Matéria Junta
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LICITAÇÕES E CONTRATOS
CONTEXTUALIZANDO
02
TEMA 1 – LICITAÇÃO PÚBLICA: ALGUNS CONCEITOS
1MELLO, C. A. B. de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 532.
2JUSTEN FILHO, M. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
p. 495.
03
pública em geral.3 Para além da obtenção da proposta mais vantajosa, os
contratos administrativos devem servir de instrumento para a realização de outros
fins, significando, nesse caso, o incremento do desenvolvimento econômico do
Brasil em sintonia com os princípios e ditames do Direito Ambiental.
José dos Santos Carvalho Filho, por sua vez, elabora seu conceito com
base nos elementos da objetividade do procedimento, assim como na natureza
jurídica inerente ao instituto. Nesse sentido, conceitua licitação como o
3 JUSTEN FILHO, M. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
p. 497.
4
MOREIRA, E. B.; GUIMARÃES, F. V. Licitação pública: a Lei Geral de Licitação – LGL e o
Regime Diferenciado de Contratação – RDC. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 29-30.
5 CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lumen Iuris,
2009. p. 226.
04
Nota-se que, ao se basear na natureza jurídica, o autor deixa claro a
representação da licitação como procedimento administrativo com fim seletivo, do
qual deve ser verificável uma sequência de ações da Administração e dos
interessados no certame, devidamente formalizada e com vistas à consecução de
um fim pré-determinado.
É a partir dessa ideia que, nas aulas seguintes, serão delineadas as
diferentes fases do procedimento licitatório, as quais terão como momento final a
pactuação do contrato administrativo ou a seleção do melhor trabalho técnico,
artístico ou científico apresentado.
6MELLO, C. A. B. de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 534.
7JUSTEN FILHO, M. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
p. 497.
05
A licitação promove o chamamento público para que interessados ofereçam
propostas, sendo que a escolha pública se dará quanto à alocação de verbas
orçamentárias no tipo de compra, obra e/ou serviço a ser executado, conjugando-
se, ainda, com a definição objetiva dos característicos que autorizam que certa
pessoa execute tal contrato.8
Nesse sentido, a licitação pública cumpre a finalidade de instrumentalizar e
viabilizar a realização de negócios mais vantajosos à Administração Pública,
garantindo-se a observância do interesse público e a contratação com o melhor
custo-benefício ao Estado.
8
MOREIRA, E. B.; GUIMARÃES, F. V. Licitação pública: a Lei Geral de Licitação – LGL e o
Regime Diferenciado de Contratação – RDC. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 30.
9 CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lumen Iuris,
2009. p. 231.
10 MOREIRA, E. B. Processo Administrativo: Princípios Constitucionais e a Lei 9.784/1999. São
12 SANTANA, J. E.; ANDRADE, F. A. As alterações da lei geral de licitações pela Lei n. 12.349, de
2010: novos paradigmas, princípios e desafios. Revista JML de Licitações e Contratos nº. 18,
Seção Doutrina, p. 33. mar. 2011. RJML 33/18/MAR/2011.
13 JUSTEN FILHO, M. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
07
3.1 Pressuposto lógico
14
MELLO, C. A. B. de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 550.
15
MELLO, C. A. B. de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 551.
08
contratações ou concursos públicos ainda vigentes com candidatos aprovados em
cadastro reserva.
Vale dizer, previamente, que todos os contratos administrativos têm como
pressuposto um juízo fundamentado quanto à necessidade, utilidade e
moralidade, de modo que a instalação do procedimento de licitação pressupõe
essa definição prévia.16
Imperioso é, portanto, que se verifique o pressuposto jurídico para que se
encete a licitação pública, demonstrando-se a efetiva necessidade de a
Administração Pública contratar o objeto a ser licitado.
17 CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lumen Iuris,
2009. p. 232.
18 ZANOTELLO, S. Manual de Redação, Análise e Interpretação de Editais de Licitação. São
2017.
010
Em primeiro lugar, Celso Antônio Bandeira de Mello comenta que “são
licitáveis unicamente os objetos que possam ser fornecidos por mais de uma
pessoa, uma vez que a licitação supõe disputa, concorrência, ao menos potencial,
entre ofertantes.”20 Ou seja, havendo singularidade do objeto pretendido, sem
equivalente perfeito, e apresentando-se no mercado apenas um ofertante
(fornecedor exclusivo), a licitação pública se torna inócua e incapaz de ser
operada para fins de seleção da oferta mais vantajosa.
A Lei Geral das Licitações, em seu artigo 24, arrolou as hipóteses de
licitação dispensável, as quais não serão colacionadas em sua integralidade, pois
são 31 casos especificados. No entanto, vale lembrar como regra geral para os
casos de dispensa quando a licitação é possível, mas há razões que justificam a
opção da Administração Pública deixe de efetuá-la em razão de outros interesses
públicos que merecem acolhimento.21
No tocante à inexigibilidade de licitação pública, a sobredita Lei Geral
prevê, em seu artigo 25, três hipóteses: inciso I, aquisição de materiais,
equipamentos ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa
ou representante comercial exclusivo; inciso II, contratação de serviços técnicos
de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização;
por fim, inciso III, para contratação de profissional de qualquer setor artístico,
diretamente ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela
crítica especializada ou pela opinião pública.
Da mesma forma como feito no caso da dispensa de licitação, basta
registrar que o procedimento licitatório se tornará inexigível quando a competição
se apresentar como inviável, haja vista a singularidade do objeto ou do ofertante
(prestador de serviço).
Diante do exposto, nota-se que o objeto da licitação pode ser caracterizado
como imediato ou mediato e, nessa última hipótese, imprescindível que se detalhe
e pormenorize em edital o que a Administração Pública pretende contratar, sob
pena de inviabilização da concorrência. A depender das características do que se
quer contratar, pode ser que se enquadre nas hipóteses de dispensa ou
inexigibilidade de licitação.
20 MELLO, C. A. B. de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2012. p.551.
21
MELLO, C. A. B. de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2012. p.554.
011
TEMA 5 – DISPOSITIVOS LEGAIS
Vale destacar, ainda, o conteúdo do art. 37, XXI, da CF, o qual determina
que “as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes”.22 Para além do princípio da obrigatoriedade da realização de
licitações, esse dispositivo trata da ideia de a Administração Pública possuir
sujeições especiais, isto é, não dispor do interesse público pelo privado, a fim de
realização contratação apenas após ter sido escolhido, em condições de
igualdade, o particular que ofereça a proposta mais vantajosa.
Registra-se, ainda, os artigos 37, caput, da CF, referente aos princípios
relacionados à licitação pública, que terá tratativa específica na sequência dessas
aulas, assim como o artigo 173, §1.º, da CF, responsável por estabelecer regras
para as empresas públicas e sociedades de economia mista quanto à aplicação
desse instituto no desenvolver de suas atividades.
Sem dúvida, a Lei 8.666/1993 pode ser classificada como o grande diploma
normativo infraconstitucional a regulamentar o instituto da licitação no Direito
brasileiro. Trata-se de fonte legislativa primária disciplinadora das licitações, razão
pela qual foram estabelecidas algumas vedações também a estados, Distrito
Federal e municípios, destacando-se, dentre elas, a proibição de ampliação dos
casos de dispensa e inexigibilidade, assim como dos limites de valor para cada
modalidade de licitação.23
Não cabe especificar a tratativa, nesse momento, quanto à lei, a qual terá
diversos dispositivos citados no decorrer das aulas, durante a pormenorização do
tema em estudo. Além disso, importante registrar que nos anos posteriores à
promulgação dessa lei geral, vários microssistemas normativos foram criados,
destinados a regulamentar especificamente algumas espécies de licitação, tais
como a Lei 10.520/2002 (Lei do Pregão), a Lei 11.079/2004 (Lei das Parcerias
Público-Privadas) e a Lei 12.462/2011 (Regime Diferenciado de Contratação).
Destaca-se, por fim, que atualmente está em trâmite o Projeto de Lei
6.814/2017, que institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e, caso venha a ser aprovado, revogará, com exceção da Lei das
Parcerias Público-Privadas, os sobreditos diplomas infraconstitucionais,
estabelecendo novel disciplina jurídica a esse instituto no Brasil.
FINALIZANDO
23CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lumen Iuris,
2009. p. 227-228.
013
interesse público. A promoção do desenvolvimento econômico sustentável,
igualmente, também integra o rol das finalidades do procedimento licitatório.
Vimos que são três os pressupostos da licitação, quais sejam, lógico,
jurídico e fáticos, todos os quais devem ser considerados em momento anterior
ao início do procedimento. Quanto aos seus objetos, podem ser classificados
como imediatos (seleção da proposta mais vantajosa) e mediatos (relacionados
com a obtenção do bem ou serviço a ser prestado pelo particular).
Por fim, no tocante às previsões legais relativas ao tema das licitações
públicas, observou-se que é competência privativa da União a de legislar em
matéria de licitações e contratos administrativos, a qual foi exercida com a
promulgação da Lei Geral das Licitações, que é o principal diploma normativo que
regulamentou esse instituto no Direito brasileiro.
014
REFERÊNCIAS
015
AULA 2
LICITAÇÕES E CONTRATOS
CONTEXTUALIZANDO
02
Antes de adentrar cada uma de suas facetas, cabe explorar, ainda que
brevemente, a ideia de interesse público. Consoante Lucas Rocha Furtado
comenta, cabe ao direito positivo definir, dentre os diversos interesses gerais, o
que deve ser elevado à ideia de interesse público, prevalecendo-se sobre os
demais.1
Havendo confronto entre interesses classificados como públicos e os
interesses privados, necessário é que o legislador indique as situações em que os
privados devem ceder, assim como as prerrogativas para o exercício desses
interesses qualificados e, por último, os legitimados ao exercício desse interesse.
Portanto, o interesse público deve ser assegurado e observado durante
todas as fases do procedimento licitatório, pois é dever de a Administração Pública
não o dispor em face do privado, haja vista o seu caráter supremo diante dos
interesses dos licitantes e dos cidadãos em geral.
No tocante à supremacia e indisponibilidade do interesse público sobre o
privado nas licitações, é possível afirmar que a Administração Pública possui a
prerrogativa de estabelecer as regras do certame da forma que melhor venha a
resguardar o interesse público, assim como revogar a licitação quando esta não
se mostrar mais útil e necessária ao Estado.
Nesse sentido, o Tribunal de Contas da União (TCU), em decisão plenária
n. 420/2002, considerou esse princípio, determinando que a supremacia do
interesse público impugna qualquer ato dirigido por conveniências particulares do
administrador público e das pessoas, físicas ou jurídicas, que com eles
mantenham eventual relação. No caso concreto do qual decorreu a decisão, o
TCU entendeu que a substituição do licitante vencedor por terceiros despreza o
interesse público que se concretiza no relacionamento entre a Administração e a
licitante vencedora.
Ou seja, o primeiro princípio ora estudo determina que ao gestor público
não é autorizado, durante a ocorrência do procedimento licitatório, a busca por
favorecimentos pessoais ou de terceiros, bem como a realização de perseguições
de certos licitantes, uma vez que não cabe ao agente público interesses pessoais,
mas tão somente o interesse público.
2012. p. 34.
5 Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o
A Lei 8.666/1993, por sua vez, prevê em seu art. 3.º, parágrafo 1.º, inciso I,
a proibição de o edital do certame, ao prever cláusulas que comprometam a
competitividade e a neutralidade do procedimento:
referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.
§ 1. Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na modalidade concurso:
I – a de menor preço – quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com
as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço; II – a de melhor técnica; III – a de
técnica e preço; IV – a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão
de direito real de uso.
05
básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade,
da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao
instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são
correlatos.
§ 1. É vedado aos agentes públicos:
I – admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas
ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter
competitivo, inclusive nos casos de sociedades cooperativas, e
estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da
sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância
impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato,
ressalvado o disposto nos §§ 5o a 12 deste artigo e no art. 3o da Lei
no 8.248, de 23 de outubro de 1991.
Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez, sublinha que o princípio da
igualdade implica o dever não apenas de tratar isonomicamente todos os que
afluírem ao certame, mas também o de ensejar oportunidade de disputá-lo a
quaisquer interessados que, desejando dele participar, possam oferecer as
indispensáveis condições de garantia.6
Desse modo, nota-se que o princípio da igualdade está estreitamente
relacionado com a garantia de competitividade e concorrências nas licitações,
vedando qualquer tratamento diferenciando entre particulares que pretendam
participar de certames e contratar com a Administração Pública.
6 MELLO, C. A. B. de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 542.
7 JUSTEN FILHO, M. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
P. 502.
8 MOREIRA, E. B. Processo Administrativo: Princípios Constitucionais e a Lei 9.784/1999. São
9 RIGOLIN, I. B.; BOTTINO, M. T. Manual prático das licitações. São Paulo: Saraiva, 2005.
07
A publicidade deve ser dada desde a abertura formal do procedimento até
o conhecimento do edital e respectivo anexos, não havendo qualquer restrição
para o exame da documentação pelos licitantes, tampouco o fornecimento de
certidões de quaisquer peças, pareceres ou decisões a ela relacionadas.10
Marçal Justen Filho ressalta duas funções principais da publicidade nas
licitações públicas. Em primeiro lugar, ela permite o amplo acesso dos
interessados ao certame, reforçando a universalidade da participação no
procedimento licitatório. Em segundo lugar, ela propicia a verificação da
regularidade dos atos praticados, o que é pressuposto para que as pessoas se
preocupem em seguir a lei, dada a maior possibilidade de fiscalização de condutas
dos envolvidos no certame.11
Pode-se pontuar algumas situações envolvendo a licitação em que o
princípio da publicidade é facilmente verificado. Em primeiro lugar, é a previsão
de audiência pública nos casos que envolvam valores vultuosos, conforme art. 38
da Lei 8.666/1993, assim como a exigência de publicação dos avisos contendo o
resumo dos editais na imprensa, consoante art. 21 da mesma lei.12
Quanto ao tema, ainda, importante é o registo da Lei de Acesso à
Informação, Lei 12.527/2011, a qual possibilitou a ampla publicidade do aparelho
estatal, reforçando a publicidade como princípio básico essencial ao Estado
Democrático de Direito. Dessa forma, favorece o indispensável controle, seja a
favor do direito individual, seja para a tutela impessoal dos interesses públicos .13
Portanto, é de extrema importância para a garantia da própria
competitividade da licitação que seja dada a devida publicidade para os atos
desse procedimento, a fim de que não haja favorecimento ou prejuízos para
nenhum dos interessados na contratação pública.
10 MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo brasileiro. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. p.
267.
11 JUSTEN FILHO, M. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
p. 502-503.
12
CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lumen Iuris,
2009. p. 234.
13 SUNDFELD, C. A. Fundamentos de Direito Público. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 179.
08
protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta
de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados
oportunamente.
Nota-se que a existência de processo administrativo exige
necessariamente que o administrador público indique os motivos que ensejam a
instauração do procedimento licitatório, especificando-se o objeto a ser licitado,
bem como as necessidades do Estado ou da coletividade que serão sanadas pela
execução do contrato administrativo futuramente pactuado.
A fim de exemplificar a aplicação desse princípio em casos concretos, vale
destacar o trecho de julgado do Tribunal de Contas da União, referente ao acórdão
n. 107/2006, plenário:
09
administrativa ou judicial.14 Dessa maneira, possível é que se evite a alteração de
critérios de julgamento, por exemplo, durante o trâmite do certame, causando
incerteza aos interessados em contratar com a Administração Pública.
Egon Bockmann Moreira e Fernando Vernalha Guimarães, ao tratarem
desse princípio, relacionam-no como limitação material e procedimental, vez que,
a partir da divulgação do Edital, a Administração Pública e os particulares estão
subordinados a ele. Devem estrito cumprimento aos seus termos e estão proibidos
de o inovar (não só durante o processo licitatório, mas também quando da
execução do contrato).15
Pode-se dizer que o instrumento convocatório cristaliza a competência
discricionária da Administração para elaborar as regras do procedimento
licitatório, vinculando-a ao conteúdo do Edital, que se torna fundamento de
validade dos atos praticados no curso da licitação.16 Uma vez descumprida as
normas constantes no edital, haverá frustração da competição e dos demais
princípios já estudados nos tópicos precedentes.
Esse princípio possui significado de “lei interna da concorrência” para o
Superior Tribunal de Justiça, obrigando a Administração Pública e os licitantes
cumprirem fielmente o conteúdo estipulado no ato convocatório, sob pena de
inabilitação do concorrente ou frustração do certame.17
Vale registrar, por fim, que o respeito a esse princípio não deve significar
que o edital ou o convite devam ser imutáveis, pois, havendo necessidade de
realizar alterações no ato convocatório, com a retificação do edital, a
Administração poderá e deverá fazê-lo, principalmente se a alteração poderá
14 CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lumen Iuris,
2009. p. 235.
15 MOREIRA, E. B.; GUIMARÃES, F. V. Licitação pública: a Lei Geral de Licitação – LGL e o
Regime Diferenciado de Contratação – RDC. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 79-80. Os autores
ainda comentam: “O instrumento convocatório assume natureza de ato regulamentar vinculante.
Ele se desdobra no tempo e disciplina a relação jurídico-processual que se desenvolverá entre
Administração Pública, interessados e terceiros. O instrumento regulamenta, em termos
específicos, como se dará aquela determinada licitação e a relação administrativa material que
surgirá quando da assinatura do futuro contrato. Por isto não pode ser alterado e muito menos
desrespeitado: uma vez publicado, cogente é o princípio da vinculação ao instrumento
convocatório.”.
16 JUSTEN FILHO, M. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. São
possível citar, ainda, trecho de decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná,
em Reexame necessário: “Costuma-se dizer que o edital é a lei da licitação; é preferível dizer que
é a lei da licitação e do contrato, pois o que nele se contiver deve ser rigorosamente cumprido, sob
pena de nulidade; trata-se de aplicação do princípio da vinculação ao instrumento convocatório,
previsto no artigo 3. da Lei n. 8.666/1993” (TJ-PR, 5.ª Câm. Cível, Reexame necessário, 0458157-
9, Relator Gil Francisco de Paula Xavier F Guerra, julg. 20.01.2009).
010
alterar o conteúdo das propostas efetuadas.18 Nesta hipótese, a lei determina a
necessidade de concessão de novo prazo para reapresentação das propostas.
Sendo assim, o primeiro princípio especificamente criado para as licitações
tem como conteúdo principal a obrigatoriedade de os participantes da licitação,
tanto a Administração Pública quanto os particulares na qualidade de licitantes,
respeitarem todas as regras do certame, haja vista a vinculação de todos os
interessados ao conteúdo do instrumento convocatório.
012
ao vencedor é considerada obrigatória, salvo se houver a desistência expressa do
contrato ou este não ser pactuado no prazo fixado.22 Nessa última hipótese, nota-
se que há autorização expressa na Lei 8.666/1993, em seu art. 64, parágrafo 2.º.23
No entanto, deve-se deixar claro que a Administração Pública não possui o
dever de assinar o contrato imediatamente após o término do procedimento
licitatório, pois, havendo justa motivação, é possível que o certame seja revogado
ou anulado licitamente.
Por essas razões é que Maria Sylvia Zanella Di Pietro comenta que o termo
“adjudicação compulsória” é equivocado, pois a Administração Pública não estaria
obrigada a contratar, enquanto que, em verdade, representa o dever de
obrigatoriamente pactuar o contrato administrativo com o vencedor do certamente
(não com qualquer outro particular).
FINALIZANDO
22
MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo brasileiro. 29 ed. São Paulo: Malheiros, 2004. p.
267.
23
“Art. 64. A Administração convocará regularmente o interessado para assinar o termo de
contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e condições estabelecidos,
sob pena de decair o direito à contratação, sem prejuízo das sanções previstas no art. 81 desta
Lei. [...] §2.º É facultado à Administração, quando o convocado não assinar o termo de contrato ou
não aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidos, convocar os
licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas
condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços atualizados de
conformidade com o ato convocatório, ou revogar a licitação independentemente da cominação
prevista no art. 81 desta Lei.”.
013
de competitividade e concorrências nas licitações, vedando qualquer tratamento
diferenciando entre particulares que pretendam participar de certames e contratar
com a Administração Pública.
Outros princípios gerais, tais como da publicidade, motivação e moralidade
administrativa igualmente possuem importância para a licitação pública, a fim de
garantir a competividade e isonomia dos procedimentos dessa natureza.
Ao final, foram tratados princípios especificamente criados para as
licitações, quais sejam, o da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e da adjudicação compulsória. Enquanto o primeiro determina
que a Administração Pública não pode descumprir as normas e condições do
edital, ao qual se acha estritamente vinculada, o segundo proíbe que a comissão
responsável por julgar as propostas leve em consideração critérios subjetivos que
não estejam no edital ou convite. A adjudicação compulsória, em conclusão,
determina que, uma vez encerrado o certame, a Administração Pública apenas
poderá contratar o vencedor da licitação, sendo vedada a contratação de outros
particulares.
014
REFERÊNCIAS
015
AULA 3
LICITAÇÕES E CONTRATOS
CONTEXTUALIZANDO
02
1.1 Concorrência
1Art. 23. § 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qualquer que seja o valor de seu
objeto, tanto na compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19, como nas
concessões de direito real de uso e nas licitações internacionais, admitindo-se neste último caso,
observados os limites deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de
cadastro internacional de fornecedores ou o convite, quando não houver fornecedor do bem ou
serviço no País. § 4o Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada
de preços e, em qualquer caso, a concorrência.
03
entidades federativas, e o triplo se houver número superior de pactuantes,
consoante se depreende do parágrafo 8º do art. 23 da mesma lei.2
A modalidade concorrência, igualmente, consoante o parágrafo 2º do art.
23 da LGL, deve ser utilizada, também, para a contratação de parcela de obra, de
serviço ou de compra cuja soma das parcelas atinja o valor previsto para esta
modalidade, constantes nas alíneas “c” dos incisos I e II do art. 23. Ou seja,
mantém-se a regra de sua utilização para licitações vultuosas, normalmente
envolvendo grandes compras ou execução de obras de infraestrutura.
A concorrência, ainda, é modalidade obrigatória para a contratação de
obras e serviços de mesma natureza e no mesmo local, desde que possam ser
realizadas conjunta e concomitantemente, nos termos do art. 23, parágrafo 5º, da
LGL.3
Além dessas hipóteses, pontua-se que a modalidade da concorrência é
adequada para as compras realizadas pela administração pública por meio do
sistema de registro de preços (art. 15, parágrafo 3º, inciso I, da LGL). Esse sistema
possibilita o registro formal de preços relativos à prestação de serviços e aquisição
de bens, para contratações futuras. Trata-se da circunstância em que o poder
público necessita contratar com frequência ou com a entrega parcelada de bens,
por exemplo.
Por último, a concorrência é modalidade a ser escolhida quando a
administração pública comprar ou alienar bens imóveis, nas concessões de direito
real de uso e nas licitações internacionais (art. 17, inciso I, e 23, parágrafo 3º, da
LGL). No que se refere às licitações internacionais, cumpre destacar que a lei
admite que o instrumento convocatório se amolde às diretrizes da política
monetária e do comércio exterior, mantendo-se, sempre, o respeito ao princípio
da igualdade no momento da escolha da proposta mais vantajosa à administração
pública (art. 42 da LGL). É considerada internacional – e deverá obrigatoriamente
ser utilizada a modalidade “concorrência” – a licitação divulgada no exterior em
para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza
e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o
somatório de seus valores caracterizar o caso de "tomada de preços" ou "concorrência",
respectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que
possam ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do executor
da obra ou serviço.
04
que sejam convocadas empresas constituídas e regidas por leis de países
estrangeiros para participar do certame.
05
TEMA 2 – AS MODALIDADES “CONVITE”, “CONCURSO” E “LEILÃO”
2.1 Convite
4 Art. 22. Parágrafo 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente
ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela
unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o
estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu
interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.
06
licitações, consoante dispõe o art. 22, parágrafo 6º, da LGL. Assim, pretende-se
evitar o favorecimento de algumas empresas e permitir que outras cadastradas
também participem do certame.
2.2 Concurso
2.3 Leilão
5Art. 51. § 5o No caso de concurso, o julgamento será feito por uma comissão especial integrada
por pessoas de reputação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores
públicos ou não.
07
É espécie adequada para a circunstância em que a administração não mais
necessita de bens móveis, quando houver ocorrido apreensão legal de
mercadorias ou, ainda, quando determinados produtos tiverem sido objeto de
penhor não pagos por seus devedores.
Caracteriza-se como técnica de negociação do preço a ser recebido pela
administração no contrato administrativo, representando mecanismo responsável
por estabelecer uma série de regras que devem ser obedecidas pelos
participantes interessados em realizar lances e adquirir determinados bens
(Moreira, 2012).
Ivan Barbosa Rigolin salienta que os leilões promovidos pela administração
pública devem ser interpretados solenemente da mesma forma que aqueles
realizados pelos particulares, isto é, absolutamente singela, “descomplicada”,
direta, sob pena de insucesso do certame ou sua ineficiência (Rigolin, 2005).
O prazo mínimo desde a publicação do edital do leilão até a data de sua
ocorrência é de 15 dias, sendo a sua utilização restrita aos casos em que o valor
isolado ou global de avaliação deles não exceder o limite fixado para a compra
por tomada de preços (atualmente de R$ 650 mil), conforme art. 17, parágrafo 6º,
da LGL.
3.1 Pregão
08
Esta espécie de licitação tem como peculiaridade a inversão da ordem
relativa às fases de julgamento do preço, que vem num primeiro momento, e à
habilitação, que será verificada tão somente daquele que ofereceu o menor preço
na fase de lances. Além disso, o pregão caracteriza-se pela possibilidade de
participação de inúmeros interessados, oportunizando-se a realização de
sucessivas propostas até o limite da exequibilidade contratual.
Esta modalidade não possui limitações preestabelecidas, de modo que,
uma vez enquadrado o objeto licitado no conceito de “bem e serviço comum”, a
contratação derivada da licitação feita nessa modalidade pode envolver qualquer
valor, sem limites mínimos ou máximos de gastos (Monteiro, 2010). O conceito é
explicado por Joel de Menezes Niebuhr a partir de dois elementos: a possibilidade
de pormenorizar o bem ou serviço objetivamente no edital de licitação e a
viabilidade dessa definição se efetuar por meio de especificações usuais no
mercado (Niebuhr, 2012).
O pregão, principalmente na forma eletrônica, representa atualmente uma
das principais ferramentas de contratação pública, vez que a administração
necessita corriqueiramente adquirir bens hodiernos que garantam o
funcionamento da máquina pública, tais como papel, caneta etc.
3.2 Concorrência-pregão
09
fases seguida dos lances e eventual saneamento dos defeitos formais verificados,
elidindo litígios já na fase de habilitação jurídica (a primeira prevista na
concorrência tradicional) (Moreira, 2012).
Sendo assim, configura-se como modalidade de aplicação às contratações
públicas manejadas sob a égide da Lei das Parcerias Público-Privadas.
Em geral, é possível afirmar que a LGL prescreve critérios para o uso das
modalidades de licitações, os quais podem ser de natureza econômica –
distinguindo-se a concorrência, tomada de preços e convite – ou dependente da
natureza do objeto a ser licitado (leilão, concurso e pregão).
Com efeito, o critério distintivo entre as modalidades “concorrência” e
“tomada de preços” está no fato de que, na primeira espécie, uma vez cumpridos
os requisitos necessários na fase de habilitação, qualquer pessoa poderá
participar do certame, enquanto na segunda há destinação do procedimento para
os interessados que já estejam cadastrados ou atendam todas as condições até
o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas.
Além disso, a vultuosidade de valor é outro critério distintivo, haja vista a
obrigatoriedade da escolha da “concorrência” para licitações que superem certos
valores especificados na LGL. Por esta razão, esta modalidade é tratada como a
que possui maiores exigências, não havendo restrições de sua aplicação para
licitações que possuam objetos de menor valor econômico.
Como já dito anteriormente, o concurso distingue-se das demais espécies
de licitação em razão da natureza do seu objeto. Tem como regra a exigência de
as empresas e os profissionais apresentarem, durante a licitação, os trabalhos
prontos e acabados, sendo o preço final pago previamente fixado no edital do
próprio procedimento (como um prêmio ao ganhador do concurso). Nas demais
licitações, as mesmas empresas e os mesmos profissionais prestarão os serviços
após o final da licitação e da escolha da proposta mais vantajosa (Furtado, 2012).
010
4.2 O parcelamento da licitação
011
5.1 Os tipos de licitação pelo preço
012
têm como objetivo a escolha de propostas que demonstrem maior qualidade
técnica para o cumprimento do objeto licitado.
Dadas as peculiaridades que determinado objeto licitado pode apresentar,
a exemplo de complexos projetos de infraestrutura, torna-se mais vantajoso a
administração pública exigir a comprovação de que o licitante detém específicos
atributos técnicos, principalmente com a demonstração de experiência em
execução de objetos similares em outras oportunidades (acervo técnico) (Moreira;
Guimarães, 2012).
Em relação ao tipo “técnica e preço”, o resultado do procedimento licitatório
se dá com o cálculo da média ponderada das valorizações das propostas técnicas
e de preços, em concordância com os pesos preestabelecidos no instrumento
convocatório, nos termos do art. 46, parágrafo 2º, da LGL.6
Na fase de avaliação de propostas técnicas, a comissão de licitação
procederá à avaliação qualitativa das propostas, pontuando-as de acordo com os
critérios previstos no edital mediante o enquadramento dos seus elementos nas
hipóteses de pontuação estabelecidas. Gera-se, então, uma nota técnica que será
considerada, juntamente com a nota de preço, para o julgamento final da licitação
(Moreira; Guimarães, 2012).
No que se refere à “melhor técnica”, cumpre destacar as duas fases que
compõem os procedimentos deste tipo. Na primeira delas há a submissão dos
candidatos a uma valorização de suas propostas, de modo que, caso a proposta
não alcance essa valorização mínima, estará fora do certame. Já a segunda fase
é caracterizada pela negociação. Isto é, o candidato que ofereceu a proposta
vitoriosa sob o critério técnico só celebra o contrato se aceitar a execução do
objeto pelo preço mínimo oferecido pelos participantes (Carvalho Filho, 2009).
A conjugação das duas fases e a análise pela comissão de licitação
resultará na escolha do interessado que tenha a melhor técnica, assim como pelo
melhor preço apresentado.
6
Art. 46. Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço" serão utilizados exclusivamente
para serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos,
cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em
particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos,
ressalvado o disposto no § 4o do artigo anterior. § 2o Nas licitações do tipo "técnica e preço" será
adotado, adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior, o seguinte procedimento claramente
explicitado no instrumento convocatório: I - será feita a avaliação e a valorização das propostas de
preços, de acordo com critérios objetivos preestabelecidos no instrumento convocatório; II - a
classificação dos proponentes far-se-á de acordo com a média ponderada das valorizações das
propostas técnicas e de preço, de acordo com os pesos preestabelecidos no instrumento
convocatório.
013
FINALIZANDO
A aula 3 deste curso teve por objeto a exposição acerca das diferentes
modalidades de licitação existentes, bem como os critérios de julgamentos que a
Lei 8.666/1993 e as demais legislações preveem para que a escolha mais
vantajosa seja efetuada.
Realizou-se breve paralelo entre as modalidades, estabelecendo critérios
distintivos e as peculiaridades atinentes à escolha da espécie de licitação mais
adequada para cada contratação pública. Em geral, é possível afirmar que a LGL
prescreve critérios para o uso das modalidades de licitações, os quais podem ser
de natureza econômica – distinguindo-se a concorrência, a tomada de preços e o
convite – ou dependente do objeto a ser licitado (leilão, concurso e pregão).
Quanto aos “tipos” de procedimento licitatório, podem ser traduzidos nos
critérios de julgamento possíveis de ser indicados pelo órgão ou entidade
responsável pela licitação.
No tocante aos critérios baseados em quantitativos econômicos, verificou-
se a possibilidade de realizar duas grandes divisões: menor preço e maior lance
ou oferta. Ambas as subdivisões se destinam a possibilitar que a administração
pública escolha a melhor oferta econômica. Em relação aos tipos de licitação
escolhidos em virtude da técnica, foi possível identificar dois tipos: a “técnica e
preço” e a “melhor técnica”.
014
REFERÊNCIAS
015
AULA 4
LICITAÇÕES E CONTRATOS
CONTEXTUALIZANDO
03
elaboração dos demais documentos que compõem a contratação de obras ou
serviços, bem como a relação de bens a serem adquiridos.
04
haja compatibilidade de específicações técnicas e de desempenho, nos termos
do art. 14, caput, e art. 15, inciso I, da LGL.1
Isso é necessário porque a deficiência na caracterização do objeto é capaz
de produzir distorções no processo licitatório, podendo inclusive eliminar as
condições objetivas de julgmento das ofertas. No mesmo sentido, o excesso de
pormenorização dos objetoso pode frustar o caráter competivio do certame,
motivo pelo qual a indicação de marcas, modelos ou especificações técnias não
usuais só se justifica se for essencial para o cumprimento do objetivo do contrato
(Moreira; Guimarães, 2012).
1 Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada caracterização de seu objeto e indicação
dos recursos orçamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e responsabilidade
de quem lhe tiver dado causa.
Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:
I - atender ao princípio da padronização, que imponha compatibilidade de especificações técnicas
e de desempenho, observadas, quando for o caso, as condições de manutenção, assistência
técnica e garantia oferecidas;
05
1.4 A elaboração do instrumento convocatório e dos seus anexos
06
local em que os interessados poderão ler e obter o texto integral do edital (Moreira;
Guimarães, 2012).
Os veículos de imprensa nos quais serão publicados os avisos de edital
estão indicados no art. 21 da LGL, quais sejam: 1. Diário Oficial da União, quando
se tratar de licitação promovida por órgão ou entidade da administração pública
federal; 2. Diário Oficial do Estado ou do Distrito Federal, quando se tratar de
procedimento encetado pelas referidas entidades federativas; 3. jornal diário de
grande circulação do estado e do município (ou na região onde será executado o
objeto licitado).
Cabe pontuar, ainda, que no âmbito eletrônico a divulgação será feita em
sítio oficial da administração pública, endereço virtual no qual o órgão ou a
entidade licitante disponibiliza corriqueiramente as informações e os serviços do
governo. Contemporaneamente, pode-se dizer que a postagem do aviso de edital
em meio digital representa o principal meio de divulgar determinada licitação, haja
vista maiores facilidade, comodidade e acessibilidade dos interessados às
informações constantes em meio virtual.
3 TCU – Acórdão n° 597/2007, Plenário. Rel. Marcos Bemquerer. Julg. 11 abr. 2007.
010
capacidade econômica de executar o objeto licitado ou que, posteriormente à
assinatura do contrato, não mantenham a saúde financeira para cumpri-lo
integralmente.
Por último, ainda no que se refere à fase da habilitação, a LGL, em seu art.
29, exige que as licitantes estejam regulares com suas obrigações fiscais e
trabalhistas.4 Trata-se, nesse sentido, de cumprimento do art. 195, parágrafo 3º,
da Constituição Federal, que estabelece a impossibilidade de contratação com o
poder público a pessoa jurídica que esteja em débito com o sistema da seguridade
social.
4 Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e trabalhista, conforme o caso, consistirá
em: I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Geral de
Contribuintes (CGC); II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual ou municipal, se
houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível
com o objeto contratual; III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e
Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei; IV - prova de
regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),
demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei; V – prova
de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação
de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada
pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.
011
É neste momento que a comissão de licitação deve promover a
desclassificação de algumas das propostas, seguindo-se a racionalidade do art.
48 da LGL. Pode-se afirmar que haverá desclassificação na hipótese de a
proposta conter algum vício formal – que deve ser substancial, em homenagem
ao princípio da competitividade do certame – ou em razão do preço. Neste último,
serão desclassificadas as propostas de preço exorbitantes ou, igualmente, preços
que são manifestamente inexequíveis (inviáveis ao cumprimento do objeto
licitado).
No caso de empate entre duas ou mais propostas, a classificação se fará
por sorteio, em sessão pública, com a convocação de todos os licitantes, nos
termos do art. 45, parágrafo 2º, da LGL. Havendo a participação de microempresa
ou empresa de pequeno porte, será necessária a aplicação de disciplina especial
constante na Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006 (Carvalho
Filho, 2009).
012
dos Santos Carvalho Filho, que a homologação faz exurgir efetivamente o direito
de realização do contrato, sob pena de violação dos princípios da boa-fé e da
presunção da legalidade dos atos administrativos. Para ele, após a homologação
do certame, há direito subjetivo de contrtação, sob pena de o licitante vencedor
ser indenizado pelos prejuízos da não contratação (Carvalho Filho, 2009).
Cabe ressaltar, por fim, que a adjudicação não é competência da comissão
de licitação, consoante art. 43, insico VI, da LGL, mas função da autoridade
competente.
Tendo em vista que a analise até o momento foi feita tendo por base a
modalidade da concorrência, passa-se à analise das peculiaridades atinentes às
modalidades “pregão”, “tomada de preço” e “convite”.
013
5.2 As particularidades dos procedimentos de “tomada de preço” e
“convite”
FINALIZANDO
A aula 4 do presente curso teve por objeto a análise das diferentes etapas
e fases do procedimento licitatório denomiado “concorrência”, que é tido como
regra na adminsitração pública, bem como as diferenças que as espécies “tomada
de preço”, “convite” e “pregão” possuem em relação a essa primeira modalidade.
Foi estudado que o procedimento licitatório é composto por uma fase
interna, responsável pela execução de uma série de atos destinados a preparar o
procedimento para a etapa externa, a partir do efetivo planejamento e da
estruturação da documentação que dará suporte às demais fases. A previsão de
dotação orçamentária e a elaboração do projeto básico executivo de determinada
obra que se pretende licitar, assim como a definição do conteúdo do instrumento
convocatório, integram a etapa interna, seja para as licitações de obras e serviço,
seja para a aquisição de compras.
Havendo a conclusão de todas as fases da etapa interna do procedimento
licitatório, passa-se à etapa externa de publicação do aviso de edital em
014
determinados veículos de divulgação, respeitando-se os prazos mínimos e as
regras de eventual alteração de conteúdo do instrumento convocatório, conforme
adiante será exposto.
Após a divulgação do certame, passa-se à fase da habilitação, que nada
mais é do que a apresentação da documentação exigida no art. 27 da LGL:
habilitações jurídica, técnica e econômico-financeira, assim como regularidade
fiscal e cumprimento do art. 7º, inciso XXXIII, da Constituição Federal. A fase de
habilitação tem por objetivo assegurar que os interessados possuam capacidade
de cumprir o contrato administrativo, caso sejam escolhidos pela administração
pública, garantindo-se a execução da obra ou do serviço, bem como a
regularidade e a qualidade do fornecimento de bens.
Havendo a comprovação dos requisitos de habilitação anteriormente
expostos, passa-se à fase de julgamento das propostas apresentadas pelos
licitantes, homologação do resultado final e adjudicação.
Foram indicadas algumas particularidades nos procedimentos de pregão,
tomada de preço e convite, notadamente quanto à inversão de fases e à
supressão, em alguns casos, da fase de habilitação, haja vista o cadastro prévio
dos licitantes no sistema do órgão ou da entidade.
015
REFERÊNCIAS
016
AULA 5
LICITAÇÕES E CONTRATOS
CONTEXTUALIZANDO
A aula 5 deste curso tem por objetivo expor os principais aspectos relativos
à figura do “contrato administrativo”, instrumento responsável por formalizar e
estabelecer a relação jurídica entre a Administração Pública e o particular que
restou vencedor no procedimento licitatório.
Incialmente, falaremos sobre alguns elementos conceituais relacionados a
essa figura, assim como à respectiva disciplina legal. Na sequência, pretendemos
expor as principais características do contrato administrativo e suas respectivas
espécies, traçando seus elementos distintivos.
2
1.1 O que é “contrato administrativo”?
3
sublinhar o fato de que não necessariamente o Estado participará da relação
jurídica, mas a qualidade em que uma das partes apresentará para a execução
da referida função.
A Lei n. 8.666/1993 - Lei Geral de Licitações (LGL) – também conceitua o
contrato administrativo em seu Art. 2º, parágrafo único, sendo importante, para
efeitos práticos, o que este dispositivo prevê: “considera-se contrato todo e
qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e
particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a
estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.”
O conceito legal reforça alguns dos elementos anterioremente destacados
pela doutrina, representando um referencial importante para o estudo deste
instituto jurídico.
Diante do exposto, podemos traçar alguns elementos distintivos entre o
contrato administrativo e o contrato de direito privado. Em primeiro lugar, o regime
de direito privado é derrogado pelo de direito público, uma vez que o conjunto de
prerrogativas e sujeições da Administração Pública devem orientar a elaboração
e a execução dos contratos desta espécie. Decorrentes das prerrogativas acima
aludidas, tais contratos apresentam cláusuas ditas exorbitantes (adiante
estudadas), as quais não são comuns ou podem figurar em contratos entre
particulares.
Em segundo lugar, é imprescindível destacar a finalidade e o objeto destes
contratos, uma vez que ambos estão relacionados com a garantia do interesse
público e com a satisfação de necessidades tanto da Administração Pública
quanto dos cidadãos. Ou seja, há uma utilidade pública resultante do
aperfeiçoamento do contrato público, enquanto no contrato entre particulres há,
tão somente, a intenção de satisfação entre os contratantes, independentemente
da produção de efeitos para terceiros não integrantes da relação jurídica.
4
Art. 22 – Compete privativamente à União Federal legislar sobre: [...]
XXVII: normas gerais de licitação e contratação, em todas as
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e
fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, §1º, III.
Uma vez exercida essa competência privativa pela União Federal, cabe aos
demais entes federados legislar de maneira suplementar sobre os contratos
administrativos em seu respectivo âmbito de autonomia, jamais contrariando as
regras constantes no diploma geral adiante pontuado.
A Lei n. 8.666/1993 (LGL) foi responsável por regulamentar, em caráter
geral e universal, os contratos administrativos, representando fonte legislativa
primária disciplinadora das licitações e contratos administrativos. Apesar de a LGL
ter tratado dos contratos de compra e venda, alienação, obras e serviços, nota-se
que tais contratos se regem por regras de direito privado derrogadas pelo regime
jurídico administrativo. Trata-se, portanto, da aplicação a todos os contratos
públicos, das sujeições próprias deste regime, a fim de assegurar a observância
da legalidade e o respeito do interesse público (Di Pietro, 2014, p. 272).
5
em certos momentos, seja regida por normas de Direito Privado e usufruída,
diretamente, por certo número indentificável de cidadãos.
Marçal Justen Filho comenta que este acordo de vontades deve ter por
objetivo satisfazer de modo direto necessidades da Administração Pública ou a
delegar a um particular o exercício de competências públicas. Ou seja, podem ser
tanto contratos de colaboração, nos quais o particular restará obrigado a fornecer
bens ou executar serviços ou obras, quanto contratos em que serão exercidas
atividades delegadas (normalmente a prestação de serviço público) pela
Administração Pública (2014, p. 477-478).
7
TEMA 3 – CONTRATOS DE OBRAS E SERVIÇOS
8
Por fim, cumpre-se destacar que os contratos de obras devem especificar
o regime de execução, este que pode ser direto (realizado pela própria
Administração Pública) ou indireto (executado por terceiros contratados).
No tocante ao regime integral, há que se destacar o tipo de execução
denominado de “empreitada por preço global”, caracterizada por levar em conta o
conjunto integral da obra para a fixação do valor. Há o tipo “empreitada por preço
unitário”, em que o preço é estabelecido com base nas unidades determinadas da
obra a ser realizada.
Em terceiro lugar, há o regime de “empreitada integral”, no qual a definição
do preço é baseada em todas as etapas das obras, serviços e instalações, pois
são simultaneamente contratados serviços e obras. Por último, pontua-se o
regime de “tarefa”, quando se ajusta mão de obra para pequenos trabalhos por
preço certo, com ou sem fornecimento de materiais (Di Pietro, 2014, p. 342).
Conclui-se, assim, que os contratos de obra pública podem ser executados
por empreitada e tarefa, dependendo da amplitude do que se executará e se
haverá fracionamento ou não do pagamento ao contratado.
9
de um edifício, não se criando qualquer aspecto material visualmente novo, será
considerado como serviço (Furtado, 2012, p. 510).
A contratação de serviços apresenta condições semelhantes dos contratos
de obras, haja vista que há igual necessidade de programação por meio dos
projetos básico e executivo, no entanto, podem ter conteúdos mais simplificados
ou, em certos momentos, a depender da complexidade do serviço, dispensados.
Os serviços podem ser divididos em comuns e técnico-profissionais. Os
primeiros se referem àqueles que independem de habilitação, tais como serviços
de limpeza e conservação, enquanto os segundos requerem habilitação legal, seja
com o registro do contratado no órgão ou entidade licitante, seja com a
apresentação de acervo técnico específico, consoante art. 13 da LGL.2
É importante lembrar que os serviços técnicos-profissionais especializados
anteriormente pontuados podem ser contratados sem licitação, desde que sejam
de natureza singular e o contratado seja profissional notoriamente especializado
na matéria tratada, adequando-se à hipótese de inexigibilidade de licitação, nos
termos do Art. 25, II da LGL (Di Pietro, 2014, p. 342). Da mesma forma ocorre com
o serviço artístico, que se desenvolve nos mais variados setores em que a arte,
devendo-se o profissional a ser contratado, sem licitação, seja consagrada pela
crítica especializada ou pela opinião pública, conforme Art. 25, III, da LGL.
2 Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os
trabalhos relativos a:
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;
II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.
10
procedimento prévio de licitação. Além disso, esse contrato de compra só se
manifestaria como “contrato administrativo” se a Administração Pública
aparecesse em posição de supremacia em relação ao particular, de modo que o
fornecimento deveria ser contínuo (parcelado) ou com entrega futura
(fornecimento integral) (Di Pietro, 2014, p. 349). De todo modo, no campo do
Direito administrativo, os contratos de fornecimento ou de compra devem ser
entendidos como sinônimos.
Quanto às categorias de compras, é possível dividir as compras ou os
fornecimentos em três categorias: integral, parcelado e contínuo. No primeiro
caso, o contratado deve entregar os bens de uma única vez, ao contrário da
segunda categoria, em que, durante determinado período de tempo, o objeto será
fornecido em parcelas e quantidades indicadas no contrato. Por último, o
fornecimento contínuo se refere à necessidade permanente da Administração
Pública, tal como bens de consumo imprescindíveis para o adequado
funcionamento dos órgãos e das entidades administrativas.
Algumas regras devem ser salientadas para os contratos administrativos
de fornecimento ou compras, consoante o Art. 15 da LGL preceitua. Em primeiro
lugar, a contratação deve se realizar com respeito ao princípio da padronização,
a fim de se compatibilizarem especificações técnicas e de desempenho dos bens
comprados em relação a outros já fornecidos em contratos anteriores.
Como comenta Lucas Rocha Furtado, a padronização é regra que objetiva
compatibilizar as necessidades da Administração com o princípio da isonomia,
uma vez que, caso contrário, seria totalmente inconcebível que a Administração
fosse obrigada a adquirir peças de reposição incompatíveis com os equipamentos
por ela utilizados (Furtado, 2012, p. 521).
A segunda regra ou diretriz que deve ser observada nos contratos de
fornecimento ou de compras é o do registro de preço, constante no Art. 15, inciso
II, da LGL. Esse sistema é importante para a obtenção de certa uniformidade e
regularidade na aquisição dos bens, devendo-se proceder com a sua atualização
periódica e com a ampla pesquisa de mercado.
Conforme José dos Santos Carvalho Filho explica, neste sistema o
vencendor da licitação firma a chamada “ata de registro de preços”, pela qual se
compromete a fornecer, em determinado prazo, não superior a um ano, o objeto
licitado dentro das necessidades da Adminsitração Pública. Quando se opera
esse método, não há motivo de o Poder Público prever exatamente a quantidade
11
que será consumida, o que facilita os controles de estoque e de qualidade dos
produtos (Carvalho Filho, 2009, p. 180).
12
aplicável às alienações, principalmente quanto à prévia avaliação e à autorização
legislativa.
13
para a prestação de um serviço, na permissão há um ato unilateral em que a
Administração Pública permite o particular de executar o serviço público, em nome
próprio e por conta e risco, mediante tarifa paga pelo usuário. Há precariedade na
permissão, enquanto na concessão a segurança jurídica e o pacto de longa
duração são vetores que orientam a sua pactuação.
FINALIZANDO
14
REFERÊNCIAS
15
AULA 6
LICITAÇÕES E CONTRATOS
CONTEXTUALIZANDO
O Art. 57, §3º, da Lei Geral de Licitações (Lei n. 8.666/1993) prevê que os
contratos administrativos devem ser celebrados por tempo determinado, sendo a
sua duração condicionada aos recursos orçamentários disponíveis para o
desembolso respectivo.
Portanto, a duração do contrato tem estreita relação com a previsão
orçamentária que dá sustento à sua execução. A exceção se encontra nos
projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano
Plurianual, passíveis de prorrogação no caso de interesse da Administração e
02
previsão no instrumento convocatório da licitação (inciso I, Art. 57, da LGL), ao
aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática (inciso II, Art.
57, da LGL), dentre outras hipóteses constantes no Art. 24 da LGL (inciso III, Art.
57 da LGL).
Ou seja, caso a Administração Pública pretenda pactuar contratos
administrativos que ultrapassem a vigência de 1 (um) ano, é necessária sua
previsão e inclusão no plano plurianual, que é lei orçamentária responsável por
prever desembolsos de longa duração. Vale ressaltar que essa problemática não
se refere aos contratos de execução instantânea, os quais têm prazo de
encerramento na data em que haverá a realização da conduta pretendida (Justen
Filho, 2009, p. 502).
03
competente para celebrar o contrato, sob pena de incorrer em ato de improbidade
administrativa por violação de princípios que orientam a Administração Pública.
O ato que materializa a prorrogação é, por sua vez, discricionário e bilateral.
Não é permitida à Administração impor ao contratado a prorrogação do contrato,
cabendo ao particular analisar as vantagens e desvantagens em estender a
avença (Niebuhr, 2012, p. 732).
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos: I - unilateralmente pela
Administração: a) quando houver modificação do projeto ou das
especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; b)
quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de
acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites
permitidos por esta Lei.
Desse modo, caso seja verificada a necessidade de ampliação ou
adequação dos serviços ou da obra contratada, bem como do quantitativo de bens
inicialmente indicados para a aquisição da Administração Pública, podem ser
promovidos unilateralmente os respectivos ajustes.
05
No entanto, é importante ressaltar as limitações impostas pela Lei para a
alteração unilateral, constantes no §1º, Art. 65, da LGL, quais sejam, até 25%
(vinte e cinco por cento) do valor inicial do contrato no caso de obras, serviços ou
compras, e de 50% (cinquenta por cento) no caso de acréscimo em reformas de
edifícios ou equipamentos. O valor utilizado como referencial aos ajustes tem de
ser o inicial corrigido monetariamente, também chamado de valor substancial.
(Mello, 2012, p. 638).
As limitações se referem apenas ao valor contratual, não se relacionando
aos projetos propriamente ditos. Contudo, vale ressaltar que a Administração
Pública não tem ilimitada liberdade para modificar as especificações do projeto
licitado, sob pena de violação do procedimento licitatório.
O contrato administrativo, ainda, pode sofrer alterações bilaterais, com
previsão no Art. 65, inciso II, da LGL.1 Trata-se da promoção de ajustes no regime
de execução ou no modo de fornecimento para melhor adequação técnica, além
de modificação de forma de pagamento em razão de circunstâncias
supervenientes, mantendo-se o valor inicial do contrato.
A substituição de garantia de execução (ou o restabelecimento do equilíbrio
econômico-financeiro firmado no momento da apresentação da proposta), afetada
por fatos imprevisíveis, também faz parte da alteração bilateral do contrato.
No entanto, ressalta-se que não se considera a forma consensual de
modificação do contrato a variação do valor em razão do reajuste previsto em
cláusula contratual própria, bem como as atualizações, compensações ou
penalizações financeiras decorrentes das condições de pagamento nele previstas
(Mello, 2012, p. 639).
Estas são as principais regras capazes de promover a alteração do
contrato, seja unilateral ou bilateralmente.
1 Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas,
nos seguintes casos: [...] II - por acordo das partes: a) quando conveniente a substituição da
garantia de execução; b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou
serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade
dos termos contratuais originários; c) quando necessária a modificação da forma de pagamento,
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a
antecipação do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente
contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; d) para restabelecer a
relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da
administração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos
imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos
da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe,
configurando álea econômica extraordinária e extracontratual.
06
2.3 Penalidades aplicáveis ao contratado
07
TEMA 3 – EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO E ANULAÇÃO DO
CONTRATO ADMINISTRATIVO
08
4.1 Equação econômico-financeira
09
4.2 O reajuste e a revisão do contrato administrativo
A LGL previu, em seu Art. 55, inciso III, uma cláusula necessária ao contrato
administrativo que estabeleça o reajustamento de preços, pois é natural que o
preço contratual deva ser recomposto distante da inflação e perda de poder
aquisitivo. A correção monetária é mera atualização dos montantes devidos em
virtude do decurso do tempo, sendo o primeiro instrumento capaz de manter o
equilíbrio da equação econômico-financeira do contrato.
No tocante ao segundo instrumento previsto para a execução do
reequilíbrio do contrato administrativo está a revisão do preço, apresentando
contorno diverso em relação ao reajuste, pois deriva da ocorrência de um fato
superveniente, apenas suposto pelos contratantes quando firmam o ajuste
(Carvalho Filho, 2009, p. 192).
Um dos fatos que podem ensejar a revisão do preço pactuado é a alteração
unilateral do contrato imposta pelo Poder Público, caso a modificação provoque o
aumento de ônus ao contratado e, consequentemente, se verifique desequilíbrio
na equação econômico-financeira.
010
A hipótese de reequilíbrio econômico-financeiro decorrente de alteração
unilateral está contemplado no Art. 65, §6º, da LGL: “havendo alteração unilateral
do contrato, que aumente os encargos do contratado, a Administração deverá
estabelecer, por aditamento, equilíbrio econômico-financeiro inicial”. Trata-se da
revisão decorrente de todo ato ou fato da Administração Pública, não importando
se legítimo ou ilegítimo, que repercuta nos custos do contratado, afetando a
equação econômico-financeira inicial formada com a licitação.
A exemplo disso, a própria LGL indicou algumas hipóteses em que se
assegura dito equilíbrio, quais sejam: alteração do projeto ou especificações pela
Administração Pública, interrupção do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho
por ordem ou interesse do contratante, aumento das quantidades inicialmente
previstas no contrato e omissão ou atraso de providências a cargo da
Administração Pública de que resulte impedimento ou retardamento na execução
do contrato, consoante Art. 57, incisos I a VI.
O Art. 65, II, “d”, da LGL, por sua vez, descreveu com exatidão a
necessidade de reestabelecimento do equilíbrio na hipótese de sobrevirem fatos
imprevisíveis, ou previsíveis, de consequências incalculáveis, retardadores ou
impeditivos da execução do ajustado, nos seguintes termos:
012
prejuízos suportados pelo contratado, nos termos do Art. 79, §2º, da LGL,
enquanto a segunda se dá por culpa do particular, com o descumprimento de
cláusulas contratuais, nos termos do art. 80 da LGL.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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