalaram sua autoridade e eram
tolerados em toda parte. Um momento de reflexão convencerá todos os leitores desta
verdade, mas pela fé poderiam ver a mão do Senhor e ouvir Sua voz em tudo.

Mas, cuidado! Pois vocês serão presos, processados, e chicoteados nas sinagogas. Não
imaginem que Eu vim trazer paz à terra! Pelo contrário, vim trazer uma espada. (Mateus
10:17 & 34).

Isso se refere à grande oposição que a igreja primitiva teria pela frente. No próximo
capí tulo veremos as razões do seu rápido progresso.

16
CAPÍ TULO 3
Cristo: Supremo Arquiteto

A visí vel presença e caráter de Jesus rapidamente desfez aquela imagem de um


Deus distante, reservado. Amor, compaixão, poder sobrenatural, discernimento,
sabedoria e razão nos debates tornaram-se coisas corriqueiras e normais entre os
discí pulos. A obra de Jesus não era apenas construir Sua igreja, mas de espelhar
em Sua pessoa o caráter do Pai. Filipe disse,

"Senhor, mostre-nos o Pai, e ficaremos satisfeitos". Jesus respondeu: "Você


nem sabe ainda quem sou Eu, Filipe, mesmo depois de todo esse tempo que
tenho estado com vocês? Qualquer um que Me viu, vio o Pai! Portanto, como
você está pedindo para ver meu Pai? Você não crê que Eu estou no Pai e o
Pai está em Mim? As palavras que eu digo não são propriamente minhas, mas
do Pai que vive em Mim. E Ele faz a sua obra por meu intermédio. Basta vocês
crerem nisto -- que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim. Creiam nisto ao
menos por causa dos poderosos milagres que Me viram fazer. Digo a vocês
verdadeiramente que: qualquer um que crer em Mim, fará os mesmos milagres
que Eu tenho feito, e ainda maiores, porque Eu vou para a presença do Pai.
Vocês podem pedir a Ele qualquer coisa, em meu nome, e Eu o farei, e assim
o Pai será glorificado através do Filho. Sim, peçam qualquer coisa em meu
nome, e Eu o farei!" (João 14:8-14).

Na ocasião, o que Jesus disse era difí cil para eles acreditarem. Isto é, que o Pai estava em
Jesus, e que eles fariam igualamente maiores coisas e que qualquer coisa que eles pedissem
em nome de Jesus seria concedido. É registrada a satisfação do Pai por seu Filho no trecho
anterior, quando Jesus declarou,

"Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode chegar até o Pai, a não ser por
Mim. Se vocês soubessem quem Eu sou, então saberiam quem é o meu Pai!" (João
14:6-7).

Este fato tinha que ser resolvido nos cora corações e mentes dos discí pulos, ou Jesus seria
nada mais que um amigo excitante ou outro rabino, em vez de ser Deus com autoridade
construir sua Igreja. Olhemos para as cinco colunas essenciais do edifí cio da igreja
construí da por Jesus.

l. Pequena Estrutura

Grupos pequenos são um princí pio fundamental no desí gnio do padrão de Deus para com
seu povo. Por que? Porque funciona! Jesus escolheu apenas doze homens de toda Israel
como seus discí pulos. A qualidade do tempo gasto com seus discí pulos era imperativo para
influenciar e mudar o carater deles e prepará-los para os combates que viriam. Eles não
foram treinados em teologia, e se dependesse de nós, provavelmente não os aprovarí amos,

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nem se tornariam apóstolos. Mas eles se fortaleceram e foram ungidos como apóstolos, um
poderoso exemplo para todos os convertidos da igreja primitiva. Olhe para você agora,
quando começar a seguir a Cristo, não será mais o mesmo ao término de sua viagem
terrestre! Aquele pequeno grupo de homens constituiu a primeira igreja do Novo
Testamento. Este foi o tamanho normal da igreja primitiva que se reunia nas casas durante
os primeiros trezentos anos de sua história. Infelizmente, a igreja moderna perdeu este fato
de que a igreja deveria consistir de pequenas igrejas caseiras.

Jesus foi o primeiro apóstolo, como Paulo reconheceu em Hebreus 3:1. Devido à
hostilidade dos lí deres religiosos por causa daquilo que ensinava, Ele deixou Jerusalém na
primeira viagem missionária do Novo Testamento para as cidades ao redor do Mar de
Galiléia. Cada momento se tornou uma sala de aula para o aprendizado dos discí pulos, onde
Ele falava aos corações na forma de parábolas.

No Velho Testamento Deus escolheu limitar as tribos de Israel a doze. No Novo


Testamento Ele escolheu limitar seus discí pulos a doze. Havia outros que quiseram unir-se
com Ele e os discí pulos, mas o Jesus recusou tais ofertas, recomendando que voltassem às
aldeias onde viviam e relatassem o que tinham visto. A intimidade nas relações só pode
existir em pequenos grupos. Jesus sabia que tentar discipular intimamente muitos de uma
só vez era impossí vel. Aquele princí pio servia aos apóstolos. Verdadeiramente, Jesus pode
ser chamado de Senhor da pequena igreja pequena. A igreja de seus desí gnios esparramou o
Evangelho a todas as nações conhecidas da terra apenas cem anos depois da ressurreição
dele! Os modernos evangelistas de nossos dias dizem que apenas 3% daqueles que lotam os
estádios, continuam servindo ao Senhor.

2. Liderança Humilde

Desde o começo Jesus procurou manter seus discí pulos longe daquele sistema de liderança
da casta sacerdotal tí pica do Testamento Velho. Vejamos o que ensina com relação aos
lí deres religiosos:

Nunca deixem que alguém chame vocês assim [Mestre]. Porque somente Deus é o
Mestre e todos vocês estão no mesmo ní vel, como irmãos. Não se dirijam a ninguém
aqui na terra chamando de 'Pai', porque somente Deus no céu deve ser chamado assim.
E não sejam chamados de 'Mestre', porque somente um é o mestre de vocês, isto é, o
Messias. Quando mais humilde for o serviço de vocês aos outros, maiores vocês serão.
Para ser o maior de todos, é preciso ser servo. Mas aqueles que se acham grandes,
sofrerão desapontamentos e humilhação; e aqueles que se humilham serão
engrandecidos. (Mateus 23:8-12, ênfase minha)

Se você pensa e medita nas escrituras, já deve há muito tempo ter notado o quanto temos
errado na igreja moderna quando exaltamos os clérigos. Jesus proibe seus futuros apóstolos
de serem chamados de rabinos (reverendos), padres (mais velhos) ou professores (pastores).
Nós somos todos humildes irmãos sob um só Mestre, Cristo. O que Jesus diz aqui é que se
nos permitirmos exaltar a nós mesmos, a humildade na liderança é diminuida ou
inteiramente descartada. Muitos de nós conhecemos igrejas onde o pastor caiu em pecado e
a igreja sofreu por isso. Algumas igrejas até mesmo deixaram de existir. Que direito temos
nós para elevar os homens tão alto para que isto aconteça? Se uma pessoa no banco da
igreja entrasse em pecado isso não destruiria a igreja. Se a igreja é construí da em um

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homem ela precisa cair. Quando o clérigo ou qualquer um outro cai, o próximo passo é o
arrependimento e a restauração conforme esboçado em Gálatas 6:1. Cristo é nosso Rei,
nosso supremo Pastor, e apenas Ele deve ser assim exaltado.

O pedido da mãe dos filhos de Zebedeu, Tiago e João, proporcionou a Jesus outra
oportunidade para ensinar sobre a nova ordem de coisas; isto é, a humildade na liderança.

Mas Jesus os reuniu e disse: "Entre os não-crentes, os reis são tiranos, e cada oficial
inferior domina sobre aqueles que estão abaixo dele. Mas entre vocês é bem diferente.
Todo aquele que quiser ser um lí der, deve ser servo. E se vocês quiserem chegar bem
alto, devem servir como um escravo. A atitude de vocês deve ser igual à minha, porque
Eu, o Messias, não vim para ser servido, mas para servir, e dar a minha vida por
muitos". (Mateus 20:25-28).

Na presente estrutura da igreja tradicional, com a divisão clérigo-leigo, é quase


impossí vel ao clero não exercer domí nio sobre o leigo. A ordem deve ser mantida
em grande escala. Assim a liderança da igreja espera que todo mundo, de um
modo agradável, mantenha-se quieto sentado no banco, pague seus dí zimos e
preserve o status quo. Esta servitude* ensinada por Jesus foi tão bem assimilada
pelos apóstolos que Pedro, falando aos anciãos, reforçou-a da seguinte forma.

E agora, uma palavra a vocês, os anciãos da igreja. Eu também sou um ancião; com os
meus próprios olhos vi Cristo morrer na cruz; e eu também participarei da sua glória e
da sua honra quando ele voltar. Colegas anciãos, este é o meu apelo a vocês:
Alimentem o rebanho de Deus; cuidem dele com boa disposição e não de má vontade;
não pelo que vocês ganharão com isso, mas porque estão ansiosos de servir ao Senhor:
Não sejam tiranos, mas guiem o rebanho com o seu bom exemplo. E quando vier o
Supremo Pastor, a recompensa de vocês será uma participação perpétua em sua glória e
sua honra (1 Pedro 5:1-4, minha ênfase).

Estes versí culos reivindicam que o rebanho pertence a Deus e que o Supremo Pastor é
Cristo. O ancião é o pastor. De uma ou de outra forma, todo cristão tem o coração de um
pastor. O treino em um semiário, a habilidade de falar em público, a oratória convincente, o
talento administrativo, nada disso faz um pastor. Com constancia, o ancião encoraja as
pessoas para que sigam Jesus e cuida delas. Tal liderança faz com que você se discipline.
Ele pode perceber se algo não vai bem. Ele sabe onde as ovelhas estão e é um grande
observador do rebanho. Ele serve o conjunto e seu pagamento é a honra. Se eventualmente
exaltar a si próprio, certamente será humilhado.

A descrição do trabalho do ancião aponta para o pastoreio do rebanho do Senhor,


ou seja, espreitar os lobos e qualquer coisa diferente da tradição e da doutrina dos
apóstolos. Qualquer coisa diferente de servir e de permanecer no rumo correto,
como o Senhor usa o rebanho em sua totalidade para falar e edificar uns aos
outros. Um pastor não gasta todo seu tempo alimentando suas ovelhas. Ele as
leva ao pasto e elas se alimentam por si mesmas!

3. Ví nculo

O melhor exemplo de união vem da relação de uma mãe para com seu bebê. Começa

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quando o bebê está crescendo durante nove meses no útero dela. Vem a dor e a alegria do
nascimento, e depois a amamentação e a alimentação continuam desenvolvendo os laço
entre a criança e a mãe. Mas há um outro exemplo ainda maior de união, entre Deus e o
gênero humano. Ele criou e preparou um mundo para nosso deleite antes de sermos criados.
Ele nos criou do pó, contudo na própria imagem dele para que Ele pudesse ter uma í ntima e
perpétua relação conosco. Ele nos deixou a Bí blia, que aponta em direção a uma vida alegre
e plena. A nós foi dado até mesmo o direito de escolher segui-lo ou não. Seu amor para
conosco ficou provado quando Ele livremente deu a vida dele no Calvário para que nós
pudessemos ser perdoados de nossos pecados, que teriam nos condenado à eternidade sem
Deus.

Pelos seus apóstolos, herdamos uma estrutura de igreja divinamente projetada para resistir
os males de Satanás, uma igreja que cresceria e se multiplicaria até mesmo secretamente se
necessário. O amor de Cristo para conosco ainda está sendo consumado, depois de sua
ressurreição Ele voltou ao céu para construir um lugar que será desfrutado por nós por toda
a eternidade. Tudo isto foi feito para que ocorresse um elo e uma relação apropriada entre o
Criador e suas criaturas.

A evolução da igreja nestes últimos mil e setecentos anos, na realidade, diminuiu


nossa união pessoal com Deus. Hoje estamos unidos a um pastor, a um padre ou
a um rabino. Eles se tornaram os únicos a nos alimentar ou a cuidar de nós, em
vez de sermos alimentados e cuidados diretamente por Deus. Nossa ligação para
com eles tornou-se tão grande que muitas congregações se dividiram em torno
deles. Em alguns casos metade da congregação seguirá um pastor problemático e
nem mesmo se preocupa com o restante do rebanho que deixaram para trás. A
Bí blia nos fala que Ele é um Deus ciumento. Você acha que Deus está contente
com um clérigo ou um papa que interfere ou diminui a relação que Ele projetou
existir entre Ele e cada crente? O calvário custou inimaginavelmente caro, com um
grande investimento se Sua parte. Nós nunca saberemos o que realmente o
Calvário Lhe custou, apenas quando chegarmos ao céu poderemos compreender
tudo que Ele deixou para vir à terra para nossa completa redenção.

O crente recebe individual e diretamente o alimento do Senhor pela meditação


e pela oração, pela leitura da Bí blia e pela permanencia diária em Sua
presença. O Senhor não quer ninguém interferindo no ví nculo proporcionado
por esse cuidado e essa alimentação que Ele, individualmente, proporciona. O
ví nculo que Ele deseja que tenhamos com os outros irmãos vem do
compartilhar aquilo que recebemos do Senhor. Um bom exemplo disto é
encontrado em Hebreus 10:24-25:

Em reconhecimento por tudo quanto Ele fez por nós, suplantemos uns aos outros em ser
prestativos, em ser bondosos uns para com os outros, e em fazer o bem. Não
descuidemos os nossos deveres na igreja, nem as suas reuniões, como algumas pessoas
fazem, mas animemo-nos e nos admoestemos uns aos outros, especialmente agora que
o dia da sua volta está se aproximando. (ênfase minha).

Leva tempo e esforço para orar, ler a Bí blia e meditar em Deus, mas apenas deste modo
interior é que Deus pode falar diretamente conosco, assim podemos tanto "compartilhar
coisas" como "animar-nos uns aos outros". Muitos cristãos não prestam devoções diárias

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sem que alguém tome essa iniciativa. O que é uma vergonha, pois eles poderiam por si
próprios ouvir diretamente o que Deus tem a dizer! A pequena igreja é o lugar perfeito para
compartilhar as dádivas de Deus. Sempre surge alguém precisando destas coisas, isso
ocorre com todos nós.

4. Amor Mútuo

Os Israelitas sob a Lei passaram da adoração ritual do Velho Testamento ao amor do Novo
Testamento como a base de uma nova relação com Deus. O amor é a base do evangelho, e
este evangelho foi ampliado para incluir toda a humanidade, não apenas os judeus. Durante
os últimos momentos que Jesus esteve com seus discí pulos, Ele emitiu um novo
mandamento: "Por isso Eu estou dando a vocês agora um novo mandamento -- amem-se
tanto uns aos outros quanto Eu amo a vocês. Esse profundo amor que vocês tiverem uns
pelos outros provará ao mundo que vocês são meus discí pulos". (João 13: 34-35).

Hospitalidade é um dom natural, e está disponí vel tanto ao cristão como ao não-cristão. Há
várias razões para ser hospitaleiro. Normalmente é para impressionar alguém por alguma
razão. Hospitalidade é um dos modos mais fáceis para expressar o dom do amor, como
Alexander Strauch explica em seu livro The Hospitality Commands.

O ensino cristão acerca do amor é sem paralelo na história da religião. Um


dos fatores chave que ajudou na rápida expansão da cristandade primitiva foi o
amor praticado entre os primeiros cristãos. Tertuliano, um escritor e apologista
do Século III, descreve-nos que os pagãos de seus dias tinham conhecimento
do extraordinário amor dos cristãos. Os pagãos foram forçados a dizer, "Vejam
como eles se amam mutuamente e quão prontos estão a morrer uns pelos
outros".

A hospitalidade, é um instrumento divino para expressar amor. Imagine por um


momento que você é um hóspede convidado a jantar com Jesus na casa de
Maria, Marta e Lázaro. Pense na excitação de jantar com Ele, e esperar o que
Ele tem a dizer a todos depois na sala de estar. Fixe-se nesse quadro excitante
por um momento. O que você vê não é outra coisa senão um grupo em uma
igreja caseira com a participação de Jesus. Deus não poderia ter escolhido
lugar melhor para começar uma igreja do que uma casa. O anfitrião da casa
reflete o dom de servir de uma forma sobrenaturalmente evidente. Quando se
trata de anfitriões cristãos comprometidos, Cristo tem acesso imediato aos
demais pelo amor deles.

Não há nada neste mundo como auto-sacrifí cio genuí no e o amor cristão para animar,
inspirar, confortar, e edificar os outros. Mas como, em condições práticas, no dia-a-dia,
mostrar o mais genuí no amor e comunhão cristãs? Uma resposta direta e clara é a
hospitalidade. As principais exortações do Novo Testamento para praticar hospitalidade
aparecem todas dentro do contexto do amor fraterno:

•A passagem de Hebreus 13 começa assim, "Continuem a amar-se uns aos outros


com amor fraternal verdadeiro". O escritor imediatamente prossegue sua exortação
sobre o amor fraternal pedindo para não negligenciar a hospitalidade. (Hebreus 13:
1,2).
21
•Peter charges his readers to "o mais importante de tudo é continuarem a mostrar
um profundo amor uns pelos outros". A próxima frase é, "abram de bom grado os
seus lares para aqueles que necessitarem de uma refeição ou de um lugar para passar
a noite" (1 Pedro 4:8 & 9).

•A exortação de Paulo pela adoção da hospitalidade é aplicável tanto no amplo


contexto do amor fraterno como nas relações Cristãs. (Romanos 12:13).

•A hospitalidade de Gaio para desconhecidos, foi informada pelos irmãos


itinerantes da igreja e descrita como "teu amor". (3 João 5-8).

Eu não acretito que a maioria dos cristãos hoje compreenda a hospitalidade


como algo essencial, como algo que inflama as chamas do amor e fortaleça a
famí lia cristã. A hospitalidade revela amor de uma forma singularmente pessoal
e sacrificatória. Pelo ministério da hospitalidade, compartilhamos aquilo que
temos de mais precioso. Compartilhamos nossa famí lia, casa, finanças,
comida, privacidade e tempo. Na realidade, compartilhamos nossas próprias
vidas. Assim, a hospitalidade sempre implica em um alto custo. Provemos
amizade, aceitação, companheirismo, refrigério, conforto e amor em uma das
mais ricas e mais profundas formas possí veis à compreensão humana. A
menos que abramos a porta de nossas casas uns aos outros, a realidade da
igreja local como local de confraternização í ntima da famí lia de irmãos e irmãs
amorosos é apenas uma teoria. i[i]

Será que a igreja moderna é um estacionamento de amor? Temo que este seja o caso.
Quando morei em Pompano Beach, na Flórida, eu era um ancião entre mil e seiscentos
membros da igreja. Para mim era impossí vel amar mil e seiscentas pessoas com algum grau
de afeto. A relação com outros cristãos era apenas de respeito social por pertencer à mesma
grande famí lia. Eu pertenci a uma igreja de cinqüenta membros e isso ainda era gente
demais para eu amar realmente. Jesus sabe nossas limitações humanas; sabe que nós
podemos apenas investir o amor ágape em um pequeno grupo de pessoas.

Este tipo de amor é uma disciplina cujo aprendizado vem de passar juntos um
tempo de qualidade. O mandamento de Jesus, "amem-se uns aos outros tanto
quanto Eu amo a vocês", é freqüentemente difí cil de realizar vindo de um pano
de fundo de igreja tradicional. Compartilhamos nossa privacidade e nossas
preferências de acordo com o grau de intimidade que damos a nossas relações
cristãs. Há uma clara compreensão por todos os membros da igreja caseira
que este tipo de amor é uma meta realizável. Não acredito que este
mandamento possa ser obedecido sem estabelecer metas definidas para
alcançá-lo. Encontrar-se uma vez por semana em um prédio estabelecido não
é suficiente. A Igreja caseira é o ambiente perfeito para expressar amor.
Recordo que uma vez, depois de assistir a um culto de igreja tradicional, o
pastor disse-me, "eu amo você, João", e eu sabia que ele era sincero. Sendo
um pastor relativamente novo, ele ainda não havia ainda me convidado a
visitá-lo em sua casa, para revelar-me afeição ou contribuir de forma a que eu
pudesse confirmar em meu coração e responder, "Sim, eu sei que você me
ama". Como se pode verificar, amor é um verbo de ação, apoiado em prova e
22
evidência de sua realização. O amor deve ser testado, se é para Deus, famí lia
ou amigos. Deus permite que algumas coisas aconteçam em nossas vidas
para testar nosso amor para com Ele. É óbvio que Ele conhece o grau de amor
que temos por Ele, mas o teste é para que saibamos até onde vai esse nosso
amor.

Na atmosfera da hospitalidade encontramos um chão fértil onde o amor fraterno


encontra expressão satisfazendo as necessidades espirituais e fí sicas das
pessoas. Ó apóstolo João nos adverte que a ação, não as palavras, confirmam o
amor de Deus em nossos corações.

Nós sabemos o que é o amor verdadeiro pelo exemplo de Cristo, ao morrer por nós. E
portando nós devemos sacrificar as nossas vidas pelos nossos irmãos em Cristo. Mas se
alguém que se considerar cristão possui dinheiro suficiente para viver bem, e vend oum
irmão em necessidade e não o ajudar -- como é que o amor de Deus pode estar nele?
Filhinhos, deixemos de dizer apenas que amamos as pessoas; vamos amá-las realmente
e mostrar isto pelas nossas ações. (1 João 3:16-18).

5. Refeições Comuns
A Última Ceia Foi um Encontro na Igreja Caseira

Pode ser surpreendente para muitos, mas a igreja primitiva, inspirada no exemplo da Última
Ceia do Senhor, passou a dar iní cio às reuniões caseiras com uma refeição comum. A
refeição consumava a comunhão, era um penhor de submissão à Nova Convenção. Em sua
totalidade, esta refeição era chamada a ceia do Senhor. A refeição e a comunhão nunca
estavam separadas até que foram construí dos edifí cios, já no terceiro século. O custo da
eliminação da refeição principal é incalculável. O sentimento de pertencer intimamente à
famí lia cristã desapareceu com o fim da refeição.

Durante a refeição, as discussões giravam em torno de diversos assuntos como problemas


pessoais, vitórias e compromissos divinos recebidos por compartilhar o evangelho. Eles
também falavam sobre as famí lias deles, vizinhos e amigos que precisaram de oração
continuada. Ajudar os cristãos pobres e levar o evangelho a incrédulos também eram
tópicos de conversação. Trocavam informação sobre as partes da igreja que estava sofrendo
perseguição, e em que regiões estavam trabalhando os apóstolos. O ancião teria a certeza de
que todo mundo estava envolvido no discipulado, de uma forma semelhante ao exemplo do
Senhor com seus discí pulos. A igreja estava crescendo tão rápido que até mesmo onde seria
a próxima igreja caseira entrava na discussão. O evangelista agendava suas pregações nas
várias partes da cidade, assim a igreja poderia estar lá para ajudá-lo.

Até que chegava o momento em que a morte, sepultamento e ressurreição do Senhor eram
celebrados. O pão era feito sem fermento, quebrado em dois e santificado. Era um pão
inteiro que mostra a unidade e singularidade do corpo. Enquanto comiam eles começavam a
se lembrar do Senhor e a compartilhar os eventos que testemunharam ou foram passados
para eles. Pode ter havido tempos em que isto levava tanto tempo que tomava toda uma
reunião. O cálice era uma afirmação da nova convenção, que o sangue de Cristo era
suficiente para perdoar o pecado de uma vez por todas. Paulo faz um comentário de um
modo bem interessante sobre esta nova convenção: Chamando esta convenção de "nova",
Jesus tornou a primeira obsoleta; e o que está obsoleto e envelhecido logo desaparece
23
(Hebreus 8:13).

Ele veio como Supremo Sacerdote deste sistema melhor que nós agora temos. Ele
entrou naquele tabernáculo do céu, maior e perfeito, que nem é feito por homens nem
faz parte deste mundo. E, uma vez por todas, levou sangue para dentro daquele
compartimento mais interno, o Santo dos Santos, e o salpicou sobre o pripiciatório; mas
não era sangue de bodes nem de bezerros. Não, Ele levou o seu próprio sangue e, com
esse sangue, por Si mesmo, Ele garantiu a nossa salvação eterna. E se, sob o sistema
antigo, o sangue dos touros e bodes e as cinzas das novilhas podiam purificar do pecado
os corpos dos homens, calculem como o sangue de Cristo, com muito maior certeza,
transformará as nossas vidas e os nossos corações. O sacrifí cio dEle nos liberta da
preocupação de ter de obedecer aos regulamentos antigos e nos faz desejar servir ao
Deus vivente; pois, com a ajuda do eterno Espí rito Santo, Cristo de bom grado
entregou-Se a Deus para morrer pelos nossos pecados -- Ele, que era perfeito, sem uma
única falta ou pecado. Cristo veio com este novo acordo para que todos os que são
convidados possam vir e possuir para sempre todas as maravilhas que Deus lhes
prometeu. Porque Cristo morreu para livrá-los do castigo dos pecados que eles tinham
cometido enquanto ainda estavam debaixo daquele sistema antigo (Hebreus 9:11-15).

Os próprios elementos que alimentam ou dos quais a tradição se alimenta, não


podem ser mais importantes do que o próprio evento. Muitos cristãos sentem-se
incomodados em receber a comunhão fora do próprio edifí cio de suas igrejas. Eu
me lembro de alguns anos atrás em meus dias de igreja tradicional, quando um
ministro presbiteriano muito famoso visitou nossa igreja e não tomou comunhão
conosco por causa do método que nós usamos. Isso foi vergonhoso.

Eles recordavam a vitória representada pela tumba vazia, recordavam nosso


Salvador preparando um lugar para nós no céu, o que torna a Ceia do Senhor
completa. Depois cantavam um hino e saí am pelo mundo afora para enfrentar
vitoriosamente a vida até se encontraram novamente.

24
CAPÍ TULO 4

Igreja Caseira Nos Primeiros Trê s Sé culos


Deus projetou a igreja para produzir cristãos da melhor qualidade possí vel a curto prazo.
Porque Ele faria menos que isso? Comunidade, compromisso e responsabilidade eram a
realidade e o benefí cio da igreja pequena. Dedicou algum tempo ensinando a doutrina e a
tradição aos apóstolos e implementou-a na nova igreja. Não podemos nos esquecer dos
esforços dos religiosos judeus e dos falsos profetas tentando arruinar a nova convenção.
Satanás usou todo seu poder para parar o avanço deste exército de cristãos.

A emergente cristandade aprendera a ter uma relação profunda e pessoal com Jesus. A lida
diária com Jesus era excitante, especialmente depois de ter servido a muitos deuses feitos
por mãos humanas. Eles sentiam a presença e o poder de Deus, especialmente depois que
Ele tornou-se o corpo da igreja. Eles aprenderam viver em vitória, apesar dos problemas
encontrados pela frente. O amor-próprio deles aumentou porque o Espí rito Santo estava
com eles, ensinando e conduzindo-os em sua lida diária. Eles se tornaram os indiví duos
qualificados. Seus amigos e familiares notaram a mudança na vida deles e desejaram o
mesmo para si. Compartilhar a fé com outros era uma expressão natural de sua trajetória.

A igreja caseira tornou-se um aconchegante santuário para os cristãos primitivos, como um


útero para uma criança por nascer. Satisfazia as necessidades espirituais e sociais de seus
membros. Eles criaram í ntimos laços e compromissos mútuos. O Senhor abençoou-os com
um talento de dinâmica especial como é explicado nas duas seguintes passagens das
Escrituras:

Por que é que Ele nos dá estes talentos especiais para fazermos melhor determinadas
coisas? É que o povo de Deus estará mais bem aparelhado para fazer uma obra melhor
para Ele, edificando a igreja -- o corpo de Cristo -- e elevando-a a uma condição de
vigor e maturidade; até que finalmente todos creiamos do mesmo modo quanto à nossa
salvação e ao nosso Salvador, o Filho de Deus, e todos nos tornemos amadurecidos no
Senhor. Sim, crescermos a ponto de que Cristo ocupe completamente todo o nosso ser.
Então não seremos mais como crianças, sempre mudando nossa idéia a respeito daquilo
que cremos porque alguém nos disse uma coisa diferente, ou habilmente nos mentiu, e
fez que a mentira soasse como verdade. Em vez disso, seguiremos com amor a verdade
em todo tempo -- falando com verdade, tratando com verdade, vivendo com verdade --
e assim nos tornaremos cada vez mais, e de todas as maneiras, semelhantes a Cristo,
que é o Cabeça do seu corpo, a igreja. (Efésios 4:12-15 ênfase minha).

Sob sua direção o corpo inteiro se ajusta perfeitamente, e cada um dos membros em sua
25
maneira particular auxilia os outros membros, de tal modo que todo o corpo saudável,
está em crescimento e cheio de amor. (Efésios 4:16).

A cristandade testemunhou o novo propósito de Deus de escrever sua lei nas tábuas do
coração dos homens. Eles viram firmar-se ali a sua soberania, uma única soberania.
Anunciada como o Poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer. Andrew Miller
captura a idéia do poderoso exército cristão avançando sobre pagãos miseráveis com a
única esperança oferecida pelo Evangelho:

Levantar o homem do mais profundo abismo da degradação para a altura mais


grandiosa da glória eterna. Quem pode calcular, apesar de todo preconceito, o efeito da
proclamação de tal Evangelho para miseráveis pagãos? Milhares, milhões, cansados de
uma religião inútil e desgastada responderam à voz divina, reunindo-se em torno do
Nome de Jesus, trazendo alegria ao pouco que restara de seus bens, e prontificando-se a
sofrer por amor a Ele. i[i]

Nosso Senhor e Paulo foram poderosos instrutores, as seguintes passagens nos dão uma
indicação que o Espí rito Santo, que ensinou Paulo, preferia que cada Cristão nas reuniões
apresentasse algo que tinha recebido pessoalmente do Senhor. "Bem, meus irmãos, vamos
fazer um resumo do que eu estou dizendo. Quando vocês se reúnem, alguns cantarão,
outros ensinarão, outro transmitirá alguma informação especial que Deus lhe deu, ou falará
numa lí ngua desconhecida, ou explicará o que está dizendo algum outro que esteja falando
na lí ngua desconhecida; tudo que for feito, porém, precisa ser útil a todos, e edificá-los no
Senhor". (Corí ntios 14:26). Lembrem-se do que Cristo ensinou e que as suas palavras
erniqueçam a vida de vocês e os tornem sábios; ensinem essas palavras uns aos outros e
cantem-nas em em salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com corações
agradecidos. (Colossenses 3:16, ênfase minha).

Então, se um dirigente autoritário dominar a reunião, os demais participantes podem sentir-


se intimidados, podem tornar-se preguiçosos e dependentes desse dirigente em sua nutrição
espiritual. Eles podem sentir-se incapazes e de alguma maneira inaptos a ouvir a voz do
Senhor por eles mesmos. A verdade é que o dom de ouvir o que Deus tem a dizer está
disponí vel a todos. Até mesmo os pregadores e os mestres mais eloquentes tem que
desenvolver seus dons. Essencialmente isso envolve disciplina, um tempo para orar,
meditar na Palavra de Deus e um auditório para o dom se desenvolver.

Leva muitos anos de aprendizado tornar-se um mestre marceneiro. Porém, a


maioria dos cristãos não investe em aprendizado bí blico, preferindo ouvir tudo de
segunda-mão. Como resultado, o processo de aperfeiçoamento do povo de Deus
é abafado. Alguns diriam, "É para isso que pagamos um pastor", e, sem perceber,
eles acabam conhecendo melhor o pastor melhor do que Deus. Um número
grande de cristãos nem mesmo trazem mais suas Bí blias para a igreja. O
aperfeiçoando e o crescimento dos santos tem que incluir o ouvir diretamente de
Deus. Pessoalmente, alegrar-me-ia permanecer literalmente sentado durante
horas ouvindo bons pregadores e mestres da Palavra. Mas não troco meu tempo
diário com o Senhor por isso.

A vantagem é que sou capaz de ouvir diretamente aquilo que Deus tem a me

26
dizer, e isto aumenta minha fé, confiança, obediência e amor por Ele. Andrew
Miller, relata como os pagãos se surpreendiam com a natureza e a organização
dos cristãos:

Em termos gerais como é que os pagãos viam o dia-a-dia da igreja primitiva? A conduta
de cristãos em suas relações terrestres, conforme os relatos bí blicos, foi mais uma razão
para a aceitação do Evangelho entres os pagãos. Exortava-se a cada um permanecer
nestas relações, e nelas buscar glorificar a Deus. As bênçãos derramadas sobre a
cristandade, esposas, crianças, e trabalhadores, é indizí vel. O amor, felicidade, e
conforto daquele povo era algo de surpreendente aos pagãos, e uma coisa nova entre
eles. E tudo ocorria natural e organizadamente. i[ii]

Igreja Caseira: Berç o Natural do Evangelho


Alguns dias depois do Pentecostes já havia cinco mil pessoas que aceitaram o Jesus como
salvador, em Jerusalém. Certamente os anciões de hoje teriam contratado um arquiteto para
rapidamente desenhar um grande edifí cio onde coubesse cinco mil pessoas. Imagine só no
coral que poderí amos ter! o plano de Deus estava distante de construir edifí cios. Afinal de
contas, as conspirações para crucificar Cristo e derramar o sangue dos profetas não vieram
do Templo? Durante três séculos, o corpo de Cristo se encontrava nos lares exceto quando
eclodiu a perseguição quando começaram secretamente a se reunir nos cemitérios,
catacumbas ou freqüentemente alternando o local.

Desde o começo, a cristandade compunha um movimento missionário. Sem Templos


sagrados ou uma classe especial de clérigos, os cristãos primitivos fizeram naturalmente de
suas próprias casas base de operações. A casa constituia a base natural, popular, para
esparramar a mensagem de evangelho. Michael Green, em seu famoso estudo, Evangelismo
na Igreja Primitiva, disse, "Um dos métodos mais importantes de esparramar o evangelho
na antiguidade repousava no das casas". Referindo-se à casa de Aquila e Priscilla, Green
disse, "Casas como aquela devem ter sido sumamente efetivas na expansão evangelistica da
igreja". Robert e Julia Banks, um proeminente casal australiano e lí deres chave no
movimento mundial de igrejas caseiras, enfatiza este mesmo ponto: "Freqüentemente se
esquece que a cristandade que conquistou o Império romano era essencialmente um
movimento doméstico, centrado nas casas". A casa se tornou assim um núcleo para
evangelismo e ensino. Paulo usou a casa como uma base pela qual propagava a Palavra de
Deus. Falando com os anciões de Éfeso, Paulo disse, "Mesmo assim nunca fugi de falar a
verdade a vocês, tanto publicamente como nas suas casas. (Atos 20:20, veja também Atos
28:23).

A Primeira Edificaç ã o Pú blica para Cristã os


Nosso amigo historiador Andrew Miller, nos fala sobre as consequencias que as
novas edificações exerceram sobre as pequenas igrejas:

Em sua maior parte, aquele próspero padrão divino de igrejas caseiras foi abandonado
em algum momento no terceiro século. Aquele aspecto importante da história da Igreja,
que marcou posição no Império romano, é, pela primeira vez, deixado para trás. Foi
durante o reinado do principe Alexander Serverus, que foram erguidos os primeiros
27
edifí cios públicos para as assembléias dos cristãos. Uma pequena circunstância
ralacionada a um pedaço de terra em Roma mostra o verdadeiro espí rito do Imperador,
e o crescente e influente poder dos cristãos. Este pedaço de terra considerado como
terra comum foi escolhido por uma congregação como local para construção de um
edifí cio. A Companhia Victuallers, contudo, reivindicou a posse da terra. O caso foi
julgado pelo Imperador. Ele deu a terra aos cristãos, alegando que seria melhor devotá-
la à obra de Deus do que a um uso profano e desmerecedor.

A partir dai, edifí cios públicos -- denomidados Igrejas Cristãs -- passaram a ser
erguidos em partes diferentes do império, em cima de terras doadas. Os pagãos nunca
tinham podido entender por que os cristãos não possuiam nem templos nem altares. As
assembléias religiosas deles, até ali, tinham sido mantidas no âmbito privado. A casa
privada, as catacumbas, o cemitério de seus mortos, abrigavam suas pací ficas
congregações.

A condição externa da cristandade agora era outra, que coisa infeliz! Não a favor da
saúde e crescimento espirituais. Reconhecia-se, agora, mais uma das várias formas de
adoração garantidas pelo governo, o cristianismo.

As Consequencias do Mundanismo da Igreja


É nesse exato ponto que o estudante da história da Igreja presencia o
manifesto e apavorante nascimento do mundanismo na Igreja. É uma idéia
muito triste, mas deveria ser uma proveitosa lição ao leitor cristão. O que era
até então, é agora e precisa ser. O Espí rito Santo que mora em nós não é hoje
de forma alguma menos sensí vel ao mau cheiro do mundo do que Ele foi até o
terceiro século.

O que o inimigo não pôde fazer por éditos sangrentos e tiranos cruéis, ele realizou pela
amizade do mundo. Este é um velho estratagema de Satanás. A manha da serpente
provou ser mais perigosa que o rugido do leão. Por meio de favores de grandes homens,
e especialmente de imperadores, ele submeteu o clero, conduziu-o a unir mãos com o
mundo, e o enganou pelas lisonjas. Agora, os cristãos poderiam erguer templos como os
pagãos faziam, e os seus bispos eram recebidos na tribuna imperial em igualdade de
condições com os clérigos idólatras. Este relacionamento iní quo com o mundo solapou
as próprias bases do cristianismo deles. Tudo isto se tornou manifestamente doloroso
quando a violenta tormenta de perseguição foi substituí da pela longa calmaria de sua
prosperidade mundana.i[iii]

Agora, em vez dos crentes serem a igreja, o edifí cio se tornou a igreja. O crente ficou
menos importante, o edifí cio ficou mais importante. Afinal, qual o grande motivo que fez
com que aquele poder arrebatador dos cristãos primitivos desse lugar a púlpitos e edifí cios?
O mundo ainda não conseguiu reproduzir outros trezentos anos mais produtivos e que
influenciassem a humanidade tão positivamente.

Nunca podemos esquecer que o estilo de Jesus comunicar-se com as multidões era não
dissertar mas discutir e encorajar perguntas às quais Ele responderia. Ele apresentou a
28
verdade, Ele é a Verdade, a Palavra tornada carne. As respostas dele sempre estavam
corretas. Infelizmente, o estilo dos pastores de hoje não é discussão mas uma conferência
sem oportunidade para a congregação replicar.

Quando Jesus falava, as multidões recebiam a verdade diretamente. Quando o clérigo de


hoje fala, a multidão adquire tudo de segunda-mão. É como mastigar alimento ruminado.
Embora o alimento ruminado possua nutrientes, ele já foi processado por outra pessoa. O
processamento da verdade por alguém, por mais dificuldade que tenha para alcançá-lo
corretamente, ou será influenciado pelos seus pontos de referência limitados, o seminário
sectário que cursou ou as ordens e regulamentos de sua doutrina pessoal. Toda igreja
tradicional possui ordens e regulamentos doutrinais especí ficos que freqüentemente faz
com que a igreja saia dos trilhos divinos, e é isso que continua mantendo o corpo de Cristo
dividido.

O problema cresce na medida em que o método de conferência é constantemente usado na


apresentação do Evangelho. Isso faz com que cada membro decida que parte da conferência
aceitará ou rejeitará, porque ele não tem nenhuma oportunidade para discutir qualquer parte
onde ele tenha alguma dúvida. Se o membro ouve muitas conferências das quais discorda,
ele pode deixar de assisti-las por completo ou possivelmente pode procurar outra igreja.
Isto faz com que muitos pastores ajustem os sermões deles para não perder ninguém. O
evangelho torna-se um evangelho social, algo que pode ser aceito pela maioria. O Senhor
ajuda o pastor que tenta voltar a pregar um evangelho de arrependimento, porque muitos
que chegaram a um acordo com o desejo da igreja agora repousam confortavelmente
debaixo de um evangelho social.

O direito de escolha foi elevado ao ní vel da idolatria em nossa sociedade secular. Nossa
sociedade não se preocupa muito se sua escolha é certa ou errada, mas apenas que você
tenha o direito de escolher. Este í dolo mundano infiltrou a igreja sutilmente e senta no
banco todas as manhãs de domingo esperando fazer suas coisas. Há as pessoas que sentam
nas igrejas hoje com um conhecimento limitado sobre Jesus e a Bí blia. Eles raramente lêem
a Bí blia e dependem do ministro deles para a alimentação espiritual semanal. Porque o
pastor ser um homem (humano), eles acreditam que têm o direito a crí tica daquilo que ele
diz e escolhem aquilo que desejam acreditar. Sem dar qualquer contribuição ao sermão,
quantas vezes sentamos à beira da mesa de jantar no domingo e perguntamos: qual foi
mesmo o assunto do sermão?

Por outro lado, o método de discussão é o formato modelo para a igreja caseira cujas raí zes
de todo o modo remonta aos apóstolos. Tal método proporciona a cada membro a
oportunidade de perguntar ou de responder perguntas ou mesmo dar uma contribuição para
o assunto em pauta. A procura pela verdade não deve ser confiada a um indiví duo. O que é
dito é apoiado imediatamente ou refinado através da Bí blia. É estimulante observar o
Espí rito Santo orquestrar e operar o ensino na medida em que cada um contribui com seus
pontos de vista sobre uma passagem, ou um tema em particular, com todos com suas
Bí blias abertas no colo. O resultado é que a mensagem penetra porque todo o mundo tomou
parte construindo-a. É mesmo humilhante a forma como algumas de nossas velhas
bagagens doutrinais são refinadas pela Igreja. Tal processo é, pois, essencial, preparar a
Noiva para a iminente vinda do Rei.

29
O que Deus tem a ver com o Clero?
Há tempos em que Deus tenta por meios severos nos trazer de volta ao seu caminho. Às
vezes funciona e às vezes não. Andrew Miller escreve a respeito de um incidente que não
alterou a direção do clero.

"Mal iniciada a construção das novas Igrejas, os bispos receberam a sentença de que a
mão do Deus pesava contra eles. Aconteceu assim: Maximiniano um rude camponês de
Trácia, subiu ao trono imperial. Ele fôra o principal mandante, se não o verdadeiro
assassino, de Alexandre. Ele começou seu reinado prendendo e executando todos os
amigos do Imperador prévio. Aqueles que tinham sido amigos de Alexandre, eram tidos
como inimigos. Ele ordenou que os bispos, particularmente os que tinham sido amigos
í ntimos de Alexandre, fossem condenados a morte. Tal vingança se abateu mais ou
menos em todas as classes de cristãos, mas principalmente no clero. Porém, não foi por
causa do cristianismo deles que eles sofreram naquela ocasião, pois Maximiniano era
totalmente indiferente a todas as religiões, mas por causa da posição que eles tinham
alcançado no mundo. O que pode ser mais triste que esta reflexão?".
i[iv]

Conseqü ê ncias do Clero


Não levou muito tempo para as coisas para irem de mal a pior. O clero, acreditando ser eles
eram os únicos que poderiam ter contato com Deus e transmitir sua mensagem, reuniram
todas as Escrituras e mergulharam o mundo na Idade das Trevas. Agora, muitas novas
invenções espirituais poderiam ser usadas para manter as pessoas comuns em escravidão e
servilismo ao clero que estava agora com o completo controle. Uma grande quantidade de
catedrais opulentas foram erigidas, e tinham que inventar um jeito de pagar pelas despesas
de construção. A solução encontrada foi a velhacaria das indulgências. O purgatório se
tornou um lugar onde apenas o dinheiro poderia libertar na viagem para céu. Este plano
envergonha até mesmo os modernos vigaristas. O batismo infantil seguramente mantinha os
paroquianos algemados à igreja. Mais adiante, uma distorção na cerimônia da Sagrada
Comunhão produziu a transubstanciação. Agora apenas a elite do clero poderia ministrar a
hóstia. O papa substituiu Cristo como a autoridade da igreja, e o clero era agora mediador
entre o homem e Deus. Eles tinham tudo, ou pelo menos assim pensaram. A corrupção da
igreja era agora evidente e escandalosa, e Deus não estava adormecido. É desnessário
mencionar aqui todas as libertinagens que a hierarquia da igreja se envolveu. Por uma boa
razão o Senhor quer que a igreja futura perceba o quanto se distanciou dEle e como,
apesar disso, ainda insiste em fazer essas coisas em Seu nome.

O método de correção que Deus usou para aquela igreja é o mesmo que Ele usa hoje;
aqueles que O amam e têm fome de Sua verdade. O Senhor começou a infiltrar o clero com
homens que possuem estes sentimentos. Isto tem custado a vida de muitos deles. Nenhum
pretendeu formar novas denominações, nem buscaram dividir a igreja; em vez disso
desejaram apaixonadamente que a igreja se reformasse interiormente e acabasse com os
abusos onde rasteja gerações após gerações. Levemos um olhar rápido às vidas de alguns
destes grandes homens apresentados que o Christian History Institute nos apresenta.

30
John Wycliffe: As Primí cias da Reforma (1330-1384)
Se você vivesse no tempo de Wycliffe, teria encontrado muitas das mesmas incertezas e
pressões que enfrentamos em nossos dias de Cismas, e de troca de padrões de vida. A
"Peste Negra" varreu a Inglaterra e a Europa, e em alguns lugares ceifou um terço da
população. O que ficou conhecido como a "Guerra dos 100 Anos" entre a Inglaterra e a
França solapou muita energia e recursos. O arrocho salarial relegou os pobres a uma
existência marginal conduzindo-os à violenta Revolta do Camponeses na Inglaterra em
1381.

Wycliffe tinha uma profundo amor para com as pessoas pobres e o povo simples e
levantou-se contra os abusos da igreja. A igreja possuiu mais da terça parte das terras na
Inglaterra. O clero era freqüentemente analfabeto e imoral. Os altos cargos da igreja eram
comprados ou distribuí dos em negociatas polí ticas. Os problemas se aprofundaram cada
vez mais. Wycliffe, um estudante dedicado da Bí blia, viu que algumas das doutrinas da
igreja careciam de bases bí blicas. Baseado no estudo que fez da Bí blia, escreveu e pregou
contra os ensinos sobre o purgatório, venda de indulgências e a doutrina da
transubstanciação.

Foi o suficiente. Até mesmo seus amigos polí ticos altamente colocados o abandonaram. As
autoridades da igreja cassaram seu tí tulo de professor na universidade de Oxford. Mas seu
exí lio reverteu em um tipo de libertação. Alguns de seus alunos se juntaram a ele na igreja
paroquiana de Lutterworth. Lá eles empreenderam a monumental tarefa de traduzir toda a
Bí blia para o inglês a partir de um manuscrito latino de mais de 1000 anos. Eles
continuaram o costume de Wycliffe de treinar os "pastores pobres", conhecido como
Lollards, que levavam a Palavra para as pessoas comuns.

Pense por um momento o que significaria para você se não pudesse possuir uma Bí blia ou
se a Bí blia nem mesmo estivesse disponí vel em seu idioma. Se você fosse ensinado que a
Bí blia era apenas para funcionários autorizados da igreja estudar e interpretar? Esse foi
exatamente o caso na Inglaterra de Wycliffe.

Assim, nada era mais importante para ele que introduzir a Bí blia e sua mensagem no
idioma e corações das pessoas. Ele sabia que a Bí blia mudaria vidas. Como ele mesmo
disse: "A palavra de Deus dará vida nova aos homens". O poder maravilhoso da Divina
Semente que domina homens de braços fortes, que amolece corações duros, e que os renova
e os transforma em homens divinos, homens outrora brutalizados pelo pecado, e
infinitamente distantes de Deus. Obviamente tal poder milagroso nunca poderia ser operado
pela obra de um pastor se o Espí rito da Vida e a Palavra Eterna, mais do que qualquer outra
coisa, não estivesse disponí vel para auxiliá-lo.

Wycliffe foi condenado pela igreja e executado na Véspera do Ano Novo em 1384. Mas a
sua memória e influência continuaram tão fortes que ele foi mais uma vez formalmente
condenado trinta anos depois no Conselho de Constance. Ordenaram que seus escritos
fossem destruí dos, seus ossos exumados e queimados, e suas cinzas lançadas em um rio
próximo. De alguma maneira as autoridades de Igreja pensavam que queimando seus restos
poderiam apagar a memória dele.

31
Mas nem sequer tais ações bizarras e extremas não puderam impedir a fome pela Palavra de
Deus e pela verdade que Wycliffe se comprometeu defender.

John Hus: Fé Até a Morte (1374-1415)


John nasceu em 1374 de uma famí lia humilde. Ele foi ordenado como um sacerdote em
1401 e dedicou grande parte de sua carreira ensinando na Charles University em Praga,
Boêmia. Ele também era o sacerdote na Capela de Belém em Praga. (Não deixe a palavra
"capela" o enganar. Três mil pessoas se espremiam para ouvir os sermões dele.)

Os escritos reformistas de John Wycliffe se espalharam pela Boêmia. Estudando-os ainda


no prelo, Hus copiou os livros de Wycliffe para seu próprio uso. Como Wycliffe, Hus dava
ênfase à devoção pessoal e à pureza de vida. Ele também deu ênfase ao papel da Bí blia
como autoridade na Igreja, e por conseguinte, elevou a pregação bí blica a um estatus
importante nos serviços da igreja.

A Capela de Belém era uma ilustração tangí vel dos ensinos de Hus. Em suas paredes
estavam pinturas que contrastam o comportamento dos papas e de Cristo. Por exemplo, o
papa aparecia montado em um cavalo enquanto Cristo caminhava descalço, Jesus lavava os
pés dos discí pulos enquanto o papa oferecia seus pés para serem beijados. Muitos clérigos
ficavam incomodados o questionamento da vida que levavam. Mas Hus era popular entre as
massas e com uma parcela da aristocracia, inclusive a rainha.

O arcebispo de Praga proibiu Hus de pregar e pediu à universidade que queimasse os


escritos por Wycliffe. Hus recusou concordar, e o arcebispo o condenou. Enquanto isso,
Hus pregava contra a venda de indulgências que estavam sendo usadas para financiar a
expedição do papa contra o rei de Nápoles. O papa excomungou Hus e colocou Praga em
interdição, o que a grosso modo significava a excomunhão de toda a cidade, que ficou
impedida de receber os sacramentos. Para aliviar a situação, Hus deixou Praga, mas
continuou pregando em várias igrejas e ao ar livre. E, como Jesus, "as pessoas comuns o
ouviam com alegria".

Por que a hierarquia era tão oposta a Hus? Ele não apenas frequentemente denunciava
estilos imorais e extravagantes da vida do clero (inclusive do papa), como também fez a
afirmativa corajosa que apenas Cristo é a cabeça da Igreja. Em seu livro On the Church ele
defendeu a autoridade do clero mas reivindicou que apenas Deus pode perdoar pecados. Ele
também reivindicou que nenhum papa ou bispo poderia estabelecer doutrina contrária à
Bí blia, nem qualquer verdadeiro cristão poderia obedecer à ordem de um clérigo que
estivesse claramente errado.

Hus ficou em maus lençois por causa de tais ensinos. Em 1415 ele foi chamado ao
Conselho de Constance para defender aquilo que ensinava. O Conselho condenou os
ensinos de Wycliff, e Hus foi condenado por apoiá-los.

Hus, doente e fisicamente abalado pela longa prisão, doença e insonia, declarou inocência e
recusou renunciar os erros que lhe eram atribuidos a menos que provassem para ele que
eram contrários à Bí blia. Ele disse ao conselho, "eu não vou para uma capela cheia de ouro,
recuando da verdade .
32
A caminho do lugar de execução, ele passou por um cemitério e viu uma fogueira dos seus
livros. Ele riu e disse para os espectadores que não acreditassem nas mentiras a que diziam
a seu respeito. Chegando ao lugar de execução, o mestre de cerimônias do império pediu-
lhe para que se retratasse de seus pontos de vista. Hus respondeu, "Deus é minha
testemunha que a prova contra mim é falsa. Eu nunca pensei nem preguei com outra
intenção que não fosse, na medida do possí vel, convencer os homens dos pecados deles.
Hoje eu morrerei alegremente". O fogo foi aceso. Enquanto as chamas o engolfavam, Hus
começou a cantar em latim um cântico Cristão: "Cristo, Tu o Filho do Deus Vivo, tenha
clemência de mim".

Martin Luther: A Grande Reforma (1483-1546)


Se você trabalha na copa ou distribui correspondências, trata-se de uma atividade
divinamente designada, tão sagrada quanto a de qualquer pastor ou auxiliar da igreja.
Mesmo que freqüente a igreja todos os domingos, que dê a maior parte de sua renda aos
pobres, que leia sua Bí blia, que ore diariamente, e mesmo que você viva uma rigorosa vida
moral, isto não é uma garantia de que é aceito por Deus, nem significa que tem uma
passagem de ida para o céu. Que só vem enquanto dádiva gratuita de Deus, aparte de toda
sua dedicação religiosa.

Tais coisas foram proclamadas por Martin Luther em um tempo quando a igreja exercia um
controle amedrontador sobre as vidas e consciências das pessoas comuns. Estes ensinos
mudaram o mundo.

Luther não pretendia tornar-se um lí der de classe mundial. Ele queria seguir a carreira de
advogado. Esses planos foram alterados no dia 2 de julho de 1505 quando o então
promissor estudante universitário de 22 anos foi surpreendido por um violento temporal .
Quase atingido por um raio, lançado ao chão e temendo por sua vida, ele fez uma promessa
a Santa Ana que, se ela o salvasse, ele se tornaria um monge.

Para cumprir sua promessa Luther dedicou-se a vida monástica com uma intensidade que
em muito superava o estritamente necessário. Ele abordava seus superiores com com
excessivas e intermináveis confissões. "Eu mantive os regulamentos de minha ordem tão
estritamente que posso dizer que se algum monge pudesse ir para o céu por causa de sua
dedicação esse monge seria eu. Todos meus irmãos no monastério que me conheceram
poderão confirmar isso. Se permanecesse ali por mais tempo, eu morreria em meio a
vigí lias, orações, leituras e outros trabalhos." Mas nem mesmo estes esforços sobre-
humanos não trouxeram paz à sua alma atormentada. Quando ele ministrou sua primeira
missa, ele viu-se "totalmente estupefacto e tomado pelo terror" com sua postura diante do
Deus todo-poderoso.

Seu confessor e superior, Dr. Johann Staupitz, afiançou-lhe um tí tulo em história da igreja e
recomendou-lhe como professor da Bí blia a Wittenberg. Pelos estudos laboriosos que fazia
da Bí blia, Luther descobriu que mais religião jamais o libertaria do sentimento de culpa que
o consumia, e que aquele Deus que ele tanto temia não era o mesmo Deus revelado por
Cristo. Ao ler a Carta aos Romanos (1:17), outro raio cruzou o caminho dele: "Noite e dia
33
eu ponderei até que eu vi a conexão entre a justiça de Deus e a declaração de que "o justo
viverá pela fé". Então eu compreendi que a justiça de Deus é aquela retidão pela qual, por
pura graça e completa clemência, Deus nos justifica pela fé. Logo após tive a sensação de
renascimento e de entrar pelas portas do paraí so que se abriam para mim. Todo a Bí blia
assumiu um significado novo, e considerando aquela 'justiça de Deus' que antes me enchia
de ódio, agora tornara-se para mim a inesprimí vel doçura de um grande amor. Esta
passagem de Paulo tornou-se para mim um portão aberto para o céu.

Luther também era pastor na igreja da cidade de Wittenberg e começou a pregar aquela
nova fé para sua congregação. Mas ao mesmo tempo o representante do Papa Leo X, um
monge chamado João Tetzel, estava vendendo indulgências para arrecadar dinheiro para
financiar a construção da Catedral de São Pedro em Roma. As Indulgências eram cartas que
garantiam o perdão dos pecados.

Luther encarou isso como uma perversão do Evangelho. Ele escreveu 95 teses em Latin e
pregou-as na porta da igreja do castelo e convidou os estudantes para debater a questão das
indulgências. O prelo tinha sido inventado recentemente e as teses de Luther estavam
impressas. Durante várias semanas várias cópias foram distribuidas estimulando o debate
por toda a Europa.

Tido como herege, foi excomungado, banido e condenado pelo imperador Charles V. Na
iminencia de ser preso ou morto, foi seqüestrado e protegido por Frederick, Duque da
Saxônia.

Ele dedicou toda sua energia aos estudos, enquanto escrevia e traduzia o Novo Testamento
Novo em um alemão que todo mundo pudesse entender. Depois ele voltou a Wittenberg
para lidar com as crises, enquanto suas idéias e escritas se esparramavam pela Europa como
a água de uma represa estourada. A Reforma tornou-se inevitável.

Anabatistas: Reforma Radical (1525-presente)


O Anabatistas (ou "rebatizados"), um dos vários grupos menores na história da igreja que
suportou um sofrimento indizí vel para estabelecer e manter o testemunho deles, vieram à
tona durante a reforma de Zwinglio em Zurich em algum momento entre 1523 e 1527.
Alguns deles sentiam que a reforma de Zwinglio era parcial e lenta. Era necessário ir mais
longe do que simplesmente reformar uma igreja infiel e corrupta, eles queriam um retorno à
Igreja do Novo Testamento.

Dois assuntos são importantes aqui. Primeiro, eles pensavam que reformadores como
Luther e Zwinglio ainda eram cativos do matrimônio polí tico entre a Igreja e o Estado. Os
Anabatistas insistiam que a Igreja fosse separada, auto-gerida, e sem qualquer ví nculo com
o Estado. Isto soa bastante sadio e aceitável em nossos dias, entretanto, provocou uma
explosão amedrontadora. Ao longo da história até ali, religião e governo tinham
permanecido juntos.

Segundo, aqueles crentes não havia nada sobre batismo infantil na Bí blia, assim eles
concluí ram que tratava-se de mais uma invenção daquela Igreja corrupta, e então ilegí timo.
Por toda parte seriam novamente batizados como crentes, formando uma igreja composta
34
apenas por convertidos.

Um dos primeiros lí deres anabatistas foi Michael Sattler. Nascido por volta de 1490 no
sudoeste da Alemanha, Sattler tornara-se monge no monastério de São Pedro em Black
Forest, onde levantou-se em oposição a Prior, a maior autoridade depois do Abade.
Desiludido pela corrupção que via na vida da igreja, perplexo em seus estudos bí blicos e
mobido pelas horrí veis condições de vida dos camponêses, Sattler deixou o monastério. Ele
era um homem em árdua procura pela verdade. Sattler assumiu deveres pastorais em Horb,
uma área sob o controle austrí aco por Ferdinando, um católico agressivo perseguidor de
hereges assumidos. Michael, sua esposa e outros foram presos e permaneceram detidos
durante quase doze semanas. Durante seu julgamento sustentou uma serena, razoavel e
brilhante defesa dos seus fervorosos companheiros anabatistas, apesar disso não conseguiu
retirar as acusações movidas por seus acusadores. Condenado a morte, ele escreveu à sua
congregação. "Diante de tais perigos eu me rendo completamente à vontade de Deus e
estou, juntamente com todos meus irmãos, irmãs, esposa, preparado para testemunhar por
Ele até mesmo diante da morte". No dia 20 de maio de 1527, amputaram-lhe a lingua, ele
foi torturado, e então queimado vivo. Enquanto as chamas o consumiam, ele apontou seus
dedos indicadores para cima, como um sinal dirigido aos crentes da mesma categoria dele,
significando que Deus daria a força para sustentar o crente até o fim. Alguns dias depois,
após recusar uma oportunidade final para se retratar, Margaretha teve o mesmo destino que
seu marido e foi morta por afogamento.

O Sattlers foram apenas dois dos inúmeros Anabatistas que permaneceram fiéis até a morte.
As histórias deles vão marcar as próximas gerações de anabatistas sobre como eles foram
desprezados, exilados, ridicularizados, e perseguidos por governos tanto católicos como
protestantes.

Os descendentes dos anabatistas podem ser encontrados hoje nas


comunidades Menonitas, Amish, Huteritas, Brethren in Christ, e outros grupos.

Muitos Sã o Chamados mas Poucos Sã o Escolhidos


Este é o sentido da revelação, foi necessário uma grande coragem por parte daqueles
homens tanto para ver a verdade que não viam antes, como para agir de acordo com ela,
mesmo que isso significasse a perda de suas próprias vidas. Eles trabalharam duro na
oração e no estudo e buscaram respostas de Deus no que dizia respeito a todos os
problemas envolvendo o testemunho do Reino de Deus. Os corações deles, como os
campos de uma fazenda pela primavera, tornara-se fértil e pronto para receber a semente de
Deus de uma nova compreensão. Sua paixão era uma profunda fome pela verdade. Como
isto acontece a alguns e não a outros? E por que vemos a verdade vir a alguns, que em
seguida constroem paredes ao redor de si tornando-se incapazes de aceitar verdades
futuras? Um bom lugar para começar a responder estas perguntas poderia ser o exemplo de
Israel no deserto. Deus chamou toda uma nação para trazer a luz de Deus a um mundo em
trevas. Com o passar do tempo, por causa das escolhas que fizeram e da conduta deles
diante de Deus, eles foram rejeitados e apenas os filhos deles foram escolhidas para entrar
na Terra da Promessa.

De vez em quando em minha pequena empresa, eu tenho que contratar pessoas com

35
habilidades especiais. Ponho um anúncio no jornal e faço uma chamada geral àqueles que
gostariam de ser entrevistados para o cargo. Nós normalmente juntamos algo em torno de
cinqüenta candidatos. Depois das entrevistas, chamamos apenas aqueles que julgamos
qualificados para a posição. Depois de uma ou duas entrevistas, é feita uma seleção final.
Muitos são chamados mas poucos são escolhidos. Só alguns tinham desenvolvido aquelas
habilidades que eu preciso. Assim essencialmente eu escolhi apenas os pré-qualificados.

Minha esposa e eu convidamos algumas pessoas para a igreja que se encontra em nossa
casa. Pouco a pouco elas vieram, depois de ter ouvido e indagado sobre a igreja. Plantamos
a semente deste grande movimento do Espí rito Santo e estamos atentos aos seus
desdobramentos. Esses que vêm variam em seus compromissos com o Senhor. Alguns vêm
apenas uma vez, outros ficam por mais algum tempo, e eu perguntei honestamente para
Senhor, Por que as pessoas não querem Seu melhor, Sua igreja projetada? eu acredito que
Deus respondeu minha pergunta. Eu escuto todas suas desculpas para não continuar, e uma
coisa sempre se destaca. É a escolha pessoal delas que acabam tendendo para qualquer
outro lado e não para onde o Senhor os conduz. Eu os ouço partirem dizendo, eu quero ,
eu preciso , eu gosto , ou coisas parecidas. A verdade é alguns cristãos desenvolvem um
chão fértil no coração deles para desejar e receber as coisas que vem de Deus e alguns
simplesmente não o fazem. A responsabilidade de ter um chão fértil em nossos corações
para receber e entender as verdades da Palavra de Deus repousa inteiramente no indiví duo.
Não há nenhum mistério nisso. O Senhor não está sentado lá em cima no ceu escolhendo ou
deixando de escolher injustamente alguns para ter um passeio í ntimo com Ele. Depois de
três anos de ministério na terra, morte e ressurreição, havia apenas 120 crentes para receber
o Espí rito Santo prometido. Diante de todo o esforço pessoal de Jesus trata-se de um
número notavelmente pequeno de convertidos para acompanha-lo em sua Nova Convenção.
Se houvesse algum mistério nisso, estou seguro que Jesus teria escolhido muito mais
pessoas para tomar parte no Pentecostes, se pretendesse apenas apresentar uma boa imagem
para você e para mim.

Um bom exemplo a respeito disso pode ser encontrado na longa discussão que Jesus teve
com muitos discí pulos sobre Ele ser o pão de vida.

Nesse ponto, muitos dos seus seguidores voltaram atrás e O abandonaram. Então Jesus
voltou-Se para os Doze e perguntou: "Vocês também vão embora?" Simão Pedro
respondeu: "Mestre, para quem iremos nós? Só o Senhor tem as palavras que dão a vida
eterna, e nós cremos nessas palavras e sabemos que o Senhor é o santo Filho de Deus".
(João 6:66-69).

Os discí pulos que o abandonaram estavam escorados em suas velhas tradições da Velha
Convenção. Seus corações careciam de um terreno fértil para esperar e compreender mais
de Jesus. Embora Simão Pedro não tivesse uma plena compreensão daquilo que Jesus
ensinava, ele reconheceu diante dos doze que eles não partiriam porque não havia para
onde ir. Suas velhas tradições já não mais os atraiam para longe de Cristo e de Suas eternas
palavras de vida.

Como o Cristo nos revela uma melhor compreensão sobre sua Igreja nos últimos dias, qual
deve ser nossa atitude diante desta revelação?

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CAPÍ TULO CINCO

A IGREJA CASEIRA NO
NOVO TESTAMEMENTO

Deus Rejeita e Substitui Seu Conceito Original de Templo

Muitos dos crentes judeus em Jerusalem estavam desesperadamente mergulhados em um


emaranhado de Leis e de tradições humanas. Por causa da poderosa presença do templo,
eles tinham grande dificuldade em abraçar aquela liberdade recentemente encontrada e a
graça que veio por intermédio da cruz. Afinal de contas, o templo era magní fico com todo
seu ouro, majestade e história. Estava ligado ao tabernáculo no deserto e às muitas
visitações de Deus. Porém, era um monumento do passado, pois Deus há mais de
quatrocentos anos não falava com seu povo através dele. Não obstante, o poder da tradição
representava um obstáculo no formidável caminho do plano do Deus para o futuro. Então,
Deus escolheu mover o centro de sua nova igreja de Jerusalém para a Antioquia:

Enquanto isso, os crentes que fugiam de Jerusalém durante a perseguição


depois da morte de Estêvão viajaram até a Fení cia, Chipre e Antioquia,
espalhando a Boa Nova, mas só aos judeus. Entretanto, alguns dos crentes,
que foram de Chipre e de Cirene para Antioquia, apresentaram também a
alguns gregos a sua mensagem a respeito do Senhor Jesus. E o Senhor
favoreceu este trabalho, de modo que um grande número destes não-judeus
se tornaram crentes.

Quando a igreja de Jerusalém soube o que tinha acontecido, mandaram


Barnabé a Antioquia. Ao chegar e ver as maravilhosas coisas que Deus estava
fazendo, ele ficou cheio de entusiasmo e de alegria, e animava os crentes a
continuar firmes no Senhor. Barnabé era uma pessoa bem agradável, cheia do
Espí rito Santo, e muito forte na fé. Como resultado, grande número de pessoas
uniu-se ao Senhor.

Então Barnabé foi a Tarso em busca de Saulo. Quando o encontrou, levou o


amigo na volta para Antioquia; os dois ficaram lá um ano inteiro, ensinando a
grande número de novos convertidos. (Foi ali em Antioquia que os crentes
foram chamados 'cristãos' pela primeira vez).
(Atos 11:19-26).

A Igreja de Antioquia tornou-se um exemplo que Paulo usou muitas vezes em suas viagens
missionárias. O Espí rito Santo não teve que contender com tradições humanas por ali. Ele
encontrou as portas abertas para desenvolver a igreja de Antioquia da forma que achasse
37
adequado. A igreja de Antioquia foi um exemplo para Paulo, e a igreja moderna deveria
tomá-la como modelo.

Como podemos ver, especialmente na vida de Paulo, o judaí smo foi o primeiro grande
inimigo de cristianismo. Desde sua infância, o cristianismo teve que enfrentar os fortes
preconceitos da fé judaica e a amarga malí cia dos judeus descrentes. Em sua região nativa e
onde quer que fosse, a igreja foi obstada por este inimigo inflexí vel. Depois da morte dos
apóstolos, a igreja sofreu grandemente com as pressões judaicas. Como resultado de tudo
isso a congregação romana sucumbiu remodelando o cristianismo ao primitivo sistema
judaico. Em Roma foi posto «vinho novo» em um «velho vaso» com todas as tradições
visí veis de adoração do passado.

Deus Rejeita o Sacrifí cio Animal e o Templo


A continuação da prática dos judeus em derramar o sangue de cordeiros para a redenção
depois do Filho de Deus ter vertido sangue no Calvário significou a absoluta rejeição da
redenção perfeita de Deus. Embora prevista a crucifixão de Jesus e sua missão de Salvador
do mundo, isso afligiu os responsáveis. O Pai ficou tão bravo e ofendido com a rejeição,
perseguição e crucificação do Filho dele pelos lí deres religiosos em Jerusalém que Ele
marcou a destruição do templo para 72 D.C.. Os judeus interromperam sua prática de
sacrifí cios de animais desde aquele dia.

Nosso Pai preparou o caminho para a Maturidade da Igreja, mas Israel rejeitou o Messias
e, por conseguinte, todas suas próprias esperanças e promessas se perderam. A cena de
abertura de Mateus 24 é muito significativa. Jesus estava deixando a área do Templo.
Estava agora realmente vazio, à vista de Deus. Todo aquele valor que lhe fora atribuido era
coisa do passado. Dalí para a frente seria desolação. O Templo estava agora maduro para a
destruição.

«Quando Jesus estava deixando a área do templo, seus discí pulos vieram e queriam
levá-lO para dar uma volta pelas construções do próprio templo. Porém Ele lhes disse:
'Todos estes edifí cios serão derrubados, e não será deixada nenhuma pedra em cima de
pedra'». (Mateus 24:1-2).

Podemos sentir como se estivéssemos no cinema assistindo aqueles momentos terrí veis
antes, durante e depois da destruição do templo e de Jerusalém, como Andrew Miller revela
em detalhes:

«Depois dos romanos experimentarem muitas decepções e fracassos tentando


romper o muro, e pela desesperada resistência dos judeus insurgentes, havia
pouca esperança de tomar a cidade, Titus chamou um conselho de guerra.
Foram discutidos três planos: atacar violenta e imediatamente a cidade;
reorganizar as oficinas e reconstruir as máquinas; ou cercar e bloquear a
cidade para que se rendesse pela fome. O último foi preferido, e todo exército
'entrincheirou-se' ao redor da cidade. Mas o assédio foi longo e difí cil. Durou da
primavera até setembro. E durante todo aquele tempo, uma penúria sem
paralelo se abateu sobre os sitiantes. Mas afinal o fim veio, e tanto a cidade
como o templo cairam na mão dos romanos. Titus estava ansioso por
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apoderar-se do magní fico templo e seus tesouros. Mas, contrariando suas
ordens, um soldado, montado nos ombros de um dos camaradas dele, lançou
um tição ardente em uma pequena porta dourada na parte externa na entrada
do edifí cio. As chamas se alastraram. Titus, observando isto, dirigiu-se
rapidamente ao local; ele gritou, fez sinais aos soldados para que apagassem
o fogo; mas a voz dele foi abafada, e os sinais dele não foram notados em
meio à confusão e ao medo. O esplendor do interior o encheu de maravilha. As
chamas ainda não haviam alcançado o ponto mais alto. Titus surpreendido
com a grandeza que se descontinava diante dele, disse 'aqui não será partida
sequer uma pedra; isso não virá abaixo'. A Palavra de Deus, não o comando
de Titus, cumpriu-se. Tudo veio completamente abaixo, tudo foi arrazado
desde as estruturas, de acordo com a Palavra de Deus».

«Graças a Josephus sabemos quase todos os detalhes do terrí vel assédio de Jerusalém
pelos romanos, porque ele estava no acampamento romano e perto de Titus, o general
romano, na ocasião. Ele atuou como intérprete quando foram discutidas as condições
de rendição entre Titus e os judeus. Os muros e baluartes de Sião pareciam
inconquistáveis aos romanos, e ele estava ansioso pelos termos de paz; mas os judeus
rejeitaram toda proposta, e os romanos acabaram triunfando. Ao entrar na cidade,
Josephus nos fala, Titus ficou perpexo com a maravilha da grandeza de Jerusalém; ao
contemplar as grandes e sólidas torres, a magnitude das várias pedras, a precisão de
suas ligações, viu quão grande era sua amplitude, quão vasta sua magnificência.
Seguramente, ele exclamou, nós lutamos com Deus do nosso lado; foi Deus que
derrubou os judeus destes baluartes; em que poderiam ajudar mãos humanas ou
máquinas contra estas torres?»

Tais foram as confissões de Titus, o general pagão. Este foi certamente o assédio mais
terrí vel em toda a história dos registros mundiais.

O número de pessoas que pereceram sob Vespasiano, no domí nio romano, e sob Titus
na cidade, no perí odo entre 67-70 D.C., por escassez, facções internas e pela espada
romana, foi de 1,3 milhões, fora os 100.000 vendidos como escravos. Tais foram as
terrí veis conseqüências da descrença e da desconsideração às solicitações solenes,
sérias e afetuosas de seu próprio Messias. É necessário falar sobre as lágrimas do
Redentor, derramadas por causa de Jerusalém?i[i]

Deus dissera aos cristãos de Jerusalém em uma revelação para que saissem da cidade antes
da guerra. Eles foram para a deserta Peraea, uma cidade que deram o nome de Pella. Após
aqueles crentes cristãos deixarem Jerusalém, abandonando a cidade real dos judeus e a terra
da Judéia, Deus destruiu toda aquela geração de pessoas más, como resposta aos seus atos
de violência ao Cristo e aos seus apóstolos.

A Reuniã o dos Crentes


Naqueles primeiros dias, os cristãos não foram conduzidos por Deus para erigirem uma
casa para seu Deus, que era o costume de outras religiões. Eu chamo este costume de
sí ndrome do templo , que eventualmente foi abraçado pelo cristianismo, e que contribuiu
para sua tremenda diluição. Deus o Pai antigamente habitava no Santo dos Santos, e Sua

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Glória confirmava Sua presença. À morte de Cristo foi rasgado o véu no templo, um sinal
de que a presença de Deus não mais estava ali.

Jesus falou aos seus discí pulos que depois do dia de Pentecostes, eles seriam preenchidos
pelo Espí rito Santo, e Ele estaria neles. A carne e o sangue de seus discí pulos se tornaram o
templo do Espí rito Santo. Eles devem ter argumentado assim, «por que precisamos
construir um templo fí sico se nós já somos o templo?». Especialmente quando Deus não os
encorajou a construir tal templo fí sico. Eu acredito entretanto que havia uma razão ainda
mais significante que foi suficientemente poderosa para impedir a igreja primitiva de
construir templos durante três séculos. Por detrás das portas fechadas do templo não veio
apenas a conspiração, mas também a manipulação do Dirigente para crucificar o Cristo
inocente, a guarda de Sua tumba e a mentira sobre Sua ressurreição. Para os apóstolos e
novos convertidos o templo constituia um quadro de pomposa decepção, um antro de
corações perversos e de mentes maldosas. O martí rio de Estevão selou esta imagem em
suas mentes e eles nunca mais retornaram ao templo em Jerusalém. «Será que vocês não
aprenderam ainda que seu corpo é a morada do Espí rito Santo que Deus lhes deu, e que
Ele vive dentro de vocês? Seu próprio corpo não lhes pertence. Porque Deus comprou
vocês por um preço elevado. Portanto, usem todas as partes do seu corpo para render
glória a Deus, porque o corpo Lhe pertence». (1 Corí ntios 6:19-20).

Quando os cristãos primitivos se reuniam para ouvir o evangelho ou as cartas dos


apóstolos, para orar e desfrutar a ceia do Senhor que incluia a comunhão, eles se
encontravam em casas particulares. Algumas destas casas são mencionados no Novo
Testamento. Por exemplo, havia a casa de Gaio que era grande o bastante para dar boas-
vindas a toda comunidade de Corinto. «Gaio pede que eu os saúde por ele. Sou seu
hóspede, e a igreja se reúne aqui em sua casa». (Romanos 16:23). A casa de Áquila e
Priscilla; «As igrejas aqui da Ásia enviam saudações afetuosas a vocês. Áquila e Priscila
lhes enviam sua estima, bem como todos os outros que se reúnem na casa deles para o
culto». (1 corí ntios 16:19). Em Troas Paulo estava falando no quarto superior de uma casa.
«O cômodo do andar superior onde estávamos reunidos achava-se iluminado com muitas
lâmpadas». (Atos 20:8). As catacumbas, o local de sepultamenteo dos judeus e cristãos,
também eram usado como local de reunião. Até mesmo em tempos de perseguição, os
cristãos sempre sabiam onde se encontrar, tanto pública como secretamente.

A Primeira Igreja Caseira Gentí lica


Tenho que destacar a igreja que se encontrou na casa de Cornélio. Ele era um centurião,
tanto ele como todos da sua famí lia eram devotos e tementes a Deus. Ele dava
generosamente aos necessitados e orava regularmente ao Deus dos judeus. Cornelius estava
esperando Pedro e tinha chamado parentes e amigos í ntimos para a reunião. Quando Pedro
entrou na casa, Cornélio o conheceu. Este evento é verdadeiramente histórico. É o
nascimento da igreja gentí lica. Este é realmente nosso começo e Deus o Pai toca a todos no
décimo capí tulo de Atos e no verso 18 do décimo primeiro capí tulo para contar essa
história para o mundo. Eu aconselharia tomar alguns minutos agora para ler essa história
em sua Bí blia.

Por alguma razão a cristandade não celebra o significado dessa ocasião. Eu acredito que
deverí amos celebrar este aniversário todos os anos com um drama que incluiria Cornélio, o

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apóstolo Pedro, as visões que tiveram, a obediência de Pedro e os resultados. Também
deveria incluir o esforço profundo de Pedro para convencer os crentes de Jerusalém que o
criticaram. Foi o dia em que todas as profecias se consumaram, e o gentios foram
enxertados no pacto de Abraão. Foi o dia que Deus planejou, deixando todo o gênero
humano conhecer Seu amor, como registrado em João 3:16-18:

Porque Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo aquele que
crer nEle não pereça, mas tenha a vida eterna. Deus não enviou o Filho dEle para
condenar o mundo, mas para salvá-lo. Não há condenação eterna reservada para
aqueles que confiam nEle como Salvador. Mas aqueles que não confiam nEle já foram
julgados e condenados por não crerem no Filho único de Deus.

Aqueles que realmente perderam foram os velhos lavradores da parábola. Jesus voltou-se
outra vez para o povo e contou-lhes esta história:

«Um homem plantou uma vinha, arrendou-a a uns lavradores, e foi embora para uma
terra distante, a fim de morar ali alguns anos. Quando chegou a época da colheita, ele
mandou um dos seus homens à propriedade para receber a sua parte das colheitas.
Mas os lavradores bateram nele e o mandaram de volta com as mãos vazias. Então ele
mandou um outro, mas aconteceu a mesma coisa; foi espancado, ofendido, e mandado
embora sem receber nada. Foi mandado um terceiro homem e aconteceu a mesma
coisa. Este, também foi ferido e expulso de lá. 'Que vou fazer?' perguntava o dono a si
mesmo. 'Já sei! Enviarei o meu filho querido. Certamente eles mostrarão respeito por
ele'. Mas quando os lavradores viaram o filho, disseram: 'Esta é a nossa hora! Este
rapaz herdará toda a terra quando o pai morrer. Vamos! Vamos matá-lo, e assim tudo
será nosso'. Então eles arrastaram o rapaz para fora da vinha e o mataram. 'Que
acham vocês que o dono da vinha fará? Eu lhes direi -- ele virá e os matará, e dará a
vinha para outros'. 'Mas eles nunca fariam uma coisa dessas', disseram os ouvintes.
Jesus olhou bem para eles e disse: "Então que significa a Escritura que diz: 'A Pedra
que os construtores não quiseram foi posta como pedra principal'?". E Ele
acrescentou: 'Qualquer que topeçar nessa Pedra, será despedaçado; e aqueles sobre
quem ela cair, serão transformados em pó". Quando os sacerdotes principais e os
lí deres religiosos ouviram falar dessa história que ele havia contado, quiseram prendê-
lO imediatamente, porque entenderam que era deles que estava falando. Eles eram os
maus lavradores. Porém tiveram medo de que houvesse uma revolta do povo se O
prendessem. (Lucas 20:9-19, êmfase minha).

A questão que se coloca hoje é: o que os novos lavradores estão fazendo 17 séculos depois?
No capí tulo 7 daremos uma olhada na igreja em nossos dias.

Voluntá rios ou Profissionais Pagos?


Um dia, presenciei uma breve conversação entre dois pastores. Um pastor disse, «Você
sabia que não havia nenhum dí zimo na Igreja Primitiva?». O outro pastor respondeu:
«Fique quieto antes que alguém o escute». Eu não consegui assimilar o que tinha ouvido.
Eu não queria «roubar» e continuei dizimando, mas eu decidi dar uma olhada nas Escrituras
e na tradição para ver se o pastor tinha razão. O que eu achei estou seguro que você nunca
ouviu durante a mensagem anual de seu pastor sobre o dí zimo.
41
De acordo com Jesus e Paulo encontramos:

«Curem os doentes, ressuscitem os mortos, curem os leprosos e expulsem os demônios.


Dêem tão liberalmente como vocês receberam!» (Mateus 10:8, ênfase minha).

«Nesse caso, qual o meu pagamento? É a alegria especial que eu obtenho ao pregar as
Boas Novas sem despesas para ninguém, e nunca exigindo os meus direitos». (1
Corí ntios 9:18, ênfase minha).

«Só aqueles que, como nós mesmos, são homens verdadeiros, enviados por Deus,
falando com o poder de Cristo, e com o olhar divino sobre nós. Porque não somos como
aqueles mascates -- e há muitos desses -- cujo propósito em espalhar o Evangelho é
conseguir com isso um bom meio de vida». (2 Corí ntios 2:17, ênfase minha).

«[...] cujas mentes estão pervertidas pelo pecado, não sabem dizer a verdade: para eles
o Evangelho é simplesmente um meio de ganhar dinheiro». (1 Tim. 6:5, ênfase minha).

Encontramos apenas duas razões no novo pacto para uma ocasional coleta de dinheiro, uma
para os apóstolos e a outra para os crentes pobres. As instruções de Jesus para seus
discí pulos nesse assunto foram:

«Não levem nenhum dinheiro com vocês. Não levem mala com roupas e calçados, nem
bordão; pois aqueles que vocês ajudarem devem alimentar e cuidar de vocês. Sempre
que entrarem numa cidade ou vila, procurem quem é um homem piedoso e fiquem na
casa dele até saí rem para a cidade seguinte. Quando pedirem permissão para ficar,
sejam amáveis, e se acontecer de aquele ser um lar piedoso, dêem a ele a sua bênção;
caso contrário, não abençoe aquele lar.» (Mateus 10:9-13, ênfase minha).

Era e ainda é difí cil para um apóstolo ganhar a vida porque ele sempre está em movimento.
Cada apóstolo teve uma casa como base; Paulo era a Antioquia. Eles o proveram com suas
orações. Normalmente, a igreja passava algum tempo bancando sua próxima viagem. A
idéia era que procurasse um homem meritório que lhe desse abrigo e satisfizesse as
necessidades dele enquanto estivesse lá. Na maioria das vezes Paulo recusou ajuda
financeira da igreja que estava visitando. Ele freqüentemente trabalhava para si e para
aqueles que estavam com ele. Deus o sustentava, às vezes por igrejas ele já tinha visitado.
Aqui vão algumas passagens onde a igreja foi encorajada a investir no trabalho dos
apóstolos provendo fundos, para enviá-los para outras cidades:

«Enviados, pois, e até certo ponto acompanhados pela igreja, atravessaram as


proví ncias da Fení cia e Samaria e, narrando a conversão dos gentios, causaram grande
alegria a todos os irmãosDepois que a igreja inteira acompanhou os dois até fora da
cidade, os que iam representá-los em Jerusalém prosseguiram, parando pelo caminho
nas cidades da Fení cia e de Samaria para visitar os cristãos, e contar-lhes -- para intensa
alegria de todos -- que também os não -judeus estavam se convertendo». (Atos 15:3
ênfase minha).

«Porque eu estou planejando fazer uma viagem à Espanha, e quando for, passarei aí em

42
Roma; e depois que nos tivermos alegrado juntos por um pouquinho, vocês poderão
fazer-me seguir viagem novamente». (Romanos 15:24, ênfase minha).

«Bem pode ser que eu fique mais tempo com vocês, quem sabe o inverno todo. E,
depois, vocês poderão enviar-me adiante outra vez ao meu próximo destino». (1
Corí ntios 16:6, ênfase minha).

«[...] assim como depois quando voltasse, a fim de que eu pudesse ser uma dupla
bênção para vocês, de modo que pudessem encaminhar-me na minha jornada para a
Judéia».(2 Corí ntios 1:16, ênfase minha).

«Mesmo assim, porém, vocês fizeram bem em ajudar-me na minha dificuldade atual.
Como vocês bem sabem, quando eu levei o Evangelho a vocês pela primeira vez, e
depois segui meu caminho, deixando a Macedônia, só vocês, os filipenses, se
associaram a mim para dar e receber. Nenhuma outra igreja fez isso. Até mesmo
quando me encontrava lá em Tessalônica, vocês me enviaram ajuda por duas vezes.
Entretanto, embora eu aprecie as dádivas de vocês, o que me faz mais feliz é a
recompensa bem ganha que vocês terão em virtude dessa bondade. No momento eu
tenho tudo que preciso -- e mais do que necessito! Estou amplamente suprido com as
dádivas que vocês me mandaram quando Epafrodito veio. Elas são um sacrifí cio de
cheiro suave que muito agrada a Deus. E é Ele quem suprirá todas as necessidades que
vocês têm, por meio das suas riquezas na glória, por causa do que Jesus Cristo fez por
nós». (Filipenses 4:14-19, ênfase minha).

«Querido amigo, você está fazendo uma boa obra para Deus ao cuidar dos mestres e
missionários que passam por aí em viagem. Eles contaram à igureja daqui a respeito da
sua amizade e das suas ações generosas. Eu fico contente quando você os despede com
uma boa oferta. Porque eles estão viajando para o Senhor e não recebem nem comida,
nem roupa, nem abrigo nem dinheiro daqueles que não são cristãos, embora tenham
pregado a eles. Portanto, nós mesmos devemos cuidar deles, a fim de que possamos nos
tornar companheiros deles na obra do Senhor.» (3 João 5-8, ênfase minha).

A outra razão por coletar uma oferta é para os crentes pobres. Ocasionalmente
havia uma escassez ou uma grande afluência de convertidos pobres
coletivamente para os quais as igrejas contribuí am. Outros davam não através da
igreja, mas diretamente do doador para o necessitado conforme o Espí rito Santo
dirigia cada individuo. «Que a mão direita não saiba o que a esquerda faz». O
estilo de administração de Paulo pode ser observado pela maneira como ele fazia
coleta para algumas necessidades dos pobres. Quando a necessidade era
satisfeita, a coleta parava.

«Durante este tempo, chegaram a Antioquia alguns profetas vindos de Jerusalém. Um


deles, chamado Ágabo, levantou-se numa das reuniões para profetizar pelo Espí rito
que uma grande fome estava para vir sobre a terra. (Isto aconteceu durante o reinado
de Cláudio). Então os crentes resolveram mandar socorro aos irmãos da Judéia, e cada
um deu o que podia. Isto eles fizeram, e entregaram seus donativos a Barnabé e Saulo
para levarem aos lí deres da igreja de Jerusalém. (Atos 11:27-30, ênfase minha).

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«Agora, eis aqui as instruções com respeito ao dinheiro que vocês estão coletando para
enviar aos cristãos de Jerusalém, e, aliás, estas instruções são as mesmas que eu dei às
igrejas da Galácia. Todos os domingos, cada um de vocês deve separar alguma coisa
do que ganhou no decurso da semana, e utilizá-la para essa oferta. A quantia depende
de quanto o Senhor ajudou vocês a ganhar. Não esperem até que eu chegue aí para só
então tentar tentar coletar tudo de uma vez. Quando eu for, enviarei para Jerusalém
essa sua oferta de amor juntamente com uma carta. Tudo será levado por mensageiros
de confiança que vocês mesmos escolherão. E, se for conveniente que eu também vá,
então poderemos viajar juntos.» (1Cor. 16:1-4).

Não há nenhum verso em toda a Bí blia que diga que um ancião ou um pastor
deva ser pago pelo trabalho que faz. Os pastores atuavam apenas no âmbito da
igreja local, cuidando de pessoas, e nunca mediante pagamento. Veja a seguir a
passagem bí blica que a maioria dos pastores usam para apoiar o pagamento de
religiosos profissionais.

«Os anciãos que dirigem bem os afazeres da igreja são merecedores de dobrada honra
[1], especialmente esses cujo trabalho é pregar e ensinar. Pois a Escritura diz, 'não
amordace o boi enquanto pisa o grão', e 'o trabalhador merece seu salário'» (1
Timóteo 5:17-18).

Os anciões da igreja deveriam receber honra em dobro, não pagamento em dobro. O


escritor diz que os salários de um ancião vêm na forma de honra por parte daqueles a quem
serve. O boi merece comer por causa de seu trabalho; os salários dele são os grãos. Ele fala
então sobre o trabalhador que merece salários porque ele trabalha, enquanto que o ancião
merece honra, nem grãos nem salários, mas honra. Se o ancião fizer bem o trabalho dele,
ele deveria receber honra em dobro. Honor em grego significa honra, não salários. «Você
recebeu de graça, então dê de graça» é consistente com o ensino de todo o Novo
Testamento.

O Espí rito Santo era muito capaz de impressionar o coração dos crentes sobre como eles
deveriam atender a uma necessidade individual. Dinheiro era raramente dado, exceto aos
apóstolos. Normalmente era convertido em alimento, roupa ou abrigo. Os critérios dessas
doações foram declarados por Paulo: Cada um deve resolver por si mesmo quanto vai dar.
Não forcem ninguém a dar mais do que realmente deseja, pois Deus aprecia os que dão
alegremente (2 Corí ntios 9:7, ênfase minha).

Na igreja pequena, as ofertas eram voluntárias. O dí zimo fez parte do Velho Pacto. Nunca
houve a intenção de trazê-lo ao novo pacto. A igreja primitiva não tinha ninguém para
coletar o dí zimo, e eles não tinham ninguém para quem pagar o dí zimo. A Igreja primitiva
não tinha nenhum armazém. Não tinham nenhum edifí cio ou despesas com pessoal. Eles
estavam livres do Velho Pacto e tinham recursos suficientes para ajudar aos pobres, viúvas
e órfãos, conforme o mandamento de Jesus. Já não tinham mais o sacerdócio levitico para
se preocupar. Já não havia mais sacerdotes cobrando até mesmo a décima parte de seus
temperos!

O Novo Pacto teve forte influência durante os três primeiros séculos. Até que
alguns bispos cabeçudos resolveram voltar ao passado, apanharam a xí cara da

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velha convenção e a verteram sobre o Novo Pacto. Ressussitaram os templos e a
casta sacerdotal deixando de lado a igreja primitiva projetada por Jesus e
conduzida pelo Espí rito Santo.

Não foi assim até que os edifí cios de igreja fossem construí dos e o clero assumisse o
controle. A partir desse momento o dí zimo foi restabelecido para pagar todas as novas
despesas. Agora que a velha convenção estava misturada com a nova convenção, ocorreu
uma diluição da qual a igreja nunca se recuperou. A mistura das duas convenções trouxe
uma multidão de problemas que dezessete séculos não puderam resolver, e que nem mais
desessete séculos resolverão.

Lembram-se de como os israelitas quiseram um rei como as outras nações? Em vez de


permitir que Deus os conduzisse pessoalmente, como Ele fizera desde que os convocou do
Egito, eles exigiram um rei terrestre. Ele os advertiu sobre o prêço que iriam pagar por tal
idéia, mas eles não escutaram. Assim Deus disse para o Samuel ungir Saul como rei e dar
ao povo o que o povo queria. Quão misericordioso foi Deus ao permitir isso. Imagine como
Jesus sentiu-se ofendido ao ser regeitado pelo seu próprio povo. No Novo Pacto, todavia, os
cristãos no quarto século, com efeito, disseram a mesma coisa a Jesus: «Nós queremos um
rei». Como Esaú que vende o direito inato dele a Jacob, eles venderam a herança deles de
um sacerdócio real, colocando em seu lugar uma antiquada casta sacerdotal. Quão
misericordioso foi Jesus ao permitir isto.

Se você pertence a uma moderna igreja tradicional, em minha opinião você não está isento
do dí zimo; você faz parte da velha convenção, e lhe obrigam a obececê-la. Como qualquer
organização, sem o sustento da sociedade ela se esvai. Sendo um membro, você consente
contratar um pastor e possivelmente um pessoal para executar vários deveres para com a
sociedade. Como membro, você consente também em contribuir com a manutenção do
edifí cio e do terreno. Se você faz parte da igreja tradicional, eu acho que você está
roubando Deus se você não apoiar isto. A maior parte do dí zimo será direcionado para
sustentar o sistema e muito pouco será dedicado a satisfazer as necessidades das pessoas.
Isso, meus amigos, é escravidão, é a perda de uma herança. Os pastores de hoje, por mais
duro que dêem, com todas suas visões e programas nunca poderão chegar perto de
alcançar o que o sacerdócio real de crentes realizou de acordo com o desí gnio de Cristo.

Jesus escreve para a igreja em Éfeso


O livro da Revelação desvenda alguns dos acontecimentos futuros que brevemente se darão
na vida de Jesus Cristo, Deus permitiu que Ele numa visão revelasse algumas coisas ao seu
servo João, o apóstolo, que escreveu e enviou sete cartas para as igrejas existentes na
proví ncia de Ásia. Estas sete igrejas foram obra de Paulo o apóstolo que passou três anos
em Éfeso ensinando os discí pulos daquela região que vieram até ele. A primeira carta foi
escrita para a igreja em Éfeso e é a que eu gostaria de discutir. A igreja foi iniciada
aproximadamente em 50 AD, as cartas de João eram datadas de 95 AD, 45 anos depois. É
importante lembrar que a igreja de Éfeso era composta por igrejas caseiras, instruidas
pessoalmente por Paulo. Mesmo assim o Senhor teve algo contra eles:

«Escreva uma carta ao lí der da igreja em Éfeso e diga-lhe isto: Escrevo para
transmitir-lhe uma mensagem daquele que caminha entre as igreja e sustenta os lí deres

45
delas na mão direita. Ele diz a Você: Eu sei quantas coisas boas você está fazendo.
Tenho contemplado o seu árduo trabalho e a sua perseverança; sei que você não tolera
o pecado entre os membros da sua igreja, e que tem examinado cuidadosamente as
pretensões daqueles que dizem ser apóstolos mas não são. E já descobriu como eles
mentem. Você tem sofrido por mim com perseverança e sem desistir. Todavia há uma
coisa errada: você não me ama como no princí pio! Pense naqueles tempos do seu
primeiro amor (como está diferente agora!), e volte-se para mim outra vez, e trabalhe
como fazia antes, caso contrário, eu virei e tirarei o seu castiçal do lugar dele entre as
igrejas. Porém há isto de bom a seu respeito: você detesta as obras dos devassos
nicolaí tas, tal como eu detesto. Que esta mensagem penetre nos ouvidos de todo aquele
que ouve o que o Espí rito está dizendo às igrejas: A todos os que forem vitoriosos eu
darei do fruto da Árvore da Vida que está no Paraí so de Deus (Apocalipse 2:1-7).

O Senhor os recomendou pelo seu duro trabalho, perseverança e intolerância aos


homens pecaminosos. Ele notou a habilidade deles em identificar falsos apóstolos
e não desistirem sofrendo firmes em seu nome. Mas em apenas 45 anos eles
perderam o primeiro amor por Jesus. Eles tiveram todos os instrumentos que
precisavam, e neste caso, edifí cios da igreja não tiveram nenhuma culpa, uma vez
que nem mesmo existiam.

Eu estou certo de que os efésios ficaram chocados quando receberam a carta de João. Posso
imaginar todos os anciões reunidos lendo a carta, e decidindo fazer o que o Deus disse;
«arrependa-se e faça as coisas você fazia no princí pio». A carta que João escreveu também
se aplica a nós hoje e além.

Para Deus é mais importante não perder nosso amor por Ele do que fazer
tudo direito. Isso prova que nossa relação com Ele é prioritária. O amor dele
nunca falha, mas os nosso pode falhar. Manter nosso amor a Deus é um
desafio porque somos humanos, e Ele não está aqui conosco na carne,
entretanto está conosco em Espírito. Se nós pudéssemos vê-lo diariamente,
aparentemente não haveria nenhum problema, com exceção de pessoas
como Judas. Perder nosso primeiro amor por Jesus é uma coisa gradual,
dificilmente notável. Temos que testar nosso amor periodicamente por Jesus
comparando nosso primeiro amor que tivemos para com Ele. Se achamos
que fracassamos no teste, simplesmente façamos o que o Jesus disse
«arrependa-se e faça como no princí pio».

[ii] NT: Na Bíblia Viva essa passagem étraduzida por «devem ser bem pagos e altamente
estimados»; Na tradução de João Ferreira de Almeida por «devem ser considerados merecedores
de dobrados honorários»; Na versão de King James por «well be counted worthy of double honor»
ou seja: «sejam tidos como merecedores de dobradas honras» (minha ênfase).

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CAPÍ TULO SEIS

A Igreja Caseira Atravé s do Novo Testamento


Cem anos depois da ressurreição de Cristo, a igreja primitiva atingiu todo o mundo então
conhecido com o Evangelho. A pergunta é por que, com tanto sucesso diante da
perseguição e martí rio, os cristãos da maior parte da igreja do terceiro século abandonaram
o desí gnio do Deus? Os eventos devem ser analisados para ajudar responder essa questão.

DEIXANDO O CAMINHO DO SENHOR


Em vez de manter puro o Novo Pacto, este foi misturado ao Velho Pacto, o que resultou em
uma igreja bem diferente e mais fraco que aquela que lemos e aprendemos a admirar no
Novo Testamento. A igreja primitiva foi transformada quando a base de liderança foi
colocada a serviço da autoridade. Os novos edifí cios e, talvez mais ainda, o púlpito, deu ao
clericalismo a oportunidade para o controle, e para o deslocamento do trabalho í ntimo e
completo do Espí rito Santo no conjunto da congregação durante estes últimos mil e
setecentos anos. Precisamos voltar aqui ao trabalho histórico de Andrew Miller que nos dá
algumas pistas sobre o que aconteceu na medida em que os seguidores imediatos dos
apóstolos passaram a influenciar a igreja.

Temos hoje o privilégio e a satisfação de apelar pelos escritos sagrados. Antes


o cânon da Bí blia estava fechado ao acesso de pessoas comuns, muitos dos
erros, tanto da doutrina como da prática que atribularam e quebraram a Igreja
em pedaços, vieram disso. Estes foram descobertos e expostos pelos
apóstolos inspirados na sabedoria e na graça de Deus. Se nos lembrarmos
isto, não seremos pegos de surpresa em encontrar coisas completamente
contrárias à Bí blia na história interna da Igreja. Ninguém precisa ter dificuldade
em compreender estas coisas. Nós fomos armados pelos apóstolos. O amor e
a proeminência na Igreja foram manifestos nos primeiros tempos, e foram
também acrescentadas algumas observâncias inventadas por algumas
pessoas. O «grão de semente de mostarda» tornou-se uma grande árvore e
sí mbolo de poder polí tico na terra. Este foi e é o aspecto externo da
Cristandade, mas na realidade uma levedura má fez seu trabalho, e «todo o
cultivo foi fermentado».

CLERICALISMO
Aqui surge uma importante questão: Quando, e por que meios, o sistema clerical fincou
tão firmemente sua estaca na Igreja professa? Seu crescimento e organização foram
graduais. Seus argumentos foram retirados do Velho Testamento, e em pouco tempo o
cristianismo seria reformado nos moldes do judaí smo. A distinção entre os bispos e

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presbí teros, entre a ordem sacerdotal e o sacerdócio comum de todos os crentes e a
multiplicação de cargos eclesiásticos foram resultado imediato dessa guinada. Se é
difí cil hoje traçar todos os descaminhos do clericalismo, uma coisa é certa, a sinagoga
foi seu modelo.

Porém, é mais que provável muitos foram persuadidos, como muitos tem sido até
nossos dias, de que o cristianismo seria uma continuação do Judaí smo, em vez de seu
perfeito contraste. Os mestres do judaí smo afirmaram corajosamente que o cristianismo
era apenas um enxêrto do judaí smo. Mas ao longo das epí stolas aprendemos que o
judaí smo têm suas bases na terra enquanto que o cristianismo tem suas bases no céu;
que o judaí smo pertence ao velho pacto enquanto que o cristianismo pertence ao novo
pacto; que a lei judaica foi determinada por Moises, mas a graça e a verdade vieram de
Jesus Cristo.

OS SEGUIDORES IMEDIATOS DOS APÓSTOLOS


Os Pais Apostólicos, como são chamados, como Clemente, Policarpo, Inácio e
Barnabás, foram os seguidores imediatos dos apóstolos inspirados. Eles tinham
escutado as instruções deles, trabalharam com eles na evangelização, e provavelmente
foram bem próximos e tiveram muita familiaridade com eles. Mas apesar dos altos
privilégios que desfrutaram como aprendizes dos apóstolos, eles logo se apartaram das
doutrinas que lhes haviam sido ensinadas, especialmente sobre o governo da Igreja.
Seguramente tanto João como Paulo falam muito da presença, da morada, da soberania
e da autoridade do Espí rito Santo na Igreja. João 13-16; Atos 2; 1 Corí ntios 12, 14;
Efésios 1-4 dão uma clara direção e instrução nesta verdade fundamental da Igreja de
Deus. Se esta verdade tivesse sido mantida de acordo com a exortação do apóstolo
«esforçando-se em manter» não fazer «a unidade do Espí rito», o clericalismo nunca
poderia ter encontrado lugar na Cristandade.

APENAS ANCIÕES E DIÁCONOS


Os novos mestres da Igreja também parecem ter esquecido da bela
simplicidade da ordem divina na Igreja. Havia apenas duas ordens de serviço
que eram a dos anciões e dos diáconos. O ancião, ou bispo, significava
simplesmente «supervisor», alguém que assume uma inspeção espiritual. Ele
devia ser um «hábil educador» mas não necessariamente um professor. E
como para as instituições de compromisso divino, nós achamos só batismo e a
Ceia do Deus no Testamento Novo. Os diáconos eram esses que exercitaram
qualquer ministério público na Igreja, como orar, ensinando, enquanto levando
custo de ou distribuindo as esmolas dos santos. Nada poderia ser mais
facilmente mais simples entendido ou mais claro que as direções dadas para fé
e pratica, eles não deixaram nenhum quarto para a exaltação e glória de
homem na Igreja de Deus.

O ESPÍ RITO SANTO VEIO CONDUZIR A IGREJA


O Espí rito Santo tinha descido para assumir a direção da assembléia, de

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acordo com a Palavra do Deus e a promessa do Pai. Nenhum crente Cristão
isto, mesmo talentoso, poderia tomar o lugar de lí der, e assim na prática
deslocar o Espí rito Santo. Mas no momento em que os cristãos perderam visão
desta verdade, os homens começaram a contender por posição e por poder, e
claro que o Espí rito Santo já não tinha o lugar legí timo dele na assembléia.

INÁCIO CONDUZIU A IGREJA AO ERRO


A voz inspirada dos apóstolos mal silenciara na Igreja quando a voz de novos
mestres começaram a ruidosamente clamar pelas mais altas honras que
seriam prestadas ao bispo e por uma posição suprema que seria dada a ele.
Eles não falaram uma palavra sobre o lugar de Espí rito como regente soberano
na Igreja de Deus. Isto é evidente a partir das epí stolas de Inácio, que parecem
ter sido escritas por volta do ano 107 AD. A Igreja da Inglaterra durante muito
tempo aceitou-as como genuí nas considerando-as como a base e a triunfante
vindicação da tradição episcopal.

Inácio, no curso de sua viagem da Antioquia para Roma, escreveu sete epí stolas. Estas
epí stolas, escritas com grande seriedade e veemência na véspera de seu martí rio, devem
ter produzido uma grande impressão nas Igrejas. Afinal de contas, Inácio era discí pulo e
amigo de João, e era por aquele tempo o Bispo da Antioquia, provavelmente a posição
mais renomada na Cristandade. O caminho para um posto, autoridade e poder sempre
tem um grande charme para a vã natureza humana.

Escrevendo para a Igreja em Éfeso, Inácio disse, «Vamos tomar cuidado, irmãos, para
não nos colocar contra o bispo, pois poderemos prestar contas disso a Deus... é é
evidente que deverí amos olhar para o bispo como fazemos ao próprio Deus». Em sua
epí stola aos magnesianos diz ele, «eu exorto aos que estudam para fazer todas as
coisas em um divino acordo; com seus bispos presidindo no lugar de Deus; seu
presbí teros no lugar do conselho dos apóstolos; e seus diáconos, mais queridos para
mim, sendo confiados ao ministério de Jesus Cristo». Inácio estava grandemente
equivocado em tudo isso. A idéia principal em todas suas cartas é a submissão perfeita
das pessoas às suas regras, tanto o laico como o clero. Assim o mitre [iv] foi colocado
na cabeça do dignitário mais alto, tornando-se dali em diante um objeto de ambição
eclesiástica e, não poucas vezes, das contenções mais impróprias, com todas suas
conseqüências desmoralizantes.

A mente do Senhor no que dizia respeito à Sua Igreja, e a responsabilidade de seu povo,
deve ser aprendido de Sua própria Palavra e não dos escritos de qualquer pai terrestre,
por mais afetuoso, amado e estimado que seja. Pode ser justo supor que esses bons
homens, por meio dos quais uma nova ordem mundana foi trazida à Igreja resultando na
exclusão do livre ministério do Espí rito Santo nos membros do corpo, tiveram como
pano de fundo o bem-estar da Igreja. É evidente que Inácio, por este arranjo, esperava
evitar «divisões». Mas, por melhores que possam ser nossos motivos, é uma grande
loucura humana, se não a pior, interferir ou buscar mudar a ordem de Deus. Este foi o
pecado original da Igreja, e o pecado do qual sofreu estes últimos mil e setecentos anos.

O Espí rito Santo enviado do céu é o único poder do ministério, e Deus deve ser deixado

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livre para escolher e empregar Seus próprios meios. Desgraçadamente, a Igreja logo
trata de impedir esse ministério (conforme fixado antes de nós na Palavra de Deus) e
introduz uma nova ordem mundana que não impediu a proliferação de divisões,
heresias ou falsos mestres . i[i]

Me pasma como Deus usa sua inteligência até mesmo quando caimos em erro. Por
exemplo, esses mesmos bispos que utilizaram das castas de Inácio para aumentar a
autoridade deles e reintroduzir o controle hierárquico do Velho Pacto dentro da Igreja,
foram os mesmos que rejeitaram as cartas de Inácio de serem incluí das no cânon da Bí blia.
As cartas obviamente não alcançaram a estatura dos padrões de discernimento alcançados
apenas nas cartas autenticamente inspiradas pelo Espí rito Santo. As escrituras nos contam
claramente a rejeição por parte de Jesus de uma estrutura hierárquica sobre a igreja. Ele
advertiu seus discí pulos para que nãio governassem a igreja. Seus apóstolos aprenderam
bem a lição e passaram esse ensino nas epí stolas que escreveram. Paul escreveu da prisão
uma dura advertência para nós dizendo:

De: Paulo, o missionário, e todos os outros cristãos daqui. Para: As igrejas da Galácia.
Eu não fui chamado para ser missionário por nenhum grupo ou organização. Minha
chamada vem do próprio Jesus Cristo, e de Deus o Pai, que O ressuscitou dos mortos.
Que a paz e a bênção de Deus o Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês. Jesus
Cristo morreu. por nossos pecados como fora planejado por Deus nosso Pai, e nos
resgatou deste mundo mau em que vivemos. A Deus toda a glória por todos os séculos
da eternidade. Amém. Estou admirado de que vocês tão depressa assim estejam
desviando-se de Deus, que com o seu amor e a sua misericórdia convidou vocês a
participarem da vida eterna que Ele dá por meio de Cristo; e vocês já estão seguindo
outro «caminho para o céu» que, na verdade, não conduz absolutamente ao Céu. Porque
não existe outro caminho, a não ser aquele que nós lhes mostramos; vocês estão sendo
enganados por aqueles que torcem e mudam a verdade concernente a Cristo. Que as
maldições de Deus caiam sobre qualquer um, incluindo eu mesmo, que pregar qualquer
outro meio de salvação, além daquele a respeito do qual lhes falamos; sim, se um anjo
vier do céu e pregar outra mensagem qualquer, que seja maldito para sempre. (Gálatas
1:6-8).

[iv] mitre: 1 Cobertura para a cabeça, entre diversos povos da Ásia, usada por mulheres e também por
homens efeminados na Grécia e em Roma, na Antiguidade. 2 Insí gnia eclesiástica que põem na cabeça
em certas cerimônias ou funções sagradas os bispos, arcebispos e cardeais. 3 O poder espiritual do papa.
4 Dignidade ou jurisdição de um bispo, arcebispo ou patriarca. 5 Carapuça que se colocava na cabeça dos
condenados pela Inquisição.

A ORIGEM DE CLERO E DO LAICO


Nestas montanhas ao Nordeste da Carolina, somos afortunados por ter um
apóstolo da nossa igreja caseira regional, nosso amado Tom Neely. Com 82 anos
de idade é ex-pastor, missionário, e ex-presidente de uma Universidade Batista.
Ele tem todos os dons do ministério, e é grandemente honrado por todos. Gente
das igrejas caseiras vêm de toda parte para se retirar na casa dele. Recentemente
eu o ouvi falar em uma reunião e ele disse, «acredito que a heresia número um na
igreja é a separação entre o leigo e o clero. Você não pode achar cargos como
50
pastor ou membro do clero no Novo Testamento, e pastor é mencionado apenas
uma vez. Estamos todos no mesmo patamar, um sacerdócio santo de crentes».
Andrew Miller aborda este assunto com muita propriedade, vejamos então:

A cristandade primitiva não teve nenhuma ordem sacerdotal separada. Seus primeiros
convertidos saí ram por toda parte pregando o Senhor Jesus. Foram eles que
esparramaram as boas notí cias da salvação no estrangeiro, mesmo antes dos próprios
apóstolos terem deixado Jerusalém. Naquele dia começou uma grande perseguição
contra a igreja em Jerusalém, e todos menos os apóstolos se espalharam ao longo de
Judéia e Samaria (Atos 8:1). Com o passar do tempo, quando havia convertidos
suficientes em qualquer lugar para formar uma assembléia, eles se reuniam na casa de
alguém em nome do Senhor no primeiro dia da semana «para repartir o pão» e edificar
um ao outro em amor (Atos 20:7). Quando surgia uma oportunidade ao apóstolo de
visitar tais reuniões ele escolhia anciãos para que uma supervisão espiritual da
pequena congregação. Diáconos provisórios eram escolhidos pela assembléia, e os
dons espirituais eram determinados pelo Cristo ressurreto.

Aquele que desceu é o mesmo que subiu de volta, a fim de que pudesse encher consigo
mesmo, em toda parte, todas as coisas, desde as mais humildes até as mais
importantes. Alguns de nós recebemos um talento especial como apóstolos; a outros
Ele concedeu o dom de serem capazes de pregar bem; alguns têm a habilidade especial
de ganhar pessoas para Cristo, ajudando-as a crer nEle como seu Salvador; outros,
ainda, têm o dom de cuidar do povo de Deus, como um pastor faz com seu rebanho, e
dirigi-lo e ensiná-lo nos caminhos de Deus. Por que é que Ele nos dá estes talentos
especiais para fazermos melhor determinadas coisas? É que o povo de Deus estará
mais bem aparelhado para fazer uma obra melhor para Ele, edificando a igreja -- o
corpo de Cristo -- e elevando-a a uma condição de vigor e maturidade; até que
finalmente todos creiamos do mesmo modo quanto à nossa salvação e ao nosso
Salvador, o Filho de Deus, e todos nos tornemos amadurecidos no Senhor. Sim,
crescermos a ponto de que Cristo ocupe completamente todo o nosso ser (Efésios 4:10-
13).

Esta foi a constituição integral das primeiras igrejas. Se Deus levantasse um


evangelista e almas fossem convertidas, eles seriam batizadas no nome do
Pai, do Filho e do Espí rito Santo. Conforme vemos, neste pequeno resumo da
ordem divina das igrejas não havia nenhuma distinção como «clero» e «leigo».
Todos estavam no mesmo plano, tanto no sacerdócio, na adoração como na
proximidade para com Deus. Como os apóstolos Pedro e João escreveram:
«Cheguem-se a Cristo, que é o Alicerce de Rocha, vivo, sobre o qual Deus
constrói; embora os homens O tenham rejeitado, Ele é muito precioso para
Deus, que O escolheu acima de todos os outros. E agora vocês se tornaram
pedras vivas de construção para Deus utilizar na edificação da sua casa. E o
que é mais, vocês são seus sacerdotes santos; portanto, cheguem-se a Deus
(vocês são aceitaveis a Ele por causa de Jesus Cristo), e ofereçam-Lhe
aquelas coisas de que Ele se agrada» (1 Pedro 2:4-5).

O único sacerdócio então, na Igreja de Deus, é o sacerdócio comum de todos os crentes.


O mais simples cristão, por mais humilde que seja se lavado no sangue de Cristo é mais
branco que neve e habilitado para entrar no lugar mais santo e adorar do lado de dentro
51
do véu.

Agora não há mais nenhuma adoração de um sacerdócio exterior. A separação de uma


classe privilegiada, uma ordem sacerdotal, tudo isso é desconhecido no Novo
Testamento. A distinção entre clero e leigo foi sugerida pelo judaí smo, e a invenção
humana logo a espalhou no meio cristão. Mas foi ordenação episcopal que estabeleceu a
distinção e alargou a separação. O bispo gradualmente assumiu o tí tulo de pontí fice. Os
presbí teros, a graduação de diáconos, bem como também de bispos, se tornou uma
ordem sagrada. O lugar da mediação e da maior proximidade para com Deus foi
assumido pela casta sacerdotal, que também assumiu autoridade em cima do leigo. Em
vez de Deus falar direto ao coração e à consciência pela própria Palavra dele, e o
coração e a consciência postar-se diretamente na presença de Deus sem intermediário, o
sacerdócio se coloca entre eles. Assim perdeu-se a visão da Palavra de Deus, e a fé
estava nas opiniões de homens. O Senhor Jesus santificado, como o Supremo Pastor de
seu povo e o Mediador entre Deus e os homens foi deslocado e assim praticamente
deixado de lado.

Foi a partir do ano 245 AD que o «clero» passou a receber salários e foi proibido de
trabalhar fora da igreja. Pelo fim do segundo século, surgiram circunstâncias na história
da Igreja que afetaram muito a humildade e a simplicidade original de seus
supervisores, e que conduziu à corrupção da ordem sacerdotal.i[ii]

SEMPRE HOUVE IGREJAS CASEIRAS


A simples hospitalidade de Deus planejada para Sua igreja certamente foi esmagada pela
nova ordem do clero e pela «sí ndrome de templo». Foi como se o cristianismo perdesse sua
inocência. Não mais puro e agora semeado com ervas daninhas, as inevitáveis
conseqüências não tardaram começar. O desí gnio de Deus que é o plano principal, tornou-
se uma alternativa ou um plano de emergência. As virtudes da igreja caseira que eram
fáceis de nutrir e manter em um grupo pequeno começaram a minguar; por exemplo, o
amor ágape, a compaixão, o evangelismo, o compromisso, a convenção, a fidelidade, o
companheirismo, a hospitalidade e a lealdade. Embora eles tentassem manter a intensidade
destas virtudes, elas provaram ser impossí veis de serem praticadas no contexto de uma
grande congregação.

A tradição e a acomodação não tardou a fazer estragos. Até mesmo padrões de adoração a
Deus foram desenvolvidos. Já não mais se ouvia o que o povo de Deus tinha para dizer,
como comumente se fazia. Os templos fixos proporcionaram ao clero o papel de
propagadores oficiais da palavra de Deus. Com o passar do templo o clero melhorou sua
habilidade de falar em público, e embora tal habilidade não tivesse um efeito intencional,
foi devastadora na congregação; eles se sentiam intimidados. A aproximação de Deus leva
tempo, esforço, disciplina e paciência. Se um cristão não pratica seus dons e não
compartilha dos frutos de sua aproximação com Deus, o entusiasmo e o esforço
eventualmente se esvazia. Então o cristão comum torna-ser preguiçoso e perde visão do
propósito dele para com Deus. Tal fenômeno é um princí pio. E tal princí pio prevalece na
moderna igreja de nossos dias, da mesma forma que prevaleceu por ocasião da ereção dos
primeiros edifí cios da igreja por volta do 3º século.

52
A moderna igreja começou com muita excitação, alcançou o cume de crescimento, e
eventualmente entrou em franco declí nio. Ocorreu um ajuste de postura, e até certo ponto
mantêm-se estagnada. Isto nutre o descontentamento, especialmente entre aqueles que
procuram Deus e são chamados para fazer mais do que simplesmente aquecer um banco de
igreja. Muitas vezes este descontentamento é promovido elo próprio Deus porque Ele tem
um plano de crescimento para Sua Igreja. Esses descontentes terão que fazer uma escolha,
ou trabalham dentro do sistema para mudá-lo ou saem fora do sistema para ampliá-lo. A
sí ndrome de templo é muito rí gida e resiste a mudança, assim a maioria das vezes um
descontente terá que contentar-se em morrer com seus sonhos, ou pagar o custo ganhando
força espiritual, avançando e seguindo pela fé. Martinho Lutero foi um desses muitos
exemplos que tiveram que ir além pela fé. Enquanto este enredo se desenvolve, as igrejas
caseiras continuam nascendo.

IGREJAS CASEIRAS ATÉ A VOLTA DE JESUS


O Senhor, com toda Sua sabedoria e habilidade conhece o futuro, e os planos dos homens
no que diz respeito ao crescimento do reino de Deus. Ele pode ver tais homens
eventualmente estagnando o processo ao adotarem o molde da rí gida tradição. Contudo,
devido à liberdade possibilitada pelo evangelho, há hoje milhares de denominações.

«E quem remendaria uma roupa velha com fazenda nova? Porque o remendo rasgaria
a roupa e faria o buraco ainda pior. E quem usaria odres velhos para guardar vinho
novo? Pois os odres velhos arrebentariam com a pressão, o vinho se derramaria e os
odres se estragariam. Para guardar vinho novo só se usam odres novos. Desta
maneira, ambos são conservados juntos» (Mateus 9:16-17).

Neste processo nasceria uma nova congregação, tais pessoas inevitavelmente começariam a
se encontrar em alguma casa. Inconscientemente, eles entram no princí pio dinâmico a que
se refere o desí gnio do Deus para com a igreja dEle. Ao longo deste grupo as pessoas
pregam mais, estudam suas Bí blias fielmente, ajudam-se e amam-se mutuamente. Deus
abençoa as novas relações, e eles sentem a presença dEle quando se encontram, o que os
encoraja ainda mais. A excitação deles, que normalmente desenvolvem o evangelismo, atrai
outros para vir e ver o poder de Deus em Sua obra, e o grupo começa a crescer.

Infelizmente, na maioria dos casos é aí que entra em cena a «sí ndrome do templo», e são
feitos planos -- não para a multiplicação das igrejas caseiras -- mas para alugar um salão,
enquanto não compram ou constróem outro edifí cio. Uma vez instalados em seu novo
edifí cio com muito orgulho e muito dinheiro e energia gastos, a igreja caseira é descartada
como uma roupa velha, sem nem mesmo um muito obrigado.

Nessa fase a nova congregação mergulha de cabeça nos mesmos problemas que acabou de
sair. Eles têm que pagar pelo edifí cio e por sua manutenção, pagar um pastor, pagar
empregados, pagar seguro, etc., etc., etc.. Quanto mais aumenta o número de membros mais
ficam longe uns dos ourtos. Eles só se vêem casualmente durante um evento da igreja. O
cume no múmero de membros dá lugar a uma queda de freqüência, um nivelamento por
baixo que estrangula as finanças. Nesse ponto pode ocorrer divisões, e caem em um longo
lodaçal, coisa que nunca poderia ocorrer se os encontros fossem feitos na casa de alguém.
Que pena! É exatamente isso que a igreja de Cristo tem feito durante 17 séculos. Eu

53
acredito há quatro razões básicas para a existência das igrejas caseiras:

1.Foi o único plano que Cristo apresentou para Sua igreja no Novo Testamento.
2.Quando a igreja incide em erro, as igrejas caseiras renascem.

3.Quando os muros em volta das denominações ou movimentos da igreja não


permitem o avanço pelo Espí rito Santo, as igrejas caseiras renascem.

4.Nestes últimos dias o Espí rito Santo convocará fortemente sua igreja caseira para
o retorno do Senhor.

A VERDADE PREVALECE APESAR DAS CHAMAS


As raí zes da Igreja de Roma remontam aos apóstolos originais. Os crentes se encontravam
em igrejas caseiras e nas catacumbas. Eles sofreram as perseguições mais horrí veis sob o
governo romano e finalmente foram a fonte de sua ruí na. É inconcebí vel para mim que,
com o passar do tempo, a Igreja de Roma arreganhasse seus dentes contra Sua igreja com a
mesma fúria endiabrada que sofreram no passado. Um olhar breve na História de Igreja de
Miller nos fornece um retrato deste perí odo de tempo.

A história dos Paises Baixos daquele tempo foi tão cheia de martí rios que
significou um gradual extermí nio da população. Não obstante, o Espí rito de
Deus operou maravilhosamente e a coragem santa mostrada por um homem
provou a presença do Senhor com eles sustentando-os com graça e poder. Foi
descoberto que os frades de Austin na cidade da Antuérpia, tinham lido e
aprovado os livros de Lutero. Muitos deles foram lançados na prisão. Três
monges foram excomungados e condenados à fogueira em 1523. Enquanto a
fogueira era acesa, eles repetiam o credo, e então começaram a cantar Te
Deum em versos alternados, até que a força das chamas silenciou os louvores
que entoavam. Em seu testemunho a respeito desse fato, Erasmo afirmou que
tais martí rios provocaram um efeito oposto daquele que seus executores
esperavam. A cidade de Bruxelas onde eles foram executados, estava
perfeitamente livre das heresias até aquele evento. Mas muitos dos habitantes
imediatamente depois daquilo começaram a tomar partido em favor de Lutero.

Nomes eminentes, tanto no meio do clero como entre leigos, se aventuraram aderindo a
causa da verdade, mas nem por isso os martí rios foram interrompidos. As coisas sempre
funcionam assim. Se a perseguição persiste isso faz com que alguns se mantenham à
distancia em um frio egoismo, enquanto que uma boa parte demonstra uma simpatia, por
uma adesão instintiva para com a verdade, que impele a consciência humana a se
revoltar contra a injustiça, inclinando-se em favor do oprimido. Fogueiras passaram a
ser acesas em todas as partes do paí s, os éditos eram assinados um após o outro com
crescente severidade, e não paravam de queimar. Ler uma passagem das Escrituras;
discutir qualquer artigo de fé, possuir escritos de Lutero ou Zwinglio, questionar a
eficácia dos sacramentos ou a autoridade do Papa, poderia significar a morte. No ano de
1536, aquele bom e fiel servo de Deus, William Tyndale, foi estrangulado e queimado
em Vilvordi, perto de Bruxelas, por traduzir o Novo Testamento em inglês, e imprimi-lo

54
em 1555.

Então foi organizada uma segunda investida para exterminar os reformadores,


que fá alcançava o número de dezenas de milhares. No ano de 1567, o cruel
Duque de Alva foi enviado aos Paí ses Baixos com um exército de quinze mil
espanhóis e italianos; a Inquisição avançava com toda sua força. Isto fez que
que a consternação geral aumentasse ainda mais. Era o iní cio do reinado do
terror. A simples menção das palavras Alva e Inquisição provocava pânico em
toda a terra. Os condes de Egmont e de Corneia, e outras pessoas foram
imediatamente presos, e executados. O Prí ncipe de Oranje fugiu para a
Alemanha, e multidões de protestantes abandonaram suas casas e fugiram
para outros paí ses. Os comerciantes estrangeiros, produtores, e os artesãos
fugiram da Antuérpia, instalando-se em outras cidades, como se uma praga
estivesse batendo em suas portas. As Igrejas de madeira foram derrubadas, e,
em alguns lugares as vigas foram transformadas em uma grande forca na qual
penduravam o ministro e a congregação.

Os Inquisidores, a mando de Carlos, e antes que o mesmo abdicasse,


continuaram com sua terrí vel obra. Vamos nos fixar em alguns caso para
mostrar ao leitor fatos que foram testemunhadas quase que diariamente
durante quarenta anos; mas mesmo assim a Palavra de Deus prevaleceu
poderosamente, sendo convertidas milhares de pessoas.

Um inquisidor chamado Titemann, notório pelo número de suas ví timas, jactava-se de


apenas «pegar virtuosos e inocentes, porque eles não esboçavam nenhuma resistência»,
Thomas Calbaerg, um tecelão de Tournay, condenado por ter copiado alguns hinos de
um livro impresso em Genebra, foi imediatamente queimado vivo. Simultaneamente, em
1561, Walter Kapell, um homem de caráter, benevolente, e muito amado pelas pessoas
pobres, foi queimado em uma estaca por suas opiniões heréticas. A cena mais
comovedora aconteceu após os carrascos o amarrarem à estaca: um pobre doente mental
que tinha sido alimentado freqüentemente pela bondade dele disse, «sois assassinos
sangrentos; esse homem não fez nada de errado, e me dava pão para comer». Com estas
palavras ele precipitou-se nas chamas para morrer junto com seu amado benfeitor, e com
muita dificuldade foi salvo pelos carrascos. Um dia ou dois depois ele visitou a cena da
execução onde o esqueleto semiústo de Walter Kapell ainda permanecia. O pobre doente
mental tomou-o sobre seus ombros, levando-o para o lugar onde os magistrados estavam
sentados em sessão. Abrindo o caminho, ele colocou o fardo aos pés deles, enquanto
gritava, «Seus assassinos! Vocês comeram a carne dele, agora comam os ossos!». Não
há qualquer registro sobre o destinho daquele pobre homem; mas é provável que o
vestí gio desse testemunho tão ousado tenha sido efetivamente silenciado.

No ano seguinte, Titelmann processou Robert Ogier, de Ryssel, em Flandres, e


prendeu-o juntamente com sua esposa e dois filhos. O crime deles consistiu
em não comparecer à missa, praticando adoração privada em casa. Eles
confessaram a ofensa alegando não poder suportar ver o Nome do Salvador
deles sendo profanado em sacramentos idólatras. Eles foram questionados
sobre que ritos praticavam em casa. Um dos filhos, um pequeno garotinho,
respondeu: «Nós dobramos nossos joelhos, e oramos a Deus para que Ele
ilumine nossos corações e perdoe nossos pecados. Nós oramos ao nosso
55
soberano, para que seu reino seja próspero, e que viva em paz. Nós também
oramos a Deus para que proteja e cuide dos magistrados e outras pessoas
investidas de autoridade». Embora a eloqüência simples do menino arrancasse
lágrimas até mesmo dos olhos de alguns dos seus juí zes, foram condenados à
fogueira o pai e o filho primogênito. «Ó Deus!» orou o jovem na estaca, «Ó Pai
eterno, aceite o sacrifí cio de nossas vidas em Nome de teu Filho amado!». Ao
que foi furiosamente interrompido por um monge que estava acendendo o
fogo, «Tu mentes, salafrário!»; «Deus não é seu pai; vocês são filhos é do
diabo!». Conforme as chamas subiam sobre eles, o menino clamou mais uma
vez: «Olhe, meu pai, todo o céu está se abrindo, e eu vejo cem mil anjos que
se alegram em cima de nós. Alegremo-nos porque estamos morrendo pela
verdade!»]

Você pode estar aturdido pelo que leu acima, mas precisamos saber do que é que somos
capazes de fazer quando abandonarmos o plano de Deus.

56
CAPÍ TULO SETE

O Panorama da Igreja no Sé culo III -

Uma visão da Igreja moderna

Deixem-me compartilhar uma parábola sobre um jovem que veio de um paí s estrangeiro
para os Estados Unidos para freqüentar uma universidade. Não tinha nenhuma base
religiosa, mas sentia haver um poder divino. Ele resolveu fazer uma pesquisa para
encontrar uma religião verdadeira. Foi para a biblioteca universitária e leu do princí pio ao
fim os periódicos atuais. A investigação dele revelou que todos os periódicos e livros
favoráveis à religião cristã tinham sido propositalmente afastados, inclusive a Bí blia que
Deus inspirou. Estudou os filmes atuais que têm uma rápida abordagem religiosa e notou
que os cristãos são retratados como ladrões ou mentalmente desarranjados. Leu os jornais e
observou o que pensam a respeito do direito cristão radical. Assistiu televisão para ver se a
programação o encorajaria moralmente e descobriu que a mesma promovia a licenciosidade
e a promiscuidade. Observou o esforço geral para remover Deus da educação, do governo e
de todos os lugares públicos, que o deixou com a impressão de que Deus é perigoso e que o
público deve ser protegido dEle. Visitou o Mapplethorpe's art show e notou o insulto à arte
religiosa financiado com fundos públicos! Quis assistir a um serviço religioso, folheou as
páginas amarelas para achar uma igreja local. Achou a inscrição de centenas de igrejas com
muitos nomes e atividades diferentes. Estava confuso, foi tentado a abandonar sua pesquisa,
mas resolveu ir até o fim. Entrevistou muitos pastores com a seguinte pergunta, «Por que eu
deveria freqüentar sua igreja?» Ao revisar as entrevistas com todos os pastores, ele concluiu
que religião é uma coisa desesperadamente dividida e isso o deixou totalmente confuso.
Cada igreja acredita que a igreja deles é a igreja certa para ele. «Como pode cada uma delas
ser a igreja certa?», pensou. Depois que a pesquisa dele estava completa, ele revisou tudo
novamente com muito cuidado e chegou à conclusão de que a visão daquela sociedade é
que religião é apenas para estúpidos. Então concluiu, «é melhor fazer o que eu sinto ser
correto. Tenho capacidade interior de tornar-me meu próprio Deus». Sua busca conduziu-o
a um beco sem saí da e ele terminou da mesma maneira como havia começado.

Uma visão da Igreja primitiva. Agora vamos acompanhar uma visão honesta de como a
sociedade encarava a igreja primitiva através desta carta escrita na antiguidade:

«No que se refere a nações, lí nguas ou roupas, os cristãos não se distinguem


do resto do gênero humano. Porque eles não vivem em cidades próprias, nem
usam um idioma diferente, nem praticam uma vida estranha. O conhecimento
que adquiriram não foi proclamado pelo pensamento e pelo esforço de homens
inquietos; eles não são os campeões em uma doutrina humana, como são
alguns homens. Mas quando se instalam tanto nas cidades gregas como
bárbaras, seguem as costumes da terra, da roupa e da comida, e em outros
assuntos da vida diária, contudo a condição de cidadania que eles exibem é

57
maravilhosa e notavelmente estranha. Vivem em seus paí ses, mas
simplesmente como viajantes. Compartilham a vida de cidadãos, e acolhem
grupos de estrangeiros. Toda terra estrangeira é para eles uma pátria, e toda
pátria uma terra estrangeira. Eles se casam como todo mundo faz. Fazem
nascer suas crianças mas não as descartam como alguns fazem. Oferecem
uma mesa comum mas não uma cama comum. Existem na carne, mas não
vivem pela carne. Gastam a existência deles na terra, mas a cidadania deles
está no céu. Obedecem as leis estabelecidas, mas em suas próprias vidas
superam essas leis. Amam todos os homens, e por todos são perseguidos.
São desconhecidos, e são condenados. São postos à morte, e ganham vida
nova. São pobres, e enriquecem a muitos. Falta-lhes tudo, e tudo tem em
abundância. São desonrados, e a desonra deles se torna a glória deles. São
insultados, e são justificados. São abusados, e eles abençoam. São ofendidos,
e respondem o com honra. Fazem o bem, e são castigados como malfeitores;
e no castigo deles eles se alegram como ganhassem vida nova com isso. Os
judeus guerreiam contra eles como estranjeiros, e os gregos os perseguem; e
por mais que eles sejam odiados não dão nenhum espaço à inimizade. Em
uma palavra, assim como a alma está no corpo, os cristãos estão no mundo. A
alma se espalha por todos os membros do corpo, e os cristãos através de
todas as cidades do mundo. A alma habita no corpo, mas não é o corpo. Os
cristãos habitam no mundo, mas não são do mundo» (Carta a Diognetus, 5:1-
17; 6:1-4).

Deixe-me lhe contar outra parábola sobre um jovem que viveu no tempo de igreja primitiva
e foi para Antioquia para estudar na universidade. Lá ele procurou encontrar a verdadeira
religião. Claro que havia muito menos material para pesquisar por aqueles dias, mas
aconteceu dele encontrar essa carta enviada a Diognetus. Aquela sociedade via assim
aqueles que seguiam a Cristo como Salvador, uma visão mais positiva. Ele folheou as
páginas amarelas para entrevistar a igreja local, e encontrou apenas uma que era chamada
simplesmente de Igreja de Antioquia. Depois de entrevistar o ancião, este mostrou-lhe a
igreja caseira onde morava. O ancião contou-lhe a história de Cristo, as recompensas, e a
cruz que agüentaria por servi-lo. Ficou óbvio a ele que Cristo era o único e verdadeiro Deus
vivo, era quem estava procurando, aceitou-o como Deus e Salvador e seguiu-o pelos resto
de sua vida.

CONSIDERANDO AMBAS AS PARÁBOLAS

As parábolas acima nos revelam claramente as diferenças entre as duas igrejas. Mil e
setecentos anos separam uma da outra. Não é irreal considerar que desviamos do caminho
de lá para cá. A igreja primitiva foi claramente planejada por Jesus. A igreja moderna foi
claramente planejada pelo homem. Por maiores que tenham sido nossos esforços no
passado, e por mais bem intencionados que sejam nossos esforços hoje, em geral, a igreja
moderna está em uma espiral de evidente declí nio em sua influência. O domingo pela
manhã nas igrejas se tornou um espetáculo. O melhor espetáculo atrai mais gente. A
maioria dos cristãos sabe deste declí nio, mas não sabem por que ou o que fazer sobre isto.
Quando eu pergunto aos cristãos se eles acham que a igreja moderna está preparada para a

58
volta de Jesus, a resposta é sempre negativa. Quebra meu coração e me faz chorar pintar
Cristo no topo de uma montanha olhando para baixo para sua igreja, lamentando, e
dizendo, «Parem com isso! Olhem para o exemplo do passado, o plano que eu deixei com
vocês em Minha Palavra, retorne a ele». Se Deus tivesse tanto interesse por edifí cios
bonitos, Ele não teria destruí do o templo em 72 AD. Li recentemente que perguntaram a
um homem se ele ia a igreja, e ele disse, eu sou a igreja

Deus abençoa as atividades quando os cristãos entram em comunhão. Quando nós


derrubamos nossos rótulos e nos tornamos um corpo com um propósito, isso agrada a
Deus, e Ele abençoa o esforço. O estabelecimento secular confunde-se com nossas
realizações e com a influência de nossa cultura. Aquela velha pergunta, «o que temos que
fazer para sermos salvos?», talvez devêssemos responder com outra, «o que temos que
fazer para voltar ao plano original?» Vamos analizar o que foi que aconteceu que fez com
que o cristinanismo se tornasse tão decadente.

PASTORES MERCENÁRIOS

Estima-se que 99 por cento dos pastores não pertencem à congregação que pastoreiam. Eles
são recrutados e contratados como qualquer empresa que procura um gerente. Eles
permanecem desde que tenham êxito. Chuck Swindal notou que normalmente o tempo de
permanência de um ministro Batista é de 18 meses. A dor e emoção que envolvem a
remoção e a contratação de um pastor é algo profundamente penoso. O processo
freqüentemente divide as igrejas ao meio. Como podemos evangelizar quando nossa igreja
local sofre tamanho impacto? É justo dizer que o fardo que este sistema coloca nas costas
do pastor contratado e de sua famí lia é horrí vel. Depois que a lua de mel termina, é quase
impossí vel que cumpra todas as expectativas colocadas nele. É angustiante ver todos os
pastores que vivem dilacerados nesse sistema falido. Este sistema às vezes é tão brutal que
muitos deixam suas igreja feridos, culpados e doentes. Vide João 10:12-16.

Em contraste, o pastor da igreja caseira, se for o caso, nunca é contratado ou demitido. Ele
sempre pertence à comunidade local e é um presente de Deus à congregação. Todos nós
temos uma medida de pastor em nós, mas a ocupação principal do pastor da igreja caseira é
cuidar das pessoas, não pregar. Não é de estranhar que nunca ouçamos uma mensagem
sobre um tema como: «o perigo de um pastor mercenário». Talvez estejamos vivendo o
tempo a que Jesus se refere no verso 16, onde ele pede para escutarmos Sua voz quando Ele
profetiza, «haverá um rebanho e um pastor». Nós poderí amos dizer que a igreja primitiva
era conforme sua profecia porque a única coisa que separava as igrejas caseiras era a
distância entre elas e os nomes das cidades nas quais elas ficavam situadas.

DENOMINAÇÕES COMO CONTROLE CORPORATIVO

Não há nenhuma indicação no Novo Testamento a respeito de um controle governamental

59
espiritual da igreja local exercido fora da cidade na qual está situada! Nesse domí nio vemos
a mão humana, interferindo, manobrando, manipulando e retirando o controle do Espí rito
Santo. O Espí rito Santo é deixado de lado; e pacientemente espera exercer seu papel até que
seja chamado.

Enquanto isso a igreja paga afetuosamente com seus fundos todos os ní veis corporativos do
pessoal administrativo. Muito pouco desses fundos é direcionado para satisfazer as
necessidades dos cristãos e dos vizinhos deles, ou para esforços missionários estrangeiros.
Recentemente, no programa radiofônico de Larry Burkett foi citada uma pesquisa sobre a
riqueza cristã. Noventa por cento (90%) de riqueza cristã mundial é gerada nos Estados
Unidos. Noventa e sete por cento (97%) desse montante fica nos no Estados Unidos e
apenas três (3%) vai para necessidades de missões estrangeiras.

Quando olharmos para a parábola do Bom Samaritano, vemos a razão por que o vigário não
ajudou o homem roubado e ferido; ele não pertencia à paróquia do vigário. Quanto ao bom
samaritano, este viu naquela cena uma oportunidade para exercer seu conmpromisso
divino, porque ele agiu impulsionado por um coração puro e compassivo e não por afligido
pelo fanatismo e divisões religiosas, como era o caso do vigário.

Denominações associam o corpo de Cristo de um modo prejudicial. Eles combinam


pequenos blocos de cristãos em vários locais que por sua vez dividem a igreja local em
muitas igrejas menores. Jesus disse, «Se uma casa estiver dividida contra si mesma, tal
casa não poderá subsistir» (Marcos 3:25). Deus tem razão; divisões causam desconfiança e
suspeita. Nossas comunidades sofrem porque nossa luz é ofuscada pelas divisões. Não
podemos então responder à oportunidade que normalmente é nossa, de influenciar nossas
comunidades moralmente como Deus espera.

Este é um sistema falho e deverí amos ficar longe dele. Em contraste, a administração da
igreja caseira é muito simples. Os anciões a vigiam, e eles normalmente são os donos da
casa. Se houver dez igrejas caseiras na cidade, então haverá pelo menos dez anciões. É um
privilégio ter mais que um ancião em uma igreja caseira. Na medida em que as igrejas
caseiras se multiplicam, um dos anciões é escolhido como bispo ou supervisor para ajudar
os anciões. Isto alivia o apóstolo e o libera para fundar igrejas em outras áreas. No
Testamento Novo não encontramos hierarquia acima do bispo local de uma cidade. Este
desí gnio de igreja compacta dentro de uma cidade permite o Espí rito Santo ter um controle
ótimo enquanto Divino Guia Espiritual que é sua função. Com a igreja caseira não há
nenhuma necessidade para invenções humanas, e para um controle sectário que mais
adiante divide o corpo de Cristo, enfraquecendo-o.

QUAL NOME DAR?

Um nome parece ser uma boa idéia, mas ele também pode ser um fator de divisão na
comunidade cristã local. O que será que Paulo queria dizer quando nos advertiu a não dar
diferentes nomes a nossas igrejas? Vide 1 Corí ntios 3:1-9.

O que os corí ntios estavam a ponto de fazer era estabelecer duas denominações, a Igreja de

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Paulo e a Igreja de Apolo. Paulo os reprovou nitidamente e os chamou de infantis e
mundanos. Eles não despertaram nenhum orgulho em Paulo ou Apolo, pois esses dois
homens se consideravam não mais do que servos. Todo louvor e glória pertencem a Deus.
A profunda visão de Paulo permitiu-lhe ver o corpo de Cristo sendo dividido e
enfraquecido, assim ele tentou parar aquilo imediatamente. E conseguiu. A prova disto é
encontrada no Novo Testamento tanto que todas as igrejas eram chamadas apenas pelo
nome da cidade na qual se situavam. Por exemplo, na Bí blia reconhecemos os nomes das
igrejas como Igreja de Corinto, Igreja de Éfeso, Igreja da Filadélfia e assim sucessivamente.

Eventualmente, sempre achamos um modo de nos diferenciarmos dos outros através de um


nome. O problema é que divididos nos tornamos mais debilitados. Há um grande princí pio
do Senhor que vai no sentido de que se não chegamos a um acordo sofreremos pela quebra
de companheirismo entre os irmãos. A idéia de que nossa denominação é a única que vai
para o céu é uma idéia bem infantil. O Espí rito Santo através de Paulo chamou essas
divisões (denominações) de mundanas. Você concorda? Olhe para os frutos dessa divisão
em sua cidade e diga-me: isso vem de Deus?

Se a igreja em sua cidade não fosse dividida, imagine o quão poderosa seria contra o mal?
Haveria menos crime, menos mães solteiras, menos evasão escolar, menos problemas de
droga, menos abuso de crianças, menos violência doméstica e menos pessoas nas calçadas.
Você poderia caminhar pelas ruas à noite sem medo. Se você esquecesse de tirar as chaves
de seu carro, ainda estaria lá quando voltasse. A bondade prevaleceria e ajudar o vizinho a
não seria uma coisa rara. As clí nicas de aborto ficariam sem clientes. A santidade da vida
humana prevaleceria. O amor-próprio positivo seria a a norma.

A IGREJA MODERNA REVELA A


VERDADEIRA TEMPERATURA

Se tivessemos que destacar o assunto mais constrangedor de nossos dias para rever a
posição das igrejas em geral com relação a ele. Esse assunto sem dúvida seria o aborto.
Vide Mateus 5:13-16.

A igreja norte-americana ficou dividida em seu posicionamento sobre a


escravidão. O preço pago para resolver o assunto custou seiscentas mil vidas. A
dor e o sofrimento das famí lias separadas pela Guerra Civil é inexprimí vel. A igreja
teve a oportunidade para ser o sal e a luz, para conduzir o paí s no caminho e na
direção correta. A igreja poderia ter negociado um plano simples de transição,
abandonando a escravidão de uma forma gradual. (NT)

A igreja não pode ser passiva em assuntos que envolvem vida, liberdade, justiça e
especialmente derramamento de sangue inocente. O ativismo é um elemento construtivo em
nosso processo governamental. Foi com base nos princí pios divinos inscritos em nossa
Declaração de Independência e Constituição que desfrutamos a qualidade de vida que
tivemos no passado. Vide Mateus 12:30 & 33, Provérbios 29:2.

Estes versos na Bí blia descartam a noção de que a Igreja deva ser neutra e não possa ser

61
responsável por influenciar a sociedade. Se as causas que conduzem ao aborto continuam é
porque a igreja está dividida no assunto e não pode falar em uma só voz. O ato de levar a
vida de uma criança que está por nascer nunca deveria tornar-se um procedimento legal em
um paí s chamado «cristão». Porém, esta abominação poderia ter acabado em um tempo
muito curto se houvesse um esforço único nesse sentido. Mas depois de 27 anos, a voz da
igreja permanece ainda dividida, enquanto sua maior parte silencia. Foram levadas quarenta
milhões de vidas inocentes, e o contador ainda continua funcionando.

Todo filho de Deus precisa apoiar a vida de um modo ativo quando a oportunidade se
apresenta, mesmo se César legalize o assassinato de crianças por nascer. Se você tem um
problema com relação a este assunto isso deve ser solucionado à luz da vontade de Deus.
Eu sinto que essa influencia cada vez menor da moderna igreja em nossa sociedade está
diretamente relacionada à sua miserável falta de coragem em impedir a matança de
inocentes crianças por nascer. Deus deu um duro aviso ao seu povo sobre a prática pagã da
adoração de Molech, o deus do fogo, no Velho Testamento. Esta adoração requeria
sacrifí cio humano, as vidas das crianças. Procure saber qual foi a vontade de Deus e verá
como Ele reprovou e prometeu morte àqueles que sacrificam crianças a Molech. Vide
Leví tico 20:1-5.

Muitos anos depois o profeta Jeremias recebeu a palavra do Deus relativa à cidade de
Jerusalém que seria entregue nas mãos dos Caldeus. E em Jeremias 32:35 a razão é clara:
eles sacrificaram seus filhos e filhas em adoração a Molech. Deus diz, «que nunca passou
pela sua mente ou coração que eles chegassem a fazer tal abominação». Mas no mesmo
capí tulo Ele termina com a grande esperança de sermos chamados de volta desde que haja
reverência e temor em nossos corações, para nosso próprio bem e para o bem de nossos
filhos. No verso 41 lemos, «Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei bem; plantá-los-ei
firmemente nesta terra, de todo o meu coração e de toda a minha alma».

(NT) Entendemos que é importante acrescentar aqui que a Guerra Civil Americana obviamente não teve em
seu eixo apenas a questão da escravidão, mas também, como toda guerra, importantes aspectos econômicos,
polí ticos e principalmente morais. Acreditamos que se o cristianismo primitivo prevalecesse naquela época
nos Estados Unidos, não haveria guerra civil e nem mesmo escravidão.

62
CAPÍTULO OITO

A Nova Perspectiva

Em sua primeira vinda Cristo teve apenas um precursor: João Batista. Quanto à Sua
segunda vinda eu acredito que haverá milhares e milhares de precursores. Uma consciência
inconfundí vel que Jesus está voltando logo varrerá todo cristianismo. As oportunidades de
trabalhar no reino de Deus serão abundantes. O recrutamento começou e continuará até o
momento do retorno de Jesus. Estes precursores serão encontrados no movimento de
igrejas caseiras, que abrindo suas portas aos anciãos das igrejas caseiras. Se você tornou
Jesus o Senhor de sua vida, encontre uma igreja caseira, estude e prepare-se, há muito o que
fazer.

Se você for chamado para começar uma igreja caseira, tenha cuidado sobre como você fará
isso. Deve ser feito corretamente para que possa ter a bênção de Deus. Prepare-se para
receber ataques tando de dentro como de fora. A batalha é igual àquela que a igreja
primitiva enfrentou, mas a batalha é do Senhor. Ele o conduzirá, e você saberá como
responder a todos os desafios que terá pela frente. Se você não puder dedicar-se
adequadamente a uma vida de oração, então não comece, pois você não está pronto. A
intercessão é uma atividade vital para equipá-lo nessa jornada. Deus permitirá que você seja
testado. Os melhores generais são aqueles que participaram de batalhas. Uma igreja caseira
bem sucedida é a última coisa que o diabo pode desejar. Ele ainda retém uma memória
ví vida do poder e das realizações da igreja primitiva. Nem chamas, forca ou espada
puderam intimidar os cristãos primitivos para a sobrevivêrncia do evangelho.

É REALMENTE NECESSÁRIO UM PRECURSOR?

Antes de Jesus dar iní cio ao seu ministério, foi dado a João Batista a preciosa tarefa de
preparar o caminho do Senhor. Deus, hoje e sempre, continua sendo o mesmo, e houve
boas razões para a vinda de um percursor na primeira vinda de Cristo. Preparar o caminho
para Sua segunda vinda é talvez ainda mais válido. Por essa ocasião Ele encontrará com
Sua noiva, que estará sendo preparada para Jesus. Vide Lucas 1:16&17, Apocalipse 19:7.

Essas passagens das Escrituras confirmam que a Noiva será preparada; a esposa
a si mesma se prepara para as bodas do Cordeiro. Agora, quem conduzirá este
urgente despertar? Quem chamará a igreja com uma voz clara, distinta, a se
preparar para o casamento do Cordeiro? A estrutura tradicional da igreja moderna
é adequada para esta preparação? Há outra?

Quando um rei vai a qualquer lugar há preparação antes da chegada dele. Ao contrário de
um rei terrestre cuja preparação é para a própria glória e segurança dele, a Segunda Vinda
de Cristo está vinculada à preparação de Sua noiva. A grande obra que os apóstolos
fizeram no aperfeiçoamento dos santos ocorreu em parte porque eles estavam esperando o
retorno de Jesus durante a vida deles e tiveram disponí vel a estrutura da igreja que Jesus

63
projetara. Contudo, dezenove séculos de espera pelo Seu retorno abalaram a igreja.

A famí lia Divina pagou um grande preço no Calvário para que Cristo se tornasse o
Noivo. Deus, o Pai não permitirá Filho retornar a uma Noiva que não esteja pronta,
sem intusiasmo e sem esperar o Noivo. O Pai que deu o Filho dele para o mundo
no Calvário como Salvador era uma pura expressão de amor. Uma meretriz não
fará como uma noiva pelo Filho dele. A igreja será apresentada a Cristo sem
mancha ou ruga. Minha segunda filha, Leslie, se casou recentemente, e a
experiência de preparar um casamento está ví vida em minha mente. A coisa mais
importante na mente dela, como com todas as noivas, era que no dia de
casamento ela estivar tão bonita quanto possí vel para o noivo dela. Nós
precisamos nos tornar novamente uma Noiva entusiasmada, preparando-se para
seu iminente retorno. Deus terá orgulho da Noiva como aquele anjo que estava
ansioso para mostra-la a João, o apóstolo, como vemos nas Escrituras: Vide
Apocalipse 21:9-10.

Duas parábolas de preparação vêm a mente. Primeiro, as dez virgens onde só


cinco estavam preparados e as outras cinco não puderam entrar na porta que
conduzia à vida eterna. A outra é a parábola do banquete de casamento. Vide
Mateus 22:8-14.

Aquelas que são escolhidos são as que já estão vestidas com roupas proprias de
casamento. Eu acredito que o casamento na parábola narra a preparação da
Noiva para o retorno de Cristo. Serão os precursores, com aquele espí rito de João
Batista, que chamarão a igreja para se preparar como uma noiva. Olhemos e
vejamos o que comporá o caráter do precursor.

PRECURSORES SÃO VALENTES NA BATALHA

Para saber se fomos chamados para ser um precursor, temos que olhar brevemente para o
caráter de João Batista. Vide João 3:29-30).

UMA CHAMADA PARA PREPARAR O CAMINHO

João conheceu o Noivo como um amigo, ouviu a voz dele e compartilhou a mensagem
dele. E então disse que muito se regozijava. João Batista reagiu primeiro à presença de
Jesus enquanto ele ainda estava no útero de Elizabete, sua mãe. Quando Maria entrou na
casa e cumprimentou a Elizabete, João saltou e estava cheio com o Espí rito Santo pela mera
presença de Jesus. O Jesus e João estavam prestes a nascer, contudo já havia comunicação
pelo Espí rito.

Maria ficou com Elizabete durante três meses e eu acredito que a comunicação entre os
dois aumentou durante aquele tempo. João sentia a mesma presença de Deus em seu
espí rito. João sentiu a presença do Senhor novamente antes de ver Jesus por ocasião do
batismo. Você e eu experimentamos a mesma coisa quando o Espí rito fala conosco, quando
64
Ele nos dá uma compreensão espiritual mais profunda, uma visão, uma direção em nossas
vidas ou um sentimento temeroso da presença dele. Um precursor, então, deve ouvir e
ouvirá a voz do Espí rito claramente, e sentir que a chamada dele ocorreu desde o princí pio
em sua vida.

MENSAGEM DE ARREPENDIMENTO

O Senhor achou necessário que João fose separado enquanto crescia, evitando ser
influenciado ou distraido pela condição do mundo. Eu acredito que Jesus fez muitas
viagens ao deserto para discipular João e expor a condição espiritual de Israel e dos lí deres
religiosos. Acredito também que Jesus orientou João para que ele substituisse o processo
de compensação pela matança de animais pelo arrependimento pessoal e o batismo.

A mensagem de João e seu impacto em Israel teve que ser puro e não contaminado por
tolas concepções sociais e religiosas. Ele teve que ser corajoso tanto pelo impacto de sua
mensagem como pelo efeito que essa mensagem provocou e sua própria vida. Quando João
gritou, «arrependei-vos», tal mensagem penetrou o coração e a mente de seus ouvintes,
sobre a necessidade de lidar com o pecado sob um novo prisma.

Esse novo prisma encontraria seu cumprimento no madeiro da cruz onde o sangue do
Salvador foi derramado de uma vez por todas pelos pecados do mundo. Herodes e a mulher
dele estavam passando quando João pregava à multidão, e perceberam que a voz penetrante
de João era dirigida a eles, para que se arrependessem do adultério, a vergonha imediata e a
convicção do pecado os fez correr para longe dali. A mensagem de um precursor, então,
não é influenciada pelo elogio ou pela crí tica da igreja ou do governo.

DIREÇÃO DA MENSAGEM

Deus estabeleceu três instituições: famí lia, governo e igreja (NT). A extensão do ministério
de Jesus foi dirigida intencionalmente para Israel por ser o povo escolhido. Eles
eventualmente o rejeitaram e o crucificaram, cumprindo as profecias bí blicas. Se o
ministério de Jesus fosse dirigido contra o governo romano, isso teria agradado Satan; pois
os lí deres religiosos poderiam tê-lo morto por crimes contra o governo.

Jesus morreu puro e sem pecar contra ninguém. Mas nenhuma restrição foi colocada em
João Batista. João teve uma mensagem enviada como com três setas em direções diferentes.
Uma em direção à famí lia para devolver os pais aos seus filhos, outra foi para os lí deres
religiosos hipócritas, e por fim para o governo representado por Herodes. O precursor,
então, sem medo envia sua mensagem em três direções.

(Nota do Tradutor) A igreja caseira e a famí lia são sem dúvida instituições divinas pois seu amálgama é o
amor e as relações são fraternas e fundadas no diálogo e no consenso, quando ao governo, uma instituição
mantida e sustentada pela violência e pela coerção com seus exércitos e órgãos repressivos (exatamente o
oposto da natureza divina) dificilmente poderiamos concordar como sendo uma instituição divina. Vide:
Marcos 10:42,43; I Sm 8:1-22; Oséas 3:4; Oséas 5:1; Oséas 5:10; Oséias 7:3; Oséas 13:9,10; Isaí as 2:4; Isaí as
3:2-4; Isaí as 3:14; Miquéias 4:3,4; Miquéias 7:3,4.

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As observações feitas por Paulo em Romanos 13.1-7, não se aplicam aos governos em geral mas ao
quinquennium Neronis (DC 54-59, quando a carta foi escrita), quando Sêneca e Burrus deram ao Império seu
melhor perí odo de governo. Segundo Leo Tolstoi, escritor e pacifista cristão, «governar significa usar a
força, e usar a força significa fazer para os outros o que certamente não gostarí amos que fosse feito para
nós. Consequentemente, governar significa fazer aos outros o que não gostarí amos que os outros fizessem
para nós, isto é, fazer o mal» [The Kingdom of God is Within You, p. 242].

A VERDADEIRA IMAGEM DE CRISTO

«O Cordeiro de Deus precisa crescer, eu preciso diminuir». Esta frase estava impressa no
coração e na mente de João Batista. A verdadeira imagem de Cristo pode ser também
encontrada nesses dois versos: Vide 2 Timoteo 2:15, João 3:16.

A imagem que o mundo tem da Igreja é terrí vel, e eles transferem essa imagem a
Cristo. Consideram a muitos de nós como charlatões e ridí culos devido ao fato da
mensagem do evangelho ser torcida para satisfazer as ambições dos pregadores
e agradar os ouvidos do público. Alguns pastores na igreja moderna abusam na
doutrina da fé e da prosperidade sendo eles mesmos os beneficiários diretos da fé
que encorajam na congregação na medida em que fazem a coleta. Muitos são os
que a todo momento prometem prosperidade, cura total ou fé para obter qualquer
coisa que se queira. Não leva muito tempo até que a desilusão tome conta dessas
pessoas que querem o Reino de Deus sem verdadeiro arrependimento

Revisemos uma passagem bí blica que revela os efeitos duradouros da obra de João como
precursor, até mesmo depois da morte dele. Vide João 10:40-42.

Ao contrário os apóstolos, João nunca executou um sinal ou milagre. Ele estava totalmente
concentrado em preparar o caminho do Senhor. Nada o distraiu de anunciar a seus ouvintes
a poderosa mensagem da vinda de Jesus. A mensagem de João sobre Jesus foi tão
penetrante que quando Jesus retornou na região onde João vivia, as pessoas reconheceram
Jesus e muitos se tornaram crentes. A mensagem de João sobre Jesus não era um evento
anual nem mesmo ocasional, mas constante e consistente. O precursor, portanto, tem que
restabelecer a verdadeira imagem de Cristo com uma mensagem consistente de
arrependimento e de preparação, a maior necessidade das pessoas. O que vem a seguir é a
profecia de Zacarias: Vide Lucas 1:67-80.

João mostrou disciplina, resistência e um forte caráter, tudo aquilo que contribui
para um ministério bem sucedido. Muito frequentemente nos compromissamos
com o estilo de vida fácil dos cristãos americanos, mas para adquirir a necessária
disciplina é preciso aquela resistência e aquele caráter forte que a experiência do
deserto produziu em João. Embora possa levar algum tempo para adquirir estas
disciplinas, tudo aquilo que se precisa é um coração disposto. A mudança toma
lugar no dia-a-dia pelas circunstâncias que Ele permite ocorrer em nosso caminho.

PASTORES COMO PRECURSORES

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Se você é um pastor em uma igreja tradicional que percebe e sente o Espí rito Santo
conduzindo-o para ser um precursor, você está em uma posição invejável mas vulnerável.
Tanto Jesus como João desafiaram agressivamente os lí deres religiosos daqueles dias, creio
que estamos falando aqui de algo parecido com uma revolução pací fica. Muitos cristãos
foram preparados pelos pastores deles anos a fio para ser tudo aquilo que eles podiam ser
em Cristo. Muitos irão além disso mas não na mesma velocidade. A igreja caseira é o
ambiente onde eles podem ser libertados para poder avançar. A performance é preparar a
Noiva. A igreja primitiva fez isso; eles seguiram o caminho como soldados leais a essa
missão.

Entendo que há três categorias que nós cristãos nos encaixamos em nosso serviço a Deus.
Categorias que se enquadram em boa, melhor e excelente. Boa significa pertencer à igreja
tradicional. Melhor significa pertencer à igreja celular. Excelente significa pertencer à pura
igreja caseira. Vejamos uma breve explicação disso:

(1) Boa. Na igreja tradicional, o Velho Pacto em alto grau está misturado com o
Novo Pacto. Você tem o edifí cio, o púlpito e os profissionais pagos que fazem
todo nosso trabalho justamente como no Velho Pacto.

(2) Melhor. Na igreja celular, o Velho Pacto está misturado em menor grau como
o Novo Pacto. Você tem o edifí cio, o púlpito, os profissionais pagos, mas as
pessoas se beneficiam pela divisão em pequenos grupos dentro da comunidade.

(3) Excelente. Na igreja caseira, o Velho Pacto não se mistura com o Novo Pacto.
Não há edifí cios, não há púlpito nem profissionais pagos; é a igreja tal qual foi
planejada pelo Senhor. O resultado é o corpo dos crentes recebendo a direção e
o encorajamento mútuo diretamente do Espí rito Santo como foi o caso de Jesus
com Seus discí pulos.

Se um crente quiser seguir e conhecer o Deus ao máximo, ele não estará contente até que
sirva a Deus na igreja que Ele projetou. Uma vez experimentada a pura igreja caseira ele
nunca quererá ser novamente um espectador do cristianismo. Eu pessoalmente passei por
cada uma destas três categorias. Passei 40 anos na inquietude e estou finalmente em paz na
igreja caseira.

Você pode ser um pastor que queira mudar de direção rumo à teologia da igreja caseira sem
edifí cios e sem salário. Conheço um pastor que fez isso. Steve também fez um exaustivo
estudo em torno das escrituras que contribuiu para a compreensão da teologia da igreja
primitiva. Vai a seguir um excerto da carta de renúncia à igreja que pertencia, titulada
como, O Apelo de um Pastor à Fidelidade Bí blica, por Steve Atkerson.

«Foi um real privilégio servir ao Senhor em nossa igreja nos últimos sete anos.
Eu agradeço a Deus por todas as coisas boas que acontecem nas vidas dos
santos aqui; e pelas muitas necessidades da congregação que tem sido
satisfeitas.

Entre 1983 e 1990 minhas convicções relativas à igreja (ecclesia) mudou radicalmente.
Esses que defendem a visão tradicional da igreja o fazem sinceramente e baseados em

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seus estudos da Bí blia. Minha convicção atual é uma alternativa ao modo tradicional de
fazer essas coisas e também está baseada na Bí blia. Isto não quer dizer que as igrejas
tradicionais sejam antibiblicas; simplesmente ofereço o que pode ser uma aproximação
mais bí blica. O leitor terá que decidir por si mesmo qual sistema melhor cumpre os
preceitos bí blicos.

Admito que minhas convicções estão sujeitas a erro, mas mesmo assim tenho que alterar
meu ministério presente para não ser culpado de hipocrisia. Minha intenção não é
condenar aqueles que divergem; mas simplesmente explicar por que eu estou seguindo
meu presente curso. Seguem cinco áreas de preocupação, a mais crí tica é a quinta.

Primeiro, de versos como 1 Cor 4:16-17; 11:1-2, 16; 14:33b; Fil 3:17; 4:9 e 2 Tes 2:15, é
óbvio que a tradição apostólica era consistente em todas as igrejas e era seguida em toda
parte. Baseado nas referencias anteriores, acredito que a tradição apostólica do Novo
Testamento também deve ser normativo nas igrejas de hoje. Considerando que é sempre
errado quebrar um comando apostólico, não é necessariamente errado quebrar a tradição
apostólica. Porém, quebrar a tradição apostólica é se conformar com uma segunda melhor
opção. A pergunta não é; «temos que fazer coisas do mesmo jeito que eles fizeram?»
Mas, «por que farí amos as coisas de outro modo?» Nós nos encontramos na igreja no
primeiro dia da semana, o dia do Senhor, não porque é comandado mas porque este era o
padrão do Novo Testamento. Nós impomos mãos nos pastores e diáconos quando os
ordenamos não porque é comandado, mas porque este era o padrão do Novo Testamento.
Acredito que deverí amos ser consistentes em nossa prática de seguir a tradição apostólica.

Os pontos acima conduzem a este segundo ponto. De Atos 14:23, 15-5, 4, 6, 22-23;
20:17; Fil 1:1; 1 Tes 5:12-13; 1 Tim 4-14; Tito 1:5; Heb 13:7, 17, 24; Tiago 5:14 e 1
Pedro 5:1-2 é evidente que o padrão do Novo Testamento é para cada igreja ser
governada por uma pluralidade de anciões. Onde é que o Novo Testamento estabelece um
governo congregacional, um governo por um quadro de diáconos, ou um governo por um
único homem (seja ele bispo, papa, ou pastor)?

Terceiro, 1 Cor 9 deixa claro que aqueles que proclamam o evangelho devem «os que
pregam o evangelho que vivam do evangelho». O texto chama tais pessoas «apóstolos»
(ou como dirí amos hoje, missionários). Porém, em 9:15-18 Paulo renuncia aos seus
direitos nessas coisas (também veja 1 Tes 2:9; 2 Tes 3:6-9). Ao falar com os anciões em
Éfeso (Atos 20:17), Paulo ofereceu o emprego secular voluntário dele como um exemplo
para os anciões seguirem. Pastores auto-sustentados e em uma situação financeira de dar
em vez de receber (20:33-35). 1 Tim 5:17-18 indica que um pastor pode receber
determinada «honra» em avaliação ao ministério dele, mas o balanceamento entre 1 Tim
5 com Atos 20 sugeriria pelo menos que os pastores sejam bi-vocacionais.

Em todo caso, eu vejo pouca justificação bí blica para a prática atual em que uma igreja
«chama um pastor» de longe para vir e (por um salário fixo) servir como lí der espiritual.
Assim (a menos que Deus me dirija em missões) eu planejo voltar a emprego secular e
desenvolver um ministério de começar igrejas que são consistentes com o padrão do
Novo Testamento.

Quarto, entretanto é claramente reconhecido pelos lí deres na Igreja do Novo Testamento

68
(Heb 13:7, 17) que não há nenhuma distinção entre «clero/leigo». O que torna um pastor
mais reverendo que a menor parte do corpo de Cristo? Todos os crentes existem para
funcionar como pastores (1 Pedro 2:5, 9) e o trabalho do pastor-professor é equipar os
santos de forma que os santos possam fazer o trabalho do ministério (Ef 4:11-16). Os
lí deres da igreja do Novo Testamento eram «jogadores em treino», não «jogadores
astros». A palavra «ministro» foi profissionalizada e usada referindo-se a pastores, mas
Ef 4:12 indica que os santos é que são os reais ministros.

A soberania do Espí rito Santo dá a cada um dom(s) especial «para o bem comum» (1 Cor
12:7), todos os membros são importantes no corpo de Cristo (1 Cor 12:4-31; Rom 12:3-
8). «toda junta» (Eph 4:16) efetua seu próprio aumento. Note a mutualidade «uns aos
outros» de 1 Tes 4:18; 5:11-14; Rom 15:14 e Heb 3:12-13; todos os crentes serão
envolvidos confortando, encorajando, construindo, e prevenindo.

Em suma, o fortalecendo o corpo de Cristo deve ser feito através da mutua ação entre os
crentes, devem se fortalecer uns aos outros (todos os crentes), não apenas pela liderança.
A super dependência ao «clero» conduz à debilidade e ao enfraquecimento da igreja no
exercí cio de uma multidão de talentos pouco desenvolvidos. O tamanho de uma igreja
não é nenhuma indicação de força (gordura não é músculo); todos os santos devem
funcionar como pastores e ministros!

Quinto, 1 Cor 11 14 apresenta uma descrição detalhada de uma reunião de igreja do


Novo Testamento. Disto é óbvio que todo mundo teve a oportunidade para verbalmente
participar da reunião. Por exemplo, 14:26 revela que «cada um» poderia contribuir com
um salmo, um ensino, uma revelação, uma lí ngua, e uma interpretação; 14:26 determina
que qualquer um poderia falar em uma lí ngua, mas limitou-os a «dois ou no máximo
três»; 14:29 permite a «dois ou três» profetas falar; 14:31 diz que «todos podereis
profetizar, um após o outro». Seguramente, as reuniões deles eram «feitas com decencia e
ordem» (14:40), mas isto claramente incluia a oportunidade para uma participação mútua.
Isto também é visto em Heb. 10:24-25, onde estimular «uns aos outros» significava não
deixar de ir ao encontro. Este é o brado bem distante daquele que ecoa nas reuniões da
igreja de nossos dias onde um homem faz quase tudo falando. Não há nenhum exemplo
dentro do Novo Testamento de apenas um homem fazendo tudo e falando em uma
reunião da igreja. Até mesmo em Atos 20:7 «falando» vem de dialegomai, que é a base
para a palavra «diálogo». Procure no Novo Testamento a palavra «pregar» ou «pregação»
e você descobrirá que elas são na maior parte das vezes ligadas ao evangelismo
(proclamação do evangelho ao perdido), e não às reuniões da igreja!

A Igreja hoje se tornou um lugar para assistir performances de profissionais. Por que é
que a apenas um homem é permitido exercitar o dom espiritual dele enquanto os dons de
todos os outros santos se atrofiam? Onde em nosso igreja há um espaço para se
compartilhar preocupações, desenvolver profundas relações interpessoais, questionar um
ensino, expressar amor de um para com o outro, estimular um ao outro a agir com
bondade, encorajamento mútuo ou disciplina da igreja? O ensino é uma parte importante
da reunião na igreja, mas não deve ser tudo!

Versos como Atos 2:42; 20:7; 1 Cor 11:17-21 e Judas 12 indicam que o ponto focal dos
encontros nas igrejas do Novo Testamento eram a Ceia do Senhor, celebradas a cada

69
semana, não como um ritual simbólico mas durante (como uma parte) o ágape (festa do
amor). Havia um pão e uma taça para simbolizar sua unidade e comunhão (1 Cor 10:16-
17).

Finalmente, baseado em Rom 16:5; 1 Cor 16:19; Col 4:15 e Filemon 2, as igrejas do NT
se encontravam nas casas das pessoas. Isto não era primariamente devido a perseguição;
Paulo sabia perfeitamente onde ir quando saia prendendo cristãos «de casa em casa»
(Atos 8:3) e os incrédulos sabiam exatamente onde ir para ouvir sobre Jesus (1 Cor 14:23-
25). Quando perseguida, a igreja deixava de se encontrar nas casas e passava a se
encontrar nas catacumbas. Quando não perseguidos, as casas serviram bem à Igreja
porque estar na igreja era como estar em uma famí lia, não em um estabelecimento
comercial. A igreja era informal, interativa e simples. Os objetivos declarados de uma
reunião na igreja eram melhor atingidos se o encontro acontecesse em acomodações
pequenas do que em grandes. Havia apenas uma igreja em toda cidade mas aquela igreja
se encontrava em uma multidão de igrejas caseiras; tratava-se de uma estratégia de
crescimento por subdivisões. É difí cil imaginar que uma pessoa de bom senso gaste
grandes somas em dinheiro em um edifí cio que é usado apenas algumas horas por semana
e que devido ao seu exagerado tamanho frustra os propósitos que se propõe alcançar (Heb
10:24-25; 1 Cor 14:26). A igreja no mundo está mais para guerrilha do que para fortaleza.

Em suma, eu acredito que:


1) a tradição apostólica deveria ser normativa hoje.
2) o governo [autogoverno] da igreja deveria ser exercido por uma pluralidade de
anciões.
3) os anciões normalmente deveriam ser bi-vocacionais.
4) todos os crentes funcionam como pastores e ministros.
5) as reuniões da igreja são reuniões informais, interativas e projetadas para
fortalecer o corpo de Cristo por ministérios mútuos.

Não quero culpar ninguém, mas acho que as reuniões da igreja de hoje falham
em alcançar os planos de Deus. Com o passar dos anos foram implementados
vários ajustes secundários para corrigir o problema: Escola Dominical, Grupo
de Treinamenteo, Grupos de Amizade, etc.

Meu desafio para a igreja de hoje é que ela seja a coluna e o fundamento da
verdade, não a defensora de tradições e rituais inventados por homens. A
Reforma Protestante do século XVI foi boa até que ponto? Vamos completá-
la!». Steve Atkerson (Steve Atkerson é ex-pastor da Brookhaven Baptist
Church em Atlanta, Ga.)

Se você for um pastor, você pode ser um dos muitos que estão passando por um tempo de
confusão. Por mais capaz e bem sucedido que você tenha sido no passado, as coisas podem
mudar de uma hora para outra. Você pode ter uma visão para sua igreja, e não está
funcionando. Por mais que você tente, por mais que você ore, os membros permanecem os
mesmos ou estão indo embora, as finanças estão em queda, você olha à sua volta e procura
por respostas.

Os métodos que antigamente funcionavam parecem não funcionar mais. A presença do

70
Senhor tão real há um ano atrás está em declí nio. Em contraste você pode ser um pastor que
está no topo do mundo. Tudo vai indo muito bem mas você sabe que algo está se perdendo
e você está procurando saber do que se trata. Por que esperar que Deus agite tuas águas? Eu
acredito que o Senhor está dizendo aos Seus Pastores:

Eu SOU está em tua angústia, eu agitei as águas, para que Me observe e Me escute. Estou
chamando meus verdadeiros Pastores para seguir minha visão, Meu plano para Minha
Igreja. Afaste-se de suas visões, abandone suas tradições e siga-Me porque estou para
voltar. Confie em Mim, apóie-se em Mim, tenha fé em Mim e Eu lhe mostrarei o caminho
que você tem que seguir.

Se você honestamente sentiu uma visita do Espí rito Santo que fisga seu coração
neste momento, mova-se, tome uma atitude, renda-se a Ele. Submeta-se à Sua
presença em oração. Se você não sentiu esse fisgar neste momento, espere por
ele, prepare-se para ele.

Eu tenho que trazer esta nota de precaução aos pastores que resistem mover-se para a nova
base compartilhando com você o incidente em Marcos onde Jesus enfrenta os lí deres
religiosos com um simples e novo desafio. O novo desafio para eles foi se aprovariam curar
um homem com a mão mirrada no Sábado sagrado. Por que a tradição exercia tanto poder
sobre aqueles homens? Vide Marcos 3:1-6.

O Jesus exigiu uma resposta e eles preferiram permanecer calados, um silencio que revelou
a dureza dos seus corações. Não podemos ficar neutros. Não podemos sentar
confortavelmente em cima do muro durante este movimento do Espí rito que é agora um
movimento mundial! Jesus olhará para nós profundamente aflito, indignado e condoí do
com a teimosia de nossos corações? Eu o desafio a não deixar o espí rito da religião
controlar seu destino como fez com os fariseus. O espí rito da religião controla muitos
lí deres religiosos da mesma forma que o piloto automático controla um avião em pleno
vôo. Está na hora para por nossas mãos nos instrumentos e tomar o controle de nossas vidas
com Deus como nosso piloto. Vide(João 15:20-22.

Agora você tem muitas almas esperando para serem pescadas. Depois de ler este livro você
nunca poderá dizer ao Senhor, «ninguém jamais me desafiou para preparar honestamente o
caminho do Senhor para Sua Segunda Vinda». Se você precisar de qualquer ajuda para essa
transição para a igreja caseira, por favor escreva-me e eu farei o que puder para ajudá-lo.
Todos os que leram este livro estão em nossas orações. Vamos preparar a Noiva para o
Cordeiro.

O ESPÍ RITO DO PRECURSOR

Há um excelente exemplo constante apenas no evangelho de Marcos que expressa o amor


de Deus com seus filhos. Vide (Marcos 2:1-12.

Quando o Jesus viu a fé daquela gente, Ele entrou em ação. Nada foi fácil para
eles. Tiveram que levar o menino paralí tico até a cidade, descobrir onde ficava a

71
casa, ir até ela, subir no telhado, calcular o prumo exato onde Jesus estava,
desmanchar o telhado, descer o leito com o menino, e repor as telhas de volta. A
maioria dos cristãos voltaria para trás ao ver que não conseguiam entrar pela
porta. Isso pode ter sido um aviso para muitos: a porta está bloqueada, talvez
pudesse ser curado em algum outro momento. Mas aqueles quatro homens
estavam determinados, foram até o fim e não sairiam dali sem uma solução.
Talvez o Senhor conhecesse seus corações e através do Espí rito lhes desse a
idéia de subir no telhado, retirar as telhas e abaixar o menino paralí tico bem na
frente de Jesus. Que idéia estranha! Enquanto os outros na casa vieram ouvir as
palavras de Jesus, aqueles quatro homens vieram para serem tocados em suas
vidas. Pelo menos cinco homens deixaram aquela casa transformados. Posso vê-
los tornando-se anciões de uma igreja caseira e entregando seu dom, um coração
de pastor, a serviço dela.

Eu acredito que o tempo está próximo, e muito próximo, quando o Senhor poderá confiar
novos precursores com habilidade e poder para fazer como a igreja primitiva fazia. A
moderna igreja tem terrivelmente desperdiçado os dons e a graça dada a ela. Infelizmente,
na atualidade muitos tem encontrado formas de vender e comercializar o dom em vez de
usá-lo localmente como um testemunho para alcançar as almas perdidas e desesperadas ao
redor de nós. Prepare-se; Ele está vindo. «Quando dermos de volta ao Espí rito Santo o
lugar de liderança, que Lhe pertence, em nossas igrejas caseiras, começaremos a ouvir a
voz dEle com clareza notável quando nos disser, «Vá em frente; ore por aquelas pessoas,
Eu darei cura para elas». Então talvez nossa comunidade diga, como aquela de
Cafarnaum: «Jamais vimos coisa assim!».

MUITOS PRECURSORES SOFRERÃO


REJEIÇÃO E INFORTÚNIO

Você pode ser um crente, um cristão leal que através dos anos conquistou respeito pelo seu
bom exemplo em sua igreja local. Você e sua famí lia se tornaram reais pilares e o amor de
Cristo ferve em seu coração. Então o Senhor o chama para começar uma igreja caseira.
Você se dirije aos canais normais pedindo a aprovação da liderança da igreja. Não se
surpreenda se você não conseguir a aprovação e ter que fazer isso por sua própria conta! O
processo pode ser prolongado e doloroso. Ninguém gosta da dor da rejeição e da
incompreensão que freqüentemente acontece. Você questionará seus motivos e tudo o que
você acredita. É o momento perfeito para Satanás atacar e desanimá-lo de ir adiante e
aceitar esse chamado em sua vida. Seja paciente, permaneça calmo e esteja preparado. O
Senhor pode estar usando você para trazer uma igreja inteirinha ao chamado dEle. Seu
amor à Sua igreja pode ser algo que precise ser visto e sentido. Os exemplos na Palavra de
Deus, a advertência serena e pací fica do Espí rito Santo serão seu único meio de contato.
Quando o Espí rito Santo lhe diz para começar uma igreja caseira, comece, e não olhe para
trás.

A igreja moderna e sua estrutura clero/leigo geralmente produz um espí rito de religião. O
combustí vel que move esta máquina é o medo. Os lí deres da igreja podem flagrar-se na
desconfortavel direção de movimento contra o apelo do Espí rito Santo, chamando-os para

72
uma vida de precursores, simplesmente porque não compreendem nem nunca
experimentaram algo semelhante. Trata-se do mesmo espí rito presente nos lí deres
religiosos que trabalharam contra Cristo. Este mesmo fio tece sua ardilosa teia através dos
séculos até os nossos dias. O Senhor dispôs dos escritores do Novo Testamento para nos
advertir do sofrimento que pode nos afligir na medida em que compartilhamos e vivemos o
evangelho.

A perseguição e o sofrimento podem ser extremos. É de conhecimento público que pessoas


ligadas às igrejas caseiras estão sendo mortas na China. Trata-se do movimento clandestino
(underground) de igrejas caseiras que cresce mais rápido no mundo, já atingindo cem
milhões de pessoas! O movimento chega a ter, por dia, vinte mil conversões ao Senhor. A
estrutura da igreja caseira e a perseguição são a máquina e o o combustí vel que movem esta
maior colheita do mundo. Vide Apocalipse 6:9-11.

Na medida em que este livro é lido pelo mundo afora, ele tocará as vidas dos crentes tanto
aqueles que estão sob pequeno risco como aqueles que correm grande perigo de vida. A
medida do sucesso é apenas a medida da obediência. O martí rio obviamente será
recompensado com honra e será dado tratamento especial no céu. Que o ânimo de Deus nos
conduza por um comando bem definido.

CRISTÃOS, PREPAREM O CAMINHO DO SENHOR PARA SUA SEGUNDA VINDA

73
CAPÍ TULO NOVE

QUATRO ENSINOS NA IGREJA


PROJETADA POR JESUS
Estes ensinos foram preparados por pessoas no corpo de Cristo que foram
tocados pelo Espí rito Santo para procurar uma maturidade e um ministério pessoal
maior que o encontrado na igreja tradicional moderna. Você lerá nas escrituras as
passagens relacionadas às igrejas caseiras que remontam ao primeiro século. É
necessário conhecermos essa igreja projetada por Cristo e saber porque não
devemos nos separar dela. Desde a declaração do Senhor, há 2.000 anos atrás,
Eu construirei Minha Igreja o quanto temos nos afastado do Seu padrão de Igreja
revelado no Novo Testamento? Estes ensinos derramarão muita luz necessária a
estas e outras questões. O que fazemos e como fazemos é muito importante
conforme indicam essas passagens:

«Caros irmãos, modelem suas vidas pela minha e observem quem está
vivendo de acordo com o meu exemplo» (Filipenses 3:17, ênfase minha)

Se o Senhor deu a Paulo apenas um padrão a seguir, porque hoje existem


25.000 denominações?

«Lembrem-se do que Cristo ensinou e que as suas palavras enriqueçam a vida


de vocês e os tornem sábios; ensinem essas palavras uns aos outros e
cantem-nas em salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com
corações agradecidos» (Colossemses 3:16, e.m.)

Edificarei a minha igreja, e todas as forças do inferno não prevalecerão contra


ela (Mateus 16:18, e.m.)

IGREJA: A igreja é o corpo fí sico e espiritual de Cristo na terra. É o

conjunto de todos os verdadeiros crentes sob o Novo Pacto.

De onde veio a palavra igreja? Em grego é ekklesia. É uma

palavra secular, que significa o ministério de uma justiça

cidadã.

74
CRISTO É A CABEÇA DE SUA IGREJA

Jesus Cristo, o Messias, teve sua vida predita pelas escrituras e pelos profetas
no passado. Seu nascimento, ministério, sofrimento, morte, ressurreição e a
tumba vazia são provas do que Ele reivindicou ser: o Filho do Deus vivo.

«Cristo é a semelhança perfeita do Deus invisí vel. Ele já existia antes de Deus
criar qualquer coisa, e, de fato, o próprio Cristo é o Criador que fez tudo no céu
e na terra, as coisas que podemos ver e as que não podemos; o mundo
espiritual com seus reis e reinos, seus governantes e suas autoridades: todos
foram feitos por Cristo para seu próprio proveito e glória. Ele existia antes que
tudo o mais começasse e é o seu poder que sustém todas as coisas em
conjunto. Ele é a Cabeça do corpo formado pelo Seu povo - isto é, sua igreja -
começado por Ele; e Ele é o Lí der de todos os que se levantam dentre os
mortos, de modo que Ele é primeiro em tudo; porque Deus queria que tudo
dEle mesmo estivesse em seu Filho. Foi por meio daquilo que seu Filho fez
que Deus abriu um caminho para que tudo viesse a Ele, todas as coisas no
céu e na terra, pois a morte de Cristo na cruz trouxe para todos a paz com
Deus através de seu sangue» (Colossenses 1:15-20, e.m.)

O SENHOR NOS ENCONTRA DE TRÊS MODOS

1. Enquanto Indiví duos: Jesus veio ser salvador pessoal de qualquer

pecador que se arrependa e acredite nEle:

«Porque Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que

todo aquele que crer nEle não pereça, mas tenha a vida eterna. Deus não

enviou o Filho dEle para condenar o mundo, mas para salvá-lo. Não há

75
condenação eterna reservada para aqueles que confiam nEle como

Salvador. Mas aqueles que não confiam nEle já foram julgados e

condenados por não crerem no Filho único de Deus»(João 3:16-18).

2. Enquanto Pequena Igreja (ekklesia): As reuniões normalmente eram feitas na


casa de alguém, exceto quando tinham que se reunir em segrêdo por causa da
perseguição. As ekklesias não possuiam propriedades nem tinham qualquer
ví nculo empregatí cio (empregado pago). Elas foram a origem da previdência
social na medida em que seus membros se cuidavam mutuamente quando
necessário. A ligação natural com Jesus capacitou-os nessa prática tanto em
ambientes distantes como distintos com Jesus sendo seu pastor.

«Reunindo-se em grupos pequenos nas casas para a Comunhão, e

participavam das suas refeições com grande alegria e gratidão, louvando

a Deus. A cidade inteira tinha simpatia por eles, e cada dia o próprio

Senhor acrescentava à igreja os que estavam sendo salvos» (Atos 2:46-

47, e.m.)

«Saudai Priscilla e Áqüila, meus cooperadores em Cristo Jesus, os quais

pela minha vida arriscaram a sua própria cabeça; e isto lhes agradeço,

não somente eu, mas também todas as igrejas dos gentios; saudai

igualmente a igreja que se reúne na casa deles» (Romanos16:3-5, e.m.)

76
«Saudai os irmãos da Laodicéia, e Ninfa, e à igreja que ela hospeda em

sua casa» (Colossenses 4:15, e.m.)

3. Enquanto Toda Igreja (ekklesia): Esta é a igreja da cidade grande que

congrega todos os crentes que residem em um local geográfico. De vez em

quando a igreja inteira de uma cidade se reune para celebrar a ressurreição

do Senhor. Isso representava um grande testemunho a todos aqueles que os

observavam. Naquele tempo o corpo de Cristo não estava separado por

distintas denonimações. As cartas no Novo Testamento eram sempre

enviadas para toda a igreja e não para líderes individuais. Por exemplo:

quando Paulo escreve para toda a igreja em Corinto.

À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus,

chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o

nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso (1 Coríntios

1:2)

CONSIDERAÇÕES TEOLÓGICAS

SOBRE A IGREJA CASEIRA

77
Os 12 discí pulos e Jesus constituiram a primeira igreja. Os apóstolos

instintivamente projetaram esse exemplo de um íntimo pequeno grupo

por onde quer que fossem. Eles sabiam que enquanto pequeno grupo,

com Deus, seriam transformados em poderosos homens de Deus. A

figura do templo e os supremos sacerdotes do Velho Pacto não

exerceram controle sobre eles. Afinal de contas, os planos para matar

Jesus vieram do interior do templo. Esse fato, provavelmente contribuiu

para que Deus destruísse o templo do Velho Pacto em Jerusalém no ano

70 AD. Terá sido por acaso que durante trezentos anos depois da

ressurreição de Jesus a igreja ainda se reunia nas casas ou, se havia

perseguição, em lugares secretos?

A ceia do Senhor e a comunhão não estavam separadas na igreja primitiva.

Quando a igreja passou a se instalar em edifícios próprios a ceia do Senhor

foi eliminada e apenas alguns homens santos poderiam ministrar a

comunhão.

Da mesma forma, depois da ceia Jesus deu a eles outro cálice de vinho,

dizendo, «Este vinho é o sinal do novo pacto de Deus para salvar vocês»

(Lucas 22-20, e.m.).

78
«Pois isto é o que o próprio Senhor disse com relação à sua mesa, e que

eu antes já lhes havia transmitido: Que na noite em que Judas O traiu, o

Senhor tomou o pão, e, depois de haver agradecido a Deus, partiu-o e o

deu aos seus discípulos, dizendo: 'Tomem isto e comam. Isto é o meu

corpo, que é entregue por vocês. Façam isto para se lembrarem de mim'.

De igual modo, Ele tomou o cálice de vinho depois da ceia, dizendo: 'Este

cálice é o novo contrato entre Deus e vocês, estabelecido e posto em

vigor por meio do meu sangue. Pensem nisto, em memória de mim, toda

vez que o beberem'. Porque cada vez que vocês comerem esse pão e

beberem esse cálice, estão repetindo a mensagem da morte do Senhor,

morte que Ele sofreu por vocês. Façam isto até que Ele venha de novo» (1

Coríntios 11:23-26, e.m.)

À igreja foi dado poder no Pentecoste quando o

Espí rito Santo foi derramado sobre os crentes. Este evento foi, antes de

mais nada, a Encarnação do Espírito Santo.

«Vocês receberão poder quando o Espí rito Santo vier sobre vocês; e

vocês me testemunharão em Jerusalém, e em toda a Judéia e Samaria, e

até aos confins da terra». Pedro deu um passo à frente com os onze

apóstolos e gritou à multidão: «'Ouçam, todos vocês, visitantes e

igualmente moradores de Jerusalém! Fiquem sabendo isso: Alguns de

79
vocês estão dizendo que estes homens estão bêbados! Não é verdade! É

muito cedo para isto! Ninguém fica embriagado às 9 horas da manhã!

Nunca! O que vocês estão vendo nesta manhã foi profetizado há séculos

pelo profeta Joel -- 'Nos últimos dias', disse Deus, 'Eu derramarei o Meu

Espírito Santo sobre toda da humanidade; os filhos e as filhas de vocês

profetizarão, os jovens terão visões, e os velhos terão sonhos. Sim, o

Espírito Santo virá sobre todos os meus servos, homens e mulheres, e

eles profetizarão'»(Atos 2:14-18, e.m.).

As atividades durante os ajuntamentos. Cristo fixou o exemplo do

debate e não o método da conferência. Paulo poderia ter dominado cada

ajuntamento mas deu as seguintes instruções:

«Que a paz do coração que vem de Cristo esteja sempre presente no

coração e na vida de vocês, pois isto é a responsabilidade e o privilégio

que vocês têm como membros do seu corpo. E sejam sempre

agradecidos. Lembrem-se do que Cristo ensinou e que as suas palavras

enriqueçam a vida de vocês e os tornem sábios; ensinem essas palavras

uns aos outros e cantem-nas em salmos, hinos e cânticos espirituais,

cantando ao Senhor com corações agradecidos» (Colossenses 3:15-16,

e.m.).

80
«Em reconhecimento por tudo quanto Ele fez por nós, suplantemos uns

aos outros em ser prestativos, em ser bondosos uns para com os outros,

e em fazer o bem. Não descuidemos os nossos deveres na igreja, nem as

suas reuniões, como algumas pessoas fazem, mas animemo-nos e nos

admoestemos uns aos outros, especialmente agora que o dia da sua volta

está se aproximando» (Hebreus 10:24-25).

«Quando vocês se reúnem, alguns cantarão, outros ensinarão, outro

transmitirá alguma informação especial que Deus lhe deu, ou falará numa

lí ngua desconhecida, ou explicará o que está dizendo algum outro que

esteja falando na lingua deconhecida; tudo o que for feito, porém, precisa

ser útil a todos, e edificá-los no Senhor»(1 Coríntians 14:26).

Abaixo vemos 3 coisas essenciais para vida saudável da igreja:

1. Comunidade: Um conjunto de crentes com uma história comum

vivendo em um mesmo espaço geográfico.

2. Compromisso: O estado de apego à causa de Cristo.

81
3. Responsabilidade: Capacidade de responder pelos seus atos e

obrigações.

O NOVO PACTO

O Novo Pacto precisa ser claramente compreendido de tal forma que o Velho

e o Novo não se misturem. A igreja tradicional sofre grandemente por causa

dessa mistura.

«'... Porém, este novo acordo não será como o antigo que Eu dei aos pais

deles no dia em que os tomei pela mão a fim de levá-los para fora da terra

do Egito; Eles não cumpriram a sua parte naquele acordo, e por isso Eu

tive de revogá-lo. Porém, este é o novo acordo que Eu farei com o povo

de Israel, diz o Senhor: escreverei minhas leis em suas mentes, a fim de

que eles saibam o que Eu quero que façam sem precisar dizer-lhes, e

estas leis estarão em seus corações para que eles desejem obedecer-

lhes. Serei o Deus deles e eles serão o meu povo. E então ninguém

precisará falar ao seu amigo, ou ao seu vizinho, ou ao seu irmão,

dizendo: 'Você também precisa conhecer o Senhor', pois todos, grandes

e pequenos, já me conhecerão. E Eu terei misericórdia deles em suas

82
más obras, e não me lembrarei mais dos seus pecados'.

Deus fala destas novas promessas, deste novo acordo, como tomando o

lugar do antigo; porque este agora está antiquado e foi posto de lado

para sempre». (Hebreus 8:10-13)

Chamando este pacto de «novo», Ele torna o primeiro obsoleto; e o que é

obsoleto e velho logo desaparecerá.

«Ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para

remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a

promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados» (Hebreus

9:15)

Após o terceiro século os bispos tiraram os olhos do Senhor colocando-se

colocando-se a si mesmos como líderes da igreja no lugar do Espírito Santo.

Eles queriam poder e controle. Eles misturaram as duas convenções quando

ergueram o primeiro edifício e vestiram os roupões do sumo sacerdote

(pastor) e agora eles são os porta-vozes daquilo que Deus tem a dizer para

as pessoas comuns. Se você verte a Velha Convenção na Nova Convenção

você tem uma diluição que geralmente é chamada: religião feita por homem,

religião organizada ou seja, a igreja moderna tradicional.

83
A igreja moderna tradicioanl depende de líderes profissionais pagos que não

pertencem ao grupo, ministério ou trabalho local.

«Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá sua vida pelas ovelhas. Um

simples empregado fugirá, se perceber que o lobo vem chegando, e

deixará as ovelhas, por que elas não são dele, e ele não é o pastor delas.

Com isso o lobo ataca e espalha o rebanho. O empregado foge porque é

apenas uma pessoa que trabalha por dinheiro, e não tem interesse real

nas ovelhas. Eu sou o Bom Pastor, conheço minhas próprias ovelhas, e

elas Me conhecem. Assim como meu Pai Me conhece eu conheço o Pai, e

entrego a minha vida pelas ovelhas» (João 10:11-14).

O problema com a moderna igreja tradicioanl é O SISTEMA e normalmente

não o pastor ou a congregação. Mais 1700 anos não mudará isso.

A LIDERANÇA ÉPARA SERVIR E

NÃO PARA GOVERNAR SOBRE A IGREJA:

A função dos anciõess e diáconos é servir à igreja. Pedro não disse para

84
contratar pastores para controlar e administrar a igreja, esse trabalho seria

feito pelos anciões mas voluntariamente. Incidentemente como cristãos

todos nós temos algo de pastor em nós.

«E agora, uma palavra a vocês, os anciãos da igreja. Eu também sou um

ancião; com os meus próprios olhos vi Cristo morrer na cruz; e eu

também participarei da sua glória e da sua honra quando Ele voltar.

Colegas anciãos, este é o meu apelo a vocês: Alimentem o rebanho de

Deus; cuidem dele com boa disposição e não de má vontade; não pelo

que vocês ganharão com isso, mas porque estão ansiosos de servir ao

Senhor: Não sejam tiranos, mas guiem o rebanho com o seu bom

exemplo. E quando vier o Supremo Pastor, a recompensa de vocês será

uma participação perpétua na sua glória e sua honra.» (1 Pedro 5:1-4).

Jesus dá detalhes adicionais:

«'É certo que vocês beberão dele', disse Ele. 'Mas Eu não tenho direito

nenhum de dizer quem sentará nos tronos perto do meu. Estes lugares

estão reservados para as pessoas que meu Pai escolher'. Os outros dez

discípulos ficaram revoltados quando souberam o que Tiago e João

haviam pedido. Mas Jesus os reuniu e disse: 'Entre os não-crentes, os

85
reis são tiranos', e cada oficial inferior domina sobre aqueles que estão

abaixo dele. Mas entre vocês é bem diferente. Todo aquele que quiser ser

um líder, deve ser servo. E se vocês quiserem chegar bem alto, devem

servir como um escravo. A atitude de vocês deve ser igual à minha,

porque Eu, o Messias, não vim para ser servido, mas para servir, e dar a

minha vida por muitos'». (Mateus 20:23-28).

Cristo provê dons para a igreja pelos homens:

«Alguns de nós recebemos um talento especial como apóstolos; a outros

Ele concedeu o dom de serem capazes de pregar bem; alguns têm a

habilidade especial de ganhar pessoas para Cristo. ajudandoas a crer

nEle como seu Salvador; outros, ainda, têm o dom de cuidar do povo de

Deus, corno um pastor faz com seu rebanho, e dirigi-lo e ensiná-lo nos

caminhos de Deus. Por que é que Ele nos dá estes talentos especiais

para fazermos melhor determinadas coisas? Éque o povo de Deus estará

mais bem aparelhado para fazer uma obra melhor para Ele, edificando a

igreja -- o corpo de Cristo -- e elevando-a a uma condição de vigor e

maturidade; até que finalmente todos creiamos do mesmo modo quanto à

nossa salvação e ao nosso Salvador, o Filho de Deus, e todos nos

tornemos amadurecidos no Senhor. Sim, crescermos a ponto de que

Cristo ocupe completamente todo o nosso ser». (Efésios. 4:11-13).

86
Se apenas um homem prega não há nenhuma necessidade de prepaar o

povo de Deus para Seu serviço. O povo de Deus tem se tornado mero

espectador do dom de uma só pessoa. Infelizmente as duas partes mais

comuns do corpo do Deus que estão sendo usadas no domingo pela manhã

é a boca do pastor e a orelha de congregação.

Cristo tornou-se o Novo Supremo Sacerdote, substituindo o supremo

sacerdote humano do Velho Testamento:

«Então Jesus disse ao povo e aos seus discípulos: "Vocês pensariam

que estes líderes dos judeus e estes fariseus são Moisés, pela maneira

como eles continuam fazendo tantas leis! Pode ser muito correto fazer o

que eles dizem, mas acima de qualquer outra coisa não sigam o exemplo

deles. Porque eles não fazem o que mandam vocês fizerem. Exigem de

voces coisas impossíveis que eles nem tentam observar»

«Tudo o que fazem é para se mostrar. Eles se fingem de santos, levando

nos braços grandes caixas de orações com versículos das Escrituras

dentro, e alongando as barras memoriais dos seus mantos. E como

gostam de tomar os principais lugares nos banquetes, e nos bancos

87
reservados na sinagoga! Como apreciam a consideração que se presta a

eles nas ruas, e gostam de ser chamados de 'Mestre'! Nunca deixem que

alguém chame vocês assim. Porque somente Deus é o Mestre e todos

vocês estão no mesmo nível, como irmãos. Não se dirijam a ninguém

aqui na terra chamando de 'Pai', porque somente Deus no céu deve ser

chamado assim. E não sejam chamados de 'Mestre' porque somente um é

o mestre de vocês, isto é, o Messias»

«Quanto mais humilde for o serviço de vocês aos outros, maiores vocês

serão. Para ser o maior de todos, é preciso ser servo. Mas aqueles que se

acham grandes, sofrerão desapontamentos e humilhação; e aqueles que

se humilham serão engrandecidos» (Mat. 23:1-12, e.m.).

AMADURECENDO O SACERDÓCIO SANTO:

Todos os crentes tornaram-se santos sacerdotes, substituindo a estrutura

hierárquica do templo:

«Portanto, libertem-se dos seus sentimentos de ódio. Não se finjam de

bons! Acabem com a falta de sinceridade e o ciúme, e parem de falar dos

outros por trás. Se vocês já experimentaram a retidão e a bondade do

Senhor cla- mem por mais, como um bebé chora por leite. Comam a

Palavra de Deus -- leiam-na, pensem nela -- e cresçam fortes no Senhor.

88
Cheguem-se a Cristo, que é o Alicerce de Rocha, vivo, sobre o qual Deus

constrói; embora os homens O tenham rejeitado, Ele é muito precioso

para Deus, que O escolheu acima de todos os outros»

«E agora vocês se tornaram pedras vivas de construção para Deus

utilizar na edificação da sua casa. E o que é mais, vocês são seus

sacerdotes santos; portanto, cheguem-se a Deus (vocês são aceitáveis a

Ele por causa de Jesus Cristo), e ofereçam-Lhe aquelas coisas de que Ele

se agrada. Tal como as Escrituras declaram: 'Eis que Eu estou enviando

Cristo para ser a preciosa Pedra de Esquina da minha igreja,

cuidadosamente escolhida, e Eu nunca decepcionarei aqueles que

confiam nEle'»

«Sim, Ele é muito precioso para vocês, os que crêem; e para aqueles que

O rejeitam, ora, 'a mesma Pedra que foi rejeitada pelos construtores

tornou-se a Pedra de Esquina, a parte mais honrosa e mais importante do

edifício'. E as Escrituras dizem também: 'Ele é a Pedra sobre a qual

alguns tropeçarão, e a Rocha que os fará cair'. Eles tropeçarão porque

não atenderão à Palavra de Deus, nem lhe obedecerão, e portanto este

castigo deverá vir como conseqüência: eles cairão. Mas vocês não são

assim, pois foram escolhidos pelo próprio Deus -- vocês são sacerdotes

do Rei, são santos e puros, pertencem ao próprio Deus». (1 Pedro 2:1-9,

e.m.)

89
Não havia nenhum seminário para preparar uma elite especial do corpo para

dominar o resto. Os anciões inspirados pelo Espírito Santo continuaram a

discípular os crentes novos como Jesus fez. Isto preparou todo o corpo do

santo sacerdócio para multiplicar a igreja.

90
O PROPÓSITO DA IGREJA É:

♦ Dar Glória a Deus: «É bem natural que eu sentisse o que sinto a respeito

de vocês, porque vocês têm um lugar muito especial em meu coração. Nós

temos participado juntos das bênçãos de Deus, tanto quando eu estava na

prisão como quando estava fora dela, defendendo a verdade e falando de

Cristo aos outros. Só Deus sabe como é profundo o meu amor e a saudade

que tenho de vocês - com a ternura de Jesus Cristo. Minha oração por vocês

é que cada vez mais vocês transbordem de amor pelos outros e que, ao

mesmo tempo, continuem a crescer em conhecimento e compreensão

espiritual, pois eu desejo que vocês sempre vejam com toda a clareza a

diferença entre o certo e o errado, e que sejam intimamente puros, para que

ninguém possa censurá-los desde agora até que o Senhor volte. Que vocês

possam estar sempre fazendo aquelas coisas boas e benéficas, que

combinam com a condição de um filho de Deus, pois isso resultará em muito

louvor e glória ao Senhor» (Filipenses 1:7-11).

♦ Preparar o povo de Deus para trabalhar em Seu serviço: «Alguns de nós

recebemos um talento especial como apóstolos; a outros Ele concedeu o

dom de serem capazes de pregar bem; alguns têm a habilidade especial de

ganhar pessoas para Cristo. ajudando-as a crer nEle como seu Salvador;

outros, ainda, têm o dom de cuidar do povo de Deus, como um pastor faz

com seu rebanho, e dirigi-lo e ensiná-lo nos caminhos de Deus. Por que é

que Ele nos dá estes talentos especiais para fazermos melhor determinadas

coisas? É que o povo de Deus estará mais bem aparelhado para fazer uma

obra melhor para Ele, edificando a igreja -- o corpo de Cristo -- e elevando-a

91
a uma condição de vigor e rnaturidade; até que finalmente todos creiamos

do mesmo modo quanto à nossa salvação e ao nosso Salvador, o Filho de

Deus, e todos nos tornemos amadurecidos no Senhor. Sim, crescermos a

ponto de que Cristo ocupe completamente todo o nosso ser» (Efésios 4:11-

13).

♦ Compartilhar a sabedoria de Deus: «Para mostrar a todas as forças do céu

como Deus é perfeitamente sábio, quando elas virem toda a sua família --

judeus e gentios -- reunida em sua igreja, tal como Ele sempre planejara

fazer por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. Agora podemos entrar sem

medo nenhum da presença de Deus, seguros da sua alegre acolhida quando

formos com Cristo e confiarmos nEle. Portanto, eu lhes peço que não

percam o ânimo com o que estão fazendo comigo aqui. É por vocês que eu

estou sofrendo e vocês devem sentir-se honrados e animados com isso.

Quando penso na sabedoria e na extensão do seu plano, eu caio de joelhos

e rogo ao Pai de toda a grande família de Deus -- alguns deles lá em cima no

céu e outros aqui embaixo na terra -- que de seus recursos gloriosos e

ilimitados Ele conceda a vocês o poderoso fortalecimento interior dado pelo

seu Espírito Santo» (Efésios 3:10-16).

♦ Sofrer pelo Senhor, se necessário for. «E quero que vocês saibam isto,

queridos irmãos: tudo quanto me aconteceu aqui tem sido uma grande ajuda

na divulgação da Boa Nova a respeito de Cristo. Porque todo mundo aqui,

incluindo todos os soldados, de ponta a ponta nos quartéis, sabem que

estou na cadeia simplesmente porque sou cristão. E por causa da minha

prisão muitos dos cristãos daqui parecem ter perdido o medo de ser presos!

92
De algum modo minha resignação os animou e eles começaram a ter cada

vez mais coragem para falar de Cristo aos outros» (Filipenses 1:12-14).

«Louvem ao Senhor se vocês forem castigados por terem feito o que é

direito! Naturalmente vocês não têm nenhum mérito em se conformarem se

forem espancados por terem feito o mal; mas se fizerem o bem e sofrerem

debaixo das pancadas, Deus se agradará muito. Este sofrimento todo é uma

parte da obra que Deus lhes deu. Cristo, que sofreu por vocês, é o seu

exemplo. Sigam em seus passos: Ele nunca pecou, nunca disse uma

mentira, nunca retrucou quando foi insultado; quando sofreu, não ameaçou

para se vingar; deixou seu caso nas mãos de Deus, que sempre julga com

justiça. Ele carregou pessoalmente o fardo dos nossos pecados em seu

próprio corpo, quando morreu na cruz, a fim de que possamos morrer para o

pecado e viver, daqui em diante, uma vida santa, Pois os seus ferimentos

curaram os nossos! Tal como ovelhas, vocês vaguearam longe de Deus, mas

agora voltaram para o seu Pastor, o Guardião das suas almas, que os

conserva a salvo de todos os ataques» (1 Pedro 2:19-25).

♦ Preparar a ekklesia para ser a esposa de Cristo.

A IGREJA É FUNDAMENTAL E

PRIMEIRAMENTE UMA FAMÍ LIA

♦ A igreja é a «morada de Deus». «Agora vocês já não são mais estranhos a

Deus e estrangeiros no céu, mas sim membros da própria família de Deus e

cidadãos do país de Deus, e pertencem à casa de Deus como todos os

93
outros cristãos. Vejam o alicerce sobre o qual vocês se encontram agora; os

apóstolos e os profetas; e a pedra de esquina do edifício é o próprio Jesus

Cristo! Nós, os que cremos, somos cuidadosamente colocados juntamente

com Cristo como partes de um templo a Deus, belo e em constante

crescimento. E vocês também são unidos a Ele, e uns aos outros, pelo

Espí rito, e formam parte desta morada de Deus» (Efésios 2:19-22, e.m.).

♦ Nós somos «filhos de Deus». «Vejam como nosso Pai celestial nos ama

tanto, pois Ele nos permite ser chamados seus filhos -- meditem nisto -- e

realmente nós somos. Entretanto, visto que tanta gente não conhece a Deus,

naturalmente não compreende que somos seus filhos. Sim, queridos

amigos, nós já somos filhos de Deus, agora mesmo, e não podemos nem

imaginar como vai ser mais tarde. Mas sabemos isto, que quando Ele vier

nós seremos semelhantes a Ele, como resultado de O vermos como Ele

realmente é. E todo aquele que verdadeiramente crê nisto, procurará

permanecer puro, porque Cristo é puro»(1 João 3:1-3).

♦ Nós «nascemos» em Sua famí lia. «Embora Ele tenha feito o mundo, não

foi reconhecido pelo mundo, quando veio. Mesmo em sua própria terra e

entre seu próprio povo, os judeus, Ele não foi aceito. Só uns poucos O

acolheram e receberam. Mas a todos que O receberam, Ele deu o direito de

se tornarem filhos de Deus. Tudo o que eles precisavam fazer era confiar

nEle como Salvador. Todos os que crêem nisto nascem de novo! -- não um

novo nascimento fí sico resultado do desejo humano mas da vontade de

Deus» (João 1:10-13).

♦ Somos ligados uns aos outros como uma famí lia. «Nunca fale

94
asperamente a um homem mais velho, mas discuta com ele

respeitosamente, tal como se ele fosse seu próprio pai. Fale aos homens

mais jovens como a irmãos muito amados. Trate as mulheres mais velhas

como mães, e as moças cimo suas irmãs, tendo só pensamentos puros

sobre elas» (1 Timóteo 5:1-2). «Saúdem a Rufo por mim -- aquele que o

Senhor escolheu para ser seu -- e também à sua querida mãe, a qual tem

sido verdadeira mãe para mim. E, por obséquio, dêem minhas saudações a

Asíncrito, a Flegonte, a Hermes, a Pátrobas, a Hermas, e também a ourtos

irmãos que estão com eles»(Romanos 16:13-14).

♦ A igreja será apresentada como a Noiva de Cristo no fim dos tempos. «E

vocês, maridos, mostrem pelas suas esposas o mesmo tipo de amor que

Cristo mostrou pela igreja quando morreu por ela, para fazê-la santa e pura,

lavada pelo batismo e pela palavra de Deus; a fim de que Ele pudesse dá-la a

Si mesmo como uma igreja gloriosa sem uma única mancha, ou ruga, ou

qualquer outro defeito, mas sim, santa e sem nenhuma imperfeição»(Efésios

5:25-27).

UM REINO DIVIDIDO NÃO PERMANECE EM PÉ:

Igrejas caseiras não devem ser sectárias:

O sectarismo é uma ferramenta de Satã para enfraquecer o corpo de

Cristo. «Mas, queridos irmãos, suplico-lhes encarecidamente em nome do

Senhor Jesus Cristo que parem essas discussões entre vocês. Que haja

verdadeira harmonia, a fim de que não apareçam divisões na igreja. Eu

lhes imploro que tenham o mesmo modo de pensar, unidos na mente e

95
nas intenções. Pois alguns que moram na casa de Cloe me contaram a

respeito das discussões e contendas entre vocês, amados irmãos. Uns

estão dizendo:. 'Eu sou seguidor de Paulo'. Outros dizem que estão do

lado de Apoio ou de Pedro; e outros ainda que só eles são os verdadeiros

seguidores de Cristo. E assim vocês, de fato, partiram Cristo em muitos

pedaços. Mas será que eu, Paulo, morri por seus pecados? Alguém de

vocês foi batizado em meu nome? Sinto-me bem contente, agora, por não

ter batizado nenhum de vocês, a não ser Crispo e Gaio. Porque agora

ninguém pode pensar que eu estava procurando começar algo novo,

fundando uma 'Igreja de Paulo'. Ah, sim! Batizei a família de Estéfanas. E

não me recordo de ter batizado ninguém mais. Cristo não me enviou a

batizar, mas a pregar o Evangelho; e até minha pregação parece pobre,

pois não recheio meus sermões com palavras profundas e idéias de

grande efeito, por medo de diluir o poder grandioso que há na mensagem

simples da cruz de Cristo» (1 Coríntios 1:10-17).

«Mas Jesus sabia os pensamentos de cada um deles e disse: 'Qualquer

reino dividido internamente está condenado; assim também o lar cheio de

discussões e condenda'» (Lucas 11:17).

Você é capaz de imaginar o que poderia acontecer a uma cidade se a igreja fosse
unida?

A IGREJA PRIMITIVA ERA UNIDA


«Paulo andava como que furioso, e ia a todos os lugares para destruir os crentes,
entrando até nas casas particulares, arrastando para fora tanto homens como
mulheres, metendo todos na cadeia» (Atos 8:3).

A igreja tradicional moderna construí u edifí cios especialmente projetados para a


reunião do Dia do Senhor. Tipicamente, o tamanho do edifí cio é visto como a
96
medida do sucesso de cada igreja (o maior, a melhor). Igrejas com apenas
algumas dúzias de sócios às vezes alugam grandes salões ou escolas na
esperança de ter algum dia o seu próprio edifí cio de igreja «de verdade».

Durante os primeiros trezentos anos de sua existência a igreja se encontrou nas


casas de seus membros. No quarto século AD Constantino emitiu o Édito de Milão
que induziu os cristãos a construir templos como os pagãos faziam. O lugar de
reunião normal para os cristãos primitivos sempre foi a casa. Por que eles
escolheram esta estrutura em vez de um lugar de reunião maior? Aqui vai um
pouco de base bí blica sobre onde a igreja primitiva se reunia:

Regularmente eles adoravam juntos no templo todos os dias, reuniam-se em


grupos pequenos nas casas para a Comunhão, e participavam das suas
refeições com grande alegria e gratidão, louvando a Deus. A cidade inteira
tinha simpatia por eles, e cada dia o próprio Senhor acrescentava à igreja
todos os que estavam sendo salvos. (Acts 2:46-47).

«E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de


pregar Jesus, o Cristo» (Acts 5:42).

«Tenho feito humildemente o trabalho do Senhor -- sim, e com lágrimas -- e


tenho enfrentado sério perigo das conspirações dos judeus contra a minha
vida. Mesmo assim nunca fugi de falar a verdade a vocês, tanto publicamente
como nas suas casas. Eu tenho tido só uma mensagem, tanto para os judeus
como para os estrangeiros -- a necessidade de se voltarem do pecado para
Deus, por meio da fé em nosso Senhor Jesus Cristo» (Acts 20:19-21).

«Dêem, por obséquio, minhas saudações aos amigos cristãos da Laodicéia, e


a Ninfa, blem como àqueles que se reúnem em seu lar. (Colossenses 4:15).
Façam o obséquio de dar minhas saudações a todos aqueles que se reúnem
na casa deles para os cultos» (Romanos 16:5).

«De: Paulo, na prisão por pregar a Boa Nova de Jesus Cristo, e da parte do
irmão Timóteo. Para: Filemom, nosso mui amado colaborador, e para a igreja
que se reúne em sua casa» (Filemom 1:1-2).

Os cristãos da igreja primitiva para influenciar e ganhar mais convertidos a Jesus.


Isto durou até que os lí deres do templo apedrejaram Estêvão a morte. Naquele dia
uma grande perseguição começou contra a igreja em Jerusalém, e todos menos
os apóstolos se espalharam ao longo da Judéia e Samaria.

CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS E TEOLÓGICAS:


Nós pensamos freqüentemente que igreja grande é igreja boa e que igreja
pequena é igreja ruim. Deus não pensa assim, Ele escolheu apenas doze
discí pulos porque sabia que um grupo maior leva mais tempo para disciplinar. Ele
recusou deixar outros se unirem aos doze. Freqüentemente Ele teve que se retirar

97
do meio das grandes multidões que O seguiam, procurando pelos seus
ensinamentos.

A igreja primitiva cresceu pela multiplicação de igrejas caseiras. Quando uma


igreja tornava-se muito grande o ancião treinava alguém para orientar uma nova.
Religião organizada (ou denominações) é desí gnio de homem. A igreja pequena é
o padrão deixado por Jesus conforme vemos no Novo Testamento, um corpo
apenas e muitas partes:
O Espí rito Santo manifesta o poder de Deus através de cada um de nós como
um meio de ajudar a toda a igreja. A um o Espí rito concede a capacidade de
dar conselhos sábios; outro pode ser particularmente apto para estudar e
ensinar, e este é o seu dom vindo do mesmo Espí rito. Ele dá uma fé toda
especial a outro, e a outro mais o poder de curar os doentes. A alguns Ele dá o
poder de fazerem milagres; e a outros o poder de profetizar e pregar. Ele dá a
outros, ainda, o poder de conhecer se são maus espí ritos que estão falando
através daqueles que afirmam proclamar as mensagens de Deus - ou se
realmente o Espí rito de Deus quem está falando. Ainda outra pessoa pode
falar em lí nguas que jamais aprendeu; e outros, que tampouco conhecem a
lí ngua, recebem o poder de compreenderem o que ela está dizendo. É o
mesmo e único Espí rito Santo que dá todos esses dons e poderes, decidindo
qual é o que cada um de nós deve ter.
Nossos corpos têm muitos membros, porém esses muitos membros formam
um só corpo quando são todos postos juntos. Assim acontece com o 'corpo' de
Cristo. Cada um de nós é um membro deste corpo único de Cristo. Alguns de
nós somos judeus; outros, gentios; alguns são escravos e outros, livres.
Entretanto, o Espí rito Santo encaixou-nos todos juntos num só corpo. Fomos
batizados no corpo de Cristo pelo único Espí rito, e todos recebemos esse
mesmo Espí rito Santo.
Ora, o corpo possui muitos membros, e não um só. Se o pé disser: 'Não sou
membro do corpo porque não sou mão', nem por isso deixa de ser um membro
do corpo. E que pensariam vocês se ouvissem uma orelha dizer: 'Não sou
membro do corpo, porque sou apenas orelha, e não olho'? Será que isso a
faria menos parte do corpo? Suponhamos que o corpo inteiro fosse um olho --
então como é que vocês ouviriam? Ou, se o corpo todo de vocês fosse uma
orelha enorme, como é que vocês poderiam sentir o cheiro de alguma coisa?
Entretanto, não foi desse jeito que Deus nos fez. Ele criou muitos membros
para os nossos corpos e colocou cada um desses membros onde os deseja.
Que coisa esquisita seria um corpo, se tivesse um único membro! Assim foi
que Ele fez muitos membros, mas ainda é um corpo só.
O olho nunca pode dizer à mão: 'Não preciso de você'. A cabeça não pode
dizer aos pés 'não preciso de vocês'.
E alguns dos membros que parecem ser os mais fracos e menos importantes
são, na realidade, os mais necessários.
Sim, e nós estamos especialmente contentes por termos alguns membros que
parecem um tanto estranhos! E protegemos, com todo o cuidado, dos olhares
dos outros, esses membros que não devem ser vistos, enquanto que os
membros que podem ser vistos naturalmente não exigem este cuidado
especial. Assim, Deus armou o corpo de maneira tal que se dão um cuidado e

98
uma honra especiais àqueles membros que, de outro modo poderiam parecer
menos importantes. Isso produz harmonia entre os membros, que assim têm,
uns para com os outros o mesmo cuidado que têm consigo mesmos. Se um
membro sofrer, todos os outros sofrem com ele, e se um membro for honrado,
todos os outros ficam satisfeitos.
Agora, eis o que eu estou procurando dizer: todos vocês juntos são o corpo
único de Cristo, e cada um de vocês é um membro separado e necessário
dele. Eis uma lista de alguns dos membros que Ele pôs em sua Igreja, que é o
seu corpo:
Apóstolos, Profetas -- os que pregam a palavra de Deus, Professores, os que
fazem milagres, os que têm o dom de cura, os que podem ajudar aos outros,
os que podem fazer que outros trabalhem juntos, os que falam lí nguas que
nunca aprenderam.
Todos são apóstolos? Naturalmente que não são. São todos pregadores? Não.
Todos são professores? Todos têm poder de fazer milagres? Todos podem
curar enfermos? É claro que não. Deus dá a todos nós o poder de falar em
lí nguas que nunca aprendemos antes? Qualquer um pode entender e traduzir
o que aqueles que têm esse dom de lí nguas estrangeiras estão dizendo? Não,
mas façam o máximo para ter os dons mais importantes desses todos (1
Corí ntios 12:7-31).
Deus vê o que você pode ser, não o que você é:
«Observem entre vocês mesmos, queridos irmãos, que poucos de vocês que
seguem a Cristo têm um nome importante, ou poder, ou riquezas. Pelo
contrário. Deus deliberadamente escolheu valer-se de idéias que o mundo
considera absurdas e despreziveis para envergonhar aqueles indiví duos que o
mundo considera sábios ,c grandes. Ele escolheu um plano desprezado pelo
mundo, e que não é levado em conta absolutamente para nada, e o utilizou
para reduzir a nada aqueles que o mundo considera grandes, para que
ninguém, em parte alguma, possa gabar-se na presença de Deus. Porque é de
Deus que procede, exclusivamente, que vocês tenham essa vida por meio de
Cristo Jesus. Jesus nos revelou o plano divino de salvação; foi Ele quem nos
fez aceitáveis diante de Deus; Ele nos fez puros e santos, e deu-Se a Si
mesmo para comprar a nossa salvação. Tal como se diz nas Escrituras: 'Se
alguém tiver de se gloriar, que se glorie somente daquilo que o Senhor fez'» (1
Corí ntios 1:26-31).
Deus não precisa de programas de igreja para expandir Seu Reino. Em nossos
dias as igrejas secretas na China estão crescendo em quase 20.000 a cada dia:
«Mas os lí deres judaicos ficaram com inveja e animaram uns sujeitos maus
das ruas a se revoltarem e atacarem a casa de Jasom, pretendendo levar
Paulo e Silas ao Conselho da Cidade, para serem castigados. Como não
encontraram os dois lá, em lugar deles arrastaram Jasom e alguns dos outros
crentes, e levaram diante do Conselho. 'Paulo e Silas viraram o resto do
mundo de cabeça para baixo, e agora estão aqui perturbando a nossa cidade',
clamavam eles, 'e Jasom deixou os dois entrar em sua casa. Todos eles são
culpados de traição, porque dizem que há um outro rei, Jesus, em lugar de
César'. O povo da cidade, como também os juí zes, ficaram inquietos com estas
informações, e só deixaram os acusados ir embora depois de pagar multa»
(Acts 17:5-9).

99
Todas as instruções dadas pelos apóstolos eram determinadas com igrejas
caseiras em mente. Eles estavam articulados para agir em gupos fixos, í ntimos,
pequenos, não no contexto de um grupo grande. Algumas dessas instruções são
como as seguintes:

1.) Havia participação mútua nas reuniões da igreja e ninguém exercia


domí nio sobre outros.

«Suplantemos uns aos outros em ser prestativos, em ser bondosos uns


para com os outros, e em fazer o bem. Não descuidemos os nossos
deveres na igreja, nem as suas reuniões, como algumas pessoas fazem,
mas animemo-nos e nos admoestemos uns aos outros, especialmente
agora que o dia da sua volta está se aproximando» (Hebreus 10:24-25).

«Quando vocês se reúnem, alguns cantarão, outros ensinarão, outro


transmitirá alguma informação especial que Deus lhe deu, ou falará numa
lí ngua desconhecida, ou explicará o que está dizend oalgum outro que
esteja falando na lí ngua desconhecida; tudo que for feito, porém, precisa
ser útil a todos, e edificá-los no Senhor» (1 Corí ntios 14:26).

«Ensinem essas palavras uns aos outros e cantem-nas em salmos, hinos e


cânticos espirituais» (Colossians 3:16).

2.) Jesus dá dons à sua igreja pelo Seu Espí rito. Reuniões da igreja não
são enfadonhas como a ordem estóica da igreja humana [tradicional].
As liturgias substituí ram a movimento espontâneo do Espí rito Santo em
nós.

«Deus nos dá muitos tipos de capacidades especiais, poré é o mesmo


Espí rito Santo que é a fonte de todas elas» (1 Corí ntios 12:11).

«Deus deu a cada um de nós a habilidade de fazer bem determinadas


coisas» (Romans 12:6).

«O povo de Deus estará mais bem aparelhado para fazer uma obra melhor
para Ele, edificando a igreja -- o corpo de Cristo -- e elevando-a a uma
condição de vigor e maturidade» (Efésios 4:12).

3.) Nossos í mpetos e atitudes devem ser puros e não seculares:


«Não sejam egoí stas; não vivam para causar boa impressão aos outros.
Sejam humildes, pensando dos outros como sendo melhores do que vocês
Mesmos. Não pensem unicamente em seus próprios interesses, mas
preocupem-se também com os outros e com o que eles estão fazendo. A
atitude de vocês deve ser semelhante àquela que nos foi mostrada por
Jesus Cristo, que, embora Deus, não exigiu nem tampouco Se apegou a
seus direitos como Deus, mas pôs de lado seu imenso poder e sua glória,

100
ocultando-se sob a forma de escravo e tornando-se como os homens. E Se
humilhou ainda mais, chegando ao ponto de sofrer uma verdadeira morte
de criminoso numa cruz. Contudo, foi por causa disso que Deus O elevou
até às alturas do céu e Lhe deu um Nome que está acima de qualquer outro
nome, para que ao Nome de Jesus todo joelho se dobre no ceu. na terra, e
debaixo da terra, e toda lingua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para
a glória de Deus o Pai» (Filipenses 2:3-11).

4.) O afeto é um imperativo quando a comunidade é edificada na pequena


igreja.

«Agora seus pecados foram lavados; vocês estão separados para Deus, e
Ele os aceitou devido ao que o Senhor Jesus Cristo e o Espí rito do nosso
Deus fizeram por vocês» (2 Corí ntios 6:11).

«Agora vocês podem ter amor verdadeiro por todos, porque as almas de
vocês foram purificadas do egoí smo e do ódio quando confiaram em Cristo,
a Mensagem sempre viva de Deus aos homens» (1 Pedro 1:22).

«Eu dei a eles a glória que o Senhor Me deu -- a de serem um, como Nós
somos -- Eu neles e o Senhor em Mim, para que todos sejam perfeitos --
para que o mundo saiba que o Senhor Me enviou, e compreenda que o
Senhor ama meus discí pulos tanto quanto Me ama» (João 17:22-23). Veja
também Romanos 12:9-13.

«Esse profundo amor que vocês tiverem uns pelos outros provará ao
mundo que vocês são meus discí pulos» (João 13:35).

5.) Participando da Santa Ceia, que inclui o pão e o vinho do Novo Pacto ao
término da refeição.

«Pois isto é o que o próprio Senhor disse com relação à sua mesa, e que
eu antes já lhes havia transmitido: Que na noite em que Judas O traiu, o
Senhor tomou o pão, e, depois de haver agradecido a Deus, partiu-o e o
deu aos seus discí pulos, dizendo: 'Tomem isto e comam. Isto é o meu
corpo, que é entregue por vocês. Façam isto para se lembrarem de mim'.
De igual modo, Ele tomou o cálice de vinho depois da ceia, dizendo: 'Este
cálice é o novo contrato entre Deus e vocês, estabelecido e posto em vigor
por meio do meu sangue. Pensem nisto, em memória de mim, toda vez que
o beberem'» (1 Corí ntios 11:23-26).

Você sabia que incialmente Martinho Lutero queria restabelecer as igrejas


caseiras na Reforma Protestante? Infelizmente abandonou a idéia pelo fato das
igrejas caseiras estarem associadas à Reforma Radical Anabatista, que as
praticava.

101
O SUSTENTO DA IGREJA

As Igrejas tradicionais modernas hoje não poderiam sobreviver sem o apoio


financeiro dos seus membros por causa de despesas como hipoteca e
manutenção do edifí cio, limpeza, contas de água, luz, telefone, salários de pessoal
e segurança. Ironicamente, nenhuma destas coisas é encontrada no Novo
Testamento. Na realidade, uma porcentagem muito pequena de fundos
disponí veis da igreja tradicional vai de fato para qualquer coisa sancionada pelo
Novo Testamento. Para apoiar estas práticas duvidosas, a maioria das igrejas
impõe erroneamente um dí zimo nos seus membros, embora dizimar não seja uma
prática do Novo Pacto.

Dizimar é uma prática do Velho Pacto, não faz parte do Novo Pacto: Seu propósito
era apoiar financeiramente um governo teocrático do qual os sacerdotes levitas
faziam parte. No Velho Pacto, a igreja estava subordinada a uma teocracia
terrestre, humana, a um governo secular. Paulo nos fala essencialmente em
«dí zimar» ao governo pagando impostos. O mesmo tipo de apoio que Israel dava
ao governo deles, o sacerdócio leví tico, na forma de dí zimos.

«Paguem também seus impostos, por estas duas mesmas razões.


Porque os trabalhadores do governo precisam ser pagos, a fim de
poderem continuar a fazer a obra de Deus, que é servir a vocês.
Dêem a cada um qualquer coisa que eles tenham a receber; paguem
alegremente seus impostos e direitos alfandegários, obedeçam aos
seus superiores, e honrem e respeitem a todos aqueles a quem isso
for devido» Romanos 13:6-7. [NT]

O dí zimo do Velho Pacto não era nada mais que um imposto em apoio a um
governo teocratico.

«Então o rei mandou charnar Joiada, o sumo sacerdote, e lhe


perguntou: 'Por que você não exigiu que os levitas saí ssem e
trouxessem os impostos que as cidades de Judá e a cidade de
Jerusalém devem pagar para a casa do Senhor!? A lei do imposto
decretada por Moisés, servo do Senhor, deve ser cumprida, para que
o templo possa ser consertado'. Os seguidores da perversa Atalia
tinha arruinado a Casa do Senhor, e tudo quanto era dedicado ao
culto de Deus tinha sido levado para o templo dos í dolos de Baal. Por
isso o rei deu ordens para que fosse feito um cofre e colocado do lado
de fora da porta do templo. Então foi mandado um aviso a todas as
cidades de Judá, e por toda a cidade de Jerusalém, dizendo ao povo
que trouxessem ao Senhor o imposto que Moisés, servo de Deus,
havia determinado a Israel no deserto. E todos os chefes e o povo
estavam alegres, e trouxeram o dinheiro e o colocaram no cofre até
enchê-lo.» 2 Crônicas 24:6,10.

Sem edifí cios a manter ou profissionais a pagar, a igreja primitiva não tinha
nenhuma razão para fazer coleta de dinheiro a cada semana. Se você
102
pertence a uma igreja moderna tradicional, então não está isento do dí zimo;
você faz parte do Velho Pacto, e lhe obrigam a obedeçê-lo.

Há apenas duas razões no Novo Testamento para coletar dinheiro na igreja. Ou


seja, (1) ajudar os crentes em necessidade, e (2) ajudar os apóstolos a fundar
novas igrejas e ajudar igrejas recém formadas. Aqui estão algumas passagens
sobre isso:

Item (1): Ajudar outros crentes: Vide Atos 2:42-47, Atos 11:27-30, 1 Corí ntios 16:1-
4, 2 Corí ntios 8:1-4.

Item (2): Ajudar os apóstolos a fundar novas igrejas e ajudar igrejas recém
formadas: Filipenses 4:14-19.

O Novo Testamento associa a palavra «enviar» (Grego, propempo) com ajuda


financeira ao apóstolo: Vide Romanos 15:24, 1 Corí ntios 16:6, 1 Corí ntios 16:10-
11, 2 Corí ntios 1:16, Atos 15:3, 3 João 5-8.

Embora Paulo tivesse o direito, enquanto apóstolo, de receber assistencia


financeira da igreja (1 Corí ntios 9:1-14), tais versos não se referem a pastores,
anciãos ou outros lí deres normalmente associados às igrejas de nossos dias.
«Apóstolo» hoje, equivaleria aproximadamente a um missionário.

A idéia seria dar ao apóstolo uma quantia que lhe permitisse chegar ao seu
destino. Lá ele trabalharia se pudesse, mas nunca recolhendo dinheiro da igreja
que ele estava fundando. Ele estabelece as igrejas, as desmama, e então segue
em frente, sendo «enviado» por aquelas igrejas que estabeleceu. Em seu caminho
para uma nova localidade, ele pode parar nas igrejas existentes para ver se
precisam de alguma coisa, e então novamente ser “ reenviado” ao longo de sua
viajem. Não procura hoteis para se hospedar mas a casa de alguém digno:
Vide Mat. 10:11-14.

Paulo aceitou assistencia financeira das igrejas que previamente estabeleceu:


Vide Filipenses 4:14-18.

A passagem mais abusada pelos pastores para justificar o salário deles é 1


Timóteo 5:17-18.

O Espí rito Santo dizia ao coração dos crentes sobre o que eles deveriam dar no
que diz respeito a alguma necessidade especí fica. O dinheiro era raramente
determinado, exceto aos apóstolos. Normalmente era convertido em comida,
roupa ou abrigo. Os critérios para dar foram declarados por Paulo: Vide 2
Corí ntios 9:7.

[NT]: Conviria talvez aqui um adendo para um melhor esclarecimento, as posições do Dr.
C.E.Raven e de Leon Tolstoi sobre esse tema: «O pagamento de impostos foi algo muito natural
àqueles que viram e avaliaram a pax Romana e a segurança que ela proporcionava (essa carta
[Romanos] foi escrita durante o famoso quinquennium Neronis -- DC 54-59, quando Sêneca e
Burrus deram ao Império seu melhor período de governo) àqueles que viviam na Judéia ocupada
103
por um país inimigo, pois sabiam tanto da futilidade que uma rebelião poderia representar, como
da amargura que aquela ocupação representava. Além disso os escravos e os pequenos
negociantes que constituíram os pequenos grupos locais de cristãos não tinham nenhum tipo de
responsabilidade ou influência nos negócios públicos. Seria surpreendente se o Apóstolo usasse
essa mesma linguagem referindo-se a qualquer Cesar posterior, até mesmo se os proconsules e
procuradores deles fossem em geral os homens de integridade. Mas considerar hoje esse
aconselhamento de Paulo como uma regra divina fixa para todo tipo de governo, certamente incide
no erro de assumir que em um meio radicalmente mutavel seja possível estabelecer regras
infalíveis onde detalhes de conduta possam ser definitivamente fixados. Isto seria, naturalmente,
estabelecer exatamente o tipo de sistema legalista contra o qual todo esforço de Paulo estava
dirigido; e nós vimos como os cristãos usaram esse erro para justificar obediência a qualquer tipo
de despotismo desde a teocracia de Calvino em Genebra até o nazismo de Hitler em Berlim. Éum
fato irônico que não haja nenhuma passagem em todas as epístolas que tenha sido tão
freqüentemente citada tanto na literatura como nas pregações cristãs; e igual e certamente
nenhuma que tenha produzido tantas conseqüências monstruosas» [St Paul and the Gospel of
Jesus, Charles E. Raven, pág. 97 ou Comunalismo Cristão]
«A recusa em pagar impostos ou tomar parte no serviço militar, tem amparo na lei religiosa e
moral, que os governos não podem negar». [Tolstoy em Sobre a Revolução]

TEOLOGIA DO GOVERNO DA IGREJA

A Bí blia nos ensina a comparar tudo que fazemos com a Palavra de Deus. Mesmo
sendo gratos por estarmos radicados à igreja tradicional moderna, nossa
fidelidade deve ser ao Senhor Jesus e ao modo como Ele projetou Sua igreja. Às
vezes haverá um conflito entre aquilo que nos foi ensinado no passado e o que a
Bí blia diz de fato. Somos alertados na Bí blia que somos responsáveis pelo que
sabemos. Temos que pôr todas nossas tradições no altar e pela Palavra de Deus
ver quais delas sobreviverão ao escrutí nio das sagradas Escrituras. A doutrina que
é alimentada por uma agenda denominacional nos conduzirá a tradições
inferiores. Elas não nos manterão do lado de fora do céu, mas elas seguramente
nos manterão não tão perto do ensino de Jesus como deverí amos estar.

Todo o Novo Testamento foi escrito tendo em mente pequenas reuniões. As casas
eram pequenas e isso também limitou o tamanho dessas reuniões. Jesus e os 12
discí pulos formaram a primeira igreja. Vide 2 Timóteo 3:16.

Não há nenhum espaço para uma interpretação privada do Evangelho. Não há


nenhuma outra tradição senão a dos apóstolos. Porém, havia um grande conflito e
luta entre Paulo, o apóstolo escolhido para apresentar a graça de Jesus aos
gentios e aqueles que forçaram Pedro a manter a tradição rí gida da Lei nos
gentios. Este conflito foi resolvido por escrito mas não foi observaods pelos zelotes
judeus que eventualmente obrigavam o cumpirmento de suas tradições na igreja
de Jesus Cristo.

Paulo foi usado pelo Senhor para cumprir a Lei e para jogar no lixo as tradições
elaboradas pelos homens para estabelecer a igreja desenhada por Jesus na
Antioquia. Isso ainda afeta a igreja hoje. Por favor leia Gálatas 1:6-24, 2:1-21.

Nosso estudo revelará que Jesus usou a Igreja da Antioquia como um exemplo a
104
todas igrejas que Paulo fundou, para mostrar a ação do Espí rito Santo. Também
veremos que a base para manter o novo evangelho da justificação pela fé foi o
trabalho consistente dos anciões. Eles são mencionados desde o iní cio da nação
de Israel, ao longo do Velho e do Novo Testamento e até mesmo no céu. Porém,
veremos como eles não continuaram a tradição dos apóstolos no quarto século, o
que eventualmente corrompeu a igreja em Roma. Esta corrupção permaneceu na
igreja pelos próximos mil e setecentos anos.
Velho Testamento

Moisés foi estabelecido por Deus para assemblear os anciões israelitas.


Provavelmente eles eram os lí deres das doze tribos. Vide Êxodo 3:16.

Novo Testamento

Originalmente Jesus trabalhou com 12 discí pulos que se tornaram os apóstolos.


Até que a igreja da Antioquia fosse estabelecida, os anciões eram associados aos
apóstolos. Nessa passagem abaixo vemos funções distintas entre apóstolos e
anciões em Jerusalém. Estes novos anciões eram pastores das recentes igrejas
caseiras. Vide Atos 15:2-4.

Também, Paulo inspirado pelo Espí rito Santo seguiu o padrão dos anciões e ele
mesmo designou-os ou deu-lhes autoridade em todas as igrejas que fundou. Vide
Atos 14:21-23, Tito 1:5.
Cé u
Somos avisados que, quando subirmos ao céu, veremos vinte e quatro anciões ao
redor do trono. Mas se no céu Deus tem tudo sob controle por que precisamos de
anciões? Mas eles estão lá, embora não esteja claro se os doze anciões sejam os
apóstolos originais ou representem as doze tribos de Israel. Se Deus os honra
assim no céu qual será nossa responsabilidade para com eles aqui na terra? Vide
Apocalipse 4:4.
QUEM SERÃO ESSES GUIAS DA CONGREGAÇÃO?
Pedro nos fornece uma boa idéia sobre quem seriam os guias da congregação de
Deus. Mas nada fala sobre clérigos ou párocos. Este livro foi escrito em 66 AD
trinta e três anos depois da ressurreição. Vide 1 Pedro 5:1-4.
PERGUNTA: Pedro não se identifica como apóstolo que é, mas como um
ancião. Eu acho que isto é muito significativo. Se apenas anciões pastoreiam o
rebanho, por que a maioria dos anciões em nossos dias dão esta herança
divina para um profissional pago contratado e que não é da congregação?
RESPOSTA: Foi dessa forma que durante 1.700 anos bispos (clero) tomaram
o controle abandonando a tradição dos apóstolos e levantando edifí cios de
igreja. Eles recorreram às cartas de Inácio impondo autoridade sobre as
pessoas comuns. Assim, o sacerdócio santo de crentes que suportou o teste
do tempo durante três séculos, fendeu-se em duas categorias, isto é, clero e
leigos.
Inácio, durante sua viagem da Antioquia a Roma, escreveu sete epí stolas.
Estas epí stolas, escritas com grande seriedade e veemência na véspera de
seu martí rio, devem ter produzido uma grande impressão nas Igrejas. Afinal de
contas, Inácio era discí pulo e amigo de João e era por aquele tempo o Bispo
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da Antioquia, provavelmente a posição mais renomada na cristandade. Altos
cargos, autoridade e poder sempre exerceram um grande fascí nio na vã
natureza humana.
Escrevendo à Igreja de Éfeso, Inácio disse, «Vamos cuidar, irmãos, para não
nos colocar contra o Bispo, pois podemos estar sujeitos a Deus... é portanto
evidente que deverí amos encarar o bispo como encaramos o próprio Deus».
Na sua epí stola aos Magnesianos diz, «eu vos exorto que estudemos uma
maneira de fazer todas as coisas conforme o divino acordo; seus bispos
presidindo no lugar de Deus; seus presbí teros no lugar do conselho dos
apóstolos; e a seus diáconos, a quem mais quero, seja confiado o ministério de
Jesus Cristo». Inácio estava grandemente enganado a respeito disso. A idéia
principal em todas suas cartas é a submissão perfeita das pessoas aos seus
regulamentos, ou a submissão dos leigos ao seu clero. Assim, a mitra foi
colocada na cabeça do dignitário mais alto. Dali em diante se torna objeto de
ambição eclesiástica e, não raramente, das contendas mais impróprias, com
todas suas conseqüências desmoralizantes.
A vontade de Deus concernente à Sua Igreja, e a responsabilidade de Seu
povo, deve ser aprendida de Sua própria Palavra e não dos escritos de algum
patriarca terrestre, por mais que este seja afetuosamente amado ou estimado.
Pode ser justo supor que esses homens bons, que instalaram uma nova ordem
mundana na Igreja, excluindo o livre ministério do Espí rito Santo nos membros
do corpo, tinham como alvo o bem estar da Igreja. É evidente que Inácio, por
este arranjo, esperava evitar «divisões». Porém, por melhores que possam ser
nossas intenções, é o cúmulo da loucura humana, se não pior do que isso,
interferir com ou buscar mudar a ordem de Deus.
Este foi o pecado original da Igreja, e o pecado do qual sofre nestes últimos mil
e setecentos anos. Assim, na medida em que construí a edifí cios o clero
assumia o controle e mudava tudo. Para ilustrar o quão cegos eles se
tornaram, eventualmente todas as Escrituras foram recolhidas, o que fez com
que todo o mundo mergulhasse na Idade das Trevas.
QUALIFICAÇ Õ ES DO ANCIÃ O
As qualificações determinadas pelo Senhor para a função de ancião são bem
elevadas. A razão óbvia é limitar problemas com liderança. Se os padrões são
baixos pode haver pouco progresso na igreja. Vide 1 Timóteo 3:1-7, Tito 1:6-9.
Como Paulo, Barnabas, Timóteo e Tito escolhiam os anciões? Pelo fato destes
apóstolos viverem longe da congregação e não saberem nada a respeito dela,
eles tiveram que passar um tempo com eles e observar o caráter dos
potenciais anciões. Uma vez reconhecida a seleção de Deus, eles poderiam
proceder com o reconhecimento humano pela imposição de mãos. A
ordenação humana é basicamente o selo humano de aprovação àquilo que já
foi aprovado por Deus.
«Mostre e ensine estas coisas. Não admita que ninguém olhe você de cima por
você ser jovem, mas seja um exemplo para os crentes em seu falar, em sua
vida, em seu amor, em sua fé e em sua pureza. Até que eu venha, dedique-se
à leitura pública da Bí blia, à oração e ao ensino. Não negligencie seu dom que
foi dado e determinado a você por uma mensagem profética quando o corpo
de anciões pôs as mãos deles em você. Seja diligente nestes assuntos;
dedique-se completamente a eles, de forma que todo mundo possa ver seu

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progresso. Dê assistencia às suas vidas e à doutrina de perto. Persevere
nelas, porque se o fizer, você salvará tanto a si mesmo como aos seus
ouvintes».
DUPLA HONRA
Tanto os anciões como os diáconos eram voluntários, eles não recebiam
nenhum pagamento pelo trabalho que faziam para o reino de Deus. Segundo
registros antigos, o primeiro pagamento foi efetuado no ano 245 AD. Apenas
os apóstolos receberam alguma compensação por causa de suas longas
viagens, compensação esta que algumas vezes foi recusada, como foi o caso
de Paulo.
Honra dobrada é um salário maravilhoso. Mas é um imperativo tomar cuidado
em como os anciões recebem essa honra. Foi dito: «Podemos dar honra mas
não podemos aceitá-la pois o orgulho anda ao redor».
«Os anciãos que dirigem bem os afazeres da igreja são merecedores de
dobrada honra, especialmente esses cujo trabalho é pregar e ensinar» (1
Timóteo 5:17).
À luz daquilo que o Espí rito Santo fez na igreja da Antioquia e nas outras
igrejas que fundara, Paulo escreve em sua carta aos Efésios a forma como
Cristo dá os dons do ministério quí ntuplo da igreja. Estes dons foram dados
obviamente àqueles que mantinham elevados padrões de conduta como era o
caso dos anciãos. Não encontramos nenhum outro padrão diferente destes.
«E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas e outros para pastores e mestres...» (Efésios 4:10-13).
Segundo o Novo Testamento, o principal trabalho do ancião era preparar o
povo de Deus para trabalhar em Sua obra e conduzi-lo ao amadurecimento,
cuja meta era atingir a medida da estatura da plenitude de Cristo. Não havia
nenhum seminário naquele tempo e não havia outra forma de atingir as
multidões nas ruas e em outros lugares a não ser pela pregação. De que forma
os santos amadureceram nas igrejas caseiras? Há algumas passagens que
lançam uma luz sobre como isso ocorreu. O método de ensino utilizado pelos
anciões sempre foi na base de questionamentos e debates em torno de
determinado tema e não em uma conferência geralmente proferida nos
serviços do domingo. Cada pessoa tinha a oportunidade de compartilhar o que
tinham ouvido do Senhor e assim aprendiam uns dos outros no encontro.
Dessa forma eles conseguiam saber da plenitude de Cristo diretamente pelo
Espí rito Santo e não da plenitude do mestre ou pastor. Vide Colossenses 3:16,
Hebreus 10:15, 1 Corí ntios 14:26.

Pastores de verdade não alimentam suas ovelhas, eles as conduzem a um


pasto e elas se alimentam por si mesmas. O ancião bem sucedido é aquele
que tem a capacidade de sentar e ouvir a Palavra de Deus através daqueles
que comparecem à reunião.

O QUE OS ANCIÕ ES REQUEREM DE NÓ S?


Os anciões que não venderam sua herança por um cargo remunerado, têm
que tornar-se honestos para servir as pessoas. Na medida em que servem,
eles precisam tornar-se susceptí veis e perspicazes às muitas necessidades da
congregação. Por nenhum pagamento e apenas alguma honra, eles nos
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pedem algo que torna o serviço deles um pouco mais fácil de ser efetuado.
Seguir o conselho deles e acima de tudo orar por eles. Vide Hebreus 13:17-18.

DISCIPLINA PARA OS ANCIÕ ES


O Senhor montou procedimentos rí gidos para seguir para proteger os anciões
de falsas acusações. O diabo sabe muito bem que afligir a liderança, mesmo
que seja apenas com mentiras, já é uma vitória. Não é fácil livrar-se de um
ancião local porque ele não tem nenhum lugar para onde ir. Ele mora na
cidade em que serve. Ao contrário do pastor tradicional, que se resolve deixar
uma congregação ou é demitido por ela, apenas faz suas malas, retorna à
associação de pastores a procura de outro empregador em sua denominação.
O Senhor tornou um pouco difí cil levantar uma acusação contra o ancião. Você
precisa de duas ou três testemunhas, apenas fofoca não basta. Vide 1 Timóteo
5:19-21.
Se um ancião é pego em um pecado, ele está sujeito às normas disciplinares
como qualquer membro. Na contexto de uma igreja caseira, isso não significa
nenhuma catástrofe. A maioria das igrejas modernas é devastada se o pastor
entra em pecado porque estão ligadas ao pastor em vez de Jesus. Se os
anciões da igreja caseira fizerem seu trabalho corretamente, o grupo
permanecerá unido a Jesus pois o ancião não governa sobre eles. Vide
Gálatas 6:1-5.

Minha sincera oração é para que os anciões observem novamente as


Escrituras e tragam a igreja de volta aos desí gnios de Cristo. Também é minha
oração que os pastores das igrejas tradicionais abandonem seu papel e
tornem-se novamente verdadeiros anciões.
«Nos últimos dias antes do Senhor retornar à Sua Noiva, o Espí rito Santo trará a
Igreja que Jesus construiu ao seu correto lugar»

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