Caderno Linguagens e Seus Codigos
Caderno Linguagens e Seus Codigos
Caderno Linguagens e Seus Codigos
Universitários da Unesp
Antonio Francisco Marques
Maria da Graça Mello Magnoni
Editores
Volume 1
São Paulo
2016
Realização Conselho Editorial da PROEX - Unesp
Pró-Reitoria de Extensão – PROEX Profa. Dra. Maria Candida Soares Del Masso (FFC / Marília)
Rua Quirino de Andrade, 215 – 10° andar Prof. Dr. Claudio César de Paiva (FCL / Araraquara)
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Tel (11) 5627-0264 Profa. Dra. Rosane Michelli de Castro (FFC / Marília)
Sra. Angela de Jesus Amaral (PROEX / Reitoria)
Reitor Sr. Oscar Kazuyuki Kogiso (ICT / São José dos Campos)
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Coordenação geral
Vice-reitor Profa. Dra. Mariângela Spotti Lopes Fujita
Eduardo Kokubun
Editores
Pró-reitora de Extensão Universitária Prof. Dr. Antonio Francisco Marques
Mariângela Spotti Lopes Fujita Profa. Dra. Maria da Graça Mello Magnoni
Prefácio
Apresentação
1 Língua Portuguesa-Literatura............................................................................... 13
1.1 Introdução à literatura.......................................................................................... 13
1.1.1 Uma tentativa de definição do conceito de literatura ........................................ 15
1.1.2 A literatura como forma de conhecimento e de entretenimento......................... 16
1.1.3 A literatura como elemento da cultura e como marca de identidade ................ 16
1.1.4 A literatura como representação estética ........................................................... 17
1.1.5 O contexto de produção e de circulação da obra literária .................................. 17
1.1.6 A tradição das escolas literárias.......................................................................... 18
1.1.7 Literatura e outras artes..................................................................................... 18
1.1.8 Gêneros literários.............................................................................................. 19
1.1.9 Ferramentas de análise....................................................................................... 19
1.1.10 Sugestões de leitura......................................................................................... 21
1.1.11 Sugestões de sites públicos............................................................................... 21
1.1.12 Sugestão de filme............................................................................................. 21
Referências ................................................................................................................ 21
1.3 Classicismo......................................................................................................... 27
1.3.1 Contexto sócio-histórico e características literárias ............................................ 27
1.3.2 Camões............................................................................................................. 28
1.3.3 Sá de Miranda .................................................................................................. 29
1.3.4 Atividades......................................................................................................... 29
1.3.5 Sugestões culturais............................................................................................. 31
Referências ................................................................................................................ 31
1.4 Quinhentismo.................................................................................................... 32
1.4.1 Contexto Histórico........................................................................................... 32
1.4.2 Literatura informativa ou literatura de viajantes: ............................................... 32
1.4.3 Obras mais importantes:................................................................................... 33
1.4.4 Literatura Catequética....................................................................................... 33
1.4.5 Atividades......................................................................................................... 33
1.4.6 Atividades culturais........................................................................................... 34
Referências................................................................................................................. 35
1.5 Barroco............................................................................................................... 35
1.5.1 Contexto sócio-histórico e características literárias ............................................ 35
1.5.2 Gregório de Matos............................................................................................ 36
1.5.3 Padre Antônio Vieira......................................................................................... 36
1.5.4 Atividades......................................................................................................... 37
1.5.5 Sugestões culturais............................................................................................. 38
Referências................................................................................................................. 38
1.6 Arcadismo........................................................................................................... 39
1.6.1 Contexto sócio-histórico e características do movimento literário ..................... 39
1.6.2 Cláudio Manuel da Costa.................................................................................. 39
1.6.3 Tomás Antônio Gonzaga................................................................................... 40
1.6.4 Outros autores importantes............................................................................... 41
1.6.5 Atividades......................................................................................................... 42
1.6.6 Sugestões de sites públicos................................................................................. 42
1.6.7 Sugestão de filme............................................................................................... 43
Referências ................................................................................................................ 43
1.7 Romantismo....................................................................................................... 43
1.7.1 Contexto sócio-histórico e características literárias............................................. 43
1.7.2 Autores e obras.................................................................................................. 44
1.7.3 Atividades......................................................................................................... 47
1.7.4 Sugestões culturais:............................................................................................ 48
Referências ................................................................................................................ 49
1.9 Parnasianismo..................................................................................................... 54
1.9.1 Contexto sócio-histórico e características literárias............................................. 54
1.9.2 Autores e obras.................................................................................................. 55
1.9.2.1 Olavo Bilac (1865-1918)................................................................................ 55
1.9.2.2 Raimundo Correia (1859-1911)..................................................................... 56
1.9.2.3 Alberto de Oliveira (1857-1937).................................................................... 56
1.9.3 Atividades......................................................................................................... 57
Referências................................................................................................................. 58
1.10 Simbolismo....................................................................................................... 59
1.10.1 Contexto sócio-histórico e características literárias........................................... 59
1.10.2 Autores e obras................................................................................................ 59
1.10.2.1 Cruz e Sousa (1861-1898)............................................................................ 59
1.10.2.2 Alphonsus de Guimaraens (1870-1921)....................................................... 60
1.10.3 Outros autores................................................................................................. 61
1.10.4 Atividades....................................................................................................... 62
1.10.5 Sugestões de filmes.......................................................................................... 63
1.10.6 Sugestões de músicas...................................................................................... 64
Referências ................................................................................................................ 64
1.11 Pré-modernismo............................................................................................... 64
1.11.1 Contexto sóco-histórico e características literárias............................................ 65
1.11.2 Autores e obras................................................................................................ 65
1.11.2.1 Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha (1866 – 1909) ................................ 65
1.11.2.2.Monteiro Lobato (1882 – 1948).................................................................. 66
1.11.2.3 Lima Barreto (1881 – 1922) ........................................................................ 66
1.11.3 Sugestões de filmes.......................................................................................... 66
Referências................................................................................................................. 66
1 Língua Portuguesa-Literatura
1.1 Introdução à literatura
Começamos o estudo de Literatura, refletindo sobre a diferença de texto-
-literário e não-literário, já que entramos em contato com muitos tipos de texto que
possuem funções específicas de comunicação, na sociedade contemporânea.
Leia estes dois textos e observe a diferença:
Texto 1. O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira
BANDEIRA, Manuel. Estrela da Vida Inteira. 20ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
Texto 2:
[...] Se o processo é tão fácil, por que a reciclagem do lixo não atingiu o seu nível máximo até
hoje? A resposta é simples: falta de boa vontade política e social. Em São Paulo, cidade que
mais produz lixo no país (12 mil toneladas por dia), durante dois anos – de 1989 a 1991 – a
prefeitura se encarregou de fazer coleta seletiva de porta em porta, em 69 000 casas, de 24
bairros. O serviço foi extinto e a prefeitura não pretende voltar a implantá-lo. Hoje, só restam
27 pontos de coleta seletiva voluntária na cidade. [...]
OLIVEIRA, Thais de. Reciclagem. Claudia, Abril, São Paulo, p. 10, maio 1997.
Uma das características distintivas dos textos literários é a sua função esté-
tica, em que é possível constatar que uma obra foi produzida com a intenção de ser
admirada por pessoas que valorizam a arte. Além disso, percebemos o trabalho árduo
do escritor que faz a seleção das palavras e precisa de habilidade e sensibilidade para
expressar, por meio das palavras, a mensagem.
Contatamos que nem tudo que lemos pode ser chamado de Literatura.
Dessa forma, Literatura é uma das manifestações artísticas, assim como a música, a
escultura, o teatro, a pintura e a dança. No entanto, a Literatura possui como maté-
ria-prima a própria palavra.
O texto literário é uma construção textual que se apropria de uma linguagem
própria, chamada de literária. Essa linguagem possui como objetivo principal provocar
uma percepção sensorial, despertando sensações no leitor. Alguns exemplos de textos
literários são: peças teatrais, romances, poesias, contos, fábulas, crônicas e outros.
Dessa maneira, o texto literário é SUBJETIVO, isto é, reflete a maneira do
artista enxergar a realidade.
Além dessas características, o texto literário é INTANGÍVEL, isto é, não
pode ser resumido, pois perderia todo o seu encanto. Dessa forma, os autores e poetas
utilizam a linguagem conotativa, a qual possibilita que o autor utilize as palavras em
sentido figurado.
Ao contrário, o texto não-literário tem como objetivo informar, esclarecer,
explicar, ou seja, pretende ser útil ao leitor. Por isso, a linguagem desse tipo de texto
é denominada de utilitária. O texto não-literário é frequentemente visto como um
texto informativo, por isso, sua linguagem é clara e objetiva. Alguns exemplos são os
artigos científicos, as notícias, os textos didáticos, entre outros.
Caiu no Enem
CANÇÃO AMIGA
Eu preparo uma canção,
em que minha mãe se reconheça
todas as mães se reconheçam
e que fale como dois olhos.
[...]
Aprendi novas palavras
E tornei outras mais belas.
Eu preparo uma canção
que faca acordar os homens
e adormecer as crianças.
ANDRADE, C. D. Novos poemas. Rio de Janeiro: Jose Olympio, 1948. (fragmento).
ENEM – 2009
A linguagem do fragmento acima foi empregada pelo autor com o objetivo principal de
a) transmitir informações, fazer referência a acontecimentos observados no mundo exterior.
b) envolver, persuadir o interlocutor — nesse caso — o leitor, em um forte apelo a sua sensibilidade.
c) realçar os sentimentos do eu lírico, suas sensações, reflexões e opiniões frente ao mundo real.
d) destacar o processo de construção de seu poema, ao falar sobre o papel da própria linguagem e do
poeta.
e) manter eficiente o contato comunicativo entre o emissor da mensagem, de um lado, e o receptor
— de outro.
entendida como uma criação verbal oral ou escrita que possui um modo de elaboração
linguística peculiar, o qual trabalha com procedimentos que destacam, em diferentes
graus, o caráter poético da linguagem.
país por meio de suas obras. Note-se que a literatura exprime a identidade tanto de
nações quanto, num plano mais particular, de variadas categorias sociais.
qual ele faz parte. O repertório do leitor e o contexto no qual ele se insere são igual-
mente importantes, porque eles também interferem na construção do sentido do
texto. Por exemplo, as reações que Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) causou
nos leitores contemporâneos de Machado de Assis (1839-1908) podem ter sido bem
diferentes das reações que o mesmo romance provoca nos seus leitores que tomam
contato com a mesma obra aproximadamente 130 anos depois de sua primeira pu-
blicação. Ademais, leitores inseridos num mesmo período histórico podem construir
diferentes sentidos na leitura, por exemplo, de um mesmo poema, pois cada um deles
possui expectativas, repertório e experiências distintas, os quais atuam no processo de
leitura e influenciam no ato interpretativo de cada um deles.
texto diz. Isso significa que não interessa somente o que diz um texto literário mas
também como ele diz algo, pois a forma e o conteúdo da mensagem do texto literário
são indissociáveis, o que requer uma atenção especial do leitor.
Ao ler um texto literário, o leitor deve identificar os elementos básicos que o
constituem (os quais se vinculam às características do gênero) e construir uma leitura
interpretativa calcada nos efeitos de sentido da articulação de tais elementos básicos
com os procedimentos linguísticos empregados, o tema e as ideias presentes no texto.
A título de exemplificação vejamos alguns elementos básicos da narrativa,
no quadro a seguir.
Elementos básicos da narrativa
Os fatos ou acontecimentos contados na narrativa, isto é, a história narrada.
A ação tende a girar em torno de um conflito dramático vivenciado pelas per-
Ação
sonagens. O conflito pode ocorrer entre personagens, entre personagem(ns)
e meio etc.
Referências
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: ______. Vários escritos. Rio de
Janeiro: Duas Cidades: Ouro sobre Azul, 2004. p. 169-191.
COMPAGNON, Antoine. Literatura pra quê? Tradução de Laura Taddei Brandini.
Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2009.
MOTTA, Sérgio Vicente. Gêneros literários. Cadernos de Formação: pedagogia cida-
dã - Língua Portuguesa, São Paulo, v. 2, p. 83-97, 2004.
características da cantiga de amigo indicadas por Massaud Moisés (2006): a) no plano te-
mático, o amor representado é mais realista, sem a idealização da amada da cantiga de amor;
b) no plano formal, a cantiga de amigo tende a apresentar um traço mais narrativo do que
a cantiga de amor. Ressalte-se que as cantigas de amor não eram compostas por mulheres,
mas por trovadores que construíam uma voz feminina no poema.
1.2.4 Humanismo
O período do Humanismo em Portugal corresponde, cronologicamente,
ao período entre a nomeação de Fernão Lopes (1380?-1460) como Guarda-Mor da
Torre do Tombo, em 1418, e o regresso do poeta Sá de Miranda (1481-1558) ao
seu país, em 1527, trazendo e divulgando tendências estéticas clássicas. O período
coincide com o advento do mercantilismo e com o início das grandes navegações
portuguesas.
Esse momento histórico, como o próprio nome sugere, foi marcado pelo
antropocentrismo, ou seja, por uma visão de mundo que privilegia o homem e o co-
loca como centro do mundo, diferentemente do teocentrismo (Deus como centro
do mundo) da Idade Média. Embora a religião ainda fosse vigorosa no período, a
valorização do homem e da razão emergia como potências que, posteriormente, se
intensificariam no Classicismo/Renascimento.
Da literatura desse período, destacam-se:
a) As crônicas historiográficas como as crônicas dotadas de aspectos literários de Fernão
Lopes sobre monarcas portugueses, que igualmente enfatizavam a massa popular, e as crô-
nicas de Gomes Eanes de Zurara (1410-1473 ou 1474), que também tratavam sobre reis e,
pioneiramente, sobre a expansão marítima portuguesa.
b) A poesia palaciana, ou seja, a produção poética surgida nos palácios da corte. O con-
junto de temas representados nessa produção poética era bastante variado: feitos heroicos,
sátira, religião e amor, que se vinculavam ao sofrimento, como no Trovadorismo, mas,
diferentemente deste, não viam a mulher como um ser completamente idealizado. Dos
aspectos formais da poesia palaciana, destaque-se, segundo Moisés (2006), a recorrência da
redondilha maior (verso de sete sílabas poéticas) e da redondilha menor (verso de cinco sílabas
poéticas).
2. O Auto da barca do inferno pertence ao gênero dramático, mas sua forma se aproxima
da poesia. Aponte um aspecto formal do texto característico da poesia produzida durante o
Humanismo que o trecho acima ilustra. Predominância de versos em redondilha maior.
3. No trecho acima, qual aspecto da sociedade é criticado/ironizado por meio da figura
do sapateiro? Explique, demonstrando quais atitudes do sapateiro são representativas do
aspecto criticado. A hipocrisia dos indivíduos que exercem práticas religiosas, mas não são
honestos. O sapateiro praticou atos religiosos durante a sua vida (confessou, comungou e ia
a missas), mas roubava o povo ao exercer o seu trabalho.
Referências
CANTIGAS medievais galego-portuguesas. Disponível em: <http://cantigas.fcsh.
unl.pt/index.asp>. Acesso em: 13 maio 2015.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. 34. ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
ROBL, Affonso. As cantigas d’escárnio e maldizer. Revista Letras, v. 29, p. 5-17, 1980.
1.3 Classicismo
1.3.1 Contexto sócio-histórico e características literárias
O que comumente chamamos de Classicismo é a representação literária de
um movimento muito mais vasto e abrangente, denominado Renascimento, que en-
globou as artes, as ciências, a visão de mundo e a cultura humana em geral. Surgido
na Itália e disseminado por toda a Europa, nos séculos XV e XVI, esse período é
considerado o marco inicial da Era Moderna, uma fase de transição entre a tradição
feudal estabelecida e a emergência avassaladora do capitalismo burguês.
Com o crescimento da burguesia, desencadeia-se uma verdadeira revolu-
ção comercial, marcada fortemente pelo comércio com o Oriente, pela circulação
progressiva das moedas e pela consolidação da vida urbana. O acentuado investimen-
to na ciência naval, a expansão marítima e, por conseguinte, a descoberta da América
por Cristóvão Colombo, em 1492, fazem com que o homem do Renascimento seja
um ser universalista e expansivo, que acredita vigorosamente em seu poder transfor-
mador, partindo do pressuposto de que tudo pode ser explicado pela razão e pelas ci-
ências. Não há limite para o ser humano. Por isso, o homem desse período é bastante
marcado pelo universalismo, pelo racionalismo e pelo antropocentrismo.
O nome “Classicismo” nasce justamente do reencontro da cultura clássica
greco-romana com o homem daquele momento histórico, o qual a resgata na produ-
ção artística do período e imita formas e temas daqueles autores, formando as bases
da renovação cultural e literária do Classicismo. Homero, Virgílio, Ovídio e vários
outros poetas de grande relevância são seguidos, grandemente admirados e cultuados.
A linguagem do Classicismo é sóbria, não é subjetiva nem impregnada de
sentimentalismos. Através do uso aguçado da razão, os Clássicos buscam verdades
universais, não cometem excessos de linguagem e desprezam o individual, o particu-
lar e o relativo. Desse modo, outra forte influência dos autores do Classicismo foram
as ideias de Platão. Retratavam em suas obras um amor racional, elevado e idealiza-
do, com o desejo sendo aplacado e comandado pela razão e pelo juízo. A influência
de Platão também se verifica no culto à perfeição e à beleza. A arte do Classicismo
também é pautada por grande formalismo, com uma busca incessante pela perfeição
das formas. Rigor formal nas rimas e na métrica, além de destacada preocupação
na escolha do vocabulário e na correção gramatical são características latentes dos
autores Clássicos.
A “medida velha” medieval (redondilha menor e redondilha maior) é subs-
tituída pela “medida nova” (versos decassílabos), proveniente da Itália: o soneto, tam-
bém conhecido como dolce stil nuovo (doce estilo novo), introduzido em Portugal,
em 1527, por Francisco Sá de Miranda.
1.3.2 Camões
Luís Vaz da Camões (1524-1580) é um dos mais importantes autores em
língua portuguesa de todos os tempos. Há muitas lendas e suposições em relação à
biografia de Camões. Nascido em uma família nobre, escolheu a carreira das armas e
se alistou muito novo. Em Marrocos, perdeu um dos olhos em uma batalha. Uma das
histórias mais famosas sobre Camões narra que, voltando de uma das muitas viagens
que fez, naufragou na Conchinchina (Vietnã), na foz do Rio Mekong. No naufrágio,
sua companheira Dinamene (homenageada pelo poeta em sonetos futuros) acabou
morrendo, mas Camões conseguiu heroicamente salvar os manuscritos de sua obra
literária mais importante, Os Lusíadas, a grande epopeia do povo português, os 8816
versos mais importantes da língua portuguesa, texto que seria editado mais tarde, em
1572. Camões morreu em 1580 e deixou uma importantíssima obra lírica, épica e
teatral. Vejamos um de seus sonetos mais conhecidos e destacados:
Amor é fogo que arde sem se ver, Vale lembrar: 1. Écogla: poema pastoral,
é ferida que dói, e não se sente; normalmente em forma de diálogo entre
é um contentamento descontente, pastores. 2. Elegia: poema melancólico
é dor que desatina sem doer. e consternado, habitualmente composto
como tema para funeral ou lamento de
morte. 3. Ode: ode significa “canto”, em
É um não querer mais que bem querer;
grego. É dividida em estrofes simétricas,
é um andar solitário entre a gente; geralmente de quatro versos, normalmente
é nunca contentar-se de contente; de tom alegre e jubiloso.
é um cuidar que ganha em se perder.
1.3.3 Sá de Miranda
Francisco Sá de Miranda (1481-1558) nasceu em Coimbra e é considerado
um dos mais importantes poetas portugueses. Doutor em Direito, Sá de Miranda foi
para a Itália e respirou os ares do Renascimento. Antes da viagem, já era colaborador
do Cancioneiro Geral, compilação de poesias daquele período. Todavia, em sua vol-
ta da Itália para Portugal é que Sá de Miranda trouxe a nova estética para a literatura
portuguesa, introduzindo o soneto e iniciando o Classicismo em Portugal. Além da
poesia, o autor escreveu peças de teatro, cartas em versos e comédias.
O Sol é grande; caem c’a calma as aves,
do tempo em tal sazão, que soe ser fria.
Esta água que cai d’alto, acordar-m’-ia
do sono não, mas de cuidado graves.
Assim como no poema de
Camões, que vimos anterior-
Ó cousas, todas vãs, todas mudaves! mente, temos aqui um soneto
qual é tal coração qu’em vos confia? clássico, com rimas externas
Passam os tempos, vai dia trás dia, emparelhadas e interpoladas,
nos quartetos, e alternadas
incertos muito mais que o vento as naves.
(ou cruzadas), nos tercetos.
Em relação a figuras de som,
Eu vira já aqui sombras, vira flores, há aliterações e assonâncias.
No nível semântico, obser-
vi tantas águas, vi tanta verdura, vamos que o poeta trata da
as aves todas cantavam d’amores. inexorável mudança das coisas
Tudo é seco e mudo; e, de mistura,
também mudando-m’eu fiz doutra cores
e tudo o mais renova, isto é sem cura!
1.3.4 Atividades
1. Leia atentamente o excerto abaixo, do Classicismo, retirado do episódio “O Velho do
Restelo”, de “Os Lusíadas”, obra máxima de Camões, e responda: na passagem analisada,
2. Leia o fragmento poético abaixo de Camões e diga se é um soneto, uma écloga ou uma
elegia. Explique a sua resposta.
À morte de D. Miguel de Meneses, filho de D. Henrique de Meneses, governa-
dor da Casa Cível, que morreu na Índia:
Que novas tristes são, que novo dano,
que mal inopinado incerto soa,
tingindo de temor o vulto humano?
Referências
AMORA, Antônio Soares. Presença da literatura portuguesa: era clássica. São Paulo:
Difel, [19--].
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1995.
CÂNDIDO, Antônio. Formação da literatura brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia,
1981.
CÂNDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. São Paulo: Publifolha, 2000.
GUIMARÃES, Ruth. Dicionário da mitologia grega. São Paulo: Cultrix, 1998.
1.4 Quinhentismo
O Quinhentismo iniciou-se em 1500, com a publicação da Carta, de Pero
Vaz de Caminha, e terminou em 1601, com a publicação de Prosopopeia, de Bento
Teixeira (início do Barroco brasileiro).
Quinhentismo é o conjunto das produções ocorridas no Brasil, durante o
período das Grandes Navegações. Nesse período, não podemos falar em Literatura
Brasileira, visto que os escritos não possuem intenções estéticas; entretanto, podemos
falar em literatura sobre o Brasil. Dessa forma, dividimos as produções em catequé-
ticas e informativas.
1.4.5 Atividades
1. A Carta de PERO Vaz de Caminha integralmente:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000283.pdf>. Acesso em: 10 out. 2016.
Caiu no ENEM
(Enem 2013)
TEXTO I
Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me
que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e
flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. […]. Andavam todos
tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.
CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996. (fragmento).
TEXTO II
Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari
retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que
a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses
em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação
da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e
a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes — verbal e não verbal —, cumprem a mesma
função social e artística.
e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um
mesmo momentos históricos, retratando a colonização.
Comentário:
GABARITO: [C]
A Carta de Pero Vaz de Caminha revela a perspectiva otimista do colonizador (“Andavam todos tão
bem-dispostos, tão bem feitos e galantes”), enquanto a obra de Portinari revela a surpresa e a preocupa-
ção dos nativos, ao apontar para o horizonte. Assim, é correta a opção [C], pois a carta é testemunho
histórico-político do encontro do colonizador com as novas terras, e a pintura destaca, em primeiro
plano, a inquietação dos nativos.
3. COMO Era Gostoso o Meu Francês. Direção: Nelson Pereira dos Santos. Brasil:
[s.n.], 1971. (84 min).
Referências
AMARAL, Emília et al. Novas palavras. São Paulo: FTD, 2010.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: lin-
guagens. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
1.5 Barroco
1.5.1 Contexto sócio-histórico e características literárias
No século XVI, enquanto se vivia na Europa o auge do Renascimento, mo-
vimento cultural, artístico, filosófico e científico no qual se valorizou, em primeira
instância, o homem em sua racionalidade, dotado de potencialidades para conhecer
a si mesmo, ao outro e ao mundo, por meio de sistemas racionalmente organiza-
dos, Martinho Lutero promoveu a Reforma protestante, em 1517, com a publicação
das 95 teses, as quais questionavam certos aspectos doutrinários da Igreja Católica
Romana, o que, em contrapartida, resultou no movimento de Contrarreforma, pro-
movido pela Igreja Católica, como resposta à Reforma protestante, impulsionado
pela convocação do Concílio de Trento, em 1545, que se estendeu até o ano de 1563.
Nesse contexto histórico, social e cultural, o Barroco, iniciado no final
do século XVI, tem seu momento de apogeu no século XVII e chega até as pri-
meiras décadas do século XVIII, capta esteticamente as contradições e conflitos
do homem da época, que se depara, por um lado, com as concepções racionalistas
e antropocêntricas (o homem como centro do universo) do Renascimento e, por
outro lado, com as propostas da Reforma e da Contrarreforma, no que se refere à
fé, à espiritualidade e às doutrinas cristãs.
Sob muitos aspectos, o Barroco explora literariamente, com os excessos
que lhe são característicos, a dualidade de elementos opostos, seja por meio de te-
mas que enfatizam as tensões da alma humana, o conflito entre mundo material e
mundo espiritual e as divergências entre fé e razão, seja por meio de uma linguagem
rebuscada, jogos retóricos e emprego constante de figuras de linguagem, sobretudo a
antítese, o paradoxo e o hipérbato.
Há ainda, na literatura barroca, dois estilos característicos desse movimen-
to literário: o cultismo ou gongorismo (por influência do poeta espanhol Luís de
Gôngora), que diz respeito ao trabalho formal com a linguagem literária, marcado
por rebuscamentos, excessos e exploração estética da materialidade da palavra, sobre-
tudo através de figuras de linguagem; e o conceptismo ou quevedismo (por influ-
tempo, denunciar certas injustiças sociais, como, por exemplo, a exploração indígena
no Brasil, o que resultou em problemas até mesmo com a Inquisição. O crítico lite-
rário Alfredo Bosi ressalta que “de Vieira ficou o testemunho de um arquiteto incan-
sável de sonhos e de um orador complexo e sutil, mais conceptista do que cultista,
amante de provar até o sofismo, eloquência até à retórica, mas assim mesmo, ou por
isso mesmo, estupendo artista da palavra” (2006, p. 45). Sua obra mais importante
é o Sermão da sexagésima, em que, para além da temática religiosa, Padre Antônio
Vieira reflete ainda sobre a própria arte de pregar por sermões, de sorte a construir
uma argumentação a partir do questionamento inicialmente apresentado do porquê
a Palavra de Deus pode dar poucos resultados.
1.5.4 Atividades
1. (ENEM – 2014)
Quando Deus redimiu da tirania
Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.
2. (FUVEST – 2014) Não há trabalho, nem gênero de vida no mundo mais parecido à cruz e à paixão de
Cristo, que o vosso em um destes engenhos [...]. A paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte
foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo
sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os
açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada
de paciência, também terá merecimento e martírio [...]. De todos os mistérios da vida, morte e ressurreição
de Cristo, os que pertencem por condição aos pretos, e como por herança, são os mais dolorosos.
P. Antônio Vieira, Sermão décimo quarto. In: I. Inácio & T. Lucca (orgs.). Documentos do Brasil colo-
nial. São Paulo: Ática, 1993, p.73-75.
A partir da leitura do texto acima, escrito pelo padre jesuíta Antônio Vieira, em 1633, pode- se afirmar,
corretamente, que, nas terras portuguesas da América,
A) a Igreja Católica defendia os escravos dos excessos cometidos pelos seus senhores e os incitava a se
revoltar.
B) as formas de escravidão nos engenhos eram mais brandas do que em outros setores econômicos, pois ali
vigorava uma ética religiosa inspirada na Bíblia.
C) a Igreja Católica apoiava, com a maioria de seus membros, a escravidão dos africanos, tratando, portan-
to, de justificá-la com base na Bíblia.
D) clérigos, como P. Vieira, se mostravam indecisos quanto às atitudes que deveriam tomar em relação à
escravidão negra, pois a própria Igreja se mantinha neutra na questão.
e) havia formas de discriminação religiosa que se sobrepunham às formas de discriminação racial, sendo
estas, assim, pouco significativas.
Resposta: C
Referências
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 43. ed. São Paulo: Cultrix,
2006.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Editorial Sul
Americana, 1968. v. 3.
SARAIVA, António José; LOPES, Óscar. História da literatura portuguesa. 11. ed.
Porto: Porto Editora, 1955.
SODRÉ, Nelson Werneck Sodré. História da literatura brasileira: seus fundamentos
econômicos. 5. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
VERÍSSIMO, José. História da literatura brasileira: de Bento Teixeira, 1601 a
Machado de Assis, 1908. 4. ed. Brasília, DF: Ed. Universidade de Brasília, 1963.
1.6 Arcadismo
1.6.1 Contexto sócio-histórico e características do movimento literário
Ao longo do século XVIII, a Europa passou por intensas transformações,
como o processo de Revolução Industrial, iniciado na Inglaterra, a Revolução
Francesa e o advento do pensamento ilustrado (ou iluminista). Tais processos al-
teraram estruturas sociais, políticas e econômicas, como, por exemplo, colocando
em xeque a nobreza e o clero, conferindo maior poder à burguesia. Nesse cenário,
adquirem valor de destaque a ciência e a razão.
A academia literária da Arcádia Lusitana (1756-1776), em Portugal, lan-
çava a base do Arcadismo brasileiro, com traços como a simplicidade, a convenção
pastoral e a inspiração em autores e cultura clássicos, além de estabelecer os ideais de
Verdade, Razão e Natureza. Assim, a poesia árcade preza pela clareza e pela simpli-
cidade, algo que se vincula ao pensamento ilustrado da época, marcado pelo cultivo
do saber e da razão. Dessa forma, para os árcades, a poesia deveria se afastar de for-
mas rebuscadas que dificultassem a sua compreensão, pois, para eles, a compreensão
da realidade se dá por meio do pensamento organizado de modo racional. É nesse
sentido que a poesia árcade combate o Cultismo (jogo de palavras rebuscado, com
propósito ornamental), um traço característico do Barroco.
A temática bucólica pastoral vincula-se à busca pela naturalidade e pela
simplicidade, e trata a natureza com nostalgia, como um bem perdido. A rusticidade
do país daquele contexto, aponta Antônio Cândido (2014), tornou a poesia pasto-
ral mais natural no Brasil do que em Portugal. No tocante aos aspectos formais do
movimento literário, destacam-se os versos decassílabos e as formas nas quais eles são
empregados com muita frequência, como sonetos e odes.
blicações são Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa (1768), na qual o poeta
adota o pseudônimo Glauceste Satúrnio, e Vila Rica (escrito em 1773, publicado
postumamente, em 1839).
Soneto LXXXI
Junto desta corrente contemplando O “Soneto LXXXI” apresenta, for-
Na triste falta estou de um bem que adoro; malmente, traços que retomam a
Aqui entre estas lágrimas, que choro, estética classicista, como a forma do
soneto, versos decassílabos, esque-
Vou a minha saudade alimentando. ma de rimas regular (ABBA ABBA
CDC DCD). No plano temático,
Do fundo para ouvir-me vem chegando há a presença de um elemento da
Das claras hamadríades o coro; mitologia grega (as hamadríades
são ninfas do bosque que nasciam e
E desta fonte ao murmurar sonoro,
morriam com as árvores) e a relação
Parece, que o meu mal estão chorando. do eu-lírico com a natureza: se a na-
tureza é onde se encontra a verdade,
Mas que peito há de haver tão desabrido, tem-se a conexão intrínseca do eu-lí-
Que fuja à minha dor! Que serra, ou monte rico com a natureza (“Que serra ou
monte / Deixará de abalar-se a meu
Deixará de abalar-se a meu gemido! gemido?”; “Se até deste penhasco
Igual caso não temo, que se conte; endurecido / O meu pranto brotar
Se até deste penhasco endurecido fez uma fonte”) confere um valor de
O meu pranto brotar fez uma fonte. verdade ao seu sofrimento.
Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’expressões grosseiro, O poema permite perce-
Dos frios gelos, e dos sóis queimado. ber as figurações típicas do
Tenho próprio casal, e nele assisto; Arcadismo: a expressão pasto-
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; ril, o convite à vida simples no
campo, o amor idealizado, o
Das brancas ovelhinhas tiro o leite, individualismo burguês (mar-
E mais as finas lãs, de que me visto. cado pela retórica do conven-
Graças, Marília bela, cimento amoroso, que passa
Graças à minha Estrela! pela descrição das posses, dos
bens e da diferença social que
caracteriza o eu-lírico).
Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos inda não está cortado:
Os pastores, que habitam este monte,
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Ao som dela concerto a voz celeste;
Nem canto letra, que não seja minha,
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
1.6.5 Atividades
Leia o poema a seguir de Cláudio Manuel da Costa para responder às questões 1, 2 e 3.
Soneto VII
Onde estou? Este sítio desconheço: Vale lembrar: outra obra
Quem fez tão diferente aquele prado? importante para a litera-
Tudo outra natureza tem tomado, tura brasileira cuja auto-
ria é atribuída a Tomás
E em contemplá-lo, tímido, esmoreço.
Antônio Gonzaga é
Cartas chilenas (1789),
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço poema satírico que foi
De estar a ela um dia reclinado; publicado anonimamen-
Ali em vale um monte está mudado: te. Composto em decassí-
Quando pode dos anos o progresso! labos brancos (versos sem
rimas), Cartas chilenas
Árvores aqui vi tão florescentes, ataca o governador de
Minas Gerais da época,
Que faziam perpétua a primavera; acusando-o de corrupção.
Nem troncos vejo agora, decadentes.
Eu me engano: a região esta não era...
Mas, que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera?
Fonte: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000040.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015.
Referências
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 37. ed. São Paulo: Cultrix,
1994.
CANDIDO, Antonio. Iniciação à literatura brasileira. 4. ed. Rio de Janeiro: Ouro
sobre Azul, 2004.
CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 15. ed.
Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2014.
COSTA, Cláudio Manoel. Soneto LXXXI. In: ______. Obras poéticas de Glauceste
Satúrnio. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
fs000040.pdf>. Acesso em: 15 maio 2015.
GONZAGA, Tomás Antônio. Lira I. In: ______. Marília de Dirceu. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000301.pdf>. Acesso em:
15 maio 2015.
1.7 Romantismo
1.7.1 Contexto sócio-histórico e características literárias
Em um momento histórico no qual as classes sociais se definiam como
nós as conhecemos, na atualidade, fortemente impactadas por dois grandes acon-
tecimentos mundiais que mudaram o rumo da história da humanidade, nascia, no
século XIX, o Romantismo. A Revolução Industrial (1760-1840) e a Revolução
Francesa (1789-1799) causaram profundas transformações na sociedade europeia
e, por conseguinte, no resto do mundo. Concomitantemente a tais transformações,
a ascensão da tipografia (inventada pelo alemão Johannes Gutenberg), disseminada
no final do século XVIII, popularizaria o Romantismo em proporções nunca antes
vistas, na história da literatura.
período, o principal autor romântico, sem sombra de dúvidas, foi Camilo Castelo
Branco (1825-1890), um dos mais importantes escritores portugueses de todos os
tempos, tendo sido historiador, tradutor, romancista, cronista, dramaturgo e crítico.
A Terceira Geração do Romantismo português é conhecida sobretudo
pela produção dos escritores João de Deus, Tomás Ribeiro, Bulhão Pato, Xavier de
Novais, Pinheiro Chagas e Júlio Dinis, os quais tentam se livrar dos exageros ultrar-
românticos das gerações anteriores. É considerada uma geração mais equilibrada, de
transição, já apontando para o Realismo. Idealismo, exaltação da figura feminina,
espiritualidade e valorização do amor são temáticas recorrentes da geração.
No Brasil, o ponto de partida do Romantismo foi a publicação do livro
de poemas Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836. Em
um país que conquistara sua Independência há catorze anos, o Romantismo era um
movimento muito plausível, principalmente pela valorização do nacionalismo e da
liberdade, sentimentos que afloravam e gradativamente se ajustavam ao espírito da
nação, recentemente tornada livre de Portugal.
Os Românticos brasileiros cultivavam o nacionalismo, manifestado princi-
palmente na exaltação da natureza do país, no retorno ao passado histórico e na ten-
tativa de criação do herói nacional (em nosso caso, o índio, uma espécie de cavaleiro
medieval do país). Através da exaltação do passado histórico, começa o culto à Idade
Média, representando as glórias e as tradições do passado. A natureza é a extensão
da pátria e também um prolongamento do poeta e de suas emoções, um refúgio em
relação à vida agitada e atribulada dos centros urbanos do século XIX. Além disso, o
Romantismo traz à tona o Sentimentalismo, uma valorização exacerbada dos senti-
mentos, das emoções e do mundo interior.
Esse conflito do eu com o mundo cria estados de frustração, insatisfação e
tédio, culminando nas mais variadas fugas da realidade – o álcool, o ópio, a nostalgia
da infância, a idealização da sociedade, do amor e da mulher. Todavia, há uma fuga
romântica maior que todas as outras, tema recorrente do período: a morte. Por volta
de 1860, as mudanças econômicas, sociais e políticas no país provocam uma guinada
no Romantismo nacional e o conduzem a uma literatura mais próxima da realidade,
refletindo as grandes agitações, como a luta abolicionista, a Guerra do Paraguai e o
ideal de República, com a decadência do regime monárquico e o aparecimento da
poesia social, sobretudo com Castro Alves. Em relação à forma, o verso livre, sem
métrica ou estrofes padronizadas, e o verso branco, sem rima, caracterizam forte-
mente a poesia romântica brasileira. Assim como em Portugal, no Brasil, também o
Romantismo foi dividido em gerações:
A Primeira Geração do Romantismo brasileiro foi chamada de
Nacionalista ou Indianista, pois os seus autores exaltavam a pátria e o herói nacional,
o índio, que era visto como o brasileiro em sua essência. Ademais, queriam construir
uma arte brasileira, independente de Portugal. Os principais autores dessa geração
1.7.3 Atividades
1. Leia atentamente o excerto que segue.
[...] Agora quem move estes ridículos combates de frases é a vaidade ferida dos mes-
tres e dos pontífices; é o espírito de rotina violentamente incomodado por mãos
rudes e inconvenientes; é a banalidade que quer dormir sossegada no seu leito de ni-
nharias; é a vulgaridade que cuida que a força. Nós só lhe queremos puxar as orelhas!
Isto, resumido em poucas palavras, quer dizer: combatem-se os hereges da Escola de
Coimbra por causa do negro crime de sua dignidade, do atrevimento de sua retidão
moral, do atentado de sua probidade literária, da impudência e miséria de serem
independentes e pensarem por suas cabeças. E combatem-se por faltarem às virtudes
de respeito humilde às vaidades onipotentes, de submissão estúpida, de baixeza e
pequenez moral e intelectual [...].
Se eu morresse amanhã
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã,
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda ti natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
Referências
AMORA, Antônio Soares. Presença da literatura portuguesa: era clássica. São Paulo:
Difel, [19--].
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1995.
CÂNDIDO, Antônio. Formação da literatura brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia,
1981.
GUINSBURG, J. O romantismo. São Paulo: Perspectiva, 1993
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através de textos. São Paulo: Cultrix,
1994a.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa em perspectiva. São Paulo: Atlas, 1994b.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix, 1995a.
MOISES, Massaud. Dicionários de termos literários. São Paulo: Cultrix, 1995b.
SARAIVA, Antônio José. História da literatura portuguesa. Porto: Porto Editora,
1996.
SCHEEL, Márcio. Poética do romantismo: Novalis e o Fragmento Literário. São
Paulo: Ed. Unesp, 2010.
1.8.3 Atividades
1. (UNICAMP – 2015) Leia o seguinte excerto de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado
de Assis:
Deixa lá dizer Pascal que o homem é um caniço pensante. Não; é uma errata pensante, isso sim.
Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição
definitiva, que o editor dá de graça aos vermes. (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.
São Paulo: Ateliê Editorial, 2001, p.120.)
Na passagem citada, a substituição da máxima pascalina de que o homem é um caniço pensante pelo
enunciado “o homem é uma errata pensante” significa
A) a realização da contabilidade dos erros acumulados na vida porque, em última instância, não há
“edição definitiva”.
B) a tomada de consciência do caráter provisório da existência humana, levando à celebração de cada
instante vivido.
C) a tomada de consciência do caráter provisório da existência humana e a percepção de que esta é
passível de correção.
D) a ausência de sentido em “cada estação da vida”, já que a morte espera o homem em sua “edição
definitiva”.
Resposta: C
2. (ENEM – 2011) Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam todos, até
mesmo os brasileiros, se concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente, do Firmo, romperam
vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais que os primeiros acordes da música crioula para
que o sangue de toda aquela gente despertasse logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com urti-
gas bravas. E seguiram-se outras notas, e outras, cada vez mais ardentes e mais delirantes. Já não eram
dois instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos e suspiros soltos em torrente, a correrem eram
ais convulsos, chorados em frenesi de amor: música feita de beijos e soluços gostosos; carícia de fera,
carícia de doer, fazendo estalar de gozo.
No romance O cortiço (1890), de Aluízio Azevedo, as personagens são observadas como elementos
coletivos caracterizados por condicionantes de origem social, sexo e etnia. Na passagem transcrita, o
confronto entre brasileiros e portugueses revela prevalência do elemento brasileiro, pois
A) destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de personagens portuguesas.
B) exalta a força do cenário natural brasileiro e considera o do português inexpressivo.
C) mostra o poder envolvente da música brasileira, que cala o fado português.
D) destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos portugueses.
E) atribui aos brasileiros uma habilidade maior com instrumentos musicais.
Resposta: C
Referências
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 43. ed. São Paulo: Cultrix,
2006.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Editorial Sul
Americana, 1968. v. 3.
PELLEGRINI, Tânia. Realismo: postura e método. Letras de Hoje, Porto Alegre, v.
42, n. 4, p. 137-155, dez. 2007.
SARAIVA, António José; LOPES, Óscar. História da literatura portuguesa. 11. ed.
Porto: Porto Editora, 1955.
SODRÉ, Nelson Werneck Sodré. História da literatura brasileira: seus fundamentos
econômicos. 5. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
SODRÉ, Nelson Werneck Sodré. O naturalismo no Brasil. 2. ed. Belo Horizonte:
Oficina de Livros, 1992.
VERÍSSIMO, José. História da literatura brasileira: de Bento Teixeira, 1601 a
Machado de Assis, 1908. 4. ed. Brasília, DF: Ed. Universidade de Brasília, 1963.
1.9 Parnasianismo
1.9.1 Contexto sócio-histórico e características literárias
Escola poética de origem francesa, surgiu na década de 1850, opondo-se
a alguns exageros românticos e ao que consideravam falta de cuidado estético do
romantismo. Espelhando o espírito determinista de sua época, voltou-se à perfeição
formal dos versos, às rimas ricas e à perspectiva da “arte-pela-arte”, ou seja, que a
própria arte se explica por si mesma, não tendo compromisso algum para com a
sociedade, a política ou o mundo.
No Brasil, apesar de ter tido o seu primeiro destaque nos momentos derra-
deiros do Império, o Parnasianismo (conhecido também como Ideia Nova) foi a es-
Mal Secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora Os versos de “Mal Secreto”, cons-
O coração no rosto se estampasse; tituídos por decassílabos acentu-
ados na quarta e oitava sílabas e
Se se pudesse o espírito que chora por hendecassílabos (11 sílabas)
com acentuação na quarta e déci-
Ver através da máscara da face,
ma (Tu/do o/ que/ pun/ ge,/ tu/do
Quanta gente, talvez, que inveja agora o/ que/ de/vo/ra), possuem uma
Nos causa, então piedade nos causasse! presença considerável de enjambe-
ments (“a dor que mora/ N'alma”),
Quanta gente que ri, talvez, consigo embora a utilização dessa técnica,
nesse caso, não seja para o desen-
Guarda um atroz, recôndito inimigo, volvimento de rimas internas.
Como invisível chaga cancerosa!
Vaso Grego
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então, e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
1.9.3 Atividades
Analise o trecho do poema de Alberto de Oliveira e o pequeno texto de
Fernando Cesari Gil.
Aspiração
Ser palmeira! existir num píncaro azulado,
Vendo as nuvens mais perto e as estrelas em bando;
Referências
BILAC, Olavo. Poesias. São Paulo: Martin Claret, 2004.
CORREIA, Raimundo. Melhores poemas de Raimundo Correia. 2. ed. São Paulo:
Global Editora, 2001.
GIL, Fernando Cerisara. Do encantamento à apostasia: a poesia brasileira de 1880-
1919: antologia e estudo. Curitiba: Ed. UFPR, 2006.
KEATS, John. Ode sobre a melancolia e outros poemas. São Paulo: Ed. Hedra, 2010.
MURICY, José Cândido de Andrade. Panorama do Movimento Simbolista Brasileiro.
3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1987.
1.10 Simbolismo
1.10.1 Contexto sócio-histórico e características literárias
O Simbolismo surgiu na França de Napoleão III para, então, adquirir cará-
ter universal, desde o seu precursor Charles Baudelaire a Arthur Rimbaud, atingindo
países como os Estados Unidos (que já tinham, na figura de Edgar Allan Poe, um
iniciador), Portugal e, finalmente, o Brasil. O surgimento dessa escola literária nas
letras brasileiras foi percebido por Machado de Assis em 1879, num ensaio chamado
“A Nova Geração”.
Dando os primeiros passos como um contra-movimento das escolas ofi-
ciais, como o Naturalismo e Parnasianismo, o Simbolismo, em uma época em que
o determinismo científico (conhecido também como pseudociência) regia a opinião
artística e pública, pregava a subjetividade das ideias e dos sentimentos, a musicalida-
de implícita do verso, o dever do poeta de espiritualizar-se diante de si mesmo, para
chegar, por conseguinte, à compreensão do cosmos.
Essa postura aparentemente evasiva levou os críticos do movimento a ta-
charem o Simbolismo como uma escola alheia às evoluções da sociedade e, portanto,
indiferente à evolução da cultura local; no caso do Brasil, por exemplo, em época
de Lei Áurea (1888) e de Proclamação de República (1889), era uma acusação
grave. Todavia, a verdade é que a crítica social simbolista se baseava em uma herança
Romântica e, como não podia deixar de ser, nos símbolos – o que, para o filósofo ale-
mão Walter Benjamim, significava a desumanização da linguagem (por seu aspecto
pictórico e atemporal). Daí, sobretudo, a dificuldade de uma época extremamente
empírica em compreender o símbolo que canta para o ontem, o hoje e o amanhã.
regular, em Broquéis, apresentou ao Brasil uma nova perspectiva de arte, vista pelos
primeiros versos do poema introdutório da obra, “Antífona”:
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
“Ismália” é um rimance, ou seja, uma
Viu outra lua no mar. narrativa popular em verso. Alphon-
sus, que escreveu vários poemas no
No sonho em que se perdeu, gênero (um dos mais famosos foi
Banhou-se toda em luar... “Rimance de Dona Celeste”), nesses
quartetos, publicados na sua Pastoral
Queria subir ao céu, aos Crentes do Amor e da Morte, evi-
Queria desceu ao mar. dencia dois aspectos típicos do Sim-
bolismo: a evasão (referenciada na
E, no desvario seu, torre) e o pressuposto da vida após a
Na torre pôs-se a cantar... morte e da alma como continuidade
da essência-sentimental humana. Em
Estava perto do céu, redondilhas maiores, os quartetos
Estava longe do mar... têm uma distribuição de rimas cru-
zadas (ABAB) com o constante apa-
E como um anjo pendeu recimento das terminações em “éu”
e “eu”, revelando a técnica de rima
As asas para voar... falsa, para uma doce assonância aos
Queria a lua do céu, ouvidos.
Queria a lua do mar...
Eterna mágoa
O homem por sobre quem caiu a praga O soneto alexandrino de Augusto dos
Da tristeza do Mundo, o homem que é triste Anjos difere muito do parnasiano.
Para todos os séculos existe Em primeiro ponto, pela acentuação
E nunca mais o seu pesar se apaga! variável, não necessariamente fixada
nas sextas e décimas sílabas (“Con/
so/lo à/ Má/go/a, a/ que/ só/ e/le a/
Não crê em nada, pois nada há que traga ssis/te” - acentuação na quinta e dé-
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste, cima sílabas poéticas); e, em segun-
Quer resistir, e quanto mais resiste, do ponto, pela melhor distribuição
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga. da temática nos versos. Se, para os
parnasianos, o essencial era o terceto
final (a chave-de-ouro), fazendo com
Sabe que sofre, mas o que não sabe que, muitas vezes, os quartetos e pri-
É que essa mágoa infinda assim não cabe meiro terceto parecessem meramente
Na sua vida, é que essa mágoa infinda introdutórios, para Augusto dos An-
jos, todos os versos fazem parte da
mesma apocalíptica profecia: o que
Transpõe a vida do seu corpo inerme; de triste o sujeito vivenciar em vida o
E quando esse homem se transforma em verme acompanhará em morte.
É essa mágoa que o acompanha ainda!
1.10.4 Atividades
1. Leia, com atenção, os textos que seguem.
Texto 1
Ironia dos vermes
[…]
Como que foram feitos de luxúria
E gozo ideal teus funerais luxuosos
Para que os vermes, pouco escrupulosos,
Não te devorem com plebeia fúria.
[...]
Texto 2
[...] Ao materialista é indiferente a presença da eternidade e de Deus. Para os simbolistas,
para todos os religiosos, o absoluto e o eterno não passam de moda: estão nos fundamentos
primeiros e últimos da Vida.
Fonte: MURICY, José Cândido de Andrade. Panorama do Movimento Simbolista Brasileiro. 3. ed. São
Paulo: Perspectiva, 1987. v. 1, p. 44.
A) A conclusão de Andrade Muricy acerca do pressuposto simbolista na crença na eternida-
de é correta? Justifique a sua resposta.
R: Não está correta. Cruz e Sousa, em sua “Ironia dos Vermes”, tem uma visão do morrer
como parte dos processos biológicos, isto é, qual uma aniquilação da consciência, que é
advinda do cérebro, portanto, indo de encontro à conclusão de Andrade Muricy.
B) Cruz e Sousa foi um dos poetas simbolistas brasileiros em cuja obra mais havia críticas
sobre os problemas da sociedade do final do século XIX. Em que se baseia a crítica social de
“Ironia dos Vermes”?
R: Na equiparação da Princesa com a “simples camponesa”, após a morte. Sob as leis da
natureza, não sob as leis do homem, a desigualdade social – consequência de uma sociedade
defeituosa – haveria de desaparecer.
2. Leia o texto que segue e responda: Qual figura de linguagem, típica da poesia simbolista, o
carioca Duque Costa (1884-1977) utilizou em seu soneto? Justifique a sua resposta com um
trecho do texto. R: A figura de linguagem é a aliteração, ou seja, a repetição de fonemas em
vocábulos próximos. O trecho que pode comprovar o seu uso é: Ruivo de raiva ao ruir, o raio
risca, ronda,/ rompe, ricocheteia, e, em relâmpagos erra,/ e abre brechas e brame e racha a grota
bronca.
A Tempestade
[…]
Ruivo de raiva ao ruir, o raio risca, ronda,
rompe, ricocheteia, e, em relâmpagos erra,
e abre brechas e brame e racha a grota bronca.
Referências
GUIMARAENS, Alphonsus de. Obra completa. Rio de Janeiro: Ed. José Aguilar,
1960.
GUIMARAENS, Eduardo. A Divina Quimera. Porto Alegre: Edições da Livraria o
Globo, 1944.
MACHADO, Gilka. Poesias completas. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial,
1992.
MURICY, José Cândido de Andrade. Panorama do Movimento Simbolista Brasileiro.
3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1987.
SCHWARCZ, Lília Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e a questão
racial no Brasil – 1870 – 1930. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
SOUSA, João da Cruz e. Últimos sonetos. 3. ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1997.
SOUSA, João da Cruz e. Missal e broqueis. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
1.11 Pré-modernismo
Pré-Modernismo é o período anterior à Semana de Arte Moderna de 1922.
É um período de transição, pois notamos tanto características conservadoras, ligadas
ao Parnasianismo, quanto características de uma literatura mais engajada, voltada
para a realidade brasileira.
Didaticamente, o Pré-Modernismo iniciou-se em 1902, com a publicação
das obras Os sertões, de Euclides da Cunha, e Canaã, de Graça Aranha. Estendeu-se
por um curto período, até 1922, com a Semana de Arte Moderna.
B) Brasileiro
• Revolta de Canudos (1897)
• Revoltada Vacina (1904 - RJ)
• Revolta da Chibata (1910 - RJ)
• Greves operárias (1917 - São Paulo)
• Política do café com leite
Características
O Pré-Modernismo promove uma ruptura com o passado, isto é, as novas
produções rompem com os modelos pré-estabelecidos, preocupando-se com a denún-
cia da realidade não oficial, que passa a ser a temática do movimento. Observamos
o regionalismo: sertões nordestinos, interior paulista, subúrbio carioca, entre outras
regiões, são cenários para os romances. Dessa forma, os autores desse período pre-
ferem retratar tipos humanos marginalizados, tais como o sertanejo nordestino, o
caipira, o mulato e o imigrante. Além disso, notamos a conexão com fatos políticos,
econômicos e sociais contemporâneos.
Referências
BARBOSA, Francisco de Assis. Lima Barreto. Rio de Janeiro. Agir, 2005.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994.
1.12.1 Modernismo
1.12.2 Contexto sócio-histórico e características literárias
O início do século XX nas Artes foi enfatizado pelo surgimento de novas
estéticas artísticas, denominadas Vanguardas, as quais concatenavam com as pro-
fundas mudanças sociais, políticas e tecnológicas pelas quais o mundo passava. As
Vanguardas buscavam romper com tudo aquilo que estava estabelecido até então,
combatendo os modelos e padrões instituídos da tradição cultural vigente.
Na política, várias correntes ideológicas foram criadas e difundidas, como
o Nazismo, o Fascismo e o Comunismo. Os avanços tecnológicos, o progresso
industrial e as descobertas científicas e médicas eram cada vez mais velozes e dis-
seminados. A urbanização crescia de maneira desenfreada. A ferrenha disputa pelo
mercado financeiro mundial também se acirrava mais e mais, ocasionando grandes
e longas guerras. Especificamente no Brasil, o fim da escravidão e a Proclamação
da República também ocasionaram transformações sociais e políticas importantes.
Tanto na Europa quanto no resto do mundo, a situação era extremamente propí-
cia para o surgimento de novas concepções artísticas. Nesse contexto, surgiram as
Vanguardas Europeias, como o Futurismo, o Expressionismo, o Cubismo, o
Dadaísmo e o Surrealismo.
Simões, que queriam aprofundar discussões acerca da teoria da literatura e novas for-
mas de expressão. Notava-se fortemente a influência da psicanálise de Freud.
A Terceira Geração do Modernismo português é chamada
de Neorrealismo, começando na década de 40, caracterizada pelo combate ao fas-
cismo, uma literatura crítica, que serve como denúncia social, valendo-se de postura
combativa e reformadora, pensando em prestar um serviço à sociedade. Ferreira de
Castro é um autor importante da geração, realizando uma espécie de análise dos pro-
blemas sociais, ao lado de Manuel da Fonseca e José Gomes Pereira.
Assim como aconteceu na Europa, as artes plásticas foram igualmente mui-
to importantes para o aparecimento do Modernismo, no Brasil. Apesar de o ponto de
partida do Modernismo brasileiro ser a “Semana de Arte Moderna”, de 1922, em São
Paulo, dois pintores já tinham trazido tendências do Modernismo para o país antes
disso, em 1913 e 1917. Foram, respectivamente, Lasar Segall (1891-1957) e Anita
Malfatti (1889-1964).
Em 1922, com a “Semana de Arte Moderna”, inicia-se o que hoje chama-
mos de Primeira Geração do Modernismo brasileiro, também conhecida como 'Fase
Heroica”, que segue até aproximadamente 1930, caracterizada, sobretudo, por um
profundo compromisso dos artistas com a renovação estética, fundada pela influência
das Vanguardas Europeias, assimilando tendências culturais daqueles movimentos.
Foi o período mais radical do Modernismo brasileiro. Buscou-se a criação de uma
linguagem nova e original, que conseguisse romper os limites da tradição, mudando
vigorosamente a forma como se escrevia até o momento. O verso livre, o abando-
no das formas fixas tradicionais, a linguagem coloquial, a ausência de pontuação e
a valorização do cotidiano foram suas características mais comuns. Nacionalistas,
os autores desse período criaram Movimentos e Revistas, como a Revista Klaxon, o
Manifesto da Poesia Pau-Brasil, o Manifesto Regionalista de 1926 e a Revista de
Antropofagia. Os autores mais importantes da Primeira Geração do Modernismo, no
Brasil, foram:
• Mário de Andrade (1893-1945): foi um dos autores mais importantes da lite-
ratura brasileira em todos os tempos, atuando em muitas frentes, como a poesia,
a prosa, a música, a pesquisa da arte e do folclore brasileiros, o ensaio, entre
outras. Suas obras mais importantes foram Pauliceia desvairada (1922), Amar,
verbo intransitivo (1927), Macunaíma (1928) e Lira paulistana (1945).
• Oswald de Andrade (1890-1954): polêmico, inovador e extremamente rebel-
de, foi um dos grandes nomes da Semana de Arte Moderna, que aconteceu em
1922, em São Paulo. É o autor de dois manifestos importantíssimos para o mo-
vimento modernista o "Manifesto da Poesia Pau-Brasil” (1924) e o “Manifesto
Antropofágico” (1928). Suas obras em prosa mais importantes são Memórias
sentimentais de João Miramar (1924) e Serafim Ponte Grande (1933).
revistas Árvore Nova, Terra de Sol, Festa, entre outras. Outras temáticas impor-
tantes surgem na obra de Cecília, através dos tempos, como os sonhos, a solidão,
o padecimento e a força inexorável do tempo. Suas obras de maior destaque são
Espectros (1919), Romanceiro da Inconfidência (1953), Giroflê, Giroflá (1956),
Ou isto ou aquilo (1964) e O menino atrasado (1966).
• Vinícius de Morais (1913-1980): destacou-se na literatura por seus famosos e
consagrados sonetos, recebendo do amigo e parceiro Tom Jobim a alcunha de
'poetinha'. Vinícius atuou ativamente na literatura, no teatro, no cinema e na
música, fazendo da temática amorosa o seu grande mote. Foi um dos fundadores
e maiores representantes do mais importante movimento musical brasileiro, a
'Bossa Nova'. Na literatura, destacam-se Cinco elegias (1943), Poemas, sonetos e
baladas (1946), a peça teatral 'Orfeu da Conceição” (1954) e seus muitos so-
netos de amor, como o soneto brasileiro mais celebrado em todos os tempos, o
“Soneto da Fidelidade”, com o seu famigerado desfecho “mas que seja infinito
enquanto dure”.
• José Lins do Rego (1901-1957): eleito para a Academia Brasileira de Letras, em
1955, esse notável paraibano de incrível poder de descrição deixou uma obra
literária muito importante, como Menino de engenho (1932), Riacho doce (1939)
e Fogo morto (1943).
• Graciliano Ramos (1892-1953): a prosa Modernista atinge o seu ápice com
esse jornalista, político e escritor alagoano, que viria a ser preso em 1936, acu-
sado de subversão ao comunismo, o que acabaria inspirando Memórias do cár-
cere, de 1955. Sua riquíssima obra literária compreende São Bernardo (1934),
Angústia (1936), Vidas secas (1938) e Infância (1945).
A Terceira Geração do Modernismo brasileiro, também chamada por al-
guns críticos de Pós-Modernista, caracteriza-se por uma nova dimensão do regio-
nalismo, sobretudo com a inovação literária proposta por Guimarães Rosa, e tam-
bém por uma poesia mais equilibrada e séria, com destaque para a produção de
João Cabral de Melo Neto, negando as ironias e as sátiras da primeira geração dos
Modernistas, pautando a poesia pelo trabalho zeloso e pelo extremo cuidado com as
palavras.
• João Guimarães Rosa (1908-1967): esse médico, diplomata e escritor mineiro
foi um dos mais importantes, inovadores e talentosos artistas brasileiros de todos
os tempos. Sua magnum opus, Grande Sertão: Veredas (1956), costuma figurar
como o texto mais importante da literatura brasileira, com seus neologismos,
invenções linguísticas, regionalismo e realismo mágico. Eleito para a Academia
Brasileira de Letras em 1963, resolveu assumir a Cadeira nº 2 apenas em 1967,
três dias antes de morrer. Suas obras de maior destaque, além da já citada, foram
Sagarana (1946), Corpo de baile (1956), Primeiras estórias (1962) e Campo geral
(1964).
1.12.4 Atividades
1. Leia as afirmações abaixo sobre os heterônimos de Fernando Pessoa e assinale a alternativa que traz
a sequência correta.
2. Em relação ao Modernismo Brasileiro, assinale a seguir a opção que traz um importante autor e
uma característica fundamental da Primeira Geração:
a) João Cabral de Melo Neto – rigor formal e estético levado às últimas consequências.
b) Jorge Amado – valorização do cotidiano brasileiro e do regionalismo.
c) Oswald de Andrade – liberdade formal e rompimento com as formas fixas tradicionais.
d) Guimarães Rosa – poesia mais séria e grave, com respeito aos modelos canônicos.
e) Clarice Lispector – forte influência da teoria psicanalítica de Freud na caracterização das persona-
gens.
Referências
ANDRADE, Mário de. O Movimento Modernista. In: ______. Aspectos da literatu-
ra brasileira. São Paulo: Martins, 1978.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1995.
CÂNDIDO, Antônio. Formação da literatura brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia,
1981.
CÂNDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. São Paulo: Publifolha, 2000.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através de textos. São Paulo: Cultrix, 1994.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix, 1995a.
MOISES, Massaud. Dicionários de termos literários. São Paulo: Cultrix, 1995b.
SARAIVA, Antônio José. Historia da literatura portuguesa. Porto: Porto Editora,
1996.
1.13.6 Atividades
1. (Enem -2014)
TEXTO I
João Guedes, um dos assíduos frequentadores do boliche do capitão, mudara-se da campanha havia
três anos. Três anos de pobreza na cidade bastaram para o degradar. Ao morrer, não tinha um vintém
nos bolsos e fazia dois meses que saíra da cadeia, onde estivera preso por roubo de ovelha.
A história de sua desgraça se confunde com a da maioria dos que povoam a aldeia de Boa Ventura,
uma cidadezinha distante, triste e precocemente envelhecida, situada nos confins das fronteiras do
Brasil com o Uruguai.
(MARTINS, C. Porteira fechada. Porto Alegre: Movimento, 2001 (fragmento)).
TEXTO II
Comecei a procurar emprego, já topando o que desse e viesse, menos complicação com os homens,
mas não tava fácil. Fui na feira, fui nos bancos de sangue, fui nesses lugares que sempre dão para
descolar algum, fui de porta em porta me oferecendo de faxineiro, mas tava todo mundo escabreado
pedindo referências, e referências eu só tinha do diretor do presídio.
(FONSECA, R. Feliz Ano Novo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989 (fragmento)).
A oposição entre campo e cidade esteve entre as temáticas tradicionais da literatura brasileira. Nos
fragmentos dos dois autores contemporâneos, esse embate incorpora um elemento novo: a questão da
violência e do desemprego. As narrativas apresentam confluência, pois nelas o(a)
A) criminalidade é algo inerente ao ser humano, que sucumbe a suas manifestações.
B) meio urbano, especialmente o das grandes cidades, estimula uma vida mais violenta.
C) falta de oportunidades na cidade dialoga com a pobreza do campo rumo à criminalidade.
D) êxodo rural e a falta de escolaridade são causas da violência nas grandes cidades.
E) complacência das leis e a inércia das personagens são estímulos à prática criminosa.
Resposta: c
2. (Enem – 2014)
Tarefa
Morder o fruto amargo e não cuspir
Mas avisar aos outros quanto é amargo
Cumprir o trato injusto e não falhar
Mas avisar aos outros quanto é injusto
Sofrer o esquema falso e não ceder
Mas avisar aos outros quanto é falso
Dizer também que são coisas mutáveis...
E quando em muitos a não pulsar
— do amargo e injusto e falso por mudar —
Então confiar à gente exausta o plano
de um mundo novo e muito mais humano.
(CAMPOS, G. Tarefa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981).
Na organização do poema, os empregos da conjunção “mas” articulam, para além de sua função
sintática,
A) a ligação entre verbos semanticamente semelhantes.
B) a oposição entre ações aparentemente inconciliáveis.
C) a introdução do argumento mais forte de uma sequência.
D) o reforço da causa apresentada no enunciado introdutório.
E) a intensidade dos problemas sociais presentes no mundo.
Resposta: C
Referências
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 43. ed. São Paulo: Cultrix,
2006.
BOSI, Alfredo (Org.). O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1977.
CAMPOS, Augusto; CAMPOS, Haroldo; PIGNATARI, Décio. Teoria da poesia
concreta: textos críticos e manifestos 1950-1960. São Paulo: Duas Cidades, 1975.
CARNEIRO, Flávio. No país do presente: ficção brasileira no início do século XXI.
Rio de Janeiro: Rocco, 2005.
MATTOSO, Glauco. O que é poesia marginal. São Paulo: Brasiliense, 1981.
PELLEGRINI, Tânia. Gavetas vazias: ficção e política nos anos 70. São Carlos:
EDUFSCar; São Paulo: Mercado de Letras, 1996.
SCHØLLHAMMER, Karl Erik. Breve mapeamento das relações entre violência e
cultura no Brasil contemporâneo. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea,
Brasília, DF, n. 29, p. 27-53, jan./jun. 2007.
SCHØLLHAMMER, Karl Erik. Ficção brasileira contemporânea. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2009.
SCHØLLHAMMER, Karl Erik. Cena do crime: violência e realismo no Brasil con-
temporâneo. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013.
SÜSSEKIND, Flora. Tal Brasil, qual romance?: uma ideologia estética e sua história:
o naturalismo. Rio de Janeiro: Achiamé, 1984.
Com aparelho
Você já deve ter lido expressões como essas por aí... Provavelmente, enten-
deu a mensagem de todos os anúncios, não é mesmo? Essa compreensão deve-se ao
fato de utilizarmos um mesmo código (Língua Portuguesa), instrumento de comu-
nicação entre um emissor e um receptor. Mas o que acontece quando não utilizamos
adequadamente esse código? Todos compreenderiam a mensagem facilmente?
O último anúncio faz uma oferta imperdível, no entanto, não era essa a
informação que o anunciante desejava transmitir exatamente. O caso foi parar na
delegacia!1 A falta de domínio do código prejudica a comunicação, causando trans-
tornos desnecessários.
É imprescindível reconhecermos que a linguagem é, “ao mesmo tem-
po, um elemento da cultura e a condição fundamental para que exista a cultura.”
(FARACO; MOURA, 1998, p. 17).
Assim, para utilizarmos a linguagem, as comunidades adotaram um código
específico, a LÍNGUA, como expressão verbal (oral e escrita) da sua maneira de viver
em sociedade e transmitir sua cultura.
articula
vários signos
há variações
e normas LÍNGUA organizada
estruturada
permite
interlocução
interaçao
•
1
Verificar o texto na íntegra: <http://educacao.uol.com.br/noticias/2015/01/27/saiba-como-um-erro-de-portugues-
-virou-caso-de-policia-na-paraiba.htm#fotoNav=1>. Acesso em: 7 jan. 2016.
Para analisar:
Questão 116 – ENEM 2014
Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como
um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma de língua em suas atividades
escritas? Não deve mais corrigir? Não!
Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um portu-
guês correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo dos manuais de
instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é
o mesmo dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou dos de seus colunistas.
(POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 – adaptado).
Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim sendo, o domínio
da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber
(A) descartar as marcas de informalidade do texto.
(B) reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla.
(C) moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico.
(D) adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto.
(E) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados pela escola.
Resposta oficial: D => palavra-chave: Adequação
Variações Linguísticas
• variedade padrão: gramática normativa
• variedada não padrão: coloquial / popular
A letra da canção de Antônio Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil.
O verso que singulariza uma forma do falar popular regional é
(A) “Isso é um desaforo”
(B) “Diz que eu tou aqui com alegria”
(C) “Vou mostrar pr’esses cabras”
(D) “Vai, chama Maria, chama Luzia”
(E) “Vem cá, morena linda, vestida de chita”
A resposta C indica uma expressão típica de algumas regiões do país.
A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes classes socioculturais. O texto exemplifica essa
característica da língua, evidenciando que
(A) o uso de palavras novas deve ser incentivado em detrimento das antigas.
(B) a utilização de inovações do léxico é percebida na comparação de gerações.
(C) o emprego de palavras com sentidos diferentes caracteriza diversidade geográfica.
(D) a pronúncia e o vocabulário são aspectos identificadores da classe social a que pertence o falante.
(E) o modo de falar específico de pessoas de diferentes faixas etárias é frequente em todas as regiões
INTERNET:
<http://cvc.instituto-camoes.pt/a-brincar/gramaticando.html#.VpkfUyorLIU>. Acesso
em: 7 jan. 2016.
<http://iilp.cplp.org/>. Acesso em: 7 jan. 2016.
<http://revistalingua.com.br/>. Acesso em: 7 jan. 2016.
subordinativas adverbiais
que (depois de: tal, tanto, de tal forma...)
consecutivas
subordinativas adverbiais
que, como, qual, do que, assim como...
comparativas
Susbtantivos Adjetivo
SUBSTANTIVOS
GÊNERO (masculino / feminino)
- biformes aluno - aluna / homem – mulher
- uniformes
=> epicenos (animais) a onça macho, a onça fêmea
=> comuns de dois gêneros o adolescente, a adolescente
=> sobrecomuns a criança, a pessoa
NÚMERO (singular / plural)
- há alguns que só aparecem no plural
os óculos, as férias
- substantivos compostos:
=> palavras repetidas
tico-ticos
=> unidos por preposição
mulas-sem-cabeça
=> dois substantivos, segundo determinante
salários-família
=> formados de verbo
os saca-rolhas
Os demais substantivos compostos: plural só para
couves-flores; amores-perfeitos; quartas-feiras
substantivos, adjetivos e numerais
ADJETIVOS
GÊNERO
menino guloso / menina gulosa
Feminino / masculino
NÚMERO (singular / plural)
- acompanham o substantivo
- os substantivos empregados como adjetivos ficam pessoa honesta / pessoas honestas
invariáveis blusa vinho / blusas vinho
- adjetivos compostos
=> regra geral: último elemento varia camisas verde-claras / acordos luso-brasileiros
GRAU
- comparativo
Esta sala é tão arejada quanto aquela.
=> igualdade
Este quarto é mais arejado (do) que o outro.
=> superioridade
Este quarto é menos arejado (do) que o outro.
=> inferioridade
Curiosidade:
Como aprender a redigir textos só com substantivos. Disponível em: <http://www.pucrs.
br/gpt/substantivos.php>. Acesso em: 7 jan. 2016.
Singular: Eu derreto
NÚMERO
Plural: Nós derretemos
PESSOA: que pratica a ação 1ª / 2ª / 3ª
INDICATIVO (certeza): Você derrete...
MODO: indica a atitude do falante SUBJUNTIVO (possibilidade): Se eu socorresse...
em relação ao fato que comunica IMPERATIVO (ordem, conselho, pedido): Socorram o
planeta!
PRESENTE (ação ocorre no momento em que se fala)
* o presente do modo indicativo pode apresentar um valor
atemporal: Mais vale um pássaro na mão que dois voando.
TEMPO: verbo em relação ao mo-
mento da enunciação PRETÉRITO (ação ocorrida anterior ao momento em que
se fala)
perfeito (amei)
INDICATIVO PRETÉRITO
mais-que-perfeito
(amara)
do PRESENTE (amarei)
FUTURO
do PRETÉRITO (amaria)
PRESENTE (ame)
SUBJUNTIVO PRETÉRITO
IMPERFEITO (amasse)
FUTURO (amar)
Nos Vestibulares...
Analise esta questão do vestibular da VUNESP (2014). A partir do texto de José Lins
do Rego (1901-1957), foi pedido ao candidato, na questão 2, para que identificasse
qual tempo verbal era predominante no texto. Isso é importante em uma narrativa,
para que o leitor percorra o caminho da leitura de forma clara e segura.
Água-Mãe
Jogava com toda a alma, não podia compreender como um jogador se encostava, não se entu-
siasmava com a bola nos pés. Atirava-se, não temia a violência e com a sua agilidade espanto-
sa, fugia das entradas, dos pontapés. Quando aquele back1, num jogo de subúrbio, atirou-se
contra ele, recuou para derrubá-lo, e com tamanha sorte que o bruto se estendeu no chão,
como um fardo. E foi assim crescendo a sua fama. Aos poucos se foi adaptando ao novo Joca
que se formara nos campos do Rio. Dormia no clube, mas a sua vida era cada vez mais agita-
da. Onde quer que estivesse, era reconhecido e aplaudido. Os garçons não queriam cobrar as
despesas que ele fazia e até mesmo nos ônibus, quando ia descer, o motorista lhe dizia sempre:
— Joca, você aqui não paga. [...] (Água-Mãe, 1974.)
Questão 2: No primeiro parágrafo, predominam verbos empregados no
(A) pretérito perfeito do modo indicativo.
(B) pretérito imperfeito do modo indicativo.
Fique Atento:
- derivados de TER e PÔR: Eu mantive minha palavra. / O policial deteve o sus-
peito. / Se o fiscal retiver a prova. / Os conflitos serão resolvidos, se nós impusermos
nossa decisão.
- VER X VIER: Quando você vir (VER) nosso amigo, ajude-o.
Quando você vier (VIER) à escola, será bem recebido.
* Com os verbos GANHAR, GASTAR e PAGAR: Utiliza-se a forma irregular: ganho, gasto
e pago.
Regência Verbal
Você já fez esta pergunta para alguém: Fulano(a), quer namorar comigo?
Ou já usou a expressão: Assisti o jogo no Itaquera...
Sabia que essas formas de usar o verbo e complementos mudam o sentido
da frase? Pois é...
Você estava no estádio prestando assistência?
Como são muitos verbos, é difícil saber a regência de todos eles, por isso
fica a dica: sempre consulte um bom dicionário para verificar o sentido que você quer
dar à palavra. Mas seguem alguns exemplos:
AGRADAR
- fazer carinho, contentar – VTD A filha agrada a mãe.
- satisfazer – VTI A festa não agradou aos alunos.
* desagradar é sempre VTI
AGRADECER
O padre agradeceu a presença aos fiéis.
- sempre VTDI
ASPIRAR
- inalar, absorver – VTD Ele aspira o ar puro do campo.
- almejar, desejar muito – VTI Ela aspira a um cargo melhor.
ASSISTIR
- prestar assistência, socorrer, ajudar – VTD O médico assiste o paciente.
- ver, ser espectador – VTI Nós assistimos a bons filmes.
ESQUECER / LEMBRAR
VTD – Eu esqueci os livros.
Não mudam o sentido, mas podem ser VTD
VTI – Eu me esqueci dos livros.
ou VTI
NAMORAR
Sempre VTD Júlia namora o Pedro.
OBEDECER / DESOBEDECER Eu obedeço ao meu pai.
Sempre VTI acompanhados da preposição “a” Nós obedecemos às regras.
PAGAR / PERDOAR
VTD + OD Eu paguei a dívida.
VTI + OI (pessoa) Eu paguei ao feirante.
VTDI + OD (coisa) + OI (pessoa) O rapaz pagou as dívidas aos credores.
PISAR
- sempre VTD Não pise a grama!
PREFERIR
VTDI usado com a preposição “a”, e não “do
Prefiro chocolate a amendoim.
que”
QUERER
- desejar – VTD O menino queria um bom resultado.
- estimar, amar – VTI A menina queria muito a seus pais.
VISAR
- pôr o visto, apontar para – VTD Já visei o documento.
- desejar muito, almejar – VTI Aquele homem visa ao poder.
SITES:
<http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/>. Acesso em: 7 jan. 2016.
<http://www.pucrs.br/manualred/regverbal.php>. Acesso em: 7 jan. 2016.
(PUC-RS) Alguns demonstram verdadeira aversão ______ exames, porque nunca se empenharam o
suficiente ____ utilização do tempo ____ dispunham para o estudo.
a) com, pela, de que. b) por, com, que. c) e, na, que. d) com, na, que. e) a, na, de que.
(UNICAMP - Adaptada) “Gentil de Araújo, motorista do caminhão que parou o avião na Marginal
do Rio Tietê, há 20 anos trabalha nas estradas do país dirigindo caminhões para transportadoras. “A
gente vê de tudo. Já vi um barco cair de uma carreta e amassar um Fusca. Só faltava ter visto um avião
bater em meu caminhão”.
a) parou o avião na marginal
b) dirigindo caminhões
c) a gente vê de tudo
d) amassar um fusca
e) cair de uma carreta
(FGV – SP) Leia o texto: “O Programa Mulheres está mudando. Novo cenário, novos apresentadores,
muito charme, mais informação, moda, comportamento e prestação de serviços. Assista a revista
eletrônica feminina que é a referência no gênero na TV”.
O verbo assistir, empregado em linguagem coloquial, está em desacordo com a norma gramatical.
a) Reescreva o último período de acordo com a norma.
b) Justifique a correção.
Fonte: VERÍSSIMO, L. F. As cobras em: se Deus existe que eu seja atingido por um raio. Porto Alegre:
L&PM, 1997.
Esse texto faz parte de uma das questões do Enem de 2011. O diálogo en-
tre as cobras aborda, de forma humorada, o uso do pronome. Mas, cremos que não
precisamos abortá-lo, basta entender seu uso adequado de acordo com a situação de
comunicação.
A questão era esta: O humor da tira decorre da reação de uma das cobras com rela-
ção ao uso de pronome pessoal reto, em vez de pronome oblíquo. De acordo com a
norma-padrão da língua, esse uso é inadequado, pois
A) contraria o uso previsto para o registro oral da língua.
B) contraria a marcação das funções sintáticas de sujeito e objeto.
C) gera inadequação na concordância com o verbo.
D) gera ambiguidade na leitura do texto.
E) apresenta dupla marcação de sujeito.
Pessoais
(tratamento)
Demonstrativos
Interrogativos
Pronomes
Indefinidos
Relativos
Possessivos
Pronomes pessoais
Fique atento!
ADEQUADO INADEQUADO
b) ele / ela (s) => são pronomes oblíquos, quando precedidos de preposição: Você
nunca concordou com ele.
c) uniformidade no tratamento:
Quero falar contigo para te contar a novidade. Quero falar com você para lhe contar a novidade.
d) Os pronomes de tratamento fazem parte dos pronomes pessoais, já que são pala-
vras ou expressões utilizadas para as pessoas com quem se fala. São, portanto, prono-
mes de 2ª pessoa, EMBORA, sejam empregados com verbo na 3ª pessoa.
O pronome VOCÊ é usado em situações informais, substituindo o pronome TU.
2- Pronomes Possessivos: referem-se a um substantivo para indicar uma ideia de
posse em relação às três pessoas gramaticais.
Pessoa gramatical Pronomes pessoais
1ª pessoa do singular Eu Meu, minha, meus, minhas
2ª pessoa do singular Tu Teu, tua, teus, tuas
3ª pessoa do singular Ele / Ela Seu, sua, seus, suas
1ª pessoa do plural Nós Nosso, nossa, nossos, nossas
2ª pessoa do plural Vós Vosso, vossa, vossos, vossas
3ª pessoa do plural Eles / elas Seu, sua, seus, suas
Preste atenção:
a) Os possessivos seu, sua, seus e suas podem provocar ambiguidade. É necessário
deixar a informação do referente clara no texto.
Ana, diga a João que aceito seu convite. (Convite de quem: de Ana ou de João?)
Ana, diga a João que aceito o convite dele.
b) Os possessivos seu, sua, seus e suas são utilizados nos pronomes de tratamento:
Vossa Senhoria tem a intenção de mudar seus planos?
3- Pronomes demonstrativos
Observe o texto a seguir, que foi uma das questões no Enem de 2014.
Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal — eu não
fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes
também é feita, intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o
escritor mais escolado não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para
reclamar: moderna demais, antiquada demais.
Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que parecem
passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o
que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para meus
pais”, “Comentei com minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses tempos
andava meio assim: é como me botarem no colo — também eu preciso. Na verdade, nunca
fui tão posta no colo por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo ótima,
essa brincadeira séria, com alguns textos que iam acabar neste livro, outros espalhados por aí.
Porque eu levo a sério ser sério … mesmo quando parece que estou brincando: essa é uma
das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e continua sendo a minha verdade:
palavras são meu jeito mais secreto de calar.
LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004.
Algumas palavras estão destacadas, entre elas, NISSO e ESSA. Elas de-
sempenham um papel fundamental para o entendimento do texto, pois retomam e
articulam ideias.
Veja a questão e tente respondê-la: Os textos fazem uso constante de recur-
sos que permitem a articulação entre suas partes. Quanto à construção do fragmento,
o elemento
a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”.
b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”.
c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”.
d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”.
e) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”.
A resposta correta é a letra A, pois o pronome demonstrativo ISSO, relaciona a in-
formação a seguir.
Pois então, os pronomes demonstrativos indicam, mostram o lugar em que um ser,
um objeto ou uma informação se encontra, relativamente a cada uma das três pessoas
gramaticais. Isso ocorre no espaço, no tempo e no contexto discursivo.
Pronomes Demonstrativos
Invariá-
Variáveis Espaço Tempo Contexto
veis
Refere-se a algo a ser men-
Este, Indica o que está Indica tempo presente.
cionado (função catafórica)
esta, estes, Isto perto de que fala Este é um tempo de difi-
Ela só pediu isto: uma bici-
estas Este lápis é meu. culdades.
cleta.
Indica o que está Indica um tempo pas- Refere-se a algo que já foi
Esse, essa, perto de quem sado ou futuro, mas mencionado (função anafó-
esses, Isso ouve. não muito distante. rica)
essas Essa caneta que está O jogo será nesse final de Uma bicicleta, ela só pediu
com você é nova? semana. isso.
São usados juntamente com
ESTE(s), ESTA(s), para re-
tomar elementos já citados.
Indica tempo distante,
Indica o que está Aquele: refere-se ao elemen-
Aquele, remoto.
longe de quem fala to citado primeiro
aquela, Mudei para o Rio há
aquilo e de quem ouve. Este: refere-se ao elemento
aqueles, trinta anos. Naquela
O que é aquilo lá no citado por último.
aquelas época, a violência não
céu? Brasil e Alemanha jogaram
era assim.
na última Copa do Mundo.
Aquele foi desclassificado; esta
foi campeão mundial.
Principais empregos:
a) Algum, alguns, alguma, algumas:
- ANTES do substantivo, valor afirmativo: Algum amigo irá ajudá-lo.
- DEPOIS do substantivo, valor negativo: Amigo algum irá ajudá-lo. (nenhum
amigo)
b) Todo, toda, todos, todas:
- Plural, indicam totalidade: Todos os alunos fizeram o vestibular.
- Singular, SEM ARTIGO, sentido de “qualquer”: Toda cidade deve ser bem
governada.
- singular, COM ARTIGO, sentido de “inteiro” (valor adjetivo): Todo o país deve
ser bem cuidado.
- singular, depois do substantivo, sentido de “inteiro” (valor adjetivo): A cidade toda
deve ser bem cuidada.
• => QUE: retoma palavras que nomeiam pessoas ou coisas: A menina que che-
gou é nossa colega. = a qual
•
• => QUEM: SÓ é usado para retomar palavras que designam pessoas: Foi José
quem pagou a conta.
• => CUJO, CUJA, CUJOS, CUJAS: usados entre dois substantivos, estabele-
cendo ideia de POSSE: Esse é o jornalista CUJAS críticas irritaram o prefeito.
*Não há a presença do artigo depois do pronome cujo/cujos/cuja/cujas, pois ele é
variável em gênero e número.
=> ONDE / AONDE: SEMPRE indicam LUGAR
ONDE: (lugar em que) Conheci a cidade onde você nasceu.
AONDE: (lugar a que / movimento) Conheci a cidade aonde você vai passar as
férias.
Artigo e Numeral
Família
Três meninos e duas meninas
sendo uma ainda de colo.
A cozinheira preta, a copeira mulata,
o papagaio, o gato, o cachorro,
as galinhas gordas no palmo de horta
e a mulher que trata de tudo. [...]
Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond de. Carlos Drummond de Andrade: obra completa. Rio de
Janeiro: José Aguilar, 1967. p. 69.
Essa é a primeira estrofe do poema “Família”, de Drummond, no qual
ele expressa o retrato de uma época, de uma sociedade, inseridas em um contexto
discursivo. Para isso, o eu lírico utiliza essencialmente palavras determinantes para os
substantivos: o gato, as galinhas gordas, a mulher, pois ele está especificando, indivi-
dualizando o substantivo. Essas palavras são os ARTIGOS.
Há também a determinação que indica a quantidade, as quais são classifi-
cadas como NUMERAIS, “Três meninos, duas meninas”.
Tanto o artigo quanto o numeral são classes de palavras que se relacionam
com o substantivo.
UM – numeral e UM – artigo
O telefone do escritório e do banco são idênti-
cos, com exceção de um algarismo.
Se for possível acrescentar as palavras SÓ,
ÚNICO depois do um, será numeral.
(UFAM) Identifique o item em que não é correto ler o numeral como vem indicado entre parênteses:
a) Pode-se dizer que no século IX (nono) o português já existia como língua falada.
b) Pigmalião reside na casa 22 (vinte e duas) do antigo Beco do Saco do Alferes, em Aparecida.
c) Abram o livro, por favor, na página 201 (duzentos e um).
d) O que procuras está no art. 10 (dez) do código que tens aí a mão.
e) O Papa Pio X (décimo), cuja morte teria sido apressada com o advento da Primeira Guerra Mun-
dial, foi canonizado em 1954.
Advérbio
• - Palavra que, essencialmente, modifica o verbo, exprimindo determinada cir-
cunstância (tempo, modo, negação, intensidade etc.). Alguns advérbios também
modificam adjetivos ou advérbios.
•
Chegamos cedo. Choraram muito.
- Comparativo:
a) de igualdade: tão quanto / como
Falava tão bem como o professor.
b) de superioridade: mais que / do que
Ele chegou mais cedo que o colega.
Flexão de grau c) de inferioridade: menos que / do que
Eu caminhava menos apressadamente que minha filha.
- Superlativo:
a) sintético: Chegamos cedíssimo.
b) analítico: Chegamos muito cedo.
- Quando se coordenam vários advérbios terminados em –
mente, pode-se usar esse sufixo apenas no último: Estava dor-
mindo calma, tranquila, serenamente.
- Antes de particípios não se devem usar as formas melhor,
pior; e sim as formas mais bem, mais mal:
Emprego Aquelas candidatas estavam mais bem preparadas que as ou-
tras.
- podem ser acrescidos os sufixos –inho e –zinho, mas o senti-
do intensifica o advérbio.
Chegamos cedinho. (muito cedo)
2.6 Acentuação
O fenômeno da crase
A crase é a fusão da preposição a com os artigos a ou
as, representada pelo acento grave. Ou seja, é a junção de vogais
idênticas. Tanto a preposição, quanto o artigo feminino têm o ACESSO À REDE WIFI
mesmo som vocálico, o que resulta na necessidade do acento.
Portanto, para saber se realmente ocorre a aplicação deste acen-
to, é importante verificar se a palavra que antecede do artigo a
pede a preposição a.
Observe a imagem ao lado. Quem tem acesso, tem acesso a algum lugar ou
a alguma coisa. Logo, o substantivo acesso rege a preposição a. O mesmo ocorre em:
Exercícios:
(ITA) Analisando as sentenças:
I. A vista disso, devemos tomar sérias medidas.
II. Não fale tal coisa as outras.
III. Dia a dia a empresa foi crescendo.
IV. Não ligo aquilo que me disse.
Podemos deduzir que:
a) As sentenças III e IV não têm crase.
b) Todas as sentenças têm crase.
c) Apenas a sentença IV não tem crase.
d) Apenas a sentença III não tem crase.
e) Nenhuma sentença tem crase.
(FUVEST) Indique a forma que não será utilizada para completar a frase seguinte:
“Maria pediu ......psicóloga que .....ajudasse.....resolver o problema que.....muito.....afligia.”
a) pronome pessoal feminino. (a)
b) contração da preposição a e do artigo feminino a. (à)
c) artigo feminino. (a)
d) preposição. (a)
e) verbo haver indicando tempo. (há)
(ESAN) Das frases abaixo, apenas uma está correta, quanto à crase. Assinale-a:
a) Devemos aliar a teoria à prática.
b) Ele parecia entregue à tristes cogitações.
c) Daqui à duas semanas ele estará de volta.
d) Puseram-se à discutir em voz alta.
e) Dia à dia, a empresa foi crescendo.
Regras Gerais
a) acentuamos as monossílabas terminadas em:
A (S) → pá, fá, lá
E(S) → pé – fé
O(S)→ nós – vós – dó
Atenção:
As palavras monossílabas tônicas seguidas de pronomes obedecem às mesmas regras:
EX: dá-lo / vê-lo / lê-las
b) acentuamos as oxítonas terminadas em:
A (S) → sofá - Amapá - Boitatá
E(S) → você – Taubaté – sapé
O(S) → carijós – bisavô – cipó
DITONGO ABERTO (EU, EI, OI )→ chapéu – coronéis - corrói -
EM, ENS → também- além - armazéns – reféns
Atenção:
1- As palavras oxítonas seguidas de pronomes obedecem às mesmas regras:
EX: acordá-lo / escrevê-lo / lavá-las
2- As oxítonas terminadas em i e u, precedidas de ditongo, serão acentuadas:
EX: Piauí, tuiuiú
Atenção: Os ditongos abertos tônicos das paroxítonas não são acentuados, de acor-
do com o NOVO Acordo Ortográfico.
Exemplos: I- dei-a / as-sem-blei-a / ge-lei-a
Regras Complementares
a) Segunda vogal do hiato → I – U
Acentuamos os I e U que formam hiatos, sozinhos ou acompanhados de S.
Ex: dis- tra- í- do / sa- ú- de / ba – la - ús - tre
b) Acento diferencial
1- PÔDE (pretérito perfeito do indicativo) X PODE (presente do indicativo)
Eu fiquei incomodada, por isso ele não pôde ficar com o livro. (Pretérito)
Eu não me importo, ele pode ficar com o livro. (Presente)
2- Pôr (verbo) x por (preposição)
Pôr (verbo) Você deve PÔR os livros na estante.
Não se acentuam:
1- U tônico precedido de g ou q e seguido de e ou i, com ou sem s:
Ex: argui, arguis, averigue, averigues, oblique, obliques etc.
GABARITO: 1.B.
2.7 Morfossintaxe
Quando falamos em análise sintática, estamos nos referindo à reflexão das funções
que as palavras exercem em determinada oração. Sabemos que, na morfologia, cada
palavra pertence a um grupo específico, ou seja, substantivo, adjetivo, artigo, verbo,
preposição e outras. Assim, a palavra casa será sempre um substantivo, qualquer que
seja a oração em que ela apareça.
Já na sintaxe, a palavra assume funções diferentes de acordo com a combinação de
palavras na oração.
Veja a palavra casa nas orações que seguem:
- Minha casa está pronta. (casa faz parte do sujeito Minha casa)
- Meu pai comprou uma casa nova para nós. (casa é faz parte do objeto direto uma
casa nova)
- Eu moro naquela casa. (casa faz parte do adjunto adverbial de lugar naquela casa)
Sujeito e Predicado
O sujeito é o assunto sobre o qual se fala na oração.
Ex.: Meus irmãos estudam à tarde. (assunto da oração: Meus irmãos)
O predicado é a informação que se dá sobre o sujeito. O verbo da oração sempre faz
parte do predicado.
Ex.: Meus irmãos estudam à tarde. (informação sobre o sujeito: estudam à tarde)
Tipos de Sujeito
De acordo com a forma como o sujeito se apresenta na oração, podemos verificar a
ocorrência de quatro tipos distintos, além de existir orações sem sujeito.
d) Sujeito Indeterminado: quando o sujeito não está escrito na oração e não pode
ser identificado pela terminação verbal. Apresenta-se de duas formas:
- com o verbo na 3ª pessoa do plural: Roubaram meu carro.
- com o verbo na 3ª pessoa do singular, seguido da partícula se: Precisa-se de
vendedores.
Atenção:
Dois casos com a partícula SE:
1º Caso:
VTD → Vende- se casa (sing.) / Vendem-se casas (plural)→Sujeito Simples: casa/
casas.
Nesse caso, a partícula SE é pronome apassivador, assim admite-se o plural e a trans-
formação da voz ativa em passiva.
Voz Ativa Voz Passiva Suejito Simples
Vende- se casa. Casa é vendida. Casa
Vendem-se casas Casas são vendidas. Casas
2º Caso:
VTI (com preposição): Necessita-se de carinho→ Sujeito indeterminado
VI: Sonha-se demais → Sujeito indeterminado
Nesses dois casos, temos a partícula SE como índice de indeterminação do sujeito,
por isso, o sujeito é indeterminado.
e) Oração sem Sujeito (Sujeito Inexistente) é formada apenas pelo predicado e
articula-se a partir de um verbo impessoal. Observe a estrutura destas orações:
Sujeito Predicado
XXXXXXX Havia formigas na casa.
XXXXXXXXX Nevou muito este ano em Nova Iorque.
É possível constatar que essas orações não têm sujeito. Constituem a enunciação pura
e absoluta de um fato, através do predicado. O conteúdo verbal não é atribuído a
nenhum ser, a mensagem centra-se no processo verbal.
Os casos mais comuns de orações sem sujeito da língua portuguesa ocorrem com:
a) Verbos que exprimem fenômenos da natureza:
Nevar, chover, ventar, gear, trovejar, relampejar, amanhecer, anoitecer etc.
Choveu muito no inverno passado.
Amanheceu antes do horário previsto.
Atenção: quando usados na forma figurada, esses verbos podem ter sujeito
determinado.
Choviam crianças na distribuição de brindes. (crianças = sujeito)
Já amanheci cansado. (eu = sujeito)
b) Verbos ser, estar, fazer e haver, quando usados para indicar uma ideia de tempo ou
fenômenos meteorológicos:
Ser
É noite. (Período do dia)
Eram duas horas da manhã. (Hora)
Estar
Está tarde. (Tempo)
Está muito quente. (Temperatura)
Fazer
Faz dois anos que não vejo meu pai. (Tempo decorrido)
Fez 39° C ontem. (Temperatura)
Haver
Havia muitos alunos naquela aula. (Verbo haver significando existir)
Não a vejo há anos. (Tempo decorrido)
Tipos de Predicado
De acordo com o tipo de informação (ação ou estado do sujeito) expressa no predi-
cado, ele pode se apresentar de três formas:
a) Predicado Nominal: quando expressa um estado do sujeito. É formado de verbo
de ligação, que liga o sujeito à característica do sujeito, e predicativo do sujeito, ca-
racterística do sujeito, principal informação do predicado.
Ex.: Lucas está doente.
b) Predicado Verbal: quando expressa uma ação do sujeito. É formado por um ver-
bo significativo, que pode ser intransitivo ou transitivo. Nesse último caso, o verbo é
acompanhado pelo objeto, que completa seu sentido.
Ex.: O bebê acordou.
Júlia comprou sapatos novos.
c) Predicado Verbo-Nominal: quando expressa uma ação e um estado do sujeito.
É formado por um verbo significativo (transitivo ou intransitivo) e um predicativo
do sujeito.
Ex.: Marcos chegou à escola atrasado.
Predicação Verbal
De acordo com o sentido expresso pelos verbos, eles podem ser:
a) Ligação: utilizados no predicado nominal, expressam estado do sujeito.
Ex.: Lúcia é muito inteligente.
Meu pai continua doente.
João anda nervoso ultimamente.
b) Intransitivos: usados nos predicados verbal ou verbo-nominal, têm seu sentido
completo e não necessitam de um complemento para que se entenda a ação por eles
expressa.
Ex.: A plantinha morreu por falta de água. (Mesmo sem dizer a causa – por falta de
água -, é possível entender a ação do verbo – morrer)
Primeira ( numeral)
Como observamos, os adjuntos adnominais estão ligados ao núcleo PROFESSORA
(substantivo).
Assim, podem ser adjuntos adnominais: artigos, numerais, adjetivos, pronomes e
locuções adjetivas.
B) Complemento Nominal
Termo da oração que completa o sentido dos nomes (substantivo, adjetivos e advér-
bios), aparecendo sempre com preposição.
EX: Isto é prejudicial à saúde. = Complemento Nominal
E) Aposto
Termo da oração que explica, identifica, esclarece ou resume o nome ao qual ele se
refere (substantivo, pronome, ou outro)
Li um livro sobre Rui Barbosa, o Águia de Haia. (Aposto explicativo)
A poluição, o lixo, as indústrias, tudo prejudica o meio ambiente. (Aposto resumidor)
F) Vocativo
Termo da oração que se refere a um interlocutor (pessoa com quem se conversa)
- Professora, eu preciso de sua orientação.
Exemplos de Análise Morfossintática
M= art. Subst. adjetivo Verbo subst. adjet.
advérbio
As Meninas encantadoras Compraram cadernos novos ontem
a.a Núcleo a.a NPV OD A.A.T.
Sintaxe: Sujeito simples Predicado Verbal
Análise Tradicional
Sujeito Simples (SS) = As meninas encantadoras
Núcleo do Sujeito (NS) = meninas
adjunto adnominal (a.a.) = as
Predicado Verbal (PV) = compraram cadernos novos ontem
Núcleo do Predicado (NP) = compraram (VTD)
Objeto Direto (OD) = cadernos novos
Núcleo do Objeto Direto (NOD) = cadernos
Adjunto adnominal do OD = novos
Adjunto Adverbial (AA) = ontem
(UFRJ) "Muitos remédios ainda são vendidos sem controle"; uma outra forma igualmente correta e
mais clara de veicular-se o mesmo conteúdo da frase destacada é:
a) Ainda se vende muitos remédios sem controle;
b) Vendem-se ainda muitos remédios sem controle;
c) Muitos remédios sem controle ainda são vendidos;
d) Vende-se muitos remédios ainda sem controle;
e) São vendidos sem controle ainda muitos remédios.
(VUNESP) “Nós criamos produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos
anúncios. Nós controlamos a mensagem. ”
Nas orações que compõem os dois períodos transcritos, os termos destacados exercem a função de:
a) sujeito.
b) objeto direto.
c) objeto indireto.
d) predicativo do sujeito.
e) predicativo do objeto.
Observe:
• 1- A professora explicou a matéria para o aluno.
• Período Simples, pois há somente um verbo. Logo, temos uma oração.
• 2- A professora explicou a matéria para o aluno, por isso ele foi bem na prova.
• Período Composto, pois há dois verbos; logo, temos duas orações.
• 3- A professora estava explicando a matéria, quando o aluno entrou na sala.
• Período Composto com duas orações, pois temos uma locução verbal (estava
explicando) que equivale a um verbo. (Cuidado com as locuções verbais)
Observe:
1-O aluno entendeu a explicação da matéria, entretanto, não tirou nota boa na
prova.
verbo verbo
Observamos que o período acima possui dois verbos, logo, temos duas orações.
Analisando a relação entre as orações, notamos que são independentes, ou melhor,
elas estão uma ao lado da outra e não desempenham função sintática, apenas relação
semântica de oposição.
O aluno entendeu a explicação da matéria. Ele não tirou nota boa na prova.
Assim, temos um Período Composto por Coordenação. Logo, as orações são cha-
madas de coordenadas.
2- A professora estava explicando a matéria, quando o aluno entrou na sala.
Voltando ao período já analisado, notamos que temos duas orações que estabelecem
uma relação de dependência uma com a outra, além de a segunda desempenhar a
função sintática de Adjunto Adverbial de Tempo.
Observe:
1ª oração 2 ª oração
A professora estava explicando a matéria quando o aluno entrou na sala.
Oração Principal Oração Subordinada
Resumindo
Orações independentes
Período composto por coordenação Orações Coordenadas
(relações semânticas)
Orações dependentes
Período composto por subordinação Orações Subordinadas
(funções sintáticas)
Observe:
1-Período composto por coordenação:
A professora entrou na sala, passou mal e saiu rapidamente.
1ª oração 2ª oração 3ª oração
Oração coordenada
Relação Exemplo
sindética
Atenção:
1- MAS (sozinho) equivale a PORÉM, então é conjunção coordenada adversativa
(oposição)
EX: O aluno ouviu a explicação, MAS não entendeu nada.
= PORÉM
Cuidado:
Quando for possível substituí-la por E, terá valor semântico de adição.
A conjunção NEM, apesar de ser negativa, SOMA duas ideias que não aconteceram.
. Observe:
Os alunos não foram à escola, NEM participaram da gincana. (Nem = aditiva)
Caiu no ENEM
ENEM 2010 – QUESTÃO 113
Os filhos de Anna eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam ba-
nho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A estouros. O calor era
forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas
que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando
o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não
outras, mas essas apenas.
LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no fragmento apresentado. Ob-
servando aspectos da organização, estruturação e funcionalidade dos elementos que
articulam o texto, o conectivo mas
A) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em que aparece no texto.
B) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão, se usado no início da frase.
C) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na abertura da frase.
D) contém uma ideia de sequência temporal que direciona a conclusão do leitor.
E) assume funções discursivas distintas nos dois contextos de uso.
Comentário:
Na primeira ocorrência da conjunção Mas no texto, “O calor era forte no aparta-
mento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo...”, observamos que
ela estabelece o valor semântico de Oposição. Enquanto, na segunda ocorrência:
“Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas”, notamos
a relação de Adição. Logo, a alternativa E é a correta, pois afirma que a conjunção
MAS assume funções diferentes, em ambos os casos.
Desempenha função de
Conjunção Adver-
Adjunto Adverbial, expres-
bial Chegamos à praia,
Adverbial sando circunstâncias de:
(quando, embora, vis- quando anoitecia.
causa, tempo, conformida-
to que, conforme etc.)
de, consequência etc.
Gabarito
1. Substantiva (Minha vontade é isto)
2. Adjetiva (que = pronome relativo, pode ser substituído por o qual)
3. Adverbial (mesmo que = circunstância de concessão)
4. Adjetiva (que = pronome relativo, pode ser substituído por a qual)
5. Adverbial (SE = circunstância de condição)
6. ADJETIVA (que = pronome relativo, pode ser substituído por a qual)
7. Adverbial (QUE = circunstância de comparação)
8. Substantiva (Tenho esperança disto)
9. Adverbial (SE = circunstância de condição)
10. Substantiva (Parece ISTO)
Atenção
O Período Composto por Subordinação (PCS) é formado por uma OP (oração
principal – sem conjunção) e uma Oração Subordinada (com conjunção)
As orações principais (OP) não estão completas, isto é, sempre falta um elemento.
Observe:
Período Simples
Sujeito Predicado
Observe:
Oração principal Oração subordinada substantiva Classificação
Atenção
Observe que, nos exemplos dados, a oração restritiva limita o sentido, pois não são
todos os livros bons, somente o livro que li. Sendo que, na oração explicativa, deve-
mos entender que TODOS os livros que estão na estante são bons. Essa diferença de
sentido entre as orações adjetivas restritivas e explicativas é muito importante.
Atenção:
Algumas conjunções podem ser classificadas de acordo com o valor semântico esta-
belecido pelo contexto. Observe:
Porque
Coordenativa Explicativa
(PORQUE = QUE)
Não demore, porque (que) o filme já vai começar.
Entre, porque (que) está muito frio.
2- Subordinativa
Causal: (porque = não pode ser substituído por: que)
→ Ele não fez a pesquisa, porque (que) não dispunha de meios.
→ Os balões sobem, porque (que) são mais leves que o ar.
→ Ela não veio, porque (que) está doente.
Final: (para que)
Desce, porque (finalidade) quero te abraçar.
Desde Que
Causal (visto que)
Não fomos à festa, desde que estava chovendo muito.
condicional (caso)
Desde que você me pague, digitarei o trabalho.
temporal (valor semântico de tempo)
Desde que retornei de São Paulo, estudo na mesma escola.
Como
Causal (como = já que)
Como faltou dinheiro, cancelei a minha viagem.
Comparativa
Alguns imperadores romanos tratavam escravos como animais.
(FUVEST) Assinalar a alternativa que apresenta orações de mesma classificação que as deste período:
Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos.
a)Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos de Fabiano.
b) Foi até a esquina, parou, tomou fôlego.
c) Depois que acontecera aquela miséria, temia passar ali.
d) Tomavam-lhe o gado quase de graça e ainda inventavam juro.
e) Não podia dizer em voz alta que aquilo era um furto, mas era.
Sujeito Predicado
informou que o horário e o dia da reunião
A assessoria de imprensa do Ministério do Exterior
ainda não estão confirmados.
Verbo e Objetos
Todas as pessoas RECUSARAM A SOBREMESA. (ORDEM DIRETA)
Verbo objeto
Use A Vírgula
Em Ordem Indireta
Observe:
Ao entardecer , os vereadores visitaram a exposição
4. Isolar o vocativo
Maria, traga meus livros!
10. Para isolar frases iniciadas por: e sim, e não, mas sim:
Não aja com impulso, e sim com paciência.
Ex. Todos gostamos de seus projetos, no entanto não há verbas para viabilizá-los
VÍDEOS:
Este é o link do canal dos vídeos do VESTIBULANDO DIGITAL – Gramática , você pode acessar
16 aulas disponíveis que abordam temas diversos e direcionados a vestibulandos.
<https://www.youtube.com/playlist?list=PL0FAE4DC5B62FBF2E>. Acesso em: 7 jan. 2016.
(FUVEST) Em qual destas frases a vírgula foi empregada para marcar a omissão do verbo?
a.Ter um apartamento no térreo é ter as vantagens de uma casa, além de poder desfrutar de um
jardim.
b.Compre sem susto: a loja é virtual; os direitos, reais
c.Para quem não conhece o mercado financeiro, procuramos usar uma linguagem livre do economês.
d.A sensação é de estar perdido: você não vai encontrar ninguém no Jalapão, mas vai ver a natureza
intocada
e.Esta é a informação mais importante para a preservação da água: sabendo usar, não vai faltar.
GABARITO: 1.B.
Perceba que algumas palavras não estão bem ajustadas umas às outras nessas frases,
não havendo, assim, uma correta concordância nominal.
Casos especiais
- Anexo: As listas estão anexas ao relatório. / Os cronogramas estão anexos ao
documento.
(A expressão em anexo é invariável: Em anexo, seguem os documentos.
- Incluso: Envio-lhe, inclusos, os convites. / Envio-lhe, inclusas, as fotografias.
- Obrigado: Ela disse muito obrigada. / Ele disse muito obrigado.
- Mesmo: Ele mesmo falará com vocês. / Ela mesma falará com vocês.
(Quando mesmo significar “de fato, realmente” é invariável: Ele comprou mesmo
uma casa nova.)
- Próprio: Ele próprio ligou ontem. / Ela própria ligou ontem.
- Meio: Comi meio mamão. / Comi meia maçã.
(Meio, advérbio, é invariável: Ele estava meio desconfiado. / Ela estava meio
desconfiada.)
- Quite: Ele está quite com o banco. / Eles estão quites com o banco.
Bastante
Se for pronome indefinido, concorda com o substantivo a que se refere, podendo
ficar no singular ou no plural:
Ele comprou bastantes discos. (MUITOS)
Só
Só vai para o plural quando significar “sozinhos” ou “sozinha”:
A moça estava só.
As moças estavam sós.
A locução “a sós” é invariável: Ela estava a sós com o namorado. / Elas estavam a sós.
Menos
Essa palavra é sempre invariável, não admitindo feminino: As pessoas estavam menos
preocupadas.
GABARITO: 1.A.
CONCORDÂNCIA VERBAL
Ocorre quando o verbo se
flexiona para concordar
com o seu sujeito.
Mas há casos especiais...
1 - Lógica ou gramatical:
- A maioria dos candidatos faltou.
→ O verbo (faltou) concordou com o núcleo do sujeito (maioria)
- Escolheram a maneira adequada de contar a notícia.
→ O adjetivo (adequada) e o artigo (a) concordaram com o substantivo (maneira).
2 – Atrativa:
a) a apenas um dos vários elementos determinados, escolhendo-se aquele que está
mais próximo: Escolheram a hora e o local adequado.
→ O adjetivo (adequado) está concordando com o substantivo mais próximo (local).
b) a uma parte do termo determinado que não constitui gramaticalmente seu núcleo:
A maioria dos professores faltaram.
O verbo (faltaram) concordou com o substantivo (professores) que não é o núcleo
do sujeito.
c) a outro termo da oração que não é o determinado: Tudo são flores.
→ O verbo (são) concorda com o predicativo do sujeito (flores).
3 - Ideológica ou silepse:
O povo, extasiado com sua fala, aplaudiram.
→ O verbo (aplaudiram) concorda com a ideia da palavra povo (plural) e não com sua
forma (singular).
Sujeito Simples
Regra Geral: o verbo concorda com o núcleo do Eu vou ao teatro. / Nós vamos ao teatro.
sujeito em número e pessoa.
Casos Especiais:
Sujeito Composto
Regra Geral: o verbo vai para o plural. João e Maria foram passear na floresta.
Casos Especiais:
Eu e ele nos tornaremos amigos.
(1ª pessoa) (3ª pessoa) => O verbo ficou na 1ª
pessoa porque esta tem prioridade sob a 3ª.
Os núcleos do sujeito são constituídos de pessoas
Tu e ele vos tornareis amigos.
gramaticais diferentes - o verbo ficará no plural, se-
(2ª pessoa) (3ª pessoa) => O verbo ficou na
guindo-se a ordem de prioridade: 1ª, 2ª e 3ª pessoa.
2ª pessoa porque esta tem prioridade sob a 3ª
* Se o sujeito estiver posposto, permite-se também
No caso acima, também é comum a concor-
a concordância por atração com o núcleo mais pró-
dância do verbo com a terceira pessoa.
ximo do verbo.
Tu e ele se tornarão amigos. (3ª pessoa do
plural)
Irei eu e minhas amigas.
Os núcleos do sujeito estão coordenados assindeti-
camente ou ligados por e - o verbo concordará com
dois núcleos. A jovem e o seu namorado seguiram a pé.
* Se o sujeito estiver posposto, permite-se a concor- Seguiria a pé a jovem e o seu namorado.
dância por atração com o núcleo mais próximo do
verbo.
Os núcleos do sujeito são sinônimos (ou quase)
A angústia e ansiedade não o ajudavam a se
e estão no singular - o verbo poderá ficar no plural
concentrar. / A angústia e ansiedade não o
(concordância lógica) ou no singular (concordância
ajudava a se concentrar.
atrativa).
Quando há gradação entre os núcleos, o verbo
Uma palavra, um gesto, um olhar bastavam.
pode concordar com todos os núcleos (lógica) ou
/ Uma palavra, um gesto, um olhar bastava.
apenas com o núcleo mais próximo.
Quando os sujeitos forem resumidos por nada, Os pedidos, as súplicas, o desespero, nada o
tudo, ninguém... - o verbo fica no singular. comoveu.
Quando os núcleos do sujeito forem ligados por ou:
- Se o ou indicar exclusão, o verbo ficará no singular. João ou Felipe namorará Gabriela?
- Se o ou não indicar exclusão, o verbo irá para o O desejo ou a raiva o dominavam sempre.
plural.
Quando os núcleos forem ligados por nem:
- Se a ideia expressa pelo verbo se referir a todos os
núcleos, o verbo ficará no plural.
Nem o pai, nem a mãe sabiam educá-lo.
Nem Pedro nem Henrique derrotará aquele
- Se a ideia expressa pelo verbo se referir a apenas um
piloto na corrida.
dos núcleos, o verbo ficará no singular.
Um e outro já veio. / Um e outro já vieram.
Observação: se o sujeito for constituído pelas ex-
pressões um e outro, nem um nem outro...- o ver-
bo poderá ficar no singular ou no plural.
Partícula apassivadora:
O verbo (transitivo direto)
vVende-se vVendem-se concordará com o sujeito
casas. casas. passivo.
Vende-se carro.
1) Partícula SE: a) Vendem-se carros.
2)
Verbos Impessoais
Havia sérios problemas na cidade.
Deve haver sérios problemas na cidade.
Os verbos auxiliares (deve, vai) acompanham
HAVER (sentido de existir ou
os verbos principais.
acontecer)
O verbo existir não é impessoal. Veja:
São aqueles Existem sérios problemas na cidade.
que não Devem existir sérios problemas na cidade.
possuem su-
Fazia quinze anos que ele havia parado de es-
jeito, ficarão
tudar.
FAZER (tempo transcorrido) sempre na
Vai fazer quinze anos que ele parou de estu-
3ª pessoa do
dar.
singular
Chove muito em Bauru.
Verbos que indicam FENÔME-
* Fique atento com o sentido conotativo (figura-
NOS METEREOLÓGICOS
do), pois passa a fazer concordância:
Choveram abraços e beijos naquele encontro.
4) Sujeito Oracional
Quando o sujeito é uma oração subordinada, o verbo da oração principal fica na 3ª
pessoa do singular.
Ex.: Ainda falta / dar os últimos retoques na pintura.
5) Infinitivo
Quando os núcleos do sujeito composto são dois infinitivos, o verbo permanece no
singular: Trabalhar e estudar fazia dele um homem feliz.
Observação: Caso os infinitivos exprimam ideias opostas, ocorrerá o plural: Rir e chorar
se alternam.
6)
VERBO SER
O verbo ser concordará com o predicativo, quando o sujei- Que são átomos?/ Quem foram os sor-
to for os pronomes interrogativos QUE ou QUEM. teados?
Em indicações de horas, datas, tempo, distância: a concor-
São nove horas. / É uma hora.
dância será com a expressão numérica.
Tudo são flores./Aquilo parecem ilu-
Quando, em predicados nominais, o sujeito for representa-
sões.
do por um dos pronomes TUDO, NADA, ISTO, ISSO,
Poderá ser feita a concordância com o
AQUILO: o verbo ser ou parecer concordarão com o pre-
sujeito, quando se quer enfatizá-lo. Ex.:
dicativo.
Aquilo é sonhos vãos.
Se o sujeito for pessoa, a concordância nunca se fará com
O jovem era as esperanças da família.
o predicativo.
Nas locuções é pouco, é muito, é mais de, é menos de
Cento e cinquenta é pouco./ Cem me-
junto a especificações de preço, peso, quantidade, distância
tros é muito.
etc., o verbo fica sempre no singular.
(UFMA) Indique a alternativa que preenche adequadamente as lacunas da frase: “__________ anos
que o homem se pergunta: se não ___________ medos, como ______________ esperanças?”
a) Faz – houvesse – existiriam
b) Fazem – houvesse – existiriam
c) Faz – houvesse – existiria
d) Fazem – houvessem – existiriam
e) Faz – houvessem – existiria.
(FUVEST) Complete as frases abaixo com as formas corretas dos verbos indicados entre parênteses.
a) Quando eu _________________ os livros, nunca mais os emprestarei. (reaver)
b) Os alienados sempre ______________ neutros. (manter-se)
c) As provas que _____________ mais erros seriam comentadas. (conter)
d) Quando ele _________________ uma canção de paz, poderá descansar. (compor).
Exemplos:
Me empresta o caderno? → Incorreta
Empresta-me o caderno? → Correta
Entretanto, antes de começarmos, você deve lembrar-se de que:
PRONOMES ÁTONOS: me, te, se, o(s), a(S), lhe(s), nos, vos.
O critério estabelecido é o da EUFONIA (som agradável)
Os PRONOMES podem ser colocados:
ANTES DO VERBO → Não ME mandaram a notícia
NO MEIO DO VERBO → Dar-lhe-ei o que precisa.
DEPOIS DO VERBO → Deram-LHE uma oportunidade
Regra 2 –Mesóclise
Convidar-te-ei para a
Verbo no FUTURO DO PRESENTE - rei, -rás, -rá,-remos,- reis, -rão
festa.
Convidar-te-ia para a
-ria, -rias, -ria, -riamos, -ríeis,
Verbo no FUTURO DO PRETÉRITO festa.
-riam
Alegrar-nos-íamos.
Atenção
Se houver na oração uma palavra que atrai o pronome, isto é, alguma obrigatorieda-
de de próclise, a regra da PRÓCLISE prevalece:
NÃO nos convidarão para a festa. (não = advérbio tem que usar a Próclise
Regra 3 – Ênclise
Verbo que inicia orações Concentre-se neste exercício.
Verbo que é precedido de pausa (vírgula) Ao final da aula, concentrou-se no exercício.
Caiu no ENEM:
ENEM 2000 – Questão 57 (caderno amarelo)
O uso do pronome átono no início das frases é destacado por um poeta e por um gramático nos
textos abaixo.
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
(ANDRADE, Oswald de. Seleção de textos. São Paulo: Nova Cultural, 1988.)
“Iniciar a frase com pronome átono só é lícito na conversação familiar, despreocupada, ou na língua
escrita quando se deseja reproduzir a fala dos personagens (...)”.
(CEGALLA. Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Nacional,
1980.)
Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar que ambos:
a) Condenam essa regra gramatical.
b) Acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra.
c) Criticam a presença de regras na gramática.
d) Afirmam que não há regras para uso de pronomes.
e) Relativizam essa regra gramatical.
Fonte: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2000/2000_amarela.pdf>.
Acesso em: 7 jan. 2016.
Comentário:
Oswald de Andrade expressa no poema a diferença da Língua Portuguesa culta e
a popular. Notamos que as duas formas são entendidas perfeitamente, contudo, a
oposição da linguagem falada (oral, coloquial) e da escrita (formal) pode levar a um
preconceito linguístico na sociedade. Entendemos as variações linguísticas como for-
mas possíveis de comunicação. Assim, a gramática do professor, como diz Oswald de
Andrade, é aquela que usa o pronome átono na posição correta, conforme explicita
Cegalla, no segundo texto. Entretanto, o gramático ressalta que, na linguagem oral,
há a possibilidade de usar o pronome átono no início da frase: “Me dá um cigarro”.
Portanto, notamos a relatividade da regra apresentada e discutida no poema, por isso
a alternativa correta é a E.
(UPE-CE) Em cada par de afirmações abaixo, há uma certa e uma errada em relação à sintaxe de
colocação pronominal:
1. A "Deus proteja-nos! Não quero te ofender."
B "Ninguém me revelará o autor desta façanha."
2. A "Convidar-me iam para a recepção se me encontrassem."
B "Mais aprende-se vendo do que ouvindo."
3. A "Nada contentá-lo-á enquanto não obtiver a paz interior."
B "Acenderam-se fogueiras, onde se assaram batatas doces."
Exemplos
Palavras Empregadas com Sentidos Que Não lhes São Próprios
Os dois passeamos muito.
Silepse
Todos os filhos de Adão sofremos a morte.
Outros
Apóstrofe “E tu, nobre Lisboa, que no mundo [...]”
CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. São Paulo:
Klick, 1999.
Hipérbole Mariana terminou com o namorado e chorou rios
de lágrimas.
Prosopopeia ou Personificação A lua fica boba com a sua beleza.
(UFRRJ - ADAPTADA) Após a leitura do texto, observe que, numa das orações da primeira estrofe,
o autor omitiu o verbo. Esta supressão do verbo, que é recuperado pela leitura de segmento anterior,
recebe o nome de:
A VOLTA
A casa era pequenina,
Não era? – Mas tão bonita
Que teu seio inda palpita
Lembrando dela, não é? [...]
VARELA, F. Poesias completas. In: INFANTE, U. Textos: leituras e escritas. São Paulo: Scipione, 2000. 1. ed.
P. 237.
a) anáfora.
b) anacoluto.
c) elipse.
d) pleonasmo.
e) silepse.
GABARITO: 1.C.
Caiu no ENEM
O negócio
Grande sorriso do canino de ouro, o velho Abílio propõe às donas que se abasteçam de pão e banana:
– Como é o negócio?
De cada três dá certo com uma. Ela sorri, não responde ou é uma promessa a recusa:
– Deus me livre, não! Hoje não…
Abílio interpelou a velha:
– Como é o negócio?
Ela concordou e, o que foi melhor, a filha também aceitou o trato. Com a dona Julietinha foi assim.
Ele se chegou:
– Como é o negócio?
Ela sorriu, olhinho baixo. Abílio espreitou o cometa partir. Manhã cedinho saltou a cerca. Sinal
combinado, duas batidas na porta da cozinha. A dona saiu para o quintal, cuidadosa de não acordar
os filhos. Ele trazia a capa da viagem, estendida na grama orvalhada.
O vizinho espionou os dois, aprendeu o sinal. Decidiu imitar a proeza. No crepúsculo, pum-pum,
duas pancadas fortes na porta. O marido em viagem, mas não era de dia do Abílio. Desconfiada, a
moça chegou à janela e o vizinho repetiu:
– Como é o negócio?
Diante da recusa, ele ameaçou:
– Então você quer o velho e não quer o moço? Olhe que eu conto!
(TREVISAN, D. Mistérios de Curitiba. Rio de Janeiro: Record, 1979 (fragmento)).
Gabarito oficial: C
Fonte: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2014/CAD_ENEM_2014_
DIA_2_08_ROSA.pdf>. Acesso em: 7 jan. 2016.
Gabarito Oficial: C
Fonte: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2014/CAD_ENEM_2014_DIA_2_08_
ROSA.pdf>. Acesso em: 7 jan. 2016.
VÍDEOS
<https://www.youtube.com/playlist?list=PL53E251A8414F840B >. Acesso em: 7 jan. 2016.
Este é o link do canal dos vídeos do VESTIBULANDO DIGITAL – Redação, você pode acessar 12
aulas, destacamos as aulas 11, 12 e 13 que são sobre este assunto abordado.
Referências
ANDRADE, Carlos Drummond de. Carlos Drummond de Andrade: obra completa.
Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
1983.
BANDEIRA, Manuel. A estrela da tarde. São Paulo: Global, 1960.
CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. São Paulo: Klick, 1999.
CEGALLA, Domingos Pascoal. Novíssima gramática da língua portuguesa: novo
acordo ortográfico. 48. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2010.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura brasileira
em diálogo com outras literaturas. 3. ed. São Paulo: Atual, 2005.
CRUZ E SOUZA, João da. Violões que choram. In: MOISÉS, Massaud. O simbo-
lismo. 6. ed. São Paulo: Cultrix, 1969.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Gramática do português contemporâneo. 6. ed.
Rio de Janeiro: Lexikon, 2013.
FARACO, Carlos E.; MOURA, Francisco M. Gramática. 17. ed. São Paulo: Ática,
1998.
GARRETT, Almeida. Viagens na minha terra. Porto Alegre: L&PM, 2012.
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1976.
PIRES, Orlando. Manual de teoria e técnica literária. Rio de Janeiro: Presença, 1981.
SACCONI, Luiz Antonio. Nossa gramática completa: teoria e prática. 31. ed. São
Paulo: Nova Geração, 2011.
SAVIOLI, Francisco Platão. Gramática em 44 lições. 15. ed. São Paulo: Ática, 1989.
TERRA, Ernani; NICOLA, José de. 1001 dúvidas de português. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
VERÍSSIMO, Luis F. As cobras em: se Deus existe que eu seja atingido por um raio.
Porto Alegre: L&PM, 1997.
quais acabam se unindo para praticarem delitos. Afinal, já dizia meu avô: “Dize-me
com quem andas, que eu te direi quem és”.
6. Não utilize sua redação para propagar doutrinas religiosas.
Ex.: Para combater a contínua ameaça de conflitos na humanidade, só há uma solu-
ção: Jesus Cristo. O homem precisa lembrar que Deus mandou o único filho a fim
de morrer na cruz para nos salvar.
7. Não inclua em sua redação fatos da sua vida particular.
8. Jamais analise os temas propostos movido por emoções exageradas.
Ex.: Os noticiários apresentam-nos todos os dias crimes bárbaros cometidos por verda-
deiros animais, que deveriam ser exterminados um a um pela sua perversidade sem fim.
Estas criaturas monstruosas atacam, nas ruas escuras da periferia, pobres
mulheres indefesas e as matam, impiedosamente. Amaldiçoados criminosos, andam
por aí disseminando a podridão de suas almas, que hão de arder para sempre no fogo
do inferno.
1. Não utilize exemplos contando fatos ocorridos com terceiros que não sejam de
domínio público.
2. Não repita várias vezes a mesma palavra.
Ex.: Os empresários têm encontrado problemas para contratar mão de obra espe-
cializada. O problema da mão de obra é consequência de um problema maior...
3. Tente não analisar os assuntos propostos sob apenas um dos ângulos da questão.
4. Não fuja ao tema proposto.
5. Não faça generalizações apressadas.
6. Não use frases feitas e clichês.
Ex.: O problema só será resolvido com a conscientização da população,
Tipos de argumentos
O candidato precisa conhecer os tipos de argumentos, a fim de conseguir
escrever o desenvolvimento com adequação e coerência.
a) Argumento de autoridade
É a citação de autores renomados, autoridades num certo domínio do sa-
ber, numa área de atividade humana, para corroborar uma tese, um ponto de vista. O
uso de citações, de um lado, cria a imagem de que o falante conhece bem o assunto
que está discutindo, porque já leu o que o que sobre ele pensavam outros autores;
de outro, torna os autores citados fiadores da veracidade de um dado ponto de vista.
Introdução:
Neste parágrafo, o aluno deve apresentar o assunto ao leitor, contextua-
lizando-o. Além disso, é o momento de expor a tese, isto é, a ideia central sobre o
tema. Tese é a opinião pessoal a respeito do tema abordado. Este parágrafo introdu-
tório deverá possuir uma estrutura de três períodos.
Na introdução, o aluno deve evitar:
• a forma pessoal isto é, a primeira pessoa (eu, nós);
• o uso de chavões e clichês;
• começar a produção repetindo as palavras do título;
Comentário:
Apresentação do tema: "A mulher vem, ao longo dos séculos XX e XXI, adquirindo
valiosas conquistas, como o direito de votar e ser votada."
Problema: "Entretanto, a violência contra este gênero parece não findar, mesmo com a
existência de dispositivos legais que protegem a mulher. "
Tese: "A diminuição dos índices deste tipo de violência ocorrerá no momento em que os
dispositivos legais citados passarem a ser realmente eficazes e o machismo for efetivamente
combatido"
Indicação dos argumentos: “desafios esses que precisam ser encarados tanto pelo
Estado quanto pela sociedade civil.”
Desenvolvimento
O objetivo do desenvolvimento é apresentar argumentos que defendem
a sua tese e garantam uma qualidade ao texto. Esta parte é estruturada por dois ou
três parágrafos, sendo que o aluno deverá escrever dois argumentos e proposta de
intervenção.
Retomamos a redação da candidata citada acima, a fim de exemplificarmos
os parágrafos argumentativos.
Argumento 1-
A Lei Maria da Penha e a Leio do Feminicídio, por exemplo, são dispositivos legais
que protegem a mulher. Entretanto, estes costumam ser ineficazes, visto que a
população não possui esclarecimentos sobre eles. Dessa forma, muitas mulheres
são violentadas diariamente e não denunciam por não terem conhecimento sobre
as ditas leis e os agressores, por sua vez, persistem provocando violências físicas,
psicológicas, morais, etc., por, às vezes, não saberem que podem ser seriamente
punidos por suas ações.
Tópico frasal: “A Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, por exemplo, são
dispositivos legais que protegem a mulher.” (Argumento de exemplificação)
Ampliação e problemática do mesmo: “Entretanto, estes costumam ser inefica-
zes, visto que a população não possui esclarecimentos sobre eles.”
Consequência: “Dessa forma, muitas mulheres são violentadas diariamente e não
denunciam por não terem conhecimento sobre as ditas leis e os agressores, por sua
vez, persistem provocando violências físicas, psicológicas, morais, etc., por, às vezes,
não saberem que podem ser seriamente punidos por suas ações.”
Argumento 2-
Somado a isso, o machismo existente na sociedade brasileira contribui decisiva-
mente para essa persistência. Na sociedade de caráter patriarcal em que vivemos é
passado, ao longo das gerações, valores que propagam a ideia de que a mulher deve
ser submissa ao homem. Essa ideia é reforçada pela mídia ao apresentar, por exem-
plo, a mulher com enorme necessidade de casar, e, quando consegue, ela deve ser
grata ao homem, submetendo-se, dessa forma, às suas vontades. Com isso, muitos
homens crescem com essa mentalidade, submetendo assim, suas esposas aos mais
diversos tipos de violência.
Conclusão
O último parágrafo possui o objetivo de encerrar bem o texto, para isso,
ele precisa ter uma relação direta e concisa com a introdução.
Visto isso, faz-se necessária a reversão de tal contexto. Para isso, é preciso que o
Poder Público promova palestras em locais públicos nas cidades brasileiras a fim
de esclarecer a população sobre os dispositivos legais existentes que protegem a
mulher, aumentando, desse modo, o número de denúncias. Aliado a isso, é preciso
que as escolas, junto com a equipe de psicólogos, promovam campanhas, palestras,
peças teatrais, etc., que desestimulem o machismo entre crianças e adolescentes
para que, a longo prazo, o machismo na sociedade brasileira seja findado. Somado
a isso, a população pode pressionar a mídia através das redes sociais, por exemplo,
para que ela passe a propagar a equidade entre gêneros e pare de disseminar o ma-
chismo na sociedade.
Tópico frasal: “Visto isso, faz-se necessária a reversão de tal contexto.”
Intervenção ou solução: “Para isso, é preciso que o Poder Público promova palestras
em locais públicos nas cidades brasileiras a fim de esclarecer a população sobre os
dispositivos legais existentes que protegem a mulher, aumentando, desse modo, o
número de denúncias.”
Outra intervenção: “Aliado a isso, é preciso que as escolas, junto com a equipe de
psicólogos, promovam campanhas, palestras, peças teatrais, etc., que desestimulem
o machismo entre crianças e adolescentes para que, a longo prazo, o machismo na
sociedade brasileira seja findado.”
Conclusão: “Somado a isso, a população pode pressionar a mídia através das redes
sociais, por exemplo, para que ela passe a propagar a equidade entre gêneros e pare
de disseminar o machismo na sociedade.”
Referências
FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e reda-
ção. 18. ed. São Paulo: Ática, 2007.
GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Scipione, 1997.
SERAFINI, Maria Teresa. Como escrever textos. São Paulo: Globo, 1997.
Referências digitais
BLOG do Enem. Disponível em: <http://blogdoenem.com.br/redacao_enem_
nota_1000/>. Acesso em: 10 out. 2016.
BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP). A redação no ENEM 2012: guia do partici-
pante. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/down-
loads/2012/guia_participante_redacao_enem2012.pdf>. Acesso em: 10 out. 2016.
Mas cabe fazer uma distinção entre “gêneros” e “tipos textuais”, afinal,
como lembra Bronckart, “conhecer um gênero de texto também é conhecer suas
condições de uso, sua pertinência, sua eficácia ou, de forma mais geral, sua ade-
quação em relação às características desse contexto social” (apud BOFF; KÖCHE;
MARINELLO, 2009, p. 2).
Assim, “tipo textual” refere-se a uma construção teórica de natureza lin-
guística nos aspectos lexicais, sintáticos, de tempos verbais, relações lógicas de sua
composição. Por essa razão, um tipo textual está relacionado a um conjunto de traços
que formam uma sequência e não um texto. Em geral, são: narração, argumentação,
exposição, descrição, injunção.
No tipo de texto narrativo predomina a sequência temporal; no descritivo,
as sequências de localização (ambiente); no expositivo há o predomínio das sequên-
cias analíticas ou explicativas; já no texto argumentativo, as sequências contrastivas,
enquanto os textos injuntivos apresentam o predomínio de sequências imperativas.
É equivocado dizer, por exemplo, que uma “carta pessoal” é um “tipo
de texto”, quando na verdade refere-se a “gênero textual”; de igual maneira, quan-
do se nomeia um texto como “narrativo”, “descritivo” ou “argumentativo”, não se
está definindo o gênero, mas, sim, o predomínio de um tipo de sequência de base
(MARCUSCHI, 2002). Isto não quer dizer que não possa haver em determinado
gênero dois ou mais tipos de textos, já que todo texto é, em geral, tipologicamente
heterogêneo – é no interior do gênero que se realizam os tipos textuais.
Para maior clareza, podemos dizer que “gênero textual” refere-se aos “tex-
tos materializados” que apresentam características sócio-comunicativas definidas por
conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição peculiar. Uma espécie de
armadura que abriga as sequências tipológicas de texto. São muitos os gêneros, den-
tre os quais destacamos: telefonema, carta comercial, carta pessoal, sermão, bilhete,
reportagem jornalística, romance, aula expositiva, notícia jornalística, horóscopo,
reunião de condomínio, bula de remédio, artigo de opinião, lista de compras, instru-
ção de uso, cardápio de restaurante, assembleia de pais e mestres, outdoor, inquérito
policial, resenha, piada, edital de concurso, conversação espontânea, entrevista, con-
ferência, carta eletrônica, aulas virtuais, bate-papo virtual etc.
É necessário abordar também a noção de “domínio discursivo” que designa
“uma instância de produção discursiva ou de atividade humana” (MARCUSCHI,
2002, p. 4). Não se tratam de textos tampouco esses domínios são discursos, mas
“constituem práticas discursivas dentro das quais se pode identificar um conjunto
de gêneros textuais que, às vezes, lhe são próprios (em certos casos exclusivos) como
práticas ou rotinas comunicativas institucionalizadas (MARCUSCHI, 2002) – assim
se pode falar em discurso jornalístico, discurso jurídico, discurso religioso, uma vez
que as atividades a eles concernentes não abrangem um gênero em particular, mas
Referências
BOFF, Odete M. B.; KÖCHE, Vanilda S.; MARINELLO, Adiane F. O gênero tex-
tual artigo de opinião: um meio de interação. ReVEL: Revista Virtual de Estudos da
Linguagem, v. 7, n. 13, 2009. Disponível em: <www.revel.inf.br>. Acesso em: 26
jan. 2016.
MARCUSCHI, Luiz A. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In:
DIONÍSIO, A. et al. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
Disponível em: <https://docs.google.com/document/d/17cbXWRRdpeFQGS-
n9yKu-80VRkvVnvSd32jjBjV4EpIk/edit?hl=en>. Acesso em: 26 jan. 2016.
MOISÉS, Massaud. A criação literária. São Paulo: Melhoramentos, 1970.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR
6022:2003: informação e documentação: artigo em publicação periódica impressa:
apresentação. Rio de Janeiro, 2003.
BARBOSA, Jacqueline P. Material do aluno: sequência didática: artigo de opinião.
São Paulo: SEESP, 2000.
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tual artigo de opinião: um meio de interação. ReVEL: Revista Virtual de Estudos da
Linguagem, v. 7, n. 13, 2009. Disponível em: <www.revel.inf.br>. Acesso em: 26
jan. 2016.
MARCUSCHI, Luiz A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO,
A. et al. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. Disponível em: <ht-
tps://docs.google.com/document/d/17cbXWRRdpeFQGSn9yKu-80VRkvVnvSd-
32jjBjV4EpIk/edit?hl=en>. Acesso em: 26 jan. 2016.
MOISÉS, Massaud. A criação literária. São Paulo: Melhoramentos, 1970.
Referência
SCHNEUWLY, Bernand; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola.
Campinas: Mercado das Letras, 2004. Resenha de: SEAL, Ana Gabriela de Souza;
LEAL, Telma Ferraz. Cadernos de Estudos Sociais, Recife, v. 22, n. 2, p. 287-288,
jul./dez. 2006. Disponível em: <http://periodicos.fundaj.gov.br/CAD/article/
view/1377>. Acesso em: 26 jan. 2016.
3.4 Comentário
Comentário (do latim commentarium) supõe uma resposta e uma inte-
ração. Comum nos meios eletrônicos, é uma forma que responde prontamente às
demandas comunicativas, permitindo rápido feedback.
Emite uma opinião, um parecer, uma observação, uma ponderação, por es-
crito ou oral, uma crítica, um reparo acerca de algo ou alguém, e pode se dirigir tanto
à seção de uma revista virtual, por exemplo, quanto a variados fóruns de debates na
internet, que se assemelham a um lugar em que há uma conferência, envolvendo
discussões sobre determinado tema ou assunto.
É preciso atentar-se a “quem escreve” e “para quem se escreve” – o uso da
linguagem (se formal ou informal) dependerá do meio eletrônico onde se realiza o
comentário. Predomina, no entanto, a espontaneidade de seu registro. Mas deve
apresentar uma tomada de posição, sustentada em argumentos plausíveis e numa
opinião.
Um comentário pode conter também uma explicação de um texto, por
exemplo, ou um esclarecimento sobre um fato ou evento, para facilitar o entendi-
mento, a compreensão.
3.5 Conto
Histórico
A palavra “conto” possui várias acepções em Português, deriva do latim
computu, com o sentido de “conta”, “cálculo”, significando também “número”,
“quantidade”, “cômputo”, pode significar ainda “rede de pesca” ou remontar ao ter-
mo grego kóntos, designando a extremidade inferior da lança, ferrão, ponta de pau ou
bastão. Todavia, a acepção que nos interessa é a empregada na Literatura, referindo-se
à história, narração, historieta, fábula, ‘caso’.
Há outras hipóteses (com menos aceitabilidade) que apontam sua origem
no latim commentu, indicando invenção, ficção. Ou ainda como um deverbal, pro-
tos folclóricos das narrativas tradicionais, deixa essas características de lado e ganha
uma estrutura e andamento próprios, tornando-se um produto tipicamente literário.
Num panorama que abranja a produção dessa época, não se pode deixar de
citar nomes como de Balzac, Flaubert, Maupassant e Stendhal, entre outros, na lite-
ratura francesa, ou figuras como de Edgar Allan Poe (norte-americano), considerado
o iniciador das histórias de crimes e de detetives, o qual, juntamente com o russo
Nicolai Gogol, pode ser tomado como o introdutor do conto moderno. Na Rússia,
Anton Tchekov é tido como o maior contista. Em língua portuguesa merecem lugar
de destaque Eça de Queirós, Alexandre Herculano, Aluísio Azevedo, Afonso Arinos,
Simões Lopes Neto entre outros, com especial menção para Machado de Assis.
Entrando pelo século XX, momento em que o conto alcança seu apogeu,
atingindo várias tendências em sua ampla produção, não faltam escritores de reno-
me, a exemplo de Anatole France, Vicente Blasco Ibáñez, O. Henry, Virgínia Woolf,
Kafka, Katherine Mansfield, James Joyce, William Faulkner, Ernest Hemingway,
Máximo Górki. Impulsionada por essa intensa produção, a literatura portuguesa
também amplia seu horizonte de autores nesse gênero, com Monteiro Lobato, Aníbal
Machado, Mário de Andrade, Guimarães Rosa, Osman Lins, Ribeiro Couto, Dalton
Trevisan, Orígenes Lessa, Afonso Schmidt, Vergílio Ferreira, Miguel Torga, Manuel
Fonseca, Agustina Bessa-Luís entre tantos outros.
Conceito
De certa forma, o conto visa a alcançar um objetivo único, o chamado
“efeito único”, proposto por Edgar Allan Poe (1809-1849), traduzido na relação en-
tre a extensão da narrativa e a reação provocada no leitor, resultante der um movi-
mento interno de significação, pelo ritmo e por um tom singular de composição.
Não há desperdício nessa forma narrativa e, “na composição toda, não deve estar
escrita nenhuma palavra cuja tendência, direta ou indireta, não se ponha em função
de um desígnio preestabelecido” (POE, em Graham’s Magazine, maio de 1842 apud
BOSI, 1975, p. 8).
Sob o ângulo dramático, o conto é unívoco e univalente, pois possui uma
única unidade dramática, contendo um só conflito, um só drama, o que reforça a
ideia dos seus elementos convergirem para determinado fim, o “efeito único”.
E se podemos afirmar que o drama reside nas pessoas, nas relações inter-
pessoais, é interessante à Literatura justamente o conflito dessas relações, o embate
entre duas personagens ou mais, ou do homem com suas próprias ambições e desejos,
diante da precariedade de seu destino mortal e de um mundo cada vez mais inóspi-
to – esse o plano de ação da literatura que, se não pode dar respostas definitivas às
angústias humanas, pode ao menos propor indagações e pontos de vista variados.
Unidade dramática
Unidade de espaço
Unidade de tempo
Número reduzido de personagens
Diálogo (dominante)
Descrição (tende a anular-se)
Estrutura e Linguagem
Desse modo, o conto se estrutura de maneira “objetiva”, “plástica”, “hori-
zontal”, fugindo de certa introspecção, de divagações ou digressões, está mais preso à
realidade concreta, de onde vem seu realismo e a necessária verossimilhança (plausí-
vel, provável) com a vida, quando não a instaura no próprio universo “fantástico” de
seu relato, se for o caso. De qualquer maneira, a linguagem empregada deve atender
a uma plasticidade e objetividade que espelhem a ação.
Daí a importância do diálogo, que traz dinamismo à história, reconhecen-
do-se que os conflitos residem na fala das pessoas, nas palavras ditas (ou pensadas),
na expressão das ideias, dos pensamentos, das emoções, conseqüentemente, a base
expressiva da ação dramática no conto. Há três tipos de diálogo:
1. Diálogo direto (discurso direto) - no qual as personagens conversam entre si,
falam diretamente, e vem marcado pelo uso de travessão ou aspas, mas também
pode vir sem sinais gráficos. É mais predominante. Exemplo:
-D. Conceição, creio que vão sendo horas, e eu...
- Não, não, ainda é cedo. Vi agora o relógio: são onze e meia. Tem tempo. Você,
perdendo a noite é capaz de não dormir de dia?
- Já tenho feito isso.
- Eu, não; perdendo uma noite, no outro dia estou que não posso, e, meia hora que
seja, hei de passar pelo sono. Mas também estou ficando velha.
- Que velha o quê, D. Conceição. (Missa do galo e outros contos, MACHADO DE
ASSIS, 2011).
por uma descrição minuciosa. A descrição de ambiente ou da natureza, por sua vez,
ocupa lugar ainda mais modesto, apenas referido em poucos traços. Já a dissertação
representa quase um risco e, usualmente, está ausente do conto. Não quer dizer que
um contista de talento não possa empregá-la, desde que o faça de maneira cautelosa,
e aos poucos.
Trama
No nível da trama o conto busca a linearidade e a objetividade, numa
cronologia que acompanha a do relógio, na sucessividade semelhante à da vida real.
Início e epílogo estão muito próximos no conto que é dominado pela precipitação, e
como é sabido, este sempre se encaminha para o desfecho, tal proximidade do clímax
dramático relega tudo mais a um plano secundário. Há, entretanto, “uma noção de
espera e tensão rumo ao final secreto” (PIGLIA apud MAROCA, 2009, p. 54-55).
As ocorrências se sucedem aos olhos do leitor, reservando um mistério, uma
surpresa em seu nó dramático – mistério que não se revela facilmente, mas que será
deflagrado no desenlace, no desfecho do conto que, então, se fecha, completo e não
sequente, enquanto a vida segue o seu fluxo. Esse fechar-se é o corte da infinita teia
narrativa, uma vez que a literatura trabalha justamente com a ilusão de um final surpre-
endente, preexistente no cerne da história que se conta, “no fundo, a trama de um re-
lato esconde sempre a esperança de epifania” (PIGLIA apud MAROCA, 2009, p. 55).
Todavia, como já frisamos, a literatura moderna, particularmente o conto
contemporâneo, carrega uma “abertura”, no sentido proposto por Umberto Eco, na
conceituação de “obra aberta”, concernente à valorização da combinação de gêneros,
de estilos, de linguagens e de meios, por exemplo, diferenciando-se da arte tradicional,
sobretudo, pela tendência a fazer a experiência estética resultar do reconhecimento de
um processo contínuo de abertura que permite, por sua vez, novas possibilidades e
plurissignificações (MENDONÇA; OLIVEIRA, 2010).
Pontos de Vista
Os pontos de vista ou focos narrativos constituem elemento essencial para
a estruturação do conto, de sorte que cada um deles apresenta vantagens e desvan-
tagens, pois, às vezes, há casos em que favorecem a narração ou a limitam, sendo o
mais importante a adequação interna entre o foco narrativo e a história. Podem ser
classificados em:
• 1. Na primeira pessoa – quando a personagem principal conta sua história, é
o narrador protagonista quem fala de sua própria vivência, sendo o principal
interessado na história, o que pode resultar em alguma parcialidade, embora aos
Tipos de Contos
Quanto a uma possível tipologia do conto, aparentemente contraditória,
dado o seu caráter unívoco e a sua multiplicidade, uma classificação nesse sentido
não deve ser vista de forma rígida ou abrangente a ponto de abarcar todas as variações
e tipos de narrativas desse gênero. Antes, uma categorização deve considerar o em-
prego, o aparecimento de certos recursos técnicos, estruturais, dramáticos, etc. que se
repetem e que dizem respeito ao acidental, nunca ao essencial (a referida unicidade
e efeito).
Início e Epílogo
Cabe sublinhar que tão importante quanto o epílogo, o clímax, que vem
com o desenlace muitas vezes surpreendente, é o iniciar bem o conto. E o bom co-
meço traz sempre o germe de seu final, contendo a chama atrativa capaz de fisgar,
de seduzir o leitor logo nas primeiras linhas, senão palavras, levando-o a descorti-
nar a história. Ao leitor, com seu desejo de entreter-se, divertir-se, enriquecer-se ou
instruir-se, resta o percurso, não simplesmente tomado pela mão, mas de maneira
coparticipativa, trazendo muito de si para a narrativa, aberto um horizonte de possi-
bilidades à sua frente.
Panorama nacional
O conto moderno, no âmbito da literatura brasileira, em suas variações e
diversificações, é capaz de refletir, segundo Alfredo Bosi, “as situações mais diversas
da nossa vida real ou imaginária” (BOSI, 1975, p. 21), constituindo-se no espaço
de uma linguagem moderna, por seu empenho na significação e porque sensível e
tensa. Tal linguagem esta que tem suas raízes nos anos 1930 e 1940, com o romance
neorrealista, de memórias ou na crônica do cotidiano.
Nessa perspectiva, é preciso considerar, além das conquistas temáticas, as
formais trazidas pelo Modernismo. O chamado realismo novo, em seu despojamen-
to, juntamente com a prosa experimental e as contribuições da crônica, sobretudo,
de Rubem Braga e Graciliano Ramos, trazem o talhe de uma linguagem límpida,
direta e expressiva, uma forma sintética, com correção gramatical, o “escrever bem”
(que é manifesto no escritor mineiro Ciro dos Anjos), no trabalho da sintaxe e do
léxico tradicionais, num movimento apolíneo, por assim dizer, de medida e perfeição
estética.
Não devemos ignorar o aporte do segundo modernismo, a partir dos anos
40 tampouco dos narradores estrangeiros, referência estilística do conto brasileiro.
São exemplos certos traços de nosso conto intimista, alusivos a Katherine Mansfield
e Virginia Woolf, e a análise moral, ao gosto de Gide e de Mauriac.
Já a prosa fantástica e metafísica segue os passos de Poe, de Kafka e de
Borges, em maior ou menor grau. Por outro lado, transparecem os ecos da prosa
norte-americana de Hemingway, de Steinbeck e de Faulkner, na escrita pungente de
Dalton Trevisan e na concepção “brutalista” da linguagem de Rubem Fonseca.
Deste último, pode-se sustentar que a sua narrativa “brutalista” retira das
experiências da burguesia carioca a sua fala, numa dicção rápida, às vezes compulsiva,
impura, obscena e dissonante, compondo um retrato cru, nos moldes de uma crôni-
ca grotesca e de um jornalismo yankee.
da ditadura nessa época e do ponto de virada, por assim dizer, com a chamada (se
possível) Geração 90 (e sua intensa criação), depois de uma década meio adormecida,
a dos 80, em que houve pouca divulgação e penetração do gênero.
Obviamente há sempre o risco de se cair em armadilhas, na tentativa de
categorizar ou definir o novo conto brasileiro, tão multifacetado, escapando à dog-
matização. O que se pode afirmar é que não há grupos coesos ou hegemônicos, cada
autor segue o seu próprio caminho nessa “diáspora estética”. E são tendências diver-
sificadas, de difícil rotulação (embora persista uma insistência mercadológica por
rótulos), que aparecem nesse cenário, trazendo, sem dúvida, os ganhos da tradição,
mas se abrindo a novas perspectivas.
Um traço comum em muitos desses novos autores está na gradual pas-
sagem de uma construção estética com base no “apolíneo para o dionisíaco”, na
afirmação triunfal da realidade e suas contingências, na existência exposta em sua
verdade crua, de contradições e terror, em contrapartida ao reflexo apenas ilusório
do apolíneo.
Essa transição, que se iniciou a partir de narrativas de Murilo Rubião
(O ex-mágico, 1947), de Samuel Rawet (Contos do imigrante, 1956), de Anibal
Machado (Cadernos de João, 1957), com a introjeção de irracionalidade na trama
e na sintaxe, com a adoção do fluxo de consciência (na narração), com certa insub-
missão às normas gramaticais, dos quais são exemplos José J. Veiga (Os cavalinhos
de Platimplanto, 1959), Clarice Lispector (Laços de família, 1960), Lygia Fagundes
Telles (Histórias escolhidas, 1961), Hilda Hilst (Ficções, 1977), ainda com a predo-
minância da violência e do sexo (Rubem Fonseca – Os prisioneiros, 1963) e com
certa crueza estilística de Dalton Trevisan (Novelas nada exemplares, 1959), vem
desaguar na prosa, por exemplo, de Luiz Ruffato (Histórias de remorsos e rancores,
1998 e Os sobreviventes, 2000), Marcelo Mirisola (Fátima fez os pés para mostrar
na choperia, 1998 e O herói devolvido, 2000), Jorge Pieiro (Fragmentos de Panaplo,
1989), Marcelino Freire (Angu de sangue, 2000), João Carrascoza (Hotel solidão,
1997 e O vaso azul, 1999) e Marçal Aquino (As fomes de setembro, 1991; Miss
Danúbio, 1997; O amor e outros objetos pontiagudos, 1999) – estes dois últimos
ainda guardam algum espaço para o discurso apolíneo. Todos continuam a produzir
intensamente (OLIVEIRA, 2000).
Não poderia ser diferente para uma geração (a maioria nascida nos 60)
que viveu sob a ditadura militar e ansiava por descortinar o cinismo, a hipocrisia e a
violência de uma cultura positivista, sem poupar a nada ou ninguém. Todos com um
franco posicionamento no mundo e atitude e linguagem desabridas.
Seria tarefa impossível elencar todos os autores, entre os já citados e de
várias gerações, desde Caio Fernando Abreu, Roberto Drummond, Márcia Denser,
Michel Laub, Sérgio Rodrigues, Ronaldo Bressane, Bernardo Carvalho, Altair
Referências
ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Missa do galo e outros contos. São Paulo: Ed.
Unesp: Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, 2011. Disponível em: <http://
www.projetodemaoemmao.com.br/downloads/livros-machado-assis.pdf>. Acesso
em: 20 jan. 2016.
BOSI, Alfredo (Org.). O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1975.
DALCASTAGNÈ, Regina. Renovação e permanência: o conto brasileiro da última
década. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, DF, n. 11, p. 3-17,
jan./fev. 2001. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/handle/10482/9183>.
Acesso em: 20 jan. 2016.
LISPECTOR, Clarice. A imitação da Rosa. In: ______. Laços de família. Disponível
em: <http://claricelispector.blogspot.com.br/2008/07/imitao-da-rosa.html>. Acesso
em: 20 jan. 2016.
MAROCA, Viviane Monteiro. Nos rastros dos novos: o fazer crítico e literário dos con-
tistas do Suplemento do Minas Gerais (1966 – 1975). 2009. Dissertação (Mestrado)
– Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.
MENDONÇA, Ana Carolina Moura; OLIVEIRA, Andrey Pereira de. Umberto Eco
e o conceito de “Obra Aberta”. In: REUNIÃO ANUAL DA SBPC, 62., 2010, Natal.
Disponível em: <http://www.sbpcnet.org.br/livro/62ra/resumos/resumos/3077.
htm>. Acesso em: 20 jan. 2016.
MOISÉS, Massaud. A criação literária. São Paulo: Melhoramentos, 1970.
3.6 Crônica
A palavra “crônica” tem etimologia grega, vem de Chronos (Xpóvoç, em
grego; Chronus, em latim), deus da mitologia grega que representa o tempo, por-
tanto, traz a noção de tempo e memória, mantendo uma relação com o passado e
significando o registro cronológico dos fatos.
De modo geral, a crônica pode ser entendida como um breve comentá-
rio sobre algum fato cotidiano, e é essencialmente produzida para ser veiculada na
imprensa. Sua função é a de “conversar” sobre um tema qualquer, sobre os peque-
nos acontecimentos, as cenas corriqueiras, com a finalidade de agradar ou entreter,
estabelecendo um tom de intimidade com o seu público leitor, com o uso de uma
linguagem coloquial e a franqueza na exposição e nos comentários.
Todavia, há bastante controvérsia e dificuldade na definição precisa da na-
tureza e significado da crônica, até porque tem percorrido um longo caminho para
se firmar propriamente como um gênero literário, dentro da problemática da classi-
ficação dos gêneros, por estar justamente ligada, no passado recente, à popularização
dos jornais, e pela sua semelhança, em muitos aspectos, com o relato de viagens, o
ensaio, a carta.
Um primeiro exemplo de crônica, seguindo a acepção de organização dos
acontecimentos históricos numa linha cronológica, é a crônica medieval portuguesa
como registro dos fatos reais ao longo de sua evolução temporal, tendo como um
dos principais expoentes Fernão Lopes, considerado grande mestre na arte de narrar
as peripécias e os descaminhos da expansão ultramarina de Portugal, no século XIV.
Esse tipo de crônica está ligado, por conseguinte, ao ofício desempenhado
pelos cronistas de viagem, que se ocupavam dos relatos minuciosos do dia a dia das
expedições e descobertas, uma produção representativa da expressão de uma determi-
nada época, pelo seu teor de informação sobre o novo mundo, a exemplo da Carta de
Pero Vaz de Caminha, dirigindo-se ao rei de Portugal, considerada por muitos estu-
diosos marco inicial da crônica no Brasil, por se tratar de uma narrativa, na forma de
relato histórico, com características próprias da crônica. Posteriormente, os cronistas
E há quem também sustente que, por ser uma modalidade próxima tanto
do ensaio (informal) quanto do folhetim (narrativa), poderia ser dividida em catego-
rias, propostas por Antônio Cândido, complementares às variedades de tipos de texto
mencionadas acima, ou seja:
Crônica diálogo: trata de uma conversa do cronista com seu interlocutor
imaginário ou entre as personagens criadas pelo autor.
Crônica narrativa: aproxima-se do conto, sendo apresentada em histórias
curtas, diálogos rápidos, final imprevisto, com unidade de ação, tempo e espaço,
além de personagens e situações ficcionais.
Crônica exposição poética: traz uma divagação, de forma lírica, sobre um
fato ou personagem.
Crônica biografia lírica: em que se narra, de forma poética, a vida de al-
guém, também como homenagem.
Trata-se, desse modo, de um gênero híbrido, uma vez que não pertence
unicamente a um gênero, mas participa de um ou mais gêneros narrativos. Antes,
porém, é preciso dizer que a noção de gênero vem sofrendo modificações ao longo
do tempo. Na antiguidade, a tragédia e a epopeia eram consideradas como gêneros
elevados, segundo uma visão aristotélica, enquanto a comédia, por exemplo, aborda-
va com a sua força cômica os assuntos populares, os vícios da gente comum, o que
a levou a ser considerada um gênero menor. Resultante disso foi a classificação dos
textos os quais tratavam dos acontecimentos da vida mundana numa espécie de su-
bliteratura, classificação esta que foi estendida à crônica, como gênero menor.
Entretanto, na modernidade, segundo o crítico literário Massaud Moisés,
“o gênero deixa de ser entendido como absoluto ou fixo, pois a ‘teoria moderna dos
gêneros é manifestadamente descritiva. Não limita o número de possíveis gêneros
nem dita regras aos autores. Supõe que os gêneros tradicionais podem mesclar-se e
produzir um novo gênero (como a tragicomédia).’” (WELLEK; WARREN, 1953
apud MOISÉS, 1970, p. 33).
Essa questão de gênero interessa, na medida em que nos ajuda a situar
a crônica como gênero literário (moderno) e entendê-la em suas particularidades.
Ainda sobre o vocábulo gênero, convém explicar sua etimologia, vem do Latim
Vulgar generu-, pelo Latim Clássico genus, significando “família”, “raça”, no sentido
de “agrupamento de indivíduos e seres portadores de características comuns” [...],
mas que em Literatura designa “famílias de obras dotadas de atributos iguais ou se-
melhantes” (WELLEK; WARREN, 1953 apud MOISÉS, 1970, p. 34).
Dessa forma, é possível fazer uma divisão, num sentido mais amplo e es-
quemático, dos gêneros em espécies e formas, o que exclui, por sua vez, as manifesta-
ções híbridas desse quadro, como o teatro, o jornalismo, a oratória, a fábula, o ensaio,
a crônica etc. Isso não os diminui, e esse esquema serve apenas para visualizar e situar
a questão dos gêneros. Vejamos:
Conto
Prosa - Novela
Romance
Fonte: MOISÉS, 1970, p. 40.
em seus voos iniciais, cena vista da janela de seu apartamento. Na crônica da semana
seguinte (“Os urubus encantados”3) o autor jura que não queria mais tocar nesse assun-
to, o dos urubus, mas volta a ele, não somente porque traz novidades, sobretudo pelas
“mensagens pesarosas de leitores de todo o Brasil, espantados com as próprias reações”.
A comunicação e certo tom de intimidade com o leitor se dá de maneira
direta, o que estabelece um ar familiar entre eles, tão essencial para o exercício desse
ofício. E ambos acabam compartilhando de um ritual cotidiano de convívio nas
grandes cidades. Isso permite ao cronista captar também a visão do leitor sobre essa
realidade, traçando o perfil das relações humanas e do mundo atual.
É importante sempre destacar a questão do elo entre o jornalismo e a crônica,
com vistas no espaço por ela ocupado nesse meio de comunicação – espaço estendido e
distendido pelas novas tecnologias e recursos digitais – mas com a ênfase na constante
renovação de sua linguagem, sem perder, no entanto, suas características (apontadas até
aqui), manifestadas pela função poética, expressiva, metalinguística, etc.
Cada cronista mereceria um estudo à parte que ressaltasse suas particulari-
dades e características, e ainda haveria o risco de deixar algum nome importante de
fora, passando a título de exemplo desde Lima Barreto, um Lourenço Diaféria, João
Ubaldo Ribeiro, Luís Fernando Veríssimo, Mário Prata, Martha Medeiros, Hilda
Hilst, Antonio Prata, Lya Luft, Ivan Lessa, Ignácio de Loyola Brandão, Humberto
Werneck, Rui Castro, Sérgio Porto (pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta), Gregorio
Duvivier, Xico Sá, Carlos Heitor Cony, Marcelo Rubens Paiva, Affonso Romano
de Sant’Anna, Marcelo Mirisola, Roberto Pompeu de Toledo, Fabrício Carpinejar,
Millôr Fernandes, José Roberto Torero, entre tantos outros.
Resta afirmar, portanto, que é a sensibilidade de um olhar “arguto” para
as coisas pequenas do cotidiano, os fatos comezinhos, as coisas do chão, que lhe dá
relevo e novos significados, como se pode verificar, num exemplo comparativo entre
uma crônica de Rubem Braga (“Lembrança de um braço direito”4, de 1948) e outra
de Luis Henrique Pellanda (“Nossas estrelas”, na edição de 05/01/2016, da Gazeta
do Povo5), num traço de simetria e contraponto, uma vez que na primeira o autor
ressalta que o “olhar de cima” não o atrai, visto no trecho:
Mas ando pelo chão há muito tempo: chão perigoso, onde há pedras e buracos para
um homem escalavrado e já afundado; porém chão. Subi ao avião com indiferença,
e como o dia não estava bonito lancei apenas um olhar distraído a esta cidade do
Rio de Janeiro e mergulhei na leitura de um jornal qualquer. Depois fiquei a olhar
pela janela e não via mais que nuvens, e feias. Na verdade, não esta no céu; pensava
coisas da terra, minhas pobres, pequenas coisas.
3
Disponível em: <http://goo.gl/6ZPU80>. Acesso em: 20 jan. 2016.
4
Disponível em: <https://goo.gl/l6d6T5>. Acesso em: 20 jan. 2016.
5
Disponível em: <http://goo.gl/yDm8zl>. Acesso em: 20 jan. 2016.
Referências
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REDMOND, William Valentine. Aspectos da crônica no Brasil: uma reflexão crítica.
Verbo de Minas, Juiz de Fora, v. 9, n. 17, p. 133-142, 2010. Disponível em: <http://
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SÁ, Jorge de. A crônica. São Paulo: Ática, 1987
4 Língua Inglesa
4.1 Gramática e sintaxe
4.1.1 Substantivos
Os substantivos são uma classe gramatical usada para dar nome às coisas,
pessoas, animais, lugares, objetos, sentimentos, etc.
Plural dos substantivos
Information News
Furniture Advice
(CESGRANRIO 90) KNIVES is the plural of KNIFE . Which of the words below DOES NOT
form its plural in the same way?
a) Wife
b) Life
c) Leaf
d) Chief
e) Half
(FUVEST 79) Assinale a alternativa correta: Boys have big ____ and girls have small _____.
a) foots – ones
b) feet – ones
c) feet – one
d) feets – ones
e) foot – one
GABARITO:1.D, 2.B.
Substantivos Possessivos
Expressam a posse de um substantivo previamente mencionado. A maioria
dos possessivos é formada pelo acréscimo de ‘s após o nome do possuidor, que, em
seguida, geralmente precederá a coisa pertencente.
Ex:
• That book? It’s Mary’s. The teacher’s daughter.
• It´s Mike’s T-shirt. The girl’s name is Cris.
(UDESC 97) Complete the sentence with the CORRECT alternative: ______ father is in Europe.
a) The Mary's and George's
b) Mary's and George
c) Mary and George's
d) Mary's and Georges's
e) The Mary and George's
4.1.2 Artigos
Há dois tipos de artigos: definidos e indefinidos.
The sun the moon the earth the world the universe
the sky the sea the ground the environment the internet
Artigos Indefinidos
São usados com substantivos contáveis no singular e determinam algo que
o leitor ou o falante ainda não tem conhecimento:
A girl
A dog
A photograph
A cookie
A car
Usa-se AN quando o substantivo se inicia com som vocálico:
An orange
An apple
An hour
4.1.3 Pronomes
Os pronomes referem-se a pessoas, objetos, lugares ou assuntos previamen-
te remetidos. Sua função é, portanto, ocupar a posição do sujeito.
Pronomes Pessoais
Chamados de subject pronouns, os pronomes pessoais desempenham o pa-
pel de sujeito do verbo principal.
Pronomes Pessoais
I eu
You tu/você
He, she, it ele/ela
We nós
You vós/vocês
They eles ou elas
Ex:
• We have a dog and a cat. They are part of my live.
• Michel works for All-Star Hotels. He works at the front desk.
• When Kaleigh arrived at work, she realized she had forgotten the keys.
Pronomes Oblíquos
Pronomes oblíquos, ou object pronoums, são pronomes que adqui-
rem função de objeto de um verbo, de uma preposição ou de uma frase no infinitivo.
Pronomes Oblíquos
Me me/mim
You tu/te/ti
Him o/a/lhe
Us nós/nos
You vós/vos
Them os/as/lhes
Ex:
• I saw him at the supermarket.
• I told you it was true!
• Those guys are alone; try to interact with them.
• Do you know who Alex is? I’m looking for him.
Adjetivos Possessivos
Embora levem o nome e a função de adjetivos, indicam posse e estão de
acordo com o pronome de referência. Qualificam os substantivos, portanto, devem
vir acompanhados deles.
Adjetivos Possessivos
My meu(s)/minha(s)
Your teu(s)/tua(s)/seu(s)/sua(s)
His/her/its dele(s)/dela(s)
We nosso(s)/nossa(s)
Your vosso(s)/vossa(s) /seu(s)/sua(s)
They deles(s)/dela(s)
Ex:
• Is this your cell phone?
• My boyfriend is here today.
• Our parents are coming tomorrow.
Pronomes Possessivos
São usados para a substituição dos substantivos previamente mencionados.
Para isso, eles devem concordar em gênero e em número. Diferentemente dos adjeti-
vos possessivos, os pronomes possessivos não são acompanhados de um substantivo.
Portanto, são usados sós.
Pronomes Possessivos
Mine meu(s)/minha(s)
Yours teu(s)/tua(s)/seu(s)/sua(s)
His/hers/its* dele(s)/dela(s)
Ours nosso(s)/nossa(s)
Yours vosso(s)/vossa(s)
Theirs deles(s)/dela(s)
Ex:
• These bicycles are not ours. They are theirs.
• Everyone has a story. What is yours?
• I have my problems, and she has hers.
Pronomes Demonstrativos/Adjetivos
Os pronomes demonstrativos identificam ou apontam coisas, pessoas, lu-
gares ou qualquer referência da frase. Subdividem-se em singular/plural e próximo/
distante no espaço ou tempo.
Pronomes Demonstrativos/Adjetivos
PRÓXIMO DISTANTE
esse/essa/isso/aquele/
SINGULAR This este/esta/isto That
aquela/aquilo
esses/essas/aqueles/
PLURAL These estes/estas Those
aquelas
Ex:
• Can I sign with this pen or that one?
• Did you like those games?
• This car is faster than that one.
• These are hard times.
Ex:
• He cut himself while shaving.
• Take care of yourself!
• Jessica killed herself.
Pronomes Interrogativos
Estes pronomes são usados para perguntas sobre coisas ou pessoas sobre as
quais não se sabe.
Observação: Note a diferença entre who e whom. Enquanto who indica um sujei-
to ou um suposto praticante de uma ação, whom se refere à pessoa a que se destina
a ação (objeto).
• Who complained about it? (sujeito)
• To whom should I complain about? (objeto)
Pronomes Relativos
Os pronomes relativos são usados para conectar orações ou frases, introdu-
zindo o que se conhece como orações subordinadas. Eles podem interligar noções de
espaço, tempo, coisa ou pessoa. Ao se acrescentar ever ao final do pronome, dá-se o
sentido de indefinição do substantivo.
Pronomes Relativos
Who Quem
Whoever Quem quer que
Whom Quem, a quem, por quem
Whomever Quem quer que
Whose cujo(a)/cujos(as)
That* que
Which qual/que
Whichever Qualquer que
What O que
Whatever Qualquer que
Where Onde
Wherever Onde quer que
When Quando
Whenever Sempre que
Whether se
Ex:
• • I can choose whatever you want.
• • I will choose what you want
• • Give it to whomever asks for.
• • Issac Newton was the first scientist who discovered gravity.
• • Whoever has discovered gravity was a genius at that time.
• • That is the girl whose bother is visiting Canada.
• • I wonder whether she knows or not.
Pronomes Indefinidos
Os pronomes indefinidos referem-se a coisas, pessoas ou quantidades não
específicas. Encontram-se geralmente no singular, junto de verbos também no sin-
gular. Alguns podem estar sempre no plural, com verbos no plural. Outros podem
exercer função de adjetivos.
Pronomes Indefinidos
All todos/tudo
Another um(a) outro(a)
Any qualquer um(a)
Anybody* qualquer pessoa/qualquer um/ alguém
Anyone* qualquer pessoa/qualquer um/ alguém
Anything qualquer coisa/algo
Both ambos(as)
Each cada
Everybody* todos/todo mundo
Everyone* todos/todo mundo
Everything tudo
Many muitos/muitas
No one* ninguém
Nobody* ninguém
None nenhum
One* uma pessoa
Several vários(as)
Somebody* alguém
Someone* alguém
Ex:
• All devices must be turned off.
• Everybody wants to change the world.
• After everyone was quiet, both Marie and Robson started laughing.
• Nobody is perfect.
• Each day with you is better than the last.
4.1.4 Adjetivos
Descrevem pessoas ou objetos, expressam qualidades e características de
algo ou alguém.
Adjetivos descritivos
Sempre vêm antes do substantivo ou da frase substantiva que modificam.
Respondem a uma destas perguntas: qual? a que tipo? quantos?
• The pink skirt is mine.
(Qual delas? / Which one?)
• Long-sleeved shirts are great for the winter time.
(Que tipo? / What kind?)
• There are 5 desks in this classroom.
(Quantos? / How many?)
Adjetivos Predicativos
Seguem um verbo de ligação e descrevem o sujeito:
• John is sad.
• Melissa is beautiful.
• These magazines seem very interesting.
Adjetivos Comparativos
São usados para comparar duas coisas. O sufixo –er é usado para formar a
maioria dos comparativos. Quando um adjetivo de duas sílabas termina em y, subs-
tituímos o y por –ier. Adjetivos de três ou mais sílabas são precedidos pela palavra
more.
• Her book is bigger than mine.
• Mary is prettier than Susan.
• Joe is more intelligent than Bob.
Adjetivos Superlativos
São usados para comparar três ou mais coisas. O sufixo –est é usado para
formar a maioria dos superlativos. Quando um adjetivo de duas sílabas termina em
y, aplica-se a mesma regra: o y é subtraído, acrescentando –iest. Adjetivos de três ou
mais sílabas são precedidos pelas palavras the most.
• John is the happiest of all his friends.
• My oldest daughter is 15 years old.
• Geography is the most interesting subject this semester.
Formas irregulares
Alguns adjetivos comparativos e superlativos apresentam formas irregula-
res, que devem ser memorizadas.
Formas irregulares de comparativos e superlativos
Adjetivo Comparativo Superlativo
Good Bom Better Melhor Best O melhor
Escasso,
Little Less Menos Least Menor, mínimo
pequeno
Much Muito More Mais Most O mais, os mais
Adjetivos Próprios
Derivam de substantivos próprios e sempre levam letra maiúscula:
• English cookie
• A British book
(FUVEST 1978) Assinale a alternativa que completa corretamente a sentença: Of all the movies I
have seen lately, the one I saw yesterday was __________.
a) worse. b) worst. c) the worse. d) the worst. e) the most worse.
(UNESP 1987) Complete: Peter's house is __________ mine.
a) larger as b) most larger than c) larger than d) so large than e) more large than
(PUCCAMP 1992) Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche corretamente as lacu-
nas da frase apresentada: Mr. Smith: I'm sorry, Mr. Johnson. I believe the candidate you sent us will
not suit our purposes. We need somebody __________ than he. Mr. Johnson: In that case I would
suggest Miss Cary. She's definitely the __________ person in our group.
a) smarter – most intelligent
b) smart – intelligent
c) smartest – more intelligent
d) as smart – as intelligent
e) as smart – as intelligent as
4.1.5 Preposições
As preposições descrevem a relação de espaço, tempo e movimento entre
palavras numa frase. Para dar um sentido específico, modificam adjetivos, substanti-
vos, pronomes ou verbos, além de variarem conforme determinados contextos.
Preposições
About sobre/a respeito de From de/vindo de
Above acima In* em
Across através de Inside dentro
After depois Into para dentro
Against contra Like como
Along ao lado de/junto a Near junto a/perto
Among* entre Of de
Around por volta Off fora de
At* em, às On em
Before antes Out fora
Behind atrás de Outside lado de fora
Below abaixo/sob Over acima/durante
Beside ao lado Since desde
Between* entre Through através de
Beyond além Toward em direção a
By por Under debaixo de
During durante Until até
Expect com exceção With/within com
For para Without sem
Substantivos + Preposições
Approval of aprovação de Invitation to convite para
Attemp at tentativa de Love of amor a
Awareness of ciência de Member of membro de
Belief in crença em Need for necessidade de
Participation
Change in mudança em participação em
in
Concern for/ preocupado
Problems in problemas em
about com
Confusion about confusão de Reason for razão de
Decrease in diminuição de Respect for respeito a
Desire for desejo de Success in sucesso em
Translation
Hope for esperança de tradução para
into
Understanding entendimento
Interest in interesse em
in sobre
Adjetivos e Preposições
Para estabelecer sentido, alguns adjetivos vêm acompanhados de certas
preposições:
Adjetivos + Preposições
Afraid of medo de Interested in interessado em
Angry at/with raiva de Jealous of ciumento por
Aware of ciente de Made of feito de
Capable of capaz de Made by feito por
Careless about despreocupado com Married to casado com
Familiar with familiar com Proud of orgulhoso de
Famous for famoso por Similar to semelhante a
Full of cheio de Sorry for desculpa por
Good at bom de Sure of certeza de
Good for bom para Tired of cansado de
Happy about feliz por Worried about preocupado com
4.1.6 Conjunções
Unem palavras ou frases em uma oração relacionando suas informações
para expressar determinada ideia. As conjunções em inglês são conhecidas também
como linking words e são classificadas de acordo com sua função sintática.
Conjunções Coordenativas
Unem orações ou palavras independentes que possuem a mesma função
sintática.
• Mike and his friend are watching TV.
• These pants are comfortable but old-fashioned.
• Mary and Joe are coming to party.
Conjunções coordenativas
Conjunções Função
And E Adição
But Mas, Também Oposição
Or Ou Alternância
For Pois, Visto que Explicação
De maneira que, para Mostra que a segunda ideia é resultado
So
que da primeira
Yet Mas, Contudo Oposição, ressalva
Nor Nem Liga duas alternativas negativas
Conjunções Subordinativas
Unem orações dependentes (subordinadas) que possuem a mesma função
sintática.
• Although I am tired I need to study.
• I love living in city because there are so many places to go out.
• While we were in New York, we visited our friends.
• I went home after my English class.
• As you know, I got a job.
• Before I have dinner, I take a coffee.
• You can stay here if you like.
Conjunções coordenativas
After Depois que, Logo que
Although Apesar de, Embora
As Como
Because Porque, Pela razão de
Before Antes que
How Como
If Se, Caso
Than Que, Do que
That Para que, A fim de que
Thogh Ainda que, Posto que
When Quando
Where Onde, Aonde, Em que lugar
Wether Se, Quer, Ou
While Durante, Enquanto
Conjunções Correlativas
São usadas aos pares, embora nunca ao lado da outra. Assim como as co-
ordenativas, as correlativas são usadas para ligar elementos com a mesma função
sintática.
Conjunções correlativas
Both ... and
Either ... or
Neither ... nor
Not only ... but also
As ... so as
Whether ... or
• I spoke to both the teacher and her student (Falei com a professora e seu aluno).
• We can go either by bus or car (Podemos ir de ônibus ou carro).
• Neither Mary nor John went to party (Nem Mary nem John foram para a festa).
• The place not only is crowd but also mess (O lugar não é só lotado, mas tam-
bém desorganizado).
• You need to decide whether you go to the movies or park (Você precisa decidir
se vai ao cinema ou ao parque).
(MACKENZIE 1996) Indicate the alternative that best completes the following sentence:
He had a headache; __________, he __________ the invitation.
a) hence – declined
b) then – dismissed
c) otherwise – refused
d) so – quit
e) however – failed
(MACKENZIE 1996) Indicate the alternative that best completes the following sentences:
I. Study harder; __________ you'll fail.
II. I know nothing about it; __________, I can't help you.
III. The editors continue to publish, __________ irregularly, two journals.
IV.. __________ being a good actor, he is also an excellent soccer player.
a) I. otherwise; II. thus; III. albeit; IV. Besides
b) I. although; II. therefore; III. for; IV. And
c) I. so; II. so that; III. but; IV. Moreover
d) I. or else; II. consequently; III. besides; IV. Also
e) I. also; II. as a consequence; III. then; IV. In addition
4.1.7 Advérbios
Os advérbios modificam verbos, adjetivos ou outros advérbios.
Advérbios de Frequência
Os advérbios seguintes são usados com o presente simples:
• She never goes to school on Saturdays. • I always play video game at night.
• Quando os advérbios modificam verbos,
• Os advérbios de frequência são usa-
eles respondem a perguntas do tipo: how?
dos antes do verbo principal, exceto when? where? ou how often? Muitos ad-
no caso do verbo to be – is/am/are: vérbios terminam com o sufixo –ly:
We are always ready to the party on time.
I am never late for my English class. He organized his bedroom quickly. (How?)
She bought a new car yesterday. (When?)
They started running here. (Where?)
Mary never goes to school by car. (How
often?)
PAST • uma ação passada que ocorreu • Tom had left hours before we
PERFECT antes de outra ação passada got there
Fonte: Adaptado de: DONADIO, L. F. P. S. Inglês instrumental para matemática. São Carlos: UFSCar,
2004. Material didático não publicado.
Leia o texto “Do one thing for diversity and inclusion” e responda às ques-
tões a seguir:
Atividade 2
a) Qual o assunto principal do texto?
b) Identifique as palavras cognatas encontradas.
c) Liste algumas palavras formadas por prefixo e sufixo.
d) Analise as seguintes frases: Qual o tempo verbal utilizado? Qual das frases expressa
uma ação no futuro?
I. The United Nations Alliance of Civilizations (UNAOC) is launching a campaign
aimed at engaging people…
Atividade 3
Leia o seguinte texto “From child hunger to obesity: Brazil’s new health scourge” e
responda às questões:
From child hunger to obesity: Brazil’s new health scourge
Daniele Bassi
May 19, 2014
Since it was established in 1982, the Brazilian NGO Pastoral da Criança used weight to
ascertain whetherba child was unhealthy. Recently, that had to change when they started to
see more and more obesity in poor communities. “As we started noticing some children were
overweight, we had to change our practices entirely,” says nutritionist Paula Pizzatto. “Now
height and the BMI [body mass index] are also taken into consideration.”
When Pastoral da Criança first started its work, malnutrition and lack of basic childcare were
the cause of high infant mortality rates – 8.3% in 1980. By engaging and training commu-
nity leaders to carry out regular isits to local families, the organisation encouraged more
breastfeeding and prenatal care. At the same time, the government’s zero hunger programme
took millions of Brazilians out of extreme poverty and more than halved the rates of child
mortality. According to the World Food Programme, hunger affects only 6.9% of Brazil’s
population now. However, these impressive statistics do not mean that most Brazilians are he-
althy. The last figures released by the health ministry show that 51% of country’s population
are overweight and one in three children age five to nine is overweight.
A cash transfer scheme called Bolsa Família allowed many who were once excluded from
the free market to become consumers. “Parents who were undernourished as children can
now put a bottle of Coca-Cola on their tables. It is a matter of status. They feel proud,” says
Pizzato.
Companies quickly understood there was a market of new consumers to explore. Door-to-
door selling of affordable products as well as tailor-made payment options allowed slum dwel-
lers and remote communities to get food without travelling to the supermarket, so processed
products became more accessible than fresh fruit and vegetables. Most people in the poorest
communities in Brazil are under-educated, making them more vulnerable to advertising. For
instance, Nestle’s floating supermarket navigates the Amazon with a powerful market cam-
paign that claims to “offer access to nutrition, health and wellbeing to the remote community
of the north region”. But it mainly sells yoghurts, ice cream and chocolate. “Quality of the
food is now more of an issue than access to it,” says Arnoldo de Campos, secretary for the
National Secretariat for Food and Nutritional Security. “We still have a small fraction of peo-
ple that don’t have access to food, in isolated rural areas or indigenous communities, but the
most serious problem now is obesity.”
Fonte: UNESP 2015.
PREFIXO é uma letra ou grupo de letras posicionadas antes da raiz ou radical da pala-
vra-base, que podem alterar o significado de uma palavra. SUFIXO é uma letra ou grupo
de letras posicionadas antes da raiz ou radical da palavra-base, que podem alterar a classe
gramatical de uma palavra.
Atividade 1
Leia a texto “National Geographic News” e responda às seguintes questões:
Atividade 2
Leia o texto “J. K. Rowling to pen first novel for adults” e responda às questões.
1. J. K. Rowling tornou-se famosa por seus livros sobre o bruxo Harry Potter e suas
aventuras, adaptados para o cinema. Esse texto, que aborda a trajetória da escritora
britânica, tem por objetivo:
a) informar que a famosa série Harry Potter será adaptada para o público adulto.
b) divulgar a publicação do romance por J. K. Rowling inteiramente para adultos.
c) promover a nova editora que irá publicar os próximos livros de J. K. Rowling.
d) informar que a autora de Harry Potter agora pretende escrever para adultos.
e) anunciar um novo livro da série Harry Potter publicado por editora diferente.
ATENÇÃO: assim como existe o cognato, existe também o falso cognato (conhecido
como false friend). Falsos cognatos são palavras que se assemelham na escrita e/ou
pronúncia, mas têm significados diferentes.
Atividade 1
Leia o texto “If You Can’t Master English, Try Globish”, retirado da prova do ENEM
de 2014, e responda às seguintes perguntas.
If You Can’t Master English, Try Globish
PARIS — It happens all the time: during an airport delay the man to the left, a Korean perhaps,
starts talking to the man opposite, who might be Colombian, and soon they are chatting away in
what seems to be English. But the native English speaker sitting between them cannot understand
a word.
They don’t know it, but the Korean and the Colombian are speaking Globish, the latest addition
to the 6,800 languages that are said to be spoken across the world. Not that its inventor, Jean-Paul
Nerrière, considers it a proper language.
“It is not a language, it is a tool,” he says. “A language is the vehicle of a culture. Globish doesn’t
want to be that at all. It is a means of communication.”
Nerrière doesn’t see Globish in the same light as utopian efforts such as Kosmos, Volapuk, Novial or
staunch Esperanto. Nor should it be confused with barbaric Algol (for Algorithmic language). It is
a sort of English lite: a means of simplifying the language and giving it rules so it can be understood
by all.
Fonte: ENEM 2014, 2º dia, caderno 5-amarelo, p. 3.
Atividade 2
Observe as frases a seguir. Várias palavras são falsos cognatos. Tente
identificá-las.
a) I pretend to discuss the advantages and disadvantages of using e-mail.
b) I am actually studying mechanical engineering.
c) Get a recipe from the post Office.
d) Course notes must be decorated in order to prepare for exams.
f ) You can buy technical books in the library.
g) In order to buy this medicine, you need to get a doctor’s recipe.
h) Did you see that outdoor advertising the English school?
i) I was noticed about the course.
j) I realized a great job for the company.
Fonte: COURY, J. G. English as a lingua franca in the brazilian academic world. Karen’s Linguistic
Issues, 2001. Disponível em: <http://www3.telus.net/linguisticsissues/linguafranca.htm>. Acesso em:
10 maio 2015.
Atividade 3
Leia o texto “Texto A: A Day At Work”. Alguns falsos cognatos estão su-
blinhados, informe o que eles parecem significar e o que eles realmente significam.
(JFS 2000) Dadas as sentenças, marque a alternativa que completa corretamente os espaços em
branco.
1. The boys __________ the game yesterday night.
2. He gave a __________ of diamond to his mother.
3. I didn’t like the film, it was __________.
4. They __________ finished the test.
Fonte: CAVALCANTI, I. F. A língua inglesa e os falsos cognatos. p. 17-18. Disponível em: <http://redee-
tec.mec.gov.br/images/stories/pdf/eixo_amb_saude_seguranca/tec_seguranca/ingles/291012_ing_a04.
pdf>. Acesso em: 20 maio 2015.
Atividade 1
Leia com atenção o texto “Nepal earthquake: Survivors ‘unlikely’ after US helicopter
crash. No-one is believed to have survived a US military helicopter crash in Nepal,
the US Army says.” e responda às questões propostas.
The wreckage of the helicopter that disappeared this week while delivering aid near the
Chinese border in Nepal was found on Friday morning.
Six US marines and two Nepali soldiers were on board. Three bodies have so far been
recovered.
Tuesday’s 7.3-magnitude quake killed at least 110 people.
It came as Nepal was reeling from the devastating 7.8-magnitude earthquake of 25 April
which killed more than 8,000 people and injured many more.
The editor of the Nepal Times, Kunda Dixit, said the helicopter wreckage was found
56km (35 miles) from Kathmandu.
US Army Lieutenant General John Wissler said it was “unlikely” any survivors would
be found at the site, which he said was in dense forest near the village of Charikot at an
elevation of 3,352m (11,000 feet).
The helicopter went missing in the hours after the second quake.
Although the cause of the crash is not yet known, a nearby Indian helicopter heard radio
chatter about a possible fuel problem, said Steve Warren, a US Army colonel.
The marines had been working in the vicinity of Charikot, a village that was hit hard by
the first quake, a spokesman for the US Pacific Command said.
The helicopter had been flying from Kathmandu airport as part of the US Operation
Sahayogi Haat, which means “helping hand” in Nepali.
More than a dozen US military aircraft have been deployed to help carry out deliveries to
areas cut off by the earthquakes.
Two Nepalese army helicopters were deployed in the search for the missing UH-1Y
Huey helicopter, as well as 400 troops on the ground.
Fonte: <http:/www.bbc.com/news/world-asia-32748350?ns_mchannel=social&ns_campaign=bbc_
breaking&ns_source=twitter&ns_linkname=news_central>. Acesso em: 20 maio 2015.
Atividade 2
Com a leitura do texto “7 easy ways to reduce the pain you’re feeling”, responda às questões:
5. Listen to music
It’s well known that the right music can heal a broken heart, but it also seems to soothe phy-
sical pain. People receiving dental treatment are less likely to ask for anesthetic if they can
watch music videos during the procedure, while people experiencing pain after cancer surgery
can cope better if they are played ambient music.
6. Fall in love
It makes the world brighter and food taste better – but being in love can also ease your
pain. Just looking at a picture of your loved one can reduce the intensity of holding a pain-
fully hot block. But it has to be real love – pictures of other attractive people don’t have any
effect.
7. Touch yourself
In 2010, neuroscientists at University College London found that people were better able to
withstand increasing heat applied to their fingers when they touched their heated hand with
their other hand. The team says that self-touch reduced the perceived level of heat by 64 per
cent – perhaps adopting the fontal position during stomach cramps makes sense after all.
Fonte: <http://www.newscientist.com/article/dn27529-7-easy-ways-to-reduce-the-pain-
-youre-feeling.html#.VVYhB_lViko>. Acesso em: 20 maio 2015.
1. Quais são os sete métodos para aliviar uma dor, de acordo com o texto?
2. Por que ouvir música ajuda a aliviar a dor, por exemplo, quando se está em um dentista?
Note que, para responder as primeiras perguntas dos textos apresentados nas ativi-
dades 1 e 2, você utilizou a estratégia de SKIMMING, fazendo uma leitura rápida para captar
a ideia geral, de forma a responder às questões propostas.
Texto 1:
Com gemas preciosas para financiá-lo, nosso herói desafiou bravamente os risos
escarninhos que tentavam dissuadi-lo de seus planos. “Vossos olhos vos enganam”,
retrucou, “um ovo e não uma mesa tipifica este planeta inexplorado!” E então três
irmãs valentes se lançam em busca de provas. Desbravando caminhos, algumas
vezes através de vastidões tranquilas, mais amiúde em meio a picos e vales turbu-
lentos, os dias tornam-se semanas – tantas quantas os vacilantes que espalhavam
rumores a respeito do horizonte. Finalmente, não se sabe de onde, criaturas aladas
e bem-vindas apareceram, anunciando um sucesso momentâneo.
(In: Texto e leitor, de Angela Kleimman, Ed. Pontes/Unicamp.)
texto, ou seja, as dicas tipográficas ajudam o leitor a dar significado a algo que ele não
saberia, por falta de vocabulário, caso só fizesse uma leitura do texto. Por exemplo a
figura 2 – “Exemplo de Layout” a seguir:
Tabela 9 – “Marcadores”
Langston Hughes foi um poeta negro americano que viveu no século XX e escreveu I, too, em
1932. No poema, a personagem descreve uma prática racista que provoca nela um sentimento de
a) coragem, pela superação.
b) vergonha, pelo retraimento.
c) compreensão, pela aceitação.
d) superioridade, pela arrogância.
e) resignação, pela submissão.
• (ENEM, 2010)
a) acontecem em mais de 25% das crianças entre seis e sete anos.
b) ocorrem em menos de 25% das crianças entre seis e sete anos.
c) surgem em uma pequena minoria das crianças.
d) começam em crianças acima dos 7 anos.
e) podem levar dezenas de anos para ocorrer.
(ENEM, 2010)
Os aparelhos eletrônicos contam com um número cada vez maior de recursos. O autor do
desenho detalha os diferentes acessórios e características de um celular e, a julgar pela maneira
como os descreve, ele
a) prefere os aparelhos celulares com ___, mecanismo que se dobra, estando as teclas prote-
gidas contra eventuais danos.
b) apresenta uma opinião sarcástica com relação aos aparelhos celulares repletos de recursos
adicionais.
c) escolhe seus aparelhos celulares conforme o tamanho das teclas, facilitando o manuseio.
d) acredita que o uso de aparelhos telefônicos portáteis seja essencial para que a comunicação
se dê a qualquer instante.
e) julga essencial a presença de editores de textos nos celulares, pois ele pode concluir seus
trabalhos pendentes fora do escritório.
II. O pronome it, utilizado na última linha do primeiro parágrafo, na frase for the products it
markets, refere-se
a) à necessidade da propaganda.
b) à área de publicidade.
c) à ideologia da propaganda.
d) aos mercados consumidores.
e) à cultura do consumismo.
(ENEM, 2013)
Informações sobre pessoas famosas são recorrentes na mídia, divulgadas de forma impressa ou
virtualmente. Em relação a Steve Jobs, texto: “Steve Jobs: A Life Remembered 1955-2011”
propõe:
a) expor as maiores conquistas da sua empresa.
b) descrever suas criações na área da tecnologia.
c) enaltecer sua contribuição para o mundo digital.
d) lamentar sua ausência na criação de novas tecnologias.
e)discutir o impacto de seu trabalho. para a geração digital.
(ENEM, 2013)
A partir da leitura dessa tirinha, infere-se que o discurso de Calvin teve um efeito diferente
do pretendido, uma vez que ele
a) decide tirar a neve do quintal para convencer seu pai sobre seu discurso.
b) culpa o pai por exercer influência negativa na formação de sua personalidade.
c) comenta que suas discussões com o pai não correspondem às suas expectativas.
d) conclui que os acontecimentos ruins não fazem falta para a sociedade.
e) reclama que é vítima de valores que o levam a atitudes inadequadas.
4.4.1 Gabarito
Tempos Verbais
Atividade 1:
a) Lavar roupa.
b) The procedure is actually quite simple-presente simples
At first the whole procedure will seem complicated-futuro simples (WILL)
Atividade 2:
a) O texto trata de uma campanha da Aliança das Civilizações das Nações Unidas para
promover a diversidade cultural e a inclusão.
b) Nations, civilizations, campaign, cultural, inclusion, museum, global, action, dialogue,
visit, dedicated, participate, celebration, music.
c) Civilization, cultural, inclusion, diversity, global, action, celebration, development.
d) I- is launching (presente contínuo-futuro)
II- …are you taking part in it? (presente contínuo)
e) I - Visit (presente simples) an art exhibit or a museum dedicated (particípio passado) to other
cultures.
II - There are (present simples) thousands of things that you can do….(presen-
te-modal-can)
Atividade 3:
a) Passado simples.
b) Porque o texto retoma questões históricas que influenciaram a forma com que as pes-
soas lidam com a nutrição.
c) O texto aborda algumas questões envolvidas com relação à obesidade e à subnutrição,
apontando fatores socioeconômicos que podem influenciar essas relações.
Formação de palavrasatividade 1:
a) national, geographic, produce, natural, morphine, suggest, traces, human, urine,
scientists, drug, naturally, consumed, co-author, plant, pharmaceuticals, Science, center.
b) O texto aborda um novo estudo que aponta que nosso corpo produz naturalmente
uma pequena quantidade de morfina. Há traços de morfina na urina humana e em ratos.
c)
Palavra Prefixo Sufixo Raiz Classe Gramatical
Chemical Al chemi adjetivo
Geographic Ic geograph adjetivo
Naturally Ly natur advérbio
Incredible In ble credi adjetivo
Atividade 2:
a) Alternativa D.
b) O texto foi retirado da internet, pois apresenta link de onde se pode
acessá-lo.
c) Famous, Publisher, fiction, writing, statement, publishing, brilliantly,
Falsos Cognatos
Atividade 1
a) airport, Korean, Colombian, native, language, inventor, culture, communication,
utopian, confused, Esperanto.
b) O texto aborda uma nova forma de comunicação. Não se trata do inglês, mas
uma língua “artificialmente criada”, chamada Globish (uma mistura de global + inglês na
língua-alvo), voltada exclusivamente para a comunicação, não sendo um veículo de cultura
como as outras línguas.
Atividade 2:
a) To pretend: fingir /Pretender: to intend
b) Actually: Na verdade /Atualmente: nowadays
c) Recipe: receita Recibo: receipt
d) Decorated: decorado (no sentido de ornamentar) /Decorar (no sentido de memorizar):
to memorize, to know by heart
e) Library: biblioteca /Livraria: bookstore
f ) Recipe: receita (culinária)/Receita (médica): prescription
g) Outdoor: do lado de fora /Placa de Anúncio: billboard
h) Realized: perceber/Realizar: to do
Atividade 3:
Attended: participou, e não atendeu.
Representatives: representantes, e não representativos
Comprehensive: abrangente, e não compreensível
Retirement: aposentadoria, e não retiramento
Recorded: registrou, e não recordou
Eventually: finalmente, consequentemente, e não eventualmente
Office: escritório, e não ofício.
Realized: perceber, e não realizar
Policy: política, e não polícia
Retired: aposentado, e não retirado
Pretended: fingir, e não pretender
Appointment: compromisso, e não apontamento
Cafeteria: lanchonete, e não restaurante
Actually: na verdade ou de fato, e não atualmente
Lunch: almoço, e não lanche
Attended: participar, e não atender
Lecture: palestra, e não leitura
Mayor: prefeito, e não maior
Atividade 2
a) Sentir o perfume doce de rosas, falar palavrões, olhar para uma figura com uma bela
imagem, cruzar os braços, ouvir música, olhar para a foto da pessoa amada, tocar a
parte do corpo com dor.
b) O texto aponta que pessoas que assistem a vídeos de música quando estão no dentista
estão menos propensas a pedir por anestesias, pois se acredita que a música possa
aliviar a dor do paciente.
Referências
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Educacionais Anísio Teixeira. Prova ENEM 2012. Linguagens, Códigos e suas tecno-
logias. 2o dia, caderno 7- azul. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educa-
cao_basica/enem/provas/2012/caderno_enem2012_dom_azul.pdf>. Acesso em: 19
maio 2015.
______. Prova ENEM 2013. Linguagens, Códigos e suas tecnologias. 2o dia, caderno
6-cinza. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/pro-
vas/2013/caderno_enem2013_dom_cinza.pdf>. Acesso em: 28 maio 2015.
______. Prova ENEM 2014. Linguagens, Códigos e suas tecnologias. 2o dia, caderno
5-amarelo. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/
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maio 2015.
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br/images/stories/pdf/eixo_amb_saude_seguranca/tec_seguranca/ingles/291012_
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______. A língua inglesa e os falsos cognatos. Disponível em: <http://redeetec.mec.gov.
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